fÓrum cientÍfico da faculdade catÓlica …...2018/07/20 · fÓrum cientÍfico da faculdade...
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FÓRUM CIENTÍFICO DA FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE
25, 26 outubro de 2019
ANAIS
ARAGUAÍNA/TO
2019
FACDO - FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE
FÓRUM CIENTÍFICO DA FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE
Anais
ISBN: 1982-2308
25, 26 de outubro de 2019
ARAGUAÍNA/TO
2019
FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE
Diretoria Acadêmica: - Pe. Eduardo Seccatto Caliman
Supervisão do Núcleo de Extensão e Iniciação Científica - NEIC: Nilsandra Martins de
Castro
COMITÊ ORGANIZADOR DO FÓRUM CIENTÍFICO
Deusamara Dias Barros Vaz
Elisangela Silva de Sousa Moura
Geraldo Alves Lima
Maria das Graças Aires de Medeiro Andrade
Nilsandra Martins de Castro
Mirian Aparecida Deboni
COMISSÃO AVALIADORA DE TRABALHOS
Mirian Aparecida Deboni
Nilsandra Martins de Castro
Organizadores Responsáveis pelos Anais do Fórum Científico: Nilsandra Martins de
Castro e Mirian Aparecida Deboni.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Eduardo Ferreira da Silva CRB-2/1257
F692
Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione, 10, Araguaína, TO, 2019. Anais do Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione / Faculdade Católica Dom Orione, 25 e 26 de outubro de 2019 / organizado por Nilsandra Martins de Castro; Mirian Aparecida Deboni -- Araguaína: FACDO, 2019. ISBN: 1982-2308
1. Conhecimento 2. Interdisciplinaridade 3. Pesquisa I. Castro, N.M. II. Deboni, M.A. III. Título IV. Anais do Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione
CDD 371.3
APRESENTAÇÃO
O Fórum Científico da Faculdade católica Dom Orione é um evento
tradicionalmente organizado pela Coordenação do Núcleo Extensão e Iniciação
Científica da Católica – NEIC, que visa problematizar questões ligadas aos Cursos
de Administração, Direito, Gestão Financeira, Gestão Hospitalar e Psicologia da
referida Instituição de Ensino Superior. O Fórum em questão ocorreu nos dias 25 e
26 de outubro de 2019, na Faculdade católica Dom Orione - FACDO.
O Fórum Científico da FACDO reuniu, como de costume, conferências,
mesas-redondas, oficinas, apresentações de comunicações de acadêmicos e
pesquisadores de diferentes áreas e instituições.
Acreditamos que este evento é um espaço de grande valia para o debate
de conhecimento e aprendizagem, pois propicia ao acadêmico, bem como a
comunidade externa, um (re)pensar acerca da ciência e das diferentes formas de
se fazer pesquisa nas distintas áreas. O Fórum Científico, por fim, busca imprimir
em nossos acadêmicos uma maior responsabilidade ética e social que acreditamos
ser conquistada, primordialmente, através do conhecimento científico.
Nilsandra Martins de Castro
PROGRAMAÇÃO FÓRUM CIENTÍFICO CATÓLICA ORIONE
- Dia 25 de outubro de 2019 (sexta)
MANHÃ: OFICINAS
Oficina 1
8h30min às
10h30min
Gestão de Tempo Prof. Me. Mirian Mendes
Costa – Católica Orione
Oficina 2 8h30min às
10h30min
Violência doméstica e Lei Maria da
Penha: o aumento do índice de
crimes contra a mulher
Dra. Ana Maria Barros
Varjal - Delegada Titular
da Delegacia da Mulher
de Araguaína
Oficina 3 8h30min às 10h30min
Moderna visão do Inquérito
Policial e sua importância para o
Sistema Processual Penal
Prof. Esp. Luís Gonzaga -
Católica Orione/Delegado de Polícia Civil no Estado do
Tocantins
Oficina 4
8h30min às 10h30min
Inquérito Policial Prof. Esp. Fernando
Rizerio Jayme – Católica Orione/
Delegado de Polícia Civil
no Estado do Tocantins
Oficina 5
8h30min às 10h30min
Arteterapia Helde Moura Cardoso
Martins -
Clinica Mundo Autista
VESPERTINO: OFICINAS
Oficina 1
15hàs 17h
Os desafios da escolha
profissional
Profº. Me. Gilson Gomes
Coelho – Católica Orione
Oficina 2
15hàs 17h
Eficácia na pesquisa Online
Profº. Esp. Nilo Marinho
Pereira Junior – Coordenador Geral das
Bibliotecas da UFT
Araguaína
Oficina 3 15hàs 17h
Musicoterapia Luciana Matos Pereira
Brito e Ivoneide Alves da
Silva Brito
(Clinica Mundo Autista)
Oficina 4
15hàs 17h
Defensoria Pública: atuação
interdisciplinar no âmbito da
família
Dra Téssia Gomes
Carneiro -
Defensora Pública
Oficina 5 15hàs 17h
Ética aplicada Prof. Me. Geraldo Alves
Lima – Católica Orione
Oficina 6
15hàs 17h
Narrativas Cinematográficas
contemporâneas: as distopias e
as percepções ecológicas na era
da globalização
Prof. Nádia Regina
Stefanine e Prof. Marlon
Magno Rangel Cardoso –
Católica Orione e Colégio
Santa Cruz
19h: Abertura oficial do evento com pronunciamentos da Direção da Católica
Orione e Responsável pelo NEIC.
