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1 ANÁLISE DO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE ITAJUBÁ – MG, NO PERÍODO DE 1971 A 2006. Fernanda da Silva Paes – Universidade Federal de Itajubá/UNIFEI - [email protected] Luciane Francielli Ribeiro – Universidade Federal de Itajubá/UNIFEI - [email protected] Thomaz Alvisi de Oliveira – Centro universitário de Itajubá/UNIVERSITAS - [email protected] RESUMO Este trabalho teve por objetivo a análise do processo de expansão urbana no município de Itajubá, sul do estado de Minas Gerais, no período compreendido entre 1971 e 2006, mediante a interpretação de imagens de satélite, checagem em campo e atualizações em cartas topográficas, visando fornecer subsídios a trabalhos no âmbito da expansão e do planejamento urbano. A interpretação do documento cartográfico elaborado com base em folhas topográficas editadas pelo IBGE em escala 1:50.000, indicou um incremento significativo no perímetro urbano do município no período considerado, fenômeno este que pode ser atribuído, parcialmente, a intensificação na instalação de indústrias, provocando o crescimento populacional urbano e consequentemente o aumento na instalação de assentamentos. A mancha urbana municipal seguiu, inicialmente, as planícies de inundação dos principais cursos d’água do município: o rio Sapucaí, o ribeirão Anhumas, o ribeirão José Pereira e o ribeirão Piranguçu e atualmente avança em direção as encostas a eles adjacentes. Foi possível constatar em campo, que a maior parte destas áreas apresenta características desfavoráveis à ocupação urbana, dadas as condições físicas das áreas, como as altas declividades, por exemplo. Tal fator se reflete na ocorrência de processos como desgastes na pavimentação, formação de sulcos erosivos e em casos mais extremos, ocorrência de enchentes e desabamentos. Em função disto, constatou-se a necessidade de se adotar, com maior rigor, um controle mais efetivo na aprovação de novos loteamentos no município, uma vez que o mesmo carece de áreas adequadas para tal fim. Verificou-se necessário, também, investir em melhorias na infra-estrutura dos bairros existentes, assim como nos novos assentamentos a serem construídos, de forma que os mesmos permitam melhor qualidade de vida e segurança à população neles residente. Palavras-chave: Planejamento Urbano; Expansão Urbana; Ocupação do Meio Físico. ABSTRACT This work had for objective the analysis of the process of urban expansion in the municipal district of Itajubá, south of Minas Gerais state, in the period from 1971 to 2006, by the interpretation of satellite images, checking in field and updating in topographical maps, seeking to supply subsidies to works in the expansion extent and urban planning. The interpretation of the elaborated cartographic document, which is based in topographic material made by IBGE in 1:50.000 scale, indicated a significant increment in the urban perimeter of the municipal district in the considered period, phenomenon this that can be attributed, partially, the intensification in the installation of industries, provoking the urban population growth and consequently the increase in the installation of urban establishments. The municipal urban stain proceeded, initially, the plains of flood of the main courses of water of the municipal district: the river Sapucaí, the ribeirão Anhumas, the ribeirão José Pereira and the ribeirão Piranguçu and now it moves forward in direction the hillsides to them adjacent. It could be verified in field, that most of these areas presents unfavorable characteristics to urban occupation, because of the physical characteristics of the areas, as high slopes , for example. These factor is reflected in the occurance of processes as surface wear, erosion processes and in the more extreme cases, flood and collapse. Because of that, it was verified the necessity to adopt, with more severity, a more effective control in the new plots approval, since the city needs appropriate areas to this end. It was verified, also, the necessity to invest in improvements in infrastructure of the existent districts, as well as the new plots to be built, the way these plots allows a better quality of life and the security of population which live in them.

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ANÁLISE DO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE ITAJUBÁ – MG, NO PERÍODO DE 1971 A 2006.

