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28 FEIJÃO Engº Agrº Gilberto M.B.da Silva Panorama Mundial A cultura do feijoeiro (phaseolus vulgares) ocupa uma área mundial em torno de 27 milhões de hectares e constitui-se na leguminosa mais importante para a alimentação de mais de 500 milhões de pessoas na América Latina e na África. Considerando todos os gêneros e espécies de feijão englobados nas estatísticas da FAO 2000, das 18.943.400l toneladas produzidas na safra 2000, a Ásia foi o maior continente produtor, participando com 49% da produção mundial. Vindo a seguir: a América do Norte e a Central, com 16,2%; a América do Sul, com 19,8%; a África, com 10,8%; a Europa, com 3,2% e a Oceania, com 0,2%. Em termos de país, o Brasil é o segundo maior produtor mundial e o primeiro no gênero phaseolus, perdendo apenas para a Índia. Na safra 2000, cerca de 63,8% da produção mundial de feijão foi obtida em apenas seis países, sendo eles: a Índia, com 20,4%; o Brasil, com 12,4%; a China, com 8,6%; o México, com 8,4%; os EUA, com 7,9% e Myanmar, com 6,1%. A cultura do feijão é praticada em aproximadamente 100 países, mas representa apenas 1% da produção mundial de grãos, o milho, o trigo e a soja, produzem entre 500 e 550 milhões de toneladas. O feijão, com 18,9 milhões, torna-se quase insignificante. Apesar do volume da produção mundial ser inexpressivo: cerca de 8% a 10% são produzidos para exportação e apenas dois países exportam com mais freqüência, os EUA e a Argentina. Analisando-se somente o gênero phaseolus, o Brasil é o principal produtor, seguido pelo México. Apesar deste panorama, há necessidade de se importar feijão para abastecer o mercado interno. Em 2000 importou-se cerca de 90.000 toneladas e a maior parte era de feijão preto, proveniente da Argentina e do Chile; eventualmente o Brasil também importa feijão do México, Bolívia e dos EUA. De acordo com a Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e Agricultura (FAO), a área, a produção e o rendimento de feijão no mundo, nos últimos anos, oscilaram bastante, porém no cômputo geral houve um aumento neste índices.

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Page 1: FEIJÃO - Secretaria da Agricultura e Abastecimento · de mais de 500 milhões de pessoas na América Latina e na ... a Ásia foi o maior continente ... Dependendo da região, o plantio

28

FEIJÃO

Engº Agrº Gilberto M.B.da Silva Panorama Mundial

A cultura do feijoeiro (phaseolus vulgares) ocupa uma área mundial em torno de 27 milhões de hectares e constitui-se na leguminosa mais importante para a alimentação de mais de 500 milhões de pessoas na América Latina e na África. Considerando todos os gêneros e espécies de feijão englobados nas estatísticas da FAO 2000, das 18.943.400l toneladas produzidas na safra 2000, a Ásia foi o maior continente produtor, participando com 49% da produção mundial. Vindo a seguir: a América do Norte e a Central, com 16,2%; a América do Sul, com 19,8%; a África, com 10,8%; a Europa, com 3,2% e a Oceania, com 0,2%. Em termos de país, o Brasil é o segundo maior produtor mundial e o primeiro no gênero phaseolus, perdendo apenas para a Índia. Na safra 2000, cerca de 63,8% da produção mundial de feijão foi obtida em apenas seis países, sendo eles: a Índia, com 20,4%; o Brasil, com 12,4%; a China, com 8,6%; o México, com 8,4%; os EUA, com 7,9% e Myanmar, com 6,1%. A cultura do feijão é praticada em aproximadamente 100 países, mas representa apenas 1% da produção mundial de grãos, o milho, o trigo e a soja, produzem entre 500 e 550 milhões de toneladas. O feijão, com 18,9 milhões, torna-se quase insignificante. Apesar do volume da produção mundial ser inexpressivo: cerca de 8% a 10% são produzidos para exportação e apenas dois países exportam com mais freqüência, os EUA e a Argentina. Analisando-se somente o gênero phaseolus, o Brasil é o principal produtor, seguido pelo México. Apesar deste panorama, há necessidade de se importar feijão para abastecer o mercado interno. Em 2000 importou-se cerca de 90.000 toneladas e a maior parte era de feijão preto, proveniente da Argentina e do Chile; eventualmente o Brasil também importa feijão do México, Bolívia e dos EUA. De acordo com a Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e Agricultura (FAO), a área, a produção e o rendimento de feijão no mundo, nos últimos anos, oscilaram bastante, porém no cômputo geral houve um aumento neste índices.

