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FERNANDA MAGGI BEATRIZ R. R. N. MARQUES INTOLERÂNCIA AO FRIO: UMA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE Monografia Apresentada á Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica em Doença Neuromusculares. São Paulo 2005

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Page 1: FERNANDA MAGGI BEATRIZ R. R. N. MARQUES … · Quanto à análise dos resultados da comparação entre os grupos, não houve diferença significativa entre as mesmas . Conclusão

FERNANDA MAGGI

BEATRIZ R. R. N. MARQUES

INTOLERÂNCIA AO FRIO: UMA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA

SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE

Monografia Apresentada á Universidade Federal de Sã o

Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título

de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica e m Doença

Neuromuscular es.

São Paulo

2005

Page 2: FERNANDA MAGGI BEATRIZ R. R. N. MARQUES … · Quanto à análise dos resultados da comparação entre os grupos, não houve diferença significativa entre as mesmas . Conclusão

FERNANDA MAGGI

BEATRIZ R. R. N. MARQUES

INTOLERÂNCIA AO FRIO: UMA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA

SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE

Monografia Apresentada á Universidade Federal de Sã o

Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título

de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica e m Doença

Neuromuscular es.

Orientador: Ms. Abrahão Augusto Juviano Quadros.

São Paulo

2005

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Maggi, Fernanda e Marques, Beatriz R.R.N. Intolerância ao frio: uma manifestação clínica da síndrome pós-

poliomielite (SPP)./ Beatriz R.R.N. Marques e Fernanda Maggi – São Paulo, 2005. V, 38fls. Monografia(especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de

Medicina. Programa de Pós-graduação em Intervenções Fisioterapêutica em Doenças Neuromusculares.

Cold Intolerance: A clinical manifestation of post-poliomyelitis syndrome (SPP) 1. síndrome pós-pólio 2. regulação da temperatura 3. frio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DISCIPLINA DE NEUROLOGIA

SETOR DE DOENÇAS NEUROMUSCULARES

Chefe do Departamento: Profa. Dra. Débora Amado Scerni

Coordenadores do Curso de Especialização: Prof. Dr. Acary Souza Bulle de

Oliveira, Ms. Francis Meire Fávero Ortensi, Dra Sissy Veloso Fontes.

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FERNANDA MAGGI

BEATRIZ R. R. N. MARQUES

INTOLERÂNCIA AO FRIO: UMA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA

SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE

Presidente da Banca: Dra. Sissy Veloso Fontes

Banca Examinadora: Prof. Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira

Ms. Francis Meire Fávero Ortensi

Aprovado em ____/____/_____

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Dedicatória

À equipe profissional do ambulatório de síndrome pós-pólio da Universidade

Federal de São Paulo/UNIFESP que nos apoiou em todos os momentos e, sem menor

valor, aos queridos pacientes que, muito gentis e colaboradores, foram os principais

responsáveis pela realização desse estudo.

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Agradecimentos

Agradecemos a DEUS que nos dá a vida para oferecermos uma possibilidade de

ajuda àqueles que nos procuram, e a todos que, de alguma forma, contribuíram para a

concretização deste trabalho, em especial:

Ao nosso querido orientador, pela dedicação, ensinamentos e descobertas que

nos

proporcionou, fazendo-nos crescer e confiar em nosso trabalho.

Ao Prof. Dr. Acary de Souza Bulle de Oliveira, pela paciência, humanidade,

auxílios e

esclarecimentos.

À coordenadora do curso Francis Meire Fávêro Ortensi, pelo companheirismo e

amizade.

Aos nossos amigos fisioterapeutas Tatiana Mesquita e Roberto Dias, pela

dedicação e orientação.

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INTOLERÂNCIA AO FRIO: UMA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA S ÍNDROME PÓS-

POLIOMIELITE.

