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Minicurso de Homeopatia IX Jornada Farmacêutica UCB – Brasília 30/9/2015

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Minicurso de Homeopatia IX Jornada Farmacêutica UCB – Brasília

30/9/2015

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IX Jornada Farmacêutica UCB 2015 – Minicurso de Homeopatia

1 Farmácia Homeopática Dias da Cruz – www.diasdacruz.com.br

INTRODUÇÃO

Este material faz parte do conteúdo de referência para os ministradores do Minicurso de

Homeopatia da IX Jornada Farmacêutica UCB de Brasília – DF. Longe de pretender ser um material

completo ou que se esgote em si mesmo, do contrário, tem o propósito de apenas pontuar os

principais tópicos de interesse do farmacêutico, em deixar fluir a experiência e os conhecimentos

dos ministradores para que, a partir disto, torne-se uma experiência ímpar e propositadamente

capaz de extrair o melhor dos futuros farmacêuticos.

A bibliografia selecionada, contando com apenas dez indicações, foi escolhida especialmente para

tornar o futuro profissional de farmácia em um “especialista” junto ao mercado de trabalho, em

farmácias de manipulação homeopática e torná-los aptos, se assim o desejarem, a terem uma base

sólida para trilharem os caminhos da especialização em homeopatia.

Tanto no Brasil como no resto do mundo, excetuando a França, a homeopatia teve altos e baixos

em sua trajetória, mesmo com o reconhecimento desta com a tal resolução 1000 do ano de 1980

do Conselho Federal de Medicina, mas, contrariando esta determinação, no final dos anos 90 este

mesmo respeitado órgão resolveu declará-la como uma arte não médica. Claro! Compreendemos

os motivos desta atitude que, felizmente, deu um novo ânimo à homeopatia, disputada por todas

as classes ligadas à saúde, inclusive, pelo próprio Conselho Federal de Medicina, na representação

dos seus médicos homeopatas.

Temos, no entanto, que reconhecer a inexistência de trabalhos científicos na atualidade, a não

inclusão da homeopatia na formação do médico, a inclusão real, porém inoperante, da homeopatia

no sistema de saúde pública, a atitude de profissionais consagrados, tanto médicos e

farmacêuticos, que se recusam a discutir a homeopatia, modernizá-la e adequá-la ao método

científico. Há uma gritante incapacidade dos homeopatas em reconhecer que é muito difícil um

médico recém-formado utilizar a homeopatia com um milhão de dinamizações disponíveis, sem

que ele tenha a segurança de qual deve escolher para o seu paciente e com a segurança necessária.

Padronizar a homeopatia é a solução racional: assim como foi e é na França, que a passos curtos

(poucas potências) conseguiu ofertar à sua população o acesso a um sistema de saúde moderno,

simples, barato, eficaz, humanista, sem a pretensão de resolver tudo, mas cumprindo aquilo para o

qual foi concebido pelo seu fundador, Samuel Hahnemann.

Todos sairiam ganhando se houvesse no mercado, somente, meia dúzia de dinamizações de cada

medicamento. Teríamos uma cartela menor de potências, aumentaríamos o controle de qualidade

dos medicamentos, o que atrairia um número maior de médicos e cientistas, e as Universidades

talvez apoiassem mais essa técnica. Haveria maior tempo para as chamadas “experimentações no

homem são” e o ponderal estaria presente em ambos os lados, ao lado da homeopatia e da classe

científica. É um sonho...! Mas está lançada a semente.

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IX Jornada Farmacêutica UCB 2015 – Minicurso de Homeopatia

2 Farmácia Homeopática Dias da Cruz – www.diasdacruz.com.br

I – HOMEOPATIA

Homeopatia (do grego homoios, semelhante + pathos, doença) é um termo criado pelo médico e

químico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843) que designa um método

terapêutico cujo princípio está baseado na similia similibus curantur, que significa “os semelhantes

curam-se pelos semelhantes”. Este método de atuação se apresenta quando, ao se utilizar uma

substância que em seu estado natural irá provocar sintomas em um organismo sadio, esta, ao ser

administrada em dose homeopática, se torna combatente destes mesmos sintomas em um

organismo doente.

As doses homeopáticas foram desenvolvidas por Hahnemann segundo métodos de diluições e

dinamizações sucessivas em escala decimal, centesimal e cinquenta-milesimal. Os elementos

homeopáticos que comprovadamente provocam sintomas em organismos saudáveis são

submetidos ao método hahnemanniano, e administrados em doentes com os mesmos sintomas

apresentados no estudo toxicológico desses elementos.

II – CHRISTIAN FRIEDRICH SAMUEL HAHNEMANN (1755-1843)

Samuel Hahnemann nasceu na Saxônia - Alemanha, na cidade de Meissen, em 10 de abril de 1755.

Hahnemann foi filho, sobrinho e neto de pintores de porcelana e aquarelistas, profissão que, na

época, proporcionava uma vida familiar de bom padrão financeiro e social. Seu pai, dotado de

incontestável cultura, admirador das teorias de Jean-Jacques Rousseau e luterano convicto, ocupa-

se pessoalmente da educação dos filhos, proporcionando a estes, acima de tudo, uma educação

sólida (ler, escrever e calcular), religiosa e moral. Desejoso de que Hahnemann seguisse sua

carreira, dotou-o de conhecimentos em várias línguas, o que facilitaria em seu ofício, para o qual

havia um mercado promissor e crescente na época.

A guerra na Europa abateu-se sobre sua família, deixando-a em sérias dificuldades financeiras, o

que aumentou a expectativa de seu pai quanto ao desempenho financeiro do ofício familiar.

