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Feix - O Teatro Na Pos Modernidade Uma Tentativa de Definicao Estetica

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  • 180

    Em vrias encenaes recentes, a cadeira de rodas constitui um dos objetos cnicos principais. Toda ao da pea parece assim concentrada ao redor do tema da alienao, da impossibilidade de ao. Em Acordei que sonhava do Ncleo Bartolomeu de De-poimentos, a protagonista da adaptao de A vida um sonho de Caldern de la Barca tenta escrever, presa numa cadeira de rodas. Na cena fi nal de Antgona de Antunes Filho, Antgona aparece amarrada em cima de uma cadeira de rodas. Em Festa de Casa-mento, adaptao de Eid Ribeiro do Casamento do Pequeno Bur-gus de Brecht, o personagem da me passa o casamento todo na cadeira de rodas, simbolizando a postura de submisso na qual a famlia a coloca. Em Psicose 4h48, montagem da pea de Sarah Kane pela Cia Marcos Damaceno, a protagonista efetua um vai-e-vem com a cadeira de rodas que simboliza a sua incapacidade de lidar com a crueldade do mundo. Simbolizando a submisso do indivduo diante da sociedade que o oprime, a cadeira de rodas, utilizada freqentemente nas encenaes contemporneas, acaba igualmente criando um eco de uma pea para a outra, que no somente temtico. Objeto cnico, a cadeira de rodas pare-ce sugerir, alm do contedo simblico imediato, uma paralisia geral, que pode ser vista como a metfora da situao do teatro na Ps-Modernidade, paralisia que se observa diante das polticas pblicas, mas tambm dentro do universo artstico de uma forma geral. Surge ento a questo de saber se os parmetros que defi -nem a Ps-Modernidade no acabam criando uma priso para a expresso artstica. De que maneira as teorias artsticas contem-porneas infl uem sobre a criao teatral de um ponto de vista esttico, mas tambm tico? Esse artigo prope uma tentativa de defi nio da esttica teatral a partir de algumas encenaes atuais, focando particularmente nos espetculos apresentados no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana em 2006ariana em 2006

    22.

    Di culdades preliminares

    Na linguagem crtica, o consenso tende a chamar de contempor-nea a criao dos dez ltimos anos, ou seja, voltando dez anos atrs a partir do momento da enunciao textual. Conseqentemente, pode-se considerar contempornea a produo de 1996 at 2006. Defi -nir esteticamente a produo artstica de uma poca constitui uma tentativa complexa porque, a partir de certas caractersticas analisadas,

    * Diretora teatral, escritora e

    professora de Histria e Esttica Teatral na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutora em Letras e Artes pela Universidade de Aix-Marseille I (Frana). E-mail: [email protected] Diretora teatral, escritora e professora de Histria e Esttica Teatral na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutora em Letras e Artes pela Universidade de Aix-Marseille I (Frana). E-mail: [email protected] O Festival de Ouro Preto e Mariana de 2005 foi organizado pela Profa. Dra. Guiomar de Grammont, diretora do Instituto de Filosofi a, Arte e Cultura (IFAC) da UFOP, e o Prof. Dr. Fbio Faversani, Pr-Reitor de Extenso. A Curadoria de Artes Cnicas foi realizada pelo Prof. Dr. Gilson Motta e pela Profa. Dra. Tnia Alice Feix, autora do artigo.

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    O Teatro na Ps-Modernidade: uma tentativa de de ni o estticaTania Alice Feixania Alice Feix11

    Introdu o

  • 181corre-se o risco da generalizao com o objetivo da sistematizao. Por defi nio, a delimitao de uma identidade fechada; corre-se igualmente o risco da superfi cialidade, na medida em que a afi rmao da identidade acompanhada de um procedimento de excluso. Por exemplo, quando se organizam festivais de teatro no Cear reservados a grupos regionais, recorre-se sempre aos mesmos questionamentos: o que um grupo cearense? Um grupo que trabalha com esttica nordestina, mesmo sediado no Rio de Janeiro? Um grupo cuja sede no Cear? Um grupo cujo diretor cearense?

    No caso da produo teatral contempornea, a questo da identi-dade mais complexa ainda. O que une, de um ponto de vista esttico, uma encenao da Ofi cina Multimdia de Belo Horizonte com a apre-sentao do Bumba-meu-Boi de Ipatinga, do interior de Minas, ambas realizadas durante o Festival? O aspecto polimorfo da criao contem-pornea, que brinca com a noo de diversidade, pela juno de textos, de linguagens, de contextos culturais no facilita a defi nio.

