falas · nos grupos focais da etapa seguinte do projeto. a oficina realizada para produzir o vídeo...

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As atividades do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem na favela de Santa Marta começaram em maio, com uma oficina em que representantes do Grupo ECO, entre eles jovens, disseram os temas do bairro que mais lhes preocupavam. Lixo, o fortalecimento da organização, mobilização e comunicação dos moradores, rediscussão das taxas pú- blicas, falta d’água, visibilidade da favela na mídia, regras de convivência entre moradores e Estado, obras, animais soltos na comunidade, pontos positivos e negativos da UPP, o papel da associação de moradores e a rádio co- munitária estiveram entre os temas levantados. Lixo, a re- discusão das taxas públicas e o fortalecimento da organi- zação, mobilização e comunicação dos moradores foram os assuntos mais votados e pautaram uma produção au- diovisual (veja encarte). Os outros temas, no entanto, não ficaram de fora. Muitos apareceram tanto no vídeo quanto nos grupos focais da etapa seguinte do projeto. A oficina realizada para produzir o vídeo também re- sultou no roteiro dos grupos focais. Os grupos focais, por sua vez, integram um diagnóstico socioambiental realiza- do pelo projeto. Ao todo foram cinco grupos focais. Eles foram montados de acordo com faixa etária e a atividade. Houve grupos focais com 1- mães e pais jovens, de 17 a 24 anos, 2- jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), de 19 a 29 anos, 3- jovens trabalhadores, de 19 a 25 anos, 4- estudantes do Ensino Médio, de 18 a 20 anos, e 5- jovens universitários, de 19 a 28 anos. Uma publicação do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem – janeiro de 2012 Durante o ano de 2011, jovens de diferentes idades, estudantes e trabalhadores, de Campo Grande e da favela de Santa Marta (Botafogo), no Rio de Janeiro, discutiram a situação dos seus locais de moradia, pro- duziram vídeos sobre o tema e, ao final, montaram um mapa com aspectos e marcos relevantes para as suas vidas nesses bairros. Tá no mapa é resultado desse trabalho e faz parte do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), do Instituto Formação Humana e Educação Popular (IFHEP), de Campo Grande, e do grupo ECO, de Santa Marta. O projeto tem o apoio da Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN) e da OD, ação de estudantes da Noruega em solidariedade a jovens de outras partes do mundo. Esta edição Santa Marta do Tá no mapa se dedica ao primeiro ano do projeto na favela da zona sul cario- ca. Ela detalha os objetivos, a metodologia usada e os resultados alcançados na localidade. Mostra as opini- ões dos jovens e das jovens e as escolhas que fizeram durante o processo. Tá no mapa – Juventude Santa Marta tem no verso o mapa, traçado por mais de 20 jovens, em que eles indicam os conflitos e os problemas existentes na fave- la. Entre o vídeo e o mapa, a equipe do projeto realizou grupos focais (técnica de pesquisa e entrevista) com jo- vens de Santa Marta. Opiniões deles estão espalhadas nesta publicação, que também pode ser usada como um jornal mural. O DVD encartado nesta publicação traz o vídeo realizado em oficinas sobre a favela. Tá no mapa é assim um bom início de caminhada para jovens, adultos, educadores e gestores discuti- rem e trabalharem justiça ambiental e direito à cidade. A favela Santa Marta está situada no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, vizinha de Laranjeiras, Cosme Velho, Humaitá, Copa- cabana, Lagoa e Urca. A favela, iniciada na década de 1930, localiza-se na encosta sul do Morro Dona Marta, no limite extremo sudeste do Maciço da Tijuca, a aproximadamente cem metros do Parque Nacional da Tijuca. Santa Marta tem forte identidade cultural, possui coletivos de distintas manifestações artísti- cas e culturais. Há uma tradição de lutas comunitárias e de reivindicação da população local por seus direitos e condições dignas de vida. Os dados populacionais sobre a favela variam de acordo com a fonte. De acordo com o grupo ECO, são aproximadamente 1.500 moradias e 6 mil moradores. A favela foi a primeira a ser alvo da política de “pacificação” do governo do Estado, em 2008, quando foi implantada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem visa incentivar a organização jovem e fortalecê-la. A iniciativa apóia atividades que já vem sendo realizadas e estimula que essas ações incorporem as temáticas