fernando schinimann - a batalha da carne em curitiba

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  • 8/20/2019 Fernando Schinimann - A Batalha Da Carne Em Curitiba

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    FERNANDO SCHINIMANN

    A BATALHA DA CARNE EM CURITIBA

    1945 - 1964

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    A BATALHA DA CARNE EM CURITIBA

    1945 - 1964

    FERNANDO SCHI NI MANN

    por

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    SUMÁRIO

    I NTRODUÇÃO 1 

    1 A PECUÃRI A DO PÕS- GUERRA 8

    1. 1 GETÖLI O VARGAS SE SENSI BI L I ZA PELA QUESTÃO DÁ PE-

    CUÁRI A 13

    1. 2 COMI SSÃO DE ABASTECI MENTO E PREÇOS 16

    1. 3 A CARNE - DA DI TADURA AO CONSERVADORI SMO 22

    2 O GOVERNO MOI SÉS LUPI ON ÃS VOLTAS COM O LEI TE E A 

    CARNE  38

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    INTRODUÇÃO

    Quando nos col ocamos ã f r ent e de um obj et o de pesqui sa,

    sempr e t emos em ment e uma gr ande obr a. Af i nal , sonhamos c om a

    a def i ni ção de nossos i deai s com r el ação a al go que nos i nt r i -

    ga. 0 i nédi t o, sem dúv i da, r onda a nossa i ngenui dade c i ent í f i -

    ca i ni c i a l . Com o passar do t empo e o manusear das f ont es, aqui -

    l o que i magi návamos ser o i nedi t i smo vai desapar ecendo e se nos

    apr esent a o concr et o.

    Desde os pr i mei r os pass os a empol gação f oi const ant e. A

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    l avr a l i da e r egi s t r ada, das vár i as mat ér i as , r epr esent ou uma

    v i agem at r avés do t empo, v i ndo do f i mda I I Guer r a Mundi a l ( 1945)

    at é os anos de 1962. Par a s er r ef or çado, vem de 1930 a 1945 e

    de 1962_a 1980, f or necendo poss i bi l i dades de anál i se compar at i -

    va, a ní vel de auxí l i o compl ement ar pa ra r ac i oc í ni o e l ocal i za-

    ção espac i al do ba l i zament o . No decor r er do t r aba l ho , opt e i por

    l evar a pesqui sa at é os anos de 1964, par a não per der a t r ans i -

    ç ão pol í t i c o- m l i t ar t ambém des t e uni ver s o, s e bem que t al me-

    di da não f osse t ão necess ár i a ass i m mesmo por que a per i odi za-

    ç ão es c ol hi da não t em por m s s ão bal i z ar de f or ma t r adi c i onal ,

    mas s i m di s c ut i r um pr obl ema. Es t e uni ver s o t empor al , s uas c r i -

    ses e cont r adi ções , passou ent ão a me i nt er essar . A f i m de des -

    l i ndar a f r as e que ai nda hoj e f i gur a nas r evi s t as es pec i al i z a-

    das em soci edade e econom a; nos per i ódi cos, j or nai s ou mesmo

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    dos ol hos at ent os do poder sempr e est abel eci do. Onde est á es-

    condi do aquel e cont i ngent e popul ac i onal de sangue quent e?. . . 0

    mot i vo ai nda est á nas r uas  :   a carne det er i o r a , mas não exi s t e 

    E f al ando na Voz do Brasil,  o pr es i dent e Get úl i o Vargas

    d i z i a :

    " Br as i l e i r os , mai s uma vez nos encont r amos

    no i ní c i o de um novo ano e, hoj e mai s do que

    nunca, pr ec i samos r est abe l ecer a conf i ança em

    nos mesmos e na pr odut i vi dade de noss os es-

    f orços . Ásper o e r ude f oi o cam nho dest es on-

    ze meses pr i mei r os do gover no. Desde 45 par a

    ca a v i da encar eceu ver t i g i nosament e e se t or -

    nou necessár i a uma po l í t i ca f i nancei r a capaz

    de combater a i n f l açao . Cor t aram se as despe-

    sas cons i de radas desnecessár i as e adi áve i s ,

    t omar am se medi das ef i cazes par a combat er a

    i nf l aç ao, ( . . . . ) as pr eoc upaç ões mor a l i z a do-

    r a s e uma or i ent aç ão s oc i al . ( . . . . ) Di f i c ul -

    dades i ni c i ai s : encont r e i os me i os de t r ans -

    por t e i nsuf i c i ent es p ar a a tender os r ec l amos

    do comér ci o de pós- guer r a. Os ar mazéns s emca-

    pac i dade de abr i gar os pr odut os , as adver s i -

    dades c l i mat é r i cas

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    .. 3

    - a as r el aç ões de poder , do s ent i r , do r e s i s t i r daquel as pes -

    soas que nos passar am al go , quem sabe a f or ma de l ut ar , (o pr o-

    bl ema em s i ) o u ai nda o gr i f o da l ut a por al gum di r ei t o; dei xa-

    do na I mpr ensa, a i mpor t ânci a de não se dei xar enganar .

    No af ã de encont r ar met odol ogi a apr opr i ada par a o de-

    senvol v i ment o dest e t ema, per cebi que a bi bl i ogr a f i a era qua-

    se i nexi st ent e par a o Est ado do Par aná e mesmo par a o Br as i l .

    Não f oi f ei t o at é agor a nenhum t r abal ho espec í f i co . Ao menos

    com est e t i po de abor dagem ou sej a, per cebendo no abast eci men-

    t o da car ne mot i vo de cont es t ação soc i a l . Out r os es t udos , se

    pr eocupar am com o gado de manei r a excl us i vament e econôm ca. As-

    s i m es t e t r abal ho conf i r ma o s eu i nedi t i s mo.

    A const i t ui ção de es t udo de t al nat ur eza abr e um l eque

    de pos s i bi l i dades par a t r abal hos pos t er i or es . A bi bl i ogr af i a

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    i mpul so i mpor t ant e par a os pr i mei r os passos dest e est udo. Aca-

    bando por i ndi car al gumas l ei t ur as co r r el at as .

    Pel a di f i cul dade bi bl i ogr áf i ca e de f ont es , opt amos pe-

    l a I mpr ensa per i ódi ca c omo base document al . 0 que nos r emet eu

    a out r as f ont es, não t ão r i cas mas r e l evant es par a o f echamen-

    t o de l acunas . Nos dando a poss i bi l i dade de l ocal i zar at as ,

    bol et i ns , dec r et os - l ei e al guns i ndi c at i vos par a depoi ment os

    or ai s .

    As s i m f or am l i dos t odos os j or nai s , r evi s t a s e bol e-

    t i ns c i r cul ant es no Par aná no per í odo de 1945 a 1964. Al ém de

    al guns númer os de per i ódi cos das ci dades de São Paul o e Ri o de

    J anei r o que f i z er am r ef er ênc i as ao t ema.

    Ai nda quant o a bi bl i ogr af i a, o t r abal ho de Már c i a El i -

    sa de Campos Gr af , " I mpr ensa Per i ódi ca e escr avi dão no Par aná ,̂

    a j udava compr eender a ut i l i zação dos per i ódi cos enquant o f on-

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    gi c as . As s i m f omos at r ás do edi t or i al e das ent r el i nhas , pr i -

    v i l egi ando al guns t emas supr ac i t ados . A Bi bl i ot eca Públ i ca do

    Est ado do Par aná nas f i gur as do Set or de Document ação Par anaen

    s e, Set or de Per i ódi c os e de s eus f unc i onár i os , f or am vi t ai s

    na conc r et i zação des t a di s se r t ação.

    Al gumas vezes a pesqui sa adqui r i u um car át er f át i co de

    f or ma i nt enc i onal . Af i nal , pr oc ur avam a l i nguagem di r et a dos

    que r e i v i ndi car am pel o mel hor abast ec i ment o de gêneros . P r ocu-

    r ando a i nt er pr et ação do escr i t o dos j or nai s . Mesmo por que é a

    pr i mei r a bi bl i ogr a f i a pr oduz i da na ót i ca do abast ec i ment o quan

    t o ã organi zação da popul ação par a cont es t ar . Foi es t a a dens i

    dade pr ocur ada.

    Os gr áf i c os f or am c onf ec c i onados a par t i r da c ol et a di -

    r et a f ei t a nos dados dos j or nai s e revi s t as . Nos casos em que

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    vi r humano: como o ogr e da f ábul a, escr eve

    MARC BLOCH, onde quer que l he chei r e o homem

    o hi s t o r i a do r r eco nhece s ua ca ça . . . ^

    NOTAS DE REFERÊNCIA

    " ' "ENORME EX P OLI AÇÃ O CONT RA O P OVO BRAS I L EI RO.   Gazeta do

    Povo,  Cur i t i ba, 3 j an. 1952. p. l .

    2

    HELLER, Agnes . Es t r ut ur a da v i da cot i di ana. I n:  O co-

    tidiano  e a história.  Tr ad. Car l os Nel son Cout i nho e Leandr o

    Konder . Ri o de J ane i r o, Paz e Ter r a, 1972. p. 17- 41.

    3

    FOUCAULT, Mi chel .   Microfísica do poder.   5. ed. Ri o

    de J anei r o, Gr aal ,   19 85.   p. XVI .

    4

    HI GOUNET, C. ; MAZAURI C, Guy Pal made; GAMADER, H. G. ;

    MARROW H. J . ; VEYNE, Paul ; VI LLAR, P i er r e; MANDROU, R.

      Histo-

    ria e historicidade.  Gr adi va, 1988.

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    1 A PECUÁRIA DO PÖS-GUERRA

    Out r os es t udos aba l i zados , no que di z r espe i t o ao es t a-

    bel eci ment o da pecuár i a no Par aná} col ocam- na a par e passo com

    os bandei r ant es , es t endendo- se at é o sécul o XI X, r essal t ando o

    aspect o de est abi l i dade que of er ec i a aos Campos Ger ai s e a Cur i -

    t i b a

     .

    Das bat ei as do our o, o par anaense acabou por se apoi ar

    na cr i a do gado. Na sua mar i or i a vacum.  Mas há que se r essal t ar

    que a pecuár i a se dá de f orma est abel eci da, com a decadênci a do

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    ger ado mai or dur ação e est abi l i dade que est e, como t ambém no

    que se r ef er e ã i nst a l ação das f azendas, cons i der adas as mel ho-

    r es do pai s " .

    Di ant e de t odos es t es f at or es , i nt er essa - nos aqui per ce-

    ber os cam nhos que per cor r er am as quest ões l i gadas ã car ne e

    ao seu cons umo, no moment o do pós- guer r a ( 1945- 1950) .

