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Farmácia Dias Machado Cristiana da Conceição Ferreira Almeida da Silva

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Farmácia Dias Machado

Cristiana da Conceição Ferreira Almeida da Silva

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Dias Machado

Março de 2016 a Julho de 2016

Cristiana da Conceição Ferreira Almeida da Silva

Orientador : Dr.(a) Maria João Bravo

____________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Susana Casal

___________________

Julho de 2016

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

II

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração

deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou

partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores

pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras,

tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

III

AGRADECIMENTOS

Terminada uma parte tão importante da minha vida pessoal e académica resta-me apenas a agradecer a todos

os que de alguma forma fizeram parte deste percurso e me apoiaram sempre, sobretudo nos momentos mais

difíceis.

Aos meus pais, pelo seu apoio incondicional, paciência, carinho e dedicação estou eternamente grata, pois sei

que fizeram tudo o que podiam por mim. Em alguns momentos fizeram até mais do que podiam e foram eles

que contribuírem para que hoje estivesse a terminar esta longa, mas feliz, etapa da minha vida. De agora em

diante é a minha vez que vos compensar!

Aos meus irmãos, elementos fundamentais da minha estrutura familiar, que durante estes cinco anos me

deram apoio para continuar mesmo quando as forças faltavam.

Ao Ivo, pela sua enorme generosidade, paciência e apoio incondicional que me deram coragem e força para

lutar pelos meus objetivos.

Aos meus amigos que me permitiram manter o equilíbrio, tendo sido os principais responsáveis pelos

momentos de diversão académica. Nada disto teria o mesmo sabor sem o enorme contributo deles.

Um enorme agradecimento a toda a equipa da Farmácia Dias Machado que me acolheu durante quatro meses

da minha vida que nunca irei esquecer. Fizeram de mim uma profissional melhor e também uma pessoa

melhor.

À Dra Manuela Freire, Dr. Gilberto Pereira e Dra Rita Pereira agradeço a oportunidade de poder estagiar

numa farmácia com tantas e tão boas condições. Obrigada por apostarem e acreditarem no trabalho dos

estagiários. Agradeço também a oportunidade e todo o apoio para a realização dos meus projetos.

Um agradecimento especial à minha orientadora de estágio, Dra Maria João Bravo, farmacêutica excepcional

e pessoa ainda melhor, que me acolheu de braços abertos, me ensinou muito e se mostrou muito paciente em

todos os momentos. Pela sua dedicação, interesse e apoio estarei para sempre grata.

À Joana Dias, sempre presente durante o meu estágio, pela sua paciência, boa disposição e apoio

incondicional agradeço do fundo do coração.

À Dra. Teresa Alves, que com o seu enorme sentido de humor, carinho e dedicação me marcou

profundamente durante este estágio.

Ao Dr. Paulo Jesus pelo acompanhamento durante a realização dos meus projetos, ensinamentos e paciência.

À Cristela Pereira pela paciência e atenção, tendo-se mostrado sempre pronta para ajudar.

À Rosália Sousa, pelos conhecimentos partilhados e pelos bons momentos vividos.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

IV

Por último, mas não menos importante, à minha tutora, Professora Susana Casal, pelo acompanhamento e

dedicação que contribuíram para a melhoria desta experiência.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

V

RESUMO

A conclusão do mestrado integrado em ciências farmacêuticas da FFUP preconiza que no segundo semestre

do quinto ano curricular seja realizado o estágio curricular em farmácia comunitária (obrigatório) e em

farmácia hospitalar (opcional). O referido estágio é então o primeiro contacto com a vida profissional,

conferindo ao estudante conhecimentos e competências inalcançáveis apenas através da frequência às

diversas unidades curriculares que compõe o mestrado integrado em ciências farmacêuticas.

O presente relatório surge então na sequência da realização do estágio curricular na Farmácia Dias Machado,

em Silvares, durante quatro meses (iniciado no dia 1 de março e terminado no dia 6 de julho) e visa expor

todas as atividades realizadas, bem como o funcionamento do local de estágio. Deste modo encontra-se

dividido em duas partes distintas, a primeira referente a todas as atividades desempenhadas, bem como

explicação do funcionamento da farmácia e conhecimentos adquiridos; enquanto a segunda documenta a

realização dos projetos instaurados na farmácia, sendo também estes obrigatórios durante o período de

estágio.

O primeiro projeto, e também o de maior envergadura, foi a implementação na farmácia de consultas de

cuidados farmacêuticos, em particular de revisão da terapêutica e seguimento farmacoterapêutico. Este

projeto surgiu para colmatar as necessidades de avaliação da terapêutica dos doentes, em termos de adesão,

necessidade, eficácia e segurança. O seu principal objetivo passou por melhorar os resultados clínicos de

utentes em regime de polimedicação e com problemas de saúde não controlados.

O segundo projeto consistiu na realização de um rastreio cardiovascular, com determinação de diversos

parâmetros bioquímicos com vista a avaliar o risco cardiovascular dos utentes da farmácia. Este tipo de

iniciativa, apesar de comum, continua a ser indispensável por forma a sensibilizar a população para este tipo

de problemática, procurando adotar medidas que os possam evitar, acabando assim por ser um projeto de

educação para a saúde.

O terceiro e último projeto direcionou-se para a importância do marketing na farmácia comunitária e

consistiu na realização de alguns eventos, nomeadamente um concurso e a comemoração do dia da criança.

Este tipo de atividades permitem dinamizar a farmácia enquanto espaço de saúde e diferenciá-la dos restantes

estabelecimentos, sendo ferramentas indispensáveis na atualidade.

Todos os projetos, bem como todas as iniciativas e atividades realizadas durante o estágio, revelaram ser

extremamente enriquecedoras, tendo contribuído inequivocamente para a melhoria dos meus conhecimentos,

não só enquanto profissional de saúde, mas também enquanto ser humano.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

VI

LISTA DE ABREVIATURAS

CF- Cuidados farmacêuticos

CNPEM – Código nacional para prescrição electrónica

DCI – Designação comum internacional

DCV – Doenças cardiovasculares

DM – Dispositivos médicos

FDM – Farmácia Dias Machado

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

MNSRM – Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM – Medicamento sujeito a receita médica

PF – Produtos farmacêuticos

PV – Prazo de validade

PVF – Preço de venda à farmácia

PVP – Preço de venda ao público

RNM – Resultado negativo da medicação

SA – Substância ativa

SNS – Serviço Nacional de Saúde

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

VII

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

VIII

ÍNDICE

Capitulo 1: Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária .......................................................................... 1

1. Introdução ........................................................................................................................................... 1

2. Organização da farmácia...................................................................................................................... 1

2.1 Localização e Espaço Exterior ....................................................................................................... 1

2.2 Espaço Interior .............................................................................................................................. 1

2.3 Horário de funcionamento ............................................................................................................. 2

2.4 Recursos Humanos ........................................................................................................................ 2

2.5 Fontes de Informação .................................................................................................................... 3

2.6 Sistema informático ....................................................................................................................... 3

3. Circuito geral dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos ................................................................. 3

3.1 Gestão de stocks ............................................................................................................................ 4

3.2 Encomendas e aprovisionamento ................................................................................................... 4

3.3 Receção, conferência e armazenamento de encomendas ................................................................. 5

3.4 Controlo de prazos de validade e gestão de devoluções .................................................................. 6

4. Dispensa de medicamentos .................................................................................................................. 7

4.1 Medicamentos sujeitos a receita médica ......................................................................................... 7

4.1.1 A prescrição médica ................................................................................................................... 8

4.1.2 Regimes de Comparticipação .................................................................................................... 10

4.1.3 Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes .......................................................................... 11

4.1.4 Medicamentos genéricos ........................................................................................................... 12

4.1.5 Conferência de receituário e faturação ....................................................................................... 13

4.2 Medicamentos não sujeitos a receita médica e indicação farmacêutica .......................................... 13

4.3 Medicamentos manipulados ......................................................................................................... 15

5. Dispensa de outros produtos farmacêuticos ........................................................................................ 15

5.1 Medicamentos e Produtos Veterinários ........................................................................................ 15

5.2 Dispositivos médicos ................................................................................................................... 15

5.3 Produtos de cosmética e higiene corporal ..................................................................................... 16

5.4 Géneros alimentícios destinados a alimentação especial ............................................................... 17

5.5 Suplementos alimentares ............................................................................................................. 17

5.6 Produtos e medicamentos homeopáticos ...................................................................................... 18

5.7 Produtos e medicamentos fitoterápicos......................................................................................... 18

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

IX

6. Serviços farmacêuticos ...................................................................................................................... 18

6.1 Determinação da pressão arterial.................................................................................................. 18

6.2 Determinação da glicémia, colesterol total e triglicerídeos ............................................................ 19

6.3 Serviços de nutrição e podologia .................................................................................................. 19

Capitulo 2: Temas Desenvolvidos no Âmbito da Atividade Farmacêutica ................................................... 19

Tema 1: Cuidados Farmacêuticos .......................................................................................................... 19

1. Introdução ................................................................................................................................ 19

2. O que são os cuidados farmacêuticos ......................................................................................... 20

3. Como implementar um serviço diferenciado na farmácia ........................................................... 20

4. Problemas relacionados com medicamentos .............................................................................. 21

5. Consulta de revisão da terapêutica ............................................................................................. 23

6. Consulta de seguimento farmacoterapêutico .............................................................................. 25

7. Educação para a saúde .............................................................................................................. 27

8. Estudo de caso .......................................................................................................................... 28

9. Conclusão ................................................................................................................................. 30

Tema 2: Rastreio Cardiovascular ........................................................................................................... 30

1. Introdução ................................................................................................................................ 30

2. Fisiopatologia das doenças cardiovasculares .............................................................................. 31

3. Fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ........................................ 32

4. Diagnóstico e avaliação do risco cardiovascular ........................................................................ 33

5. Prevenção de doenças cardiovasculares ..................................................................................... 34

6. Tratamento de doenças cardiovasculares ................................................................................... 36

7. Organização de um rastreio cardiovascular ................................................................................ 36

8. Conclusão ................................................................................................................................. 37

Tema 3: Marketing na Farmácia ............................................................................................................ 38

1. Introdução ................................................................................................................................ 38

2. Marketing na farmácia: o conceito............................................................................................. 38

3. Um concurso no facebook ......................................................................................................... 39

4. Comemorações do dia da criança .............................................................................................. 39

5. Conclusão ................................................................................................................................. 39

Capitulo 3: Conclusão ............................................................................................................................... 40

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

X

Bibliografia ............................................................................................................................................... 41

Anexos ...................................................................................................................................................... 44

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

1

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

1

CAPITULO 1: RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

1. INTRODUÇÃO

A farmácia comunitária pode ser caracterizada como sendo um espaço destinado à prestação de serviços

de saúde especializados, vocacionados para o uso racional do medicamento, dispositivos médicos e produtos

dermocosméticos. Desde sempre ocupou um lugar de destaque na sociedade, sendo na grande maioria dos

casos o primeiro ponto de contacto do utente e assim uma porta de entrada no Sistema de Saúde.

Atualmente as farmácias oferecem uma panóplia de serviços de intervenção farmacêutica com diferentes

graus de complexidade mas que requerem elevada diferenciação técnico-científica, tal como a dispensação de

medicamentos ou produtos farmacêuticos (PF), determinação de parâmetros bioquímicos e atividades de

educação para a saúde. Neste contexto destaca-se a importância da atividade profissional do farmacêutico

que, sendo o especialista do medicamento, reúne todos os conhecimentos e competências necessários para a

melhoria dos resultados em saúde da população. Para além dos seus conhecimentos farmacológicos e

tecnológicos, que lhe permitem reconhecer reações adversas, interações medicamentosas, contra-indicações e

sinais de alerta, o farmacêutico deve ainda ser capaz de sensibilizar para a importância da adoção de estilos

de vida saudáveis e do uso racional do medicamento, por forma a contribuir para o alcance dos objetivos das

políticas de saúde.

O presente relatório surge no âmbito da realização do estágio curricular na Farmácia Dias Machado (de

agora em diante designada FDM) e tem como objetivo a descrição sucinta de todas as atividades realizadas

durante o mesmo.

2. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA

2.1 Localização e Espaço Exterior

A FDM situa-se em Silvares, na Rua 25 de Abril, no interior de um centro comercial, o que contribui para

a afluência ao estabelecimento de diversos tipos de utentes permitindo um atendimento muito variado e com

forte componente dermocosmética. Com um aspecto moderno, profissional e respeitante de todos os

requisitos legais (impostos pelo decreto-lei nº171/2012), a FDM possui no seu exterior um letreiro com a

designação “Farmácia Dias Machado” e ainda o símbolo da cruz verde. Para além disso, o nome do diretor

técnico encontra-se visível no espaço exterior, bem como o horário de funcionamento e a listagem das

farmácias de serviço no município. Possui ainda uma montra que é renovada quinzenalmente e cujo principal

objetivo é comunicação visual com o utente, funcionando como ferramenta de marketing. A montra visa a

promoção de produtos de venda livre (tais como medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM),

suplementos alimentares, produtos dermocosméticos, entre outros) e ainda a apresentação de campanhas

promocionais, tendo normalmente carácter sazonal. Para além da entrada reservada aos utentes, a farmácia

possui uma porta secundária, devidamente identificada pelo nome do estabelecimento, utilizada apenas pelos

fornecedores para entrega de encomendas.

2.2 Espaço Interior

O interior da farmácia, como local de prestação de cuidados de saúde, deve ser um espaço com aspeto

profissional, divido em diversas áreas por forma a agilizar a prestação dos diversos serviços e procurando

garantir a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes. 1,2 Para além disso, deve ainda reunir todas

as condições necessárias para garantir a segurança, conservação e preparação de medicamentos e produtos

farmacêuticos (PF). 1

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

2

A FDM possui dois pisos, cujas plantas estão esquematizadas nos anexos I e II, sendo que no primeiro

existe a área de atendimento ao público, dois gabinetes do utente e os sanitários. No segundo piso localiza-se

a área de aprovisionamento, a zona de receção de encomendas, o armazém, o laboratório e o escritório.

A zona de atendimento é um espaço amplo no qual estão expostos diversos lineares (que se encontram

devidamente identificados, permitindo ao utente encontrar rapidamente qualquer produto) e gôndolas com

produtos dermocosméticos, dispositivos médicos e ainda produtos de puericultura e obstetrícia. Os produtos

expostos nos lineares são praticamente constantes ao longo do ano contrariamente aos das gôndolas cuja

exposição depende da sazonalidade, quantidade existente e ainda necessidade de escoamento. Para além

disso as gôndolas permitem dar destaque a campanhas promocionais, funcionando também como ferramenta

de marketing. Ainda nesta área existem três postos de atendimento distanciados de modo a permitir que cada

atendimento ocorra com privacidade, tal como preconizam as Boas Práticas em Farmácia Comunitária. Junto

dos postos de atendimento existem lineares com MNSRM, suplementos alimentares e produtos buco-

dentários, mas também gavetas que se destinam ao armazenamento de medicamentos e outros PF de grande

rotatividade.

Os gabinetes são espaços com maior privacidade destinados a situações específicas: um deles contém

todo o material necessário às determinações bioquímicas (tensiómetro, lancetas, tiras teste, contentores de

resíduos, etc) e destina-se essencialmente à realização dos testes de glicémia, colesterol total, triglicerídeos e

ainda determinação do peso e pressão arterial. No caso do segundo gabinete, este é utilizado nas consultas de

podologia, nutrição, cuidados farmacêuticos (projeto instaurado durante o estágio e abordado no capitulo 2) e

ainda outras situações que carecem de maior privacidade, como administração de injetáveis, aconselhamento

dermatológico/cosmético e de contracepção de emergência.

No laboratório encontram-se todos os materiais e matérias-primas necessárias à preparação de

medicamentos e produtos manipulados, bem como alguma bibliografia (como o formulário galénico e a

farmacopeia portuguesa) e ainda uma capa de registo de preparação de manipulados.

A zona de aprovisionamento constitui o local onde se encontram as encomendas por rececionar estando

organizada por fornecedores de forma a facilitar todo o processo de receção, sobretudo das encomendas

diárias. Junto a este local existe a zona de receção de encomendas, área na qual os medicamentos e PF são

conferidos e rececionados informaticamente. É também nesta zona da farmácia que são guardados os

documentos referentes aos fornecedores e encomendas tais como: notas de encomenda, notas de devolução e

faturas. Do armazém propriamente dito integram dois espaços físicos: um constituído por um conjunto de

prateleiras nas quais se armazenam os produtos excedentes da zona de atendimento (balcão, lineares e

gôndolas) e um sistema de armazenamento automático no qual se encontram cerca de 80% dos

medicamentos existentes na farmácia e ainda outros PF.

2.3 Horário de funcionamento

De segunda a sexta-feira a FDM encontra-se aberta ao público das 10h00 até as 23h00. Aos domingos o

horário de funcionamento é das 10h00 às 20h00, encontrando-se fechada no dia de Natal, 1 de janeiro e

Páscoa.

2.4 Recursos Humanos

A equipa da FDM é constituída por três farmacêuticos (Dr. Paulo Silva, Dra. Maria João Bravo e Dra.

Teresa Alves), três técnicas de diagnóstico e terapêutica (Cristela Pereira, Joana Dias e Rosália Sousa) e um

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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técnico auxiliar de farmácia (Domingos Alves). A direção técnica é da responsabilidade da Dra. Manuela

Freire que garante o funcionamento da farmácia de acordo com as leis e normas impostas atualmente. A

FDM conta ainda com dois gestores, também eles farmacêuticos, o Dr. Gilberto Pereira e a Dra. Rita Pereira.

2.5 Fontes de Informação

A prestação dos serviços numa farmácia assenta na tomada de decisões clínicas (como dispensar um

medicamento, aconselhar determinado PF, entre outras) que devem obrigatoriamente ter por base

conhecimentos científicos atualizados. Neste sentido é indispensável que o farmacêutico possua ao seu dispor

diversas fontes de informação, que podem ser referências como o prontuário terapêutico e formulário

galénico, ou então ferramentas disponíveis na internet como o resumo das características do medicamento

(RCM) ou o site do INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde, I.P).

O importante é que para cada situação o profissional de saúde seja capaz de selecionar rapidamente qual a

fonte de informação mais pertinente e consultá-la de forma eficaz. Na FDM são várias as referências

disponíveis que vão desde bibliografia vocacionada para o uso correto do medicamento, de produtos

dermocosméticos e também veterinários. Durante o estágio foi possível a consulta das diversas fontes de

informação existentes na farmácia e na internet, permitindo a perceção da sua importância.

2.6 Sistema informático

Atualmente nas farmácias, dada a enorme variedade de atividades e serviços prestados, torna-se

indispensável a existência de um sistema informático capaz de suportar todas estas ações e ainda integrar a

componente de gestão com o atendimento e acompanhamento dos utentes. Na FDM é utilizado o sistema

operativo SIFARMA2000® que constitui umas das ferramentas indispensáveis ao funcionamento diário do

estabelecimento. Trata-se de um programa vocacionado essencialmente para a melhoria do atendimento ao

público, constituindo ele próprio uma fonte bibliográfica por apresentar informações relacionadas com

indicações terapêuticas, posologias, reações adversas, interações e precauções de utilização para a grande

maioria dos produtos existentes na farmácia. Permite ainda um seguimento dos utentes de forma mais

eficiente devido à possibilidade de criação da “ficha de acompanhamento” na qual são registados os

problemas de saúde do utente, a sua medicação, o histórico de compras e ainda determinações de parâmetros

bioquímicos realizados ou não na farmácia. Esta é uma ferramenta muito utilizada na FDM e que apresenta

vantagens, sobretudo aquando do atendimento que fica facilitado por permitir ao farmacêutico avaliar a

segurança da terapêutica e ainda adesão por parte do utente. Para além disso, permite prestar aconselhamento

em patologia minor sem riscos de interação com o perfil farmacoterapêutico, uma vez que o profissional de

saúde tem acesso ao historial do doente.

Acresce às vantagens referidas o facto de o SIFARMA2000® possibilitar a gestão dos produtos (através

da realização de encomendas, devoluções, controlo dos prazos de validade) e ainda a realização e controlo da

faturação. O contacto com este sistema operativo e a descoberta das suas funcionalidades foi uma das etapas

mais importantes do estágio por estar implicado em todas as atividades realizadas desde a receção de

encomendas até ao atendimento ao público.

3. CIRCUITO GERAL DOS MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS

O principal objetivo das farmácias, enquanto espaços de saúde, é a cedência de medicamentos e PF em

condições que permitam minimizar os riscos de uso e ainda maximizar os seus efeitos. 2 Para que esta

premissa se verifique e para responder às diversas necessidades dos seus utentes existe um conjunto de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

4

procedimentos desde a aquisição dos medicamentos, sua conservação e posterior dispensa que devem ser

estabelecidos e criteriosamente cumpridos.

3.1 Gestão de stocks

A gestão de stocks pode ser definida como um conjunto de procedimentos que visam racionalizar e

sistematizar a quantidade de produtos existentes na farmácia de forma a satisfazer as necessidades dos

utentes. 2 A correta gestão dos stocks permite assegurar resposta face a situações de rutura no mercado e

variação de procura por parte dos utentes. Considera-se que existe uma gestão eficiente de stocks quando não

surgem problemas de rutura nem de excesso de produtos. Quando existe um excedente de determinado artigo

pode ocorrer perda monetária por parte da farmácia visto que o dinheiro investido não gera lucro. Para além,

disso se o problema for prolongado no tempo podem surgir situações de prazos de validade expirados que

agravam ainda mais a perda financeira. No caso de existir rutura de determinado produto, o principal

problema reside no comprometimento da terapêutica do utente que, em algumas situações, pode ter

repercussões graves. Esta situação significa também um incómodo para o utente, sendo inclusive “má

publicidade” para o estabelecimento.

O sistema informático desempenha um papel fulcral no que diz respeito à gestão dos produtos, uma vez

que para cada um deles, na respetiva ficha do produto, é possível definir um valor de stock mínimo e

máximo. Cada vez que um artigo atinja o valor mínimo gera-se automaticamente uma encomenda que,

depois de ser aprovada pelo farmacêutico, é enviada ao fornecedor. Além desta vantagem, o

SIFARMA2000® permite a análise do histórico de compras e vendas do produto auxiliando assim a

definição dos valores mínimos e máximos. Contudo, apesar das vantagens apontadas ao sistema operativo, é

fundamental garantir que os stocks informáticos correspondem aos stocks reais, caso contrário podem surgir

problemas, nomeadamente no ato da dispensa. A correção de stocks é indispensável e foi uma das atividades

realizadas durante todo o período de estágio, tal como a análise de compras e vendas de alguns produtos por

forma a alterar níveis de stock sempre que se mostrou pertinente.

3.2 Encomendas e aprovisionamento

A aquisição de PF é umas das atividades principais da farmácia e deve ser realizada tendo em conta

alguns critérios de forma a reduzir o investimento e maximizar o lucro. Neste sentido é fundamental que o

responsável pelas compras defina um conjunto de procedimentos de avaliação e seleção dos fornecedores. 2

Para além, disso é indispensável que o processo de aquisição cumpra todos os requisitos necessários de modo

a garantir a qualidade dos produtos. 3 A seleção de determinado fornecedor prende-se com a variedade de

produtos que comercializa, tipologia e quantidade de produtos que se pretende encomendar, capacidade de

resposta, condições de pagamento, questões relacionados com bonificações e horário de entrega. No caso da

FDM a aquisição de produtos é realizada através de armazenistas/grossistas mas também através da

comunicação direta com determinados laboratórios ou distribuidores autorizados, como é o caso da Generis,

Pierre Fabre, entre outros. A Alliance Healthcare e a OCP Portugal são os dois armazenistas aos quais a FDM

recorre diariamente efetuando uma encomenda para cada um deles. Os grossistas apresentam como vantagens

o facto de não ser exigida uma quantidade mínima para cada encomenda, grande panóplia de produtos e

ainda rapidez na entrega. São adquiridos por esta via a maioria dos medicamentos, alguns dipositivos

médicos e produtos urgentes. Também aos grossistas são realizadas as designadas “encomendas

instantâneas”, que podem ser efetuadas através do sistema informático ou então via telefone, e que servem

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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para colmatar falhas de produtos que não existem na farmácia e são pedidos pelos utentes, estando

normalmente associados a reservas.

Os produtos adquiridos diretamente a laboratórios específicos são maioritariamente dermocosméticos,

dispositivos médicos, suplementos alimentares e produtos de puericultura e obstetrícia. As encomendas deste

tipo são menos frequentes uma vez que apresentam maior demora na entrega e exigência de valor mínimo de

encomenda, apesar de apresentarem melhores condições de bonificação. As encomendas efetuadas aos

grossistas são enviadas através do próprio sistema informático, contrariamente às efetuadas aos laboratórios

que requerem uma nota de encomenda enviada via e-mail ou entregue aos respetivos delegados de

informação médica.

Em qualquer um dos casos, qualquer que seja o fornecedor, é indispensável que aquando da realização de

encomendas o farmacêutico responsável tenha em conta alguns requisitos tais como: consumo mensal do

produto, stock existente, variação sazonal, existência ou não de campanhas favoráveis e ainda capacidade de

armazenamento da farmácia. É também importante que sejam considerados aspetos como o perfil dos utentes

que visitam a farmácia, os hábitos de prescrição e a existência de novos produtos.

A realização de encomendas foi uma das atividades observadas durante o estágio, sendo que foi possível

compreender a importância de atender aos fatores referidos de modo a garantir capacidade de resposta por

parte da farmácia com maximização dos lucros.

3.3 Receção, conferência e armazenamento de encomendas

A receção e armazenamento de encomendas são etapas fundamentais no ciclo do medicamento e de

outros PF e como tal existem procedimentos e critérios para a verificação, aceitação e armazenamento dos

produtos de forma a garantir a sua qualidade. 2 O processo de receção e conferência das encomendas

(esquematizado no anexo III) realiza-se em duas etapas fundamentais: a primeira destinada a avaliar a

qualidade dos produtos confirmando se existem sinais de dano ou de que as condições de conservação

tenham sido violadas, e uma segunda fase na qual são conferidas as quantidades confrontando os valores com

os da nota de encomenda e também com os da guia de remessa ou fatura que acompanha a encomenda. Os

documentos que acompanham as encomendas possuem todas as informações necessárias para rececionar a

encomenda informaticamente, nomeadamente: identificação do fornecedor, identificação da fatura/guia,

descrição individualizada dos produtos (através do nome comercial e código), quantidade encomendada,

quantidade enviada, taxa de IVA, preço de venda à farmácia (PVF), preço de venda ao público (PVP)

(exceptuando os produtos de venda livre), descontos aplicados/bonificações e preço total da encomenda. A

receção informática é efetuada através do código do produto registando-se a quantidade recebida, o PVF, o

valor de desconto/bónus (se aplicável) e o prazo de validade – PV – (apenas quando não existe nenhum

produto em stock ou quando o PV dos produtos já existentes é superior ao dos rececionados). No caso dos

produtos armazenados no robot, e que não necessitam de marcação de preço, a receção pode ser realizada

diretamente. Todos os outros são rececionados no computador existente na zona de receção de encomendas.

Os produtos de venda livre, tal como já referido, carecem de marcação de preço sendo este calculado de

acordo com o PVF e a margem da farmácia previamente estabelecida.

Os estupefacientes e psicotrópicos são encomendados e rececionados da mesma forma, contudo são

acompanhados de um documento de requisição específico (de acordo com o decreto-lei nº 15/93 de 22 de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

6

janeiro) registando-se o número de embalagens e mantendo-se assim um controlo mais rigoroso deste tipo de

medicação.

Após receção, todos os produtos são deviamente armazenados nos locais apropriados respeitando as

condições de temperatura, humidade e luminosidade, garantindo a manutenção das características físicas e

químicas dos medicamentos e PF. A disposição dos produtos no armazém é realizada de acordo com a

metodologia FEFO (First Expired First Out) e de modo a que todos os produtos sejam rápida e facilmente

identificados pelo rótulo. Os produtos que requerem refrigeração são os primeiros a ser armazenados

enquanto os restantes são organizados no armazém, robot, gavetas da zona de atendimento ou lineares. Em

qualquer um destes locais existem equipamentos destinados a avaliar a temperatura e humidade, sendo o seu

registo e análise uma tarefa semanal que tem como objetivo garantir que os medicamentos e PF se encontram

nas devidas condições mantendo a sua qualidade, segurança e eficácia.

Durante o meu estágio tive oportunidade de intervir na receção de encomendas, tendo sido uma atividade

mais frequentemente realizada no mês inicial de estágio. Contribuiu sobretudo para a familiarização com os

diversos produtos existentes no mercado, o que acabou por auxiliar posteriormente a fase de atendimento ao

público.

3.4 Controlo de prazos de validade e gestão de devoluções

O PV de um medicamento ou de um PF é aquele durante o qual as características físicas, químicas,

microbiológicas, galénicas, terapêuticas e toxicológicas não se alteram ou sofrem eventuais modificações

dentro de limites aceitáveis e bem definidos. 4 Para o sucesso terapêutico uma das premissas indispensáveis é

a dispensa dos produtos dentro do seu PV, pois só assim é possível garantir que possuem todas as suas

caraterísticas inalteradas. Caso este período não seja cumprido podem surgir alterações no produto que

inviabilizem a sua administração, que o tornem suscetível de contaminação bacteriana ou então que causem

perda de eficácia devido a degradação da SA (substância ativa).

O controlo dos PV é uma tarefa efetuada mensalmente na FDM, através da emissão de uma lista de todos os

produtos cuja validade expira nos seis meses seguintes. Posteriormente, os dados constantes da lista (nome,

código do produto, stock e PV) são conferidos e corrigidos se necessário. Caso algum dos produtos

constantes da lista esteja próximo de expirar, mas ainda seja possível fazer a sua dispensa em condições

seguras para o utente, é sinalizado como venda prioritária. Nas situações em que este desfecho não seja

possível o produto é retirado do seu local de armazenamento e colocado noutro destinado a devoluções. A

devolução ao fornecedor é acompanhada de um documento (nota de devolução) que tem como informações o

nome, código e quantidade do produto devolvido, estando identificado o fornecedor, a farmácia e ainda o

motivo da devolução. O fornecedor pode regularizar a situação através da emissão de uma nota de crédito ou

do envio de novos exemplares do produto devolvido com PV superior. Nestas situações não há perda do

capital investido, contrariamente ao que acontece quando fornecedor não aceita a devolução e o produto é

enviado para quebras (baixas no stock). Para além do término do prazo de validade, existem outras situações

nas quais é necessário efetuar devoluções aos fornecedores, tais como: embalagens danificadas, produtos

alterados, não conformidades entre a nota de encomenda e a fatura e retirada de lotes do mercado por ordem

do INFARMED ou do próprio fabricante. Na FDM, devido à existência do robot, o controlo dos PV é um

processo rápido e bastante eficiente. As validades de todos os produtos armazenados no robot são registadas

aquando da sua entrada, o que permite que seja sempre dispensado o produto com menor PV. Deste modo

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7

são evitados erros na dispensa, garantindo-se que o produto fornecido é sempre aquele com menor PV, o que

pode não acontecer com os produtos armazenados noutros locais caso não seja respeitado o método FEFO. A

verificação dos PV dos produtos armazenados no robot acaba também por ser mais fácil visto que existem

menos situações de erros de stock, contrariamente ao que acontece nos restantes locais de armazenamento.

Durante o estágio foi também possível intervir no controlo dos PV, tendo verificado a importância deste

processo sobretudo por permitir detetar erros de stock e ainda evitar perdas financeiras, visto que muitas

vezes a sinalização dos produtos como “vendas prioritárias” permite a sua dispensação em tempo útil.

4. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A cedência de medicamentos é umas das atividades fulcrais do farmacêutico, sendo também a que mais

impacto tem junto do utente, e pode ser definida como o ato profissional no qual, após avaliação da situação,

são cedidos medicamentos (mediante apresentação de prescrição médica ou então em regime de indicação

farmacêutica) juntamente com toda a informação necessária para o sucesso da terapêutica. 2 Aquando da

dispensa dos fármacos é indispensável que seja fornecida ao utente toda a informação necessária para o

correto uso da medicação, desde a posologia, forma de administração, contra-indicações, precauções de

utilização, interações e possíveis reações adversas às quais o utente deve manter-se atento. 2 Para além destes

aspetos é também indispensável explicar quais os benefícios do medicamento de modo a fomentar a adesão à

terapêutica, uma vez que um utente que compreende os impactos positivos da medicação cumpre melhor o

regime terapêutico obtendo resultados positivos. De modo a passar a informação correta ao utente e garantir

o sucesso terapêutico torna-se fundamental que exista uma relação de confiança entre o profissional de saúde

e o utente. Neste sentido o farmacêutico deve adequar a linguagem verbal e não-verbal a cada situação,

procurando ser paciente e empático.

O medicamento pode ser definido como uma ou mais substâncias com propriedades curativas ou

preventivas de doenças e/ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada/administrada com vista a exercer

um diagnóstico médico ou exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica ou a corrigir,

restaurar ou modificar funções biológicas. 5 De acordo com a dispensa ao público, os medicamentos podem

dividir-se em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e MNSRM.

4.1 Medicamentos sujeitos a receita médica

Os MSRM são assim classificados sempre que sejam substâncias que possam constituir um risco direto

ou indireto para a saúde do utente, mesmo usados sob vigilância médica; representem um risco direto ou

indireto para a saúde do utente se forem utilizados frequentemente em quantidades consideráveis para fins

diferentes dos que se destinam; contenham substâncias ou derivados cuja atividade e/ou reações adversas

sejam indispensáveis aprofundar ou se destinem a administração parentérica. 5

Este tipo de medicamentos apenas pode ser dispensado mediante apresentação de prescrição médica ou,

em algumas situações, na ausência desta pode ser feita a venda suspensa. As vendas suspensas são efetuadas

a utentes que recorram a determinada medicação cronicamente e que, por algum motivo, não consigam ter

acesso a receita médica em tempo útil. Nestas situações e avaliando a necessidade do medicamento, o

farmacêutico poderá optar por fazer a venda suspensa do produto, na qual o utente paga o medicamento na

totalidade sendo-lhe restabelecido o valor da comparticipação aquando da regularização da venda suspensa

(entrega da respectiva prescrição médica).

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8

4.1.1 A prescrição médica

Nos últimos anos a legislação que suporta a prescrição foi alterada para promover a prescrição por

Denominação Comum Internacional (DCI) e através de sistemas eletrónicos, contudo as regras de prescrição

e as informações a veicular são muito semelhantes ao que já se praticava. A prescrição de medicamentos

(incluindo manipulados, psicotrópicos e estupefacientes) tem de ser efetuada por meios electrónicos, (de

acordo com a Portaria nº 224/2015 de 27 de julho), sendo aplicável a produtos com e sem comparticipação

tais como dispositivos médicos, géneros alimentícios, entre outros. 6 Atualmente, e até que seja possível a

desmaterialização do receituário, existem 3 tipos de prescrições: a receita electrónica desmaterializada (ou

receita sem papel), receita electrónica materializada e receita manual. No caso das receitas eletrónicas estas

são prescritas, acessíveis e interpretáveis através do sistema informático, sendo que no momento de

prescrição os softwares têm de validar e registar a receita no sistema central de prescrições. No caso da

receita materializada o prescritor imprime a receita, que tem duas partes, uma destinada a ficar na farmácia e

outra para o utente (a designada guia de tratamento). A receita desmaterializada consiste numa guia de

tratamento e que após validação é devolvida ao utente. Alternativamente, o médico prescritor pode enviar

para o contacto do utente uma mensagem com os dados referentes à prescrição: número da receita, código de

acesso e código direito de opção. Em qualquer dos casos, as receitas electrónicas podem ser acedidas nas

farmácias através da leitura (em equipamento apropriado) do cartão de cidadão do utente a quem foi prescrita

a medicação. Relativamente às receitas manuais, para a sua utilização, o médico prescritor deve assinalar na

própria receita o motivo pelo qual não prescreve eletronicamente e que pode ser um dos seguintes: falência

informática, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou outras situações até um máximo de 40

receitas mensais. 7

A prescrição de medicamentos deve ser efectuada através da DCI da SA devendo também ser

especificada a forma farmacêutica, dosagem, apresentação (tamanho da embalagem), posologia, número de

embalagens e Código Nacional para Prescrição Electrónica de Medicamentos (CNPEM). O referido código

agrupa todos os medicamentos com a mesma SA, dose, forma farmacêutica e apresentação, constituindo uma

vantagem no ato da dispensa por limitar erros associados a trocas de fármacos. A prescrição através da

designação comercial do medicamento, marca ou indicação do nome do titular de autorização de introdução

no mercado apenas é possível para um medicamento para o qual não exista genérico similar, medicamentos

que por propriedade industrial apenas possam ser prescritos para determinadas indicações terapêuticas ou

então mediante justificação técnica do prescritor. 7 Nestas situações em vez do CNPEM, o código veiculado

na receita é específico da especialidade prescrita e deve constar, se aplicável, a justificação técnica do

prescritor. As exceções a veicular na prescrição médica podem ser de 3 naturezas diferentes: exceção da

alínea a) do nº 3 do art. 6º (relativo a um medicamento com índice ou margem terapêutica estreita); exceção

da alínea b) do nº 3 do art. 6º (relacionada com suspeita de reação adversa prévia devidamente reportada ao

INFARMED) e exceção da alínea c) do nº 3 do art. 6º (referente a tratamentos de duração superior a 28

dias).6,7 Note-se que a exceção a) apenas pode ser aplicada para a lista de fármacos constantes na Deliberação

nº 70/CD/2012 (ciclosporina, levotiroxina sódica e tacrolimus) e obriga a que o medicamento dispensado seja

o prescrito. Caso seja invocada esta exceção para fármacos não constantes da lista a dispensa deve ocorrer

como se de uma DCI se tratasse. Quando as prescrições possuem a exceção b) o medicamento dispensado

tem, obrigatoriamente, de ser o prescrito. Para além disso cabe ao farmacêutico contactar o prescritor de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

9

forma a averiguar se a reação adversa foi notificada ao INFARMED. No caso de se tratar de uma exceção c)

o utente pode escolher um medicamento similar desde que o preço seja igual ou inferior ao prescrito. 6

A cedência de medicamentos mediante apresentação de prescrição médica pode ser dividida em 4 fases

principais: validação da receita, interpretação da prescrição por parte do farmacêutico, cedência dos

medicamentos mais adequados (respeitando a prescrição médica) e fornecimento de toda a informação

necessária para o sucesso terapêutico. A validação de uma prescrição médica, seja eletrónica ou manual, tem

alguns parâmetros em comum, nomeadamente identificação de: numeração da receita; médico prescritor

(nome, nº da cédula profissional, especialidade clínica e contacto); local de prescrição; utente (nome, nº do

SNS, nº de beneficiário da entidade financeira responsável, e regime especial de comparticipação de

medicamentos se aplicável); medicamento prescrito (por DCI ou por marca); posologia e duração do

tratamento; comparticipações especiais (através da designação do despacho/diploma aplicável em cada linha

de prescrição); número de embalagens; data da prescrição, validade da prescrição e assinatura do prescritor. 6

Relativamente aos aspetos referidos importa realçar que na identificação de utentes com regime especial de

comparticipação de medicamentos devem constar, na prescrição electrónica, as letras “R” (no caso dos

pensionistas) ou “O” e os respetivos diplomas legais implicados (no caso de determinadas patologias e

grupos de doentes) para que possa ser efetuada a comparticipação especial. Caso se trate de uma receita

manual, a identificação do regime especial de comparticipação é feita através de vinheta de cor verde.

Outra questão relevante é a data da prescrição que é usada na determinação da validade da receita (no

caso das receitas manuais e informáticas materializadas) e da linha de prescrição (no caso das receitas sem

papel). Assim sendo, existem dois tipos de receitas ou linhas de prescrição: a receita/ linha de prescrição

normal (que apresenta uma validade de 30 dias após a data de emissão) e a receita/linha de prescrição

renovável (cuja validade das vias/linhas de prescrição é de 6 meses). 6 Naturalmente existem diferenças

pontuais entre a validação de receitas informatizadas e manuais que se encontram sumariamente descritas no

anexo IV.

Após validação da prescrição médica, segue-se a etapa de avaliação do regime farmacoterapêutico do

utente, verificando, para cada medicamento, se este é necessário, adequado ao doente (tendo em conta as

contra-indicações, interações, alergias, intolerâncias e outros fatores relevantes), se a dose, posologia e

duração do tratamento são apropriados e ainda procurando verificar se são cumpridas as condições

económicas, sociais e legais aplicáveis. 6 No decorrer deste processo, caso seja detetado algum PRM, o

farmacêutico deve intervir no sentido de o resolver, sendo que em alguns casos a solução passa por contactar

o médico prescritor. Terminada esta fase cabe também ao profissional de saúde escolher quais os

medicamentos mais apropriados a dispensar ao utente, devendo adotar posturas diferentes caso se trate de

uma prescrição por DCI (anexo V) ou por marca/designação comercial (anexo VI).

A última etapa consiste na “educação” do utente, e tal como já foi referido anteriormente tem como

objetivo elucidar o doente acerca da importância da medicação, explicando a posologia, forma de

administração, duração do tratamento e outros aspetos que possam ser relevantes (precauções especiais,

interações, reações adversas). Para além destas informações é indispensável o aconselhamento de medidas

não farmacológicas pertinentes, e que tal como a informação anterior devem ser veiculadas oralmente e por

escrito. 2,6

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

10

No caso das receitas manuais ou informáticas materializadas, no ato de dispensa é impresso no verso da

receita a seguinte informação: identificação da farmácia, número de registo dos medicamentos em carateres e

código de barras, quantidade fornecida, preço total de cada medicamento, valor total da receita, encargo do

utente em valor por medicamento e respetivo total, comparticipação do Estado em valor por medicamento e

respetivo total e data da dispensa. Para além disso é impressa a declaração do utente confirmando a dispensa

dos medicamentos e conselhos de utilização que pode ser acompanhada pela declaração relacionada com o

direito de opção caso aplicável e que consta no anexo VII. O verso da receita deve ser assinado pelo utente e

também pelo farmacêutico que deve carimbar o documento e data-lo. No caso das receitas desmaterializadas

não é efetuado qualquer registo físico, sendo a dispensa validada apenas informaticamente.

A dispensa de MSRM foi uma das atividades desenvolvidas diariamente durante o atendimento ao

público (iniciado em meados de março), tendo surgido exemplares de todas as situações referidas

apresentando clara vantagem pedagógica. Pude verificar que as farmácias atravessam períodos de fortes

mudanças, estando a prescrição médica a sofrer alterações drásticas que visam melhorar o acesso dos utentes

aos medicamentos, evitando problemas de fraude e agilizando o processo devido à sua informatização. As

receitas informatizadas acabam por ter um impacto positivo na farmácia por diminuírem os encargos

relacionados com a conferência do receituário e sua faturação mensal. Apresentam ainda como vantagem o

facto de serem mais facilmente percetíveis pelo farmacêutico, contrariamente às manuais que muitas vezes

são elegíveis. Contudo, são atualmente fonte de dúvida para muitos utentes ainda pouco familiarizados com

os novos modelos de prescrição. Durante o estágio foi possível intervir positivamente esclarecendo muitos

dos utentes e ainda agilizar a dispensa perante uma prescrição médica. Foi ainda possível verificar que a

informatização e consequente uso do CNPEM tornam o processo de seleção da especialidade farmacêutica

muito mais fácil, acabando por reduzir os erros de dispensa. Note-se que também o robot é indispensável na

cedência de medicamentos, visto que reconhece todas as especialidades pelo respetivo código agilizando o

atendimento e diminuindo os erros de dispensa.

4.1.2 Regimes de Comparticipação

Com vista a que todos os utentes tenham acesso aos medicamentos de que precisam existe o regime de

comparticipação de medicamentos que apenas é aplicável aos MSRM. O decreto-lei nº 48-A/2010 de 13 de

maio estabelece o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos prescritos aos utentes do

Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aos beneficiários da Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e

Agentes da Administração Publica (ADSE). A atual legislação prevê a comparticipação dos medicamentos

através do regime geral e ainda do regime especial, sendo este último aplicado a medicamentos que se

destinam ao tratamento de determinadas patologias ou então a grupos especiais de doentes (como por

exemplo os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional) 6 No

caso do regime geral de comparticipações o Estado paga uma percentagem do PVP dos medicamentos de

acordo com os seguintes escalões: Escalão A – 90%, Escalão B – 69%, Escalão C – 37%, Escalão D – 15%,

consoante a sua classificação farmacoterapêutica. 6, 8 Os pensionistas que usufruam do regime especial de

comparticipação têm comparticipações de 95% no escalão A, 84% no escalão B, 52% no escalão C e 30% no

escalão D. A comparticipação do Estado de medicamentos utilizados no tratamento de determinadas

patologias é definida por despacho do membro do governo responsável pela área da saúde, sendo que as

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

11

doenças abrangidas por este regime, a percentagem de comparticipação e os despachos relacionados se

encontram esquematizados no anexo VIII. 8

Adicionalmente o governo comparticipa 30% dos medicamentos manipulados constantes no despacho nº

18694/2010 de 18 de Novembro. As tiras-teste para determinação da glicemia, cetonemia e cetonúria, assim

como as agulhas, seringas e lancetas destinadas ao controlo dos diabetes são também comparticipadas pelo

Estado, sendo que as tiras têm uma comparticipação de 85% enquanto as agulhas, lancetas e seringas são

totalmente comparticipadas.

Apesar de a grande maioria dos utentes usufruir das comparticipações asseguradas pelo Estado, existem

outros subsistemas de saúde complementares ao SNS, sendo a percentagem de comparticipação diferente

para cada entidade. Os utentes com este tipo de comparticipação devem identificar-se pelo cartão com o

nome, número de beneficiário e validade. Este deve ser fotocopiado juntamente com a prescrição, para enviar

para a respetiva entidade de modo a que farmácia possa obter o valor da comparticipação. No caso das

receitas informáticas desmaterializadas, após identificação do utente selecciona-se o organismo

complementar, e o próprio sistema informático emite um talão que deve ser enviado à respetiva entidade e

que substitui (em termos de faturação) a fotocópia da prescrição juntamente com o cartão de beneficiário.

Neste tipo de situações as prescrições têm obrigatoriamente de ficar registadas nos dois organismos, ou seja,

no SNS e no complementar, visto que o reembolso para a farmácia será processado separadamente. Na FDM,

a maioria dos utentes usufrui apenas das comparticipações providenciadas pelo Estado, contudo existe ainda

um volume considerável de prescrições de beneficiários do Sindicato dos Bancários do Norte (SAMS).

Outros subsistemas, tais como seguros de saúde, surgem de forma menos frequente, contudo devido ao

sistema informático é fácil para o farmacêutico selecionar o organismo complementar, desde que o utente se

identifique através do cartão de beneficiário.

4.1.3 Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são sempre sujeitos a prescrição médica por

apresentarem na sua constituição substâncias capazes de atuar ao nível do Sistema Nervoso Central causando

alterações psíquicas, físicas e emocionais. Dependendo da sua natureza podem exercer efeitos estimulantes

ou depressores que são benéficos para o tratamento de várias patologias não só psíquicas (como as doenças

psiquiátricas) mas também oncológicas, sendo importantes em toda e qualquer doença na qual a dor seja um

factor importante a controlar. Quando usados corretamente demonstram resultados positivos melhorando

significativamente a qualidade de vida dos utentes que deles dependem. Contudo, apresentam alguns riscos,

nomeadamente o facto de induzirem habituação e dependência física e psíquica, razão pela qual devem ser

usados sob vigilância médica.

Devido ao uso ilícito deste tipo de substâncias e também à crescente contrafação de medicamentos, todos

os psicotrópicos e estupefacientes têm obrigatoriamente de ser controlados nas farmácias, tal como previsto

no Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de janeiro e no Decreto Regulamentar 61/94 de 12 de Outubro.

O circuito dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes acaba por ser ligeiramente diferente dos

restantes devido à sua ação farmacológica, sendo inclusive armazenados em local de acesso reservado (que

no caso da farmácia é o robot). Para além destas medidas, este tipo de medicamentos têm um registo de

entradas e saídas que é fiscalizado pelo INFARMED. O registo de entradas é enviado trimestralmente ao

INFARMED, enquanto o registo das dispensas deverá ser enviado mensalmente até ao dia 8 do mseguinte.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

12

Esta classe de fármacos deve ser prescrita isoladamente, sendo que a validação das receitas segue as mesmas

regras dos restantes medicamentos anteriormente referidas. No momento da dispensa o farmacêutico deve

verificar a identidade do adquirente registando os seus dados (nome, data de nascimento, idade, nº do bilhete

de identidade/cartão de cidadão e morada). Note-se que a pessoa que levanta este tipo de fármacos deve ser o

utente a quem estes se destinam. Quando esta situação não seja possível (por exemplo por se tratar de um

menor ou de um utente acamado) o adquirente deverá ser um representante legal, sendo que os seus dados

pessoais devem também ser registados.

O registo deste tipo de dispensa implica também o preenchimento dos dados referentes ao médico

prescritor, nomeadamente o nome, nº da cédula profissional e especialidade clínica. Todos os dados

registados, bem como o medicamento e quantidade dispensada são posteriormente impressos num talão que,

no caso das receitas manuais ou materializadas, é anexado à fotocópia da prescrição.

4.1.4 Medicamentos genéricos

De entre os muitos medicamentos existentes na FDM, uma grande percentagem integra o grupo dos

medicamentos genéricos. Este tipo de medicamentos foi ocupando um lugar de destaque nas farmácias

portuguesas, existindo atualmente uma grande diversidade de laboratórios que se dedicam à sua produção.

Entende-se por medicamento genérico aquele que possui a mesma SA, com a mesma dose e apresentando-se

na mesma forma farmacêutica que um dado medicamento de referência (aquele que foi introduzido

inicialmente no mercado após apresentação de documentação completa: ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e

clínicos). Para além disso, para que seja considerado um medicamento genérico tem de sofrer uma cuidadosa

avaliação, através de ensaios de biodisponibilidade apropriados, que visa concluir acerca da sua

bioequivalência com o medicamento de referência. Todas as avaliações efetuadas permitem garantir que os

medicamentos genéricos apresentam os mesmos efeitos terapêuticos, com a mesma segurança e eficácia

quando comparados com os “medicamentos de marca”.

Nos últimos anos, e de forma a responder às necessidades da população, foram surgindo vários

laboratórios de medicamentos genéricos, situação que acabou por ter um forte impacto no momento da

dispensa devido às variações de preços existentes entre os diversos produtos. Neste sentido, e para

salvaguardar os interesses do utente, o Estatuto do Medicamento, delega ao farmacêutico a responsabilidade

de informar o utente acerca dos medicamentos existentes na farmácia com a mesma SA, dosagem e forma

farmacêutica, bem como aqueles que são comparticipados pelo SNS e que possuem o preço mais acessível. 5

Contudo, este tipo de medicamentos é ainda fonte de dúvida para muitos utentes que continuam céticos

face às suas propriedades terapêuticas. No sentido de contornar esta situação, durante o estágio e sempre que

pertinente, expliquei as premissas de introdução no mercado dos genéricos procurando que, no momento de

escolher qual o medicamento a dispensar, o utente tomasse a sua decisão tendo por base informação

fidedigna.

Os genéricos apresentam algumas vantagens, nomeadamente o facto de serem mais económicos para o

utente, sendo também medicamentos comparticipados pelo Estado. No entanto, estão na génese de muitos

erros de posologia e ainda duplicação de medicação, essencialmente devido a trocas de embalagens. Os erros

de duplicação surgem frequentemente quando o utente possui o mesmo fármaco comercializado por

laboratórios diferentes e os erros de posologia acontecem quando os utentes adquirem diferentes fármacos do

mesmo laboratório com embalagens muito semelhantes. Atendendo a estes aspetos existem já muitos

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laboratórios cujas embalagens são diferentes de acordo com a classe farmacoterapêutica por forma a

minimizar os erros posológicos

4.1.5 Conferência de receituário e faturação

A dispensa de MSRM com comparticipação por parte do Estado ou de qualquer outra entidade implica

para a farmácia um investimento de capital que apenas é reembolsado no mês seguinte à dispensa mediante o

cumprimento de uma série de procedimentos burocráticos. As receitas dispensadas são sequenciadas em lotes

e organizadas numericamente de acordo com o organismo responsável pela comparticipação. No caso das

prescrições manuais e informáticas materializadas são impressas no verso as informações necessárias para a

faturação e após término da venda estas são organizadas em locais próprios de acordo com o organismo

envolvido. No caso das receitas sem papel, estas são também agrupadas por lotes, contudo não há nenhum

registo físico arquivado na farmácia. Cada lote é constituído por 30 prescrições organizadas numericamente,

à exceção do último lote de cada mês que pode não possuir a totalidade das receitas. No caso das receitas em

papel, após fecho de cada lote, as mesmas são conferidas por dois colaboradores da farmácia (de modo a

diminuir a ocorrência de erros) procurando avaliar se todas as premissas necessárias para validar a receita

foram cumpridas, verificando ainda se os medicamentos dispensados correspondem aos prescritos e se está

presente a data da dispensa, carimbo da farmácia e assinatura do colaborador.

No final de cada mês, para cada organismo envolvido na comparticipação de medicamentos, é emitido o

verbete de identificação do lote, a relação resumo de lotes e Factura Mensal de Medicamentos. Estes

documentos, juntamente com as devidas prescrições médicas são enviados à Administração Regional de

Saúde do Norte (ARS) (no caso dos medicamentos cuja comparticipação é assegurada pelo Estado) e à ANF

(no caso de especialidades comparticipadas por outras entidades), que é responsável pela sua redistribuição.

Após avaliação da documentação e caso as prescrições cumpram todas as normas legalmente impostas, o

valor da comparticipação é reembolsado à farmácia. Caso isto não se verifique as prescrições são devolvidas

acompanhadas de um documento justificativo da devolução.

Com a mudança de paradigma nas prescrições médicas, o processo de faturação acaba por ficar facilitado

por ser dispensada a fase de conferência das receitas médicas, que acaba por ser bastante morosa. Para além

disso, o facto de existirem cada vez menos prescrições em papel, faz com que sejam devolvidas menos

receitas, dado que a validação das receitas informatizadas acaba por ser menos falível.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica e indicação farmacêutica

Todos os medicamentos que não cumpram os requisitos definidos para incluírem o grupo dos MSRM são

classificados como tal, podendo ser dispensados aos utentes sem apresentação de uma prescrição médica. Os

MNSRM não são comparticipados, à exceção dos casos previstos na legislação, e o seu PVP encontra-se

sujeito ao regime de preços livres, o que significa que depende dos canais de distribuição e comercialização,

contrariamente ao dos MSRM, nos quais o PVP é fixado e igual em todas as farmácias.

A introdução deste tipo de medicamentos no mercado inclui um processo de avaliação que permite inferir

acerca da sua qualidade, segurança e eficácia salvaguardando a saúde dos utentes. Os MNSRM destinam-se

ao tratamento de transtornos menores de saúde apresentando vantagens para o utente por permitirem a

resolução deste tipo de problemas de forma cómoda, segura e eficaz, sem necessidade de consulta médica.

Para além disto, o tratamento deste tipo problema na farmácia, através do conselho especializado do

farmacêutico, permite libertar os recursos do SNS que ficam disponíveis para o tratamento de situações de

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maior gravidade. São vários os transtornos menores de saúde passíveis de serem tratados eficazmente através

de indicação farmacêutica, tais como herpes labial, eczema, dermatite, dores musculares, dores pós-

traumáticas, diarreia, hemorróidas, azia, prisão de ventre, tosse, entre outros. A indicação farmacêutica

consiste na seleção de um MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objetivo de aliviar

ou resolver um problema de saúde considerado como um transtorno menor ou sintoma menor (que é uma

situação autolimitada, de curta duração e que não apresenta relação com manifestações clínicas de outros

problemas de saúde do doente). A indicação farmacêutica pode ser divida em três fases (esquematizadas no

anexo IX): a entrevista ao utente, a intervenção farmacêutica e a avaliação dos resultados obtidos. A

entrevista ao utente serve essencialmente para recolher toda a informação pertinente para poder aconselhar o

MNSRM/medida não farmacológica mais adequado (sintomas, medicação habitual, etc.) e é indispensável

para o sucesso terapêutico e sobretudo para não agravar eventuais patologias que possam existir. Após

selecção do MNSRM, deve ser fornecida ao utente toda a informação indispensável ao sucesso terapêutico,

nomeadamente posologia, via de administração, duração do tratamento, interações e precauções de utilização.

Numa posterior visita do utente à farmácia é importante avaliar o seu estado de saúde, em particular a

evolução do problema que levou à indicação farmacêutica. 2, 9

O período de estágio foi muito importante no que diz respeito à indicação farmacêutica, por me ter

permitido contactar com situações reais, tendo sido possível a intervenção e tratamento de diversos

transtornos menores de saúde, tais como: diarreia, obstipação, enjoo do movimento, síndromes gripais,

alergias, azia e indigestão, infestação por piolhos, contracepção de emergência, entre outras.

Uma questão importante associada aos MNSRM é o facto de poderem ser sujeitos a publicidade a

variados níveis influenciado a tomada de decisões por parte dos utentes. Neste sentido, muitas vezes surgem

na farmácia situações de utentes que solicitam um determinado MNSRM para alívio de algum problema de

saúde. Torna-se indispensável a atuação do farmacêutico que deve avaliar o estado clínico do utente e a

pertinência do produto solicitado, instruindo o doente e solucionando o problema da melhor forma, seja

através da dispensa do produto pedido, de um outro ou encaminhamento para avaliação médica. Sem dúvida

que a publicidade tem um forte impacto junto do consumidor, mais ainda quando este se encontra num estado

de saúde debilitado e prova disso são as diversas solicitações de MNSRM fortemente publicitados.

Durante o estágio pude intervir em situações de duplicação de medicamentos, tais como solicitações, para

o mesmo utente, de Brufen® e Trifene 400®, Antigripe® e Ben®-U-Ron, entre outras. Neste tipo de

situações procurei explicar ao utente que os medicamentos solicitados possuem na sua composição

substâncias iguais, não devendo ser tomados concomitantemente. Para além disso, foi possível o

aconselhamento e intervenção mediante pedidos de medicamentos com interações, tais como o Nasex® e

Telfast 120®, explicando que possuem ações que se antagonizam, destinando-se ao tratamento de situações

distintas, não devendo por isso ser usados em conjunto. A intervenção em situações de contra-indicação de

fármacos foi também possível, nomeadamente em populações de asmáticos que frequentemente solicitam

AINEs, tais como o Spidifen 400® e Neurofen express®.

Os MNSRM, apesar de seguros, devem ser usados mediante aconselhamento de um profissional de saúde

visto que tal como qualquer fármaco apresentam contra-indicações, interações e efeitos adversos, não

percepcionados pela população, e que podem levar ao agravamento do seu estado de saúde.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

15

4.3. Medicamentos manipulados

Os medicamentos manipulados incluem os preparados oficinais (produzidos de acordo com indicações

compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário) e as fórmulas magistrais (produzidas de acordo

prescrição médica para um doente especifico) que são preparados e dispensados sob a responsabilidade do

farmacêutico. 10 Torna-se necessário recorrer a este tipo de medicamento sempre que haja a necessidade de

adaptar a terapêutica medicamentosa a determinado doente e não haja uma alternativa viável disponível no

mercado (situações de adaptação de doses a alterações metabólicas do utente, associação de SA que não

exista no mercado, intolerância a algum componente da fórmula industrial ou adaptação da forma

farmacêutica). 11 A segurança e eficácia dos medicamentos manipulados são da responsabilidade partilhada

do farmacêutico o do médico prescritor, que devem avaliar a dose da SA em uso e a possibilidade de

existência de interações na formulação que coloquem em causa a ação do medicamento ou a segurança do

doente. A qualidade dos manipulados depende essencialmente do farmacêutico.11 O PVP dos manipulados, é

calculado com base no valor dos honorários da preparação, das matérias-primas e dos materiais de

embalagem, conforme critérios estabelecidos na Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho. No caso da FDM, uma

vez que a expressão deste tipo de produtos é muito baixa, sempre que há necessidade de preparação de um

manipulado este é encomendado à farmácia Guarani, por ser economicamente mais rentável para a farmácia.

5. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Para além dos medicamentos, existem na farmácia outros PF que podem ser aconselhados e dispensados nas

mais diversas situações funcionando como adjuvantes terapêuticos ou então eles próprios como tratamento. O

atendimento ao público, quer seja para dispensar medicamentos ou outro tipo de PF, acaba por ser

semelhante (anexo X) e implica, por parte do farmacêutico, o conhecimento profundo das propriedades dos

produtos, por forma a escolher o mais indicado e ceder toda a informação necessária para a sua correta

utilização.

5.1 Medicamentos e Produtos Veterinários

Toda a substância ou associação de substâncias que se destine a curar ou a prevenir doenças nos animais,

ou que possa ser usada ou administrada com vista a estabelecer um diagnóstico ou com vista à obtenção de

uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica corrigindo, modificando ou restaurando funções

biológicas é considerado um medicamento veterinário. No caso dos medicamentos veterinários estes podem

ser divididos em três classes: os que são sujeitos a receita médico-veterinária, os não sujeitos a receita e os de

uso exclusivo por médicos veterinários. 12 Atualmente os medicamentos veterinários são da responsabilidade

do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e das Pescas que procede à sua avaliação, autorização,

controlo e inspeção. Para além dos medicamentos veterinários existem ainda outros produtos de uso

veterinário que também podem ser dispensados nas farmácias, tais como os produtos de higiene.

A FDM possui alguns produtos destinados ao uso animal, tais como desparasitantes internos e externos,

pílulas, antibióticos e produtos de higienização. A sua dispensa, tal como de qualquer outro produto deve ser

acompanhada de toda a informação pertinente, nomeadamente a dose, via de administração, duração do

tratamento e principais advertências.

5.2 Dispositivos médicos

Atualmente existem vários produtos para tratar os diversos problemas de saúde entre os quais uma classe

relativamente recente designada de dispositivos médicos (DM). A classe dos DM inclui um conjunto de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

16

instrumentos, aparelhos, equipamentos, materiais e artigos que se destinam a exercer um determinado efeito

sobre o organismo humano, sendo que este efeito não é alcançado por meio de um processo farmacológico,

imunológico ou metabólico, sendo esta a principal característica que os diferencia dos medicamentos. Podem

ser usados como meio de diagnóstico, tratamento, prevenção, controlo ou atenuação de uma doença, lesão ou

deficiência; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e ainda no controlo

da concepção (como é o caso dos preservativos). 13 São vários os DM existentes na FDM, tais como material

ortopédico, artigos de penso e sutura, material para utentes ostomizados, meias de compressão, termómetros,

tensiómetros, colectores de urina, aparelhos de determinação da glicémia, entre outros. Estes produtos são

dispensados diariamente, sendo alguns deles prescritos/aconselhados por médicos (como é o caso das meias

de compressão) e outros mediante indicação farmacêutica (como o material de penso).

