felicitamos pela passagem hoje comemorada, rogando a deus...

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DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:João Baptista Gomes ........(l1)4604-3787 Vice-Pres: Waldemar Checchinato ....(11)4591-1192Secretário:Walter Figueiredo de Sousa .(31)3641-1172 Tesoureiro: Paulo Barbosa Mendonça (l9)3542-3286Dir. Espir: Pe. Benedito Ângelo Cortez ..(11)3228-9988

CONSELHO FISCAL - TITULARJosé Carlos Ferreira ..........(l9)3541-0744José Barbosa Ribeiro........(35)3465-4761

CONSELHO FISCAL - SUPLENTECarlos Savieto ..................(l9)3671-2417Afonso Celso Meireles .....(l1)3384-7582

REGIONAIS Ibicaré André Mardula ................(49)3522-0840São PauloMarcos de Souza.............(11)3228-5967CampinasJercy Maccari ................... (19)3871-4906CuritibaMarco Rossoni Filho ...... (41)3253-7135Pirassununga Renato Pavão ................. (19)356l-605lBauru Gino Crês.........................(14)3203-3577Itapetininga Sílvio Munhoz Pires ........(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos..(l2)3931-4589Itajubá José Benedito Filho...........(35)3623-4878

COORDENADORIASBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes..........(11)4604-3787 (Cel)9976-1145

DIAGRAMAÇÃOMarcelo Silva Calixto......(11)3476-9601

CARAVANAMoacyr Peinado Martin....(11)6421-4460

ATOS RELIGIOSOS Daniel R Billerbeck Nery...(11)6976-5240Edgard Parada....................(16)3242-2406Lásaro A P dos Santos.......(11)3228-9988

REDATORES DESTA EDIÇÃOSílvio Munhoz Pires, Raimundo José Santana, O Sombra, Vilmar Daleffe, Antonio

Valmor Junkes, Antonio Henriques, Carlindo Maziviero, Ézio Américo Monari, Alberto José Antonelli, Marco Rossoni Filho, Cláudio Carlos de Oliveira,

Geraldo Luiz Sigrist, João Costa Pinto.DESIGNER GRÁFICO Marcelo Silva Calixto (11)3476-9601

EXPEDIENTEASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSCEstr. Armando Barbosa de Almeida 1500

Residencial Rancho GrandeCx Postal 116 - Cep: 07600-000

Mairiporã-SPTel: 0xx11-4604-3787

Diretoria e Inter-Ex: [email protected]

EditorialEditorialantas e quantas vezes forem necessárias, nascerei sempre porque amo a humanidade. Meu Pai assim o quis. Porém,

prefi ro o meu primeiro nascimento – aquele lá na gruta de Be-lém. Que noite maravilhosa, fria, mas repleta de calor, onde, juntos, encontravam-se minha mãe Maria, meu pai José, meus amigos os pastores, alguns animais e uma estrela fulgurante.

Passaram-se muitos anos, mais de vinte séculos, e hoje, como gostaria que meu aniversário fosse como o daquela noite do meu Natal. Não houve uma lauta ceia com bebidas nacio-nais e estrangeiras, frutas tropicais, mas, simplesmente pãe-zinhos e leite de cabra trazidos pelos pastores. Que delícia! Estávamos muito felizes naquela noite. Algum tempo depois, chegaram os reis com seus presentes, desejando-me e a meus pais e amigos um Feliz Natal.

A grande maioria dos humanos mudou muito a maneira de comemorar o meu nascimento. Esqueceu-se de MIM, atendo-se apenas à troca de presentes e mesa farta. O sentido do meu nascimento é o AMOR, amor inesgotável, agora e sempre. Se não fosse pelo amor à humanidade, jamais haveria o meu nas-cimento, as comemorações do Natal e tampouco este colóquio tão íntimo entre MIM e você. Somente por amar você, NASCE-REI MAIS UMA VEZ.

(a) Sílvio Munhoz Pires Diretor da Regional Itapetininga

Nascerei mais uma vez

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T

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Novembro

Dezembro

Janeiro

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INTER EX Novembro/2011

1- Niklaus K. E. Huber (65) 549-11482- Laert Costa de Toledo (35) 3621-29443- Vitorino Alexandre Oro (41) 3348-1474 4- Pe Agenor José Possa (35) 3622-0494 4- João Baptista Gomes (11) 4604-3787 4- Pe Luiz Carlos A Moraes (98) 258-80739- Clodoaldo Meneguello Cardoso (14) 3234-53659- Erci Frigo (19) 3871-4451 9- Gustavo Davi Garbossa (41) 9173-462611- José Henrique Chaves (35) 3622-419814- José Amarante (41) 3627-170714- Luiz Carlos Cachoeira (11) 3781-3956 14- Sílvio Finck (42) 522-3455 16- Edmundo Vieira Cortez (11) 6694-4422 17- Cláudio Carlos de Oliveira (11) 6973-846223- João Cardoso (19) 3441-648323- Pe Luiz Bertazzi (15) 3273-4807 24- João Costa Pinto (11) 6341-275924- Lásaro A. P. dos Santos (11) 5594-698724- Antônio Carlos C Chaves (35) 3622-350825- Manoel dos Santos R. Pontes (14) 263-184526- Ortêncio Dalle Laste (49) 452-108627- Rui Ribeiro dos Campos (19) 3234-961927- Antônio Pádua de Siqueira (21) 2547-918027- Dimas dos Reis Ribeiro (35) 3294-2167

3- Pe João Crisóstomo Neto (11) 3228-99885- Deomar Pedro Poletto (49) 435-01488- Hamilton Soares Costa (12) 3921-359610- Dilmo Godinho da Rosa (12) 3921-317811- Rubens Dias Maia (16) 3332-318311- Sebastião Amaral da Silva (11) 6216-3662 12- Antônio Valmor Junckes (41) 3015-696713- Amaro de Jesus Gomes (11) 4396-718813- Daniel R. Billerbeck Nery (11) 6976-524014- Adailton José Chiaradia (35) 3622-682414- Osvaldo Gil de Souza (14) 3234-503116- Sérgio Joaquim de Almeida (19) 3561-300716- José Raimundo de Souza (11) 3735-528517- Edwardus M. Van de Groes (19) 3802-117618- José Ribamar Dourado (98) 3226-758419- Pe Germano Mutschele (14) 3222-331619- João Teixeira (19) 3242-724120- Odilon Luiz Ascoli (47) 332-209524- Oswaldo Gil de Souza (14) 3234-5031

24- Natalino Júlio de Carvalho (11) 4487-234325- Alzemiro Basso (49) 343226- Francisco Osvaldo Corrêa (35) 643-112927- Carlos Savietto28- Itelvino Giacomelli (11) 5292-3034

1- Ir Antônio Luiz (11) 3228-9988 1- João Carlos B. Nery (13) 3316-83743- Ivo Luiz Bortolazzi (45) 264-13774- Pe José Aquilino Machado (35) 3623-2512 5- Francisco Ferron (19) 3846-91716- Vanderlei dos Reis Ribeiro (19) 3238-7653 9- Renato Pavão (19) 3561-605111- João Batista Larizzatti Jr. (15) 3227-238311- Pe. Benedito Â. Cortez (11) 3228-998815- Pe. Geraldo B. Mendonça (35) 3622-049418- José Bertuol (11) 4703-647121- Sebastião Mariano F. Carvalho (35) 3291-205721- Maurício Ginotti Jordão22- Pe Francisco Janssen (19) 3272-5353 23- Pe Hubert Kilga (98) 258-807225- Paulo Mendes Barbosa (11) 6179-7660 27- Valdir Luiz Pagnoncelli (46) 536-313127- Carlos Savieto (19) 3671-241728- Pe Eugênio Luís de Barros28- Ênio J. Correia de Moura (16) 3339-355931- Paulo Roberto de Carvalho e Silva (21) 2266-0397

2- Renato Poersch (41) 242-11303- Armindo Baldin (19) 461-7688 3- Luiz Victor Martinello (14) 3234-10413- Luiz Carlindo Maziviero (13) 3284-38345- José Valentim Módena (19) 3296-0519 6- José Antônio de C. R. de Souza (62) 3291-68857- Francisco Geraldo R. Filho (19) 3863-28088- Armando Turtelli (19) 3289-896611- José Mauro Pereira (19) 3561-394713- João Baptista Bannwart (14) 3572-148013- Gervásio Canevare (19) 571-227019- Aparício Celso da Silva (19) 3243-640221- Antoninho Marchesini (11) 4522-0681 24- José Possebon (11) 3812-306724- Natanael Ribeiro de Campos (12) 3931-458925- Jerci Maccari (19) 3871-490627- Jerônimo Alvim Rocha (31) 3621-355328- Pe Alfredo Niedermaier (85) 274-3420

Fevereiro

Felicitamos pela passagem

hoje comemorada, rogando a Deus que

os abençõe e lhes proporcione longos

anos de vida.

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Palavra do LeitorPalavra do Leitor

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Venho agradecer o empenho, pres-teza e dedicação inestimável de vocês na promoção dos Encontros dos ex-se-minaristas, manifestados pela rapidez como me enviaram o 1° Informativo do

Encontro de 2011, em Ibicaré, contendo fotos co-loridas do antigo seminário e da ponte sobre o rio do Peixe com alguns colegas sentados sobre ela e, também da lista com os nomes, telefones, e-mails e endereços dos colegas que já haviam sido localizados ou não. Através dessa lista consegui, antes do Encontro, me comunicar com alguns, tais como Vilmar Daleffe, Antonio Valmor Junckes, Rozalindo Paese e Ângelo Garbossa Neto. Foi uma grata satisfação o Encontro do dia 15 de abril com vocês da Diretoria, os colegas já referidos e com o Jercy Maccari, Marco Rossoni, Valdir Pagnoncelli, Moacir Dacorégio e outros mais que, por serem de turmas anteriores ou posteriores à minha, pude conhecê-los no dia. Dos que vieram de São Paulo, reconheci imediatamente, o Paraíba. Outros dois me reconheceram, um que participou comigo das aulas de violão com o padre Gusmão e outro que logo foi me exibindo a foto de um passeio que nossa turma havia feito à fazenda da condessa Renata Crespi, quando de nossa formatura do ter-ceiro clássico. Um agradecimento todo especial ao Arlindo Giacomelli, nosso professor de Latim, que também esteve presente e fez uma memorável refl exão no decorrer da missa. Antes do Encontro fi z uma ligação para o Vanderlei dos Reis Ribeiro, pensando que fosse um ex-colega de Pirassunun-ga, mas não era. Disse-me ele que fora padre, que iria a esse Encontro e tive grande prazer em conhecê-lo. Um agradecimento muito sincero aos organizadores desse evento, Mardula, Dall’Acqua e Pivetta, que nos proporcionaram um Encontro repleto de tantas lembranças saudáveis.

(a) Alfredo Martins de [email protected]

Não nos conhecemos pessoalmen-te, mas basta a indicação de alguém para que já nos consideremos amigos. Amigo, tenho uma vontade imensa de participar desse Encontro em Ibicaré,

mas como já falei ao Maccari, desta vez é total-mente impossível. Cada vez mais tenho vontade de rever os antigos companheiros de seminário. Com certeza, todos fi caram mais velhos ah ..ah ..ah ! Agradeço sua atenção e consideração comi-go. Quero que transmita minhas recomendações a todos que passarem por aí com destino a Ibicaré.

(a) Amilcar Turin [email protected]

Quando John Lennon chegou ao fi m de sua missão aqui no planeta, seus companheiros da banda (Paul, Ringo, and George) diziam entre si: “Ele saiu para dar uma volta”. Sua presença no

grupo era tão marcante que não queriam acreditar noutra coisa. Com meu amigo, ex-colega de se-minário e compadre, Benedito Bebiano Ribeiro, a sensação é a mesma. Uma realidade indiscutível, aliás, a mais real, mais forte e que jamais iremos aceitar. Só o tempo. “Saiu para dar uma volta”, “foi fazer uma viagem para bem longe”, “mudou-se para uma terra distante”. São os amortecedo-res que usamos para mitigar a dor da separação das pessoas que queremos perto de nós. Perde-mos muito com a sua partida. Pelo menos, quem conviveu, quem teve a felicidade de estar com ele, como eu, desde os dez anos de idade no Instituto Padre Nicolau. Lá, a gente era feliz e não sabia. Sempre muito alegre, uma alegria quase infantil que deixava a gente à vontade. Sua simplicida-de, qualidade dos grandes homens era sempre um imã. Atraía mesmo e a gente se sentia bem. Sua

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religiosidade vivida plena e conscientemente era um exemplo para todos nós. Formado em Teolo-gia, adorava estudar a religião e me segredava ter em mãos a Summa Teológica de Santo Tomás de Aquino em Latim. Lembro-me de uma frase que o nosso diretor do seminário de Pirassununga, Pa-dre Antonio Vermim disse certa vez por ocasião da partida do padre Antonio Van Es: “Partir c’est mourir um peu; mourir c’est partir toujours” . As-sim é a vida. Hoje estamos aqui. Amanhã “saímos para dar um volta” .

(a) Nilson Lélio Siqueira de Andrade

Li o Inter-Ex do mês de março que baixei da Internet e gostei muito. Fui seminarista MSC da pró-província do Rio de Janeiro por seis anos. Em 1999, fi z o noviciado na Escola Apostólica de

Pirassununga e tive como mestre o padre Hum-berto Capobianco. Quando ainda era noviço, tive oportunidade de participar de um Encontro de ex-alunos MSC. Gostei muito de conhecer esses ho-mens e essas famílias tão fraternas. Agora tam-bém sou ex-aluno MSC. Atualmente moro no sul do Pará com minha família. Quem sabe um dia me faça presente nesses Encontros.

(a) Rômulo França [email protected]

Recebi o Inter-Ex alguns dias de-pois. Estou idealizando algo para es-crever. Será uma homenagem ao meu mestre. meu amigo e meu irmão, o

saudoso padre Sebastião Xavier Peres. Em breve mandarei.

(a) Hélio Ampoliniheliohf@hotmail,com

Embora estando vivendo a expecta-tiva deste Encontro desde o início do ano, tive um imprevisto profi ssional e não poderei ir. Fiquei muito chateado, mas acredito que nos próximos con-seguirei estar presente, em Pirassu-

nunga, Itajubá ou em qualquer outro lugar. Tinha intenção de, caso fosse ao Encontro, propor que todos atualizassem seus endereços de e-mail para irmos gradativamente criando uma comunidade virtual para nos mantermos em contato perma-nente. Aí, um vai passando pro outro e a coisa vai crescendo. Tendo oportunidade, transmita meu abraço fraterno a todos que estiverem presentes.

(a) José Gomes Alves Correa (Pagé)[email protected]

Recebi o Boletim Informativo dos ex-alunos MSC relativo ao mês de julho de 2011. Gostei do conteúdo que me fez relembrar muitos fatos da época.

(a) Irinor Pedrinho [email protected]

Minha presença em Pira não se com-para às suas, pois freqüentei poucas reu-niões lá, mas concordo com você: esta reunião foi muito boa. Gostei muito de ter pernoitado no sítio. A noitada lá é mara-

vilhosa. O Cachoeira comandando a grelha com sua bonomia e simplicidade e aquelas pessoas todas de coração leve, cantando, rindo, lembrando, pegando no pé. Não tem o que pague isso. E a noitada com o Pedro Grisa foi fantástica. Todos que quiseram per-guntaram de tudo, inclusive tentando enrolá-lo ou pegá-lo em contradição. E o Pedro, com tranqüili-dade e segurança, respondeu a todos. Claro que as dúvidas são pessoais e podem ter permanecido. Mas foram quatro horas de muito proveito para todos.

(a) Marco Rossoni F°[email protected]

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Foi meu primeiro encontro em Pirassununga, e para mim uma experiência muito boa em rever os colegas de seminário. Foi muito bom e demos muita risada contando fatos que marcaram muitos momen-tos alegres e tristes, todos muito gostosos de relem-brar. Gostaria que mais colegas da década de oitenta estivessem lá, mas tudo bem. Vamos nos esforçar para que, em Itajubá, isso seja possível e que esse número aumente. Agradeço muito a recepção dada pelos colegas de décadas anteriores e espero que, cada vez mais, isso aconteça. Meu agradecimento muito especial ao colega e amigo Natanael Ribeiro de Campos, diretor regional do Vale do Paraíba que, por muitas e muitas vezes, me convidou e só desta vez compareci. Valeu! Muito obrigado pelo passeio, pelo encontro e por tantos momentos felizes.