Resumo . A síndrome pós-poliomielite (SPP) é uma desordem neurológica que ocorre

na fase tardia da poliomielite em até 70% dos indivíduos acometidos pela poliomielite

anterior aguda. O poliovírus ataca principalmente os neurônios motores do como

anterior da medula, mas também os neurônios do sistema nervoso simpático dentro da

coluna intermédio-lateral da medula espinal. Uma das manifestações clínicas da SPP

é a intolerância ao frio (IF), qUe interfere diretamente na funcionalidade. Na literatura,

os trabalhos sobre tal tema são escassos. O objetivo desse estudo foi analisar a

presença de IF em pólio sobreviventes, com suas principais manifestações clínicas

associadas e verificar se a IF é um fator de risco para o desenvolvimento de SPP.

Método. O estudo, transversal randomizado, foi realizado no ambulatório do Setor de

Doenças Neuromusculares da UNIFESP/EPM. Foram avaliados (segundo o critério de

Mulder) 30 indivíduos com história pregressa de poliomielite paralítica, sendo 15 com

diagnóstico de seqüela de pólio e 15 com SPP. Todos responderam questionário semi-

estruturado via telefone. A análise dos resultados foi realizada através do programa

PRISMA 3.0, com o uso dos testes Mann-Whitney (z), Qui-Quadrado (x²) ou Teste

Exato de Fisher (p). Considerou-se 5% o limite de nível de significância. Resultados .

Quanto à análise dos resultados da comparação entre os grupos, não houve diferença

significativa entre as mesmas. Conclusão . A intolerância ao frio é um sintoma comum

presente nos indivíduos com história previa de poliomielite com ou sem diagnóstico de

SPP. A IF parece não ser um fator de risco para a SPP.

Palavras-chave : Síndrome pós-pólio, regulação temperatura corporal, frio.

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Sumário Dedicatória...................................................................................................................I.

Agradecimentos..........................................................................................................II

Resumo......................................................................................................................III

1. Introdução .......................................................................................................... 1

1.1. Poliomielite Anterior Aguda................................................................................ 1.

1.2. Síndrome Pós-Poliomielite ............... .................................................................. 1

1.2.1. Epidemiologia e Fisiopatologia..........................................................................2

1.3. Intolerância ao Frio............................................................................................... 3

1.3.1. Fisiologia da IF ....................................................................................... 4

1.3.1.1. Origem Central ..................................................................................... 4

1.3.1.2. Origem Periférica................................................................................. 5

2. Objetivo..................................................................................................................... 6

3.Método...................................................................................................................... 7 4.Resultados................................................................................................................... 8 I 5. Discussão..................................................................................................................12

6.Intervenções no processo de reabilitação..................................................................16

7 Conclusão................................................................................................................. 17

8. Referências Bibliográficas........................................................................................ 18

Abstract

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Lista de Figuras

Figura 1 .......................................................................................................... 2

Figura 2.......................................................................................................... 2

Figura 3............................................................................................................ 2

Figura 4 .......................................................................................................... 3

Figura 5 .......................................................................................................... 3

Figura 6 .......................................................................................................... 9

Figura 7 .......................................................................................................... 10

Figura 8 .......................................................................................................... 10

Lista de Tabelas

Tabela I .......................................................................................................... 8

Tabela II .......................................................................................................... 8

Tabela III .......................................................................................................... 9

Tabela IV .......................................................................................................... 13

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1. Introdução 1.1 Poliomielite anterior aguda

Doença viral que se apresenta tipicamente, sob a forma bifásica, com cefaléia,

febre e sintomas gastrintestinais, seguidos dias mais tarde de comprometimento dos

neurônios motores da medula espinhal, ocasionando paralisia, geralmente

predominante nos membros inferiores. Pode haver também comprometimento da

musculatura do tórax e da inervação bulbar. A progressão da paralisia cessa em

poucos dias, havendo um período de estabilidade e recuperação nos meses

subseqüentes dos músculos paralisados que se recuperam por reinervação ou por

recuperação dos motoneurônios pouco lesados. 1

A transmissão autóctone de vírus selvagem no Brasil consta de um período de

78 anos de acordo com os registros. 2 Em março de 1989 foi notificado o último

isolamento do poliovírus no país; em 1994, o Brasil recebeu a Certificação da

Erradicação da Poliomielite.

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1.2 Síndrome Pós-Poliomielite

O termo síndrome pós-poliomielite (SPP) tem sido reservado para situações

onde há o aparecimento de novos sinais e sintomas em sobreviventes da poliomielite.