Hahnemann, por ser o filho homem mais velho, estava fadado pelo pai a ajudar no sustento

familiar. Contrariando a expectativa do pai, apesar de ter estudado com muita dificuldade,

conseguiu finalizar seus estudos, e decidiu trilhar um caminho diferente da família.

Hahnemann, durante o ensino médio, aperfeiçoou seus conhecimentos em latim, grego, hebraico,

inglês, francês, italiano, um pouco de espanhol e árabe. Em 1775 mudou-se para Leipzig para cursar

medicina, sempre com muita dificuldade financeira, beirando a miséria quase que absoluta, mas

com uma enorme bagagem de conhecimentos.

Durante dois anos que viveu em Leipzig, para manter-se na Universidade Hahnemann deu aulas de

alemão e francês e trabalhou para editores traduzindo obras científicas do inglês. Após finalizar

seus estudos, Hahnemann transferiu-se para Viena que, diferente de Leipzig, possuía um ensino

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que privilegiava a observação clínica e a prática médica, tendo estagiado em um hospital e

permanecido lá por nove meses.

Após este período mudou-se para a Transilvânia – Áustria, e para sobreviver trabalhou como

médico particular e bibliotecário de um importante barão, Von Bruckenthal. Através dele, foi aceito

na maçonaria, uma sociedade de difícil acesso sem apadrinhamento que, mais tarde, se revelou

fundamental para a expansão da homeopatia em toda a Europa.

Finalizado seus estudos práticos em medicina, após um ano e dois meses, Hahnemann deixou seu

trabalho com o barão Von Bruckenthal e resolveu dedicar-se à sua tese para a conclusão do curso

de medicina, mudando-se então para a Baviera, para a Universidade de Erlangen, ao norte de

Nuremberg, na Alemanha. Em 1779, após seis meses de preparação, conclui o curso de medicina

com a tese “Consideração sobre a etiologia e o tratamento das afecções espasmódicas”.

III – MATÉRIA MÉDICA PURA

Após seu doutoramento em medicina (1779), conheceu o farmacêutico Häseler e sua filha

Henriette, com quem veio a se casar. Na farmácia do seu sogro iniciou suas experiências de

química, ao mesmo tempo em que manteve a atividade médica que, porém, pouco retornava em

resultados financeiros. Possuindo um espírito viajante e não desejando depender do sogro, em

busca da sobrevivência iniciou uma vida itinerante de cidade em cidade trabalhando como médico,

publicando artigos e traduzindo obras científicas.

Em 1790 Hahnemann traduziu o “Tratado de Matéria Médica”, obra em dois volumes do médico

escocês William Cullen, tendo ficado impressionado com a afirmação deste de que a quinquina, um

alcaloide presente na quina, é responsável pela cura da malária pelo fortalecimento do estômago.

Quando Hahnemann esteve na Transilvânia contraiu malária e foi tratado com quina, o que o levou

a enormes transtornos estomacais. Como então esta afirmação poderia estar correta, se ele mesmo

já havia experimentado o contrário? Resolveu refazer a experiência com a quina e comprovou que

esta trata a malária por produzir sintomas da mesma em um organismo saudável.

O experimento com a quina, uma observação feita com trabalhadores que sofriam com o

envenenamento da Cinchona em uma fábrica de quinino, com sintomas semelhantes ao da febre

intermitente, e os trabalhos com o arsênico e seus efeitos tóxicos, levaram ao nascimento da

homeopatia e a todo um processo de experimentação de várias drogas em organismos saudáveis, e

todas as observações e anotações de seus efeitos o levaram a desenvolver a “Matéria Médica

Pura”.

Em 1796, munido de todo um arsenal comprobatório, publicou “Ensaio sobre um novo princípio

para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais”, assim como vários outros artigos e

críticas aos métodos médicos da época, evidenciando a sua repulsa pela medicina tradicional e a

sua indiferença às farmácias e farmacêuticos, pois não aceitava o fato do médico homeopata

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utilizar tais estabelecimentos e profissionais para a produção e dispensação dos medicamentos

homeopáticos.

IV – ORGANON DA ARTE DE CURAR

Em 1810, Hahnemann publicou a primeira edição do famoso “Organon da medicina racional”,

posteriormente intitulado “Organon da arte de curar”, que foi uma ampliação do seu trabalho, a

medicina da experiência. Nesta obra, expôs toda a teoria da arte de curar utilizando a homeopatia.

Publicou mais cinco edições, corrigidas e aumentadas em função das modificações da sua teoria,

segundo a sua experiência.

A homeopatia, à custa de enormes sacrifícios pessoais e familiares de Hahnemann, expandiu-se por

toda a Europa, graças ao esforço gigantesco desse obstinado médico, que recebia doentes de várias

partes do velho mundo e, com isso, sua técnica foi levada a todos os cantos da Europa.

Sempre muito perseguido e até proibido de exercer a prática médica e farmacêutica, encontrou nos

amigos da maçonaria importantes aliados, sem os quais provavelmente não teria logrado um final

de vida com fama e relativo conforto. Após a morte da esposa Henriette, se casou com a francesa

Marie Mélanie, e se mudaram para a França.

A sexta e última edição do “Organon da arte de curar” só foi publicada após o seu falecimento e o

de sua esposa, com a ajuda financeira dos americanos Dr. William Boericke e Dr. James William

Ward. Segundo especialistas, ele foi tão traduzido quanto a Bíblia, o que demonstra o quão genial

foi este espetacular médico, em busca de uma medicina mais humanista e acessível, democrática

em sua concepção e aplicação.

