fazendas verticais e hortas urbanas: como a arquitetura

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Campinas-SP, 23 a 26 de setembro de 2019 XIII Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica Fazendas Verticais e Hortas Urbanas: Como a Arquitetura pode contribuir para a produção de alimentos nas cidades Sessão Temática: Políticas públicas e instrumentos de gestão para o desenvolvimento sustentável Autor(es): Andressa Caixeta Rodrigues e Juliano Cecílio Oliveira Filiação Institucional: Universidade Federal de Uberlândia (UFU – FAUeD) E-mail: [email protected]/[email protected] Resumo A pesquisa consiste em uma iniciação científica em estágio inicial, cujo objetivo é analisar os projetos arquitetônicos de hortas urbanas, bem como seus desdobramentos econômicos, ambientais e sociais. O objetivo é estudar a viabilidade de cultivar alimentos dentro das cidades brasileiras, através de edifícios contemporâneos com o emprego de tecnologia de ponta. A metodologia é de base essencialmente bibliográfica, através da leitura e sistematização de projetos exemplares, além de algumas etapas de levantamento de campo e entrevistas com profissionais da área para discutir a eficiência da ideia. A dificuldade de acesso à uma boa alimentação, tanto pelas distâncias físicas quanto pela elevação de preços, assim como diversos outros problemas correlacionados podem ser resolvidos ou amenizados com fazendas verticais e hortas urbanas: prédios projetados ou adaptados para cultivar espécies para consumo dentro dos centros urbanos, gastando menos água e agrotóxicos, economizando espaço, reduzindo distâncias, gerando empregos e garantindo o abastecimento à prova de mudanças climáticas. Os resultados da pesquisa serão apresentados em forma de tipologias projetuais e gráficos que revelem a aplicação de espaços de tal natureza no contexto brasileiro e de que maneira esses projetos

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Page 1: Fazendas Verticais e Hortas Urbanas: Como a Arquitetura

Campinas-SP, 23 a 26 de setembro de 2019

XIII Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica

Fazendas Verticais e Hortas Urbanas: Como a Arquitetura pode contribuir para a

produção de alimentos nas cidades

Sessão Temática: Políticas públicas e instrumentos de gestão para o desenvolvimento

sustentável

Autor(es): Andressa Caixeta Rodrigues e Juliano Cecílio Oliveira

Filiação Institucional: Universidade Federal de Uberlândia (UFU – FAUeD)

E-mail: [email protected]/[email protected]

Resumo

A pesquisa consiste em uma iniciação científica em estágio inicial, cujo objetivo é analisar

os projetos arquitetônicos de hortas urbanas, bem como seus desdobramentos econômicos,

ambientais e sociais. O objetivo é estudar a viabilidade de cultivar alimentos dentro das

cidades brasileiras, através de edifícios contemporâneos com o emprego de tecnologia de

ponta. A metodologia é de base essencialmente bibliográfica, através da leitura e

sistematização de projetos exemplares, além de algumas etapas de levantamento de campo

e entrevistas com profissionais da área para discutir a eficiência da ideia. A dificuldade de

acesso à uma boa alimentação, tanto pelas distâncias físicas quanto pela elevação de

preços, assim como diversos outros problemas correlacionados podem ser resolvidos ou

amenizados com fazendas verticais e hortas urbanas: prédios projetados ou adaptados para

cultivar espécies para consumo dentro dos centros urbanos, gastando menos água e

agrotóxicos, economizando espaço, reduzindo distâncias, gerando empregos e garantindo o

abastecimento à prova de mudanças climáticas. Os resultados da pesquisa serão

apresentados em forma de tipologias projetuais e gráficos que revelem a aplicação de

espaços de tal natureza no contexto brasileiro e de que maneira esses projetos

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indiretamente auxiliam em aspectos sociais e econômicos urgentes no cenário

contemporâneo.

Palavras-chave: Hortas Urbanas, Fazendas Verticais, Sustentabilidade, Qualidade

Ambiental

Abstract

The research consists of a scientific initiation in early stage, whose objective is to analyze

the architectural projects of urban agriculture, as well as their economic, environmental

and social developments. The objective is to study the feasibility of growing food inside

Brazilian cities through contemporary buildings using great technology. The method is

essentially bibliographical, through the reading and systematization of exemplary projects,

but with some steps of field survey and interviews with professionals of the area to discuss

the efficiency of the idea. The difficulty of accessing good food, due to physical distances

and price increases, as well as several other related problems, can be solved or softened

with vertical farms and urban gardens: buildings designed or adapted to grow species for

consumption within urban centers, spending less water and agrochemicals, saving space,

reducing distances, generating jobs and ensuring climate-proof supplies. The research

results will be structured in the presentation of architectural typologies and graphics which

reveal the applicability of such spaces in Brazilian context, and how should these projects

contribute to assist urgent social and economic aspects in the contemporary scenario.