Para caracterizar clinicamente a SPP é necessário atender aos seguintes critérios:

história de poliomielite anterior, confirmada por análise de prontuário médico ou

ocorrência de surto epidêmico em uma determinada comunidade; recuperação parcial

da função motora e estabilidade motora ou recuperação por pelo menos 15 anos;

atrofia muscular residual, fraqueza e arreflexia em pelo menos um membro, mas com

preservação da sensibilidade e da função esfincteriana; desenvolvimento de novos

sintomas neuromusculares;. é um diagnóstico de exclusão e os sintomas devem estar

presentes por pelo menos um ano. 1

Estima-se que até 70% dos pacientes sobreviventes de poliomielite desenvolverão

SPP cerca de 30 anos após a instalação da doença aguda. Os novos sinais aparecem

preferencialmente nos membros mais fracos e nos pacientes com maior fraqueza

residual, há uma piora funcional progressiva e a velocidade de piora é variável. A

síndrome abrange complicações como intolerância ao frio, fadiga, fraqueza muscular,

dor muscular, dor articular, atrofia muscular, fasciculação, disfagia, problemas

respiratórios, depressão, ansiedade, cefaléia e ainda desordens do sono. 1,4

1.2.1 Epidemiologia e Fisiopatologia

Segundo estudos internacionais, o percentual de pacientes com a SPP varia, de

acordo com os critérios para a população estudada, de 45 a 77%. 5 Nos estudos

brasileiros, de 68% a 75% dos pacientes sobreviventes à poliomielite apresentam

manifestações compatíveis com a síndrome. 6

A SPP pode estar relacionada ao "supertreinamento" (overtraining) e/ou

"superuso" (overuse) e à disfunção dos motoneurômos sobreviventes que causam

uma desintegração dos tenninais axonais. 6

O vírus da pólio, ao entrar em contato com o organismo humano sadio (Figura

1), pode danificar motoneurôllÍos do como anterior da medula espinal. Na fase aguda

da poliomielite ocorre infecção do corno anterior da medula espinal pejo virus da pólio

e conseqüente morte de alguns neurômos (Figura 2 e Figura 3). Passada essa fase,

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as células nervosas sobreviventes iniciam um processo de recuperação por meio de

mecanismos de brotamento nas extremidades axonais para a reinervação das fibras

musculares desnervadas (Figura 4). Essas unidades motoras gigantes podem somr

alterações eIetrofisioIógias, como redução da velocidade de condução nervosa e

degeneração precoce, quando expostas a fatores de estresse, podendo dar origem a

novas degenerações das ramificações do axômo tenninal e reinício da desnervação

das fibras musculares tanto da unidade motora inicialmente intacta quanto da porção

reinervada na fase de recuperação(Figura 5). 1,7,8

1.3 Intolerância ao Frio

A Intolerância ao Frio (IF), também conhecida como sensibilidade ao frio ou

hipersensibilidade ao frio, é descrita na literatura como uma sensibilidade anormal ao

ambiente frio ou as baixas temperaturas ou, ainda como um frio congelante que

rapidamente progride para dor e desconforto da região exposta. 9 Essa sensação

desconfortável é particularmente relatada nas mãos e pés e o resfriamento pode

também gerar queimação, formigamento, rigidez e mudanças na coloração da pele. 10

A IF é um grande problema para muitos dos sobreviventes da poliomielite uma vez

que apresentam resposta exagerada ao ambiente frio ou mesmo dentro de ambientes

aquecidos. 7 À medida que os esses indivíduos envelhecem, seus membros tornam-

se, ainda, mais sensíveis à queda de temperatura piorando o problema, o que faz a IF

ser considerada como parte da SPP. 7,10

O sistema nervoso central e o periférico são muito importantes na termorregulação e

as disfuções neurológicas podem produzir transtornos na mesma. O calor é perdido do

corpo para o meio ambiente por evaporação e formas não evaporativas (condução,

convecção e radiação). A evaporação é a forma mais freqüente e as demais ocorrem

em situações em que a temperatura do meio externo está mais baixa do que a

corpórea. Neste caso, o que regula a temperatura corpórea é a ação vasomotora

aumentando o fluxo sangüíneo da pele para promover a perda de calor ou diminuindo

este fluxo para conservação do calor. Estes efeitos vasomotores são controlados pelo

hipotálamo e por reflexos locais. Lesões no hipotálamo e interrupção das vias efetoras