V – SÃO HOMEOPATIAS?

Florais?

Não são homeopatias, mas as plantas que dão origem a eles podem perfeitamente tornarem-se

homeopatia, se processadas pelo método homeopático (diluição, dinamização e experimentação

em pessoa sadia).

Bioterápicos?

São preparações medicamentosas obtidas a partir de produtos biológicos, quimicamente

indefinidos: secreções, excreções, tecidos, órgãos ou microrganismos. Estes produtos podem ser

patológicos (nosódios) ou não (sarcódios), elaborados conforme a farmacotécnica homeopática.

Serão homeopatias se processados pelo método homeopático (diluição e dinamização). Exemplo:

Medorrhinum 9ch.

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Isoterápicos?

São preparações medicamentosas obtidas a partir de insumos relacionados com a patologia do

paciente, elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática, sendo classificadas como

autoisoterápicos (excreções e secreções obtidos do próprio paciente) e heteroisoterápicos

(alergenos exógenos que de alguma forma sensibilizam o paciente). Toda matéria biológica pode se

tornar homeopatia, desde que processadas pelo método homeopático (diluição e dinamização).

Exemplo: Urina 6ch, Pollem 6ch.

Ervas medicinais?

Toda erva ou planta pode se tornar homeopatia, desde que processadas pelo método homeopático

(diluição, dinamização e experimentação em pessoa sadia). Exemplo: Arnica montana 3ch.

Alimentos?

Existem situações em que o paciente é muito sensível a um determinado alimento, sendo

necessário dessensibilizá-lo. Todo alimento pode se tornar homeopatia, desde que processadas

pelo método homeopático (diluição e dinamização). Exemplo: Leite tipo B 3ch.

Naturopatias?

Naturopatia é uma medicina complementar, utilizando recursos naturais como ervas e alimentos ao

invés de fármacos sintéticos e cirurgias. A homeopatia pode estar inserida nesta técnica médica

como um método terapêutico, em que são utilizados medicamentos homeopáticos. Existem

naturopatas que utilizam homeopatia em seus tratamentos associada a outras técnicas.

Medicamentos alopáticos?

Medicamentos alopáticos não são homeopatias, mesmo que produzidos exclusivamente de ervas

medicinais (extraído seu princípio ativo). Um medicamento alopático pode se tornar uma

homeopatia se processado pelo método homeopático (diluição e dinamização). Exemplo: AAS

(Ácido acetylsalicylico) 6ch.

Radiação eletromagnética?

É uma oscilação da fase dos campos elétricos e magnéticos, que se auto-sustentam, podendo ser

classificada de acordo com a frequência da onda, em ordem crescente, nas seguintes faixas: ondas

de rádio, microondas, radiações infravermelha, ultravioleta, gama e terahertz, luz visível e raios X.

Uma substância carregada por uma radiação eletromagnética pode se tornar homeopatia, se

submetida ao método homeopático (diluição e dinamização). Exemplo: Raio-X 9ch.

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VI – O QUE É NECESSÁRIO?

Que a substância em questão seja submetida ao método homeopático, a saber, diluição e

dinamização para líquidos, e dissolução e trituração para sólidos.

VII – FORMAS FARMACÊUTICAS HOMEOPÁTICAS: Uso Interno

Gotas

Medicamento em solução hidroalcoólica para uso diário ou em dose única, conforme solicitação

médica.

Glóbulos

Medicamento em glóbulos para uso diário ou em dose única, conforme solicitação médica.

Tabletes

Medicamento em tabletes para uso diário ou em dose única, conforme solicitação médica.

Comprimidos

Medicamento em comprimidos para uso diário ou em dose única, conforme solicitação médica.

Pós (Lactose)

Medicamento em pó (lactose) para uso diário ou em dose única, conforme solicitação médica.

Xaropes

Medicamento em formato de xaropes para uso diário, conforme solicitação médica.

VIII – FORMAS FARMACÊUTICAS HOMEOPÁTICAS LÍQUIDAS: Uso Externo

Linimento

Preparado em solução hidroalcoólica, oleosa ou base emulsionável, contendo 10% do insumo ativo.

Gliceróleos

Preparado em solução glicerinada contendo 50% de glicerina e 50% de água purificada, contendo

10% do insumo ativo.

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Pseudo-Hidrolatos

Preparado em solução glicerinada contendo 5% de glicerina e 95% de solução hidroalcoólica,

contendo 10% do insumo ativo.

Solução oftálmica*

Preparado em soro fisiológico contendo 1% do insumo ativo.

* requer ambiente adequado e autorização da ANVISA

Solução otológica

Preparado em solução hidroalcoólica, hidroglicerinada, glicólica, oleosa ou outros, contendo 10%

do insumo ativo.

Solução nasal

Preparado em solução hidroalcoólica, hidroglicerinada, glicólica ou outros, contendo 5% do insumo

ativo.

IX – FORMAS FARMACÊUTICAS HOMEOPÁTICAS SÓLIDAS: Uso Externo

Cremes

Preparado em base emulsionável e autoemulsionável, contendo 10% de insumo ativo.

Géis

Preparado em alginatos, derivados de celulose, polímeros carbovinílicos ou outros, contendo 10%

de insumo ativo.

Pomadas

Preparado em substância graxa (vaselina e lanolina), alginatos, derivados de celulose, polímeros

carbovinílicos ou outros, contendo 10% de insumo ativo.

Óvulos

Preparado em gelatina glicerinada, manteiga de cacau ou glicerídeos de ácidos graxos e polióis,

contendo 10% de insumo ativo.