Key words: Urban Horticulture, Vertical Farms, Sustainability, Environmental Quality

1. Introdução

De acordo com o departamento de pesquisa da Organização das Nações Unidas

(ONU, 2017b), no ano de 2050, a população mundial atingirá a marca de 9.8 bilhões. Além

disso, o número de residentes em área urbana será aproximadamente o dobro do rural, uma

estatística que era inversa logo antes da virada do milênio. Sabe-se que o ritmo de

crescimento da humanidade desacelerou nas últimas décadas, mas os avanços tecnológicos

não serão capazes de suprir a demanda de alimentos para todos os países se o modo de

produção agrícola continuar cometendo os mesmos erros.

Fatores como o crescimento exponencial da população, modos de produção

agrícola ultrapassados, dificuldades na distribuição de seus produtos, práticas agrícolas

extensivas e o desperdício de aproximadamente 1/3 da comida do mundo (ONU, 2017a)

geram impactos diretos nas perspectivas da alimentação no planeta. Essa realidade ainda é

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agravada por conflitos sociopolíticos, clima, má-distribuição de recursos e desigualdade

socioeconômica.

Diante de tal quadro e considerando que o ritmo atual da produção mundial de

alimentos será insuficiente para abastecer a humanidade nas próximas décadas, verifica-se

a demanda por maior conhecimento sobre soluções arquitetônicas que buscam minorar tais

efeitos sobre a sociedade e o meio ambiente. Portanto, essa pesquisa objetiva analisar os

projetos arquitetônicos de hortas urbanas, bem como seus desdobramentos econômicos,

ambientais e sociais. Pretende estudar a viabilidade de cultivar alimentos dentro das

cidades brasileiras, através de edifícios contemporâneos e com o emprego de tecnologia de

ponta, a fim de orientar técnicos, trabalhadores e consumidores em como proceder no

projeto de tais espaços.

A urgência do tema se comprovou com a greve dos caminhoneiros, em maio de

2018, que revelou a sintomática dependência da população em relação ao abastecimento

diário de mercadorias. O estado de relativa anomia nos supermercados tornou visível o

despreparo dos brasileiros para lidar com uma situação de crise e o caos que seria uma

interrupção prolongada de suprimentos. É claro que o sistema de transporte de frutas e

verduras é insustentável em longas distâncias, devido ao baixo valor agregado e rápida

deterioração do produto. Por isso, é necessário que as cidades sejam mais autossuficientes

no que diz respeito à produção de comida, principalmente das espécies que são base da

alimentação brasileira.

De maneira oposta às grandes plantações na zona rural – que exigem grandes

deslocamentos – a Agricultura Urbana e Periurbana (AUP) é o plantio de hortas em

terrenos vazios, coberturas de edifícios e pequenas porções de terra no interior das cidades,

bem como arredores próximos. Nos latifúndios, essa agricultura extensiva se opõe

artificialmente à dinâmica natural da vegetação, implica na regressão do número de

espécies e destrói ou enfraquece os mecanismos homeostáticos. Atualmente, nos Estados

Unidos, mais de 90% das sementes usadas na agricultura de grande escala são produzidas

por somente três empresas. Mais da metade das terras agricultáveis estão abaixo das

condições produtivas ideais e não há perspectivas otimistas de melhora (DESPOMMIER,

2010, p. 114). Também é possível relacionar a prática ao cultivo de orgânicos dentro ou

próximo das cidades à defesa da biodiversidade das sementes (COMITÊ, 2006) e à redução

do volume de lixo e gases tóxicos por meio da compostagem. Se conseguirmos transformar

os centros urbanos em espaços verdadeiramente produtivos, a humanidade poderá

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recuperar as florestas nativas que foram destruídas na tentativa de criar terras agricultáveis

hoje usadas para produzir comida para nossas cidades (DESPOMMIER, 2010, p. 2).

Há uma diferença conceitual entre os dois objetos de estudo: as fazendas verticais

são edifícios destinados ao plantio de gêneros agrícolas nas metrópoles – prédios inteiros

projetados ou reformados para cultivar espécies para consumo. E as hortas urbanas são

canteiros em coberturas de edifícios, instituições, lotes vagos e vazios urbanos, adaptáveis

a áreas menos densas e zonas de transição entre campo e cidade. Por isso este projeto

propõe o estudo de fazendas verticais e hortas urbanas como uma das potenciais soluções

para a sustentabilidade das cidades de vários portes, cabendo à arquitetura responder

tecnicamente para a implantação dessa nova tipologia de edifício, certamente fundamental

neste século XXI.

