direito hebraico

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A história do Direito Hebraico se caracteriza por um sistema único, mesmo durante a confederação das 12 tribos e dos reinos independentes de Israel e Judá. O período de exílio dos judeus na Babilônio e seu retorno, com auxílio dos medos-persas, com a autorização de Artaxerxes, introduziu práticas que alteraram o sistema de punições até então utilizado. Direito Hebraico Antigo

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Resumo sobre direito hebraico

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Page 1: Direito Hebraico

A história do Direito Hebraico se caracteriza por um sistema único, mesmo durante a confederação das

12 tribos e dos reinos independentes de Israel e Judá.

O período de exílio dos judeus na Babilônio e seu retorno, com auxílio dos medos-persas, com a

autorização de Artaxerxes, introduziu práticas que alteraram o sistema de punições até então utilizado.

Direito Hebraico Antigo

Page 2: Direito Hebraico

A civilização hebraica legou apenas um grupo de 23 documentos, que reunidos, são conhecidos como

Bíblia Hebraica (Velho Testamento) no mundo cristão ou Tanakh, pelos judeus.

Civilização hebraica

Page 3: Direito Hebraico

A parte hebraica da Bíblia, a Tanakh, é a única fonte para estudar o Direito Hebraico antigo, pois foi escrita, transmitida e conservada como livro

sagrado.Daí, é preciso fazer uma delimitação entre o que é

sagrado e o que é profano: identificar o Direito independentemente das suas convicções religiosas.Apesar de a Bíblia ser conhecida no mundo todo, é

pouco conhecida como fonte de estudo do Direito Hebraico.

Fonte do Direito Hebraico - Tanakh

Page 4: Direito Hebraico

O Velho Testamento foi escrito originalmente em hebraico e uma pequena parcela em aramaico.

Houve muitas traduções e muito desconhecimento de como foram feitas, visto que os originais não

mais existem.O principal texto manuscrito das edições impressas

em hebraico é o Codex Leningradensis, produzido por Samuel Bem Jacó em 1008 d. C. Trata-se do

texto mais antigo com a totalidde do texto da Bíblia Hebraica.

O problema das traduções

Page 5: Direito Hebraico

As edições católicas possuem 47 livros (7 apócrifos), a protestante 39. Já a Tanakh tem 24 livros.

Tanakh é um acrônimo de Torah (pentateuco), Neviim (profetas anteriores e posteriores) e Ketuvim

(coletânea de escritos).Tratam-se dos mesmos livros, com organização

diferente, correspondentes aos 39 da Bíblia Hebraica produto da Reforma Protestante e os 46 da Igreja Católica (com exclusão dos apócrifos).

Católicos, protestantes e judeus

Page 6: Direito Hebraico

A Bíblia Hebraica, conforme a divisão da Tanakh, é composta pelos seguintes livros:

Torah – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio;

Neviim – Josué; Juízes, (1+2 Samuel), (1+2 Reis), Isaías, Jeremias, Ezequiel, (Joel + Amos + Abdias + Jonas + Miquéias + Naum + Habacuc + Sofonias +

Ageu + Zacarias + Malaquias;Ketuvim – Salmos, Jó, Provérbios, Rute, Cântico dos

Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, (Esdras + Neemias), (1 + 2 Crônicas).

A divisão da Tanakh

Page 7: Direito Hebraico

O Talmud é complementar à Tanakh e foi escrito entre II e VI d. C. Israel como nação soberada existiu até 70

d. C., com a destruição do Segundo Templo pelos romanos.

Assim, o Direito Hebraico deixou de ser um sistema real, passando a ser uma discussão teórica.

Talmud

Page 8: Direito Hebraico

A Torah, cinco livros do Pentateuco, é considerada pelos judeus como a forma escrita dos ensinamentos

dados por Deus a Moisés.O Talmud é o registro da forma oral de como Moisés

transmitiu os ensinamentos aos sábios da sua geração. Essa transmissão de geração a geração foi

feita oralmente, sem registro escrito.Essa tradição oral começou a ser escrita em II d. C.,

passando a ser conhecida como Mishna, que foi estudada em escolas rabínicas em Jerusalém e Babilônia, originando a Guemara (comentários à

Mishna).

Registro da forma oral

Page 9: Direito Hebraico

Havia uma Guemara em Jerusalém e outra Guemara na Babilônia. Por isso, há um Talmud de Jerusalém e o

Talmud da Babilônia.Estuda-se o Talmud Babilônico por ser mais completo que o Talmud de Jerusalém, sendo concluído em VI d.