    Outro fator que difi culta a anlise a simultaneidade da pesquisa com o contexto analisado. Para que uma anlise tenha pertinncia, percebe-se freqentemente que o pesquisador no pode ter uma pro-ximidade muito grande com o assunto analisado. Por exemplo, pelos dogmas da sua profi sso, um psicanalista proibido de praticar a anlise com um membro da famlia ou um prximo. Essa difi culdade ine-rente simultaneidade conduz ao fato de que as teses de mestrado ou doutorado em Letras so preferencialmente consagradas a escritores mortos, sob pena de que a Histria interfi ra no processo de construo da obra, a desmentindo, por exemplo.

    Considerando essas difi culdades, podemos tentar, pelo menos, delimitar alguns traos da criao teatral contempornea a partir dos trinta espetculos apresentados em espaos tradicionais e alternativos durante o Festival de Inverno de 2006.

    Uma esttica do indivduo

    Considera-se que a contemporaneidade, defi nida anteriormente, se insere no contexto da Ps-Modernidade.

    O termo Ps-Modernidade, pela sua prpria estrutura semn-tica, sugere uma continuidade e, ao mesmo tempo, uma ruptura. A Ps-Modernidade seria uma forma de continuidade da Modernida-de, conforme o imperativo de Rimbaud para quem teramos que ser sempre absolutamente modernos. A Modernidade considerada como sendo essa tenso em direo ao que est por vir, um futuro promissor, que cumpra com as esperanas do agora. Nesse sentido, os jornais e peridicos mais lidos na Europa do sculo XIX so representativos: os ttulos Domani (Itlia) ou Lespoir e LAvenir (Frana) revelam a tenso humana em direo ao Futuro. Se referindo s teorias de Jean-Franois Lyotard em La Condition Post-Moderne e de acordo com o Historicis-mo do sculo XIX, a Modernidade seria a poca de crena nos gran-des mitos coletivos que iriam levar a Humanidade para um bemestar mais elevado. Entre esses mitos promissores, costuma-se tradicional-mente colocar o Capitalismo, o Comunismo, o progresso cientfi co e tecnolgico, a religio ou mesmo a psicanlise. Com a realizao desses Grandes Mitos (Lyotard), a Humanidade iria conquistar um

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  • 182futuro promissor. A derrota progressiva desses Mitos conduziu a uma viso desencantada em relao ao futuro. Tanto que, para Lyotard, os acontecimentos em Auschwitz assinariam defi nitivamente o fi m da Modernidade. O fi lsofo analisa o fracasso desses Mitos:

    As guerras totais, os totalitarismos, a diferena dos pases do Norte para os pases do Sul, o desemprego e a pobreza e a crise da educao so devidos ao desenvolvimento tecno-cientfi co, artstico, econmico e poltico., econmico e poltico.33

    Foram tantos mitos que a Humanidade conseguiu visualizar como uma utopia por vir. Dentro da fi losofi a de Foucault, a anlise em relao aos progressos possveis para a Humanidade se acompa-nha da anlise da instaurao de um nico sistema, cujo objetivo era desenvolver os valores ligados ao capitalismo. O fi lsofo analisa de que forma o desenvolvimento tcnico e industrial, iniciado no sculo XVIII, se acompanhou de uma fase na qual a prxis pedaggica de-senvolveu uma variedade de mtodos para disciplinar o ser humano em funo do valor fundamental do sistema instaurado: a produtivi-dade. Escravizando-se em funo desse ideal, a Humanidade teria abandonado simultaneamente seus ideais e mitos coletivos. O prprio Walter Benjamin, que se posiciona contra o historicismo positivista, acaba se afastando do princpio de causalidade que signifi caria pro-gresso. No seu ensaio sobre Brecht, Ingrid Dormien-Koudela analisa essa desconstruo do mito do progresso na fi losofi a de Benjamin: Benjamin entende a histria no como um acontecimento a ser reconstrudo, mas como produto de uma atividade heurstica que independe do prprio ponto de vista espao-temporal historiogrfi cotoriogrfi co44,, sublinhando a relatividade do posicionamento do historiador e analista em relao ao contexto.

    Com a morte de Deus anunciada por Nietzsche, cujos pensa-mentos modifi caram radicalmente toda fi losofi a ocidental enterrando defi nitivamente o mito do catolicismo salvador, estaramos de volta para praticar o que Glusberg chama de cerimnias sem Deus, rituais sem s sem crenascrenas55. Em A ltima gravao de Krapp, de Beckett, direo de Fran-cisco Medeiros, Krapp se mostra desencantado em relao vida, sem esperana em relao ao futuro, preso dentro de uma vida que invaria-velmente se repete de um aniversrio para o outro. Resgatando uma gravao realizada num aniversrio passado, ele observa com desespero a rotina repetitiva na qual nenhum Deus, nenhum ideal pode vir salv-lo. Assim como a sociedade fi cou rf das suas utopias, o teatro fi cou rfo das revolues, como escreve Denis Gunoun.nis Gunoun.