do direito à cidade, justiça ambiental, modelos de desenvolvimento e efeitos das mudanças climáticas. O projeto busca saber a condição de vida desses e dessas jovens, os problemas vivenciados nos seus locais de moradia e as potencialidades desses lugares. A ação ocorre em dois territórios do Rio, Campo Grande (zona oeste) e a favela Santa Marta, em Botafogo (zona sul). Ele é uma realização do Ibase, do Grupo ECO, da favela de Santa Marta, e do IFHEP, de Cam- po Grande. O apoio é a AIN e da OD. CRÉDITOS EQUIPE DO PROJETO Ibase Itamar Silva Marina Ribeiro Nahyda Franca Patrícia Lânes Mobilizadores locais – Grupo ECO Jocélia Montes Bispo Barbara Barreto Taís Montes Bispo Edição do vídeo Simone Lopes Ribeiro Luiz Carlos Lima Silva Condução e relatório grupos focais Ana Karina Brenner Auxiliar de pesquisa e transcrição das fitas Débora Monteiro Agradecemos à Casa Santa Marta, local onde foram realizados os cinco grupos focais. Agradecemos também a disponi- bilidade dos que participaram das oficinas e grupos focais que integram o dignóstico socioambiental participativo. Para uma lista completa dos jovens e das jovens partici- pantes: www.ibase.br SAIBA MAIS SAIBA MAIS FALAS SEXO COR/ RAçA RENDA FAMILIAR TRABALHA IDADE FEMININO 23 PRETO 16 ATé 1 SM 11 SIM 17 17 A 29 ANOS PARDO 17 1 A 3 SM 16 4 A 6 SM 4 MASCULINO 14 BRANCO 4 7 A 11 SM 1 NÃO 20 MAIS DE 11 SM 1 NÃO INFORMOU 4 TRANSFORMAçõES NA FAVELA EU NÃO CONHEçO NÃO, MAS Já OUVI FALAR QUE FALTAVA LUZ, QUE ERA UM MORRO QUE AINDA NÃO TINHA CASA, ERA CASA DE MADEIRA. AS PESSOAS DE ANTI- GAMENTE, QUE TêM UMA CERTA IDADE QUE FALAM ESSAS COISAS. (Jovem mulher, 18 a 20 anos, En- sino Médio) A COMUNIDADE ERA MUITO MAIS CASAS DE MADEIRA, HOJE A CO- MUNIDADE Tá MAIS RESTAURADA, HOJE EM DIA é MAIS DE TIJOLOS. (Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT) NOVOS TURISTAS E NOVOS MORADORES PóS-UPP EU FICO BRINCANDO QUE O SAN- TA MARTA TEM UM PODER DE ATRAçÃO MUITO GRANDE, QUEM VEM VISITAR O SANTA MARTA SE ENCANTA, QUER VOLTAR E AL- GUNS ATé MORAR. QUEM Já FOI, RETORNA. E HOJE POR CONTA DESSE MORRO QUE O SANTA MARTA ESTá SENDO, é UMA COISA IMPRESSIONANTE O NúMERO DE PESSOAS QUE QUEREM ALUGAR ALGUMA COISA, QUE QUEREM MORAR AQUI. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários) EU ACHO QUE DEVIA TER UMA TAXA, ELES PAGAM PRA IR NO PÃO DE AçúCAR, NO CRISTO REDENTOR, AQUI ELES NÃO PAGAM NADA, NÃO GASTAM NADA E NÃO BENEFICIAM EM NADA. (Jovem jovem mulher, 19 a 25 anos, Trabalhadores) ORGANIZAçãO, MOBILIZAçãO E COMUNICAçãO DIA DE SáBADO TINHA (NA RáDIO LOCAL) A PROGRAMAçÃO DO ECO, DE MANHÃ, àS 10h, TINHA O PROGRAMA DO FALA Zé, QUE TAM- BéM FALAVA DE ESPORTE, FALAVA DE TUDO, TINHA TAMBéM PRO- GRAMAçÃO à NOITE QUE ERA DO TIAGO FERMINO. ERA LEGAL POR- QUE ASSIM ALGUéM FAZIA ANIVER- SáRIO, PODIA LIGAR E DAR FELIZ ANIVERSáRIO, Aí TODO MUNDO Já ESCUTAVA AO MESMO TEMPO. (Jovem mulher, 17 a 24 anos, Jo- vens pais e mães) A FUNçÃO DA ASSOCIAçÃO é EXATAMENTE ESSA, INCOMODAR O ESTADO, A FUNçÃO DA ASSO- CIAçÃO é SER CHATA, CHEGAR Lá E ‘CARAMBA, EU TENHO QUE CONVERSAR COM ESSE CARA DE NOVO, QUE CARA CHATO’ E NÃO FALAR ‘AH, Tá TRANQUILO, AH, DEPOIS EU VOU Lá’, NÃO, O CARA TEM QUE OLHAR O PRESIDENTE COMO INCôMODO, PRESIDENTE NÃO TEM QUE AGRADAR NINGUéM. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários) LIXO ISSO é VERDADE, PREGUIçA TODO MUNDO TEM. A MINHA MÃE, NA TERCEIRA ESTAçÃO TêM OS CON- TêINERES, MINHA MÃE, EU SAIO CORRENDO, Né, E ELA ‘FULANA, VOLTA AQUI PRA PEGAR A BOLSA DE LIXO’ (Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT) ACHO QUE TEM QUE TER UM O objetivo dos grupos focais foi conhecer a opinião de mais jovens, para além dos mobilizados pelo Gru- po ECO para a oficina inicial. Os grupos focais gera- ram um relatório, divulgado na íntegra no site do Ibase (www.ibase.br). Depois dos grupos, organizou-se a última etapa dessa fase inicial do projeto. Jovens e participantes SANTA MARTA PASSO A PASSO JUVENTUDE SANTA MARTA PLANO DE LIMPEZA DA COMUNI- DADE, VAMOS COLOCAR ASSIM, TRAçOU-SE UM PLANO DE LIMPE- ZA, ENTÃO VAI TER UMA EQUIPE QUE VAI TRABALHAR NA LIMPEZA E CONSCIENTIZAçÃO DA COMUNI- DADE COM RELAçÃO A ISSO, ATé FAZER UM RESGATE DA HISTóRIA QUE Já SE PASSOU, Já HOUVE GRANDES PROBLEMAS, Já HOUVE DESABAMENTO NO SANTA MAR- TA POR CONTA DO LIXO, ONDE MORRERAM PESSOAS PRóXIMAS, EU, PARTICULARMENTE, PERDI UMA PRIMA NUM DESABAMENTO DESSES, Né, E SEI A TRAGéDIA QUE CAUSA O ACúMULO DE LIXO EM QUALQUER áREA, ENTENDEU? ENTÃO EU ACHO QUE Aí é UMA