Criar sistemas sustentáveis de produção de comida nas cidades resolveria alguns

dos problemas associados à destruição da natureza. Uma cidade com significativa

produção agrícola permitiria que continuássemos nosso estilo de vida sem causar maiores

danos ao meio-ambiente do que os que já causamos. Se aliviarmos consideráveis porções

de terra dessa obrigação produtiva, ganharíamos em dois aspectos: ainda conseguiríamos

comida da mesma maneira (ou melhor) e começaríamos a regenerar os sistemas

ecológicos. Assim, o mundo se tornaria um lugar mais agradável para as próximas

gerações (DESPOMMIER, 2010, p. 142-143).

2. Metodologia

A pesquisa aqui proposta é de natureza essencialmente bibliográfica (teórica-

qualitativa), ainda que também se apoie em determinadas etapas em levantamento de

campo. Uma primeira etapa consiste em pesquisa bibliográfica em livros, artigos,

dissertações e teses referente a economia, sustentabilidade, agricultura, arquitetura e

urbanismo sustentáveis. Também será fundamental a coleta de informações, análise de

vídeos, infográficos e reportagens sobre fazendas verticais e hortas urbanas, registrando

seus benefícios, formas de organização e principais problemas.

O trabalho busca levantar dados em acervos textuais, cartográficos e fotográficos

referente a situações urbanas viáveis para a aplicação de hortas urbanas ou fazendas

verticais, através de bases do IBGE e de trabalhos da Geografia, Economia, Arquitetura e

Urbanismo. Concomitantemente, a pesquisa investiga agricultores e arquitetos que possam

agregar informações relevantes para a pesquisa. Além disso, buscará visitar campos de

plantio e hortas urbanas da região. Por fim, irá traduzir as descobertas da pesquisa em um

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instrumento de consulta didático e explicativo, para ajudar futuros arquitetos e agricultores

na continuidade dos estudos para cidades produtivas e agradáveis.

3. Objetivo

O principal objetivo é compreender a arquitetura destes edifícios/equipamentos,

inclusive com relação à infraestrutura necessária para o bom funcionamento dos mesmos,

tanto para o plantio quanto para a própria instituição/empresa, assim como compreender

seus rebatimentos econômicos, sociais e ambientais. Assim, serão sistematizadas diretrizes

para o projeto arquitetônico, apontando elementos relevantes para o projeto de uma

fazenda vertical ou de uma horta urbana, tais como: a estrutura e os ambientes necessários

para um edifício multiuso receber o plantio de hortaliças, as atividades e funcionários que

compõem o programa de necessidades, os principais fluxos internos e externos, os sistemas

de colheita, a distribuição de luz (natural e artificial), a distribuição de água, o controle de

ventilação, a geração e distribuição de energia (elétrica e alternativa), etc.

Uma vez compreendida a estrutura do equipamento, serão definidas diretrizes

pautadas pela viabilidade econômica e técnica (relação economia/agronomia/arquitetura)

para a produção de alimentos em edifícios sustentáveis e canteiros na zona urbana ou

periurbana de cidades médias, considerando as leituras de projeto e as entrevistas com

profissionais da área. Catalogaremos as espécies de plantas com boa adaptabilidade ao

ambiente controlado das estufas urbanas, considerando a quantidade de luz, tipo de plantio,

nutrientes e volume de água necessários ao desenvolvimento das categorias.

4. Desenvolvimento

Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (BENÍTEZ,

2018), 1.3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçadas por ano, o que equivale a

24% da produção mundial. Essa comida que vai para o lixo poderia alimentar 28,5% da

humanidade: mais de 2 bilhões de pessoas. Os números chamam a atenção: a comida

desperdiçada gera um prejuízo de 750 bilhões de dólares; e 1.4 bilhão de hectares no

Brasil, Argentina, México e Venezuela foram usados para produzir comida que não chegou

a ser consumida. Além disso, a agricultura extensiva é responsável por destruir mais

ecossistemas do que qualquer outra forma de poluição. Se todas as formas de vida na Terra

estão conectadas direta ou indiretamente em ciclos interdependentes e esperamos crescer

enquanto humanidade, devemos estimular a bioprodutividade e o desperdício zero.

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O êxodo rural é generalizado em quase todos os países do mundo. No Brasil,

trabalhar com a terra é visto como uma atividade cansativa e degradante, que deve ser

deixada para trás. Pequenos fazendeiros não têm poder de competitividade no mercado,

trabalham muito e ganham pouco até desistir da ocupação e vender suas terras para

multinacionais, confiando na promessa de uma vida melhor na cidade. Por exemplo, nos

Estados Unidos, em 1930, 6 milhões de pessoas se declaravam fazendeiros. Em 2009,

havia menos de 150.000 indivíduos afirmando o mesmo (DESPOMMIER, 2010, p.126).

