fermentativa e alcool - 2010

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Escolas Padre Anchieta Curso Tcnico em Qumica

Apostila

Fermentativa e lcool

Profa.: Yumi Jundia SP 2010

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Contedo: I - Microrganismos: Reino Monera (Bactrias) e Reino Fungi (Leveduras); II - Microrganismos usados pelo homem na produo de alimentos; III - Crescimento microbiano e Medida de crescimento; IV Estudo do crescimento microbiano; V - Efeito dos fatores ambientais no crescimento microbiano; VI - Meios para processos fermentativos; VII - Meios de cultivo; VIII - Normas de segurana de trabalho no laboratrio de microbiologia; IX - Tcnicas de semeadura; X Processos fermentativos; Aulas prticas; Questionrios para fixao.

I - MICRORGANISMOSOs MICRORGANISMOS so seres muito pequenos que no podem ser vistos a olho nu e, para enxerg-los, precisa-se da ajuda de um MICROSCPIO, que nada mais do que um instrumento que aumenta a imagem de um objeto atravs de um sistema de lentes. Dentre os seres microscpicos, tem-se as BACTRIAS, alguns FUNGOS (leveduras e bolores), os PROTOZORIOS, as ALGAS microscpicas e os VRUS (estes ltimos so to pequenos que para enxerg-los preciso usar microscpio eletrnico). Onde os microrganismos vivem? Os microrganismos encontram-se distribudos em praticamente todos os lugares da natureza. Esto no ar, na gua (mares, rios, lagos e gua subterrnea) e no solo. Podem ser encontrados em maiores quantidades em lugares onde existe grande quantidade de alimentos (matria orgnica e inorgnica), umidade e temperatura apropriada para que possam crescer e se reproduzir. Como so os microrganismos? Aqueles que interessam para a disciplina de Fermentativa e lcool so os que esto no Reino Monera (Bactrias) e no Reino Fungi (Leveduras).

Reino MoneraO reino Monera compreende todos os organismos unicelulares e procariontes (no possuem carioteca que a membrana nuclear), representados pelas bactrias e pelas algas azuis (cianofceas ou cianobactrias).

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Bactrias 1 Classificao quanto morfologia (forma): As bactrias classificam-se basicamente em quatro categorias: cocos, bacilos, espirilos e vibries: 1.1 Cocos (Coccus) So bactrias de forma arredondada, cujo tamanho, em geral, situa-se entre 0,2 e 5 micrometro de dimetro. Apresentam-se isoladas ou formando colnias. Segundo a quantidade de bactrias e sua disposio, as colnias so classificadas em: diplococos - colnia de dois cocos; trade - colnia de quatro cocos; sarcina - colnia cbica de oito ou mais cocos; estreptococos - colnia de cocos em fileira; pneumococos - colnia de dois cocos em forma de chama de vela; estafilococos - colnia de cocos dispostos em cacho; gonococos - colnia de dois cocos reniformes (em forma de rim).

1.2 Bacilos (Bacillus): So bactrias em forma de bastonete, que medem, em regra, de 1 a 15 micrometro.

1.3 Espirilos (Spirillum): So bactrias que tm a forma de um bastonete recurvado. Os espirilos propriamente ditos, formam filamentos helicoidais.

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1.4 Vibries (Vbrio): Os vibries so bactrias curtas, com espirais incompletas, e tm a forma de vrgula.

2 Classificao quanto a alimentao: A maioria das bactrias heterotrfica por absoro retirando molculas orgnicas j digeridas do ambiente ou de seres vivos que parasitam. Bactrias autotrficas ou auttrofos o nome dado qualidade do ser vivo de produzir seu prprio alimento a partir da fixao de dixido de carbono, por meio de fotossntese ou quimiossntese. A fotossntese o processo atravs do qual as plantas, seres autotrficos (seres que produzem seu prprio alimento) e alguns outros organismos transformam energia luminosa em energia qumica. A quimiossntese a produo de matria orgnica atravs da oxidao de substncias minerais. 3 Classificao quanto a respirao: As bactrias podem ser aerbias ou anaerbias. Bactrias aerbias obrigatrios: crescem somente oxignio. em presena de

As bactrias anaerbias podem ser facultativas e obrigatrias (ou estritas). Bactrias anaerbias facultativas: so assim chamadas porque tanto podem fazer respirao aerbia - quando um ambiente tiver oxignio - como respirao anaerbia - caso falte esse gs. Bactrias anaerbias obrigatrias ou estritos: no possuem as enzimas adequadas para o aproveitamento do oxignio e morrem na presena desse gs como o caso do bacilo do ttano. 4 Classificao quanto temperatura: De acordo com a temperatura, as bactrias podem ser classificadas em: Psicrfilas ou crifilas crescem em temperaturas abaixo de 20C; Mesfilas crescem entre 20 40C; Termfilas crescem entre 45 55C; Estenotermfilas crescem em temperaturas entre 65 80C.

