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FACULDADES INTEGRADAS HEBRAICO BRASILEIRA RENASCENÇA Alessandro Costa Aliny Zequim Allan Siqueira Althéa D'Almeida dos Santos Ana Paula Saganfredo Andréia Garcia de Brito Antonia Alda Camila de Belém Elisângela Barbosa Elizete Dias Fátima Cirqueira Previatto Fernando Bispo da Silva Fernando Pereira da Silva Flávio Aldo Gláucia Vieira Bem Marcelo de Oliveira Nazaré Pereira da Silva Santos Regina Braga Reginaldo Duque Sandra Regina Faria Sibele da Cruz Costa Silvana Santos Paiva Silvania dos Santos Vaz Tamires de Oliveira Silva Valéria Barbosa de Oliveira Bonifácio Vanessa Claus Wanderlei da Costa SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS São Paulo 2010

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FACULDADES INTEGRADAS HEBRAICO BRASILEIRA

RENASCENÇA

Alessandro Costa

Aliny Zequim Allan Siqueira

Althéa D'Almeida dos Santos Ana Paula Saganfredo Andréia Garcia de Brito

Antonia Alda Camila de Belém

Elisângela Barbosa Elizete Dias

Fátima Cirqueira Previatto Fernando Bispo da Silva

Fernando Pereira da Silva Flávio Aldo

Gláucia Vieira Bem Marcelo de Oliveira

Nazaré Pereira da Silva Santos Regina Braga

Reginaldo Duque Sandra Regina Faria Sibele da Cruz Costa Silvana Santos Paiva

Silvania dos Santos Vaz Tamires de Oliveira Silva

Valéria Barbosa de Oliveira Bonifácio Vanessa Claus

Wanderlei da Costa

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

São Paulo

2010

2

S U M Á R I O

1. GÊNERO CONTOS................................................................................pág.03

1.1 MARCELO DE OLIVEIRA

2. GÊNERO CONTOS................................................................................pág.14

2.1 ANA PAULA SEGANFREDO

3. GÊNERO CONTOS................................................................................pág.21

3.1 ALESSANDRO COSTA

3.2 CAMILA DE BELÉM

3.3 REGINA BRAGA

3.4 VANESSA CLAUS

4. GÊNERO CRÔNICA...............................................................................pág.31

4.1 ALTHÉA D' ALMEIDA DOS SANTOS

4.2 ELISÂNGELA BARBOSA

4.3 GLÁUCIA VIEIRA BEM

4.4 REGINALDO DUQUE

4.5 SANDRA REGINA FARIA

5. GÊNERO HISTÓRIA EM QUADRINHOS..............................................pág.39

5.1 ALINY ZEQUIM

5.2 ALLAN SIQUEIRA

5.3 FÁTIMA CIRQUEIRA PREVIATTO

5.4 WANDERLEI DA COSTA

6. GÊNERO RETÓRICA.............................................................................pág.52

6.1 VALÉRIA BARBOSA DE OLIVEIRA BONIFÁCIO

7. GÊNERO POEMA .................................................................................pág.61

7.1 ANDRÉIA GARCIA DE BRITO

7.2 FERNANDO BISPO DA SILVA

7.3 FERNANDO PEREIRA DA SILVA

7.4 SILVANA SANTOS PAIVA

8. GÊNERO RECEITA................................................................................pág.86

8.1 ANTONIA ALDA

8.2 ELIZETE DIAS

8.3 SILVANIA DOS SANTOS VAZ

9. GÊNERO NOTÍCIA.................................. ..............................................pág.94

9.1 FLÁVIO ALDO

9.2 NAZARÉ PEREIRA DA SILVA SANTOS

9.3 SIBELE DA CRUZ COSTA

9.4 TAMIRES DE OLIVEIRA SILVA

3

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Gênero: Contos.

Nível: Ensino Médio.

Série: 2º ano.

Autor: Marcelo de Oliveira.

4

Vamos nos aproximarmos um pouco mais do gênero conto com a

prática da leitura narrativa perante o conto a seguir:

UM APÓLOGO

Era uma vez uma

agulha, que disse a um novelo de

linha:

- Por que está você com esse ar,

toda cheia de si, toda enrolada, para

fingir que vale alguma coisa neste

mundo?

- Deixe-me, senhora.

- Que a deixe? Que a deixe, por

quê? Porque lhe digo que está com um

ar insuportável? Repito que sim, e

falarei sempre que me der na cabeça.

- Que cabeça, senhora? A

senhora não é alfinete, é agulha.

Agulha não tem cabeça. Que lhe

importa o meu ar? Cada qual tem o ar

que Deus lhe deu. Importe-se com a

sua vida e deixe a dos outros.

- Mas você é orgulhosa.

- Decerto que sou.

- Mas por quê?

- É boa! Porque coso. Então os

vestidos e enfeites de nossa ama, quem

é que os cose, senão eu?

- Você? Esta agora é melhor.

Você é que os cose? Você ignora que

quem os cose sou eu, e muito eu?

- Você fura o pano, nada mais;

eu é que coso, prendo um pedaço ao

outro, dou feição aos babados...

- Sim, mas que vale isso? Eu é

que furo o pano, vou adiante, puxando

por você, que vem atrás, obedecendo

ao que eu faço e mando...

- Também os batedores vão

adiante do imperador.

- Você é imperador?

- Não digo isso. Mas a verdade é

que você faz um papel subalterno,

indo adiante; vai só mostrando o

caminho, vai fazendo o trabalho

obscuro e ínfimo. Eu é que prendo,

ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a

costureira chegou à casa da baronesa.

Não sei se disse que isto se passava

em casa de uma baronesa, que tinha a

modista ao pé de si, para não andar

atrás dela. Chegou à costureira, pegou

do pano, pegou da agulha, pegou da

linha, enfiou a linha na agulha, e

entrou a coser.

Uma e outra iam andando

orgulhosas, pelo pano adiante, que era

a melhor das sedas, entre os dedos da

costureira, ágeis como os galgos de

Diana - para dar a isto uma cor

poética. E dizia a agulha:

- Então, senhora linha, ainda

teima no que dizia há pouco? Não

repara que esta distinta costureira só se

importa comigo; eu é que vou aqui

5

entre os dedos dela, unidinha a eles,

furando abaixo e acima.

A linha não respondia nada; ia

andando. Buraco aberto pela agulha

era logo enchido por ela, silencioso e

ativo como quem sabe o que faz, e não

está para ouvir palavras loucas.

A agulha vendo que ela não lhe

dava resposta calou-se também, e foi

andando. E era tudo silêncio na saleta

de costura; não se ouvia mais que o

plic-plic e plic-plic da agulha no pano.

Caindo o sol, a costureira dobrou a

costura, para o dia seguinte; continuou

ainda nesse e no outro, até que no

quarto acabou a obra, e ficou

esperando o baile.

Veio à noite do baile, e a

baronesa vestiu-se. A costureira, que a

ajudou a vestir-se, levava a agulha

espetada no corpinho, para dar algum

ponto necessário.

E quando compunha o vestido

da bela dama, e puxava a um lado ou

outro, arregaçava daqui ou dali,

alisando, abotoando, acolchetando, a

linha, para mofar da agulha,

perguntou-lhe:

- Ora agora, diga-me quem é que

vai ao baile, no corpo da baronesa,

fazendo parte do vestido e da

elegância?

Quem é que vai dançar com

ministros e diplomatas, enquanto você

volta para a caixinha da costureira,

antes de ir para o balaio das mucamas?

Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse

nada; mas um alfinete, de cabeça

grande e não menor experiência

murmurou à pobre agulha:

- Anda, aprende tola. Cansas-te

em abrir caminho para ela e ela é que

vai gozar da vida, enquanto aí ficas na

caixinha de costura. Faze como eu,

que não abro caminho para ninguém.

Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor

de melancolia, que me disse, abanando

a cabeça: - Também eu tenho servido

de agulha a muita linha ordinária!

Fonte: Contos Consagrados -

Machado de Assis - Coleção

Prestígio – Ediouro- s/d.

6

1- Pense sobre um tema semelhante ao conto lido, que desenvolva

relações de dominação entre a cadeira e a mesa.

.

CONHECENDO UM POUCO SOBRE O

GÊNERO CONTOS

O que é um conto?

O CONTO: Refere-se a uma narrativa curta e que se diferencia dos romances

não apenas pelo tamanho, mas também pela sua estrutura: há poucas personagens,

nunca analisadas profundamente; há acontecimentos breves, sem grandes complicações

de enredo; e há apenas um clímax, no qual a tensão da história atinge seu auge.

No conto, tempo e espaço são elementos secundários, podendo até não existir.

Além disso, os próprios acontecimentos podem ser dispensáveis.

Há, por exemplo, contos de Machado de Assis ou Tchekov nos quais,

simplesmente, não tem nada que acontece. O essencial está no ar, na atmosfera, na

forma de narrar, no estilo.

O CONTEÚDO: (conflito vivenciado pelo personagem em decorrência para ver

que é mais importante alinha ou agulha).

A ESTRUTURA FORMAL DO CONTO

A. PARTE DO ENREDO:

Apresentação, complicação ou evolução, clímax e solução ou desfecho; unidade

dramática, unidade de tempo, unidade de espaço, personagens, existência ou não

de diálogo, características narrativas, descritivas e dissertativas contidas no

conto, enredo, foco narrativo sempre decorrente em (1ª pessoa).

B. ASPECTOS:

Contexto histórico,

Enredo,

Elementos Estruturais: Apresentação, Complicação, Clímax e Desfecho.

7

C. DOMÍNIOS SOCIAIS DE COMUNICAÇÃO:

Cultura Literária Ficcional.

D. ASPECTOS TIPOLÓGICOS:

Narrar.

E. CAPACIDADE DE LINGUAGEM DOMINANTE:

Representação pelo discurso de experiência vivido, situado no tempo.

Agora que já conhecemos a estrutura do gênero contos.

Vamos praticar:

1) O que é um conto?

2) Observando os elementos que definem a estrutura do conto

transcreva sobre cada um deles:

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Parte do Enredo:

Aspectos:

Domínios Sociais de Comunicação:

Aspectos Tipológicos:

Capacidade de Linguagem Dominante:

Vamos conhecer alguns elementos que compõe a gramática

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Substantivo é toda a palavra é determinada por um artigo, pronome ou

numeral ou modificada por um adjetivo. De acordo com a gramática portuguesa, um

substantivo dá nome aos seres em geral e pode variar em gênero, número e Grau.

Para transformar uma palavra de outra classe gramatical em um substantivo,

basta precedê-lo de um artigo, pronome ou numeral. Exemplo: "O não é uma palavra

dura". Artigos sempre precedem palavras substantivadas, mas substantivos (que são

substantivos em sua essência) não precisam necessariamente ser precedidos por artigos.

Quanto à formação:

Dá-se o nome de substantivo a todas as palavras que nomeiam seres, lugares, objetos,

sentimentos e outros.

Quanto à existência de radical, o substantivo pode ser classificado em:

Primitivo: palavras que não derivam de outras. Ex.: flor, pedra, jardim, leite,

goiaba, ferro, cobre, uva, maçã, metal...

Derivado: vem de outra palavra existente na língua. O substantivo que dá

origem ao derivado (substantivo primitivo) é denominado radical.

Quanto ao número de radicais, pode ser classificado em:

Simples: tem apenas um radical. Ex.: água, couve, sol ...

Composto: tem dois ou mais radicais. Ex.: água-de-cheiro, couve-flor, girassol,

lança-perfume, cachorro-quente, guarda-chuva...

Quanto ao tipo:

Quando se referir a especificação dos seres, pode ser classificado em:

Concreto: designa seres que existem ou que podem existir por si só. Ex.: casa,

cadeira.

Também podem ser concretos os substantivos que nomeiam divindades (Deus, anjos,

almas) e seres fantásticos (fada, duende), pois, existentes ou não são sempre

considerados como seres com vida própria.

Abstrato: designa ideias ou conceitos, cuja existência está vinculada a alguém

ou a alguma outra coisa. Ex.: justiça, amor, trabalho, etc.

Comum: denomina um conjunto de seres de maneira geral, ou seja, um ser sem

diferenciar dos outros do mesmo conjunto. Ex.: lobo, pizza, mascara.

Próprio: denota um elemento individual que tenha um nome próprio dentro de

um conjunto, sendo grafado sempre com letra maiúscula. Ex.: João, Maria,

Bahia, Brasil, Rio de Janeiro, Japão.