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TABELA - 22 - FEIJÃO – COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E RENDIMENTO - 1998 e 1999.

1999 2000 Variação

Continentes

Área Mil / ha

Prod Mil / t

Rend Kg / ha

Área Mil / ha

Prod Mil / t

Rend Kg / ha

Área %

Prod %

Rend %

Asiático 14.878 9.980 670 14.709 9.408 639 -1,1 -5,7 -4,6 Americano 8.193 6.912 843 8.790 6.839 783 6,8 -1,1 -7,1 Africano 2.999 1.898 632 3.068 2.049 668 2,2 7,3 5,3 Europeu 453 526 1.161 465 609 1.310 2,6 13,6 11,3 Oceania 56 51 910 52 37 711 -7,1 -27,4 -21,8 Países Índia 9.900 4.550 459 9.700 4.340 440 -2 -4,61 -4,1 Brasil 4.308 3.097 718 3.742 2.575 688 -13,1 -16,8 -4,2 China 1.005 1.810 1.799 1.006 1.379 1,371 0 -23,8 -23,7 E.U.A . 760 1.507 1.982 650 1.844 2,800 -14,4 18,3 29,2 México 1.708 1.085 634 2.234 1.157 518 23,5 6,2 -18,3 Indonésia 560 900 1.607 560 900 1.607 0 0 0 Mundo 26.579 19.367 849 27.086 18.943 699 1,9 -2,2 -17,6

Fonte: FAO; Elaboração: DERAL O feijão é, sem dúvida, o produto alimentício mais popular e conhecido no Brasil, constituindo-se em principal fonte de proteína vegetal. O teor de proteína dos grãos varia de 20 a 33%, sendo também um alimento energético, contendo cerca de 340 cal/100gr. O consumo de feijão no Brasil tem algumas particularidades quanto à preferência pelas variedades. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná, o consumo é de feijão produzido localmente, ou seja, feijão preto e em cores; em São Paulo, a preferência é dada aos feijões de cores, como: Roxinho de Minas, o Opaquinho, Rosinha ou Chumbinho do Paraná; o Rojão ou Roxinho de Goiás, o Jalo ou Cavalo do Rio Grande. No Rio de Janeiro, no entanto, o maior consumo é do tipo preto. E nos outros estados, o consumo é de feijões produzidos no próprio estado, sejam pretos ou em cores. MERCOSUL Dentre os países formadores do MERCOSUL, o Brasil destaca-se como maior produtor e, principalmente, consumidor de feijão. O total produzido pelos quatro países na safra 99/00 foi de 3,48 milhões de toneladas; só o Brasil produz 88% desse total.

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TABELA 23 - FEIJÃO – MERCOSUL – COMPARATIVO DE ÁREA , PRODUÇÃO E RENDIMENTO –

SAFRAS 99/00 E 00/01. 99/00 00/01 Variação

Países: Área Mil / ha

Prod Mil / t

Rend kg / ha Área Mil / ha

Prod Mil / ha

Rend Kg /

Área %

Prod %

Rend %

Brasil 4.178 3.097 691 3.742 2.575 705 -10,4 -16,8 1,9

Argentina 275 310 1.127 276 297 1.076 0 -4,2 -4,5 Paraguai 85 70 823 60 45 750 -29,4 -35,7 -8,8 Uruguai 5,2 3,2 615 5,2 3,2 615 0 0 0

Fonte: FAO Elaboração DERAL Apesar deste panorama, há necessidade de se importar feijão da Argentina, que responde por quase 30% do nosso consumo de feijão preto. Eles produzem visando a exportação, já que o consumo anual daquele país não ultrapassa a quantidade de 20.000t, ou seja, 6,7% de sua produção. Por sua característica de solo e clima, nas regiões produtoras, que se localizam principalmente no nordeste do país, nas províncias de Selta, Jujuy, Tucumãn, Santiago Del Estero, Catzamarca, Córdoba e Missiones. A Argentina produz com custos altamente competitivos. A elevada fertilidade natural dos solos, de origem vulcânica, permite altas produtividades, sem o uso de fertilizantes e o relevo plano favorece amplamente a mecanização, reduzindo os custos de produção. A mais importante safra da Argentina, a safra das secas, colhida de maio a junho, obteve a média de preço, dos últimos meses, no Puerto de Iguazu (Argentina) de US$480,00 por tonelada.

