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Carlos Jaca 1 “Fazer dos Mortos Gente de Hoje” João Penha na 1ª Pessoa. (1838 – 1919) por Carlos Jaca Diário do Minho de 23 e 30 de Outubro de 2002 Por motivos óbvios, recorri, com frequência, às opiniões de contemporâneos, amigos ou não, e também a pessoas e instituições, nomeadamente a Biblioteca Pública de Braga, que depois do meu falecimento se interessaram pela minha vida e obra evitando desse modo, aquilo a que poderia chamar de minha “segunda morte”. A tempo: o meu espólio literário é pertença, desde a década de 20, da então chamada Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga, sendo constituído pelos originais manuscritos de obras publicadas, livros de poesias inéditos e correspondência. Conforme reza a certidão passada pelo abade da freguesia de S. João do Souto, João Ribeiro Pereira, nasci a 28 de Janeiro de 1838 no prédio n.º 7 da Praça Municipal, uma casa grande de enormes varandas rasgadas sobre o mercado, sendo meus pais José Joaquim Penha Fortuna e Maria José Amália de Sousa. Meu pai, parente ainda do Visconde de S. Romão, possuía ricas propriedades na Póvoa do Lanhoso e uma quinta em Sequeira, a Quinta de S. Paio. Graças a estes rendimentos pudemos gozar de uma existência relativamente fácil e desafogada até ao momento em que a Primeira Grande Guerra tudo modificou. Os negócios tornaram-se então difíceis e a partir desta data, a situação económica tomou proporções desesperadas, até cair na tragédia final de 1919, precisamente o ano da minha morte.

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Carlos Jaca 1

“Fazer dos Mortos Gente de Hoje”

João Penha na 1ª Pessoa. (1838 – 1919)

por Carlos Jaca

Diário do Minho de 23 e 30 de Outubro de 2002

Por motivos óbvios, recorri, com frequência, às opiniões de contemporâneos,

amigos ou não, e também a pessoas e instituições, nomeadamente a Biblioteca Pública

de Braga, que depois do meu falecimento se interessaram pela minha vida e obra

evitando desse modo, aquilo a que poderia chamar de minha “segunda morte”.

A tempo: o meu espólio literário é pertença, desde a década de 20, da então

chamada Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga, sendo constituído pelos

originais manuscritos de obras publicadas, livros de poesias inéditos e

correspondência.

Conforme reza a certidão passada

pelo abade da freguesia de S. João do

Souto, João Ribeiro Pereira, nasci a 28 de

Janeiro de 1838 no prédio n.º 7 da Praça

Municipal, uma casa grande de enormes

varandas rasgadas sobre o mercado, sendo

meus pais José Joaquim Penha Fortuna e

Maria José Amália de Sousa.

Meu pai, parente ainda do Visconde de S. Romão, possuía ricas propriedades na

Póvoa do Lanhoso e uma quinta em Sequeira, a Quinta de S. Paio. Graças a estes

rendimentos pudemos gozar de uma existência relativamente fácil e desafogada até ao

momento em que a Primeira Grande Guerra tudo modificou. Os negócios tornaram-se

então difíceis e a partir desta data, a situação económica tomou proporções

desesperadas, até cair na tragédia final de 1919, precisamente o ano da minha morte.

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A nossa família era numerosa. Sete raparigas e outro rapaz, o meu irmão mais

velho, Manuel, advogado e professor do Liceu de Braga e, mais tarde, deputado pelo

círculo desta mesma cidade.

Da minha infância, já tão longínqua, não falarei nada de relevo a assinalar, tudo

simples, tudo calmo, seria um relatar de situações que hoje pouco vos poderia

interessar.

Direi, apenas, que a minha infância não decorreu totalmente aqui em Braga,

passei parte dela entre Viana e Ribeira de Pena, tendo aí nascido algumas das minhas

irmãs. Só mais tarde nos fixámos, definitivamente, em Braga, onde meu pai continuava

sendo tabelião.

Concluídos os estudos preparatórios para o ensino superior somente em 1864

parti para Coimbra, em princípio para cursar Teologia.

Os anos que passei em Coimbra acabariam por marcar toda a minha existência e,

tal como a “Nau Catrineta”, terei muito que contar.

Cheguei tarde à Universidade, aos 28 anos, mas ainda muito a tempo de me

enfadar com ela. Com a Universidade, não com Coimbra que considerei a cidade mais

poética do mundo. Do meu mundo, claro, porquanto não fui homem que me gastasse

por Franças e Araganças.

Por vezes, aborrecia-me de morte ao ler a “sebenta”, mas era com viva euforia

espiritual que me deixava ficar por Coimbra, mesmo depois de findarem as aulas.

Sinto, plenamente, que o sortilégio de Coimbra terá feito de mim um poeta, o

poeta que dizem ter sido, ou se quiserem, esse sortilégio teria funcionado como

catalisador de prováveis virtualidades poéticas.