Coletivo: um substantivo coletivo designa um nome singular dado a um

conjunto de seres. No entanto, vale ressaltar que não se trata necessariamente de

quaisquer seres daquela espécie. Alguns exemplos:

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o Uma biblioteca é um conjunto de livros, mas uma pilha de livros

desordenada não é uma biblioteca. A biblioteca discrimina o gênero dos

livros e os acomoda em prateleiras.

o Uma orquestra ou banda é um conjunto de instrumentistas, mas nem todo

conjunto de músicos ou instrumentistas pode ser classificado como uma

orquestra ou banda. Em uma orquestra ou banda, os instrumentistas estão

executando a mesma peça musical ao mesmo tempo.

o Uma "turma" é um conjunto de estudantes, mas se juntarem num mesmo

alojamento os estudantes de várias carreiras e várias universidades numa

sala, não se tem uma turma. Na turma, os estudantes assistem

simultaneamente à mesma aula. Eles possuem alguma ação ou característica

em comum em relação ao grupo.

o exemplos de substantivos simples: casa, cachorro, caneta etc.

Flexão do substantivo:

Quanto ao gênero.

Os substantivos flexionam-se nos gêneros masculino e feminino e quanto às formas,

podem ser:

Substantivos biformes: apresentam duas formas originadas do mesmo radical.

Exemplos: menino - menina, traidor - traidora, aluno - aluna.

Substantivos heterônimos: apresentam radicais distintos e dispensam artigo ou

flexão para indicar gênero, ou seja, apresentam duas formas uma para o

feminino e outra para o masculino. Exemplos: arlequim - colombina, arcebispo -

arquiepiscopisa, bispo - episcopisa, bode - cabra, ovelha - carneiro.

Substantivos uniformes: apresentam a mesma forma para os dois gêneros,

podendo ser classificados em:

Epicenos: referem-se a animais ou plantas, e são invariáveis no artigo

precedente, acrescentando as palavras macho e fêmea, para distinção do

sexo do animal. Exemplos: a onça macho - a onça fêmea; o jacaré macho

- o jacaré fêmea; a foca macho - a foca fêmea.

Comuns de dois gêneros: o gênero é indicado pelo artigo precedente.

Exemplos: o dentista - a dentista, um jovem - uma jovem, imigrante italiano -

imigrante italiana.

Sobrecomuns: invariáveis no artigo precedente. Exemplos: a criança, o

indivíduo (não existem formas como "o criança", "a indivíduo").

Quanto ao número:

Os substantivos apresentam singular e plural.

Os substantivos simples, para formar o plural, acrescenta-se à terminação em n, vogal

ou ditongo o s. Ex: elétron/ elétrons, povo/ povos, caixa/ caixas, cárie/ cáries; a

terminação em ão, por ões, ães, ou ãos; as terminações em s, r, e z, por es; terminações

em x são invariáveis; terminações em al, el, ol, ul, trocam o l por is, com as seguintes

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exceções: "mal" (males), "cônsul" (cônsules), "mol" (mols), "gol" (gols); terminação em

il, é trocado o l por is (quando oxítono) ou o il por eis (quando parox´tono).

Os substantivos compostos flexionam-se da seguinte forma quando ligados por hífen:

se os elementos são ligados por preposição, só o primeiro varia (mulas-sem-

cabeça); também varia apenas o primeiro elemento caso o segundo termo

indique finalidade ou semelhança deste (navios-escola, canetas-tinteiro);

se os elementos são formados por palavras repetidas ou por onomatopeia, só o

segundo elemento varia (tico-ticos, pingue-pongues);

nos demais casos, somente os elementos originariamente substantivos, adjetivos

e numerais variam (couves-flores, guardas-noturnos, amores-perfeitos, bem-

amados, ex-alunos).

Quanto ao grau:

Os substantivos possuem três graus, o aumentativo, o diminutivo e o normal que são

formados por dois processos:

Analítico: o substantivo é modificado por adjetivos que indicam sua proporção

(rato grande, gato pequeno);

Sintético: modifica o substantivo através de sufixos que podem representar além

de aumento ou diminuição, o desprezo ou um sentido pejorativo (no

aumentativo sintético: gentalha, beiçorra), o afeto ou sentido pejorativo (no

diminutivo sintético: filhinho, livreco).

Exemplos de diminutivos e aumentativos sintéticos:

sapato/sapatinho/sapatão;

casa/casebre/casarão;

cão/cãozinho/canzarrão;

homem/homenzinho/homenzarrão;

gato/gatinho/gatão;

bigode/bigodinho/bigodaço;

vidro/vidrinho/vidraça;

boca/boquinha/bocarra;

muro/mureta/muralha;

pedra/pedregulho/pedrona;

rocha/rochinha/rochedo;

papel/papelzinho/papelão;

Obtida de http://pt.wikipedia.org/wiki/Substantivo.

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1- Classifique os substantivos que aparecem no conto.

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2- Acreditando no processo de aprendizagem absorvido mediante os

estudos referente ao gênero contos. Construa um Conto narrativo.

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Gênero: Contos.

Nível: Ensino Médio.

Série: 3°. Ano.

Autora: Ana Paula Seganfredo.

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GÊNERO CONTOS

ASPECTOS:

Contexto Histórico,

Enredo,

Elementos Estruturais: (Apresentação, Complicação, Clímax e Desfecho).

DOMÍNIOS SOCIAIS DE COMUNICAÇÃO:

Cultura Literária Ficcional.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS:

Narrar.

CAPACIDADE DE LINGUAGEM DOMINANTE:

Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo.

O GÊNERO TEXTUAL É UM MODELO DE TEXTO, É O JEITO ESPECÍFICO

QUE OS TEXTOS POSSUEM:

Uma característica especifica,

Uma forma própria e

Um conteúdo definido.

POR - QUÊ RECONHECER GÊNEROS

DISCURSIVOS?

Para facilitar o processo de interpretação de textos,

Aguçar o conhecimento de mundo,

Contribuir para a compreensão geral dos textos,

Despertar a mente para a possibilidade de significados de palavras

desconhecidas.

No século XIX, o conto se distancia da novela e do romance, aparecem grandes

escritores: Edgar Allan Poe nos EUA, Maupassant na França, Eça de Queiroz em

Portugal e Machado de Assis no Brasil.

Na estrutura do conto há um só drama, um só conflito, termina exatamente no

clímax.

A variação temporal não é importante, o passado é exposto em poucas linhas.

O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão.

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Entre suas principais característica estão:

Concisão,

Precisão,

Densidade e

Unidade de efeito.

Os contos modernos são urbanos ou suburbanos, eles propuseram a renovação

das formas, a ruptura com a linguagem tradicional, evita-se o rebuscamento na

linguagem, a narrativa é mais objetiva.

Os focos narrativos podem ser em: 1ª pessoa:

personagem principal conta sua história, este tipo de narrador limita-se ao saber

de si próprio, fala de sua própria vivência.

3ª pessoa: dentro deste foco, o texto pode ter:

A) Narrador observador:

O narrador limita-se a descrever o que está acontecendo, fala do exterior, não

sabendo das emoções da personagem, descreve apenas o que vê.

B) Narrador onisciente:

Sabe tudo sobre a vida dos outros, seus destinos, idéias e pensamentos.

Segundo Bakhtin (1981/1997), ‖A palavra não é objeto,

mas um meio constantemente ativo, constantemente

mutável de comunicação dialógica. Ela nunca basta a

uma consciência, a uma voz. Sua vida está na passagem

de boca em boca, de um contexto para outro, de um

grupo social para outro, de uma geração para outra.‖

(p.203).

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Agora que já conhecemos os conteúdos existentes para

formação de um conto vamos nos aproximarmos mais um pouco do

mesmo fazendo uma leitura do conto abaixo:

UM APÓLOGO!

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que

vale alguma cousa neste mundo? Deixe-me, senhora.

Que a deixe?

Que a deixe, por quê?

Porque lhe digo que está com um ar insuportável?

Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

Que cabeça, senhora?

A senhora não é alfinete, é agulha.

Agulha não tem cabeça.

Que lhe importa o meu ar?

Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos

outros.

Mas você é orgulhosa.

Decerto que sou.

Mas por quê?

É boa! Porque coso.

Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?Você?

Esta agora é melhor.

Você é que os cose?

Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou

feição aos babados...

Sim, mas que vale isso?

Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo

ao que eu faço e mando... Também os batedores vão adiante do imperador.

Você é imperador? Não digo isso.

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Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só

mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo.

Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.

Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a

modista ao pé de si, para não andar atrás dela.

Chegou à costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a

linha na agulha, e entrou a coser.

Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das

sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto

uma cor poética.

E dizia a agulha: Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?

Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui

entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido

por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras

loucas.

A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando.

E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da

agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte.

Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o

baile. Veio à noite do baile, e a baronesa vestiu-se.

A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,

para dar algum ponto necessário.

E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro,

arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da

agulha, perguntou-lhe: Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da

baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância?

Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a

caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?

Vamos, diga lá.Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e

não menor experiência murmurou à pobre agulha:

Anda, aprende tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da

vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura.

Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.

Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a

cabeça: Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 – “Contos", Editora

Ática - São Paulo, 1984, pág. 59. Autor: Machado de Assis.

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1-) Com base na leitura do conto ―Um Apólogo‖, do autor Machado de Assis,

escreva algumas características de acordo com o seu entendimento sbre o foco

narrativo:

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2-) Observando a imagem justifique com suas próprias palavras quem você acha que

representou o papel principal no desenrolar da narrativa:

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3-) Cite quais foram os personagens mencionados no conto:

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4- ) A figura abaixo servirá de tema para que você crie um conto. Procurando utilizar o

foco narrativo em 3ª pessoa.

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Boa Narrativa!

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA Gênero: Contos.

Nível: Ensino Médio.

Série: 1° ano.

Autores: Alessandro Costa,

Camila de Belém,

Regina Braga e

Vanessa Claus.

22

Uma galinha

Clarice Lispector

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da

manhã. Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava

para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua

intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se

adivinharia nela um anseio.

Foi uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em

dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou – o tempo

de a cozinheira gritar – e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo

desajeitado, alcançou o telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora

noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de

uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer

esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e

resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde

esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se

mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão de rua. Pouco

afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os

caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador

adormecido. E por mais intima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às

vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava

outros com dificuldade havia tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão

livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que

havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se

poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na

sua crista.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou.

Entre gritos e penas, ela foi presa, em seguida carregada em triunfo por uma asa através

23

das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se

um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.

Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida,

exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade,

parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando,

abotoando e desabotoando os olhos.

Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava às asas, enchendo de

tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo

estarrecida. Mal conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e

saiu aos gritos: Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o

nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente.

Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não

era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe

e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer.

Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa

brusquidão:

– Se você mandar matar esta galinha, nunca mais comerei galinha na minha

vida! – Eu também! jurou a menina com ardor.

A mãe, cansada, deu de ombros. Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a

galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta

longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se

lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a

rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos

fundos, usando suas duas capacidades: a da apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchiam-

se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga e circulava pelo ladrilho, o

corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça

a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se

recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os

pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria,

mas ficaria muito mais contente. Embora nesses instantes a expressão de sua vazia

cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho – era uma

cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

24

Fonte :www.cadeoganso

1- Você já leu algum conto? Se já leu, relate sobre o assunto tratado, caso não

tenha lido, baseie-se nas imagens anteriores e produza o seu conto:

25

O QUE É UM CONTO?

Conto é uma narrativa curta e que se diferencia dos romances não apenas pelo

tamanho, mas também pela sua estrutura: há poucas personagens, nunca analisadas

profundamente; há acontecimentos breves, sem grandes complicações de enredo; e há

apenas um clímax, no qual a tensão da história atinge seu auge, não confunda conto com

lenda, história, causo,crônica etc.

No conto, tempo e espaço são elementos secundários, podendo até não existir.

Além disso, os próprios acontecimentos podem ser dispensáveis como, por exemplo,

contos de Machado de Assis ou Tchekhov. O essencial está no ar, na atmosfera, na

forma de narrar, no estilo.

Origem: De o livro do mágico (cerca de 4000 a.C.), escrito pelos egípcios, até a Bíblia

encontram-se textos com estrutura de contos. No entanto, a autoria deles foi perdida. O

primeiro grande contista da História é tido como Luciano de Samosata (125-192). São

da mesma época Lucius Apuleius (125-180) e Caio Petrônio.

Do século XIV ao XIX Giovanni Boccaccio (1313-1375) ou (2000-2010) em sua

obra Decameron, estabeleceu as bases do que se entende por conto. Este período é

marcado por contistas célebres, como Geoffrey Chaucer (que publica os Os Contos de

Canterbury), Jean de La Fontaine (autor de vários contos infantis, como A cigarra e a

formiga) e Charles Perrault, de O Soldadinho de Chumbinho.

No século XIX, destacam-se Honoré de Balzac, Leo Tolstoy, Guy de

Maupassant e Mary Shelley.