Pós-medicinais

Preparados em amido, carbonatos, estearatos, óxidos, silicatos e outros, contendo 10% de insumo

ativo.

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Sabonetes

Preparado em base glicerinada sólida ou líquida composta de detergentes, estabilizantes de

espuma, corretivos de pH, espessantes, ceras e água purificada, contendo de 2 a 5% de insumo

ativo.

Shampoos

Preparado em base compostas de lauril étersulfatos, amidas, anfóteros, corretivos de pH,

espessantes, ceras e água purificada, contendo de 2 a 5% de insumo ativo.

Supositórios

Preparado em manteiga de cacau, glicerídeos de ácidos graxos e polióis, contendo 10% de insumo

ativo.

X – ORÍGEM DAS MATRIZES HOMEOPÁTICAS (Ø)

Vegetal

Pode ser utilizado todo, parte ou secreção. Ex.: Fucus vesiculosus 1DH, Persea gratissima 1DH, Secale cornutum 6ch.

Animal

Pode ser utilizado todo, parte ou secreção. Ex.: Apis mellifica 6ch, Tireoide 6ch, Lachesis 6ch. Mineral

Pode ser utilizado todo, parte ou composto. Ex.: Hekla lava 6ch, Arsenicum album 6ch, Hepar sulphur 6ch.

Medicamentos

Pode ser utilizado se processado pelo método homeopático. Ex.: AAS 6ch. Gases

Pode ser utilizado em sua forma líquida. Ex.: Gás carbônico 6ch. Alimentos

Pode ser utilizado no todo, parte ou composto. Ex.: Leite tipo b 6ch, Lactose 6ch, Chocolate 6ch.

XI – OBTENÇÃO DAS MATRIZES HOMEOPÁTICAS (Ø)

Laboratórios de grande porte

Matrizes em geral, são adquiridas destes laboratórios por farmácias de manipulação. Empresas importadoras

Ervas medicinais, matrizes minerais e animais, são adquiridos por laboratórios de grande porte para a produção de matrizes homeopáticas.

Coleta na própria farmácia

É necessário um ambiente especializado para a realização de coleta biológica.

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Coleta em laboratórios especializados

Material coletado externamente e enviado para a farmácia de manipulação, desde que a farmácia tenha ambiente especializado para tal manipulação.

XII – MÉTODO HAHNEMANNIANO

ESCALA DECIMAL EM LÍQUIDOS: 1-DH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática (Ø)

9 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: 1-DH ESCALA DECIMAL EM LÍQUIDOS: 2-DH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática (1-DH)

9 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: 2-DH ESCALA DECIMAL EM LÍQUIDOS: N-DH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática [(N-1)-DH]

9 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: N-DH ESCALA DECIMAL MATEMATICAMENTE Ø = 1 1-DH = 10-¹ = 0,1 2-DH = 10-² = 0,01 3-DH = 10-³ = 0,001 4-DH = 10-⁴ = 0,0001 6-DH = 10-⁶ = 0,000001 12-DH = 10-¹² = 0,000000000001 18-DH = 10-¹⁸ = 0,000000000000000001 24-DH = 10-²⁴ = 0,000000000000000000000001

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ESCALA CENTESIMAL EM LÍQUIDOS: 1-CH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática (Ø)

99 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: 1-CH ESCALA CENTESIMAL EM LÍQUIDOS: 2-CH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática (1-CH)

99 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: 2-CH ESCALA CENTESIMAL EM LÍQUIDOS: N-CH

Em um frasco recipiente junta-se:

1 parte da matriz homeopática [(N-1)-CH]

99 partes de solução hidroalcoólica

O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco

Executa-se 100 sucussões mecânicas

Rotula-se o frasco com nome e titulação: N-CH ESCALA CENTESIMAL MATEMATICAMENTE Ø = 1 1-CH = 10-² = 0,01 2-CH = 10-⁴ = 0,0001 3-CH = 10-⁶ = 0,000001 4-CH = 10-⁸ = 0,00000001 6-CH = 10-¹² = 0,000000000001 9-CH = 10-¹⁸ = 0,000000000000000001 12-CH = 10-²⁴ = 0,000000000000000000000001

XII – MANIPULAÇÃO DE SÓLIDOS

Separar 9 ou 99 partes de insumo inerte (lactose).

Separar 1 parte do insumo ativo insolúvel (Ø).

Dividir a quantidade de insumo inerte a ser utilizada em 3 partes iguais.

A matriz insolúvel é obtida em Laboratórios Farmacêuticos devidamente credenciados.

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PROCEDIMENTO

Uma terça parte de 99 partes de lactose (escala centesimal) é colocada em gral de porcelana e triturada por poucos minutos para tampar os poros do gral.

Coloca-se 1 parte da substância medicamentosa insolúvel (Ø) à ser triturada. Homogeneizar o medicamento e o pó com uma espátula. Triturar vigorosamente durante 6 minutos, e raspando o triturado do grau e do pistilo durante 4 minutos, homogeneizando-o.

Triturar vigorosamente durante 6 minutos, sem o acréscimo de lactose e raspando o triturado durante 4 minutos, homogeneizando-o.

Acrescentar a segunda terça parte de lactose, triturando vigorosamente durante 6 minutos e raspando-o por 4 minutos, homogeneizando-o.

Triturar vigorosamente o conteúdo por 6 minutos e raspando-o por 4 minutos, homogeneizando-o.

Acrescentar a terceira terça parte de lactose triturando por 6 minutos e raspando por 4 minutos, homogeneizando-o.

Triturar vigorosamente o conteúdo por 6 minutos e raspando-o por 4 minutos, homogeneizando-o. Este será a primeira trituração centesimal 1-CH.