19h30 Mesa Redonda – Os desafios do Pesquisador no séc. XXI
Composição:
Dra. Adalgisa Rodrigues de Andrade (USP)
Dr. José Wilson Rodrigues de Melo (UFT)
Me. Fernando de Freitas (USP)
- Dia 26 de setembro de 2019 (sábado)
Manhã
8h30min às 12h – Comunicação de trabalhos oral e exposição de banner
Tarde
14h às 16h Cine FACDO
Capitão Fantástico
ANAIS
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA AO TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA NA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Adriana Nunes da Cruz
RESUMO
As agências educacionais exercem um papel de suma importância na vida do indivíduo, pois
é a partir da mesma que se estabelece o primeiro contato com práticas educativas e as
habilidades sociais começam a se desenvolverem. Porém dentro do contexto social em que
estamos inseridos ainda há uma falha no sistema de ensino, os déficits de inclusão em escola
regular, a falta de profissionais capacitados, a delimitação de tempo para o aprendizado e o
ensino de forma ritualística são fatores contingentes que contribuem para a não inclusão de
crianças com necessidades especiais em uma rede pública de ensino regular, tornando o
sistema de ensino mais segregador. Entre estas destaca-se crianças com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), onde o individuo apresenta alterações qualitativas, dificuldades de
interação social, desenvolvimento da comunicação atrasado e comportamentos
estereotipados e/ou repetitivos. Em uma perspectiva Analítico-Comportamental estes
padrões de comportamento são controlados e mantidos por variáveis ambientais e história
de reforçamento. Mudando-se o ambiente em que o sujeito está inserido propicia uma
mudança em seus padrões de comportamento. Um processo de alfabetização baseado na
Análise do Comportamento Aplicada (do inglês, Applied Behavior Analysis ou ABA), tem
como referência o planejamento de ensino onde cada aluno é visto de maneira
individualizada. Para que haja uma inclusão efetiva de crianças diagnosticadas com TEA é
necessário analisar o comportamento do aluno, o desempenho do mesmo deve ser
comparado sempre com ele mesmo. O comportamento do aluno deve ser observado e
analisado levando-se em conta a sua história de aprendizagem específica e individual nas
contingências de aprendizagem planejadas pela instituição de ensino. O objetivo desse
estudo é explanar como a Análise do Comportamento Aplicada promove variedade de
habilidades sociais, acadêmicas, comunicação e comportamentos adaptativos em crianças
com TEA, dentro do contexto escolar e promovendo a inclusão escolar das mesmas.
Palavras-Chave: ABA. Autismo. Escola. Análise do Comportamento.
Acadêmica de Psicologia da Católica Orione
A DICOTOMIA ENTRE O GRAFITE E A PICHAÇÃO: UMA ANÁLISE
DOCUMENTAL SOBRE O ORDENAMENTO JURÍDICO E SEUS REFLEXOS
SOCIAIS
Brunno Mauricio Nunes Leal
Helena Mendes da Silva Lima
O presente projeto tem como principal objetivo aprofundar em estudos teóricos sobre a
dicotomia entre o grafite e a pichação, com o direcionamento no embasamento legal do
ordenamento jurídico brasileiro e seus reflexos Sociais. Nessa linha de raciocínio, a
pesquisa em seu escopo busca entender e expor alguns fatos ocorridos no decorrer dos
últimos anos sobre a discriminação tanto por parte da sociedade como também pelas
autoridades que compõem a máquina pública do país que hodiernamente violam princípios
constitucionais por não entender a diversidade cultural do país e o real significado de
cultura. Portanto, com o estudo da constituição da república de 1988, código penal e
bibliografias referente ao assunto supracitado, busco salientar os motivos que levam essa
segregação cultura.
Palavras-chave: Grafite. Ordenamento Jurídico. Discriminação.
Graduando em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em sociologia pela PUCSP, Especialidade em psicopedagogia, Profa Faculdade Católica Orione.
