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1 I. APRESENTAÇÃO Inúmeros fatores afetam a qualidade de vida moderna de forma que a população deve conscientizar-se da importância de alimentos contendo substancias que auxilia a promoção da saúde, trazendo com isso uma melhora no estado nutricional. Com o aumento da longevidade, impõe-se hábitos alimentares mais adequados. Existe mesmo a preocupação com a qualidade da dieta ingerida. Muitos pesquisadores argumentam que nosso genoma foi estabelecido a mais de 50.000 anos. Qual era a alimentação do homem primitivo? A dieta paleolítica continha mais vegetais e teor mais elevado de ácidos graxos ômega-3 do que aquele que consome atualmente. Acredita-se mesmo que, atualmente estamos ingerindo apenas 30% da variedade de vegetais que o homem primitivo consumia. Claro que houve muitos progressos no setor de alimentos desde o aparecimento do Homo na terra no que se refere a produção, conservação, higienização e até mesmo a qualidade do alimento. Isso e outros fatores como controle de muitas doenças contribuíram para o aumento da longevidade. Assim, a incidência das doenças crônicas degenerativas aumentou, sendo o estilo de vida - incluída a dieta - um fator importante em sua etiologia. Torna-se lógica a preocupação com a nutrição preventiva. Os alimentos funcionais têm papel importante na prevenção destas doenças crônicas. Alimentos funcionais são alimentos que, graças a presença de componentes ativos, promovem beneficio a saúde, alem daquele

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I. APRESENTAÇÃO

Inúmeros fatores afetam a qualidade de vida moderna de forma que a população deve

conscientizar-se da importância de alimentos contendo substancias que auxilia a promoção da

saúde, trazendo com isso uma melhora no estado nutricional.

Com o aumento da longevidade, impõe-se hábitos alimentares mais adequados. Existe mesmo

a preocupação com a qualidade da dieta ingerida. Muitos pesquisadores argumentam que

nosso genoma foi estabelecido a mais de 50.000 anos. Qual era a alimentação do homem

primitivo? A dieta paleolítica continha mais vegetais e teor mais elevado de ácidos graxos

ômega-3 do que aquele que consome atualmente. Acredita-se mesmo que, atualmente estamos

ingerindo apenas 30% da variedade de vegetais que o homem primitivo consumia. Claro que

houve muitos progressos no setor de alimentos desde o aparecimento do Homo na terra no

que se refere a produção, conservação, higienização e até mesmo a qualidade do alimento.

Isso e outros fatores como controle de muitas doenças contribuíram para o aumento da

longevidade. Assim, a incidência das doenças crônicas degenerativas aumentou, sendo o

estilo de vida - incluída a dieta - um fator importante em sua etiologia. Torna-se lógica a

preocupação com a nutrição preventiva. Os alimentos funcionais têm papel importante na

prevenção destas doenças crônicas.

Alimentos funcionais são alimentos que, graças a presença de componentes ativos, promovem

beneficio a saúde, alem daquele proporcionados pela nutrição básica. Devem estar na forma

de um alimento comum, serem consumidos como parte da dieta, promovendo benefícios

como redução do risco de diversas doenças e a manutenção do bem-estar físico e mental. As

substancias biologicamente ativas encontrada nos alimentos funcionais podem ser

classificados nos grupos tais como: Probióticos e Prebióticos, Alimentos Sulfurados e

Nitrogenados, Pigmentos e vitaminas, Compostos Fenólicos, Fitoesteróis, Ácidos graxos

poliinsaturados e Fibras.

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II. ALIMENTOS FUNCIONAIS E COMPOSTOS BIOATIVOS

A legislação brasileira através da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),

determina que alimentos funcionais são aqueles que produzem efeitos metabólicos ou

fisiológicos através da atuação de nutrientes ou não nutrientes no crescimento,

desenvolvimento, manutenção e em outras funções normais do organismo humano,

promovendo boa saúde física e mental podendo auxiliar na redução de doenças crônico

degenerativas.

As principais funções dos alimentos funcionais são: Redução do risco de doenças

cardiovasculares, de câncer, controle da obesidade, da função imune e dos fatores de

envelhecimento, melhoria das condições físicas e do humor.

Entre os compostos funcionais podem-se citar as isoflavonas, prebióticos, fitoesteróis e fibras,

os quais serão detalhados mais adiante. É importante ressaltar que cada um deles oferece

propriedades específicas ao organismo, porém não podem ser considerados medicamentos

para efeito de cura de qualquer doença.

