famÍlia nos seringais: costumes e afazeres · 2015-02-18 · seringal: modelo caboclo e o modelo...

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FAMÍLIA NOS SERINGAIS: COSTUMES E AFAZERES MAURÍCIO GUEDES DE NEGREIROS* Inverno: coleta na floresta A estação chuvosa na Amazônia dificultava o comércio da borracha, pois impossibilitava a extração do látex pelos seringueiros. Neste período, o leite da seringueira misturava-se com a água e ficava impróprio para comercializar. E a forma para conseguir algum recurso financeiro dentro do contexto de seringueiro e “patrão” era a coleta na floresta de sementes e frutos, usando o mesmo processo de comercialização adotado no tempo do comércio da borracha. Este comércio de coleta no período chuvoso estava atrelado, em diversas localidades, à exploração das imensas áreas verdes da Amazônia... Foi assim no Afuá 1 , durante a o segundo “boom da borracha”. A exploração da foz do Amazonas vem desde o período colonial, segundo Darcy Ribeiro: Já nos primeiros anos do século XVII ali se instalaram soldados e colonos portugueses, inicialmente para expulsar franceses, ingleses e holandeses que disputavam seu domínio, depois como núcleos de ocupação permanente. Estes núcleos encontrariam uma base econômica na exploração de produtos florestais, como cacau, o cravo, a canela, a salsaparrilha, a baunilha, a copaíba, que tinham mercado certo na Europa e podiam ser colhidos, elaborados e transportados com o recurso da mão-de-obra indígena, farta e acessível naqueles primeiros tempos. (RIBEIRO, 1996: 35) *Graduando em História pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) 1 O município de Afuá está localizado ao norte do Marajó, na Microrregião dos Furos de Breves, limitando–se ao norte com a Ilha Caviana, ao nordeste com o município de Chaves, ao sul com os municípios de Anajás e Breves, ao sudeste com o município de Anajás, ao sudoeste com os municípios de Breves e Gurupá leste com o município de Chaves e a oeste e noroeste com o Estado do Amapá.

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FAMÍLIA NOS SERINGAIS: COSTUMES E AFAZERES

MAURÍCIO GUEDES DE NEGREIROS*

Inverno: coleta na floresta

A estação chuvosa na Amazônia dificultava o comércio da borracha, pois

impossibilitava a extração do látex pelos seringueiros. Neste período, o leite da seringueira

misturava-se com a água e ficava impróprio para comercializar. E a forma para conseguir

algum recurso financeiro dentro do contexto de seringueiro e “patrão” era a coleta na floresta

de sementes e frutos, usando o mesmo processo de comercialização adotado no tempo do

comércio da borracha.

Este comércio de coleta no período chuvoso estava atrelado, em diversas localidades,

à exploração das imensas áreas verdes da Amazônia... Foi assim no Afuá1 , durante a o

segundo “boom da borracha”. A exploração da foz do Amazonas vem desde o período

colonial, segundo Darcy Ribeiro:

Já nos primeiros anos do século XVII ali se instalaram soldados e colonos portugueses, inicialmente para expulsar franceses, ingleses e holandeses que disputavam seu domínio, depois como núcleos de ocupação permanente. Estes núcleos encontrariam uma base econômica na exploração de produtos florestais, como cacau, o cravo, a canela, a salsaparrilha, a baunilha, a copaíba, que tinham mercado certo na Europa e podiam ser colhidos, elaborados e transportados com o recurso da mão-de-obra indígena, farta e acessível naqueles primeiros tempos. (RIBEIRO, 1996: 35)

*Graduando em História pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) 1 O município de Afuá está localizado ao norte do Marajó, na Microrregião dos Furos de Breves, limitando–se ao norte com a Ilha Caviana, ao nordeste com o município de Chaves, ao sul com os municípios de Anajás e Breves, ao sudeste com o município de Anajás, ao sudoeste com os municípios de Breves e Gurupá leste com o município de Chaves e a oeste e noroeste com o Estado do Amapá.