CAMPANHA QUE VOCê TEM QUE CONSCIENTIZAR, MOVIMENTAR, INFORMAR AS PESSOAS E TAM- BéM MOSTRAR A ELAS ONDE ELAS DEVEM COLOCAR OS LIXOS, TEM GENTE QUE MUITAS VEZES OU FINGE QUE NÃO SABE OU RE- ALMENTE NÃO SABE, PEGA SEU ENTULHO E COLOCA NO TERRE- NO DO VIZINHO (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários) URBANIZAçãO O PICO NÃO TEM SANEAMENTO BáSICO, é HORRíVEL Lá EM CIMA. Lá (DEPOIS DA 5ª ESTAçÃO DO BONDINHO) A OBRA NÃO CHE- GOU, ESQUECERAM DELES, EU ACHO ISSO UM ABSURDO. AS CA- SAS DE MADEIRA QUE TêM Lá EM CIMA, GENTE MORANDO DENTRO COM CRIANçA PEQUENA. (Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT) O PICO NÃO TEM SANEAMENTO BáSICO, é HORRíVEL Lá EM CIMA. Lá (DEPOIS DA 5ª ESTAçÃO DO BONDINHO) A OBRA NÃO CHEGOU, ESQUECERAM DELES, EU ACHO ISSO UM ABSURDO. AS CASAS DE MADEIRA QUE TêM Lá EM CIMA, GENTE MORANDO DENTRO COM CRIANçA PEQUENA. (Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT) O SANTA MARTA, Lá EM 92, SO- FREU COM ESSA QUESTÃO DA REMOçÃO E HOJE O ALTO DO MORRO Tá SOFRENDO O MESMO PROBLEMA, PORQUE, TANTO é QUE A URBANIZAçÃO FOI IMPE- DIDA DE CHEGAR ATé Lá, QUE é AQUELE PEDAçO DEPOIS DO CAMPINHO, FOI IMPEDIDA PELO ESTADO DE QUALQUER MELHO- RIA NAQUELA áREA. POR QUê? ELES ALEGARAM INSEGURANçA DO TERRENO, Só QUE AQUELAS CASAS FORAM AS PRIMEIRAS CASAS DO MORRO, ESTÃO Lá DESDE 1930 E ALGUMA COISA, E MESMO ASSIM ELES ALEGAM QUE O TERRENO é INSEGURO E QUE AS PESSOAS PRECISAM SER REMOVIDAS DALI. Só QUE AQUE- LAS PESSOAS NÃO QUEREM SAIR DALI, POR QUê? AGUENTARAM CHUVA E O TERRENO NÃO CEDEU, AGUENTARAM TIRO, AS CASAS NÃO CEDERAM. E ELES TêM UMA COISA QUE NINGUéM TEM, ELES TêM UMA DAS MELHORES VISTAS DO RIO DE JANEIRO. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários) ÁGUA E ESGOTO A GENTE PAGA ESGOTO, JUNTO COM A CONTA DE áGUA, E é UM ABSURDO A GENTE PAGAR ESGO- TO PORQUE AS VALAS AQUI SÃO ABERTAS. QUANDO CHOVE ENTÃO, Dá UM DESESPERO DE A GENTE DESCER JUNTO COM A CHUVA. (Jovem homem, 19 a 29 anos, LGBT) é ISSO QUE MAIS ME ASSUSTA [FALTA D’áGUA], EU NÃO SEI, é O DESMATAMENTO? CADA UM JOGANDO SUJEIRA NAS NASCEN- TES? A MINA D’áGUA QUE TINHA AQUI NO MORRO ANTIGAMENTE ERA FORTONA, HOJE EM DIA A áGUA é FININHA. (Jovem homem, 19 a 25 anos, trabalhadores) O ABSURDO é A áGUA QUE NÃO TEM ESGOTO, NÃO TEM NADA, NÃO TEM UMA TUBULAçÃO. Já VIU A ESCADA DO SANTA MARTA. AS VALAS ABERTAS, A CéU ABERTO. (Jovem mulher, 19 a 25 anos, tra- balhadores) LUZ NÃO ACHO QUE é RUIM O FATO DE PAGAR LUZ, ACHO QUE é COMUNI- DADE, Né, é IGUAL à áGUA... TEM QUE PAGAR. (Jovem homem, 19 a 25 anos, Trabalhadores) A LUZ, ACHO QUE é UM DOS PON- TOS PRáTICOS NOSSOS, PORQUE A LUZ Tá MUITO CARA, A GENTE TEM QUESTõES Aí, E AS PESSO- AS NÃO ESTÃO PODENDO PAGAR, O íNDICE DE PESSOAS QUE NÃO ESTÃO PAGANDO A LUZ Tá MUITO ALTO, VáRIAS PESSOAS TIVERAM A LUZ CORTADA PORQUE PASSOU UM MêS SEM PAGAR E A GEN- TE PRECISA TENTAR ACHAR UM ACORDO COM A LIGHT PRA VER SE A GENTE ACHA UMA TAXA FIXA PRA ISSO. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários) CULTURA, LAZER E ESPAçOS PúBLICO DEPOIS QUE EU TIVE MINHA FILHA, EU FICO MAIS DENTRO DE CASA, CHEGO EM CASA, LEVO ELA NA PRAIA, NA PRAçA, NO PARQUINHO DA ESTAçÃO DO METRô, AQUI DE BOTAFOGO. ENTÃO, ASSIM, EU NÃO CONHEçO AS NOVIDADES. (Jovem mulher, 19 a 25 anos, Tra- balhadores) EU NÃO ACHO CERTO SER TUDO DE GRAçA NÃO, SE NÃO AS PES- SOAS NÃO DÃO VALOR TAMBéM, PORQUE ESTÃO MUITO ACOS- TUMADOS ‘AH, TADINHO MORA NO MORRO, NÃO PODE PAGAR’. EU Só ACHO QUE TEM QUE SER UM PREçO JUSTO, A GENTE Vê A MUDANçA, Pô, COLOCARAM TELHADO NA QUADRA, VALE A PENA VOCê PAGAR CINCO, DEZ REAIS PRA VOCê ENTRAR NUM LUGAR QUE VOCê Vê O DINHEIRO SENDO INVESTIDO. AGORA é DI- FERENTE DE UNS TEMPOS ATRáS, A QUADRA TAVA UMA BAGUNçA E PRA VOCê FAZER UMA FESTA VOCê TEM QUE PAGAR UM DINHEI- RÃO E A QUADRA NÃO EVOLUíA EM NADA, é DIFERENTE. EU NÃO ACHO QUE TEM QUE SER CARO, MAS COBRAR EU ACHO QUE TEM QUE COBRAR SIM, NÃO TUDO, MAS Há EVENTOS QUE TEM SIM. (Jovem mulher, 19 a 25 anos, Tra- balhadores) PUBLICAçÃO Organização do material Patrícia Lânes Marina Ribeiro Itamar Silva Impressão Gráfica XXXXXX 2.000 exemplares Distribuição gratuita Realização logos IBASE e IFHEP Apoio logos AIN e OD do ECO que já haviam participado dos momentos anteriores se reuniram e produziram um mapa so- bre a vida na favela. Assinalaram dos seus pontos de vista problemas e conflitos existentes. Levou-se uma manhã e uma tarde de trabalho para dar visibi- lidade às preocupações dos jovens e das jovens do Santa Marta.