O IMPACTO PSICOSSOCIAL DA SOLIDÃO NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO
Aline Soares Oliveira
Edilson Barros de Macedo
RESUMO
O referido trabalho tem por finalidade refletir acerca do impacto psicossocial da solidão no
espaço universitário, tendo em vista que muitos estudantes do ensino superior precisam sair
de suas cidades e comunidades para realizar o sonho de fazer faculdade. Nesse contexto, a
ausência da família, mudança de ambiente e a necessidade de construir novos laços
socioafetivos podem ocasionar desajustes emocionais e até sofrimento psíquico. Caixeta
(2011) aponta que a solidão que aflige os estudantes termina por gerar um trancamento de
matrícula, além das condições financeiras no custeio de um curso superior, vulnerabilidade,
conflitos pessoas e relacionais, o adoecimento psíquico. O presente trabalho foi
desenvolvido a partir de revisão bibliográfica constituída de artigos relacionados ao tema,
não tendo sido encontrado publicações que tratem especificamente do mesmo. No entanto,
os artigos analisados mostram que a solidão, aliada a outras questões psicossociais, como
dificuldade de comunicação em público, socialização e as pressões inerentes ao mundo
universitários, quando isenta de acolhimento psicossocial e educacional, podem levar o
discente ao sofrimento psicológico, podendo, inclusive, fazer com que o mesmo a abandone
a universidade. Portanto, trata-se de um tema que merece atenção especial a partir da criação
de políticas públicas pautadas em estratégias que possam minimizar os danos psíquicos ao
estudante universitário diante de uma experiência de solidão.
Palavras-chave: Solidão. Universidade. Sofrimento Psíquico.
Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Psicólogo, mestre em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]
OS IMPACTOS DA LEI 13.874/2019 NA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Esloane Xavier Matos
Vitória Alves Bailão
Priscila Francisco da Silva (Or.)
RESUMO
Considerando a desconsideração da personalidade jurídica como tema relevante do direito
empresarial, objetiva-se identificar os impactos sofridos após a instauração da Lei
13.874/2019 no campo do Direito. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória por
meio de coleta de dados bibliográficos em livros e artigos publicados no suporte papel e
digital. O referencial teórico utilizado primou pela área do Direito Empresarial e Civil.
Resultados levam a afirmar que a Lei 13.874/2019 trouxe tantos benefícios quanto prejuízos
para os credores e devedores, de modo a concluir que é necessário o desvio de finalidade e
a confusão patrimonial como requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica.
Palavras-chave: Personalidade jurídica. Direito empresarial. Lei 13.874/2019
Graduanda do 7º período do Curso de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do 7º período do Curso de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins/UFT. Professora de Direito Empresarial na Faculdade Católica Dom Orione FACDO. E-mail. [email protected]
INTERSECÇÃO ENTRE PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E AS PRÁTICAS DO
CONSULTÓRIO NA RUA
Angélica Cabral Oliveira Alves
Luciana Viturina da S Rodrigues
Gilson Gomes Coelho (Or.)
RESUMO
O Consultório na Rua (CnR) é um ramo do Sistema Único de Saúde- SUS, ele é organizado
na forma de rede de atenção à saúde, modelo preconizado no Brasil para conduzir e
direcionar todo o sistema de saúde. É uma política pública localizada na atenção primária
do SUS por isso, recomenda-se como prevenção à saúde psicológica, que correlacionando
à interpretação de Bleger (1984) seria a Psico-higiene propriamente dita. Este artigo teve
como objetivo fazer análise da teoria psicologia institucional na perspectiva do CnR, na qual
a atuação do psicólogo não vem em sentido clínico mas coletivo, tornando a psicologia mais
acessível, abrindo os seus horizontes de conhecimento atuando de forma mais ampla. Além
disso, o leitor ao longo do artigo vai compreender a metodologia utilizada no artigo, a
política nacional envolvida no CnR, seus objetivos e público alvo, etapas preliminares,
operacionalização e a psicologia institucional no CnR.
Palavras-chave: Psicólogo. Consultório na Rua. psicólogo em Saúde Coletiva. SUS.
Acadêmica de Psicologia na Faculdade Católica Dom Orione. Acadêmica de Psicologia na Faculdade Católica Dom Orione Doutorando em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista, campus de Assis. Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá, Professor na Faculade Católica Dom Orione.
A CRIAÇÃO DE UM BLOGGER COMO ESTRATÉGIA PARA ESTUDAR
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM NO CURSO DE PSICOLOGIA
Ângela Costa do Nascimento
Angélica Cabral Oliveira Alves
Fernanda Barros de Souza
Jaíne Daise Alves dos Santos
Jennifer Souza Santos
Jéssica Nery Macêdo
Stefania Cardoso Brito
Ana Letícia Guedes Pereira (Or.)
RESUMO
Os avanços tecnológicos provocaram mudanças na forma como interagimos com o mundo
a nossa volta e na maneira como nos relacionamos com os demais, a forma como
aprendemos também está passando por modificações oriundas do impacto da tecnologia, o
modelo tradicional de ensino no qual o aluno acompanha passivamente a matéria lecionada
em forma de aulas expositivas pelo professor vem sendo questionado e progressivamente
substituido por um modelo no qual o aluno passa a ser o protagonista de sua aprendizagem.
