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Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos GENEBRA GENEBRA Forma Forma çã çã o em Direitos Humanos em Direitos Humanos MANUAL SOBRE A METODOLOGIA MANUAL SOBRE A METODOLOGIA DA FORMA DA FORMAÇÃ ÇÃO EM DIREITOS HUMANOS O EM DIREITOS HUMANOS Série de Formação Profissional n. º 06

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Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos

GENEBRAGENEBRA

FormaFormaçãçãoem Direitos Humanosem Direitos Humanos

MANUAL SOBRE A METODOLOGIAMANUAL SOBRE A METODOLOGIADA FORMADA FORMAÇÃÇÃO EM DIREITOS HUMANOSO EM DIREITOS HUMANOS

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Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos

GENEBRA

Formaçãoem Direitos Humanos

MANUAL SOBRE A METODOLOGIADA FORMAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

NAÇÕES UNIDAS

Nova Iorque e Genebra, 2000

Sér

ie d

e Fo

rmaç

ão P

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ssio

nal

n.o

06

Os conceitos utilizados e a apresentação do material constante da presente publi-cação não implicam a manifestação de qualquer opinião, seja de que cariz for, daparte do Secretariado das Nações Unidas relativamente ao estatuto jurídico dequalquer país, território, cidade ou região, ou das suas autoridades, ou em relaçãoà delimitação das suas fronteiras ou limites territoriais.

** *

O material constante da presente publicação pode ser livremente citado oureproduzido, desde que indicada a fonte e que um exemplar da publicação con-tendo o material reproduzido seja enviada para o Alto Comissariado/Centro paraos Direitos Humanos, Nações Unidas, 1211 Genebra 10, Suíça.

nota

*

HR/P/PT/6

PUBLICAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

N.o de Venda E.00.XIV.1

ISBN 92-1-154135-2

ISSN 1020-1688

N.T.As notas do tradutor (N.T.) constantes da presente publicação são da responsabilidade do Gabinete de Documentação

e Direito Comparado da Procuradoria-Geral da República e não responsabilizam a Organização das Nações Unidas.

III

Índice

Parágrafos

Cap. 01 Metodologia da formação em Direitos Humanos 1-14

a. Método colegial 2

b. Formação de formadores 3

c. Técnicas pedagógicas interactivas 4

d. Especificidade dos destinatários 5

e. Orientação prática 6

f. Explicação pormenorizada das normas 7

g. Sensibilização 8

h. Flexibilidade de concepção e aplicação 9

i. Desenvolvimento de competências 10

j. Instrumentos de avaliação 11

k. Importância da auto-estima 12

l. Relação com as políticas institucionais 13

m. Seguimento planeado 14

Cap. 02 Técnicas de formação eficazes 15-38

a. Objectivos da aprendizagem 15-16

b. Adaptação dos cursos 17

c. Método participativo 18-20

d. Técnicas participativas 21-36

e. Locais para a realização dos cursos 37

f. Planificação tendo em conta as necessidades dos participantes 38

Cap. 03 Formadores 39-47

a. Selecção dos formadores 39-40

b. Orientação dos formadores 41

c. Instruções para os formadores 42

d. Conselhos para as apresentações 43

e. Terminologia essencial 43

f. Adaptação dos cursos a condições difíceis no terreno 44-47

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IV

Parágrafos

Cap. 04 Introdução aos direitos humanos e ao programade Direitos Humanos das Nações Unidas 48-84

a. Qual o significado de “direitos humanos” ? 49-50

b. Alguns exemplos de direitos humanos 51

c. O que é o “desenvolvimento” 52

d. Direito ao desenvolvimento 53-54

e. Em que difere uma abordagem do desenvolvimento baseada

nos direitos de uma abordagem baseada nas necessidades ? 55

f. Qual a origem das normas de direitos humanos ? 56-64

g. Quem cria estes direitos ? 65

h. Onde são criadas as normas ? 66-70

i. Quem controla a observância dos direitos humanos ? 71-77

j. Papel do Alto Comissariado para os Direitos Humanos 78

k. Criação de instituições e cooperação técnica 79-80

l. Aplicação 81-83

m. Tramitação das queixas e petições de direitos humanos 84

ANEXO

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM

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1. O Alto Comissariado das Nações Unidas paraos Direitos Humanos (ACNUDH) está envolvidodesde há muitos anos na formação de diversosprofissionais em áreas de direitos humanos que serelacionam com os seus domínios de actividade daspessoas em causa. A abordagem metodológicadesenvolvida com base na experiência adquirida écomposta por elementos fundamentais que, seconvenientemente adaptados e modificados tendoem conta as características de cada grupo de des-tinatários, podem proporcionar orientações úteispara a conceptualização, planeamento, execução eavaliação dos programas de formação em direitoshumanos destinados a adultos profissionais. Taiselementos são enunciados em seguida.

a. Método colegial

2. O ACNUDH recomenda que a selecção dosformadores seja feita com base numa lista de peri-tos orientada para a prática. Em lugar de reunir pai-néis compostos exclusivamente por professores eteóricos, é preferível optar por profissionais da áreaem questão. Segundo a experiência do ACNUDH,conseguir-se-ão muito melhores resultados optandopor um método colegial, segundo o qual profissio-nais da área do desenvolvimento, polícias ou juízes,por exemplo, discutem entre si as matérias que lhesdizem respeito, do que através do modelo de forma-ção professor-aluno. Esta abordagem permite ao

formador avaliar a cultura profissional própria de cadagrupo de destinatários em concreto. Simultanea-mente, os profissionais/formadores deverão seracompanhados e apoiados por peritos em direitoshumanos, de forma a garantir que o essencial das nor-mas internacionais de direitos humanos se veja plenae adequadamente reflectido no conteúdo dos cursos.

b. Formação de formadores

3. Os participantes em cursos de formação emdireitos humanos deverão ser seleccionados combase no pressuposto de que as suas responsabili-dades se manterão depois de terminado o exercíciode formação. Cada um deles será encarregado darealização das suas próprias acções de formação edifusão depois do regresso ao respectivo posto.Desta forma, o impacto dos cursos será multipli-cado à medida que a informação transmitida édifundida no seio da instituição em causa. Nestaconformidade, para além do respectivo conteúdosubstantivo, os cursos deverão incluir metodologiade formação e componentes pedagógicas, tais comolições e materiais concebidos para dotar os parti-cipantes de aptidões no domínio da formação.

c. Técnicas pedagógicas interactivas

4. Os cursos desenvolvidos pelo ACNUDH edescritos no presente manual incluem uma secção

Metodologia da formação em Direitos Humanos* 1

Metodologia da formaçãoem Direitos Humanos

01*capítulo

destinada a apresentar uma série de técnicas efi-cazes de formação de adultos. Mais concreta-mente, são feitas sugestões para a utilização demétodos pedagógicos criativos e interactivos, queoferecem as melhores possibilidades de garantir aparticipação activa dos formandos. O ACNUDHidentificou as seguintes técnicas como sendo par-ticularmente apropriadas e eficazes na formaçãode adultos em matéria de direitos humanos: apre-sentação e discussão, debate com o painel de peri-tos, grupos de trabalho, estudo de casos práticos,resolução de problemas/exercícios de reflexãocolectiva, simulação/dramatização, visitas de estudo,exercícios práticos (incluindo redacção de textos),mesas redondas e auxiliares visuais. Algumassugestões relativas à utilização de tais técnicasserão feitas abaixo, no capítulo II.

d. Especificidade dos destinatários

5. O ACNUDH apercebeu-se de que a meraenunciação de princípios vagos de aplicação geraloferece poucas possibilidades de influenciar ocomportamento concreto dos destinatários. Paraserem eficazes (e, na verdade, para valerem detodo a pena), as acções de formação e educação deve-rão ser directamente dirigidas e especificamenteadaptadas a um determinado público em parti-cular, seja ele a polícia, profissionais dos serviçosde saúde, advogados, estudantes ou profissionaisna área do desenvolvimento. Nesta conformidade,o conteúdo dos materiais de formação doACNUDH incide mais sobre as normas directa-mente relevantes para o trabalho quotidiano dosformandos e menos sobre a história e estrutura dosmecanismos das Nações Unidas.

e. Orientação prática

6. A formação do ACNUDHcomeça pelo reconhecimentode que os membros dosdiferentes grupos profissio-nais no mundo real queremsaber, não só quais são asnormas de direitos huma-nos aplicáveis ao seu tra-balho, mas também como

desempenhar as suas funções com eficácia em con-formidade com essas normas. Sem se reduzirem auma visão instrumentalizada dos direitos huma-nos, os formadores deverão também reconhecerque os profissionais irão querer saber “o que têm elesa ver com isso?”. Isto é, que valor acrescentado traráuma melhor compreensão dos direitos humanosao seu trabalho? As actividades de formação queignorem qualquer uma destas áreas não serão pro-vavelmente credíveis nem eficazes. Assim, é fun-damental que os formadores e organizadores doscursos incluam informação prática* sobre técnicascomprovadas para o desempenho das funções con-cretas dos profissionais que participam nos cursos,conforme resultantes das recomendações de peritose publicações sobre as boas práticas actualmenteseguidas na profissão em causa.

f. Explicação pormenorizada das normas

7. Nestes cursos, dever-se-ão expor de formadetalhada as normas internacionais pertinentes.Para este fim, deverão ser traduzidos e distribuídospelos participantes os instrumentos internacionaisrelevantes, bem como materiais pedagógicos sim-plificados. Em qualquer caso, dever-se-á contarcom a participação de um ou mais especialistas, paracontrolar o conteúdo dos cursos e das sessões e com-pletar a explicação das normas, conforme necessário.

g. Sensibilização

8. Para além de ensinarem as normas e detransmitirem conhecimentos práticos, os cursos doACNUDH deverão também incluir exercícios con-cebidos a fim de sensibilizar os formandos para apossibilidade de eles próprios atentarem contraos direitos humanos, mesmo que de forma invo-luntária. Por exemplo, podem ser muito úteis osexercícios bem concebidos (nomeadamente dedramatização) destinados a consciencializar os for-mandos para a existência de preconceitos raciaisou de género nas suas próprias atitudes ou com-portamentos. Do mesmo modo, a particularimportância de determinadas normas no que serefere, por exemplo, às mulheres nem sempreresulta evidente de imediato. Os formandos deve-rão conseguir compreender, por exemplo, que a

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* Embora as recomendações prá-ticas sejam um dos componentesfundamentais dos cursos organi-zados em conformidade com opresente método, não será possí-vel proporcionar formação deta-lhada em matéria de aptidõesprofissionais de carácter técniconum curso de direitos humanos.Em vez disso, a existência de taistécnicas deverá ser sublinhada eseleccionada como uma das áreasde formação complementar à for-mação em direitos humanos,devendo estabelecer-se relaçõesconceptuais entre os dois tiposde conhecimento.

expressão “tratamento degradante”, que encon-tramos em diversos instrumentos internacionais,se pode traduzir em diferentes actividades ou res-trições consoante se aplique a mulheres ou ahomens, ou a distintos grupos culturais.