As principais classes de feijão produzidas na Argentina são: o preto e o branco (alubias) e apenas 5% de outras variedades (carioca e vermelho). FEIJÃO –ARGENTINA – ÉPOCAS DE PLANTIO E COLHEITA.

SAFRA PLANTIO COLHEITA Águas set/out jan Secas jan/fev maio/jun Secas2 fev/mar jun/jul O feijão branco destina-se principalmente à União Européia, sendo a Espanha o principal consumidor, junto com Portugal, Itália e França. Paraguai e Uruguai são países com pouca tradição nesta cultura.

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Panorama Nacional O feijão é um alimento básico para o povo brasileiro sendo um componente quase que fundamental para a dieta da população, excelente fonte de ferro, proteínas e sais minerais. É reconhecido como cultura de subsistência em pequenas propriedades, bastante difundido em todo o território nacional. Dependendo da região, o plantio no Brasil distribui-se em três períodos: 1ª safra ou safra das “águas”, cuja colheita dá-se entre os meses de novembro e fevereiro e concentra-se nos estados da região sul; 2º safra ou da “seca”, abrange todos os estados brasileiros, com colheitas de março a junho e, a 3º safra, ou de “inverno”, concentra-se na região tropical e a colheita é realizada de maio até setembro, dependendo do estado, desta forma, somente em outubro ocorre um pequeno período de entressafra. Do total ofertado anualmente no mercado brasileiro, cerca de 45% é oriundo da produção da primeira safra, 44% da segunda e 11% da terceira. A quantidade demandada neste ano situa-se em torno de 2,8 milhões de toneladas, das quais cerca de 80% são de feijão da classe cores e 20% de feijão da classe preta. Analisando-se a evolução da área e da produção de feijão das águas por região do país e por unidade da federação, constata-se uma concentração nas regiões, sul nordeste e sudeste e em poucos estados (Paraná, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo). Segundo a CONAB, nos últimos 10 anos, a área plantada com feijão no Brasil vem diminuindo gradativamente de 5.241.100 hectares em 1991/92, passou para 3.742.100 hectares em 2000/01, o que representou uma diminuição de 28,5%. A análise dos dados de produção, referentes a este mesmo período, indica um aumento de 9,6%, pois em 1991/92, foram produzidos 2.800.400 t, enquanto que, em 1999/00 colheu-se 3.097.900 t e, em 2000/01, houve uma redução de 9,5%. A produtividade apresentou um crescimento significativo de 45.8%, de 497 kg/ha passou para 699 kg/ha. Ao analisarmos a produção nacional, por safra, no período de 1990/91 a 2000/01, constata-se que os dados da primeira safra, ou “das águas”, apresentaram uma redução de 30% da área plantada, passando de 1.880.500 ha para 1.302.800 ha. No que se refere à produção, houve um aumento de 8%, passando de 1.069.600 t, na safra 1990/91, para 1.162.500 t. O rendimento cresceu 36,2%, de 569 kg/ha para 892 kg/ha. A colheita da safra das águas está concentrada entre os meses de dezembro e março . A análise dos dados da 2ª safra, ou “das secas”, mostra que a mesma apresentou uma queda na área de 3.402.100 ha, em 1990/91, para 2.265,6 ha, ou seja, 33,4% inferior. A produção oscilou bastante neste período, passando de 1.520.200 t, em 1990/91, para 1.126.100, em 2000/01. O rendimento aumentou de 447 kg/ha para 497 kg/ha.

