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351 Conceito A Recife n. 3 p.351-398 2012 Estudo da aplicabilidade de recursos tecnológicos especializados no processo de ensino aprendizagem de alunos com necessidades especiais FACULDADE SÃO MIGUEL CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS ANDRÉIA MARQUES DE ANDRADE ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOS TECNOLÓGICOS ESPECIALIZADOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS RECIFE 2012 ANDRÉIA MARQUES DE ANDRADE ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOS ECNOLÓGICOS ESPECIALIZA- DOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSI- DADES ESPECIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Letras, da Faculdade São Miguel, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciatura em Letras com habilitação em língua portuguesa e inglesa. ORIENTADOR AMADEU SÁ DE CAMPOS FILHO ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOS ECNOLÓGICOS ESPECIALIZA- DOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSI- DADES ESPECIAIS Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito __ em __/__/____. Banca Examinadora _______________________________________________ Prof.º João Murilo dos Santos (Faculdade São Miguel) _______________________________________ Prof.ª Daniele Siqueira Veras (Faculdade São Miguel)

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FACULDADE SÃO MIGUEL CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS

ANDRÉIA MARQUES DE ANDRADE

ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOSTECNOLÓGICOS ESPECIALIZADOS NO PROCESSO

DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOSCOM NECESSIDADES ESPECIAIS

RECIFE2012

ANDRÉIA MARQUES DE ANDRADE

ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOS ECNOLÓGICOS ESPECIALIZA-DOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSI-DADES ESPECIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Letras, da Faculdade São Miguel, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciatura em Letras com habilitação em língua portuguesa e inglesa.

ORIENTADORAMADEU SÁ DE CAMPOS FILHO

ESTUDO DA APLICABILIDADE DE RECURSOS ECNOLÓGICOS ESPECIALIZA-DOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSI-DADES ESPECIAIS

Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito __ em __/__/____.

Banca Examinadora

_______________________________________________ Prof.º João Murilo dos Santos (Faculdade São Miguel) _______________________________________ Prof.ª Daniele Siqueira Veras (Faculdade São Miguel)

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A Deus pelo dom da vida. Aos meus pais pelo amor e paciência.

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus que é o Deus que tudo pode, e dá sabedoria aos sábios e inteligência aos inteligentes, que é quem me permitiu ir muito além do que eu sonhava lá naquela infância de saudades quando brincava de “es-colinha”. Aos meus pais, José e Vanja, e ao meu namorado, Daniel, que pacientemente me incentivaram nos momentos de desânimo e cansaço, além da compreensão que tiveram nos momentos em que me fiz ausente para elaboração desse trabalho. À minha querida e amada “vovó Flor”, que apesar de sempre me dizer que eu não precisava estudar tanto, me deu abrigo e cuidados essenciais para a realização desse sonho. Aos meus primeiros educadores, que além de me darem formas comportamentais, também me apoiaram e investiram no início dessa minha caminhada em busca do saber. Aos amigos de turma, pela partilha do aprendizado e pela troca de conhecimentos e experiências, como também pelo companheirismo que nos uniu no decorrer desses anos de convivência, em especial a minha melhor amiga e companheira de todas as horas Elizangela Albuquerque. A todos os mestres, que ao invés de facilitarem minha forma de raci-ocínio, problematizaram para que eu pudesse pensar e crescer em con-hecimento significativo. À minha coordenadora, Profª Madge Shuller , que me apresentou as técnicas do ofício que escolhi, proporcionando mais habilidade, competência e ética nessa área. Ao meu orientador professor, Amadeu Campos, pela disponibilidade em responder as minhas inquietações relacionadas a pesquisa, organizando-as e norteando-as para que a conclusão desse trabalho fosse bem sucedida. A todos, o meu mais sincero agradecimento. RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo principal pes-quisar a importância da aplicabilidade de recursos tecnológicos especiali-zados no processo de ensino-aprendizagem de alunos com necessidades especiais. Como objetivos secundários procura elencar os tipos de recursos tecnológicos que facilitam a construção de conhecimento destes alunos, descrever as vantagens que advêm do uso dessas tecnologias e propor uma reflexão sobre a

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necessidade das escolas disponibilizarem de uma organização específica para o atendimento dos alunos público alvo da educação inclusiva. Para a concretização do estudo e apresentação de argumentos relevantes que nos levassem a reflexão dos objetivos já apontados, considerou-se importante fazer uma pesquisa bibliográfica e através de autores renomados das áreas de educação inclusiva e de tecnologia. Como resultado da pesquisa, concluímos que já existem diversas tecnologias especializadas, como o com-putador, que atualmente é uma tecnologia facilmente disponibilizada nas escolas, além de outros recursos que podem ser adaptados para que o ensino a alunos com necessidades especiais se torne possível. Além disso, constatamos embasados em algumas leis, que não é só necessário, mas também obrigatório que as instituições estejam adaptando os ambientes; os professores revendo suas metodologias, para que dessa forma, possam melhor atender toda a demanda de alunos, inclusive os que têm necessidades especiais.

Palavras-chave: Educação inclusiva. Tecnologia Assistiva. Comunicação alternativa. Atendimento Educacional Especializado. Acesso ao conhecimen-to.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................. 353 1. A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA........................................................................... 353 1.1 Sistema de Comunicação Alternativo (SCA)– alta tecnologia...11 1.2 O computador na inclusão.......................................................... 353 1.2.1 O computador para a deficiência auditiva.................................. 353 1.2.2 O computador para a deficiência visual..................................... 353 1.2.3 O computador para a deficiência física e paralisia cerebral.......... 353 1.2.4 O computador para o autismo................................................... 353 1.3 Uso do teclado na inclusão de alunos com deficiência visual e física.................................................................................... 353 1.4 Uso do mouse na inclusão de alunos com deficiência visual e física.................................................................................... 353 2. OUTROS RECURSOS TECNOLÓGICOS QUE SE ALIAM À EDUCAÇÃO INCLUSIVA........................................................... 353 2.1 Sistema de Comunicação Alternativo (SCA) – baixa tecnologia............................................................................. 353 2.2 Tecnologia Assistiva (TA).............................................................353 2.2.1 Tecnologia Assistiva e deficiência visual..................................... 353 2.2.2 Tecnologia Assistiva e deficiência física....................................... 353 3. ORGANIZAÇÃO NECESSÁRIA PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS

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COM NECESSIDADES ESPECIAS................................................353 3.1 Instituições - Atendimento Educacional Especializado (AEE)............ 353 3.2 Educadores................................................................................353 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 353 REFERÊNCIAS................................................................................ 353

INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso tem como tema o estudo da aplicabi-lidade de recursos tecnológicos especializados no processo de ensino aprendi-zagem de alunos com necessidades especiais, em que, dentre estes recursos é dada uma atenção principal ao computador por ser um recurso já inserido na edu-cação, além de outros (como materiais escolares, jogos e brinquedos adaptados) que também se aliam à educação especial. De acordo com Piaget (1974, p.34), a aprendizagem é tida como “uma construção complexa, na qual o que é recebido do objeto e o que é contribuição do su-jeito estão indissoluvelmente ligados”, sendo, portanto, a aprendizagem fruto do desenvolvimento, que para acontecer depende e muito das oportunidades dadas ao sujeito e dos desafios a ele propostos. Vygotsky (1984) e Papert (1985), em suas pesquisas afirmaram a re-speito da aprendizagem que esta orienta e estimula processos evolutivos, desde que o indivíduo seja capaz de interagir com o meio ambiente sócio-cultural. Sendo este ambiente, em pleno século XXI, repleto de tecnologias nas mais diversas situações, não podendo mais a escola privar o aluno do desenvolvimento e da aprendi-zagem, principalmente nesta, e através desta área. Já a tecnologia é tida como todo e qualquer instrumento, meio ou técnica que possibilita o homem de realizar tarefas que antes eram difíceis ou até im-possíveis. Sendo assim, a educação do século XXI não pode mais fechar os olhos para a revolução tecnológica que está acontecendo, restando-lhe a mais opor-tuna

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resolução de incorporar e adaptar instrumentos tecnológicos que faci-litem a aprendizagem e contribuam com a superação de dificuldades que tantos alunos enfrentam. Alguns dos instrumentos tecnológicos que já auxiliam na educação são: o giz, o apagador e a lousa. Porém, para muitos alunos apenas estes instru-mentos não poderão auxiliá-los em seu processo de aprendizagem, visto que estas pes-soas já realizam a maior parte de suas atividades diárias auxiliadas por uma tecnologia especializada, e na educação não poderia ser diferente. 9 Aliados à educação, esses recursos tecnológicos especializados, podem se tornar eficientes instrumentos didáticos, pois ajudam alunos, em especial aqueles que têm alguma necessidade especial, a desenvolverem habilidades intelectuais e cognitivas. Mas, a principal função das tecnologias na vida destes alunos é mesmo a de torná-los autônomos, pois eles passam a aprender através da criatividade e da busca pessoal. Este trabalho justifica-se primeiramente pelas informações e conheci-mentos que obtive ao estudar sobre a educação especial e perceber que na teoria (leis e decretos) o país tem avançado na tentativa de oferecer uma educação de qualidade para todos, mas que na prática, a educação brasileira ainda deixa muito a desejar, principalmente em relação à educação inclusiva. Diante desse contexto, o que não aceitamos é o fato de nos dias de hoje ainda ser tão comum as escolas se apresentarem como escolas de inclusão, quando na realidade não possuem nenhuma preparação para o acolhimento de alunos com necessidades especiais, e que muitas vezes apenas uma tecnologia de ponta poderá auxiliar em sua aprendizagem. Mas, foi um estudo minucioso, através de uma pesquisa bibliográfica para a produção desta monografia que despertou a crença na possibilidade de con-duzir a