As cidades devem ser capazes de receber essas pessoas e conferir-lhes uma boa qualidade

de vida em um contexto próximo do qual elas cresceram. Se a maior parte dos migrantes é

composta por fazendeiros e suas famílias, não há grupo melhor para trabalhar em fazendas

verticais e hortas urbanas do que aqueles que já sabem como cultivar alimentos. O futuro é

promissor na criação de novos trabalhos para a nova indústria das fazendas verticais

(DESPOMMIER, 2010, p.173).

A interdisciplinaridade da discussão exige busca e revisão de soluções tecnológicas

sustentáveis e alternativas na plataforma da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária), bem como a identificação de espécies de plantas com boa adaptabilidade ao

ambiente controlado das estufas urbanas, considerando a quantidade de luz, tipos de solo e

nutrientes e água necessários ao desenvolvimento das hortaliças. Além disso, há óbvios

desdobramentos econômicos e ambientais gerados pela produção de alimentos nas cidades,

como a redução do uso de água, a não-utilização de agrotóxicos, a geração de trabalho e

renda alternativos para comunidades.

Segundo a FAO (ONU, 2017a), dos 1,3 bilhão de toneladas desperdiçadas, 10% do

desperdício ocorre no campo, 50% no manuseio e transporte, 30% na comercialização, e

10% no varejo e consumidor final. Se a comida fosse produzida dentro da cidade, em

fazendas verticais e hortas urbanas, as duas etapas intermediárias seriam cortadas,

reduzindo em aproximadamente 80% a comida jogada fora. A eficiência produtiva das

áreas periurbanas deixaria de ser excessivamente testada, e os lucros deixariam de

concentrar-se nos centros de distribuição como o CEASA (em Uberlândia) e o CEAGESP

(em São Paulo), por exemplo.

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Figura 1: O caminho do desperdício no Brasil. FONTE: ONU VERDE

Outro aspecto fundamental ao tema está na oferta de uma alimentação mais

próxima do “Slow Food” do que do “Fast Food”, nos preceitos do Movimento Slow

(MONTANER, 2011). Ou seja, incentivar uma rotina tranquila, qualificada e desacelerada,

que busca a calma e a qualidade de vida, além de defender a importância da diversidade no

espaço urbano (JACOBS, 2011), no contexto de cidades de grande e médio porte

brasileiras. Com isso, há um reforço da prática AUP em espaços intra-urbanos e/ou nos

arredores do município, de acordo com a gestão territorial e ambiental vigente, em terrenos

particulares e públicos.

A etimologia da palavra “cidade” deriva do latim civitas, termo utilizado para

nomear uma reunião de cidadãos. Apesar dos séculos entre a origem desse significante e os

dias atuais, a cidade tornou-se (e deveria manter-se como) lugar de pluralidade, em

constante renovação, que “abarca polaridades contrárias entre si, condições divergentes e

conflitos” (ROZENSTRATEN, 2018, p. 19). Se a essência do termo reside na diversidade,

as práticas urbanas devem resgatar e estimular atividades sociais e econômicas que de fato

reúnam cidadãos. Reforçando: cidadãos, não indivíduos. Não somente unidades humanas

que compartilham um espaço, mas sim pessoas que estão envolvidas ativamente na

dinâmica da cidade.

Compartilhando o espaço urbano de maneira mais eficiente, será possível restaurar

o meio-ambiente e manter suficientes opções de comida saudável, mesmo que sejam

objetivos aparentemente opostos. Produzir comida de forma naturalista por meio da

agrofloresta em hortas urbanas; e de maneira tecnológica em estufas empilhadas

verticalmente pode parecer desafiador, mas compensará o investimento financeiro e

acadêmico em médio/longo prazo. “A eficiência de cada andar de uma fazenda vertical,

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um acre de terra, pode ser equivalente à dez, até vinte acres com cultivo tradicional,

dependendo da plantação. O cultivo em estufas elimina a necessidade de combustíveis

fosseis hoje usados para arar, aplicar fertilizantes, semear, capinar e colher”

(DESPOMMIER, 2010, p. 5).

Simplesmente deixar que a terra cure a si mesma e siga seu ritmo é um excelente

recurso para recolonização de espécies, restaurando o equilíbrio entre nossas vidas e o

restante da natureza. O reflorestamento vai eventualmente sequestrar quantidades

significativas de carbono da atmosfera e começar o processo de cura. “A biodiversidade

vai aumentar e os processos ecossistêmicos, como o controle de enchentes e a limpeza do

ar, serão fortalecidos” (DESPOMMIER, 2010, p.22), isso significa que plantas e animais

voltarão à reciclar recursos e nutrientes em graus muito maiores, combatendo

microrganismos indesejados e altamente selecionados por sucessivas pragas resistentes à

herbicidas e mosquitos. O recrescimento de florestas gera vários serviços ecológicos, o

principal deles sendo o sequestro de carbono na forma de celulose e a restauração da

biodiversidade (DESPOMMIER, 2010, p.159).