Fernanda da Silva Paes – Universidade Federal de Itajubá/UNIFEI - [email protected] Luciane Francielli Ribeiro – Universidade Federal de Itajubá/UNIFEI - [email protected] Thomaz Alvisi de Oliveira – Centro universitário de Itajubá/UNIVERSITAS - [email protected]

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo a análise do processo de expansão urbana no município de Itajubá, sul do estado de Minas Gerais, no período compreendido entre 1971 e 2006, mediante a interpretação de imagens de satélite, checagem em campo e atualizações em cartas topográficas, visando fornecer subsídios a trabalhos no âmbito da expansão e do planejamento urbano. A interpretação do documento cartográfico elaborado com base em folhas topográficas editadas pelo IBGE em escala 1:50.000, indicou um incremento significativo no perímetro urbano do município no período considerado, fenômeno este que pode ser atribuído, parcialmente, a intensificação na instalação de indústrias, provocando o crescimento populacional urbano e consequentemente o aumento na instalação de assentamentos. A mancha urbana municipal seguiu, inicialmente, as planícies de inundação dos principais cursos d’água do município: o rio Sapucaí, o ribeirão Anhumas, o ribeirão José Pereira e o ribeirão Piranguçu e atualmente avança em direção as encostas a eles adjacentes. Foi possível constatar em campo, que a maior parte destas áreas apresenta características desfavoráveis à ocupação urbana, dadas as condições físicas das áreas, como as altas declividades, por exemplo. Tal fator se reflete na ocorrência de processos como desgastes na pavimentação, formação de sulcos erosivos e em casos mais extremos, ocorrência de enchentes e desabamentos. Em função disto, constatou-se a necessidade de se adotar, com maior rigor, um controle mais efetivo na aprovação de novos loteamentos no município, uma vez que o mesmo carece de áreas adequadas para tal fim. Verificou-se necessário, também, investir em melhorias na infra-estrutura dos bairros existentes, assim como nos novos assentamentos a serem construídos, de forma que os mesmos permitam melhor qualidade de vida e segurança à população neles residente.

Palavras-chave: Planejamento Urbano; Expansão Urbana; Ocupação do Meio Físico.

ABSTRACT This work had for objective the analysis of the process of urban expansion in the municipal district of Itajubá, south of Minas Gerais state, in the period from 1971 to 2006, by the interpretation of satellite images, checking in field and updating in topographical maps, seeking to supply subsidies to works in the expansion extent and urban planning. The interpretation of the elaborated cartographic document, which is based in topographic material made by IBGE in 1:50.000 scale, indicated a significant increment in the urban perimeter of the municipal district in the considered period, phenomenon this that can be attributed, partially, the intensification in the installation of industries, provoking the urban population growth and consequently the increase in the installation of urban establishments. The municipal urban stain proceeded, initially, the plains of flood of the main courses of water of the municipal district: the river Sapucaí, the ribeirão Anhumas, the ribeirão José Pereira and the ribeirão Piranguçu and now it moves forward in direction the hillsides to them adjacent. It could be verified in field, that most of these areas presents unfavorable characteristics to urban occupation, because of the physical characteristics of the areas, as high slopes , for example. These factor is reflected in the occurance of processes as surface wear, erosion processes and in the more extreme cases, flood and collapse. Because of that, it was verified the necessity to adopt, with more severity, a more effective control in the new plots approval, since the city needs appropriate areas to this end. It was verified, also, the necessity to invest in improvements in infrastructure of the existent districts, as well as the new plots to be built, the way these plots allows a better quality of life and the security of population which live in them.

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1 Introdução

O processo de crescimento urbano irregular, característico na maioria dos municípios brasileiros,

tem culminado na ocorrência de eventos catastróficos, tais como enchentes e desabamentos, afetando a

sociedade e o meio ambiente. Associado a isto, a construção de equipamentos urbanos inadequados

tem contribuído para agravar ainda mais este quadro.

Os reflexos da falta de planejamento se dão de diversas formas, seja através de novos

loteamentos e construções em áreas de preservação ambiental, ocupação em áreas de encostas com

altas declividades ou em áreas de inundação, dentre outros. A falta de avaliação e controle no que diz

respeito a suas implicações ambientais tem sido responsável por alterações diversas nas características

do meio urbano, ocasionando prejuízos à sociedade.

Dessa forma, o processo de ocupação urbana em um determinado espaço deve levar em

consideração diversos fatores, de cunho físico e social. Os fatores fisicos regem o comportamento e a

resposta do componente ambiental frente à ocupação urbana. Já os fatores sociais, se referem,

principalmente, à relação entre o crescimento populacional e a disponibilidade de espaços adequados

para sua instalação, assim como a relação entre nível social e padrão de assentamentos construídos

(BASTOS et all, 2003; GUERRA & CUNHA, 2005).

