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Faustão Televisã o UM CAMINHÃO 20 ANOS DE DE HUMOR JORNAL NACIONAL Regional JORNALISMO Á GAÚCHA

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Faustão TelevisãoUM CAMINHÃO

20 ANOS DEDE HUMOR

JORNAL NACIONAL

RegionalJORNALISMO Á GAÚCHA

ANO II IMPRENSA N? 24

imprensa costuma ser muito cautelos aquando trata da morte. Por mais natural -mente absurdo que pareça - e é -, o te -ma obriga redatores e editores que dele seocupam a trabalhar, literalmente, cheios dededos . O cuidado é tanto que freqüente -mente se cai no exagero e, no mais das ve-zes, ditadores viram democratas, maus -caracteres passam por bonzinhos e renoma -das nulidades transformam-se, depois de

baixar os sete palmos, em gênios consumados. Reconheça -se, porém, que são situações de fato delicadas . Os ânimo sdas fontes estão geralmente atiçados, os nervos à flor da pele,as suscetibilidades exacerbadas .

E mesmo com todo o cuidado, às vezes exagerado, a im-prensa não escapa de ser o bode expiatório pela morte defiguras públicas, especialmente quando essas personalida-des são vítimas da Aids - uma doença que mudou hábitose, como estigma maior, é sempre associada a homossexuai se drogados . Do ponto de vista de seu acompanhamento cien -tífico, a cobertura da imprensa tem marcado pontos paraa boa Informação : o assunto é tratado com seriedade e ojornalismo tem contribuído para uma melhor informaçã odas pessoas sobre o chamado "mal do século". Mas, do pont ode vista dos envolvidos nas notícias sobre algum morto fa-moso, a imprensa tem sido acusada de ser, no mínimo, de-sumana e mórbida . E sobre essas contradições que a maté -ria de capa desta edição se detém . Sobre os contratempo se colisões da cobertura jornalística do vírus da polêmica .

Se é preciso uma certa postura ética no tratamento de u mtema tão delicado, exige-se o mesmo espírito nas relaçõe sde uma publicação com suas fontes, leitores e. . . anuncian-tes . Na edição passada, infelizmente, esta revista foi logra-da por um dos seus anunciantes . Com uma página dupl areservada para um anúncio da Amil, IMPRENSA seguia se ufluxo normal de produção quando, já em gráfica, foi incluíd oo fotolito do anúncio da empresa . O que se viu, depois d epublicada, foi uma matéria institucional com tipologia pa-recida com a usada pela revista e com ares acintosos de ma -téria paga . Isto não é ético. IMPRENSA deplora o fato eé obrigada a dividir com seus leitores a sensação de que oanunciante agiu com indesculpável má-fé. Que possamos ,de agora em diante, ficar imunes a esse tipo de procedimento .

OS EDITORES

PAUTADestaque

Além dos competidores, apropaganda também entraem campo, ganha posiçõese faz gol de placa

Página 62

SUfTE 8

CONVERSA DE BAR 1 0

INFORMÁTICA 1 2

LÍNGUA 1 6

ECONOMÊS 1 8

PIRULITOS 20

MEMÓRIA 22

BRASIL 26

PERSONAGEM 4 0TELEVISÃO 4 8

PROPAGANDA 6 2

ESPECIAL 68

INTERNACIONAL 8 4

CADERNO REGIONAL 9 2

CADERNO DE MÍDIA 10 5

fNDICE DE ANÚNCIOS 12 1COLEGUINHAS 12 6

PERDÃO, LEITORES 12 8

CESTA SEÇÃO 129

PONTO DE VISTA 130

soling Ifll¢y.+onr`An• aa¢ .+ '

EDITORIAL LTDA.