Na Alemanha, os irmãos Grimm publicam dezenas de contos infantis (muitos

recontados dos originais de Perrault), incluindo Branca de Neve e Capuchinho

Vermelho (português europeu) ou Chapeuzinho Vermelho (português brasileiro),

enquanto Washington Irving estabelece-se como o primeiro contista estadunidense

relevante.

Contistas famosos em Língua Portuguesa:

Eça de Queirós, mais conhecido como romancista, é referência em Portugal por

seus contos reunidos para publicação em 1902, dois anos após seu falecimento, bem

como Branquinho da Fonseca, cuja obra inclui diversas antologias de contos.

Machado de Assis e Aluízio Azevedo destacam-se no panorama brasileiro do

conto, abrindo espaço para os contistas do século XX, como Clarice Lispector, Lima

Barreto, Otto Lara Resende e Lygia Fagundes Telles.

A figura do contista encontra-se perdida na atualidade, em face da valorização

do romance em oposição à prosa curta e à poesia enquanto gêneros literários. Um dos

poucos meios em que sobrevive é a ficção científica.

Conteúdo e forma:

Forma: expressão ou linguagem mais os elementos concretos e estruturados,

como as palavras e as frases.

Conteúdo: é imaterial (fixado e carregado pela forma); são as personagens, suas

ações, a história .

26

Os diálogos são de suma importância; sem eles não há discórdia, conflito,

fundamentais ao gênero. A melhor forma de se informar é por meio dos diálogos;

mesmo no conto em que o ingrediente narrativo seja importante. "A função do diálogo é

expor." (Henry James, 1843-1916).

Em alguns escritores, o diálogo é uma ferramenta absolutamente indispensável.

Caio Porfírio Carneiro, por exemplo, chega ao ponto de escrever contos compostos

apenas por diálogos, sem que, em nenhum instante, apareça um narrador. Em 172

páginas de Trapiá, um clássico da década de 60, há apenas seis páginas sem diálogos.

Vejamos os tipos de diálogos:

Direto: (discurso direto) as personagens conversam entre si; usam-se os

travessões. Além de ser o mais conhecido é, também, predominante no

conto.

Indireto: (discurso indireto) quando o escritor resume a fala da

personagem em forma narrativa, sem destacá-la. Vamos dizer que a

personagem conta como aconteceu o diálogo, quase que reproduzindo-o.

Essas duas primeiras formas podem ser observadas no conto "A Missa do

Galo", Machado de Assis.

Indireto livre: (discurso indireto livre) é a fusão entre autor e

personagem (primeira e terceira pessoa da narrativa); o narrador narra,

mas no meio da narrativa surgem diálogos indiretos da personagem como

que complementando o que disse o narrador.

Veja-se o caso de "Vidas secas": em certas passagens não sabemos exatamente quem

fala – é o narrador (terceira pessoa) ou a consciência de Fabiano (primeira pessoa)? Este

tipo de discurso permite expor os pensamentos da personagem sem que o narrador perca

seu poder de mediador.

Monólogo interior: (ou fluxo de consciência) é o que se passa "dentro"

do mundo psíquico da personagem; "falando" consigo mesma; veja

algumas passagens de Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector.

O livro A canção dos loureiros (1887), de Édouard Dujardin é o

precursor moderno deste tipo de discurso da personagem. O Lazarillo de

Tormes, de autor desconhecido, é considerado o verdadeiro precursor

deste tipo de discurso. Em Ulisses, Joyce (inspirado em Dujardin)

radicalizou no monólogo interior.

Focos narrativos:

Primeira pessoa: Personagem principal conta sua história; este narrador limita-

se ao saber de si próprio, fala de sua própria vivência. Esta é uma narrativa típica do

romance epistolar (século XVIII).

Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª pessoa e neste caso podemos ter:

a) Narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo,

"falando" do exterior, não nos colocando dentro da cabeça da personagem; assim não

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sabemos suas emoções, idéias, pensamentos. O narrador apenas descreve o que vê, no

mais, especula.

b) Narrador onisciente conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das

personagens, sobre seus destinos, idéias, pensamentos. Como se narrasse de dentro da

cabeça delas.

PARA ENTENDER O CONTO

―Queres tu saber, meu rico irmão, a notícia que achei no Rio de Janeiro, apenas

pus pé em terra? Uma crise ministerial. Não imaginas o que é uma crise ministerial na

cidade fluminense.

Lá na província chegam às notícias amortecidas pela distância, e, além disso,

completas; quando sabemos de um ministério defunto, sabemos logo de um ministério

recém-nato. Aqui a coisa é diversa; assiste-se à morte do agonizante, depois ao enterro,

depois ao nascimento do outro, o qual muitas vezes, graças às dificuldades políticas, só

vem à luz depois de uma operação cesariana.

Quando desembarquei estava o C. à minha espera na Praia dos Mineiros, e as

suas primeiras palavras foram estas:

- Caiu o ministério!

Tu sabes que eu tinha razões para não gostar do gabinete, depois da questão de

meu cunhado, de cuja demissão ainda ignoro a causa. Todavia, senti que o gabinete

morresse tão cedo, antes de dar todos os seus frutos, principalmente quando o negócio

do meu cunhado era justamente o que me trazia cá. Perguntei ao C. quem eram os novos

ministros.

- Não sei, respondeu; nem te posso afirmar se os outros caíram; mas desde

manhã não corre outra coisa. Vamos saber notícias. Queres comer?

- Sem dúvida, respondi; vou residir no Hotel da Europa, se houver lugar.

- Há de haver.

Seguimos para o Hotel da Europa que é na Rua do Ouvidor; lá me deram um

aposento e um almoço. Acendemos charutos e saímos.

À porta perguntei-lhe eu:

- Onde saberemos notícias?

- Aqui mesmo na Rua do Ouvidor.

- Pois então na Rua do Ouvidor é que?

- Sim; a Rua do Ouvidor é o lugar mais seguro para saber notícias. As casas do

Moutinho ou do Bernardo, a casa do Desmarais ou do Garnier, são verdadeiras estações

telegráficas. Ganha-se mais em estar aí comodamente sentado do que em andar pela

casa dos homens da situação.

Ouvi silenciosamente as explicações do C. e segui com ele até um pasmatório

político, onde apenas encontramos um sujeito fumando, e conversando com o caixeiro.

- A que horas esteve ela aqui? Perguntava o sujeito.

- Às dez.

Ouvimos estas palavras entrando. O sujeito calou-se imediatamente e sentou-se

numa cadeira por trás de um mostrador, batendo com a bengala na ponta do botim.

- Trata-se de algum namoro, não? Perguntei eu baixinho ao C.

- Curioso! Respondeu-me ele; naturalmente é algum namoro, tens razão; alguma

28

rosa de Citera.

- Qual! Disse eu.

- Por quê?

- Os jardins de Citera são francos; ninguém espreita as rosas por fora…

- Provinciano! Disse o C. com um daqueles sorrisos que só ele tem; tu não sabes

que, estando às rosas em moda, há certa honra para o jardineiro… Anda sentar-te.

- Não; fiquemos um pouco à porta; quero conhecer esta rua de que tanto se fala.

- Com razão, respondeu o C. Dizem de Shakespeare que, se a humanidade

perecesse, ele só poderia compô-la, pois que não deixou intacta uma libra sequer do

coração humano. Aplico el cuento. A Rua do Ouvidor resume o Rio de Janeiro.

A certas horas do dia, pode a fúria celeste destruir a cidade; se conservar a Rua

do Ouvidor, conserva Noé, a família e o mais. Uma cidade é um corpo de pedra com um

rosto. O rosto da cidade fluminense é esta rua, rosto eloqüente que exprime todos os

sentimentos e todas as idéias (…)‖.

Com base no que vimos sobre a estrutura e

composição do conto responda:

1) Qual o conteúdo apresentado pelo texto ?

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______________________________________________________________________

2) Qual a forma do conto ?

______________________________________________________________________

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3)Verifique o seguinte trecho : ―Tu sabes que eu tinha razões para não gostar do

gabinete, depois da questão de meu cunhado, de cuja demissão ainda ignoro a

causa.‖Qual o foco narrativo em que o conto se desenvolve?

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4) O foco narrativo pode influenciar na interpretação do conto ?

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______________________________________________________________________

5)Você já leu alguma obra do autor , sabe sobre a sua biografia? Se não, acesse alguns

links pesquisados por você e depois faça um breve comentário sobre esse grannde

escritor .

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MAIS GÊNEROS

Machado de Assis

Fonte:jobertosales.wordpress.com

Além do conto, existem outros gêneros que desenvolvem a narrativa :

Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem

definidos de carácter verossímil.

Fábula: é um texto de carácter fantástico que busca ser inverossímil (não tem

nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou

objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

Epopéia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que

ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Quatro belos exemplos são O

Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e

Odisséia, de Homero.

Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do

romance e a brevialidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em

poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista,

de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana, com linguagem

coloquial breve, com um toque de humor e crítica.

Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo

ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal

e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e

subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral,

comportamental, literário, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos

ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico.

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Os contos apresentam um tom (Gotlib, 1985) que moverá

a ação das personagens .

TERROR: Contos de terror são considerados, assim como os romances policiais

e de ficção científica, categorias menores da literatura por um postulado cuja principal

utilidade é o de ser desmentido pela crítica em alguns casos excepcionais. O cinema deu

uma nova vida ao "ramo", mas ao mesmo tempo parece ter lhe roubado a alma,

transformando o gênero em mera oportunidade para a exibição de efeitos especiais tão

numerosos que lhe tiram o caráter assombroso derivado justamente da surpresa e

raridade.

FANTASIA: contos de fantasia se baseia principalmente em uma característica:

a estranheza dos cenários (tais como outros mundos ou outras eras) e dos personagens

(tais como seres sobrenaturais ou não-naturais). Normalmente, estórias desse gênero são

ambientadas em mundos imaginários e se utilizam de elementos como mágica e seres

místicos.

FICÇÃO CIENTÍFICA: "A Ficção Científica pode ser definida como o ramo

da literatura que trata das respostas do ser humano frente às mudanças sociais ocorridas

em decorrência do desenvolvimento da ciência e da tecnologia".

Escolha um tom (terror, fantasia, ficção) e escreva um conto, não

esqueça do título que deve ser bem criativo .

Titulo:

31

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Gênero: Crônica.

Nível: Ensino Médio.

Série: 2° ano.

Autores: Althéa D`Almeida dos Santos,

Elisângela Barbosa,

Gláucia Vieira Bem,

Reginaldo Duque e

Sandra Regina Faria.

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Recado ao Senhor 903 ―Vizinho,

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador,

que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu

apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua

veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou

inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria

ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno

e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor;

é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem

o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados

entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao

Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 –

que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o

Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois

apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo

sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de

manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será

convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as

8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele

trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só

pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita,

ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.

[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um

homem batesse à porta do outro e dissesse: ‗Vizinho, são três horas da manhã e ouvi

música em tua casa. Aqui estou‘. E o outro respondesse: ‗Entra vizinho e come do meu

pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que

a vida é curta e a lua é bela‘

―E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do

vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da

brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.‖

Rubem Braga.

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Elabore uma crônica com algumas características do texto

“Recado ao Senhor 903” cujo tema seja “Meu vizinho”.

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CONHECENDO O GÊNERO

A crônica é uma narrativa informal ligada à vida cotidiana, com linguagem

coloquial, breve com um toque de humor, crítica e reflexão, além dessas , veja outras

características :

- Narrativa informal, familiar, intimista:

―Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho‖

- Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial:

―Quem fala aqui é o homem do 1003.‖

- Sensibilidade no contato com a realidade:

―Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em

que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.‖

- Síntese;

- Uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer seu estilo e

criatividade;

- Dose de lirismo;

- Natureza ensaística;

- Leveza;

- Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada:

―Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não

sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números,

dois números empilhados entre dezenas de outros.‖

- Brevidade;

- É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade da vida

moderna.

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Observe as escolhas linguísticas e a análise da linguagem da

crônica de Rubem Braga.

1) Intenção e linguagem:

O narrador-personagem da crônica ou remetente da carta ao vizinho reconhece

que faz barulho e por isto pede desculpas. Veja, assim, as palavras e afirmações que

usou para construir essa ideia:

"consternado, desolado, lhe dou razão, O regulamento do prédio é explícito,

Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso, Peço desculpas e Prometo

silêncio".

No entanto, por meio de ironias, o narrador reconhece sua falta, mas explicita

que não concorda com a situação, uma vez que a aborda também de outro ângulo,

problematizando as relações entre as pessoas e não simplesmente aceitando a situação

como algo imutável. E faz isso, especialmente, quando:

- ironiza a estrutura dos prédios em que as pessoas ficam empilhadas, perdendo o

contato humano;

- refere-se a todos os vizinhos, incluindo ele próprio, pelo número do apartamento e não

pelo nome;

- critica o isolamento e a distância entre as pessoas cujas vidas estão limitadas pelas

normas que cerceiam o convívio humano;

- sonha com outra relação mais humana e fraterna, entre as pessoas.