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Dentro do contexto da exploração da borracha estamos tratando de uma estação

especifica: o inverno, período de grandes chuvas, que fazem com que os seringueiros

busquem alternativas para obterem algum lucro.

Ao entrevistar os seringueiros das ilhas, percebi que eles tinham uma atividade

econômica comum entre eles durante a chegada das chuvas, diferentemente dos seringueiros

nordestinos que estavam atrelados à dependência do “patrão”. Segundo Cristina Scheibe

Wolff:

Cortava-se as seringueiras no período de 1 de maio e 31 de dezembro, cada estrada 2 vezes por semana, totalizando geralmente 60 dias de corte por estrada. No tempo restante pouco se fazia. Onde os “patrões” permitiam, fazia-se roças de mandioca, milho e outros produtos. Muitos seringueiros iam para as cidades e gastavam tudo o que tinham podido acumular nos meses de trabalho. Outros ficavam no seringal, onde alguns “patrões” aproveitavam a mão de obra disponível. (WOLFF, 1998: 65-66):

O controle dos seringueiros pelo “patrão” torna-se visível na palavra “permitia”, ou

seja, dificilmente os trabalhadores tinham total autonomia mesmo em um período que não se

podia coletar o látex. A “subida” para as cidades para gastar tudo que tinham economizado

durante a safra da borracha no período do verão, fortalecia o laço de dependência entre eles.

Endividar-se e depois tirar borracha nas estradas para quitar a dívida... Sempre os cofres

(cadernetas) dos “patrões” estavam abertos para “ajudar” a endividar os seringueiros.

Outro autor, Greg Grandin também retrata esta questão em sua obra:

Mas na Amazônia os seringueiros muitas vezes passavam os meses “cinzentos e tristes” da estação da chuvosa, quando a extração do látex se tornava lenta demais, “em suas cabanas, sem nenhuma ocupação lucrativa”, acumulando mais dividas do que conseguiriam pagar. (GRANDIN, 1962: 42)

“Sem nenhuma ocupação lucrativa”, nesta frase percebe-se que eles não tinham outra

forma de obter um trabalho que trouxessem dividendos paras esta classe de trabalhadores.

Seringueiros dependentes dos “patrões”, mesmo que houvesse permissão para eles lucrarem

com qualquer outro tipo de atividade, estavam vinculados aos desígnios dos seus contratantes.

Porém notamos uma diferença entre os seringueiros nordestinos e os seringueiros locais das

ilhas.

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Ao entrevistar sobre o que os seringueiros das ilhas faziam quando chegava o

inverno, responderam dessa forma obtivemos diferentes respostas. A senhora Maria Darcy

Guedes de Negreiros afirmara: “juntava caroço... “Vendia” caroço de murumuru, castanha da

andiroba, semente da ucuúba. A ucuúba não podia exportar, então inventaram esse de virola”.

Mauro dos Anjos Lamarão disse:

nós ia pro mato e pro rio, juntar semente, juntar semente de vergalho de jabuti, semente de ucuúba, semente de andiroba, e semente de pracaxi, pra vender. Vendia lá mesmo pro comerciante, e o comerciante embarcava, de quinze em quinze dias. Quando ele chegava, ia pegando de porto em porto aquela quantidade de semente. Ainda tinha o caroço de murumuru, o caroço de murumuru era o mais difícil de juntar.

Francisco Paulo de Negreiros destacou: “cortando seringueira na época da borracha,

no período do inverno que não podia cortar borracha colhia semente na época. Era murumuru,

castanha da andiroba, a fruta da ucuúba conhecida por virola”.

Ainda que Francisco e Darcy não falassem que o destino das sementes coletadas era

para a venda, fica implícito que se destinava aos barracões dos comerciantes. A coleta de

sementes e frutos trazia uma renda num período que as dificuldades da estação invernosa

impediam que as seringueiras fossem riscadas: “era no período verão, porque de inverno não

dava pra cortar seringa, enche, aí era só água, não dava leite né (riso)”, comentara Dalk Dias

Salomão.