h. Flexibilidade de concepção e aplicação

9. Para serem de utilidade universal, os cursosde formação devem ser concebidos de forma afacilitar a flexibilidade da respectiva utilização,sem impor aos formadores enfoques ou métodosrígidos. Os cursos deverão ser passíveis de adap-tação às necessidades específicas e às particularescircunstâncias culturais, educativas, regionais evivenciais de uma ampla diversidade de poten-ciais destinatários no seio de um determinadogrupo-alvo. Por conseguinte, os materiais peda-gógicos não se deverão destinar a ser lidos tex-tualmente aos formandos. Os formadores deverãoconstruir as suas próprias notas e material deapresentação, com base no conteúdo dos mate-riais já prontos à sua disposição e na realidadeespecífica no terreno.

i. Desenvolvimento de competências

10. Os cursos de formação deverão resultar nodesenvolvimento das competências na área emquestão. Ao contrário do que acontece com as con-ferências e seminários, devem ser concebidos emtorno da definição de objectivos pedagógicos,devendo solicitar-se a todos os formandos quedemonstrem as suas aptidões ao longo do curso atra-vés da realização de exercícios e que se submetama testes (escritos) tanto antes como depois do curso.A comparação dos resultados obtidos nos testesprévios e posteriores ao curso, juntamente comuma observação rigorosa do desempenho dos for-mandos no decorrer do mesmo, fornecem ele-mentos com base nos quais se pode avaliar até queponto o exercício de formação resulta efectiva-mente no desenvolvimento de competências.

j. Instrumentos de avaliação

11. Os cursos de formação incluem exercícios deavaliação prévia e final, como por exemplo ques-

tionários de exame, com três objectivos princi-pais. Os questionários prévios, se correctamente uti-lizados, permitem ao formador adequar o curso àsnecessidades particulares dos destinatários. Osquestionários finais e as sessões de avaliação per-mitem aos formandos avaliar os conhecimentosadquiridos e auxiliam os formadores na sua con-tínua e fundamental tarefa de modificar e aper-feiçoar os cursos e materiais.

k. Importância da auto-estima

12. Nunca será de mais realçar a importância deter devidamente em conta a auto-estima dos for-mandos adultos. Os profissionais transportampara a sala de aulas a sua própria experiência prá-tica e conhecimentos profissionais, que devem serreconhecidos e poderão ser aproveitados em bene-fício do curso. A forma como o formador o con-seguir fazer irá determinar em larga medida areacção do aluno ao exercício de formação. É óbvioque os participantes não responderão bem a umainstrução que dê a sensação de lhes ser “injec-tada”, nem serão bem recebidas as abordagens dotipo “escola primária” ou “militar”. Pelo contrário,os formadores deverão tentar criar uma atmos-fera de camaradagem que facilite a partilha deconhecimentos e experiências, reconheça as apti-dões profissionais dos formandos e estimule oseu orgulho profissional. O objectivo consiste emtransmitir a mensagem de que o conhecimento dosdireitos humanos é fundamental para o bomdesempenho profissional do grupo de destinatáriose que, por isso, os formandos têm muito a ganhare também a oferecer neste domínio.

l. Relação com as políticas institucionais

13. Para que a formação tenha o desejadoimpacto na conduta e no desempenho profissionaldos formandos, deverá ser claramente apoiadapelas suas instituições de origem e ter em atençãoas regras em vigor no seio destas instituições. Aspolíticas institucionais deverão reflectir os impe-rativos de direitos humanos ensinados na sala deaulas, devendo o pessoal dirigente receber forma-ção nessa área e empenhar-se na aplicação dasnormas em causa.

Metodologia da formação em Direitos Humanos* 3

m. Seguimento planeado

14. As tradicionais iniciativas de formação emmatéria de direitos humanos eram muitas vezescompostas por simples palestras realizadas deforma desgarrada. No entanto, uma formaçãocom significado, orientada para o desenvolvi-mento de competências e para objectivos deter-minados, exige um certo grau de empenhosustentado e o planeamento de acções de acom-panhamento subsequentes, a fim de que as apti-dões sejam efectivamente aperfeiçoadas. Istoimplica que o programa de formação preveja

desde logo a realização de acções de acompa-nhamento subsequentes. Estas podem revestir aforma de visitas periódicas a realizar por espe-cialistas para fins de controlo de qualidade, revi-são e reforço das acções de formação, ou de umsistema de monitorização e apresentação de rela-tórios a ser posto em prática pelos próprios for-madores locais. Os novos formadores deverãoser encarregados do planeamento e execução dosseus próprios programas de formação, tendocomo ponto de partida o programa inicial ou pro-jecto-piloto. A avaliação periódica e final é, natu-ralmente, imprescindível.

4 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

a. Objectivos da aprendizagem

15. A formação em direitos humanos dever-se-ábasear em objectivos claramente articulados. Osobjectivos do formador deverão facilitar a satisfa-ção das necessidades do formando. Os programasde formação deverão prosseguir três objectivospedagógicos fundamentais e reflectir as seguintesnecessidades dos formandos:

• Receber informação e adquirir conhecimentossobre o que são as normas de direitos humanos edireito humanitário e o significado que assumemno trabalho quotidiano dos participantes;

• Adquirir ou desenvolver competências, para queas funções do grupo profissional possam serdesempenhadas e os deveres cumpridos de formaeficaz e com o devido respeito e atenção pelos direi-tos humanos. O simples conhecimento das normasnão é suficiente para que os formandos as tra-duzam em condutas profissionais apropriadas.A aquisição de conhecimentos deve ser olhadacomo um processo gradual, já que as competênciasse desenvolvem com a prática e a aplicação. Podehaver necessidade de prolongar o processo, à luz denecessidades de formação que se identifiquem emáreas específicas do trabalho dos participantes,nomeadamente através de programas de acompa-nhamento especificamente adaptados.

• Ser sensibilizado, ou seja, experimentar umamudança de atitudes negativas ou reforçar ati-tudes e condutas positivas, de forma a que os for-mandos reconheçam, ou continuem a reconhecer,a necessidade de promover e proteger os direitoshumanos através do seu trabalho e o façam, de facto,no desempenho das suas funções profissionais. Estáaqui em causa a questão dos valores do formando.Este é, mais uma vez, um processo de longo prazoque deverá ser reforçado mediante uma formaçãocomplementar, de carácter mais técnico.

16. Assim, para ser eficaz a formação deverá visaro aumento dos conhecimentos, o desenvolvi-mento das competências e a melhoria das atitudes,assim contribuindo para uma conduta profissionaladequada.

b. Adaptação dos cursos

17. Na organização dos programas de formação,o princípio da especificidade e a importância dopúblico destinatário exigem que os organizadoressigam algumas regras básicas:

(a) Os cursos e programas deverão ser precedi-dos de uma acção de avaliação de necessidades, queenvolva a instituição ou o grupo de destinatáriosda formação, e ser concebidos com base nos resul-tados da mesma;

Técnicas de formação eficazes* 5

Técnicas de formação eficazes

02*capítulo

(b) Sempre que possível, deverão ser organizadosprogramas de formação autónomos para as dife-rentes categorias de funcionários de um mesmogrupo profissional, de acordo com as funções espe-cíficas e o contexto em que se insere o trabalho quo-tidiano do subgrupo em questão. Isto permitirá fazerincidir a formação sobre os seguintes aspectos:

• Aspectos estratégicos e políticos para o pessoaldirigente;• Aspectos pedagógicos para os formadores;• Aspectos operacionais para outros profissionais;• Aspectos de particular relevância para profissio-nais com funções específicas, tais como especia-listas ao nível regional e pessoal técnico;• Formação básica, incidente apenas nas áreasmais fundamentais e conceitos-chave para o pes-soal de apoio;

(c) A orientação predominantemente prática epragmática dos formandos adultos profissional-mente activos deverá ver-se reflectida nos métodospedagógicos e formativos adoptados. Isto implica:

• Dar a oportunidade de traduzir na prática asideias e os conceitos;• Permitir que os participantes abordem os pro-blemas concretos da sua profissão;• Dar resposta às preocupações imediatas dos par-ticipantes, por estes suscitadas ao longo do pro-grama de formação.

c. Método participativo

18. Para obter os melhores resultados possíveis,devem ser tidos em conta alguns princípios bási-cos na aplicação do método participativo abaixo des-crito. Recordemos os 13 elementos do método deformação sugerido pelo ACNUDH, que explicámosem detalhe no capítulo I:

• Método colegial;• Formação de formadores;• Técnicas pedagógicas interactivas;• Especificidade dos destinatários;• Orientação prática;• Explicação pormenorizada das normas;• Sensibilização;

• Flexibilidade de concepção e aplicação;• Desenvolvimento de competências;• Instrumentos de avaliação;• Importância da auto-estima;• Relação com as políticas institucionais;• Seguimento planeado.

19. Este método exige uma abordagem interactiva,flexível, pertinente e variada, tal como explicitadoem seguida:

Interactiva – O programa implica a utilização deuma metodologia de formação participativa e inte-ractiva. Os formandos adultos absorvem com maisfacilidade o conteúdo dos cursos quando a infor-mação não lhes é, por assim dizer, “injectada”.Para que a formação seja eficaz, os participantesdevem ser plenamente envolvidos no processo.Como profissionais que são, os formandos podemcontribuir com um importante acervo de expe-riências que devem ser aproveitadas da melhorforma para tornar o curso interessante e eficaz.

Flexível – Contrariamente a certos mitos associa-dos à formação de adultos, não é recomendável aadopção de uma metodologia “militar”, numa ten-tativa de obrigar os formandos a participar. O resul-tado mais frequente de tais técnicas é o suscitar deum ressentimento entre os participantes e, emconsequência, a obstrução das vias de comunicaçãoentre formadores e formandos. Embora o formadordeva manter um certo controlo, a primeira regradeverá ser a flexibilidade. As questões colocadaspelos participantes – mesmo as mais difíceis –devem ser bem acolhidas e respondidas pelos for-madores de forma positiva e franca. Da mesmaforma, um horário excessivamente rígido pode sermotivo de frustração e ressentimento para os par-ticipantes, pelo que haverá que evitá-lo.

Pertinente – A pergunta que o aluno fará a si pró-prio em silêncio ao longo de todo o curso será:“O que tem isto a ver com o meu trabalho diá-rio?”. A forma como o formador consiga dar res-posta continuamente a essa pergunta será umfactor importante para o seu êxito. Assim, devefazer-se tudo quanto seja possível para assegurarque todo o material apresentado tenha relevância

6 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

para o trabalho dos participantes e que essa rele-vância seja posta em destaque quando não forimediatamente evidente. Esta tarefa pode ser maisfácil quando se abordam temas operacionais.Pode, porém, exigir uma preparação mais cuida-dosa relativamente às questões de carácter essen-cialmente teórico, como a protecção de gruposparticularmente vulneráveis.

Variada – Para conseguir que os formandos seempenhem activamente na aprendizagem, e man-ter esse empenhamento, será conveniente variar astécnicas pedagógicas utilizadas ao longo do curso.As pessoas adultas não estão, na sua maioria, acos-tumadas a longas sessões de estudo e uma rotinaaborrecida e monótona fá-las-á tomar mais cons-ciência da própria aula do que das questões que nelase abordam. Dever-se-ão seleccionar técnicas diver-sificadas, alternando a discussão com a dramati-zação e o estudo de casos práticos com sessões dereflexão colectiva, consoante o tema em análise.