Leia o texto abaixo e responda à questão seguinte:

O ladrão entra numa joalheria e rouba todas as jóias da loja. Guarda tudo numa mala

e, para disfarçar, coloca roupas em cima. Sai correndo para um beco, onde encontra

um amigo, que pergunta:

- E aí, tudo jóia?

- Que nada! Metade é roupa...

I. Com relação ao texto, é correto afirmar:

( ) O efeito de humor do texto é causado pela ambiguidade da expressão ―tudo

jóia‖.

( ) A expressão ―tudo jóia‖ pode ser classificada como um arcaísmo da língua

portuguesa.

( ) A expressão ―sai correndo‖ caracteriza um pleonasmo da língua portuguesa.

( ) O ladrão, ao responder ao amigo, agiu de forma jocosa e sarcástica.

( ) O amigo sabia o que o ladrão carregava na mala.

36

2) Ironia e humor

O narrador usa uma fina ironia quando fala de si mesmo e dos motivos das

reclamações do vizinho:

"Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano

Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois

apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua."

Verifique ainda como o uso do elemento "apenas", usado duas vezes intensifica

a sua exclusão em relação aos demais moradores do prédio.

O excesso de referência a números acaba por criar um efeito de humor e crítica

social:

"Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um

comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão:

ao meu número) será convidado a se retirar às 21h 45, e explicarei: o 903 precisa

repousar das 22 às 7 pois às 8h 15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o

levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305."

Tal efeito de humor tem a ver com:

- o contraste entre uma situação e outra: os que mantêm silêncio e pessoas, como o

narrador, que não o fazem;

- o inesperado: o texto parece se encaminhar para um sentido e bruscamente aponta para

outro.

3) Uso de verbo:

Quando o narrador quer sonhar com outra situação em relação, não só à sua

vizinhança, mas também à vida na cidade grande, ele constrói essa ideia usando verbos

no pretérito imperfeito do subjuntivo.

"Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem

batesse à porta do outro e dissesse: 'Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em

tua casa. Aqui estou'. E o outro respondesse: 'Entra vizinho e come do meu pão e bebe

do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é

curta e a lua é bela'.

E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas

do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio

da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

37

4) Uso dos artigos:

Releia os trechos:

"Quem fala aqui é o homem do 1003.".

Foi usado o artigo definido (o), quando o narrador refere-se a si mesmo,

particularizando, dessa forma, um indivíduo, entre outros.

"Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um

homem batesse à porta do outro e dissesse (...). E o outro respondesse (...)"

Há artigo indefinido um (referente a homem), quando foi introduzido um

elemento ainda não citado no texto, generalizando-o. Há artigo definido o (referente a

outro), quando novamente se tem um indivíduo já citado, particularizando-o.

III. O que indica a utilização dos verbos no pretérito imperfeito do

subjuntivo no fragmento do texto acima “Recado ao Senhor 903”.

( ) impossibilidade; ilusão; engano

( ) sonho; devaneio; fantasia

( ) realidade; fato; existência

( ) possibilidade; desejo; hipótese

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PRODUÇÃO FINAL

A partir dos conceitos apresentados crie uma crônica utilizando diferentes

classes gramaticais. Após concluir o texto faça uma análise descritiva e argumente as

escolhas do léxico para a construção do texto literário.

39

Sequência Didática

Gênero: HQ´s.

Nível: Ensino Fundamental II.

Série: 8ª série.

Autores: Aliny Zequim,

Allan Siqueira,

Fátima Cirqueira Previatto e

Wanderlei da Costa.

40

Questionário Pessoal

1) Você já leu alguma história em quadrinhos?

2) Quais são as suas prediletas?

3) Qual o seu autor predileto?

4) Você gosta da linguagem usada nas histórias em quadrinhos? Explique.

_____________________________________________________________________

41

Vamos iniciar com um exercício de criatividade. Imagine a continuação desta

história, solte sua imaginação e DIVIRTA-SE!

42

Conhecendo as Histórias em Quadrinhos

As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio de

desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico da língua falada. Assim,

justifica-se a pesquisa pelo interesse de demonstrar como as estratégias de organização

de um texto falado são utilizadas na construção da história em quadrinhos, que possui

em seu texto escrito, características próximas a uma conversação face a face, além de

apresentar elementos visuais complementadores à compreensão, tornando este estudo

bastante prazeroso, pois a leitura de uma HQ causa no leitor um determinado fascínio

devido à combinação de todos esses elementos.

Não são somente as palavras que transmitem ideias ou comunicam um

pensamento. As imagens também falam e as histórias em quadrinhos utilizam duas

formas de comunicação: uma visual e outra com palavras. O desenho e o colorido

conseguem traduzir, juntamente com a escrita, o que o autor da história em quadrinhos

quer transmitir. O texto constitui uma expressão própria em sua relação com os

elementos visuais. Bem mais que uma tradução literal da imagem, o texto nas Histórias

em Quadrinhos se exprime por intermédio do discurso direto, do diálogo, de

pensamentos e reflexões, além de outras formas narrativas exteriores ou vinculadas à

ação.

43

Elementos das Histórias em Quadrinhos

Balões

O balão é o recurso gráfico utilizado para tornar visível algo naturalmente ausente

na literatura: o som. Através do balão o artista consegue uma instigante visualização

espacial do som. O balão seria o recurso gráfico representativo da fala ou do

pensamento, que procura indicar um solilóquio, um monólogo ou uma interação

conversacional. O quadrinho necessita do balão para a visualização das palavras ditas

pelas personagens. Diferente da literatura, mesmo a ilustrada, os quadrinhos não

precisam indicar ao leitor qual personagem está falando. Esta é a função dos balões que,

com seu apêndice, conforme explicaremos mais tarde, informam a quem está lendo qual

personagem está falando ou pensando aquelas palavras.

Balão de diálogo

Balão de pensamento

Balão de grito

Metáfora Visual

Balão de diálogo - é utilizado para o diálogo entre os personagens.

Balão de pensamento - possui o contorno ondulado, como em forma de nuvem,

formado por pequenos arcos ligados.

Balão de grito – O balão de grito pode vir ―tremido‖ ou parecido com o balão de

diálogo, mas o que realmente o diferencia é o negrito das palavras ou o fato de elas

estarem em um tamanho maior que as outras.

44

Metáfora Visual – são metáforas em desenhos para indicar um sentimento ou um

acontecimento. Ex: um coração saltando do peito com sinal de paixão, notas musicais

indicando um assovio, raiva, etc.

Linguagem

Verbal Visual (icônica)

Sendo um sistema de significação que

utiliza dois códigos em interação, parte da

mensagem das histórias em quadrinhos é

passada ao leitor por meio da linguagem

verbal. Esta vai aparecer principalmente

para expressar a fala ou pensamento dos

personagens,a voz do narrador e os sons

envolvidos nas narrativas

apresentadas,mas também estará presente

em elementos gráficos,como

cartazes,cartas,vitrines etc.A fim de

integrar a linguagem verbal à figuração

narrativa,os quadrinhos desenvolveram

diversas convenções específicas à sua

linguagem ,que comunicam

instantaneamente ao leitor o ―status‖do

enunciado verbal.Assim,os textos verbais

que representam formas de comunicação

dos personagens,internas ou

externas,aparecem nos quadrinhos

envoltos por uma linha circular,próxima à

cabeça do(s) que as expressam.

A imagem desenhada é o elemento básico

das histórias em quadrinhos. Ela se

apresenta como uma seqüência de quadros

que trazem uma mensagem ao leitor,

normalmente uma narrativa, seja ficcional

(um conto de fadas, uma história infantil,

a aventura de um super-herói etc.) ou real

(o relato/reportagem sobre fatos ou

acontecimentos, a biografia de um

personagem ilustre etc.).

À linguagem icônica estão ligadas

questões de enquadramento, planos,

ângulos de visão, formato dos quadrinhos,

montagem de tiras e páginas, gesticulação

e criação de personagens,bem como a

utilização de figuras cinéticas,ideogramas

e metáforas visuais.

Exemplos

Linguagem verbal

45

Linguagem Visual

Discurso Direto e Indireto

Discurso direto Discurso indireto

O discurso é direto quando são os

personagens que falam. O narrador,

interrompendo a narrativa, põe-nas em

cena e cede-lhes a palavra.

O discurso indireto ocorre quando o

narrador utiliza suas próprias palavras

para reproduzir a fala de um

personagem.

Onomatopeias

As onomatopeias são signos convencionais que representam ou imitam um som

por meio de caracteres alfabéticos. Elas variam de país a país, na medida em que

diferentes culturas representam os sons de acordo com o idioma utilizado para sua

comunicação. São fartamente utilizadas na literatura, não constituindo uma convenção

específica das histórias em quadrinhos.

No entanto,é específica dos quadrinhos a plasticidade e sugestão gráfica que as

onomatopeias neles assumiram,ocupando papel importante na linguagem, papel esse

que aumentou consideravelmente nas últimas décadas, impondo um ritmo fremente às

narrativas de ação e participando graficamente na diagramação das páginas.

46

Muito usada nas histórias em quadrinhos, a onomatopeia é uma figura de

linguagem na qual se imita o som com o fonema ou palavra. Ruídos, gritos, canto de

animais, sons da natureza, barulho de máquinas, timbre da voz humana fazem parte do

universo das onomatopeias, como vemos em alguns exemplos abaixo:

47

Agora que aprendemos um pouco sobre as HQ’s, leia com atenção o quadrinho

abaixo para responder os exercícios.

48

1. Após a leitura da história em quadrinhos, responda às questões abaixo:

a) Na história, existe discurso direto e indireto? Por quê?

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b) Retire do texto um discurso direto de um dos quadrinhos.

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c) Escolha um dos quadrinhos e transcreva um discurso indireto.

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d) Defina linguagem verbal e linguagem visual.

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________________________________________________________

________________________________________________________

e) Visualize as onomatopeias abaixo e descreva os sons a seguir:

___________________________ _________________________

49

2. De acordo com que aprendemos sobre o gênero HQ’s, transforme esta

história de linguagem visual para linguagem verbal, inserindo diálogo ao

lado dos quadrinhos.

50

3. Imagine a seguinte situação:

Você e seu melhor amigo (a) ganham uma viagem para assistir os jogos do

Brasil na Copa do Mundo. Como seria essa viagem? Crie sua história em quadrinhos, utilizando os seguintes elementos que compõem as HQ’s:

- Discurso Direto;

- Discurso Indireto;

- Onomatopeias.

51

BIBLIOGRAFIAS

VERGUEIRO, Waldomiro. Como usar as ―Histórias em Quadrinhos na sala de

Aula”. São Paulo: Contexto, 2009.

SITE: wiki. laptop.org/go/Atividade:_Balões_em_HQ

www.marel.pro.br/onomat.htm

www.filologia.org.br/viiicnlf/.../caderno12-11.html

52

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Gênero: Retórica.

Nível: Ensino Médio.

Série: 1º ano.

Autora: Valéria Barbosa de Oliveira Bonifácio.

53

1. APRESENTAÇÃO

“A experiência de pensar o ponto de vista e a argumentação dos outros, principalmente

dos que têm posições contrárias às nossas, representa um salto de qualidade em

nossa capacidade dissertativa. Nosso pensamento fica mais aberto, mais maduro, mais

crítico”. (Emília Amaral, Severino Antônio e Mauro Ferreira do Patrocínio, Novo Manual

Nova cultural, 1991, p.56).

Verificamos que alguns autores retraram a retórica a capacidade de

descobrir o que é adequado a cada caso com o fim de persuadir.

Tal fato dá-nos uma idéia mais profunda e sólida de retórica, que desde

os antigos, foi instrumento comum de filósofos, advogados,promotores,

pregadores e de todos a quantos concerne a comunicação.

Analisaremos peças jurídicas e suas marcas retóricas no discurso do

advogado de causa criminal em processo judicial.

Exemplo de discurso de defesa:

“Olhando friamente os autos, não se chega à conclusão do que se passou naquela

casa. Não estou dizendo: são inocentes. Estou dizendo: Não tem prova que eles

tenham feito, não tem. Me perguntam, mas e a pobre garotinha que morreu. Mas

ninguém está preocupado com os pobres dos garotos que estão vivos? sem.pai, sem

mãe, sem família?” (Roberto Podval,advogado do casal Alexandre Nardoni e Anna

Carolina Jatobá, www.globo.com, acessado em 25/03/2010).

Exemplo de discurso de acusação:

“Mas... se a minha filhinha, que lá de longe me chama com os seus olhinhos doces e

os compridos e encaracolados cabelos de ouro, me fosse restituída num montão

palpitante de lama e de sangue, nem sei do que seria capaz a minha furiosa dor de pai!