    66

    O valor que resta o indivduo, desencantado pelas ideologias coletivas. Tanto assim que, em A era do vazio ensaios sobre o indi-vidualismo contemporneoo contemporneo77,, o socilogo Gilles Lipovetsky aponta para o individualismo como uma das caractersticas da Ps-Modernidade. Segundo ele, nos voltaramos para a Era de Narciso, onde o temos que ser absolutamente modernos de Rimbaud foi substitudo por temos que ser obrigatoriamente ns-mesmos. O que explicaria a volta no pri-meiro plano do Eu, numa tendncia ps-romntica exacerbada e desencantada. Se opondo s teorias de Michel Maffesoli, para quem a Ps-Modernidade se confi gura em funo de uma volta vivn-cia em tribos, Lipovetsky demonstra de maneira emprica como o

    3 LYOTARD, J.F. La Condition post-moderne. Paris: Minuit, 1979.

    4 KOUDELA, Ingrid. Brecht na Ps-Modernidade. So Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

    5 GLUSBERG. A arte da performance. So Paulo: Editora Perspectiva, 2005.

    6 GUENOUN, Denis. O teatro necessrio? So Paulo: Perspectiva, 2004.

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  • 183eu vai ocupando o primeiro lugar na cena, acompanhado por uma tendncia ao consumo acentuada. Nesse sentido, o socilogo francs se refere s idias de Bakhtine sobre a passagem de uma forma de organizao social na Idade Mdia afi rmao do indivduo exaltada pelo Romantismo e que culmina na contemporaneidade. Essa volta do individualismo se manifesta pelo nmero crescente de monlo-gos na cena teatral. No Festival de Inverno, por exemplo, dos oito espetculos apresentados no Teatro do Centro de Convenes, cinco eram monlogos. Sempre mais, dominadas pela ideologia neoliberal, as exigncias materialistas da contemporaneidade conduzem os artistas a realizar trabalhos individuais, com cenrios mnimos. Nesse contexto, colocando Narciso como a fi gura que encarna uma Ps-Modernidade que desacredita no amanh, Lipovetsky analisa a sociedade contempo-rnea como sendo profundamente voltada para o indivduo e para o consumo. De certa forma, essa postura legitima a falta de engajamento do artista contemporneo, bem como a falta de crena na possibilidade de modifi cao da sociedade pela arte.

    Uma esttica do engajamento

    A questo do engajamento do artista se tornou uma das interrogaes do teatro contemporneo, como o demonstra a temtica do Encontro Mundial de Artes Cnicas (ECUM) de Belo Horizonte em 2006, O Teatro em tempos de Guerra. Lyotardrra. Lyotard

    88 analisa de que forma a socie-

    dade Ps-Moderna e seus contextos de informao e comunicao geram a necessidade de elaborar novas formas de comunicao. Ele aponta para a importncia da existncia de uma contracultura, de um contra-pensamento, que no seja utilitrio, funcional, subordinado aos meios e fi ns ou da produtividade ou do marxismo sendo essas, se-gundo Lyotard, as duas correntes de pensamento dominantes do scu-lo XX. Nesse contexto, e conforme a mxima to conhecida de De-leuze, resistir criar, a questo do engajamento se coloca com fora na criao teatral contempornea. Conforme as teorias do intelectual situacionista Guy Debord, em A sociedade do espetculo petculo (1967)(1967)

    99, tudo

    o que era vivido antes se afastou para tornar-se uma representao, gerando o sentimento da impossibilidade de o ser humano interferir e modifi car o desenvolvimento da Histria, inclusive na sua prpria histria, sendo isso o primeiro passo para a passividade ps-moderna. Mesmo relativizando esse posicionamento em Les temps hyper-moder-hyper-moder-nesnes

    1010, Lipovetsky no deixa de reforar a legitimidade da falta de enga-

    jamento que se percebe assistindo a certas encenaes contemporneas e que gera o que Jimenez chama de crise da arte contemporneaontempornea

    1111,

    conseqncia dos trabalhos artsticos que buscam uma expresso ro-mntica do eu, sem se preocupar em buscar uma forma de comu-nicao com a platia crise acentuada, segundo Jimenez, pela lacuna da crtica na explicao do que fundamenta a criao contempornea. Um exemplo de tentativa de resistncia arcaica a encenao de O Assalto, direo de Marcelo Drummont (So Paulo, 2004), realizada a partir do texto de Z Vicente, datando de 1969 e apresentada no Centro de Convenes durante o Festival. Por ser localizado original-mente no contexto onde a relao humana passa a ser submetida mais intensamente ainda aos imperativos do mercado liberal, o texto ressalta