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5 Classificao quanto reproduo: As bactrias podem se reproduzir assexuadamente que o mais comum e sexuadamente um pouco mais raro. 5.1 Assexuada Ocorre por bipartio ou cissiparidade, onde a clula bacteriana duplica seu cromossomo e se divide ao meio, originando duas novas bactrias idnticas original.

5.2 Sexuada A reproduo sexuada pode ocorrer de 3 formas: Conjugao consiste na passagem (ou troca) de material gentico entre duas bactrias atravs de uma ponte citoplasmtica formada pelas fmbrias.

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Transformao a bactria absorve molculas de DNA disperso no meio. Esse DNA pode ser proveniente, por exemplo, de bactrias mortas.

Transduo as molculas de DNA so transferidas de uma bactria a outra usando vrus como vetores.

6 Estrutura bacteriana

Nucleide - o cromossoma bacteriano consiste numa nica molcula circular de DNA que determina as caractersticas da clula e comanda as suas atividades. Citoplasma - soluo aquosa na qual esto suspensos todos os componentes internos; pode conter substncias teis para a clula como enzimas e substncias de reserva. Ribossomas - pequenos corpos granulares, com os quais ocorre a sntese de protenas; movem-se livremente no citoplasma.

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Membrana plasmtica - envolve a clula bacteriana controlando as trocas de substncias com o exterior; pode formar invaginaes para o interior em cuja superfcie se realizam processos como a respirao ou a fotossntese. Parede Celular - invlucro semi-rgido que d forma s bactrias e as protege contra vrus e substncias txicas. formada por polissacardeos e polipeptdeos. Cpsula - de aspecto gelatinosos, protege a bactria da dessecao, dos vrus bacterifagos, clulas fagocitrias e anticorpos. Alguns antibiticos, como a penicilina, atuam inibindo a produo de cpsulas. Pili ou Fmbrias - numerosos apndices filamentosos, de natureza protica, muito mais curtos e finos do que os flagelos; facilitam a aderncia da bactria a substratos slidos ou aos tecidos dos organismos parasitados. Flagelo - as bactrias podem apresentar um nmero varivel de flagelos, os quais, rodando sobre a sua base, permitem que a clula se movimente. 7 Esporulao bacteriana Os esporos que se formam dentro da clula, chamados endosporos, so exclusivos das bactrias (principalmente as pertencentes ao gnero bacillus e clostridium). Eles possuem parede celular espessa, so altamente refrateis (brilham muito com a luz do microscpio) e altamente resistentes a agentes fsicos (dessecao e aquecimento) e qumicos (antispticos).

Os esporos surgem quando a clula bacteriana no se encontra em um meio ideal para o seu desenvolvimento. A clula que origina o esporo se desidrata, forma uma parede grossa e sua atividade metablica torna-se muito reduzida. Certos esporos so capazes de se manter em estado de dormncia por dezenas de anos, representando uma forma de sobrevivncia e no de reproduo. Ao encontrar um ambiente adequado, o esporo se reidrata e origina uma bactria ativa, que passa a se reproduzir por diviso binria. Os esporos so muito resistentes ao calor e, em geral, no morrem quando expostos gua em ebulio. As indstrias de enlatados toma medidas rigorosas na esterilizao dos alimentos para eliminar os esporos da bactria Clostridium botulinum. Essa bactria produz o botulismo, infeco frequentemente fatal.