No verão, havia então a contratação de seringueiros, dentro da própria região das

ilhas, onde se criava um vínculo entre seringueiro e “patrão”, no período de extração da

borracha. Quando o inverno chegava, esse vínculo de contrato acabava. Jacinto da Silva Vaz

falou sobre isto: “é riscava, levava um barco cheio, um barco “porrudo”, entrava nesses rios

aí, ia pegando primeiro pra levar pro serviço, principio de junho. Aí passava junho, julho,

agosto, setembro, outubro, novembro, fim de dezembro começava chover vinham devolver,

trazia de volta”.

Uma diferenciação geral entre os dois seringueiros — o migrante nordestino e o das

ilhas — pode ser, grosso modo, posta nos seguintes termos: os nordestinos que trabalhassem

na roça, na coleta de sementes, ou quisessem ir para a cidade gastar suas economias, o faziam

com autorização do seu “patrão”. Ou seja, sempre estavam ligados dentro de processo

submissão em relação aos seus “patrões”. Enquanto que os seringueiros das ilhas tinham

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liberdade irrestrita para eleger suas atividades alternativas. Apesar de venderem suas sementes

para os comerciantes de Afuá, não tinham nenhuma obrigação de prestar contas com eles,

pois “fim de dezembro começava a chover vinham devolver, trazia de volta”. Sendo assim,

estes podiam fazer qualquer outra atividade, como construir, caçar, pescar, plantar, criar, etc.

O autor João Pacheco de Oliveira Filho (1979) dentro de sua obra “O caboclo e o

Brabo” faz uma concisa distinção destas duas formas de trabalho ao retratar dois modelos de

seringal: modelo caboclo e o modelo do apogeu. O modelo caboclo tem como força de

trabalho o núcleo familiar voltado para a pluralidade funcional, ou seja, para o recurso a

outras atividades de subsistência como: agricultura, coleta na floresta, pesca, caça, pequenas

criações entre outras. O seringueiro e morador de Afuá Jacinto da Silva Vaz mostra essa

independência, ao falar: “ai vinha a extração da fruta. Dela o vinha o murumuru, era a

castanha de andiroba, era a ucuúba. E tinha marisco, [pois] a gente ia mariscar e vendia no

mercado o camarão, peixe. Pescava ai fora no canal”.

Já no modelo do apogeu, predominavam os migrantes nordestinos que trabalhavam

isoladamente, sendo direcionados para a alta produção de borracha, criando uma dependência

em relação ao seu “patrão”. Segundo João Pacheco de Oliveira Filho:

desde o momento em que sai de sua terra o futuro seringueiro já vai se tornando prisioneiro do agenciador e depois do seringalista, tendo que pagar-lhe todas as despesas que realizar até e para a obtenção da primeira safra. [...] O seringueiro nordestino, que migra sem a familia e que tem como objetivo voltar para a sua terra depois de formar algum pecúlio, aquele que se destina unicamente à extração de seringa... Uma mão-de-obra dependente e que se enquadra melhor na organização do seringal... modelo do Apogeu. (OLIVEIRA FILHO, 1979: 135)

Dentro dessa lógica de dependência para com o “patrão” — agenciador e seringalista

— é que se percebe que há uma diferença entre os seringueiros das ilhas e os seringueiros

migrantes nordestinos. A coleta independente de sementes e frutos era uma tradição dos

moradores seringueiros de Afuá. A atividade do período chuvoso era uma das alternativas de

aquisição dos meios de sobrevivência no Afuá. Os moradores desta ilha, além de seringueiros

eram, portanto, coletores de sementes, além de pescadores, caçadores, roceiros...