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Page 1: FAlAS · nos grupos focais da etapa seguinte do projeto. A oficina realizada para produzir o vídeo também re-sultou no roteiro dos grupos focais. Os grupos focais, por sua vez,

As atividades do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem na favela de Santa Marta começaram em maio, com uma oficina em que representantes do Grupo ECO, entre eles jovens, disseram os temas do bairro que mais lhes preocupavam.

Lixo, o fortalecimento da organização, mobilização e comunicação dos moradores, rediscussão das taxas pú-blicas, falta d’água, visibilidade da favela na mídia, regras de convivência entre moradores e Estado, obras, animais soltos na comunidade, pontos positivos e negativos da UPP, o papel da associação de moradores e a rádio co-munitária estiveram entre os temas levantados. Lixo, a re-discusão das taxas públicas e o fortalecimento da organi-zação, mobilização e comunicação dos moradores foram

os assuntos mais votados e pautaram uma produção au-diovisual (veja encarte). Os outros temas, no entanto, não ficaram de fora. Muitos apareceram tanto no vídeo quanto nos grupos focais da etapa seguinte do projeto.

A oficina realizada para produzir o vídeo também re-sultou no roteiro dos grupos focais. Os grupos focais, por sua vez, integram um diagnóstico socioambiental realiza-do pelo projeto. Ao todo foram cinco grupos focais. Eles foram montados de acordo com faixa etária e a atividade. Houve grupos focais com 1- mães e pais jovens, de 17 a 24 anos, 2- jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), de 19 a 29 anos, 3- jovens trabalhadores, de 19 a 25 anos, 4- estudantes do Ensino Médio, de 18 a 20 anos, e 5- jovens universitários, de 19 a 28 anos.

Uma publicação do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem – janeiro de 2012

Durante o ano de 2011, jovens de diferentes idades, estudantes e trabalhadores, de Campo Grande e da favela de Santa Marta (Botafogo), no Rio de Janeiro, discutiram a situação dos seus locais de moradia, pro-duziram vídeos sobre o tema e, ao final, montaram um mapa com aspectos e marcos relevantes para as suas vidas nesses bairros.

Tá no mapa é resultado desse trabalho e faz parte do projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), do Instituto Formação Humana e Educação Popular (IFHEP), de Campo Grande, e do grupo ECO, de Santa Marta. O projeto tem o apoio da Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN) e da OD, ação de estudantes da Noruega em solidariedade a jovens de outras partes do mundo.