    7 LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio ensaios sobre o individualismo contemporneo. So Paulo: Manole, 2006.8 LYOTARD, J.F. La Condition

    Post-Moderne, op. cit.9 DEBORD, Guy. La socit do spectacle. Paris: Folio Essais, 1967.10 LIPOVETSKY, Gilles ;

    CHARLES, Sebastien. Les temps hypermodernes. Paris: Grasset, 2004.11 JIMENEZ, Marc. La querelle

    de lart contemporain. Paris: Folio Essais, 2005.

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  • 184a crueldade e o interesse que domina as relaes humanas atravs do confronto entre um bancrio e um faxineiro. A encenao comporta uma tentativa de atualizao dessa temtica substituindo a mquina de datilografi a pela informtica, mas utiliza-se de efeitos tradicionais como o recurso freqente quarta parede num palco italiano, numa encenao que repete clichs. Assim, cada vez que o bancrio levanta seus arquivos, uma sonoplastia de cunho religioso vem sublinhar que o Deus contemporneo passou a ser o dinheiro. A encenao recorre a um humor previsvel, exacerbando temas da sexualidade e palavres, inserindo-se no contexto da comdia. O efeito acentuado pelo re-curso a um telo que fi lma os rostos dos atores sem que essa fi lmagem tenha um efeito retrico. Dessa forma, a sobrevivncia desencantada no contexto urbano constatada, sem que a encenao oferea outras formas de resistncia do que exaltao de uma relao ertica exacer-bada, baseada na luta pela dominao fsica, econmica e intelectual. O prprio tema da resistncia parece esgotado pelo fi m dos Grandes Mitos.

    Contudo, a situao no desesperadora. Baseando-se em De-leuze, que defi ne o criador como o grande vivente de sade frgil que se ope gorda sade dominante, o psicanalista e ensasta Miguel Bena-Miguel Bena-sayagsayag

    1212 analisa a importncia da resistncia no nosso mundo ontologi-

    camente obscuro no qual o inimigo indefi nido. Para Benasayag, a concre-tizao artstica , em si, uma forma de resistncia. A viso marxista de luta de classes no mais vigente, ultrapassada pela prpria realidade histrica. Para Benasayag, colocando o corpo em cena, o restituindo em sua densidade, o ato criador em si um ato de resistncia, vlido e necessrio, que se afi rma em nome da vida, do desejo recusando o utilitarismo e tornando-se efetivo a partir do momento em que ele encontra um eco em outras formas de ao social. Apresentado na Igreja do Carmo de Ouro Preto, o espetculo Como habitar uma paisagem sonora de Dudude Hermann, da Bem-Vinda Cia. de Dana, coloca em cena corpos que se movem com liberdade numa paisagem exterior em ruas, escadas, igrejas, entre outros. A movimentao livre dos corpos contrasta com a movimentao tradicional dos especta-dores, criando um encontro e um questionamento. O corpo sugere a liberdade em relao aos moldes sociais, sem que o espectador sinta a necessidade de uma explicao especfi ca.

    Nessa tentativa de resistncia que no seja retrgrada, o teatro contemporneo se encontra em uma situao difcil. Tanto que exige-se do diretor de teatro que, dentro da sua inutilidade no contexto globalitarista, ele seja pelo menos um agente de divertimento. Ou ento que ele distraia o pblico a partir de temas convencionais e, diga-se de passagem, que essa distrao se d em novos espaos de diverso, como os shoppings. Neste contexto, a defi nio do fi lsofo Pascal, que considera que a diverso o que afasta o homem do essencial, se revela mais pertinente ainda. Exige-se do artista que ele se torne um analgsico, para que ele possa inclusive benefi ciar-se do apoio das Leis de Incentivo. O capitalismo com a sua indstria da cultura no tolera que a arte modifi que o comportamento do indiv-duo no sentido de um desenvolvimento da sua humanidade, analisa e, analisa TraegerTraeger

    1313. Porm muitas companhias se adaptam s exigncias da con-

    12 Palestra proferida por Miguel

    Benasayag no Encontro Mundial das Artes Cnicas (ECUM) em Belo Horizonte, 13 abr. 2006.13 TRAEGER, Claus. Weimarer

    Beitraege. Weimar: Weimarer Verlag, 1972.