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educação atual a um futuro propício para todos através das informações e sugestões aqui prestadas. Sendo esta, uma tentativa de não ficarem apenas no papel, mas servirem de instrumento e serem utilizadas como material de atuação também na prática escolar, especialmente na área da educação inclusiva, por ser uma área ainda em desenvolvimento. Sabe-se que na atualidade, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (Lei N° 9.394/96, art. 59), alega-se que os sistemas de en-sino devam assegurar aos alunos com necessidades especiais currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender as suas necessidades. Além disso, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, no artigo 2, determinam que: os sistemas de ensino devam matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC-SEESP, 2001) 10 O referido trabalho foi desenvolvido a princípio por meio de uma pes-quisa bibliográfica onde foram consultados decretos e leis da educação, Como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, alguns livros disponibilizados pela Secretaria de Educação Especial e pela Sec-retaria de Educação a Distância, além de revistas da área da educação e sites especiali-zados em educação especial, no intuito de encontrar subsídios que forneces-sem um melhor parecer sobre o assunto. Além disso, buscou-se realizar nesta pesquisa, por meio da leitura e reflexão dos textos já citados, um elencar de respostas de autores renomados tanto na área da Educação inclusiva, quanto da Tecnologia. Entre eles, destacam-se os mais significativos para o feito: Silva (2002), Lollini (1991), Andrade (2001), Cavalcante (2006), Manzini e Santos (2002), Schirmer, Browning, Bersch e Machado (2007), Sá, Campos e Silva (2007).

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Diante das Informações obtidas através da pesquisa, o principal obje-tivo deste trabalho é pesquisar a importância da utilização de tecnologia espe-cializada no ensino aprendizagem de alunos com necessidades especiais. E como objetivos secundários, procuramos elencar recursos tecnológicos que facilitam a construção de conhecimento destes alunos; descrever as vantagens que advêm do uso dos recursos tecnológicos elencados e propor uma reflexão sobre a necessi-dade das escolas disponibilizarem de uma organização específica para a educação in-clusiva. Este trabalho está estruturado em três capítulos, onde o primeiro nos traz a importância da utilização do computador na educação inclusiva, o segundo elenca outros recursos tecnológicos que se aliam a essa educação e o terceiro propõe uma reflexão sobre a necessidade das escolas disponibilizarem de uma or-ganização especiífica para atender à educação inclusiva. 1. A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Levando em conta a importância da Informática na sociedade atual, podemos afirmar o quanto o computador torna-se necessário para o contexto escolar, pois ele é inovador e dinâmico, uma vez que apresenta funções praticamente ilimitadas podendo assim, abranger todas as áreas do conhecimento. Esta característica é de suma importância no campo da educação, podendo fazer do computa-dor um instrumento de extrema valia no processo educacional de todos os alunos, principalmente os que têm alguma deficiência, pois o computador se bem administrado em sala de aula pode se tornar um recurso importante para a aprendizagem destes alunos, já que não despertará problemas emotivos, evitando dificuldades de relacionamento.

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Além disso, para Lolline (1991), como recurso de aprendizagem em sala de aula, o computador apresenta inúmeras vantagens, pois diferentemente de nós, humanos, este equipamento não se irrita, não reclama e, portanto passa segu-rança e tranquilidade para quem o está usando, podendo ser de grande utili-dade no desenvolvimento educacional de alunos com necessidades especiais. 1.1 Sistema de Comunicação Alternativo (SCA) – alta tecnologia De acordo com Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007) chamamos de SCA os recursos, as estratégias e as técnicas que apóiam a comunicação de pessoas que têm dificuldades para isso, por apresentarem alguma limitação ou deficiência, como dificuldades de se relacionar (autismo), de enxergar (deficiência visual), de falar (paralisia cerebral), entre outras. Por meio deste sistema, o aluno passa a expressar o que deseja através de tecnologias que serão organizadas especialmente para o seu atendi-mento, além disso, ele poderá também utilizar expressões particulares, como os seus próprios gestos. Este sistema que tem por objetivo promover a interação entre aluno-professor e aluno-aluno, e garantir assim, uma forma de comunicação alternativa 12 para os discentes que possuem dificuldades ou ainda não conseguiram de-senvolver esta habilidade tão importante na vida do ser humano, que é o ato de se co-municar. Para um melhor esclarecimento, Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007) explicam que a comunicação alternativa, possui duas subdivisões: comunicação não apoiada e comunicação apoiada. A comunicação não apoiada corresponde as expressões próprias daquela pes-soa, como por exemplo, sinais, expressões do rosto, Língua Brasileira de Sinais (Libras), movimentos corporais, etc. Neste caso o aluno não precisa de nenhum equi-pamento de apoio, ou seja, o que o ajudaria a se comunicar seriam apenas

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técnicas associadas à didática. Já a comunicação apoiada englobaria todas as formas de comunicação que possuem algum apoio instrumental, podendo estas utilizar tanto a baixa tecnologia (como pranchas com símbolos, objetos, miniaturas, etc., a qual vai ser de-scrita no próximo capítulo) Quanto à alta tecnologia (softwares especializados, com-putadores adaptados, etc.). E já que o capítulo destina-se ao estudo da importân-cia do computador (alta tecnologia) para a educação inclusiva, vejamos alguns re-cursos de alta tecnologia que envolvem a computação e que foram produzidos espe-cialmente para atender alunos com necessidades especiais, que de acordo com Andrade (2001) são: Computadores (conectados à Internet), sintetizadores de Fala, impressoras Braille, teclados ampliados e adaptados (com colméias), mouses adaptados ou modificados, aplicativos (editores de desenho e de texto), telas sensíveis ao toque, comutadores (botões sensíveis ao toque), aponta-dores de cabeça (capacetes com ponteiros para tela), softwares de comunicação, VOX (programas de auxílio à comunicação de pessoas com deficiência mo-tora grave, criados na UNICAMP e USP), DOSVOX (Programa na UFRJ desenvolvido para leitura e edição de textos), virtual vision (leitor de telas para deficientes visuais), via voice (programa da IBM que permite controlar e acessar o computador com a voz), entre outros. De forma mais detalhada, Andrade (2001) afirma que os vocalizadores são instrumentos de alta tecnologia que apóiam a comunicação do aluno em suas ações corriqueiras. Já que, por meio do vocalizador, o aluno consegue expressar os seus pensamentos e suas necessidades, através da simples escolha de uma tecla do equipamento, que ao ser acionada, emite a expressão desejada. Ele ainda explica 13

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que, sobre as teclas são postas imagens (fotos, símbolos, figuras) ou pala-vras, que condizem com os conteúdos sonoros gravados, ou frases que serão trans-formadas em voz sintetizada. Observemos alguns: - O vocalizador GoTalk (figura 1) realiza a gravação de voz e é acessado apenas através de suas teclas. Figura 1: Disponível em: http://www.clik.com.br/attainment_01.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 - O vocalizador Spok21 (figura 2), disponibiliza um teclado e o texto é re-produzido por meio da síntese de voz. Figura 2: Disponível em: http://www.spok21.com/ Acesso em: 13 de mai. de 2012 Andrade (2001) ainda esclarece que, se os computadores forem bem utilizados, podem ser de grande importância na área da educação inclusiva, pois além de apresentarem por si só um vasto vocabulário, se planejado e dotado de recursos especiais como softwares e teclados virtuais, se transformarão em im-portantes recursos de aprendizagem e de comunicação. Desta forma, o aluno poderá através do computador acessar o recurso e viabilizar assim sua comunicação não só com as pessoas da sala de aula, mas também com o resto mundo. Um exemplo de software de prancha “dinâmica” (equipamento que es-tabelece a comunicação através de figuras) é o Speaking Dynamically Pro (figura 3), em que o aluno ao acessar as figuras que aparecem na tela do monitor, estas emitem sons com as informações que os símbolos representam. O Comunique e o Teclado 14 Comunique são outras alternativas de softwares, que realizam a função de pranchas e teclado virtual. Já a Prancha Livre de Comunicação é um Software execu-tável em ambiente Windows que foi desenvolvido pelo Laboratório de Engenharia de Reabilitação (LER) da PUCPR (ANDRADE, 2001)

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Figura 3: Disponível em: http://www.zygo-usa.com/usa/index.php?page=shop.product_details&flypage=vmj_naru.tpl&product_id=166&category_id=89&option=com_virtuemart&Itemid=11 Acesso em: 13 de mai. de 2012 1.2 O computador na inclusão Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007) afirmam que os discentes que apresentam alguma deficiência, por conta de suas di-ficuldades de mobilidade e/ou de comunicação, encontram no computador um apoio, uma chance de melhor executar atividades até então impossíveis. Portanto, a procu-ra destes alunos pelo computador é constante, pois através da máquina eles pas-sam a ter mais autonomia em suas ações, tendo maior liberdade em expressar suas escolhas. Por meio deste instrumento, os alunos passam a ter novas expectativas, pois sua comunicação passa a ser suprida de forma mais eficiente, podendo os discentes transmitirem suas idéias, seus pensamentos, seus sentimentos e etc., mas não apenas transmitirem, como também receberem inúmeras informações. Como bem sabemos, o computador é acessado através do conjunto de habi-lidades que desempenhamos, como habilidades motoras, visuais, auditivas e psicológicas. Quando alguma dessas habilidades não é desenvolvida ou apresenta algum déficit, a utilização do teclado e/ou do mouse convencional torna-se difícil devido a dificuldade de acesso tida pela pessoa que o está utilizando. É então que os métodos e instrumentos de acesso alternativos entram em campo, como um teclado 15 ou um mouse especial (construídos a partir de adaptações projetadas de acordo com cada necessidade) que poderão proporcionar a estes alunos o comando do computador. Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007), destacam que devemos fazer algumas considerações na escolha de uma opção de acesso ao