As primeiras grandes hortas urbanas e as fazendas verticais falharão em muitos

aspectos até encontrarem as condições ideais de cada espécie e contexto. Além disso, entre

o que é planejado, o que é construído e que permanece, existe um grande abismo causado

por questões imprevisíveis (ROZENSTRATEN, 2018, p. 12). Deve-se estudar o porquê

que as atuais fazendas verticais falham para entender onde e como fazer diferente. Mais

falhas acontecerão enquanto profissionais de várias áreas estiverem buscando a

combinação certa de sustentabilidade, lucro e comida com qualidade. Mas alguns

empreendimentos como a Mirai Corp e a AeroFarm obtiveram sucesso, então já sabemos

que é possível. Os gêneros produzidos ainda são muito caros, no entanto, novos sistemas

de distribuição e produção conseguirão inserir esses produtos em determinados nichos de

mercado com algumas vantagens competitivas no que diz respeito às menores distâncias e

elevado padrão de qualidade (CARTER, 2011 apud DESPOMMIER, 2010).

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Figura 2: Fazenda Vertical nos Estados Unidos. FONTE: AeroFarms

As vantagens do cultivo vertical são inegáveis: é possível produzir o ano todo

independentemente das estações; não há perdas por súbitas mudanças climáticas; não há

despejo de resíduos de agrotóxicos nos cursos de água doce; não há uso de pesticidas,

herbicidas e fertilizantes; do contrário ocorre liberação de ecossistemas para que restituam

o equilíbrio original; o gasto de água é de 70 a 95% menor do que o sistema tradicional e

as distâncias são consideravelmente reduzidas, como dito anteriormente. Além disso, tem-

se maior controle e segurança na produção de comida; novos empregos em condições

humanizadas e agradáveis; possibilidade de purificação e reuso de águas cinzas para

convertê-las em água potável e, por fim, criação de produtos secundários que possibilitem

alimentar animais ou ser incinerados para gerar biocombustíveis (DESPOMMIER, 2010,

p.145-146).

Voltemos nossa atenção para o terceiro aspecto supracitado: o despejo de

agrotóxicos no meio-ambiente e a consequente contaminação de toda a cadeia alimentar.

Herbicidas e pesticidas atingem os lençóis freáticos, córregos, rios e chegam

invariavelmente ao oceano, criando zonas mortas onde não é mais viável pescar. Os

maiores prejudicados são pessoas já fragilizadas no sistema: pescadores e ribeirinhos que

não tem conhecimento da contaminação dos recursos hídricos e nem acesso à comida não

infectada. Todos os continentes possuem dezenas de estuários drasticamente afetados que

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não mais funcionam como berçários para a vida marinha. “É por isso que os Estados

Unidos devem importar mais de 80% dos frutos do mar que consome. [...] As fazendas

verticais reciclariam sua própria água, portanto eliminando o escoamento da agricultura de

uma vez por todas” (DESPOMMIER, 2010, p.28).

O cultivo de hidropônicas é muito fácil de ser implantado, e não requer

investimentos muito elevados ou mão-de-obra especializada. Sem a necessidade de terra,

as plantas são fixadas em tecidos reciclados de PET e alimentadas por água cheia de

nutrientes em suas raízes através de um cano de PVC que pode facilmente ser substituído

por bambu perfurado. Mas o cultivo das hidropônicas evoluiu ainda para as aeropônicas,

um método que cultiva as sementes em água até formarem raízes, para em seguida, fixar

essas raízes em grelhas, nas quais são borrifadas soluções ricas em nutrientes que suprem

as plantas de suas necessidades, consumindo 70% menos água que as hidropônicas.

Ernst Gotsch e seus sucessores tornaram-se referencia mundial em produção

naturalista de gêneros alimentícios por meio da agrofloresta. Afinal, a monocultura não é

uma estratégia natural do meio-ambiente, e os seres humanos assumiram erroneamente que

um plantio homogêneo aumentaria a produtividade das espécies. Muito pelo contrário, os

campos que produzem vários alimentos diferentes no mesmo terreno com biodiversidade

de plantas e animais apontam resultados produtivos muito melhores do que o plantio

agrário extensivo em latifúndios. “A Natureza nunca teve um plano para monoculturas;

biodiversidade era e ainda é a regra que permite o estabelecimento de ecossistemas

funcionais” (DESPOMMIER, 2010, p. 64). As hortas urbanas a serem implantadas em

terrenos baldios maiores podem ser usadas como campos experimentais de pequenos

núcleos de agrofloresta, o que requer baixíssimo investimento em infraestrutura, deixando

por conta da natureza (e do tempo) crescer e selecionar os melhores frutos.