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Mulheres e crianças: atividade de homem nos seringais

De que forma a mulher se envolvia dentro desse processo da extração da borracha,

dentro da casa, no roçado? É necessário dar visibilidade para essas trabalhadoras muitas vezes

silenciadas dentro dos escritos historiográficos. Cristina Scheibe Wolff procura abordar

“aspectos da história social das mulheres do Alto Juruá (AC), extremo oeste do Brasil, dando-

lhe visibilidade no processo de constituição dos seringais e da sociedade que ali se formou”

(WOLFF, 1998: 13). A autora esmiúça o cotidiano da mulher do Auto Juruá-Acre, no período

de 1870 a 1945, mulher pertencente às populações menos favorecidas. Ela passa quase que

despercebida dentro da historiografia da Amazônia no ciclo da borracha. Pretendemos

também mostrar a importância da mulher e da criança dentro da comunidade e dos seringais

afuaenses.

As mulheres e crianças das ilhas do Pará também tiveram uma importante

participação dentro do processo da coleta do látex, no período do segundo ciclo da borracha.

Dentro da floresta, em diversas atividades que supostamente seriam “de homens”, mulheres e

crianças tiveram suas participações ativas. Muitas vezes faziam trabalhos de igual rigor em

relação à força física masculina.

Geralmente, os migrantes nordestinos vinham para a Amazônia, sozinhos. Talvez

seja essa a origem da dificuldade de se reconhecer presença da mulher dentro ciclo da

borracha. Entretanto, a busca de vestígios da presença de mulheres trabalhando nos seringais

tem atraído alguns estudiosos, que vem desmistificando a ausência das mulheres nas estradas

de seringais, como Cristina Scheibe Wolff, citada acima, Ligia T. L. Simonian, entre outros.

Fortunato de Souza Pelaes, quando perguntado sobre quem ia para estrada extrair

leite, respondeu: “tinha familia que era a familia toda quando tinha. Familia, a mulher que

gostava de trabalhar ia pro mato com pai, o filho e tudo, não tinham outra coisa, tinham

mesmo que fazer aquilo”. Cândido Galleno Quintas Filho disse: “na estrada ia só homem,

criança não. Só o pai e a mãe, ia só os dois riscar seringueira. Às vezes ia só o pai riscar

seringueira, naquele tempo dava muito dinheiro tirar borracha”. Dentro destas duas respostas

percebemos que a mulher estava ombreada com seu companheiro dentro da estrada de

seringais, apesar de haver negação na fala de Cândido Galleno sobre a ida dos filhos para tirar

látex. Mas, o importante é notarmos que nas ilhas do Afuá encontramos mulheres fazendo o

trabalho nas estradas supostamente de homem dentro da floresta.

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A autora Ligia T. L. Simonian, ao dissertar sobre a presença da mulher na extração

da borracha, afirma:

é um trabalho masculino, por se um trabalho pesado e perigoso, parece ter desempenhado um papel importante na persistência do silêncio sobre a existência de mulheres seringueiras... Já não há como negar o fato de que as mulheres têm desempenhado um importante papel nesse processo produtivo. (SIMONIAN, 2001: 72)

A autora destaca que mulheres seringueiras começam a germinar de trás de um silêncio

marginalizador, silêncio este que está se quebrando através de informações delas próprias. Ou

melhor, elas nunca negaram ou negariam tais informações, precisavam ser instigadas por

pesquisadores em busca de suas experiências de vida e de trabalho, nas estradas dos seringais.

Vejamos o relato da senhora Rita Fonseca Nogueira, sobre seu trabalho na extração da

borracha:

trabalhei na borracha. É o seguinte: você risca, se tiver de riscar, um palmo sabe, aquele risco e aí encosta a tigela, nesta tigela este leite vem pra dentro, leite da seringueira, aí você risca todinho, cinquenta, sessenta, cem madeira. Risquei com vinte tantos anos. Eu já era casada quando aprendi, porque meu pai não deixava nós trabalhar, tinha os empregados né, pra trabalhar na seringa, ele andava embarcado, tinha uma canoa chamada Da Luz. [...] Meu marido era pobre, e o que ele ganhava não dava pra sustentar o conforto que a gente tava acostumado. Aí eu achei melhor eu ir ajudar ele pra criar meus filhos. Eu me casei com dezessete anos, não tinha mais pai quando me casei. Aí minha mãe morreu. Quando minha mãe morreu eu já tinha casado, com pouco tempo ela morreu, aí eu tive que ajudar ele (marido) pra ver meus filhos bem. Trabalhar na seringa, de tarde ia juntar caroços, pra quando eu fosse defumar já tivesse caroço urucuri, chamado caroço, desse tamanho, pra poder defumar a borracha.