(a) Luiz Carlos [email protected]

1. Irei participar do Encontro de Pi-rassununga. Recebi o Inter-Ex de julho e pude apreciar mais uma vez a foto do antigo seminário de Ibicaré com a linda paisagem que a cerca. Li os textos dos

redatores e pude compartilhar um pouco os bons momentos de suas vivências junto ao seminário por onde passaram. Pude rever ainda mais uma vez as boas fotos tiradas com os colegas em Ibica-ré. Em relação à foto de fl . 21, reconheci o Vander-lei. Quando cheguei a Pira, em 1965, fui eleito líder da classe e ele foi eleito em 1966. Reconheci o Mó-dena, o Pavão, o João Antonio e o Leonel. Na fl .22 consegui relembrar os momentos agradáveis que a gente passou no sítio durante alguns passeios que se fazia e até algumas férias que se passou lá. Na foto de fl .23 identifi quei alguns padres que foram meus professores, os padres Humberto Capobian-co, Afonso Bertazzi, Amadeu Gusmão, Luiz Gardi-nal, Lamberto Prins, Durval Chechinatto, Agenor

Cardim e Irineu Benneman. Um grande abraço de quem muito admira o seu trabalho como presiden-te da Associação dos ex-alunos MSC.

(a) Alfredo [email protected]

Quanto à renovação de responsa-bilidades em nossa Associação, acho pertinentes esses contatos prévios. É bom que outros conheçam o desafi o de dirigir uma associação como a nos-

sa. Para os que se dedicam como você, de corpo e alma, pouca diferença faz estar ou não na pre-sidência; é o que penso, pois, enquanto Deus der a força necessária, você e outros como você con-tinuarão sendo o sustentáculo da nossa entidade, como sempre foram. Gostaria de parabenizar e agradecer aos incógnitos que, sem aparecerem, deram o suporte à realização do Encontro. Quanto trabalho! Cozinha, missa, churrasco, leilão e mui-ta coisa mais para que tudo desse certo. Pelo que ouvi de avaliações, a idéia de centralizar os mo-mentos de convivência naquele espaço do almoço, foi excelente. E assim as coisas caminham.

(a) Walter Figueirdo deSouzawalter.fi [email protected]

Já estão disponíveis em meus álbuns no provedor UOL as fotos que tirei no encontro de Ibicaré, bem como as que eu tirei em encontros anteriores. O en-dereço é: http://dacoregio.fotos.uol.

com.br Caso alguém deseje algumas em maior re-solução pode me solicitar por e-mail especifi cando-as, que eu encaminharei diretamente. Todas podem ser copiadas e utilizadas como desejarem.

(a) Moacir C. [email protected]

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Mais uma vez, o Encontro de agos-to na Escola Apostólica foi emocio-nante. Depois de longa série de en-contros, o sexagésimo quinto, coisa admirável é ver que os laços de in-tensa fraternidade perduram nos co-

rações dos “companheiros de um sonho comum”. A visita ao cemitério dos MSC foi importante mo-mento de refl exão e prece. Novas lápides atestam o mistério da nossa frágil existência, lembrando o velho relógio na escadaria da Escola: “vulnerant omnes, ultima necat”. Ao lado das humildes se-pulturas daqueles professores e religiosos amigos, cantamos com esperança cristã: “Peregrinos nós somos aqui, construindo morada no céu”. A mu-dança do almoço para o salão da comunidade local foi o ponto alto desse Encontro. Esse novo am-biente, que perdurou por todo o sábado, facilitou uma melhor aproximação de todos e as projeções e fotos fi zeram reviver o passado. A assembléia no salão nobre, as palavras do novo Provincial, as no-tícias sobre as obras da Congregação, o rico tes-temunho de vários colegas, tudo concorreu para o coroamento desse belo dia repleto de atividades. O domingo no sítio não deixou por menos. De tudo isso, levamos belas lembranças e a expectativa de um novo encontro

(a) Rubens Dias Maia

Realmente, o último Encontro em Pirassununga foi, mais uma vez, bri-lhante. A idéia de promover um lei-lão de prendas, ao que se percebeu, causou grande disputa entre os co-

legas. E que disputa saudável foi aquela! Basta lembrar que um “chapéu Panamá”, que custa no

mercado R$ 100,00, acabou sendo arrematado por R$ l.200,00. Parece que estávamos voltando aos tempos dos saudosos leilões nas capelas ru-rais de que, diga-se de passagem, a maioria de nós chegou a participar. O senhor Luiz, o Belezu-ra, com sua classe leiloeira, e sua forma descon-traída, alegre e divertida, foi um show a parte. E aquele chapéu, sem dúvida, entrou para a estória. Pena que tais Encontros aconteçam apenas uma vez por ano. Já estamos ansiosos pelo próximo.

(a) Antonio Carlos [email protected]

Os nossos encontros, eles todos, têm o seu encanto por este ou por aquele contexto, por algum momento peculiar ou por algum toque específi -co. O encontro de Pirassununga con-ta, todavia, com um atrativo especial.

Dele desprende um doce aroma de saudade e de alegria que me aquece o coração e me perfuma a existência ao longo de meus oitenta e sete anos. O encantamento do encontro de Pirassununga as-senta-se no fato de ele ser o berço da Associação dos ex-alunos e, desde então, vivemos embala-dos pela canção da partilha do pão, da convivên-cia amiga, da solidariedade. O estreitamento dos laços fraternos sempre foi a tônica de todos esses encontros.. Tais laços podem afrouxar-se no an-dar do tempo e urge, então, reforçá-los porque eles são a razão de ser – a ratio essendi – da As-sociação. Louvável foi, pois, a proposta do nosso presidente de congregar a turma toda, no almoço de sábado, no salão da comunidade local.

(a) Antonio Henriques

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Para ir a Pirassununga pulamos cedo e nos embrenhamos no escuro da madrugada fria do dia 26. Apanha-mos dois caroneiros (Rossoni e Car-los Alberto) e seguimos ao sabor do vento norte. Amanhecia quando pisa-

mos em terras bandeirantes. Ao meio dia já nos encontrávamos na mansão do Paese, incomodando e abraçando a ele e a Édina. Lá já se encontravam o Frigo, o Menegussi, o Ferron, o Chechinato e es-posa e o Gomes. Mas nada do Bedin. Cadê o dito cujo? Fez falta ... Enquanto colocávamos as verda-des e mentiras em dia, bebericamos os refi nados vinhos caseiros das marcas “Sans-souci” e “Ludus Primus”. Refeitas as energias mediante o lauto re-pasto que nos foi fi dalgamente servido, seguimos viagem. À noite, participamos de uma rodada de pizza patrocinada pelo Chechinato. No sábado o reencontro foi sensacional. O almoço, então, uma delícia. A cozinheira-chefe, com certeza, tem des-cendência italiana. O fato de o almoço acontecer no próprio seminário, foi mais um fator de união. Para-béns pelo almoço de domingo. Simplesmente sen-sacional o saboroso churrasco fogo-de-chão à moda do sul (conhecido aqui por “costela-dois-fogo”). Não vi nem ouvi ninguém reclamar. A leitura do magistral livro de poesias do Pedro Grisa lembrou-me Goethe em “Os sofrimentos do Jovem Werther” e, por isso, não me fez muito bem. Desculpa a sinceridade, Dou-tor, Nesse livro versejaste mais para ti próprio do que para o mundo! Ab imo pectore.

Antonio Valmor [email protected]

É com imensa alegria que acabo de ouvir a leitura de seu e-mail, na quali-dade de Presidente da Associação dos ex-Alunos MSC, referindo-se à instala-ção da Regional Curitiba, no dia 25 de setembro de 2011. Essa informação já

havia obtido no nosso encontro de Pirassununga, contudo, conferindo meu calendário de atividades, já havia comentado com Arlindo Giacomelli que, dessa vez, eu não poderia me fazer presente. Não recordo se o Arlindo irá participar e, se ele for, esta-rei enviando ao menos dois brindes para serem sor-teados, como de costume. Conte sempre comigo. Já agendei minha participação na Regional de Ibicaré e, para o próximo de Curitiba, estarei agendando em meu calendário, tão logo tenha a informação da data. Desejo todo sucesso a essa grande iniciativa dessa Presidência. Um abraço in corde Jesu

(a) Pedro A. [email protected]

Que bela notícia! Muito interessante. Para mim, isso só pode ser iniciativa sua como Presidente. Creio que pode haver uma quantidade razoável de ex-alunos MSC, para a criação dessa Regional/

Curitiba. Fico muito curioso, no bom sentido, de conhecer o perfi l de ex-alunos MSC oriundos de se-minários dirigidos por padres belgas.

(a) João Costa [email protected]

Pira/2011Pira/2011Meu estimado e respeitado Rai-

mundo SantanaEscusado dizer algo a respeito de

seu artigo sobre o padre Adriano van Iersel. Você o retratou com perfei-

ção. Tenho orgulho de poder tê-lo conhecido um dia e, mais ainda, poder ter convivido com ele por pouco tempo, sim, mas que valeu uma vida toda. Ele passou por este mundo a exemplo do Cristo, fazendo o bem, mas não fez milagres. Como Tere-sa de Lisieux, a vida dele foi um milagre de sim-plicidade e bondade. Pelo visto, nós dois estamos no mesmo barco, e remando contra a correnteza. Nosso mestre, o Sombra, está em nossos calca-nhares. Isto, porém, é privilégio de poucos. Mas não se deixe abater. Faça como eu que, para me consolar, fui procurar refúgio em Pompéia, a fi m de aprender a conviver com o Vesúvio ameaçador. Lá, fui direto àquela famosa casa de um nobre pompeiano, em cujo solar de entrada está a famo-sa advertência latina: Cane Canem.

(a) Monello Biondo INTER EX Novembro/2011

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om relação ao questionamento do Geraldo Paiva sobre o texto “Meu Noviciado- Continu-

ação”, cabe-me prestar alguns esclarecimentos.Antes de mais nada, devo dizer que, infeliz-

mente, não conheço o Geraldo pessoalmente, mas conheço-o de nome e de fama desde a década de 1950, nos meus tempos de IPN, onde sempre fui seu fã de carteirinha e de onde sempre acom-panhei sua brilhante trajetória na Congregação dos MSC, quer no Escolasticado em Vila Formosa, quer na Europa. Cheguei até a ler, tempos atrás, um livro dele - “A Religião dos Cientistas” e um outro, por indicação dele ,- “Modernidade e Cris-tianismo”, de Antoine Vergote (ambos das Edições Loyola). Se eu tivesse continuado na Congrega-ção, ele teria sido, certamente, meu mestre. E é assim que o considero hoje.

Feito o preâmbulo, vamos aos fatos.No fi m de 2009, instado por alguns amigos a re-

latar a pior fase de minha vida, não tive dúvidas e escrevi um texto “Ano de 1961”, que constou (pá-ginas 89/97) de um livro meu “Do Meu Velho Baú: Tralhas em Verso e Prosa”, publicado em Buenos Aires em maio de 2010, ou seja, um texto relati-

Questionamento sobre o texto “Meu noviciado”

Continuação

vamente grande visando a um público leitor bas-tante heterogêneo, até de outra língua, tendo por tema o sofrimento de um noviço (aliás um tema recorrente na literatura universal). Não foi, pois, um texto escrito especifi camente para a Revista Inter-Ex. Na época, havia até pensado em usar uma expressão de Bernanos como título :”Hemor-ragia da Alma”, mas achei o título muito pesado e acabei adotando algo mais leve e abrangente: “Ano de 1961”, texto que contém apenas uma foto (os sete noviços de 1961). A Revista Inter-Ex, no fi nal de 2010, presenteada com um exemplar do livro e, creio eu, tendo gostado do relato, resolveu publicá-lo. Por questão de espaço, publicou-o em duas partes: “Meu Noviciado” e “Meu Noviciado, Continuação”. O texto, repito, tem por tema a dor de um noviço. Há, sim, a subjetividade do autor ao compor um quadro medonho, num verdadeiro pego de amarguras e fragilidades (como “O Grito”, de Edvard Munch, “um grito infi nito atravessando a natureza”) em que se cristalizam vários elemen-tos, como o casarão enorme para apenas alguns noviços (que, numa dizimação maluca vão rarean-do a cada semana ), o silêncio monacal, as muitas

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Raimundo José Santana (54-61)

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meditações, a sobrecarga das várias tarefas manu-ais, as muitas orações, a solidão, a terrível insônia, o Pe. Mestre. Esse o quadro. Esse o fato. O texto não foi escrito originalmente para denegrir a ima-gem de ninguém. Cada ex-noviço, cada ex-padre, cada batina (como bem o disse o Gino Crês) tem sua história. O Pe. Mestre, nesse “Ano de 1961” entra na minha história, mas é apenas um dos ele-mentos componentes desse quadro sombrio tan-to assim que, no conjunto, não desperta maiores atenções em leitores fora do Círculo MSC, como, por exemplo, se pode ver nesta correspondência recebida de um leitor de Buenos Aires:

Hola Raimundo:Hace unas semanas, Carina nos regaló su Libro

y me puse a leerlo. Los versos no los entiendo mucho, pero la prosa me interesó y leí todo. Me resultó muy interesante. Es como un repaso de lo que ha vivido con tanta intensidad.

Le agradezco mucho que se haya tomado el tra-bajo de juntar todos los recuerdos de su vida y los haya publicado para que otros como yo, pudiéra-mos disfrutarlos.

Espero que se encuentre bién y lo saludo muy afectuosamente

Sieghard Froehlich

Folgo em saber que o Pe. Seelen mudou depois do Concílio. Se meu noviciado tivesse ocorrido anos mais tarde, quem sabe, eu teria encontrado o amigo que buscara tanto em 1961 e que, infeliz-mente, nunca encontrei. O seu “aggiornamento” chegou – que pena! - tarde demais para mim.

Quanto às referências à exposição do Pe. José R. Bertazi, na pág. 5, tenho uma pequena dúvida: em nossa época, para diferenciar os dois Padres Adrianos, atribuía-se o epíteto “velho” ao Padre Adriano Van Iersel.

Sobre o piano e as músicas de Chopin explico-me agora:

Na época, comentava-se, à puridade, entre os noviços, que o Pe. Seelen tocava Chopin, num pia-no de cauda, em seu quarto, quando nós já nos achávamos recolhidos em nossas celas. Como não tínhamos acesso a muitos lugares da Casa, nunca víramos esse tal piano. Ao tratar o assunto creio

que fui indevidamente preciso demais colocando o piano de cauda no quarto do Padre; deveria ter sido devidamente impreciso, pois o piano poderia estar ou no quarto, ou numa sala apropriada, ou na sala de recreio dos Padres, ou num cantinho no fundo de algum corredor. Mas, como vivo “desde sempre” com a lanterninha de Diógenes procurando...pro-curando... acabei indo , num sábado desses, até Itapetininga para tentar esclarecer os fatos.

Saí mais confuso do que quando lá cheguei, pois, embora tenham sido tão receptivos e cari-nhosos comigo, os Padres José Maria Pinto e Luiz Bertazi não tinham elementos sufi cientes para me esclarecer o “imbróglio”. Gentilmente pedi ao Pe. Luiz Bertazi que me levasse até a casa de uma an-tiga camareira do Seminário, Dona Zulmira. Esta já bem velhinha, disse a mim e ao Pe. Luiz que, no seu tempo (não soube precisar quando foi) chegou a ver um piano de cauda encostado num quarto ocupado pelo nosso querido Pe. Mauro Pas-quarelli, hoje monge na Holanda. Chegando a São Paulo, quis confi rmar essa história com o dileto amigo João Costa Pinto. E agora, sim, ele matou a charada: ele chegou, em sua época, 1960, a tocar nesse piano; só que, segundo ele, não era um pia-no de cauda, como se dizia. Era um piano novo, grande, bonito e de muito bom som, diferente do piano da sala dos noviços e estava numa sala no fundo de um corredor à qual não tínhamos aces-so. Eu acabei vendendo o peixe como o comprei. Penitencio-me por tudo isso! “Delicto doleo!”