Não há meio termo. O desenvolvimento que os BRICs almejam não pode ser

somente econômico, ou somente cientifico. Não pode beneficiar somente parte da

população e ignorar os setores mais fragilizados. Para o Brasil se declarar um país

moderno e desenvolvido deve, antes, resolver questões sociais basilares no que diz respeito

à saneamento básico, educação, saúde pública e inclusão social. São necessários

investimentos tecnológicos caros em núcleos produtivos, mas sem esquecer ou ignorar

urgências no cenário brasileiro. Talvez seja viável que parte das futuras verbas destinadas à

construção de empreendimentos como esses aqui propostos, seja reservada para beneficiar

o entorno imediato e as pessoas que vivem nele.

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O projeto de hortas urbanas e fazendas verticais de fato funciona como acupuntura

urbana: por meio de ações incisivas e precisas em pontos específicos da malha urbana, é

possível gerar efeitos que criam ciclos saudáveis de desenvolvimento e se propagam. No

entanto, a ênfase não deve residir no edifício, na unidade produtiva, mas sim no espaço

público como elemento urbanístico primordial. Não caiamos no “delírio das smart cities”

como solução para todos os problemas nas cidades. Antes de cidades inteligentes,

precisamos de pessoas inteligentes que se envolvam ativa e politicamente em questões

sociais e ambientais. A sustentabilidade aqui proposta vai muito além da produção de

alimentos, refere-se também na prioridade em sustentar as relações econômicas, combater

a exclusão social e a degradação humana.

A existência de áreas verdes nas cidades, portanto, não influencia apenas as

saúdes físicas e mentais de seus habitantes, ela esta diretamente associada a

sustentabilidade dos ambientes urbanos e é condição essencial para a

criação de cidades inteligentes. O redesenho das cidades para que se

tornem mais verdes, contudo, requer mais do que edifícios sustentáveis,

reciclagem do lixo e formas de deslocamento não poluentes como a

bicicleta. É fundamental que se encontre maneiras para se aproveitar as

áreas degradadas e abandonadas pelo fluxo dos modelos econômicos, como

é o caso das regiões periféricas surgidas em torno da formação de centros

industriais (SCARDUA, 2018, p. 153 in. ROZENSTRATEN, 2018, p.20).

Além de todo esse embasamento teórico e moral, é urgente realizar mudanças

estruturais que garantam as condições de habitação e alimentação de 7 bilhões de

habitantes no mundo e das próximas 3 bilhões de pessoas que nascerão nas próximas

décadas. Para alimentar um contingente populacional tão grande, precisaríamos

disponibilizar uma área de terra equivalente ao tamanho do Brasil (109 hectares). No

entanto, essa quantidade adicional de terra agricultável simplesmente não existe

(DESPOMMIER, 2010, p.96). É necessário, portanto, que pequenas porções de terra sejam

aproveitadas para produção de alimentos e multiplicadas verticalmente quando necessário.

Rações humanas simplesmente não são uma opção. Não é o bastante sustentar a

humanidade com matemática nutricional, ao menos não enquanto temos condições de gerar

qualidade de vida natural em todos os países. Na mesma linha de raciocínio sustenta-se a

crítica aos alimentos transgênicos. Se a natureza, ao longo dos séculos, construiu algo que

não entendemos perfeitamente, seríamos inconsequentes em alterar traços aparentemente

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irrelevantes no código genético de elementos da base da cadeia alimentar. Muitos produtos

geneticamente modificados já foram embargados por órgãos públicos por estarem

comprovadamente relacionados à incidência de câncer e outras doenças igualmente graves.

Além disso, nem mesmo os transgênicos serão capazes de resistir às rápidas mudanças

climáticas e desastres ambientais esperados nas próximas décadas, em terras que

continuam a fornecer safras cada vez menores e incapazes de alimentar mais 3 bilhões de

pessoas (DESPOMMIER, 2010, p. 128).

5. Propostas

É necessário, portanto, rearranjar as tradicionais estufas de configuração horizontal

já conhecidas para um formato que conserve espaço através do empilhamento de estufas

umas em cima das outras, incorporando-as propriamente na paisagem da cidade e

conferindo qualidade ambiental. Espaços abandonados como terrenos baldios e resíduos

urbanos podem ser amplamente utilizados, e até mesmo construções inacabadas ou

embargadas (considerando reformas em prol da segurança, é claro). Hortas e fazendas de

várias alturas podem ser construídas de encontro às necessidades de comércios, instituições

e conjuntos habitacionais. Alguns empreendimentos isolados de fazendas verticais de

grande porte serão construídos logo nos limites da cidade, onde geralmente há mais terra

disponível e acessível em termos econômicos, para a produção em massa de alimentos

essenciais, como arroz, trigo, milho e outros grãos (DESPOMMIER, 2010, p. 129-130).