Neste relato, observamos outra situação que levava a mulher para a estrada: a dificuldade

financeira obtida ao ser casar e a busca do conforto que os filhos não tinham. Por isso Rita

Nogueira foi trabalhar com seu marido na extração. E aprendeu a cortar depois de casada,

quando foi ensinada por seu companheiro, pela necessidade acima exposta. A julgar pela

quantidade de árvores riscadas pelo casal — “cinquenta, sessenta, cem madeira” — a estrada

era bastante grande e Rita não media esforços para dar conta do trabalho. E ela destacou:

Eu falei pro meu primo, ele trabalhava tirando madeira assim nessa... pro pessoal, serrando e tudo mais, eu pedia pros meus cunhados, pros primos pra limpar aquele caminho pra mim cortar seringa.

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Depois a minha sogra ficou viúva ai ela veio morar comigo, ela, minha segunda mãe, muito boa comigo, ai as coisas melhoraram (risos) e eu ia trabalhar sem preocupação.

Percebe-se a relação de parentesco ao pedir ajuda aos primos ou quando sua sogra foi

morar junto com sua familia e ficou cuidando das crianças enquanto ela saia para trabalhar.

Segundo Cristina Donza Cancela: “essa sociabilidade marcada por relações de vizinhança e,

por vezes, de parentesco indica a presença de uma estratégia de sobrevivência desses grupos”

(CANCELA, 2006: 197). A observação da autora evidencia que há recorrentemente uma rede

de trocas de favores baseada no parentesco e na vizinhança dentro das camadas populares.

Outro ponto a observar dentro da entrevista com a senhora Rita Fonseca é a múltipla

função. Apesar dela não cuidar das crianças por motivo de ir para o seringal, as crianças

ficavam com a irmã maior. Entretanto, ela tinha uma especial preocupação com a hora de

alimentar as crianças: “ia só eu e uma cachorrinha, eu deixava meus filhos com a maiorzinha

que ficava na casa eu fechava tudo e ia embora. Quando eu vinha de lá dava a alimentação

deles e voltava”.

Ou seja, isso nos remete ao trabalho de Marcos Montysuma e Tereza Almeida Cruz

(2008) sobre essa múltipla tarefa da mulher, como cuidar das crianças, das crias, do roçado,

da casa, providenciar o alimento entre outros, mesmo tendo que trabalhar nas estradas:

Nos aponta uma situação que nos permite deduzir por que as mulheres sempre se referem ao cortar seringa numa estrada pequena, que cortavam umas duas estradinhas pequenas, em distinção aos homens, que cortavam estradas longas. É que as mulheres cortavam estradas pequenas para poder ficar mais tempo em casa, para poder atender aos serviços domésticos. Ainda que fizessem outros serviços pesados, se ainda cortassem estradas longas, os serviços ditos da casa, como a comida, por exemplo, não seriam atendidos a tempo de servir ao esposo que estava na chamada atividade econômica principal. (MONTYSUMA, CRUZ 2008: 226).

A senhora Rita Fonseca, quando vinha dar alimentação para as crianças,

provavelmente fazia outros trabalhos na casa. Fica implícito que a estrada era próxima de sua

casa. Como afirmam os autores acima citados, trabalhar nas estradas próximas da casa era

condição necessária para se cuidar das atividades do lar.