Como já referi cheguei a Coimbra em 1864, mas só no ano lectivo de 1866-67

tive acesso à matrícula no 1º ano de Teologia. Dois anos perdidos? Talvez não! A pouco

e pouco irei explicando o que se passou.

Devo dizer-vos que não foi fácil a minha familiarização com a cidade. Quando

cheguei a Coimbra era, no dizer do grande poeta e meu querido amigo Gonçalves

Crespo, um mocinho tímido e mimoso, reinando então, desaforadamente, o costume da

troça académica: “caloiro” que fosse apanhado à boca da noite sem ser devidamente

protegido pelo “veterano”, era espancado quando resistisse e mostrasse prosápias de

pimpão, e quando se submetesse cortavam-lhe então magnanimamente a cabeleira, e

inchavam-lhes as mãos com rijas palmatoadas.

Carlos Jaca 3

Assim, nos primeiros tempos, temia as partidas que os “veteranos” me pudessem

fazer. Então para me furtar a essas partidas de mau gosto, encafuava-me no quarto, a ler

quanta literatura me chegava às mãos, excepto a literatura didáctica, pelo que, no

respeitante a preparatórios oficiais, sofri alguns atrasos... estava bem de ver, sol na eira

e chuva no nabal, ao mesmo tempo, eram um impossível. Para ler o que me aprouvesse,

não podia estudar os narcotizantes compêndios didácticos... e os mestres desde que o

estudante não soubesse a gordurosa ciência dos compêndios não me perdoavam.

Efectivamente, nesses primeiros tempos, grande parte das

noites entregava-me a grandes leituras.

O quarto era de pequenas dimensões e nele

só havia lugar para um leito, uma banca e um

cabide mas era bem situado e, da janela, poderia

atirar uma pedra ao Mondego, lançada com uma

fisga.

As donas da casa, as bondosas senhoras

Seixas, eram ao tempo muito conceituadas em

Coimbra e, desse modo, encontrei junto delas, o

ambiente familiar que deixara em Braga.

Foi, pois, aqui, no n.º 97 da Couraça de Lisboa, que vivi

todos os meus anos de estudante. O mesmo aconteceu com o Gonçalves Crespo que

habitava o rés-do-chão, numa antecâmara de três metros quadrados, com porta rasgada

para a rua.

A malta académica, representada ao tempo por Bernardino Machado, Frederico

Laranjo, Luís Jardim, Guerra Junqueiro e tantos outros, acorria todas as noites ao quarto

do Crespo, pois que, ao do 2º andar, o meu, o acesso era mais difícil devido à falta de

espaço e também porque, na expressão do Bernardino, “era um santuário inviolável”.

A propósito de malta académica permitam-me afirmar, e julgo que o faço com

justiça, que a geração a que pertenci talvez fosse de todas as que frequentaram a

Universidade de Coimbra no século XIX a mais brilhante.

Para além dos já referidos Gonçalves Crespo, Guerra Junqueiro, Bernardino

Machado, Frederico Laranjo e Luís Jardim (Conde de Valença), a essa geração

pertenceram entre outros, que não cuido de procurar, Teófilo Braga, Sérgio de Castro,

Alberto Braga, Cândido de Figueiredo, Luís Carlos Simões Ferreira, Eduardo Cabrita,

Sousa Viterbo, Manuel Duarte de Almeida, Borges de Avelar, Arnaldo Braga, Antero

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de Quental, Alberto Pimentel, Manuel Sardinha, Alexandre da Conceição, Eduardo

Vidal, Gomes de Amorim, Alberto Teles, Marçal Pacheco, etc.

Uma plêiade de futuros escritores e políticos que ilustraram a vida portuguesa no

último quartel do século XIX e princípios do XX, distinguindo-se muito notavelmente.

Então, e o Eça de Queirós? Ah! Pois, o meu amigo Eça! Bom, a minha

convivência com o autor de “Os Maias”

tornou-se mais assídua em 1866,

precisamente o ano da sua formatura.

Com ele, para além das

“discussões” sobre todas as matérias

relativas à arte ou às que constituíam o

saber humano, comi, bebi e... até dormi...

“honni soit qui mal y pense”. Explico: o

Eça nunca viveu em minha casa, isto é, na

das Seixas. Apenas nos dois últimos ou três

meses da sua estada em Coimbra, passou a

dormir comigo, “duo in eodem lecto”, e era

aí que de manhã, vinha-nos à cama num

tabuleiro, o nosso almoço, que

devorávamos com o apetite da mocidade, aberta a janela, e alongada a vista, por sobre o

plácido Mondego, até aos chorões da Fonte de Inês de Castro. Depois deste episódio,

Eça desaparecia, e só o tornávamos a ver ao pôr-do-sol, para as cenas nocturnas, que

nunca findavam senão depois da meia-noite, e que às vezes se prolongavam até ao

romper da aurora. Para nós, todos os dias eram vésperas de feriado.