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computador: *Necessidade → *Atividade → opção para o acesso ao computador *Habilidade → * A priori, o professor deve estar atento para que possa então, constatar qual é a necessidade que o aluno apresenta em relação à utilização do com-putador, mas sem esquecer de procurar saber também aquilo que o aluno quer e gosta de fazer e o que ele deseja transmitir, ou seja, o que lhe deixa motivado ao acesso. * Identificada à necessidade do aluno, o próximo passo deve ser o de procurar uma atividade que possa supri-la, de forma que este possa realizá-la com suc-esso. Não podemos esquecer ainda que a realização de uma atividade no computador poderá exigir mais de uma ação do aluno por vez (por exemplo, selecionar um texto exigirá além do clique, o arrastar do mouse). * Por último, deve-se levar em consideração as habilidades que o aluno já possui, para que a atividade selecionada possa aproveitar as suas aptidões. 1.2.1 O computador para a deficiência auditiva Silva (2002) afirma que ainda que os alunos com deficiência auditiva apren-dam a se comunicar através da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais, que é es-truturada e possui gramática), mesmo assim estes ainda sentirão necessidade de us-arem, como as outras pessoas, uma linguagem verbal. Mas para isso, é preciso que se conheça de perto e a fundo a necessidade de cada aluno, para que se possa então, planejar e implantar recursos que verdadeiramente ajudem a promover a aprendizagem destes alunos. 16 Estudos na área de informática e surdez vêm sendo desenvolvidos em várias Universidades brasileiras, tanto na área de produção de softwares edu-cativos, quanto na área da engenharia Biomédica. Como exemplo, Silva (2002) cita em um de seus artigos, uma pesquisa de Doutorado desenvolvida na Unicamp, em parceria

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com a UERJ e UFRJ que almeja o desenvolvimento de um software educativo que tem por finalidade facilitar o sistema de alfabetização, tendo a língua de si-nais como linha de pesquisa. 1.2.2 O computador para a deficiência visual Silva (2002) nos esclarece que atualmente, o deficiente visual já pode ter acesso ao computador e através dele complementar sua vida estudantil, pois o sistema operacional DOSVOX (http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/download.htm), desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro, poderá ajudá-lo. Este sistema tem como objetivo proporcionar aos alunos cegos a oportunidade de utilizar o computador, por meio de um sintetizador de voz que é capaz de executar várias ações, ocasionando desta forma uma grande autonomia para as atividades na escola e fora dela. Não existe apenas este software como suporte de utilização do computador, mas os cegos também poderão acessar a internet por meio do DISCAVOX (http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/download.htm), que é um software que permite este acesso através de uma linha telefônica e de um Fax Modem. Ele tam-bém foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e apresenta um grupo de acessórios e aplicativos próprios, além de agenda, chat e jogos, podendo ser obtido de graça por meio de “down-load.” Este programa funciona da seguinte forma: as informações contidas na in-ternet são sintetizadas em fala na língua portuguesa, fazendo com que este pro-grama disponibilize ao cego a navegação à internet, que é uma fonte abundante de saber. Ainda segundo a autora, a computação na vida destes alunos é capaz de promover a praticidade na comunicação e na execução de atividades, permitindo assim uma melhor relação entre o professor e os alunos, além de um eficiente acesso a

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inúmeros conhecimentos. 17 1.2.3 O computador para a deficiência física e paralisia cerebral De acordo com Silva (2002) podemos declarar que o aluno que apre-senta um quadro de paralisia cerebral é frequentemente tratado como deficiente mental ou físico. Isso se dá pelo fato da paralisia cerebral alcançar regiões do cérebro responsáveis por realizar os movimentos e proporcionar o equilíbrio, podendo também ocasionar mudanças na fala, audição, visão, percepção, com-portamento, além de crises convulsivas. Portanto, é comum que estes alunos tragam em seu comportamento movimentos descoordenados, dificuldades de segurar coisas, desequilíbrio e, muitas vezes, tudo isso é associado a outros distúrbios como cegueira e surdez. No que diz respeito à reabilitação e a melhora da vida social do aluno com deficiência física ou paralisia cerebral, a medicina tem avançado mais do que a educação em relação à informática, no entanto, pode-se dizer que os alunos já podem ter disponível muitos benefícios na área da educação através do uso do computador em sua vida escolar. Por exemplo, alunos que até então tinham dificuldades para segurar um lápis por conta da deficiência poderão através do teclado escrever de forma mais prática, ou até colorir de forma mais estética do que antes, ou seja, através do computador, a produção textual e a ilustração tornam-se além de possível, uma prática prazerosa e estimulante (SILVA, 2002). Para os alunos que apresentam estes casos de deficiência, a experiência edu-cativa através do computador desenvolve oportunidades e torna o ambiente da sala de aula um local de atividades desafiantes tanto para a vida destes alu-nos, como também para a área da educação. Além disso, as diversas experiências viven-ciadas em sala de aula provam que o trabalho pedagógico, juntamente com recursos de

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informática especializados proporcionam um maior desenvolvimento, não apenas social, mas também intelectual para a vida dos alunos. Conforme es-clarece Silva (2002), algumas universidades públicas como UFRJ/UERJ/UNICAMP/UFRGS, já desenvolvem pesquisas nesta área da informática educacional, especí-ficas para alunos com necessidades especiais, além de algumas secretarias de edu-cação, que entre outras podemos citar a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. 18 1.2.4 O computador para o autismo Silva (2002) nos afirma que a dificuldade que o autista apresenta em se relacionar com o meio em que vive, faz com que este se torne um aluno isolado das atividades educacionais. No entanto, o mundo em que eles se encontram, desco-bre no computador um apoio, para que estes possam melhor se comunicar, já que, muitas experiências apontam para a possibilidade de interação entre estas cri-anças e a máquina. Portanto, o computador faz com que surja uma porta de acesso para este mundo tão enigmático, em que serão precisos ainda alguns anos de tentativas e experimentos para que se obtenham respostas exatas. Segundo a afirmação de Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007), a escolha do método de acesso para estes alunos (convencional ou adaptado) irá depender das necessidades, das habilidades e da ativi-dade a ser realizada. Como foi exposto no esquema acima (2.2 O computador da in-clusão). 1.3 O uso do teclado na inclusão de alunos com deficiência visual e física Em relação ao uso do teclado, Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007) nos apresentam algumas das principais dificuldades enfrentadas por alunos com deficiência física e visual, e suas possíveis soluções a partir do uso de recursos

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de informática especialmente adaptados de acordo com cada necessi-dade. Como por exemplo: Problema: 1. O aluno que ativa teclas indesejadas Soluções: - O uso de uma colméia (figura 4), que é um suporte colocado sobre o tecla-do que impede que o aluno com dificuldade motora pressione a tecla errada, ela pode ser feita de acrílico ou outro material resistente, como placa de metal; - A separação das teclas que ajudará o aluno a alcançar a tecla desejada sem ativar outras desnecessariamente. 19 Figura 4: Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educa-cao-especial/aprendizado-mais-facil-424764.shtml Acesso em: 13 de mai. de 2012 Problema: 2. O aluno que pode se sentir cansado Soluções: - O uso de suportes para braço, punho e mão; - O acesso a programas com recursos de expansão e abreviatura (nele é feita a abreviatura que represente frases ou expressões rotineiramente usadas); - A exploração de teclados menores do que os normais. Problema: 3. O aluno que usa um teclado convencional ou não, e apresenta dificul-dades em enxergar Em relação: A. Às letras no teclado Soluções: - A exploração de teclados normais pretos, mas com letras brancas; - A colocação de letras maiores sobre as suas respectivas letras no teclado comum; - A utilização de um programa que disponibilize de um leitor na tela com sin-tetizador de voz, que é um programa que lê, conforme se for digitando (Screen Read-er). Em relação: B. Ao monitor Solução: - O posicionamento do monitor deve ser de forma que este fique mais próximo do aluno, podendo ser até através de um apoio móvel. 20

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Em relação: C. Ao texto no monitor Soluções: - A exploração do acesso a um editor de texto que possua fontes grandes e cores que estejam sempre em contraste com o fundo; - O uso de softwares com sintetizadores de voz; - A exploração de softwares que possam aumentar as letras na tela; - A providência de um monitor com tamanho maior; - A impressão em braile (se por acaso a deficiência visual for grave). Em relação: D. Ao cursor no monitor Solução: - A utilização de softwares que possam aumentar o cursor mais do que o normal. De acordo com a reportagem publicada pela revista Nova Escola por Cavalcante (2006), realizada no Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil, em Porto Alegre, podemos observar como o uso do computador torna-se possível para um dos alunos especiais. A criança da figura abaixo tem paralisia cerebral e baixa visão. Ele está us-ando um teclado com várias lâminas (figura 5), trocadas conforme o que vai ser de-senvolvido na aula. As lâminas apresentam cores contrastantes e letras gigantes, e foram especialmente adaptadas para ajustar o intervalo entre os cliques, para que desta forma possa evitar erros ou toques indesejados. Figura 5: Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educa-cao-especial/aprendizado-mais-facil- 424764.shtml Acesso em: 13 de mai. de 2012 21 1.4 O uso do mouse na inclusão de alunos com deficiência visual e física Já em relação ao uso do mouse, Schirmer, Browning, Berch e Machado (MEC-SEESP, 2007) elenca problemas enfrentados por alunos com deficiência (física e visual) e algumas estratégias proporcionadas através da adaptação deste instrumento, de acordo com cada necessidade, como exemplos temos: Problema: 1. O aluno que consegue controlar o movimento do mouse, mas apresenta outras