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da termorregulação, como lesões da medula espinal e neuropatias autonômicas, são

causas neurológicas da termorregulação anormal. 11

1.3.1 Fisiologia da IF

1.3 .1.1 Origem Central

Nos sobreviventes da poliomielite, a presença da IF se deve ao acometimento

do cérebro e da medula espinal pelo poliovírus na fase aguda da poliomielite, regiões

responsáveis pelas reações orgânicas às mudanças climáticas. 12, 10 Em 1949, Bodian

relatou que o poliovírus, na primeira afecção, afetava o termostato do organismo, área

cerebral que origina a contração vascular; o hipotálamo, área que controla o ambiente

interno do organismo, e os nervos do Sistema Nervoso Simpático na medula espinal. 7

Os estudos da década de 1940 mostraram que o poliovírus não era responsável

apenas pelo dano ou morte dos neurônios motores do como anterior da medula,

responsáveis pela motricidade dos membros, mas também pelo ataque e morte dos

neurônios do Sistema Nervoso Simpático dentro da coluna intermédio-lateral da

medula espinal e de outras regiões como tronco cerebral, hipotálamo e córtex motor. 13

O ataque do poliovírus no Sistema Nervoso Autônomo causa o mau funcionamento

dos nervos simpáticos.14 Estes neurônios simpáticos agem na contração dos músculos

existentes nas paredes dos vasos sanguíneos e, deste modo, controlam o fluxo

sanguíneo dentro das veias e artérias. 13

A incapacidade da contração dos vasos da pele e a perda de calor para o meio

ambiente tomam os sobreviventes da pólio incapazes de manter o sangue aquecido

através da superfície da pele quando há queda de temperatura. Isso diminui o calor do

sangue próximo à superfície da pele e os membros se tomam frios. O resfriamento da

pele resfria os nervos motores e os músculos, levando à lentidão da condução nervosa

e tomando a contração muscular menos eficiente. O frio também resfria os tendões e

ligamentos, tornando-os rígidos e dificultando ainda mais os movimentos. 12,15

A morte dos neurônios simpáticos provoca a incapacidade da contração das

veias periféricas e, conseqüentemente, leva à dilatação desses vasos com grande

quantidade de sangue não oxigenado, provocando a coloração azul-arroxeada da

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região. 15

1.3 .1.2 Origem Periférica

A atrofia muscular também dificulta a manutenção do aquecimento dos

membros nos sobreviventes da pólio, pois a contração muscular ineficiente impede o

adequado aporte do fluxo sangüíneo para as extremidades. 10

A fadiga encontrada nos sobreviventes da pólio tem, entre outras causas, a

fraqueza muscular e a perda de calor, pois esses indivíduos necessitam de maior

gasto energético para manutenção da temperatura corpórea diminuindo a energia

destinada ao movimento muscular. 15

Sunnerhagen e Grimby (2001) 4 estudaram os efeitos musculares na pólio tardia

e verificaram que uma possível explicação para a alteração da contração muscular nos

sobreviventes da pólio seja uma imperfeição do retículo sarcoplasmático, que altera os

mecanismos de liberação do cálcio, ou do deslizamento dos filamentos contráteis do

músculo esquelético.

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2. Objetivo

o objetivo deste estudo foi analisar a presença de IF em pólio sobreviventes,

com suas principais manifestações clínicas associadas e verificar se a IF é um fator de

risco para o desenvolvimento de SPP.

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3. Método

Foi realizado um estudo transversal randomizado em uma amostra de pacientes

ambulatoriais cadastrados no Ambulatório de SPP - setor de Doenças

Neuromusculares, departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade

Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). O trabalho foi

realizado no Programa de Pós-Graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas

Doenças Neuromusculares da UNlFESP-EPM, no período de janeiro a novembro de

2005.