    Exi st i a uma f al t a acent uada de car ne, a popul ação aumen-

    t ava e as es t at í s t i c as , quant o ã pr oduç ão bovi na, di z i am que

    acont ecer a um aument o dupl i cat i vo. De 1920 a 1951 o númer o de

    2

    bovi nos passou de 539. 756 par a 1. 102. 240 cabeças . A pr at i cada

    - . . , . 3

    pecuar i a  ja  er a c i t ada por S a mt Hi l ai r e quando por es t a r e-

    gi ão empr eendeu vi agem

    Há que se per gunt ar , que medi das f or am t omadas par a a

    pr ot eção de i ndúst r i a t ão ant i ga e pi onei r a como a pecuár i a no

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    ção s i gni f i cat i va par a aquel es p r i mei r os quar ent a e c i nco anos

    do sécul o.

    0 I ns t i t ut o de Bi ol ogi a e Pes qui s as T ec nol ógi c as f oi

    c r i ado c om a f i nal i dade de pr oduz i r pr epar ados qui m ot er ápi c os ,

    e r ea l i zar pesqui sas e aná l i ses de mat er i a l humano, ani mal e

    m ner al . No ano de 1944 j á havi a s ubmet i do a exame 60. 614 cabe-

    ças de bovi nos , sui nos et c . , e at endi a a quase t odo o paí s .

    A pr opost a do j or nal ac i ma c i t ado er a a de que f ossem

    cr i ados em out r os es t ados , i ns t i t ut os semel hant es , par a que o

    est ei o da econom a pecuár i a se desse por aquel e cam nho.

    Per cebe- s e que a r espei t o da saúde do gado e do aument o

    da pr odução, houve, ao menos no i ní ci o, uma pr eocupação si gni -

    f i cat i va. Es t as pr eocupações es t avam vol t adas não apenas par a

    f azendei r os , mas t ambém par a cr i ador es, no sent i do de f oment ar

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    dução dos cooper ados e i ndust r i al i zação at r avés de moder nos ma-

    qui nár i os , a ent ão chamada Cooper at i va de Car nes Sul Br as i l ei r a

    L t da. , r ec ebeu o aval de Ant oni o Sal es , Mi ni s t r o da Agr i c ul t ur a

    na época. A Cooper at i va de Car nes t i nha como i deal econôm co,

    par a o seu est abel ec i ment o, o mont ant e de c i nco m l hões de cr u-

    zei r os ( moeda c i r cul ant e no paí s no per í odo ) , que ser i am di vi -

    di dos em c i nc o m l quot as par a de 1. 000, 00 ( hum m l c r u zei r os )

    cada uma, par a poder at i ngi r t odos os cr i ador es. A sua abr an-

    gênci a geogr áf i ca t omava os est ados do Par aná, nor t e de Sant a

    Cat ar i na e o t er r i t ór i o f eder al do I guaçu. A gr ande área de ação

    er a j us t i f i c ada pel a f ac i l i dade que o f r i gor í f i c o par anaens e t i -

    nha par a abat er 500 r eses e 500 su í nos. O j or nal O Di a, de Cur i -

    t i ba, di z i a que a i déi a do i nt er vent or , se adapt ava per f ei t amen-

    t e ao pl ano , por es t ar vol t ada aos i nt er esses do es t adoedos f a-

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    nal , ut i l i zou o t er mo popul ação , consum dor , et c . , mas f azen-

    dei r os , cooper ados , pr odut or es e es t ado sur gi r am mui t as vezes .

    E como descr evi a o j or nal , no moment o por t a- voz do est ado: " . . .

    a nova Cooper at i va t er á o dever de r euni r os seus associ ados

    para r eso l ver t odos es t es ur gent es pr obl emas , a f i m de execut ar

    uma cadei a de oper ações   verdadeiramente populares . " ( gr i f o do

    a u t o r )

    Quando o poder r epr esent ado pel a i nt er vent or i a est adual

    di z que um dos f at or es da não i mpl ant ação ant er i or do cooper a-

    t i v i smo se deu t ambém por def i c i ênc i as de f at or humano, es t á

    at r i bui ndo ã popul ação cer t a i ngenui dade e t omando empr est ada

    a l i nguagem cr i t i ca ut i l i zada por es t a quando cobr a os seus go-

    ver nant es. Fo i dest a f or ma que o gover no pr ocur ou a di scussão

    di al ét i ca. Não a que pr opõe compl ement ar i edade, mas a que esva-

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    t ões r el at i vas ao gado , f or a convocada r euni ão af i m de c r i ar a

    Cooper at i va de Car nes Sul Br as i l ei r a. 0 edi t al convi dava os c r i a-

    dor es a f azer em par t e da Ass embl éi a Ger al da sua f undação. A se-

    de de ta l sol eni dade f oi o edi f i c i o da Assoc i ação Comer c i al do

    Par aná. Quem ass i nava o edi t a l , er a uma cer t a com ssão, da qual

    at é o moment o não se ouv i r a f al ar . Es t at ut os , e l ei ção e posse

    de di r et or i a f or am os t ópi cos da r euni ão do di a dezesse te de

    mai o de 1945 .   Um out r o encont r o hav i a acont ec i do no di a se i s de

    mai o do mesmo ano, cuj o pr obl ema pr i nci pal er a a ef et i vação do

    conse l ho adm ni s t r at i vo, bem como de seu pr es i dent e , consel hos

    f i s c a i s , e t c .

    A r euni ão t omou es t e cur so por t er em os e l ei t os em r eu-

    ni ão ant er i or não assum do seus car gos. Apenas o Sr . Már i o Mar -

    c ondes L our ei r o, di r et or - s ec r et ár i o, é que t i nha i nt er es s e na

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    Em ní vel de r ei v i ndi cações ao gover no f eder al , o Par a-

    ná se f ez mani f est ar poucas e não mui t as e i nc i s i vas vezes, de-

    v i do a sua pouca r epr esent at i v i dade no cenár i o pol í t i co nac i o-

    nal . Cobr ou e par l ament ou pel a f al t a de car ne e suas r azões,

    at r avés do di scur so pr o f er i do pel o r epr esent ant e do Es t ado na

    g

    Assembl éi a Legi s l a t i va, Sr . Lacer da Wer neck.

    A s i t uação cr í t i ca pel a qual passavam os c r i ador es de

    gado, di z i a r espei t o às al t as t axas cohr adas pel a car t ei r a de

    c r édi t o agr í c ol a e i ndus t r i al do Banc o do Br as i l , apes ar de ser ,

    es t a i ns t i t ui ção , uma das úni cas i ncent i vadoras da pecuár i a e

    coor denador a de poss i bi l i dades. 0 pr azo de pagament o das dí v i -

    das e empr ést i mo, com pr est ações de val or es des i guai s ( mot i va-

    das em par t e pel a deses t abi l i zação da econom a do pós - guer r a,

    par a amor t i zação de j ur os e l i qui dação de dí v i das , er am pouco

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    r es do Br as i l Cent r a l , na medi da em que a empr esa escol hi da a-

    pr esent ou not a a f i r mat i va, er a a de que soc i edades r ur ai s de

    quat r o es t ados , dezesset e núc l eos poder i am f azer al guma coi sa,

    não só pel a pecuár i a naci onal como pel a mai or segur ança econô-

    m ca do paí s . Tal i nt enção r ef or çou- se pel a uni dade de pr opós i -

    t os desses est ados que demonst r ar am compr eensão pel os pr obl emas

    dos pec uar i s t as e vi gor par a s o l uc i oná- l os .

    No Par aná, doi s anos depo i s , as f al as não er am no sent i -

    do de pr ocur ar cobr ar o gover no f eder al , ou mesmo de pedi r aj u-

    da, mas s i m de pr ocur a r dar expl i cações pel as d i f i cul dades en-

    cont r adas : i nver no , f al t a de capi m nos past os que i mados nel as

    geadas, gado magr o com queda de 60% do peso do ani mal em condi -

    cões nor mai s de al i ment ação.

    Ar gument ava o Sr . Lacer da Wer neck que por Pont a Gr oss a

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    t i va at é o ano de 1946.

    Em pl eno verão br as i l e i r o , quando desabr ochava o car na-

    val de 1946, di ant e da s i t uação que ass ol ava não apenas o Par a-

    ná, mas o Br as i l , mani f es t ava- se o car t uni s t a E l oy de Mont al -

    vão com sua per sonagem  fumaça,  em Carnaval da Vitória,  em char-

    ge  bem opor t una:

    " Est e é o cor dão da f uzarca

    Puc ha a f i l a de ar r el i a

    Essa s ambi st a de mar ca

    - Madama Democ r ac i a

    Com el a o bur guês, pançudo

    va i aceso no cor dão, di zendo -

    ' Eu es tou por t udo . Nem t em cor -

    das o meu vi o l ã o. . . '

    Quebr ando, t oca pandei r o um

    agr i c ul t or no as f al t o.

    Esse pessoa l marm t e i r o hoj e

    é f ã de gent e do al t o. . .

    Pr ol i f er am ' novos r i cos '

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    17 .

    t o de qua l quer event ua l i dade.

    Segundo o gener a l , t al coor denador i a , se dev i a ex t i n-

    g

    gui r era out ubr o/ novembr o de 1945. Mas, di ant e das di f i cul dades

    vol t adas às quest ões econôm cas r e l ac i onadas aos pr eços, abas-

    t ec i ment o e aos sa l ár i os , es t a coor denação, pr eocupada com es-

    t es aspect os soc i a i s , se v i u obr i gada a uma sobr ev i da de set e

    meses .

    A quest ão pr i nc i pa l des t a per manênc i a , se dava ãs di f i -

    cul dades decor r ent es do aument o de sal ár i os, que acabou por

    el evar o pr eço dos gêner os ao consum dor .

    No mesmo per í odo, Canadá, I ngl at er r a e Est ados Uni dos,

    passavam por di f i cul dades econôm cas semel hant es , r eal i zando

    r í gi do cont r ol e de pr eços e pr ovendo a r edução dos al t os í ndi -

    ces i nf l ac i onar i os .

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    f or nec i a. Nessa r euni ão, se pr ocur ou di scut i r a ba i xa dos gêne-

    r os de qua l i dade essenc i a l . E no bo j o dest as quest ões que f oi

    c r i ado a Com ssão Cent r a l de Abast ec i ment o e Pr eços , ent i dade

    que per mear i a de manei r a t ot al os r umos da bat al ha do abast ecer ,

    pr eços e r ec l amos.

    As nor mai s i ni c i ai s dest a Com ssão er a de es t abe l ecer

    pr eços cer t os par a as ut i l i dades , sem apr esent ar qual quer out r o

    t i po de i nt er venção. Par a a i ns t i t ui ção , o pr obl ema do abast e-

    ci ment o dever i a mel hor ar sensi vel ment e. 0 que se dar i a de f orma

    mai s demor ada, ser i a o cont r ol e de expor t ação de gêner os al i men-

    t í ci os e o abast eci ment o da car ne e açúcar . Tomava como base os

    meses de mar ço e abr i l de 45, par a a não exi st ênci a de nenhum

    t i po de cont r ol e, como se f osse poss í vel adi v i nhar a f ut ur a va-

    r i ação econôm ca, sem est a ser f undament ada em est udos . E pel o

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    di r i gi r s oc i al das r el aç ões d es i guai s , pr i nc i pal ment e quando a

    popul ação não apar ece nest e cenár i o , de manei r a cont undent e.