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dificuldades Em relação: A. À ativação do clique do mouse: - A utilização de um software que não precise do clique do mouse, mas que esta função seja ativada quando o cursor estiver no local desejado (teclado virtual do Windows XP); - O uso de um software em que o clique é realizado de forma au-tomática (autoclique). Problema: 2. O aluno que não pode utilizar o mouse Mas apresenta condições de: A. Usar um teclado comum ou adaptado (com colméia) Soluções: - O uso de um teclado numérico normal acessado através do teclado comum ou adaptado. Como exemplo temos o IntelliKeys USB, que já trás incluso uma prancha com colméia, que proporciona um facilitado uso do mouse, além do Mag-icWand, que nada mais é, do que um teclado menor do que o comum e que da mesma forma, faz com que o teclado numérico seja utilizado no lugar de mouse. Problema: 3. O aluno que não consegue usar o mouse comum nem o teclado Mas apresenta condições de: 22 A. Fazer movimentos com uma das mãos Soluções: - A exploração de vários mouses que já estão disponíveis no mercado. Estes podem se apresentar em diversos tamanhos, formas e cores; - O uso de recursos adaptados pode ser uma solução, pois muitos mouses já vêm com teclas a mais, e até sua programação pode contar com softwares espe-ciais. Mas apresenta condições de: B. Tocar ou mesmo apontar para o monitor Solução: - A exploração de telas sensíveis ao toque, que são postas em frente ao moni-tor ou que já vem nele. Ela é ativada através do toque com o dedo ou mesmo de uma caneta especial. Como exemplo, temos um tablet que escreve em Braille (sistema de escrita em relevo) (figura 6).

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Figura 6: Disponível em: http://www.leiaja.com/tecnologia/2011/cientistas-criam-tablet-que-escreve-em-braille Acesso em: 13 de mai. de 2012 Problema: 4. O aluno que não tem força suficiente, nem muitos movimentos ou resistên-cia para utilizar um mouse especial através da(s) mão(s) Mas apresenta condições de: A. Fazer movimentos com a cabeça Solução: - O uso de recursos que aceitem o controle do mouse por meio de movimentos gerados pela cabeça, como por exemplo, o Headmouse Extreme (figura 7), em que para isso o aluno deve simplesmente por um ponto autoadesivo na testa ou nos óculos para controlar o aparelho. 23 Figura 7: Disponível em: http://www.orin.com/access/headmouse/ Acesso em: 13 de mai. de 2012 Mas apresenta condições de: B. Fazer movimentos com a boca: Solução: - O uso do USB Integra (figura 8), no qual o movimento do mouse é controlado através do aperto com a boca e do sopro, substituindo assim a ação de cli-car. Figura 8: Disponível em: http://arivieiracet.blogspot.com.br/2011/03/produ-cao-escrita_10.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 Mas apresenta condições de: C. Fazer movimento com os olhos Solução: - A utilização de um sistema controlado através do olhar, em que o cursor se movimenta conforme os movimentos dos olhos do aluno, como por exemplo, o My Tobii (figura 9); Figura 9: Disponível em: http://www.tobii.com/en/assistive-technology/global/user-stories/als/scott-and-his-mytobii-p10/ Acesso em: 13 de mai. de 2012 24 Mas apresenta condições de: D. Fazer movimento com os pés Soluções:

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- O uso de um acionador (Figura 10) que desempenhará as ações do mouse (normalmente de 1 a 6) dependendo das atividades desejadas (quanto mais ações, maior será o controle do aluno sobre as funções do mouse); Figura 10: Disponível em: http://www.tecnologiaassistiva.net/novo/produto.php?id=7 Acesso em: 13 de mai. de 2012 - O uso do Mouse Mover, que se trata de uma interface conectada ao com-putador, possibilita o uso de vários acionadores, em que cada um cumpre uma diferente tarefa do mouse convencional: (seta para cima, seta para baixo, etc.) - O uso de um sistema de varredura é uma opção para o aluno que pode usar acionadores (figura11). Este sistema exige movimentos mínimos e faz com que o aluno desempenhe inúmeras atividades no computador até então impos-síveis sem este recurso. Figura 11: Disponível em: http://www.tecnologiaassistiva.net/novo/produto.php?id=7 Acesso em: 13 de mai. de 2012 Por todos estes motivos não há como se descartar o computador do pro-cesso de ensino-aprendizagem. Pois, ao analisarmos o progresso da Informática, podemos concluir o quanto esta é uma ciência abrangente e dinâmica, uma vez que, além de combinar aplicações de todas as áreas do conhecimento, seus usos são praticamente ilimitados. Sendo assim, os resultados desta pesquisa apon-tam, tanto para a possibilidade de inclusão dos alunos com necessidades especiais em turmas 25 regulares, quanto para a inesgotável possibilidade de uso da informática no cotidiano escolar. Portanto, o computador se bem utilizado pode trazer grandes benefícios para a educação inclusiva e alguns destes benefícios, são rapidamente notados, como a elevação da auto-estima e da autonomia, já que o aluno experimentará o sucesso naquilo que está fazendo, e até quando não conseguir, aprenderá que o erro é uma etapa necessária para se aprender, desenvolvendo a linguagem, a

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leitura, o raciocínio, as atitudes, além do seu cognitivo. Pensando então, na interação entre professor e aluno com necessidade es-pecial, na área da comunicação, não só o computador, como também outros sis-temas alternativos de comunicação tornam-se um meio necessário e eficaz para garantir a inclusão desses alunos. Sendo apresentados a seguir alguns dos principais recursos tecnológicos e adaptações desenvolvidas por professores e outros profissio-nais que se aliam a educação especial.

2. OUTROS RECURSOS TECNOLÓGICOS QUE SE ALIAM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Manzini e Santos (MEC-SEESP, 2002) afirmam que a finalidade do uso de recursos tecnológicos na educação inclusiva é de simplesmente promover a mel-hora da comunicação do aluno, seja com o professor, com seus colegas de escola, com sua família, ou com toda a sociedade, vendo a importância do desenvolvi-mento desta habilidade na vida do ser humano. Os autores ainda explicam que normalmente a deficiência traz consigo alguma limitação que impede que o aluno se comunique, seja no momento de receber a informação (por exemplo, deficientes visuais, deficientes auditivos) ou de transmitir (por exemplo, paralisia cerebral, autismo), já que a comunicação engloba todo esse processo de troca de informações. Levando em consideração estas verdades e com base na política de inclusão, são levantadas duas questões: “e se pudéssemos disponibilizar recursos que le-vasse os alunos deficientes a serem entendidos?”; “e se as escolas dispusessem de ambientes escolares ajustados que colaborassem com a interação e a comu-nicação deles com toda a comunidade escolar?”. Esse tema tem sido motivo de debate em vários lugares do mundo, como Dinamarca, EUA, Canadá e Brasil, que têm

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investido em pesquisas na área de sistema alternativo para comunicação de de-ficientes (MEC-SEESP, 2002). A tecnologia para a educação especial não é apenas importante, mas princi-palmente necessária, portanto, o investimento em projetos e pesquisas colabora para que haja o cumprimento de um dos direitos básicos da criança, que é o direito à edu-cação, e uma educação de qualidade, já que, a tecnologia certa para cada caso poderá proporcionar aos alunos, que até aquele momento poderiam não ter a menor chance de aprendizagem, a capacidade de realizarem atividades antes nem imaginadas (ANDRADE, 2001). Andrade (2001) ainda afirma que as tecnologias, principalmente da Infor-mação e da Comunicação, criam novas expectativas para a educação especial, pois as novidades tecnológicas na área das deficiências têm colaborado para um crescente processo de produção de novos instrumento, técnicas e estratégias pedagógicas 27 que, quando utilizados de forma responsável e objetiva, colaboram com o processo educacional inclusivo. Como exemplo de novas tecnologias de apoio aos alunos com deficiência visual e física temos o Sistema de Comunicação Alternativo (SCA) – baixa tecnologia e a tecnologia assistiva. 2.1 Sistema de Comunicação Alternativo (SCA) – baixa tecnologia Manzini e Santos (MEC-SEESP, 2002) nos esclarecem que, na área da edu-cação especial a comunicação alternativa é voltada para as pessoas que apre-sentam limitações para se comunicarem por terem alguma deficiência, sendo esta comunicação promovida através de tecnologias e metodologias especiali-zadas em suprir a necessidade educacional do aluno. Vários podem ser os sistemas alternativos de comunicação que utilizam a baixa tecnologia. Por exemplo, o aluno pode usar uma prancha (que é um

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objeto que contém símbolos gráficos como, figuras, letras e sentenças), e então esta-belecer a comunicação apontando para o que quiser na prancha se fazendo en-tender no ambiente escolar e social (MEC-SEESP, 2002). Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007) citam alguns ex-emplos de sistemas alternativos de comunicação que utilizam a baixa tecnolo-gia (que podem ser desde objetos adaptados, até simples metodologias pedagógicas). Entre outros, elas mencionam: - Objetos reais: Nesta opção o aluno faz as suas escolhas simplesmente apontando para um objeto (que pode ser um vestuário, uma comida, etc.); - Objetos parciais: Este método é usado quando o aluno quer se referir a algo grande então, se recorre a partes destes objetos (por exemplo, um controle pode significar o desejo de assistir). - Objetos em Miniatura: Neste caso, os alunos podem tocar nos objetos e desta forma expressam melhor o que realmente desejam (este recurso é bastante utilizado com alunos cego; 28 - Símbolos gráficos: São os símbolos usados para confecção de pranchas e outros objetos para a comunicação de deficientes (já existem símbolos padrões para facilitar a comunicação de quem os utilizam). Os símbolos gráficos se subdividem em quatro tipos específicos (Atual-mente, já existem inúmeros sistemas de símbolos gráficos que são usados no mundo inteiro para a construção de pranchas, como o Picture Communication Symbols): * Pictográficos – imagens que aparentam o que se quer mostrar, ou seja, que parecem com aquilo que desejam simbolizar; * Arbitrários – imagens que não aparentam o que se quer mostrar; * Ideográficos – imagens que dizem respeito somente a idéia, ou seja, a as-sociação é feita a partir do conceito passado pela figura; * Compostos – Trata-se do agrupamento de várias imagens para que se possa passar a mensagem desejada.