E fala-se em evidente especulação, e chama-se vingador iludido, ao irmão que pede

uma indenização para a viúva e para os órfãos do seu irmão?...” (Henrique Ferri,

advogado criminalista italiano).

Você saberia dizer qual seria um argumento de alguém que pensou

o contrário do que você pensa?

54

Escolha uma dupla, um tema e faça uma argumentação e uma contra-

argumentação.

AARRGGUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO

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CCOONNTTRRAA--AARRGGUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO

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MÓDULO 1 –

ESTRUTURA E TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO:

O tema abordado são os gêneros textuais que estão relacionados às

transformações na sociedade.

O gênero jurídico tem por objetivo a acusação ou a defesa sendo

utilizado por um advogado perante o Tribunal.

Desse modo, como identificarmos os argumentos que contribuem para

tornar persuasivo um discurso? Como expor com clareza nosso ponto de vista?

“ Segundo, (Reboul, 2004), As presunções têm função capital, pois constituem o que chamamos de “verossímil”, ou seja, o que todos admitem até prova em contrário. Por exemplo, não está provado que todos os juízes são honestos e competentes, mas admite-se isso; e, se alguém desmente em tal ou tal caso, cabe-lhe o ônus da prova. O verossímil é a confiança presumida”. (p.165).

Para melhor identificarmos os argumentos, analisaremos o exemplo

proposto no Novo Manual Nova Cultural a seguir:

Primeiro você precisa entender o tema.

1. transforme o tema em uma pergunta:

2. procure responder essa pergunta, de modo simples e claro,

concordando ou discordando(ou, ainda, concordando em parte e discordando

em parte): essa resposta é o seu ponto de vista;

3. pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa,um

motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento

principal;

4. agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu

ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos

auxiliares;

56

5. em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a

sua posição. Esse fato exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas

que você ouviu, do que você leu, etc. Ele precisa ser bastante expressivo e

coerente com o seu ponto de vista. O fato exemplo, geralmente, dá força e

clareza à argumentação. Esclarece a nossa opinião. Fortalece os nossos

argumentos.

6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o

rascunho de sua redação.

Tendo como base o caso Isabella Nardoni, escreva um texto abordando

os tópicos apresentados.

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MÓDULO 2 –

LINGUAGEM, FIGURAS E ASPECTOS SEMÂNTICOS.

A linguagem como um todo é basicamente retórica, porque, quando

falamos ou escrevemos, sempre estamos dizendo algo a alguém, por algum

motivo e com alguma intenção.

Figura: Um recurso de estilo que permite expressar-se de modo livre,

transmisivel.

Exemplos:

a) Repetição: “Não te abalaste quando uma mãe te beijou os pes, não

te abalastes?”.

A repetição tem duas funções: emocionar o auditório e ferir a parte

contrária.

b) Trocadilhos: Os trocadilhos mais frequentes são cacofonias em que

uma determinada palavra é pronunciada de forma a parecer outra.

Vejamos alguns exemplos de Cacofonía:

Por cada;

Boca dela;

Vou-me já;

Vi-a;

Uma mão;

Ela tinha;

Confisca gado;

Vi ela;

Como as concebo;

Moça fada;

Essa fada;

Havia dado;

Por ter me tido;

58

Ela havia dado um beijo;

Diz graça;

LEITURA EXTRAÍDA DO SITE: HTTP://

GOZADOS.WORDPRESS.COM

☺☺ CACOFONIA:

O padre pergunta a seu fiel que está no confessionário:

- Meu filho, quais são os seus pecados ?

- Padre, eu comunguei há três anos.

- Ok, meu filho, e quais são os seus pecados?

- Eu comunguei há três anos.

- Está bem meu filho, eu sei que você comungou há três anos.

Isso não é pecado!Conte-me seus verdadeiros pecados…

59

- Padre, estou lhe dizendo:

EU – COMO – UM – GAY – HÁ – TRÊS – ANOS!!!

c) Figuras de sentido: a metáfora diz respeito à significação das

palavras.

Exemplo: Depois que o professor o chamou à atenção, Luís murchou

d) Figuras de pensamento: alegoria, ironia, que dizem respeito à

relação do discurso com seu sujeito (o orador) ou com seu objeto.

Os ditados populares são alegorias contextualizadas:

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”

“Mais vale um pássaro na mão que dois voando.”

Para exercitar escreva nas linhas abaixo um texto com recursos de

estilo escolhido por você: dito popular, alegoria, repetição, trocadilhos ou

figuras de sentido.

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60

MÓDULO 3 - PRODUÇÃO FINAL

Agora imagine que você seja um advogado e tenha que utilizar

argumentos de defesa ou de acusação perante um Tribunal do Júri, no caso

Isabella Nardoni. Diante dos exemplos acima construa um texto argumentativo

de defesa ou acusação.

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Sequência Didática: Gêneros Textuais

Nível: Ensino Médio.

Série / Ano: 2º ano.

Autores: Andréia Garcia de Brito,

Fernando Bispo da Silva,

Fernando Pereira da Silva e

Silvana Santos Paiva.

dddeee sssooommm aaa sssooommm

eeennnsssiiinnnooo ooo sssiiilllêêênnnccciiiooo

aaa ssseeerrr sssiiibbbiiillliiinnnooo

dddeee sssiiinnnooo eeemmm sssiiinnnooo

ooo sssiiilllêêênnnccciiiooo aaaooo sssooommm

eeennnsssiiinnnooo

Paulo Leminski

62

1) Você já compôs um poema? Gostou da experiência?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2) Escreva a seguir um poema que você conhece ou se preferir crie um. Para tanto,

poderá pensar nos seguintes temas:

Sentimentos, tais como o amor ou a amizade.

O futuro do nosso planeta. Pode abordar, por exemplo, a preocupação com o

meio ambiente.

Pode ainda falar sobre algum assunto de que você goste, como um esporte, um

livro, um estilo musical etc.

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63

1 – O POEMA

O poema, como todo o texto do gênero literário, apresenta uma função estética

também chamada função poética.

Existem algumas características próprias do poema, a saber:

1.1 - A RIMA

Rima é a coincidência de fonemas em determinados lugares do verso. Ela

contribui para o ritmo do verso.

Tradicionalmente essa coincidência se dá no final do verso, mas pode aparecer

também no meio.

ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA

ÉS A UM TEMPO, ESPLENDOR E SEPULTURA,

OURO NATIVO, QUE DA GANGA IMPURA

A BRUTA MINA, ENTRE OS CASCALHOS VELA

(Olavo Bilac)

São Paulo! Comoção de minha vida...

Os meus amores são flores feitas de original...

Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...

Luz e bruma... Forno e inverno morno...

(Mário de Andrade)

Quanto ao vocábulo empregado, as rimas podem ser classificadas como:

Pobre: entre palavras da mesma categoria gramatical: amor / flor, amoroso / doloroso,

calar / falar.

Rica: entre palavras de categorias gramaticais diferentes: arde / covarde, penas / apenas,

fino / menino.

Rara: terminações não comuns: vê-la / estrela, sê-lo / pelo, há-de /saudade; cisne /

tisne, estirpe / extirpe.

64

Quanto ao posicionamento, as rimas classificam-se em:

a) emparelhadas: AABB/ AAABBB/ AABBCCDD

b) alternadas ou cruzadas: ABAB/ ABABAB/ ABCABC

c) entrelaçadas ou opostas: ABBA/ ABBBA

d) internas

No poema também pode não acontecer a rima, são os chamados versos brancos,

prática essa adotada pelos Modernistas.

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

(Carlos Drummond de Andrade)

1.2 - O METRO

O metro apoia-se na repetição de três fatos linguísticos: a sílaba, o acento, a

quantidade.

Contam-se as sílabas somente até a última tônica;

O encontro de vogal átona com vogal átona ou de vogal átona com vogal tônica

entre vocábulos leva a uma única sílaba métrica.

A / mor / é / fo / go / que ar / de / sem / se / ver / ;

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É / fe / ri / da / que / dói / e / não / se / sen / te;

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É / um / con / ten / ta / men / to / des / con / ten / te;

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É / dor / que / de / sa / ti / na / sem / do / er / ;

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(Camões)

65

Quanto ao número de sílabas, um verso pode ser:

Monossílabo: uma sílaba poética;

Dissílabo: duas sílabas;

Trissílabo: três sílabas;

Tetrassílabo: quatro sílabas;

Pentassílabo (redondilha menor): cinco sílabas;

Hexassílabo: seis sílabas;

Heptassílabo: (redondilha maior): sete sílabas;

Octossílabo: oito sílabas;

Eneassílabo: nove sílabas;

Decassílabo *: dez sílabas;

Hendecassílabo (datílicos): onze sílabas;

Alexandrino: doze sílabas;

Bárbaros: com mais de doze sílabas.

*Na forma clássica, os versos decassílabos podem ser: heroicos, quando apresentam uma tônica

6ª e 10ª sílaba do verso; e sáficos, se as tônicas forem na 3ª ou 4ª, 8ª e 10ª sílabas.

Alguns poemas não apresentam estrutura de métrica fixa, são os chamados versos

livres, praticados principalmente pelos Modernistas.

Ó / so / li / dão / do / boi / no / cam / po!

1 2 3 4 5 6 7 8

O / na / vio / fan / tas / ma / pas / sa

1 2 3 4 5 6 7

Em / si / lên / cio / na / rua / chei / a

1 2 3 4 5 6 7

Se u / ma / tem / pes / ta / de / de a / mor / caí / sse!

1 2 3 4 5 6 7 8 9

As / mãos / u / ni / das, / a / vi / da / sal / va...

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Mas / o / tem / po é / fir / me. O / boi é / só.

1 2 3 4 5 6 7 8

No / cam / po i / men / so a / tor / re / de / pe / tró / leo.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(Carlos Drummond de Andrade)

66

ESTROFE

De acordo com o número de versos, uma estrofe pode ser:

Monóstico: um

verso;

Terceto: três

versos;

Quintilha: cinco

versos;

Septilha: sete

versos;

Nona: nove

versos;

Dístico: dois

versos;

Quadra

(quarteto): quatro

versos;

Sextilha: seis

versos;

Oitava: oito

versos;

Décima: dez

versos em uma

estrofe.

Existem ainda poemas com estruturas fixas, como o SONETO, composição

poética de 14 versos decassílabos ou alexandrinos, que será sempre no formato 4 – 4 – 3

– 3, ou seja, duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas estrofes de três versos

(tercetos).

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego

Do esforço; e a trama viva se construa

De tal modo, que a imagem fique nua,

Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício

Do mestre. E, natural, o efeito agrade,

Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,

Arte pura, inimiga do artifício,

É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac)

67

1.3 – O RITMO

Releia em voz alta os fragmentos de poemas que utilizamos como exemplos até

aqui e perceba como, apesar de estruturas e de recursos diferentes, todos são marcados

pela sonoridade, pelo ritmo. A grande marca da poesia é justamente esse ritmo – o

chamado ritmo poético. Um poema pode abrir mão de tudo – rima, estrofe, métrica -,

menos do ritmo.

1.4 - PLURISSIGNIFICAÇÃO

A PLURISSIGNIFICAÇÃO indica que dentro desse gênero, um texto pode

assumir múltiplas formas de entendimento. Como, por exemplo, o poema “Rios sem

discurso”, de João Cabral de Melo Neto, que apresenta pelo menos dois planos de

leitura: a constituição dos rios e a construção do discurso.

Quando um rio corta, corta-se de vez

o discurso-rio de água que ele fazia:

cortado, a água se quebra em pedaços,

em poços de água, em água paralítica.

Em situação de poço, a água equivale

a uma palavra em situação dicionária:

isolada, estanque no poço dela mesma,

e porque assim estanque, estancada:

e mais: porque assim estancada, muda,

e muda porque com nenhuma comunica,

porque cortou-se a sintaxe desse rio,

o fio de água por que ele discorria

Grande curso de água natural. Discurso, palavras.

RIO

Vida

Transforma

Verbo mudar MUDA Sem fala

Fluxo do rio SINTAXE Ordenação das palavras

68

Água do rio ÁGUA Palavras do discurso

1.5 - CONOTAÇÃO

Podem surgir novos entendimentos para uma mesma palavra, diferente do que está

padronizado pelos dicionários. É a CONOTAÇÃO;

É NOITE. SINTO QUE É NOITE

NÃO PORQUE A SOMBRA DESCESSE

(BEM ME IMPORTA A FACE NEGRA)

MAS PORQUE DENTRO DE MIM,

NO FUNDO DE MIM, O GRITO

SE CALOU, FEZ-SE DESÂNIMO.

SINTO QUE NÓS SOMOS NOITE,

QUE PALPITAMOS NO ESCURO

E EM NOITE NOS DISSOLVEMOS.