    Ex i s t e quase que um es t er i l i za r da soc i edade. Nes t e sent i do o

    s i s t ema or gani zac i ona l t r ans f or ma o consum dor e a pr ópr i a r ea-

    l i dade em um i magi nár i o, f al seando o r eal , absor vendo o modo de

    pensar do poder , cont endo a desobedi ênc i a c i v i l . Aquel es que f o-

    r am l ut ar pel a Pát r i a e s uas f am l i as , agor a quer i am c omer c ar -

    ne a pr eços módi cos e havi a t ambém os que desej avam vender a

    t ai s pr eç os .

    No Par aná, em 1946, na I nt er vent or i a Dout or Br as i l Pi -

    nhei r o Machado, era cr i ada a Com ss ão Est adual de Abast eci men-

    t o e Pr eços ( COAP- PR)  .   Es t avam pr esent es no Pal ác i o São F r anc i s -

    co os r epr esent ant es do comér c i o, i ndús t r i as , consum dor es e

    j or nal i s t as , a f i m de se dedi car ao abas t ec i ment o e ao cus t ode

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    t ál i o Sant os , Gui l her me Lacer da, Ar i s t eu Bi t encour t , Dr . Hasdr u-

    ba l Bel egar d, Benj am n Zi l l i , Di ño Ber t o l di . E como apont ava o

    9

    j or nal , " . . . r epr es ent ant e do Si ndi c at o dos Lei t ei r os , e out r as

    pessoas e r epr esent ant es cuj os nomes não nos foi possível noti-

    ciar ( gr i f o do aut or ) .

    Levando em cons i der ação a quest ão da r epr esent at i v i dade,

    a popul ação est eve em desvant agem ass i m como os pr odut or es e

    c ons um dor es de c ar ne. Tal vez e s t i ves s em na par t e que di z : " . . .

    e out r as pessoas e r epr esent ant es que não nos f oi poss í vel . . . " .

    Apesar da pouca r epr esent at i v i dade popul ar , os pr opós i -

    t os do I nt er vent or Br as i l Pi nhei r o Mac hado er am c l ar os : r es ol -

    ver o pr obl ema do abast eci ment o, evi t ar o câmbi o negr o e pr omo-

    ver o bar at eament o do cust o de vi da.

    A Or gani zação Est adual de Abast eci ment o e Pr eços, est á

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    car ne e out r os gêner os de necess i dades.

    Para es ta

     comissão de homens,

      o que est ava por f avor ecer

    o câmbi o negr o era a f al t a de t r anspor t e ea i nexi st ênci a de um

    ór gão públ i co que f i s cal i zasse o câmbi o.

    Não nos devemos esquecer , no ent ant o, que exi st i a desde

    os per í odos da guer r a, uma coor denador i a par a cui dar das even-

    t ua l i dades , que f or a di r i gi da dur ant e l ongo per í odo pel o Gene-

    r al Anápi o Gomes , t ambém cr i ador da r ef er i da com ssão, t ant o em

    ní vel es t adua l como f edera l , como j ã c i t amos aqui . A pr át i ca do

    gr upo de t r aba l hos er a de i dent i f i car os pr odut os que mai s so-

    f r i am al t as . Naquel es di as os pr odut os que davam mai s pr eocupa-

    ções e ram caf é ( vendi do mai s ca ro que no Di s t r i t o Feder al ) ,

    açúcar e car ne. Par a o pr obl ema do caf é não f or a apr esent ada pr o-

    post a al guma de cont r o l e, mas no que di z r espei t o ao açúcar , a

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    1. 3 A CARNE - DA DI TADURA AO CONSERVADORI SMO

    Quando Get úl i o Var gas per de o poder em out ubr o de 1945,

    a mai or i a dos pr ecei t os de sua re f or ma cons t i t uc i onal caem por

    t er r a. ,

    Com a el e i ção de Eur i co Gaspar Dut r a, em dezembr o da-

    quel e mesmo ano, os acont eci ment os t ender i am a mudar . Tant o que,

    j á em abr i l de 1946, o pr es i dent e el ei t o as s i na dec r e t o - l ei ,

    di spondo sobr e o cont r o l e de pr eços e cr i ando ór gãos r egul ado-

    r es de pr eços a f i m de i mpedi r o encar ec i ment o da vi da , col o-

    cando abai xo t odos os aument os evi denci ados desde qui nze de f e-

    ver e i r o

     .

    Segui ndo es t a l i nha de r ac i oc í c i o é que o pr es i dent e f az

    f or mar , na mudança do nome, a CCP - Com ss ão Cent r al de Abast e-

    c i ment o e P r eços* , em subst i t ui ção a COAP - Nac i ona l ( Com ssão

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    l e g a da s Pol i c i ai s de Ec onom a Popul ar , at r avés do Dec r et o- L ei

    nõ 458. Es t e Decr et o - Le i compunha- se de t ai s ar t i gos :

    Ar t . 12 - F i c a cr i ada a Del ega ci a P ol i c i al de

    Econom a Popul ar , subord i nada d i r etament e ao

    Depar t ament o de Segur ança Públ i ca, da Secr e-

    t ar i a do I nt er i or , J us t i ç a e Segur anç a Públ i -

    c a.

    § ún i co - Dent r o do pr azo de 30 di as , a r e f e -

    r i da Secr et ar i a submet er á a apr ovação do go-

    ver no do est ado e sua r egul ament o ger al , no

    qua l s er ão def i ni das e es pec i f i c adas a s at r i -

    bu i ções da de l egac i a , or a c r i ada .

    Ar t . 22 - É c r i ado , na t abe l a I da par t e pe r -

    manent e do quadro ger al do f unci onal i smo pú-

    bl i co , um car go i so l ado, de pr ovi ment o em Co-

    m ss ão, de de l egado de econom a popul ar , pa-

    dr ão P.

    Ar t . 32 - A despesa decor r ent e da execução do

    pr esent e dec r et o l e i , ser á at endi da com os r e-

    cur sos da cont a cor r ent e do menci onado qua-

    dr o .

    Ar t . 4 2 - 0 pr es ent e dec r et o l ei ent r a r á em

    v i gor na data de publ i cação , r evogadas as di s -

    pos i ç ões em c ont r ár i o.

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    Ar t . 12 - A De l ega ci a Po l i c i a l de Ec onom a

    Popul ar c r i ada pe l o Decr et o - Le i n2 458, de 3

    do m s c or r ent e, t e m por f i m a apur aç ão, pr o-

    cess ament o e r epr ess ão dos cr i mes cont r a a

    econom a popul a r .

    Ar t . 22 - A De l ega ci a P ol i c i al de Ec onom a

    Popul ar ( DPEP) , compõe- se de um del egado de

    ec onom a po pul ar , u m es c r i v ão de pol í c i a, doi s

    aux i l i ar e s de es c r i t ór i o, dez a gent es de po-

    l í c i a e um mot o r i s t a.

    Ar t . 32 - A DPEP compr eende: Secçao de Quei -

    xas

      ( SQ) ,

      Secção de F i sca l i zação de Preços

    ( SFP) , Secçao de Local i zação de I móve i s (SLI ) ,

    Secção de Usur a ( SU) . 12

    Quant o ao decr et o l ei do Par aná, j á se per cebe al guns

    avanços. Agor a o del egado, de s i mpl es coor denador dos t r abal hos

    pol i c i a i s , passa a ser chamado Del egado de Econom a Popul ar , o

    que l he conf er e, ou pel o menos dever i a , a l gum conheci ment o t éc-

    ni co de econom a. Out r a das novi dades , é a secção de f i scal i za-

    ção dos pr eços, dando aos consum dor es a opor t uni dade de t er em

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    a pr i mei r a pági na do mat ut i no , em "Ser á o Benedi t o" :

    Washi ngt on - 0 ex- pr es i dent e Hoover , anun-

    c i ou que par t i r á est a semana par a a Amér i ca

    do Sul num apel o por ma i o r cont r i bui ção al i -

    ment ar para enf r ent ar a escassez , nos pa í ses

    devas tados pe l a guer r a , ( dos j o rnai s )

    - Mas nos es tá f al t ando car ne , açúcar , ar r oz ,

    f a r i nha de t r i go , pão e a i nda "s eu" Hoover

    quer a l i ment os par a a Europa?

    - Se Hoover sobr a no cambi o negr o nós manda-

    r emos

     

    . . .

    A charge  é sens í vel , não sõ pel a i r r ever ênc i a que of er e-

    ce ao envol v i ment o do Br as i l de f or ma t ar di a na I I Guer r a Mun-

    di a l , mas t ambém pel a cr í t i ca demonst r ada ao abast eci ment o de

    car ne, em espec i a l quando ocupa a pr i mei r a pági na . Sem cont ar

    que, se o mesmo j or nal não at acar a o gover no i nt er vent or , ago-

    r a pr omove o gover no Dut r a, no sent i do de enal t ecer os pr odu-

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    vi da ef êmer a.

    Foi na adm ni st r ação Al gacyr Munhoz Mäder que est a se

    deu, e acabou devi do aos al t os pr eços que se desencadeavam na-

    quel es di as. Não podendo s upor t ar os aument os, não poss ui ndo

    me i os par a f i s cal i zá - l os , deses t r ut ur ou- se , mesmo por que é pr a-

    t i cament e i nv i ável um muni c i pi o querer cont r o l ar pr eços que são

    di t ados pel a Feder ação.

    As r el ações econôm cas de um muni c í pi o i nt erdependemdas

    do Es t ado, pr i nc i pa l ment e quando es t e muni c í pi o ê a capi t al es -

    t adual . Os r epr esent ant es da ent i dade* f or am empossados no di a

    l e de agost o, e no di a 22 do mesmo mês apr esent avam suas dem s-

    sões ã pr ef e i t ur a , e não mai s se ouv i u f al ar dest a ent i dade. A

    Assoc i ação Comer c i al do Pa raná, se f ez mani f es t a r par a di r i gi r

    o movi ment o de cont enção dos pr eços dos gêner os, a f i m de, se-

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    A sol ução pr opost a er a uma só, o gover no apoi ar o r egi s-

    t r o de uma compr a em comum vi sando a supr ess ão dos desonest os.

    Na r eal i dade, es t as pr opos t as co l ocam l ado a l ado em sua

    ação, t ant o gover nant es quant o comer ci ant es gover nados. Se um

    pr ocur asse apoi o no out r o, a popul ação t er i a mui t o pouco de quem

    e par a quem r ec l amar . Di ant e des t a s i t uação, af i nal de cont as ,

    quem est ava cobr ando mai s? De quem er am os pl anos econôm cos?