EDITOR E DIRETOR : Dante Mattiussi, Sinvalde Itacarambi LeãoDiretor Editorial: Gabriel Pnoi hDiretor Comercial : Hélcio VieraDiretor do Núcleo de TV: Valdir Zwelsc hConselho Editorial : Luiz Fernando Mercadan-te (presidente) . Antonio Telles . Carlos A Ear-denberg . Celso Japiassu, José Marques deMeio. Luis Edgar de Andrade. Luis FernandoVeríssimo, Luigi Manpnn . Marina Colassanti .Nelson Sirotsky. Otto Lara Resende, Pedro Ro-gério . Roberto Drummond . Roberto Duarlibi .Walter Nor a

IMPRENhxrolismtl e nxnunlc.¢a r

Diretor de Redação: Gabriel Pnolli Ilustração: Conceição Cahú, Flavio Nigra Ma- Números atrasados : ao mesmo preço do úl -Editor Executivo: Luiz Egypto nza. Martinez, Ricardo . Tché timo exemplar em banca, por carta a FeelingRepórteres : Gerson Sinton , Edson Eugenio Fotografia: Francisco Estrela (editor), Ricardo EditorialSantos (Sao Paulo). Conceição Freitas (Brasi- Hantzschel (São Paulo) . Juan Carlos Gomes Diretor Responsável : Dante Mattiussi - MTblia) . Marco ()taw() Teodoro (Belo Horizonte), Jo. (Brasilia) . Antonio Vargas (Porto Alegre) 11 .760sé Antonio Vielra da Cunha (Plural Comunica Pesquisa de Mldla: Valéria Ordonhez IMPRENSA é uma publicação mensal da Fee -çoeslPono Alegre) Secretárias : Valéria Hein . Ruth Soares ling Editorial Ltda . - CGC 58325.097/0001-81 .Sucursal Rio de Janeiro : Talmo Wambier Publicidade: Redação, administração e assinaturas : R .(chefe) Paulo Cezar Guimarães. Roberto Fer - Diretor Comercial : Hélm Vieira Dr. Alberto Torres, 21, Perdizes. CEP 05006,reira (repórteres) . Tanana Constant (biografia )Colaboram nesta edição: Alberto Tames Cris -

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Brasilob o título "Tragédia vené-rea", uma matéria publica -da na edição de 6 de abri lde 1983, na revista Isto E ,noticiava o surgimento d euma nova doença que vi-

nha preocupando médicos americanos .Suas primeiras vítimas eram homosse -xuais . Nos Estados Unidos, já se fala-va vulgarmente em "praga gay", comoafirmava a revista . A doença debilita-va o sistema imunológico de suas víti-mas, tornando-as presa fácil às mai ssimples infecções. Os médicos batiza -ram a nova doença com a sigla Aids ,do inglês Acquired Immunological De-ficiency Syndrome.

Essa foi a primeira matéria publica -da na imprensa brasileira sobre a doen -ça . Seis anos depois, o ministério d aSaúde contabiliza - de 1980 até o iní-cio deste ano - 7 .182 casos notifica -dos de Aids, e 3 .572 óbitos . Seis ano sdepois, a doença assumiu aqui e nomundo contornos dramáticos . Extra-polou os limites dos chamados grupo sde risco - homossexuais, drogados ehemofílicos -, deixou de ser a "prag agay" e ameaça a todos. Seis anos de-pois, sobretudo, o assunto Aids saltoudos registros discretos para as primei-ras páginas dos jornais, capas de revist ae o noticiário de televisão - principal-mente depois que diversas personalida-des morreram fulminadas pela doença ,até agora sem cura . Cobrir Aids tor-nou-se uma tarefa delicada para os jor-nalistas e colocou-se no centro das dis-cussões éticas da categoria .

Exemplos não faltam. Em abril a re-vista Veja estampou na capa : "Cazuz a- Uma vítima da Aids agoniza empraça pública" . O relato cru e doloro-so de como o artista enfrenta a doen-ça gerou uma onda de protestos d eamigos e parentes do cantor, que acu-savam Veja de antiética e sensaciona-lista. Um pouco antes, em março, ojornal O Estado de S. Paulo noticiou ,nos dias 7, 8 e 11 daquele mês, casosde Aids entre diplomatas brasileiros .Pelo menos 12 funcionários do Itama-raty estavam contaminados pelo víru sHIV. Dez não apresentavam os sinto -mas da síndrome e dois estavam doen -tes, informava o Estadão .