SINTO QUE É NOITE NO VENTO

NOITE NAS ÁGUAS, NA PEDRA.

(Carlos Drummond de Andrade)

No poema de Drummond destaca-se a repetição da palavra NOITE: ―somos

noite‘‘; ―sinto que é noite‘‘, mas o significado dessas expressões foge do padrão que

encontramos no dicionário.

O poeta utiliza mecanismos como a metáfora e a metonímia, o significado da

palavra NOITE, no contexto do poema, nos remete ao valor negativo do termo, como: a

tristeza, a solidão, melancolia, vazio. O ―eu-lírico‖ descarta NOITE e explora seus

significados conotativos.

1.6 - ÊNFASE NO SIGNIFICANTE (Plano da expressão)

Está presente uma ÊNFASE NO SIGNIFICANTE, ou seja, não é só importante o

que o poema expressa, mas também a forma como é expressa a mensagem. Nesse

campo, podem-se utilizar assonâncias e aliterações;

FOGE BICHO

FOGE, POVO

PASSA PONTE

PASSA POSTE

PASSA PASTO

PASSA BOI

(Manuel Bandeira)

69

Verificamos que todos os versos do poema são de três sílabas. Em todos os versos,

o acento tônico recai sobre a primeira e terceira sílaba:

Fo bi

ge cho

Fo po

ge vo

A disposição das sílabas tônicas faz parte do plano da expressão; os acentos

sozinhos não possibilitam a construção do significado. Contudo, no poema há

alternância de sílabas forte/fraca, que produz o movimento do trem e contribui com a

produção do sentido.

1.7 - SINESTESIA

NASCE A MANHÃ, A LUZ TEM CHEIRO... EI-LA QUE ASSOMA

PELO AR SUTIL. TEM CHEIRO A LUZ, A MANHÃ NASCE...

OH SONORA AUDIÇÃO COLORIDA DO AROMA!

(Alphonsus de Guimarães)

Nesse trecho, percebemos pelo trabalho com a linguagem, elementos que aguçam

os diferentes órgãos dos sentidos, tais como: visuais (―a luz‖), olfativas (―tem cheiro‖) e

auditivas (―sonora audição‖).

―A funcionalidade da sinestesia está no efeito curioso e vivo que brota da

associação de sons, cores, cheiros, gostos, texturas e múltiplos estados de espírito‖.

(Platão; Fiorin; 1997)

1.8 - INTANGÍVEL

Dizemos que traduzir ou resumir um poema é traí-lo. Não podemos fazer uma

paráfrase, ou seja, dizer com as nossas próprias palavras o que o eu-poético expressou,

porque esse gênero tem a característica da INTANGIBILIDADE;

Podemos exemplificar da seguinte maneira, é diferente dizer que o amor pode não

durar a vida inteira, mas enquanto durar deve ser intenso e dizer os seguintes versos de

Vinícius de Morais:

“Eu possa me dizer do amor (que tive)

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.”

70

EXERCÍCIOS:

Você já aprendeu as características do gênero poema, agora leia com atenção o

belíssimo poema de Vinicius de Moraes e, com base nos aspectos estudados, responda:

Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente

a) Quanto à estrutura, a que categoria pertence o poema?

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______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

b) O soneto apresenta rima? Identifique-as e transcreva-as aqui:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

c) Quais palavras do ―Soneto da Separação‖ podem apresentar mais de uma

significação? Explique.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

71

2 - FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A linguagem tem diferentes funções que são combinadas de acordo com a

intenção do emissor da mensagem. Ao realizar um ato de comunicação verbal, o

indivíduo escolhe, seleciona as palavras, para depois organizá-las, conforme a sua

vontade. Essa seleção ou combinação não é feita de maneira aleatória e sempre atende

ao propósito do produtor do discurso.

A seguir veremos um esquema básico dos elementos da comunicação em que

operam seis fatores:

referente

emissor mensagem destinatário

código

canal

Quando elaboramos uma mensagem, dependendo da nossa intenção e do sentido

que quisermos dar a ela, podemos ressaltar um desses fatores e definir o caráter de nossa

mensagem, resultando então nas funções da linguagem.

Existem basicamente seis funções da linguagem que correspondem aos elementos

necessários à comunicação, como podemos ver no esquema montado pelo linguista

russo Romam Jakobson:

Referencial

Poética

Emotiva Conativa

Fática

Metalinguística

Fazendo uma superposição dos dois esquemas podemos obter uma visão mais

completa dos fatores fundamentais da comunicação e como eles se relacionam com as

funções de linguagem:

referente

função referencial

mensagem

função poética

emissor destinatário

função emotiva função conativa

canal

função fática

código

função metalinguistica

72

Devemos lembrar que em uma mensagem verbal dificilmente reconheceremos

apenas uma função, ocorre que uma função sempre irá predominar sobre as outras.

2.1 – FUNÇÃO REFERENCIAL OU DENOTATIVA

Essa é a função da linguagem mais comum, a função referencial está voltada para

a informação, está centrada no referente, ou seja, naquilo que se fala. O emissor de uma

mensagem em que predomina essa função terá sempre a intenção de transmitir ao

destinatário fatos da realidade de maneira direta e objetiva, além disso, os textos

geralmente são escritos em terceira pessoa e em linguagem denotativa. A função

referencial prevalece em textos dissertativos, técnicos, instrucionais e jornalísticos.

2.2 – FUNÇÃO CONATIVA

Conativo significa ―relativo ao processo da ação intencional sobre outra pessoa‖.

A função conativa ocorre quando a mensagem se organiza em forma de ordem,

chamamento, apelo ou súplica, em que a intenção do emissor é influenciar, envolver,

persuadir o destinatário.

Os verbos no imperativo, o uso de vocativos e a segunda pessoa (tu / vós, você /

vocês), são marcas gramaticais dessa função.

Anúncios publicitários e discursos de candidatos políticos são bons exemplos para

a função conativa.

73

2.3 – FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA

Nessa função a intenção do emissor ou produtor do texto é manifestar a sua

opinião em relação ao tema abordado, a realidade é transmitida sob o ponto de vista do

emissor, ele tem o propósito de expressar seus sentimentos e anseios. A mensagem em

que predomina a função emotiva tem como resultado um texto subjetivo, geralmente

escrito em primeira pessoa, que revela o temperamento, o ânimo e as emoções do

emissor.

Por ser uma estrutura de mensagem centrada no emissor, apresenta algumas

marcas gramaticais que indicam a função emotiva da linguagem, tais como: verbos e

pronomes em primeira pessoa; interjeições e alguns sinais de pontuação como

reticências e ponto de exclamação – que nada mais são do que revelação do estado

emocional do falante -; e adjetivos valorativos.

Depoimentos, entrevistas, poemas, teatro, letras de músicas e demais

manifestações artísticas, são bons exemplos de textos em que prevalece a linguagem

emotiva.

Eu sei que vou te amar

Por toda a minha vida eu vou te amar

Em cada despedida eu vou te amar

Desesperadamente, eu sei que vou te amar

E cada verso meu será

Pra te dizer que eu sei que vou te amar

Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar

A cada ausência tua eu vou chorar

Mas cada volta tua há de apagar

O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver

A espera de viver ao lado teu

Por toda a minha vida

(Tom Jobim / Vinicius de Moraes)

O texto, apesar de conversar com uma segunda pessoa – ―tu‖, o ser amado -, está

todo centrado no ―eu‖, o emissor da mensagem.

2.4 – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Quando a preocupação do emissor está voltada para o próprio código utilizado. O

código é o tema da mensagem e quando é utilizado para explicar o próprio código

ocorre, então, a função metalinguística ou metalinguagem.

A metalinguagem acontece quando se faz uma definição ou quando se explica ou

se pede explicação sobre o conteúdo da mensagem. Para uma melhor compreensão,

podemos exemplificar a função metalinguística da seguinte maneira: um filme em que o

tema é o próprio cinema, uma peça teatral que tem por tema o teatro, a poesia que fala

da própria poesia ou sobre o ato de escrever, quando usamos a língua para explicar a

própria língua, ou seja, sempre que a linguagem fala sobre a linguagem.

74

Os dicionários e as gramáticas (em forma de livro ou aulas expositivas) também

são considerados exercícios metalinguísticos, pois utilizam a palavra para explicar a

palavra.

Leia este poema de Carlos Drummond de Andrade:

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não sai.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

O tema da poesia é a própria poesia, o poeta descreve a ideia de um verso que não

se realiza. Em um exercício metalinguístico, podemos dizer que o poema é a descrição

do não-poema.

Vejamos mais um exemplo:

Maurício de Souza. Turma da Mônica. In http://portaldoprofessor.mec.gov.br

75

No exemplo, o recurso metalinguístico empregado trata da própria construção dos

quadrinhos. Ao pular o quadrinho da revista para se encontrar com a Mônica de forma

mais rápida, Magali abre espaço para que pensemos na forma como os quadrinhos são

construídos e, mais uma vez, temos uma forma de linguagem que discute sobre ela

mesma.

2.5 – FUNÇÃO FÁTICA

Nesse caso a intenção do emissor é manter contato com o destinatário, para isso

ele prolonga a comunicação ou testa o canal com frases do tipo ―Veja bem‖ ou ―Olha...‖

ou ainda ―Compreende?‖. Essa preocupação com o contato identifica a função fática da

linguagem.

Geralmente as conversas ao telefone são pontuadas por expressões do tipo: ―Está

me ouvindo?‖ ou ―Sim...sei...‖, constituindo-se em bons exemplos do emprego dessa

função.

Aqui, a função fática está nas falas do professor (―Você entende?‖; ―Beto, você

está me ouvindo?‖; ―Beto?!‖). Até mesmo o ―Plim! Plim!‖, famoso por nos remeter a

Rede Globo de Televisão, exerce função fática, pois tem o objetivo de chamar a atenção

do espectador para o canal.

2.6 – FUNÇÃO POÉTICA

A última função da linguagem a ser estudada acontece quando a intenção do

emissor está voltada para a própria mensagem, na função poética existe uma atenção

especial com a arrumação das palavras, quer na seleção e combinação delas, quer na

estrutura da mensagem, quer na organização sintática da frase. Ao escolher e combinar

as palavras de maneira particular o produtor da mensagem procura obter alguns

elementos fundamentais da linguagem poética: ritmo, sonoridade, o belo e o inusitado

das imagens, valores conotativos, figuras de palavras, entre outros.

Nicola, 1994, p.37

76

Convém ressaltar, que em um texto poético você poderá encontrar também as

demais funções da linguagem, mas o valor da poesia encontra-se no trabalho realizado

com a própria mensagem.

Devemos compreender também, que a função poética não é exclusiva da poesia,

podendo ser encontrada em textos escritos em prosa, em slogans, em anúncios

publicitários, e até mesmo em nossa linguagem cotidiana. Observe como a nossa

tendência é sempre dizer ―amizade luso-brasileira‖ e nunca ―amizade brasileiro-lusa‖,

elas significam exatamente a mesma coisa, mas nós usamos a primeira simplesmente

porque ―soa melhor‖.

Um bom exemplo de função poética da linguagem são os provérbios, pois eles

geralmente apresentam frases bem arrumadas, ritmadas e de fácil memorização.

“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.

“Deus ajuda quem cedo madruga”.

Poeminha do contra

Todos esses que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!

(Mário Quintana)

Aplicando a Teoria

1) Um jornalista, ao comentar um livro recém-publicado, escreveu:

―Não teoriza, não explica juízo, é econômico nos adjetivos, narra apenas‖.

Com base nesse comentário, podemos afirmar que, no livro analisado, prevalece qual

função da linguagem? Explique.

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2) ―Beba Coca-Cola‖

Esse famoso slogan, como tantos outros, é uma mensagem muito bem estruturada.

Comente a função da linguagem que predomina na mensagem.

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3) Leia atentamente o texto e identifique as funções de linguagem, destacando

principalmente a função predominante.

―Amor, então,

também acaba?

Não, que eu saiba.

O que sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima‖.

(Paulo Leminski)

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3 – SEMÂNTICA E COMPREENSÃO

A Semântica é ―a ciência que estuda a significação‖. Porém a palavra ciência

remete a um território de pesquisas claramente definidas e, ao contrário disso, conforme

a definição dos linguistas Rodolfo Ilari e João Wanderley Geraldi ―a semântica é um

domínio de investigações de limites movediços‖, ou seja, é uma ciência em que se

debatem problemas em que as soluções não são sempre óbvias.

Esta ciência é importante para a compreensão do enunciado porque possibilita

determinar o sentido de uma expressão ou oração e estabelecer uma relação de

compatibilidade entre os elementos do enunciado.

Dentro dos estudos semânticos, podemos citar alguns conceitos a serem abordados

como: implícitos, frases feitas, conotações e ambiguidades.