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Reino FungiFungos Esto includos neste grupo organismos de dimenses considerveis, como os cogumelos, mas tambm muitas formas microscpicas, como bolores e leveduras. Os fungos ocorrem em todos os ambientes do planeta e incluem importantes decompositores e parasitas. Fungos parasitas infectam animais, incluindo humanos, outros mamferos, pssaros e insectos, com resultados variando de uma suave comicho morte. Outros fungos parasitas infectam plantas, causando doenas como o apodrecimento de troncos e aumentando o risco de queda das rvores. Alguns fungos, tais como: Shiitake, Porto Bello, Champignon, shimeji, Maitake e Mexican Corn Smut, so utilizados como alimento; outros so extremamente venenosos. Bolor e mofo, cogumelos, leveduras: Todos estes nomes se referem ao mesmo elemento biolgico: fungos. so um tipo de vida extremamente poderosa pois conseguem brotar em paredes feitas com cal, conseguem digerir leos, conseguem crescer dentro do frigorfico, mesmo a temperaturas muito abaixo de zero. Basicamente o que precisam de umidade, detestam ambientes secos. Estrutura dos fungos: Os fungos podem se desenvolver em meios de cultivo especiais formando colnias de dois tipos: leveduriformes As colnias leveduriformes so pastosas ou cremosas, formadas por microrganismos unicelulares que cumprem as funes vegetativas e reprodutivas as leveduras; Filamentosas - As colnias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas ou pulverulentas; so constitudas fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubo - as hifas. O que nos interessa so as leveduras.

Leveduras 1 Morfologia (forma): As leveduras, como os bolores e cogumelos, so fungos. Apresentam-se caracteristicamente, sob forma unicelular, isto , formados por uma nica clula. So maiores que a maioria das bactrias, podem ter forma oval, podendo ser alongadas e esfricas. As leveduras gostam de acar preferindo como habitat, frutas, flores e as cascas das rvores.

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Existem, aproximadamente, 350 espcies diferentes de leveduras, separadas em cerca de 39 gneros.

Leveduras vistas ao microscpio ptico (cada estrutura circular corresponde a uma levedura) 2 Reproduo: Se reproduzem assexuadamente por brotamento ou por cissiparidade, processo pelo qual na superfcie da clula adulta (clula me) desenvolve-se uma pequena salincia (clula-filha) que se transformar numa nova clula. 3 Respirao: As leveduras so capazes de crescimento anaerbio facultativo. Podem utilizar oxignio ou um componente orgnico como aceptor final de eltrons, sendo um atributo valioso porque permitem que esses fungos sobrevivam em vrios ambientes. As leveduras respiram aerobicamente para metabolizar hidratos de carbono formando dixido de carbono e gua; Na ausncia de oxignio elas fermentam os hidratos de carbono e produzem etanol e dixido de carbono

II - Microrganismos usados pelo homem para produo de alimentos1 Como agentes de fermentao alcolica As leveduras so os microrganismos mais importantes na obteno do lcool por via fermentao. Produo de bebidas alcolicas: Fermentao do suco de uva: Saccharomyces cerevisiae - vinho Fermentao do malte: Saccharomyces cerevisiae Cerveja Produo do lcool: Fermentao alcolica do melao, seguida de destilao (S. cerevisiae) 2 - Levedura alimentcia A levedura fonte de protenas e vitaminas do complexo B e minerais. No estado seco, contm cerca de 50% de protena de boa qualidade

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3 Como fermentos de panificao As leveduras eram obtidas como subproduto de destilarias. Com o crescimento populacional, nas reas de concetrao industrial, determinou o desenvolvimento das indstrias de panificao, com isso aumentou a demanda de consumo de leveduras pra panificao, exigindo-se melhor qualidade e com razovel grau de padronizao.

4 - Produo de Ingredientes de Alimentos Ingredientes beta-caroteno cido ctrico cido glutmico cido ltico lisina manitol vitamina B-12 goma xantana Funo pigmento acidulante estimulante do sabor acidulante aminocido acar vitamina espessante Organismo Blakeslae trispora Aspergillus niger Corinebacterium glutamicum Estreptococos e Bacilos Corinebacterium glutamicum Torolopsis mannitofaciens Propionibacterium Xanthomonas campestri

5 - Produo de enzimas Enzimas Amilase Origem Aspergillus niger, A. oryzae, Bacillus subtilis, Rhizophus spp, Mucor rouxii Aspergillus niger, Trichoderma viride Aspergillus oryzae, Bacillus subtilis Indstria Panificao Aplicao suplemento de farinha, preparao de massa, alimentos pr-cozinhados, elaborao de xaropes preparao de concentrados lquidos de caf, clarificao sucos impede que a cerveja se enturva ao esfriar, abranda as carnes