    Quem er a o at r avessador? 0 consum dor ? Deve- se ressa l t ar que,

    por ocasi ão do desmembr ament o da Com ss ão Muni ci pal de Fi scal i -

    zação, a Ass oci ação Comer ci a l só se mani f est ou um mês depoi s e

    o Gover no, não se pr onunci ou, dei xando de f azer as co l ocações

    pel as vi as popul ar es de f at o. Par ece que o pr obl ema ê que cor -

    r i a at r ás da adm ni s t r ação muni c i pal e dos comer c i ant es .

    Se por um l ado, a Ass oci ação Comer ci a l t ent ava t omar a

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    l a por t ar i a:

    A execução da por t ar i a de V. Exa. n2 561 de

    14. 08. 46, r el at i v a ao r a c i onament o e di s t r i -

    bu i ção de car ne bovi na nest e es t ado, ser á l e-

    vado a e f e i t o pe l as autor i dades compet ent es ,

    t ão l ogo ul t i madas medi das i ndi cadas sua ef e-

    t i vação, r esul t ado reuni ão havi da ent r e os

    i nt er essados d i r et ament e f or neci ment o gado e

    aut or i dades DI POA encar r egada execução, per -

    m t e apr esent a r a V. Exa. segui nt es cons i de ra -

    ções qual submet i da na el evada apr eci açao de

    marchantes des t a c i dade ( capi t al ) , al egam pa-

    r a o consumo nor mal da popul açao, par t e da

    qual j á compr a do Est ado de São Paul o e r es-

    t ant e a ser f ei t o em gado Par aná , cuj a saf r a

    j á começar á em out ubr o pr óxi mo. Tendo i mpres-

    são que nest as condi ções r aci onament o i medi a-

    t o da car ne verde acarr et ar á descont ent ament o

    agr avado com cer t eza exi s t ênc i a es t oque, gado

    gor do necessár i o abast eci ment o est oque para

    abas t ec i ment o des t a capi t al at é f i m c or r ent e

    ano consul t o V. Exa . , possa ser adi ada exec ,

    por t ar i a a par t i r do pr i mei r o v i ndour o , per -

    m t i ndo des t a r t e aut or i z ar des de j á r e al i z ar

    es tudos pr évi os e segur os , que pe rm t em con-

    c i l i ar i nt er e s s es mar c hant es , r e t a l hi s t a s e

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    quece que o mar chant e, o que l eva o pr odut o at é o r et a l hi st a

    par a a di s t r i bui ção ao consum dor ë, na r eal i dade, o gr ande at r a-

    vessador , obt endo os mai or es l ucr os .

    Quando os pr odut or es di zem que t em est ocados o gado gor -

    do , é por que não deve es t ar di f í c i l mant ê- l o at é a subi da do pr e-

    ço, e o gover no poder compr ar de out r os est ados ( SP) . Há par a

    o mar chant e, o at r avessador escol her par a onde f azer o t r ans-

    por t e. Des t a f or ma t ambém o r et al hi s t a pr ocur a r et i r ar o seu

    qui nhão, al t er ando t abel as i nver t endo qual i dades do pr odut o. F i -

    ca ã popul ação consum dor a os menor es pr ovei t os; mesmo por que,

    aonde r ecl amar naquel es di as não mui t o democr át i cos? Na del e-

    gaci a de econom a popul ar aos seus dez agent es? Ã Com ss ão Mu-

    ni c i pal que t i ver a v i da t ão cur t a? Ou ã pr ópr i a Assoc i ação Co-

    mer c i al ?

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    f al seando o i deal democr át i co e obt endo pouca s ol ução. Haj a v i s -

    t a a c r i aç ão da Cooper at i va de L at i c í ni os Sul Br as i l ei r a L t d a. ,

    na I nt er vent or i a Manuel Ri bas .

    Ai nda no per í odo J oão Cândi do Per ei r a F i l ho, como Gover -

    nador subst i t ut o , a De l egac i a de Econom a Popul ar , r epr esent ada

    por Levy L i ma Lopes, mani f est ou o seu r epúdi o quant o aos a l t os

    pr eços. O câmbi o negr o t ambém f oi al vo de sua pr eocupações. Es-

    t a del egac i a at r avés de suas r euni ões , t ent ava sens i bi l i zar a

    popul ação par a que es t a t ambém f i scal i zasse as i r r egul ar i dades ,

    a f i m de que a escassez de pr odut os não se t or nasse a i nda mai or ;

    A at i t ude t omada, f oi a de se f azer cumpr i r as t abel as bai xadas

    par a t odo o paí s, baseadas nas de São Paul o. Ent r e as medi das

    pr i or i t ár i as , es t ava a per s egui ç ão aos f or a da l ei , onde t o das

    as del egac i as dever i am assum r f unção puni t i va. As f ot os dos con-

    t r avent or es dever i am s er p ubl i c adas em j or nal de c i r c ul aç ão es -

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    pr eço de Cr $ 10, 50 ( dez cr uzei r os e c i nqüent a cent avos) , o qui -

    l o. A ví t i ma f oi a f ei r ant e I gnác i a de Ol i vei r a.

    A manei r a escol hi da pel a Del egaci a, suger i da pel a popu-

    l ação cur i t i bana, er a a da denúnc i a pessoa l ou at r avés de te l e-

    f onemas . Al i ás , os t e l e f onemas em sua f or ma anôni ma, post er i o r -

    ment e, acabar á por se t or nar a pr át i ca escol hi da de adesão à

    gr eve br anca de 1952, em pr ol do bar at eament o dos pr eços da car -

    ne e r egul ar i zação de seu f or neci ment o.

    Nos ex t er t or es do per í odo i nt er vent or do Par aná, a ques -

    t ão do r ac i onament o da car ne, ocupava as pági nas especi a l i za-

    das em abast ec i ment o , a di scussão er a a de que poder i a f al t ar

    carne nos anos segui nt es, por t ant o o r ac i onament o se f az i a ne-

    cess ár i o. Mesmo por que a quest ão não di z mai s r espei t o aos ór -

    gãos al hei os ã pecuár i a, ou ai nda às quest ões de pr eços e quan-

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    nã, usava como j us t i f i cat i va que o aument o ver i f i cado, na exi s -

    t ênci a de gado gor do, não compor t ava um consumo di ár i o ou mes-

    mo r egul ar da popul ação do Par aná, e que só a capi t al v i nha se

    mant endo, com uma médi a anual de mat ança de 35. 564 bovi nos. A

    j us t i f i c at i va do Mi ni s t ér i o da Agr i c ul t ur a é cont r adi t ór i o, pr i n-

    c i pal ment e quando di z que Cur i t i ba se mant ém bem abast eci da de

    car ne, por que, a f i na l , ê na capi t a l que os mai or es pr obl emas

    acont ecem É só f ol hear os per i ódi cos da época, ou r ecor dar os

    sonegador es da car ne e da banha, di t a r ef i nada, nest e mesmo t ex-

    t o .

    Out r a das j us t i f i c at i vas ut i l i z adas pel o Sr . J az i el La-

    19

    gos er a a de que os ver dadei r os f or necedor es do Par ana er am

    o Tr i ângul o Mi ne i r o , Mat o Gr osso e Go i ás . São Paul o não, poi s

    f ez apenas o papel de i nver ni st a e não de cr i ador . Dest a f orma,

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    t r os Es t ados e sonegar em suas pr i nc i pa i s c i dades O poder pú-

    bl i c o não f oi f el i z no t r at ament o de t ai s q ues t ões .

    I ndi scut i vel ment e, f azer um al ar de par a um r ac i onament o

    de t r ês d i as não é a a t i t ude pol í t i ca mai s sábi a , a não ser quan-

    do se pr ocur a não i r r i t ar ai nda mai s uma popul ação de descon-

    t ent es. Mas, como descont ent es, se Cur i t i ba t em gado para o con-

    sumo? Se o Nor t e do Par aná pr oduz gado gor do par a o cons umo?

    Se o mer cado paul i st a mant ém o r est ant e do consumo envi ando 70%

    do per cent ual consum do, mesmo que não f or neça sua r egi ão?

    A di m nui ção das r eser vas de gado se dá j á desde o ano

    2 0

    de 1938, sem que f osse dada i mpor t anci a mai or par a o pr obl ema.

    De 1930 a 1938 se ver i f i cou um aument o, pass ando de 34. 211 a

    41. 883. 740 cabeças naquel e ano, pr ocess ando- se uma queda de 34.

    392. 419 cabeças. Em Mi nas os per cent uai s f or am de 11. 166. 000 pa-

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    ção: o r ac i onament o, mesmo que pel o per í odo i l usór i o de t r ês

    di as, como se a medi da r esol vesse o i mpasse.

    Ass i m apr ouve ao gover no, depoi s de est udos  meticulo-

    sos  r eal i zados , decr et ar o i nt er r ompi ment o no f or nec i ment o de

    car ne. Est a medi da f oi di scut i da desde 20 de j ul ho de 1946. Tal

    at i t ude, di f er ent e de at i ngi r apenas c ons um dor es , at i ngi u t am

    bém pr odut or es e i nver ni s t as , e em espec i al os par anaenses .

    0 pr ocedi ment o de suspensão no f or neci ment o vi r i a por

    pr e j udi car os f azendei r os do Paraná no que di z r espe i t o a:

    1 - pobr eza dos campos nat i vos do Est ado, não compor t an-

    do mai s de uma r ês por al quei r e de quat r o m l e duzent os met r os

    quadr ados no ver ão;

    I I - no i nver no, a capac i dade so f r e decrésc i mo pel a ocor -

    r ênci a de vent os e geadas, cr est ando os campos emagr ecendo o

    gado, di m nui ndo os negóci os e f or çando a mai or necess i dade de

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    t o agr í col a e pecuar i a dos bancos ; ass i m mesmo os f azendei r os

    mai s r i cos ser i am obr i gados a desocupar as past agens , par a co-

    l ocar novas t r opas .

    Per cebe- se aqui , que o r aci onament o não vi nha sendo bem

    vi s t o pel os pr odut or es , pr i nc i pal ment e quando es t es er am at i n-

    gi dos di r et ament e e apr esent avam mot i vos mui t o bem f undament a-

    dos . Al ém di sso , f i ca c l ar o que o r ac i onament o da car ne não t i -

    nha razão de se dar em vi r t ude da sua exi st ênci a em abundânci a

    22

    ( segundo os pr odut or es) . Mas, e a i nexi st enci a- de car ne nos

    açougues? E a exor bi t ânci a nos pr eços? Sem dúvi da a l guma, est es

    doi s mot i vos pr i nc i pa i s er am r esul t ado de uma j ogada cambi al de

    ent r e- sa f r a, a f i m de que o gado de cor t e a t i ngi s se um mai or va-

    l or . Adv i nha daí a f i l a par a compr a e expl or ação do mer cado ne-

    gr o, de t a l s or t e que, no Par aná, c om ou s em por t ar i a, es t ava

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    cos, t omados par a r esol ver as s i t uações de f al t a de pr odut os e

    bens essenc i ai s , t i ver am apenas o i nt ui t o de cont er a mani f es -

    t ação de pol í t i ca cont r á r i a , dando ã di t adur a um aspec t o ai nda

    mai s conser vador i s t a. Exempl o t í pi co de t ai s pr ocedi ment os , en-

    23

    t r e t ant os , f oi o t el egr ama di vul gado pel a United Press  pro-

    cedent e de Washi ngt on, not i c i ando que os gover nos br as i l ei r o e

    argent i no pr ot es t avam j unt o ao gover no mexi cano, por es t e sus -

    pender as aqui s i ções de gado do Br as i l .