Primeiros casos - A relação foi ime -diata. Paulo Tarso Flecha de Lima,secretário-geral do ministério das Re-lações Exteriores, desmentiu o conteú -do das reportagens e exigiu do jorna -lista Luis Cláudio Cunha, diretor dasucursal do jornal em Brasília, o no -me do médico que teria passado as in -

IMPRENSA - AGOSTO 1989

formações ao Estadão . Mais recente -mente, na morte do ator Lauro Coro -na, os jornalistas foram tratados comocorvos à espera do defunto. A famíliado artista negou-se a prestar qualque rdeclaração à imprensa e destratou o srepórteres presentes ao enterro . Symo-ne Munay, 28 anos e oito de profissão ,que cobria o sepultamento para o jor-nal O Dia, do Rio, lembra das palavra spronunciadas à beira do túmulo pel amãe do ator : "Você agora está descan-sando, meu filho. Eles (a imprensa) vãoter que arranjar outro palhaço para oseu lugar". Na mesma ocasião, o ato rCarlos Augusto Strazzer chegou a sus -tentar que o estado de saúde de Coro-na havia piorado desde que sua doen-ça começou a ser noticiada .

De fato, Aids é notícia. E das maisquentes . "O problema é que a mort epor si só já atrai . Junte-se a isso u mnome famoso, uma doença carregad ade preconceitos e pronto : o prato est áfeito", diz Ricardo Porto, 38 anos 14 d eprofissão, editor da revista Semanário ,que se dedica a fofocas e notícias d ebastidores do mundo artístico. Portoreconhece que essa receita é um tant oexplosiva, pois existe um ônus emocio -nal muito forte envolvendo o assunto .

"O mundo da Aids e um mundo d emuita tensão para todos", diz Inê sKnaut, 45 anos e 23 de profissão, re-pórter da área de saúde do jornal Fo-lha da Tarde, justificando por que o re-lacionamento entre imprensa, médicos ,doentes e seus familiares é tão tortuo-so. Cobrindo o assunto desde seu iní-

cio, Inês acha que "as pessoas estã osempre em alta sensibilização, porqu eestão confrontadas o tempo todo co ma perspectiva da morte" . Mais do queesse cotidiano cruel, ao falar na Aidsa imprensa põe o dedo em feridas qu ea própria sociedade prefere omitir ."Existe uma barra de submundo quepermeia grande parte da doença : ho-mossexuais, drogados, travestis, pros-titutas . A Aids é uma doença margina lno sentido dos excluídos", afirmaFanny Zygband, 33 anos e 12 de pro -fissão, repórter da sucursal paulista d eO Globo .

Fanny sentiu na pele o que é esse pre-conceito. Mesmo depois de visitas re-gulares ao Hospital Emílio Ribas, emSão Paulo, e várias entrevistas co mdoentes, ela não conseguia tocá-los ."Achava um absurdo o preconceito qu erondava a cabeça das pessoas e perce-bi que, apesar de toda a informação ,eu fazia o mesmo. Até que consegu iromper essa barreira ." Não há comonegar, também, que a imprensa ajudoua difundir o estigma que a Aids erauma doença de homossexuais . Entre1983 e 1985, quando os primeiros ca-sos começaram a surgir, jornais mai spopulares não se cansaram de estam -par manchetes do tipo "praga gay ma-ta mais um".

Quebrar preconceitos - A justifica -tiva era a novidade da doença e a es-cassez de informações a respeito . E, decerta maneira, a imprensa brasileira co-piava a americana, que também insis-

tia em restringir a Aids aos homosse-xuais . Mas se o preconceito não estavaescancarado nas primeiras páginas, el esurgia em pequenos detalhes . Um des-ses detalhes quase jogou por terra a se-riedade do trabalho de Letânia Mene-zes, 42 anos e 21 de profissão. Ela fe za primeira reportagem brasileira sobr ea doença e hoje não sabe dizer se o fa -to de ter realizado, também, a primei-ra matéria onde um doente de Aids s eidentificava e se deixava fotografar, éum mérito no seu currículo.

A matéria virou capa da revista IstoE, onde na época Letãnia era repórter ."Foi uma batalha conseguir aquela en-trevista. Cuidei de todos os detalhes d aedição", lembra . "Mas quando chegue ina redação, numa sexta-feira, e vi a ca -pa da revista, levei um choque. A fot odo doente estava ali, circundada poruma moldura cor-de-rosa . E o entrevis-tado era homossexual . Achei aquilo deum extremo mau gosto, preconceituo-so mesmo. " Letânia acabou deixand oa Isto E no mesmo ano. Foi para a Fo-lha de S. Paulo cobrir o assunto e hojefaz assessoria de imprensa .