Celulase

Cerveja Cerveja, Panificao, Alimentar

Protease

6 Como agentes produtores de cidos As bactrias podem formar inmeros cidos diferentes. O maior interesse econmico so as produtoras de cido ltico, cido actico e de cido propinico. Os cidos so provenientes da degradao anaerbica de glicdios por oxidao incompleta. Produo de Vinagre: Transformao Industrias de Lacticnios: Bactrias provocar azedamente espontneo do Ex.: Streptococcus lactis, Streptococcus do lcool em acido actico. produtoras de acido lctico capazes de leite. cremoris, Lactobacillus etc.

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III - Crescimento microbiano

Em microbiologia, o termo crescimento refere-se a um aumento do nmero de clulas e no ao aumento das dimenses celulares. Medidas do crescimento microbiano O crescimento dos microrganismos pode ser mensurado por diferentes tcnicas, tais como pelo acompanhamento da variao no nmero ou peso de clulas, por exemplo. Dentre as diferentes tcnicas utilizadas, descreveremos alguns exemplos. 1 - Contagem total de clulas: Esta metodologia envolve a contagem direta das clulas em um microscpio. A contagem direta uma tcnica rpida, mas tem como principais limitaes a impossibilidade de distino entre clulas vivas e mortas (o que pode ser contornado pelo uso de corantes vitais, para leveduras) e contagens errneas, devido s pequenas dimenses de algumas clulas, ou pela formao de agregados celulares.

Exemplo ilustrando o procedimento de contagem direta (Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003) 2 - Contagem de viveis: Procedimento tambm conhecido como contagem em placa, que estima o nmero de clulas viveis (isto , capazes de se reproduzir) em uma amostra. Esta metodologia envolve a coleta de alquotas de uma cultura microbiana em diferentes tempos de crescimento, as quais so ento inoculadas em meio slido. Aps a incubao dos meios, o nmero de colnias contado. Este tipo de contagem est sujeito a grandes erros (agregados, duas clulas prximas, originando uma colnia), que podem ser minimizados pela realizao de triplicatas para cada diluio.

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Tcnica de contagem de viveis (Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003) 3 - Massa de clulas: pode ser determinada a partir da estimativa do peso seco ou do peso mido de uma cultura. Este tipo de procedimento realizado quando no necessrio determinar o nmero preciso de microrganismos presentes. Peso seco: Muito utilizado na quantificao de fungos, onde o miclio retirado da cultura, lavado e transferido para um frasco e submetido secagem. Realizam-se ento sucessivas pesagens, at o momento onde no observa-se mais variaes. Este procedimento pode tambm ser realizado centrifugando-se a cultura e pesando o sedimento, ou ento secando-o (100 - 150C/16 horas) e depois pesando-o. 4 - Turbidimetria: quantificao em espectrofotmetro ou colormetro a 660 nm, uma vez que neste comprimento de onda, a cor geralmente parda dos meios de cultura no interfere com os resultados. Tal metodologia requer a confeco de uma curva padro. Embora a anlise turbidimtrica seja menos sensvel, de rpida e fcil execuo, no destruindo a amostra. Entretanto, no permite a determinao de clulas viveis. 5 - Anlises qumicas: A partir da quantificao de protenas ou de nitrognio, ou por meio da anlise de diferentes atividades metablicas.

IV - Estudo do crescimento bacteriano Para se estudar o crescimento de uma bactria preciso cultiv-la, como cultura pura, em meios de cultura e condies ambientais que variam em condies qumicas e fsicas, tais como fontes de nutrientes, osmolaridade, pH, presena ou ausncia de oxignio e temperatura de incubao.

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A tendncia de crescimento representada na Figura 1 s pode ser mantida indefinidamente se houver um suprimento ilimitado de nutrientes, ambiente inaltervel e espao ilimitado. Em ambientes naturais e em condies experimentais nas quais as disponibilidades de nutrientes e de espao sejam limitadas, em um dado momento algum fator se torna desfavorvel: um nutriente essencial torna-se escasso (fontes de energia, elementos-trao), produtos txicos do metabolismo acumulam-se em concentraes que inibem a diviso celular, o espao torna-se limitado, etc. Quaisquer uma dessas situaes, isoladamente ou em conjunto, inibem o crescimento, provocando um declnio do nmero de clulas viveis na populao at o ponto em que esta se extinga completamente (Figura 2).