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  • 185temporaneidade, sem renunciar a uma perspectiva engajada. Levando em conta a importncia da percepo contempornea exigncia de rapidez, de ao, infl uenciada pela cultura televisiva , estas companhias persistem na contracultura sem abaixar o nvel de exigncia artstica, evitando e fugindo da literatura e do teatro de puro conformismo, alta audincia, entretenimento, habitualmente defi nidos como cultura ura de massade massa

    1414. O prazer esttico, que chega a passar para um segundo

    plano em algumas formas do teatro de agit prop ou de ao social que utilizam o teatro como meio e no como fi m, no chega a ser subor-dinado realizao da proposta poltica e social. Todo mundo conhece a utilidade do til, poucas pessoas conhecem a utilidade do intil, escreveu o fi lsofo oriental Tchouang-Tseu: o prazer esttico se torna gratuito, alcanando assim a forma potica.

    Um exemplo o Grupo Galpo com a montagem de Um ho-mem um homem de Paulo Jos (2005), apresentado no Centro de Convenes de Ouro Preto, que leva o texto do Brecht de 1926 para o contexto da invaso do Iraque pelos Estados-Unidos. Como o subli-nha o diretor Paulo Jos:

    Os assuntos abordados, guerras de pacifi cao, Oriente ver-sus Ocidente, a luta do Bem contra o Mal, so de absoluta atualidade. O que ocorria na ndia na poca em que a pea foi escrita pode ocorrer hoje no Afeganisto, no Iraque ou em um pas fi ctcio, um Urbequisto qualquer da sia menor, e as tropas inglesas so hoje as foras coligadas do mundo livre ocidental e cristo em luta contra a barbrie oriental. (...) Nossa adaptao permitia que se colocassem em cena as teorias que orientam a poltica externa ameri-cana de hoje, expondo os motivos reais de suas aes bli-cas, deixando claro que elas no so uma calamidade ine-vitvel, como os terremotos e outros grandes acidentes da natureza, mas atos criminosos que podem ser denunciados, combatidos e evitados.combatidos e evitados.

    1515

    Na pea O Inspetor Geral de Paulo Jos (2004), o texto de Gogol j tinha sido transposto para o contexto regional e aparecia mais leve pelo recurso ao humor, sem que essas formas de contextualizao te-nham prejudicado ou atenuado a fora crtica da pea original, ampla contestao e descrio metafsica das limitaes humanas. O mesmo j acontecia em Um Molire imaginrio, direo de Eduardo Moreira (1996). Com o recurso ao humor e contextualizao regional, ao mesmo tempo em que ela constitui uma celebrao e uma homena-gem fora do teatro, a pea critica um dos modos que, segundo Lipo-vetsky, caracterizam a sociedade de hiper-consumo: o investimento crescente em termos fi nanceiros na sadenceiros na sade1616. Estabelecendo uma ponte com outros trabalhos realizados fora do contexto do Festival, podemos considerar a adaptao de Esperando Godot realizada por Francisco Ex-pedito no Rio de Janeiro, em 2004, e em Sobral (CE) em 2005. O di-retor optou pela multiplicao do casal Vladimir e Estragon em vrios casais que encarnam todas as facetas dos mitos que assinam o fi m da Modernidade. Alm de possibilitar uma leitura nova, a pea ganhou em dinamismo, ritmo, leveza, sem perder a sua essncia, progredindo assim

    14 ROSENBERG e WHITE,

    David Manning. Cultura de Massa. So Paulo: Cultrix, 1957.15 JOS, Paulo. Em torno de

    Um homem um homem. Subtexto Revista de Teatro do Galpo Cine Horto, dez. 2005.

    16 LIPOVETSKY, Gilles. Essai sur la socit dhyper-consommation. Paris: Flammarion, 2006.

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  • 186na elaborao de uma contracultura, que no seja elitista. O impacto provocado pela primeira montagem de Esperando Godot de Herbert Blau em 1947, no presdio de Saint Quentin na Frana, j tinha de-monstrado, contrariamente s expectativas, que a nova linguagem e a acepo do teatro propostas por Beckett no tinham nada de elitista e, pelo contrrio, respondiam s inquietaes metafsicas profundamente humanas, independentemente do grau de informao do espectador, ampliando a refl exo, o conhecimento, e, atravs dele, a liberdade hu-mana. A resistncia funciona, tanto que muitas entrevistas realizadas com a platia aps o espetculo co tinham o depoimento seguinte: Os personagens so como ns, aqui no Serto, esperando algo que nunca che-nca che-gaga..