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Quanto à 3º safra, ou de inverno, os índices dos últimos 10 anos foram bastante diferentes, quando comparados aos da primeira e segunda safra, verificando-se aumentos de produção e rendimento, mas com redução de área, demonstrando um incremento em tecnologia; a área recuou 17% passando de 213.900 ha, em 1990/91, para 177.100 ha, em 2000/01. Em geral, a produção desta safra é colocada no mercado entre os meses de agosto e outubro. Cabe destacar que, diferentemente do que ocorre na estrutura produtiva tradicional, conduzida com baixo nível tecnológico e em pequenas propriedades, nesta safra predominam os cultivos irrigados por aspersão, geralmente conduzidos em grande área e com o emprego de tecnologias sofisticadas, o que explica os altos índices de produtividade obtidos. A produção de feijão na 3ª safra foi introduzida na década de 1980 e vem ocupando, gradualmente, maior espaço entre os produtores mais profissionalizados dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Apesar dos investimentos na safra de inverno serem relativamente altos, acredita-se que poderão ser a solução para o equilíbrio do mercado e a redução das oscilações de preço.

GRÁFICO - 15 - FEIJÃO – BRASIL - EVOLUÇÃO DA ÁREA - 91/92 - 00/01 - (em ha).

FONTE: CONAB

O consumo per capita de feijão tem sofrido grandes oscilações nos últimos 30 anos. Em 1971 foi de 25,6 kg/hab/ano; em 1990, caiu para 14,5 kg/hab/ano. Segundo estimativa da CONAB, em 2001 o consumo per capita deverá ficar em torno de 15,6 kg. Não há, contudo, perspectiva de que o consumo retorne aos patamares da década de 1970, isto porque a substituição do feijão por outros alimentos, como frango e macarrão, é admitida como fato consolidado, devido, principalmente, ao preço destes produtos.

2 .000 .0002 .200 .0002 .400 .0002 .600 .0002 .800 .0003 .000 .0003 .200 .0003 .400 .000

1991

/92

1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/00

2000

/01

P r o d u ç ã o

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Outro fator de mudança de hábito alimentar advém da nova situação vivenciada pela mulher brasileira que, exercendo uma função fora do lar, não mais dispõe de tempo para aguardar a cocção, além disto, o êxodo rural para os grandes centros urbanos tem contribuído para a mudança do hábito alimentar. Alguns aspectos de qualidade do produto são muito importantes para os consumidores, destacando-se o sabor e o aspecto do produto. Quanto ao tipo, o feijão carioca domina o mercado, mas há nichos de mercados para outros tipos de feijões. Talvez haja um mercado potencial para feijão com qualidades especiais, como, por exemplo, com maior teor de fibra, ou mesmo para produtos industrializados. O mercado de feijão é muito instável, sofrendo grande interferência de atuações informais de “atravessadores”; o consumo, por sua vez, está interrelacionado com o volume colhido no ano, pois o produto deve ser comercializado no mercado interno logo após a sua colheita e, preferencialmente, dentro da safra, pois é muito suscetível ao escurecimento rápido do tegumento, devido ao envelhecimento, o que deprecia o valor comercial, quando armazenado por mais de dois meses, sobretudo no caso do feijão “carioca”, que sofre mudança de coloração e passa a ser menos aceito devido à difícil cocção.

São Paulo é um dos principais centros consumidores e formadores de preço, comercializa cerca de 30.000 sacas de 60kg/dia, influenciando diretamente na formação dos preços no resto do país.

Cerca de 90% do produto comercializado é constituído por cultivares do tipo

carioca provenientes de todas as regiões produtoras. Apesar do mercado do feijão ser instável, é uma cultura que conduzida com

profissionalismo, tendo em mente três elementos básicos: produtividade, qualidade e competitividade, sem dúvida alguma permitirá sustentabilidade ao produtor, para se manter no mercado. A melhoria do sistema de comercialização no Brasil poderá ocorrer mediante a maior organização dos produtores, maior difusão das informações de mercado e, ainda, o desenvolvimento das Bolsas de Cereais. Os pequenos produtores aumentarão a sua lucratividade organizando-se em cooperativas ou associações.

TABELA 24 - FEIJÃO - BRASIL - OFERTA E DEMANDA 1990/2001 (área em 1.000ha e produção em 1.000t)

Ano (safra)

área plan.