No tocante às músicas, voltei a escarafunchar de novo, lá no fundinho de meu bestunto ( já se passaram cinqüenta anos), mas posso afi r-mar com segurança ao Mestre Geraldo que o Pe. Adriano Seelen tocava Chopin, sim, sobretudo a 7ª. Valsa em Dó Sustenido Menor, Opus 64, n. 2, música de que me lembro bem, pois, quando saí do Noviciado, depois de ter recuperado meu eixo, quis tocá-la, titilando de desejos de um dia, quem sabe, vir a ser, na vida, um novo Rubins-tein. Ledo engano, irrefragavelmente, dei com os burros n´água... nunca consegui nem de longe ...nem em sonho... chegar perto da possibilida-de de ser um músico fracassado... e acabei sendo um reles bancário.

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• Lendo a última edição recebida, parece que o Inter-Ex virou sulista. Só fala de Ibicaré, só mos-tra fotos de Ibicaré, só elogia o encontro de Ibica-ré. E os outros, como fi cam? Será que o redator-chefe não está levando algum? Olhando a foto do “Ibicaré nos abraçou”, parece que só o Daleffe não envelheceu. Será que ele pinta?

• Olha, Giacomelli, você diz que o Ricardo Pa-

glia (quando ainda não era Dom) cedeu sua cama quentinha para o carona, e passou a noite cochi-lando no banco duro de segunda classe do trem. Desde aquele tempo de seminarista adolescente, já mostrava um coração caridoso e de muito amor pelos mais fracos. Tinha mesmo que ser Bispo mais tarde, concorda?

• Junkes, se eu tivesse vivido em pensão mixu-ruca em tempos idos, com essa sua fi gura tão len-dária, já teria depenado a sua barbicha. Você vem abusando da parafernália de vocábulos, (a gente é obrigado a ler com o Aurélio do lado), enfeita muito e transmite pouco; vá direto ao assunto! Isso cansa!

Rossoni, eu concordo com você quanto ao “di-reito de não ler” porque tem gente que manda para o Inter-Ex textos que são uma tortura para se ler e que só interessam a ele, autor. Daí, pego no pé mesmo, o papel está muito caro!

Raimundo Santana, encurta um pouco, cara! Meu neto falou: “vô, não agüento mais ler... posso deixar um pouco”? Desta vez vou tolerar porque eu também queria ter tido um avô como esse que você adotou. Pela foto já se vê que ele tem cara de avô e... dos bons!

• Olha, Wolf, lá naquele tal “Ponto Chic”, depois de uma cerveja, mais uma e muitas outras, to-das as mágoas são esquecidas. Foi assim, não foi?

• João Costa, seu panorama de notícias está muito bom, continue. É o que todo mundo tinha de fazer: curto, claro e direto ao assunto.

• Claudio Carlos – Também por aqui nas ses-sões literárias, existiu a Academia Pio XI, mas eu nunca ganhei mais que um mísero “laudatur”.

• Fiquei com muita pena do maestro na história do Antonelli. Coitado do padre Alofs; tanto esforço pra nada! A verdade é que a molecada não queria saber de cantar no cemitério com medo de alma penada.

O SombraEx de Ibicaré

• Afonso Peres – Não entendi o motivo de não querer mais ouvir as rolinhas, sanhaços e bem-te-vis, essas belas jóias da natureza. Precisa apren-der ecologia, rapaz!

• Gino - Parabéns pela foto histórica! Consiga outras.

Parece que estou conseguindo acalmar a fúria do Lupo da Gubio; já não range tanto os dentes. Vai, então, meu conselho: não menospreze a prece do Irmão Forgeron, quando, piedosamente, murmura-va: “Eu também estive lá, aleluia, aleluia!”. Pra que Latim, se ele, quase em êxtase, orava com tanta fé?

• Maziviero – O seu “Embromation” colocou bem o padre Antonio Gusmão no ensino da mú-sica, instrumentos e canto. Pena que, na época, não dávamos o devido valor. Você pode ter sido desafi nado no coral, mas, como cronista, merece os parabéns. Continue que estou gostando!

• Acho que também o Walter Figueiredo, como bom e autêntico mineiro, só freqüenta igreja pra fi ngir piedade, e só se ajoelha pra melhor ver as pernas da viúva, como bem o descreveu Frei Beto. É ou não é, uai!

• Padre Humberto está com a aparência mais jo-vem que a maioria dos meninos seus antigos alunos. Precisamos descobrir a fórmula. Será que ele dá?

• Está se tornando tradição o almoço na mansão do Paese, antes de cada encontro em Pirassununga. Diz que aprendeu na Europa. Que chic! Como ele também tem um sítio onde cria cabritos, ainda não provamos uma “buchada”. Quem sabe no próximo!

• Parabéns aos cozinheiros que prepararam o ótimo almoço em Pira. Depois de irem por duas vezes a Ibicaré, já estão aprendendo a fazer “chur-rasco de ripa e costela no fogo-de-chão”...maravi-lha, tchê, como diz o Maccari! É só pó isso que eles gostam de ir ao sul.

• Ferrarezzi - E aquela pinguinha de 20 anos no porta-malas? Qual é a sua? E nóis ...?

• O Baiano (José Carlos Ferreira) fabrica vas-souras, mas se seu bigodão continuar a crescer desse jeito, espera logo encerrar a empresa.

Muita coisa mais eu poderia dizer, mas nosso redator-chefe também não gosta de textos muito longos, então, ... até mais.

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EntrevistaVilmar Daleffe

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omo sempre, faço a entrevista em forma de narrativa, após obter as respostas das per-

guntas formuladas.Ernesto Schaffrath nasceu em Ibicaré-SC.

Aos onze anos (1953), deu entrada no semi-nário local que ainda funcionava num barracão de madeira, onde permaneceu por três anos, concluindo o curso primário. A seguir, foi para Pirassununga, onde fi cou por seis anos, saindo em 1961, ao fi nal do curso Clássico, quando era Superior o padre Antonio Gusmão. Perguntado o motivo por que saiu, diz que houve um de-sentendimento com o Superior. O certo é que ele, juntamente com George Brunetta e Bene-dito Coldibelli formavam um triunvirato de cria-dores de caso e estavam sempre na mira do pa-dre Gusmão. Quando este resolveu mandá-los para casa, determinou que se recolhessem na enfermaria, local onde eram escondidos todos os expulsos para que não mais tivessem contato com os demais seminaristas. Dois obedeceram à ordem, mas ele não. Entrou em discussão com o Superior, dizendo que só sairia com o certi-fi cado de conclusão do Clássico na mão, para poder entrar numa Faculdade. Estranho, não? Revoltado, bravo, gênio ruim? Herança pater-na? Explica-se: Seu pai fora soldado das tropas alemãs na Primeira Grande Guerra (1914-1918) e chegou a ser convocado também para a Se-gunda (1939-1945) por ordem de Hitler porque se destacara com bravura na primeira. Embora ofi cialmente convocado, desertou e fugiu para o Brasil. Ernesto deve ter herdado dele o quen-te sangue germânico, a bravura, o pavio curto e a incapacidade de engolir sapo. O que conto a seguir é simplesmente inacreditável: Ernesto possuía uma Bereta, calibre 22 de 2 canos, dor-mia com ela embaixo do travesseiro e carregava no bolso. Nunca padre algum apreendeu essa arma e o padre Gusmão elogiava sua pontaria quando atirava em passarinhos no sítio. Além dessa Bereta, possuía também uma espingarda Winchester. Isso hoje no seminário seria o fi m do mundo, além de crime.

Mesmo assim, ainda achava que tinha vocação para o sacerdócio. Entrou no seminário diocesano de Palmas e um ano depois, seguiu para o Semi-nário Maior de Curitiba onde permaneceu por dois anos, saindo antes de concluir a Filosofi a. Entrou na Universidade Federal e, em 1979, formou-se em Filosofi a, Psicologia e Sociologia, pensando

seguir o magistério nessas áreas. Mas, estávamos na época da Ditadura e foi emitido o AI 5, que proibiu o ensino dessas áreas nas escolas secun-dárias. Sem outra opção, optou por um curso de Matemática em uma Faculdade de Ponta Grossa e, como professor dessa área, trabalhou até se aposentar. Ernesto, hoje, é produtor rural bem su-cedido em Marmeleiro, onde cultiva soja, milho e produz leite.

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40 anos depois VIIAntonio Valmor Junkes (58-64)

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a cerimônia que se realiza, anualmente, no cemitério de Pirassununga, num hábito anual

que se perpetua, acostumei-me a passar uma lu-tuosa revista nas tumbas ali existentes. Os nomes talhados nas pedras das lápides fazem-me recor-dar histórias. Mentalizo rostos, alegres alguns, outros sérios, com parecença de mal-humorados, mas a maioria deles, sisudos, cônscios, com-penetrados. Entrevejo jeitos peculiares de ser, singulares gestos e trejeitos, gingas incomuns, passos em falso, timbres de vozes, cacoetes eng-raçados... Afl oram-me indeléveis lembranças, no brumoso nevoeiro indefectível do tempo, de uma infância não usufrutuada e de uma pubescência tida, mas não vivida.

Olho aqui, e espiritualmente encontro, no des-canso eterno, o Padre Agenor, o meu primeiro professor de Latim, aquele que batia com um sarrafo na cabeça da gente se as declinações lhe soassem tortuosamente incorretas, em misturas inaceitáveis de nominativos, genitivos, dativos, vocativos e ablativos. E os pronomes relativos ‘qui, quae, quod’? Tão difícil de compreendê-los, e quão impossível de entendê-los!

Continuo andando, devagar, com a alma incha-

da de saudades e, mais à frente, enxergo o rosto redondo do Padre Amadeu que, nas tardes das quartas-feiras dos idos de 1959, jogava futebol conosco, no campo do Bennemann, torcia escan-caradamente pro Santos(ou seria para outro?), e premiava, com uma barrinha de chocolate o su-peraluno corajoso que, nos mais rigorosos dias de invernia, se arrojasse por primeiro nas frientas águas do Rio São Bento, nadasse até a confl uência das águas do São Bento e do Rio do Peixe, esca-lasse aquela famosa e inolvidável pedra pontuda e, de cima dela, se apinchasse num espetacular pontaço, ponta-cabeça, retornando, num mergul-ho só, para receber o justo galardão, naquelas tar des inesquecíveis do regélido inverno ibicareense.

Mais além, eis que revejo o semblante nobre do Padre Tiago que, certa feita, na sala de estudos, chegou de mansinho, traiçoeiramente, até hoje não sei o porquê, e pespegou-me a mão no ouvi-do com tanta força que eu caí, e rolei, atordoado. E foi ele próprio que, quando viu a conseqüência daquela tapa, levantou-me do chão, conduziu-me à enfermaria, e me entregou aos cuidados do Ir-mão Pedro, sem dar qualquer explicação. O Irmão Pedro, naturalmente, quis saber o motivo de eu

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estar ali, e extorquiu de mim os fatos que eu, in-genuamente, relatei. Lembro-me de ter ouvido do Irmão enfermeiro um incontido e sonoro ‘Pot Far Doma!’, seguido de um portentoso ‘Pot Far Dick!’, ou coisa que o valha, que me fi zeram deduzir que ele não concordara com o comportamento do padre.

E foi assim que, alumiado por luz tênue de do-ridas lembranças, cheguei à derradeira morada do Padre Germano, aquele que interveio, intensa e profundamente, nos modos de ser, sentir e viver, não só meus, mas de todos que passaram por Ibi-caré, e foram obrigados a subjugar-se à lei mar-cial e truculenta, imposta nos quatro anos em que com ele convivi, lá em Ibicaré, onde foi Diretor. Qual fantasma, embrumado em espessa e cinzenta névoa de incertezas, pareceu-me vê-lo, ali mesmo, alto, magro e esguio, naquela inseparável e puída batina preta, sovada que dava dó. Rosto comprido, orelhas coladas à cabeça assentada sobre ombros estreitos, cabelos crespos alourados, nunca lhe vi um sorriso nas faces d e argutos olhos miúdos, num cenho permanentemente carregado de singu-lar astúcia, preparado sempre para apanhar de sur-presa algum incauto fautor de ilícitos, cujo mínimo deslize redundava na perda da refeição seguinte. Ele passava a vida assentado naquele tablado ex-istente no canto direito da sala de estudos, dis-simulando, vez por outra, o olhar que, de soslaio, repassava pelo ambiente, ameaçante qual um raio de procela em tarde de estio. Fingindo que lia com avidez, fumava desesperadamente. E quando er-guia a cabeça e fi xava os olhos azuis numa direção, aparecia de imediato a vítima, fi sgada em algum cochicho inaceitável, fl agrada em sono inescondível ou, simplesmente, cometendo o imperdoável ilícito de estar ali embalde, bocejando descuidosamente ou mirando moscas ascorosas voejando no espaço indefi nido, e irreal, e imaginário da fantasia, em vez de cuidar dos estudos, reputados como o iní-cio, o meio e o fi m do catecumenato eclesiástico. O julgamento era s umário. O decisum, unilateral, ao arrepio de qualquer defesa, sem direito nem mes-mo de retorquir, quanto mais de contestar. A pena transitava em julgado no ato da prolação da senten-ça e, por isso mesmo, não se comutava, não tinha caráter diminuente, nem qualquer benefício atenu-ante e, muito menos ainda, admitia remitências. Às vezes, ele aproveitava os recreios e, andando ligeiro, rezava, lendo no breviário, cotidiano e ob-rigatório, mas não sem cuidar de espiar, mesmo de viés, as atitudes das adjacências. Tirantes dois ou três alunos puxa-sacos, e que eram evitados pelos demais por serem dedos-duros, ninguém se atrevia a entregar-lhe algum segredo, mesmo com a ga-rantia da inviolabilidade sacramental da confi ssão auricular. Quando rezava a missa das dez, aos do-mingos, na igreja matriz de Ibicaré, sua homilia vergastava minha alma, quedava-me triste ante a pungência dos termos enérgicos dos quais se uti-lizava p ara incutir nos fi éis que o ouviam o pavor do inferno. Não participava de jogos. Via-o tantas vezes com seu ‘radinho’ de pilha ao ouvido, atento a jogos de futebol(gostaria de saber, hoje, para qual time ele torcia). E foi ao redor desse radinho de pil-ha que nos reunimos quando o Brasil conquistou o

bicampeonato de futebol, em 1962. O som escabro e amarfanhado ia e voltava, machucando os ouvi-dos. Quando ia, espichávamos os pescoços, à cata de um grito de gol. Quando os chiados voltavam, mesmo insonoros, era um sossego. Lembro-me de que ele criticou acerbamente o jogador tcheco que tirou o Pelé da copa. Mas nem mesmo os gols do substituto de Pelé, o Quarentinha, fi zeram-no ame-açar um sorriso. Nem mesmo a vitória parecia dar-lhe satisfação. Nunca entrou nas águas do Rio São Bento e do Rio do Peixe e fi cava indiferente ante as peripécias daqueles exibidos que permaneciam imersos por tempo indefi nido e emergiam, faceiro s, cuspindo água vaporosa pelas ventas, e trazendo na mão fechada alguma pedrinha magistralmente catada do fundo do rio. Ficava parado lá na mar-gem, apático, hirto, na quieteza desconfi ada de seu costume, fumando sem parar.

Relatos testemunhais de alguns que, juntamente comigo, participaram da convivência com ele, apon-tam-no frio, e insensível, e embrutecido, e carrasco até. Outros mais têm-no como psicologicamente de-sequilibrado e um, ainda, considerou-o um perigoso psicopata. Num encontro em Pirassununga, tive a oportunidade de falar com o Afonso Bertazzi, ex-padre que, nessa mesma época, foi, em Ibicaré, meu professor de Português, além de meu diretor espiritual, e a quem devo, humildemente, gratidão eterna, e ele deu sua opinião a respeito do Padre Germano, reputando-o íntegro, profundamente honesto, rigoroso cumpridor de suas obrigações e constantemente preocupado com o bem-estar de todos. Não se pode, pois, atribuir a ele o conceito de pecado porque pecar é fazer, deliberadamente, o mal, com a clara intenção de fazer o mal. E, com certeza, não era esse o seu intuito.