    0 I t amar at i , por sua vez , se def endi a, di zendo que adi s -

    cusão do gado br as i l e i r o expor t ado par a o Méxi co, est ava sendo

    di scut i da cor di al ment e. Cor di al ou não, o que i nt er essa aqui ,

    é que o Gover no Feder al j á di ss er a em moment os ant er i or es j á

    t er suspenso a expor t ação da car ne, e que as di f i cul dades en-

    f r ent adas com r el ação ao pr odut o, se davam t ambém por aí .

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    7

    C A R N A V A L DA V I T Ó RI A .

      O Dia,  Cur i t i ba,

      03

      mar .

      1 9 4 6 .

    p.  1.

    8

    FAL A O GENERAL ANÁPI O GOMES SOBRE A COMI SSÃO DE PREÇOS

    E AUMENTO DE SALÁRI OS. O Dia,  Cur i t i ba, 11 s et . 1945. p. 6.

    -

     9

    SOLUÇÃO OBJ ETI VA DOS PROBLEMAS DO ABASTECI MENTO E CUS-

    TO DE VI DA. O Dia,  Cur i t i ba, 19 mar . 1946. p. 8.

    10

    COMI SSÃO ESTADUAL DE ABASTECI MENTO E PREÇOS. O Dia,

    Cur i t i ba, 02 mar . 1946. p. 3.

    1

    C R I A D A  A DELEGACI A DE ECONOMI A POPULAR. O Dia,  Cur i -

    t i ba, 04 j an. 1945. p. 3.

    12

    DI ÂRI O OF I CI AL . 23 mai o 1946. p. l .

    13

    MOTTA, Fr anci sco C. O que e burocracia.  4. ed. Sao

    Paul o, Br as i l i ens e, 1982.

    14

    SE RÃ O BENEDI TO. O Dia,  Cur i t i ba, 23 mai o 1946, p. l .

    15

    SOVI NI CE . O Dia,  Cur i t i ba, 11 j ul . 1946. p. l .

    16

    RACI ONAMENTO DA CARNE: NÃO SE RECOMENDA A AÇÃO DA ME-

    DI DA. O Dia,  Cur i t i ba, 03 out . 1946. p. 3.

    1 7

    AS ATI VI DADES DO GOVERNO PARA BAI XAR O CUSTO DE VI DA:

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    2 O GOVERNO MOISÉS LUPION ÀS VOLTAS COM O LEITE E A CARNE

    Em mar ço de 1947, o Gener al Dut r a apr ovava a pr opost a da

    Com ss ão Cent r al de Pr eços ( CCP) quant o ao congel ament o. El a r e-

    gul ava t abe l as e es t abi l i dade par a os gêner os de l â necess i da-

    de .

    0 pr ocedi ment o de Eur i co Gaspar Dut r a vi nha dar pr osse-

    gui ment o às medi das do Decr et o- Lei ne 9. 125, de 4 de abr i l de

    1946, que em seu ar t i go 23 conge l ava os pr eços das ut i l i dades

    essenc i a i s , f i xando- os no 15 de f ever e i r o de 1946. Er a es t e o

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    do ar bi t r i o ou pr essão das f or ças mai s i nt er essadas .

    Nes t e cenár i o ent r am os agent es execut i vos da f i s cal i za-

    ção. 0 f i s cal passa a ser o i nt er medi ár i o, a f i gur a de mai or

    i mpor t ânci a na cont enção dos pr eços de t odos os gêner os. 0 v i -

    gi ar dever i a ser f ei t o não apenas nas f ont es pr odut or as , mas

    t ambém no at acado e var ej o. A par t i r de agor a os olhos  do go-

    ver no , r epr esent ado pel a Com ssão Cent r al dos P r eços , podi a i r

    a t odos os l ugar es com o aval da popul ação. Af i na ê el a que as-

    s i na t al s i s t ema, poi s é a r egul ador a do mecani smo da r ec l ama-

    ção .

    At r el ado a est es mecani smos é que se suger e, at r avés dos

    gr upos de di scussão da CCP, um ser v i ço naci onal de l evant amen-

    t o e est udos dos cust os da pr odução. Ë cr i ado mai s um ór gão de

    cont enção dos pr eços.

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    f or neci ment o, o gover nador se apoi ou na Com ss ão Est adual dos

    Pr eços . Tal ór gão não f or a c r i ado por es t e gover no , e ao cont r á-

    r i o, f az i a par t e da es f er a mai o r de i nt er esses econôm cos nac i o-

    na i s . Dec l ar ou a i nda, que o povo es t ava dando i nt ei r o apoi o à

    mesma Com ss ão de Pr eços , decr et ando sempr e o aspect o popul i s-

    t a e demagógi co daquel e gover no, como se pudess e f al ar pel a po-

    pul ação. A ut i l i zação do t er mo povo,  ou público,  ut i l i z ado pel o

    gover nador vem sempr e como um enal t ec i ment o f a l so. Tem se sem

    pr e a i mpr ess ão, quando se usa o t er mo publico,  a f i m de i den-

    t i f i c ar um gr upo s oc i al , de que se es t á c i t ando platéia que

    aplude um grande espetáculo,

      o que no f i nal de cont as não dei -

    xou de ser .

    Out r o f at or de i mpor t ânc i a deve ser sal i ent ado: o l ei t e

    não poder i a cont i nuar com o seu f or neci ment o r egul ar por t odo o

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    Al ém di sso , as di f i cul dades em conseguí - l o aument ava os ent r a-

    ves da manut enção da empr esa l ei t ei r a po i s , sem o f ar el o, não

    se t em al i ment ação par a o gado l ei t ei r o, pr i nc i pa l ment e quando

    os campos de ver ão j á f or am quase t odos devast ados e por haver

    necess i dade de descanço do past o par a r epos i ção do capi m A t a-

    xação do pr eço do f ar el o, por det er m nação do gor ver no a Cr $

    19, 00 ( dezenove c r uze i r os ) , em compar ação com o l i t r o do l ei t e

    cus t ar Cr $ 1, 50 (Hum cr uze i r o e c i nqüent a cent avos ) , c r i ava s i -

    t uaç ão de di f i c ul dade.

    Er a i mposs í vel segur ar por t ant o t empo t al s i t uação. 0

    l ei t e só podi a desapar ecer e seu pr eço exacer bar - se. A que se

    l evar em cons i der ação a ques t ão dos t r anspor t es def i c i ent es e

    da compr a do f ar el o de out r os moi nhos. A pr odução l ei t ei r a do

    Bai r r o do Boquei r ão em Cur i t i ba , que se cons t i t uí a de apr ox i ma-

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    dos pr odut os r egul ar i zados . Ev i dent e se t orna a a f i r mação por

    vezes r epet i t i va, mas pr oducent e: o gover no , é na f i gur a de seus

    gover nant es, se apr opr i a da l i nguagem e dos r ec l amos da popul a-

    ç ão, a f i m de f az ê- l o seu.

    Se t a i s ques t ões mai s t ar de f or am r es ol v i das , ou mel hor ,

    se r eceber am al gumas so l uções , el as pa r t i r am dos conc i dadãos e

    das suas r e i v i ndi cações, o que pode dar a i mpr essão de um pr o-

    gr ama de gover no, mas não o é. A car act er í s t i ca aqui , é mui t o

    mai s de mecani s mos de poder .

    Par a a cont enção da mani f est ação, o popul i smo ent r a em

    c ena. Af i nal :

    Dur ant e o t empo que ai nda per maneceu em con-

    v í v i o com os col onos do Boquei r ão, o governa-

    dor r ecebeu vár i as mani f es t ações de apr eço,

    r e t i r ando - se p or vo l t a das 1 6: 30 ho ras , de-

    po i s que f oi saudado em nome dos l e i t ei r os ,

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    t r ovér s i a, es t eve no Br as i l Mr . W l i am Cavi n, r epr es ent ant e da

    Gr ã- Br et anha, a f i m de t r at ar das r el ações de expor t ação/ i mpor -

    t ação par a o Br as i l . El es , na guer r a , segundo o pr ópr i o Mr . Ca-

    vi n, per der am 50% dos pr odut os . O gado l ei t ei r o f oi o que so-

    br ou e f az i a a base dos r ebanhos. I nt er essant e t er mos expor t a-

    do par a quem não t i nhae f i car mos com pouquí ss i mo; e el es com a

    met ade do que pos s uí am

     1

    Agor a se f az necessár i o i mport ar . No ent ant o , só as des -

    pesas de i mpor t ação f ar i am o pr odut o a i nda mai s - car o. A pr át i -

    ca adot ada é a da dependênci a econôm ca e conseqüent ement e so-

    c i al . A pouco c l ar a medi da t omada par a o Br as i l , no t r ocadi l ho,

    acaba por escur ecer o l ei t e no Par aná.

    Dent r o das cer cani as do Es t ado, os l e i t ei r os não podi am

    nem pagar o m l h oe f ar el o a al t os pr eç os , c omo j á f oi vi s t o,

    qui çá as despesas de i mpor t ação. O Par aná, est ando at r e l ado às

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    ment ó com a c l asse. As di s cussões f or am no sent i do de r esol ver

    pr obl emas vol t ados par a a f or r agem i r r egul ar i dades no t r ans -

    por t e do pr odut o f or r agei r o e doenças no r ebanho l ei t ei r o.

    A par t i r des t e moment o , com o esc l ar eci ment o f ei t o di r e-

    t ament e pel os pr odut or es, começa a se dei xar de l ado as conj un-

    ções i nt ernac i ona i s , di t as det er m nant es moment âneas .

    F i c ou ac er t ado na pr i mei r a r e uni ão ef et i v a ent r e l ei t ei -

    r os e a Sec r et ar i a da Agr i cul t ur a que:

    a) dever - s e- i a obt er c r é di t o i ndi vi dual , . at r avés do s i s -

    t ema de car t ei r a agr í col a a f i m de cus t ear a aqui s i ção de ani -

    mai s novos e ar mazenament o de f or r agem de i nver no;

    b) execução de pl ano de f i nanci ament o no Banco do Est a-

    do, par a a aqui s i ção de pur o- sangues r epr odut or es de r aça hol an-

    desa ;

    c ) i nt er f er ênc i a da Sec r et ar i a da Agr i c ul t ur a par a a c om

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    gado f i l i ados à c ooper at i va.