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Em condies experimentais, quando se inocula uma populao bacteriana em um frasco contendo uma quantidade inaltervel de meio de cultura (sistema fechado), o crescimento dessa populao passa por quatro fases caractersticas, dependendo do ponto no qual o processo do crescimento seja interrompido pelo experimentador. Essas quatro fases esto representadas na Figura 3.

Fases do crescimento bacteriano A curva de crescimento da Figura 3 representa as quatro fases do crescimento populacional bacteriano em uma situao prxima da real quando uma populao de bactrias cresce em um ambiente fechado (modelo baseado no cultivo da bactria E. coli em um meio de cultura rico e sob condies aerbicas).

1 - Fase lag Fase de adaptao metablica ao novo ambiente; o metabolismo celular est direcionado para sintetizar as enzimas requeridas para o crescimento nas novas condies ambientais encontradas pelas clulas. O nmero de indivduos no aumenta nesta fase, podendo at mesmo decrescer. A durao dessa fase depende das condies ambientais nas quais as clulas se encontravam anteriormente. A fase lag ocorre porque as clulas de fase estacionria encontram-se pobres de vrias coenzimas essenciais e/ou outros constituintes celulares necessrios absoro dos nutrientes presentes no meio. A fase lag tambm observada quando as clulas sofrem traumas fsicos (choque trmico, radiaes) ou qumicos (produtos txicos), ou quando so transferidas de um meio rico para outro de composio mais pobre, devido a necessidade de sntese de vrias enzimas 2 - Fase exponencial Nesta etapa, as clulas esto plenamente adaptadas, absorvendo os nutrientes, sintetizando seus constituintes, crescendo e se duplicando. Fase na qual o nmero de clulas da populao dobra a cada gerao. Esta taxa de

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crescimento no pode ser mantida indefinidamente em um sistema fechado. Aps um determinado perodo de crescimento exponencial, as condies ambientais tornam-se desfavorveis pela escassez de nutrientes essenciais, acmulo de metablitos txicos e limitao de espao. medida que a disponibilidade de nutrientes diminui as clulas se tornam menos capazes de gerar ATP e a taxa de crescimento se reduz. A durao da fase exponencial altamente varivel dependendo tanto das caractersticas genticas da bactria quanto das condies ambientais. 3 - Fase estacionria Fase em que a taxa de crescimento diminui significativamente devido s condies limitantes do meio. As clulas continuam metabolizando e se dividindo, mas parte das clulas torna-se invivel e a taxa de diviso celular muito prxima da taxa de morte celular, o que mantm constante o nmero de clulas viveis na populao. A curva de crescimento atinge um plat. A durao da fase estacionria depende do balano entre a taxa de diviso celular e o nmero de clulas que vo se tornando inviveis (morte celular ou incapacidade de se dividir) devido s condies ambientais tornarem-se progressivamente desfavorveis. 4 - Fase de declnio Fase em as clulas perdem a capacidade de se dividir, a taxa de morte celular torna-se maior que a taxa de diviso e o nmero de clulas viveis decresce exponencialmente at a completa extino da populao. Nesta fase muitas clulas assumem formas incomuns. Em bactrias formadoras de esporos sobrevivem mais esporos que clulas vegetativas. A durao desta fase varivel dependendo tanto das caractersticas genticas da bactria quanto das condies ambientais.

V - Efeito dos fatores ambientais no crescimento microbiano

O crescimento dos microrganismos grandemente afetado pelas condies fsicas e qumicas do ambiente onde se encontram, sendo que estas podem influir positivamente ou negativamente de acordo com o microrganismo em questo. 1 - Temperatura: A temperatura pode ter efeitos positivos ou negativos sobre o crescimento de uma populao bacteriana.