Se nos primeiros anos de coberturada doença a imprensa carregava na stintas, hoje o tom mudou. Na avalia-ção de quem trabalha diretamente co ma doença, a conta da imprensa está n oazul . "O quadro da Aids só não est ápior porque a imprensa dá sua contri-buição e ajuda a quebrar preconceitos" ,diz Paulo Cesar Bonfim, 34 anos, vice -presidente do Gapa - Grupo de Apoioe Prevenção à Aids e coordenador doPrograma de Doenças SexualmenteTransmissíveis da prefeitura de SãoPaulo . "As notícias sobre novas desco-bertas e tratamentos demoram par achegar aos meios científicos . A impren-sa toma conhecimento dessas informa-ções e as publica imediatamente", elo-gia o psiquiatra Theodoro Plueciennik ,41 anos, chefe do Serviço de SaúdeMental do Centro de Referência e Trei-namento em Aids, da secretaria d aSaúde de São Paulo .

Melhor remédio - Isso não quer di-zer, contudo, que o noticiário não so-fra restrições . Pelo contrário. "Sei queos meios de comunicação têm o obje-tivo de causar impacto, e por isso di-vulgam pontos polêmicos que pode mprovocar controvérsia", diz Lair Guer-ra, diretora da Divisão Nacional deDoenças Sexualmente Transmissíveis,do ministério da Saúde. O diretor doCentro de Referência Nacional em Aidsdo Hospital Universitário Gaffrée

OBERTDE

ALTO RISCOEnvolta em preconceitos e numa forte

carga emocional, a Aidsse transformou num drama profissional

no cotidiano das redações

IMPRENSA - AGOSTO 1989 27

"O mundo da Aids éum mundo de muitatensão para todos "

Ines Knaut

Stein : "procuramos a informação correta "

deveria mostrar também como as pes-soas estão vivendo com a Aids", diz ele."Eu, por exemplo, estou mostrando aminha cara. É isso que me manté mvivo. "

A verdade é que a questão não é tã osimples assim. Porque ao mesmo tem-po em que médicos e entidades ligadasao problema da Aids insistem que omelhor remédio contra a doença é a in -formação, e que os doentes não deve mse esconder - como é o caso de No-gueira -,pedem, também, que a pri-vacidade do doente seja respeitada . Ejustamente aí que o conflito entre fon-tes e imprensa se aguça .

Guinle, no Rio de Janeiro, Carlos Mo-rais de Sá, 45 anos, lembra-se de um amatéria publicada em O Globo ondese sustentava que a Aids poderia sertransmitida por mosquitos . "Ora, issofoi resultado das experiências de u(ncientista . Enquanto isso, há quatro mi loutros cientistas dizendo que a doen-ça não se transmite através de inseto .Mas o jornal não explica isso e as pes-soas ficam alarmadas à toa", critica o 'médico.

Distorções como essa fazem o traves-ti Cícero Caetano Leonardo, a BrendaLee, pensar duas vezes antes de conce-der uma entrevista . Há cinco anos, se unome se liga à Aids e não porque sej aportador do vírus HIV. Brenda realizaum trabalho difícil e extremamente so-lidário numa cidade como São Paulo :abriga e cuida de doentes de Aids ca -rentes na Casa de Apoio Brenda Lee,mantida através de convênio com a se-cretaria estadual de Saúde paulista .Brenda diz que a imprensa muitas ve-zes prefere dar ênfase ao exotismo, e mvez de destacar a seriedade do traba-lho que é feito ali . "Uma vez deixei queme fotografassem com um paciente . Eno dia seguinte a reportagem dizia qu eeu era cafetina", protesta .

Entre profissionais e voluntários quetrabalham no difícil dia-a-dia da doen-ça, alguns conceitos ou expressões uti-lizados pela imprensa são durament ecriticados . A palavra aidético, po rexemplo, não faz parte do ocabulári odessas pessoas . E a explicação, nemsempre convincente, abrange critério ssemânticos, éticos e psicológicos."Uma vez pedi para um repórter do Es -tadâo não colocar a palavra aidético naminha entrevista, e ele respondeu qu ea expressão paciente de Aids ocupavamuito espaço", reclama Ubiratan d aCosta e Silva, presidente do Lambda ,entidade criada em 1984 e ligada a oMovimento Brasileiro de Defesa dosDireitos dos Homossexuais . "A pala-vra aidético não existe. Aids é sigla, nãoé palavra", diz ele. Portador do vírusda Aids há seis anos, Zeca Nogueira ,37 anos, membro do grupo Pela Vid a(Valorização, Integração e Dignidad edo Doente de Aids), também reclamado excesso de matérias divulgando osofrimento dos doentes . "A imprensa