Nesse contexto, e tendo por objetivo estimular a participação ativa dos alunos em seu
processo de aprendizagem, foi proposto para os estudantes do sexto período do curso de
psicologia a criação de um blogger sobre aprendizagem e dificuldades relacionadas a
mesma. Para a realização dessa atividade, os alunos foram divididos em grupos que ficaram
responsáveis pela produção semanal de textos sobre a temática estudada. Os alunos
sugeriram propostas para dinamizar o conteúdo do blogger, tal como a criação de um espaço
dedicado a entrevistas entre professores a alunos do curso de psicologia sobre
aprendizagem. Os textos produzidos apresentavam um linguajar simples e de fácil leitura,
com embasamento científico para facilitar a compreensão dos navegantes interessados na
temática abordada. Vale citar que os alunos também criaram um perfil no instagram para
impulsionar as publicações do blogger. Através dessa experiência, conclui-se que a
utilização do blogger como ferramenta pedagógica foi essencial para a assimilação do
conteúdo abordado. Aoo observarem que seriam co-construtores de seu conhecimento, os
alunos empenharam-se para disponibilizar na rede conteúdos atualizados e embasados
científicamente, por outro lado a execução da atividade em grupos ou times proporcionou o
compartilhamento de ideias, aprendendo e ensinando simultaneamente os alunos
desenvolveram senso crítico que só pode ser alcançado através do dialogo e da reflexão
diante de posturas e ideias divergentes. Por fim, conclui-se que a utilização do blogger como
ferramenta para aprendizagem está de acordo com a demanda apresentada pelos acadêmicos
de psicologia que cada vez mais buscam alternativas para participar ativamente de sua
própria formação profissional.
Palavras-chave: Blogger. Psicologia. Metodologias ativas.
Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] cadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Mestre em psicologia e professora de psicologia da Faculdade Dom Orione, [email protected]
METODOLOGIAS ATIVAS EM PSICOLOGIA: A UTILIZAÇÃO DAS REDES
SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA PROMOVER A FORMAÇÃO DE
ALUNOS DO CURSO DE PSICOLOGIA
Daiane Silva Lima
Eliton Pereira da Silva
Euziomar de Sousa Freitas
Maurício Bezerra Martins
Myllena Vitória Sirqueira de Andrade
Nathalia Araújo Martins
Rochely Talitta Costa
Ana Letícia G. Pereira
RESUMO
Metodologia ativa é um processo pelo qual o aluno deixa de ser um ator passivo em seu
processo de aprendizagem para tornar-se o principal responsável pelo mesmo. Essa
demanda tem sido cada vez mais apresentada pelos alunos de psicologia que, ao longo do
seu processo de aprendizagem, tornam-se cada vez mais ativos em seu formação. Esse fato
tornou-se evidente durante as aulas de psicologia da aprendizagem II, pois muitos estudantes
mostraram-se preocupados com a quantidade de informações equivocadas sobre psicologia
e aprendizagem divulgadas nas redes sociais, por outro lado, nota-se que muitos
profissionais sem formação em psicologia estão ganhando destaque nas redes sociais ao
divulgar conteúdos com base nesta ciência. Tendo em vista essas informações, e com o
objetivo de promover uma atividade na qual os alunos não fossem apenas receptores de
conhecimento, mas também produtores, a turma do sexto período noturno, dentro do
contexto da disciplina psicologia de aprendizagem II, decidiu criar um blog denominado
blog Metacognição para disponibilizar aos internautas interessados em psicologia e
aprendizagem informações com base científica e dicas para pais e professores. Esse blog é
alimentando com textos produzidos pelos próprios alunos que realizam pesquisas sobre
temas relacionados a aprendizagem para posteriormente produzir o material que será
disponibilizado na rede. O blog é administrado pelos próprios estudantes com o auxílio da
professora que de quinze em quinze dias discute com os alunos sobre a produção dos textos
e os temas escolhidos. Através dessa atividade, observou-se que os alunos, além de obter
conhecimentos sobre psicologia da aprendizagem, aprenderam a se comunicar nas redes
sociais e a utilizar esse meio para divulgar informações sobre psicologia. Essas habilidades
são essenciais nos dias de hoje, pois observa-se que, ao deparar-se com questões que
envolvem aprendizagem, muitos pais e professores recorrem as redes sociais para obter
conhecimentos que possam auxiliá-los. Desta forma os futuros psicólogos precisam estar
conectados nas redes sociais e utilizar um linguajar simples que possa ser compreendido por
diferentes públicos, facilitando o acesso ao conhecimento sobre psicologia e aprendizagem.
Por fim, a turma do sexto período noturno compreendeu que cabe aos futuros profissionais
observar que o psicólogo não pode restringir-se ao consultório psicológico e que é
Acadêmica de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmica de psicologia Acadêmica de psicologia Professora de Psicologia da Aprendizagem na Católica Orione
necessário preparar-se para atender a demanda de uma sociedade cada vez mais conectada
as redes sociais.