20. Assim, em linhas gerais, devem adoptar-se osseguintes métodos e abordagens:

Apresentação das normas – Uma breve apresen-tação das normas de direitos humanos relevantespara um determinado aspecto da actividade pro-fissional dos participantes, e forma como os mes-mos podem aplicar eficazmente tais normas;

Utilização de técnicas participativas – Permite aos for-mandos utilizarem os seus conhecimentos e expe-riência para traduzir na prática as ideias e conceitosreferidos na exposição teórica; permite-lhes tambémconsiderar as repercussões práticas das normas dedireitos humanos no seu trabalho quotidiano.

Enfoque e flexibilidade – Permite que os partici-pantes se concentrem em questões de interesse reale actual; e permite que os instrutores e formado-res se vão adaptando, ao longo do curso, às neces-sidades dos destinatários.

d. Técnicas participativas

21. Indicam-se em seguida algumas técnicas par-ticipativas.

1. APRESENTAÇÃO E DEBATE

22. Depois da apresentação (conforme acima des-crita), é conveniente promover um debate informalpara esclarecer alguns pontos e facilitar o processode tradução das ideias na prática. Este debate deveser moderado pela pessoa que procedeu à exposi-ção, que deverá tentar suscitar a intervenção detodos os participantes. Convém que os formado-res tenham preparada uma lista de questões paradar início ao debate.

23. No final da apresentação e do debate, o for-mador deverá fazer um resumo ou dar uma pano-râmica geral da discussão. As apresentações deverãoser complementadas com a utilização de suportesaudiovisuais previamente preparados ou materialde estudo distribuído antecipadamente a todos osparticipantes.

2. CONFERÊNCIAS-DEBATE

24. A constituição de um painel de formadores ouperitos, eventualmente depois de uma apresenta-ção levada a cabo por um ou vários deles, é por vezesmuito útil. Este método é particularmente eficazquando os peritos dispõem de experiência emdiversos aspectos de um mesmo tema, em resul-tado das respectivas trajectórias profissionais oupaíses de origem. O ideal é que este grupo seja com-posto por peritos de direitos humanos e por espe-cialistas na área profissional em questão.

25. Um dos formadores intervenientes na apre-sentação deverá servir de moderador, a fim de per-mitir uma participação tão ampla quanto possível,garantir a satisfação das necessidades dos forman-dos e fazer um resumo ou exposição das linhasgerais do debate no final do mesmo. Este métododeverá incluir a interacção directa entre os própriosmembros do painel, e entre estes e os participantes.

3. GRUPOS DE TRABALHO

26. Estabelecem-se dividindo os formandos empequenos grupos de, no máximo, cinco ou seisparticipantes. A cada grupo será dado um tema paradebater, um problema para resolver ou algo con-

Técnicas de formação eficazes* 7

creto para produzir num curto período de tempo– até 50 minutos. Se necessário, pode ser afecto ummoderador a cada grupo. Em seguida, reúnem-sede novo todos os formandos e as deliberações decada grupo serão apresentadas a toda a classepelos respectivos porta-vozes. Os formandos podementão debater os temas e as respostas de cadagrupo de trabalho.

4. ESTUDO DE CASOS PRÁTICOS

27. Além de debater os temas propostos para dis-cussão, os grupos de trabalho podem analisarcasos práticos. Estes dever-se-ão basear em situa-ções plausíveis e realistas que não sejam excessi-vamente complexas e girem em torno de duas outrês questões principais. A solução dos casos prá-ticos deverá permitir aos participantes exercitaras suas aptidões profissionais e aplicar as normasde direitos humanos.

28. A situação que se propõe para análise pode serapresentada aos participantes para que a examinemno seu conjunto, ou sucessivamente desenvolvidaperante eles mediante a sucessiva introdução denovos elementos a que têm de dar resposta.

5. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS/SESSÕES

DE REFLEXÃO CONJUNTA

29. Estas sessões podem ser conduzidas comoexercícios intensivos para solucionar problemas decarácter teórico ou prático. Exigem que se procedaà análise de um problema e que se tentem depoisencontrar soluções para o mesmo. Os exercícios dereflexão colectiva encorajam e exigem um elevadograu de participação e estimulam ao máximo acriatividade dos formandos.

30. Depois da apresentação do problema, todas asideias que surjam para resolvê-lo serão anotadasnum quadro ou painel. Não serão pedidas quaisquerexplicações e, nesta fase, não se julgará nem rejei-tará nenhuma das intervenções. Em seguida, omoderador classifica e analisa as respostas e é nestaaltura que algumas se combinam, adaptam ou rejei-tam. Por último, o grupo formula recomendaçõese delibera sobre o problema. O processo de apren-

dizagem ou de sensibilização ocorre em resultadodo debate do grupo em torno de cada proposta.

6. SIMULAÇÃO/DRAMATIZAÇÃO

31. Nestes exercícios, os participantes são chama-dos a desempenhar uma ou mais tarefas numasituação plausível que simula a “vida real”. Os exer-cícios de simulação ou dramatização podem ser uti-lizados para praticar os conhecimentos adquiridosou para que os participantes possam experimentarsituações que até então lhes eram desconhecidas.

32. O resumo da situação deverá ser distribuídopor escrito a todos os participantes, atribuindo-sea cada um deles uma personagem (o agente dapolícia, a vítima, o juiz e outros). Durante o exer-cício não se deverá permitir que ninguém abandonea sua personagem, qualquer que seja o motivo. Estatécnica revela-se particularmente útil para sensi-bilizar os participantes quanto à importância de res-peitar os sentimentos e a perspectiva dos outrosgrupos de pessoas, assim como para a importân-cia de certas questões.

7. VISITAS DE ESTUDO

33. As visitas de grupo a instituições ou locais cominteresse podem ser bastante úteis. O objectivo davisita deve ser explicado de antemão, devendo pedir--se aos participantes que prestem especial atençãoe anotem as suas observações para posterior debate.

8. EXERCÍCIOS PRÁTICOS

34. Os exercícios práticos supõem que os parti-cipantes sejam chamados a aplicar e fazer demons-trações de determinadas aptidões profissionais,sob a supervisão dos formadores. Por exemplo,aos advogados pode ser pedido que redijam umadeclaração juramentada e aos instrutores que ela-borem um plano de curso ou que apresentem umadas sessões do próprio curso.

9. MESAS REDONDAS

35. Para a realização de mesas redondas, como deconferências-debate, é necessário reunir um grupo

8 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

diversificado de especialistas em diversas áreas, comdiferentes perspectivas do tema a abordar. O objec-tivo será ter uma discussão animada e, para o con-seguir, é fundamental que estejam presentes osseguintes elementos: um moderador firme e dinâ-mico, conhecedor quer do tema em debate quer douso da técnica de “advogado do diabo”, e a utilizaçãode situações hipotéticas. O moderador deve provocarintencionalmente os participantes, estimulando odebate entre os vários peritos e formandos e con-trolando o desenrolar da discussão.

10. MATERIAL AUDIOVISUAL

36. A formação dos adultos pode ser optimizadamediante a utilização de quadros, acetatos, posters,exposições, painéis, fotografias, diapositivos evídeos ou filmes. Regra geral, a informação apre-sentada nos quadros e acetatos deve ser concisa eaparecer esquematizada ou em tópicos. Caso sejanecessário mais texto, deverão fazer-se circularmateriais impressos.

e. Locais para a realização dos cursos

37. Em termos ideais, o local de realização dos cur-sos deverá reunir as seguintes condições:

a) Os cursos devem realizar-se num local distintodo habitual local de trabalho dos participantes;b) A sala utilizada deve ter capacidade suficientepara o número previsto de participantes;c) Devem existir pequenas salas auxiliares emnúmero suficiente para acolher os grupos de tra-balho, de a modo que os participantes se possam

ocupar sem interrupção dos temas que lhes tenhamsido atribuídos;d) As cadeiras e mesas devem ser cómodas efáceis de transportar, a fim de permitir a utiliza-ção de diversas técnicas pedagógicas.

f. Planificação tendo em conta as necessidades dos participantes

38. O nível de conforto físico dos participantes nocurso repercutir-se-á directamente nos resultadosdo mesmo. Tenha presentes, para fins de planea-mento, os seguintes factores essenciais:

a) Deverá ser possível regular a temperatura eventilação da sala;b) O número de participantes nunca deveráexceder a capacidade das salas;c) As casas de banho deverão ser de fácil acesso;d) O programa diário deverá incluir um intervalode 15 minutos durante a manhã, um intervalo paraalmoço de pelo menos uma hora e outro intervalode 15 minutos durante a tarde;e) Deverá permitir-se aos participantes, entreos intervalos previstos, que, ocasionalmente, selevantem e estiquem as pernas. Uma pausa dedois ou três minutos será suficiente, a intervalosapropriados, eventualmente duas vezes por dia;f) Sempre que possível, água, café ou sumosdeverão estar à disposição dos participantes pre-sentes na sala;g) Os intervalos para almoço deverão ter lugardurante o período a que os participantes estãohabituados. Isto pode variar em função das regiõese dos locais de trabalho.

Técnicas de formação eficazes* 9

a. Selecção dos formadores

39. A selecção dos formadores e pessoal de apoiodeverá ser feita com base nos seguintes critérios:

• conhecimentos especializados na área em questão;• capacidade para adoptar a metodologia interac-tiva do programa;• credibilidade profissional e boa reputação entreos participantes.

40. Em termos ideais, o grupo de formadoresdeverá ser composto principalmente por profis-sionais da área em questão, que deverão ser acom-panhados por pelo menos dois especialistas naárea dos direitos humanos.

b. Orientação dos formadores

41. É importante que os formadores recebaminformação adequada relativamente aos seguin-tes aspectos:

• Caso a formação se destine aos profissionais de deter-minado país em particular: elementos básicos sobrea história, geografia, demografia e questões políticas,económicas e sociais do país onde o programa sevai desenvolver; elementos básicos sobre as dispo-sições constitucionais e legais em vigor nesse país;tratados de direitos humanos e direito humanitá-

rio de que o Estado é parte; projectos planeados ouem curso no domínio dos direitos humanos;• Aspectos organizacionais do grupo destinatárioda formação;• Categorias e número de formandos que irão par-ticipar no programa;• Questões actuais de particular interesse para opúblico destinatário do programa de formação.

c. Instruções para os formadores

42. Independentemente da sua experiência ante-rior ou nível de conhecimentos especializados, osformadores deverão preparar-se cuidadosamentepara o curso. Por uma questão de controlo de qua-lidade, o ACNUDH recomenda que lhes sejamdadas instruções escritas, para além das directri-zes transmitidas oralmente em reuniões infor-mativas prévias. As instruções deverão abranger asquestões enunciadas em seguida:

1. OBJECTIVOS DO CURSO

• Fornecer informação sobre as fontes, sistemas, nor-mas e questões internacionais de direitos humanosrelevantes para o trabalho do grupo de destinatários;• Estimular o desenvolvimento de competências ea formulação e aplicação das políticas necessáriasà tradução dos conhecimentos em condutas pro-fissionais efectivas;

Formadores* 11

Formadores

03*capítulo

• Sensibilizar os participantes para o particularpapel que desempenham na promoção e protecçãodos direitos humanos e para o facto de as suas acti-vidades quotidianas poderem afectar os direitoshumanos.

2. METODOLOGIA PEDAGÓGICA

Uma sessão típica será composta por uma breveapresentação efectuada por dois membros daequipa de formadores, seguida da aplicação dométodo participativo interactivo. O debate estaráaberto a todos e será conduzido pela pessoa quedirige a sessão. Todos os membros da equipa deformadores deverão participar em cada um dosdebates, conforme seja necessário.