C.A estrutura fundamental do Talmud é a organização

utilizada desde o início para a Mishna.

Talmud de Jerusalém e da Babilônia

Page 10: Direito Hebraico

A Mishna era dividida em seis sessões básicas (Sedarim – Ordens). Cada Ordem era subdividida em

tratados e cada tratado em capítulos. No total: 63 tratados e 517 capítulos.

Mishna – seis divisões

Page 11: Direito Hebraico

1. Zeraim (sementes): 11 tratados, 74 capítulos2. Moed (festas): 12 tratados e 88 capítulos

3. Nashim (mulheres): 7 tratados e 71 capítulos4. Nezikin (danos): 10 tratados, 73 capítulos

5. Kodashim (objetos santos): 11 tratados, 89 capítulos6. Tahorot (pureza): 12 tratados, 136 capítulos.

Para o estudo do Direito Hebraico, foca-se a ordem Nezikim, que inclui tratados associados com a lei

criminal, o Tratado San’hedrin e o Tratado de Makot.

Ordens, tratados e capítulos da Mishna

Page 12: Direito Hebraico

Tratado Capítulos

Folhas

Assunto

Bava Cama 10 119 Danos diretos e indiretos

Bava Metsia 10 119 Perdas, empréstimos, trabalhos, contrato por salário

Bava Batra 10 176 Sociedade, vendas, promissórias e herança

San’ Hedrin 11 113 Tipos de tribunais, lei criminal, princípios de fé

Makot 3 24 Punição por flagelação

Shevuot 8 49 Juramentos

Eduiot 8 Coletânea de testemunhos sobre vários assuntos

Avodá Zará 5 76 Afastar idólatras e práticas de idolatria

Avót 5 Ética e ensinamentos morais

Horaiot 4 14 Vereditos errados de tribunais e sua retificação

Ordem Nezikim

Page 13: Direito Hebraico

A primeira impressão completa do Talmud babilônico ocorreu em 1520 pelo editor Daniel Bomberg.

Cada página, o texto da Mishna e da Guemara ocupam posição central, cercados de comentários do Rabbi

Solomon ben Isaac (1040-1105) e Tosafot (adições e complementos).

Também há comentários de outros rabinos, correções e emendas ao texto.

Primeira impressão do Talmud babilônico

Page 14: Direito Hebraico

Compreende 20 séculos entre 2000 a. C. e 135 d. C. De 40 a 20 séculos distantes da era atual.

Sistemas políticos:1. Povo nômade

2. Confederação de tribos3. Reino unido

4. Dois reinos separados5. Nação súdita de diferentes governos de nações

estrangeiras (Assíria, Pérsia, Grécia e Roma)

História de Israel I

Page 15: Direito Hebraico

A história da Israel pode ser divididas em períodos:

1. Patriarcal – séc. XXI a XVI a. C. – povo nômade;

2. Confederação – séc. XVI a XII a. C. – formado por 12 tribos, tempo dos juízes;

3. Reino Unido – séc. XII a séc. X a.C. – uma monarquia com os reinados de Saul, Davi e Salomão;

4. Reino Dividido – séc. X a séc. VI a.C. – reinos do norte (capital em Samaria) e do sul (capital em Jerusalém);

5. Vassalagem – séc. VI a séc II a.C. – cativeiro na Babilônia, retorno à Palestina com construção do 2º templo, que se encerra com a destruição do mesmo pelos romanos em 70 d.C. ou 135 com a

eliminação da revolta de Bar Kochba (135 d.C.), com a submissão aos persas, gregos e romanos, que influíram no Direito Hebraico.

Em 135 d.C., deixou de ser um Estado por 18 séculos. Só em 14 de maio de 1949, foi criado um Estado judeu em território judaico.

História de Israel II

Page 16: Direito Hebraico

Sociedade pastoral semi-nômade – criação de gado, movimentando-se em caravanas de mulas de uma

pastagem para outra.Abraão, Isaac e Jacó são os líderes de clãs de

diferentes famílias.O poder se concentrava no líder do clã – paraassuntos

internos ou externos.Uma falha do líder quanto a expulsar o membro culpado

do clã, ou puni-lo, como satisfação ao clã que assim reclamava, resultava em guerra contra todo o clã:

princípio da responsabilidade coletiva.

Povo nômade

Page 17: Direito Hebraico

Preenchia todas funções públicas: sacerdote do Deus dos antepassados, líder militar em tempos de guerra e

migração, juiz nas questões legais internas e representante do clã perante outros clãs.