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2.2 Tecnologia Assistiva (TA) De acordo com a definição proposta pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), pode-se afirmar que, Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade relacionada à atividade e a participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CAT, 2007, Ata VII) Conforme Sartoretto e Bersch (2012) explicam, há alguns anos atrás, A TA era atrelada simplesmente à área da saúde, porém, hoje em dia, abrange várias áreas do conhecimento, tais como a saúde, a arquitetura, a informática e a edu-cação (que é a nossa área de interesse principal). Atualmente, a TA que é voltada para a educação, se preocupa em melhorar a vida escolar e o desempenho estudan-til dos alunos com deficiência, focando esforços no bem-estar e desenvolvi-mento dos alunos que utilizam estes serviços. 29 A equipe de apoio, que é formada conforme as necessidades e os objetivos almejados (como por exemplo, uma equipe escolar pode ser formada de fisioterapeutas, psicólogos, arquitetos e professores especializados na educação inclusiva) devem colocar o conhecimento à disposição de todos os alu-nos com deficiência, para que estes encontrem o recurso e a estratégia que atenda as necessidades de atuação e participação desta criança, em todo e qualquer ambiente social. Segundo Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP 2007, p.2), TA “deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e

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que se encontra impedida por circunstância de deficiência”. Ou seja, é uma expressão utilizada para definir o conjunto de recursos e serviços que propor-cionam ou desenvolvem habilidades de alunos com deficiência e, desta forma colabo-ram para que eles vivam uma verdadeira inclusão. Ainda, de acordo com Sá, Campos e Silva: A Tecnologia Assistiva deve ser compreendida como resolução de problemas funcionais, em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, valorização de desejos, habilidades, expectati-vas positivas e da qualidade de vida, as quais incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diárias, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, órteses e próteses, entre outros. (MEC-SEESP, 2007, p. 18) Portanto, a TA pode ser capaz de melhorar e até desenvolver as ha-bilidades de alunos com deficiência, já que reduz ou até elimina, em muitos casos, as limitações dos alunos com necessidades especiais por meio de estratégias e atuações destes recursos. Além disso, recentemente, foram desenvolvidos materiais es-colares especiais que colaboram com o desempenho autônomo destes alunos, tais como, lápis, apontador, pincel, tesoura, livros de histórias sensoriais, virador de página, plano inclinado para apoio de livros, etc. (MEC-SEESP, 2007). Embasados nas idéias de Cavalcante (2006), podemos dizer que é possível oferecer estes recursos de TA dentro de um contexto escolar. Como exemplo, temos as crianças que não enxergam ou não se movimentam, e para elas a TA poderia disponibilizar equipamentos (computadores devidamente adaptados, apoi-os para 30 postura, recursos óptico, etc.), brinquedos e materiais didáticos que fa-voreçam um aprendizado mais fácil e de preferência na escola regular (salas de aula comum, juntamente com todas as outras crianças). Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007) destacam que, como

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já foi afirmando anteriormente, a TA é composta tanto de recurso como de serviço. O recurso corresponde exatamente ao instrumento usado pelo aluno, que beneficia a atuação deste em uma determinada atividade. Já o serviço de TA para a educação, se trata daquele que buscará solucionar as dificuldades operacio-nais do aluno, no ambiente escolar, descobrindo alternativas para que este par-ticipe de forma ativa nas várias tarefas escolares. Para essa implantação de TA no campo da educação, precisamos de esforços criativos e muita disposição de descobrir, juntamente ao aluno, possíveis opções que almejem vencer os obstáculos que atrapalham a inclusão dele em todos os ambientes e situações escolares. Além da terminologia TA, quando é abordado o tema de garantia dos direitos de alunos especiais na área da educação, a legislação brasileira cita também o termo ajudas técnicas, que são: Produtos, instrumentos e equipamentos ou tecnologias adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. (BRASIL, 2004, Art. 8º) Portanto, o termo ajudas técnicas é considerado sinônimo de TA, em relação aos recursos que geram um melhor funcionamento e desenvolvimento das ha-bilidades de alunos com necessidades especiais. Sendo importante observar que, a legislação brasileira assegura ao aluno com deficiência o direito a ajudas técnicas e, por isso o professor especializado, devendo estar por dentro deste direito, precisa aux-iliá-lo na identificação de recursos indispensáveis para a educação do mesmo, recorrendo assim, ao poder público para que se possa proporcionar esse benefício ao aluno especial. O Decreto nº 7611 (BRASIL, 2011) menciona quais devem ser os re-cursos proporcionados aos alunos com deficiência, que além de instrumentos especiais 31

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para uma melhor comunicação, cita também equipamentos, utensílios de tra-balho e objetos pedagógicos criados especialmente para a educação e entreteni-mento destes alunos. Além de adequações ambientais que proporcionem o acesso e a melhoria operacional no ambiente escolar, também é de direito do aluno que lhe sejam proporcionados recursos de mobilidade, cuidado e higiene pes-soal, fundamentais para que ele possa ter uma maior autonomia. Apesar dos próximos tópicos (3.2.1 e 3.2.2) estarem tratando espe-cialmente dos recursos de inclusão para alunos com deficiência visual e dos recursos de inclusão para alunos com deficiência física, Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007) declaram que é importante que, por meio do entendi-mento de conceitos, o professor que ensina a alunos surdos compreenda que, o material especificamente feito com referencial gráfico visual e que busca traduzir o que é normalmente escutado, disponível na sala de recursos (sala multidisci-plinar que disponibiliza materiais que têm a função de complementar as aulas de alunos especiais que frequentam a sala de aula comum, funcionando apenas nas escolas que têm um Atendimento Educacional Especializado - AEE), ou até mesmo a campainha que é substituída por sinalização visual, são materiais da TA. Já o professor que trabalha com o aluno que tem dificuldades de aprender a ler e a escrever, e encontra disponível recursos e materiais especiais com apoio de símbolos gráficos, está tendo acesso a TA, já que, No processo educacional, poderão ser utilizadas nas salas de recursos tanto a tecnologia avançada, como os computadores e softwares específicos, como também recursos de baixa tecnologia, que podem ser obtidos ou confeccionados artesanalmente pelo professor, a partir de materiais que fazem parte do cotidiano escolar. (BRASIL, 2006, p. 19)

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2.2.1 Tecnologia Assistiva e deficiência visual Os alunos que apresentam um quadro de deficiência visual não são diferentes dos outros que enxergam no que se refere à vontade de adquirir novos conheci-mentos, de sentir interesse à aula, de ter curiosidade, de apresentar moti-vações, de ter necessidade de atenção, assistência, carinho, diversão, diálogo, en-tretenimento e 32 todas as outras coisas que influenciam no desenvolvimento de seu caráter e de seus saberes sobre o mundo. Segundo aponta Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007), os meios que podem ajudar os alunos com deficiência visual podem ser os ópticos e os não ópti-cos. Os recursos ópticos são as lentes de alto poder (figura12), capazes de maximizar a imagem da retina e que só podem ser utilizadas por meio da determinação de um oftalmologista, como lupas de mesa, manuais e de apoio, que podem ben-eficiar a ampliação de fontes para a leitura, de mapas, de figuras, de gráficos e etc. Figura 12: Disponível em: http://www.imo.com.br/storage/pdf/Visao%20Subnormal.pdf Acesso em: 13 de mai. de 2012 Já os recursos não ópticos (MEC-SEESP, 2007) podem ser: o reglete e punção (instrumento que possibilita a escrita em Braille); tipos ampliados, que são materiais que já vêm com a ampliação de letras prontas, de símbolos e de figuras em livros, apostilas, jogos e etc.; Os materiais com acetato amarelo (transparên-cia) que aumentam o contraste das letras, pois reduzem a claridade do papel, tam-bém são bastante utilizados; além de planos inclinados, que nada mais são do que objetos inclinados, como mesas para diversas atividades, apoio de livros (figura 13) para leitura e etc. Não esquecendo os acessórios como canetas com pontas porosas pretas, lápis com grafite escuro, guia de escrita (tiposcópio) feita com papel preto, lápis 6B, cadernos com pautas pretas, chapéus e bonés (que ajudam a di-minuir a luz

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na sala de aula), gravadores, etc. Figura 13: Disponível em: <http://www.imo.com.br/storage/pdf/Visao%20Subnormal.pdf> Acesso em: 13 de mai. de 2012 33 Os recursos que fazem parte do Atendimento Educacional Especiali-zado (atendimento este que será tratado no próximo capítulo “3.1”) dos alunos com deficiência visual têm que ser introduzidos no dia a dia desses alunos, para que desta forma, eles possam se sentir animados com a possibilidade de ampliação plena dos demais sentidos. Questões como, adaptação, diversidade e qualidade dos recursos disponi-bilizados também colaboram para que haja acesso à participação e ao diálogo, resultando num saber significativo. Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007) afir-mam sobre este assunto que, recursos tecnológicos, equipamentos e jogos ped-agógicos contribuem para que as situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e reconhecimento das diferen-ças. Vejamos agora, de forma mais específica, outros recursos tecnológicos e didáticos para alunos com deficiêcia visual sugeridos pelas autoras, que entre outros são: - A reglete, grade de escrita (figura14), que pode ser feita de vários materiais como emborrachado, papelão serve para que o aluno consiga uma escrita mais ordenada e estética. Figura 14: Disponível em: http://www.civiam.com.br/civiam/index.php/ne-cessidadesespeciais/cegos/guia-de-escrita-pagina-inteira.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 - A tábua que desenha em relevo (figura15), que corresponde a um retângulo revestido de uma tela de proteção para confecção de desenhos, muito usada nas aulas de artes. Figura 15: Disponível em: http://www.civiam.com.br/civiam/index.php/ne-cessidadesespeciais/cegos/guia-de-escrita-pagina-