3. TAREFAS A DESEMPENHAR PELO FORMADOR

Antes do curso:

• Estude os materiais que lhe tenham sido envia-dos com antecedência, prestando especial atençãoàs sessões em que irá participar;• Prepare notas muito breves para o auxiliarem nasexposições, tendo em conta as limitações de tempoestabelecidas no programa de curso;• Prepare recomendações práticas para os for-mandos, com base na sua experiência profissional,a fim de os auxiliar na aplicação das relevantes nor-mas de direitos humanos ao seu trabalho quoti-diano;• Participe numa reunião prévia a ser realizada navéspera do início do curso.

Durante o curso:

• Participe em reuniões de informação diárias,antes e depois das aulas, juntamente com toda aequipa de formadores;• Assista a todas as sessões do curso e participe nelas;• Em caso de exposições conjuntas, reuna-se como colega que consigo irá apresentar a sessão no diaanterior à mesma, a fim de a preparar em conjunto;• Faça exposições breves, com base nos materiaisdidácticos e respeitando os limites de tempo esta-belecidos, para cada um dos temas que lhe tenhamsido atribuídos;

• Formule recomendações práticas, com base na suaexperiência profissional, durante os debates e reu-niões dos grupos de trabalho, inclusivamente nassessões dirigidas por outros formadores;• Utilize exemplos concretos. Guarde recortes dejornais, avaliações de projectos e excertos de rela-tórios a fim de dar exemplos de casos verdadeirospara ilustrar as suas ideias. Poderá também selec-cionar um exercício prático a partir dos materiaispedagógicos ou criar um da sua autoria para cadasessão que lhe caiba apresentar ou para utilizaçãonos grupos de trabalho;• Utilize material visual auxiliar (retroprojectore quadro preto/branco/magnético) sempre quepossível;• Assegure-se de que quaisquer recomendaçõesou comentários formulados sejam conformes àsnormas internacionais indicadas nos materiaispedagógicos;• Estimule a participação e a discussão activas noseio do grupo;• Dê conselhos e formule observações a respeito dosmateriais pedagógicos utilizados;• Assista a todas as cerimónias de abertura eencerramento e a todos os eventos complementa-res do programa.

Depois do curso:

• Participe numa reunião final juntamente com todaa equipa de formadores.

• Reexamine e reveja os seus materiais, com basena experiência adquirida.

d. Conselhos para as apresentações

43. Deverão ser tidas em conta algumas ques-tões essenciais:

(a) Mantenha contacto visual com os participantes;(b) Estimule as perguntas e o debate;(c) Não leia as suas notas – imprima um tom colo-quial e natural, falando numa voz forte e animada.Por muito interessante que seja o tema, uma apre-sentação monótona, ou que não possa ser ouvida,comprometerá quaisquer esperanças de prender aatenção do público;

12 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

(d) Preste atenção ao tempo – planeie de antemãoo tempo que durará a apresentação e tenha um reló-gio à vista enquanto procede à mesma;(e) Circule pela sala – não faça a apresentação sen-tado numa cadeira. Quando responder a uma per-gunta, aproxime-se da pessoa que a colocou. Sealguém parecer desatento, aproxime-se dessa pes-soa e fale directamente com ela;(f ) Utilize auxiliares visuais. Os acetatos e quadrosdeverão ser simples, esquematizados e não conterdemasiada informação. Caso seja necessário fornecerinformação detalhada para complementar as apre-sentações, faça circular materiais escritos e revejacom os formandos os pontos essenciais neles con-tidos. Forneça aos participantes cópias dos auxiliaresvisuais para posterior estudo e revisão. Finalmente,fale para os participantes, não para o quadro.(g) Não critique – corrija, explique e estimule;(h) Assegure-se de que os participantes utilizamos materiais escritos ao seu dispor – por exemplo,faça-os encontrar as normas no manual e depoisleia-as em voz alta a toda a turma (este procedi-mento ensiná-los-á a procurar por si próprios as“regras” de direitos humanos quando o curso tiveracabado e estiverem de regresso aos seus postosde trabalho). Os materiais que não forem abertosdurante o curso, provavelmente nunca serãoabertos. No final do curso, o exemplar da obraDireitos Humanos: Compilação de InstrumentosInternacionais pertencente a cada um dos for-mandos deverá dar claramente sinais de ter sidoutilizado, com folhas dobradas, separadores etexto sublinhado;(i) Seja honesto;(j) Facilite a participação das pessoas que tendema ser mais caladas. Coloque-lhe directamente per-guntas e reconheça o valor dos seus comentários.Preocupe-se especialmente em assegurar a igualparticipação das mulheres e membros de gruposminoritários, que podem estar acostumados asofrer discriminação no meio profissional. Uma dis-cussão liderada por homens, ou pelo grupo domi-nante no seio da sociedade ou da profissão emcausa, será menos satisfatória para as mulherese para os membros de grupos minoritários, nãopodendo convencer (pelo exemplo) os outros par-ticipantes no curso acerca da importância da nãodiscriminação no seu próprio trabalho;

(k) Não deixe sem resposta quaisquer comentá-rios discriminatórios, intolerantes, racistas ousexistas. Aborde-os como abordaria qualquer outraquestão suscitada durante o debate, ou seja, comtacto e de forma calma, directa e substancial. Indi-que as normas pertinentes e explique por querazão são importantes para o desempenho de umtrabalho eficaz, legal e humano, tanto por parte dasNações Unidas como do grupo profissional emcausa, e o papel que desempenham no fomento doprofissionalismo no seio de tais grupos. Prepare--se com antecedência para contrapor factos aosmitos e estereótipos. Lembre-se de que, entre osobjectivos do treinador, se contam o aumento dosconhecimentos e a melhoria das aptidões e con-dutas, sendo este último objectivo, embora o maisdifícil de atingir, frequentemente o mais importante;(l) Defina a estrutura da sua apresentação. Nestamatéria, os tradicionais princípios fundamentaissão ainda os melhores: cada apresentação deveráter uma introdução, um corpo, uma conclusão eum resumo dos pontos principais;(m) Caso seja confrontado com uma questão quenão esteja preparado para responder, peça ajuda aoutro dos formadores ou à assistência, ou soliciteaos formandos que consultem os textos de apoio.Poderá ainda oferecer-se para dar a resposta maistarde (e assegure-se de que cumpre esta pro-messa);(n) Utilize a repetição – as pessoas esquecem;(o) A aparência é importante. Um formadordeverá dar uma imagem profissional. Obviamente,não convém que se apresente de t-shirt quando osformandos estão de uniforme. O padrão de ves-tuário do formador não deverá ser inferior ao dosformandos e deverá respeitar as suas normas cul-turais e sociais;(p) Prepare-se com antecedência – conheça amatéria. Siga estas regras fundamentais na pre-paração das sessões:

• Siga os materiais didácticos fornecidos e respeiteo programa;• Tenha em atenção o tempo disponível para asessão;• Estabeleça prioridades – assegure-se de que sãoabordados os temas mais importantes;• Prepare um plano da aula;

Formadores* 13

• Redija notas de apoio para as apresentações orais(introdução, corpo, conclusão, resumo dos pontosprincipais);• Seleccione os exercícios a realizar e as questõesa colocar;• Seleccione e prepare auxiliares visuais (porexemplo, folhetos e acetatos);• Ensaie a sua apresentação até que a consiga fazercom naturalidade e dentro dos limites de tempoestabelecidos.

e. Terminologia essencial

Sessão informativa (“briefing”): panorâmica breve,resumida e introdutória de um tema único. O seuobjectivo consiste em apresentar ao públicoalguns conceitos básicos relativos a determinadotema;Seminário: troca de opiniões, ideias e conheci-mentos previamente organizada sobre determinadotema ou conjunto de temas relacionados entre si.O seu objectivo consiste em reunir diversas pessoas,geralmente com um nível (relativamente) equiva-lente de conhecimentos especializados, cada umadas quais poderá contribuir para a análise do temaem causa a partir da sua perspectiva profissional,ideológica, académica ou oficial;Workshop: exercício de formação no qual os par-ticipantes trabalham em conjunto para estudarum tema em particular e, nesse processo, criam um“produto”, como por exemplo uma declaração,documento conjunto, plano de acção, conjunto deregras, declaração política escrita ou código deon-tológico. O objectivo é, pois, duplo: aprendizageme criação de um “produto”.

Curso de formação: exercício de formação orga-nizado, desenvolvido com o objectivo de levar osformadores a difundir conhecimentos teóricose práticos e a influenciar as atitudes dos “for-mandos” ou “participantes”. Tanto pode ser inte-ractivo (seguindo, por exemplo, o método doACNUDH, acima descrito) como baseado notradicional modelo “professor-aluno”, ou podeainda ser uma combinação de ambos. Seja qualfor a metodologia adoptada, os cursos de forma-ção são métodos de ensino de carácter altamenteintensivo.

f. Adaptação dos cursos a condições difíceisno terreno

44. O ACNUDH tem realizado acções de forma-ção em condições muito díspares, em países deÁfrica, da Ásia, do Médio Oriente, da AméricaLatina e da Europa. As condições no terreno têmvariado em termos de instalações, infra-estruturase recursos tecnológicos disponíveis, de tal formaque alguns cursos foram realizados em centrosde conferências modernos, climatizados e comrecurso a equipamentos electrónicos, outros notelhado de um armazém e outros ainda ao ar livre.

45. As pessoas que organizam acções de forma-ção segundo o método sugerido pelo presentemanual devem, assim, ter em conta o ambienteonde a acção se vai desenvolver, ao seleccionar ametodologia e os programas adequados, determi-nar o número de formandos e elaborar os progra-mas pedagógicos. Por exemplo, a duração dassessões será afectada pela temperatura e pelas con-dições meteorológicas no caso dos cursos realiza-dos ao ar livre, ou dos cursos para os quais nãosejam disponibilizadas ventoinhas, aquecedoresou outros dispositivos adequados de regulação cli-mática. Caso a temperatura seja um factor a ter emconta, o horário dos cursos será também afectado.De forma semelhante, deverão ser utilizados qua-dros magnéticos e folhas escritas caso não estejamdisponíveis equipamentos eléctricos para projec-ção de acetatos ou slides.

46. Caso sejam necessários serviços de interpre-tação, a inexistência de condições para a realizaçãode tradução simultânea implicará o recurso à inter-pretação consecutiva, o que diminuirá em metadeo tempo útil das sessões. A ausência de secretáriasou mesas significa que será necessário distribuirmais materiais impressos, uma vez que poderá serimpraticável tirar apontamentos. Finalmente, casoa acção de formação tenha de ser realizada no localde trabalho dos formandos, devido à falta de ins-talações alternativas, os organizadores deverão pre-ver algum tempo adicional, uma vez que alguns dosparticipantes serão quase invariavelmente chama-dos a desempenhar algumas tarefas durante ohorário previsto para a formação.

14 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

Formadores* 15

47. Estas são apenas algumas das questões a terem conta no planeamento concreto dos cursos.Estes raramente serão conduzidos em condiçõesideais e é dever dos respectivos organizadores pre-ver de antemão todos os factores que se poderãoeventualmente repercutir nos objectivos da acçãode formação. Os organizadores que trabalham noterreno estarão em vantagem a este respeito, umavez que poderão visitar possíveis locais para arealização do curso, a fim de escolher o mais apro-

priado. Caso isto não seja possível, é imprescindívelcontactar com antecedência as pessoas no terrenoe continuar esses contactos ao longo de todo oprocesso de planeamento. Em suma, um planea-mento eficaz implica dar resposta, não apenas aquestões como “Quem é o público?” e “Quais sãoas suas necessidades de formação?”, mas também“Quando é a estação das chuvas?”, “Qual é a situa-ção em termos de segurança?” e, inevitavelmente,“Onde são as casas de banho?”.