O estudo compreendeu 30 indivíduos, separados em dois grupos: grupo SPP,

formado por 15 indivíduos com diagnóstico de Síndrome pós-poliomielite, de acordo

com o critério de Mulder, e o grupo SP, formado por 15 indivíduos com diagnóstico de

seqüela de poliomielite.

Foram excluídos da pesquisa indivíduos com distúrbios circulatórios,

hemodinâmicos e/ou endócrinos associados, conforme exames clínicos, e indivíduos

maiores de sessenta anos de idade. Todos os pacientes assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido, permitindo a utilizaç_o dos dados colhidos para fins

científicos.

A randomização da amostra foi realizada nos prontuários médicos dos

indivíduos do ambulatório de SPP de acordo com o diagnóstico clínico (SPP e SP). O

sorteio aleatório foi realizado por terceiro. A partir dos dados dos prontuários, foram

obtidas e analisadas as variáveis demo gráficas como idade, sexo, tempo de doença e

identificada a distribuição da IF na amostra. Os pacientes com presença de IF foram

contatados por telefone e submetidos à aplicação de um questionário estruturado

pelos pesquisadores, para caracterizar as manifestações da IF quanto às variações

clínicas e topográficas, obtendo-se assim as variáveis específicas. Os dados obtidos

foram submetidos à analise estatística:

A análise dos resultados foi realizada através do programa PRISMA 3.0, com o

uso dos testes Mann-Whitney (z) para comparar os dois grupos em relação à idade e

ao tempo de doença; Qui-Quadrado (x2) ou Teste Exato de Fisher (P) para estudar

possíveis associações entre os grupos, sexo, intolerância ao frio e outras variáveis.

Fixou-se em 0,05 ou 5% o nível de rejeição da hipótese de nulidade.

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4. Resultados

Os resultados obtidos no estudo são demonstrados nas Tabelas a seguir.

A Tabela I mostra os dados descritivos dos pacientes dos dois grupos, em relação às

variáveis idade, tempo de doença, sexo e manifestação de intolerância ao frio. Não foi

observada diferença significativa entre os dois grupos em nenhuma das variáveis.

Tabela I. Pacientes com síndrome pós-poliomielite (SPP) (n=15) e seqüela de pólio (SP) (n=15) segundo idade, tempo de doença e sexo.

SPP SP Resultado do teste

Idade X 44,8 47,1 z = 1,44 / ns

Mi 46 48

Tempo de doença

X 42,7 45,1 z = 1,48 / ns

Mi 44 47

Sexo F 10 11 p = 0,5 / ns

M 5 4

ns = não significante estatisticamente

Em relação à Tabela I, o grupo SPP teve variação de idade e de tempo de

doença, respectivamente, de 33 a 59 anos e de 31 a 52 anos. No grupo SP, essa

variação foi de 26 a 59 anos para a idade e de 24 a 57 anos para o tempo de doença.

O sexo feminino (SPP=67% e SP=73%) predominou sobre o masculino em ambos os

grupos (SPP=33% e SP=27%).

A Tabela II mostra a distribuição da IF nos grupos estudados. Não foi observada

diferença significativa entre os grupos.

Tabela II. Distribuição da IF nos indivíduos com SPP (n= 15) e SP (n= 15).

SPP n (%) SP n (%)

Sim 8 (53,3) 7 (46,7)

Não 7 (46,7) 8 (53,3)

x2 = 0,133/ ns

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9A Figura 6 demonstra a distribuição topográfica da IF nos indivíduos com SPP

e SP estudados.

Em nenhum dos grupos houve presença de IF no membro clinicamente não acometido

pela pólio.

A Tabela II mostra a relação dos dados obtidos no questionário aplicado

referentes às manifestações clínicas da IF submetidos à análise estatística. Não houve

diferença significativa em nenhuma das questões.

Tabela II. Pacientes sintomáticos nos grupos estudados segundo as manifestações da

intolerância ao frio.

INTOLERÂNCIA AO FRIO SPP (%) SP (%) P

Alteração coloração da pele 87,5 85,7 0,73 I ns

O frio é minimizado com agasalho 75 42,9 0,23 I ns

Necessidade de outras formas de

aquecimento 62,5 85,7 0,34 I ns

Presença de outras sensações somadas

ao frio 87,5 85,7 0,73 I ns

As Figuras 7 e 8 representam as manifestações clínicas da IF obtidas através do

questionário nos grupos SPP e SP.