Mesmo aqueles que tinham de fazer acto (exame), não deixavam, por isso, de

comparecer às horas do costume, e alguns deles, como por exemplo, o Marçal Pacheco

e o futuro Presidente da República, Bernardino Machado, eram dos premiados.

Com o canudo na mão o Eça fez-se à vida, parte para Lisboa onde se vai dedicar

à política e à literatura, sem contudo perdermos o contacto, já que nos carteávamos com

alguma frequência.

Recuemos dois anos.

Como já referi, ao tempo da minha chegada a Coimbra, perdido em terra

estranha fui muitas vezes obrigado a encerrar-me no quarto a fim de fugir às

Carlos Jaca 5

perseguições tradicionais a “caloiros” como eu. Mas foi sol de pouca dura! Depressa me

adaptei ao meio coimbrão... e a adaptação foi de tal ordem que, pouco tempo depois, um

só estudante era conhecido pelo nome de “João” . Quando se perguntava pelo João,

quando se falava do João, já todos sabiam que se tratava do Penha.

De facto, passado algum tempo, deixei de ter medo das troças académicas, e a

pouco e pouco fui adquirindo celebridade pela viveza das réplicas, pelo feitio cáustico

dos ditos e, sobretudo, por alguma extravagância do meu viver, passando a ser admirado

nos conciliábulos dos académicos, apesar da minha qualidade de caloiro.

Os graves doutores na arte “dicendi et coenandi” (de dizer e de cear), vendo que

era um “caloiro de raça” permitiram-me que passeasse por onde quisesse, que jogasse o

bilhar onde me aprouvesse e que bebesse onde muito bem me apetecesse.

Deste modo acabei por juntar-me ao grupo de boémios, veteranos das letras,

agitadores de ideias, caçadores de beldades, sentindo-me, subitamente, no meio da

borrasca dos frequentadores noctívagos do Homem do Gás, da Tia Maria Camela, do

Varão de Luxemburgo e do Conselheiro Rodrigo.

Na parte alta da cidade celebrizou-se a tasca da Tia Maria Camela, apesar de ser

uma lojinha escura e cheia de fumo, oferecia, por trinta e cinco mil réis, o seu bom

peixe frito e o vinho mais procurado de Coimbra.

Todas as noites, aí, se reunia, certo núcleo académico, do qual fez parte nos

últimos anos da sua formatura Eça de Queirós e que, na sua “Correspondência de

Fradique Mendes”, recordaria a “arte divina em frigir o peixe”, sardinhas, sável, eirós.

O António Nobre deixou-a para sempre imortalizada no seu livro “Só”.

Maria Camela era uma velhinha magra, um pouco corcovada, e tinha os olhos

avermelhados e humedecidos pelo fumo da frigideira. Nunca sentira amor mundano e

não sabia para que servissem os homens, a não ser para fregueses de peixe frito e vinho.

Acreditava piamente na existência de um coro celeste de onze mil virgens, entre as

quais sabia que tinha um lugar...

Lamentou-se um dia de já não ser jovem e, assim, não poder candidatar-se ao

celeste coro.

Para a tranquilizar, confortei-a com os meus obscuros conhecimentos,

dizendo-lhe: sossegue, Tia Maria, eu garanto-lhe que terá o seu lugar reservado num

coro muito distinto. Acredite no que lhe digo: há o coro das virgens que o foram por

acaso, e o das virgens pelas forças das circunstâncias...

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Na taberna do Homem do Gás, um lugar escolhido por muitos boémios para

debate de ideias, num cenário com as musas pipas ao fundo, travei um célebre despique,

bem ao jeito dos cantadores ao desafio, com o anticlerical Guerra Junqueiro.

Na cal da parede escrevi o seguinte:

“Junqueiro que vens de junco

Tu, que és pássaro bisnau

Não abres o bico adunco?

Pois não me sentiste o pau?

Perante o riso geral, Junqueiro respondeu:

“O Penha borracho

Corria cantando

No dorso de um macho;

Mas eis senão quando

A besta o estira

Na lama da praça;

Quebrou-se-lha lira

Quebrou-se-lhe tudo

E o pobre Oliveira

Só não diz asneira

Quando fica mudo.”

Sem me desconcertar encaixei o remate e joguei ao adversário:

“Afinaste a veia chata

Bebeste o copo dum borco

E a cidade estupefacta

Ouviu o grunhir de um porco.”

E o duelo continuou na noite seguinte, com íntima satisfação do Homem do Gás,

um latagão que tinha sido “patuleia” e, quando morreu, já depois da minha formatura,

dediquei-lhe o seguinte epitáfio:

“Ei-lo aqui jaz, aqui jaz

Nesta humilde campa fria

O nosso velho rapaz!