5.3 Produtos de cosmética e higiene corporal

Os cosméticos e produtos de higiene corporal ocupam atualmente um lugar de destaque nas farmácias,

visto serem cada vez mais procurados pelos utentes, quer por motivos de saúde, quer por motivos estéticos. A

preocupação com a imagem é cada vez mais notória, e regra geral, os utentes preferem produtos de

qualidade, controlados e dispensados por um profissional instruído. Os produtos cosméticos destinam-se a ser

aplicados nas partes externas do corpo humano (epiderme, sistema piloso e capilar, lábios e órgãos genitais)

ou então nos dentes e mucosas bucais, com o objetivo de limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger,

manter em bom estado ou modificar odores corporais. 14 São incluídos nesta classe diversos produtos que

podem ser usados não só como cosméticos mas também como produtos de saúde e adjuvantes no tratamento

de certas patologias, sendo em alguns casos dispensados mediante indicação médica. Note-se o exemplo da

dermatite atópica, problema dermatológico cada vez mais frequente e que pode ser controlado através do uso

de produtos adequados, tais como: gel ou óleo de banho não deslipidante e hidratante, seguido de um

bálsamo adequado a peles atópicas. Caso o utente utilize este tipo de produto acaba por ter “crises” muito

menos frequentemente evitando assim o uso de corticóides tópicos que são normalmente a resposta

terapêutica. Outra situação muito comum é o tratamento da acne através da seleção de cuidados de higiene e

hidratação adequados e capazes de diminuir produção de sebo e consequentes lesões. Estes são apenas alguns

dos exemplos, mas são vários os problemas, sobretudo dermatológicos, que podem ser solucionados

mediante a seleção do cosmético e produto de higiene adequado. A FDM possui uma enorme oferta deste

tipo de produtos das mais diversas marcas, tais como Vichy®, La Roche Posay®, Lierac®, Galenic®,

Phyto®, Klorane®, Caudalie®, Avene®, Ducray®, A-derma®, Isdin®, Bioderma®, entre muitas outras.

Durante o estágio, tive oportunidade de aconselhar por diversas vezes este tipo de produtos, tendo sido

dispensados para situações de rosácea, acne, desidratação, envelhecimento, quedo capilar, oleosidade capilar,

dermatite seborreica, eczema, fotoproteção, entre outros. Sempre que o utente procura algum produto

cosmético ou de higiene corporal é importante avaliar as suas características dermatológicas/capilares, bem

como possíveis alergias a determinados produtos ou substâncias, de forma a direcionar a escolha para a gama

de produtos mais indicada. Por exemplo, no caso de um utente que solicita um protetor solar facial é

importante averiguar se se trata de uma pele mista/oleosa ou seca, reativa ou com algum problema

dermatológico. Neste tipo de aconselhamento é indispensável que o profissional de saúde se mantenha

atualizado, conhecendo as diversas referências de cada marca, bem como a sua composição, para poder

aconselhar o produto mais adequando a cada utente. A dispensa deve ser sempre acompanhada dos conselhos

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17

de utilização, bem como de outras medidas não farmacológicas que possam ajudar o utente, como por

exemplo no caso da dermatite atópica recomendar ao utente que não faça banhos demorados nem com água

demasiado quente.

5.4 Géneros alimentícios destinados a alimentação especial

Existem determinados grupos da população que pelos mais diversos motivos, têm carências nutricionais

diferentes dos restantes indivíduos. É o caso dos lactentes e crianças entre o primeiro e o terceiro ano de vida,

de indivíduos cujo processo de assimilação ou metabolismo esteja perturbado ou então que se encontram em

condições fisiológicas especiais que alterem as suas carências nutricionais. Os géneros alimentícios

destinados a uma alimentação especial são produtos com composição ou processo de fabrico específico de

modo a responder a necessidades nutricionais particulares, sendo comercializados com essa indicação. 15

Incluem-se nesta classe de alimentos os preparados para lactentes, leites de transição e outros alimentos de

complemento; géneros alimentícios com valor energético reduzido (destinados ao controlo de peso);

alimentos dietéticos com fins medicinais específicos; pobres em sódio; sem glúten; adaptados a esforços

musculares intensos e destinados a pessoas que sofrem de perturbações do metabolismo dos glícidos. 15

Na FDM os géneros alimentícios existentes são essencialmente produtos para lactentes, leites de

transição, papas e boiões de frutas e vegetais. As fórmulas infantis disponíveis são adaptadas às mais diversas

necessidades, podendo ser hipoalergénicas, anti-obstipantes, anti-cólicas e anti-regurgitantes.

5.5 Suplementos alimentares

Atualmente, a maioria das pessoas tem um ritmo de vida alucinante, muitas vezes associado a escolhas

alimentares erradas que resultam em défice de vitaminas, sais minerais e outros nutrientes. Conscientes desta

situação, as pessoas recorrem cada vez mais à suplementação com o objetivo de repor as carências que

surgem devido a erros alimentares. Os suplementos alimentares, tal como o próprio nome indica, são géneros

alimentícios que têm como objetivo complementar ou suplementar o regime alimentar normal, sendo fontes

concentradas de nutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos, fibras, extractos de plantas, ácidos gordos) ou

outras substâncias com efeito fisiológico ou nutricional. Podem ser constituídos por uma ou várias

substâncias que são comercializadas de forma doseada e que se destinam a ser administradas em quantidades

de medida reduzidas. 16 Existem variados suplementos alimentares no mercado com as mais diversas

finalidades, como por exemplo, melhorar a saúde dos ossos e articulações, providenciar reforço muscular,

melhorar a saúde sexual, aumentar a capacidade de concentração e raciocínio, melhorar a saúde

cardiovascular e ainda multivitamínicos gerais. Aquando da dispensa deste tipo de produtos é importante

inquirir o utente acerca de medicamentos que possa estar a tomar, bem como outro tipo de suplementos por

forma a avaliar possíveis interações e duplicações.

Durante o atendimento ao público foi possível intervir positivamente explicando que este tipo de produto

não deve ser usado como substituto de uma alimentação saudável e ainda detetar situações de duplicação de

toma, nomeadamente devido ao uso concomitante de suplementes alimentares com composição muito

semelhante. É muito importante intervir neste tipo de situações, uma vez que a administração de

determinados nutrientes em excesso pode colocar em risco a saúde do utente, sendo este um dos motivos

pelos quais no rótulo dos suplementos alimentares tem a quantidade de cada componente, bem como a sua

dose diária recomendada. Apesar destas situações, os suplementos alimentares podem ser muito benéficos

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

18

quando usados corretamente e acompanhados de um regime alimentar adequado, combatendo situações de

cansaço, desgaste físico e psicológico, entre outros problemas comummente referidos pela população.

5.6 Produtos e medicamentos homeopáticos

A medicina homeopática, e portanto, os produtos homeopáticos têm por base três princípios: a similitude

(são usadas substâncias que causem no individuo saudável os sintomas que se pretendem tratar no individuo

doente), o uso de doses infinitesimais (implica que as substâncias usadas sejam administradas em diluições

infinitesimais, sendo que quanto maior a diluição maior será a potência do produto) e de um remédio único

(revoga que o quadro sintomático de um indivíduo doente é causado apenas por um problema, devendo por

isso ser tratado com um único remédio). Os produtos homeopáticos são aqueles que contêm uma ou mais

substâncias que são obtidas por diluições sucessivas de matérias-primas homeopáticas, de acordo com o

processo homeopático referido na Farmacopeia Europeia ou quando dela não conste, nas farmacopeias de

qualquer Estado membro da União Europeia. Existem 2 tipos de produtos homeopáticos: os medicamentos

homeopáticos que são os que possuem propriedades curativas ou preventivas de doenças e seus sintomas, ou

que sejam usados para estabelecer um diagnóstico, restaurar, corrigir ou modificar funções orgânicas; e os

produtos farmacêuticos homeopáticos nos quais o grau de diluição tem de garantir a inocuidade do produto,

sendo ainda isentos de indicações terapêuticas e usados apenas via oral ou tópica. 17

A FDM possui alguns exemplares deste tipo de produtos, nomeadamente para o tratamento da ansiedade

ou de estados gripais, sendo aconselhados por solicitação do utente ou mediante indicação farmacêutica, uma

vez que são claramente mais seguros do que os MNSRM.

5.7 Produtos e medicamentos fitoterápicos

O uso de plantas para tratar as maleitas do corpo remonta de tempos passados e continua a ser uma prática

atual. Os medicamentos à base de plantas (constituídos exclusivamente por substâncias derivadas de plantas,

preparações à base de plantas ou uma combinação dos dois) são ainda muito requisitados na FDM sobretudo

para a resolução de transtornos menores de saúde. 5 Na grande maioria dos casos os utentes preferem este

tipo de produtos por acharem que são mais seguros. Neste sentido é indispensável que aquando da sua

dispensa o farmacêutico alerte para os perigos do seu uso, reforçando que podem interagir com a medicação e

ainda provocar reações adversas, uma vez que não são inócuos. Os produtos fitoterápicos mais

frequentemente solicitados destinam-se ao tratamento da ansiedade, insónia, problemas de obstipação e

cólicas, para controlo dos níveis de colesterol e ainda da pressão arterial.

6. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS

A dispensa de medicamentos e outros PF é, sem dúvida, uma das atividades mais reconhecidas do

farmacêutico, contudo, atualmente as farmácias prestam outros serviços com vista a melhorar o estado de

saúde dos utentes. Na FDM os utentes podem usufruir dos seguintes serviços: especializados de nutrição e

podologia, medição da pressão arterial, determinação de parâmetros bioquímicos, realização de testes de

gravidez e ainda administração de injetáveis.

6.1 Determinação da pressão arterial

A determinação da pressão arterial é um dos serviços mais requisitados na FDM, sendo realizada com

recurso a um tensiómetro automático. Sempre que este serviço é solicitado o utente é convidado a descansar

no gabinete durante cerca de 3 minutos com o objetivo de evitar erros de medição devido a esforço físico, por

exemplo. Após a medição (cujo procedimento se encontra esquematizado no anexo XI), de acordo com os

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

19

valores obtidos e os valores de referência (anexo XII) é prestado aconselhamento ao utente no sentido de

normalizar a pressão arterial. Na maioria dos casos, o serviço é solicitado por hipertensos medicados, mas

com os valores não controlados, sendo que nestas situações é prestado aconselhamento sobre a alimentação

saudável e pobre em sal, a prática de exercício físico, a cessação tabágica e ainda a importância do

cumprimento da terapêutica. Quando o utente cumpre todos os itens referidos e ainda assim não se verifica

normalização da pressão arterial torna-se indispensável referenciá-lo ao médico para ajuste da terapêutica.

6.2 Determinação da glicémia, colesterol total e triglicerídeos

Os valores de glicémia, colesterol toral e triglicéridos podem ser determinados na farmácia, utilizando

aparelhos e tiras-teste específicos O procedimento a adotar em cada uma das determinações é muito

semelhante, sendo que se encontra esquematizado no anexo XIII a determinação da glicémia capilar,

enquanto os valores de referência dos parâmetros em estudo se encontram descritos no anexo XIV. O

controlo deste tipo de parâmetros é indispensável não só em indivíduos doentes (com Diabetes Mellitus,

hipercolesterolémia, doença cardíaca) mas também em indivíduos saudáveis com intuito de rastreio. Esta é

uma questão muito importante e para a qual a população deve ser sensibilizada, uma vez que valores

elevados de glicémia, colesterol e triglicerídeos estão associados a um aumento do risco cardiovascular. No

caso dos indivíduos já com terapêutica instaurada, sempre que os valores determinados se afastem dos

pretendidos é indispensável prestar aconselhamento sobre as medidas não farmacológicas e tentar perceber se

os valores anormalmente elevados se devem a erros alimentares, ausência de prática de exercício e outros

fatores de risco ou então se de facto a terapêutica não se encontra adequada necessitando de ajuste médico.

6.3 Serviços de nutrição e podologia

Os serviços especializados, nomeadamente de nutrição e podologia, são prestados não por farmacêuticos

mas por técnicos com formação específica na área com vista a responder melhor às necessidades dos utentes.

A nutricionista e a podologista visitam a FDM quinzenalmente, sendo que todas as consultas são canalizadas

para o dia das visitas. Estes serviços são oferecidos aos utentes em situações de atendimento ao público que

se revelem pertinentes, por exemplo, os serviços de nutrição são frequentemente aconselhados a indivíduos

que solicitam produtos adelgaçantes, inibidores do apetite, e outros produtos de emagrecimento, enquanto os

serviços de podologia são indicados quando os utentes referem problemas relacionados com cicatrização de

feridas na zona do pé (muito frequente nos diabéticos), verrugas ou outras situações pertinentes.

CAPITULO 2: TEMAS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DA ATIVIDADE FARMACÊUTICA

TEMA 1: CUIDADOS FARMACÊUTICOS

1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais as farmácias são o primeiro ponto de contacto com os utentes sendo procuradas para a

prestação de diversos serviços e resolução de diferentes problemas de saúde. A FDM não é exceção e neste

sentido foi evoluindo e aumentando a oferta de serviços aos seus utentes, como a determinação da pressão

arterial, parâmetros bioquímicos, consultas de podologia e nutrição. Contudo, a farmácia é frequentada por

indivíduos de diversas faixas etárias, com regimes terapêuticos complexos e com patologias não controladas

que carecem de outro tipo de serviço que possa providenciar a gestão da terapêutica e que permita o controlo

das doenças. Para colmatar estas necessidades, durante o estágio curricular, surgiu a oportunidade de

implementar consultas de cuidados farmacêuticos (CF) com o intuito de colocar ao serviço da população os

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

20

conhecimentos do farmacêutico por forma a auxiliar os utentes na gestão da sua terapêutica, melhorando os

seus resultados clínicos e minimizando efeitos adversos.

A oferta de um leque diversificado de serviços de valor acrescentado, em particular de serviços

diferenciados que contribuam para a melhoria dos resultados clínicos dos utentes (como é o caso dos CF), é a

base da expansão das funções reservadas à farmácia e aos farmacêuticos. Para além disso, acaba por ser um

importante fator de destaque, numa altura de crise para as farmácias portuguesas, podendo contribuir para a

distinção da farmácia, aumento da procura por parte de novos utentes e impacto económico positivo. Além

destas questões, a implementação de um serviço de CF permite evidenciar a importância do farmacêutico

enquanto profissional de saúde.

2. O QUE SÃO OS CUIDADOS FARMACÊUTICOS

O conceito de CF surgiu pela primeira vez em 1980 com a necessidade de prestar serviços de saúde mais

focados no doente e na melhoria da sua qualidade de vida e procurava garantir o uso seguro e racional do

medicamento. 18 Em 1990, os designados pais dos cuidados farmacêuticos (Hepler e Strand), publicam um

artigo no qual demonstram a importância da intervenção do farmacêutico na avaliação dos resultados obtidos

decorrentes da utilização de medicamentos, tendo assim um importante papel na redução da morbi-

mortalidade associada ao uso de fármacos. O conceito foi-se clarificando e tornando mais abrangente, sendo

que atualmente entende-se por CF a prática profissional orientada para o doente, na qual o farmacêutico

intervém em colaboração com outros profissionais de saúde e o próprio doente, com o objetivo de promover

a saúde, prevenir a doença, avaliar, monitorizar, ajustar a terapêutica farmacológica e melhorar os resultados

clínicos. O farmacêutico, para além da formação específica na área do medicamento, é também o profissional

de saúde mais acessível ao utente, o que o torna o sujeito indicado para a prestação deste tipo de serviço. 19

Atualmente, os CF são considerados serviços diferenciados, isto é, centrados na terapêutica dos doentes não

estando necessariamente associados ao ato da dispensa e sendo realizados durante uma visita programada do

utente à farmácia, como é o caso das consultas de revisão da terapêutica (RT) e seguimento

farmacoterapêutico (SF).

Em Portugal são ainda poucas as farmácias que prestam este tipo de serviço, apesar de em 1999 ter sido

criado o Departamento de Cuidados Farmacêuticos da Associação Nacional de Farmácias (ANF) com o

objetivo de criar, divulgar e monitorizar os CF prestados em território nacional. É importante mudar esta

realidade, e aumentar a oferta deste tipo de serviço de modo a garantir o seguimento dos doentes, uma vez

que este tipo de prática apresenta claros benefícios para o utente, contribuindo sobretudo para o alcance das

metas terapêuticas e melhoria da qualidade de vida.

Na FDM, no início do mês de maio, foram implementadas as consultas de RT e ainda SF, tendo sido

decisivo para este projeto o apoio da ANF, que prestou aconselhamento aos membros da equipa envolvidos,

forneceu todo o material necessário para as consultas e ainda um manual de orientação.

3. COMO IMPLEMENTAR UM SERVIÇO DIFERENCIADO NA FARMÁCIA

Antes de iniciar a prática de consultas de CF, atualmente ainda em vigor na FDM, é indispensável

preparar alguns aspetos logísticos relacionados com a equipa, as instalações e o equipamento/materiais. O

primeiro passo consiste na preparação da equipa e na seleção dos farmacêuticos adequados para a prestação

deste serviço, uma vez que as avaliações e intervenções necessárias devem ser efetuadas apenas por

profissionais certificados, com frequência de formações nesta área. Contudo, é indispensável envolver todos

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

21

os colaboradores da equipa que podem assumir um papel ativo, nomeadamente na triagem dos utentes que

possam beneficiar do serviço e ainda na recolha de alguns dados (como a determinação de parâmetros). 20

As consultas de CF são serviços geralmente mais demorados do que uma situação normal de atendimento

e, como tal, devem decorrer numa área reservada e confortável na qual constem todos os equipamentos e

materiais necessários para a determinação da pressão arterial e dos parâmetros bioquímicos (visto que em

algumas consultas é necessário efetuar estas determinações). Idealmente, no local das consultas deve ainda

existir um computador com software SiFarma® (para poder facilmente aceder à ficha de acompanhamento

do utente) e acesso à internet. 20 No caso da FDM o local que reúne todas estas condições é o gabinete do

utente tendo sido este o escolhido para a realização das referidas consultas.

Uma outra questão muito importante é a criação e organização de um dossier com os processos de todos

os doentes intervencionados e que deve incluir: a declaração de consentimento informado do utente (anexo

XV), cópias de cartas enviadas ao médico (anexo XVI), as folhas de registo de seguimento SOAP (Subjetivo,

Objetivo, Avaliação, Plano) (anexo XVII), registos da terapêutica (anexo XVIII), registos de parâmetros

(anexo XIX) e ainda outros documentos que possam ser pertinentes para a prática clínica. Para facilitar a

consulta deste dossier, os doentes são identificados por um código alfa-numérico constituído por um número

e as iniciais do nome do utente. 20

Após preparação de todos os aspetos referidos segue-se a fase de divulgação do serviço. Os CF são ainda

serviços inovadores em Portugal e por isso desconhecidos para grande maioria dos doentes. Neste sentido é

importante promover as consultas de CF junto dos doentes, explicando em que é que consistem e quais os

seus benefícios. Assim que foram reunidas todas as condições para a prestação de CF na FDM, o serviço foi

oportunamente divulgado durante o atendimento ao público, por todos os colaboradores, tendo sido ainda

distribuído um folheto informativo aos utentes (anexo XX). Decidi elaborar os folhetos, referentes à

divulgação do serviço de CF, com a explicação do que é uma consulta de revisão da terapêutica, quais os

seus objetivos, em que consiste a avaliação da terapêutica, qual o custo associado e o que fazer para usufruir

do serviço, uma vez que a veiculação de informação por escrito acaba por permitir uma comunicação mais

eficaz com o utente. A disposição dos folhetos informativos na zona de atendimento teve um forte impacto,

uma vez que os utentes mostravam interesse pelo serviço perguntando aos colaboradores da farmácia do que

se tratava ainda antes de sugerir a oportunidade de o mencionar. Apesar de na FDM terem sido instituídas

consultas de RT e SF, os folhetos contemplam apenas as primeiras, uma vez que a oferta do serviço se

iniciou sempre por uma consulta de RT, sendo que o seguimento do utente apenas foi feito em situações

específicas. As consultas de RT são uma boa forma de iniciar o serviço por permitirem avaliar quais os

doentes mais indicados para fazer um acompanhamento por apresentarem determinados critérios que carecem

de intervenções sucessivas, tal como veremos adiante. Além da divulgação no momento de atendimento,

durante o qual o doente era abordado acerca deste novo serviço existente na farmácia, as consultas de CF

foram também publicitadas na página de facebook da farmácia com o intuito de chegar ao maior número

possível de utentes.

4. PROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOS

De uma forma geral pode afirmar-se que os medicamentos são essenciais para a melhoria da qualidade de

vida de um doente, desde que prescritos e dispensados corretamente. Caso contrário não se verifica sucesso

terapêutico podendo até desenvolver-se problemas de saúde. Para maximizar a probabilidade de sucesso

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

22

recorrendo ao uso de fármacos estes devem: ser necessários, estar disponíveis, apresentar qualidade, ser

corretamente prescritos, dispensados e utilizados. Normalmente as falhas na farmacoterapia surgem devido a

problemas de necessidade, efetividade ou segurança. Um medicamento é considerado necessário sempre que

é prescrito ou indicado com o objetivo de tratar ou prevenir um determinado problema de saúde. Por

exemplo, um utente que apresente repetidamente valores de pressão arterial elevados sofre de hipertensão

arterial e como tal necessita de um fármaco anti-hipertensor. A efetividade de um fármaco pode ser

considerada como uma medida do êxito em atingir os efeitos pretendidos num dado doente, quando utilizado

de acordo com as indicações terapêuticas para as quais está aprovado. Retomando o exemplo do anti-

hipertensor, este é considerado efetivo se normalizar os valores elevados de pressão arterial quando

administrado corretamente. A segurança refere-se à administração de uma dada substância sem que se

verifiquem efeitos indesejáveis, como o agravamento de um problema de saúde pré-existente ou surgimento

de um novo. Na situação anterior, caso o fármaco selecionado provocasse cefaleias, fadiga e diarreia (ou

outros quaisquer efeitos adversos) o medicamento deveria ser considerado não seguro. 19

Os problemas relacionados com a medicação (PRM) dependem essencialmente de questões de

necessidade, efetividade e segurança e podem ser definidos como sendo problemas de saúde ou resultados

clínicos negativos devidos à farmacoterapia que, por diversas causas, conduzem ao não alcance dos objetivos

terapêuticos ou aparecimento de efeitos não desejados. 21 Os PRMs podem classificar-se em 6 categorias de

acordo com a necessidade, efetividade e segurança, que se encontram esquematizadas na tabela 1.

Tabela 1 Classificação de PRMs de acordo com o Segundo Consenso de Granada, 2002.

NECESSIDADE

PRM 1 O doente tem um problema de saúde por não utilizar a medicação que necessita.

PRM 2 O doente tem um problema de saúde por utilizar um medicamento que não necessita.

EFETIVIDADE

PRM 3

O doente tem um problema de saúde por uma inefetividade não quantitativa da

medicação.

PRM 4 O doente tem um problema de saúde por uma inefetividade quantitativa da medicação.

SEGURANÇA

PRM 5 O doente tem um problema de saúde por uma insegurança não quantitativa.

PRM 6 O doente tem um problema de saúde por uma insegurança quantitativa.

Na referida classificação, o PRM é considerado quantitativo sempre que a magnitude dos efeitos é

dependente da dose do fármaco e não quantitativo quando não depende da quantidade administrada. Para

avaliar este tipo de PRMs é importante considerar a dose mínima efetiva e a dose máxima segura, ou seja, a

margem terapêutica. 22 Neste sentido considera-se que um excesso do medicamento pode causar problemas

de segurança quantitativos e que a insuficiência de dose pode provocar uma inefetividade quantitativa.

Contudo, existem efeitos que não dependem da quantidade, como é o caso das alergias a determinadas

substâncias que se manifestam independentemente da dose à qual o doente é exposto, sendo que nesta

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

23

situação estamos perante um problema de segurança não quantitativo. Quando um dado fármaco é

administrado na dose máxima segura e ainda assim não se verificam os efeitos terapêuticos desejados

estamos perante um problema de efetividade não quantitativo e, provavelmente, a melhor opção passa pela

troca da SA. 22

A identificação de PRMs pode reportar-se a duas situações distintas: a primeira relacionada com

problemas de saúde com manifestações clinicas e que exigem a intervenção do farmacêutico, e a segunda em

situações ainda sem manifestação clínica mas cuja probabilidade de ocorrência e gravidade são elevadas,

exigindo também a intervenção do farmacêutico para as prevenir. Existem alguns autores que distinguem

estas duas situações, definindo como PRM toda e qualquer situação que constitua um risco para o utente e

coloque em causa o sucesso terapêutico ou desenvolvimento de problemas de saúde; e como RNM (resultado

negativo da medicação) todas as manifestações clínicas que se afastem do objetivo terapêutico e constituam

problemas de saúde para o utente. 22 No fundo, nesta nomenclatura, os PRMs constituem os riscos associados

à utilização incorreta dos medicamentos e os RNMs devem-se a PRMs não corrigidos. 22 Contudo, qualquer

que seja a designação utilizada o principal objetivo passa por identificar os resultados negativos decorrentes

da terapêutica ou o risco do seu desenvolvimento atuando o mais precocemente possível.

5. CONSULTA DE REVISÃO DA TERAPÊUTICA

Na FDM, a implementação das consultas de CF começou com a oferta aos utentes de uma consulta

gratuita de RT. A oferta deste serviço foi dirigida a todos os utentes, em particular aqueles com patologias

não controladas e/ou em regime de polimedicação. O arranque com um serviço mais generalista permitiu,

não só dar a conhecer as potencialidades e benefícios dos CF, mas também fazer uma triagem dos doentes

mais indicados para outro tipo de intervenção, nomeadamente o SF.

A consulta de RT consiste na avaliação sistemática do processo de uso de todos os medicamentos

utilizados por um determinado doente, com o objetivo de otimizar os resultados terapêuticos, através da

identificação e resolução de PRM’s e promoção do conhecimento acerca dos medicamentos. Este é um

serviço focado no processo de uso dos medicamentos e não nos efeitos do seu uso, e como tal visa identificar

situações de utilização incorreta dos medicamentos que condicionam o alcance dos objetivos terapêuticos. 23

Atualmente os medicamentos são a base da terapêutica de praticamente todos os doentes sendo, na grande

maioria dos casos, os responsáveis pelo controlo dos sinais e sintomas das patologias que acometem a

população. Os medicamentos são um dos nossos maiores aliados e com a crescente investigação e

desenvolvimento da indústria farmacêutica são cada vez mais os fármacos que temos à nossa disposição, o

que acaba por ser uma vantagem mas que pode traduzir-se num aumento de dúvidas e erros por parte dos

utentes. Numa população cada vez mais envelhecida, em regime de polimedicação, com menor

disponibilidade de médicos e menor acessibilidade aos serviços de saúde é indispensável a intervenção do

farmacêutico que deve contribuir para a melhoria da literacia em saúde dos utentes e promover a correta

utilização dos medicamentos. Com este tipo de intervenção é possível diminuir os níveis de morbi-

mortalidade associada ao uso de fármacos e ainda reduzir os custos desnecessários em saúde (que muitas

vezes se devem a erros de medicação que resultam em doenças não controlas e em idas ao SNS que poderiam

ser evitadas). 23

As consultas de RT pretendem dar resposta aos problemas supracitados e, como se tratam de um serviço

diferenciado, carecem de marcação da data da consulta para a qual o utente deverá fazer-se acompanhar do

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

24

designado “saco dos medicamentos”, no qual deverá colocar todos os medicamentos em uso, bem como

suplementos alimentares, infusões, vitaminas, entre outros produtos que possam ser relevantes para o sucesso

terapêutico. Este tipo de consulta divide-se em três etapas principais: a identificação do utente e das suas

patologias, a análise do “saco dos medicamentos” e por fim o aconselhamento e intervenção farmacêutica.

Inicialmente é importante identificar os problemas de saúde do doente, tentando perceber quais os sinais e

sintomas que o incomodam, se o problema em questão está ou não controlado e ainda a sua evolução ao

longo do tempo. Posteriormente, para cada um dos medicamentos e outros produtos presentes no saco dos

medicamentos devem ser realizadas algumas questões com vista a avaliar o processo de uso dos

medicamentos registando as informações obtidas na folha de Registo da Terapêutica (anexo XX). Nesta fase

da consulta os aspetos mais importantes a avaliar são:

Indicação terapêutica para a qual o medicamento é usado, procurando avaliar se o utente sabe a que se

destina cada um dos fármacos;

Qual a dose, frequência e via de administração usadas pelo doente;

Como e quando é que o doente toma o medicamento (antes ou depois das refeições, com água/sumo,

etc.)

Quais as precauções que o doente tem com a toma do medicamento;

Quais as condições de conservação do medicamento;

Se existem dificuldades ou até dúvidas;

Qual o grau de adesão à terapêutica.

Posteriormente, e caso sejam detetados PRM relacionados com o uso dos medicamentos (erros de

posologia, na forma de administração, falta de adesão à terapêutica ou outros), o farmacêutico deverá intervir

no sentido de prestar aconselhamento verbal e escrito sobre a terapêutica, explicando a sua correta utilização.

Na fase de intervenção é também indispensável que o utente compreenda a importância do cumprimento do

regime terapêutico, procurando que se responsabilize, juntamente com o farmacêutico, pelos seus resultados

clínicos. Além disto, pode ser necessário prestar aconselhamento sobre medidas não farmacológicas e ainda

utilização dos dispositivos de autovigilância. Neste tipo de consultas pode também ser importante avaliar o

impacto económico da terapêutica na vida do doente. Em algumas situações o não cumprimento do regime

terapêutico está associado aos elevados custos que os medicamentos apresentam e que para muitos utentes

não são comportáveis. A intervenção do farmacêutico pode ser fundamental e passa essencialmente por

apresentar ao utente opções mais baratas (no caso de existirem genéricos da medicação habitual) diminuindo

o encargo mensal e reunindo condições para o cumprimento da terapêutica. Dado que existem utentes que se

recusam à toma de genéricos, antes de apresentar a sugestão de alteração é importante explicar

detalhadamente ao utente que a eficácia, segurança e qualidade deste tipo de medicamentos é igual à dos de

marca.

Nas consultas de RT que realizei, pude verificar que a grande maioria dos doentes idosos não sabe a que

se destina cada um dos medicamentos que compõem o seu regime terapêutico, motivo pelo qual muitas vezes

falham algumas tomas. O não cumprimento da posologia foi uma das situações com a qual mais

frequentemente me deparei, sobretudo no que diz respeito a medicamentos de uso crónico. Um caso muito

flagrante é a cessação, por parte dos doentes, da toma de fármacos hipocolesterolemiantes quando verificam,

através de análises sanguíneas, que o valor de colesterol total já atingiu o objetivo terapêutico. Existem

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

25

também utentes que “saltam” algumas tomas dos referidos fármacos nos dias em que fazem uma alimentação

mais ligeira. Nestas situações procurei explicar ao doente a importância da terapêutica ser contínua e

independente do regime alimentar (contudo, incentivando uma dieta equilibrada) por forma a impedir que os

valores de colesterol subam novamente, reforçando que situações de hipercolesterolémia são importantes

fatores de risco cardiovascular. Outra situação também muito frequente e na qual tive oportunidade de

intervir refere-se à forma como os doentes administram a medicação comprometendo a sua eficácia. Os

bifosfonatos são uma das classes de fármacos mais frequentemente associada a erros de toma, uma vez que

os doentes desconhecem que estes devem ser administrados em jejum (espaçados meia hora da ingestão de

alimentos ou outros medicamentos) e numa posição vertical que deve manter-se durante cerca de 30 minutos

com vista a diminuir o risco de esofagite.