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medida que a temperatura se aproxima de um valor timo, a taxa de crescimento aumenta rapidamente porque a cintica de reao das enzimas das clulas da populao aumenta de modo diretamente proporcional; as reaes qumicas tendem a ocorrer mais rapidamente com aumento da taxa de divises celulares. Contudo, h um limite alm do qual algumas macromolculas termossensveis tais como protenas, cidos nuclicos ou lipdios sero desnaturadas, perdendo sua funcionalidade. H, tambm, uma temperatura mnima para o crescimento, abaixo da qual a poro lipdica da membrana plasmtica no apresenta fluidez suficiente para funcionar apropriadamente. Por temperatura tima de crescimento entende-se aquela em que as clulas dividem-se mais rapidamente, ou seja, apresentam um tempo de gerao mais curto. As temperaturas mnima e mxima de crescimento so a menor e a maior temperaturas que permitem a diviso celular nas bactrias. Freqentemente, a temperatura tima para o crescimento est mais prxima da mxima do que da mnima. Dentre os diferentes microrganismos observa-se uma ampla variedade de faixas de temperatura, onde para alguns o timo encontra-se entre 5 e 10C, enquanto para outros de 90 a 100C. Assim, os microrganismos podem ser classificados em quatro grupos, de acordo com os timos de temperatura: Psicrfilos - Nenhum psicrfilo sobrevive no corpo humano Obrigatrias: requerem baixas temperaturas para seu crescimento; o crescimento timo se d abaixo de 15C (Flavobacterium). Extremos: os ambientes frios so predominantes na Terra (oceanos, polos, solos) entretanto este grupo (bactrias, fungos e algas) muito pouco estudado. Destes, os mais conhecidos so as algas que crescem sob o gelo ou em geleiras (Chlamydomonas nivalis), dando colorao vermelha. Temperatura tima fica em torno de 4C e resistem at 14C aproximadamente. Facultativas: apresentam crescimento timo em temperaturas de 20 a 30C, mas podem crescer, embora mais lentamente, em temperaturas de refrigerador e tm alta probabilidade de contaminar e estragar produtos resfriados tais como alimentos (por exemplo, Bacillus cereus) e sangue. Mesfilos - Bactrias mesfilas apresentam crescimento timo em temperaturas variando entre 20C e 40C, ou seja, a faixa de temperatura mais comum na superfcie da Terra e nos organismos animais. A maioria dos patgenos humanos apresenta crescimento timo em temperaturas prximas de 37C. o Bactrias termodricas, suportam temperaturas abaixo de 100C, tais como Bacillus cereus, Clostridium botulinum e Listeria monocytogenes, Se o processo de aquecimento de alimentos envasados em recipientes metlicos ou de vidro for inadequado, tais bactrias podem sobreviver e deteriorar o produto, representando uma sria ameaa segurana dos alimentos.

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Termfilos e Hipertermfilos: timos de 45 e 80C, respectivamente. So encontrados nos solos, silagem, fontes termais e no fundo ocenico, em fontes. Os termfilos e hipertermfilos tem grande interesse biotecnolgico porque tendem a fazer os processo mais rapidamente, com menor contaminao por outros microrganismos e possuem enzimas mais termoestveis. So aquelas cujas taxas de crescimento timo esto entre 50C e 60C. So encontradas em pilhas de adubo orgnico. Algumas espcies toleram temperaturas de at 110 C em fontes termais. 2 - pH: A maioria das espcies bacterianas pode crescer em meios cujo pH esteja entre 5 e 9, faixa na qual encontra-se a maior parte dos ambientes naturais. Os ambientes naturais tem uma faixa de pH de 5 a 9, o que comporta o crescimento de diferentes tipos de microrganismos. Nenhuma espcie bacteriana pode tolerar a faixa inteira de pH em qualquer uma dessas categorias e muitas espcies toleram faixas de valores de pH que se sobrepem entre uma categoria e outra.

Bactrias neutrfilas - Bactrias neutrfilas crescem em faixas de pH entre 5,4 a 8,5. A maioria das bactrias apresenta um crescimento timo em ambientes cujo pH se aproxima da neutralidade. A maioria das bactrias patognicas est includa nessa categoria. Bactrias acidfilas - Bactrias acidfilas crescem em faixas de pH extremamente baixos, entre 0,1 e 5,4, como a bactria Helicobacter pylori que pode colonizar a parede estomacal. Algumas bactrias que reduzem enxofre a cido sulfrico podem gerar e tolerar condies em torno de pH 1. Bactrias alcalinfilas - Bactrias alcalinfilas crescem em faixas de pH entre 8,5 e 11,5. A bactria Vibrio cholerae apresenta um crescimento timo em pH 9. A bactria oportunista Alcaligenes faecalis pode criar e tolerar condies alcalinas com pH 9 ou maior. Fungos - tendem a ser mais acidfilos que as bactrias (pH