Estoque inicial Prod. Imp. Suprim

ento t. P. por

colheita C.

aparente C. total Exp. Estoque final

C. per capita (kg/hab/ano)

P. Brasil (IBGE 94)

1990 5.047 76,8 2.340

70,3 2.487 70,2 2.104

2.371 0 116,2

14,5 144.723,9 1991 5.504

116,2 2.806 88,6 3.011

84,2 2.334 2.638

0 372,8 15,9 147.073,9

1992 5.482 372,8 2.903

57,7 3.333 87,1 2.489

2.796 0 537,4

16,7 149.357,5 1993 4.519

537,4 2.379 54,9 2.971

47,6 2.568 2.772

0 199,6 16,9 151.571,7

1994 5.644 199,5 3.244

156,4 3.600 97,3 2.868

3.200 0 400,1

18,7 153.725,7 1995 5.505

400,1 3.158 189,5 3.747

99,1 2.939 3.300

0 447,4 18,9 155.822,4

1996 5.289 447,4 2.993

160,2 3.600 91,1 2.940

3.250 0 350,1

18,6 157.753,0 1997 5.155

350,1 2.915 157,4 3.422

66 2.868 3.200

4,1 218,2 17 159.636,4

1998 4.826 218,2 2.206

189,7 2.614 50 2.249

2.500 1,1 113,1

13,9 161.790,3 1999 4.453

113,1 2.896 90 3.099

88,5 2.626 2.950

2 146,8 16 163.947,6

2000 4.557 146,8 3.098

77,7 3.323 88,5 2.576

2.900 2 420,5

15,5 166.112,5 2001 4.340

420,5 2.575 90 3.086

88,5 2.576 2.900

2 183,6 15,3 168.271,9

FONTE: IBGE/SRF/CONAB

OFERTA DEMANDA

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A produção nacional de feijão, baseando-se em dados da safra de 2000/01, apresentou os seguintes índices: Região Sul 38,1%; Região Nordeste 28,2%; Região Sudeste 21,4%; Região Centro–Oeste 8,5% e Região Norte apenas 3,8% .

GRÁFICO - 16 - FEIJÃO - BRASIL – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DA PRODUÇÃO - 00/01

Fonte: CONAB

Em termos estaduais, por ordem decrescente, os cinco maiores produtores são: Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Goiás e Santa Catarina; na 2ª safra, foram: Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Paraná; e na terceira safra foram: Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal, tomando-se por base dados da safra 2000/01.

PANORAMA ESTADUAL

IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO ESTADO

P R O D U Ç Ã O 0 0 / 0 1

38,1%

21 ,4%

28 ,2%8,5% 3,8%

N O R T EN O R D E S T ES U D E S T ES U LC . O E S T E

GRÁFICO 17 -BRASIL - FEIJÃO - PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES

PR

18%

BA14%

MG

16%

S P10%

S C

7%

GO9%

OUTROS26%

FONTE: CONAB/DERAL

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A cultura do feijão ocupa lugar de destaque na agricultura paranaense, é a quarta cultura em área plantada, sendo cultivada principalmente em pequenos e médios estabelecimentos; é uma das poucas alternativas para o pequeno produtor, como também na absorção de mão de obra, tanto familiar como contratada. Em 2000 esta cultura fez girar cerca de R$217,6 milhões na economia paranaense, o que representa 1,9% do Valor Bruto da Produção. TABELA 25 – GRÃOS DE VERÃO – PARANÁ – VALOR DA PRODUÇÃO E PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL

O plantio está distribuído, ao longo do ano, em três safras distintas. A 1ª e de maior área de cultivo é a safra “das águas”, com plantio de agosto a novembro; cerca de 72,4% da produção paranaense, em 2000, foi oriunda desta 1º safra. A 2º safra, conhecida como safra “da seca”, teve participação de 24,6% na produção total do estado e a 3º safra, de inverno, participou com 3%. FIGURA 1 - Mapas - Feijão (águas, secas e inverno)-Paraná – Distribuição geográfica da produção.

Na 1ª safra ou das águas, a área média gira em torno de 450,000 ha, o plantio concentra-se na região Centro-Sul e Sudoeste , Ivaiporã, Curitiba, Guarapuava, Irati, Ponta Grossa, Francisco Beltrão e União da Vitoria.