Para obter N-CH (N>2), utiliza-se o processo acima descrito, partindo sempre da trituração anterior para confeccionar a desejada.

XIV – MÉTODO HAHNEMANNIANO ESCALA CINQUENTA-MILESIMAL

CINQUENTA-MILESIMAL: 1-LM

Todas as substâncias serão trituradas até o ponto de partida: trituração 3-CH.

Diluição: 1/500

Em 500 gotas (6,3g) de uma solução alcoólica formada por uma parte de álcool (100 gotas) e quatro partes de água purificada (400 gotas) dissolve-se uma parte (0,063g) do terceiro triturado (3-CH).

Dinamização: 1/100

Coloca-se uma gota da mistura anterior em 100 gotas de álcool. O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco. Proceder 100 sucussões.

Com uma gota do conteúdo anterior impregnam-se 500 microglóbulos (cada 100 microglóbulos devem corresponder a 0,063g).

Um microglóbulo impregnado corresponde à primeira dinamização cinquenta-milesimal, 1-LM.

CINQUENTA-MILESIMAL: 2-LM

Toma-se 1 microglóbulo da 1-LM, pondo-o em novo frasco com uma gota de água purificada para que se dissolva em 100 gotas de álcool. O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco. Proceder 100 sucussões.

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Com 1 gota do conteúdo anterior impregnam-se outros 500 microglóbulos (cada 100 microglóbulos devem corresponder a 0,063g).

Um microglóbulo impregnado corresponde à segunda dinamização cinquenta-milesimal, 2-LM.

CINQUENTA-MILESIMAL: N-LM

Toma-se 1 microglóbulo da (N-1)-LM, pondo-o em novo frasco com uma gota de água purificada para que se dissolva em 100 gotas de álcool. O volume da mistura deve ocupar, no mínimo, a metade, e no máximo, 2/3 do volume do frasco. Proceder 100 sucussões.

Com 1 gota do conteúdo anterior impregnam-se outros 500 microglóbulos (cada 100 microglóbulos devem corresponder a 0,063g).

Um microglóbulo impregnado corresponde a N dinamização cinquenta-milesimal, N-LM.

DISPENSAÇÃO

Em um recipiente adequado para dispensação, dissolver um microglóbulo do insumo ativo na potência prescrita com 1 gota de água purificada.

Acrescentar o veículo de dispensação em quantidade suficiente para o volume prescrito.

O volume da preparação deve ocupar, no mínimo, 1/2 e, no máximo, 2/3 da capacidade do frasco de dispensação.

Exemplo: Pulsatilla nigricans 2-LM 150ml

Retirar do estoque 1 microglóbulo de Pulsatilla nigricans 2-LM e dissolver em uma gota de água purificada. Após a dissolução completar o volume para 150ml com veículo de dispensação. Homogeneizar e dispensar em frasco com capacidade para 200ml.

Para cada dispensação, será utilizado unicamente 1 microglóbulo, não importando a quantidade solicitada, seja 15ml, 20ml, 30ml, 100ml, 150ml etc.

XV – MÉTODO FLUXO CONTÍNUO - FC

Para a confecção de dinamizações acima da 30-CH, será necessário a utilização do aparelho Valéria

Fórmulas: t = (Pd – 2 – Pp) 1.6666 seg t = (Pd – 2 – 30) 1.6666 seg

Onde: t = tempo em segundos

30 = trigésima dinamização Pp = dinamização de partida Pd = dinamização desejada

PROCEDIMENTO

Após determinar o volume da câmara, adicionar 1% de insumo ativo.

Preencher o volume da câmara com água purificada.

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Determinar o número de dinamizações, de água purificada necessária e o tempo de preparo.

Acionar o aparelho.

Desligar o aparelho no tempo determinado, bem como a chave de passagem de água purificada.

Retirar todo o conteúdo da câmara e proceder 2 dinamizações centesimais segundo o método hahnemanniano em solução hidroalcoólica.

Obs:

As trocas de dinamização ocorrem após a passagem de 100 vezes do volume do insumo ativo inicial e 100 rotações da palheta.

Os pontos de paradas intermediárias são: 200, 500, 1000, 5000, 10.000, 20.000, 30.000, 40.000 e 50.000.

XVI – MÉTODO KORSAKOVIANO

MÉTODO KORSAKOVIANO 31K

Tarar o frasco a ser utilizado no processo

Colocar neste frasco a dinamização 30ch

Escoar o conteúdo do frasco

Desembocar o frasco

Pesar o frasco que foi esvaziado

Calcular o insumo impregnado retido nas paredes

Adicionar 99 partes de insumo inerte

O volume deve ocupar no mínimo a metade e no máximo 2/3 do volume do frasco

Succionar 100 vezes

Dinamização obtida 31K MÉTODO KORSAKOVIANO 32K... NK

Escoar o conteúdo da dinamização 31k.

O insumo retido no frasco deve corresponder a 1% do peso adicionado anteriormente de insumo inerte.

Adicionar 99 partes de insumo inerte.

O volume deve ocupar no mínimo a metade e no máximo 2/3 do volume do frasco

Succionar 100 vezes.

Dinamização obtida 32K.

Repetir o processo até obter a dinamização NK desejada.

XVII – RELAÇÃO ENTRE AS ESCALAS DECIMAL X CENTESIMAL

Embora matematicamente esteja muito óbvia a relação entre as duas escalas, não se pode estabelecer que uma dinamização 6-CH seja exatamente igual a uma dinamização 12-DH. Uma vez

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iniciado um processo de dinamização através de uma escala de obtenção, não se pode mudá-la para outra escala. Exemplo: obter uma dinamização 5-CH a partir de uma dinamização 8-DH.