    Mui t os er am os as s unt os e r ei v i ndi c aç ões . 0 Sec r et ár i o

    assum u a pr omessa de r esol vê- l os, o que se per ceber á em momen-

    t os ul t er i or es não t er ac ont ec i do.

    Anal i s emos vár i os f at or es . A obt enç ão de c r i t ér i o i ndi -

    vi dual i z ado, pel o s i s t ema de c ar t ei r as agr í c ol as ( s ) , em vez de

    uni r o i deal c ooper at i vo, s epar ava ai nda mai s os l ei t ei r os , o

    que vem quebr ar sua f or ça, pr i nci pal ment e se pensar mos que o ca-

    pi t ão não er a ni vel ar . Por t ant o, os que t i ves s em mai s p os s es ,

    poder i am obt er mai s l ucr os . 0 que se cont r apõe di r et ament e ao

    i deal cooper at i vo ( c ) da assoc i ação.

    Par a o gover no ess a ë uma s ol ução benéf i ca, na medi da em

    que esvaz i a , em mui t o , a di scussão po l í t i ca do t ema. Quando se

    pr et ende f i nanci ament os at r avés do Banco do Est ado ( b) , não se

    est á apenas pl ei t eando a mel hor a da r aça par anaense de gado at r a-

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    nas di scussões na t ent at i va de r esol ver o i mpasse, mel hor . Es -

    t ar á at endendo um e out r o l ado.

    Quando pede ao Secr et ár i o da Agr i cul t ur a a obt enção de

    f avor es concedi dos j unt o à Rede no abast eci ment o dos pr odut os

    de l ei t e da Capi t al ( no que di z r espei t o aos t r anspor t es ) , es -

    quecem o Decr et o Feder al n° 22. 181, de 27 de novembr o de 1946,

    que j á er a di r e i t o adqui r i do. Não havi a necess i dade al guma de

    pedi r f avor . Se bem que, numa or gani zação em que se t i nha que

    pagar c ont r i bui ç ão por di r i gi r o s eu pr ópr i o veí c ul o no t r ans -

    por t e do l ei t e ( g) , não er a medi da t ão r ui m se f azer val er de

    c er t os f avor es .

    Com a cobr ança dest a medi da cont r i bui t i va par a o Insti-

    tuto de Aposentadoria dos Empregados em Transportes,  se estam

    pa out r a f ace das d i f i cul dades enf r ent adas . Nada mai s j us t o do

    que aument ar o l i t r o de l ei t e em seu pr eço. Par a o consum dor

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    r i o agr o- pecuár i o par anaense .

    Da di sc ussão de t odos est es f at or es, f i ca uma mar ca con-

    s i s t ent e: a de que o gover no f az i a papel de medi ador no uni ver -

    so das negoc i ações , assum ndo sempr e a a t i t ude pat er na l i s t a de

    t omar nas mãos as revoluções,  e ai nda pr omet er a ef et i vação das

    medi das di scut i das. Mas a t endênci a er a de que os pr eços subi s -

    sem cada vez ma i s , e as f i l as em f or ma de ser pent e não di m nui -

    r i am de i medi at o. Por es t e hor i zont e f oi ent ão se es t abel ecen-

    do o j ogo de f or ças ent r e pr odut or es , gover no e consum dor es .

    0 Mi ni s t ér i o da Agr i cul t ur a t eve no ano de 1947, um ano

    pesado. Quando não est eve vol t ado par a as pr eocupações com o

    abast eci ment o do l e i t e, f oi a car ne o cent r o de suas pr eocupa-

    ções. Na dat a de 3 de j ul ho de 1947, f ez publ i car em Diário Of i-

    cial da União,  por t ar i a r egul ador a par a o pl ano de abast eci men-

    t o de car nes daquel e ano, do qual const a:

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    r eduz i das sem bene f í c i o dos que ha j am cumpr i -

    do as mesmas det er m nações.

    I V - No s c as os pr e vi s t o s nos i t ens ant er i o-

    r es a di s t r i bu i ção de car ne bovi na poderá a

    j uí zo da ant er i or compr a ser f ei t a em ma i o r

    númer o de di as , a l ém dos f i xados no pl ano de

    abast eci ment o de car nes par a 1947, desde que

    não exceda a t onel agem t ot al que couber ao

    r es pec t i v o c ent r o c ons um dor .

    V - A pr es ent e por t ar i a pas s a a c ons t i t ui r

    par t e i nt egr ant e do p l ano de abast eci ment o de

    car nes para 1947, cabendo às aut or i dades en-

    car r egadas da di s t r i bu i ção e execução do pl a -

    no cumpr i r em- na e f azê- l a cumpr i r f i e l ment e .

    VI - Es t a por t ar i a ent r ar á em v i gor na dat a

    de sua publ i caçao .

    Apesar de passar por moment os d i f í ce i s , o Mi ni s t ér i o da

    Agr i cul t ur a j á or gani zar a pl ano de ação, o que se t r aduz na pu-

    bl i cação dest a por t ar i a , e que at i nge de f or ma di r et a açouguei -

    r os e t r anspor t ador es, f i cando o mer cado negr o e o at r avessador

    f adados t empor ar i ament e ao f r acass o. Pel o menos er a o que se

    i magi nava acont ecer .

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    A l egal i dade escol hi da pe l o Mi ni s t é r i o , quase que apar a

    t odas as ar est as . Execut a- se a h i gi ene, em nenhum moment o l eva

    da em cons i der ação, t a l vez por não f azer par t e da f al a da popu

    l aç ão, s endo i mpos s í vel , por t ant o, apr opr i ar - s e del a.

    Uma das car act er í s t i cas pr i nc i pa i s de um governo que se

    di z i a hi gi eni s t a, saneador , mas que tem por det r ás de suas at i

    t udes, o conser vador i smo, às vezes que se f al ou ou r ecl amou do

    abast ec i ment o do gado, f oi um aspect o saudos i s t a , r e l embr ando

    4

    dos t empos que se f or neci a gado par a Sao Paul o.

    J ust i f i cando a pouca sol ução dada, o gover no de Moi sés

    Lupi on se def endi a na i nex i s t ênc i a dos pr odut os . Di z i a que não

    dever i a ser r esponsabi l i zado, que os ver dade i r os cul pados er am

    os mar chant es, e que mesmo com as i nt er f er ênci as no mer cado,

    não er a pos s í vel obt er - s e r e s ul t ados pos i t i vos . Es t a s er i a t am

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    t e gover no, o chamado  trust  da car ne e o poder  t êm vi da pr ópr i a

    e são c i dadãos cor por i f i çados , segundo a pos i ção adot ada pel a

    gover nança.

    A c onc es s ão de l i ber dades f oi out r a das j us t i f i c at i vas e

    g

    t er mo de ef ei t o do qual se f ez val er t al gover no: " . . . Houve

    t ambém por par t e do gover no mui t o l i ber a l i dade , l i ber al i dade

    que, di ga- se de passagem não qui ser am ent ender os mar chant es .

    E a f al t a de car ne cont i nua, apesar dos es f o rços do gover no. . . "

    A l i ber dade, aqui , é c onf undi da com a l i ber al i dade, ac ont ec i -

    ment o comum nos poucos moment os democr át i cos vi vi dos pel os br a-

    s i l ei r os , pr i nc i pa l ment e nes t e ( 1945- 1964) , em que os expedi en-

    t es gol pi s t as se t or nar am f r eqüent es no Br as i l . Como bem col o-

    7

    ca WEFFORT: " . . . Se a democr aci a é apenas um mei o par a o poder ,

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    Segundo es t e senhor , al ém de cobr ar em al t os cus t os , es -

    t es a t r avessador es possuí am não só l ocal par a r et al har o gado

    como t ambém f r i gor í f i cos e açougues par a o pr ocesso expl or at ó -

    r i o, o que se col ocava di r et ament e cont r ár i o aos i nt er esses po-

    pul ar es .

    A popul ação consum dor a nest es anos de 1945- 1947, t eve a

    sua def esa f ei t a pel os agent es gover nament ai s ou, como nest e

    c as o, pel os pr odut or es , f i c ando aqui di f í c i l c ar ac t er i z ar es t e

    cont i ngent e popul ac i ona l de que t ant o se f al a, f unc i onando ape-

    nas c omo f or ça de expr ess ão aos j ogos de di sc ur so do poder . Os

    mar chant es, conheci dos como os mai or es expl or ador es, pel o que

    f i cou di t o, não pr ocur ar am a def esa de seus i nt er esses , ou mes -

    mo a af i r mação às acusações que l hes er am auf er i das.

    J á nas pal av r as do Sr . Raul Pér i c l es , f i cou demons t r ada

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    no pr ópr i o Es t ado f r ent e ao de out r as r egi ões . Ass i m f i cavamos

    cr i ador es par anaenses em desvant agem Al ém di sso , o compr ador

    f i cava com o gado par anaense ou paul i s t a por compl et o, o que

    l hes conf er i a ai nda ma i o r l uc r o na comerc i a l i zação, que i nc l ui a

    c our o, c abeç a, m ol o, f í gado, l í ngua, bar r i gada, s ebo e os qua-

    t r o mocot ós . Os doi s di ant ei r os e t r ase i r os e r am vendi dos ao

    r et al hi s t a a Cr $ 5, 00 ( c i nco c r uze i r os ) o qui l o, na médi a de

    cent o e set ent a qui l os ou sua pr opor ção.

    Tal pr át i ca dá ao marchant e o pr i v i l égi o de subi r o pr e-

    ço das par t es boas, nor mal ment e mai s consum das, uma vez que

    el e é o dono t ot a l do pr odut o, podendo vender ant es as par t es

    de menor consumo a pr eços el evados. Não cont ando com o pr oces-

    so de i ndust r i a l i zação da car ne, suas vant agens er am ai nda mai o-

    r es  .

    Ass i m aos Cr $ 650, 00 ( sei s cent os e c i nqüent a c r uzei r os )

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    venda.

    Agor a, quem t em nas s uas mãos o poder de deci di r o que

    a popul ação deve ou não comer , é o açouguei r o. 0 consum dor não

    pode escol her al ém do que l he of er ece o açouguei r o. Al ém di sso ,

    a car ne er a vendi da com 30% de oss o ao mesmo pr eço de Cr $ 5, 00

    ( c i nco c r uze i r os ) . As par t es r et a l hadas , como f i l é, coxão mol e

    e coxão dur o, par a f azer post a, er am vendi das a pr eços que va-

    r i avam de Cr $ 10, 00 ( dez c r uze i r os ) a Cr $ 20, 00 ( vi nt e c r uze i -

    r o s )  .  As vendas er am f ei t as a pr eços ai nda mai s ' al t er ados par a

    hot ei s e r e s t aur ant es , que s e s uj ei t am a pagar a mai s , a f i m de

    ser em os pr i mei r os na concor r ênc i a pe l as mel hor es par t es . Não

    podemos esquecer que os l ucr os er am di ár i os, sendo que os i mpos-

    r os não passavam de Cr $ 70, 00 ( setent a cr uzei r os) ao mês.