Componentes do subgrupo GRÃOS DE VERÃO, por ordem de participação,valor, percentual de participação no subgrupo e no estado e variação

VALOR (R$) % GRUPO % ESTADOSOJA 2.046.233.852,98 53,337 17,249MILHO 1.279.007.847,97 33,339 10,782CAFÉ 243.686.895,20 6,352 2,054FEIJÃO 217.628.355,02 5,673 1,835A R R O Z 43.694.503,89 1,139 0,368AMENDOIM 4.953.668,80 0,129 0,042SORGO (GRANIFERO) 1.019.981,15 0,027 0,009GIRASSOL 167.953,59 0,004 0,001TOTAL GRÃOS DE VERÃO 3.836.393.058,60 100,000 32,34VALOR TOTAL DO ESTADO 11.862.768.760,80 100,000FONTE: SEAB/DERAL - DEB

VBP 99/00 PRODUTO

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GRÁFICO - 18 - FEIJÃO (Águas) - PARANÁ – EVOLUÇÃO DA ÁREA – 96/97 - 00/01.

GRÁFICO - 19 - FEIJÃO (Águas) – PARANÁ – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO – 96/97 – 00/01.

A 2º safra caracteriza-se pela maior utilização de tecnologia, com destaque para

as regiões de Ponta Grossa e Jacarezinho. A utilização de sementes melhoradas, agrotóxicos, plantio direto e colheitas semi mecanizadas, conferem produtividades superiores a 2.000 kg/ha.

200.000

300.000

400.000

500.000

96/97 97/98 9 8 / 9 9 9 9 / 0 0 0 0 / 0 1

F o n t e : S E A B / D E R A L

ha

200.000

300.000

400.000

500.000

96/97 97 /98 98/99 99/00 00 /01

Fonte: SEAB/DERAL

t.

GRÁFICO 20 - FEIJÃO - PARANÁ - PRODUÇÃO POR N.R - 00/01

25.000

35.000

45.000

55.000

65.000

75.000

85.000

95.000

P. Grossa Ivaiporã Jacarezinho Curitiba U. da Vitória Irati Guarapuava

FONTE: SEAB/DERAL(em toneladas)

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GRÁFICO 22 – FEIJÃO - PARANÁ - EVOLUÇÃO DE ÁREA E PRODUÇÃO – 93/94 - 00/01

GRÁFICO 21 - Feijão das secas - Paraná - Participação dos N.R na produção 0 00/01

P. Grossa49%

Jacarezinho22%

Ivaiporã8%

P. Branco8%

Cascavel5%

U. da Vitória4%

Guarapuava4%

FONTE:SEAB/DERAL

400000

450000

500000

550000

600000

650000

` 1 9 9 3 / 9 4̀1994/9 5̀1995/9 6̀1996/9 7̀1 9 9 7 / 9 8̀1 9 9 8 / 9 91999/002000/01

Á R E AP R O D U Ç Ã O

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A terceira safra, com plantio de abril a junho, está concentrada nas regiões Norte e Noroeste do estado.

Cerca de 50% da produção da Paraná é da classe preto e 50% da classe cores. Do total de 500.000 toneladas, produzidas nos últimos cinco anos, ao redor de 200.000 a 230.000 toneladas são consumidas no próprio estado, o restante tem como principais mercados o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, para o feijão preto. O feijão de cor tem como destino o mercado de São Paulo, de onde é redistribuído para todo o Brasil. O Paraná apresenta vocação indiscutível para a exploração do feijão. Grandes transformações estão ocorrendo com a cultura, safra após safra observa-se aumento na produtividade média, que saiu de patamares entre 600 e 700 kg/ha para 900 a 1.100 kg/ha, o que revela uma maior adoção de tecnologia, com especialização do produtor de feijão em várias regiões do estado, nos chamados bolsões de tecnologia.

Os períodos recomendados para o plantio, foram definidos com base nos dados

climáticos disponíveis, mapas de relevo, observações feitas através de experimentos macroregionais e informações registradas durante 12 anos consecutivos de acompanhamento de lavouras de feijão em todos os estádios de desenvolvimento.