O resultado da aplicação do questionário mostrou que, das sensações

associadas à IF, nos dois grupos estiveram presentes, além da dor, a diminuição da

função (SPP=14% e SP=18%), diminuição da força muscular (SPP=29% e SP=9%) e

parestesia (SPP=14% e SP=27%). Apenas no grupo SP apareceu cãibra (28%).

Em relação à gravidade da manifestação, nos dois grupos houve relato de frio

severo (SPP=49% e SP=57%) e de que o frio não incomoda (SPP=13% e SP=14%).

No grupo SPP o frio se manifesta com maior intensidade durante o inverno em 50%

dos indivíduos, enquanto no grupo SP a IF ocorre em 86% dos casos nessa estação

do ano. Diferentemente do grupo SPP, a IF ocorre de forma mais acentuada durante o

decorrer do dia no grupo SP (57%).

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Além da coloração arroxeada, os dois grupos apresentaram coloração

avermelhada (SPP= 29% e SP=33%). A presença da alteração da coloração da pele

com o frio foi um sinal encontrado em 85 % dos indivíduos, nos dois grupos, que

relataram ter o membro exposto ao frio cianótico.

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5. Discussão

Ainda são poucos os estudos sobre a SPP no Brasil, constando na literatura

brasileira apenas referências de Oliveira, Quadros e Cunha. 1,5,16 Estes estudos

mencionam a intolerância ao frio como manifestação clínica da SPP, no entanto, o

presente trabalho é pioneiro no Brasil e exclusivo sobre intolerância ao frio.

No estudo atual, dos 30 indivíduos acometidos pela poliomielite anterior aguda,

os 15 do grupo SPP apresentaram média de idade de 46 anos e os 15 indivíduos com

seqüela da pólio (grupo SP), média de idade de 48 anos. Outros estudos realizados

também tiveram média de idade abaixo dos 60 anos de idade, sendo encontrada para

o grupo SPP=43,3 e de SP=39,9 no estudo de Quadros e média de idade de 36 anos,

sendo 68% dos indivíduos com SPP, no estudo de Oliveira. 5,1

A idade limite de inclusão no presente estudo foi de 60 anos com o objetivo de

excluir as alterações naturais do processo de envelhecimento que ocorrem na terceira

idade, como a dificuldade para detecção e a regulação da temperatura corpórea e o

conseqüente ajuste da temperatura das extremidades. Os achados pelos autores

citados confirmam que, mesmo não sendo feita uma delimitação aos 60 anos para a

inclusão dos indivíduos nos estudos realizados, a média de idade permaneceu abaixo

dos 60 anos e, portanto, isso reforça a hipótese de que a SPP não deve ser

considerada como doença degenerativa da terceira idade. 5 Pacientes com outras

doenças que também pudessem interferir na termorregulação, como problemas de má

nutrição, anemia, disfunção da glândula tireóide e doenças que desregulem a

osmolalidade, a glicemia, os hormônios sexuais e a pressão sanguínea foram

excluídos do estudo. 17,10,18

A predominância do sexo feminino sobre o masculino na amostra deste estudo

está de acordo com o estudo de Abrahão sobre os sobreviventes da pólio, que

encontrou 67% de mulheres e 33 % de homens, e com o estudo de Strumse, que

encontrou 69% de mulheres e 31% de homens. 19 Somente no estudo de Oliveira foi

encontrado 65 % de homens e 35% de mulheres. 1

Na maioria dos estudos epidemiológicos na área da saúde, há predominância do sexo

feminino sobre o masculino e, por isso, não se pode afirmar que o sexo feminino é um

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fator de risco para a SPP. Acredita-se que esse resultado confirme a idéia que as

mulheres procuram mais os serviços de saúde do que os homens.

Para verificar a presença da IF nos sobreviventes da pólio com a SPP, estudos

nacionais e internacionais vem sendo realizados, como mostra a tabela IV abaixo.