    Por est e gêner o de pr i mei r a necess i dade, os i mpost os não

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    Por ém no Par aná, como no Ri o de J anei r o ( às bar bas do poder f e-

    der al )  ,   as i ns i s t ênc i as er am no sent i do de mode l a r e r egul ar . 0

    gover no buscava s ust ar pr eços, model os , r egul ações. Como, no en-

    t ant o se nem mesmo por t ar i a i mpet r ada pel o gover no naci onal

    f az i a ef ei t o?

    0 Gover no Moi sés Lupi on, di ga- se de passagem ai nda em

    sua adm ni st r ação movi ment ada, pr omoveu a venda de t er r as a pr e-

    ços bai xos' "

    0

      Segundo o Sr . Laur o Schnei der ( Super i nt endent e da

    Com ssão Es t adua l de P r eços) , f or a par a a c r i ação de gr andes

    i nver nadas no Nor t e do Est ado do Par aná. Acr edi t ava el e que a

    venda das t er r as devol ut as do Par aná, na qual se envol veu o go-

    ver no do per í odo, a i nda ser i a conheci da como um gr ande er r o. Se

    t ai s t er r as t i nham a i nt enção de benef i c i a r a manut enção do ga-

    do, o que acabou por ocas i onar , f oi apenas os ent r aves da expl o-

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    t al nes t as ár eas de at i vi dades . El a c onv i dava pr of i s s i onai s ,

    c r i ador es e t écni cos par a ent r evi s t as , como f oi o caso de Al e-

    xandr e Zai nko, quí m co r esponsável por set or es do I ns t i t ut o de

    Bi ol ogi a e Pesqui sas Tecnol ógi cas do Es t ado. Em seu di scur so

    r adi of ôni c o, aquel e pr of i s s i onal v ol t ado par a as ques t ões hi -

    gi êni cas, f oi dos pr i mei r os a demonst r ar pr eocupação mai s ex-

    pr ess i va na ár ea da puer i cul t ur a . El e expôs s ol ução par a os pr o-

    bl emas da car ne e do l ei t e, na uni ão de t odos os s et or es da po-

    pul ação, dest acando mui t o o aspect o da i nt egr ação at r avés da na-

    c i ona l i dade, al ém de di zer que o desenvol v i ment o naquel es di as

    es t ava apoi ado, j á, em doi s pol os : o da gr ande i ndús t r i a nas c i -

    dades e do pr odut or no campo. Seu di sc ur so se t or na veement e,

    no i ns t ant e em que at r i bui u ãs mãos do poder públ i co o br i l han-

    t i smo t ot a l da i ni c i a t i va nas ár eas da s aúde e educação que, se-

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    Secretaria de Agricultura e Comércio do Es-

    tado do Paraná ( Gr i f o do au t o r ) H

    A r eaf i r mação da pal avr a  estado,  no di s cur so do quí m co,

    e mesmo a ênf ase dada ao ór gão de Bi ol ogi a e Pesqui sas, conf i r -

    ma ai nda mai s a pal avr a enc omendada. Ë nes t e moment o que o di s -

    cur so demagógi co at r avés da hi gi ene, demonst r a ã popul ação a sua

    pr eocupação com a saüde.

    Um bom ci dadão deve ser saudáve l , bem nut r i do e pr eocupa-

    do as quest ões de seu est ado, par a que não poss a escapar ao es-

    quadr i l hament o soc i al .

    At r avés do di agnóst i co da doença do gado, se aval i a a

    saúde da popul ação e o cont r ol e que vai poder ser exer ci do ou

    não sobr e el a , a f i m de cam nhar sempr e par a o pr ogr esso . Es t e

    er a ent endi do como ascensão em úni ca di r eção, sem ol har o que

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    A r adi odi f us ão des t e di s c ur s o, pel a s ua c ar ac t er í s t i c a

    t écni ca, t em mai s aut onom a que a r epr odução at r avés de j or nal ,

    no sent i do em que os ol hos s el ec i onam a l ei t ur a e a t r ans m s s ão

    chegada de i mpact o é absor vi da i medi at ament e. Como col oca Ben-

    12

    j am n : " . . . podemos di zer que a t écni ca da r epr odução dest a-

    ca do dom ni o da t r adi ção o obj et o r epr oduz i do . " No nosso caso ,

    o dom ni o i mpost o pel o saber nas mãos do poder .

    0 l ei t e pass ou pel o mesmo cr i vo da máquina de'limpeza,

    s endo s ubmet i do a vár i as a nál i s es , a f i m de s al i ent ar a f al t a

    de val or pr ot ei co e hi gi ene. Os t écni cos f or am ac i onados pel o

    I ns t i t ut o de Bi ol ogi a e c ol oc ados em c ont at o c om os l ei t ei r os

    cooper ados , sendo que a pr opost a pr i nc i pa l es t eve vo l t ada par a

    a mel hor a al i ment ar do gado. I sso se dar i a at r avés do acr ésc i -

    mo de cál c i o e v i t am na "A" na r ação, após o que, segundo os

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    r apuava, pr ej udi cando os i nt er esses da col et i v i dade e dos c r i a-

    dor es do Par aná. Por ém a popul ação es t ava bem mai s i nt er essa-

    da em comer car ne, v i esse el a de onde vi ess e; mesmo ouvi ndo os

    di scur sos i nf l amados de ener gi a de Al do Si l va e Lacer da Wer neck

    di zendo que t ai s pr obl emas se davam pel as di f i cul dades de pr o-

    cessament o do F r i go r í f i co Muni c i pal do At uba .

    0 desej o da popul ação em comer car ne i a al ém da i nt er f e-

    r ênci a dos homens do trust  do gado. Por ém o trust  er a f ei t o

    não só por aquel es que r ecebi am t al t í t ul o, mas t ambém pel os

    que pr omovi am a i mpor t ação, como no caso do gado ar gent i no.

    A Soc i edade Rur a l do Par aná, er a out r a das i ns t i t ui ções

    i nt er essadas no f or neci ment o e manut enção do abast eci ment o da

    c ar ne.

    P res i di da naquel es di as pe l o Sr . I vo Leão, pr omoveu a

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    Também São Paul o, de f orma não t ão d i f er ent e, enf r ent ou no pe-

    r í odo pr obl emas de abast eci ment o.

    No Par aná, a Soci edade Rur al f ez a negoci ação di r et a

    com os r epr esent ant es da Empr esa Di anda, Lopez e Ci a. L t da . ,

    Sr s . Amanci o e Cândi do Esqui bel . A expos i ção dos pr odut os t eve

    l ocal na gr anj a do Sr . Epam nondas Sant os , no Bai r r o do At uba

    em Cur i t i ba. Os i nt er es s ados f or am c onduz i dos ã r ef er i da expo-

    s i ção, por ôni bus f r et ados espec i a l ment e que sai a da Pr aça Ti -

    r adent es ( Cent r al de Tr anspor t es Co l et i vos nos anos 40) . 0 di a

    e a hor a da exposi ção que dever i am ser ampl ament e di vul gados

    em época opor t una, não o f or am f i cando i nf or mados apenas os i n-

    t er essados mai s di r e t os . Es t a s i t uação se ev i denc i ou, bem co-

    mo o envol v i ment o di r et o do gover no com t ai s negoci at as , quan-

    do es t e pr omoveu vár i as out r as expos i ções agr o- pecuãr i as .

    I s t o acont eceu, por exempl o, na V Expos i ção Agr o- Pecuã-

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    públ i ca a f i m de di scut i r seus pr obl emas . Apesar da exi bi ção

    dos pr odut os agr o- pecuãr i os es t ar di r et ament e l i gada às ques -

    t ões do l ei t e, par ec e s e t r at ar de pr obl emas i s ol ados . Cl ar o,

    devemos l embr ar que gado l e i t e i r o é um e de cor t e é out r o, po-

    r ém não podemos j amai s di ss oci á- l os de uma mesma espéci e. Pr i n-

    ci pal ment e se l evar mos em consi der ação que os mot i vos da mesa

    r edonda er am r epar ação das est r adas de acesso à Ci dade de Cur i -

    t i ba; necess i dade de ent r osament o dos pr odut or es numa ent i da-

    de de c l asses par a def ender os seus i nt er esses econôm cos ; es -

    t udo de poss i bi l i dades de t r ansf er ênci a por venda ou doação da

    usi na de l ei t e do Est ado aos f or necedor es e que os pr obl emas

    ver i f i cados com o gado de l ei t e e os de cor t e er am de gêner o

    semel hant e. A par t i r de ent ão, as quest ões do gado de cor t e e

    de l ei t e começar am a ser di scut i das na mesma l i nha de pr et en-

    sões e gr au de i mport ânc i a . Ver i f i ca - se que no edi t al de convo-

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    t r oduzi da pel o Gover no Moi sés Lupi on. Mesmo que f osse no sen-

    t i do de aut o- pr omoção, ou par a descul par a concessão de t er r as

    no Nor t e do Est ado, a i mpor t ação de car nes da Ar gent i na ou pa-

    r a j ust i f i car a movi ment ação desonest a de mar chant es e açou-

    guei r os , o avanço t écni co pr opost o pel o gover no não combi nava

    com t oda a sor t e de di f i cul dades de abast ec i ment o que Cur i t i ba

    enf r ent ava.

    0 nome do pr ef ei t o mal se pr onunci ava. As r uas de maca-

    dame er am chamadas de estradas que dão acesso a cidade;  o gado

    vagava sol t o pel as r uas do Bai r r o de Capão Raso e pel a Pr aça

    Ti r adent es , que er a o pr i nc i pal t er m nal de t r ans por t e c ol et i -

    vo. Dest a f or ma se cont r apunham ur bani zação i nc i pi ent e e di s -

    cur so ; pr odut or es , consum dor es e os cont r o l ador es de pr odução

    e do consumo. 0 seu autóctone*  começa a ceder ao apr i mor ament o

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    1950. O mér i t o dest e t i po de pr ogr amação est á em ser o pr i mei r o

    16

    e mai or no Br as i l daque l es di as . A publ i cação agr í col a come-

    çou a f azer par t e das r e l ações de poder .

    . A pr opost a do pr ogr ama r adi of ôni co f unci ona, aqui , como

    uma f er r ament a e sua qual i dade como i nst r ument o que r eal i za um

    r el ac i onament o de f or ma mai s í nt i ma com o obj et i vo que el a des-

    t i na pr oduz i r , no caso, a r epr odução do poder .

    1950 - A NOVA FRONTEI RA

    A década de 1950 chegou de f or ma nova, as descul pas par a

    as di f i cu l dades do desenvol v i ment o não poder i am mai s de f or ma

    al guma ser r ef er endadas pel os anos de guer r a.