XVIII – DILUIÇÃO

É o simples fato de diluir (misturar) uma substância pura em uma substância inerte, como por exemplo, ao se misturar uma substância pura com água e álcool para líquidos e lactose para substância pura sólida. É a redução da concentração do insumo ativo pela adição de insumo inerte adequado. Método inicialmente utilizado por Samuel Hahnemann para a elaboração dos medicamentos homeopáticos.

XIX – DINAMIZAÇÃO

No princípio, Hahnemann apenas diluía seus medicamentos na proporção 1/100 e os aplicava aos seus pacientes. Ele próprio realizava a manipulação dos medicamentos em sua residência e os levava pessoalmente a cada paciente. Hahnemann notou que os pacientes que moravam mais distantes obtinham melhores resultados do que os que viviam nas proximidades de sua morada. Inteligentemente, logo percebeu que a única variável nesta análise de resultados era o transporte em carroças dos tais medicamentos. Desta forma, ele resolveu aplicar em todas as diluições 100 sacolejos. Nasce daí a definição de dinamização, que se dá quando uma diluição homeopática passa por um processo de energização do seu conteúdo, sendo agitação (sucussão) para líquidos e fricção (trituração) para sólidos. Dinamização é o processo de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas do insumo ativo em insumo inerte adequado.

XX – POTÊNCIA HOMEOPÁTICA

Quatro pilares definem a homeopatia: 1) experimentação em indivíduo sadio, 2) semelhança entre

os sintomas apresentados na experimentação e os sintomas do paciente, 3) dose infinitesimal da

droga utilizada para tratamento e 4) medicamento único.

A homeopatia moderna, carente de legislação adequada e estudo criterioso, desrespeita o princípio

da experimentação em indivíduo sadio e torna toda substância possível de ser aplicada em

medicamento homeopático, contrariando diretamente o modelo teórico aprendido com

Hahnemann e seus discípulos para o exercício prático da medicina homeopática.

Quando uma substância dinamizada é experimentada e testada em experimentadores, definindo-a

como a substância capaz de provocar um estímulo de equilíbrio em um organismo doente,

denominamo-la POTÊNCIA. Toda potência é uma diluição seguida de dinamização, mas nem toda

dinamização se tornará uma potência capaz de provocar bem-estar ou equilíbrio ao organismo

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doente. Exemplo: um homeopata prescreve Arnica montana 6ch. Significa que "6" é a potência

dinamizada na escala "ch", capaz de equilibrar o paciente.

XXI – CONSTANTINO HERING (1800 - 1880)

Constantino Hering nasceu na Saxônia, Oschatz, em 1 de janeiro de 1800. Filho de um organista de

Igreja, de uma família numerosa e de poucos recursos financeiros, demonstrou precocemente uma

atração para as ciências naturais, para a matemática e uma forte inclinação para cuidar de doentes.

Iniciou seus estudos em medicina em Leipzig, mas teve que seguir posteriormente em Weitzburg,

devido ao fato de ter se tornado homeopata antes do término de seus estudos.

Em 1821, já no final de seu curso em Leipzig, um de seus mestres, o respeitado professor Dr. Robbi,

pediu-lhe que escrevesse uma tese para demonstrar o quão ridículo e inútil seria a teoria de Samuel

Hahnemann. Mas o destino tratou de levá-lo a uma inesperada mudança de paradigma, quando

pouco antes de finalizar seus estudos, ao praticar uma autópsia, feriu um dedo com um fragmento

ósseo, o que lhe provocou gangrena. Na época, não havia antissépticos ou antibióticos para

tratamento do risco de gangrena ou infecção generalizada que pudessem impedir a inevitável

amputação do braço.

Ao consultar um médico e amigo, Dr. Kummer, que praticava o método terapêutico homeopático

de Hahnemann, foi orientado para que tomasse uma única dose de Arsenicum. Para sua surpresa,

em poucos dias o tal medicamento logrou êxito em sua recuperação total. Este fato levou-o a

abandonar a tese hostil, apresentar-se ao criador do método homeopático e a aprofundar seus

estudos na teoria preconizada por Hahnemann, não hesitando em colocá-la à prova ao

experimentar em si mesmo alguns remédios.

Por ter obtido resultados favoráveis, Hering transformou-se então em um ardoroso e valioso

adepto ao método homeopático, e realizou um trabalho com tal honestidade e imparcialidade que

estimulou Dr. Robbi a também se converter à Homeopatia. Ao finalizar seus estudos de medicina

em Weitzburg, apresentou sua tese sobre a Homeopatia pronunciando-se a ela favoravelmente.

Após seu doutoramento, Hering tornou-se professor de Matemática e História Natural no Instituto

Brockmann, em Dresden. Mais tarde, o governo o enviou como botânico em missão à Guiana

Holandesa (atual Suriname), onde teve a oportunidade de investigar plantas indígenas, as quais

foram experimentadas homeopaticamente em monjas, amigos e colaboradores.

Em Dresden, o rei da Saxônia e seus seguidores não aprovaram as experimentações homeopáticas

de Hering e foi-lhe exigido o término de tais experimentos, levando-o à renúncia do cargo e mudar-

se da Guiana Holandesa para a Filadélfia (EUA), onde havia uma epidemia de cólera com numerosos

enfermos. Depois de se instalar ali definitivamente, fundou em 1836 o "Hahnemann Medical

College", que contava com um hospital homeopático. A homeopatia, desta forma, fundou-se e

difundiu-se nos Estados Unidos.