Para mim, também, vi-o injusto e cruel, naqueles remotos e saudosos tempos de infância. Hoje, todavia, calejado que estou pelas agruras da sobrevivência, arcado sob inúmeras conseqüên-cias de experiências adquiridas com lágrimas de sangue, vejo-o apenas austero, simplesmente um pai, turrão e sempre triste. No Canon creio que seu nome jamais constará. Contudo, foi funda-mental no propósito de forjadura de homens que cumprem rigorosamente suas obrigações e não seguiram descaminhos. Não consigo, assim, e por isso, ver defeitos nele. Dou graças por tê-lo conhe-cido, e por ter recebido dele uma grande fatia do que sou hoje. Nunca percebi naquele rosto algum sorriso, mas eu sentia nele, e ao redor dele, uma aura luminosa de fé inabalável, inquebrantável na sua essência. Naquela cova rasa daquele cemi-tério, tenho certeza, jazem os restos de alguém que, apesar de tudo e de todos, foi feliz porque viveu a tristeza que queria e, quem sabe, preci-sou, primeiro, morrer aqui para, daí, então, sorrir na eternidade.

Recebe, pois, Padre Germano, minha gratidão atrasada, e embora também tardias, porém sin-ceras, minhas mais profundas e sentidas póstu-mas homenagens. Espero que a paz da eternidade esteja contigo!

Requiescat in pace!

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Encontramos mais um...Carlindo Maziviero (60-71)

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pós anos sem freqüentar as reuniões de ex-alunos e sem deixar vestígios de seu paradei-

ro, mais um colega foi encontrado. Convivemos com ele em Itajubá, Pirassununga e em Campi-nas. Ele fazia parte do núcleo duro de um grupo que mantém até hoje uma sólida relação fraternal de amizade, quer pela longa convivência na mes-ma turma, quer pela proximidade entre as idades. Encontramos o Jose Maria de Aguiar Santana. E graças à internet, comunicamos rapidamente, aos demais colegas do grupo, a descoberta do mos-queteiro desaparecido. Ansiosos, todos queriam marcar um encontro para rever o Zé Maria. Tro-camos inúmeros emails propondo data e local. Havia, como de costume, muitos obstáculos, pois todos tinham seus compromissos de pais, avôs, profi ssionais e até de agenda. Tive que reorgani-zar o meu dolce far niente praiano. Em fi m, mar-cada a data, escolhemos a mansão do Ferrão, em Vinhedo, para o encontro.

Sob um cálido sol invernal, tivemos uma calo-rosa acolhida e mesa farta, regada a vinho de fa-bricação própria. O Ferrão, que já foi animador de platéia de nossa turma, hoje, aparenta ares mais sérios, seja pelas responsabilidades que assumiu nos cargos que exerceu na vida profi ssional, seja pelas responsabilidades da vida familiar. É o uso do cachimbo... Aposentou-se e agora se prepara para ser grande produtor de vinho. Talvez in vino veritas. Confesso que tenho amigos para lembrar quem eu sou. Pois, mesmo que mudem, que reor-ganizem suas vidas, mesmo que não tenham mais nada em comum, amigos parecem ser eternos, quando compartilham as mesmas lembranças e recordações.

Mas, como estaria o Zé Maria? Devia ser a interrogação de todos. Pois, quando nos per-mitimos um reencontro com quem convivemos um dia, percebemos que no nosso íntimo esta pessoa vive como se o tempo não tivesse pas-sado, com o mesmo entusiasmo de outrora, cheia de esperanças, impulsiva e determinada, disposta a conquistar a felicidade. Lembrar-se-ia de mim? Pensava eu. Mercê do tempo decor-rido, era razoável que ele tivesse apenas com uma vaga lembrança de minha apagada pessoa. Talvez, confundindo até com outro colega mais feio. Quando ele chegou, não fosse pela ocasião, eu não o teria reconhecido. Veio acompanhado de um médico e de uma promotora de justiça. Não que demonstrasse algum sinal de decadên-

cia física ou mental; estava acompanhado da fi -lha e do genro. Apresentou-se saudável e bem apessoado, embora fi sicamente, lembrasse pou-co aquele menino esguio, com algumas sardas e brincalhão. Falou pouco e media bem as pa-lavras. Penso que as responsabilidades da vida profi ssional lhe tolheram um pouco os gestos es-pontâneos e ingênuos. O Zé Maria, mais novo da turma e dono do QI mais elevado, ainda mantém um ar de intelectual, porém, sem aqueles tiques nervosos que caracterizam esses espécimes como, limpar inúmeras vezes os óculos ou acari-ciar a barba em sinal de profunda introspecção; ao contrário, continua humilde, inquieto, simpa-tico e a sua paixão parece-me, continua sendo a leitura e agora o vinho. Dedica-se a edição de uma revista para gourmets.

Atento e emocionado, observei as expressões suaves dos demais companheiros que chegavam e vi, no semblante de cada um, a pureza de alma, nobreza da essência e a brandura do coração. O primeiro a chegar, foi o Rui, depois o Clodoaldo, Bauru, Bebé e Douglas. Vinham alegres, barulhen-tos e roliços. Percebe-se que a maioria já dispensa o uso de xampu, mas exibe uma bela barriga, si-nal de que dispõem mais do que necessitam. Fa-zendo chacota da aparência física do outro, cada um podia ver-se no espelho do tempo. Mais ve-lhos, os homens tornam-se perigosamente, mais sensíveis. O coração já cansado se ressente de do-res e de tristezas, que se ampliam com o tempo que passa. Até alegrias devem ser dosadas. Aos poucos, reconciliei-me com minhas emoções e re-encontrei meus sentimentos antigos. Revivi mo-mentos que atravessaram o tempo e despertaram mais que boas lembranças, trouxeram sinais vitais de minha adolescência.

Ao contrário das amizades que temos hoje e que construímos ao longo da vida, estes amigos não precisam ter coisas em comum, como a profi ssão, a situação familiar, o estilo de vida ou a classe so-cial. Temos um pedaço de história em conjunto e é isso que pode e deve ser resgatado.Ao encontrá-los fazemos necessariamente um balanço do que temos vivido! Falamos dos relacionamentos que construímos ou não, do trabalho que exercemos e acabamos nos questionando sobre nosso nível de satisfação com a vida.

Lembramos das situações engraçadas, das his-torias que valem a pena ser lembradas e rimos muito. Valeu à pena!

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SimplicidadeÉzio Munnari (48-60)

endo e relendo “Pe. Adriano van Iersel, meu avô”, da autoria do imbatível Santana, sen-

ti algo de especial dentro de mim: uma saudade imensa daquele “homem” inconfundível. Tive a felicidade de conhecê-lo no Instituto Pe. Nicolau na década de 50, onde ele era professor. Nós, do Escolasticado, estávamos lá de férias. Já o conhe-cia quando dos Retiros Anuais em Pirassununga, mas nunca tive a oportunidade de conversar com ele, ou melhor, de curtir sua presença diretamen-te. Fiquei igualmente pasmo ao saber de quan-do doente, ter sido pego de surpresa, chorando. Simplesmente inacreditável, incompreensível e misterioso, tanto quanto doloroso. “Sou humano, e nada do que é humano me espanta” já dizia o grande Horácio.

Ao chegar das capelas rurais, nos domingos à noite, depois de exercer o seu ministério sacer-dotal nos fi ns de semana, um grupinho de esco-lásticos sentava com ele à mesa para lhe fazer companhia na refeição. Era de se ver o seu apetite desenvolto. Comia prazerosamente e bem mere-cidamente respeitáveis nacos de carne de porco, alguns ovos fritos, arroz com feijão e pão, tam-bém. Apesar do grande guardanapo sobre o peito, sua batina fi cava respingada de fritura e manchas de ovos. Pouco se lhe importava a aparência sui

generis de sua batina toda poluída, com costuras e remendos de sua autoria. Entre uma garfada e outra ele sorria, falava, engolia e bebia. E nós, bebíamos igualmente de suas experiências e nar-rativas. O bom humor regava toda aquela refei-ção, apesar do avançado das horas e do legítimo cansaço. Sua companhia era para nós uma verda-deira epifania, uma revelação da grandiosidade e

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simplicidade daquele homem, baixo de estatura física mas descomunal em sua grandeza interior. Tinha a aparência e a envergadura de um João XXIII, a mesma bondade e sabedoria que os ca-racterizavam. Sofreram ambos da mesma doença para morrer.

Passados alguns anos, ao ser eu nomeado pro-fessor em Pirassununga, novamente deparei-me com essa fi gura gigantesca. De novo exercia ele o magistério naquele seminário, depois de fazê-lo outras tantas vezes. A mesma simplicidade, a mesma energia e uma santidade ainda maior. Grande parte dos confrades o tinha como confes-sor. E sempre, após a derrama das minhas culpas, recebia dele a orientação costumeira antes de me dar a absolvição. De olhos fechados, compene-trado em extremo, sempre me dizia as mesmas palavras: “Meu fi lho, seja bondoso como Deus é bondoso para conosco. Queira bem a todos, per-doe a todos e faça sempre o bem a todos, in-distintamente”. (Tinha eu o hábito de ir ao seu quarto para me confessar. Ajoelhava-me aos pés de sua cadeira e o fazia propositalmente, pois a presença física dele, sem a barreira do confessio-nário, me inspirava mais confi ança e paz). Depois da costumeira advertência e das mesmas suaves penitências de sempre, chegava o momento mais sublime. Permanecendo ainda de olhos fechados, com o semblante transfi gurado, ele pronunciava a fórmula da absolvição, traçando diante do rosto, com a direita, o sinal da cruz, enquanto mantinha com a esquerda o seu inseparável gorrinho preto. (Eram estes os únicos momentos em que ele se descobria: ao rezar e ao entrar na capela). Saía de seu quarto com a alma renovada. Como o “bom” ladrão (tanto quanto um ladrão pode ser bom) agora despregado da cruz, feliz mais uma vez por ter roubado de novo o perdão divino através de seu agente ofi cial.

Era praxe os padres professores poderem fazer a sesta após o almoço. Eram quarenta minutos de colóquio com o bom Morfeu. Mas o infatigável Pe. Adriano, o velho, ao contrário de nós todos dispensava essa carícia ao “irmão burro”, no di-zer jocoso do Poverello. Descendo da sesta era comum topar com o Pe. Adriano Velho chegando do barracão da ofi cina, todo coberto de serragem. Enquanto dormíamos o sono da tarde, ele fi cava na serra circular cortando tocos de eucalipto para a cozinha. Fiquei sabendo que quando mais jovem ele fazia o mesmo ritual, diariamente, no cabo do machado. Revejo-o ainda naquele seu andar gingado, as pernas arqueadas para dentro como pneus de Volkswagen, sem a batina e trajando um par de calçolas bem largas sustentadas por velhos suspensórios, o casquete preto encimando a ca-beleira branca e o indefectível cachimbo no canto da boca. Literalmente, o uso frequente do cachim-bo entortara a sua boca. Pe. Adriano tinha a boca torta para o lado, o que dava um caráter especial à sua dicção. Certas vezes, costumava oferecer-lhe cigarro. Rindo sarcasticamente mas com bon-dade, ele recusava dizendo: Obrigado, meu fi lho. Cigarro é para senhoritas! De quando em quando

nós o aconselhávamos a manter os cabelos den-tro dos padrões da moda vigente. E sem a menor preocupação ele mesmo empunhava a tesoura, ceifando aqui e lá a brancura imaculada de sua ca-beça. Saía alegre e sorridente pelo terreiro, como um frango semi depenado.

Certo dia, entrei à tarde na sala de Recreio dos padres. Sentado de costas para a janela central, com a perna esquerda apoiada no braço esquerdo da poltrona, o cachimbo na boca e um livro na mão direita, lia com delícia e sofreguidão. Pergun-tei-lhe o que estava lendo.

- Meu fi lho, estou lendo as Metamorfoses de Ovídio (em latim). Não tem mais nada para se ler, e por isso estou lendo-o pela terceira vez.

Era sabido de todos que esse saudoso profes-sor lia, em média, dez a quinze livros por mês, além das revistas vindas da Holanda e das revis-tas clericais, e os jornais mais importantes. E em múltiplas línguas. Fiquei sabendo por fontes fi de-dignas, que por duas vezes ele fora convidado e procurado para ser feito bispo. Recusou sempre. Perguntei-lhe o porquê dessa recusa sistemática.

- Meu fi lho, eu nunca, em toda minha vida, aprendi a obedecer condignamente. Como posso então mandar em outros?

Formado pela Universidade de Lovaina, ainda jovem sacerdote veio para o Brasil em 1911. Qua-se a maior parte de sua vida passou-a dedicada ao ensino, especialmente nos seminários e colé-gios. Foi um arsenal de sabedoria e praticidade ao mesmo tempo. Irradiava bondade e simplicidade. Seguiu Francisco de Assis em sua pobreza e des-prendimento. Foi um homem “complexo”, de uma riqueza interior incalculável, e sempre distribuin-do a fortuna de sua simplicidade

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“Ah! Esses meninos de Itchiubá!”

Raimundo José Santana (1954 - 1961)

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ão estou errado não! Era assim mesmo que ele falava: “Ah! Esses meninos de Itchiubá!”.

Ele não conseguia falar “Itajubá”: em parte, por falar muito depressa e, depois, por nunca ter-se livrado, a vida toda, de um leve sotaque holan-dês, tanto assim que lá, na minha roça Água Lim-pa, muita gente não entendia bem seus sermões. Refi ro-me ao meu primeiro Diretor, Padre Mário Pennock, que fi quei conhecendo no dia 15.02.54 quando ingressei no IPN (Instituto Padre Nicolau). Dos diretores com quem convivi, naquela época, acho que ele foi o melhor de todos: alto, meia idade, cabelos lisos (já poucos), rápido no andar e no raciocínio, e também na máquina de escrever (usava apenas os dois indicadores para datilogra-far), um leve e maroto meio-sorriso no canto da boca à Mona Lisa, sempre alegre, de bem com a vida (quantas vezes o peguei assobiando pe-los corredores, numa demonstração clara de bom humor; é muito pouco provável encontrar-se um mal humorado assobiando pelos corredores); voz de tenor ligeiro; muito ágil também nas quatro operações e na tabuada: não usava máquina algu-ma para somar as notas e tirar a média de todas as classes; dizia que três coisas ele só sabia fazer bem na sua língua materna: as quatro operações, a tabuada e as orações pessoais. Tinha um sestro interessante que era o de tamborilar a testa com os dedos da mão direita para ajeitar uma rala me-cha de cabelos grisalhos supostamente pendentes sobre o olho direito como se estivesse dedilhando uma tresquiáltera no piano. Um homem de fi no trato, como se dizia, de fácil acesso, tranqüilo e seguro: sua visão como educador polido e diplo-mático talvez nunca tenha chegado ao nível de uma escola à Summerhill (afi nal o IPN ainda era um seminário todo Concílio de Trento), mas tam-bém nunca foi homem de uma visão fechada e au-tocrática. Em suma, era o homem certo, no lugar certo, na época certa.

Há um “site” do Município de Piranguçu na In-ternet que o enaltece como um exímio poliglota que falava fl uentemente Holandês, Português, Francês, Inglês, Alemão, Latim, Grego e Hebrai-co. Até 1961, com toda a sinceridade, nunca sou-be que ele falasse Grego e Hebraico. Ignoro se ele veio a estudar essas línguas depois de 1961.

Vou escarafunchar, agora, o velho canhenho de minhas recordações, tentando separar um pouco – embora seja difícil - o “eu” setentão de hoje dessa relação incestuosa com o “eu” daquela épo-ca em que, garoto de onze anos, lá no IPN, era

feliz e não sabia, e ver se consigo trazer à tona algumas passagens vividas sob a direção desse Padre de Itchiubá.

Quando dei um último abraço em meu pai, na despedida daquela distante tarde de terça-feira de 15.02.54 e o Pe. Mário fechou aquela pesada porta de entrada do IPN, perdi o chão e me veio o conhecido nó na garganta; senti na hora que estava entrando para um mundo novo, totalmente diferente do meu mundinho lá da roça. Segurei o choro. O Padre, vendo minha cara tristonha e apavorada de carneirinho tresmalhado, fez o que pôde para me consolar. Chamou imediatamente o Zé Raimundo Soares, lá da Rosetinha, e me disse:

- Meu fi lho, mude esta cara de bezerrinho re-cém-desmamado. Alegria! Alegria!