Deus em sua glória o tenha!

Era ele quem acendia

Inspirações em João Penha!

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Deus em sua glória o tenha!

Nesta humilde campa fria

Ei-lo aqui jaz, aqui jaz!”

Acerca do Curso ia tentando cumprir e foi … “comprido”.!

O facto de só dois anos depois da chegada a Coimbra ter ingressado na

Universidade, posso explicá-lo por alguns “chumbos” no célebre “exame de madureza”;

que hoje dir-se-ia de “maturidade”, talvez correspondente a um exame de aptidão. Esse

exame não era nada fácil. Os estudantes costumavam ir para Coimbra preparar-se para

essa prova. Tentei vencê-la, mas alguma cabulice e outros “afazeres” impediram que o

conseguisse em tempo devido.

Foi necessário que meu irmão, à data

deputado, me recomendasse a um Mestre e,

ainda assim, faltei à chamada. A este propósito,

fez-se constar que o professor, por amizade a

meu irmão, resolveu mandar chamar-me a casa,

enviando-me um cartão, que eu teria devolvido

com a seguinte resposta: “Há generais que

dormem antes das batalhas. Outros que dormem

depois. Eu durmo durante.” Não me recordo

desse episódio e, mais, julgo que devido à amizade entre meu irmão e o Mestre, não

seria possível tal situação. Mas o certo é que não compareci, talvez por não me sentir

suficientemente preparado, e só consegui passar na segunda época. Este episódio do

cartão terá mais a ver com uma situação resultante do envolvimento do mito, da lenda e

alguma realidade, o meu humor crónico, passando, desse modo, o referido episódio a

fazer parte do anedotário académico.

Reparem! Disseram uns quantos: “João Penha só apreciava duas espécies de

bebidas – as nacionais e as estrangeiras…! No mundo do amor parece que não tinha

preferência por este ou por aquele tipo de mulher. Todas lhe serviam. Gostava mais de

todas.

Quanto à mesa, também não era homem para torcer o nariz diante dos mais

variados petiscos.”

Não direi que nestas palavras houvesse intenção em denegrir a minha imagem,

longe disso, mas há exagero, caricatura, talvez se pretendesse dar uma maior dimensão à

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minha veia humorística, a uma certa maneira de ser extravagante, por vezes,

premeditada.

Porém, outros terão dito: “Não era, contudo, grande amante das delícias do copo.

Bebia como estimulante aos seus génios e veia poética; raras vezes pedia mais de um

copo, que era dos pequenos, e até detestava os bêbados.”

Mais tarde, já em Braga, confessei a Alberto Pimentel que, em Coimbra, se

bebia, não para apagar a sede ou para afogar paixões, mas para dar tom aos nervos e

activar os movimentos do maquinismo intelectual..

Embora bebesse, amasse e tivesse o prazer da mesa, não fui um imoderado no

beber, no amor e no comer, porque se assim fosse, não teria chegado à casa dos oitenta,

que os excessos, em tais actividades, não costumam perdoar.

Fui boémio, sem dúvida. Mas de uma boémia relativamente disciplinada e de …

casaca, monóculo e luvas brancas.

Bebi, comi e amei, diverti-me, mas julgo que por conta, peso e medida. Fui

versado e conversado na fisiologia do gosto, mas sempre na justa medida, sem dar

escândalo. Não abusei do espumante, não me excedi na fatia do paio, nem na lasca do

presunto.

Hedonista, sim. Voluptuoso, sim. Mas dentro do equilíbrio do “est modus in

rebus”.

As causas que defendi, como advogado, certamente não as defendi em jejum.

Nunca, porém, com um grãozinho na asa. Nunca com digestões de jibóia. O espírito

crítico é incompatível com os pesadumes de estômago.

Amores? Absolutamente certo e natural que os tivesse:

“Pelo que a saias respeita,

Tive cheques amargos,

A minha lista: perfeita,

Mas isso são contos largos.”

Obviamente que não vou aqui “abrir o livro”, mas sempre poderei abordar um

ou outro caso concreto e dar algumas pistas ou, ainda, como era meu hábito, lançar a

confusão.

Já se disse que o vinho, as mulheres e o presunto foram a trilogia que me

inspirou. Não sou eu que o vou negar. De facto, o dedo é posto na “ferida”:

“Emprega o tempo na caça

Das Vénus de fácil presa

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E nas delícias da mesa

Onde espuma a rubra taça.”

A conclusão, lógica, é do Francisco Duarte Mangas, um minhoto de Rossas,

Vieira do Minho, que me honrou com uma “Antologia Poética”. Mas, já agora, àquela

trilogia poderia ter acrescentado …o paio.

Porém, não confirmo nem desminto que, por aí, nessa trilogia ou tetralogia,

possa haver muita “literatura” e, portanto, muita ficção, embora, confesso, debaixo

dessa ficção possa existir uma boa dose de verdade autobiográfica.