O município de Itajubá, localizado na porção sul do estado de Minas Gerais, apresenta

características de um crescimento urbano visivelmente desordenado. Este fato se deve a falta de

planejamento adequado e as próprias condições geomorfológicas na qual o mesmo está inserido.

Assim, torna-se de extrema importância a realização de estudos que levem em consideração o

processo de expansão urbana no município e a geração de material que sirva de base ao planejamento e

gestão de seu território.

Neste sentido, este trabalho teve por objetivo a análise do processo de expansão urbana no

município de Itajubá – MG, no período de 1971 a 2006, mediante a interpretação de cartas

topográficas e imagens de satélite, aliados a checagem em campo e levantamento de dados

secundários, no que tange ao crescimento populacional urbano e à instalação industrial, visando a

compreensão do processo de crescimento urbano do município e o fornecimento de subsídios a

trabalhos posteriores no âmbito da temática aqui abordada.

1.1 A área de estudo

O município de Itajubá localiza-se na porção sul do estado de Minas Gerais (Figura 1) e abrange

uma área total de 291,2 Km2 (IBGE, 2006).

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Figura 1 - Mapa de localização do município de Itajubá, no contexto do estado de Minas Gerais.

Constitui-se num dos municípios mais populosos do Sul do estado, com cerca de 89.795

habitantes, sendo que 82.136 habitantes residem na zona urbana e 7.629 habitantes residem na zona

rural do município, com uma densidade demográfica de 308,3 habitantes/Km2, segundo estimativas

para o ano de 2005. (IBGE, 2006).

O município, de acordo com os dados de ANDRADE & VIEIRA (2003), assim como outros

centros urbanos do Sul de Minas, apresentou um expressivo crescimento populacional a partir da

década de 70, sendo este mais significativo na área urbana, onde superou o ritmo de crescimento

populacional total.

A área do município está inserida sob o domínio dos Mares de Morros Florestados, assentados

sobre a Província Estrutural da Mantiqueira, faixa de dobramentos e coberturas de origem

metassedimentar associadas, inseridas num conjunto topográfico alçado ao longo do Vale do Paraíba,

onde o relevo, de dissecação diferencial, sofre forte influência da tectônica, fator este que determina a

ocorrência de falhamentos refletidos em vales longos e retilinizados e cristas, alinhados na direção NE-

SO. Trata-se de uma área de mamelonização extensiva, presente em variados níveis topográficos. A

presença de vertentes predominantemente policonvexas com perfis aparentando forte decomposição de

rochas cristalinas e a instalação de processos de convexização em níveis intermontanos, é realidade já

descrita por AB’SABER (2003). É nesse ambiente geológico/geomorfológico, que KAEFER (1979)

destaca a presença de rochas granulíticas, orientadas em paralelo aos planos originados a partir de

intenso movimento tectônico.

O clima, de acordo com KAEFER (1979), é definido como tropical de altitude, com índice

pluviométrico que varia entre 1.300 mm e 1.700 mm e média anual de temperatura inferior a 22oC. A

estação seca estende-se de maio a setembro e a estação chuvosa de setembro a março. Apresenta

temperatura média anual inferior a 22°C. Nesse contexto, de acordo com o IBGE (1997) cresce a

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Floresta Tropical Semicaducifolia, caracterizada por estar condicionada a uma dupla estacionalidade

climática, uma tropical com época de intensas chuvas de verão, com temperaturas médias em torno de

22°C, seguida por estiagem acentuada, e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica

provocada pelo intenso frio do inverno com temperaturas médias em torno de 15°C.

A malha urbana municipal se desenvolveu ao longo dos principais cursos d’água, como o rio

Sapucaí e seus afluentes, ribeirão de José Pereira (em sua margem esquerda), ribeirão das Anhumas e

ribeirão Piranguçu (em sua margem direita). Todos os cursos d’água citados possuem morfologia

meândrica no baixo curso, com padrão de drenagem dendrítico para as áreas dos alto cursos e

afluentes.