Bons negócios - Exemplo dessa si-tuação foi a cobertura da morte deLauro Corona, que deu notícia para to -dos os veículos . Nem todos, porém ,disseram que o ator estava com Aids .A Rede Globo foi um deles . "A postu -ra da emissora foi de respeito ao ato re sua família", explica Luiz Lobo, 5 6anos e 38 de profissão, assessor da di -reção geral da Central Globo de Comu -nicação . E os pequenos dramas da co -bertura se revelam nos momentos d etensão que antecedem o fechamento daedição de um jornal ou revista . ArturXexéo, 37 anos e 13 de profissão, edi-tor do Caderno B do Jornal do Brasil,por exemplo, classifica de "confuso" oprocesso de edição da matéria que se ujornal publicou sobre a morte de Co-rona . "Eu fui várias vezes ao edito rFlávio Pinheiro pedir orientação", ad -mite. "Eu mostrava o lead da matériae perguntava: `E aí?, vamos dizer queele estava com Aids? Ou basta o lau-do médico e o Ari Fontoura falando dadoença?" Flávio, então, decidiu : 'Bas-ta isso'." Ao longo da matéria, o Jor-nal do Brasil acabou assumindo que A primeira matéri a

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Lauro Corona estava com Aids. "Eusabia que o ator tinha Aids e não po-deria editar uma matéria omitindo ofato. A questão não era o que dizer,mas como dizer", analisa Xexéo.

O cientista político Herbert de Sou-za, 53 anos, o Betinho, contraiu o ví-rus HIV numa transfusão de sangue,como seus irmãos Henfil e Francisc oMário, que morreram no ano passado .Presidente da Associação Interdiscipli-nar da Aids (Abia) e hemofílico, Beti-nho é um dos incansáveis batalhado-res no trabalho de educação e preven-ção à Aids ; e, por isso, presença assí-dua nas matérias sobre a doença . Mes-mo assim, Betinho não se recorda dequalquer matéria que tenha lhe indig-nado. "As notícias da morte de Leo nHirzmann foram extremamente cuida -dosas . Alguns veículos até omitiram adoença. O Henfil foi preservado na suaimagem . E o Chico Mário recebeu ,também, muito carinho", diz ele.

E verdade que nos três casos citado spor Betinho, a Aids foi contraída emtransfusões de sangue contaminado . E ,nesses casos, as vítimas não carregamo preconceito de homossexuais e dro-gados. Sem falso moralismo, Bentinh oreconhece que Aids é notícia . "Existeum interesse universal sobre a doenç aporque ela coloca a morte na ordem d odia . Então, eu não vejo como antiéti-ca a insistência de alguns veículos e mdivulgar reportagens sobre, o assunto.E lógico que vende mais . E o assuntodo momento", admite .

Alguns editores têm a noção exata dequanto a Aids pode ser um bom negó-cio, do ponto de vista jornalístico. E ocaso de Eli Haulfon, 46 anos e 30 deprofissão, diretor e editor da revist aAmiga, que trata dos bastidores d omundo artístico . Haulfon descobriu

"Eu sabia que o ato rtinha Aids e não

podia omitir o fato "Artur Xexéo

que além de fim de novela, doença emgeral e morte de artista, a Aids tambémajuda muito a vender revista . "Se o Ca-zuza ficar vivo mais um ano, vai bate ro recorde de capas da Amiga", diz ele,com sinceridade. "Até hoje, se eu co-loco o Cazuza na capa tenho venda ga-rantida . A capa que fizemos dele nohospital antes de receber o prêmi oSharp - em abril, no Rio -, teve su atiragem 100% vendida".