6. CONSULTA DE SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO

A FDM é frequentada por utentes com as mais variadas características, estando alguns deles com regimes

posológicos perfeitamente adequados e outros com sérios problemas de saúde decorrentes, entre muitos

motivos, de erros relacionados com a medicação. O serviço de SF pretende dar resposta a este tipo de

situações e ainda melhorar os resultados clínicos dos doentes. A identificação dos doentes-alvo para este tipo

de consulta pode ocorrer durante a dispensa de medicamentos ou então na prestação de outro serviço

farmacêutico como a determinação de parâmetros bioquímicos. Os utentes que mais podem beneficiar das

consultas de SF são os que cumprem, pelo menos, um dos seguintes critérios: problemas de saúde não

controlados, terapia com 4 ou mais fármacos, terapia de longa duração e/ou para doenças crónicas, mais de

65 anos de idade ou alta hospitalar nas últimas 4 semanas. 20 As consultas de SF baseiam-se na obtenção da

história farmacoterapêutica do doente (problemas de saúde que apresenta, medicamentos que utiliza e

evolução do estado de saúde) e na avaliação do estado de situação numa determinada data, de forma a

identificar e resolver os possíveis PRM/RNM através das intervenções farmacêuticas necessárias. Este é um

serviço claramente mais completo do que a consulta de RT uma vez que após a primeira avaliação se

agendam outras marcações com o objetivo de reavaliar os resultados obtidos e acompanhar o utente. Para

além disso, o SF distingue-se da RT, por ser um serviço mais focado nos resultados da utilização da

medicação e não tanto no processo de uso, apesar de este último ponto também ser avaliado durante a

entrevista. 19, 22

Na FDM o método SOAP foi a ferramenta escolhida para a documentação e organização das consultas de

SF, contudo importa realçar que existem outras opções como é o caso do método de Dáder comummente

utilizado neste tipo de prática. A opção pelo método SOAP deveu-se essencialmente ao facto de alguns dos

profissionais da equipa da farmácia já possuírem formação acerca deste tipo de metodologia. A abordagem

SOAP consiste na recolha de dados subjetivos (S) do doente e dados objetivos (O) confirmados pelo

profissional de saúde com vista a efetuar a avaliação (A) do estado de situação e instituir um plano (P) de

cuidados farmacêuticos adequado. 20

O serviço de SF desenrola-se em 8 etapas principais (que se encontram esquematizadas no anexo XXI):

entrevista inicial, estado de situação, fase de estudo, fase de avaliação, plano de cuidados farmacêuticos,

intervenção farmacêutica, monitorização dos resultados da intervenção e acompanhamento do doente. Na

primeira entrevista ao utente é indispensável recolher toda a história clínica e farmacoterapêutica, bem como

preocupações relacionadas com a terapêutica, eventuais queixas e ainda alguns hábitos relacionados com o

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26

estilo vida (regime alimentar, consumo de tabaco, prática de exercício físico, entre outras questões). Por este

motivo é indispensável que o doente se faça acompanhar do saco dos medicamentos, do último boletim de

análises clínicas e outros exames de interesse, de dispositivos de autovigilância e ainda do guia do diabético

(se aplicável). 20

A entrevista deve iniciar-se com uma pergunta aberta com o intuito de perceber quais os problemas de

saúde que mais preocupam o doente e ainda se sente algum desconforto e/ou reação adversa que considere

pertinente. Em seguida, deve proceder-se à recolha de informação acerca da medicação, que deve ocorrer tal

como na consulta de RT. Para cada medicamento devem ser colocadas ao utente questões fechadas com o

intuito de perceber quem prescreveu o fármaco, qual a indicação terapêutica, há quanto tempo toma, qual a

dose, posologia, via de administração, se sentiu melhorias ou algum desconforto desde o início da terapêutica

e ainda quais as precauções com a administração (em jejum, após refeição, etc.). Tendo em conta as respostas

do doente, o farmacêutico deve avaliar o seu conhecimento em relação a cada medicamento e ainda o grau de

cumprimento da terapêutica. 22 A entrevista deve terminar com um breve resumo por parte do farmacêutico

que deve procurar perceber se o utente referiu todos os medicamentos que toma, bem como todos os

problemas de saúde ou outro tipo de informação pertinente. Note-se que durante a entrevista pode ser

pertinente proceder à determinação de alguns parâmetros biológicos como a pressão arterial, glicemia

ocasional/em jejum, colesterol total, peso, altura e IMC (índice de massa corporal).

O estado de situação consiste na organização e registo de todos os dados obtidos nas folhas SOAP, registo

de parâmetros e registo da terapêutica. O principal objectivo desta fase é sintetizar a informação fornecida

pelo utente e torná-la mais fácil de estudar e avaliar. 22 A avaliação do utente carece da existência de uma

fase de estudo com vista a reunir toda a informação necessária junto de fontes bibliográficas adequadas e

referidas no capítulo 1. Sobre o medicamento é indispensável conhecer o seu mecanismo de ação, as

indicações terapêuticas, a dose máxima e regime posológico, as interações medicamentosas e alimentares, as

contra-indicações e ainda as reações adversas mais comuns. Acerca dos problemas de saúde o farmacêutico

deve conhecer os mecanismos fisiopatológicos envolvidos, quais os objetivos terapêuticos a atingir naquele

doente e quais os parâmetros que devem ser monitorizados para avaliar a evolução da doença.

Terminada esta etapa segue-se a fase de avaliação que consiste em analisar criticamente os dados

objetivos e subjetivos do doente, a terapêutica utilizada (com vista à identificação de PRMs de acordo com o

esquema presente no anexo XXII) e ainda outros problemas de saúde identificados durante a consulta.

Posteriormente, com base na avaliação efetuada é necessário definir qual o plano de cuidados farmacêuticos

mais adequado ao doente e que integra a definição dos objetivos terapêuticos a atingir, a intervenção

farmacêutica necessária para resolução dos PRMs/RNMs detetados e ainda a marcação da próxima visita.20 A

intervenção farmacêutica pode ser de dois tipos: farmacêutico-doente (sempre que o PRM/RNM tem na base

causas que resultam do uso incorreto do medicamento por parte do doente) ou farmacêutico-doente-médico

(quando a estratégia idealizada pelo médico não permite o alcance dos objetivos terapêuticos ou há

necessidade de nova avaliação). 22 No caso da primeira situação, a intervenção farmacêutica deverá ser oral e

escrita e poderá consistir no aconselhamento sobre a terapêutica e/ou medidas não farmacológicas, no ensino

do uso correto dos dispositivos de autovigilância, na notificação de reações adversas ao Serviço Nacional de

Farmacovigilância (caso se trate de um PRM 5), na prestação de um serviço de indicação farmacêutica para

resolução de eventuais problemas de saúde, na referenciação a uma consulta médica (de rotina ou urgente) ou

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27

outras medidas que possam ser pertinentes. Caso seja necessária uma intervenção farmacêutico-doente-

médico deverá ser enviada uma carta ao médico com a identificação do doente, motivos de referência à

consulta médica, intervenção farmacêutica efetuada, terapêutica atual do utente e determinações efetuadas na

farmácia. 20

Independentemente do tipo de intervenção farmacêutica efetuada é indispensável monitorizar e

registar os resultados obtidos, procurando averiguar se os PRMs/RNMs detetados foram corrigidos e se o

estado de saúde do utente evoluiu positivamente. Esta monitorização pode ocorrer numa visita programada

do utente à farmácia mas também em situações de dispensa de rotina ou determinação de parâmetros

bioquímicos. Numa situação ideal, ou seja, em que todos os PRMs/RNMs detetados foram corrigidos, o

acompanhamento do doente deverá continuar, contudo poderá ser menos frequente. No entanto, sempre que

surja uma situação de alerta devem ser recolhidos novos dados e idealizado um novo plano de cuidados

farmacêuticos. Nos casos em que os PRMs/RNMs detetados não são corrigidos o farmacêutico deverá manter

um controlo mais minucioso do utente, reavaliando-o mais frequentemente e, se necessário, deverá ser

instaurando um novo plano de cuidados farmacêuticos. 20

As consultas de SF são mais demoradas do que as consultas de RT, que demoram cerca de 20 a 30 minutos,

uma vez que para além de informação sobre os medicamentos é necessário recolher informação sobre o

estado de saúde do utente, dos problemas que o preocupam e da evolução da doença. Por este motivo a

primeira consulta de SF pode ter uma duração de 40 minutos, contudo as consultas de reavaliação são menos

demoradas tendo uma duração de cerca de 20 minutos.

Durante as consultas de SF foi possível intervir em diversas situações, algumas delas simples mas com forte

impacto nos resultados clínicos dos doentes, como por exemplo o incentivo da monitorização de parâmetros

biológicos como forma de avaliação do estado da doença (como o controlo da pressão arterial em individuos

hipertensos e controlo da glicemia em diabéticos) e ainda o reconhecimento de determinados sinais e

sintomas que possam sugerir períodos de agravamento de determinadas patologias (como é o caso das

situações de hipotensão e hipoglicemia).

7. EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

O farmacêutico é, tal como já foi sendo referido, o profissional de saúde de mais fácil acesso e com o qual

o doente pode facilmente entrar em contacto. Normalmente estabelece-se uma relação de confiança e

descontração entre o utente e o farmacêutico que permite que se criem as condições necessárias para a

maioria das intervenções farmacêuticas integradas nos CF. Uma dessas mesmas intervenções é a educação

para a saúde, um processo ativo que pretende fornecer à população, conhecimentos, aptidões e atitudes que

visam prevenir e lidar com a doença. 2 Ao aumentar os conhecimentos do utente em saúde estamos a

oferecer-lhe a possibilidade de participar ativa e conscientemente na tomada de decisões acerca da sua saúde.

Neste sentido, pretende-se que o doente assuma maior responsabilidade no que diz respeito à sua própria

saúde contribuindo ele próprio para o alcance dos resultados terapêuticos.

A educação para a saúde tem como objetivo mudar os comportamentos individuais de risco e assim,

melhorar a saúde das pessoas através da prevenção da doença, da promoção da saúde e ainda do aumento da

autonomia dos doentes. Importa referir que as estratégias de educação para a saúde não têm como alvo

apenas os indivíduos doentes, mas também indivíduos perfeitamente saudáveis, fornecendo-lhes informações

úteis e pertinentes para manter a saúde e prevenir doenças.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

28

No ambiente de uma farmácia comunitária, pelos mais variados motivos, surgem situações que podem

propiciar ao farmacêutico intervir no sentido de aumentar a literacia em saúde do doente. Todos os contactos

na farmácia comunitária são um bom momento, desde a dispensa de medicamentos, passando pela indicação

farmacêutica, SF, RT e determinação de parâmetros biológicos, para que o farmacêutico forneça ao doente

um conjunto de informações pertinentes e personalizadas. Na maioria destas intervenções o farmacêutico

recolhe dados que lhe permite selecionar qual o tipo de informação mais pertinente a fornecer ao doente.

Posteriormente, o farmacêutico deve recorrer ao diálogo e às mais diversas estratégias de comunicação para

sugerir alterações comportamentais e motivar o utente para a necessidade de se informar cada vez mais e

melhor sobre questões relacionadas com a saúde. Para que de facto o farmacêutico se consiga “fazer ouvir”

deve trabalhar a informação de modo a que esta seja personalizada, de acordo com os padrões culturais e

comportamentais e em conformidade com o estado fisiológico ou patológico do utente. A fim de garantir que

o doente compreende todas as informações que lhe estão a ser fornecidas, o profissional de saúde pode ainda

oferecer-lhe informação escrita que poderá ser consultada sempre que surjam dúvidas. 2

Ainda no âmbito destas atividades o farmacêutico pode desenvolver programas de prevenção da doença

que devem estar focados na diminuição dos fatores de risco e no atraso da progressão da doença, podendo

inclusive instaurar campanhas de promoção de rastreio de determinadas doenças (situação discutida

adiante).2

8. ESTUDO DE CASO

HM é um homem com 76 anos que se dirige à FDM para a dispensa habitual dos medicamentos.

Mediante a apresentação da prescrição médica (receita informatizada) pude verificar que o utente recorre

diariamente a 12 fármacos para o tratamento de diversas patologias. Ao inquirir o utente acerca do seu estado

de saúde percebi que sofre de Diabetes Mellitus tipo 2, Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP), Hipertensão

arterial (HTA), Hipercolesterolémia, Insuficiência Cardíaca, tendo inclusive sofrido um Enfarte Agudo do

Miocárdio no início de 2015. Adicionalmente, ao questionar o utente acerca do controlo dos problemas de

saúde, foi possível verificar que não efetua controlo dos níveis de açúcar, acabando por afirmar “às vezes

faço a picada do dedo, mas quando faço dá-me sempre valores de 160 logo de manhã”. Por todos estes

motivos, convidei o utente a realizar uma consulta de SF com vista a solucionar alguns problemas evidentes

(ausência de controlo glicémico) e ainda avaliar a terapêutica instituída.

Primariamente analisei a ficha do utente, consultando o histórico de compras e de determinações

efetuadas na farmácia. Verifiquei que este realiza frequentemente determinações de pressão arterial e como

tal os valores presentes na ficha de acompanhamento foram impressos e anexados ao processo do utente.

No dia marcado o utente apresentou-se na farmácia, fazendo-se acompanhar do saco dos medicamentos,

do último boletim de análises e do resultado do último exame à próstata. Iniciada a consulta o utente

queixou-se de dores frequentes no pé direito que ocasionaram duas visitas ao hospital num período de 15 dias

e que acrescentaram à sua terapêutica atual naproxeno 500 mg, Fisicalm S® e Profenid® 100 mg/2mL

(sendo que as injeções foram administradas apenas durante 4 dias). Para além disso, referiu o aparecimento

de lesões na pele (sobretudo nos braços) que relacionou com o contacto com coelhos portadores de uma

infeção fúngica. Na sequência deste problema solicitei ao utente que mostrasse as lesões para observação, e

pude concluir, pelo aspeto das mesmas (erupções arredondadas de tons rosados e avermelhados com

aparência mais clara no centro), que se tratava de uma tinha corporal.

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29

A análise das determinações de pressão arterial realizadas na farmácia mostrou que o problema de HTA

se encontra controlado uma vez que todos os valores obtidos se situavam abaixo de 140/90 mm Hg (valor de

pressão arterial recomendado). A análise do boletim analítico não apresentava irregularidades, apesar de os

valores de colesterol-HLD serem inferiores a 50 mg/mL (valor mínimo recomendado para o homem).

Relativamente ao problema da próstata, tendo por base os exames fornecidos pelo utente e também as suas

respostas relativas aos sintomas deste problema (incontinência urinária, sensação de micção incompleta, entre

outros) foi possível concluir que se encontrava controlado. Nesta fase da consulta os principais problemas

residiam na infeção fúngica dermatológica, no facto de não haver controlo glicémico e ainda nos valores

esporádicos em jejum rondarem os 160 mg/mL.

Após recolhidas estas informações, a consulta seguiu no sentido de avaliar o saco dos medicamentos,

tendo sido possível preencher o registo da terapêutica (anexo XXIII). Durante a consulta foi possível verificar

que conhecimento em relação a alguns dos medicamentos habituais é bastante débil, uma vez que o utente

mostrou muitas dúvidas relativamente à posologia de alguns dos fármacos, sendo inclusive detetadas algumas

discrepâncias entre a posologia prescrita e a praticada pelo utente.

Após a fase de estudo (pesquisa de guidelines terapêuticas, resumos das características dos medicamentos

(RCM), entre outras fontes) foi possível detetar alguns problemas associados aos medicamentos em uso.

Segundo informação veiculada no RCM da espironolactona 25 mg, a toma concomitante deste fármaco e de

um IECA (inibidor da enzima conversora da angiotensina), como o ramipril 2,5 mg, não se encontra

recomendada por serem ambos poupadores de potássio o que pode resultar numa elevação dos níveis

sanguíneos deste elemento com implicações a nível cardíaco, tratando – se de um PRM do tipo 5. Tendo em

conta o historial clínico do utente HM esta situação foi um dos motivos de referência a uma consulta de

rotina ao médico, tendo sido escrita uma carta ao médico com vista a informá-lo deste problema. Para além

desta situação, também as discrepâncias posológicas de alguns fármacos foram reportadas ao médico, com

vista a que este analisa-se o regime terapêutico do utente. Estas informações foram veiculadas ao médico via

carta (anexo XXIV), informando-o das irregularidades encontradas e ainda das medidas adotadas na consulta

de SF.

Para além disto, pude efetuar uma intervenção farmacêutico-doente que consistiu no tratamento da tinha

corporal do utente, através da dispensa de um creme de terbinafina 10mg/g (da labesfal®) e ainda de uma

solução desinfectante para limpeza das lesões (cyteal®). Foram fornecidas ao utente todas as indicações de

utilização dos produtos e solicitei-lhe que cada vez que se deslocasse à farmácia mostrasse as suas lesões

para avaliação da recuperação. Para além disto, pedi-lhe que iniciasse o registo dos valores de glicemia e

posteriormente os mostrasse na farmácia com vista a avaliar se a terapêutica antidiabética instaurada estava

ou não a ser efetiva. Em relação às queixas acerca das dores no pé direito foi-lhe aconselhada a utilização de

um pé elástico até à próxima avaliação pelo médico, tendo-lhe sido recomendado que recorresse aos AINE’s

(anti-inflamatórios não esteróides) apenas em situações de S.O.S. com vista a evitar problemas gástricos e

ainda elevações da pressão arterial (uma vez que este tipo de fármaco pode elevar os referidos valores, o que

é especialmente importante num doente com HTA e história de EAM). Além desta questão, tendo em conta o

facto de associações entre os AINE’s e o clopidogrel ou o ácido acetilsalicílico aumentarem o risco de

hemorragias (situação descrita no RCM dos referidos fármacos) aconselhei ao utente que estivesse atento a

perdas de sangue e contactasse o médico caso tal se verificasse. Para além disso, prestei ao utente

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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aconselhamento sobre medidas não farmacológicas importantes a adotar e ainda sobre o regime terapêutico.

Relativamente às medidas não farmacológicas aconselhei ao utente um regime alimentar mais adequado, a

prática de exercício físico (também ela adequada à idade, condição física e problemas de saúde do doente)

tendo-lhe explicando também quais os sinais e sintomas aos quais deveria prestar atenção (situações de hipo

e hiperglicémia) e ainda como proceder caso surgissem. Dada a falta de adesão à terapêutica foi também

explicado ao doente, para cada medicamento, a indicação terapêutica, o regime posológico e eventuais

precauções com a toma numa tentativa de o consciencializar para o cumprimento do regime terapêutico.

Toda a informação recolhida, bem como as intervenções efectuadas foram registadas na folha SOAP do

utente (anexo XXV).

O utente HM já visitou a FDM desde o dia da consulta de SFT e foi possível verificar que as lesões

dermatológicas se encontram bastantes melhores, avançando no caminho da cura. Contudo ainda não foi

possível avaliar o registo dos níveis de glicemia (uma vez que o doente ainda não os forneceu), nem foi

obtida uma resposta ou alteração ao regime terapêutico por parte do médico uma vez que ainda não foi

possível ao utente agendar consulta médica.

9. CONCLUSÃO

Os CF são, sem dúvida, um tema que merece a atenção de toda a comunidade de farmacêuticos uma vez

que são imensas as intervenções que podem melhorar significativamente a qualidade de vida e saúde dos

utentes. Após implementação deste projeto foi possível constatar que implica um forte compromisso por

parte do farmacêutico com um acréscimo da carga trabalho, dado que este tipo de serviços requer tempo para

a sua preparação, prestação e documentação, mas que acaba por trazer benefícios ao doente, ao farmacêutico

(que passa a ser mais valorizado enquanto profissional de saúde) e ainda à própria farmácia por prestar um

serviço diferenciado.

Como se tratou de um projeto relativamente inovador na FDM, a sua implementação demorou algum

tempo, o que acabou por ser uma desvantagem por limitar o número de intervenções realizadas (tendo sido

realizadas 4 consultas de SF e 9 de RT). Contudo, após arranque do serviço foram alcançados bons resultados

e de uma maneira geral os utentes ficaram satisfeitos e reconheceram vantagem em ser acompanhados na

farmácia. Na maioria dos casos analisados a intervenção farmacêutica fez a diferença e contribuiu para a

melhoria dos resultados clínicos dos utentes, o principal objetivo do projeto. A tendência é aumentar o

número de intervenções realizadas, uma vez que o serviço será mantido na FDM apesar do término do

estágio, por ser uma mais-valia para os doentes.

Tendo em conta os diversos casos presenciados na FDM e ainda o aumento dos problemas associados ao

uso dos medicamentos, a prestação deste tipo de serviços é uma necessidade iminente e pode ser uma boa

forma de redefinir o papel e impacto das farmácias na sociedade.

A realização deste projeto a nível pessoal foi uma excelente forma de aprofundar conhecimentos nas mais

diversas patologias e medicamentos, e também de perceber qual o impacto real que o farmacêutico pode ter

na saúde dos doentes.

TEMA 2: RASTREIO CARDIOVASCULAR

1. INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de morte em Portugal e também noutros

países europeus. Segundo dados da Direção Geral de Saúde (DGS), no ano de 2013 este tipo de patologia foi

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

31

responsável por cerca de 29,5% das mortes ocorridas em território nacional. Apesar de as DCV se

apresentarem como a principal causa de morte há já alguns anos, têm-se constatado uma tendência

decrescente neste fenómeno comprovada pelo facto de desde de 1988 (ano no qual a taxa de mortalidade por

DCV foi de 44.4%) se verificar uma diminuição da taxa de morte por DCV até ao mínimo registado em

2013. 24 Este resultado positivo deve-se sobretudo ao aumento do conhecimento sobre este tipo de doença e

seus fatores de risco e à instauração de terapêuticas mais apropriadas, o que permitiu um controlo mais

efetivo da patologia. Contudo, existe ainda um grande caminho a percorrer pelo que é necessário continuar a

diminuir as referidas taxas de mortalidade, intervindo não só no tratamento de indivíduos doentes mas

também na prevenção de indivíduos saudáveis.

Na FDM são várias as oportunidades de intervenção neste sentido e que podem passar por prestar

aconselhamento a indivíduos com terapêutica instaurada, sensibilizar a população para adoção de estilos de

vida saudáveis, promover rastreios de modo a identificar indivíduos em risco, aconselhar produtos que

possam contribuir pata a melhoria dos fatores de risco (suplementos alimentares, MNSRM), entre outras

ações que podem contribuir positivamente para a diminuição deste problema. O principal objetivo em

desenvolver um projeto relacionado com as DCV (nomeadamente um rastreio cardiovascular) consiste em

valorizar a farmácia enquanto espaço de saúde e o farmacêutico enquanto profissional de saúde, melhorar a

saúde da população, contribuir positivamente para resolução de problemas de saúde pública e promover

ações de educação para a saúde. Pretende-se com este rastreio identificar indivíduos em risco de desenvolver

DCV e atuar atempadamente no sentido de as evitar.

2. FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

O termo doença cardiovascular é bastante abrangente e refere-se a patologias que acometem o coração, os

vasos sanguíneos e também o cérebro. Incluem-se nesta categoria o EAM, o AVC (acidente vascular

cerebral), entre outras patologias que possam resultar de alterações dos vasos ou do músculo cardíaco. Numa

situação de EAM há uma diminuição ou interrupção brusca do fluxo sanguíneo que chega ao coração

resultando na morte de células do músculo cardíaco por défice de oxigénio. O AVC é também uma

emergência médica com manifestações neurológicas e que resulta de danos ao nível dos vasos sanguíneos

cerebrais, como o rompimento de um trombo ou obstrução. 25

A maioria das lesões referidas resulta do desenvolvimento de aterosclerose, uma alteração vascular

silenciosa, que quando origina sinais e sintomas já se encontra instalada. A aterosclerose é uma doença

multifatorial que se desenvolve lenta e progressivamente de acordo com alterações celulares e moleculares

específicas relacionadas com a acumulação de lípidos, células inflamatórias e elementos fibrosos. O resultado

final é a formação de placas de ateroma na parede das artérias que limitam o fluxo sanguíneo podendo

mesmo causar a sua obstrução. 26 Uma vez que se trata de um processo inflamatório que se inicia com a

elevação dos níveis plasmáticos de colesterol são vários os fatores e marcadores envolvidos (esquematizados

na tabela do anexo XXVI).

O início do processo aterosclerótico acontece em resposta a uma lesão endotelial que pode ser

despoletada por interação de vários fatores como: anormalidades metabólicas e nutricionais, hiperlipidemias,

forças mecânicas associadas à hipertensão arterial, toxinas exógenas (presentes no tabaco por exemplo)

proteínas anormalmente glicosiladas associadas à diabetes mellitus, lípidos ou proteínas oxidadas e,

possivelmente, infecções virais e bacterianas. 26 Estes fatores causam alterações no endotélio vascular e na

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

32

sua permeabilidade permitindo a penetração das partículas lipídicas (nomeadamente as LDL (low-density-

lipoproteins) que se ligam à matriz extracelular levando à formação de agregados. Consequentemente, os

monócitos circulantes aderem às células endoteliais que expressam moléculas de adesão (como a VCAM-1-

vascular adhesion molecule-1, E-seletina, entre outras) e, via diapedese, infiltram-se na camada íntima das

artérias. Em consequência do ambiente inflamatório instalado estes monócitos diferenciam-se em macrófagos

que expressam recetores Scavenger capazes de se ligar a uma grande variedade de ligandos (como as

lipoproteínas modificadas, lipoporoteinas nativas e fosfolípidos aniónicos) facilitando a acumulação de

partículas LDL modificadas e a conversão para macrófagos espuma. Estes últimos são ricos em colesterol e

ácidos gordos livres e contribuem para o aumento do stress oxidativo. Verifica-se também adesão plaquetária

e ativação de mais células imunitárias (tais como as células T) capazes de exacerbar a libertação de

mediadores inflamatórios (como as interleucinas 1 e 2 e o interferão-γ) e fatores de crescimento que

contribuem para a proliferação das células do músculo liso com formação de matriz extracelular (acumulação

de colagénio, elastina e proteoglicanos). Este processo origina a formação da camada fibrótica que envolve a

lesão e estabiliza o ateroma. O amadurecimento da lesão com consequente morte por apoptose das células

espuma resulta na formação de um núcleo necrótico recoberto por uma fina camada, o que contribui para a

instabilidade da placa que pode romper e libertar o conteúdo lipídico causando um evento agudo. 27

3. FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

O desenvolvimento de DCV encontra-se profundamente relacionado com o estilo de vida e a existência

de fatores de risco que podem ser genéticos, biológicos, ambientais, dietéticos e hemodinâmicos. Estes

podem ser não modificáveis (como é o caso da idade, sexo, menopausa, genética e história familiar) ou

modificáveis (como a HTA, dislipidemia, excesso de peso, síndrome metabólico, diabetes mellitus,

sedentarismo, stress, hábito tabágico e consumo de álcool).

Atualmente sabe-se que os homens apresentam maior risco de desenvolver DCV, risco este que aumenta

também com a idade. No caso das mulheres, apesar de em fases iniciais da vida apresentarem menor

probabilidade de desenvolver este tipo de patologia, sabe-se que este valor aumenta com a menopausa,

evidenciando o papel protetor dos estrogénios. Relativamente à história familiar a sua importância resume-se

ao facto de alguns fatores de risco apresentarem carater hereditário. 28

Tendo em conta o papel que o colesterol desempenha na formação do ateroma, facilmente se compreende

que valores elevados contribuam para um aumento do risco de desenvolver DCV, sobretudo se o indivíduo

apresentar valores elevados de colesterol LDL e baixos de colesterol HDL (high density lipoproteins) que é

responsável pela remoção de colesterol das artérias para o fígado para posterior eliminação. Também os

triglicerídeos em valores elevados são prejudiciais por contribuírem para a formação de placas aterogénicas.

A HTA é também um importante fator de risco, constituindo um problema muito frequente no seio da

população. Quando os valores de pressão arterial são superiores ao normal a pressão exercida sobre as

artérias é maior o que pode traduzir-se em lesões endoteliais que podem funcionar como ponto de partida

para a formação de ateroma. O mesmo acontece em doentes diabéticos não controlados, uma vez que os

elevados níveis de açúcar causam igualmente lesões na parede das artérias.

O excesso de peso, por estar diretamente relacionado com o síndrome metabólico, tem também

implicações a nível cardíaco pelos motivos supracitados e também devido ao facto promover elevação dos

níveis LDL no sangue. Frequentemente o excesso de peso conduz a situações de HTA aumentando assim o

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

33

número de fatores de risco envolvidos. As situações de sedentarismo acabam por piorar o problema anterior e

prejudicar a saúde cardiovascular, uma vez que a prática de exercício físico regular melhora o perfil lípido,

baixa os valores de pressão arterial e reduz fenómenos inflamatórios e de resistência à insulina. 24

Relativamente ao consumo de tabaco, este implica o aporte de numerosos compostos prejudiciais entre

eles alguns agentes causadores de stress oxidativo. Para além disso, causa dano endotelial direto, aumento

dos níveis de LDL e triglicéridos e diminuição do HDL. Também o álcool provoca efeitos nefastos uma vez

que quando consumido em quantidades elevadas pode causar HTA e hipertrigliceridémia. Fatores emocionais

como o stress podem também contribuir para o risco de DCV devido à estimulação adrenérgica envolvida,

com consequente vasoconstrição e aumento das necessidades de oxigénio do coração. 28, 29

Ultimamente, com os desenvolvimentos na área da saúde, foram descobertos novos biomarcadores/fatores

de risco associados ao desenvolvimento de DCV, designados “fatores não tradicionais”:

Proteina C Reativa: proteína sérica cujos valores aumentam em situações de inflamação em resposta a

lesões ou infecções. Uma vez que o processo inflamatório caracteriza todo o processo aterosclerótico,

elevações desta proteína podem estar associadas à formação de placas de ateroma e, consequentemente,

risco de DCV.

Lipoproteina (a): trata-se de uma lipoproteína de baixa densidade à qual está ligada a apolipoproteina

(a). Existe forte correlação entre a elevação dos valores desta lipoproteína e o desenvolvimento de DCV

Homocisteina: é um produto natural da degradação da metionina com efeito na destabilização das

placas de ateroma por causar stress oxidativo, implicando aumento do risco cardiovascular.

Ativador do plasminogénio tecidual: desequilíbrios nas enzimas responsáveis pela dissolução de

coágulos e sua inibição podem alterar o processo de coagulação contribuindo para o desenvolvimento

de lesões ateroscleróticas.