Os compostos bioativos dos alimentos funcionais são chamado os fitoquímicos. Fitoquímicos

são substancias encontradas em frutas e verduras que podem ser ingeridas diariamente em

determinadas quantidades e mostram potencial para modificar o metabolismo humano de

maneira favorável a prevenção do câncer e de outras doenças degenerativas.

Alguns alimentos possuem esses compostos em quantidade maior, destacando-se frutas

cítricas, alho, repolho, soja, gengibre, cebola, tomate, berinjela, brócolis, couve, aveia,

cebolinha, menta, orégano, pepino, salsa e açafrão. A ingestão média de fitoquímicos é de

aproximadamente 1g a 1,5g/dia em uma dieta que inclua frutas, verduras, chá e vinho tinto.

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2.1. FITOESTEROIS

Os fitoesteróis são compostos naturalmente presentes em vegetais, onde os mesmos possuem

estrutura química e exercem função similar a do colesterol nos seres humanos: manutenção da

estrutura e função da membrana celular. São classificados como terpenóides e apresentam

atividade antioxidante e interação com radicais livres por divisão de sua extensa cadeia

carbônica em membranas lipídicas. Diferem do colesterol por conter 28 á 29 carbonos no

lugar de 27 e um radical metila ou etila adicional na cadeia carbônica. Exemplos de

fitoesteróis: β-sitosterol, ergosterol, stigmasterol, campesterol, brassicasterol.

Alguns fitoesteróis comparados ao colesterol.

São encontrados em óleos vegetais, nozes, cereais, leguminosas e frutas (feijões, amendoim,

gergelim, grão-de-bico, soja, lentilha, ervilhas, laranjas, maçãs etc.

Ainda há controvérsias quanto as recomendações diárias já que uma ingestão de 1,6 a 2,0g de

fitoesteróis/dia reduziria significativamente a absorção do colesterol, no entanto necessitaria

de uma grande quantidade de alimentos para suprir essa necessidade. Em dietas ocidentais há

uma ingestão media de 150mg a 310mg/dia, apesar da quantidade reduzida é freqüentemente

colocado essas populações como sendo as que contêm um menos índice de doenças

cardiovasculares um dos benefícios dos fitoesteróis.

No organismo os fitoesterois diminuem a absorção do colesterol no intestino delgado por um

mecanismo de competição, com conseqüente aumento da excreção fecal. Esta competição

ocorre porque a estrutura química do fitoesterol é semelhante a do colesterol, diferindo no

tamanho da cadeia.

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A redução da absorção de colesterol estimula o fígado a aumentar a síntese de colesterol, este

aumento, contudo, não é suficiente para compensar a redução do mesmo, pela ação do

fitoesterol. Em resposta o fígado eleva o numero de receptores LDL para então aumentar a

liberação de LDL-colesterol dos vasos sangüíneos, conseqüentemente tanto o colesterol total

quanto o LDL-colesterol diminuem, enquanto o valor de HDL-colesterol na circulação se

mantém. Os fitoesteróis atum ligando-se a sais biliares e colesterol aumentando a excreção

excessiva de esteróides alem de diminuir a produção de colonócitos. O efeito geral é o melhor

perfil lipídico.

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2.2. ISOFLAVONAS

As isoflavonas são uma subclasse dos flavonóides (compostos fenólicos) que englobam uma

parte importante de pigmentos naturais encontrados com freqüência na natureza unicamente

em vegetais. As substancias se caracterizam por um grupo funcional hidroxílico (OH) ligado a

um anel benzênico. São solúveis em água e solventes polares com dois anéis benzênicos e três

carbonos condensados no oxigênio formando um anel intermediário (C6-C3-C6) derivados do

fenil-2benolpiranos.

Estrutura química das principais isoflavonas

Contudo as isoflabonas apresentam estrutura química – estradiol - semelhante ao estrógeno

humano, essas substâncias são comumente referenciadas como fitoestrógenos, o qual recebe

este nome pela ação estrogênica e antiestrogênica de alguma substancias derivadas de plantas.

Esses compostos encontram-se naturalmente em leguminosas e são especialmente abundante

nos grãos de soja onde a maioria das fontes dietéticas contem uma mistura de derivados

baseados em três isoflavonas agliconas: daidzeína, genisteína e a gliciteína.