Tabela 26 - Feijão safra das águas - PARANÁ - Principais municípios produtores PARAN

MUNICÍPIO Área (ha) Produção (t) IRATI 19.850,00 19.652,00 PRUDENTOPOLIS 23.500,00 18.800,00 RESERVA 20.000,00 14.000,00 CRUZ MACHADO 10.000,00 14.000,00 LAPA 13.500,00 12.825,00 FONTE: SEAB/DERAL

Tabela 27 – Feijão safra das secas - PARANÁ - Principais municípios produtores PARA

MUNICÍPIO Área (ha) Produção (t) CASTRO 7.500,00 19.500,00

ARAPOTI 4.600,00 6.630,00

TIBAGI 3.900,00 6.600,00

W. BRAZ 4.000,00 4.800,00 S.J DA BOA VISTA 4.000,00 4.500,00 FONTE: SEAB/DERAL

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FIGURA 2 -Inverno

FIGURA 3 -Secas

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FIGURA 4 -Águas

Feijão orgânico O cultivo do feijão sem o uso de elementos químicos começa a ganhar espaço em todos os aspectos (área, produção, rendimento, tecnologia e informação). A área ainda é muito pequena, em relação ao cultivo convencional, porém cresce a cada ano. Na safra 1999/00 foram plantados 237 hectares, em 2000/01 passou para 306 hectares, uma elevação de 29,1%. Os pequenos agricultores vêem no feijão orgânico uma ótima alternativa para reduzir custos, ampliar lucros e ficar cada vez mais distantes dos perigosos agrotóxicos, que constituem risco, tanto para a saúde como para o meio ambiente. Já são cerca de 98 produtores de feijão orgânico no Paraná. A tendência é de aumento desse tipo de cultivo, em todo o mundo, pois há uma conscientização cada vez maior do consumidor por alimentos livres de produtos químicos. Para consolidar de vez a agricultura orgânica, é necessário que se centralize esforços em pesquisa, na busca de tecnologias para facilitar o cultivo, como por exemplo: variedades mais específicas a este tipo de cultivo. O preço pago ao produtor é aproximadamente 30 a 40% superior ao do feijão convencional.

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TABELA 28 – Alimentos orgânicos – PARANÁ – Evolução da produção - 99/00 A 00/01

Nº de produtores ton Nº de produtores ton

Soja 595 10.000 654 11.536 Hortaliças 750 3.000 951 2978* Açúcar mascavo 550 4.500 560 7.322 Café 5 541 60 261* Frutas 88 739 217 5500**

Plantas medicinais 131 295 145 330 Erva mate 10 80 108 396 Milho 100 2.980 256 3.748 Trigo 10 60 15 412 Feijão 60 290 98 317 Arroz 10 37 11 2.389 Mandioca 1 86 2 350 TOTAL 2.310 22.608 3.077 35.539 FONTE: SEAB/DERAL; EMATER/PR * Produção prejudicada pelas geadas de 2000 ** 50% da produção em conversão

SAFRA 99/00 SAFRA 00/01 PRODUTO

TABELA 30 – Alimentos orgânicos – Paraná – Produção - 2000/01

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

SOJA 5 7 15 25 1.850 3.800 2 4 MILHO 4 15 152 208 128 201 458 1.853 192 750 TRIGO 20 30 15 23 4 6 FEIJÃO 10 11 50 48 10 20 10 18 210 183 ARROZ CAFÉ 343 2.389 MANDIOCA 50 FRUTAS 45 35 HORTALIÇAS 67 900 288 2.880 30 420 PLANTAS MEDICINAIS 140 1.008 5 70 5 70 8 120 5 6 AÇUCAR MASCAVO 182 77 100 1 2 1 1 3 ERVA MATE 166 TOTAL 286 2.146 289 433 169 270 636 5.339 2.331 5.798 439 1.617 FONTE: SEAB/DERAL; EMATER/PR

PONTA GROSSA UNIÃO DA VITÓRIA PRODUTO

CURITIBA GUARAPUAVA IRATI PARANAGUÁ

TABELA 29 – Alimentos orgânicos – PARANÁ – Região Norte e Noroeste – Produção 2000/01