Tabela IV. Relação dos estudos internacionais e nacionais sobre a presença da IF nos

sobreviventes da pólio.

Sintoma

s Lonnberg

Halstead Agre Wekre Pentlan

d Oliveira *

Quadros*

1993 1995 1996 1998 1999 2002 2004

n=3067 N=132 n=79 p.=1444 (1= n=58 n=129

Int. Frio

(%) 42 29 56 62 70% 40 69,8

*estudos nacionais (UNIFESP-EPM) Dos trabalhos citados na tabela acima, observa-se que há variação nos

percentuais de IF, porém, é importante salientar que a IF não era o principal objetivo

dos estudos.

No presênte estudo, foi encontrada a presença da IF elI}. 53% no grupo SPP e

em 47% no grupo SP, estando de acordo com Bruno, que afirma 50 % dos

sobreviventes da pólio IF. 12

A caracterização da IF através do questionário estruturado aplicado abordou

questões relacionadas aos sinais e sintomas da IF gravidade, topografia, estação do

ano e período do dia em que há piora, sensações associadas ao frio, mudança de

coloração da região exposta ao frio e possíveis maneiras de resolver a IF. Estas

questões foram selecionadas de acordo com dados da literatura e com a prática

clínica vivenciada pelos pesquisadores com os pacientes do Ambulatório de SPP da

UNIFESP-EPM.

A distribuição topográfica da IF no grupo SP predominou em 71 % dos

indivíduos em todos os membros acometidos pela pólio. No grupo SPP, 49 % dos

indivíduos relataram sentir o frio incomodar o membro mais acometido (menos

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funcional) e, 13%, o membro menos acometido (mais funcional). Tais dados

confirmam o que Oliveira descreveu sobre os novos sinais e sintomas da SPP

aparecerem preferencialmente nos membros previamente mais fracos. 1

O sinal de cianose encontrado principalmente nas extremidades dos MMII na

maioria dos sobreviventes da pólio deste estudo confirma com o que Bruno descreveu

sobre as alterações fIsiológicas já descritas anteriormente nesse estudo. 15

Além da coloração alterada, os indivíduos deste estudo também relataram

apresentar outros sintomas somados ao frio, como dor, diminuição da força muscular e

da função, parestesia e cãibra, sendo o último apresentado apenas pelo grupo SP.

É descrito na literatura que os sobreviventes da pólio que apresentam a IF tornam-se

duas vezes mais sensíveis à dor em baixas temperaturas em relação a aqueles sem

história prévia de poliomielite. O frio é responsável pela dor muscular em 60 % dos

casos, pela fraqueza muscular em 62% e pela fadiga em 39% desses sobreviventes.

Para verificar a força muscular, uma pesquisa foi realizada com sobreviventes da pólio

resfriando-os em um laboratório de 30°C para 20°C e perceberam que houve perda de

75% da força muscular das mãos desses indivíduos, apresentando condução dos

nervos motores como se estivessem em temperatura de 10°C. 12

Para Evans, o frio altera as propriedades da fIbra do músculo esquelético, deixando o

mais rígido, mais suscetível às lesões e difIcultando o movimento. 20 Verificou que o

exercício excêntrico pode causar ainda mais perda de força muscular e de movimento

e, por isso, há necessidade de se fazer uma forma de aquecimento muscular

previamente ao exercício ativo, de preferência, de forma passiva, seja aquecimento

por ondas curtas ou ultra-som.

Noonam estudou o tecido muscular esquelético de ratos e verifIcou que a fadiga

muscular é temperatura dependente, apresentando maior resistência à fadiga o

músculo em temperatura entre 25°C e 30°C. 21

Outro sintoma associado ao frio que apareceu apenas no grupo SP foi a

parestesia, em 27% dos casos, sob forma de formigamento e queimação da região

exposta, confIrmando o que Silver descreveu em seu estudo. 10

Os indivíduos deste estudo referiram não serem incomodados pelo sintoma da IF

quando expostos ao sol dos dias mais quentes. É no inverno que os indivíduos do

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grupo SP se sentem mais incomodados, referindo não cessar o frio mesmo com

roupas quentes, meias e cobertores e que, na maioria das vezes, há necessidade de

aquecimento externo como banho quente, colchão elétrico ou bolsa de água quente

durante o dia inteiro. Já os indivíduos do grupo SPP referiram que em 75% dos casos

o frio é minimizado com agasalhos, porém que já usam as fontes externas de calor

antes do aparecimento das sensações associadas ao frio, sendo mais incomodados

durante a noite. Parece que, segundo os resultados descritos, que os indivíduos com

SPP se previnem com mecanismos de proteção contra o frio antes de apareceram os

sinais e sintomas da IF, minimizando as conseqüências dessa manifestação em

relação ao grupo SP.