Fibrinogénio: proteína envolvida na agregação plaquetária, regulação da viscosidade do sangue e

formação de coágulos, estando por isso implicada na formação da placa aterosclerótica. 28

4. DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR

O diagnóstico de DCV decorre em duas etapas principais: inicialmente deve recolher-se toda a história

clínica e familiar do utente e proceder-se a um exame físico, procurando identificar sinais e sintomas

pertinentes e eventuais fatores de risco. As DCV não apresentam sinais ou sintomas específicos, podendo

causar dor torácica, insuficiência respiratória, edema dos pés e tornozelos, palpitações, febre, fadiga, perda de

apetite e mal-estar geral. Para além da análise dos sinais e sintomas, é necessário procurar conhecer hábitos

de vida do utente e ainda a história familiar no que toca a este tipo de patologias. Posteriormente, pode

recorrer-se à realização de exames laboratoriais com o intuito de avaliar alguns dos fatores de risco

associados a doenças de foro cardíaco, tais como: glicémia em jejum, triglicerídeos, colesterol total, LDL,

HDL, lipoproteína (a) (apenas em situação de história familiar de doença cardiovascular prematura) e

proteína C reativa. 30 A realização de exames complementares como o electrocardiograma, ecocardiograma,

prova de esforço, estudo eletroficiológico, ressonância magnética, cateterismo cardíaco e angiografia

coronária é também parte importante no processo de diagnóstico, permitindo muitas vezes a sua

confirmação.25

Tão importante como estabelecer um diagnóstico é avaliar o risco de desenvolvimento de uma DCV que

pode ser calculado em relação a um indivíduo saudável ou com história prévia de eventos cardíacos. Para o

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

34

cálculo do risco cardiovascular existem diversas ferramentas, entre elas a SCORE (SystematicCoronary Risk

Evaluation) baseada nos resultados de estudos epidemiológicos europeus que relacionaram a presença de

fatores de risco com a incidência de eventos cardiovasculares. Esta ferramenta permite o cálculo do risco

cardiovascular tendo por base as seguintes variáveis: sexo, idade, tabagismo, pressão arterial sistólica,

colesterol total e HDL para indivíduos entre os 40 e 65 anos de idade. O risco é classificado em sete

categorias diferentes (desde 1 a 15%) com base no risco absoluto a 10 anos de eventos cardiovasculares fatais

e entra em linha de conta, para além dos fatores referidos, a existência de evento cardiovascular prévio,

doença renal crónica e ainda diabetes mellitus. O algoritmo clínico de apoio à decisão, bem como um

exemplar de uma tabela para cálculo do risco cardiovascular encontram-se nos anexos XXVII e XXVIII. 31

Importa contudo realçar que existem situações nas quais o risco é superior ao indicado na tabela,

nomeadamente quando existem sinais de sedentarismo, obesidade, história familiar de DCV prematura ou

quando o indivíduo se aproxima da faixa etária seguinte. 31

O cálculo do risco global de desenvolver uma DCV permite não só identificar utentes com alto risco mas

também modelar ou implementar estratégias que permitam o controlo efetivo dos fatores de risco, tais como

alteração do estilo de vida e implementação de terapêutica farmacológica. Para além disso, é uma excelente

forma de quantificar a evolução de um doente já com terapêutica instaurada, permitindo verificar se de facto

as medidas estabelecidas levaram a uma diminuição do risco cardiovascular. 31

5. PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Tendo em conta o impacto das DCV na mortalidade nacional, é indispensável adotar medidas que

permitam prevenir o desenvolvimento e instalação deste tipo de patologias. A prevenção do desenvolvimento

de um evento cardiovascular aplica-se a populações de indivíduos saudáveis, mas também de indivíduos com

história prévia de AVC, EAM ou outro tipo de patologia cardiovascular. Apesar de os objetivos serem os

mesmos para os dois tipos de população, no caso dos indivíduos doentes normalmente há necessidade de

intervenção farmacológica como veremos adiante.

As medidas preventivas destinam-se a evitar ou diminuir as consequências de determinada patologia e, no

caso específico das DCV, visam diminuir o desenvolvimento de aterosclerose através do controlo dos

múltiplos fatores de risco envolvidos no processo. Deste modo, no caso de um indivíduo saudável, sem

registo de DCV prévia, as principais medidas preventivas relacionam-se com modificações do estilo de vida,

tais como: regime alimentar variado e equilibrado (alimentação rica em legumes, fibras, frutas, carnes

magras, peixe evitando carnes vermelhas e gorduras), prática de exercício físico regular, perda de peso,

cessação tabágica, diminuição do consumo de álcool e restrição do consumo de sal. 30 Vários estudos têm

demonstrado a importância da dieta na prevenção cardiovascular, existindo determinados compostos

bioativos presentes nos designados “alimentos funcionais” com importantes propriedades protetoras.

Integram esta classe de compostos os flavonóides (como as catequinas procianidinas, antocianidinas e

isoflavonas), estilbenos (como o resveratrol), péptidos bioactivos, fitoesteróis e ácidos gordos polinsaturados

ómega 3. 32 As catequinas e as proantocianidinas são compostos presentes em diversas frutas (como a uva),

chás e alguns vegetais com importantes propriedades antioxidantes. Estes compostos mostraram ser capazes

de inibir a oxidação de LDL, a agregação plaquetária, modular a função endotelial e diminuir os valores de

pressão arterial. 32

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

35

Os frutos vermelhos, cereais e alguns vegetais, como o repolho, apresentam na sua constituição

antocianinas com importantes propriedades protetoras, uma vez que são responsáveis pela redução dos

valores lipídicos, da pressão arterial e ainda de processos inflamatórios (por atuarem diretamente em células

envolvidas no processo aterosclerótico). 32

As isoflavonas são compostos amplamente estudados, que apresentam propriedades anti-inflamatórias

responsáveis pela restauração da função endotelial. Para além disso, este grupo de moléculas reduz os níveis

de colesterol, a oxidação das partículas LDL e apresenta um efeito semelhante ao dos digitálicos no que toca

ao relaxamento das artérias coronárias por um mecanismo que envolve o antagonismo dos canais de cálcio. 32

Em alimentos como a uva, os amendoins e o chocolate preto está presente o resveratrol, outro dos

fitonutrientes frequentemente associado a benefício cardiovascular, devido à sua capacidade de inibir a

agregação plaquetária, modular a resposta inflamatória, causar vasodilatação e regular o metabolismo

lipídico. O mecanismo de ação pelo qual o resveratrol causa inibição da agregação plaquetária ainda não se

encontra totalmente esclarecido, mas pensa-se que possa estar relacionado com a inibição da COX-1 com

consequente interferência na produção de prostaglandinas responsáveis pela homeostase vascular. Os efeitos

vasodilatadores deste composto foram atribuídos à sua capacidade de estimular canais de cálcio e potássio, e

ainda ao facto de promover um aumento da produção de óxido nitrico com consequente diminuição de

radicais livres. A inibição da síntese e libertação de citoquinas, de ativação de células inflamatórias e ainda

da expressão de moléculas de adesão, são alguns dos mecanismos envolvidos na capacidade anti-inflamatória

atribuída ao resveratrol. 32

Os péptidos bioativos resultam do processamento industrial dos alimentos ou do processo digestivo e

apresentam efeitos anti-trombóticos (relacionados com a ligação a recetores plaquetários e inibição da

formação de trombos) e anti-hipertensivos (devido à inibição da enzima conversora da angiotensina).

Os fitoesteróis apresentam um marcado efeito hipocolesterolémico, por serem capazes de inibir a

absorção intestinal de colesterol. Esta inibição resulta num aumento do número de recetores LDL

responsáveis pela sua eliminação da corrente sanguínea. Os conhecidos ácidos gordos polinsaturados,

nomeadamente os ómega-3, têm propriedades anti-inflamatórias e anti-trombóticas, uma vez que estão na

base da síntese de compostos anticoagulantes, antiagregantes e vasodilatadores. 32

Tendo por base estas propriedades de alguns nutrientes existem atualmente no mercado suplementos

alimentares com vista a regular os níveis de colesterol (como é o caso do produto BioAtivo® Arroz

Vermelho) e fornecer ácidos gordos polinsaturados com o intuito de proteger o aparelho cardiovascular

(como é o caso do Megared®) e que podem ser uma boa alternativa para indivíduos que apresentem risco

cardiovascular.

No caso dos indivíduos com risco cardiovascular elevado ou com história prévia de evento cardíaco é

igualmente importante adotar medidas profilácticas que incluem as alterações do estilo de vida referidas

anteriormente e ainda intervenção farmacológica com recurso a terapia antiagregante (clopidogrel ou ácido

acetilsalicílico). O fármaco de eleição é o ácido acetilsalicílico (75-100 mg/dia), responsável pela inibição

não seletiva da COX (com consequente inibição plaquetária) e pela estabilização das placas de ateroma. O

recurso a antiagregantes como agentes preventivos de desenvolvimento de doença cardiovascular aplica-se a

indivíduos em prevenção secundária (ou seja que já vivenciaram um evento agudo), em prevenção primária

em doentes com risco cardiovascular muito alto e doentes com diabetes mellitus (com mais de 50 anos no

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

36

caso dos homens e mais de 50 anos no das mulheres) que possuam pelo menos mais um fator major de risco

cardiovascular. 30

6. TRATAMENTO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Tal como já foi sendo referido o tratamento das DCV incide na eliminação ou controlo dos fatores de

risco, envolvendo a implementação das medidas não farmacológicas abordadas anteriormente e o controlo da

pressão arterial, dos níveis de açúcar e da dislipidemia.

O tratamento da HTA é estabelecido de acordo com o grau da patologia (risco baixo, moderado, alto ou

muito alto) e os fármacos usados integram a classe dos diuréticos, modificadores do eixo renina-angiotensina

(inibidor da enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou, em alternativa, antagonista do recetor da

angiotensina (ARA)), bloqueadores dos canais de cálcio, antagonistas dos recetores de mineralocorticóides e

bloqueadores adrenérgicos beta com efeitos vasodilatadores (como o carvedilol). De acordo com a gravidade

da situação podem ser utilizadas associações de duas classes de fármacos ou, em casos muito extremos, de

três SA diferentes. O tratamento da HTA em doentes com outras co-morbilidades condiciona a escolha do

fármaco anti-hipertensor, estando as diversas situações e os fármacos mais adequados a cada uma delas

esquematizados no anexo XXIX. 28

As dislipidemias carecem também de intervenção farmacológica que deve ter em conta os efeitos e

objetivos vasculares, a expressão das alterações lipídicas, o perfil de efeitos adversos e interações e a relação

custo-efetividade. A implementação de terapêutica antidislipidémica em indivíduos com risco cardiovascular

depende do risco cardiovascular global tal como esquematiza o anexo XXX. São objetivos terapêuticos na

pessoa com risco cardiovascular muito alto obter um valor do colesterol total inferior a 155 mg/dL e um

Colesterol-LDL inferior a 70 mg/dL. 28 As estatinas são os fármacos mais utilizados no tratamento da

dislipidemia uma vez que são capazes de normalizar os valores de colesterol e conferir proteção

cardiovascular. Os fibratos destinam-se ao tratamento das dislipidemias mistas e das hipertrigliceridemias

isoladas que não respondem a modificações efetivas do estilo de vida e do plano alimentar. O ácido

nicotínico está indicado no tratamento da dislipidemia mista combinada e da hipercolesterolemia primária. A

sua associação com as estatinas pode ser uma estratégia terapêutica quando o efeito hipocolesterolemiante

destas é considerado insuficiente, ou em monoterapia, se as estatinas são contra-indicadas ou não são

toleradas. 33

A manutenção dos níveis de açúcar normais é também um importante fator a controlar, pelo que no caso

dos doentes com diabetes mellitus deve ser instituída uma terapêutica eficaz baseada na administração de

insulina ou antidiabéticos orais ou uma combinação de ambos. A escolha pela terapêutica mais apropriada

depende não só do tipo de diabetes, mas também do nível de controlo dos valores de açúcar. Relativamente

aos antidiabéticos orais, estes podem ser: sulfonilureias, biguanidas, inibidores da dipeptidil-peptidase 4,

tiazolidinedionas, derivados da fenilalanina e inibidores da alfa-glucosidade intestinal. Quanto às insulinas

estas podem ser de ação curta, intermédia ou prolongada e usam-se combinadamente com vista e mimetizar o

perfil normal de libertação de insulina. 34

7. ORGANIZAÇÃO DE UM RASTREIO CARDIOVASCULAR

Tal como já foi sendo referido, entre as funções e obrigações do farmacêutico enquanto profissional de

saúde, encontra-se a educação para a saúde. Neste âmbito é desejável que o farmacêutico contribua para o

aumento da literacia em saúde dos doentes através das mais diversas formas, entre elas a realização de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

37

atividades na farmácia. Com vista a cumprir este propósito e avaliar o risco cardiovascular dos utentes que

frequentam a FDM, foi realizado no dia 28 do mês de maio (mês do coração) um rastreio cardiovascular nas

instalações da farmácia, patrocinado pelos laboratórios Alter®. A parceria com a Alter® surgiu após várias

tentativas de contacto (da minha parte em conjunto com a gestora Dra. Rita Pereira) com vários laboratórios e

que acabou por se proporcionar diretamente com o delegado de ação médica do laboratório em questão. Na

realidade de uma farmácia comunitária a questão do patrocínio reveste-se da maior importância, uma vez que

é graças a este apoio económico que é possível oferecer as determinações bioquímicas que apresentam um

custo associado. Para além de permitir a oferta dos testes bioquímicos, o referido laboratório dispensou uma

técnica para efetuar as determinações e ofereceu folhetos informativos, acerca dos fatores de risco

cardiovascular e medidas de controlo não farmacológicas, que foram distribuídos aos utentes que

participaram no rastreio como forma de enfatizar a importância da prevenção de DCV.

Para reunir o máximo de utentes no dia do rastreio e com vista a rentabiliza-lo ao máximo, o evento foi

publicitado recorrendo à pagina de facebook da farmácia e também a alguns suportes para o efeito existentes

no shopping Espaço Guimarães (local onde se situa a farmácia).

No âmbito do rastreio foram determinados diversos parâmetros bioquímicos considerados fatores de risco

tais como: colesterol total, LDL, HDL, glicémia, peso e altura, tendo sido também analisados os hábitos

relacionados com o estilo de vida como é o caso do tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e regime

alimentar. O principal objetivo no momento de contacto com o utente passou por sensibiliza-lo para a

crescente incidência das DCV, promover a prática de um estilo de vida saudável e intervir, através da

dispensa de suplementos alimentares adequados, sempre que se mostrou oportuno, no sentido de controlar

alguns fatores bioquímicos (colesterol elevado, baixos valores de HDL e alterações nos valores glicémicos).

Além disso, a cada utente rastreado foi oferecido um cartão com o registo dos parâmetros determinados e

cujo objetivo passou por motivá-los a introduzir as alterações aconselhadas e continuar a avaliar

periodicamente os referidos parâmetros bioquímicos.

8. CONCLUSÃO

A realização de um rastreio apresenta como principal vantagem a identificação de indivíduos em risco no

seio de uma população aparentemente saudável. Este tipo de iniciativa contribui para a deteção precoce das

patologias em estudo, ou então da existência de fatores de risco até então desconhecidos. No caso das DCV

este é um aspeto particularmente importante porque a deteção precoce de indivíduos em risco permite a

implementação de medidas que diminuem a probabilidade de desenvolvimento de um evento agudo. O

rastreio realizado na FDM foi bem recebido pela população que acabou por participar. Alguns dos indivíduos

aos quais foram efetuados os testes bioquímicos tinham já terapêutica instaurada para a dislipidemia, diabetes

mellitus ou HTA. Apesar disso, as medições efetuadas no rastreio permitiram, em alguns casos, verificar que

a terapêutica instituída se encontrava adequada, sendo que noutros foi necessário aconselhar o utente a

realizar uma consulta médica uma vez que mesmo com terapêutica instaurada e adesão à mesma não se

verificou normalização dos valores-alvo. No caso dos indivíduos sem terapêutica estabelecida, surgiram

alguns casos de valores elevados de glicemia, colesterol total, LDL e baixos valores de HDL associados a

excesso de peso, consumo tabágico e sedentarismo. Nestas situações foram propostas ao utente algumas

alterações relacionadas com o estilo de vida e terapêutica com determinados suplementos alimentares. Nas

situações em que os indivíduos apresentavam valores ligeiramente elevados de colesterol foram aconselhados

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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suplementos como o Bioativo Arroz Vermelho®, com vista a manter normais os referidos valores. Indivíduos

com alterações glicémicas foram aconselhados a recorrer ao Bioativo Crómio®, uma vez este que tem um

importante papel na manutenção dos níveis sanguíneos de açúcar. Para além destas situações, alguns dos

utentes com risco cardiovascular relevante adquiriam suplementos como o Bioativo Alho®, Bioativo

Cardio®, Megared® e ainda My Ómega 3® que, por apresentarem na sua constituição ácidos gordos

polinsaturados, conferem proteção cardiovascular. Uma vez que o excesso de peso é também um importante

fator de risco, alguns dos utentes acometidos por este problema foram aconselhados a realizar uma consulta

de nutrição e/ou adquirir suplementos com vista a auxiliar a perda de peso, tal como o Tira Gorduras®,

Bioativo Slim Duo® e Drenaslim®. O consumo de alimentos funcionais, tal como referido anteriormente,

tem também um importante papel protetor a nível cardiovascular, pelo que foram também indicados aos

utentes quais os alimentos mais benéficos.

Apesar de a população ter respondido positivamente à realização do rastreio, foi possível concluir que

caso este tivesse sido realizado num fim-de-semana teriam sido rastreados mais indivíduos, pertencentes a

mais variadas faixas etárias e sem terapêutica medicamentosa instituída. Ainda assim, as intervenções

realizadas foram benéficas para os indivíduos, tendo-se traduzido em melhorias nos seus resultados de saúde.

A implementação do rastreio permitiu-me melhorar conhecimentos acerca dos diversos suplementes

alimentares existentes no mercado (com resultados na melhoria do perfil lipídico, glicémico e da pressão

arterial); bem como relacionados com as DCV, tendo sido também uma excelente forma de compreender

todos os procedimentos burocráticos necessários para organizar um evento desta envergadura.

TEMA 3: MARKETING NA FARMÁCIA

1. INTRODUÇÃO

As farmácias são espaços dinâmicos que se destinam à prestação de cuidados de saúde, e que tal como

qualquer outro estabelecimento necessitam de estratégias de diferenciação. O posicionamento de determinada

farmácia no mercado depende de um conjunto de fatores e iniciativas que se enquadram naquilo que

atualmente designamos de marketing. Na realidade atual são várias as estratégias passíveis de implementar

na farmácia com vista a aumentar a sua rentabilidade e que acabam por estar diretamente relacionadas com o

farmacêutico.

Durante o estágio na FDM foram implementadas algumas iniciativas relacionadas com esta temática,

nomeadamente a realização de um concurso na página de facebook da farmácia e a comemoração do dia da

criança, com vista a aumentar a visibilidade da farmácia.

2. MARKETING NA FARMÁCIA: O CONCEITO

Marketing pode ser definido como um processo de gestão que visa identificar, antecipar e satisfazer as

necessidades do cliente com obtenção de resultados lucrativos. O principal objetivo das estratégias de

marketing não é apenas a promoção de vendas, mas também a fidelização do cliente e diferenciação da

farmácia perante a concorrência. 35 O posicionamento e valorização da farmácia podem ser feitos recorrendo

a variadas estratégias relacionadas com a comunicação, o atendimento, os produtos, os serviços, as atividades

realizadas e o próprio espaço. Um aspeto indispensável é garantir um stock de produtos que permita

responder às necessidades dos utentes evitando situações de rutura. Igualmente importante é prestar um

atendimento de qualidade baseado nas necessidades do utente. Para melhorar o atendimento e realizar aquilo

que se designa marketing direto é importante conhecer as necessidades, patologias, gostos pessoais e perfil de

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

39

compra dos utentes de modo a sugerir artigos que possam ser pertinentes. A comunicação, conseguida

através da montra, do posicionamento dos produtos na farmácia, da realização de campanhas publicitárias e

promocionais é também indispensável e serve muitas vezes para atrair novos utentes à farmácia. Contudo,

este tipo de estratégia, sobretudo a baixa de preços em MNSRM, deve ser realizado com cautela uma vez que

não se pretende que os utentes adquiram produtos que de que não necessitam, tendo por base apenas o seu

preço, e com consequente desenvolvimento de problemas. 36

O espaço onde se localiza a farmácia e a sua organização interna são também pontos que devem ser

trabalhados. A farmácia deve ser um espaço com boas condições de acessibilidade e apelativo para os

utentes. A sua organização deve ser harmoniosa e procurar dar realce aos produtos de venda livre cuja

disposição pode variar em função de campanhas promocionais e sazonalidade associada. Os serviços e as

atividades realizadas devem ser pertinentes e adequados ao ambiente de prestação de cuidados de saúde,

contudo atividades dinâmicas e diferentes acabam por torná-los memoráveis para o utente. 36

3. UM CONCURSO NO FACEBOOK

As redes sociais são uma ferramenta poderosa que temos ao nosso dispor atualmente e que nos permitem

chegar a diferentes tipos de público-alvo com um custo muito reduzido. O facebook desempenha um

importante papel na divulgação do espaço, dos produtos e campanhas disponíveis, podendo ainda ser

utilizado para divulgar variadas informações que possam ser pertinentes para os seus utilizadores.

Com o objetivo de aumentar o número de seguidores da página de facebook da FDM, foi criado um

concurso no dia da mãe que consistiu em colocar um gosto na página da FDM, partilhar uma fotografia

alusiva ao dia da mãe, sendo que a publicação mais votada foi presenteada com um cabaz contendo produtos

de cuidado de rosto. Com este tipo de atividade, para além de aumentar o impacto da página de facebook da

FDM foi também possível promover uma variada gama de produtos de cuidado de rosto.

4. COMEMORAÇÕES DO DIA DA CRIANÇA

Tal como já foi sendo referido a realização de atividades pode ser uma boa forma de chegar a novos

consumidores e marcar a diferença face à concorrência. Para celebrar o dia da criança a FDM preparou um

conjunto de kits, contendo um vale de 20% na compra de produtos da marca Klorane® e um conjunto de

amostras de produtos de cuidado de rosto e corpo para crianças. As referidas ofertas foram entregues a

crianças que frequentaram a FDM no dia 1 de junho, mas também numa festa comemorativa realizada num

infantário da zona. A oferta de amostras acaba por ser boa estratégia para dar a conhecer uma determinada

gama de produtos, sendo que a inclusão de um vale de desconto pode incrementar a probabilidade de o

cliente efetivar a compra. Além deste aspeto, a realização de atividades externas à farmácia permite dar a

conhecer o espaço a futuros clientes.

5. CONCLUSÃO

As farmácias atravessam atualmente um período de crise devido à forte concorrência por parte de outros

espaços de saúde como as parafarmácias. Para contornar este problema é importante adotar diferentes

estratégias de marketing direcionadas para a crescente satisfação do utente. Além desta questão, a valorização

da farmácia enquanto espaço de saúde pode contribuir para um aumento do afluxo de utentes que até então

adquiriam produtos de venda livre em espaços como as parafarmácias e perfumarias. Todas as estratégias de

marketing são indispensáveis e contribuem para a imagem que o público-alvo detém da farmácia, contudo o

aspeto principal passa pela diferenciação devido à prestação de cuidados de saúde por profissionais

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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especializados, como os farmacêuticos. Este tipo de atividade revelou ter um impacto positivo no

consumidor, tendo sido também uma boa forma de compreender e executar as diferentes técnicas de

marketing passiveis de funcionar num espaço como a farmácia comunitária.

CAPITULO 3: CONCLUSÃO

A realização do estágio curricular na FDM incluiu a realização de várias tarefas (esquematizadas na

Tabela 2) que contribuíram significativamente para a minha formação profissional. Dado que se tratou do

primeiro contacto com a atividade profissional, foi possível compreender o funcionamento de uma farmácia,

as atividades profissionais diárias de um farmacêutico e ainda o seu impacto enquanto profissional de saúde.

Foi uma excelente oportunidade de consolidar conhecimentos antigos e de adquirir novos, sobretudo através

do contacto com profissionais experientes, mas também devido à oportunidade de participar nas mais

diversas sessões de formação (esquematizadas no anexo XXXI). As formações, sobretudo na área da

dermocosmética e de outros produtos de venda livre, foram indispensáveis para o meu desempenho,

sobretudo a nível do atendimento ao público tendo-me fornecido importantes ferramentas acerca de como e

quando dispensar este tipo de produtos.

A implementação na FDM de projetos vocacionados para a saúde do utente foi também uma excelente

forma de aprofundar conhecimentos e ganhar novas competências relacionadas, não só com o ato

farmacêutico, mas também com a gestão e marketing de uma farmácia. Estes últimos aspetos são

indispensáveis uma vez que, para além de prestar um serviço de saúde de qualidade, o farmacêutico deve ser

capaz de desenvolver estratégias que aumentem a visibilidade da farmácia enquanto espaço de saúde. Neste

sentido, julgo que o desenvolvimento de atividades tão distintas como a implementação de CF, a realização

de um rastreio e intervenções vocacionadas para o marketing em conjunto com as restantes executadas no

âmbito do estágio curricular me permitiram adquirir competências muito variadas e indispensáveis para o

meu futuro enquanto farmacêutica.

De uma forma geral a realização deste estágio foi uma etapa indispensável de preparação para o mundo

profissional e que, com certeza, será decisiva para o meu desempenho no futuro.

Tabela 2 Organização cronológica (mês e semana) das atividades realizadas durante o estágio curricular.

Março Abril Maio Junho Julho

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Determinação da pressão arterial e parâmetros bioquímicos

Recepção, conferência e armazenamento de encomendas

Organização e conferência de receituário

Controlo de prazos de validade

Atendimento ao público

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

41

BIBLIOGRAFIA 1. Decreto-Lei nº171/2012, de 1 de Agosto. Diário da República nº 148 - I Série : Ministério da Saúde.

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12. Decreto-Lei nº 148/2008 de 29 de julho. Diário da República nº 145 - I Série : Ministério da Saúde.

13. Decreto-Lei nº 145/2009 de 17 de junho. Diário da República nº 115- I Série : Ministério da Saúde.

14. Decreto-Lei nº 189/2008 de 24 de setembro. Diário da República nº 185 - I Série : Ministério da Saúde .

15. Decreto-Lei nº 227/99 de 22 de junho. Diário da República nº 143 : Ministério da Saúde.

16. Decreto-Lei nº 136/2003 de 28 de Junho. Diário da República nº 147 - I Série : Ministério da Saúde.

17. Decreto-Lei nº 94/95 de 9 de Maio. Diário da República nº 107 - I Série : Ministério da Saúde.

18. Martins S. Costa FA. Caramona M. (2013). Implementação de cuidados farmacêuticos em Portugal, seis

anos depois. Revista Portuguesa de Farmacoterapia. 5: 255-263.

19. Santos H. Iglésias P. (2008). Seguimento Farmacoterapêutico. Boletim do Centro de Informação do

Medicamento, Ordem dos Farmacêuticos. 84.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

42

20. Costa S. Madeira A. Horta MR. Santos R. (2006). Manual: Como prestar um serviço diferenciado na

farmácia? Associação Nacional de Farmácias, Programa de Cuidados Farmacêuticos. Lisboa .

21. Santos H. Iglésias P. Fernandez-Llimos F. Faus MJ. Rodrigues LM. (2004). Segundo Consenso de

Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos. Acta Médica Portuguesa. 17: 59-66.

22. Santos HM. Ferreira PI. Ribeiro PL. Cunha I. (2007). Introdução ao Seguimento Farmacoterapêutico.

Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêutico da Universidade Lusófona .

23. Ferreita, PI. (2013). Consulta Farmacêutica de Revisão da Medicação . Boletim do Centro de Informação

do Medicamento. 106.

24. Programa Nacional para doenças cerebro-cardiovasculares, direção dos serviços de informação e análise.

(2016). Portugal: Doenças cerebro-cardiovasculares em números - 2015. Direção Geral de Saúde.

25. Manual MSD: doenças cardiovasculares - exames de diagnóstico. Acessível em:

http://www.manuaismsd.pt/?id=41&cn=610&ss=. [acedido em 10 de junho de 2016]

26. Gottilieb MGV. Bonardi G. Moriguchi EH. (2005) Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da

aterosclerose. Scientia Medica. 15: 203-207.

27. Sakakura K. Nakano M. Otsuka F. Ladich E. Kolodgie FD. Virmani R. (2013). Pathophysiology of

Atherosclerosis Plaque Progression. Heart, Lung and Circulation. 22: 399–411.

28. Medscape: Risk Facctors for Coronary Artery Disease. Acessível em:

http://emedicine.medscape.com/article/164163-overview#showall. [acedido em 25 de maio de 2016]

29. World Heart Federation: Cardiovascular Disease Risk Factors. Acessível em: http://www.world-heart-

federation.org/cardiovascular-health/cardiovascular-disease-risk-factors/stress/. [acedido a 25 de maio de

2016]

30. Norma nº 009/2014: Processo Assistencial Integrado do Risco Cardiovascular no Adulto, 2014.

31. Norma nº 005/2013: Avaliação do Risco Cardiovascular SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation),

2015.

32. Mulero J. Abellán J. Zafrilla P. Amores D. Sánchez PH. (2015). Bioactive substances with preventive

effect in cardiovascular diseases. Nutricion Hospitalaria. 32: 1462-1467.

33. Norma n º 019/2011: Abordagem Terapêutica das Dislipidemias no Adulto. Direção Geral de Saúde,

2011.

34. INFARMED - Prontuário Terapêutico. Acessível em:

https://www.infarmed.pt/prontuario/frameprimeiracapitulos.html.[acedido a 20 de junho]

35. Birchall G. (2016).Marketing . Chemist & Druggist.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

43

36. Heemann ACW. Garippe GM. (2002). Marketing aplicado à Farmácia. Visão Académia. 3: 119-122.

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44

ANEXOS

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45

Anexo I – Planta do piso 1 da Farmácia Dias Machado

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46

Anexo II – Planta do piso 2 da Farmácia Dias Machado

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47

Anexo III – Script de receção de encomendas

Adaptado de: Manual de Eficiência Operacional: Glint.

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48

Anexo IV – Tabela resumo com as diferenças dos parâmetros a validar na prescrição eletrónica e

na prescrição manual

Prescrição manual Prescrição eletrónica

Numeração da receita Numeração da receita

Vinheta do médico prescritor Nome do médico prescritor, especialidade, contacto

telefónico e número da cédula profissional

Vinheta do local de prescrição (que assume a cor

verde no caso de se tratar de um pensionista) Local de prescrição e respectivo código

Nome do utente e número de beneficiário Nome do utente, número de beneficiário e regime de

comparticipação

Excepção assinalada explicando o motivo de

receita manual

DCI ou nome da SA, forma farmacêutica, dose,

apresentação, posologia, número de embalagens e Código

nacional para prescrição electrónica

DCI ou nome da SA, forma farmacêutica, dose,

apresentação, posologia, número de embalagens e

Código nacional para prescrição electrónica

Data da prescrição

Data da prescrição

Assinatura do prescritor informatizada Assinatura do médico prescritor

Ausência de rasuras, caligrafias e canetas

diferentes

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49

Anexo V – Procedimento a adoptar perante uma prescrição por DCI

Fonte: INFARMED (2015). Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde. Lisboa :

Ministério da Saúde.

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50

Anexo VI – Procedimento a adoptar perante uma prescrição por marca

Fonte: INFARMED (2015). Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde. Lisboa :

Ministério da Saúde.

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51

Anexo VII – Declaração impressa no verso das prescrições manuais e materializadas

Fonte: INFARMED (2015). Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde. Lisboa :

Ministério da Saúde.

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52

Anexo VIII – Tabela resumo das patologias sujeitas a regime especial de comparticipação

Fonte: INFARMED: Comparticipação de medicamentos. Acessível em: http://www.infarmed.pt

[acedido em 12de abril de 2016]

Patologia Especial Âmbito Comp.

Paramiloidose Todos os medicamentos 100%

Lúpus Medic. comparticipados 100%

Hemofilia Medic. comparticipados 100%

Hemoglobinopatias Medic. comparticipados 100%

Doença de alzheimer Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho nº 13020/2011 (2ª série), de 20 de

Setembro

37%

(quando prescrito

por neurologistas

ou psiquiatras)

Psicose manico-depressiva Priadel

(carbonato de lítio) 100%

Doença inflamatória intestinal Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho nº 1234/2007 (2ª série), de 29 de

Dezembro de 2006

90% (quando prescrito

por médico

especialista

Artrite reumatóide e espondilite

anquilosante

Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho n.º 14123/2009 (2ª série), de 12 de

Junho

69%

Dor oncológica moderada a forte Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho nº 10279/2008 (2ª série), de 11 de

Março de 2008

90%

Dor Crónica não oncológica

moderada forte

Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho nº 10280/2008 (2ª série), de 11 de

Março de 2008

90%

Procriação medicamente assistida Lista de medicamentos referidos no anexo ao

Despacho n.º 10910/2009, de 22 de Abril 69%

Psoriase Medic. psoriase 90%

Ictiose

Medicamentos referidos nos números 13.3.1,

13.3.2 - Medicamentos queratolíticos e

antipsoriáticos - e 13.4.2.2 - Medicamentos

usados em afeções cutâneos - do Grupo 13

do Escalão C da tabela anexa à Portaria n.º

78/2014, de 3 de abril

90 %

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53

Anexo IX – Esquema de atuação perante uma situação de indicação farmacêutica

Adaptado de: Linhas de Orientação - Indicação

Farmacêutica. Grupo de Boas Práticas de Farmácia,

Grupo do Guincho. Lisboa : Ordem dos Farmacêuticos,

2006.