Esta edição Santa Marta do Tá no mapa se dedica ao primeiro ano do projeto na favela da zona sul cario-ca. Ela detalha os objetivos, a metodologia usada e os resultados alcançados na localidade. Mostra as opini-ões dos jovens e das jovens e as escolhas que fizeram durante o processo.

Tá no mapa – Juventude Santa Marta tem no verso

o mapa, traçado por mais de 20 jovens, em que eles indicam os conflitos e os problemas existentes na fave-la. Entre o vídeo e o mapa, a equipe do projeto realizou grupos focais (técnica de pesquisa e entrevista) com jo-vens de Santa Marta. Opiniões deles estão espalhadas nesta publicação, que também pode ser usada como um jornal mural. O DVD encartado nesta publicação traz o vídeo realizado em oficinas sobre a favela.

Tá no mapa é assim um bom início de caminhada para jovens, adultos, educadores e gestores discuti-rem e trabalharem justiça ambiental e direito à cidade.

A favela Santa Marta está situada no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, vizinha de Laranjeiras, Cosme Velho, Humaitá, Copa-

cabana, Lagoa e Urca. A favela, iniciada na década de 1930, localiza-se na encosta sul do Morro Dona Marta, no limite extremo sudeste do Maciço da Tijuca, a aproximadamente cem metros do Parque Nacional da Tijuca.

Santa Marta tem forte identidade cultural, possui coletivos de distintas manifestações artísti-cas e culturais. Há uma tradição de lutas comunitárias e de reivindicação da população local por seus direitos e condições dignas de vida.

Os dados populacionais sobre a favela variam de acordo com a fonte. De acordo com o grupo ECO, são aproximadamente 1.500 moradias e 6 mil moradores.

A favela foi a primeira a ser alvo da política de “pacificação” do governo do Estado, em 2008, quando foi implantada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

O projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem visa incentivar a organização jovem e fortalecê-la. A iniciativa apóia atividades que já

vem sendo realizadas e estimula que essas ações incorporem as temáticas do direito à cidade, justiça ambiental, modelos de desenvolvimento e efeitos das mudanças climáticas.

O projeto busca saber a condição de vida desses e dessas jovens, os problemas vivenciados nos seus locais de moradia e as potencialidades desses lugares. A ação ocorre em dois territórios do Rio, Campo Grande (zona oeste) e a favela Santa Marta, em Botafogo (zona sul).

Ele é uma realização do Ibase, do Grupo ECO, da favela de Santa Marta, e do IFHEP, de Cam-po Grande. O apoio é a AIN e da OD.

CRéDITOSEqUIPE DO PROJETO

IbaseItamar SilvaMarina RibeiroNahyda FrancaPatrícia Lânes

Mobilizadores locais – Grupo ECOJocélia Montes BispoBarbara BarretoTaís Montes Bispo

Edição do vídeoSimone Lopes Ribeiro Luiz Carlos Lima Silva

Condução e relatório grupos focais Ana Karina Brenner

Auxiliar de pesquisa e transcrição das fitas Débora Monteiro

Agradecemos à Casa Santa Marta, local onde foram realizados os cinco grupos focais. Agradecemos também a disponi-bilidade dos que participaram das oficinas e grupos focais que integram o dignóstico socioambiental participativo. Para uma lista completa dos jovens e das jovens partici-pantes: www.ibase.br

SAIBA MAIS

SAIBA MAIS

FAlAS

SExO COr/ rAçA rEndA FAMIlIAr TrAbAlhA IdAdE

FEMININO 23

PRETO 16 ATé 1 SM 11

SIM 17

17 A 29 ANOS

PARDO 171 A 3 SM 16

4 A 6 SM 4

MASCULINO 14 BRANCO 4

7 A 11 SM 1

NÃO 20MAIS DE 11 SM 1

NÃO INFORMOU 4

TrAnSFOrMAçõES nA FAvElA

EU NÃO CONHEçO NÃO, MAS Já OUVI FALAR qUE FALTAVA LUz, qUE ERA UM MORRO qUE AINDA NÃO TINHA CASA, ERA CASA DE MADEIRA. AS PESSOAS DE ANTI-GAMENTE, qUE TêM UMA CERTA IDADE qUE FALAM ESSAS COISAS. (Jovem mulher, 18 a 20 anos, En-sino Médio)

A COMUNIDADE ERA MUITO MAIS CASAS DE MADEIRA, HOJE A CO-MUNIDADE Tá MAIS RESTAURADA, HOJE EM DIA é MAIS DE TIJOLOS. (Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT)

nOvOS TurISTAS E nOvOS MOrAdOrES póS-upp

EU FICO BRINCANDO qUE O SAN-TA MARTA TEM UM PODER DE ATRAçÃO MUITO GRANDE, qUEM VEM VISITAR O SANTA MARTA SE ENCANTA, qUER VOLTAR E AL-GUNS ATé MORAR. qUEM Já FOI, RETORNA. E HOJE POR CONTA DESSE MORRO qUE O SANTA MARTA ESTá SENDO, é UMA COISA IMPRESSIONANTE O NúMERO DE PESSOAS qUE qUEREM ALUGAR ALGUMA COISA, qUE qUEREM MORAR AqUI. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários)