Segundo a FDA a recomendação de Isoflavona/dia na forma de aglicona é de 30 a 60mg.

Embora estudos mostrem que os efeitos estrogênicos das isoflavonas sejam muito pequenos

(1/1000 a 1/100.000 menos atividade de estradiol) elas podem ao mesmo tempo exercer um

efeito agonístico sobre os estrogênios. Na presença dos estrogênios elas funcionam como

antiestrógenos, competindo com ele pelos sítios de ligação nos receptores de estrógenos

presentes na célula, evitando que esse hormônio exerça efeitos negativos, como aumentar o

risco de câncer de mama nas mulheres. Na ausência de estrogênio (menopausa), essas

substâncias apresentam efeito estrogênico e substituem o hormônio que apresenta em baixo

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nível, aliviando os sintomas indesejáveis da menopausa e reduzindo o risco de doenças

cardiovasculares e osteoporose advindos da ausência do estrógeno humano.

Acredita-se que os fitoestrogênios apesar de produzirem alguns dos efeitos do estrogênio, não

seriam carcinogênicos. A genisteína funcionaria como potente inibidor da oncogênese, pois

inibe a tirosina quinase, fator de crescimento epidérmico, as DNA topoisomerarases I e II, a

quinase ribossômica S6, assim como a angiogênse e a diferenciação celular in vivo. Alem

disso inibiria a produção de radicais livres, modularia o ciclo celular e, eventualmente,

poderia precipitar a apoptose.

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2.3. PREBIÓTICOS

O termo prebiótico é utilizado para determinados componentes de alimentos vegetais que não

são digeríveis em qualquer das etapas do processo digestivo. Portanto resistente a ação de

enzimas, cuja função é mudar a atividade e a composição da microbiota intestinal com a

perspectiva de promover a saúde do hospedeiro.

Não calóricos ou energéticos, o consumo dos prebióticos são benéficos porque estimulam

seletivamente o crescimento e a atividade de um ou mais espécies de bactérias nu colón, tais

como bfidobacterias e lactobacillo, as fibras dietéticas e os oligossacarídeos não digeríveis

são os principais substratos de crescimento destes microorganismos.

Para que uma substancia (ou grupo de substâncias) possam ser definidas como tal, deve

cumprir os seguintes requisitos: ser de origem vegetal, formar parte de um conjunto

heterogêneo de moléculas complexas, não ser digerível por enzimas digestivas, ser

parcialmente fermentado por uma colônia de bactérias e ser osmoticamente ativas.

De todos os prebioticos disponíveis os únicos que possuem estudos para serem classificados

como componentes ativos de alimentos funcionais são os frutooligosacarideos (FOS) e a

inulina. A inulina e o FOS são entidades quimicamente similares com as mesmas

propriedades nuricionais. Essas semelhanças químicas e nutricionais são conseqüentes a

estrutura básica (ligações β(2-1) de unidades frutosil algumas vezes terminadas em uma

unidade glicosil), bem como a sua via metabólica em comum. A única diferença entre eles é o

grau de polimerização, ou seja, o número de unidades individuais de monossacarídeos que

compõe a molécula.

Fórmula química da inulina

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Ambos os prebióticos citados acima são encontrados no trigo, frutas e vegetais,

principalmente na cebola, chicória, alho, alcachofra, batata Yacon, aspargos, beterrabas,

banana e tomate.

Alguns autores têm sugerido uma dose de 4 a 20g/dia, mas ainda não existe uma dose

recomendada dado seu potencial osmótico e excessiva fermentação, alguns efeitos colaterais

são flatulências, dor, ou mal estar abdominal e diarréia.

Os prebióticos atuam estimulando seletivamente a proliferação ou atividade de populações de

bactérias desejáveis no colón. Adicionalmente o probiótico pode inibir a multiplicação de

agentes patogênicos garantindo benefícios adicionais a saúde do hospedeiro. Esses

componentes atuam mais freqüentemente no intestino grosso, embora eles possam ter também

algum impacto no intestino delgado. Outros efeitos atribuídos são: modulação de funções

fisiológicas chaves, como a absorção de cálcio, o metabolismo lipídico e redução do risco de

câncer de colón, já que atua diretamente na microbiota intestinal.