Contacto com o utente

Identificação do utente

- Solicitação de medicamentos ou aconselhamento

- Apresentação de queixas ou sintomas

- Pedido de complemento a terapêutica instituída

- Recolha de informações acerca do doente: Idade, sexo, estado

fisiológico e outras informações pertinentes para identificação.

Tomada de decisão acerca da pertinência da

indicação farmacêutica

Utente reúne condições para indicação

farmacêutica

Utente não reúne condições para

indicação farmacêutica

Referenciação a consulta médica

Avaliação da Situação

- Recolha de informação sobre o problema/situação a tratar:

queixas, sinais, sintoma, duração, localização,

persistência/recorrência

- Avaliação da situação: Terapêutica medicamentosa habitual,

patologias existentes, hábitos de vida, história familiar e alergias

Proposta de Tratamento

- Aconselhamento sobre medidas não farmacológicas

- Implementação de terapêutica farmacológica com fornecimento

de todas as informações necessárias: indicação terapêutica,

posologia, precauções, interações e reacções adversas

Reavaliação do estado de saúde

Avaliação da eficácia do tratamento

Doente curado ou com

melhorias que indicam

progresso

Doente não curado e/ou

sem apresentação de

melhorias

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54

Anexo X – Script de atendimento ao público

Adaptado de: Manual de Eficiência Operacional: Glint.

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55

Anexo XI – Norma de determinação da pressão arterial

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56

Anexo XI – Norma de determinação da pressão arterial (continuação)

Adaptado de: Manual de Eficiência Operacional: Glint.

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57

Anexo XII – Valores de referência da pressão arterial

Pressão Sistólica (mm Hg) Pressão Sistólica (mm Hg) Pressão Diastólica (mm Hg)

Óptima <120 e <80

Normal 120-129 e/ou 80-84

Normal-Alta 130-139 e/ou 85-89

Hipertensão Arterial

Grau 1

Grau 2

Grau 3

140-159

160-179

≥180 e/ou

90-99

100-109

≥110

Hipertensão Sistólica

Isolada ≥140 e <90

Fonte: Norma nº 009/2014: Processo Assistencial Integrado do Risco Cardiovascular no Adulto. George,

Francisco Henrique Moura: Direção Geral de Saúde, 2014.

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58

Anexo XIII – Norma de determinação da glicémia capilar

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59

Anexo XIII – Norma de determinação da glicémia capilar (continuação)

Adaptado de: Manual de Eficiência Operacional: Glint.

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60

Anexo XIV – Valores de referência da glicémia, colesterol e triglicerídeos

Note-se que em indivíduos de alto risco, ou seja, com Diabetes tipo 2 e com DCV estabelecida os objetivos

terapêuticos são:

Colesterol total: <175 mg/dL (se possível <155 mg/dL)

Colesterol LDL: <100 mg/dL) (se possível 80 mg/dL)

Fonte: Norma nº 009/2014: Processo Assistencial Integrado do Risco Cardiovascular no Adulto. George,

Francisco Henrique Moura: Direção Geral de Saúde, 2014.

Parâmetro Valor - alvo (mg/dL)

Glicémia (jejum) <110

Colesterol total (jejum) <190

Colesterol LDL (jejum) <115

Colesterol HDL (jejum) nos Homens >40

Colesterol HDL (jejum) nas Mulheres >50

Triglicerídeos (jejum) <150

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61

Anexo XV – Declaração de consentimento informado

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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62

Anexo XVI – Modelo da carta enviada ao médico caso seja realizada uma intervenção

farmacêutico-doente-médico

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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63

Anexo XVII – Folha SOAP que documenta as intervenções de seguimento farmacoterapêutico

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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64

Anexo XVIII – Folha de registo da terapêutica

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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65

Anexo XIX – Folha de registo de parâmetros antropométricos e bioquímicos

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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66

Anexo XX – Folheto informativo entregue, aos utentes, referente à prática de consultas de cuidados

farmacêuticos

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67

Anexo XX – Folheto informativo entregue aos utentes referente à prática de consultas de cuidados

farmacêuticos (continuação)

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68

Anexo XXI – Esquema representativo das etapas de Seguimento Farmacoterapêutico

Fonte: Santos HM. Ferreira PI. Ribeiro PL. Cunha I. (2007). Introdução ao Seguimento Farmacoterapêutico.

Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêutico da Universidade Lusófona .

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69

Anexo XXII – Fluxograma de avaliação de Problemas Relacionados com a Medicação

Fonte: Suzete Costa, Anabela Madeira, Maria Rute Horta, Rita Santos. Manual: Como prestar um serviço

diferenciado na farmácia? Associação Nacional de Farmácias. Lisboa : Associação Nacional de Farmácias,

Programa de Cuidados Farmacêuticos, 2006.

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70

Anexo XXIII – Folha de registo da terapêutica referente ao utente estudo de caso

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71

Anexo XXIV – Carta enviada ao médico na sequência da intervenção farmacêutico-doente-médico

referente ao estudo de caso

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72

Anexo XXV – Folha SOAP referente ao estudo de caso

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73

Anexo XXVI - Fatores e marcadores envolvidos no processo de aterosclerose

Fonte: Maria G.V. Gottilieb, Gislaine Bonardi, Emilo H. Moriguchi. (2005). Fisiopatologia e aspectos

inflamatórios da aterosclerose. Scientia Medica; 15

Marcadores

inflamatórios

Marcadores

hemostáticos/trombóticos

Fatores

plaquetários

Factores

lípidicos

Outros fatores

Proteína C

reativa Fibrinogénio

Agregação

Plaquetária

Lipoproteína a

(LP(a))

Hemocisteína

Interleucinas Fator von Willebrand Atividade

Plaquetária APO A e B

Lipase A2

Moléculas de

adesão Pró-trombina

Tamanho e

volume de

Plaquetas

LDL-oxidadas

Microalbuminúria

CD40 Fatores V, VII e VIII

Polimorfismo

APO E

Proteína amilóide

A sérica

Dímero D Fibrinopeptídeo

A PAI-1 Ativador

Plasminogênio Tecidual

Agentes

infecciosos

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74

Anexo XXVII – Diagrama de avaliação do risco cardiovascular de acordo com a ferramenta

SCORE

DCV - doença cardiovascular (enfarte do miocárdio, síndrome coronário agudo, revascularização coronária

ou outro procedimento de revascularização arterial, acidente vascular cerebral isquémico, doença arterial

periférica);

DM - diabetes mellitus, tipo 2 ou tipo 1 (com um ou mais fatores de risco cardiovascular ou lesão dos

orgãos-alvo tal como microalbuminúria);

FR - fatores de risco vascular isolados, muito elevados (hipertensão arterial grave, de grau 3, ou dislipidemia

familiar);

DRC - doença renal crónica moderada a grave (taxa de filtração glomerular inferior a 60 ml/min/1.73 m2).

Fonte: Norma nº 009/2014: Processo Assistencial Integrado do Risco Cardiovascular no Adulto. George,

Francisco Henrique Moura: Direção Geral de Saúde, 2014.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

75

Anexo XXVIII – Tabela para avaliação do risco cardiovascular em adultos com idade igual ou

superior a 40 anos e igual ou inferior a 65 anos

Fonte: Noma nº 005/2013: Avaliação do Risco Cardiovascular SCORE (Systematic Coronary Risk

Evaluation). George, Francisco Henrique Moura: Direção Geral de Saúde, 2015.

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76

Anexo XXIX – Abordagem terapêutica da hipertensão arterial em indivíduos com risco

cardiovascular

Fonte: Norma nº 009/2014: Processo Assistencial Integrado do Risco Cardiovascular no Adulto. George,

Francisco Henrique Moura: Direção Geral de Saúde, 2014.

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77

Anexo XXX – Abordagem terapêutica da dislipidemia em indivíduos com risco cardiovascular

Fonte: George, Francisco Henrique Moura. Norma n º 019/2011: Abordagem Terapêutica das Dislipidemias

no Adulto. Direção Geral de Saúde, 2011.

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78

Anexo XXXI – Tabela resumo das sessões de formação frequentadas

Laboratório Tema Data Duração

Avene Gama completa da Avene 07/03/2016 8 Horas

Avene Fotoproteção e Dermatite

atópica 08/03/2016 210 Minutos

Bioderma Gama completa da Bioderma 10/05/2016 6 Horas

Elancyl Gama completa da Elancyl 23/03/2016 210 Minutos

Ellaone Contraceção de emergência 11/05/2016 120 Minutos

Isdin Fotoproteção e saúde

bucodentária 21/06/2016 120 Minutos

La Roche Posay Fotoproteção 24/05/2016 210 Minutos

Merck Dor e mobilidade 08/03/2016 120 Minutos

Theralab Produtos adelgaçantes e de

emagrecimento 18/04/2016 120 Minutos

Vichy Novos lançamentos 12/05/2016 120 Minutos

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79

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80

Centro Hospitalar do Porto

Cristiana da Conceição Ferreira Almeida da Silva

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81

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82

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Centro Hospitalar do Porto

Janeiro de 2016 a fevereiro de 2016

Cristiana da Conceição Ferreira Almeida da Silva

Pedro Miguel Faria Monteiro

Ricardo Filipe Pires Nascimento

Vera Sofia Alves Moreira

Orientadora: Dr.ª Teresa Almeida

__________________________

Julho de 2016

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

83

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros

autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado

a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ______________ de ______

Assinatura: ______________________________________

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

84

AGRADECIMENTOS

À Doutora Teresa Almeida por, não só ter proposto os Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar

do Porto como acetores de alunos em estágio curricular, como também pela sua amabilidade e ajuda

omnipresente.

À Doutora Patrocínia Rocha pela forma apaixonada e, sobretudo, apaixonante com que nos apresentou

os Serviços Farmacêuticos assim como a sua visão prospetiva para a sua evolução no futuro.

A todos os técnicos, assistentes operacionais e auxiliares pela dedicação e brio prestados na sua

missão profissional que nos serviu de compasso e inspiração no nosso papel a desempenhar.

Ao corpo farmacêutico pelo seu acompanhamento incondicional pelos diversos processos e pelos

valiosos ensinamentos ministrados apontados às valências do Farmacêutico Hospitalar como Profissional

interventivo na Saúde.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

85

RESUMO

No sentido de colocar em prática todos os fundamentos teóricos adquiridos durante o percurso

académico no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, está estabelecido que a formação prática do

aluno deve constar do seu plano curricular. Assim, surgiu o período de estágio em farmácia hospitalar que foi

realizado no Centro Hospitalar do Porto e que teve a duração de 2 meses.

Durante o referido estágio foi possível conhecer o funcionamento de cada um dos sectores que

compõem os SF: Armazém, Produção, Distribuição e Ensaios Clínicos. Divididos em grupos de dois

elementos, foi passada uma semana em cada um dos serviços para que todos observassem a organização e a

realidade de cada um deles. Neste sentido, foi possível colocar em prática muitos dos conhecimentos

adquiridos ao longo dos cinco anos de formação e, além disso, ter uma noção mais realista das funções e do

contexto profissional do Farmacêutico Hospitalar, das suas valências e importância num hospital central.

Assim, esta foi uma experiência de aprendizagem não só a nível profissional, mas também a nível

pessoal, servindo deste modo para o desenvolvimento e crescimento enquanto profissionais de saúde.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

86

ÍNDICE

1) Hospital de Santo António ................................................................................................................... 1

1.1) Os Serviços Farmacêuticos ......................................................................................................... 1

1.1.1) Organização, Funções e Responsabilidades 1

1.1.2) Recursos humanos 2

1.1.3) Sistema Informático 2

2) Seleção, aquisição, receção e armazenamento de medicamentos, Produtos Farmacêuticos e Dispositivos

Médicos ...................................................................................................................................................... 3

2.1) Seleção e Aquisição.......................................................................................................................... 3

2.2) Receção e Conferência ..................................................................................................................... 4

2.3) Armazenamento ............................................................................................................................... 4

3) Produção ............................................................................................................................................. 5

3.1) Medicamentos Não Estéreis .............................................................................................................. 5

3.2) Medicamentos Estéreis ..................................................................................................................... 6

3.3) Nutrição Parentérica ......................................................................................................................... 7

3.4) Unidade de Farmácia Oncológica ..................................................................................................... 8

3.5) Fracionamento e reembalamento ....................................................................................................... 9

4) Distribuição ........................................................................................................................................ 9

4.1) Distribuição Clássica ........................................................................................................................ 9

4.2) Distribuição Individual Diária e em Dose Unitária .......................................................................... 10

4.3) Distribuição em Farmácia de Ambulatório ...................................................................................... 12

5) Ensaios Clínicos ................................................................................................................................ 13

6) Cuidados Farmacêuticos .................................................................................................................... 16

7) Utilização de antídotos no CHP: um caso de estudo............................................................................. 16

Bibliografia ............................................................................................................................................... 21

Anexos ...................................................................................................................................................... 26

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87

LISTA DE ABREVIATURAS

AIM – Autorização de Introdução no Mercado

AOP – Assistente Operacional

APCER – Associação Portuguesa de Certificação

APF – Armazém de Produtos Farmacêuticos

APT – Alimentação Parentérica Total

AT – Assistente Técnico

AUE – Autorização de Utilização Especial

BPF – Boas Práticas de Fabrico

BZD – Benzodiazepinas

CA – Conselho de Administração

CdM – Circuito do Medicamento

CE – Comissão de Ética

CFLv – Câmara de Fluxo Laminar Vertical

CFT – Comissão de Farmácia e Terapêutica

CHKS – Comparative Health Knowledge Systems

CIAV – Centro de Informação Anti-Venenos

CICA – Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório

CMIN – Centro Materno-Infantil do Norte

CTX – Citotóxicos

DCI – Denominação Comum Internacional

DID – Distribuição Individual Diária

DIDDU – Distribuição Individual Diária e Dose Unitária

EC – Ensaios Clínicos

EPE – Entidade Pública Empresarial

FHNM – Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

GHAF – Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HD – Hospital de Dia

HGSA – Hospital Geral de Santo António

HJU – Hospital Joaquim Urbano

HLS – Hospital Logistic Sistem

HMP – Hospital Maria Pia

INCM – Instituto Nacional-Casa da Moeda

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

MJD – Maternidade Júlio Dinis

PDA – Personal Digital Assistant

PF – Produtos Farmacêuticos

PRM – Problemas Relacionados com a Medicação

SF – Serviços Farmacêuticos

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88

SNC – Sistema Nervoso Central

TDT – Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica

TSS – Técnicos Superiores de Saúde

UEC – Unidade de Ensaios Clínicos

UCIP – Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente

UFA – Unidade de Farmácia de Ambulatório

UFO – Unidade de Farmácia Oncológica

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89

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1

1) Hospital de Santo António

Visto como um hospital de referência, o Hospital Geral de Santo António (HGSA) existe desde

Agosto de 1799 e é considerado um dos melhores hospitais a nível nacional. Sendo um hospital central e

universitário, promove o ensino e a inovação nas áreas científicas, procurando uma preparação exímia para

futuros profissionais de saúde [1].

O Decreto-Lei n.º 326/2007, de 28 de Setembro estabeleceu o Centro Hospitalar do Porto que se

tornou numa Entidade Pública Empresarial (EPE), por fusão do Hospital Geral de Santo António, com o

Hospital Central Especializado de Crianças Maria Pia (HMP) e a Maternidade Júlio Dinis (MJD) [2, 3]. O

Decreto-Lei n.º 30/2011 veio integrar no CHP o Hospital Joaquim Urbano (HJU) [4]. Da fusão do HMP e da

MJD resultou o Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN).

1.1) Os Serviços Farmacêuticos

Os Serviços Farmacêuticos (SF) Hospitalares são regulados pelo Decreto-Lei n.º 44/204 de 2 de

Fevereiro de 1962, que afirma que estes constituem uma importante estrutura dos cuidados de saúde

fornecidos em meio hospitalar. Os SF afirmam-se como sendo departamentos com inteira autonomia técnica

e científica, assegurando a terapêutica medicamentosa aos doentes por integração nas equipas de cuidados de

saúde, promovendo ainda ações de investigação científica e de ensino [5, 6].

Uma das principais funções dos SF é a gestão dos medicamentos e Produtos Farmacêuticos (PF), que

pode ser definida como sendo um conjunto de procedimentos que visam garantir a sua dispensa em perfeitas

condições, procurando ainda assegurar o seu bom uso. Assim sendo, facilmente se compreende que a gestão

de medicamentos inclui várias etapas: seleção, aquisição,armazenamento, distribuição e administração ao

doente, todas imprescindíveis para o cumprimento dos propósitos referidos [6].

1.1.1) Organização, Funções e Responsabilidades

Os SF encontram-se situados no piso 0 do Edifício Neoclássico do HGSA, à exceção do Armazém de

Soluções Injetáveis de Grande Volume e da Unidade de Farmácia Oncológica (UFO) que se localizam no

edifício Dr. Luís de Carvalho (junto ao Hospital de Dia) nos pisos 0 e 1, respetivamente. Nos SF do CHP

também se incluem as farmácias satélite do CMIN e HJU que se localizam nas unidades hospitalares

correspondentes.

Estes encontram-se divididos em vários setores nomeadamente o Armazém de Produtos

Farmacêuticos (APF), Produção (Não Estéreis, Estéreis, UFO e fracionamento/reembalamento), Distribuição

(Clássica, Individual Diária e em Ambulatório) e Ensaios Clínicos (EC).

O Sistema de Controlo da Qualidade existe no CHP desde a sua formação e realça as políticas e

procedimentos necessários para melhoria e controlo das diversas atividades e processos fundamentais [7]. O

CHP encontra-se certificado pelo Comparative Health Knowledge Systems (CHKS) e pela Associação

Portuguesa de Certificação (APCER) cumprindo a norma NP EN ISO 9001:2008. Neste sentido, os SF

possuem guias para as funções e tarefas que são executadas diariamente no serviço – as Instruções de

Trabalho – as quais são sujeitas frequentemente a revisões e auditorias para que se mantenham atualizadas.

No HGSA é utilizada a filosofia Kaizen na qual está incluída o sistema Kanban para que haja uma gestão

mais eficaz e organizada dos stocks evitando a rotura. O kanban é um cartão que assume várias cores

consoante o armazém ou o tipo de produto a que corresponde (Anexo I) e contém todas as informações sobre

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o produto, tais como código de barras interno, Designação Comum Internacional (DCI), ponto de

encomenda, quantidade a encomendar e localização do medicamento/PF.

Os SF possuem funções importantes no circuito do medicamento, como a aquisição de PF, o seu

armazenamento, produção, farmácia clínica, farmacocinética, farmacovigilância, cuidados farmacêuticos,

participação em ensaios clínicos, preparação de nutrição parentérica e promoção de uma eficiente gestão dos

recursos disponíveis, procurando garantir o cumprimento do plano terapêutico de cada doente [6, 8]. Todas

estas funções adquirem um grande relevo no que diz respeito à contribuição para a melhoria da saúde da

população que o CHP serve. Além do papel do Farmacêutico na Farmácia Hospitalar, tem ainda um papel

importante na Comissão de Ética para a Saúde (CES) e na Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). A

primeira entidade é definida pelo Decreto-Lei n.º 97/95 de 10 de Maio e é importante no sentido de

supervisionar os padrões de ética no exercício dos cuidados de saúde para que seja garantida a dignidade e

integridade humanas. Já a segunda rege-se pelo Despacho n.º 1083/2004 do Ministro da Saúde, de 1 de

Dezembro de 2003 e assume um papel fundamental de ligação entre os serviços médicos e farmacêuticos

propondo a nomeação de profissionais para assessorias técnicas em temáticas específicas [8-10].

As responsabilidades dos SF passam pela gestão dos medicamentos e pela implementação/controlo da

sua política que é definida pelo Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) e suas adendas

bem como deliberações da CFT. [6].

Tudo é definido e trabalhado com exigência e rigor, cumprindo toda a legislação para que os cuidados

de saúde sejam prestados com excelência e no sentido da melhoria da qualidade de vida e saúde da

população.

1.1.2) Recursos humanos

Os recursos humanos alicerçam o bom funcionamento dos SF e, como tal, requerem um conjunto de

profissionais capacitados a exercer todas as atividades incluídas no circuito do medicamento.

Todos os setores são geridos e representados por um conjunto de profissionais de saúde com

diferentes funções, mas todos com grande importância em todo o circuito do medicamento. A equipa

profissional é então constituída por Farmacêuticos (designados por Técnicos Superiores De Saúde (TSS)),

Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT), Assistentes Operacionais (AOP) e Assistentes Técnicos (AT).

Todos os profissionais trabalham em conjunto para garantir a qualidade e uma ótima prestação dos cuidados

de saúde. Um dos farmacêuticos hospitalares é responsável pela direção de todo serviço, cargo

desempenhado pela Dr.ª Patrocínia Rocha, sendo que cada um dos sectores possui ainda um responsável

principal.

1.1.3) Sistema Informático

Para que haja o máximo de transparência e comunicação em todo o serviço de prestação de cuidados

de saúde, os SF utilizam uma aplicação informática denominada de GHAF – Gestão Hospitalar de Armazém

e Farmácia. Este programa divide os vários setores e classifica-o de acordo com códigos numéricos, sendo

que 1 representa a Distribuição Individual Diária e Dose Unitária (DIDDU), 1001 o Armazém, 1003 a UFA,

1004 a UFO, 1006 a produção, a MJD, o HMP (atualmente não utilizado) e o HJU. Por esta razão, cada

profissional que detenha as credenciais pessoais que lhe permitam aceder à aplicação seleciona o código

correspondente ao armazém em que se encontra a trabalhar e aí procede a um conjunto de tarefas como gerir

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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os stocks, encomendar produtos em falta, realizar as composições e transferências entre armazéns, entre

outras atividades que foram pensadas no sentido de diminuir erros e aumentar a qualidade do serviço.

O Circuito do Medicamento (CdM) é uma aplicação informática instalada nos SF e nos serviços

clínicos. Esta aplicação permite ter acesso a todo o percurso do medicamento, desde a receção nos SF,

passando pela prescrição médica e validação farmacêutica e terminando na dispensa (Anexo II).

É ainda digno de menção o Portal Interno que pode ser utilizado para estabelecer uma comunicação

mais rápida entre os SF e as enfermarias, tendo surgido para substituir as ligações telefónicas.

2) Seleção, aquisição, receção e armazenamento de medicamentos, Produtos Farmacêuticos e

Dispositivos Médicos

2.1) Seleção e Aquisição

Os produtos existentes a nível hospitalar são selecionados e adquiridos tendo por base o FHNM, bem

como a adenda que é elaborada pela CFT de acordo com necessidades dos doentes não contempladas no

referido formulário e ainda critérios farmacoeconómicos [6]. A aquisição de medicamentos e PF é um

processo de extrema importância tal como a correta gestão dos stocks que, no caso do CHP, é suportada pelo

GHAF.

A reposição de stocks no APF é normalmente realizada pelo sistema Kanban, cujo objetivo é

evidenciar a necessidade de se efetuar um pedido de encomenda sempre que determinado produto atinge um

valor mínimo (designado ponto de encomenda), sendo este valor previamente estudado tendo em conta os

seus consumos anuais. As quantidades a encomendar estão também previamente estipuladas por forma a

garantir que o produto nunca entre em rotura ou surja em excesso [11]. Os pedidos de encomenda são

gerados pelos SF, através da introdução na Lista Comum, do produto e da quantidade a encomendar sendo o

Serviço de Aprovisionamento responsável pela emissão das notas de encomenda. Note-se que em todo este

processo o kanban desempenha um papel fulcral sendo indispensável que seja colocado no local correto e que

contenha informações fidedignas. Como tal, os valores das quantidades a encomendar e o ponto de

encomenda dos kanban devem ser permanentemente revistos. A revisão de kanban foi um dos procedimentos

observados durante o estágio curricular e, de facto, reveste-se da maior importância, visto que num curto

período de tempo surgiram variadas alterações aos kanban alvo de revisão.

Em algumas situações não é possível obter a medicação através dos pedidos de encomenda em tempo

útil e como tal torna-se necessário recorrer a pedidos de empréstimo ao exterior (Hospital S. João, Hospital

Pedro Hispano, entre outros) [12]. O mesmo acontece no sentido inverso, ou seja, o CHP também concede

empréstimos a outras instituições hospitalares [13]. Para além dos empréstimos, existem outros tipos de

movimentos de medicação e PF entre os diversos hospitais – consignações – e que têm como objetivo escoar

determinado produto quando este se encontra próximo do fim do prazo de validade.

Existem alguns medicamentos que não possuem AIM em Portugal e como tal, quando são

necessários, carecem de um pedido de autorização de utilização especial (AUE) para que possam ser

importados e utilizados. As referidas autorizações são da responsabilidade da Autoridade Nacional do

Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) e têm validade de 1 ano económico, sendo que o

hospital sempre que efetua um pedido de produtos AUE tem obrigatoriamente de identificar o n.º do processo

do doente autorizado (n.º este que é atribuído pelo INFARMED) (Anexo III).

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Durante o período de estágio foi possível acompanhar todas as atividades referidas o que permitiu ter

uma noção real de quais os fármacos de uso exclusivo hospitalar e ainda da grande rotatividade que alguns

deles apresentam, visto que os pedidos de encomenda eram bastante frequentes.

2.2) Receção e Conferência

A receção de medicamentos e PF realiza-se na zona de receção (um local separado do armazém mas

próximo deste e com acesso direto ao exterior) e tem como principal objetivo garantir que os produtos

entregues são efetivamente os pedidos e que se encontram em condições de serem utilizados [6, 14].

Inicialmente, efetua-se uma primeira conferência (quantitativa) que consiste em verificar o n.º de

volumes entregues (conferindo se a quantidade fornecida corresponde ao que vem mencionado na guia de

remessa e ainda na nota de encomenda), o estado das embalagens e ainda qual o destino interno dos produtos

farmacêuticos recebidos [6, 14]. Posteriormente, procede-se à realização de uma segunda conferência, esta

sim qualitativa e quantitativa, na qual se verifica o lote e o prazo de validade dos produtos farmacêuticos,

comparando a mercadoria entregue com a faturada [6, 14]. No caso dos dispositivos médicos, é ainda

necessário verificar a presença de marcação CE, sendo que os certificados que acompanham estes produtos

devem ser arquivados [14]. A receção dos hemoderivados deve incluir uma etapa de verificação do respetivo

Certificado de Autorização de Utilização de Lote (CAUL); enquanto a receção das matérias-primas implica o

arquivo do boletim de análise que comprova a qualidade do lote fornecido [6]. Importa ainda referir que no

caso de uma encomenda conter produtos de frio estes são os primeiros a ser conferidos, por forma a não

quebrar a cadeia de frio.

Findada a receção, a documentação validada é enviada para o Serviço de Aprovisionamento para que

seja dada entrada informática dos produtos no GHAF [6].

Esta fase do circuito do medicamento foi acompanhada durante o estágio, tendo sido observados todos

os processos envolvidos na receção de encomendas.

2.3) Armazenamento

Após rececionados, os produtos farmacêuticos são conservados em condições adequadas de

luminosidade, temperatura e humidade, sendo estas últimas monitorizadas por um sistema de controlo e

registo automáticos de funcionamento contínuo [6]. Este é um ponto extremamente importante visto que o

correto armazenamento dos medicamentos assegura a manutenção da sua qualidade, note-se o exemplo dos

medicamentos termolábeis que têm obrigatoriamente de ser arrumados em câmaras frigoríficas por forma a

manter a sua estabilidade. No armazém, os medicamentos e PF encontram-se organizados de acordo com a

representação do Anexo IV (respeitando o princípio FEFO- First Expired First Out), estando identificados

pela DCI, código, dose, forma farmacêutica, e código de barras.

De notar que os estupefacientes e psicotrópicos são armazenados num local individualizado com

acesso restrito a farmacêuticos e que os produtos inflamáveis se encontram fisicamente separados dos

restantes, devido à sua perigosidade.

Para os produtos armazenados (independentemente do espaço físico pertencente aos SF onde se

encontrem) existe um sistema mensal de controlo dos prazos de validade que consiste em imprimir uma

listagem via GHAF contendo todos os medicamentos/PF cujo prazo de validade caduca nos 3 meses

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seguintes [15]. Todos os quantitativos dos produtos para inutilizar ou para devolver ao laboratório são

retirados do local de armazenamento e transferidos informaticamente para o armazém 101 [15].

3) Produção

Este setor engloba a produção de medicamentos não estéreis e estéreis, sendo que estes últimos

incluem a preparação de nutrição parentérica e citotóxicos (CTX). Ainda no setor da produção importa referir

o processo de fracionamento/reembalamento de sólidos que é indispensável, sobretudo como stock de apoio à

Distribuição Individual Diária (DID).

A produção de medicamentos é um dos pilares da Farmácia Hospitalar. Esta permite, por exemplo, a

adaptação da terapêutica tendo especial relevo em doentes que necessitam de uma individualização da mesma

dadas as suas caraterísticas fisiopatológicas (como é o caso da população pediátrica) e, para os quais, não há

produto no mercado ou quando a sua aquisição não é viável para o hospital.

Todo o conjunto de procedimentos efetuados e protocolos seguidos cumprem as Boas Práticas de

Fabrico (BPF) de forma a garantir a qualidade, segurança e eficácia do tratamento. Para que este objetivo seja

alcançado, é necessário que haja uma estrutura adequada e um sistema de procedimentos que assegure um

“Sistema de Qualidade na Preparação de Formulações Farmacêuticas” [6].

No final de todas as produções, faz-se o registo da composição do produto e possíveis transferências

de armazém quando é necessária alguma matéria-prima ou medicamento que não está no armazém da

produção. Este registo é feito no GHAF que é impresso e arquivado.

3.1) Medicamentos Não Estéreis

A elaboração das formulações preparadas nos SF é regulada pelos Decretos-Lei n.º 90/2004 e n.º

95/2004 e obedece às BPF de Medicamentos Manipulados (Portaria 594/2004) [6]. Este setor é

particularmente importante para a população pediátrica e geriátrica, resultado da incapacidade em deglutir

comprimidos ou cápsulas, por exemplo. Cada medicamento é formulado de acordo com a respetiva Ordem de

Preparação (note-se que se encontra no Anexo V um exemplar) [6, 16-19].

No GHAF surgem as prescrições destinadas a este setor, as quais devem ser validadas pelo TSS

supervisor que também emite a ordem de preparação e os rótulos que acompanham os produtos. A primeira

contém informações como a identificação da preparação e respetivo lote de produção, identificação do

operador e supervisor, quantidade a preparar, composição qualitativa e quantitativa, matérias-primas e dados

que permitam ter o conhecimento da rastreabilidade (origem, lote e prazo de validade) e o modo de

preparação [19].