48. Conforme indicado pelo método de forma-ção do ACNUDH acima descrito, todos os cursosem matéria de direitos humanos deverão ser adap-tados às necessidades específicas do público des-tinatário. Como tal, na determinação do conteúdoadequado para cada curso deverá recorrer-se aosdiversos materiais de formação em direitoshumanos especificamente destinados a cadagrupo, elaborados pelas Nações Unidas ou poroutras organizações. Contudo, como ponto departida em termos substantivos e normativos, a sec-ção seguinte contém uma explicação básica des-tinada aos formadores acerca do entendimento quea comunidade internacional tem dos direitoshumanos, e suas fontes, sistemas e normas fun-damentais.

a. Qual o significado de “direitos humanos”?

49. Os direitos humanos são garantias jurídicasuniversais que protegem os indivíduos e gruposcontra acções que interferem com as suas liberdadesfundamentais e dignidade humana. As normasde direitos humanos obrigam os Governos a fazerdeterminadas coisas e proíbem-nos de fazer outras.Algumas das mais importantes características dosdireitos humanos são as seguintes:

• São garantidos internacionalmente;• São juridicamente protegidos;

• Centram-se na dignidade da pessoa humana;• Protegem os indivíduos e grupos;• Obrigam os Estados e os agentes estaduais;• Não podem ser retirados/negados;• Têm igual importância e são interdependentes;• São universais.

50. A realização da cooperação internacionalcom vista a promover e estimular o respeito dosdireitos humanos e liberdades fundamentais detodos é um dos objectivos das Nações Unidas,conforme enunciado no artigo 1.o da Carta.Assim, desde a fundação da ONU, em 1945, queos direitos humanos são objecto do legítimo inte-resse de todos os Estados Membros, de todos osórgãos constitutivos, de todos os programas eagências especializadas e de todo o pessoal dasNações Unidas.

b. Alguns exemplos de direitos humanos

51. Os direitos humanos eliberdades fundamentais apa-recem enunciados na Declara-ção Universal dos Direitos doHomemN.T.1 e em diversos tratados (também cha-mados de “pactos” e “convenções”), declarações,directrizes e conjuntos de princípios, elaboradospelas Nações Unidas e organizações regionais.Incluem uma ampla variedade de garantias,

Introdução aos Direitos Humanos e ao programa de Direitos Humanos das Nações Unidas* 17

Introdução aos Direitos Humanose ao programa de Direitos Humanosdas Nações Unidas

04*capítulo

N.T.1 Publicada no Diário daRepública, I Série A, n.o 57/78, de 9 de Marçode 1978, mediante avisodo Ministério dos NegóciosEstrangeiros.

abrangendo praticamente todos os aspectos davida e actividade humanas. Entre os direitosgarantidos a todos os seres humanos, contam-se:

• O direito à vida;• A proibição da tortura e das penas ou tratamen-tos cruéis, desumanos ou degradantes;• A proibição da prisão ou detenção arbitrária;• O direito a um julgamento justo;• A proibição da discriminação;• O direito a igual protecção da lei;• A proibição de intromissões arbitrárias na vidaprivada, família, domicílio ou correspondência;• As liberdades de associação, expressão, reuniãoe movimento;• O direito de procurar e de beneficiar de asilo;• O direito a uma nacionalidade;• As liberdades de pensamento, de consciênciae de religião;• O direito de voto e de tomar parte na direcção dosnegócios públicos do país;• O direito a condições de trabalho justas e favo-ráveis;• O direito a condições adequadas de alimentação,abrigo, vestuário e segurança social;• O direito à saúde;• O direito à educação;• O direito à propriedade;• O direito de participar na vida cultural; e, claro,• O direito ao desenvolvimento.

c. O que é o “desenvolvimento”?

52. Para as Nações Unidas, o conceito de desen-volvimento humano sustentável implica olhar odesenvolvimento numa perspectiva integrada emultidisciplinar. Os direitos humanos estão nocerne deste conceito de desenvolvimento, quepõe em destaque, não apenas o crescimento eco-nómico, mas também a distribuição equitativa dosrecursos, o reforço das capacidades das pessoase o alargamento das suas opções. Concede amáxima prioridade à eliminação da pobreza,integração das mulheres no processo de desen-volvimento, auto-suficiência e autodeterminaçãodos povos e dos governos, incluindo os direitosdos povos indígenas. O desenvolvimento humanosustentável coloca as pessoas como sujeitos cen-

trais do desenvolvimento e defende a protecçãodas oportunidades de vida das gerações presen-tes e futuras, respeitando os sistemas naturais dosquais depende toda a vida.

d. Direito ao desenvolvimento

53. O direito ao desenvolvimento pode ser expli-cado desta forma: “Todos têm o direito de partici-par no desenvolvimento económico, social, culturale político, de para ele contribuir e de gozar os seusfrutos”. Este direito inclui o controlo permanentesobre os recursos naturais, a autodeterminação, aparticipação popular, a igualdade de oportunidadese a melhoria das condições adequadas ao gozo dosoutros direitos civis, culturais, económicos, polí-ticos e sociais.

54. Torna-se também claro quem são os benefi-ciários do direito ao desenvolvimento. Tal comoacontece com todos os direitos humanos, o seusujeito é a pessoa humana. O direito ao desenvol-vimento é reclamável pelos indivíduos e, colecti-vamente, pelos povos. É importante notar que estedireito obriga tanto os Estados individualmenteconsiderados (para assegurar o acesso igual e ade-quado aos recursos essenciais) como a comunidadeinternacional (a fim de promover o justo desen-volvimento das políticas e uma cooperação inter-nacional eficaz).

e. Em que difere uma abordagemdo desenvolvimento baseada nos direitos deuma abordagem baseada nas necessidades?

55. O desenvolvimento não é uma mera questãode caridade, mas um direito. Esta distinção éimportante. Quando algo (como o desenvolvi-mento) é definido como um direito, significa quealguém o pode reclamar ou exigir a sua garantiade um terceiro, que por sua vez incorre no cor-respondente dever ou obrigação jurídica. Istosignifica que os Governos, e seus agentes, são res-ponsáveis perante as pessoas pelo cumprimento detal obrigação. Os deveres (dos Estados individual-mente considerados perante o seu povo e, em ter-mos colectivos, da comunidade internacional deEstados) são, em determinados casos, deveres

18 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

positivos (de fazer ou proporcionar algo) e, noutros,deveres negativos (de se abster de fazer algo). Comuma abordagem baseada nos direitos, a acção efec-tiva em prol do desenvolvimento transfere-se docampo facultativo da caridade para o campo obri-gatório da lei, com direitos, obrigações e respecti-vos sujeitos claramente identificáveis. Além disso,uma abordagem baseada nos direitos abre cami-nho à utilização de um rico e cada vez maioracervo de informação, análise e jurisprudência,desenvolvido nos anos mais recentes pelos orga-nismos de controlo da aplicação dos tratados eoutras entidades especializadas no domínio dosdireitos humanos sobre matérias como os requi-sitos de uma habitação condigna da existência decondições adequadas nos domínios da saúde, ali-mentação, desenvolvimento infantil e pratica-mente todos os outros elementos de umdesenvolvimento sustentável.

f. Qual a origem das normas de direitos humanos?

56. As normas e princípios de direitos humanosderivam de dois tipos principais de fontes inter-nacionais, nomeadamente o “direito internacio-nal consuetudinário” e o “direito convencional”.

• O direito internacional consuetudinário (ou, sim-plesmente, o “costume”) é o direito internacionalcriado através da prática reiterada dos Estados,acatado em virtude de uma convicção de obriga-toriedade. Por outras palavras, se ao longo de umdado período de tempo os Estados se comportamde determinada maneira porque todos acreditamque o devem fazer, esse comportamento é reco-nhecido como um princípio de direito internacio-nal, vinculativo para os Estados, mesmo semconstar de acordo escrito. Assim, por exemplo,embora a Declaração Universal dos Direitos doHomem não constitua, em si própria, um tratadovinculativo, considera-se que algumas disposiçõesda Declaração têm a natureza de direito interna-cional consuetudinário;• O direito convencional inclui as normas dedireitos humanos consagradas em muitos acor-dos internacionais (tratados, pactos, convenções)que os Estados elaboram colectivamente (a nível

bilateral ou multilateral), assi-nam e ratificam.

57. Alguns destes tratadosabrangem vastos conjuntos dedireitos, por exemplo:

• O Pacto Internacional sobre osDireitos Civis e PolíticosN.T.2; e• O Pacto Internacional sobreos Direitos Económicos, Sociaise CulturaisN.T.3.

58. Outros tratados incidemsobre determinados tipos deviolações, por exemplo:

• A Convenção para a Preven-ção e Repressão do Crime deGenocídioN.T.4;• A Convenção Internacional sobrea Eliminação de Todas as Formasde Discriminação RacialN.T.5; e• A Convenção contra a Torturae Outras Penas ou TratamentosCruéis, Desumanos ou Degra-dantesN.T.6.

59. Outros ainda incidemsobre determinados grupos aproteger, nomeadamente:

• A Convenção sobre os Direitosda CriançaN.T.7;• A Convenção sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discrimi-nação contra as MulheresN.T.8;• A Convenção Internacionalsobre a Protecção dos Direitos deTodos os Trabalhadores Migran-tes e Membros das Suas Famí-liasN.T.9; e• A ConvençãoN.T.10 (e Protoco-loN.T.11) Relativa ao Estatuto dosRefugiados.

60. Um outro tipo de tratadostem por objecto determinadas

Introdução aos Direitos Humanos e ao programa de Direitos Humanos das Nações Unidas* 19

N.T.2 Assinado por Portugala 7 de Outubro de 1976 eaprovado para ratificaçãopela Lei n.o 29/78, de 12 deJunho, publicada no Diárioda República, I Série A,n.o 133/78. O instrumentode ratificação foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 15 deJunho de 1978 (Aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros publicado noDiário da República,I Série, n.o 187/78, de 16 deAgosto), tendo o Pactoentrado em vigor na ordemjurídica portuguesa a 15 deSetembro de 1978.

N.T.3 Assinado por Portugal a 7 de Outubro de 1976 eaprovado para ratificaçãopela Lei n.o 45/78, de 11 deJulho, publicada no Diárioda República, I Série A,n.o 157/78. O instrumentode ratificação foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 31 deJulho de 1978 (Aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros publicado noDiário da República,I Série, n.o 244/78, de 23 deOutubro), tendo o Pactoentrado em vigor na ordemjurídica portuguesa a 31 deOutubro de 1978.

N.T.4 Aprovada para ratifica-ção por Portugal pela Reso-lução da Assembleia daRepública n.o 37/98, de 14de Julho e ratificada peloDecreto do Presidente daRepública n.o 33/98, de 14de Julho. Ambos osdocumentos se encontrampublicados no Diário daRepública, I Série A,n.o 160/98. O instrumentode ratificação foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 9 deFevereiro de 1999 (Aviso n.o 68/2000, de 31 de Janeiro, do Ministério dos NegóciosEstrangeiros, publicado noDiário da República,I Série-A, n.o 25/2000).Entrou em vigor na ordemjurídica portuguesa a 10 deMaio de 1999.