Palavras-Chave: Psicologia. Redes sociais. Metodologias ativas.
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES DE PODER NOS ESPAÇOS
DE TRABALHO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Alessandra Dias da Cruz
Karen Juliete da Luz Brito
Lidianne Oliveira Lopes Silva
Gilson Gomes Coelho (Prof. Org.)
RESUMO
A psicologia organizacional surgiu como campo do conhecimento que tem por objetivo
melhorar os meios de produção, assim como desenvolver trabalhos que se fundamentavam
em fazer com que o trabalhador não deixasse de produzir. Com isso, as organizações
visavam manter seus interesses de produção e lucros o máximo possível, sem priorizar o
bem-estar e a saúde dos trabalhadores. Nessa perspectiva, as relações de poder que foram
construídas estavam acima do profissional da psicologia, sendo que esse desempenhava um
trabalho que fosse de encontro com melhorias no que tange aos interesses da empresa.
Assim, o profissional da psicologia deverá realizar uma atuação ética-profissional que vise
a psico-higiene na mediação dos conflitos dentro do espaço de trabalho.
Palavras-chave: Trabalhador. Saúde. Relações de poder.
Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Prof. Metre e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]
A CLÍNICA SÓCIO-HISTÓRICA NO CONTEXTO DO CAPSI
Claudia Alves Morais Santos
Paula Laena Paiva de Sousa
Maria Eduarda Pereira dos Santos
Regimara Martins Ambrozio Parente da Silva
Gilson Gomes Coelho1
RESUMO
A atuação clínica na perspectiva histórico-cultural não deve focar nos sintomas negativos
ou positivos emergentes, mas nos sentidos e significados que estes têm para o sujeito. O
psicólogo inserido no Centro de Atenção Psicossocial Infantil - CAPSI, trabalha com
crianças e adolescentes com transtornos mentais severos e persistentes, considerando o
transtorno não como uma doença biológica, mas como formação subjetiva. Este trabalho
visa apresentar a atuação na clínica Histórico-Cultural no atendimento aos usuários do
CAPSi. No levantamento bibliográfico, foi utilizado bancos de dados, como Google
Acadêmico, Scielo e Pepsic partindo da leitura sistemática das produções nacionais
estudadas. Encontrados quatro artigos relacionados à temática, haja vista a escassez de
produções no meio científico. González Rey e Marangoni (2006) são teóricos que
emergiram ao pesquisar as contribuições da histórico-cultural no contexto da clínica
psicológica.
Palavras-chave: Clínica. Psicologia Histórico-Cultural. CAPSi.
Graduada em História pela UNITINS e Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] 1 Mestre, Doutorando em Psicologia e Professor da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: gilsonpsico@gmail
INSUFICIÊNCIA DE POLÍTICAS ASSISTENCIAIS VOLTADAS PARA A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Aline Soares Oliveira
Maria Eduarda Pereira dos Santos
Mariana Araújo Bichuete Cavalcante
Gilson Gomes Coelho
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade problematizar e levantar questionamentos acerca da
ausência de políticas públicas que atuem no processo de cuidados à população em situação
de rua na cidade de Araguaína. O Centro POP prestar-se-ia à comunidade ofertando um
serviço especializado em abordagem Social, observando necessidades e promovendo efetiva
mudança de vida do grupo populacional estudado. Constituído pela lei nº 11.258 de 2005 de
parágrafo único 23 orgânico de assistência social (LOAS) onde torna-se de fundamental
importância a criação de programas destinados às pessoas em situação de rua (Centro Pop,
2012). O referido trabalho foi desenvolvido a partir de referencial bibliográfico, tais como
cartilhas do Centro Pop, além de 10 artigos complementares. Percebe-se a necessidade de
uma força impulsionadora para as políticas públicas sociais atuarem na capacitação e
socialização do público em questão. É preciso valorizar os sujeitos sociais, reordenando os
serviços específicos capazes de garantir os direitos ao longo violados.
Palavras-Chave: Direitos. Políticas Públicas. Assistência social.
Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail:[email protected] Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: UM ESTUDO À LUZ DA PSICOLOGIA
HISTÓRICO-CULTURAL
Claudia Alves Morais Santos
Jackellynne Silva do Nascimento
Regimara M. Ambrósio Parente da Silva
Gilson Gomes Coelho
RESUMO
Sabe-se que a atuação do psicólogo fundamentada na psicologia histórico-cultural mostra-
se de grande relevância no atendimento à pessoas em situação de rua, considerando-se que
se trata de um grupo populacional heterogêneo tendo em comum a extrema vulnerabilidade
social, expostos a diversas violências, privação de direitos humanos e com vínculos sociais
rompidos ou fragilizados, onde a Psicologia certamente tem muito a contribuir. O
Consultório na Rua é um dispositivo da política pública de saúde designado ao atendimento
de pessoas que vivenciam tais condições. No presente estudo, busca-se compreender a
relação entre a política pública de saúde conhecida como “Consultório na Rua”, e a pessoa
em situação de rua, na perspectiva da Psicologia histórico-cultural, a qual compreende o
homem com ser ativo, que se desenvolve nas suas relações sociais. Esta pesquisa foi
desenvolvida a partir da revisão bibliográfica, utilizando as plataformas Google Acadêmico
e Pepsic.