2 Materiais e Métodos

2.1 Materiais

Para a realização do presente estudo fez-se a utilização das folhas topográficas de Itajubá -

SF.23-Y-B-III-3 e de Santa Rita do Sapucaí - SF.23-Y-B-II-4, ambas editadas pelo IBGE (1971) em

escala 1/50.000 tendo em vista o delineamento da área municipal e urbana, imagens do satélite Landsat

5, para o ajuste da área de incremento urbano no período considerado, GPS12 da Garmim e máquina

fotográfica Kodak Easy Share Z740, para o ajuste das informações adquiridas em campo, o software

AutoCAD 2002 para digitalização da respectiva mancha urbana e sua evolução no período considerado

e o software CorelDraw 12, para a arte final das figuras.

2.2 Métodos

O primeiro passo para a realização do trabalho foi a definição dos objetivos a serem alcançados

seguido da revisão bibliográfica a respeito do assunto e levantamento dos materiais que foram

utilizados ao longo do estudo.

Em sequência foi cartografado um esboço da mancha urbana do município tendo como base as

folhas topográficas editadas pelo IBGE em 1971, na escala 1:50.000 e as imagens de satélite Landsat

TM 5, órbita ponto 219/76, referentes ao dia 03/05/2001. Tal trabalho foi importante para subsidiar o

mapeamento da expansão urbana no período considerado. Para checagem dos dados obtidos em

laboratório foram efetuadas etapas de campo, que serviram também para balizar o mapeamento e

subsidiar dados referentes ao atual processo de expansão urbana.

A coleta de dados secundários foi trabalho desenvolvido mais à frente e vislumbrou a aquisição

de informações que dessem crédito à realidade mostrada nas inferências efetuadas de acordo com as

informações mostradas no mapeamento.

A última etapa, e também a mais importante, foi a integração dos dados secundários com aqueles

adquiridos em campo e o mapeamento efetuado em laboratório. A Figura 2 sintetiza a metodologia

utilizada, bem como o ordenamento dos trabalhos.

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Figura 2 – Fluxograma dos procedimentos adotados.

2.2.1 Mapeamento da expansão urbana

O mapeamento da expansão urbana de Itajubá no período abordado deu-se em etapas.

A primeira etapa do mapeamento consistiu na elaboração do mapa de expansão urbana do

município de Itajubá – MG, mostrado na Figura 3, tendo como base um mosaico composto pelas

folhas topográficas de Itajubá e de Santa Rita do Sapucaí, editadas pelo IBGE (1971), em escala

1:50.000 já que a área encontra-se no limite entre as duas cartas.

Devido à falta de material mais adequado, como fotografias aéreas ou imagens de satélite, a

mancha urbana do município foi cartografada, então, a partir das informações contidas nas referidas

cartas topográficas do IBGE. O produto obtido é apresentado na Figura 4.

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Figura 3 - Mosaico com as folhas topográficas de Santa Rita do Sapucaí e de Itajubá editadas pelo IBGE (1971) e respectiva área abordada pelo estudo.

Figura 4 - Mancha urbana do município de Itajubá no ano de 1971.

Utilizou-se as imagens do satélite Landsat 5, disponibilizadas por Miranda & Coutinho (2004),

na composição RGB 342, órbita ponto 219/76, referentes ao dia 03 de maio de 2001 em escala

compatível à escala das folhas topográficas utilizadas anteriormente para nortear a delimitação da

mancha urbana em 2001, como mostra a Figura 5.

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Figura 5 - Mosaico com composições RGB 342 do satélite Landsat 5 em escala 1/50000, disponibilizada pela Embrapa EMBRAPA (2006) e destaque da respectiva área de estudo. O mapa gerado é representado pela Figura 6.

Figura 6 - Mancha urbana do município de Itajubá no ano de 2001.

Para gerar o mapa da mancha urbana do município de Itajubá para o ano de 2006, foram

necessárias etapas de campo para aquisição de informações e calibragem com os dados fornecidos

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pelas imagens do Google Earth, que possibilitaram estimar o incremento de área urbana no município

referente a este período, tal como mostrado a Figura 7.

Figura 7 - Mancha urbana do município de Itajubá no ano de 2006.

2.2.2 Análise de campo

A análise de campo teve por objetivo checar a verdade terrestre das informações fornecidas e

plotadas nos mapas elaborados, assim como identificar áreas de risco quanto à ocupação urbana.