EU ACHO qUE DEVIA TER UMA TAxA, ELES PAGAM PRA IR NO PÃO DE AçúCAR, NO CRISTO REDENTOR, AqUI ELES NÃO PAGAM NADA, NÃO GASTAM NADA E NÃO BENEFICIAM EM NADA. (Jovem jovem mulher, 19 a 25 anos, Trabalhadores)

OrGAnIzAçãO, MObIlIzAçãO E COMunICAçãO

DIA DE SáBADO TINHA (NA RáDIO LOCAL) A PROGRAMAçÃO DO ECO, DE MANHÃ, àS 10h, TINHA O PROGRAMA DO FALA zé, qUE TAM-BéM FALAVA DE ESPORTE, FALAVA DE TUDO, TINHA TAMBéM PRO-GRAMAçÃO à NOITE qUE ERA DO TIAGO FERMINO. ERA LEGAL POR-qUE ASSIM ALGUéM FAzIA ANIVER-SáRIO, PODIA LIGAR E DAR FELIz ANIVERSáRIO, Aí TODO MUNDO Já ESCUTAVA AO MESMO TEMPO. (Jovem mulher, 17 a 24 anos, Jo-vens pais e mães)

A FUNçÃO DA ASSOCIAçÃO é ExATAMENTE ESSA, INCOMODAR O ESTADO, A FUNçÃO DA ASSO-CIAçÃO é SER CHATA, CHEGAR Lá E ‘CARAMBA, EU TENHO qUE CONVERSAR COM ESSE CARA DE NOVO, qUE CARA CHATO’ E NÃO FALAR ‘AH, Tá TRANqUILO, AH, DEPOIS EU VOU Lá’, NÃO, O CARA TEM qUE OLHAR O PRESIDENTE COMO INCôMODO, PRESIDENTE NÃO TEM qUE AGRADAR NINGUéM. (Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários)

lIxO

ISSO é VERDADE, PREGUIçA TODO MUNDO TEM. A MINHA MÃE, NA TERCEIRA ESTAçÃO TêM OS CON-TêINERES, MINHA MÃE, EU SAIO CORRENDO, Né, E ELA ‘FULANA, VOLTA AqUI PRA PEGAR A BOLSA DE LIxO’(Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT)ACHO qUE TEM qUE TER UM

O objetivo dos grupos focais foi conhecer a opinião de mais jovens, para além dos mobilizados pelo Gru-po ECO para a oficina inicial. Os grupos focais gera-ram um relatório, divulgado na íntegra no site do Ibase (www.ibase.br).

Depois dos grupos, organizou-se a última etapa dessa fase inicial do projeto. Jovens e participantes

SAnTA MARTA pASSO A pASSO

JuvenTuDe

SAnTA MARTA

PLANO DE LIMPEzA DA COMUNI-DADE, VAMOS COLOCAR ASSIM, TRAçOU-SE UM PLANO DE LIMPE-zA, ENTÃO VAI TER UMA EqUIPE qUE VAI TRABALHAR NA LIMPEzA E CONSCIENTIzAçÃO DA COMUNI-DADE COM RELAçÃO A ISSO, ATé FAzER UM RESGATE DA HISTóRIA qUE Já SE PASSOU, Já HOUVE GRANDES PROBLEMAS, Já HOUVE DESABAMENTO NO SANTA MAR-TA POR CONTA DO LIxO, ONDE MORRERAM PESSOAS PRóxIMAS, EU, PARTICULARMENTE, PERDI UMA PRIMA NUM DESABAMENTO DESSES, Né, E SEI A TRAGéDIA qUE CAUSA O ACúMULO DE LIxO EM qUALqUER áREA, ENTENDEU? ENTÃO EU ACHO qUE Aí é UMA CAMPANHA qUE VOCê TEM qUE CONSCIENTIzAR, MOVIMENTAR, INFORMAR AS PESSOAS E TAM-BéM MOSTRAR A ELAS ONDE ELAS DEVEM COLOCAR OS LIxOS, TEM GENTE qUE MUITAS VEzES OU FINGE qUE NÃO SABE OU RE-ALMENTE NÃO SABE, PEGA SEU ENTULHO E COLOCA NO TERRE-NO DO VIzINHO(Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários)

urbAnIzAçãO

O PICO NÃO TEM SANEAMENTO BáSICO, é HORRíVEL Lá EM CIMA. Lá (DEPOIS DA 5ª ESTAçÃO DO BONDINHO) A OBRA NÃO CHE-GOU, ESqUECERAM DELES, EU ACHO ISSO UM ABSURDO. AS CA-SAS DE MADEIRA qUE TêM Lá EM CIMA, GENTE MORANDO DENTRO COM CRIANçA PEqUENA.(Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT)

O PICO NÃO TEM SANEAMENTO BáSICO, é HORRíVEL Lá EM CIMA. Lá (DEPOIS DA 5ª ESTAçÃO DO BONDINHO) A OBRA NÃO CHEGOU, ESqUECERAM DELES, EU ACHO ISSO UM ABSURDO. AS CASAS DE MADEIRA qUE TêM Lá EM CIMA, GENTE MORANDO DENTRO COM CRIANçA PEqUENA.(Jovem mulher, 19 a 29 anos, LGBT)