N.T.5 Aprovada para adesãopela Lei n.o 7/82, de 29 deAbril, publicada no Diárioda República I Série A,n.o 99/82. O instrumentode adesão foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 24 deAgosto de 1982 (Aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros publicado noDiário da República,I Série, n.o 233/82, de 8 deOutubro), tendo entradoem vigor na ordem jurídicaportuguesa a 23 de Setem-bro de 1982.

N.T.6 Assinada por Portugala 4 de Fevereiro de 1985 eaprovada para ratificaçãopela Resolução da Assem-bleia da Repúblican.o 11/88, de 21 de Maio,publicada no Diário daRepública, I Série A,n.o 118/88. Ratificada peloDecreto do Presidente daRepública n.o 57/88, de 20de Julho, publicado no Diá-rio da República, I Série A, n.o 166/88. O instrumento

situações particulares, tais comoos conflitos armados, nomea-damente:

• As quatro Convenções de Ge-nebra de 1949N.T.12; e• Os dois Protocolos de 1977 adi-cionais a estas ConvençõesN.T.13.

61. Todos estes instrumentossão juridicamente vinculativospara os respectivos Estados partes.

62. Também encontramosnormas de direitos humanosconsagradas noutros tipos deinstrumentos: declarações, reco-mendações, conjuntos de prin-cípios, códigos deontológicos edirectrizes (tais como a Decla-ração sobre o Direito ao Desen-volvimento, a Declaração sobreos Direitos das Pessoas perten-centes a Minorias Nacionais ouÉtnicas, Religiosas e Linguísticas,os Princípios Básicos Relativos àIndependência da Magistratura,o Código de Conduta para osFuncionários Responsáveis pelaAplicação da Lei e os PrincípiosOrientadores Relativos à Fun-ção dos Magistrados do Minis-tério Público).

63. Estes instrumentos nãosão, em si mesmos, vinculati-vos para os Estados. Não obs-tante, estão dotados de forçamoral e fornecem orientaçõespráticas aos Estados no desen-volvimento da sua conduta.O valor destes instrumentosreside no seu reconhecimentoe aceitação por um grandenúmero de Estados e, mesmosem força jurídica, podem servistos como declarações deprincípios amplamente aceites

no seio da comunidade inter-nacional. Além disso, algumasdas suas disposições são decla-rativas de elementos de direitointernacional consuetudinárioe, nessa medida, vinculativas.

64. A Declaração sobre o Di-reito ao Desenvolvimento, adop-tada pela Assembleia Geral dasNações Unidas em 1986, é umimportante exemplo desse tipode declaração. Nela se reco-nhece que o desenvolvimentoconstitui:

“um amplo processo de natu-reza económica, social, culturale política, que visa a melhoriaconstante do bem-estar de todaa população e de todos os indi-víduos, com base na sua partici-pação activa, livre e significativano desenvolvimento e na justa distribuição dosbenefícios dele resultantes”.

A Declaração confirma que o desenvolvimento éum direito que assiste a todos os seres humanose identifica os seus elementos fundamentais:soberania permanente sobre os recursos natu-rais; autodeterminação; participação popular;igualdade de oportunidades; e melhoria das con-dições adequadas para o gozo dos outros direitoscivis, culturais, económicos, políticos e sociais.

g. Quem cria estes direitos?

65. O sistema jurídico internacional, conformeindicado na Carta das Nações Unidas, está estru-turado em torno de uma comunidade de Estados.As normas que disciplinam esse sistema sãoassim, principalmente, normas feitas por Estados,para Estados e sobre Estados. Como tal, são osEstados que criam as normas, através da formaçãodo costume, da elaboração de tratados e do desen-volvimento de declarações, conjuntos de princí-pios e outros instrumentos análogos. Os Estadoschegam a acordo quanto ao conteúdo dessas fon-

20 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

de ratificação foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 9 deFevereiro de 1989 (Aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros publicado noDiário da República,I Série, n.o 128/89, de 5 deJunho). Entrou em vigor naordem jurídica portuguesa a11 de Março de 1989.

N.T.7 Assinada por Portugala 26 de Janeiro de 1990 eaprovada para ratificaçãopela Resolução da Assem-bleia da Repúblican.o 20/90, de 12 de Setem-bro. Ratificada pelo Decretodo Presidente da Repúblican.o 49/90, da mesma data.Ambos os documentos seencontram publicados noDiário da República,I Série A, n.o 211/90. O ins-trumento de ratificação foidepositado junto do Secre-tário-Geral das Nações Uni-das a 21 de Setembro de1990 (Aviso do Ministériodos Negócios Estrangeirospublicado no Diário daRepública, I Série,n.o 248/90, de 26 de Outu-bro). Entrou em vigor naordem jurídica portuguesa a21 de Outubro de 1990.

N.T.8 Assinada por Portugala 24 de Abril de 1980 eaprovada para ratificaçãopela Lei n.o 23/80, de 26 deJulho, publicada no Diárioda República, I Série A,n.o 171/80. O instrumentode ratificação foi depositadojunto do Secretário-Geraldas Nações Unidas a 30 deJulho de 1980 (Aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros publicado noDiário da República,I Série, n.o 267/80, de 18de Novembro). Entrou emvigor na ordem jurídica por-tuguesa a 3 de Setembrode 1981.

N.T.9 Não ratificada por Por-tugal até 31 de Dezembrode 2001.

N.T.10 Aprovada para adesãopelo Decreto-Lei n.o 43 201,de 1 de Outubro de 1960,alterado pelo Decreto-Lein.o 281/76, de 17 de Abril,publicado no Diário daRepública n.o 91/76. O res-pectivo instrumento de rati-ficação foi depositado juntodo Secretário-Geral dasNações Unidas a 22 deDezembro de 1960, tendoentrado em vigor na ordemjurídica portuguesa a 22 deMarço de 1960.

N.T.11 Aprovado, para ade-são, pelo Decreton.o 207/75, de 17 de Abril,publicado no Diário daRepública, I Série,n.o 90/75. O respectivo ins-trumento de ratificação foidepositado junto do Secre-tário-Geral das Nações Uni-das a 13 de Julho de 1976,tendo entrado em vigor naordem jurídica portuguesa a 13 de Julho de 1976.

N.T.12 Portugal assinou asquatro Convenções deGenebra a 11 de Fevereirode 1950, tendo as mesmassido aprovadas para

ratificação pelo Decreto-Lein.o 42 991, de 26 de Maiode 1960. O instrumento deratificação foi depositadojunto do depositário dasConvenções (GovernoSuíço) a 14 de Março de1961. Portugal apôs ainda,no momento da ratificação,uma reserva ao artigo10.o/10.o/10.o/11.o das refe-ridas Convenções, as quaisentraram em vigor naordem jurídica portuguesa a 14 de Setembro de 1961.

N.T.13 Portugal assinou osProtocolos Adicionais I e IIa 12 de Dezembro de 1977.Estes instrumentos foramaprovados para ratificaçãopela Resolução da Assem-bleia da Repúblican.o 10/92, de 1 de Abril eratificados pelo Decreto doPresidente da Repúblican.o 10/92, da mesma data.Os instrumentos de ratifica-ção foram depositados a 27de Maio de 1992 (Avison.o 100/92 do Ministériodos Negócios Estrangeiros,de 17 de Julho, publicado noDiário da República,I Série-A, n.o 163/92), tendoambos os Protocolosentrado em vigor na ordemjurídica portuguesa a 27 deNovembro de 1992. A 1 deJulho de 1994, Portugaldeclarou aceitar a compe-tência da Comissão Interna-cional para o Apuramentodos Factos, ao abrigo doartigo 90.o do Protocolo I.

tes e concordam em vincular-se a elas. As normasde direitos humanos, embora confiram protecçãoaos indivíduos e grupos, regulam a conduta dosEstados (e actores estaduais).

h. Onde são criadas as normas?

66. As normas de direitos humanos são desen-volvidas e codificadas em diversos fora interna-cionais, através de um processo pelo qual osrepresentantes dos Estados membros desses forase reúnem, em geral repetidas vezes ao longo devários anos, a fim de definir a forma e o conteúdodos instrumentos internacionais de direitoshumanos, artigo por artigo e linha por linha.

67. Nos fora das Nações Unidas, todos os Estadossão convidados a estar presentes e a participar noprocesso de redacção, de forma a assegurar que odocumento final reflita o ponto de vista e a expe-riência de todas as regiões do mundo e dos prin-cipais sistemas jurídicos. Quer se trate de umtratado vinculativo ou de uma declaração solene,todas as propostas são cuidadosamente analisadase discutidas, até se chegar a acordo sobre a tota-lidade do texto. Mesmo então, no caso dos tratados,um Estado só fica vinculado pelas disposições doinstrumento em causa depois de o assinar e rati-ficar (ou de a ele aderir).

68. Os instrumentos de aplicação universal sãoelaborados nos organismos de direitos humanosdas Nações Unidas (tais como a Comissão dosDireitos do Homem), para serem depois apre-sentados à Assembleia Geral para adopção. Adi-cionalmente, a Subcomissão para a Promoção eProtecção dos Direitos Humanos leva a cabotodos os anos estudos de peritos sobre diversosproblemas de direitos humanos que podem levarao desenvolvimento de novas normas nestedomínio.

69. Instrumentos especializados de aplicaçãouniversal são também elaborados e adoptadospelas agências especializadas das Nações Unidas,nomeadamente a Organização Internacional doTrabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidaspara a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

70. Por último, diversos instrumentos regionaisimportantes de direitos humanos foram criadospelas principais organizações regionais, nomea-damente o Conselho da Europa, a Organização deEstados Americanos e a Organização de UnidadeAfricana.

i. Quem controla a observância dos direitos humanos?

71. Claro que, o mero estabelecimento de umconjunto de normas não é suficiente para garantira respectiva aplicação. A observância das normas dedireitos humanos é cuidadosamente supervisionadaa vários níveis. As seguintes instituições e orga-nizações nacionais controlam a aplicação das nor-mas de direitos humanos:

• Organismos e serviços públicos competentes;• Instituições criadas em conformidade com os“Princípios de Paris”, tais como as comissõesindependentes de direitos humanos ou os pro-vedores de justiça (por vezes, designam-se apenaspor “instituições nacionais de direitos huma-nos”);• Grupos encarregados da promoção e protecção dosdireitos humanos ou outras organizações nãogovernamentais (ONG);• Organizações da sociedade civil;• Tribunais;• Parlamento;• Meios de comunicação social;• Associações profissionais (por exemplo, Ordemdos Advogados ou Ordem dos Médicos);• Associações sindicais;• Organizações religiosas; e• Instituições académicas.

72. Num segundo nível, as organizações regionaisinstituíram mecanismos para controlar a obser-vância das normas de direitos humanos pelosEstados das respectivas regiões. Estes mecanis-mos incluem a Comissão Interamericana de Direi-tos Humanos, o Tribunal Interamericano deDireitos Humanos, a Comissão Africana dosDireitos do Homem e dos Povos, o Tribunal Euro-peu dos Direitos do Homem e o Comité de Minis-tros do Conselho da Europa.