Tinha poder absoluto sobre os membros do clã, podendo condená-los à morte ou vendê-los como

escravo.Só com a centralização da justiça, mais tarde, o filho não poderá ser punido pelo pai, devendo ser julgado

pelos anciãos.

Líder do clã

Page 18: Direito Hebraico

No final do séc. XVI a.C., depois de cerca de 200 anos no Egito, os judeus voltam para a Palestina, tendo Moisés como líder e legislador. Iniciou-se o período dos juízes – confederação formada por 12 tribos.

Juízes eram chefes militares, que governaram por 420 anos.

Depois do cativeiro do Egito

Page 19: Direito Hebraico

Os quatro últimos livros do Pentateuco falam da transição do sistema de clãs para uma nação.

O que estabeleceu uma unidade entre as diferentes tribos foi a “Lei Comum” da comunidade estabelecida

pelo decálogo e outras leis.O sistema tribal foi absorvido pela estrutura de uma nação. O julgamento do filho rebelde, por exemplo,

passou a ser feito por um tribunal local e o primogênito não podia mais ser deserdado.

Com relação aos homicídios, semelhantemente aos gregos, cabia um parente da vítima a vingança de

sangue, depois de um julgamento.

A formação de uma nação

Page 20: Direito Hebraico

As funções sacerdotais foram transferidas do líder do clã para uma classe de clérigos, os Levitas, com o controle de um sumo sacerdote descendente de

Aarão.O Conselho de Anciãos era uma instituição nacional. A

confederação de tribos tornou-se organização militar, cada tribo contribuindo com tropas em caso de guerra.

Os primeiros reis foram escolhidos por chamado divino para salvar Israel de seu inimigo. Aos poucos, o rei tinha exército, serviço de funcionários, organizava adoração religiosa e administrava justiça. O rei de

Israel não tinha status divino.

A Classe dos clérigos

Page 21: Direito Hebraico

A propriedade das terras era atribuída a Deus pela lei de Israel, o rei não podia reclamar propriedade

privada, exceto daquelas que tinha direito pela lei e costume. Mas, na prática, nem sempre os reis de

Judá e Israel respeitassem isso.O rei ao assumir o trono assumia as propriedades e pertences do seu antecessor, inclusive as esposas e

concubinas.

As propriedades de terras

Page 22: Direito Hebraico

Com a morte de Salomão (997 a.C.), houve uma separação em: um reino no norte, Israel, com capital na Samaria e um reino no Sul, Judá, com capital em

Jerusalém. Roboão, filho de Salomão, foi rei de Judá. Sua dinastia, a de Davi, governou Judá até 670, até

ser conquistada por Nabucodonossor.Jeroboão foi o 1º rei do norte, tendo a sucessão dos reis

baseada no modelo usado para os juízes. Entretanto, alguns tentavam estabelecer uma dinastia. Findou coma queda da Samaria para os assírios em 740.

Só com um decreto de Ciro, que derrotou os assírios, os judeus retornaram a Jerusalém.

Os dois reinos

Page 23: Direito Hebraico

A fonte de informação mais importante é a Torah, o Pentateuco, porém, vários códigos, leis e práticas

relativas à administração da justiça estão incluídos na sequência das narrativas que se iniciam com a

sociedade patriarcal dos tempos de Abraão e se estendem até o pós-exílio na Babilônia.

Direito Hebraico

Page 24: Direito Hebraico

As partes da Tanakh que interessam ao estudo do Direito estão, na maior parte, na Torah, principalmente em Êxodo, parte de Deuteronômio e 2

Crônicas.

Êxodo – 20:2-17 – Decálogo transmitido por Deus a Moisés. Repetido em Deuteronômio 5

Êxodo – 20: 23-23-19 - mandamentos e instruções, com questões morais e judiciais – “Livro do Pacto”

Êxodo 25-31; 35-40; Levítico 1-27; Números 1-10 – instruções para santuário portátil (tabernáculo), instruções operacionais e leis do

sacerdócio;

Êxodo 34: 11-26 – nova série de mandamentos transmitidas a Moisés no Monte Sinai – novo decálogo

Deuteronômio 10-26 – código de leis dirigido aos israelitas

Códigos de Leis

Page 25: Direito Hebraico

Leis apodíticas – leis que tem a forma de asserção categórica e incondicional de certo e errado. Ex. 10 mandamentos

Leis casuísticas – forma mais complexa de leis, também encontradas em outros sistemas jurídicos. Define um caso específico, distinguindo-o de outro similar, estipulando consequência legal. Estabelece responsabilidades legais.