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Hering faleceu aos 80 anos, escreveu novelas, contos, poesias e uma monumental enciclopédia em

dez volumes, intitulada "The Guiding Symptoms of our Materia Medica" onde publicou os

resultados de seus estudos e de outros autores homeopatas. Deixou a base dos pilares da

homeopatia moderna.

XXII – JAMES TYLER KENT (1849-1916)

Este notável médico americano e homeopata é muito lembrado pelo seu “Repertório

Homeopático”, base de todos os repertórios médicos homeopáticos contemporâneos. Nascido em

Nova Iorque em 31 de março de 1849, conheceu os efeitos surpreendentes da homeopatia ao

consultar o médico homeopata Dr. Phelan para o tratamento de sua esposa Lucy, enferma

gravemente e sem sucesso de tratamento por parte dos renomados especialista médicos da época.

Lucy apresentava fraqueza, insónia e anemia, permanecendo na cama já há vários meses. Dr.

Phelan tratou-a com grânulos de homeopatia, e em algumas poucas semanas estava totalmente

recuperada, o que provocou Kent a estudar toda a literatura homeopática disponível nos Estados

Unidos.

Orientado pelo Dr. Phelan, estudou profundamente o Organon de Hahnemann e,

consequentemente, abandonou a um cargo que possuía de professor de Anatomia, tendo depois

renunciado ao cargo de membro da “American National Eclectic Medical Association”.

Após o falecimento de sua mulher Lucy em 1895, Kent, submerso em sofrimento pela perda,

trabalha arduamente, realizando estudos sobre medicamentos homeopáticos, em busca constante

pelas possíveis formas de melhorar a técnica de tratamento homeopático, a fim de encontrar o

medicamento adequado.

Um dia, foi chamado para ajudar uma médica enferma que havia feito vários cursos de homeopatia

e que também exercera a homeopatia médica. Ela já tinha recorrido a vários alopatas de

reconhecida reputação e a excepcionais homeopatas nos EUA. Nenhum destes renomados

profissionais foi capaz de ajudá-la.

Todos os homeopatas consultados prescreveram-na Lachesis, já que aparentemente apresentava

sintomas muito evidentes deste medicamento, mas ele se mostrou ineficaz. Kent estudou

profundamente o caso e os seus antecedentes, e chegou à surpreendente conclusão de que esta

mulher, por ter realizado estudo clínico com Lachesis durante vários anos, ficou ”impregnada”

devido às doses constantes do medicamento, produzindo sintomas e resultando na doença

associada ao medicamento. Assim, imediatamente proibiu o seu uso para o resto de sua vida, que

levou ainda igual tempo para suprimir de todo seus efeitos. Em 1896, esta ex-paciente, Clara

Louise, se tornou sua indispensável assistente, e logo depois, sua segunda esposa.

Kent, ao longo de sua vida profissional, alicerçado em outras doutrinas que a seu ver,

complementariam a teoria homeopática, cumpre o seu propósito de vida e estabelece a “Lei de

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Hering” e fundamenta o vitalismo “brilhantemente”, complementando os ensinamentos do mestre

Hahnemann.

XXIII – HIERARQUIZAÇÃO DOS NÍVEIS ENERGÉTICOS

O homeopata pode utilizar, dentre outros, o modelo teórico, a seguir, para repertorizar e escolher

o medicamento homeopático adequado conforme uma hierarquização dos sintomas apresentados

pelo paciente, classificando-os, analisando-os e comparando-os com os sintomas relatados na

“Matéria Médica Homeopática”. Desta forma, o homeopata percorre dos sintomas à doença,

podendo ou não estabelecer um diagnóstico, mas, sobretudo, encontrar um simillimum adequado

ao conjunto de sintomas relatados.

Nível Físico

É tudo o que está representado em nosso corpo: células, tecidos, órgãos e sistemas.

É o nosso corpo propriamente dito e onde se manifestam os sintomas de desordem na nossa integridade e funcionalidade biológica.

Nível Emocional

É tudo o que diz respeito ao que manifestamos através da nossa vontade, afetividade, sentimento e emoção, como o amor, a paixão, a tristeza, a raiva, o ciúme, o medo, as atitudes e comportamentos pertinentes ao relacionamento com o nosso semelhante, conosco e com o habitat em que vivemos.

São reações provocadas por aquilo que sentimos e àquilo que nos provoca a sentir. Nível Mental

É tudo o que diz respeito ao nosso sistema de automatização, tanto biológica como intelectual.

É no nível mental que um indivíduo pensa, imagina, critica, compara, calcula, classifica, cria, sintetiza, conjectura, visualiza, planeja, descreve, comunica-se etc.

XXIV – LEI DE HERING

De dentro para fora (direção centrífuga dos sintomas);

De cima para baixo (do alto do corpo para baixo);

Dos órgãos mais nobres para os menos nobres;

Na ordem inversa a de seu aparecimento (reaparecimento de sintomas antigos).

XXV – ESCOLAS HOMEOPÁTICAS

ORGANICISTAS

Complexistas: utilizam vários medicamentos em um mesmo frasco (fórmulas).

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Alternistas: utilizam um medicamento principal (repertorial) e outro (s) para situações episódicas.

Pluralistas: utilizam vários medicamentos para tratar vários sintomas.

Neo-hipocráticos: utilizam ao mesmo tempo: homeopatia com fitoterapia, com alopatia etc. UNICISTAS

Método homeopático ortodoxo, utilizando medicamento único para o conjunto de sintomas.