Amores reais? Literários? Raramente me abri ou abrirei até ao fundo. A vida

pareceu-me, muitas vezes um Carnaval. Assim, ter-me-ei “vestido”, ou “travestido”,

também muitas vezes, de soneto como um dominó?

O Guerra Junqueiro não aceitava que eu, o poeta João Penha, vindo a público

fosse o verdadeiro. O vindo a público, escrevia ele, era o falso, simples disfarce de um

outro que se envergonhava de ser quem era. E continua, na “Crónica” n.os 63 e 64,

Lisboa, Abril de 1902:

“Por vezes, no riso de João Penha há um modo altivo de chorar. Sente a dor, mas

esconde-a. E, para que o mundo lha não suspeite, encara-o hostil, despede-lhe

sarcasmos. Bondade, timidez, orgulho. É bom e sofre; é tímido e cala; é orgulhoso e ri.

Poeta mascarado, os transeuntes só o reconhecem pela máscara. Há duas edições dos

versos do João Penha: uma a impressa, e a outra, inédita, a que ele guarda no coração

como um tesoiro inviolável. A edição para o mundo e a edição para Deus.”

Não sei se o Junqueiro terá querido dizer que eu fui a viva encarnação do “homo

duplex”: um para o “extra”, outro para o “intus”. Não comento!

Para estes assuntos, Gonçalves Crespo, o meu melhor amigo e companheiro, é

uma óptima fonte de informação.

Uma das musas inspiradoras, que em caso algum poderia ocultar, foi uma

senhora espanhola com quem, durante muitos anos, mantive uma relação amorosa. E

não ocultaria, porquê? Dessa relação nasceram dois filhos, João de Oliveira Fortuna, e

uma filha, morta pela tuberculose, e a quem me refiro numa poesia inédita, existente na

Biblioteca Pública de Braga. É verdade, muitos versos foram inspirados e dedicados à

mãe de meus filhos.

Numa segunda fase, correspondente às “Novas Rimas” (1905), Zulmira de Melo

foi, de facto, a musa inspiradora. Nobre por nascimento, Zulmira Pereira da Costa

Ferreira de Melo terá nascido no Solar de Agras, no antigo Couto de Fonte Arcada. Do

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avô, José Joaquim Ferreira de Melo Freire de Andrade, amigo de Camilo Castelo

Branco, herdou o espírito requintado de artista e a paixão pela poesia, para além de ser

extremamente bela, tão bela que a formosura de Zulmira de Melo seria aquela que um

pintor romântico, mas conscencioso, daria à Musa da Poesia.

Inspiradora? Sim e muito. Paixão? Fosse como fosse, não teve sequência

material. A esse tempo, Zulmira era uma jovem de dezoito anos e eu, já há muito,

entrara na casa dos sessenta!

Adiante.

Quanto a dar uma opinião sobre a minha obra literária (“Rimas”, 1882; “Viagem

por Terra ao País dos Sonhos”, 1898; “Por Montes e Vales” (prosa), 1889; “Novas

Rimas”, 1905; “Ecos do Passado”, 1914; “Últimas Rimas”, 1919; “Canto do Cisne”,

publicado postumamente, 1923), ou mesmo um breve comentário, compreenderão

perfeitamente que não me compete a mim fazê-lo, nem me sentiria à vontade, alguns já

o fizeram e outros fá-lo-ão ainda, certamente.

No entanto, apenas me seja permitido explicar o aparecimento e objectivos do

jornal literário, por mim fundado, “A Folha”.

Foi durante a minha frequência universitária que se suscitou a ruidosa discussão

sobre duas escolas literárias, então em foco, e na qual intervieram Castilho, Camilo

Castelo Branco, Teófilo Braga, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Alexandre da

Conceição e outros, em arrebatada polémica, que chegou às culminâncias da mais

extraordinária vivacidade.

É, precisamente, neste contexto que resolvi fundar o referido jornal literário, um

jornal em que colaborasse o escol de uma valorosa geração que tanto se estava

evidenciando, e que se publicou entre Dezembro de 1869 e Abril de 1873.

Logo de entrada, no primeiro número, faço referência às duas escolas que então

existiam, a de Lisboa e a de Coimbra, declarando que era ecléctico em tudo, e que não

pertencia a qualquer das escolas considerando-as ambas excelentes.

De tal modo levei a peito a minha promessa de eclectismo, verdadeiro ponto

final da célebre “Questão Coimbrã”, que dela não deixei de dar provas a toda a hora e

momento, em qualquer página e linha. No mesmo jornal publicam-se, por exemplo,

excertos duma tradução de “Fausto” por Antero e excertos da mesma obra traduzida por

Castilho, dois nomes, portanto, que se afastam ideologicamente e a que nem por isso “A

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Folha” deixou de dar o devido lugar. Numa abertura de ideias, louvável sem dúvida,

presta-se homenagem a Castilho, dá-se à estampa

Teófilo, admira-se João de Deus, elogiam-se Eça e

Ramalho, acolhe-se D. Maria Amália Vaz de

Carvalho, imprimem-se Gomes Leal, Guilherme de

Azevedo e até mesmo o “Santo Antero” dos

“Sonetos”.