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

área (ha)

prod (t)

SOJA

134 242 6 15 170 418 53 105 MILHO

2 10 2 5 72 270 26 79 53 159 TRIGO

20 30 169 295 FEIJÃO

7 13 10 18 ARROZ CAFÉ

61 43 96 67 145 102 21 14 MANDIOCA

15 300 FRUTAS

30 50 78 1.339 5 15 HORTALIÇ

AS 12 165 45 450 20 200 24 345 3 40 1 30 PLANTAS

MEDICINAIS 5 6 2 3 1 1 3 4 AÇUCAR

MASCAVO 12 35 715 4.98

4 ERVA MATE

230 TOTAL

17 201 151 602 224 1.917 521 1.311 906 5.365 161 643 6 44 1 30 FONTE: SEAB/DERAL; EMATER/PR

PATANAVAÍ

UMUARAMA PRODUT

O

IVAIPORÃ

JACAREZINHO

LONDRINA

MARINGÁ

APUCARANA

C. MOURÃO

C. PROCÓPIO

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Perspectivas para a primeira safra 2001/02 no estado Teve início em agosto a plantio oficial da 1ºsafra de feijão “das águas” 2001/02, em uma conjuntura de mercado muito favorável, tanto para o feijão de cor, como para o preto. Os preços médios mensais recebidos pelos produtores paranaenses, neste ano, para o tipo preto (em valores reais),apresentam-se acima da média histórica do período 1996 – 2000 que foi de R$ 36,43/sc/60kg; a média dos preços recebidos pelo feijão preto, de janeiro a gosto, já está em R$ 48,42/sc/60kg. Em agosto, o preço médio recebido pelo produtor de feijão preto foi de R$ 74,93/sc/60kg, bem acima do obtido no mesmo mês: de 1997 (R$32,12/sc/60kg); 1998 (R$51,37/sc/60kg); 1999 (R$25,06/sc/60kg) e de 2000 (R$26,62/sc/60kg). Quanto ao feijão carioca a média histórica do período 1996 – 2000 foi de R$35,69/sc/60kg e em 2001, até o mês de agosto a média foi de R$46,56/sc/60kg. Os bons preços praticados desde o início deste ano, devem-se à redução da produção na primeira safra, principalmente no estado da Bahia, com queda de 58% proveniente da redução da área (-17,7%) e na produtividade (-49,7%) em 2001, em relação à safra passada. A redução na produção em função da estiagem na Bahia, de 313.400 toneladas, em 1999/00, para 129.700 toneladas, em 2000/01, teve reflexo em todos os mercados, principalmente o paulista, principal praça de comercialização de feijão do país. A redução da oferta fez o preço disparar, na maior parte do país, bem ao contrário da safra anterior. A recuperação do preço vem estimulando o plantio da safra das águas 2001/02. A área no Paraná está estimada em 397.948ha, 23% superior à anterior. A produção será 29,7% maior, ou seja, de 339.287t passa para 440.389t. A grande maioria dos produtores paranaenses de feijão cultiva o feijão como uma das poucas alternativas. Espera-se que o mercado se equilibre e que todos os envolvidos na cadeia do feijão sejam de igual forma beneficiados. Durante todo este ano a oferta e a demanda mantiveram-se em baixos patamares, porém, os produtores souberam a hora certa de comercializar e ainda há pequenos estoques guardados para serem vendidos lentamente, até a próxima colheita estadual, que começa em novembro. Conseqüentemente os preços caíram e o consumo, já muito afetado pelos altos preços quilo do feijão nos supermercados, tenderá a diminuir ainda mais, em função da chegada dos meses mais quentes do ano.

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GRÁFICO 23 - Feijão - Paraná - Evolução dos preços médios nominais reccbidos pelos produtores - Janeiro de 1999 - Agosto de 2000 (R$ sc de

60kg)

15,00

25,00

35,00

45,00

55,00

jan/99

fev/99

mar/99

abr/99

mai/99

jun/99 jul/9

9ago

/99set

/99ou

t/99no

v/99

dez/9

9jan

/00fev

/00mar/0

0ab

r/00mai/0

0jun

/00 jul/00

ago/00

corpreto