A preocupação da mulher seringueira afuaense em ajudar seu companheiro com a

extração da borracha e ainda em cuidar dos afazeres fora das estradas também é percebida nas

mulheres seringueiras do Acre, pois, segundo Marcos Montysuma e Tereza Almeida Cruz:

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apesar de ainda ter vários homens que pensam que o papel da mulher é cuidar da

casa, e ao homem cabe cuidar dos serviços relativos à floresta, na prática, nas

vivências nos seringais acreanos, a maioria das mulheres enfrenta sozinha todo tipo

de trabalho, ou junto com seus maridos, porque conta também a preocupação e a

solidariedade com o companheiro. (MONTYSUMA, CRUZ 2008: 227).

Ou seja, as mulheres da floresta, tanto do Acre quanto as das ilhas afuaenses, sempre

estiveram inseridas no trabalho pesado nas estradas. Trabalho este que sempre foi

discriminado e visto apenas como secundário.

Moises Machado Cohen, sobre as mulheres na extração da borracha, disse: “é muito

difícil ter um “sorteiro”, tinha mulher, filho, mulher também cortava, fazia a borracha dela,

separada, comprava roupa e assim iam vivendo né”. E Dalk Dias Salomão: “ia só homem e a

mulher também riscava, ajudava o marido, e os filhos”. Maria Darcy Guedes de Negreiros

destacou: “trabalhei desde sete anos, risquei, tirei leite, defumei pra fazer borracha. Criança

até aos dez anos eu ia com o s meus pais (pra estrada), depois eu ia com meus irmãos, eles

riscaram também”.

Nessas três narrativas de dois seringueiros e da seringueira da ilha é perceptível

presença das famílias nas estradas, onde a mulher realizava a coleta do látex. Todo trabalho

feito pelas mulheres era derivado da “preocupação e [d]a solidariedade junto com seus

maridos”, segundo os autores Marcos Montysuma e Tereza Almeida Cruz. O comando de

toda a negociação da produção era feita pelo marido:

toda produção da familia era comercializada pelo marido, (...), que administrava

sozinho os negócios da família. No final do ano, ele costumava repassar dinheiro

para os filhos comprarem algum presente. E a mulher só tinha acesso ao dinheiro

quando precisava. Vemos que, para produzir, todos produziam a borracha, mas o

gerenciamento do dinheiro era centralizado nas mãos do “chefe da família”.

(MONTYSUMA, CRUZ 2008: 226).

Mesmo quando Moises destaca que “fazia a borracha dela, separada, comprava

roupa” não se infere daí a independência financeira da mulher, ou a disputa por estrada entre o

casal. Pelo contrário, comprar ou não alguma coisa era uma questão que tinha que passar

pelas mãos do homem. A mulher trabalhava para suprir as necessidades da família, cujos

ganhos eram geridos pelo companheiro.

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Essa invisibilidade do trabalho de mulheres seringueiras dentro das estradas dos

seringais vinda através do processo histórico e discriminatório pelos próprios seringueiros e

por alguns escritores do assunto durante muitas décadas está sendo desmistifica pelas próprias

mulheres seringueiras e por novos documentos produzidos que estão contribuindo para acabar

com esse silêncio. As mulheres seringueiras das ilhas do Afuá fazem parte deste grupo de

mulheres que estão contribuindo nesse processo. Pois estiveram ombreadas com seus

companheiros nas estradas para ter uma renda maior e ajudar nas despesas domésticas.

Mulheres além de fazerem todo o processo na produção da borracha, tinham seus outros

afazeres, considerados pelos homens como “coisa” de mulher, como: cuidar da casa, dos

filhos, do roçado, das crias... Trabalhadoras com múltiplas funções.