Leis Apodíticas e Casuísticas

Page 26: Direito Hebraico

Patriarca substituído pelos juízes que também eram líderes e comandantes militares. Posteriormente, nomeações militares e judiciais foram assumidos pela Coroa, havendo tribunais estabelecidos pelo rei. (2 Crônica)

Havia juízes especiais atuando com anciões locais como tribunal de primeira instância. Em Jerusalém, havia tribunal superior formado por sacerdotes levitas e israelitas.

Administração da justiça

Page 27: Direito Hebraico

Propriedades, contratos, família e sucessão, separados de crimes e punições.

Sociedade patriarcal – principais bens – ovelhas, jumentos, touros, servos e servas – aquisição de propriedades pela compra e venda pacíficas.

Tribos confederadas – divisão as propriedades e bens das cidades canaanitas.

Período monárquico – grandes extensões de terra e cultivo com escravos e trabalhadores contratados. Propriedades pessoais mudavam pouco de dono, capital nas mãos de poucos.

Relações civis

Page 28: Direito Hebraico

São raros os contratos formais e escritos. Acordos e promessas tinham base religiosa, sendo o juramento a forma mais comum de compromisso. Havia o costume de matar um animal para formalizar o pacto, com a presença de testemunhas. Algumas vezes, erguia-se uma coluna ou pilha de pedras como memorial. Com a escrita, havia registro na pedra para formalizar o pacto.

Contratos

Page 29: Direito Hebraico

Casamentos eram realizados contraídos dentro do grupo familiar. Cada membro do grupo tinha obrigação de manter sua integridade, resgatando algo perdido: sangue de irmão assassinado, liberdade de irmão pobre que virou escravo, propriedade vendida fora da família, viúva de irmão falecido para que ela viesse a casar fora da família.

A endogamia era normal. A mulher era considera propriedade do marido ou pai e tinha o mesmo tratamento dado a outros bens. O sucessor podia reivindicar as concubinas e até mesmo as esposas do falecido.

No período monárquico, houve maior ocorrência da exogamia.

Família

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O primeiro período (contrato) era o noivado. Uma transação comercial entre o pai da noiva ou seu representante em virtude de um pagamento (mohar). Isso assegurava ao noivo o direito à noite. Era simular à compra de um escravo.

O casamento era transação oral, na presença da comunidade, que agiam como testemunhas.

Em casos de viuvez da mulher, havia a lei do levirato – casava-se com o cunhado. Se o marido morria sem deixar um filho, sua mulher não podia se casar com alguém fora do grupo, mas, sem qualquer formalidade, se tornava esposa do irmão. Este poderia liberá-la da obrigação pelo ritual da “remoção da sandália”.

Casamentos

Page 31: Direito Hebraico

Era transmitida ao filho mais velho pelo pai diante de bênção especial. Era permitido escolher filho mais novo como seu sucessor, se o mais velho fosse considerado indigno.

Se não houvesse filhos homens, as filhas passavam a ter direitos sobre a herança desde que se casassem com pessoas do mesmo clã.

Quando o pai estava vivo, provavelmente, o filho não tinha bens.

Liderança da família

Page 32: Direito Hebraico

Sociedade patriarcal judaica era baseada na responsabilidade coletiva.

O marido tinha responsabilidades com os votos de sua mulher, o pai pela prostituição da família. Animais podiam ser punidos por atos criminosos.

Responsabilidade

Page 33: Direito Hebraico

As palavras equivalentes a crime são pecado, transgressão e iniquidade.

A transgressão de qualquer lei é considerada ofensa séria, pois ofende a Deus.

Transgressão de lei mandatória – punição por conta de Deus – violação de dever religioso.

Transgressão de lei proibitiva – punição estabelecida por tribunal de justiça.

Crimes e punições

Page 34: Direito Hebraico

- Crimes puníveis com a morte. – aplicada pelo resgatador de sangue.

- Crimes puníveis pelo karet, eliminação. – crimes de ordem pública, pelo apedrejamento, fogo ou espada.

- Crimes puníveis pelo banimento.- Crimes puníveis pela flagelação. – ofensas mais simples,

como brigas- Crimes puníveis pela lex talionis.- Crimes puníveis pela escravidão penal.

O pagamento de multas era limitado, mais em casos de roubo. Após o retorno da Babilônia, foi ampliado para confiscação de bens. Prisão foi introduzida como costume persa.

Classificações de Crimes