    1717 Outro exemplo de resistncia na cena teatral contempornea

    o Ncleo Bartolomeu de Depoimentos, que trabalha a encenao de clssicos em linguagem contempornea, utilizando-se do hip hop e do grafi te na adaptao de A vida um sonho de Calderon (2005, direo de Claudia Schapira), que leva o questionamento do Sculo de Ouro Espanhol para o contexto das favelas no Brasil de hoje.

    Uma esttica da fus o

    Segundo a Esttica de Hegel, cada poca prope uma juno entre a forma e o contedo. Sendo assim, na Arte Oriental, a forma transborda-va sobre o contedo. As foras iam se equilibrando no Classicismo, at chegar ao Romantismo, em que o contedo primordial em relao forma. Partindo do princpio de que hoje consideramos que a forma o contedo, de que forma podemos analisar a fuso esttica?

    De acordo com Meschonnic em Modernit Modernit, na nossa poca, uma compulso de convergncia conduz a busca de uma sntese arts-tica, esprito do tempoo do tempo

    1818. Em 1917, Parade de Eric Satie j aliava msica,

    pintura e coreografi a, num ideal de fuso j anunciado pelo entusiasmo das vanguardas. Era o incio da fuso artstica como princpio esttico afi rmado. Fuso entre as artes com a integrao do cinema na literatura, por exemplo. Como o sublinha Francine Dugast-Porte em Le Nouveau Roman, une csure dans lhistoire du rcit, o Nouveau Roman j era liga-do ao cinema. A imagem cinematogrfi ca foi penetrando aos poucos a linguagem especfi ca das artes plsticas e das artes cnicas, trazendo a conscincia de que as novas tecnologias podem acarretar estticas novas. Como o ressalta Glusberg em A arte da performance, a Bauhaus foi um dos primeiros movimentos a querer juntar as artes e introduzir as novas tec-nologias, buscando sempre uma melhora na vida do homem. A Semana da Bauhaus, em 1923, teve por ttulo Arte e Tecnologia, uma nova unidade, antecipando em mais de quarenta anos a consolidao da arte interm-dia e os Experiments on Art and Technology (EAT) nos Estados Unidos. Da mesma forma, o movimento Fluxus, idealizado por George Maciunas, j era um exemplo dessa fuso entre tecnologia e arte pictrica, sendo, segundo o seu criador, um teatro neobarroco de mixed media. Assim, trs dos oito espetculos de palco apresentados no Festival utilizavam-se da linguagem e dos recursos cinematogrfi cos. No espetculo A Acusao da Ofi cina Multimdia (MG), inspirado na obra de Kafka, o enredo ilustrado por projees cinematogrfi cas. Da mesma forma, em Con-fi sso de Leontina do Teatro do Pequeno Gesto, a imagem projetada utilizada para ilustrar o conto de Lygia Fagundes Telles, criando um

    17 Pesquisa desenvolvida na

    Universidade Vale do Acara (UVA), Sobral, Cear, nov. 2005, no Departamento de Letras e Artes pela Profa. Tnia Alice Feix.18 Meschonnic, Henri. Modernit

    Modernit. Paris: Verdier, 1988.

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  • 187contraponto irnico com o enredo proposto. Em O Assalto, de Marcelo Drummont, o rosto dos atores fi lmado simultaneamente e projetado no telo. Nos trs casos, a projeo no utilizada pelo seu efeito po-tencialmente retrico, mas ilustra o enredo proposto.

    Dessa forma, o teatro tende a se expandir alm do Teatro Pobre preconizado por Grotowski, estabelecendo uma ponte com as outras artes. Os princpios propostos por John Cage e Merce Cunningham com o Untitled Event, que se propunha ser uma fuso de todas as artes forma ancestral da performance, continuam se expandindo. Da mesma forma, os cenrios vo utilizando as tcnicas da recomposio e da colagem, legados do Cubismo e da tcnica da colagem, idealizada por Max Ernst e desenvolvida depois por vrios artistas como Pollock, no seu performtico Action Painting.

    Aos poucos, conforme as teorias de Franois Pluchards Pluchard1919

    , a pin-tura sai da tela, a literatura sai do livro, a msica sai do disco e o teatro, arte total, acaba propiciando a juno das artes.