Uma das condições essenciais para um bom

acolhimento, quanto a matéria de publicação, seria o

respeito pela língua.

Exigia-se aos colaboradores a vernaculidade

da língua, pois um escritor que não se trate por tu

com a língua vernácula – a que mamou com o leite

materno – será sempre um medíocre escritor.

Na direcção do periódico literário, “A Folha” era de um tal rigor em questões de

linguagem e versificação que, por vezes, fui obrigado, a recusar colaboração, e não raro

acontecer criar inimizades, até com escritores muito aplaudidos. Não me

incompatibilizei com Antero, nem era caso disso, mas recusei a poesia como facho da

Revolução defendida pela sua ala. A arte é uma das manifestações da liberdade do

pensamento, e não deve, por isso, demarcar-se-lhe o campo em que exerce a sua

actividade, aprisioná-la num circuito de regras e princípios que pejem e restrinjam a

amplitude da sua expressão de pensamento.

Ponto de honra, ainda, era o facto de não serem permitidos nomes que

escondessem a verdadeira identidade do seu autor. O tempo dos embuçados, da guitarra

misteriosa, de escadas de seda, de raptos nocturnos, de navalhadas na sombra, foi ...

chão que deu uvas. “A Folha” era independente, arrojada e corajosa, sabia enfrentar a

tirania do público e opor, à sua crítica severa e mordaz, a confiança num mundo melhor.

Apreciado em conjunto, o jornal que dirigi apresentava certo equilíbrio de ideias,

o que certamente terá contribuído para a celebridade de que gozou durante os quase

cinco anos de existência, que vão de 3 de Dezembro de 1868 a 6 de Abril de 1873.

Porém, essa celebridade tem muito a ver com a colaboração imprescindível de

Gonçalves Crespo, Guilherme de Azevedo, Gomes Leal, Antero, Teófilo Braga, Guerra

Junqueiro, Simões Dias, Guilherme Braga, Eduardo Cabrita, o próprio Camilo e outros.

Carlos Jaca 12

Sem dúvida, que a colaboração destes autores encheu a revista de um conteúdo

heterogéneo, mas nem por isso deixámos de defender ali a plena liberdade da arte.

Concluindo estas breves considerações sobre “A Folha”, direi que, numa hora

grave de desinteligências e amuos entre os maiores valores da nossa literatura, é

pertinente e extremamente feliz a expressão de um antigo e prestigiado catedrático da

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Professor Álvaro Júlio da Costa

Pimpão, ao salientar que pretendi “cultivar amorosamente o seu (meu) jardim, no

respeito inviolável dos jardins e ... hortas dos outros”.

Finalmente, em 1873, terminei o curso

de Direito, Em breve, regressaria a Braga para

me juntar ao meu irmão Manuel, advogado

nesta Comarca, e que me havia subsidiado os

estudos e até... a minha boémia na Lusa-

Atenas.

Este meu irmão tinha por mim muita

admiração, e tanta dedicação me votava que,

eu próprio, nos tempos de Coimbra, sobretudo quando recebia algum reforço à mesada,

comentava em tom brincalhão, mas carinhoso: o único vício do meu irmão ... sou eu.

Deixada, com todo o encanto das despedidas, a cidade do Mondego, regressei a

Braga abandonando o atalho caprichoso e pitoresco da poesia, pela estrada severa da

jurisprudência. Montado escritório de advogado no Campo da Vinha, é aqui que vou

assentar a minha vida de trabalho durante cerca de quarenta anos.

De facto, a minha vocação era a poesia, mas como ser poeta, em Portugal, era (e

é?) tirar bilhete de ida e volta para a miséria, tive de fazer advocacia. Que remédio! A

gente põe, mas a necessidade de ganhar o rico pãozinho dispõe:

“Para o pão de cada dia

(Eis-me aqui chegado à prosa)

Deu-me a sorte a advocacia

Uma velha remelosa.

Quis fugir-lhe: vão esforço!

Já quis impontá-la a murro,

Carlos Jaca 13

E filou-se-me no dorso

Como um moscardo de burro.

E que seria de mim

Sem os bons lados que tem?

Isto confirma o anexim:

Há males que vêm por bem.”