Ao mesmo tempo em que as pessoas contribuem para o bem-estar coletivo

acrescentando espaços verdes a cidade, elas são beneficiadas ao nível

individual tanto com ganhos econômicos, ao poupar na compra de frutas e

hortaliças, quanto na manutenção de hábitos alimentares mais saudáveis

[...] há um resultado ainda mais relevante: após a criação das hortas

comunitárias, os índices de vandalismo nos espaços públicos decaíram na

cidade. Assim, a proposta de cidades comestíveis, com hortas e jardins

comunitários, nos leva a pensar que tanto as condições objetivas de vida na

cidade quanto os modelos de relações sociais estabelecidos no cotidiano

são essenciais para o desenvolvimento de uma cidade inteligente.

(SCARDUA, 2018, in. ROZENSTRATEN, 2018, p. 154)

Em termos arquitetônicos, são claras as premissas básicas de uma horta e uma

fazenda urbanas: devem ser autossustentáveis, baratas de construir, modulares, duráveis, de

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fácil manutenção e seguras de operar (DESPOMMIER, 2010, p. 24). No entanto, o desafio

reside em como conseguir tais objetivos integrados. As fazendas verticais,

independentemente do porte, devem ser projetadas de maneira tal que impossibilitem a

entrada de microrganismos e insetos, usando os mesmos recursos aplicados nos projetos de

unidades de tratamento intensivo de hospitais. Os edifícios devem ser abastecidos com

suprimentos de ar filtrados e entrada controlada, enquanto os trabalhadores precisarão usar

roupas especiais e manter condições de higiene para não trazer agentes patológicos da rua

para o interior. Assim, serão dispensados os usos de agrotóxicos e produtos químicos, uma

vez que essas estufas estarão seguras para cultivar alimentos (DESPOMMIER, 2010,

p.169).

Quando o arquiteto Louis Sullivan afirmou que “A forma segue a função”, ele

enunciava um dos princípios da arquitetura moderna, mas antes de tudo, um principio

definidor da vida na Terra. Todas as estruturas orgânicas assumem determinados formatos

em prol de motivos funcionais e são selecionadas naturalmente para crescer e se

reproduzir. Portanto, nos projetos das fazendas verticais, arquitetos, engenheiros,

agrônomos e economistas devem trabalhar juntos sob esse conceito primordial, para

satisfazer as necessidades das plantas e das pessoas, igualmente. Recomenda-se que os

espaços interiores sejam altamente flexíveis, permitindo que os trabalhadores reconfigurem

a disposição interna conforme as necessidades das colheitas.

As fazendas verticais ainda sustentam um sistema secundário de tratamento de

esgoto de maneira natural e sem uso de produto químico algum: através de pequenos poros

nas folhas chamados ‘estômatos’, as plantas transpiram parte da água que puxam pelas

raízes. Tirando vantagem dessa atividade natural, alguns setores de plantas podem ser

sacrificados para absorver águas cinzas (em edifício separado para evitar contaminações) e

transpirar uma água puríssima para o ambiente, a ser captada em perfeitas condições de

consumo. “Sacrificados”, no entanto, pois apesar de aparentemente saudáveis, esses

vegetais não devem ser consumidos, pois podem conter microrganismos patogênicos, o

que seria muito arriscado no ponto de vista da saúde pública. A água de esgoto é purificada

através dos tecidos vegetais e liberada na atmosfera enclausurada das fazendas verticais

(DESPOMMIER, 2010, p.174). Na impossibilidade de ingestão dessas plantas, o presente

estudo então propõe o cultivo de gêneros destinados à produção de biodiesel, ou até

mesmo de pés de algodão – uma das plantações mais contaminadas por agrotóxicos na

atualidade. Existem vários desdobramentos econômicos que podem ser analisados e

discutidos de acordo com a necessidade e o contexto local de cada estudo de caso.

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Um programa de necessidades inicial na configuração das fazendas verticais deverá

ter um espaço para o cultivo efetivo de alimentos, escritórios e administração, unidade de

controle, berçário para as sementes e mudas, laboratório de controle de qualidade, espaço

de descanso e socialização da equipe, espaços didáticos e turísticos para gerar rendas

extras, restaurante, mercado ou sacolão. Algumas espécies de peixes cultivadas em tanques

podem servir para produzir nutrientes nas águas de irrigação, além do reaproveitamento

dessa água em vários canteiros e andares, desde que seguramente monitorados contra

doenças e com a constituição química adequada.