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2.4. FIBRAS

Segundo a comissão permanente criada pela Associação Americana de Químicos de cereais

(AACC), definiu como fibra da dieta a parte comestível das plantas ou carboidratos análogos

que são resistentes a digestão e a absorção no intestino delgado de humanos com fermentação

completa ou parcial no intestino grosso promovem efeitos fisiológicos benéficos. Além disso,

quando determinados componentes da fração da fibra alimentar estimulam o crescimento de

bactérias benéficas, especialmente as bifidobactérias e os lactobacilos, eles podem ser

incluídos na categorioa de alimentos funcionais denominados prebióticos.

Alguns tipos de fibras são: a celulose, β-glicanos, hemicelulose, pectinas, frutanos, amido

resistente, quitina, lignina, entre outros mais.

A celulose é o polissacarídio das plantas mais abundante da natureza; é um polímero linear

das milhares de moléculas de glicose unidas por ligações glicosídicas β-(1-4). Ela ocorre,

principalmente, na forma cristalina, organizada em microfibrilas, em que as cadeias de

celulose são fortemente unidas entre si na forma de um agregado compacto rodeado por uma

matriz de outros constituintes da parede celular. A conformação da molécula favorece a

formação de tais cadeias e explica algumas de suas características físico-químicas, como a

força mecânica, a resistência a hidrólise acida e a degradação microbiana ou enzimática.

As pectinas ou substancias pécticas são polímeros do ácido galacturônico presente no espaço

intercelular – lamela média – dos tecidos vegetais. São constituídas de polissacarídeos ácidos

e de cadeias laterais de oligossacarídeos e polissacarídeos neutros, os quais são unidos por

ligações covalentes ao esqueleto primário dos ramnogalacturonanos pelos resíduos de

ramnose. A cadeia principal é formada é formada por resíduos de ácido galacturônico unidos

entre si por ligações glicosídicas α-(1-4) e intercalada por moléculas de ramnose.

A fibra alimente age no organismo com mecanismos que promovem efeitos fisiológicos

benéficos, incluindo laxação, e/ou atenuação do colesterol do sangue, e /ou atenuação da

glicose do sangue, diminuição dos riscos de desenvolvimento de câncer decorrente de três

fatores: capacidade de retenção de substancias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato

gastrointestinal, promovendo uma rápida eliminação do bolo fecal, com redução do tempo de

contato do tecido intestinal com substancias mutagênicas e carcinogênicas e formação de

substâncias protetoras pela fermentação bacteriana dos compostos de alimentação.

As fontes alimentares usuais são: vários farelos, , vegetais, todas plantas comestíveis, grãos de

cereais, frutas, , alcachofra, cevada, centeio, raízes, cebola, legumes e etc.

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As recomendações de fibras segundo a FAO/OMS é de 25-30g/dia, e segundo as DRIs é de

25-38g/dia.

Fórmula química da celulose

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III. CONCLUSÃO

A partir deste estudo comparativo, acerca dos alimentos funcionais ressalta-se a importância

destes compostos no aumento da expectativa de vida da população, uma vez que o crescente

aparecimento de doenças crônicas tais como a obesidade, a aterosclerose, a hipertensão, a

osteoporose, o diabetes e o câncer têm ocasionado uma preocupação maior, por parte da

população e dos órgãos públicos da saúde, com a alimentação. Nesse contexto, inserem-se os

alimentos funcionais, considerados promotores de saúde por estarem associados à diminuição

dos riscos de algumas doenças crônicas, uma vez que são encontrados em alimentos naturais

ou preparados, contendo uma ou mais substâncias funcionais.

As autoridades em nutrição recomendam o consumo de sete a dez porções de uma variedade

de frutas e hortaliças por dia. A porção é definida como o que cabe na palma da mão ou um

punho cerrado. A variedade é importante para que se possam obter os benefícios de cada

alimento.

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REFERÊNCIAS

PALERMO, Jane Rizzo. Bioquímica da Nutrição/ Jane Rizzo Palermo – São Paulo: Editora Atheney, 2008.

SILVA, Sandra Maria Chemin Seabra da. Tratado de Alimentação, Nutriçao e Dietoterapia/Sandra Maria Chemim Seabra da Silva, Joana D’Arc Pereira Mura – São Paulo: Roca, 2007.

Sites:

www.nutricionistacarol.com2009/09/fitoesterois.html

www.cnpma.embrapa.br/informativo/mostra_infor.html

www.scielo/br/scielo.brphp?script=scarttat/jan/mar2006