Strumse comparou o tratamento de pacientes com SPP em locais com

temperaturas alta e baixa, verificando que o tratamento deve ser realizado em locais

de clima quente mesmo que seja durante o inverno. Na amostra estudada por ele,

verificou-se que os indivíduos, com problemas e dificuldades semelhantes, quando

submetidos à temperatura mais elevada (20°C) tomara m-se significantemente melhor

do que o grupo treinado em baixas temperaturas (O°C ), melhorando a dor e problemas

de saúde prévios como depressão e satisfação com a vida. 19

A IF está presente, portanto, nos dois grupos estudados, sendo uma

manifestação que aparece nos sobreviventes da pólio nas diferentes fases da vida.

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6. Intervenções no processo de reabilitação

Segundo o conceito da OMS, saúde é um completo estado de bem estar fisico,

mental e social e não meramente a ausência de doença. É fundamental a atuação dos

profissionais da saúde no processo de educação do paciente com história prévia de

pólio no sentido de incorporar hábitos saudáveis e ensinar-lhes como lidar com os

sintomas mais freqüentes.

A intervenção no processo de reabilitação pode melhorar e/ou minimizar os

sintomas da IF, pois o indivíduo requer uma grande quantidade de energia para

manter e aquecer seu corpo quando está frio, tendo a coordenação e a mobilidade

prejudicadas nas extremidades mas. Algumas orientações, que devem ser ministradas

por fisioterapeutas, são:

- Vestir-se como se a temperatura ambiente estivesse 10°C mais baixa;

- Usar roupas em várias camadas, ao invés de uma única peça mais grossa, sendo a

primeira camada de polipropileno colocada logo após o banho quente com a pele

ainda quente.

- Construir a casa em ambiente de clima quente, ter um termômetro em casa, usar

almofada aquecida durante o dia e cobertor elétrico durante a noite.

Para a fisioterapia são indicados exercícios fisicos apropriados e individualizados

para cada um dos pacientes. Antes de qualquer atividade fisica, é necessário um

aquecimento para elevar a temperatura muscular e evitar danos no tecido. 20 O

aquecimento pode ser realizado utilizando-se de alguns dos procedimentos

fisioterapêuticos como: cinesioterapia, dentre elas a fisioterapia aquática, e a

termoterapia como o ultra-som, ondas curtas e imersão em água aquecida.

Os exercícios ativos devem ser de intensidade moderada a leve e as atividades

físicas vigorosas devem ser substituídas por exercícios que visem a manutenção da

endurance e não o ganho de força muscular. São indicados nos casos em que o grau

de força muscular é >3+, entretanto podendo ser prejudicial se o grau de força

muscular for :< 3. O fisioterapeuta deve atentar para aos sinais de supertreinamento

muscular que podem aparecer, como a dor 24 a 48 horas após o tratamento

fisioterapêutico, fadiga por mais de dois dias após o exercício, cãibra e espasmo

muscular. 6

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7. Conclusão

Os dados deste estudo mostram que não existe um consenso na literatura

quanto à fisiologia da intolerância ao frio e que esta pode ter origem central ou

periférica.

A intolerância ao frio é um sintoma comum presente nos indivíduos com história

previa de poliomielite com ou sem diagnóstico de SPP.

A manifestação da intolerância, nos pacientes com a SPP, é observada com

maior intensidade nos membros previamente mais comprometidos na fase inicial da

poliomielite aguda, enquanto que a topografia da IF nos pacientes com a seqüela da

pólio,é verificada de maneira generalizada.

A IF parece não ser um fator de risco para a SPP.

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7. Referências

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