Introdução aos Direitos Humanos e ao programa de Direitos Humanos das Nações Unidas* 21

73. A nível internacional (uni-versal), a aplicação das normasde direitos humanos é contro-lada por diversas ONG interna-cionais, e pelas Nações Unidas.No âmbito do sistema dasNações Unidas, existem diver-sos tipos de mecanismos decontrolo.

74. O primeiro é o controlo“convencional” (ou baseado nostratados). Alguns tratados dedireitos humanos prevêem a criação de um comitéde peritos (um “órgão de controlo da aplicação dotratado”, como por exemplo o Comité dos Direitosdo Homem ou o Comité para a Eliminação da Dis-criminação contra as Mulheres), cuja principalfunção consiste em fiscalizar a aplicação, pelosEstados partes, das disposições do tratado emcausa, sobretudo através da análise de relatóriosperiódicos apresentados por estes Estados. Trêsdos órgãos de controlo da aplicação dos tratados dis-põem também de competência para examinarqueixas por violações de direitos humanos (o Comitédos Direitos do Homem, o Comité para a Elimi-nação da Discriminação Racial e o Comité contraa Tortura)N.T.14.

75. O segundo tipo de controlo é exercido peloschamados mecanismos “extraconvencionais” (oubaseados na Carta). Na sua base estão procedi-mentos e mecanismos estabelecidos pela Comis-são dos Direitos do homem ou pelo ConselhoEconómico e Social, incluindo um procedimentoconfidencial (conhecido como o “procedimento1503”) para examinar comunicações relativas apadrões constantes de graves violações de direitoshumanos e procedimentos especiais que examinam,monitoram e elaboram relatórios públicos sobresituações de direitos humanos, quer em países eterritórios específicos (“mecanismos ou mandatosde países”) quer relativos a um determinado pro-blema de direitos humanos (“mecanismos oumandatos temáticos”). São confiados a grupos detrabalho compostos por peritos que têm assento atítulo individual (como o Grupo de Trabalho sobreos Desaparecimentos Forçados ou Involuntários ou

o Grupo de Trabalho sobre a Detenção Arbitrá-ria), a indivíduos nomeados como relatores ourepresentantes especiais ou como peritos inde-pendentes (tais como o Relator Especial sobre aindependência dos juizes ou advogados, o Repre-sentante Especial do Secretário-Geral sobre asituação dos Direitos Humanos no Camboja e operito independente sobre a situação dos direitoshumanos no Haiti) ou directamente ao Secretário--Geral (como no caso da questão dos direitoshumanos e êxodos em massa).

76. O terceiro tipo de controlo é exercido atravésdas operações de manutenção da paz e das missõesoperacionais de protecção dos direitos humanos.A inclusão de componentes de direitos huma-nos nos mandatos das operações de manutençãoda paz das Nações Unidas aumentou exponen-cialmente nos últimos anos. A atribuição dediversas funções no domínio dos direitos huma-nos ao pessoal internacional que participa na suaexecução tem vindo a incluir a supervisão dasituação interna de direitos humanos e a apre-sentação de relatórios sobre a mesma. Extensosmandatos na área dos direitos humanos foramconfiados à Missão de Observadores das NaçõesUnidas em El Salvador, à Autoridade Transitóriadas Nações Unidas no Camboja, à Missão dasNações Unidas de Verificação da situação deDireitos Humanos na Guatemala, à Missão CivilInternacional no Haiti, à Missão das Nações Uni-das na Bósnia e Herzegovina e a outras operaçõesanálogas.

77. Para além disso, o Alto Comissariado dasNações Unidas para os Direitos Humanos esta-beleceu operações de direitos humanos no ter-reno com competências de supervisão, em diversospaíses.

j. Papel do Alto Comissariado para os Direitos Humanos

78. Para além de funcionar como secretariadodos organismos de direitos humanos das NaçõesUnidas, tanto instituídos em virtude dos tratadoscomo baseados na Carta, o Alto Comissariadodas Nações Unidas para os Direitos Humanos

22 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

N.T.14 A partir de 22 deDezembro de 2000, data deentrada em vigor do Proto-colo Facultativo à Conven-ção sobre a Eliminação deTodas as Formas de Discri-minação contra as Mulhe-res (adoptado pelaAssembleia Geral dasNações Unidas a 6 deOutubro de 1999 e aberto àassinatura a 10 de Dezem-bro (Dia dos DireitosHumanos) de 1999), oComité para a Eliminaçãoda Discriminação contra asMulheres passou a disportambém desta competên-cia. Portugal assinou esteProtocolo Facultativo a16 de Fevereiro de 2000mas, até final de 2001,não havia ainda procedidoà sua ratificação.

(ACNUDH) executa o mandato genérico do AltoComissário para:

• Promover e proteger o gozo efectivo por todas aspessoas de todos os direitos civis, culturais, eco-nómicos, políticos e sociais e, em particular, dodireito ao desenvolvimento;• Prestar, através do Alto Comissariado para osDireitos Humanos e outras instituições compe-tentes, serviços consultivos e de assistência técnicae financeira na área dos direitos humanos, apedido do Estado interessado ou das organizaçõesregionais;• Coordenar os relevantes programas das NaçõesUnidas de educação e informação pública nodomínio dos direitos humanos;• Desempenhar um papel activo na eliminação dosobstáculos que actualmente se colocam e na supe-ração dos desafios à plena realização de todos osdireitos humanos, bem como na prevenção dascontínuas violações de direitos humanos em todoo mundo, conforme reflectido na Declaração e Pro-grama de Acção de Viena, adoptada pela Confe-rência Mundial sobre Direitos Humanos em 1993;• Dialogar com todos os Governos tendo em vistaassegurar o respeito de todos os direitos humanos;• Desempenhar as tarefas que lhe forem atribuí-das pelos organismos competentes do sistema dasNações Unidas na área dos direitos humanos afim de reforçar a promoção e protecção de todosos direitos humanos.

k. Criação de instituições e cooperação técnica

79. As Nações Unidas estão envolvidas na pres-tação de assistência no domínio dos direitoshumanos desde a década de 50. Em 1955, a Assem-bleia Geral criou um programa de serviços con-sultivos e de assistência técnica na área dosdireitos humanos (agora designado por programade cooperação técnica na área dos direitos huma-nos). Desde essa altura, inúmeros países emdesenvolvimento de todos os continentes têmvindo a beneficiar deste programa, que propor-ciona aconselhamento, conhecimentos especia-lizados e outros tipos de apoio tendo em vistao reforço das capacidades institucionais internasde promoção e protecção dos direitos humanos.

O programa, que é desenvolvido e administradopelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos,incide sobre a criação e o reforço de instituiçõesnacionais de direitos humanos, dele beneficiandoagentes e organismos de importância fundamen-tal no plano nacional.

80. As áreas do programa, conforme enunciadono relatório anual apresentado pelo Secretário--Geral à Comissão dos Direitos do Homem, com-preendem hoje uma ampla variedade de estruturasinstitucionais vocacionadas para as questões dosdireitos humanos, democracia e Estado de Direito.Entre elas, contam-se a prestação de serviços con-sultivos, actividades formação e concessão de bolsasde estudo e subsídios orientados para os seguintesobjectivos: assistência no processo de elaboração erevisão constitucional; reforma legislativa; eleiçõeslivres e justas; independência do poder judicial;exercício equitativo das funções do MinistérioPúblico; exercício da actividade policial de formahumana; condições condignas nos estabelecimen-tos prisionais; instituições nacionais independentes(conformes aos “Princípios de Paris”) e organizaçõesnão governamentais fortes, capazes e livres. Deacordo com o mandato que lhe foi conferido pelaDeclaração e Programa de Acção de Viena, o pro-grama apoia também directamente a elaboração deplanos de acção nacionais no domínio dos direitoshumanos. Formas complementares de assistênciasão disponibilizadas por outros agentes do sistemadas Nações Unidas, nomeadamente o Programadas Nações Unidas para o Desenvolvimento.

l. Aplicação

81. O regime jurídico dos direitos humanos obrigaos Estados a adoptarem todas as medidas neces-sárias para dar cumprimento às normas consa-gradas nos tratados e princípios consuetudináriosrelevantes. Isto implica, entre outros aspectos,assegurar o ressarcimento das vítimas, punir osinfractores, prevenir os abusos e combater a impu-nidade. Assim, em primeira instância, cabe aosEstados individualmente considerados adoptaremmedidas destinadas a garantir a aplicação das nor-mas, principalmente através dos seus sistemasjurídicos internos.

Introdução aos Direitos Humanos e ao programa de Direitos Humanos das Nações Unidas* 23

82. Caso não julguem o presumível infractor, nãoo possam ou não o queiram fazer, os Estadospodem ser obrigados, em certas circunstâncias,a extraditar, transferir ou entregar o mesmo parajulgamento noutro Estado. Alguns tratados,como a Convenção contra a Tortura e OutrasPenas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ouDegradantes, exigem expressamente que os Esta-dos partes julguem ou, em alternativa, extraditemos infractores.

83. A nível internacional, na década de 90, no res-caldo dos actos de genocídio e crimes contra aHumanidade perpetrados no Ruanda e na antigaJugoslávia, o Conselho de Segurança das NaçõesUnidas instituiu tribunais ad hoc a fim de fazerresponder perante a justiça os responsáveis por gra-ves abusos cometidos nesses países. Subsequen-temente, em finais da década e do milénio, acomunidade internacional deu um importantecontributo para a causa da aplicação das relevan-tes normas com a adopção, a 17 de Julho de 1998,em Roma, do Estatuto do Tribunal Penal Interna-cional, criando os alicerces de um tribunal inter-nacional permanente capaz de realizar a afirmaçãocontida, desde há meio século, na Declaração Uni-versal dos Direitos do Homem:

“é essencial a protecção dos direitos do homem atra-vés de um regime de direito, para que o homemnão seja compelido, em supremo recurso, àrevolta contra a tirania e a opressão”.

m. Tramitação das queixas e petições de direitos humanos

84. As Nações Unidas recebem milhares de quei-xas por violações de direitos humanos todos osanos. Diversos mecanismos foram instituídos pelaOrganização a fim de examinar essas queixas,nomeadamente:

• Procedimentos baseados nos tratados, que pre-vêem a consideração de “comunicações” pelosórgãos de controlo da aplicação dos tratados dedireitos humanos acima descritos;• Mecanismos extraconvencionais, tais como osrelatores especiais e grupos de trabalho da Comis-são dos Direitos do Homem, cujo trabalho incluia transmissão de apelos urgentes aos Governos;• “Procedimento 1503” (assim chamado devido àresolução do Conselho Económico e Social que oinstituiu), que examina as queixas em sigilo, a fimde identificar padrões de graves violações de direi-tos humanos.

24 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

Mais informação pode ser obtida junto de: Office of theUnited Nations High Commissioner for Human Rights (AltoComissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos),Palais des Nations, 1211 Genève 10, Suíça.