Teria de ser esse o meu modo de ganhar a vida – a banca de advogado – a ele

tive de recorrer, pois que, só pelas letras seria impossível manter-me a mim e a minhas

irmãs, solteironas como eu. Solteirão? Sim. Não fui misógino mas também, talvez

paradoxalmente, não mostrei grande vocação para o casamento. Dando de barato razões

de ordem temperamental, o receio das despesas que a criação dum lar implicaria, pode

ter sido motivo de peso para ficar eterno solteirão:

Não caso, nem me apodem de casmurro:

Não se casa no mundo quem bem quer,

Eu, se nem posso sustentar um burro,

Como sustentaria uma mulher!

Mesmo contra vontade, contra as aspirações do meu espírito, dediquei-me de

alma e coração à advocacia, conquanto ao prefaciar o primeiro livro do Antero de

Figueiredo, “Tristia”, ter deixado escrito que, quem publicava um livro não o fazia para

o ler, publicava-o para que outros o lessem. Queria, portanto, produzir um efeito

qualquer, efeito que em todo o caso, não podia ser o do sono: para este havia o ópio, a

beladona e... o Código de Processo Civil.

Trabalhava infatigavelmente, encerrando-me no meu escritório e só à noite

passeava, fazendo, então, no regresso, paragem na confeitaria do Anacleto, na Rua de S.

Marcos.

Por este tempo, tal como em Coimbra, continuava a vestir-me com apurado

requinte de elegância e ainda não deixara o meu inseparável monóculo (dizem, dizem ...

que dormia com ele e até o levei para a cova) e a flor de botoeira.

Carlos Jaca 14

Como advogado tinha uma grande clientela, constando que a minha competência

em questões de cível não sofria rivalidade.

Posso dizê-lo, porque é público e notório, que grandes individualidades a mim

recorreram e os conselheiros José Dias Ferreira e Francisco da Veiga Beirão solicitaram

a minha colaboração nas leis que tiveram de editar no País.

Deixei publicados alguns trabalhos forenses que, dizem os especialistas, são

peças jurídicas onde sobressaem o alto espírito crítico, a profundeza do saber, a

perfeição da forma e a correcção e elevada elegância com que os assuntos eram

tratados.

Apesar das minhas responsabilidades como advogado e aturar todos os dias, no

meu escritório, uma chusma de clientes, que às vezes, o que me contrariava muito, me

assaltavam em plena rua, já depois de ter fechado o escritório, estava ao corrente de

todas as novidades literárias que a França inventava e exportava, porque as recebia

directamente de Paris, em primeira mão.

Um ano depois do meu regresso a Braga, 1875, dirigi a “República das Letras”,

revista literária que se publicou no Porto e da qual só saíram três números.

O meu viver mudou de aspecto, mas continuei poeta até morrer. Tomei-lhe o

gosto em novo. Quem uma vez entrou no mundo da arte, já dele não pode tornar a sair:

é mundo encantado, fora do qual não há salvação possível.

Também nunca vendi a minha arte. Pratiquei-a desinteressada e ludicamente,

sem outra intenção que a da arte pela arte. Fiz versos no ócio, nunca os fiz para negócio.

Aliás, isso não adiantaria um milímetro à minha bolsa, porquanto já referi o que

equivalia a ser escritor em Portugal.

O pãozinho veio-me da advocacia, não da poesia, veio-me da bolsa dos clientes,

não do Parnasianismo. Porém, o ganha-pão nunca abafou, em mim, o gosto da arte; o

advogado burguês não eliminou o poeta. Se a beca me dava o pão do corpo, a poesia

dava-me o pão do espírito.

Só a morte me fez depor a pena.

Entretanto, a velhice e a doença aproximavam-se.

Já em 1910, em carta a António Cabral, que me pedia cópias de cartas inéditas

do Eça e notícias de factos importantes da sua vida de estudante, queixava-me da surdez

que me acabrunhava e me veio a impedir de trabalhar no tribunal, restando-me o recurso

dos labores de gabinete, como jurisconsulto.

Carlos Jaca 15

Os meus últimos anos marcaram-me uma existência de lutas e misérias. Em

Fevereiro de 1917, o “Jornal de Notícias” referia que me encontrava impossibilitado de

sair do leito e insurgia-se contra a ingratidão dum País, que não socorria um homem que

foi o mestre e o amigo das letras portuguesas. Por este tempo, duas irmãs, tão velhas

como eu, encontravam-se também doentes.

Logo que teve conhecimento da situação, o meu querido amigo Guerra

Junqueiro telegrafou ao Presidente da República, outro querido amigo, o Bernardino

Machado, e ao Ministério, lembrando que me deveria ser atribuída uma pensão

nacional, no que eles concordaram da melhor vontade, pois que já era esse o seu desejo.

Algum tempo depois, recebi uma carta do Bernardino, participando-me que nada

tinha a agradecer pelo facto do Parlamento ter votado uma pensão, como homenagem

aos meus talentos e serviços das letras pátrias, como tinha feito a outros, entre eles, João

de Deus e Gomes Leal.

A pensão era extensiva a minhas irmãs, até à morte da última.