O SANTA MARTA, Lá EM 92, SO-FREU COM ESSA qUESTÃO DA REMOçÃO E HOJE O ALTO DO MORRO Tá SOFRENDO O MESMO PROBLEMA, PORqUE, TANTO é qUE A URBANIzAçÃO FOI IMPE-DIDA DE CHEGAR ATé Lá, qUE é AqUELE PEDAçO DEPOIS DO CAMPINHO, FOI IMPEDIDA PELO ESTADO DE qUALqUER MELHO-RIA NAqUELA áREA. POR qUê? ELES ALEGARAM INSEGURANçA DO TERRENO, Só qUE AqUELAS CASAS FORAM AS PRIMEIRAS CASAS DO MORRO, ESTÃO Lá DESDE 1930 E ALGUMA COISA, E MESMO ASSIM ELES ALEGAM qUE O TERRENO é INSEGURO E qUE AS PESSOAS PRECISAM SER REMOVIDAS DALI. Só qUE AqUE-LAS PESSOAS NÃO qUEREM SAIR DALI, POR qUê? AGUENTARAM CHUVA E O TERRENO NÃO CEDEU, AGUENTARAM TIRO, AS CASAS NÃO CEDERAM. E ELES TêM UMA COISA qUE NINGUéM TEM, ELES TêM UMA DAS MELHORES VISTAS DO RIO DE JANEIRO.(Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários)

ÁGuA E ESGOTO

A GENTE PAGA ESGOTO, JUNTO COM A CONTA DE áGUA, E é UM

ABSURDO A GENTE PAGAR ESGO-TO PORqUE AS VALAS AqUI SÃO ABERTAS. qUANDO CHOVE ENTÃO, Dá UM DESESPERO DE A GENTE DESCER JUNTO COM A CHUVA.(Jovem homem, 19 a 29 anos, LGBT)

é ISSO qUE MAIS ME ASSUSTA [FALTA D’áGUA], EU NÃO SEI, é O DESMATAMENTO? CADA UM JOGANDO SUJEIRA NAS NASCEN-TES? A MINA D’áGUA qUE TINHA AqUI NO MORRO ANTIGAMENTE ERA FORTONA, HOJE EM DIA A áGUA é FININHA.(Jovem homem, 19 a 25 anos, trabalhadores)

O ABSURDO é A áGUA qUE NÃO TEM ESGOTO, NÃO TEM NADA, NÃO TEM UMA TUBULAçÃO. Já VIU A ESCADA DO SANTA MARTA. AS VALAS ABERTAS, A CéU ABERTO.(Jovem mulher, 19 a 25 anos, tra-balhadores)

luz

NÃO ACHO qUE é RUIM O FATO DE PAGAR LUz, ACHO qUE é COMUNI-DADE, Né, é IGUAL à áGUA... TEM qUE PAGAR. (Jovem homem, 19 a 25 anos, Trabalhadores)

A LUz, ACHO qUE é UM DOS PON-TOS PRáTICOS NOSSOS, PORqUE A LUz Tá MUITO CARA, A GENTE TEM qUESTõES Aí, E AS PESSO-AS NÃO ESTÃO PODENDO PAGAR, O íNDICE DE PESSOAS qUE NÃO ESTÃO PAGANDO A LUz Tá MUITO ALTO, VáRIAS PESSOAS TIVERAM A LUz CORTADA PORqUE PASSOU UM MêS SEM PAGAR E A GEN-TE PRECISA TENTAR ACHAR UM ACORDO COM A LIGHT PRA VER SE A GENTE ACHA UMA TAxA FIxA PRA ISSO.(Jovem homem, 19 a 28 anos, Universitários)

CulTurA, lAzEr E ESpAçOS públICO

DEPOIS qUE EU TIVE MINHA FILHA, EU FICO MAIS DENTRO DE CASA, CHEGO EM CASA, LEVO ELA NA PRAIA, NA PRAçA, NO PARqUINHO DA ESTAçÃO DO METRô, AqUI DE BOTAFOGO. ENTÃO, ASSIM, EU NÃO CONHEçO AS NOVIDADES. (Jovem mulher, 19 a 25 anos, Tra-balhadores)

EU NÃO ACHO CERTO SER TUDO DE GRAçA NÃO, SE NÃO AS PES-SOAS NÃO DÃO VALOR TAMBéM, PORqUE ESTÃO MUITO ACOS-TUMADOS ‘AH, TADINHO MORA NO MORRO, NÃO PODE PAGAR’. EU Só ACHO qUE TEM qUE SER UM PREçO JUSTO, A GENTE Vê A MUDANçA, Pô, COLOCARAM TELHADO NA qUADRA, VALE A PENA VOCê PAGAR CINCO, DEz REAIS PRA VOCê ENTRAR NUM LUGAR qUE VOCê Vê O DINHEIRO SENDO INVESTIDO. AGORA é DI-FERENTE DE UNS TEMPOS ATRáS, A qUADRA TAVA UMA BAGUNçA E PRA VOCê FAzER UMA FESTA VOCê TEM qUE PAGAR UM DINHEI-RÃO E A qUADRA NÃO EVOLUíA EM NADA, é DIFERENTE. EU NÃO ACHO qUE TEM qUE SER CARO, MAS COBRAR EU ACHO qUE TEM qUE COBRAR SIM, NÃO TUDO, MAS Há EVENTOS qUE TEM SIM. (Jovem mulher, 19 a 25 anos, Tra-balhadores)