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inteira.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 34 - O sorobam, que é um utensílio de cálculos matemáticos (Fig.16), tem o formato de um ábaco e se torna importante na hora de aprender a contar. Fig.16: Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminar-io/abaco/index.htm Acesso em: 13 de mai. de 2012 - E a máquina de escrever em Braille (figura17), que possui uma ótima reso-lução e oferece um retorno visual e auditivo, fazendo com que o aluno aprenda de forma autônoma. Figura 17: Disponível: http://apnendenovaodessa.blogspot.com.br/2012/04/reatech-2012-nova-smart-perkins-torna.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 2.2.2 Tecnologia Assistiva e deficiência física Conforme Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007), a TA tem como principais objetivos, além de oferecer ao aluno deficiente um atendimento especializado capaz de ampliar a sua comunicação, busca proporcionar, também, um aumento em sua mobilidade, e consequentemente um melhor acesso ao conhecimento. Por esses motivos, todas as escolas devem disponibilizar TA, não só para os alunos com necessidades especiais que possuem algum déficit de comunicação, mas estes recursos devem ser também direcionados à vida escolar dos alunos com deficiência física, visando à inclusão escolar deles. 35 A partir de agora, de acordo com as pesquisas de Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007) são descritas algumas alternativas de metodo-logias e recursos tecnológicos que podem auxiliar no aprendizado de alunos que têm deficiência física. Para os alunos que apresentam um quadro de deficiência física, muitas vezes as atividades mais simples como a ação de cortar um papel, se torna um desa-fio. Mas, para que esta atividade seja possível a estes alunos, se faz necessário que a

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escola disponibilize materiais tecnológicos e recursos adaptados, como uma tesoura (figura 18) que o aluno possa facilmente manuseá-la, já que, ele precisa ap-enas fazer pressão para fechá-la e ela volta facilmente à posição de abertura. Figura 18: Disponível em: http://assistiva.mct.gov.br/catalogo/tesoura-adaptada Acesso em: 13 de mai. de 2012 Outra atividade que desfia os alunos deficientes físicos é a parte da pintura e do desenho, e já que é uma atividade prazerosa e recreativa, nenhuma criança quer ser excluída dela. Para esta atividade, já existem como recursos didáticos para estes alunos os engrossadores de pincel e de lápis (figura 19), que facilitam muito a realização das tarefas, principalmente de artes. Figura 19: Disponível em: http://gigi-amancio.blogspot.com.br/2011/06/tra-balhando-aluno-com-deficiencia.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 Também, é natural que na realização de atividades escolares a ponta do lápis quebre, e assim como os outros colegas, o deficiente físico queira fazer a ponta do próprio lápis. Foi pensando nisso, que foram criados apontadores (figura 20) que 36 este aluno seja capaz de usar, pois o apontador é fixado em um pedaço de madeira e mesmo que o aluno não tenha habilidade com as duas mãos, um aluno pode segurar o apontador enquanto o outro faz a ponta. Figura 20: Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/outu-bro/dia-nacional-da-pessoa-portadora-de-deficiencia-fisica-7.php Acesso em: 13 de mai. de 2012 Na hora da leitura, a habilidade com os livros é exigida dos alunos, e o aluno com necessidades especiais deve realizar essa atividade de forma independente. E para que isso ocorra se faz necessário que a escola realize algumas adaptações, como a fixação do livro na mesa e a fixação das páginas dos livros através de velcro (figura 21), fazendo com que nem o livro e nem as páginas saiam do lugar involuntariamente na hora do estudo.

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Figura 21: Disponível em: http://gigi-amancio.blogspot.com.br/2011/06/tra-balhando-aluno-com-deficiencia.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 O entretenimento também faz parte da vida dos alunos com deficiência física, por isso, é importante que nas aulas tenham sempre jogos (figura 22) que incen-tivem os cálculos, a produção escrita e a leitura. Como alguns, que podem ser produzidos com materiais simples: madeira, tampinhas, arame, papelão e etc. Figura 22: Disponível em: http://gigi-amancio.blogspot.com.br/2011/06/tra-balhando-aluno-com-deficiencia.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 37 A prancha, que é um objeto com letras móveis (figura 23), também é uma alternativa eficiente para os alunos com deficiência física, pois por meio dela, o aluno que ainda está aprendendo a ler pode ir apontando para as letras, conforme o nível de leitura que vai ganhando. Nela pode conter todo o alfabeto, e mesmo que o aluno não tenha condições de escrever, um colega ou alguém que o acompanhe pode ir compondo o texto para ele, de acordo com suas indicações. Figura 23: Disponível em: http://adaptafacil.com.br/inclusao-escolar/brin-quedo-pedagogico/apredizagem/alfabetizacao/attachment/alfabeto-prancha/ Aces-so em: 13 de mai. de 2012 Por último, não poderíamos deixar se sugerir a máquina de escrever (figura 24) que pode ser comum ou elétrica (por exemplo, o AlphaSmart 3.000), e desem-penha a mesma função da prancha, só que de maneira mais prática e eficiente, pois ao invés do aluno simplesmente apontar para as letras, através da máquina, ele poderá formular frases, sentenças e textos, já que isto exigirá dele menos esforço. Figura 24: Disponível em: http://letraslivroseafins.blogspot.com.br/2007_06_01_archive.html Acesso em: 13 de mai. de 2012 Diante dos dados apresentados e das situações mostradas neste capítulo, não há como negar que recursos tecnológicos e jogos pedagógicos contribuem para que as

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situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e reconhecimento das diferenças. Com bom senso e criativi-dade, é possível selecionar, confeccionar ou adaptar recursos abrangentes ou de uso específico que tornem a vida estudantil de muitos alunos possível e princi-palmente significativa. 38 Mas para que todos os benefícios apresentados através do uso dessas tec-nologias sejam verdadeiramente alcançados, o professor deverá acompanhar o aprendizado respeitando os limites de cada aluno, e aprender a valorizar o trabalho co-letivo de forma harmoniosa com todo o corpo escolar, como nos sugere o capítulo seguinte.

3. ORGANIZAÇÃO NECESSÁRIA PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAS De acordo com Figueiredo (MEC-SED, 2010), a inclusão só será uma realidade quando houver de fato, o reconhecimento e a aceitação de que as turmas são formadas por alunos diferentes e, portanto não podem ser considera-das homogêneas, como muitos acreditam ou fingem acreditar. Por isso, faz-se necessário que toda a estrutura escolar (desde as leis, que devem ser postas em prática, até um trabalho de conscientização com os demais alunos, que devem aprender a conviver com o diferente) se transforme para haver uma verdadeira inclusão. As mudanças e adaptações devem ser realmente profundas, e não su-perficiais como têm sido até então (poucas mudanças, e apenas estruturais, como construção de rampas e banheiros adaptados). Por isso, a educação brasileira deve aceitar o desafio de se transformar para que haja a garantia de acessibilidade de todos os alunos de forma que, os que tenham alguma limitação possam também ter

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direito ao acolhimento e as experiências estudantis. Portanto, as escolas devem começar a se mobilizar e a se transformar para receber estes alunos e principal-mente, oferecer condições de aprendizagem propícias a todos. Como aponta Oliveira (1983), a média de pessoas com deficiência no Brasil é de aproximadamente 10% da população e foi percebendo a importância desses dados estatísticos que a educação tomou um novo rumo propondo leis que respei-tassem a diversidade, considerando a escola como um espaço social, e que deveria, portanto, ser um local de ousadia, criatividade e troca de experiências entre todo o corpo escolar. Porém, nem sempre os aparelhos mais modernos podem ser a melhor e mais eficiente solução de algumas deficiências, mas que seu uso avaliado de forma responsável e decidido coletivamente, poderá colaborar com o rendimento escolar e pessoal de muitos alunos. 3.1 Instituições - Atendimento Educacional Especializado (AEE) De acordo com a lei (BRASIL, 2011), cabe ao ensino comum a esco-larização de todos os alunos, sem distinção alguma, ficando por conta da Educação Espe-cial os serviços de que podem necessitar os alunos público alvo desta área (todos os tipos de alunos com deficiência). Em relação a estes serviços, a lei orienta que haja a oferta do AEE, que é o serviço que garante que os alunos tenham acesso a materiais e conteúdos diferentes do currículo do ensino comum e que são necessários para que eles possam ter um rendimento escolar melhor e mais eficiente. O decreto nº 7611 (BRASIL, 2011) que regularizou o AEE destina recursos do Fundo da Educação Básica (Fundeb) ao atendimento especializado de todos os alunos com deficiência. Este sistema deve ser organizado através do processo de