3.1 - IMPLÍCITOS

Os implícitos são todas as informações contidas no enunciado, na qual o falante

não se compromete de forma direta com sua verdade.

Alguns enunciados podem veicular informações que não estão explícitas. Essas

informações, que encontramos nas entrelinhas, são classificadas como: pressupostos e

acarretamento.

Pressupostos são as informações enunciadas de forma implícita, que o leitor atento

pode perceber por meio de palavras ou expressões. Para um enunciado ser considerado

pressuposto ele deve sustentar-se mesmo que se negue a informação que veicula.

Na sentença ―Jurema começou a trabalhar ontem‖, pressupomos que Jurema não

trabalhava. Essa informação não pode ser negada, se Jurema não trabalhava antes não

faz sentido dizer que começou a trabalhar.

Subentendidos são implícitos que estão por trás de uma afirmação. O falante

quando diz um subentendido esconde-se atrás do sentido denotativo das palavras e pode

afirmar que não queria dizer aquilo que o receptor entendeu.

Para exemplificar vejamos o seguinte enunciado:

Minha esposa gasta quinze mil reais por mês em roupas e sapatos.

Esse enunciado possibilita duas interpretações:

1. O marido quer dizer que sua esposa gasta muito.

2. Tem muito dinheiro e permite que sua esposa gaste bastante.

3.2 FRASES FEITAS

As frases feitas, também chamadas de expressões idiomáticas, são constituídas de

diferentes palavras no qual o sentido vale para o todo. Não conseguimos estabelecer

sentido analisando as palavras uma a uma, pois as frases feitas manifestam certa fixidez.

Podemos dizer que uma pessoa ‗‘quebrou a cara‘‘ (se deu mal), mas se trocarmos

uma palavra ‗‘ quebrou o pé‘‘ causará outro sentido.

Essas expressões podem assumir o papel de:

- substantivo: dias de glória

79

- adjetivo: figurinhas carimbadas

-verbo: cair em desgraça

-orações inteiras: não se deseja nem para o pior inimigo

3.3 - CONOTAÇÕES

A conotação produz um efeito de sentido pelas escolhas de palavras ou expressões

que permitem depreender a origem do emissor.

Exemplo:

a. Manoel está com um trem no olho!

b. Estou vendo, tem um cisco no olho dele!

Nessa conversa, as palavras trem e cisco dizem respeito a algo que está nos olhos

de Manoel. A escolha dessas palavras nos dá informações sobre a procedência dos

falantes. Deduzimos que a fala do exemplo A pertence a um mineiro, enquanto B a um

paulista.

3.4 - AMBIGUIDADES

A ambiguidade ocorre quando uma expressão pode dar margem a mais de uma

interpretação.

Exemplo:

Vi o rapaz com sua namorada.

O pronome possessivo ―sua‖ possibilita dois sentidos: a namorada em

questão é do rapaz ou do receptor?

receptor? sua namorada rapaz?

Uma subdivisão da ambiguidade é a de segmentação. Quando falamos não

costumamos separar as palavras como na escrita. Isso pode gerar uma segmentação de

sentido, como:

Pedro apaixonou-se pela dona do segundo andar.

peladona

A segmentação das palavras pela e dona admite, além da interpretação de que

Pedro apaixonou-se pela moça do segundo andar, de que esta mesma moça fica sem

roupa em seu apartamento.

80

A ambigüidade de segmentação possibilita que novos significados sejam dados a

determinadas palavras:

Abreviatura: ato de abrir um, carro da polícia.

Caipira: pessoa que cai e fica louca.

Cálice: ordem para ficar calado

Simpatia: concordância com a irmã da mãe.

Talento: anda devagar

3.5 – SINONÍMIA e ANTONÍMIA

Sinonímias são palavras ou expressões que, dentro de um determinado contexto,

apresentam uma igualdade de significação, sem que necessariamente sejam sinônimos

perfeitos.

Da mesma maneira, antonímias são palavras ou expressões que apresentam

sentidos incompatíveis com a mesma situação, que se opõem dentro de um contexto.

Geralmente os autores utilizam esses recursos quando a intenção é evitar a

repetição de palavras.

Vejamos o exemplo:

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego

Do esforço; e a trama viva se construa

De tal modo, que a imagem fique nua,

Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício

Do mestre. E, natural, o efeito agrade,

Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,

Arte pura, inimiga do artifício,

É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac)

Sinonímias: aconchego / sossego

forma / imagem;

sofre / suplício;

beleza / graça;

disfarce / artifício

Antonímias: sossego x turbilhão;

disfarce x verdade;

paciência x teima

gêmea x inimiga

No poema analisado notamos que foram destacadas diversas palavras consideradas

sinonímias e antonímias. A recorrência desses elementos demonstra o caráter descritivo

do poeta Olavo Bilac, por meio desses recursos ele evita a repetição de palavras, uma

vez que pertence ao período literário parnasiano e sua maior preocupação é com a forma

do poema.

81

EXERCÍCIOS

COMPREENDENDO O POEMA

Leia o seguinte poema do escritor Mário de Andrade, em seguida responda as

questões:

Moça linda bem tratada

Moça Linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.

Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió.

Mulher gordaça, filó

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência...

Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

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1) Agora que você já conhece alguns aspectos semânticos, localize e transcreva do

poema:

a) um exemplo de frase feita: ______________________________________________

______________________________________________________________________

b) um exemplo de conotação: ______________________________________________

______________________________________________________________________

c) exemplos de Sinonímias: _______________________________________________

______________________________________________________________________

d) exemplos de antonímias: _______________________________________________

______________________________________________________________________

2) Retire do poema três expressões que apresentem ambiguidade de segmentação.

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3) Comente cada aspecto encontrado e procure destacar o efeito de sentido provocado

por essas expressões, levando em consideração o contexto do poema.

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83

4 – PRODUZINDO O POEMA

Menino de rua

Um pobre garoto dorme seu sono profundo,

Numa esquina deserta de uma noite sombria

Dorme ali mesmo no chão, pois sua casa é o mundo.

O silêncio e a escuridão são a sua companhia.

Logo pela manhã segue sua vida em frente

Numa busca desenfreada por um alimento

Ninguém imagina o que ele sente

Toda sua vida é um tormento

Já sem forças para caminhar, de pés descalços pelo chão,

Até que um senhor percebe sua necessidade

e resolve lhe ajudar, dando um pedacinho de pão.

Seus olhos até brilharam e ao senhor agradeceu.

O garoto que passava despercebido pela cidade

E por muitos anos naquela esquina viveu.

Esse poema foi escrito por uma aluna do segundo ano do ensino médio e ganhou o

primeiro lugar em um concurso de sonetos promovido por uma escola pública da cidade

de São Paulo.

Nós aprendemos as principais características que envolvem o gênero poema,

estudamos também as funções da linguagem e sabemos que este gênero utiliza

principalmente as funções: emotiva, metalinguistica e poética. Conhecemos alguns

aspectos semânticos que podem ajudar na compreensão e também na construção de um

poema.

84

Agora, com base nessas informações, crie livremente o seu poema, pense em

temas como: o amor, os preconceitos ou as desigualdades sociais, as tarefas escolares, a

amizade, a incerteza do futuro, ou qualquer outro tema de sua preferência.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português:

Linguagens. São Paulo: Atual, 2003.

ILARI, Rodolfo; GERALDI, João Wanderley. Semântica. São Paulo: Ática,

1987.

ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica. São Paulo: Contexto, 2006.

NICOLA, José de. Língua, Literatura e Redação. vl. 1. 6 ed. São Paulo:

Scipione, 1994.

PLATÃO, Francisco; FIORIN, José. Para entender o Texto. Leitura e Redação.

São Paulo: Ática, 1997.

PROENÇA FILHO, Domício. A Linguagem Literária. 7. ed. São Paulo: Ática,

2007.

TERRA, Ernani; NICOLA, José. Português. Língua, literatura e produção de

textos. vl. 1. São Paulo: Scipione, 2004.

86

Sequência Didática

Gêneros: Textuais

Nível: Ensino Fundamental II.

Série/ Ano: 7 ano.

Autores: Antonia Alda,

Elizete Dias,

Silvania dos Santos Vaz.

87

Gênero Instrucional:

CARACTERÍSTICAS:

O texto instrucional apresenta duas partes distintas: uma contém a

lista dos elementos a serem utilizados; a outra desenvolve as

instruções (modo de fazer), como, por exemplo, receitas de

culinária.

As listas são semelhantes, em sua forma de construção. Apresentam

substantivos acompanhados de numerais. As instruções são iniciadas

com verbos no modo imperativo (misture, junte, acrescente, etc.) ou por

construções com verbos no modo infinitivo (misturar, juntar, acrescentar,

etc.). Os verbos aparecem acompanhados por advérbios ou locuções

adverbiais que expressam o modo como devem ser realizadas

determinadas ações (lentamente, rapidamente, devagar, vagarosamente,

etc.).

LINGUAGEM:

É um texto que exige muita precisão, pois qualquer troca ou falta

de um dos materiais ou ingredientes causa problemas na execução

da tarefa.

Este bolo é de textura finíssima. Pode ser usado em bolos recheados

para confeitar, bolos gelados, sobremesas geladas com sorvete, base para

tortas de frutas. pavê, etc.

88

INGREDIENTES:

8 ovos batido separadamente

8 colheres de sopa de farinha de trigo

8 colheres de sopa de açúcar

1 colher de sobremesa de manteiga

1 colher de sopa de fermento químico em pó (rasa)

1 pitada de sal

2 colheres de sopa de água

1 colher de chá de essência de baunilha (ou outra a gosto).

MODO DE PREPARO:

Bater as claras em neve com uma pitada de sal. Reservar.

Bater em outra vasilha, as gemas peneiradas, a água, o açúcar, a

manteiga, até ficar esbranquiçado.

Desligar a batedeira, e envolver na mistura das gemas a farinha de trigo

e o fermento.

Em seguida, envolver as claras em neve, delicadamente, e a essência

de baunilha.

Pode-se usar outra essência, de acordo com o bolo, e o recheio em que

o pão-de-ló vai ser aplicado.

Se preferir, não coloque nenhuma essência. Despejar a massa para

assar em um tabuleiro, de preferência de alumínio, forrado com papel

manteiga, untado com manteiga ou margarina.

Levar ao forno pré-aquecido para assar em a 180o C.

89

EXERCÍCIOS:

1- Pense em algum prato que você goste e em seguida escreva sua

receita culinária:

90

Análise da Receita “Bolo textura finíssima”

A receita é um tipo de texto usado em mais de uma área do

conhecimento humano.

Na medicina, por exemplo, pode consentir em uma formula para a

preparação de um medicamento ou na indicação por escrito de remédios.

a-) A que área do conhecimento diz respeito o “bolo”?

R:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b-) Qual é a finalidade dessa receita?Onde esse tipo de receita costuma ser veiculada?

R:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

02 - Observe a estrutura da receita lida:

a) O corpo da receita apresenta 2 partes iniciais. Quais são?

R:___________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

b) O que indica cada parte essencial?

R:___________________________________________________________

_____________________________________________________________

____________________________________________________________

c) Nessa receita, em que medidas as quantidades estão indicadas?

R:___________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

03) Na parte que trata de modo de preparo, os verbos costumam ser

empregado no modo imperativo.

a) Nessa receita, o que os verbos expressam?

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_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

b) Observe a linguagem da receita. Que tipo de variedade foi utilizada?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

c) Além de informar sobre os ingredientes de modo de preparo, quais são

as outras informações que a receita apresenta?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

d) Levando em conta os critérios, finalidades do gênero, suporte/ veiculo,

tema, estrutura e linguagem, conclua: quais são as principais características

da receita culinária escrita?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

Verbos na receita:

O Modo imperativo é o modo verbal que exprime ordem, proibição,

conselho ou pedido.

92

Afirmativo:

O imperativo afirmativo se forma da seguinte forma: a segunda pessoa

do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós) derivam das pessoas

correspondentes do presente do indicativo, suprimindo-se o s do final; as

demais pessoas (ele, nós, eles) não sofrem alterações. Não existe flexão a

primeira pessoa do singular (eu). No verbo ser a 2ª pessoa flexiona-se em sê

no singular e em sede no plural:

falar comer abrir sair

eu - - - -

tu fala come abre saia

você, ele, ela fale coma abra saia

nós falemos comamos abramos saiam

vós falai comei abri saiei

vocês, eles, elas falem comam abram saiam

Negativo:

O imperativo negativo não possui formas especiais. Suas pessoas são

idênticas às correspondentes do presente do subjuntivo, porém não existe

flexão a primeira pessoa do singular (eu):

4 - ) Produza uma receita bem criativa, utilizando tudo que aprendemos:

falar comer abrir sair

eu - - - -

tu fales comas abras saias

você, ele, ela fale coma abra saia

nós falemos comamos abramos saiamos

vós faleis comais abrais saiais

vocês, eles, elas falem comam abram saiam

93

Sequência Didática Gênero: Notícia.