PUBLICAçÃO

Organização do materialPatrícia LânesMarina RibeiroItamar Silva

ImpressãoGráfica xxxxxx2.000 exemplares

distribuição gratuita

realizaçãologos IBASE e IFHEP

Apoiologos AIN e OD

do ECO que já haviam participado dos momentos anteriores se reuniram e produziram um mapa so-bre a vida na favela. Assinalaram dos seus pontos de vista problemas e conflitos existentes. Levou-se uma manhã e uma tarde de trabalho para dar visibi-lidade às preocupações dos jovens e das jovens do Santa Marta.

Page 2: FAlAS · nos grupos focais da etapa seguinte do projeto. A oficina realizada para produzir o vídeo também re-sultou no roteiro dos grupos focais. Os grupos focais, por sua vez,

Invasão desordenada dos turIstas c/obstrução das vIas de entrada (carros)Causa: Santa Marta na Mídia e Pacificação (grande visi-bilidade)Quem provoca: Guias, turistas, Jeep Tour, promotores dos grandes eventos Quem sofre: ComunidadeSugestão de solução: Melhor orientação, orientando tu-ristas do que podem ou não podem fazer; legislação em relação às visitas dos turistas (criação de regras); ter sempre guias da comunidade (moradores)

PrIvatIzação e abandono dos esPaços PúblIcos (descuIdo)Causa: Interesse pessoal, omissão da associação (medo de se posicionar politicamente)Quem provoca: Moradores oportunistas, moradores do entorno, gestores dos espaços associação de moradores Quem sofre: ComunidadeSugestão de solução: Conscientização de quem privati-za, comunidade cobrar da associação, posicionamento da associação

Falta de mobIlIzação / comunIcação Causa: Falta de discussão dos principais problemas do Morro, momento individualista, fragilidade/omissão das relações dos grupos organizados Quem provoca: Fragmentação, quantidade de coisas acontecendo no Sta Marta Quem sofre: Moradores que já participaram Sugestão de solução: o grupo não indicou uma solução para o problema

centralIzação da admInIstração, Falta de dIalogo com a comunIdade, Falta de transParêncIa em algumas decIsões Causa: Má administraçãoQuem provoca: Presidente Quem sofre: Moradores Sugestão de solução: Transparência em algumas deci-sões (cumprimento do estatuto), maior participação da comunidade(cobrança) ajundando no que for possível, ajuda das outras chapas (que não entraram), mobilização da co-munidade, descentralização do poder na figura do presidente

Falta de acessIbIlIdadeCausa: Geografia do local, falta de projetos de melhorias de acessibilidade/pessoal e serviço de entrega e socorro (médico e incêndio)Quem provoca: Construção desordenada, falda de pla-nejamento do poder público Quem sofre: Portadores de deficiência, idosos, pessoas que precisam de socorro imediato, moradores em casos de calamidades Sugestão de solução: Planejamento arquitetônico, novo pla-no inclinado, construção de hidrantes, corrimão nas escadas

Falta de PreParação dos PolIcIaIs Causa: Falta de planejamento, olhar preconceituoso em relação à favela Quem provoca: Governo do Estado Quem sofre: Moradores e jovens em especialSugestão de solução: Melhor preparação dos policiais, estabelecer comunicação direta com a instituições locais, criar mecanismo de público de dialogo e fiscalização

lIxo Causa: Falta de consciência do comunidade, valas e mal funcionamento da rede de esgoto, falta de coleta interna da ComlurbQuem provoca: Moradores, insuficiência dos garis e má administração do Estado (Comlurb)Quem sofre: Comunidade e entornoSugestão de solução: Consciência do comunidade, mais pontos de coleta, limpeza interna, reforma da rede de esgoto, drenagem etc

taxas PúblIcas (luz, Água e esgoto)Causa: Cobrança indevida de serviços públicos não ga-rantidosQuem provoca: Governo do Estado e Light Quem sofre: Moradores Sugestão de solução: Ação pública para reivindicar me-lhoria do serviço e “taxa social”(diminuição do custo)

SAnTA MARTA

íCOneSPonto de Lixo Com Luz

Comunicação Sem Luz

Água Acessibilidade

Sem Água Pono de encontro de jovens

rua padre hélio veloso

rua da matriz

rua do seresteiro

arena

tortinho

Creche Comunitáriamundo Feliz

ambulatório dedé

igreja universal

Gres mocidade unidos do santa marta

Faetec

unape

Bar do tota

igreja Batista

igreja católica de santa marta

assembléia de deus

1a estação do plano inClinado

2a estação do plano inClinado

3a estação do plano inClinado

4a estação do plano inClinado

5a estação do plano inClinado

dpo polícia militar

Creche Comunitária santa marta

Grupo eco

associação de moradores do

santa marta

espaço Cominitáriomaria e marta

Campinho

igreja donazareno

igrejaCatólica

upp

praça do Cantão