Este menino, aqui, apontando para o Zé Rai-mundo, será seu anjo- da- guarda até você se adaptar bem.

Senti-me como Adão (ao deixar as delícias do éden, que era a minha Água Limpa), tendo o Anjo Zé Raimundo, ao meu lado, para guardar o cami-nho da árvore da vida. Nas três primeiras noites, nada de dormir, era só choro e ranger de dentes: amaldiçoei o dia em que o Frater Mauro Pasqua-relli me pôs na cabeça a idéia de ser padre; nessas primeiras noites, chorava, sob os lençóis, deses-perado, como um condenado às galés, com sau-dades de minha Água Limpa, como os israelitas, às margens dos rios da Babilônia, choravam com

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saudades de Sião. À noite toda vislumbrava, por entre os lençóis, meu cavalinho pedrês “Pirulito” pulando e relinchando à minha frente e meu ca-chorro “Uruti” uivando e lambendo as lágrimas que me escorriam da face; ainda por cima, de cambu-lhada em minha cabeça, ribombavam frenética e ininterruptamente as miserandas palavras repeti-das, à exaustão, daquele belo canto gregoriano da oração da noite “Parce, Domine, parce populo tuo ...”. Se meus animais lá da roça tivessem alma e memória, iriam saber exatamente como eu os amava, tantas as lágrimas que derramei por eles naquelas primeiras noites de IPN.

Acho, porém, que essa choradeira era geral en-tre os novatos, tanto assim que o meu anjo- da-guarda Zé Raimundo, muito esperto e vigilante, como os demais anjos, principados e potestades veteranas que mentoreavam o resto da turma novata, certamente perceberam tudo e levaram essa situação de choro e saudade ao conhecimen-to do Pe. Mário, que, imediatamente (para espai-recermos), bolou um belíssimo primeiro passeio às montanhas de Vila Maria, lá acima de Piran-guçu, terra de nosso colega Arnaldo, o Vagaroso. Duas semanas depois, o Padre (verdadeiro doutor “summa cum laude” em “relações públicas”) en-trou em contato com o homem mais rico de Itaju-bá, Sr. Alcides Faria, proprietário do melhor gado holandês do país (sua vaca “Jarrinha” chegou a ganhar o primeiro prêmio internacional de produ-ção leiteira), solicitando-lhe permissão para uma visita à sua fazenda. E lá fomos nós conhecer a fa-zenda e a famosa “Jarrinha”. Depois, vieram mais passeios: à fazenda do Sr. Benedito Mendonça nos altos de Brasópolis, à fazenda do Cengó do Sr. Mi-guel Ferreira, à fazenda do Sr. João da Vargem, na Serra dos Toledos, e a tantas outras. E assim, de

fazenda em fazenda, fomo-nos adaptando e cres-cendo, hormônios a mil (num “agitato con fuoco”), em tamanho, malandragem, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, sob a batuta do in-cansável e competente Padre Mário Pennock. Mui-tas vezes, nesses passeios ou nas férias passadas nessas fazendas, o Pe.Mário adaptava textos seus a músicas holandesas. Cantávamos, cantávamos e éramos felizes...

Aos sábados, antes do almoço, Pe. Mário cos-tumava passar na lousa o regulamento do IPN, discutindo item por item: dizia que aquilo para nós eram as tábuas da Lei. Uma das normas era: “não subir em árvores”. Pra quê? Parece que norma foi feita para ser quebrada. No meio do pátio, havia uma mangueira carregada de mangas saborosas bem na copa: era a nossa árvore do bem e do mal. Ninguém podia subir. O nosso colega Zé Tobias, no entanto, tentado pela serpente da gula (uma fome canina...não sei como era tão magro) não pensou duas vezes e vendo que o Irmão Francisco Stra-ckx não estava por perto, sucumbiu à tentação e vupt... rápido como um serelepe, em segundos, já estava lá no alto empoleirado a comer o fru-to proibido. Que regulamento... Que nada! Ainda esgaravatava escrachadamente alguns fi apos de manga entre os dentes quando deu pela presen-ça do Irmão Francisco fazendo a ronda. Na ân-sia de fugir do fl agrante, sem deixar rastros nem cascas, tentou pular lá das alturas. Caiu estatela-do de mau jeito no chão: quebrou o braço. Ainda bem que já não eram os tempos bíblicos, pois teve mais sorte que nosso pai Adão: não foi expulso, só levou uma bela descompostura do Padre, ga-nhando uma tipóia e uma cara cheia de espara-drapos. Mas a estória continua: o Zé da Pedra (lá de Wenceslau Brás), o baixinho matemático João

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Lourenço (lá de Delfi m Moreira) e eu tínhamos aprendido, durante a semana, o teorema de Pitá-goras. Ao saber que o Zé Tobias havia quebrado o braço, resolvemos aproveitar a ocasião e testar, na prática, nossos conhecimentos, ou seja, subi-ríamos também nós três ao topo da mangueira e aplicaríamos o teorema de Pitágoras para calcular direitinho, em metros e centímetros, o tamanho do tombo do colega. Um ou outro Catão mais ze-loso e importuno ainda nos alertou que era proibi-do subir em árvores. Puxa! Mas proibir criança de subir em árvores é o mesmo que proibir o gato de comer a sardinha do prato, não? Nem demos bola: subimos, descemos, tornamos a subir, medimos a sombra da mangueira, calculamos os dois cate-tos e a hipotenusa. Estávamos ainda os três todo anchos a discutir o restinho das casas decimais, quando fomos chamados à Diretoria. Padre Mário nos passou uma tremenda carraspana. “Ah! Esses meninos de Itchiubá”, murmurava ele, enquanto caminhava incomodado pela sala de um lado para o outro. Mas logo vi que ele não estava à vontade para nos dar um castigo. Ele percebera que aque-la desobediência era um quiquiriqui de nada, arte de criança sadia, mas, para não se enfraquecer perante toda a comunidade, a que, um pouqui-nho antes, prometera um castigo exemplar aos descumpridores do Regulamento da Escola, infe-lizmente teve de agir como o antipático Herodes Antipas (presunçosamente comprometido com a sua Corte pela palavra empenhada em dar até a metade do reino à Salomé). Era patente o aborre-cimento do Padre por ter que nos castigar: ele não se prestava a isso (dar castigos), era gente man-sa, pacífi ca, de muito diálogo. Resultado: não ro-lou a cabeça de nenhum João Batista, mas os três infratores tivemos que preencher folhas e folhas de caderno com a frase: “José Tobias quebrou o braço porque desobedeceu”. Tudo muito limpinho, em letras de forma, sem abreviaturas. Para delírio das testemunhas de acusação (os mesmos agou-rentos Catões mencionados acima), tivemos que fi car ali presos na sala, no mínimo, duas horas. Sem tugir nem mugir! Ainda tentamos o recurso extra de um possível “sursis”, mas o Padre (com aquele sutil sorrisinho maroto de canto de boca) foi, muito a contragosto, como Pilatos, implacável: “Quod scripsi, scripsi!”(O que escrevi, escrevi!).

Com o passar dos dias, nosso Diretor percebeu que o regulamento estava dando muito trabalho: ao Irmão Francisco (que tinha de anotar tudo) e a ele (que tinha de aplicar as penas). Era melhor suspender as proibições, pois a cada passeio sur-gia um fato novo para um castigo: se ele fosse nos punir por todos os nossos pequenos delitos, não haveria mais passeio. Por exemplo, um dia quando nadávamos no Rio Sapucaí, ali pelas ime-diações do antigo Campo de Aviação, um menino tomou um “caldo” dos companheiros e por muito pouco não morreu. Foi um “auê” danado: deu o que falar. Num passeio a Wenceslau Brás, o Ge-raldão (aquele dos óculos de fundo de garrafa), não fosse a presteza do Padre Santo Marini, teria morrido afogado ao rolar por uma cachoeira. Ou-tro “auê”! Lá na Fazenda do Sr. Benedito Mendon-

ça, em Brasópolis, havia um lago em cuja metade (muito profunda) era proibido nadar. Adivinhem se alguém não foi testar “in loco” a tal profunde-za! Tantos eram os casos de descumprimento do Regulamento que o Padre resolveu simplesmente abolir o “dito-cujo”. Nosso Moisés, diante de tan-tos bezerros de ouro, resolveu quebrar as pedras da Lei: dali em diante fi caria tudo ao critério e ao bom-senso do guia ou líder do passeio na maioria das vezes, o Irmão Francisco Strackx).

Não posso deixar passar, de resto, dois fatos ilustrativos da alma generosa desse nosso Diretor. Um dia, estando ele no café da manhã, chegou apressado um ex-aluno solicitando-lhe um his-tórico escolar urgente para poder enfrentar um vestibular em São Paulo. O Padre, ali mesmo, no refeitório, sem burocracia, entre uma fatia de pão e outra, preencheu, sobre os joelhos, a papela-da exigida. De outra feita, outro ex- aluno, num sábado, chegou a ele dizendo: “Padre, como não fi z convite formal, venho pessoalmente convidá-lo (embora saiba de seu pouco tempo livre) para meu casamento, depois de amanhã, segunda-feira, às 14:00h, em Aparecida do Norte”. Para surpresa de todos, o Pe. Mário, em seu fusquinha bege, não só compareceu ao casamento como também fez questão de celebrar a cerimônia. Era ou não era uma alma generosa?

Pois bem, a última vez em que o vi, estava ele no Hospital Itajubá, adoentado. Aquele homem alegre, meu grande amigo de antigamente, estava reduzi-do a uma fi gura melancólica, ensimesmada, tacitur-na, de poucas e monossilábicas palavras. Não era mais o mesmo: estava simplesmente “arrasado”. Pressentia, certamente, o encerramento próximo do ciclo “alfa e ômega” de sua existência, aguar-dando a chegada da inexorável velha senhora com sua foice ceifeira. A morte, conquanto seja a maior realidade para o ser humano, sempre – queiramos ou não – vai amedrontar e levar o indivíduo (por for-te que seja naquele embate fi nal), a um pungente grito profundamente solitário: “Pai, afasta de mim este cálice!”. A idéia de que devemos morrer – dizia Proust – é mais cruel do que a própria morte.

Saí de lá abatido... sentindo na carne a tris-te solidão do Padre e também já pressentindo a cena fi nal em que a cortina estaria para descer. O homem que tem esposa e fi lhos, nesse momento terrível, pode ainda, na pior das hipóteses, iludir-se, depositando nesses parentes queridos, para depois de sua morte, uma tímida, ansiosa e esfa-rinhada esperança de sobrevivência terrena, o que jamais acontecerá ao padre celibatário, seja ele o crápula Pe. Amaro ou o sofrido presbítero Eurico

Confesso, de resto, que, ao sair do Hospital, na-quele dia, tive vontade de me recolher e rezar... e, não sei por quê, vieram-me à lembrança , no instante em que me despedi desse meu grande amigo, aquelas mesmas palavras do Canto Gre-goriano que tanto me azucrinaram os primeiros dias de IPN, quando o conheci: “Parce, Domine... Parce populo tuo...Ne in aeternum irascaris nobis”, palavras que, à sombra da morte, tinham já para mim, naquele momento, o mesmo peso e a mes-ma força de um “Requiem”.

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Missa no CemitérioAlberto José Antonelli

m número anterior, contamos como, na Festa de Todos os Santos, participamos de um ensaio

de canto. O dia seguinte, uma quinta feira, dia de fi nados, era feriado civil, embora não fosse dia san-to (continua assim). Após o café da manhã, o Irmão mandou o grupo dos menores voltar à sala de estudos até a chegada do Pe. Henrique que deveria acompa-nhar-nos ao cemitério. Os maiores partiram com o Superior para a missa que seria celebrada às nove horas. Sentados, lendo livros, esperamos bastante. Meia hora mais tarde, chegou o padre Alofs, esbafori-do, suado. Explicou que fora atender a uma doente lá em baixo, do outro lado do Ribeirão do Ouro. “Bem no dia de hoje! Vamos chegar atrasados. Por favor, “vite, vite!”E partimos quarenta adolescentes, descendo e depois subindo rápido pela Rua José Bonifácio. Eu ca-minhava no pequeno grupo atrás, junto com o sacer-dote, só para ouvi-lo contar histórias. Como era bom de prosa! Entre outros assuntos, hoje, mais uma vez falou do cemitério do Père Lachaise em Paris. Dis-se que é “le cimitière” mais visitado do mundo. Ex-tenso, iniciado por Napoleão Bonaparte, está sempre cheio de turistas que desejam ver os túmulos de La Fontaine, Allan Kardek, Balzac, Maria Callas, Giacco-mo Rossini, Frederico Chopin e outras celebridades. Lembram-se vocês como, já nesta idade, nós conhe-cíamos todos os músicos clássicos, não tanto pelos discos que Pe Seelen nos tocava, mas principalmente porque jogávamos baralho naquelas cartas coloridas com suas fi guras. - O sol do verão e a subida rápida foram um teste ao sistema cardíaco. Ofegantes, sem diminuir a marcha, de fronte à igreja matriz, contor-namos à esquerda, sob as árvores do jardim, e por uma rua reta, em cinco minutos, chegamos à pra-ça do cemitério. Um punhado de barracas e quios-ques vendendo fl ores, velas, pipocas. Poucos carros e charretes parados: notei com curiosidade os cavalos de sitiantes mastigando milho, naqueles cestos fun-dos que se prendem ao pescoço. E adorei ver alguns animais com sela, fortes, altos, bem escovados, com que fazendeiros dos sítios ao redor costumavam vir à cidade. Bons tempos...

Sem perder um minuto, entramos pelo portão, di-retos para a alameda de túmulos, neste dia todos bem cuidados. É a tradição cristã que continua nos campos santos espalhados pelo mundo. Durante todo mês de outubro, funcionários municipais preparam o cemité-rio para sua grande data. Túmulos são consertados, pintados, lavados, as alamedas limpas, mato cortado, árvores caiadas e podadas, tanques de água fi cam disponíveis. Nesta hora, o espaço estava repleto de gente. Com difi culdade nos infi ltramos em direção á capela no fundo, rodeada por uma multidão. Prova-velmente cansado de esperar a nossa chegada, Pe. Antonio começara a missa campal, no altar um pouco elevado à porta da igreja. De costas para o povo, ele vestia paramentos negros. Mesmo sem maestro, os

maiores cantavam o primeiro canto. Ao evangelho, o celebrante, com sua voz grossa, falou o sermão. Em seguida, papeis na mão, sob direção do nosso maes-tro, todos, maiores e menores juntos, cantamos di-ferentes canções, já familiares. Nem se pensou mais no “Cor Dulce...” A não ser anos mais tarde, no Es-colasticado de Vila Formosa, onde estudei de 1951 a 1957. Lembram-se, meus velhos companheiros Fra-tres Scolastici (trinta e tantos), dos ensaios cansati-vos na sala de recreio ou na capela? Lá, o maestro sempre foi algum dos alunos. Anoto três nomes de competentes dirigentes do côro que se sucederam: Luiz Xavier Peres, Henrique Batista Roberto, Afonso Bertazi. Passados sessenta anos, nós três e alguns outros, regularmente nos reunimos, geralmente em Guararema, e trocamos deliciosas lembranças daque-la época, vivida no casarão da Av. Eduardo Cotching, Vila Formosa. – Voltando a Pirassununga: no fi m da missa, todo mundo rezou as três Ave-Marias obri-gatórias. E nesta ocasião, como determina o Rituale Romanum, o celebrante ofi ciou a “Absolutio” para os fi eis defuntos, seguido com asperges de água benta. Terminou a cerimônia.

Pe. Henrique Alofs, corado de sol, batina preta empapada com suor, foi conversar com o Superior que retirava os paramentos. Voltou tranqüilo: “os Maiores venham comigo, vamos para casa. Os Me-nores aguardem aqui um pouco, que o Superior quer voltar com vocês.” Foi-se, e nós impacientes, recla-mando, fi camos a esperar em frente à capela, sob um sol forte, sem sombra para aliviar-nos. Demorou até o padre reaparecer na porta, rodeado por mulhe-res: “eu preciso ir benzer uns túmulos, vocês dêem umas voltas por aí, mas não se afastem muito!” E com esta pausa bem-vinda, também nós agora nos despedimos: “Justorum animae in manu Dei sunt”.