Pouco benefício tirei da referida pensão, porquanto vim a falecer a 3 de

Fevereiro de 1919, aos 81 anos, no número 107 do Campo da Vinha.

Os meus últimos momentos foram de amarga consciência da morte que se

aproximava.

Um quase terror se reflectia em algumas das minhas composições dos últimos

meses de 1918, terror misturado a uma amargura recalcada, que, por vezes, tomava

aspecto de despedida dolorosa e pungente à vida. Seis meses antes de falecer, triste e

desiludido, deixei nas “Últimas Rimas”:

“Cada dia que morre, amigo, é um passo,

Para as terríveis sombras do Infinito!”

Fui a enterrar, numa terça-feira de tarde, chuvosa e triste, a 4 de Fevereiro de

1919.

Post Mortem.

João Penha, que foi um dos mais notáveis poetas do seu tempo, ninguém o

excedia na elegância da forma, na vernaculidade e na correcção artística do verso,

ocupando um lugar de relevo na literatura portuguesa, tem sido vítima de um

esquecimento injusto.

Carlos Jaca 16

O mais recente e significativo passo para o trazer à luz do dia, foi dado há cerca

de uma dúzia de anos com a publicação da “Antologia Poética de João Penha”.

Esta “Antologia”, imprescindível para o conhecimento do ilustre bracarense, só

foi possível devido à conjugação de esforços e boa vontade da Biblioteca Pública de

Braga / Universidade do Minho, na pessoa do seu Director, Dr. Henrique Barreto Nunes

que, para além da iniciativa, faz a Apresentação e elabora uma notável bibliografia

(activa e passiva), e do Dr. Francisco Duarte

Mangas, responsável pela organização e

prefácio de um trabalho de indiscutível mérito,

o qual constitui, sem dúvida, uma base de apoio

necessária e suficiente para um conhecimento

mais profundo do poeta, ou elaboração de

trabalhos de maior fôlego.

Condição “sine qua non” foi o

patrocínio da Livraria Minho nas pessoas dos

seus proprietários, senhores Augusto Ferreira e

Armindo Salgado, integrando-se, desse modo,

numa exemplar colaboração à cultura

portuguesa.

Concluindo:

Se mais razões não houvesse para que João Penha começasse a ser relido e

revisitado, relançando, assim, o interesse pela sua pessoa e obra, bastaria referir aquelas

que Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos apresentou, em 1998, na “Homenagem

a João Penha” (edição da Biblioteca Pública de Braga), e que passo a transcrever:

“A quantidade e qualidade das obras publicadas, que contraditam

indubitavelmente uma reputação conquistada com base apenas na sua figura carismática

de boémio coimbrão.

A independência do seu espírito, avesso a partidarismos estéticos e a sujeições

quer a programas ou manifestos, quer a escolas ou movimentos.

A perfeição formal do seu soneto, no qual se entrecruzam cómico e trágico, no

qual sublime e prosaico não deixam de convergir em feliz harmonia.

Carlos Jaca 17

A originalidade da sua temática, que tanto rende preito a motivos convencionais,

como parodia estereótipos gratuitos e clichés anquilosados.

Se Braga se esqueceu, no antigamente, do Dr. João Penha... ainda vai a tempo,

no tempo de hoje, de homenagear um grande poeta e um artista nato...”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.

“ANTOLOGIA POÉTICA DE JOÃO PENHA” – Biblioteca Pública de

Braga/Universidade do Minho. Organização e prefácio: Francisco Duarte

Mangas. Apresentação e nota bibliográfica: Henrique Barreto Nunes.

Patrocinada por Livraria Minho – 1990.

BRAGA, António de Oliveira – “João Penha: o poeta e o advogado”. “Diário do

Minho”; 31/5/89 e 14/6/89.

CABRAL, António – “Camilo e Eça de Queiroz”. Coimbra Editora – 1924.

CABRAL, António – “Tempos de Coimbra”. Coimbra Editora. Terceira Edição – 1962.

FONSECA, Maria Amália Martins da – “Introdução ao Estudo de João Penha”.

Portugália Editora – 1963.

MALPIQUE, Cruz – “João Penha, anti-metrificador do ai!”. Braga – 1966

NASCIMENTO, Adriano do – “Homens Ilustres”: João Penha. Coimbra – 1957

PIMENTEL, Alberto – “Poetas do Minho” – João Penha. Cruz Editores – 1893.

PIMPÃO, Álvaro Júlio da Costa – “Algumas notas sobre a estética de João Penha”.

Coimbra – 1939.

Carlos Jaca 18

SANTOS, Maria do Rosário Girão Ribeiro dos – “Homenagem a João Penha” –

Biblioteca Pública de Braga. Braga, 1998.

VELOSO, Maria Virgínia – “De João Penha a João Saraiva” – Edições Bracara Augusta

– Braga, 1951.