    A fuso artstica se expressa igualmente atravs da prpria cons-truo e concepo dramatrgica. A noo de polifonia textual, que considera que nenhum texto original, mas uma composio de v-rias vozes, teorizada por Bakhtine e importada na Europa e depois na Amrica Latina por Julia Kristeva, se vulgarizou. Em Ladres de PalavrasPalavras

    2020,, Michel Schneider parte dos princpios desenvolvidos por

    Kristeva e analisa a partir de um ponto de vista psicanaltico a ma-neira como o escritor lida com a noo de propriedade intelectual. A contribuio da obra de Schneider nesse sentido fundamental: hoje, consideramos com naturalidade a polifonia, a remixagem de idias, de vozes. O comunismo das idias preconizado por Freud conseguiu se impor. nesse sentido que se pode entender a profuso de adaptao de textos clssicos em linguagem contempornea. No Festival de In-verno, a apresentao de Electra de Sfocles, resultado do trabalho da Ofi cina Prtica de montagem de um texto clssico, com a direo de Anselmo Vasconcellos a partir da adaptao de Antnio Pedro e Gabriel Moura com a traduo de Joo Ubaldo Ribeiro, demonstrou a importncia da releitura e da polifonia textual. A partir de uma ver-so do texto abrasileirada, em linguagem coloquial, o diretor integra elementos de composio moderna, como uma sonoplastia composta por uma banda de rock, que se junta com uma forma de interpretao de cunho naturalista, alm dos elementos tradicionais da encenao.

    Uma esttica da fragmenta o

    Do ponto de vista da dramaturgia, a produo artstica sofre as modi-fi caes ligadas quebra do enredo tradicional. Sempre mais, as cria-es contemporneas se inscrevem numa esttica da fragmentao, da composio a partir de materiais diversos. Por exemplo, apresentado no Festival de Inverno como resultado de uma ofi cina ministrada por Francisco Medeiros, o texto Guantnamo, defendendo a liberdade em nome da honra foi elaborado a partir da juno de material documental jornais, entrevistas registradas e copiadas, entre outros com o texto original de Nicolas Kent, tambm composto a partir de material do-cumental, criando uma potica nova. A dramaturgia de A acusao da Ofi cina Multimdia foi livremente inspirada no Processo de Kafka; o

    19 PLUCHARD, Franois. Lart,

    un acte de participation au monde. Nmes: Chambon, 2002.20 SCHNEIDER, Michel,

    Ladres de palavras ensaio sobre o plgio, a psicanlise e o pensamento. Campinas: Editora Unicamp, 1990.

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  • 188texto de Sinh Olympia, de Guiomar de Grammont, foi composto a partir de artigos, testemunhas, relatos sobre a vida de Dona Olympia, personagem mtico da cidade de Ouro Preto.

    Nos anos 60, voltando-se para o texto, o estruturalismo j tinha teorizado o fato dos seres de peas, romances ou contos serem seres de papel (Nathalie Sarraute), que remetem a uma realidade intertextual mais do que a um referencial externo. Cada vez mais, o teatro no busca mais ser um espelho realista que refl ete o contexto social, como era o caso na poca de apogeu do drama burgus, mas uma experimentao de novas formas de linguagem, baseadas no trabalho do ator.

    Da mesma forma que a dramaturgia se fragmenta, o trabalho de interpretao escapa do sistema naturalista. Os atores no so mais atores porque querem um dia ser Fedra ou Don Rodrigo, mas porque querem ser atores, explorando as diferentes formas de interpretao e explorando o corpo como meio da criao, como o explica Renato Ferraccini, do Grupo Lume de Campinase de Campinas

    2121. Como o sublinha Glus-

    berg, O corpo uma unidade auto-sufi ciente, essa unidade auto-su-fi ciente empregada como um instrumento de comunicao comunicao

    2222. A

    referncia a Grotowski evidente:

    Tudo se sucede como se, numa poca privada de transcen-dncia e despojada de formas e estruturas, surgisse a neces-sidade de procurar, na imanncia do gesto, posto no nvel elementar do corpo, uma volta ao cerimonial.imonial.

    2323

    O trabalho de interpretao vai buscando uma nova semiologia corporal, baseada nos trabalhos de Eugnio Barba acerca da disposio corporal extra-cotidiana. O interesse por essas questes foi ilustrado pela grande procura pela ofi cina Teatro Fsico O Corpo como meio de Fbio Vidal. Em seu espetculo Er - O Eterno Retorno, o ator-diretor ex-plora a linguagem do teatro fsico para a elaborao de uma dramaturgia inspirada na fi losofi a nietzscheana. O aspecto anafrico do espetculo, alm de propor uma dramaturgia inovadora no isenta de crtica social, sublinha o eterno retorno ao ator e suas capacidades. Glusberg interpreta a repetio como algo que remete a um simbolismo mgico-mtico, isto , a preservao de um estado de ordem frente ameaa do caos bblico. A Descoberta das Amricas, direo de Alessandra Vanucci e atuao de Ju-lio Adrio, outro exemplo. Contando o texto de Dario F, o ator con-segue evocar de maneira performtica o cenrio e, de uma forma mais geral, todo contexto ligado descoberta do Novo Continente. Como sublinha Denis Gunoun, o sistema de interpretao stanislavskiano fu-giu para o cinema, abrindo a porta a formas novas de interpretao.