(Continua no próximo número).

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O Mein Papa!Marco Rossoni Filho (1961 - 1967)

á em Ibicaré, quando eu ainda era um garoto de dez, onze, doze anos, o centro de nossa

vida estudantil era aquele grande salão onde, prin-cipalmente à noite, a gente se reunia, em silêncio, para estudar. Isso nas noites de segunda, terça, quinta e sexta-feira. As restantes podiam ser de-dicadas à leitura prazerosa de livros não didáticos. Quão preciosas horas, deliciosamente gastas com os sonhos e as aventuras romanescas!

Mas hoje não vou falar de livros, e sim de mú-sicas. Era nesses horários também que a gente tomava conhecimento do mundo da melodia. Para fazer fundo aos sonhos juvenis de aventuras, eram colocados discos lompleis. (Credo, que palavra horrorosa! Nem existe em português. Long-play é muito mais bonito, não é mesmo?) Ou elepê, da sigla LP.

Pois bem, como eu ia escrevendo, para fazer fundo aos sonhos juvenis de aventuras, eram colo-cados discos numa vitrola, e o som, devidamente controlado, invadia suavemente o ambiente. Estas noites me lembram sempre as fi guras dos padres Afonso Bertazzi e José Maria de Beers. Eles eram os que, com mais freqüência, nos brindavam com esse aspecto maravilhoso do conhecimento.

Minha cultura musical, até a entrada para o se-minário, se restringia à música sertaneja, ouvida de vez em quando, naquele enorme rádio tipo ca-pelinha e tocado a bateria, e que chegava até nós através de incontáveis ruídos, estalos e chiados de estática. Por isso, aquele som limpo, diferente, or-questrado, que invadia a sala de estudos, era algo jamais sonhado...

Foi então que, paulatinamente, fui tomando co-nhecimento do mundo da música. Bach, Mozart e Beethoven, a trindade suprema da música erudita, de ilustres desconhecidos, passou vagarosamen-te a fazer parte do meu universo. Assim como os seus inúmeros companheiros de criação. Ainda te-nho bem nítida, na lembrança, a ocasião em que o padre José Maria nos explicou/traduziu os diversos trechos e entrechos da abertura da ópera “Gui-lherme Tell”, de Rossini. Ainda “vejo” a tempesta-de no lago, durante a fuga do herói.

Mas não somente obras eruditas saiam daque-las enormes caixas de som. Era grande a presença de músicas populares e folclóricas européias, prin-cipalmente as germânicas. E todos os discos, de que me lembro, estampavam os selos das grava-doras Telefunken ou Deutsche Grammophon. Não

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entendíamos nada do que cantavam, mas o som bastava para nos encantar.

Aquela potente aparelhagem de som não era usada apenas para audição na sala de estudos. Nos sábados à tarde, quando trabalhávamos na cons-trução do campo de futebol (esta atividade merece um capítulo à parte. Talvez a escreva, num dia des-ses) ou nos domingos, quando jogávamos ou brin-cávamos, ela também marcava presença. Então aquela enorme caixa (minha memória de dez anos diz que ela tinha quase um metro de altura) era puxada para o corredor de acesso à sala de estudos e colocada sobre o muro de proteção, voltada para o campo de atividades. Então as marchas militares alemãs e de Souza invadiam os ares. Tinha eu a impressão de que os morros, de ambas as margens do rio do Peixe, repetiam aquelas melodias, comu-nicando a todo o vale a alegria e animação que as músicas espalhavam para nós. Quebrar pedras com marretas e removê-las com o auxílio de alavancas, feitas de trilhos de trem, não nos cansavam, pois aquelas marchas e cantos nos animavam.

Ei, espere aí! E o nome do artigo, o que signi-fi ca? Então, vamos lá. É o título da única música germânica daquele tempo, cujo nome ainda per-manece em minhas lembranças. Folclórica? Popu-lar? Não sabia. Mas ela está aqui comigo. Ainda hoje a cantarolo de vez em quando.

Em uma das tantas pesquisas de curiosidade na internet, busquei-a um dia e... encontrei a le-tra. Lá estava ela toda (presumo), com o estribilho que tanto me marcou:

“O mein Papa / War eine wunderbare Clown.O mein Papa / War eine große Kinstler.Hoch auf die Seil, / Wie war er herrlich anzuschau´n!O mein Papa / War eine schöne Mann!“

Num dia desses, ‘curiosando’ no sítio italiano “L’Italia in Brasile”, encontrei a melodia, cantada em italiano, por Carla Boni, em gravação de 1954. Uma preciosidade. Não era no idioma de Goethe, naturalmente. Era no de Dante. A melodia confe-ria com o que eu cantarolava, e a orquestração parecia-se com a que retinha a memória. Foi uma emoção muito grande.

Se alguém dos leitores, também apreciador, quiser degustar a versão italiana, é só acessar o sítio http://italiasempre.com/verpor/mp32.htm , procurar a Carla Boni (as melodias estão em ordem alfabética de intérprete, que tam-bém estão no mesmo sistema) e clicar sobre a música para que seja executada. E, aproveitan-do que está no sítio, lá estão 1600 músicas em italiano, algumas delas versões de estrangei-ras, inclusivae brasileiras, com destaque para as de Roberto Carlos.

Então busquei ‘O Mein Papa’ no Google, e lá estavam algumas gravações em alemão, inglês e italiano, esta a da Carla Boni. Ouvi-as todas, baixei algumas. Inclusive uma com Freddy Quinn, com aquele vozeirão maravilhoso. A emoção de voltar àquele grande salão de estudos em Ibica-ré foi muito boa. Quantas lembranças avivou!... E pela primeira vez, graças à versão italiana, que contém uma tradução para o português, entendi o que dizia a canção.

Você se lembra? Vamos cantar juntos?“O mein Papa / War eine wunderbare Clown”.

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odos nós sabemos que os anos sessenta trou-xeram muitas mudanças para o mundo e tam-

bém para a Igreja, arejada pelos novos ventos do Concílio Vaticano II. Nos Seminários, iniciativas de renovação e mudança começaram a se concreti-zar. Permitir mais contato dos seminaristas, que até então levavam uma vida reclusa, com o mun-do exterior, foi uma dessas iniciativas.

Nessa época, já cursando o Curso Clássico, sa-íamos em pequenos grupos pela cidade, atuando como catequistas e membros da Legião de Maria. Além disso, o conjunto de disciplinas estudadas no curso foi alterado com a inclusão de uma nova disciplina: Biologia. Como não havia padres com formação em Ciências Biológicas, os nossos supe-riores foram em busca de professores leigos que já trabalhavam nas escolas da cidade. Causou-nos espanto, quando soubemos que, durante o curso Clássico, teríamos aula com um professor não pa-dre, o que fi cou para nós como mais um sinal de que estávamos, de fato, vivendo novos tempos.

O primeiro dia da aula de Biologia, aguarda-do com tanta expectativa, chegou e pela porta de nossa sala, adentrou um senhor não muito alto, de meia idade, de terno impecável, carregando o diário de classe e nada mais. Conhecemos então o professor Souto, um profi ssional íntegro, humilde e muito competente. Em suas aulas, não usava

O dia da aula doprofessor sem batinaCláudio Carlos de Oliveira (1959 - 1965)

livro, sabia todo o conteúdo de cor. Ensinava - nos apenas falando, escrevendo e desenhando (e como sabia desenhar!!) na lousa. Seu conheci-mento e clareza na exposição dos temas a serem estudados prendiam nossa atenção, não deixando espaço para indisciplina ou brincadeiras. Graças a sua competência e seriedade, aprendemos, cien-tifi camente, os segredos dos sistemas reproduto-res masculino e feminino e outros temas relacio-nados ao desenvolvimento da vida, tanto no reino animal como no reino vegetal.

Com tristeza, já no último ano do curso Clás-sico, comunicou-nos que deixaria as aulas no Se-minário e na cidade, pois precisava assumir uma vaga de professor de Biologia, conquistada por concurso público, em outra cidade, longe de Pi-rassununga. Iria deixar a cidade e o Seminário, sem se ausentar, com certeza, de nossa lembran-ça, graças às suas virtudes pessoais e competên-cia profi ssional.

Certamente, para nós que fomos seus alunos, o professor Souto ocupa lugar de destaque na Aca-demia dos Mestres que carregamos com carinho em nossa memória. No essencial, foi igual a mui-tos padres abnegados e sábios que também foram nossos professores. Só um detalhe, porém, o dis-tingue: o seu terno escuro sempre impecável e na mão o giz colorido com que desenhava na lousa.

Sala de estudos de Pira

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o dia 25 de setembro, na Casa de Formação dos MSC, no bairro do Pinheirinho, em Curi-

tiba, um grupo de ex-estudantes MSC reuniu-se pela segunda vez (a primeira, e apenas em caráter festivo, ocorrera em 21 de agosto). Esta segunda reunião tinha como principal objetivo a fundação de uma Regional da Associação dos ex-alunos MSC na capital paranaense, nos moldes das que exis-tem em Ibicaré , Pirassununga, Itajubá e outras mais. São Regionais que procuram congregar os ex-alunos que residem nas imediações.

Há algum tempo, o Ângelo Garbossa e eu pen-sávamos nesse assunto. E o curioso é que a nossa idéia veio ao encontro do sonho do padre Getúlio Sagin, de reunir toda a família Chevalier ao redor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Cora-ção, no Pinheirinho. Assim, foi feita uma primeira reunião, durante uma festa na Paróquia Nossa Se-nhora Rainha dos Apóstolos, nesse mesmo bairro e administrada pelo padre Lamberto Poelmans, também da congregação. Na ocasião, fi cou mar-cada a data de 25 de setembro, na Casa de Forma-ção, para o estabelecimento da Diretoria Regional.

Levei essa informação para a reunião de Piras-sununga, que aconteceu, como de praxe, no último fi nal de semana de agosto, ocasião em que o Go-mes, o presidente da Associação, se comprometeu a prestigiar o acontecimento. Nossa idéia era reu-nir os ex-alunos de Ibicaré, Itajubá e Pirassunun-ga, da Província de São Paulo com os ex-alunos de

Francisco Beltrão e Curitiba, da Pró-Província Bel-ga, isso porque muitos garotos que estudaram em Ibicaré foram encaminhados a esse seminário por padres belgas do sudoeste do Paraná, enquanto não inauguravam seu próprio seminário. Assim, por exemplo, o padre Getúlio começou em 1965, em Francisco Beltrão e seu irmão mais velho, Na-dir, estudou conosco em Ibicaré, no ano de 1962. Caso idêntico se deu com os irmãos Levandoski: o Francisco estudou em Ibicaré e Pirassununga e o Bernardo, em Francisco Beltrão.

Lamentavelmente, neste encontro 25 de setem-bro, o padre Getúlio, o fomentador do encontro, estava ausente. Segundo informações, participava de importante reunião na Espanha. Mas estiveram conosco os padres João Roberto Garbossa e José Vieira de Souza e mais três fi lósofos e pré-novi-ços. Até porque o encontro se realizava na Casa de Formação e nós não podíamos invadir aquele ambiente de oração, estudos e trabalhos sem a presença de alguns de seus habitantes. O almoço foi patrocinado pela Casa, segundo promessa do padre Getúlio, quando fi xamos a data da reunião.

Mas, antes, e muito mais importante, fomos participar, a partir das dez horas, da missa da co-munidade, no Santuário, ofi ciada pelo padre. José Vieira. Ficamos vivamente impressionados com o carisma desse sacerdote ao celebrar a cerimônia e interagir com a comunidade. No encerramento da missa, cantamos o hino “Ó Lembrai-Vos”, na

Encontro de Ex-alunos MSCem Curitiba

Marco Rossoni Filho (61 - 67)

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versão por nós conhecida e que não faz parte da cultura da Pró-Província belga. Esse canto agra-dou aos presentes de tal forma, que prometemos fornecer uma cópia da partitura para que seja en-saiada naquele Santuário.

Não participaram dessa missa os ex-alunos de Curitiba, jovens que estudaram nas décadas de 80 e 90, porque, juntamente com suas esposas, es-tavam azafamados na cozinha e na churrasqueira, preparando o almoço na Casa de Formação. Como não foi possível realizar a reunião (assembléia) antes do almoço, aproveitamos o tempo de es-pera, espalhando-nos pela Casa e arredores, co-nhecendo os ambientes internos e externos, com destaque para a horta e o bosque.

No almoço foi servido um suculento churrasco de carne macia e tempero discreto. Vocês sabem que todo ‘churrasco’ tem que, necessariamente, estar acompanhado pelo adjetivo ‘suculento’, se-não não estará “no ponto” e, provavelmente, terá passado do ponto e estará mais com cara de “sola de sapato”. Foi acompanhado de arroz, saladas, pão e estava tudo muito bom. Os comensais es-palharam-se pelas mesas, num congraçamento e entusiasmo, fazendo jus ao bom trabalho dos cozinheiros e cozinheiras. Antes que ocorresse a debandada geral, todos foram convocados para a sala de estar, ao lado do refeitório, e iniciamos a aguardada assembléia. Destacamos a presença dos vindos de mais longe: o Gomes e o Cardoso, de S. Paulo, e o Vitorino Oro, procedente de Flo-rianópolis. Os outros presentes são residentes de Curitiba ou da região metropolitana.

Após uma abertura rápida, foi passada a pala-vra para o Gomes, presidente da Associação. Ele fez um rápido histórico da Congregação MSC no Brasil e da Associação de ex-alunos, destacando, no fi nal, a necessidade da criação da regional de Curitiba. E como esse era o objetivo principal da presença de todos no recinto, passou-se então

para a escolha de uma diretoria regional de três membros. A situação era inédita porque, até en-tão, a Associação congregara egressos dos semi-nários da Província Brasileira e nesta assembléia estávamos incorporando egressos da Província Belga. O padre Vieira alertou-nos para o fato de que existiam duas turmas de épocas e locais dife-rentes, tanto de Francisco Beltrão, como de Curi-tiba, e que, nesta ocasião, estavam presentes re-presentantes dos dois grupos.

Depois daquelas eternas e costumeiras negadas e fugas dos indicados de parte a parte, (“eu não, o Fulano”) e após aclamações, foi constituído o se-guinte triunvirato: Marco Rossoni Filho, Bernardo Levandoski e Rogério Albérico Garbossa. Não fo-ram atribuídas as funções de cada um, fi cando esse pequeno detalhe para ser defi nido a posteriori. De qualquer forma, os triúnviros deverão se reunir proximamente com o padre Getúlio para conversa-rem sobre a Regional da Associação e suas ativida-des junto aos outros membros da Família Cheva-lier. Concluída com sucesso a razão principal desse Encontro, foi encerrada a assembléia e partiu-se para a foto geral dos presentes que, como de pra-xe, nunca consegue juntar todos. A debandada já estava se iniciando. Mas a foto ofi cial aí está.

Estiveram presentes: Ângelo Garbossa Neto, An-tonio Valmor Junkes, Adilson Gomes Teixeira(pré-noviço), André Wilimbrink (fi lósofo), Antonio Fran-cisco Webwe (fi lósofo), Bernardo Levandoski, Bruno Vilibaldo Neuvalt, José Roberto Garbossa (padre), José Maria de S Monteiro F° (fi lósofo), José Vieira de Souza (padre), Lucas Fonseca Ma-chowski (pré-noviço), Carlos Junior Martins (pré-noviço), Robson da Silva Pires (fi lósofo), José Amarante, João Cardoso, Edson Niehues, Laércio Griz, Carlos Alberto Barbosa Lima, Gustavo Davi Garbossa, Rui Pelissari Jr, João Baptista Gomes, Odalécio Gazílio Scopel, Rogério A Garbossa e Marco Rossoni Filho.

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ra meu primeiro recreio da noite. Sensação de vazio após a despedida de meu pai. Desalen-

to. Ambiente diverso daquele que fi cara para trás. Desconforto. Um desconhecido no meio de outros tantos desconhecidos. Desespero. Fragilizado físi-ca e emocionalmente, atônito, sem distinguir en-tre calouros como eu e veteranos. Alheio a tudo ao redor, violando norma disciplinar de rigidez quase espartana, transpus a linha divisória do pátio dos menores para o dos maiores e só me detive perto da barra onde alunos dos últimos anos praticavam exercícios. Deixei-me fi car ao lado de um padre ainda muito jovem que, num gesto de compreen-são e bondade, indiferente ao meu desatino, sor-riu-me alegre, permitindo que ali permanecesse sem reprimenda alguma até o fi m do recreio. Plus fait douceur que violence.