Doença incômoda - Haulfón tam-bém faz questão de negar o rótulo d esensacionalista com que os artistas cos-tumam qualificar sua revista . "A orien-tação aqui é a seguinte : se um artistaadoece, tentamos descobrir a verdade.Mas nunca será publicado que ele est ácom Aids, a não ser que ele ou algu mmédico assuma . Não estamos a fim desacanear ninguém", o diretor de reda-ção da revista Contigo, Paulo Stein, 48anos e 21 de profissão. "Quando u martista adoece procuramos a informa-ção correta por todos os lados . Se nã oconseguimos, vamos para a especula-ção", diz ele . Stein argumenta que é opúblico leitor de Contigo que exige ainformação. "Mas os artistas não en -tendem isso e as farpas acabam sobran-do para nós . O jornalista faz apenas opapel de ponte entre os,artistas e o lei -tor", resigna-se.Daniel : "saldo positivo "

Informatizaçãono combateà doença mortal

Informação é o melhor remédiocontra o preconceito . Seguindo essamáxima a risca, a Associação Brasi-leira Interdisciplinar de Aids (Abia) ,em conjunto com o Instituto Brasi-leiro de Análises Sociais e Econômi -cas (Ibesc), estão formando o Siste-ma de Dados sobre Aids (o Sidsa) eo Grupo de Jornalistas contra a Aids.

O Sidsa é um banco de dados com -putadorizado sobre a doença . Com-patível com a linha IBM-PC, o Sidsaestá inserido ao sistema Alternex,

coordenado pelo Ibase, e poderá se racessado a nível internacional . Essa nintegração, entre outras coisas, faci-litará a elaboração de reportagens so-bre a Aids . Na própria redação, po rexemplo, através do seu terminal, o re-pórter poderá recorrer ao novo ban-co de dados .

Para isso, basta que o usuário sej acadastrado junto ao Ibase e assinan- ) 1te da Rede Nacional de Pacotes (Ren-pac) . A senha de acesso ao Sidsa é1212047901 . Segundo Gualter Soare sDias, 30 anos, o responsável pela im-plantação do sistema, o Sidsa deveentrar em operação ainda em setem-bro. Entre os assuntos cadastrado spelo Sidsa estão : informações básica ssobre a Aids (histórico do vírus, pre-venção, formas de contágio) ; entida- i 1

des governamentais e não governa -mentais que trabalham com a doen-ça; e agenda de eventos relacionado sà Aids .

Em setembro também, a Abia e oIbase estarão formando o Grupo d eJornalistas contra a Aids . A idéia, se-gundo Herbert Daniel, coordenadoreditorial da Abia, "é discutir as res-ponsabilidades na abordagem de te -mas ligados à Aids". O trabalho estásendo coordenado por Daniel, Her-bert de Souza e o médico RanolfoCardoso Junior . Até agora estão ins-crito 15 jornalistas do Rio de Janei-ro. As inscrições continuam aberta se podem ser feitas na sede da Abia :rua Lopes Quintas, Jardim Botânico,Rio de Janeiro, telefone (021 )239 5171 .

S ILO Paulo

m ls lA 9+ ;nlremedeimunoCetlei2ncln I am

"Se eu coloco oCazuza na cap a

tenho venda garantida "Eli Haulfon

Paulo Roberto Teixeira, 40 anos, ámembro da coordenação do programade Aids da secretaria da Saúde do es-tado de São Paulo e um dos primeiro smédicos a trabalhar diretamente co mos doentes de Aids, admite que exist ena população um interesse pela vid ados artistas . "E como se, de repente, a spessoas vissem um ente querido nunc asituação ruim", explica . Mas ele ques-tiona o possível interesse que a doenç ade alguém famoso pode ter no combateà Aids. "O que eu quero dizer é queem nome do interesse social, eu não te-nho o direito de pedir ao Cazuza, po rexemplo, que desmistifique a doenç anuma entrevista coletiva", diz .

Desmistificar a doença foi o objeti-vo de Alessandro Porro, 50 anos e 3 3de profissão, diretor da sucursal cario -ca da revista Veja, quando editou a po -lêmica entrevista com Cazuza. Porroconta que toda a seção de entrevista efotos foi feita com a inteira concordân -cia do cantor. "Não foi uma entrevist aroubada. A casa estava cheia de ami-gos e parentes, e ele manipulou o gra-vador o tempo todo . Ligava e desliga-va quando queria." Porro revela, ain-da, que a matéria e a chamada de ca -pa foram discutidas durante dias . "Tí-nhamos várias alternativas e escolhe -mos `agoniza em praça pública'. Sabía -mos que ia ter enorme repercussão,mas passamos exatamente a mensage mpretendida por Cazuza", diz ele.