Telefone: (41 22) 917 9000Fax: (41 22) 917 0212

E-mail: [email protected]: www.unhchr.ch

Declaração Universal dos Direitos do HomemNT15

Anexo

Declaração Universal dos Direitos do Homem* 25

PREÂMBULO

Considerando que o reconheci-mento da dignidade inerente atodos os membros da famíliahumana e dos seus direitosiguais e inalienáveis constitui o fundamento daliberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o des-prezo dos direitos do homem conduziram a actosde barbárie que revoltam a consciência da Huma-nidade e que o advento de um mundo em que osseres humanos sejam livres de falar e de crer,libertos do terror e da miséria, foi proclamadocomo a mais alta inspiração do homem;

Considerando que é essencial a protecção dosdireitos do homem através de um regime dedireito, para que o homem não seja compelido, emsupremo recurso, à revolta contra a tirania e aopressão;

Considerando que é essencial encorajar o desen-volvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das NaçõesUnidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitosfundamentais do homem, na dignidade e no valorda pessoa humana, na igualdade de direitos dos

homens e das mulheres e se declararam resolvidosa favorecer o progresso social e a instaurar melho-res condições de vida dentro de uma liberdademais ampla;

Considerando que os Estados membros se com-prometeram a promover, em cooperação com aOrganização das Nações Unidas, o respeito uni-versal e efectivo dos direitos do homem e dasliberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destesdireitos e liberdades é da mais alta importância paradar plena satisfação a tal compromisso:

A ASSEMBLEIA GERAL

Proclama a presente Declaração Universal dosDireitos do Homem como ideal comum a atingirpor todos os povos e todas as nações, a fim de quetodos os indivíduos e todos os órgãos da socie-dade, tendo-a constantemente no espírito, seesforcem, pelo ensino e pela educação, por desen-volver o respeito desses direitos e liberdades e porpromover, por medidas progressivas de ordemnacional e internacional, o seu reconhecimento ea sua aplicação universais e efectivos tanto entreas populações dos próprios Estados membroscomo entre as dos territórios colocados sob a suajurisdição.

[Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral na sua resolução 217 A(III) de 10 de Dezembro de 1948]

N.T.15 Publicada no Diário daRepública, I Série A,n.o 57/78, de 9 de Março de1978, mediante aviso doMinistério dos NegóciosEstrangeiros.

Artigo 1.o

Todos os seres humanos nascem livres e iguais emdignidade e em direitos. Dotados de razão e de cons-ciência, devem agir uns para com os outros em espí-rito de fraternidade.

Artigo 2.o

Todos os seres humanos podem invocar os direi-tos e as liberdades proclamados na presente Decla-ração, sem distinção alguma, nomeadamente deraça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opi-nião política ou outra, de origem nacional ou social,de fortuna, de nascimento ou de qualquer outrasituação.

Além disso, não será feita nenhuma distinção fun-dada no estatuto político, jurídico ou internacionaldo país ou do território da naturalidade da pessoa,seja esse país ou território independente, sob tutela,autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3.o

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdadee à segurança pessoal.

Artigo 4.o

Ninguém será mantido em escravatura ou em ser-vidão; a escravatura e o trato dos escravos, sobtodas as formas, são proibidos.

Artigo 5.o

Ninguém será submetido a tortura nem a penas outratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6.o

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimentoem todos os lugares da sua personalidade jurídica.

Artigo 7.o

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têmdireito a igual protecção da lei. Todos têm direitoa protecção igual contra qualquer discriminação queviole a presente Declaração e contra qualquer inci-tamento a tal discriminação.

Artigo 8.o

Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo paraas jurisdições nacionais competentes contra os

actos que violem os direitos fundamentais reco-nhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9.o

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detidoou exilado.

Artigo 10.o

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, aque a sua causa seja equitativa e publicamentejulgada por um tribunal independente e imparcialque decida dos seus direitos e obrigações ou dasrazões de qualquer acusação em matéria penalque contra ela seja deduzida.

Artigo 11.o

1. Toda a pessoa acusada de um acto delituosopresume-se inocente até que a sua culpabilidadefique legalmente provada no decurso de um pro-cesso público em que todas as garantias necessá-rias de defesa lhe sejam asseguradas.

2. Ninguém será condenado por acções ouomissões que, no momento da sua prática, nãoconstituíam acto delituoso à face do direito internoou internacional. Do mesmo modo, não será infli-gida pena mais grave do que a que era aplicável nomomento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12.o

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na suavida privada, na sua família, no seu domicílio ouna sua correspondência, nem ataques à sua honrae reputação. Contra tais intromissões ou ataquestoda a pessoa tem direito a protecção da lei.

Artigo 13.o

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circulare escolher a sua residência no interior de um Estado.

2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar opaís em que se encontra, incluindo o seu, e o direitode regressar ao seu país.

Artigo 14.o

1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem odireito de procurar e de beneficiar de asilo emoutros países.

26 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

2. Este direito não pode, porém, ser invocado nocaso de processo realmente existente por crime dedireito comum ou por actividades contrárias aos finse aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15.o

1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacio-nalidade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privadoda sua nacionalidade nem do direito de mudar denacionalidade.

Artigo 16.o

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulhertêm o direito de casar e de constituir família, semrestrição alguma de raça, nacionalidade ou religião.Durante o casamento e na altura da sua dissolu-ção, ambos têm direitos iguais.

2. O casamento não pode ser celebrado sem olivre e pleno consentimento dos futuros esposos.

3. A família é o elemento natural e fundamen-tal da sociedade e tem direito à protecção desta edo Estado.

Artigo 17.o

1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente,tem direito à propriedade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privadoda sua propriedade.

Artigo 18.o

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensa-mento, de consciência e de religião; este direitoimplica a liberdade de mudar de religião ou de con-vicção, assim como a liberdade de manifestar a reli-gião ou convicção, sozinho ou em comum, tantoem público como em privado, pelo ensino, pela prá-tica, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19.o

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opi-nião e de expressão, o que implica o direito de nãoser inquietado pelas suas opiniões e o de pro-curar, receber e difundir, sem consideração de

fronteiras, informações e ideias por qualquermeio de expressão.

Artigo 20.o

1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reu-nião e de associação pacíficas.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte deuma associação.

Artigo 21.o

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte nadirecção dos negócios públicos do seu país, querdirectamente, quer por intermédio de represen-tantes livremente escolhidos.

2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em con-dições de igualdade, às funções públicas do seupaís.

3. A vontade do povo é o fundamento da auto-ridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se atra-vés de eleições honestas a realizar periodicamentepor sufrágio universal e igual, com voto secretoou segundo processo equivalente que salvaguardea liberdade de voto.

Artigo 22.o

Toda a pessoa, como membro da sociedade, temdireito à segurança social; e pode legitimamente exi-gir a satisfação dos direitos económicos, sociais eculturais indispensáveis, graças ao esforço nacio-nal e à cooperação internacional, de harmoniacom a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23.o

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livreescolha do trabalho, a condições equitativas e satis-fatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.

2. Todos têm direito, sem discriminação alguma,a salário igual por trabalho igual.

3. Quem trabalha tem direito a uma remunera-ção equitativa e satisfatória, que lhe permita e à suafamília uma existência conforme com a dignidadehumana, e completada, se possível, por todos osoutros meios de protecção social.

Declaração Universal dos Direitos do Homem* 27

4. Toda a pessoa tem o direito de fundar comoutras pessoas sindicatos e de se filiar em sindi-catos para a defesa dos seus interesses.

Artigo 24.o

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazerese, especialmente, a uma limitação razoável daduração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25.o

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vidasuficiente para lhe assegurar e à sua família asaúde e o bem-estar, principalmente quanto à ali-mentação, ao vestuário, ao alojamento, à assis-tência médica e ainda quanto aos serviços sociaisnecessários, e tem direito à segurança no desem-prego, na doença, na invalidez, na viuvez, navelhice ou noutros casos de perda de meios desubsistência por circunstâncias independentes dasua vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito aajuda e a assistência especiais. Todas as crianças,nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozamda mesma protecção social.

Artigo 26.o

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A edu-cação deve ser gratuita, pelo menos a correspon-dente ao ensino elementar fundamental. O ensinoelementar é obrigatório. O ensino técnico e pro-fissional deve ser generalizado; o acesso aos estu-dos superiores deve estar aberto a todos em plenaigualdade, em função do seu mérito.

2. A educação deve visar à plena expansão da per-sonalidade humana e ao reforço dos direitos dohomem e das liberdades fundamentais e devefavorecer a compreensão, a tolerância e a ami-zade entre todas as nações e todos os gruposraciais ou religiosos, bem como o desenvolvi-mento das actividades das Nações Unidas para amanutenção da paz.

3. Aos pais pertence a prioridade do direito deescolher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27.o

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar partelivremente na vida cultural da comunidade, defruir as artes e de participar no progresso cientí-fico e nos benefícios que deste resultam.

2. Todos têm direito à protecção dos interessesmorais e materiais ligados a qualquer produçãocientífica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28.o

Toda a pessoa tem direito a que reine, no planosocial e no plano internacional, uma ordem capazde tornar plenamente efectivos os direitos e asliberdades enunciados na presente Declaração.

Artigo 29.o

1. O indivíduo tem deveres para com a comu-nidade, fora da qual não é possível o livre e plenodesenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício destes direitos e no gozo destasliberdades ninguém está sujeito senão às limitaçõesestabelecidas pela lei com vista exclusivamente apromover o reconhecimento e o respeito dos direi-tos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer asjustas exigências da moral, da ordem pública e dobem-estar numa sociedade democrática.

3. Em caso algum estes direitos e liberdadespoderão ser exercidos contrariamente aos fins e aosprincípios das Nações Unidas.

Artigo 30.o

Nenhuma disposição da presente Declaração podeser interpretada de maneira a envolver para qual-quer Estado, agrupamento ou indivíduo o direitode se entregar a alguma actividade ou de praticaralgum acto destinado a destruir os direitos e liber-dades aqui enunciados.

28 *Instituições Nacionais de Direitos Humanos • Série de Formação Profissional n.º 06 [ACNUDH]

As publicações das Nações Unidas estão àvenda em livrarias e agências distribuido-ras em todo o mundo.

Consulte o seu livreiro ou dirija-se à Secção de Vendas das Nações Unidas,em Nova Iorque ou Genebra.

Para mais informação relativa ao sistema internacional de protecção dosdireitos humanos e instrumentos jurídicos aplicáveis, consulte a web pagedo Gabinete de Documentação e Direito Comparado, www.gddc.pt

Relativamente a esta edição em língua portuguesa, os interessados pode-rão contactar o Gabinete de Documentação e Direito Comparado, Rua doVale de Pereiro, 2, 1169-113 Lisboa.

Como obter as publicações das Nações Unidas

EDIÇÃO ORIGINAL IMPRESSA NAS NAÇÕES UNIDAS

GENEBRA

GE.99-46298

Junho de 2000-5 200

Editor

Comissão Nacional para as Comemorações do 50.o Aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem e Década das Nações Unidas

para a Educação em matéria de Direitos Humanos

Gabinete de Documentação e Direito Comparado Procuradoria-Geral da República

Rua do Vale de Pereiro, 2, 1269-113 Lisboawww.gddc.pt

Tradução

Raquel TavaresGabinete de Documentação e Direito Comparado

Procuradoria-Geral da República

Revisão

Carlos LacerdaGabinete de Documentação e Direito Comparado

Procuradoria-Geral da República

Título original

Human Rights Training. A Manual on Human Rights Training Methodology.Professional Training Series n.o 6 – United Nations

Design gráfico

José Brandão | Paulo Falardo[Atelier B2]

Impressão

Publimpressores

Tiragem

1500 exemplares

isbn

972-8707-11-8

Depósito legal

183 632/02

Primeira edição

Julho de 2002

Procuradoria-Geral da RepúblicaGabinete de Documentação

e Direito Comparado