Constatou-se que de 2001 a 2006 houve o surgimento de novos loteamentos, caracterizando 5

Eixos principais de expansão urbana no município, nomeados neste trabalho como Eixos 1, 2, 3, 4 e 5.

Verificou-se que os Eixos considerados apresentam características distintas no que se refere ao

padrão de assentamentos e infra-estrutura dos equipamentos urbanos.

O Eixo 1, localizado na porção noroeste da Zona urbana municipal, engloba loteamentos que

margeiam o rio Sapucaí em direção ao município de Piranguinho, ocupando também as encostas a ele

adjacentes.

Neste trecho destacam-se os bairros Novo Horizonte e Jardim das Colinas. Estes bairros

apresentam edificações, em sua maioria, de baixa renda e têm se estendido através da construção de

novos loteamentos, muitos em áreas não propensas a tal uso devido à instabilidade do expesso manto

de alteração, tal como mostra a Figura 8.

É importante destacar, ainda, a proximidade deste Eixo com relação ao Município de

Piranguinho, indicando uma possível conurbação futura.

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Figura 8 - Edificação em área de risco no bairro Novo Horizonte Fonte - Paulo Totta (2006)

O Eixo 2, localizado na porção nordeste da Zona urbana, engloba os loteamentos Pinheirinho,

Costa I, Costa II, Mário Anselmo, e um trecho do bairro Estiva.

Os loteamentos Pinheirinho e Costa II, caracterizam-se por apresentar loteamentos de alta renda.

Já no bairro Estiva, está sendo efetuada a construção da nova sede da Prefeitura Municipal de

Itajubá, como mostra a Figura 9 e que provavelmente impulsionará um processo de expansão urbana

para áreas de encosta adjacentes.

Figura 9 - Novos loteamentos na porção nordeste do município. Bairro Estiva (A) e área destinada à construção da

sede da Prefeitura Municipal de Itajubá.

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O Eixo 3, localizado na porção sudoeste da Zona urbana, engloba os bairros Rebourgeon e

Moquém. Verificou-se que os assentamentos característicos deste Eixo são de média a baixa renda.

Em um trecho do bairro Rebourgeon, verificou-se a presença de processos erosivos relacionados

a precária infra-estrutura dos equipamentos urbanos aí instalados (Figura 10). O bairro Rebourgeon

está instalado em encostas íngremes, fator este que potencializa a ocorrência de processos erosivos.

Figura 10 - Pavimentação em condições precárias no bairro Reborgeon devido à instalação de processos erosivos

oriundos do escoamento superficial potencializado pela pavimentação.

O Eixo 4 localiza-se próximo ao bairro Medicina, na porção sudeste da Zona Urbana do

município. Neste trecho têm sido instalados loteamentos que englobam as áreas de encosta menos

íngremes. Caracteriza-se pela instalação de assentamentos de média a alta renda, construídos em

curvas de nível e cuja infra-estrutura apresenta-se, aparentemente, adequada (Figura 11).

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Figura 11 - Loteamento Eldorado

O Eixo 5 engloba a porção sudeste do município, onde destaca-se o Bairro da Varginha. Neste

trecho o processo de expansão tem ocorrido tanto pelo loteamento de novas áreas, quanto pelo maior

adensamento nas áreas já ocupadas, onde verifica-se intenso processo de verticalização, como

apresentado na Figura 12.

Figura 12 - Verticalização em área íngreme no bairro da Varginha.

Destacam-se ainda, neste trecho, os bairros Rodovia e Santa Rosa, os quais sofreram uma

expansão significativa no período considerado.

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2.2.3 Coleta de dados secundários

A coleta de dados secundários teve por objetivo identificar os possíveis fatores que influenciaram

a expansão urbana em Itajubá no período considerado, sendo para isto analisada a evolução

populacional urbana, a ocupação da população por setores econômicos e o processo de instalação de

indústrias no município.

A Figura 13 indica a evolução populacional urbana no município de Itajubá, no período de 1970

a 2005 e a Figura 14,a parcela da população ocupada, no município, por setores econômicos.

Figura 13 - Gráfico da evolução populacional urbana no município de Itajubá – MG, no período de 1970 a 2005

Figura 14 - Gráfico da população ocupada por setores econômicos – 2000.