Palavras-chave: Psicologia Histórico-Cultural. Pessoas em Situação de Rua. Consultório
na Rua.
Graduada em História pela UNITINS e Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione
– FACDO. [email protected] Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected] Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected] Mestre, Doutorando em Psicologia e Professor da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected]
INTERSECCIONALIDADE E CONSUBSTANCIALIDADE DA MULHER NEGRA
E TRABALHADORA NA PSICOLOGIA SOCIAL
Karen Juliete da Luz Brito
Carmen Hannud Carballeda Adsuara (Prof. Org.)
RESUMO
O presente estudo científico foi elaborado e desenvolvido a partir do reconhecimento da
demanda histórica de visibilização das questões psicossociais das mulheres negras, cujas
subjetividades estão aqui compreendidas como produtos de um processo social e histórico
no bojo da divisão social do trabalho. O artigo desempenha também um papel de
instrumento de mediação para a percepção das subjetividades dessas mulheres mediante o
acesso a seu conteúdo. A pesquisa foi desenvolvida por meio de observação direta,
etnográfica e cotejamento de dados teóricos. Dentre os resultados do processo, tornou-se
marcante a importância desse estudo para a própria pesquisadora, enquanto mulher negra
trabalhadora estudante de psicologia, bem como para o desvelamento de conteúdos
subjetivos particulares à vida das mulheres negras enquanto um grupo social, sobre os quais
a psicologia ainda precisa aprofundar os conhecimentos para fazer valer seu compromisso
ético-político.
Palavras-chave: Mulheres Negras. Trabalho. Subjetividade. Relações de Poder.
Aluna da graduação em psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. Profa -Mestra da Faculdade Católica Dom Orione colocar essas informações conforme as regras do manual da FACDO.
O PACIENTE NEFROPATA E AS ÓRBITAS DO ADOECIMENTO: UM RELATO
DE ESTÁGIO
Ana Carolina Carvalho Arruda
Anna Lícya Ferreira Carneiro
João Henrique Oliveira Barros
Ially Fanny Oliveira Soares
Jamille Nascimento Lima
Mayra Aires Azevedo
Paulo de Tasso M. de Alexandria Junior
RESUMO
O presente trabalho é fruto de experiência de estágio em Psicologia Hospitalar realizado em
um hospital público do Estado do Tocantins. Entende-se que o indivíduo ao se perceber
frente ao processo da doença e hospitalização, se vê envolto em inúmeros sofrimentos diante
da situação que se encontra, visto que, uma mudança abrupta de rotina de vida, não é fácil
de ser incorporada psiquicamente, principalmente ao referir-se a uma mudança que implica
diretamente no âmbito social do sujeito. Diante disso, percebe-se que o sujeito ao se
perceber adoecido busca de diversas formas uma maneira de lidar com o fato. A psicologia,
através do seu arcabouço teórico, percebe que a doença é um fenômeno que se instala de
uma maneira que circula o fator biopsicossocial do indivíduo. Assim, o psicólogo,
juntamente com a equipe multidisciplinar e a família, trabalharão juntos a fim de minimizar
o sofrimento do paciente, oportunizando seu retorno social.
Palavras-chave: Psicologia Hospitalar. Adoecimento. Diagnóstico situacional.
Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected]. Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected]. Graduando do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO, [email protected]. Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Professor da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected].
PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
À LUZ DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
Ana Carolina Carvalho Arruda
Anna Lícya Ferreira Carneiro
Eliane Soares Lima
João Henrique Oliveira Barros
Gilson Gomes Coelho
RESUMO
O presente trabalho é fruto de uma experiência de estágio em Psicologia Clínica com grupos
usuários do Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS I), do município de
Araguaína-TO. Trata-se de um serviço comunitário, que visa substituir o modelo
hospitalocêntrico, fomentando a inserção social e a garantia dos direitos de cidadania dos
usuários através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos
laços familiares e comunitários. A clínica sócio-histórica, área recente da psicologia, surge
com ênfase nos aspectos cognitivos e na consciência, com práticas interventivas voltadas à
promoção da cidadania, consolidação da rede de cuidados e a mudança de cultura sobre a
doença mental que reduz o sujeito a categorias e estereótipos que o patologizam e limitam
seu desenvolvimento. Assim, o presente trabalho busca repensar a postura profissional diante
do ato clínico, proporcionando ao terapeuta um papel de mediador sob uma visão de homem
ativo e sócio-histórico.
Palavras-chave: Clínica Sócio-Histórica. Redes de cuidados. Subjetividade.
Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/4347051664214872. Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/0032900473367701 Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO),
http://lattes.cnpq.br/1181609938950114.
Graduando do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO),
http://lattes.cnpq.br/3936551154847456.
Mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá. Professor da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/6859345388384152
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O QUE ESPERAM DA ESCOLA E POR
QUE A FREQUENTAM?
Elizangela Silva de Sousa Moura
Liliane Rodrigues de Almeida Menezes
Maria das Graças Aires de Medeiros Andrade
RESUMO
O artigo discorre sobre dados de uma pesquisa realizada com jovens e adultos que cursam a
modalidade de ensino denominada Educação de Jovens e Adultos. O objetivo é conhecer
quem são os jovens que frequentam as turmas da EJA, bem como, suas perspectivas, desafios
e o que a escola representa para estes, na busca de uma melhor qualidade de vida. Realizou-
se uma pesquisa com 29 alunos do 1º e 2º períodos do 3º segmento da EJA matriculados na
Escola Estadual Adolfo Bezerra de Menezes, em Araguaína – TO. O estudo abordou os
aspectos sociodemográficos, a situação de trabalho, a representatividade da escola para as
suas vidas e os sonhos que buscam através de uma maior escolarização. Os resultados
sinalizam que a busca por mais educação está associada à ideia de um futuro melhor, de mais
oportunidades de inserção no mercado de trabalho e, por consequência, de melhoria da sua
situação financeira.
Palavras-chave: EJA. Mercado de trabalho. Sonhos.
Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected] Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected] Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected]
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A FASE ADOLESCENTE DA VIDA: A
LITERATURA E O CINEMA COMO FERRAMENTAS DISPONÍVEIS PARA O
PSICÓLOGO
Édson Soares Rodrigues
Karoline Cunha Sousa
Lívia Emerick de Magalhães Werner
Ana Letícia G. Pereira
RESUMO
A adolescência é uma fase marcada pela formação da identidade. Nesta fase o adolescente
experimenta várias personas para compreender a si mesmo e o mundo a sua volta. Na
disciplina de desenvolvimento II, estuda-se esta fase da vida para compreender como o
psicólogo pode auxiliar o adolescente que está vivenciando esta crise. A partir das reflexões
ocorridas nesta disciplina, observou-se que uma parcela significativa de adolescentes se
identifica com filmes e personagens adolescentes que enfrentam dilemas e jornadas perigosas
e com o objetivo de compreender como o psicólogo pode utilizar o cinema e a literatura para
comunicar-se melhor com os adolescentes que buscam seu auxílio. Utilizou-se o filme Alice
no país das Maravilhas para verificar como é possível articular literatura, cinema e psicologia.
Com base na psicologia junguiana e mais precisamente na jornada do herói. observou-se que
o cinema e a literatura são recursos que podem ser utilizados pelo psicólogo para auxiliar o
adolescente em seu processo de individuação e desenvolvimento. O adolescente se identifica,
por exemplo, com Alice porque ela também está em busca de seu lugar no mundo e para
descobrir qual é o seu lugar e quem ela é, a personagem se depara com dificuldades
semelhantes as experimentadas pelos adolescentes na vida real: ao longo do filme Alice se
depara com Absolem com quem estabelece diálogos que levam a reflexão sobre sua vida, tal
como ocorre entre um adolescente e o psicólogo que o auxilia em seu processo de
individuação. Com base nestas informações, conclui-se que a utilização da literatura e do
cinema como ferramenta para auxiliar o adolescente e compreender mais sobre o universo do
ser humano nesta fase da vida é um recurso viável para o profissional psicólogo. O psicólogo
é um profissional que precisa compreender as formas de expressão do adolescente e fazer uso
do linguajar que estes clientes utilizam a fim de adequar-se às suas necessidades, mostrando
assim que é um profissional flexível e apto a se comunicar e auxiliar este público.
Palavras-chave: Literatura. Cinema. Psicologia.
acadêmico de psicologia. FACDO acadêmica de psicologia. FACDO acadêmica de psicologia. FACDO prof. de psicologia do desenvolvimento II. FACDO
INQUÉRITO POLICIAL E A RELEITURA DO CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA NA FASE PRÉ-PROCESSUAL
Juliano Silva de Figueiredo
Fernando Rizério Jayme
RESUMO
O presente estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do projeto de Iniciação Científica
da Faculdade Católica Dom Orione. Nossa proposta destina-se a ter como objeto de pesquisa
um dos instrumentos mais utilizados na persecução penal brasileira, qual seja o inquérito
policial. Na primeira parte do trabalho, será apresentado um panorama histórico de construção
do inquérito policial, sobretudo, sua evolução na realidade do país. Ainda nesse momento,
serão descritas as características formadoras do referido instrumento, como, por exemplo, seu
caráter escrito, inquisitório, sigiloso e etc. Por derradeiro, e com igual grau de importância
dos assuntos anteriores, iremos tratar dos princípios do contraditório e da ampla defesa e como
esses mandamentos se relacionam com a fase pré-processual no bojo do inquérito policial.