A estrutura técnica básica da qual tem-se conhecimento até agora é composta por

quatro estruturas principais que podem ser executadas de varias maneiras diferentes:

Captura de luz solar e dispersão uniforme ou direcionada nas plantações; incorporação de

sistemas alternativos de geração de energia (fotovoltaica, eólica, biomassa) para reduzir

gastos e manter uma reserva confiável; emprego de uma estrutura física versátil que

sustente e proteja espécies diferentes de maneiras diferentes; e aproveitamento máximo de

espaços para compensar o ônus econômico do valor da terra.

As fazendas verticais e hortas urbanas compõem um cenário futuro moderadamente

otimista. Seria ideal que a humanidade abandonasse espaços superpopulosos e migrasse de

volta para o campo de maneira espontânea e orgânica, como por osmose, até atingir um

equilíbrio perfeito entre campo e cidade. Todos em ecovilas, plantando, colhendo e

trocando frutas e verduras por escambo. Primoroso, porém pouquíssimo provável. Grande

parte das pessoas está muito acostumada a viver em metrópoles, com acesso a um universo

dinâmico e cosmopolita, para abandonar tudo isso em troca de uma vida simples e pacata

no campo. Ainda que essa segunda opção ofereça uma perspectiva promissora de

qualidade de vida. Se tantas milhares de cidades já estão irremediavelmente consolidadas,

devemos construir um futuro melhor em cima dessas malhas urbanas, não como

Mephistopheles e Fausto no drama de Goethe, mas sim com o mínimo de destruição

possível.

6. Conclusão

As fazendas verticais e hortas urbanas serão necessárias para garantir a soberania

alimentar nos países em desenvolvimento no século XXI. Há décadas as construtoras e

incorporadoras já se utilizam da estratégia de solo criado para verticalizar bairros nobres,

portanto é igualmente possível verticalizar o cultivo de alimentos em tantos andares quanto

forem necessários, proporcionando um uso eficiente do espaço urbano. Essa é uma medida

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mais do que recomendável, fundamentada no conhecimento de que mais de 80% das terras

agricultáveis do mundo já estão sendo utilizadas, e os 20% restantes não seriam suficientes

para suprir a demanda da população em crescimento (DESPOMMIER, 2011). Um dos

principais argumentos a favor dessa iniciativa é a economia de água: enquanto o

agronegócio é o principal consumidor de água no mundo, as hortas urbanas cultivam

espécies hidropônicas que consomem 70% a menos de água do que a agricultura

tradicional (FUTURISM, 2018). Essa prática evita tanto o esgotamento hídrico quanto o

esgotamento dos solos: muitas espécies crescem com a completa ausência de terra, apenas

irrigadas com água cheia de nutrientes provindos da compostagem, enraizadas em tecidos

reciclados de PET (SEEKER, 2016).

É inegável a vantagem na continuidade da produção em ambientes controlados

independentemente das estações do ano; das intempéries climáticas; e dos desastres

ambientais como secas ou enchentes. Além da supracitada sustentabilidade em tantos

aspectos, também é necessário combater a dependência de agrotóxicos usados nas

plantações. Os agrotóxicos estão comprovadamente relacionados à incidência de câncer e

outras doenças crônicas; são substâncias que contaminam o solo, cursos d’água e

aquíferos; reforçam a dependência de si mesmos em seu próprio ciclo vicioso; ameaçam os

pequenos produtores e aumentam o monopólio de grandes empresas; levam vários países a

parar de comprar comida do Brasil; e matam 200 mil pessoas por ano, segundo a ONU

(2017c).

A pesquisa defende a necessidade e urgência de conectar conhecimentos

arquitetônicos, biológicos, sociais e econômicos no projeto das fazendas verticais e hortas

urbanas, evitando o crescimento das pegadas ecológicas e o distanciamento cada vez maior

entre o local de origem e o local de venda de alimentos. Deve-se promover equilíbrio entre

campo e cidade e combater a hegemonia dos sistemas corporativos tecnológicos de

monocultura para exportação, que dificultam os meios tradicionais de subsistência

artesanal e agrícola. É fundamental compreender o ambiente construído a partir de uma

visão sistêmica e ecológica, com o suporte do Desenho Ambiental e seu impacto direto no

projeto de Arquitetura (FRANCO, 1997, p. 31; MCHARG, 1992) e assim, estabelecer

diretrizes de projetos para cenários específicos de cidades brasileiras que tenham

perspectiva de crescimento ou previsão de colapso.

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Referências

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EMBRAPA. Práticas Agropecuárias. Disponível em: https://www.embrapa.br/praticas-agropecuarias> Acesso em: 18/09/2018

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