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matrícula destes alunos, que são registrados em dobro, e baseada no censo escolar do ano anterior, ocorre a liberação da verba para as instituições (BRASIL, 2011). Ainda conforme esta lei da educação (BRASIL, 2011), o AEE deve ser ofer-tado em uma sala multifuncional, organizada preferencialmente em escolas co-muns das redes de ensino. Esta sala deve ser um espaço provido de recursos e deve possuir mobiliário, materiais didáticos, recursos e equipamentos especiais para o acolhimento dos alunos. Esta sala deve ser o local adequado para que o aluno possa aprender a uti-lizar os instrumentos de TA, tendo como objetivos o desenvolvimento e a in-dependência, bem como, a resolução de dificuldades operacionais e a superação de ob-stáculos que o limitam em seu desenvolvimento educacional, funcionando em horários contrários ao das aulas regulares. (SARTORETTO E BERSCH, 2012). As autoras ainda afirmam que, o AEE quando aplicado nas escolas, estas de-vem ter como objetivos: identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, visando a autonomia a e independência do aluno na escola e fora dela. Ainda devem-se buscar meios para que o aluno especial passe a ser sujeito do seu próprio conhecimento, sem ser excluído do ensino comum, mas sendo apoiado quando preciso. 41 Além disso, foi desenvolvido na internet um portal de ajudas técnicas (http://portal.mec.gov.br/seesp), que está em atuação desde 2006 e que disponibiliza opções de recursos para a comunicação alternativa. Este portal funciona como uma forma de apoio as escolas e contribui com o professor para que seja possível a acessibilidade, a mobilidade e o conforto do aluno com necessidade especial e principalmente a comunicação entre os professores e estes alunos. Este serviço recomenda, organiza e disponibiliza recursos, que permitam a total participação dos alunos, levando em conta suas especificidades. Portanto, o portal

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dá valor a inclusão e a heterogeneidade, por considerar estas questões responsáveis pela transformação da consciência social (SARTORETTO E BER-SCH, 2012). No decreto nº 7611 assinado pela presidenta Dilma Rousseff, no artigo 5º, nos seguintes parágrafos é declarado que: § 2o O apoio técnico e financeiro contemplará as seguintes ações: I - aprimoramento do atendimento educacional especializado já ofertado; II - implantação de salas de recursos multifuncionais; III - formação continuada de professores, inclusive para o desenvolvimen-to da educação bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile para estudantes cegos ou com baixa visão; IV - formação de gestores, educadores e demais profissionais da es-cola para a educação na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais; V - adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade; VI - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior. § 3o As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a ofer-ta do atendimento educacional especializado. § 4o A produção e a distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem materiais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo. (BRASIL, 2011) Como deixa claro a lei acima, devem existir professores especializados (aque-les que receberem uma formação continuada na área de AEE), e estes são os respon-sáveis 42 pelo AEE, que apoiados pelos diretores escolares, formam uma equipe com outras áreas do conhecimento tais como: arquitetura, engenharia, profissionais de TI (Tecnologia da Informação), fisioterapia, fonoaudiologia, entre outras,

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para que juntos desenvolvam serviços e recursos apropriados a esses alunos (SAR-TORETTO E BERSCH, 2012). Para um atendimento mais eficiente ao aluno especial, é sugerido (DELIB-ERATO E MANZINI, 1997) traçar um perfil deste aluno por meio de uma avaliação, que será feita através da participação dos professores, da família, de profissionais de saúde especializados no caso, de profissionais em arquitetura (caso o aluno apresente dificuldades de mobilidade), de profissionais de Tecnologia da Informação (caso o aluno apresente dificuldades para se comunicar), formando assim uma equi-pe para avaliar as possibilidades do aluno e da situação. A partir do levantamento dos dados, será necessário estabelecer metas a serem atingidas e definir objetivos que, como equipe, pretende-se alcançar, para que assim possam ser atendidas as expectativas do aluno e da equipe. Como por ex-emplo, o recurso a ser utilizado, qual será a forma deste recurso, se ele deverá conter um vocabulário específico, com figuras, com letras, ou mesmo com objetos. E tudo isso de forma que esse aluno possa fazer do seu jeito e assim se tornar protagonista, sujeito ativo do seu processo de desenvolvimento (DELIBERATO E MANZINI, 1997). Durante todo o processo de avaliação, deve-se avaliar o relacionamento da equipe que opera o serviço de TA. Pois, valoriza-se a organização do serviço, as experiências afetivas, a disposição nas ações e efeitos obtidos pelo grupo. Sem contar das ações interdisciplinares que envolvem os outros alunos e professores, além da família, que é essencial para que se tenha um bom resultado no uso da TA. Sendo esta equipe do AEE responsável por realizar a seleção dos re-cursos e técnicas adequados a cada caso de deficiência, e alcançar um desempenho positivo dos alunos com necessidades especiais, este deve fazer uso das seguintes modalidades de TA, visando à realização de tarefas acadêmicas e a ad-

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equação do espaço escolar, segundo Schirmer, Browning, Bersch e Machado (MEC-SEESP, 2007): - Utilização da comunicação alternativa, para suprir as necessidades dos alu-nos com problemas de fala e escrita (cap.1 e 2); 43 - Adaptação de computadores (cap.1) - Adequação de objetos didáticos (cap.2) - Criação de projetos com a equipe de apoio. - Utilização de mobiliário de acordo com especialistas na área: mesas, cadeiras, quadro, assim como recursos de mobilidade: cadeiras de rodas, andadores e etc. Esta iniciativa de adequação de salas de recursos multifuncionais nas escolas públicas de ensino regular atende as expectativas de uma método educacional inclusivo, que prepara serviços para o Atendimento Educacional Espe-cializado, coloca à disposição recursos e possibilita atividades que ampliam a capaci-dade dos alunos de terem uma participação e uma aprendizagem significativa. Essa organização faz com que seja possível o apoio aos professores em sua prática educacional, promovendo uma atuação multidisciplinar, através do trabalho coletivo, alcançado entre professores das classes comuns e das salas de recur-sos. (MEC-SEESP, 2006) 3.2 Educadores Segundo aponta Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007) desde o ano de 2003, o Ministério da Educação estabeleceu a política de educação inclusiva, que planejou sérias mudanças do Ensino Regular e da Educação Especial, por meio de di-retrizes que reestruturassem a organização dos serviços de AEE proporcionados aos alunos com deficiência, almejando a formação integral destes alunos e não a exclusão deles do ensino regular, como era até então ofertado. Desde então, foi oferecido um curso a distância de formação continu-ada para

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professores e gestores através do programa Educação Inclusiva: direito à diversidade (MEC<http://gestao2010.mec.gov.br/o_que_foi_feito/pro-gram_68.php>). Segundo dados postados no site do MEC, até setembro de 2010 o programa funcionou em 168 municípios – pólo, promovendo a formação de 133.167 professores e gestores, no período de 2004 a 2007. 44 Este programa sugere o oferecimento do AEE regularmente nas salas de recursos multifuncionais, possibilitando desta forma, que o professor e os gestores instituam suas práticas pedagógicas e organizacionais com base em uma política de inclusão. De acordo com Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007), só será re-alizado um atendimento de qualidade aos alunos com necessidades especiais, se os professores tiverem acesso a uma formação contínua, para que con-sigam estabelecer sentido entre o contexto escolar em que atuam e as idéias passadas pelos novos referenciais teóricos da educação inclusiva, criando assim um elo entre a teoria e à prática. Apenas deste modo, poderão inserir em suas aulas sa-beres que sejam capazes de redirecionar suas atividades educadoras e só assim poderão ampliar sua participação e cooperação para um verdadeiro avanço na área da educação inclusiva. Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007) afirmam ainda que, deve exi-stir a participação e a preparação de todo o corpo escolar para esta mudança tão radical, na estruturação e nas práticas pedagógicas, para que seja possível o alcance dos objetivos estabelecidos, já que essas novas práticas vão estar inteira-mente conectadas com as necessidades dos alunos. Os professores devem aprender a trabalhar juntos, compartilhar decisões e projetos e crescerem profissionalmente de forma colaborativa e não competitiva, un-indo suas forças em favor do desenvolvimento de uma educação de qualidade. Quanto ao ambiente escolar que ele é responsável por administrar, Soodak

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(2003) sugere que seja criado um convívio inclusivo, ou seja, situações que possam gerar no aluno especial um sentimento de pertencente e aceito naquele local e naquele grupo, para isso, o professor deve promover a aproximação das cri-anças, favorecendo a amizade entre os alunos, ampliando a colaboração entre pais e professores e etc. O professor deve procurar ainda, promover a capacidade de interação entre todos os alunos, principalmente em ocasião de aprendizagem, organizando os es-paços, os tempos, os grupos, conforme suas propostas pedagógicas, sempre le-vando em consideração os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, colabo-rando para que hajam atividades conjuntas entre os alunos especiais e os demais. 45 Quanto a isso, Bloom e Perlmutter (1999) afirmam que, num convívio in-clusivo, os problemas que aparecem na sala de aula não devem ser resolvidos apenas pelo professor, mas devem ser lançados para todos os alunos. Considerando que, a turma terá mais harmonia se o professor conseguir instituir um espaço em que os alunos se sintam seguros, respeitados e bem recebidos, por isso, este deve ser capaz de lhes dar atenção e evidenciar interesse por eles. De acordo com Silva (2002), um ensino e uma instituição que pretendem alcançar uma formação completa de seus alunos, devem buscar usufruir todos os instrumentos que já podem ter acesso, como o computador, a TV, o aparelho de vídeo e som, entre outros. Mas, é preciso ter a ideia de que o computador não tem a capacidade de promover a inclusão e interação do aluno com necessidade especial sozinho, ou seja, não se deve supor que ele resolva todos os prob-lemas que aparecem entre o professor e os alunos, já que, o processo didático quem desempenha é o professor. Nos dias de hoje, a educação exige uma maior criatividade, contexto, desco-brimento