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De acordo com a Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio de Itajubá

(2006), no período entre 1970 e 2006 houve uma intensificação na instalação de indústrias no

município, sendo que, quase todas as indústrias, hoje existentes no município, foram instaladas neste

período.

3 Resultados e Discussões

A análise dos mapas de expansão urbana elaborados, assim como as observações efetuadas em

campo, permitiram tecer algumas considerações a respeito do crescimento urbano no município de

Itajubá durante o período considerado, principalmente no que diz respeito a esse crescimento.

Figura 15 - Eixos de expansão urbana do município de Itajubá – MG

Observou-se que até o ano de 1971, a mancha urbana de Itajubá concentrava-se nas porções

planas do município. Neste período houve ampla ocupação de áreas de inundação do rio Sapucaí e de

seus afluentes, em especial do Ribeirão das Anhumas e do Ribeirão de José Pereira. Nos períodos de

maiores pluviosidades, essas áreas são frequentemente inundadas prejudicando a população aí

residente.

Já no período de 1971 a 2004, a mancha urbana começa a se expandir de forma radial, iniciando

uma ampla ocupação das áreas de encosta. Destacam-se neste período a expansão do município em

sentido NW/SE, onde segue a planície do rio Sapucaí, e a expansão das porções NE/SW em direção às

encostas, onde pode-se observar a ocupação em áreas adjacentes ao Ribeirão de José Pereira, ao

Ribeirão das Anhumas e ao Ribeirão Piranguçu, respectivamente. Nessas áreas é bastante comum a

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instalação de processos erosivos, devido às características topográficas/geológicas/geomorfológicas do

terreno e potencializados pela intensa pavimentação e baixa infra-estrutura dos equipamentos urbanos.

De 2004 a 2006, os incrementos de área urbana municipal seguiram basicamente a mesma

direção, permitindo, assim a identificação dos cinco eixos atuais de expansão urbana, apresentados

anteriormente.

Através da coleta de dados secundários, foi possível constatar que a instalação de indústrias no

município exerceu forte influência no crescimento populacional do município, pois influenciou a

instalação de novos assentamentos urbanos e, consequentemente, a expansão significativa da malha

urbana neste período.

Constatou-se que ao longo do período de 1970 a 2005, a população urbana cresceu

aproximadamente 92%, fato este, provavelmente relacionado à atração exercida pelas indústrias, à

crise agropecuária e ao desenvolvimento dos serviços de educação e saúde.

Analisando-se os dados relativos a população ocupada por setores econômico no município, foi

possível identificar que, em 2000 o setor industrial e “outros serviços”, geraram cerca de 14.445

empregos, o equivalente a 47% do total de empregos gerados no município.

4 Conclusões

As análises efetuadas permitiram constatar que o município de Itajubá apresenta características

geomorfológicas bastante desfavoráveis a instalação de assentamentos urbanos. Seu território

encontra-se quase totalmente inserido em áreas de inundação do rio Sapucaí e de seus afluentes e em

áreas de encostas íngremes, fator este que tem determinado a ocorrência de riscos a população,

traduzidos em enchentes e desabamentos.

O perímetro urbano municipal obteve um incremento significativo no período de 1971 a 2006,

fenômeno este que pode ser atribuído, parcialmente, a intensificação na instalação de indústrias no

município, provocando o crescimento populacional urbano e consequentemente o aumento na

instalação de assentamentos urbanos.

Em função disto, é indispensável que haja um maior controle quanto a aprovação de novos

loteamentos no município, pois este carece de áreas adequadas para tal fim. Também é necessário que

se invista em melhorias na infra-estrutura dos bairros existentes, assim como dos novos assentamentos

a serem construídos, de forma que estes permitam uma maior segurança a população neles residente.

Neste sentido, podem ser efetuadas algumas ações emergenciais tais como contenção de

encostas, arborização e utilização de bloquetes, ao invés de asfaltamento, nos novos arruamentos.

Também é importante que se conserve áreas verdes em pontos distribuídos ao longo dos bairros. Essas

ações permitem uma melhor infiltração da água nos períodos chuvosos, reduzindo a intensidade dos

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alagamentos e a ocorrência de processos erosivos ocasionados pela saturação do solo e escoamento

superficial de águas.

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