Não foi o que o cantor achou . Mui -to menos seus amigos. Para Porro, noentanto, o protesto dos artistas, na épo-ca, não passou de uma manifestaçãoinjustificada. "Esse grupo de patrulhei-ros se irritou não porque acham que oCazuza é um gênio, mas porque ele es -tá doente", acredita . "E difícil mesmo ,pois essa doença é nova, misteriosa, in -cômoda, e carrega o drama da associa-ção com o proibido, com a devassi-dão." A atriz Fernanda Montenegro ,uma das signatárias do protesto con-tra a revista Veja, chegou a propor, n aépoca, que os jornalistas fossem obri-gados a submeter suas matérias aos en-trevistados antes de serem publicadas .

Pedidos extravagantes - É evidenteque a proposta de Fernanda é absur -

Bonfim: sem preconceitos

da. Se fosse colocada em prática, vol -taríamos ao tempo da censura . Mas éverdade que não existe uma linha edi-torial definida para a cobertura do as-sunto. "Sempre discutimos a aborda -gem do tema antes das matérias", di zArtur Xexéo . "Essa preocupação sem -pre existiu, embora não se tenha u mmanual de redação sobre o assunto" ,diz ele. Defendendo a idéia de que o"jornalista não pode tudo contra um apessoa", o repórter Márcio Venciguer-ra, 24 anos e dois de profissão, que at éjulho mantinha uma coluna sobre Aidsno jornal Gazeta de Pinheiros, de SãoPaulo, propõe que a Federação Nacio -nal dos Jornalistas reúna a categori apara discutir o assunto. O presidente daFenaj, Armando Rollemberg, 37 anos ,diz que essa preocupação existe na ca-tegoria. Ele informa que a questão éti -ca envolvendo o noticiário sobre a Aids Betinho : Aids vende

30 IMPRFNCA - AG(1ST(l 19R9

estará sendo discutida, agora em agos-to, no 23? Congresso Nacional dos Jor-nalistas, em Recife. Questão semelhan-te também esquentou os debates na sentidades médicas . Em maio passado,o Conselho Regional de Medicina d eSão Paulo - e, em seguida, o Conse-lho Federal - aprovou o parecer "Aid se Ética Médica", elaborado pelos mé-dicos Antonio Ozório Leme de Barrose Guido Carlos Levi . O texto, desde en -tão, serve como orientação para todo sos médicos do país . O ponto que inte-ressa aos jornalistas diz respeito ao si-gilo profissional dos médicos . Pelo do-cumento, o médico só pode divulgar oconteúdo do diagnóstico ao paciente.

O que os médicos querem evitar sã opedidos extravagantes como, por exem-plo, os que a doutora Lair Guerra jáouviu . "Teve repórter que ligou pedin-do a lista de padres e pastores infecta -dos . " Quando relata esse tipo de situa-ção, Lair acrescenta, indignada, que oministério da Saúde não tem esse tip ode lista . "Se tivéssemos", desabafa, "te -ríamos que divulgar também a relaçãode tuberculosos, leprosos, diabéticos edoentes de câncer".

Saldo positivo - Mesmo sendo critica-da em seu conteúdo e forma, a impren-sa vem desempenhando um papel fun-damental na informação e na educaçã oda população a respeito da Aids. E es -se papel torna-se ainda mais importan-te quando confrontado com as campa-nhas governamentais de prevenção, quesão duramente criticados por todos quese dedicam ao combate da doença . "Asautoridades fazem campanha atravé sdo medo. E o medo não educa", opin aUbiratan da Costa e Silva, do Lambda .

Mesmo com todo dinheiro gasto nes -

Nogueira : mostrando a cara

Pauta secundáriano paraísoda contaminação

por Ana Maria Bahiana,de Los Angele s

Na Califórnia, onde está a segun-da maior concentração absoluta d ecasos de Aids (depois de Nova York)e a primeira concentração relativa (e mSão Francisco), a cobertura da epide-mia entrou em sua segunda ou tercei-ra fase - o assunto não é mais ma-téria no topo de pautas, mas está sem -pre sendo coberto, agora mais peloângulo da ciência (pesquisas, vacinas )e do interesse humano social.