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e organização dos saberes. A educação passa a ter como centro o aluno, sendo o professor o colaborador e principalmente provocador de atividades que sejam desafiantes, para que se desenvolva um ensino que seja capaz de se adaptar em relação ao aluno e por conta dele. Em relação a isto, Silva (2002) declara que se o professor for capaz de unir boas estratégias didáticas ao uso dos materiais que devem ser disponibili-zados a educação inclusiva, esta associação garante maiores possibilidades de des-pertar no aluno com necessidades especiais, a vontade e a animação para estudar, pois ele terá a oportunidade e a experiência de aprender por meio de seus esfor-ços. O professor é o mediador neste processo e poderá estabelecer suas metas de acordo com a realidade em que vivem seus alunos, de forma que se considere sempre a compatibilidade e a dinamicidade da turma, de maneira que eles possam ter motivação em aprender. No entanto, é importante destacar que o sucesso, tanto do acolhimento de alunos com necessidades especiais, quanto da introdução de novas tecnologias na vida escolar deles vão depender e muito do desempenho do professor em direcio-nar a intenção de sua prática ao crescimento, a superação e a ampliação da capaci-dade 46 de seus alunos. Mas para isso, o professor deve está devidamente capacitado, sendo imprescindível que esteja recebendo todo o apoio devido, como formação continuada e uma atualização tecnológica constante, para que suas aptidões estejam sempre à disposição da melhor maneira possível ao aluno. (MEC-SEESP, 2007) Neste encontro entre a tecnologia e a educação, o professor deve estar apto a desempenhar a sua função junto ao aluno, sendo esta a de colaborador, fa-cilitador e mediador do conhecimento e do crescimento, não só intelectual, mas também

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pessoal deste aluno, função esta indispensável no processo educacional. Portanto, este deve ser o posicionamento do professor para que o aluno com necessi-dades especiais possam alcançar o sucesso no uso dos recursos tecnológicos, pois desta forma, o professor juntamente com a equipe escolar, poderá criar pro-jetos e metodologias que possam ser úteis para diminuir as dificuldades educacion-ais deles e aumentar as possibilidades de aprendizagem (MEC-SEESP, 2007). Andrade (2001) aponta que, nesta expectativa, os professores necessitam de uma tomada de consciência de que são partes integrantes no processo de aprendi-zagem destes alunos. Sendo assim, precisam de metodologia e formação especiali-zada no uso e na transmissão destes recursos, tendo como base o entendimento de que eles necessitam de um atendimento multiprofissional, que vai desde profissionais de TI, até os familiares do aluno. Pois, sabendo que os alunos especiais têm direito a uma Educação que respeite as suas singularidades, o professor dará um novo rumo as suas práticas educadoras e sua postura será outra mediante situações de inclusão. De acordo com Manzini e Santos (MEC-SEESP, 2002) o processo apre-sentado a seguir serve como direcionamento para os professores que pretendem traçar possíveis soluções de aprendizado para alunos especiais. Devendo este profis-sional da educação ser capaz de: - Compreender a circunstância que abrange o ambiente do estudante, ou seja: ouvir seus desejos; saber quais são suas características físico-psicomotoras; analisar o esforço e o empenho do estudante nas aulas e conhecer o contexto social em que este se encontra. 47 - Desenvolver idéias, ou seja: Dialogar com o aluno; ir atrás de possíveis soluções para os déficits; investigar objetivos que possam ser usados; analisar alternativas para organização do material. - Recomendar a alternativa cabível, ou seja: Levar em conta as necessidades

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que precisam ser supridas; levar em conta as possibilidades de materiais para a confecção do recurso alternativo. - Projetar a idéia, ou seja; Determinar materiais; decidir a formato do objeto – medidas, peso, cor, etc. - Elaborar o objeto para testes, ou seja: Provar a condição real de utili-zação; - Considerar o uso do objeto, ou seja: levar em conta se atendeu as expec-tativas do aluno para aquele contexto; constatar se o objeto promoveu melhoras no desempenho do aluno e do professor. - Averiguar o uso, ou seja: Examinar se a qualidade de uso se altera com o tempo e se é preciso que se façam novos ajustes no objeto. Sá, Campos e Silva (MEC-SEESP, 2007) afirmam ainda que, o professor deve ser capaz de compreender que as necessidades desencadeadas pelas cir-cunstâncias dos alunos não podem ser menosprezadas, descuidadas ou confundidas com algo imaginário. Para que isso não aconteça, ele precisa estar cuidadoso sobre suas ideias, crenças, gestos, modos e atitudes, e sempre que necessário, apresen-tar-se disposto em reconsiderar os métodos tradicionais, conhecer, entender e aceitar as diferenças como desafios positivos para sua vida profissional e pessoal. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A conclusão que chegamos mediante a pesquisa realizada, e através dos dados obtidos, é de que a educação especial não deve ser tida como uma educação que se preocupe em simplesmente trazer alunos especiais para as salas de aula e fazer com que as escolas os recebam (através de leis). Mas que principal-mente esteja preocupada em desenvolver a autonomia e a independência destes alunos, e que busque não resolver os seus problemas, mas oferecer-lhes instrumentos que os auxiliem na resolução de seus próprios questionamentos. A partir desse con-

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ceito de educação especial, a tecnologia então poderá cumprir o seu principal papel na educação que é o de garantir um maior acesso ao conhecimento. Sendo assim, a introdução do computador e de outras tecnologias na sala de aula torna-se uma saída tecnologicamente necessária e que exige a pré-disposição e a preparação do professor, como também da instituição de ensino como um todo para atuar através destes meios. Atitudes estas, que permitirão de forma mais eficaz o direito de acesso ao conhecimento, proporcionando aos alunos que pos-suem alguma limitação, inúmeras chances de mostrarem seu potencial tanto den-tro como fora da escola. O computador, por ser uma tecnologia já disponível nas escolas, torna-se uma opção de apoio indispensável para a educação especial, pois amplia e muito a probabilidade destes alunos aprenderem, já que muito do que eles não con-seguiam fazer até então (como por exemplo, expressar por meio de palavras os seus desejos), torna-se possível através das inúmeras funções e do ex-traordinário desempenho deste recurso. Além disso, o computador desperta no aluno especial confiança e segurança, pois a máquina dispensa qualquer possibilidade de esboçar cansaço, falta de paciên-cia ou irritação, fazendo assim com que o aluno se sinta a vontade para desen-volver sua aprendizagem, sem qualquer medo de errar ou de receber algum tipo de punição por não ter conseguido. Mas não é só o computador que se alia a educação especial para ajudar os alunos em sua aprendizagem, pois já existem inúmeros outros recursos tecnológicos não só de acessibilidade e mobilidade, mas também de aprendizagem, no campo da 49 educação especial. Como exemplo, temos recursos de comunicação al-ternativa, materiais didáticos e jogos educativos. Além de outras opções de adaptações que

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podem ser feitas de acordo com as dificuldades dos alunos e os objetivos que se deseja alcançar em cada sala de aula, observando sempre o perfil de cada aluno e o que ele deseja realizar. Para que isso seja possível, as instituições de ensino devem fazer um sério investimento em tecnologia especializada e promover a contratação de outros profissionais (de saúde, de arquitetura, de tecnologia da informação, entre outros, a depender das necessidades dos alunos que constituem cada instituição) para que estes possam formar uma equipe de apoio a educação inclusiva. O AEE é uma forma de garantir que sejam reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno com necessidades especiais e que já é exigido por lei (LDB: Lei N° 9.394/96, no artigo 59), pois quando aplicado nas escolas, estas devem ter como objetivos: identificar, elaborar e organizar recursos pedagógi-cos e de acessibilidade, visando à autonomia e independência do aluno na escola e fora dela. Ainda deve buscar meios para que este aluno passe a ser sujeito do seu próprio conhecimento, sem ser excluído do ensino comum, mas sendo apoiado quando preciso. Porém, para que haja verdadeiramente a inclusão destes alunos nas institu-ições de ensino e nas salas de aula regulares, faz-se necessário haver primeira-mente a preparação dos professores, como já foi dito anteriormente, para que estes possam compreender como cooperar na aprendizagem dos alunos com necessi-dades especiais, e conhecer todos os meios que tornam isso possível, e assim, poderem aliar a teoria obtida através de formação continuada à suas práticas pedagogias. Apenas desta forma, poderão desenvolver metodologias compatíveis com a realidade das salas de aula, tornando possível e mais efetiva a aprendi-zagem. A partir de então, professor do AEE, junto com o aluno, investigará e aproveitará recursos e estratégias que possam lhe auxiliar, aumentando assim

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suas possibilidades de participação e melhor desempenho nas atividades, na comunicação e nos relacionamentos. O professor passa a ser respon-sável por ensinar o modo de usar os recursos aos alunos com necessidades especiais e aos outros alunos que fazem parte da sala de aula, sempre tendo como meta a superação de dificuldades e a expansão de estratégias para este fim. 50 Mas, para que essa didática tenha sucesso, o professor especializado deve conhecer o aluno, suas necessidades, sua preferência e o que ele almeja, bem como saber sobre sua situação escolar, incluindo seu professor (da sala de aula comum), seus colegas, as atividades exigidas em grupo e as possíveis dificul-dades que o impediram a ter acesso aos espaços escolares e ao conhecimento. Conhecendo todo o contexto que envolve o aluno com necessidades especiais e através do apoio da instituição de ensino (apoio este que é acobertado por leis) o professor, junto com o aluno, investigará e aproveitará recursos e es-tratégias que possam ajudar este aluno a superar as limitações que até então o impediam de ter acesso ao conhecimento, aumentando assim, suas possibilidades de partici-pação e melhor desempenho nas atividades, na comunicação e nos relacionamen-tos. REFERÊNCIAS ANDRADE, J. M. P. de. Avanços Tecnológicos na Educação Especial. In: XX Congresso Nacional das APAEs. Fortaleza. 2001. Disponível em: <http://www.defnet.org.br/Avancos_tec.htm> Acesso em 10 de abr de 2012 BLOOM, L. A.; J. C. PERLMUTTER. The general educator: applying constructivism to inclusive classrooms. Intervention in School and Clinic, Vol. 34, nº 3, 1999. BRASIL. Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Brasília, 2004. Dis-

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