Nível: Ensino Médio.

Série: 3º série.

94

Autores: Flávio Aldo.

Nazaré Pereira da Silva Santos.

Sibele da Cruz Cossa.

Tamires de Oliveira Silva.

Relatório da ONU alerta para risco de destruição acelerada da biodiversidade

Países descumpriram meta de proteção de espécies.

Efeito da Amazônia pode levar à extinção de animais.

95

Do Globo Amazônia, em São Paulo.

Novo relatório das Nações Unidas sobre biodiversidade divulgada nesta

segunda-feira (10) alerta para o risco de degradação e colapso de ecossistemas

importantes para o homem. O documento também atenta para a extinção de espécies em

uma velocidade nunca antes vista.

A meta acordada por governos de diversos países em 2002 para "atingir uma

redução significativa da taxa de perda de biodiversidade" não foi atingida até 2010,

aponta o documento, que se baseia em estudos enviados pelas nações-membro e em

uma projeção de cenários futuros.

O relatório servirá de base para futuras discussões entre líderes mundiais, como na

reunião internacional sobre biodiversidade marcada para outubro, no Japão.

Floresta parcialmente destruída (degradada) na Amazônia. (Foto: Iberê

Thenório/Globo Amazônia).

A ONU alerta que a perda massiva de biodiversidade no planeta é cada vez mais

iminente e que, por consequência disso, a humanidade pode ser prejudicada com a

transformação dos ecossistemas em paisagens muito menos produtivas e úteis ao

homem. Alguns ecossistemas estariam próximos de alcançar pontos-limite para se

transformar irreversivelmente.

Todos os dias deparamo-nos com notícias vinculadas pelos vários meios de

comunicação: telejornais, revistas e jornais, mas você sabe quais os componentes e os

objetivos de uma notícia

96

Para darmos início aos nossos estudos você criará uma notícia a partir da

seguinte situação: Imagine que você está vindo para escola e de repente acontece um

assalto em um banco e existem 7 reféns .

97

Conhecendo a estrutura da notícia

A notícia: Refere-se à informação sobre um fato novo. Olhando por esse ângulo,

podemos dizer que as notícias são mais antigas que os jornais, e que a primeira forma de

transmissão delas, historicamente, foi o boca a boca. Dessa maneira ampla, podemos

afirmar que notícias sempre existiram.

O gênero notícia jornalística, porém, passou a existir com o nascimento dos

jornais, no início do século XVII, na Europa. Antes dos jornais, as notícias de caráter

político, jurídico, social e econômico ficavam nas mãos dos governantes e da igreja, e

eram transmitidas oralmente, somente em momentos que interessavam a essas esferas

de poder. Fora desses momentos, poucos tinham acesso a elas.

O desenvolvimento do comércio, porém, ampliado pelas grandes navegações a

partir do século XVI, favoreceu o desenvolvimento de conhecimentos científicos e

tecnológicos.

A invenção da imprensa é resultado desse momento.

Com ela, a divulgação dos conhecimentos ficou facilitada.

Além disso, é na época do desenvolvimento comercial que um número maior de

pessoas torna-se alfabetizada e pode ter acesso ao conhecimento pela leitura, inclusive

de jornais. Os jornais, pois, são ―filhos‖ dessa época, e as notícias, sua seção mais

importante e razão de ser.

Notícias jornalísticas hoje: Ao examinar a situação de comunicação a primeira

coisa que se observa é o porquê de sua importância nos jornais. Atualmente,

informações e conhecimentos são produzidos em grande quantidade e velocidade e as

novidades a ser divulgadas são muitas. A notícia jornalística é o canal perfeito para

levar fatos novos e relevantes, de todas as áreas, aos leitores. Por seu caráter de

novidade e relevância, são elas que vendem os jornais.

98

Elementos imprescindíveis na produção escrita das notícias

A organização do texto da notícia:

É determinada pela novidade e relevância.

MANCHETE: Para chamar a atenção dos leitores, ele se inicia com uma bem

objetiva, com os verbos no presente.

LEAD: ou primeiro parágrafo: contém as informações básicas sobre o fato

noticiado. Nele, os verbos no pretérito perfeito – de modo a indicar um fato que se

concluiu, se o noticiado já ocorreu – ou verbos no futuro – se a notícia anuncia um fato

que irá acontecer. O lead nunca se inicia pelo verbo; ele começa pela indicação do fato e

pela descrição das circunstâncias mais importantes em que o fato ocorreu, isto é, o que

ocorreu, como, quando e onde.

O FATO noticiado é, então, essencial na produção das notícias jornalísticas.

Nelas, comunicam-se apenas fatos importantes, que podem interessar a muitas pessoas.

Fatos corriqueiros, mesmo que sejam novidades, não servem para a constituição das

notícias de jornal, pois não chamam a atenção de grandes grupos de leitores.

O LEITOR: ―para quem se escreve‖, sempre presente nas situações de produção

de linguagem. É preciso considerá-lo para saber ―como‖ escrever. Uma vez que os

jornais são dirigidos a diferentes públicos, a seleção dos fatos noticiados e o modo de

escrever as notícias dependem do perfil do público a quem o jornal (seu espaço de

circulação) é dirigido, interferindo no estilo da redação do texto.

A IMPRESSÃO DE VERDADE E ISENÇÃO: que a notícia precisa causar é

também uma forte marca do gênero. Para garantir a sensação de isenção de opinião, as

notícias são escritas em terceira pessoa. Só aparece primeira pessoa quando, na notícia,

são inseridas falas de participantes ou observadores do fato noticiado. Assim, se houver

opinião, ela é das testemunhas oculares e não do jornal, que guarda o aspecto de

neutralidade pretendido. A isenção de opinião nas notícias é sempre algo que o jornal

pretende, mas não alcança. Sabemos que, na realidade, as notícias sempre trazem o

ponto de vista do jornal que as publicou. Basta comparar as notícias sobre um mesmo

fato, publicadas em jornais de tendências diferentes. Elas sempre vão trazer, em sua

linguagem, formas de dizer próprias de cada jornal. Embora não sejam isentas de

opinião, as notícias e todo o conteúdo dos jornais representam uma forma importante de

democratização do conhecimento. Lê-las com consciência da situação em que foram

produzidas (o momento político, a tendência ideológica do jornal, o tipo de leitores aos

quais ele se destina) favorece a formação do leitor crítico, aquele que tanto desejamos

formar.

A NOTÍCIA: informação sobre um fato novo. Olhando por esse ângulo, podemos

dizer que as notícias são mais antigas que os jornais, e que a primeira forma de

transmissão delas, historicamente, foi o boca a boca. Dessa maneira ampla, podemos

afirmar que notícias sempre existiram.

A INVENÇÃO DA IMPRENSA: é resultado desse momento. Com ela, a

divulgação dos conhecimentos ficou facilitada. Além disso, é na época do

desenvolvimento comercial que um número maior de pessoas torna-se alfabetizada e

pode ter acesso ao conhecimento pela leitura, inclusive de jornais. Os jornais, pois, são

―filhos‖ dessa época, e as notícias, sua seção mais importante e razão de ser.

NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS HOJE: Ao examinar a situação de comunicação o

primeiro aspecto que se observa é o porquê de sua importância nos jornais. Atualmente,

informações e conhecimentos são produzidos em grande quantidade e velocidade e as

novidades a ser divulgadas são muitas. A notícia jornalística é o canal perfeito para

99

levar fatos novos e relevantes, de todas as áreas, aos leitores. Por seu caráter de

novidade e relevância, são elas que vendem os jornais.

A linguagem do gênero notícia.

Linguagem formal Linguagem informal

Aquela que utilizamos em algumas

situações formais tais como: entrevista de

emprego, apresentação de seminários,

debates e etc. Além disso, utilizamos a

linguagem formal para produzirmos os

vários tipos de textos.

É utilizada no nosso dia a dia nos diálogos

informais como conversa entre amigos, e

familiares.

100

Agora que aprendemos os elementos imprescindíveis na produção escrita das

notícias:

1-) Observando os parágrafos extraídos do texto descrito acima identifique os tipos

de linguagem formal e informal de acordo com a exemplificação abaixo

assinalando a alternativa correta.

A=) Na minha escola, entre os mais velhos, difícil é achar quem nunca usou

nenhuma dessas coisas".

( ) linguagem formal.

( ) linguagem informal.

B=) "Precisamos preparar os professores para que eles saibam abordar o

problema de drogas nas escolas, além de realizar o encaminhamento adequado

para a rede de serviços de atenção a usuários e seus familiares".

( ) linguagem formal.

( ) linguagem informal.

C=) O problema já bateu às portas da cúpula da educação pública no Brasil.

( ) linguagem formal.

( ) linguagem informal.

101

D=) "A ainda há uma demanda reprimida de mais de 15.000 vagas", afirma

Paulina, da Senad.

( ) linguagem formal.

( ) linguagem informal.

2-) Transcreva os elementos solicitados.

A. Manchete:

B. Lead:

C. Fato:

D. Leitor:

102

A linguagem na prática

Drogas: o perigo ronda as escolas

á experimentei maconha,

ecstasy, LSD e lança

perfume, sempre em

festas e na companhia de

amigos. Na minha

escola, entre os mais velhos, difícil é

achar quem nunca usou nenhuma dessas

coisas. A declaração é de uma garota de

apenas 14 anos, que estuda em um

colégio de classe média de São Paulo. Há

ainda um dado a ser acrescentando na já

preocupante relação entre jovens e

drogas: a escola, local onde crianças e

adolescentes passam a maior parte do

tempo, vem se tornando a porta de

entrada para o mundo da experimentação.

"É ali que os jovens aprendem a beijar e

têm sua iniciação sexual, mas também

pode ser ali o lugar onde eles terão o

primeiro contato com as drogas", afirma

Ronaldo Laranjeira, psiquiatra e

coordenador da Unidade de Pesquisa em

Álcool e Drogas na Faculdade de

Medicina da Universidade Federal de São

Paulo (Unifesp). "Geralmente, a

experiência começa com drogas legais,

como álcool, tabaco e cola de sapateiro.

Em seguida, entram as drogas ilícitas e,

entre essas, a maconha está em primeiro

lugar quando se trata de ambiente

escolar."

Não há números globais sobre a

penetração das drogas na escolas

brasileiras. Contudo, a impressão

generalizada e os dados esparsos indicam

que ela avança. "Pesquisas locais já

apontavam para o uso precoce dessas

substâncias", revela Paulina Vieira

Duarte, titular da Secretaria Nacional

Antidrogas (Senad).

Aula anti-droga - O problema já bateu às

portas da cúpula da educação pública no

Brasil. Prova disso é que, no próximos dia

17, professores de todo o país encerrarão

um curso de capacitação à distância para

lidar com o assunto. A ação é uma

parceria entre o Ministério da Educação

(MEC), a Universidade de Brasília (UnB)

e a Senad.

O objetivo é formar profissionais capazes

de abordar adolescentes já usuários de

drogas e conscientizar aqueles que ainda

não se envolveram com esse tipo de

problema. Constam do treinamento

também orientações sobre como lidar

com uma constatação crescente: o

consumo e eventualmente até o tráfico de

drogas se dá dentro dos muros da escola.

O crescimento do números de

profissionais treinados pelo MEC dá uma

ideia da evolução desses problemas: em

2004, na primeira edição da capacitação,

foram 5.000 educadores provenientes de

mil escolas públicas do país. Neste ano,

serão 25.000, de 4.658 unidades de todos

os estados.

"A ainda há uma demanda reprimida de

mais de 15.000 vagas", afirma Paulina, da

Senad. "Precisamos preparar os

professores para que eles saibam abordar

o problema de drogas nas escolas, além

de realizar o encaminhamento adequado

para a rede de serviços de atenção a

usuários e seus familiares".

De acordo com pesquisa realizada pelo

Centro Brasileiro de Informações sobre

Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da

Unifesp, 57% dos jovens entre 12 e 17

anos consideram que obter drogas em

"qualquer momento" é "muito fácil". Em

2001, 48,3% já tinham ingerido álcool;

três anos depois, eram 54,3%. O consumo

de maconha também subiu: de 6,9%, em

2001, para 8,8% em 2005.

103

3-) Acreditando no processo de aprendizagem e

conhecimento estudado sobre o gênero notícia. Construa um

texto apoiando-se nos elementos que formam a composição

textual desse tipo de gênero. Observando a coerência, a

coesão e a língua. (texto devera conter entre 15 á 25 linhas)

104

Referências Bibliográficas

Site: http://www.globonoticias.com.br