XVI – RELAÇÃO ENTRE POTÊNCIA E NÍVEIS ENERGÉTICOS

Potência 6ch:

Trata os desequilíbrios nos três níveis energéticos e nas desordens agudas, mudando, segundo o caso, a frequência com que será administrada.

Potência 9ch:

Trata os desequilíbrios nos três níveis energéticos, sendo muito utilizado nas desordens crônicas.

Potência 12ch:

Trata os desequilíbrios nos três níveis energéticos, mas, principalmente, quando as emoções reprimidas ou suprimidas perturbam os outros níveis energéticos (físico e ou mental).

XVII – AGRAVAMENTO HOMEOPÁTICO

Agravamento homeopático é entendido, erroneamente, pela maioria dos envolvidos em um

tratamento, ao acreditarem que, ao tomar uma homeopatia, ela irá provocar um aumento dos

sintomas para, depois, haver uma melhora. Isso se dá devido a informações incorretas e um mau

entendimento dos pacientes, homeopatas e farmacêuticos, que confundem a “Lei de Hering” com

um quadro clínico piorado ou, até mesmo, com o erro cometido pelo homeopata.

Esta tabela não é uma regra, mas auxilia no entendimento de como a homeopatia está agindo no

organismo e se está se cumprindo a “Lei de Hering”, a saber, se a potência utilizada está

provocando um novo desequilíbrio em um dos níveis energéticos superior ao que está sendo

tratado, se ocorre aparecimento de sintomas antigos e melhora dos sintomas atuais, se está

ocorrendo ou acentuando sintomas em órgãos ou sistemas vitais ou hierarquicamente superiores

ao órgão ou sistema que está sendo tratado (alvo de sintomas) etc.

6ch ----- 9ch ----- 12ch

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XVIII – FARMÁCIA HOMEOPÁTICA ATUAL

As Farmácias Homeopáticas tradicionais estão, a cada dia, seja por força da legislação atual ou por

imposição de mercado, se transformando em Farmácias de Manipulação Híbridas, manipulando

medicamentos naturais, alopáticos, cosméticos, fitoterápicos e homeopáticos.

XXIX – LEGISLAÇÃO ATUAL

Devido à inércia do setor homeopático, a ANVISA legisla sob sua própria ótica para tentar

padronizar, ao máximo, as condutas de profissionais e empresas do setor. Neste processo (passado

recente) a agência foi responsável pelo fechamento de aparentes grandes empresas que, flagradas

em sua fragilidade financeira e administrativa, não tiveram fôlego para adaptar-se às novas regras

impostas.

XXX – MEDICINA ALTERNATIVA

Os profissionais da área alternativa, que antes, em sua maioria, não possuíam formação em cursos

superiores de saúde, vêm assumindo o mercado com a devida qualificação em subáreas como

Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Farmácia, Biomedicina, dentre outros, contribuindo, assim, para

uma melhor oferta e entrega dos serviços prestados.

XXXI – O QUE ACONTECEU?

Quais são os limites da homeopatia? E qual será o motivo pelo qual a maioria das tentativas em

levá-la para o Sistema de Saúde Público, com uma oferta de medicamentos mais baratos, sem

toxidade aparente e de fácil manipulação, não convence a classe médica, a população e os

administradores públicos?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABFH. Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática. 4.ed., Curitiba: ABFH, 2007. ANVISA. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3.ed., Brasília: ANVISA, 2011. DEMARQUE, Denis. Homeopatia Medicina de Base Experimental. Rio de Janeiro: GOE, 1973. FONTES, Olney Leite. Farmácia Homeopática, Teoria e Prática. 4. ed., São Paulo: Manole, 2013. HAHNEMANN, Samuel. Matéria Médica Pura. São Paulo: EHB, 1998. HAHNEMANN, Samuel. Organon da Arte de Curar. 6.ed., São Paulo: GEHSP Benoit Mure, 2013. KENT, James Tyler. Lições de Filosofia Homeopática. 3.ed., São Paulo: Organon, 2014. RECKEWEG-JOURNAL. A vida e obra de James Tyler Kent. V.6, N.1. P.F. Dr. Reckeweg & Co.: 2011. TÉTAU, Dr. Max. Hahnemann: muito além da genialidade. São Paulo: Organon, 2001. VANNIER & POIRIER. Tratado de Matéria Médica Homeopática. 9.ed., São Paulo: Org. Andrei, 1987. PALESTRANTES

Denyse Sousa Gonçalves – Farmacêutica, CRF/DF 5885 [email protected]

Jacqueline de Jesus Campos Queiroz – Farmacêutica, CRF/DF 3620 [email protected]

José Luiz Campos de Jesus – Farmacêutico, CRF/DF 2613 Diretor da Farmácia Homeopática Dias da Cruz [email protected]

Thalita Rosa Cavalcante – Farmacêutica, CRF/DF 6260 [email protected]

COORDENAÇÃO

Profa. Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Coordenadora da Fábrica Escola de Farmácia e Química da UCB Docente do Curso de Farmácia – UCB e UNIP Atuou 12 anos em Farmácia Magistral (Campinas, São Paulo, Piracicaba e Brasília) Especialista em Farmácia Clínica

Profa. Ma. Viviane Corrêa de Almeida Fernandes Organizadora da IX Jornada Farmacêutica da UCB Docente do Curso de Farmácia – UCB Mestre em Ciências Farmacêuticas – UnB Especialista em Farmacologia Clínica – UnB

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Camilo Alencar Cunha Matemático, Biólogo e Psicanalista Clínico Extensão Universitária em Homeopatia I, II, III e IV pela UFV – 1997 a 2000 Especialista em Desenvolvimento de Sistemas para Web [email protected]