Outro trabalho pouco reconhecido é o trabalho das crianças2. Dentro das estradas dos

seringais era evidente que essa presença não estava relacionada aos migrantes, pois vinham

para a Amazônia com idade adulta. Mesmo por que não era “negócio” interessante para os

aliciadores desta mão-de-obra trazer mulheres e crianças para a Amazônia. Cristina Scheibe

Wolff, ao se referir sobre mulheres e crianças na Amazônia, argumenta:

A princípio crianças e mulheres eram consideradas totalmente improdutivas para o

seringal, já que não se dedicariam, teoricamente pelo menos, à colheita do látex,

alem disso, a presença de crianças e mulheres, gerava a possibilidade e a

necessidade de plantar alimentos, o que na maioria dos seringais deste período era

proibido aos seringueiros. (WOLFF, 1998: 77)

A prática de não trazer mulher e criança decorria do fato de que o seringueiro tinha

que estar totalmente direcionado ao corte da borracha, e a presença destes no seringal poderia

atrapalhar e trazer prejuízo, visto que, no barracão tinha o necessário para o sustento do

seringueiro. No segundo “boom da borracha”, os aliciadores trouxeram para a Amazônia

“soldados da borracha”, jovens solteiros para trabalhar na extração da borracha. Porém, que

fique claro, também vieram famílias para a Amazônia neste período, mesmo em quantidade

reduzida. Cristina Scheibe Wolff destaca que: “outra questão interessante, que diferencia este

novo surto migratório do anterior, é que desta vez não vieram apenas jovens solteiros. Estes

eram a maioria, certamente, mas o número de famílias ou pelo menos casais não pode ser

desconsiderado”. (WOLFF, 1998: 142)

2 Segundo Estatuto da criança e adolescente – ECA – criança é a pessoa com idade inferior a doze anos.

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Neste período, nas ilhas afuaenses, o trabalho familiar era bastante usado na divisão

das tarefas diárias. E as crianças tinham suas obrigações de trabalho dentro do núcleo

familiar. Muitas delas foram introduzidas dentro da floresta para extração do látex, como

vamos ver vários relatos a seguir de moradores do Afuá.

Ao perguntar sobre a idade com que começou a ir para a estrada dos seringais

Fortunato de Souza Pelaes afirmou: “olha rapaz quando eu comecei trabalhar com a borracha

comecei com meus pais, meus pais trabalhavam na borracha porque naquele tempo no interior

não tinha outra coisa: era borracha mesmo naquele tempo. Então, desde criança eu comecei a

ir pro mato com eles. [...] Quando eu comecei mesmo trabalhar eu tinha uns doze anos,

trabalhei mesmo, só que eu ia com ele desde criança, eu tinha uns doze anos quando eu

comecei a trabalhar”. E Jacinto da Silva Vaz nos relatou: “trabalhei muito, muito... Extraindo

o látex, ajudei a produzir a borracha, ia pra estrada mesmo de borracha, tinha doze anos

quando comecei a riscar a seringueira com meu pai”.

Nestes dois relatos fica notório que as crianças realmente trabalhavam

excessivamente na estrada. É importante ressaltar neste relato que elas foram introduzidas nas

estradas pelos seus pais. Esse fato de levar as crianças para dentro da floresta é típico das

famílias dessa região, pois aprender com os pais as tarefas como pescar, caçar, roçar, era a

confirmação que essas tarefas serão continuadas pelos filhos. E o trabalho da extração da

borracha não era diferente, pois a ajuda de toda mão-de-obra familiar no fabrico da borracha

trazia maior ganho.

Vejamos o relato de Maria Darcy Guedes de Negreiros: “trabalhei desde sete anos,

risquei, tirei leite, defumei pra fazer borracha. Criança até aos dez anos eu ia com os meus

pais (pra estrada), depois eu ia com meus irmãos e irmãs (sendo a mais velha dos irmãos), eles

riscaram também”. A seringueira Maria Darcy disse que começou a trabalhar nas estradas

com seus pais até aos dez anos, mas depois passou a ir com seus irmãos e irmãs, sendo ela a

mais velha dos filhos. Ou seja, ela aprendeu as etapas do trabalho dentro das estradas com

seus pais. Depois tinha a responsabilidade, após os dez anos de idade, de levar seus irmãos

menores para a floresta, para riscar seringueira. E nesse processo de aprendizagem com o

mais velho, possivelmente também tinha que ensinar seus irmãos a etapa da extração do látex

nas estradas.

