farnel catálogo
DESCRIPTION
Catálogo de exposição individual FARNEL, 2013 Galeria Conviv´Art Centro de Convivência Natal, RNTRANSCRIPT
farnel Artur Souza
farnel, matula, comida cozida e levada em um grande guardanapo branco, com porções de feijão, carne e afins. Se
caracteriza como verbete/conceito aglutinante de uma série de pesquisas que vem sendo feitas desde 2009. O processo
teve início no campo gráfico em articulação com a factura de aquarelas, na determinação da densidade de pretos. Uma das
marcas do fazer em gravura é a relação da profundidade para a determinação da densidade do preto, na gravura em metal;
já na aquarela uma série de camadas de tinta, do espectro que na relação cor-pigmento-superposição cria um cinza
terciário muito denso (quase preto), nessas proposições a adição de fases de nanquim ou de material obtido a partir de
queima (tintas para gravura), conferem uma maior profundidade/densidade. A poética do material, do nanquim e do
carvão, relacionam-se diretamente com o fogo, que desde os povos primitivos estabelece uma simbologia de passagem, de
uma materialidade a uma imaterialidade, o que resta desse processo, carvão e cinzas, são quase-material/quase-imaterial,
um estado de fronteira.
Artur Souza 2013
Imagens do processo
Essa relação de fronteira também está na busca de referências para o trabalho, Morris Louis (1912-1962) na proposição de
pinturas tão planas e sem imagem anterior ao processo de pintura, que chegava a tingir o tecido da tela, na criação de
pinturas translúcidas, estabelecendo uma discussão sobre a planaridade da tela e da objetificação do trabalho de arte. Yves
Klein (1928-1962) na série Fire Paintings utiliza impressões de material anti-chamas e posteriormente o uso de um lança-
chamas a fim de criar pinturas/impressões onde não há fogo estabelece uma relação entre impressão/pintura
/performance. Estabelece-se assim uma relação entre fogo-preto-planaridade.
Os trabalhos apresentados tem como proposição inicial a criação de um preto profundo, para isso foram utilizados vários
tecidos de algodão (um com processo fabril de impressão, listrado; e outros brancos), que foram tingidos inicialmente com
as cores primárias, seguindo o tingimento e secagem, para posterior superposição de tingimento. O processo resultou um
tom muito próximo a aquarela, cinza terciário. Seguindo-se a esse resultado inicial, foi realizado o depósito de tinta acrílica
preta sobre a superfície, que posteriormente foi queimada. O processo de queima não resultou favorável, reincidindo a
utilização de outro material, desta vez proveniente da queima, o carvão. Esses tecidos são posteriormente apresentados na
composição dos trabalhos apresentados. Na série Farnel 1 (2012) são apresentados dois tecidos de 17 x 129cm, que são
resultantes dessa primeira fase da factura, em um dos trabalhos a tinta acrílica dourada sobre a faixa fronteiriça demarca
uma área de transcendência. Em Farnel 2 (2012), o tecido superpõe duas telas de 15 x 15 cm, já em Farnel 3 (2012), duas
telas de 18 x 24 cm, apresenta um experimento de queima, com superposição de carvão. Farnel 4 (2012), uma série de 9
telas de 10 x 15cm que recebem uma ou até dezenove camadas desse tecido, criando quase-roupas para telas,
estabelecendo uma relação de ruptura com a planaridade e objetificando a tela. Em Farnel 5 (2011),uma instalação
composta por sete estroncas de madeira de 3,00 m, queimadas com o tecido de forma a criar bonecas de pau, com pontas
de lápis, que traçará retas no espaço da galeria, a partir do arraste, o trabalho também é composto por uma lâmpada que
gerará impressões de luz sobre a parede, acrescentando ao trabalho a relação masculino/feminino. Proposição também
presente em um vídeo, apresentado num televisor em um dos cantos da galeria, “FIAT LUX”, reeditado em 2012, onde
cabeças de uma boneca Barbie e de um boneco Ken são queimados até ficarem planos e pretos. As imagens desses
bonecos se alternam e se fundem no próprio negro da queima do material.
FARNEL 1
2012
tecido, madeira, pigmentos industriais, acrílica,
carvão, alfinetes
18 x 128 cm
FARNEL 1
2012
tecido, madeira, pigmentos industriais, acrílica,
carvão, alfinetes, douração
18 x 128 cm
FARNEL 2
2012
tecido, tela, cola, pigmentos industriais, acrílica,
carvão
15 x 15 cm (cada)
FARNEL 3
2012
tecido, tela, cola, pigmentos industriais, acrílica,
carvão
18 x 24 cm (cada)
FARNEL 4
2012
tecido, tela, cola, pigmentos industriais, acrílica,
carvão
dimensões variadas
frames do vídeo
FARNEL 5
2013
tecido, estroncas de madeira, pigmentos industriais
300 x 400 x 320 cm (aproximadamente)
agradecimentos
à Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ao Núcleo de Arte e Cultura da UFRN
à Galeria Conviv´Art
Vinicius Dantas, Lany Santos, Luiz Alves Maciel, Sandra Maciel,
Elidete Alencar, Severina, Pedro Balduíno, Otávio Rabelo, Ney Estevam
fotografias
Artur Souza
Ney Estevam
Otávio Rabelo
projeto gráfico
A. Souza
realização