E, é claro, o assunto nunca foi nemtabu nem escândalo . Se alguma falhagrave pode ser detectada na cobertu-ra da Aids, aqui, ela seria, primeiro ,a lentidão com que os grandes veícu-los despertaram para o assunto (adoença era conhecida desde 81/82 ,mas só começou a ter registros regu-lares na imprensa em 83/84), e um aespécie de excessiva cautela em não le -vantar seus aspectos mais controver-tidos : de onde vinha o vírus? Qual opapel da saúde pública em controla ra epidemia? Os governos locais, esta -duais e federais estavam mesmo fa-zendo tudo o que podiam para aten-der as vítimas e incentivar a pesquis ade curas e tratamentos ?

Apoio às vítimas - Esta é també ma opinião do maior e melhor setoris-ta de Aids aqui, o repórter RandyShilts, do jornal San Francisco Chro-nicle, que trabalha com o tema des -de 82 e publicou um livro definitivosobre o tema, "And the Band Played

On", minuciosa investigação da tra-jetória da epidemia pelos Estado sUnidos. Para Shilts, a imprensa - eespecialmente a imprensa da Califór-nia - só colocou a Aids em pautaprioritária quando a doença começoufazer vítimas entre celebridades . Aquestão de se dizer ou não que deter-minada pessoa tem Aids nunca che-gou a ser um problema por aqui . Anão ser no caso de Rock Hudson, queescondeu de todos a natureza de su aenfermidade, os casos públicos deAids são cobertos normalmente, semmistérios ou eufemismos .

Problemas graves - Na verdade, u mdos eixos atuais da cobertura da epi-demia tem sido as matérias de cunhotestemunhal, onde pessoas influentesem seus setores - de artistas plásti-cos e coreógrafos, passando por pro-fessores, operários e até jornalistas -são entrevistadas a respeito de com oestão lidando com a doença . A maio-ria das figuras públicas - não ape -nas celebridades, mas pessoas impor-tantes em suas comunidades - qu etêm Aids estão, também, envolvidasem movimentos de conscientização eapoio às vítimas e suas famílias, e po risso colaboram ativamente com pau -tas deste tipo.

Além das matérias de interesse hu-mano, a Aids tem sido coberta comfartura nas páginas de ciência dos jor -nais nos cadernos de interesse local .Aqui na Califórnia, a epidemia estásob controle entre a comunidade gay,mas ainda alastrando-se em númerosalarmantes entre heterossexuais, prin -cipalmente negros e latinos - a co-nexão principal, aí, é o uso de droga sinjetáveis . Com essa mudança de ca-racterísticas, mudou também o eixoda cobertura, agora preocupada emacompanhar e medir o impacto d adoença nestas comunidades já tã oaflitas por outros problemas graves .

IMPRENSA - AGOSTO 1989

"Ele ingeriu a camisinh acom um copo d'água

e estava entalado "Luis Lob o

se tipo de campanha, há quem diga queno Brasil a Aids acabará atingindo ospadrões africanos, onde, em algumascomunidades, em cada grupo de dezhomens oito estão infectados . "A de-sinformação é muito maior do que s epode imaginar", diz Luiz Lobo. E elesabe do que está falando : é o respon-sável pelas campanhas institucionais daRede Globo sobre a Aids . Nessa con-dicão, certa vez foi convidado a faze ruma palestra sobre a doença num quar-tel do Rio de Janeiro. Lobo conta, es-tarrecido, o que aconteceu . "Ao fina lde uma palestra, um soldado veio m eperguntar quantos dias deveria usar acamisinha para afastar o risco da con-taminação. Depois disso, o organizado rda palestra acabou me convidando arepeti-la, porque ocorrera um aciden-te com outro soldado, que havia inge -rido a camisinha com um copo d'água

Costa e Silva : "o medo não educa "

e estava entalado, internado num hos-pital . "

É por isso que o jornalista e escrito rHerbert Daniel, 42 anos, portador dovírus HIV e candidato a presidência d aRepública pelo Partido Verde, é enfá-tico: "A imprensa tem um saldo muitopositivo. Ela está acompanhando co mmuita seriedade e sem sensacionalismoos fatos novos e os avanços na medici -

na na área da Aids . E ninguém poderáescrever a história da doença no Brasi lsem recorrer ao noticiário da impren-sa".

E, muito menos, preveni-la .

X

Participaram desta reportagem : Isabel Cristina Pache-co, Renato Sigiliano e Telmo Wambier (Rio de Jane -ro) ; Conceição Freitas (Brasília) ; José Antonio Vier a(Porto Alegre) ; com Gerson Sintoni e Tania Celidonio(São Paulo )

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