Por inspiração do anjo da guarda fui confessar-me durante a oração da noite. Memorizei os no-mes dos confessores sem, contudo, saber rela-cioná-los com as respectivas pessoas. Na dúvida, recorri à sorte. Dirigi-me ao padre do recreio da noite anterior e toquei-lhe levemente o braço. Ao notar meu descontrole, pôs-me a mão no ombro e assim prosseguiu até ao confessionário. Recebi ali o conforto de que tanto necessitava. Bastaram es-ses dois rápidos contatos para que ocasionassem admiração, respeito e confi ança irrestrita. Desde então, confi ssão só com ele. O coração humano é o único pedaço de chão que a ninguém é dado palmilhar. Menos ao confessor. Por isso abria-me totalmente e sem reservas. Complacência com as faltas, brandura nas imperfeições, aconselhamen-to seguro, prático, fácil de entender, fruto de pro-funda sabedoria de vida. Frequentei-lhe o confes-sionário até o último dia de minha permanência na Escola Apostólica. Com inteira razão, era ele tido e havido por mestre exímio. Que facilidade com que expunha a matéria e a todos prendia a atenção

Pe. Adão BombachGeraldo Luiz Sigrist (1949 - 1955)

Recordações

Seminário de Vila Formosa - SP - 1975

nas aulas que ministrava! De-senvolveu-nos o raciocínio lógico, aprimorou-nos a memória, in-cutiu amor ao vernáculo, despertou o gosto pe-las letras, difundiu os ideais humanísticos e, mais que tudo, forneceu-nos os elementos indispensá-veis à formação do caráter. Selecionava os textos com aguda sensibilidade. Quem não se lembra de “Meus oito anos”, saudades inesquecíveis da in-fância; “Canção do exílio”, ufanismo incontido das exuberantes e inigualáveis belezas naturais da distante terra natal; “Canto do piaga”, antevisão da chegada do conquistador, desgraça e ruína da tribo; “Y-Juca Pirama”, desvelo e amor incondicio-nais para com o pai velho, alquebrado e cego e bravura indômita perante a morte; “Vozes d’África e Navio Negreiro”, horror à crueldade e comisera-ção pelos suplícios infl igidos aos pobres escravos, menção que exigiria páginas e páginas para ser completa. Acervo precioso que hoje jaz no túmulo do esquecimento das novas gerações.

Nem conde, nem barão, nem lorde, muito pou-co para ele. No entanto, era de uma elegância até mesmo no uso da humilde batina. Elegância des-tituída do menor traço de vaidade isenta de os-tentação, refl exo inequívoco do elevado grau de espiritualidade que alcançara. Resolveu, certo dia, dar uma de caçador. Apareceu no sítio armado de uma cartucheira. Que atirou, atirou. Se matou al-guma presa, não me lembro. Mesmo para isso, não comprometeu seu porte habitual Desleixo não é virtude e esmero nunca foi pecado. Uma criatura dotada de extrema nobreza: o Pe. Adão Bomba-ch! E tantos anos depois, restam lembranças que nunca morrem, saudades que não acabam e gra-tidão que permanece para sempre.

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enimore Cooper com o seu famoso romance “O último dos mohicanos” marcou profundamente

meus anos de juventude na biblioteca dos alunos, em Pirassununga. A fi gura majestosa e simpáti-ca daquele líder primitivo que antecedeu o povo jankee, a sua nobreza e dignidade foram exem-plos que me empolgaram e preencheram aqueles meus anos de sonhos. Era a luta para a liberdade, a superação do ódio e o triunfo do amor.

Pouco antes do meio dia do dia 16 de agosto, fi quei sabendo do falecimento do padre Francisco Janssen. Foi o último a falecer daquela leva de Mis-sionários do Sagrado Coração vindos para o Brasil e que muito fi zeram para a nossa formação sacer-dotal e religiosa. Muitos, inúmeros desses padres marcaram de uma forma ou outra as nossas vidas. Uns mais, outros menos. Uns mais positivamente, outros mais negativamente. Cada qual, no entanto, deixou sua marca, às vezes em forma de cicatri-zes. Ninguém pode negar que o padre Janssen foi um batalhador infatigável, um homem dedicado a tudo, com muita garra e talento.

Construiu, entre muitas coisas, o grande San-tuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa. Deu aí o seu sangue jovem e ardo-roso e também o suor quente e salgado de seu rosto. Fez inúmeras campanhas a fi m de angariar meios para suas muitas obras e manteve acesa a chama da devoção mariana nos corações dos fi éis. Deu impulso e vida à revista Anais. Arrecadou fun-dos, donativos e enriqueceu o Santuário de Vila Formosa com o inédito carrilhão dos “Quarenta e Sete Sinos”, coisa única em nossa Paulicéia Des-vairada e Deslumbrada daqueles tempos.

Em São José do Rio Preto, onde trabalhou por muitos anos e onde fi nalizou o majestoso templo da Redentora, sua passagem foi marcante. Mas muito mais marcante ainda foi a sua “passagem” pelo cargo de Superior Provincial da Província Brasileira. Depois do Provincialato do padre João Schuur, que primou pela doçura e mansidão de seu modo de ser, veio a pessoa do inesquecível e saudoso padre Cornélio van de Made. Homem de pulso, exemplar marcante do homem de oração e de aprofundamento espiritual, seu mandato foi assinalado por um profundo senso de ponderabi-lidade, compreensão do ser humano e de perfeita aceitação das limitações de seus subalternos.

Padre Francisco Jansen, como pároco da igreja de Vila Formosa e exímio divulgador da devoção a Nossa Senhora, sua atividade apostólica nada deixou a desejar. De muitas e grandes iniciativas,

O último dos Mohicanos

Ézio Américo Munnari (1948 - 1960)

sempre aberto às grandes novidades, nunca dei-xou, por isso mesmo, de ser o pólo magnético de todas as situações. Como exemplo foram as repe-tidas encenações sobre a Paixão de Cristo, dentro do Santuário de Vila Formosa, em que ele próprio representou a fi gura do Redentor, quando da ago-nia no Jardim das Oliveiras

Investido do cargo de Superior Provincial aden-trou no nosso Seminário Maior e, sem rodeios, veio com tudo. Reuniu a nós seminaristas, e de todos exigiu o uso ininterrupto e completo dos tra-jes clericais, sobretudo o uso constante do colari-nho de celulóide na gola da batina, apesar do calor sufocante e da poeira marcante de Vila Formosa. Impunha isso, quando nós sabíamos que, como vigário do Santuário ele, já naquela época, anda-va à paisana dentro da casa paroquial, e, quando em seu escritório atendia ao povo com a batina

Padre Francisco Jansen

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aberta no peito, livre do mortifi cante colarinho romano. Anos mais tarde, quando trabalhei por alguns meses em São José do Rio Preto sob sua suserania, notei esse mesmo procedimento laxo.

Acostumado a lidar com o grande público, sabia deslizar pelos meandros das conveniências. Sabia atrair as pessoas, sobretudo os poderosos e bem posicionados na vida. Repartia o bolo com todos, reservando, porém, os melhores bocados aos seus apadrinhados, àqueles vassalos que melhor sabiam manejar o turíbulo. Era homem de elite e alguns poucos planetas gravitavam em sua órbita solar. Com seu sorriso ferino e sua voz cantante, sabia humilhar, até publicamente, os mais incautos, de-monstrando disfarçadamente a sua discriminação para com os não de raça pura. Encarnava com per-feição o Duque de Mântua, da ópera Rigoletto: pom-poso e saliente reinando na corte com desembaraço e ousadia, mal tolerando os comuns “rigolettos”.

É sabido que, pelo menos naquela época, mui-tos membros da Congregação – mas nem todos - ostentavam um velado ressentimento para com os padres holandeses, às vezes até generalizan-do. Conta-se que Voltaire, quando em sua malo-grada estadia na Holanda, ao deixar Amsterdam, com aquele seu conhecido sarcasmo nos lábios, apenas disse: Adieu cannaux, canards, canailles! Não é preciso se chegar a tal extremo. A “Terra das Tulipas” exportou para o Brasil e para muitos outros países, os mais belos exemplares de sua esplêndida fl ora. Basta citar entre muitos, o mei-go Thiago van Maren que não sendo uma estrela de grande magnitude, foi de primeira grandeza em sua humildade, bondade e dedicação sacer-dotais. Ninguém pode olvidar um Antônio van Es, um Adriano Temmink, um Peter Dingenouts, um Albert Verdeijen, um Bernardo Ditters, um Leo-poldo van Liempt, um Agostinho Picard, um Hu-berto Rademakers, e tantos outros não mencio-

nados e menos ainda esquecidos, sem falar dos nossos professores de Pirassununga, no decorrer dos muitos anos de Escola Apostólica. Da mes-ma forma é impossível desconhecer e olvidar a imensa constelação dos nossos queridos e obs-curos Irmãos Leigos, heróis anônimos da grande Caminhada do Evangelho através dos Tempos e do Espaço, verdadeiros “Médicos sem Fronteiras”.

Padre Francisco Jansem faleceu no dia seguinte à festa da Assunção de Nossa Senhora. Sem dúvi-da alguma, ele foi, aqui no Brasil, o grande arauto da Grande Rainha. Cantou em versos e prosa a sua beleza, retratando sempre o seu semblante de Mãe. E que ninguém se esqueça de que Ela é a advogada das causas perdidas.

“Ó lembrai-vos, Vós Virgem Mãe de bonança, do poder que o Filho vos deu.

O eterno Filho de Deus, em seu Coração adorá-vel vos deu, Virgem Mãe, um poder inefável”.

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Quatenus nobis denegatur diu vivere relinqua-mus aliquid quod nos aliquando vixisse testetur.

A Horácio, o magno poeta latino, negaram-lhe os deuses longa vida. Ao Cônego Carlos Menega-zzi, concedeu-lhe nosso Deus viver dilatado espa-ço de tempo. No dia nove de outubro do ano em curso, o Cônego Carlos Menegazzi celebrou seus noventa anos em Campinas. Foi-nos dada a hon-ra, ao Dr. Benedito Ignácio, ao Sebastião Carvalho e a mim, de participarmos desta homenagem ao ilustre aniversariante, no bairro de Helvécia, onde despontaram duas vocações msc: Pe. Ildefonso Sigrist e seu irmão Pe. Nelson Sigrist. O clube, onde foi celebrada missa e servido o almoço, é um recanto muito agradável e bonito, circundado de basta e luxuriante vegetação, de árvores anosas e altas, como palmeiras. Ficou-nos a impressão de plantas e fl ores lindas e viçosas. A missa, inda que longa, foi muito bonita, com a presença do arce-bispo emérito de Campinas e de onze sacerdotes e três diáconos. Um dos sacerdotes foi aluno do Pe. Ludovico Kaüling.

O Cônego Carlos Menegazzi não envelheceu. Está envelhecendo de forma lenta, lentamente e suavemente. Está envelhecendo como as árvo-res fortes de Helvécia envelhecem, coroadas de frutos, de fl ores e sombra benfazeja. O Cônego Carlos Menegazzi completou seu nonagésimo ani-versário em pleno frescor espiritual e intelectual, em plena primavera, embora sem os beijos do sol e sem o bailado dos pássaros, mas ao bailar das fl ores tangidas pelo vento.

Horácio, ao pretender encerrar sua obra, dei-xou-nos na Ode III, 30, sábio conselho: “uma vez que não nos é dado viver longa vida, deixemos algo que testemunhe nossa passagem pela terra. De fato, sua importante obra poética justifi ca seu testamento: “hei concluído um monumento mais

duradoiro que o bronze e mais alto que a impo-nência das pirâmides reais, monumento este tal que nem a chuva devoradora, nem o Aquilão de-senfreado possa derribar nem ainda, o vertiginoso perpassar das estações”. Na verdade, Horácio faz jus à nossa admiração e respeito. Mais respeito e admiração merece o Cônego Carlos Menegazzi, pelo que fez e fará por largo espaço de tempo ainda, como desejamos. A obra de nosso Cônego sobrepõe-se à de Horácio pela simples e boa ra-zão de que a obra horaciana está assinalada pelo selo do temporal (sub specie temporis) enquanto a obra de nosso aniversariante tem o selo da es-piritualidade (sub specie aeternitatis). O Cônego Carlos viveu sua vida sob o signo do espiritual na Escola Apostólica de Pirassununga, onde foi pio-neiro; no Noviciado; em seus estudos em Roma; na sua vida sacerdotal na diocese de Campinas. Com linha espiritual conjuntiva, simétrica e con-sistente teceu sua longa vida. Digo melhor: está tecendo sua vida. Por este motivo, a todo contato com ele desprende-se-lhe, de todos os poros, o agradável aroma de Cristo, o bonus odor Christi. Ao lado da espiritualidade, vale lembrar a agude-za de espírito, a jovialidade, a afabilidade, o bom-humor de nosso Cônego, a atestarem que o riso compadece perfeitamente com a espiritualidade. Os noventa anos de vida de Carlos Menegazzi não são um ciclo que se fecha ou uma vela que se apaga. Ao contrário, é o desabrochar de novo ci-clo, uma epifania, uma nova senda luminosa, uma nova faiscação espiritual e intelectual, carregada de novo e fascinante fascínio. Resta-nos agrade-cer a oportunidade de ter convivido algumas ho-ras com o aniversariante e de sentir, de bem per-to, o calor de sua amizade e de fruir de sua doce companhia.

Muito obrigado e, com você, fi que a ressonân-cia de nossa admiração e afeto.

Homenagem ao Cônego Carlos MenegazziAntônio Henriques (37 - 52)

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João Costa Pinto (1953-1966)

Notícias da Província de São Paulo

I N T R O D U Ç Ã O

Festa de N. Sra. do Sagrado CoraçãoAerolândia - Fortaleza - CE

O Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr., novo Superior Provincial, diz aos confra-des que está aprendendo a ser Provincial e pede sua ajuda: “Rezem por mim e pela minha missão. Sinto-me pequeno diante da missão que a Província me confi ou.” “Trago em meu coração a certeza de que, se Deus me confi ou esta missão, Ele vai me dar os dons necessários para cumpri-la”. Menciona suas primeiras visitas às comunidades de São Paulo, Itapetininga, Pirassununga, Campinas, Itajubá, Delfi m Moreira, Piranguçu. Esteve em Lima, Peru, na reunião dos Formadores da América e na Reunião dos Superiores de toda a América e visitou a Missão do Equador. Falta ainda reunir-se com os confrades do Amazonas e do Maranhão. Enaltece o Retiro Provincial por seu conteúdo e pela valiosa participação dos presentes.

Nesta edição, informo os falecimentos dos padres Arlindo Giacomelli, José Maria Pinto e Francisco Janssen e do Irmão Antônio Luís, e peço as preces dos colegas e seus familiares, em sufrágio das almas des-ses MSC falecidos. “E todo aquele que abandonar casas ou irmãos ou irmãs ou pai ou mãe ou fi lhos ou campos por amor do meu nome, receberá o cêntuplo e terá por herança a vida eterna.“ Mt 19,29.

Grandes os festejos em honra da padroeira da pa-róquia, de 21 a 29 de maio, especialmente dia 29 de maio, com encerramento da novena em celebração eucarística às 6:30hs. Às 9hs, houve a celebração do Batismo, às 15:30hs o Louvor Mariano. Às 17:30hs teve início uma concorrida procissão com a imagem de N. Sra. do Sagrado Coração pelas ruas do bairro e às 18:30hs houve a solene celebração eucarística de encerramento no pátio da igreja, com momentos de

grande emoção na coroação da imagem da Padroeira. Estiveram presentes os Pes. Tomasz Kundzicz (do Equador), Walter (da Áustria), Alfredo e Valdecir e também o Superior Provincial, Pe. Manoel.

O Conselho tem atualmente a seguinte compo-sição: Primeiro Conselheiro e Vice Provincial: Pe. Edvaldo Rosa de Mendonça; Segundo Conselheiro: Pe. Valmir Teixeira; Terceiro Conselheiro: Pe. Valde-cir Soares Santos; Quarto Conselheiro: Pe. Abimael Francisco do Nascimento. O Secretário Provincial é o Pe. Lucemir Alves Ribeiro.