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Francisco Paulo de Negreiros, ao buscar pela memória sobre o assunto tratado, nos

revela que seu pai faleceu quando ele tinha doze anos de idade, ou seja, cedo teve a

responsabilidade de “gente grande”. Ele nos relatou que: “eu também cortei muita seringa,

desde os cinco anos eu acompanhava minhas irmãs no caminho da seringa, aí depois comecei

a cortar seringa só. Depois de adulto vendi muita borracha até mais ou menos”.

Ao descrever sobre a idade com que começou a trabalhar, percebe-se que aos cinco

anos ele acompanhava suas irmãs para as estradas, ou seja, suas irmãs, seringueiras e também

crianças, foram que o ensinaram a coletar látex. Toda a família, voltou a dizer, estava

envolvida na atividade de produção gomífera.

Já Mauro dos Anjos Lamarão acompanhava outras mulheres, suas tias: “com nove,

no máximo dez anos comecei a andar no mato ajudando a cortar seringueira, ia com minhas

tias, meus parentes, porque eu não me criei com meus pais, eu me criei com minhas tias. Era

um tempo com uma um tempo com outra, era assim, na ilha das Pacas”.

Isso nos mostra que as mulheres estavam diretamente ligadas à extração da borracha

nas estradas das ilhas afuaenses. Não só isso, crianças estavam trabalhando ombreadas com

seus pais. E não podemos deixar de ressaltar que elas tinham um importante papel de passar a

cultura das estradas de seringais para os mais novos, como vimos acima.

Ao tratar da quebra do anonimato das mulheres seringueiras dentro das florestas,

Ligia T. L. Simonian assevera: “o discurso acadêmico, a documentação produzida e a

iconografia continuarão contribuindo para a quebra do silêncio que envolve o trabalho das

mulheres seringueiras em particular e das extrativistas em geral”. (SIMONIAN, 2001: 99)

O silêncio ensurdecedor, o triste apagar da História de histórias de mulheres e

crianças que se embrenharam dentro das estradas das seringueiras, com o mesmo ímpeto dos

seringueiros homens e, a bem da verdade, trabalhando muito mais que os homens — pois

tinham seus afazeres corriqueiros no roçado, na casa, nas crias, entre outros — vem sendo

reconhecido e combatido dentro da historiografia amazônica por pesquisadores que estão

entrando mais profundamente nas memórias silenciadas e que estão fazendo grandes

descobertas, principalmente quando buscam os relatos orais de pessoas que viveram este

período. Dar ouvidos a essas pessoas faz toda a diferença: possibilita quebrar o silêncio no

que diz respeito às mulheres e às crianças trabalhadoras nos seringais.

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Depoentes

Moradores antigos do município de Afuá-Pa, ilhas circunvizinhas e em Macapá-Ap.

Sr. Jorge Araujo Filho, 79 anos (03/09/1935), natural do municipio de Afuá;

Sr. Cândido Galleno Quintas Filho, 89 anos (27/09/1925), natural do municipio de Afuá;

Srª. Rita Fonseca Nogueira, 88 anos (04/12/1926), natural do municipio de Afuá;

Sr. Dalk Dias Salomão, 81 anos (19/07/1933), natural do municipio de Afuá

Sr. Moises Machado Cohen, 85 anos (19/11/1929), natural do municipio de Afuá

Sr. Jacinto da Silva Vaz, 79 anos (03/07/1935), natural de Belém

Srª. Maria Darcy Guedes de Negreiros, 81 anos (29/11/1933), natural do municipio de Afuá

Sr. Francisco Paulo de Negreiros, 79 anos (03/05/1935), natural do municipio de Afuá

Sr. Mauro dos Anjos Lamarão, 82 anos (22/12/1932), natural do municipio de Afuá

Sr. Fortunato de Souza Pelaes, 84 anos, natural do municipio de Afuá

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