Neste setor são executadas preparações de formas farmacêuticas sólidas (como papéis

medicamentosos), semi-sólidas (como pomadas, cremes e pastas) e líquidas (como soluções, loções e

suspensões). A título de exemplo preparam-se alguns produtos não estéreis como Suspensão Oral de

Metoprolol 1%, Suspensão Oral de Captopril, Suspensão Oral de Ácido Ursodesoxicólico 1,5%, Xarope de

Clonidina, Solução Oral de Hidrato de Cloral 10%, Solução Oral de Sacarose 24%, Solução Oral de Citrato

de Sódio 3%, Solução Aquosa de Iodo 5%, Solução Oral de Furosemida 2,5%, Loção de Alfazema, Papéis

Medicamentosos de Glucose Mono-hidratada, Papéis Medicamentosos de Resina Permutadora de Catiões,

Papéis Medicamentosos de Tri-hexifenidilo e Pomada de Sirolimus.

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O controlo da qualidade é efetuado através de ensaios como a uniformidade de massa (sólidos), pH

(semi-sólidos e líquidos) e transparência (líquidos) [20], previamente estipulados e que se encontram no

Anexo VI. O volume ou a massa final de PF podem ter desvios de ±5% por forma a colmatar possíveis

variações decorrentes do processo de produção. Após término da preparação, o PF/medicamento é

acondicionado convenientemente e devidamente rotulado com informação relativa à composição, número do

lote (atribuído ao medicamento manipulado), prazo de validade, condições de conservação, instruções de

utilização, via de administração e identificação do local de preparação e do Diretor Técnico [21] (Anexo

VII).

Na área de produção existe um fardamento específico adequado à segurança que os procedimentos

exigem, nomeadamente bata, luvas, touca e máscara, sendo designado de equipamento de proteção individual

(EPI) [22].

No final do dia, faz-se o registo das matérias-primas utilizadas indicando as quantidades utilizadas,

quebras, quantidade existente no laboratório, em que manipulado foi utilizada e seu lote, validade e serviço

de destino.

3.2) Medicamentos Estéreis

A elaboração dos produtos estéreis é realizada num local adequado e legislado que se rege pela

Portaria n.º 42/92 de 23 de Janeiro [23, 24].

Tal como acontece no setor dos medicamentos não estéreis, a produção de produtos estéreis é

precedida da emissão da ordem de preparação pelo farmacêutico responsável pelo setor, na qual são

indicadas as informações necessárias à produção do mesmo [25].

A manipulação de medicamentos estéreis exige uma técnica asséptica para garantir a esterilidade das

preparações. Tudo é realizado no interior da Câmara de Fluxo Laminar vertical (CFLv) onde é garantida a

proteção do operador e da preparação. A CFLv encontra-se no interior de uma sala com ambiente estéril e

com pressão positiva para que seja evitada a entrada de ar não estéril. A entrada de matérias-primas, ordens

de preparação e/ou materiais é feita através de um transfer.

Esta secção exige ainda equipamento adequado para a segurança, proteção e prevenção da

contaminação das preparações. Na sala negra devem calçar-se os sapatos de bloco, colocar-se touca e

máscara, sendo que é apenas na sala cinzenta que se veste uma bata estéril, se procede à desinfeção das mãos

com clorohexidina e, por fim, se calçam umas luvas estéreis [26]. A ordem de preparação é colocada numa

mica que é desinfetada com álcool 70º e é colocada num local visível. Todas as matérias-primas e materiais

utilizados têm que ser descontaminados com álcool 70º quando entram na CFLv. Sempre que as mãos saem

da CFLv, as luvas devem voltar a ser desinfetadas com a mesma solução [27].

Neste setor são preparados diversos produtos, entre os quais colírios, injetáveis intravenosos,

intramusculares e subcutâneos. Para além destas preparações também se inclui neste serviço o fracionamento

de medicamentos estéreis tais como as injeções intravítreas. Todas as preparações são devidamente

embaladas e rotuladas ainda no interior da sala branca.

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3.3) Nutrição Parentérica

Este tipo de nutrição é utilizado quando o normal fornecimento de nutrientes está impedido ou é

contra-indicado pela via entérica, situação associada por exemplo à imaturidade do tubo digestivo (bebés

prematuros) ou lesão grave do trato gastro-intestinal.

A preparação de nutrição parentérica é da responsabilidade do setor de produção de medicamentos

estéreis seguindo o mesmo procedimento que a preparação destes últimos. As prescrições surgem no GHAF

ou numa pasta intranet nas quais se acedem às encomendas dos serviços de pediatria, cuidados intensivos

pediátricos e neonatologia do HGSA e do CMIN. As encomendas do Hospital Padre Américo (pertencente ao

Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE) chegam via e-mail.

Destinadas especialmente aos serviços de neonatologia, existem fundamentalmente dois tipos de

bolsas de nutrição: Solução I, hidrossolúvel, que contém soluções de glicose (a 5, 10 e/ou 30%), aminoácidos

e micronutrientes e Solução II, lipossolúvel, que fornece lípidos e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

Estas bolsas são formuladas segundo uma ordem de preparação em que constam os dados de identificação do

doente, o dia da Alimentação Parentérica Total (APT) (exclusivo para CMIN) e composição quali-

quantitativa da solução I e solução II, como é possível verificar no Anexo VIII. [28]. Quando se analisa a

prescrição da APT, deve verificar-se se os valores dos micronutrientes e oligoelementos estão dentro dos de

referência e ainda se a osmolaridade e a relação cálcio/fósforo estão de acordo com o previsto.

No caso das soluções I, o enchimento das soluções glicosiladas e de aminoácidos é feito com recurso a

um sistema automático de enchimento. As restantes enchem-se de forma manual, sendo que os

micronutrientes devem ser adicionados um a um, de forma sequencial e conhecida, de modo a evitar a

formação de precipitados que condicionam a estabilidade da preparação. Estes fazem-se passar por um filtro

de membrana para reter as partículas em suspensão. Depois de tudo adicionado e misturado, retira-se o

máximo de ar possível, clampa-se e obtura-se a bolsa. Diariamente, é feita uma análise microbiológica (2 mL

de amostra) à primeira bolsa de cada sessão de trabalho e à última do dia [29]. Nas preparações já

terminadas devem avaliar-se as caraterísticas organoléticas tais como a limpidez da solução e ausência de ar.

No caso das soluções I, após preparadas, estas devem ser pesadas para efetuar o controlo gravimétrico sendo

que o seu peso pode variar num intervalo de ±5% [30].

O farmacêutico ou TDT identifica a bolsa com o rótulo interno, embala-a com folha de alumínio para

proteger da luz e coloca o rótulo externo. O rótulo contém informações sobre o doente, conteúdo quali-

quantitativo da bolsa, modo de conservação e prazo de validade, conforme se pode observar no Anexo IX.

Este último é calculado com base no capítulo 797 da United States Pharmacopeia (USP) para preparações de

risco médio [31]. De seguida, e conforme especificado, as bolsas são colocadas entre 2-8ºC até administração

ao doente ou à temperatura ambiente (15-25ºC) [32].

Também se procede ao ajuste de preparações nutricionais comerciais, que já contêm os

macronutrientes em diferentes compartimentos: lípidos, aminoácidos e glucose. Nestas situações, e de acordo

com prescrição médica, adicionam-se ao compartimento dos aminoácidos os micronutrientes hidrossolúveis e

promove-se a reconstituição da bolsa. Por fim, adicionam-se as vitaminas lipossolúveis e prepara-se o

sistema que fica pronto para a administração ao doente.

Todos estes procedimentos foram verificados no decurso do estágio curricular.

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3.4) Unidade de Farmácia Oncológica

A UFO leva a cabo o armazenamento de hemoderivados, de produtos usados no tratamento de

desordens enzimáticas e de matérias-primas empregues na produção de citotóxicos, a produção per si e a sua

distribuição.

Embora faça parte integrante da produção, encontra-se segregada situando-se anexamente ao Hospital

de Dia (HD). Esta particularidade deve-se ao facto de a Unidade gerir o seu próprio armazém dada a

especificidade do seu inventário. Acrescem razões logísticas, visto que o Hospital de Dia é o principal

destinatário dos produtos aí gerados e ainda razões instrumentais, dado que o seu teatro de operações inclui

uma sala estéril diferente que opera sob uma técnica de pressão negativa, tal como indica a diretiva para a

produção de citotóxicos. Para além destas particularidades, a UFO opera com técnicos devidamente

habilitados e ratificados pelo Diretor do Processo quanto à sua aptidão para a manipulação de CTX [33-35].

Elaborando quanto à gestão do stock avançado da UFO, esta faz-se servir do sistema kanban que

assinala o ponto de encomenda do produto a pedir ao Armazém que encaminha o pedido ao Serviço de

Aprovisionamento e que receciona a encomenda antes de a remeter à UFO que tratará da sua conferência e

reposição [36].

O circuito do medicamento neste setor passa primeiramente pela análise das prescrições médicas que

chegam ao serviço por papel ou informaticamente via GHAF e de uma filtração preliminar daquelas que não

se destinam a esta Unidade. De seguida, o Farmacêutico verifica o diagnóstico feito ao doente e revê a

conformidade da prescrição com as guidelines internas do Hospital (acompanhadas de referenciação

bibliográfica) (Anexo X) confrontando-as com os índices biométricos do doente, seguindo-se então o cálculo

de volumes de fármaco e veículo (aferidos pelos TDT na Sala Branca) e impressão da ordem de preparação

que deriva de uma prescrição manual (Anexo XI) ou de uma prescrição eletrónica (Anexo XII), ações estas

que compõem a primeira validação [37].

O passo que se segue, a segunda validação, é efetuada pelo Farmacêutico que se encontra de apoio à

Sala Branca e engloba igualmente a conferência das guidelines e dos volumes a aferir e entrega à equipa

dentro da Sala Branca a ordem de preparação sob a forma de rótulos (a incluir no injetável e na manga estéril

na qual o medicamento se apresenta à saída da Sala Branca) juntamente com os medicamentos e veículos

necessários à sua preparação [37].

Os rótulos indicativos de material dotado de perigosidade biológica “Biohazard”, assim como os

invólucros de alumínio para medicamentos fotossensíveis, são aplicados pelos TDT na Sala Branca antes da

sua disposição no transfer [37, 38].

De relevar que a Unidade também se encarrega de tratar as devoluções de produtos que dela derivam,

processo que inclui a avaliação do produto devolvido pelo farmacêutico que o julga quanto à sua estabilidade

físico-química e microbiológica e ainda sobre as condições de transporte e armazenamento às quais o produto

esteve sujeito e que determinará, mediante a apreciação feita, a sua reintegração no inventário [39].

A UFO tem ainda kits de derramamento de CTX para o caso de ocorrer algum acidente decorrente do

transporte, manuseio ou administração de CTX e que poderá disponibilizar ao Serviço onde tenha ocorrido o

evento, tendo este último que ser reportado por um formulário próprio e os seus intervenientes examinados

em consulta de Medicina no Trabalho [40, 41].

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3.5) Fracionamento e reembalamento

O fracionamento de medicamentos consiste num processo que permite obter frações da dose de um

medicamento possibilitando, desta forma, a utilização de doses não disponíveis no mercado, sem pôr em

risco as propriedades físico-químicas do produto. Este processo pode ser realizado em comprimidos, pós ou

formulações líquidas [42]. Note-se que os papéis medicamentosos são um exemplo prático do fracionamento

de pós e que são frequentemente preparados no CHP.

O reembalamento é realizado no caso de produtos que são comercializados em multidose e permite

aos SF disporem do mesmo de forma individualizada reduzindo os erros e garantindo uma maior economia.

Após o reembalamento procede-se à identificação do produto com DCI, nome comercial, forma

farmacêutica, dose, lote e prazo de validade [6, 43, 44]. Caso o PF/medicamento necessite de algum modo de

conservação especial, este deve ser mencionado na identificação (rótulo), como por exemplo a menção de

proteger da luz no caso de ser fotossensível [44]. Este procedimento é realizado principalmente com o

propósito de apoio à DIDDU tal como já foi referido.

4) Distribuição

Para que os medicamentos/produtos farmacêuticos armazenados cheguem junto dos doentes é

necessário proceder à sua distribuição pelo hospital. Com efeito, a sua distribuição representa uma das

atividades desenvolvidas pelos SF com maior impacto junto dos serviços clínicos, cabendo-lhes aumentar a

eficiência dos processos de distribuição, racionalizando-os, bem como garantir o cumprimento das

prescrições médicas e a correta administração dos medicamentos, reduzindo os erros e os custos associados à

medicação [6, 45].

Os medicamentos são, deste modo, distribuídos a doentes em regime de internamento (quer pela

distribuição clássica, quer pela distribuição individual diária) e a doentes em regime de ambulatório [6].

4.1) Distribuição Clássica

A distribuição clássica, também designada por distribuição tradicional, é o serviço farmacêutico que

se ocupa da disponibilização de medicamentos/PF para todos os serviços clínicos, blocos e consultas do

CHP, tendo em vista a reposição dos seus stocks. Esta atividade contempla ainda a reposição dos stocks

existentes nas farmácias satélites do CHP (CMIN e HJU), das Unidades de Farmácia Oncológica e de

Ambulatório (UFO e UFA) e das Viaturas Médicas de Emergência Rápida (VMER) – encontrando-se

dividida em 3 circuitos distintos: A, B e C (Anexo XIII) [45-48].

Assim, a reposição dos stocks que se encontram distribuídos pelo CHP é feita por um dos 3

seguintes sistemas: reposição por HLS: em que é feita a troca de caixas (sucs) vazias por caixas cheias de

medicamentos; reposição de stocks nivelados: contagem dos produtos utilizados e reposição no local;

reposição de stocks por kanban: cartão que indica a necessidade de reposição. Para cada um dos sistemas de

reposição dos medicamentos/PF já se encontram devidamente estabelecidos os quantitativos de reposição por

acordo entre os Serviços Farmacêuticos e os Serviços Clínicos, cabendo ao TSS a supervisão de todo o

processo [48-51].

Note-se que cada um dos serviços/unidades clínicas hospitalares apresenta horários definidos para a

emissão das solicitações dos medicamentos em falta, podendo estas ser executadas através do GHAF, por

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papel (requisição própria do serviço), via kanban, sistema de HLS, requisição automática (Pyxis

Medstation®), verificação de stocks nivelados ou chegada de sucs [46-52].

O aviamento das requisições pode ser realizado com recurso ao PDA, com o qual é feito o picking dos

produtos solicitados e a transferência informática para o requisitante é automática, reduzindo-se assim

eventuais erros associados ao débito dos produtos nos computadores, tornando ainda o processo mais célere.

Deste modo, após o aviamento e débito informático, os medicamentos devem ser acondicionados de acordo

com as suas características em caixas/contentores e identificando-se o local a que se destinam, sendo

colocados num dos 4 locais onde aguardam transporte, de acordo com os horários e rotas de transporte

definidas [53, 54].

Os antissépticos e desinfetantes, os produtos de contraste radiológico e as soluções injetáveis de

grande volume seguem, em razão de apresentarem características particulares, um circuito ligeiramente

distinto da restante medicação, conforme está descrito nas respetivas Instruções de Trabalho: emissão de

requisições próprias dos serviços para despoletar a reposição do stock [49-51].

O SCI (Serviço de Cuidados Intensivos) e BOC-A (Bloco Dr. Luís de Carvalho) são duas unidades

hospitalares em que existem, contrariamente ao restante centro hospitalar, dispositivos/estações do sistema

semi-automático de dispensa de medicamentos (Pyxis Medstation®), nas quais se armazena e dispensa (de

forma mais rápida e segura) a medicação necessária para estes serviços, tendo em consideração as suas

características e controlando a sua quantidade e validade. Importa realçar que apenas o pessoal autorizado

tem acesso à medicação contida no interior do sistema. Assim, o TDT responsável pelo circuito A da

distribuição clássica acede na consola, localizada nos SF, à lista de produtos que têm que ser repostos,

emitindo o relatório de recarga-entrega (o sistema emite um relatório para a medicação geral e outro apenas

para os estupefacientes). Com esta documentação é feita a dispensa desses mesmos produtos, que

posteriormente são colocados nas respetivas estações [52, 55].

Os serviços hospitalares podem proceder à devolução de medicamentos que tenham sido aviados por

distribuição clássica e não tenham sido utilizados, sendo todavia necessário avaliar previamente as condições

de conservação (particularmente nos medicamentos de frio), identificação de DCI, lote, dosagem e forma

farmacêutica, integridade física da embalagem e prazo de validade do produto. No caso dos produtos serem

rejeitados, devem ser destruídos de acordo com o constante no Despacho n.º 242/96 que regulamenta a gestão

de resíduos hospitalares [56, 57].

Durante o presente estágio, foi possível participar na reposição de stocks de vários serviços e blocos

requisitantes pertencentes ao Circuito A, incluindo a sua recolha no APF e o seu acondicionamento, bem

como acompanhar a emissão do relatório de recarga-entrega do Pyxis Medstation®. O aviamento dos

medicamentos em falta nos stocks foi feito com recurso ao PDA e também ao débito manual no GHAF e

respetiva transferência informática para os serviços requisitantes. Também se efetuou o aviamento dos

derivados de eritropoietina para os doentes em diálise.

4.2) Distribuição Individual Diária e em Dose Unitária

A DIDDU consiste na preparação da medicação para os doentes internados, nos diversos serviços

clínicos, para um período de 24 horas (excetuando os doentes dos cuidados intensivos, que não recebem a

medicação através da DID, dada a imprevisibilidade da sua terapêutica) [6, 58]. A dispensa dos

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

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medicamentos para a DID é efetuada após validação da prescrição médica (informatizada ou em papel) por

um farmacêutico [58]. A prescrição médica tem obrigatoriamente de conter: identificação do doente (que

inclui nome, n.º de processo, serviço e n.º de cama); designação do medicamento por DCI, dose, forma

farmacêutica, via de administração e duração do tratamento (quando aplicável); data e hora da prescrição e

identificação do prescritor [6, 58]. Para uma validação mais correta da prescrição torna-se indispensável a

presença de informações relativas ao diagnóstico e ainda de dados específicos sobre o doente como a idade,

valores antropométricos, alergias, estado da função renal/hepática, diabetes e estado do trato gastrointestinal

[6, 58]. Aquando da validação das prescrições o farmacêutico deve, tendo em conta os elementos referidos,

avaliar a necessidade do medicamento prescrito, a sua adequabilidade bem como da posologia e ainda as

condições do doente/sistema/medicamento [58]. Uma correta validação das prescrições possibilita um melhor

conhecimento do perfil farmacocinético dos doentes contribuindo assim para reforçar a segurança do circuito

do medicamento [58]. Para além disso permite diminuir o risco de interações medicamentosas/alimentares e

ainda racionalizar a terapêutica evitando desperdícios [6]. A maioria dos medicamentos é prescrita via

eletrónica através do CdM, excetuando hemoderivados, material de penso, antídotos e

estupefacientes/psicotrópicos, cujos modelos de prescrição se encontram nos anexos XIV (Modelo n.º 1804

da INCM), XV (Modelo n.º 1509 da INCM), XVI e XVII, respetivamente [59]. No caso dos hemoderivados

e dos estupefacientes/psicotrópicos para além da validação, o farmacêutico tem a responsabilidade de

preparar a medicação prescrita. A dispensa dos hemoderivados é realizada ao abrigo do Despacho Conjunto

n.º 1051/2000 e obriga a que toda a medicação seja etiquetada por forma a identificar o doente a quem se

destina, fazendo-se ainda o registo do lote dispensado e respetivo CAUL [58-60]. No caso dos

estupefacientes/psicotrópicos a sua dispensa (regulada pelo Decreto-Lei n.º 15/93), apenas é possível caso as

prescrições estejam numeradas e apresentem um carimbo que identifique o centro de custo [58, 59, 61].

Após validação segue-se o processo de preparação dos medicamentos que são transportados em

diferentes carros/malas de acordo com o serviço a que se destinam e tendo em conta um programa

previamente estabelecido ilustrado no anexo XVIII. Toda a medicação segue individualizada sendo que cada

uma das gavetas que compõe as malas corresponde a um só doente identificado inequivocamente [62]. O

aviamento da medicação por parte de um TDT inclui uma etapa manual e outra semi-automática. O

aviamento manual aplica-se aos medicamentos que integram as referências B e C (produtos de menor

rotatividade), enquanto o aviamento semi-automático é realizado no Pharmapick® para as referências A

(produtos de maior rotatividade) [59]. Importa destacar que a utilização de um método semi-automático para

preparar os produtos de maior consumo acarreta vantagens entre as quais a redução de erros e do tempo

necessário para preparação da medicação diária, o que se traduz em melhorais na qualidade deste serviço [6].

Durante todo o procedimento o TDT tem oportunidade de intervir registando possíveis erros que

posteriormente são avaliados por um farmacêutico, melhorando assim o processo de uso do medicamento

[59]. Para além dos processos referidos existem situações de medicamentos urgentes que são necessários

antes da chegada das malas ou então que faltaram na medicação do dia anterior e que são pedidos através do

Portal Interno, ou então surgem assinalados a vermelho no CdM. Nestas situações, o farmacêutico deve

verificar se o medicamento/PF pedido se encontra prescrito e providenciar ao seu aviamento antes da saída

das malas com a medicação [63].

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12

Os medicamentos dispensados na DID encontram-se embalados individualmente e devidamente

identificados e, como tal, têm um stock próprio que deve ser reposto diariamente. Os medicamentos e PF de

maior consumo existem no supermercado, sendo que a reposição do stock do Pharmapick® e da torre é

realizada a partir deste. Sempre que um produto atinja um ponto mínimo no supermercado, ou seja, sempre

que uma caixa suc do supermercado fique vazia esta deve ser colocada num carro identificado com “Pedidos

da DID ao APF” para que haja a reposição a partir do armazém passando sempre por uma etapa de

reembalamento e reidentificação se necessário. No caso dos produtos referência C, como não integram

normalmente o stock de apoio à DID, são pedidos mediante necessidade ao APF, carecendo igualmente de

reembalamento e reidentificação [64].

A devolução de medicamentos/PF, tal como acontece na distribuição clássica, carece de verificação

com o objetivo de assegurar que estes mantêm as suas caraterísticas de qualidade. Caso esta premissa não se

verifique, os medicamentos/PF devem ser reencaminhados para destruição, tal como já referido na seção da

distribuição clássica. [57, 65, 66].

Durante o período de estágio passado na DID foi observada a dispensa de estupefacientes,

hemoderivados, antídotos e material de penso, sendo que foi ainda possível acompanhar algumas devoluções

deste tipo de produtos. Para além disso, acompanharam-se os procedimentos envolvidos no aviamento dos

produtos urgentes e malas de medicação. A validação de prescrições foi também uma das atividades

observadas, tendo sido consultadas as deliberações da CFT, bem como as justificações aceites por esta

entidade e ainda bibliografia com o objetivo de suportar as diversas decisões clínicas inerentes à dispensa de

medicamentos em dose unitária.

4.3) Distribuição em Farmácia de Ambulatório

A dispensa de medicamentos pela Farmácia de Ambulatório serve os utentes do Hospital que não

estejam em regime de internamento e cujas patologias se encontrem listadas no FHNM e no Diário da

República [24]. Estes ditam a total comparticipação por parte do Estado assim como o recurso a

medicamentos de uso reservado pelo seu alto custo/risco e que, portanto, não se encontrem acessíveis nas

farmácias comunitárias (Anexo XIX). Também existe medicação complementar para o tratamento destas

patologias que é dispensada ao abrigo das alíneas b) e c) do Decreto-Lei n.º 176/2006 [25]. Existem

patologias, como a Hepatite B e a Hipertensão Pulmonar que, não estando ao abrigo de Decreto, têm uma

lista de medicação autorizada pela CFT e pelo Conselho de Administração (CA) (Anexo XX) [5,67].

O atendimento aos doentes ocorre de segunda a sexta-feira das 09:00h às 17:00h ininterruptamente, é

de regime prioritário para deficientes, grávidas ou utentes que se façam acompanhar por crianças de colo, de

regimento preferencial para bombeiros, funcionários do CHP em serviço ou doentes com medicação

exclusiva de ensaio clínico, havendo o atendimento de regime normal para os restantes [68].

A dispensa em si é exclusivamente mediada pelo farmacêutico, na qual o novo utente (o novo no

sentido de ser a 1ª deslocação para que se possa falar do termo e do circuito completo) leva um termo de

responsabilidade (Anexo XXI) em que autoriza um terceiro a vir levantar a sua medicação e é-lhe fornecido

também um folheto informativo sobre o uso correto do medicamento (Anexo XXII). A medicação é

totalmente gratuita para os doentes, salvo as exceções de rotura conhecida de mercado ou indisponibilidade

do medicamento nas farmácias comunitárias que deverá ser devidamente comprovada com o mínimo de três

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carimbos. Para além disso, no caso dos utentes que tenham sido atendidos em serviço de urgência e cuja

situação clínica dite a acessibilidade imediata à medicação, também podem recorrer à UFA. O emolumento

referente a estas situações é feito à Tesouraria [69].

Tipicamente, o ato da dispensa passa pela validação da prescrição médica com consulta do

diagnóstico e medicação anterior do doente, pela vigilância da terapêutica quanto ao seu cumprimento,

adequação da via de administração, perfil de reações adversas, duplicações terapêuticas e posologias, bem

como a prestação de aconselhamento farmacêutico. O farmacêutico assegura que a medicação do doente é

fornecida em quantidade suficiente até follow-up seguinte ou até ao prazo máximo legal da dispensa quanto à

condição clínica em questão, área de residência e valor financeiro. Estas medidas apontam a seguimentos

terapêuticos isentos de interrupções [24, 70, 71].

A UFA também trata da devolução dos medicamentos procedendo à sua avaliação e eventual inclusão

no inventário informático, se a apreciação do farmacêutico sobre os mesmos for positiva relativamente às

condições de conservação do produto, bem como à estabilidade físico-química e microbiológica [72].

Quanto à gestão de stocks, a Farmácia de Ambulatório recorre ao sistema kanban para assinalar o

ponto de encomenda, servindo o próprio de pedido ao APF ao ser fisicamente encaminhado para lá.

5) Ensaios Clínicos

Segundo a Lei n.º 21/2014, Lei da Investigação Clínica, os Ensaios Clínicos (EC) são definidos

como “qualquer investigação conduzida no ser humano, destinada a descobrir ou a verificar os efeitos

clínicos, farmacológicos ou outros efeitos farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais, ou

a identificar os efeitos indesejáveis de um ou mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a

distribuição, o metabolismo e a eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de apurar a

respetiva segurança ou eficácia”. Os EC são necessários para a introdução de Novas Entidades Químicas,

designadas por medicamentos experimentais, no mercado ou para a aprovação de novas indicações para

moléculas já previamente estudadas. Assim, este documento de caráter legal, que substitui a Lei nº. 46/2004 e

que entretanto sofreu ligeiras alterações com a Lei n.º 73/2015, identifica os intervenientes envolvidos nos

EC, como o promotor, monitor, investigador principal, equipa de investigação, autoridades reguladoras,

participante ou centro de ensaio, bem como lhes imputa diferentes responsabilidades no desenrolar dos

processos associados à investigação clínica. [73, 74, 75, 76]

Os SF, na figura do farmacêutico coordenador dos EC, são responsáveis, de acordo com a lei

supracitada, pelo estabelecimento do circuito do medicamento experimental no respetivo centro de ensaio,

nomeadamente no que respeita à sua receção, acondicionamento e conservação, dispensa, preparação,

manipulação, disponibilização de informação ao doente e restante equipa de investigação, identificação, re-

etiquetagem, contabilização/gestão do stock, reconciliação e devolução/destruição, “tendo [os SF] o dever de

elaborar um documento descritivo do circuito do medicamento experimental contendo elementos relativos à

receção, ao armazenamento, à dispensa e à administração do medicamento experimental” – Procedimento

Interno (Anexo XXIII) [73, 76]. É ainda da competência do farmacêutico responsável pelos EC o registo e

arquivamento das informações relativas a todas as etapas do circuito dos medicamentos de EC, bem como a

implementação de procedimentos que se rejam pelas Boas Práticas Clínicas (BPC) [73, 76, 77, 78]. O

estabelecimento e cumprimento das Boas Práticas Clínicas pela Unidade de Ensaios Clínicos (UEC) é de

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suma importância, já que estas garantem o correto circuito do medicamento e asseguram a qualidade dos EC

que decorrem neste centro de ensaios, sendo necessário, por exemplo, reunir-se toda a documentação exigida

para a sua realização, designar-se um farmacêutico qualificado para coordenar a UEC, bem como assegurar a

existência das condições exigidas para a sua condução [76].

Com efeito existe, no interior das instalações dos SF, a Unidade de Ensaios Clínicos, na qual a

medicação experimental é rececionada, armazenada, controlada e dispensada e a respetiva documentação

arquivada. A UEC apresenta uma sala de armazenamento para os medicamentos de utilização experimental

(sala de acesso restrito à equipa responsável pela condução dos EC, com condições de temperatura e

humidade controladas e monitorizadas em que se conservam os medicamentos em fase de investigação

clínica, incluindo-se a medicação de frio, bem como os medicamentos em quarentena ou a aguardar

devolução ao promotor do ensaio) e um gabinete de trabalho, no qual se encontram arquivadas todas as

informações referentes aos EC já realizados ou em execução no centro de ensaio [76].

Antes do início de um determinado EC é necessário o aval de várias entidades reguladoras, a saber,

Comissão de Ética de Investigação Clínica (CEIC), Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD),

Comissão de Ética para a Saúde (CES), INFARMED e Direção dos Serviços Farmacêuticos do centro de

ensaios, além disso já deve estar celebrado o Contrato Financeiro entre o promotor do EC e o Conselho de

Administração do hospital, bem como existir um dossier referente ao EC nas instalações da UEC organizado

de acordo com o modelo Pharmacy File Index (Anexo XXIV) [73, 76].

Existe também uma reunião de início de estudo convocada pelo promotor ou investigador principal

do EC para toda a equipa do centro de ensaios, na qual se apresenta o protocolo do novo EC e se definem

todos os procedimentos associados ao circuito daquela medicação experimental que devem ser observados

durante o decorrer daquele EC. Com estes dados, o farmacêutico elabora o Procedimento Interno (Anexo

XXIII) [76].

O circuito do medicamento de investigação clínica inicia-se com a sua chegada aos SF pelo

armazém, em que, após preenchimento do impresso de receção de medicação experimental (Anexo XXV),

esta é levada para a UEC. O farmacêutico responsável pela unidade verifica as condições de integridade e

estado de conservação do produto recebido, comparando o código do medicamento com o do protocolo,

conferindo o n.º de lote, prazo de validade e o n.º de produtos recebidos entre a encomenda e o documento

que a acompanha. É ainda importante verificar se o medicamento apresenta alguma aposição referente ao seu

caráter experimental na embalagem e se a encomenda foi acompanhada pelo respetivo certificado de análise.

No caso dos medicamentos de frio (armazenados entre 2-8ºC), é comum virem acompanhados por

dispositivos de registo de temperatura (Data Logger), que devem ser desligados à chegada à UEC e os seus

dados descarregados para o computador e enviados para o promotor pela via acordada no protocolo (por

exemplo, e-mail). Seguidamente, o farmacêutico deve anunciar a receção da medicação experimental ao

promotor (pelo meio já estabelecido no protocolo, geralmente via IVRS (Interactive Voice Responsive

System) ou IWRS (Interactive Web Responsive System)), arquivar os Drug Shipment Receipts e os

certificados de análise e atualizar o registo de recepção no dossier do EC (Pharmacy File Index) [76].

Os medicamentos experimentais, após terem sido conferidos, devem ser acondicionados nas

instalações da UEC de acordo com as condições de temperatura e humidade que lhes são mais adequadas

(temperatura ambiente (15-25ºC) ou frio (2-8ºC)) [76].