Na primeira reunião do Conselho presidida pelo novo Provincial vários confrades foram nomeados para diversas missões: Mestre de Noviços: Pe. Be-nedito Ângelo Cortez; Ecônomo: Pe. Valmir Tei-xeira. O Pe. Geraldo Alves Cassiano foi nomeado Administrador Paroquial da paróquia de Delfi m Mo-reira. Atendendo a um pedido do Capítulo Provincial, um teologante vai estar na Ponte Pequena, ajudando na acolhida aos visitantes e colaborando na pastoral do Santuário das Almas. O escolhido foi o Fr. José Saraiva Jr. Nota especial: O Pe. Cortez pretende

Conselho Provincial - Conselheiros

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também fazer uma experiência missionária em Ango-la, que será para a Congregação, como ele diz, Terra de Missão. Está preparando um relatório específi co para tornar realidade esse empreendimento missio-nário em terras africanas, uma iniciativa da Província MSC de São Paulo.

Em substituição à Comissões, foram criados os Conselhos Provinciais, com os seguintes integrantes: Conselho de Gestão: padres Valmir Teixeira e Edvaldo Rosa de Mendonça. Conselho das Escolas: padres Luce-mir Alves, Humberto Capobianco, Tarcísio Machado e Benedito Ângelo Cortez. Conselho da Formação: pa-dres Lucemir Alves, Joaquim dos Santos, Francisco Tarcísio e Humberto Capobianco, Tarcísio Macha-do e Benedito Ângelo Cortez. Conselho do Santuário-Comunicação-Missão: padres Air José de Mendon-ça, Abimael Francisco do Nascimento, José Roberto Bertasi e Júlio César.

(1) O noviço Marcelo, do Equador, teve aprovação para uma experiência missionária na paróquia de San-ta Helena, no Maranhão. (2) A Abertura do Novicia-do 2012 foi marcada para 13 de janeiro de 2012. (3) O Pe. Benedito Tarcísio de Lima passou a cuidar de sua saúde, deixando de atender a Comunidade de Vila Vicentina, Itajubá. Ficará com mais tempo para atender confi ssões e orientar os fi éis que o procuram.

Rápidas

O Provincial, Pe. Manoel, junto com os Pes. Luce-mir Alves Ribeiro e Francisco Tarcísio participaram do Encontro de Formadores MSC da América Latina e Caribe, realizado de 18 a 22 de julho, na cidade de Lima, no Peru. (N.R. - Sobre a cidade de Lima, ver NR 2) Foram dias de refl exão e planos para a prepa-ração de missionários sem fronteiras, imbuídos do ca-risma do Fundador, Pe. Júlio Chevalier, voltado a uma formação sólida e fortemente missionária, diante dos desafi os do secularismo crescente e do ateísmo.

No Peru e no Equador

O Pe Manoel participou no dia 24 de julho da Reu-nião da CA-MSC dos Superiores das Províncias da América Latina, também na cidade de Lima, da qual resultaram as seguintes propostas: 1) reestruturação das Províncias da América Latina, através da união de pequenas Províncias, começando-se com a união dos Teologados. 2) possibilidade de um Teologado latino-americano. Uma comissão foi criada para desenvolver esse tema. Nesse sentido, cada Província deve procu-rar unir suas Casas de Teologia. 3) Formação espiri-tual na América, segundo o “Cor Novum”. Também neste caso, uma comissão foi constituída para organi-zar os encontros de espiritualidade, que serão móveis, cada encontro num país diferente, animados por um equipe composta de um membro de língua portugue-sa e outro de língua espanhola, contando com a par-ticipação das Missionárias do Sagrado Coração, das Filhas de N. Sra. do Sagrado Coração e de leigos da Família Chevalier.

Encerradas as reuniões em Lima, os padres Mano-el, Tarcisio e Lucemir seguiram para o Equador em visita à missão MSC em terras equatorianas, começan-do pela capital Quito, onde foram acolhidos pelo Pe. Alex Sandro Sudré que os aguardava no aeroporto. Ficaram na Paróquia El Buen Pastor de Turunbamba e concelebraram com o Pe. Alex a missa da noite. Dia seguinte, 25 de julho, já se acostumando com as ele-

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Retiros da Fraternidade Leiga e da Pastoral da Educação

vadas altitudes (Quito está a 2.800m do nível do mar), foram conhecer, após cerca de 5 horas, com algumas paradas, outras comunidades, atendidas pelos MSC, como Palmira e Tixán, onde trabalham os padres Tomasz Kundzics, polonês, e Paco, indonésio. Em Palmira está o concorrido Santuário do Senhor das Misericórdias. Foram muito bem recebidos em Tixán, onde o Pe. Paco, irradiando descontração e ânimo, os levou a visitar algumas das muitas comunidades indí-genas atendidas pelos MSC, a quase 4 mil metros de altitude, com frio intenso e certa difi culdade de respi-ração. Após um pouco mais de 1 hora, chegaram à pe-quena cidade de Chunchi, cerca de 13 mil habitantes, cravada nas montanhas, onde os aguardavam os Pes. Mário e Manú (indonésio). Retornando pela manhã a Quito, foram visitar a Casa de Formação, sendo re-cepcionados pelo Pe. Moacir, pelo pré-noviço José Luis e pela Sra. Clarita. Retornaram à paróquia El Buen Pastor de Turunbamba e visitaram as duas cre-ches por ela mantidas, encerrando o dia com visita ao centro histórico de Quito.

Na Casa de Retiros, em Guararema-SP, reuniram-se em retiro, nos dias 1, 2 e 3 de julho, os coordena-dores da Fraternidade LMSC, em nível nacional, e no Sítio São José do Barrocão, dias 26/27 de julho, foi a vez de diretores, professores, funcionários, pais e alu-nos de colégios, integrantes da Pastoral da Educação MSC dedicaram-se ao seu retiro-encontro. Evangeli-zar por meio da educação é tarefa exigente. Trata-se de uma proposta corajosa e criativa da Província de São Paulo. Na Escola em Pastoral, merecem atenção especial a educação e a catequese das crianças, dos adolescentes e dos jovens, ainda mais numa época que necessita de uma nova forma de evangelizar e educar. Esse retiro-encontro foi preparado pelo Pe. Benedi-to Ângelo Cortez e pelos estudantes de teologia, Fr. Fernando Clemente Santos e Fr. Michel dos Santos.

Quem, do Sul de Minas, especialmente de Delfi m Moreira, Marmelópolis, Itajubá, Pouso Alegre, Wen-ceslau Braz, e outras cidades vizinhas, não se lembra do Pe. Arlindo como pastor incansável, sempre dedi-cado a suas ovelhas, indo e vindo pra cá e pra lá, quase sempre dirigindo seu velho jipe Toyota, com o qual um dia se acidentou, celebrando missas na matriz de Delfi m Moreira, e nas capelas das comunidades ru-rais. Aos 91 anos, foi chamado para uma experiência “face a face” com o Pai, na tarde do dia 28 de julho, encerrando sua longa jornada de quase 65 anos como sacerdote e missionário.

Foi velado por pouco tempo na matriz de N. Sra. da Soledade, na presença marcante e agradecida de grande número de fi éis, pessoas simples e humildes, rostos queimados, mãos calejadas, das mais diversas comunidades da Paróquia, e de religiosos e religiosas, sacerdotes diocesanos, do clero da Igreja de Pouso Alegre, e também de autoridades civís e militares das cidades próximas. Despedida emocionada, princi-palmente por parte do “povo da “roça”, que o Pe. Arlindo mais amava. Pastor dedicado, horas e horas de incansável paciência no confessionário. Sacerdo-te marcado pela simplicidade. Seu modelo de amor era a imagem do crucifi cado, para o qual costuma-va apontar, com a mão direita, dizendo “É assim que se ama!” Foi em 1934 que o jovem Arlindo, com 15 anos de idade ingressou na Escola Apostólica de Pi-rassununga. Ordenado sacerdote em dezembro de 1947, iniciou sua trabalho pastoral como coadjutor na Vila Formosa, em São Paulo, seguindo após dois anos, para Piranguçu-MG, onde fi cou seis anos. Em junho de 1955 foi transferido para Delfi m Moreira, onde permaneceu até seu falecimento. Era Cidadão Mineiro por outorga da Assembléia Legislativa de Mi-nas Gerais, em 16 de maio de 2005. Foi sepultado em Pirassununga.

Falecimento do Pe. Arlindo Giacomelli† 28.07.11

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Faleceu na tarde de 15 de setembro de 2011, em Itapetininga, um dos antigos Mestres, o Pe. José Maria Pinto, MSC. Nasceu no dia 25 de maio de 1928 na cidade de Sorocaba-SP. Fez seus primeiros votos em Itapetininga no ano de 1947. Em 25 de agosto de 1953 foi ordenado presbítero. Trabalhou em várias regiões do país. Há algum tempo esta-va convivendo, na cidade de Itapetininga, com os confrades padres Abimael Francisco do Nascimen-to e Luís Bertazzi na cidade de Itapetininga. O Pe. José Maria já estava doente e em tratamento. Na tarde do dia 15, festa de Nossa Senhora das Do-res, repousou nos braços de Deus. Durante toda a noite, fi éis, amigos e parentes revezaram-se para lhe velar o corpo. A Santa Missa foi presidida pelo Bispo diocesano Dom Gorgônio A. da Encarna-ção e concelebrada por padres da diocese e vários Missionários do Sagrado Coração. O Santuário de Nossa Senhora Aparecida do Sul estava repleto de fi éis, sacerdotes, diáconos, religiosos MSC, religio-sas, parentes e amigos. Ás 16hs, seu corpo foi se-pultado no cemitério da cidade. O Superior Pro-vincial, Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr., assim se expressou sobre o confrade: “O Pe. José Maria foi muito importante para mim em minha infância e certamente em minha primeira escolha vocacional, pois era vigário da comunidade de Morro do Alto onde comecei a participar da comunidade religio-sa. Com ele me confessei e fi z a minha primeira comunhão. Com seu jeito próprio, sincero, culto, com uma grande capacidade de comunicação, tal-vez mereceria de Jesus um comentário: “Eis aí um verdadeiro israelita”. Fica em meu coração e no co-ração de cada um a tristeza pela falta deste confra-de, padre e amigo.”

Pe. José Maria Pinto - “Descanse em Paz”† 15.09.11

A verdadeira história de um Sacerdote Feliz foi o último li-vro escrito pelo venerável Pe. Janssen. “Penso que este será o último”, dizia ele quando concluía mais um livro. E des-sa vez foi de fato o último. O

registro de sua “despedida” nesta Seção do INTER-EX é uma pequena homenagem a esse extraordiná-rio sacerdote holandês que adotou o Brasil como sua segunda pátria. Em uma de suas férias na Holanda,

Para a casa do Pai - † 16.08.11Pe. Francisco Janssen

confrades, familiares e amigos insistiram para que fi casse de-fi nitivamente em sua terra natal. Respon-dia dizendo “Por que haveria eu de fi car aqui na Holanda, se no Brasil estão minha realização missioná-ria e o povo que me acolheu.” Em outra página desta edição do INTER-EX, o exímio Ézio Américo Munnari, fez a pintura, com tintas variadas, nitidez e objetividade, do perfi l do Pe. Janssen. E, na Revista Anais de N. S. do Sagrado Coração, de outubro de 2011, o Pe. José Roberto Bertasi discorre brevemente sobre o traba-lho incansável do Pe. Francisco Janssen, seu empe-nho em construir um belo e defi nitivo templo onde a Mãe de Deus fosse venerada com dignidade, e diz da admiração que os fi éis tinham por ele.

Com refl exões apresentadas pelo prof. Fernando Altemeyer Jr., teve lugar o Encontro de Teologia-Igreja e Meios de Comunicação, na casa de Teolo-gia Pe. Hélio Pontes, em São Paulo. Fernando Al-temeyer Jr. é teólogo, doutor em ciências sociais e professor de várias faculdades. Estavam presentes sete estudantes da Província de São Paulo e seis da Pró-Província do Rio de Janeiro. Houve visita à TV Século XXI, em Valinhos-SP. O Encontro foi en-cerrado no dia 24, domingo, com celebração euca-rística no Santuário de N. Sra. do Sagrado Coração, em São Paulo.

Encontro dos Teologantes

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Na Casa de Retiros Siloé, em Valinhos-SP, de 4 a 8 de julho, foi pregado o Retiro Provincial por Antô-nio Carlos Santini, membro da Comunidade Católica Nova Aliança. Com erudição e humildade, soube de-senvolver o tema central, a Obediência, um dos três pilares da vida religiosa.

Retiro Provincial 2011 - Obediência

Web - Portal MSCAprovado pelo último Capítulo Provincial, o novo

Portal MSC já está no ar. Muitas informações já es-tão disponibilizados, como dados da Província de São Paulo, das paróquias e santuários, colégios, a Revista de N. Senhora, obras pastorais e movimentos sociais a que a Província está ligada. Outras serão acrescenta-das. Esse novo Portal foi pensado para ser interativo, podendo conter notícias da Igreja e da Congregação e conferir notícias divulgadas pela mídia, além de arti-gos e acessos a redes sociais (Twitter e Facebook). É só consultar: www.msc.com.br

Plantão Médico que, infelizmente, se transformou em “despedida”

NR 1 - A fonte principal desta coluna do In-ter-Ex foram as Comunicações no. 613 da Pro-víncia de São Paulo, período junho a agosto, com relatos do Pe. Provincial e outros religio-sos, notícias do Portal MSC, na Web e na Revis-ta Anais de N. S. do S. Coração. Ao transcrever matérias veiculadas, meu objetivo é transmitir as notícias da Província. Inevitável às vezes re-produzir parcialmente algum texto. Com espa-ço gráfi co reduzido, procuro repassar resumi-damente as principais notícias.

NR 2 - Lima, capital do Peru: dados resumidosLima era a antiga capital do vice-reino do

Peru e o centro do poder imperial espanhol na América do Sul. É um grande oásis urbano cercado pela cordilheira dos Andes e pelo de-serto costeiro. Fundada em 1535 por Pizarro, a cidade conserva em seu centro o traçado do “tabuleiro de xadrez” da época colonial. Seu crescimento resulta da forte migração interna do Peru, concentrando mais de 20% da popu-lação. Refl ete desigualdades sociais, no con-traste entre os bairros abastados (Mirafl ores e San Isidro) e o enorme cinturão de favelas que se estende sobre o deserto na costa do Pací-fi co. A maior parte das atividades administra-tivas, comerciais, bancárias e industriais está concentrada em Lima. El Callao é o porto e Jorge Chávez o aeroporto da cidade. Entre os numerosos museus, destacam-se o do Ouro, o do Vice-Reino e o da República, este do perí-odo colonial espanhol, assim como o palácio de Torre Tagle, a catedral e o convento de São Francisco. Há uma importante biblioteca na ci-dade, que passou por bela urbanização nos dois últimos séculos. Abriga no centro o portento-so Palácio da Justiça. A região de Lima assenta habitantes há milhares de anos. Os incas, bem mais recentes, habitavam a região e tinham sua capital em Cuzco, cidade a sudeste de Lima. Se-gundo o censo de 2007, a Região Metropolitana de Lima já possuía, à época, aproximadamente 8,5 milhões de habitantes. Como os peruanos em geral, a maioria dos habitantes de Lima é cató[email protected]

O Irmão Antonio Luís, conhecido da maioria dos associados, sofreu acidente em 28 de julho, na Casa Pro-vincial, onde trabalhava há décadas, ao cair de uma es-cada e bater a cabeça. Passou por cirurgia e vinha recupe-rando-se lentamente, con-forme disse-me o Lasinho, em 26 de setembro. Seu quarto estava sendo preparado para recebê-lo de volta. Esse servo bom e fi el, humilde membro da Congregação e da Província de São Paulo, da qual era procurador administrativo, trabalhador in-cansável, sacristão, zelador da instalações da Casa Pro-vincial e do Santuário das Almas, veio a falecer no dia 12 de outubro, festa da Mãe Aparecida. A santa missa, de corpo presente, foi celebrada no dia seguinte, no Santuário das Almas. Sepultamento em Pirassununga.

Notas da Redação

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