    Segundo Bernardo Carvalho em O mundo fora dos eixos mundo fora dos eixos2424

    , estara-mos na era do teatro do indizvel, que se situa alm do realismo. Essa tentativa de dizer o indizvel foi o ponto crucial do espetculo Psicose 4h48 de Sarah Kane, dirigido por Marcos Damaceno. Como materia-lizar o desespero de um texto no qual a conscincia da protagonista vai se fragmentando aos poucos diante do mundo? Claude Rgy na sua montagem da mesma pea apresentada em So Paulo (2003) combatia o ilusionismo e o naturalismo. Da mesma forma, com projees de textos relativos ao suicdio, o espetculo de Marcos Damaceno visa um distanciamento e uma conscientizao em relao solido e ne-

    21 FERRACINI, Renato. A arte de no interpretar como poesia corprea do ator. Campinas: Editora Unicamp, 2001.

    22 GLUSBERG. A arte da performance, op.cit., p. 83.

    23 GROTOWSKI, Jerzy. Fr ein armes Teater. Berlin: Alexander Verlag, 1999.

    24 CARVALHO, Bernardo. O mundo fora dos eixos. So Paulo: Publifolha, 2005.

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  • 189cessidade de uma maior solidariedade entre os homens. Caracterstica dos textos da contemporaneidade como os de Sarah Kane, Kolts ou Heiner Muller, a prpria fragmentao dramatrgica refl ete o mundo fragmentado e desencantado da Ps-Modernidade.

    O que importa ento que o teatro lana o poema para diante de nossos olhos (Gunoun), seja ele engajado ou potico no sentido restrito do termo.

    Uma esttica de inclus o do espectador

    Conforme as teorias desenvolvidas por Jauss e Iser sobre esttica da recepo, cada vez mais, os diretores vo levar em considerao a platia. As diferentes formas de crtica do sculo XX, ou seja, a crtica psicanaltica, a crtica sociolgica, a crtica formalista e a esttica da recepo, se juntam para elaborar uma abordagem cnica na qual o espectador o componente essencial da obra. Em A obra aberta, desen-volvendo as teorias de Jauss, Umberto Eco afi rma que se tem que evitar que uma interpretao nica chegue ao espectador ao espectador

    2525, tornando a recepo

    do espetculo personalizada, sendo ela uma experincia esttica no amarrada (Kandinsky) (Kandinsky)

    2626. Integrando o lector in fabula - para citar

    o ttulo de Umberto Eco -, o espetculo estabelece uma forma de comunicao direta, solicitando a participao ativa do espectador, que chega a ser parte integrante do espetculo. No incio de O Assalto, o faxineiro entra varrendo os assentos do teatro e passando um pano no rosto dos espectadores. Antes do espetculo Er - o eterno retorno, o ator distribui balas para a platia.

    Alm da interpretao do sentido, que se torna pluralista, o es-pectador interage diretamente com os espetculos, dentro de uma perspectiva de apropriao e construo conjunta.

    Conclus o

    Emblemtica da Ps-Modernidade na qual se insere a produo artstica do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana de 2006, a afi rmao do indivduo constitui uma das caractersticas da esttica teatral contem-pornea. Essa afi rmao do indivduo acompanhada por uma postura de engajamento, inerente ao prprio fazer teatral. Sempre mais comple-xo, esse fazer trabalha a partir de uma juno entre as diferentes artes e a tecnologia, que revela a complexidade do Homem no mundo ps-moderno. Complexidade que no retrata mais uma unidade csmica, mas a fragmentao do artista diante do mundo, que se revela atravs da fragmentao do texto e na segmentao das diferentes modalidades de interpretao e de composio do espetculo. Integrando a perspectiva crtica da esttica da recepo, os espetculos estabelecem um dilogo, tentando estabelecer novas formas de comunicao com o espectador, que chega a fazer parte do processo artstico, aliviando assim a solido e a dor do criador, imerso no mundo da produtividade, do individualismo e do interesse, conforme a formulao de Antonin Artaud:

    Nunca o homem escreveu uma linha, esculpiu uma pedra, pintou um quadro ou elaborou um espetculo por outro motivo do que escapar do Inferno.o Inferno.

    2727

    25 ECO, Umberto. A Obra Aberta. So Paulo: Editora Perspectiva, 1971.

    26 KANDINSKY. LOeil et LEsprit. Folio: Essais, 1980.

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