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Relativamente à prescrição da medicação de ensaio, esta é feita num impresso interno (Anexo

XXVI) por um médico devidamente autorizado, sendo este arquivado na UEC [76].

Já a dispensa da medicação experimental é feita pelo farmacêutico de acordo com o protocolo do EC

e a prescrição médica, sendo registada no mesmo documento interno que a prescrição (Anexo XXVI). Note-

se que existem alguns medicamentos que exigem manipulação antes de poderem ser dispensados e

administrados, estando descritas as caracteristicas e a técnica de preparação no Procedimento Interno [76].

Os participantes nos EC devem devolver à UEC a medicação experimental que utilizaram, devendo

estar acordado entre o promotor e os SF o destino a ser dado a estes produtos, existindo ainda um registo das

devoluções na Unidade de EC. De igual forma, também para os medicamentos que tenham vencido o prazo

de validade, que tenham sobrado no final do estudo ou que não tenham sido utilizados pelos doentes, devem

estar estabelecidos os procedimentos a serem seguidos para a sua devolução [76].

Nos casos em que está acordada entre as entidades envolvidas, a destruição dos produtos

experimentais pode ocorrer no hospital, devendo estes estar contabilizados e documentados em formulário

próprio (Anexo XXVII) [76].

De notar que todos os desvios/não conformidades que possam existir ao estabelecido pelo protocolo

do EC devem ser comunicados rapidamente ao promotor e só se deve agir após esta entidade se manifestar

[76].

Atualmente, o CHP é um centro de ensaios com cerca de 80 EC a decorrer (Ex.: Optimase, Pyrinees,

Dolomites, ALN-003, ALN-004, ALN-006, Gesture, Checkmate, Expand, Sonar,…) e aproximadamente 40

EC a aguardar aprovação (Ex.: Atlantic).

Todas as atividades referentes ao circuito do medicamento experimental foram assistidas durante o

estágio, tendo-se ainda a oportunidade de atualizar a base de dados informatizada referente aos EC em curso

existente na UEC, bem como participar na elaboração do Procedimento Interno do EC Atlantic e no

formulário de receção e dispensa da medicação para o ensaio Subamaxt.Foi possível assistir a visitas de pré-

estudo entre o monitor e a UEC para a avaliação das condições do centro de ensaio para a execução de

futuros EC.

Além de todas as atividades previamente descritas, esta unidade ocupa-se ainda da contínua

formação profissional e alargamento das competências de toda a equipa dos SF. Daí que, durante o período

de estágio, se tenha participado em algumas iniciativas que tinham como objetivo elucidar os profissionais

acerca de desenvolvimentos científicos recentes (como por exemplo, a sessão de esclarecimento sobre as

indicações terapêuticas (presentes e esperadas num futuro próximo) do pembrolizumab (Keytruda® (MSD))

ou ainda se tenham assistido a várias palestras sobre diversas temáticas relacionadas com a saúde (a titulo de

exemplo: nutrição parentérica, oncologia, terapêutica anticoagulante, sistemas de notificação de doenças

infeciosas,…) e vocacionadas a uma vasta gama de profissionais de saúde como o “III Congresso

Internacional: Cuidados Intensivos e Unidades Intermédias do Centro Hospitalar do Porto”, decorrido nos

dias 1 e 2 de fevereiro em Matosinhos.

Existe ainda na UEC uma vertente social orientada para o exterior do CHP, pelo que se participou

também na “VIII Jornada Anual de Recolha de Medicamentos”, iniciativa do Banco Farmacêutico, que

decorreu no dia 27 de fevereiro e cujos produtos medicamentosos angariados reverteram para a Organização

Não-Governamental “Médicos do Mundo”.

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6) Cuidados Farmacêuticos

A prestação de Cuidados Farmacêuticos tem em vista a melhoria do processo de uso dos

medicamentos pelos doentes, de forma a evitar potenciais resultados negativos em saúde associados à

medicação [79,80]. Deste modo, os Cuidados Farmacêuticos executados pelos SF centram-se sempre no

doente, em particular no doente internado, e nas suas necessidades em termos de saúde, estando apoiados em

3 vertentes principais:

- Identificação e resolução de Problemas Relacionados com a Medicação (PRM): executada de

modo sistemático durante os processos de validação farmacêutica das prescrições médicas, tem como

objetivo evitar/minimizar Resultados Negativos associados à Medicação (RNM). Sempre que são detetados

PRM, o farmacêutico intervém, de forma a poder resolver a situação antes de proceder à dispensa da

medicação. Cabe ainda ao farmacêutico proceder ao registo escrito das intervenções que faz, bem como

acompanhar o seu desenvolvimento e alterações no regime farmacoterapêutico. Internamente, os PRM são

classificados em 4 tipos (Anexos XXVIII, XXIX e XXX):

PRM de tipo I: ausência de condições do sistema;

PRM de tipo II: medicamento não necessário;

PRM de tipo III: medicamento não adequado;

PRM de tipo IV: medicamento não seguro [79, 81,82].

- Educação para a Saúde: implementação de ações e medidas que permitam aumentar o

conhecimento da população em geral, e dos profissionais de saúde e doentes em particular sobre as doenças e

os medicamentos (como por exemplo, distribuição de folhetos informativos); que visem a melhoria dos

resultados em saúde, esclarecimento de dúvidas minimizando a ocorrência de RNM junto dos doentes e

resposta aos pedidos de informação sobre medicamentos que tenham sido despoletados por outros

profissionais de saúde [83,84];

- Estudo de Utilização de Medicamentos: elaboração de documentação interna sobre os

medicamentos que permita agilizar as intervenções farmacêuticas, e que inclui estudos de farmacoeconomia,

promoção da utilização racional do medicamento, elaboração do perfil de utilização hospitalar para alguns

medicamentos/PF, avaliação da entrada/substituição de medicamentos/PF de uso hospitalar, entre outras

atividades. [85]

7) Utilização de antídotos no CHP: um caso de estudo

As intoxicações agudas, sejam elas acidentais ou voluntárias, são sempre emergências médicas que

carecem de resposta rápida, que inclui, entre diversas medidas, a administração de um antídoto [86]. Tendo

isto em atenção torna-se imperativo que para a seleção do referido antídoto (e ainda das restantes medidas de

suporte) se conheça o historial da intoxicação, que deve, se possível, incluir as seguintes informações: a

substância tóxica envolvida, a via de exposição, a quantidade e há quanto tempo [86, 87]. Importa destacar

que em grande parte das intoxicações este tipo de informação não está disponível dificultando todo o

processo de tratamento, incluindo a seleção do antidoto mais indicado e validação farmacêutica das

prescrições.

Durante o estágio no CHP foi possível aceder a dados de prescrições de antídotos (via papel e via

informática) referentes ao ano 2015, que foram posteriormente utilizados para avaliar quais os tipos de

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17

113

7 4 3 1 1

Nº de intoxicações reportadas através de prescrições em

papel (2015)

intoxicações mais frequentemente tratadas durante esse mesmo ano e ainda quais os antídotos mais

utilizados. No caso das prescrições eletrónicas apenas foi possível fazer um levantamento dos antídotos

dispensados não tendo sido possível aceder à informação relativa ao diagnóstico da intoxicação que esteve na

base de cada prescrição. Assim sendo, os valores relativos ao tipo de intoxicação mais frequente referem-se

apenas às prescrições via papel e foram compilados tendo originado o gráfico da figura 1.

Através do referido gráfico é possível verificar que os medicamentos foram a principal causa de

intoxicações no ano de 2015, constituindo quase a sua totalidade. Estes dados são compatíveis com os

disponibilizados pelo Centro de Informação Anti-Venenos (CIAV), que em 2011 apontou os fármacos como

a principal causa de intoxicações em Portugal, tendo sido responsáveis por 9421 casos em adultos e 4851 em

crianças [87]. Ainda segundo os dados do CIAV, as intoxicações provocadas devido a substâncias de abuso

ocupam o quarto lugar das causas mais frequentes em adultos, situação pouco diferente da que se pode

observar no gráfico da Figura 1 [87]. Importa destacar que os dados provenientes do CIAV são relativos ao

ano de 2011 uma vez que não foi possível aceder a dados mais recentes.

Note-se que das 129 intoxicações tratadas no CHP, cerca de 5% tiveram origem desconhecida, não se

conhecendo nenhum aspeto da história do doente, que em alguns casos ficou inclusive por identificar. Neste

tipo de situações o tratamento torna-se mais moroso, podendo até ser menos eficaz.

Após analisar os dados referentes a intoxicações por medicamentos, construiu-se um segundo gráfico,

com o objetivo de identificar quais os fármacos/classes terapêuticas mais frequentemente envolvidas neste

tipo de situações, e que se encontra na Figura 2.

Figura 1- Representação gráfica do perfil de intoxicações reportadas em 2015 no CHP, via prescrição em

papel.

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6 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1

N.º de Intoxicações reportadas através de prescrições em papel

devidas ao uso de medicamentos (2015)

Através da análise do gráfico da Figura 2 foi possível verificar que as benzodiazepinas (BZD) ocupam

o primeiro lugar, tendo sido causa de mais de 50% das situações com génese no consumo de fármacos. Mais

uma vez este cenário é concordante com o reportado em 2011 pelo CIAV, que coloca as benzodiazepinas no

primeiro lugar do top ten das substâncias mais frequentemente envolvidas em envenenamentos [87].

A associação de vários fármacos e diversas classes terapêuticas foi a segunda situação mais frequente

e em alguns dos casos surge no diagnóstico por incapacidade de conhecer com detalhe quais as substâncias

ingeridas pelo doente. Em algumas das situações em que se confirmou a tentativa de suicídio foi possível

verificar que os doentes ingeriram medicamentos juntamente com álcool com o objetivo de potenciar os seus

efeitos. Contudo nem todas as situações são reflexo de tentativas de suicídio, sendo que no caso das

intoxicações com opióides se pôde verificar que a maioria delas se deveu a sobredosagem com consequente

depressão respiratória e do Sistema Nervoso Central (SNC).

Após analisar os motivos que mais frequentemente estiveram envolvidos em situações de intoxicação,

seguiu-se o estudo dos dados referentes aos antídotos mais prescritos. Para tal, mais uma vez construiu-se um

gráfico (Figura 3), desta vez recorrendo ao uso de dados de prescrições via papel e via eletrónica.

A totalidade dos antídotos prescritos, apesar da ausência de diagnóstico em alguns casos

(nomeadamente no caso das prescrições eletrónicas), permite inferir acerca da substância que poderá ter

estado na base da intoxicação visto que a maioria dos antídotos prescritos se encontram indicados em

situações muito específicas, como é o caso do flumazenil. Este foi o antídoto mais frequentemente

dispensado e a sua indicação terapêutica é exclusivamente o tratamento de intoxicações com BZD. Atua

inibindo competitiva e especificamente os recetores das BZD, contribuindo assim para neutralização dos seus

efeitos ao nível do SNC [86].

Figura 2- Representação gráfica do perfil de intoxicações medicamentosas reportadas em

2015 no CHP, via prescrição em papel.

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24 16

8 3 2 2 2 1 1 1 1 1

N.º de prescrições por DCI referentes ao ano 2015

O cavão ativado foi também bastante prescrito, provavelmente, devido à sua ação altamente

inespecífica e de largo espetro podendo resolver grande parte das intoxicações por via oral devido à sua

grande capacidade de adsorção, limitando assim a absorção das substâncias ingeridas. Está indicado para o

tratamento de intoxicação por vários produtos químicos, medicamentos ou toxinas, entre os quais: ácido

acetilsalicílico, ácido oxálico, atropina, barbitúricos, destropropoxifeno, digoxina, cogumelos, estricnina,

fenilpropanolamina, fenitoina, fenol, paracetamol, propantelina, e antidepressivos tricíclicos [86].

O terceiro antidoto mais frequentemente dispensado foi a protamina, que é uma proteína catiónica e

que, por isso, se liga muito rapidamente à heparina (molécula de carga negativa). Como tal, a protamina é

usada no tratamento de situações que resultam da sobredosagem com heparina [86]. Embora os dados

disponíveis não corroborem a associação entre a intoxicação por heparina e consequente desintoxicação com

protamina, a verdade é que a utilização deste antídoto apenas se encontra suportada para casos de overdose

com este agente anticoagulante, indicando que é uma situação relativamente frequente.

A acetilcisteina está indicada no tratamento de intoxicações e sobredosagem de paracetamol e ainda

clorofórmio e tetracloreto de carbono (sendo que no caso das últimas duas substâncias a eficácia não se

encontra totalmente comprovada) e surge como o quarto antídoto mais prescrito. Atua como dador de grupos

sulfidrilo, que auxiliam a formação de glutatião hepático que impede que o metabolito tóxico do paracetamol

atue sobre as macromoléculas do fígado causando necrose [86]. Este é um aspeto muito importante, visto que

o paracetamol é prescrito e dispensado como sendo um fármaco totalmente seguro, o que não deixa de ser

Figura 3- Representação gráfica do perfil da totalidade de prescrições de antídotos efetuadas no ano de 2015

no CHP.

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verdade, porém é importante manter presente que tal como todas as moléculas apresenta toxicidade que não

deve ser negligenciada.

Os opiáceos constituem um grupo alargado de substâncias que deprimem o SNC, tendo atividades

analgésicas que justificam a sua ampla utilização (nomeadamente da morfina) a nível hospitalar [86].

Contudo em situações de sobredosagem resultam em graves problemas, nomeadamente depressão

respiratória e do SNC, que podem ser revertidas através da administração de naloxona [86], que foi o quinto

antídoto mais dispensado em 2015. Trata-se de um antagonista puro dos opiáceos que bloqueia

competitivamente os recetores miu (µ) (para os quais tem maior afinidade), capa (k) e sigma (σ) [86].

De uma forma geral, o levantamento dos dados referentes a prescrições de antídotos no ano 2015

permitiu concluir que as intoxicações medicamentosas são um grave problema de saúde pública que

representa, de acordo com dados do CIAV, uma importante causa de morbilidade e mortalidade a nível

nacional [87]. As intoxicações medicamentosas podem ser devidas a erros de dose, confusão de fármacos e

ainda fácil alcance por parte das crianças, mas também podem ter na sua génese situações de uso para

tentativa de suicídio. Quer uma quer outra situação são possíveis sobretudo devido ao fácil acesso da

população a um número crescente de substâncias (lícitas e ilícitas) com alto grau de toxicidade. Note-se o

caso das BZD e dos antidepressores, que são classes de compostos muito prescritas e que acarretam um

enorme perigo por sobredosagem. Numa população cada vez mais envelhecida e polimedicada, os erros

associados a trocas de fármacos e confusão de posologia são também muito comuns, podendo resultar em

situações potencialmente fatais. Para além disto, existem ainda situações de intoxicações que resultam de

duplicação de fármacos que surgem quando os doentes são acompanhados em diversas instituições de saúde.

Como se pode concluir são mais do que muitos os fatores que atualmente potenciam intoxicações com

medicamentos e que devem constituir uma preocupação na prestação de cuidados de saúde, sendo

impreterível a intervenção de todos os organismos ligados à saúde que devem alertar o público em geral

acerca dos riscos da utilização de medicamentos em situações não indicadas ou que desrespeitem os critérios

de uso racional.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

21

BIBLIOGRAFIA

1. Hospital Santo António. Disponível em: www.hgsa.min-saude.pt [acedido em 20 de fevereiro de 2016].

2. Centro Hospitalar do Porto. Disponível em: www.chporto.pt [acedido em 20 de fevereiro de 2016].

3. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 326/2007, Diário da República, 1ª Série, n.º 188, 28 de dezembro

de 2007.

4. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 30/2011, Diário da República, 1ª Série, n.º. 43, 2 de março de

2011.

5. Ministério da Saúde e Assistência - Direção Geral dos Hospitais. Decreto-Lei n.º 44204, Diário da

República, 1ª Série, n.º 40, 2 de fevereiro de 1962.

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da Saúde.

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processos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

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Diretivo da Administração Regional de Saúde Norte, I.P.

9. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 97/95, Diário da República, 1.ª Série, n.º 108, 10 de maio de 1995.

10. Ministério da Saúde. Despacho n.º 1083/2004, Diário da República, 2.ª Série, n.º 14, 17 de janeiro de

2004.

11. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.061/2: Cálculo de pontos de encomenda

e quantidades a encomendar. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

12. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.064/1: Solicitação de Empréstimos de

medicamentos/produtos farmacêuticos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

13. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.065/1: Cedência de Empréstimos de

medicamentos/produtos farmacêuticos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

14. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.007/3: Receção e Armazenamento de

Medicamentos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

15. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.063/1: Elaboração de listagem para

verificação e controlo de prazos de validade dos medicamentos e produtos farmacêuticos. Centro

Hospitalar do Porto, julho 2014.

16. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 90/2004, Diário da República, 1ª Série-A, n.º 93, 20 de abril de

2004.

17. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 95/2004, Diário da República, 1ª Série-A, n.º 95, 22 de abril de

2004.

18. Ministério da Saúde. Portaria n.º 594/2004, Diário da República, 1ª Série-B, n.º 129, 2 de junho de

2004.

19. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.084/1: Ordem de Preparação de

Manipulados Não Estéreis. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

20. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.043/1: Ensaios de Verificação. Centro

Hospitalar do Porto, julho 2014.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

22

21. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.101/1: Rotulagem de Não Estéreis.

Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

22. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.097/1: Manipulação de Não Estéreis –

Fardamento. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

23. Ministério da Saúde. Portaria n.º 42/92, Diário da República, 1ª Série, n.º 19, 23 de janeiro de 1992.

24. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 176/2006 - Estatuto do Medicamento. Diário da República, 1ª

Série, n.º 167, 30 de agosto de 2006.

25. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.041/1: Elaboração da Ordem de

Preparação de Preparações Estéreis. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

26. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.047/1: Gestão do Fardamento. Centro

Hospitalar do Porto, julho 2014.

27. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.046/1: Manipulação de Estéreis –

Técnica Asséptica. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

28. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.0058/2: Validação e monitorização da

prescrição de Nutrição Parentérica. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

29. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.038/2: Ensaios de Estéreis – APT.

Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

30. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.043/2: Ensaios de Verificação. Centro

Hospitalar do Porto, março 2015.

31. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.045/4: Preparação da Nutrição

Parentérica. Centro Hospitalar do Porto, dezembro 2015.

32. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.037/1: Embalamento de Bolsas e

Seringas de NP. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

33. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.027/1: Manipulação de citotóxicos.

Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

34. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.080/1: Fardamento a utilizar na

manipulação de Citotóxicos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

35. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.074/1: Limpeza da Câmara de Fluxo

Laminar Vertical e da Sala Branca. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

36. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.026/1: Gestão do armazém avançado

da Unidade de Farmácia Oncológica. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

37. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.029/1: Validação e monitorização da

prescrição de citotóxicos para preparação em CFLv. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

38. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.079/1: Emissão da Ordem de

Preparação de Citotóxicos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

39. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.025/1: Gestão das devoluções do

cliente. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

40. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.028/1: Regras de transporte de

citotóxicos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

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23

41. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.034/2: Derramamento/Acidente com

Citotóxicos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

42. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.086/1: Fracionamento de

Medicamentos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

43. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.116/1: Identificação e atribuição de lote

aos medicamentos fracionados e/ou reembalados. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

44. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.113/1: Identificação e Individualização

de Medicamentos para Distribuição em Dose Unitária. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

45. Serviços Farmacêuticos – Matriz de Processo IM.GQ.GER.043/5: Programa Distribuição Clássica.

Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

46. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.066/2: Distribuição Clássica de

Medicamentos – Circuito A. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

47. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.067/2: Distribuição Clássica de

Medicamentos – Circuito B. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

48. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.120/0: Distribuição Clássica de

Medicamentos – Circuito C. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

49. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.069/2: Distribuição de Soluções

Injetáveis de Grande Volume. Centro Hospitalar do Porto, março 2015

50. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.076/2: Distribuição Clássica dos

Produtos de Contraste Radiológico. Centro Hospitalar do Porto, março 2015

51. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.068/2: Distribuição Clássica de

Antisséticos e Desinfetantes. Centro Hospitalar do Porto, março 2015

52. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.121/0: Reposição de medicamentos no

Pyxis Medstation®. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

53. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.070/2: Sequência e modo de aviamento

por PDA. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

54. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.075/3: Acondicionamento e Transporte

de Medicamentos/ Produtos Farmacêuticos. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

55. Carefusion: Pyxis Medstation® System. Disponível em: www.carefusion.com [acedido em 20 de

fevereiro de 2016].

56. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.077/1: Devolução de Medicamentos.

Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

57. Despacho n.º 242/96, Diário da República, 2.ª Série, N.º 187, 13 de agosto de 1996.

58. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.102/1 – Validação e Monitorização da

Prescrição Médica DID. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

59. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.105/1 – Aviamento de Medicamentos e

Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

60. Ministério da Saúde e Ministério da Defesa Nacional. Despacho Conjunto n.º 1051/2000, Diário da

República, 2ª Série, nº 251, 30 de outubro de 2000.

Relatório de Estágio Profissionalizante | Cristiana Silva

24

61. Ministério da Justiça. Decreto-Lei º 15/93, Diário da República, 1ª série-A, nº18, 22 de janeiro de 1993.

62. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.106/1 – Transporte e Entrega de

Medicamentos e Produtos Farmacêuticos da DID. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

63. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.111/1 – Gestão das Faltas de

Medicação e Prescrições Urgentes. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

64. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.103/1: Reposição de Stock de Apoio à

DID e Gestão dos Prazos de Validade. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

65. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.109/2: Gestão de Devolução de

Medicamentos e Produtos Farmacêuticos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

66. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.110/2: Gestão da Destruição de

Medicamentos e Produtos Farmacêuticos. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

67. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 206/2000 , Diário da República, 1ª série-A, n.º 202 , 1 de setembro

de 2000.

68. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.052/1: Gestão do atendimento. Centro

Hospitalar do Porto, julho 2014.

69. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.022/1– Venda de Medicamentos. Centro

Hospitalar do Porto, julho 2014.

70. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.053/1– Validação e Monitorização da

Prescrição Médica de Ambulatório. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

71. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.054/1– Orientações para a Dispensa de

Medicamentos na Farmácia de Ambulatório. Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

72. Serviços Farmacêuticos - Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.023/1– Devolução de Medicamentos.

Centro Hospitalar do Porto, julho 2014.

73. Assembleia da República, Lei n.º 21/2014, Diário da República, 1.ª série - A, n.º 75, 16 de abril de

2014.

74. Assembleia da República, Lei n.º 46/2004, Diário da República, 1.ª série - A, n.º 195, 19 de agosto de

2007.

75. Assembleia da República, Lei n.º 73/2015, Diário da República, 1.ª série - A, n.º 144, 27 de julho de

2015.

76. Serviços Farmacêuticos – Manual MA.SFAR.GER.003/1: Ensaios Clínicos – Serviços Farmacêuticos.

Centro Hospitalar do Porto, maio 2014.

77. INFARMED – Gabinete Jurídico e Contencioso, Decreto-Lei n.º 102/2007, Diário da República, 1.ª

Série – A, n.º 65, 2 de abril de 2007.

78. Serviços Farmacêuticos – Matriz de Processo IM.GQ.GER.043/5: Processo de Investigação e

Desenvolvimento (Ensaios Clínicos e Formação), Centro Hospitalar do Porto, novembro 2015.

79. Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona; “Manual de

Dispensação”; (2009); Lisboa.

80. Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona; “Introdução ao

Seguimento Farmacoterapêutico”; (2007); Lisboa.

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81. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.031/1: Identificação e resolução de

PRMs. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

82. Serviços Farmacêuticos – Matriz de Processo IM.SFAR.GER.058: Identificação e Resolução de PRMs

(formato digital). Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

83. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.050/1: Educação para a Saúde. Centro

Hospitalar do Porto, março 2015.

84. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.051/1: Resposta a Pedidos de

Informação sobre Medicamentos. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

85. Serviços Farmacêuticos – Instrução de trabalho IT.SFAR.GER.044/1: Estudo de Utilização de

Medicamentos. Centro Hospitalar do Porto, março 2015.

86. Maia P, Aragão I, Barrosa MT, Lopes M, Manuel A,Martins H, Pinho C, Reis E, Silva F, Vale L

(2002). Manual de Antídotos. 2ª edição. Administração Regional de Saúde do Norte, Porto.

87. CIAV. Acessível em: www.inem.pt/ciav [acedido em 21 de fevereiro de 2016].

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26

ANEXOS

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27

Anexo I – Exemplo de Kanban

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28

Anexo II – Esquema do circuito do medicamento (adaptado de [6])

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29

Anexo III – Exemplar de uma AUE

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30

Anexo IV – Esquema do Armazém 1001

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31

Anexo V – Ordem de Preparação de Medicamentos Não Estéreis

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32

Anexo VI – Especificações do Controlo de Qualidade de Medicamentos Não Estéreis

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33

Anexo VII – Especificações do Controlo de Qualidade de Medicamentos Não Estéreis (cont.)

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34

Anexo VII– Rótulo de Medicamentos Não Estéreis

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35

Anexo VIII – Ordem de Preparação de Nutrição Parentérica

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36

Anexo IX – Rótulos de Medicamentos Estéreis

.

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37

Anexo X – Exemplo de um Protocolo Clínico

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38

Anexo X – Exemplo de um Protocolo Clínico (cont.)

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39

Anexo X – Exemplo de um Protocolo Clínico (cont.)

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40

Anexo XI – Exemplo de uma Ordem de Preparação derivada de Prescrição Manual

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41

Anexo XII – Exemplo de uma Ordem de Preparação derivada de Prescrição Eletrónica

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42

Anexo XIII – Circuitos da Distribuição Clássica

Distribuição Clássica de Medicamentos: Circuito A:

Hospital Joaquim Urbano

Unidade de Farmácia Oncológica

Bloco Neoclássico

Cuidados Intensivos (Sistema Automático de Dispensa de Medicamentos: Pyxis

Medstation®)

Urgência

Área de Decisão Clínica

Distribuição Clássica dos Serviços em Distribuição Individual Diária

Stocks HLS (UCIC e Sala de Diálise e Hemodiálise)

Nutrição Hemodiálise Adultos.

Distribuição Clássica de Medicamentos: Circuito B:

Centro Materno Infantil do Norte

Unidade de Farmácia de Ambulatório

Pedopsiquiatria

Psiquiatria de Ligação

Viatura Médica de Emergência Rápida

Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório

Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar

Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos

Hospital de Dia Polivalente

Serviço de Técnicas Endoscópicas

Serviço de R/X

Fisioterapia

Consultas (Edifico Luís de Carvalho, Edifício Neoclássico, CICA, CICAP)

Distribuição Clássica de Medicamentos: Circuito C:

DID

Blocos do Edifício Luís de Carvalho

Ortopedia

Neurocirurgia

Fornecimento dos produtos de contraste radiológico

Dispensa de antisséticos e desinfetantes para todas as unidades e serviços

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43

Anexo XIV – Modelo n.º 1804 da INCM

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44

Anexo XIV – Modelo n.º 1804 da INCM (cont.)

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45

Anexo XV – Modelo n.º 1509 da INCM

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46

Anexo XVI – Exemplo de um Impresso usado na Prescrição de Material de Penso

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47

Anexo XVII – Impresso de Prescrição de Antídotos

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48

Anexo XVIII – Esquema de Aviamento de Malas de Medicação

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49

Anexo XIX – Lista de Condições Clínicas ao abrigo da dispensa em Farmácia de Ambulatório

Patologias/Contextos Clínicos ao abrigo da Distribuição em Ambulatório

Fibrose Quística

Insuficiência Renal Crónica

Transplantes Renais

VIH

Hormonas de Crescimento

Síndrome de Turner

Perturbações de Crescimento

Esclerose Lateral Amiotrófica

Síndrome de Lennox-Gastaut

Patologias espásticas familiares e Ataxias cerebelosas hereditárias

Profilaxia de rejeição aguda de T. Hepático Alogénico

Hepatite C

Esclerose múltipla

D. Acromegálicos

D. Crohn Ativa grave ou com formação de fístulas

Infertilidade

Planeamento familiar

Anti-neoplásicos e Imunomoduladores

Tuberculose

Lepra

Polineuropatica Amiloidótica Familiar

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50

Anexo XX – Exemplo de uma Deliberação da CFT

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51

Anexo XXI – Termo de Responsabilidade entregue ao doente em Ambulatório

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52

Anexo XXII – Folheto Informativo sobre o Uso Correto do Medicamento entregue ao doente em

Ambulatório

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53

Anexo XXIII – Procedimento Interno relativo aos Ensaios Clínicos

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54

Anexo XXIII – Procedimento Interno relativo aos Ensaios Clínicos (cont.)

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55

Anexo XXIV – Pharmacy File Index

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56

Anexo XXV – Formulário de Receção de Medicamentos de EC

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57

Anexo XXVI – Impresso de Prescrição de Medicamentos de EC

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58

Anexo XXVII – Certificado de Destruição local

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59

Anexo XXVIII – Algoritmo de Intervenção Farmacêutica

Medicamento prescrito

Existem condições do sistema

para utilizar o medicamento?

O medicamento está

adequado?

O medicamento é necessário?

O esquema terapêutiico está

completo?

PRM I: Ausência de condições do

sistema

O medicamento é seguro?

O medicamento pode ser

dispensado

PRM II: O medicamento não é

necessário

PRM III: O medicamento não é

adequado

PRM IV: O medicamento não é seguro

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60

Anexo XXIX – Sistema Interno de Classificação de PRM

PRM de tipo I: Existem condições do sistema para utilizar o medicamento?

Medicamento não incluído no FHNM/Adendas

Medicamento não cumpre deliberação

Medicamnto necessita de impresso próprio

Medicamento não comercializado/descontinuado

Medicamento em rutura de stock

Condições farmacoeconómicas do doente (Ex.: ajuste de dose, alteração de via de

administração,…)

Medicamento não disponível no CHP

PRM de tipo II: O medicamento é necessário? O esquema terapêutico está

completo?

Medicamento prescrito não necessário

Medicamento necessário não prescrito

Esquema terapêutico não especificado/incoerente

Uso compassivo

PRM de tipo III: O medicamento está adequado?

Dose subterapêutica

Frequência inferior à recomendada

Duração do tratamento inferior à recomendada

Forma farmacêutica não adequada

Substância ativa não adequada

Via de administração não adequada

PRM de tipo IV: O medicamento é seguro?

Dose superior á recomendada

Frequência superior à recomendada

Duração do tratamento superior à recomendada

Duplicação da terapêutica

Contraindicação

Alergia/intolerância

Interação medicamento/medicamento

Interação medicamento/alimento

Reação adversa

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61

Anexo XXX – Sequência de Atuação Farmacêutica

a) Deteção de PRMs pelo farmacêutico:

PRM de tipo I;

PRM de tipo II;

PRM de tipo III;

PRM de tipo IV.

b) Intervenção Farmacêutica:

Alertar o prescritor por escrito (via GHAF);

Alertar o prescritor por via oral;

Alertar a equipa de enfermagem;

Não dispensar o medicamento;

Suspender/colocar data de fim do tratamento.

c) Resultados da Intervenção Farmacêutica:

Justificação clínica;

Impresso apropriado;

Medicamento suspenso;

Troca por medicamento alternativo;

Validação por médico especialista;

Alteração da forma farmacêutica;

Alteração da dose;

Alteração da frequência;

Alteração/definição da duração do tratamento;

Alteração da via de administração;

Dispensa como prescrito;

Medicamento adicionado à prescrição;

Clarificação do esquema terapêutico;

Deteção de PRMs pelo farmacêutico

Intervenção Farmacêutica

Resultados da Intervenção

Farmacêutica

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62

Alteração da unidade;

Alteração da substância ativa;

Sem resolução/alta;

Alteração da identificação do doente/ prescrição ao doente correto.

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63