    Ë o i nst ant e em que a t el evi são começa a t omar cont a do

    uni ver s o c ul t ur al br as i l ei r o, pegando o r adi o de s ur pr es a. As

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    que Cauby Pei xot o f ez nome. 0 rock and roll  achou mui t a gent e

    despr epar ada par a as suas p i r uet as e cambal hot as ; o gi m t ôni ca

    e o hi-fi  se t or nar am as bebi das pr edi l e t as nos l ugar es da mo-

    da. Ava Gar dner pr eencheu as t el as dos ci nemas com o seu ol har

    es t ont eant ement e azul e Cy l l Far ney , que t i nha t í t ul o de ator,

    di sse que " duzent as pessoas er am conheci das no Ri o de J anei r o ;

    - "

    1 7

    o r e st o er a f i gur aç ao .

    Real ment e, se chegar mos ao ext r em smo de di zer que du-

    zent as pessoas er am popul ar es no Ri o de J anei r o- , se i ncor r e no

    er r o de di zer que o Br as i l er a apenas a Capi t a l Feder al . Se es -

    tes são os  flashes  do que s e pass a nos anos 50, pel o menos em

    sua f ase i ni c i al , apesar de seu aspect o nost á l gi co , não devemos

    esquecer que f oi um moment o de br i l ho apar ent e. A pr ópr i a TV

    Tupi t i nha o s í mbol o do i ndi ozi nho, o que não combi nava de f or -

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    t e na mes a de Dona Maria.  0 Pa raná, não er a Br as i l ?

    Aqui t ambém as pess oas dei xavam de compr ar car ne i mpor -

    t ada par a i r ao ci nema i mpor t ado, onde pr ovavel ment e os at or es

    apar ec i am comendo car ne br as i l ei r a. I s t o cer t ament e ocor r i a em

    se t r at ando de f i l mes mexi canos , a r gent i nos , i ngl eses ou nor t e-

    amer i canos. As f i l as que se acumul avam nos açougues de Cur i t i -

    ba ( no Lar go da Or dem na Rua Bar ão do Ri o Br anco ou no di st an-

    t e Ba i r r o de Sant a Qui t ér i a ) compet i am com as dos c i nemas . Er a

    bar r i ga vaz i a e ol hos c hei os . Por ém onde es t avam os c ur i t i ba-

    nos , car i ocas , par anaenses e paul i s t as ent r e t ant os out r os que

    não des f r ut ar am os pr azer es des t a

      belle-époque

    , as moças que não

    debut ar am os que não f or am ao rock,  não t omar am l ei t e, não co-

    mer am car ne? For am escondi dos pel a vi são r ac i ona l do ci nema ou

    do out-door.  O marketing  os escondeu, porém não os f ez sum r

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    r a l , se ganha ou per de, mas s i m como um j ogo de f or ças ent r e

    os set or es envol v i dos no abast ec i ment o .

    Quando di sc ut i mos a quest ão da aber t ur a do gover no par a

    a par t i c i paç ão t ant o de c ons um dor es , l ei t ei r os , aç ouguei r os

    quant o os out r os nas quest ões gover nament ai s, expusemos que a

    est r at égi a do poder pr ocur a dar uma i mpor t ânci a mai or a est es ,

    a f i m de expl or á- l os ao máx i mo em suas pot enc i al i dades , ao i n-

    vés de r epr i m - l os .

    A quest ão d i scut i da, que apar ent ement e é ' apenas econôm -

    ca, acaba t empor ar i ament e di m nui ndo a pr ess ão da popul ação so-

    br e o gover no, mas não sua r es i st ênci a. I s t o vem demonst r ar que

    a mani f es t ação cont es t at ór i a pode ocupar vár i os l ugar es semt er

    um espec í f i co. P r i nc i pa l ment e se co l ocar mos o abast ec i ment o co-

    mo s endo apenas uma das f acet as do exer cí ci o do poder , no ent an-

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    Se por um l ado o Par aná i des t aque na capi t al nac i ona l e f or a

    del a, por que se di z o Est ado onde se pr oduz mui t o, por out r o,

    as f i r mas vo l t adas par a o comer c i o da car ne em Cur i t i ba ( Fr i go-

    r í f i c o . Bac ac her i L t da. , Soc i edade Sul Pec uár i a L t da. , Uni ão dos

    Açougue i r os L t da. ) , pl ei t ear am à CEP ( Com ssão Es t adual de Pr e-

    ços) o aument o do pr eço com o i nt ui t o de r esol ver os pr obl emas

    da ent r e- saf r a. Por que, se t i nha gado at é mesmo par a expor em

    out r os est ados? Est a br i ga demor ou doi s meses at é que:

    A Del egac i a de Econom a Popul ar , l eva ao co-

    nhec i ment o da popul ação , não ser ão perm t i -

    das expl oraçoes em t orno do pr eço da car ne.

    Na f ór mul a dos t ermos da at a ass i nada, ent r e

    os açouguei r os e vendedor es ( mar chant es) e a

    Com ss ão Est adual dos Preços, nao poder ão os

    pr e ç os s e r em al t er ados , nem s er ã o per m t i dos

    r aci onament os at é desembr o pr óxi mo, sendo

    qua l quer a t i v i dade nes t e sent i do coi bi das p e-

    l as aut or i dades p ol i c i ai s , que não t ol er a r a o,

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    O Del egado J osé Fonseca Lobo, vem r epr esent ar urna not a

    pr évi a do que ser i am os t r i bunai s popul ar es c r i ados por Var -

    21

    gas . Tai s t r i bunai s , t i nham a i nt enç ão de puni r o abus o da al -

    t a dos pr eços , sur gi ndo ass i m mai s um car go bur ocr át i co, ou

    se j a, o de Com ssár i o do Abast ec i ment o , podendo el e j ul gar e

    condenar os i nf r at or es .

    As duas not as de pr i mei r a pági na , c i t adas l ogo abai xo,

    most r am a pr eocupação em dar mel hor cont or no ã r eal i dade.

    Em c ont r apar t i da, a c r i aç ão des t a i ns t i t ui ç ão of er ec e

    mai s um ol ho ao cont r ol e dos que est ão no cl aust r o da movi men-

    t ação soc i al . I s t o, no sent i do de que, por t odos es t es cam -

    nhos pr ocur ados par a escapar dest a c l ausur a , ex i s t e um obser va-

    dor at ent o que, por sua vez , é mai s um nest e cor po soc i al . Al ém

    de que, f i c a di f í c i l ol har em t odas as di r eç ões quando t odas

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    i l egal i dade.

    Por f i m mui t os embat es f or am t r avados, uns poucos come-

    r am car ne, ou me l ho r , consum r am e mui t o se f al ou. 0 somque se

    ouv i u não f oi só o do The Platers,  mas de mui t a r ecl amação.

    NOTAS DE REFERÊNCIA

    1

    A CARESTI A E A AÇÃO DE LUPI ON.   O Dia,  Cur i t i ba, 18 mar .

    1947. p. 8.

    2

    0  GOVERNADOR LUPI ON E A QUESTÃO DO LEI TE.   O Dia,  Cur i -

    t i ba, 23 mar . 1947. p. 3, 6.

    3

    0 GADO LEI TEI RO. O Dia,  Cur i t i ba, 05 abr . 1947. p. 5.

    4

    NA ASSEMBLÉI A LEGI SLATI VA A QUESTÃO DA CARNE.

      O Dia,

    Cur i t i ba, 20 s et . 1947. p. l .

    5

    0 TRUST DA CARNE. O Dia,  Cur i t i ba, 20 s et . 1947. p. l .

    6

    0 TRUST DA CARNE. p. l .

    7 .

    WEFFORT, Fr anci sc o C.   Por que democracia?   3. ed. Sao

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    69-

    1 8

    A PRODUÇÃO PARANAENSE APRECI ADA PELA I MPRENSA CARI OCA.

    O Dia,  Cur i t i ba, 07 mar . 1950. p. 3.

    19

    REPRESENTAÇÃO DO PARANÃ NA EXPOSI ÇÃO DE ANI MAI S E PRO-

    DUTOS DERI VADOS DE BELO HORI ZONTE. O Dia,  Cur i t i ba, 06 j un.

    1950. p. 9.

    7

     n

    AVI SO AO POVO: NÃO HAVERÃ AUMENTO DO PREÇO DA CARNE.

    O Dia,

    1

      Cur i t i ba, 17 s et . 1950. p. l .

    21

    TRI BUNAL POPULAR, PARA PUNI R OS CRI MES CONTRA. A ECONO-

    MI A POPULAR. O

     Dia,

      Cur i t i ba, 01 nov. 1950. p. l .

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    3 MATADOURO - DA CARNE VERD E (VIVA) À CARNE CONGELADA (SEM VI-

    DA)

    1945 - 1964

    O mat adour o sempr e r epr esent ou um ent r ave na vi da dos

    env ol v i dos c om o c ons u mo, abat e, di s t r i bui ç ão ou c ont r ol e da

    car ne no Es t ado do Par aná . I s t o se f az i a sent i r , de f or ma ma i s

    s i gnf i c at i v a, na Ci dade de Cur i t i ba, que, por s er a c api t al ,

    c onc ent r av a a di s t r i bui ç ão.

    Nes t a medi da, a cu l pa da i noper ãnc i a do f o r nec i ment o er a

    co l ocada em f r i gor í f i cos e mat adour os , quando não nos mar chan-

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    71-

    Toda a di vul gação em t or no do assunt o , f oi conduz i da pe-

    l os j or nai s , por al guns pol í t i c os e pel as c om s s ões de pr eç os ,

    que por sua vez er am r epr esent ant es ef et i vos dos poder es muni -

    c i pai s , es t aduai s e f eder ai s . Por ém dur ant e gr ande par t e do

    t empo, a cul pabi l i dade da quest ão da car ne est eve post a nos ma-

    t adour os e f r i gor í f i cos . Pr i nc i pal ment e no mat adour o model o, o

    Fr i gor í f i co do At uba, que de model o não t eve nada.

    Est e dei xou de t er , na década de 50, o abat e da car ne

    ver de, sua at i v i dade mai or , t endo que se habi t uar ao r es f r i a-

    ment o e congel ament o da car ne, ou a i nda ã d i st r i bui ção da car -

    ne i mpor t ada. Af i na l , es t a car ne ent r ava e sai a do Es t ado e do

    Paí s a t odo o moment o. Tal mat adour o, por sua pouca f unci onal i -

    dade f oi abr i ndo uma sér i e de coment ár i os , em que suas ent r e l i -

    nhas , acabam por e l uc i dar seus mai or es nexos . Sendo ass i m é

    necessá r i o que se vej a ma i s de per t o a r el ação do f r i gor í f i co

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    dut o de sua l abo r i osa c r i ação. Não se j us t i -

    f i c a a al t a pr et endi da pe l os

     marchantes,

    c uj a

    ambi ção p rec i sa de ser r es t r i ngi da , es t es são

    os comp