Na segunda parte do texto, a pesquisa passa a questionar alguns pontos já consolidados na
jurisprudência e na doutrina no sentido de que entendemos existir o contraditório e a defesa
na fase extraprocessual mesmo que de forma limitada ou mitigada. Como método de pesquisa,
utilizamos uma análise sistemática da lei 13.245/2016 que alterou o Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil, na parte que trata dos direitos do advogado e sua atuação em
procedimentos investigatórios. O objetivo central do trabalho é demonstrar como a ampliação
da defesa técnica, por meio do advogado, na fase extrapenal tem o condão de tornar a
investigação criminal mais sólida e como forma de garantia e respeito aos direitos dos
investigados.
Palavras-chave: Inquérito Policial. Defesa Técnica. Contraditório e ampla defesa.
Acadêmico do 7º período de Direito da Faculdade Católica Dom Orione e bolsista do PROCIENT – programa de Iniciação Científica da FACDO. Professor Especialista Faculdade Católica Dom Orione. Completar os dados. Veja o Manual da FACDO.
A APREENSÃO DE SIGNOS COMO PROPULSORA DA APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO NA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKY: UMA EXPERIÊNCIA
DE ESTÁGIO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Antonio Hugo Rabelo de Castro
Gilson Gomes Coelho (or.)
Juliane Hirosse Malizi
Paula Suellen Nunes da Silva
Rutileia Carneiro Alves
RESUMO
A partir do estudo de caso em um centro de educação infantil refletiu-se sobre o papel da
psicologia no contexto escolar. Apresentou-se os pressupostos e teoremas da psicologia sócio-
histórica enquanto abordagem teórica, e no que esse modo de pensar o ser humano supera as
vertentes tradicionais da psicologia. A partir das observações discutiu-se a mediação a partir
de signos com vistas à apreensão de conceitos relacionados a temas transversais, como o
respeito às diferenças, a auto aceitação e identificação de sentimentos, contribuindo com o
desenvolvimento integral de crianças. Apresentou-se ainda uma psicologia escolar que difere
da ideia que docentes, colaboradores e familiares têm da psicologia nestes espaços, numa
abordagem que combate a ótica dos diagnósticos, psicologização, medicalização e estigmas.
Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento da Criança. Psicologia histórico-cultural.
Graduado em Zootecnia. Graduando em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá e docente da Faculdade Católica Dom Orione Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.
GBG – UMA VISÃO DE TOTALIDADE DO CAMPO EDUCACIONAL
Samuel de Menezes Pereira
RESUMO
O presente artigo aborda o ensino-aprendizagem e as relações existentes nesta metodologia
em um viés analítico-comportamental, como uma forma de questionar como o professor tem
utilizado os seus métodos e como cada aluno processa o ensino. A partir disso, será analisado
como um aluno aprende e desenvolve seu conhecimento, lidar com alunos que tenham
comportamentos problemáticos e se o psicólogo é o profissional adequado para esse tipo de
proposta que irá auxiliar o planejamento dos professores. Será utilizado o modelo de Seleção
Pelas Consequências, baseando-se nos 3 níveis de seleção do comportamento: Filogenético,
Ontogenético e cultural; níveis que apresentam como uma pessoa pode adquirir certos
comportamentos e seus repertórios. Focando no segundo nível que está ligado ao
comportamento operante, as aprendizagens do indivíduo e comportamentos aprendidos
durante sua história de vida e o nível cultural, que está relacionado em como o ambiente social
influência o indivíduo e seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Análise do comportamento. Níveis de seleção.
Comportamentos problemáticos.
Acadêmico de Psicologia 7° período - [email protected]
EDUCAÇÃO E TRABALHO: UM BREVE PERCURSO HISTÓRICO ACERCA
DOS ASPECTOS SOCIAIS E POLÍTICOS
Karen Juliete da Luz Brito
Júlia Carolina da Costa Santos (Prof. Org.)
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo conhecer e compreender o percurso histórico dos
aspectos sociais e políticos na relação trabalho e educação. Compreendendo a importância do
trabalho nos processos de realização e dignificação dos sujeitos, a relação de sujeito, trabalho
e educação na produção de processos que podem ser emancipatórios ou de adoecimento.
Entretanto, nessa relação ocorrem processos de desigualdades como mencionados ao longo
do trabalho que são estruturantes e desumanizantes, assim, o trabalho se torna alienado.
Diante disso, a compreensão da relação entre educação e trabalho na qual a educação é peça
chave para a superação/produção das desigualdades e adoecimento em detrimento da
culpabilização, a psicologia na área escolar visa à compreensão dos conflitos, por meio da
mediação e no desenvolvimento de práticas que viabilize o fortalecimento das subjetividades
por meio de cuidados coletivos sendo que a educação e fundamental para o acesso a melhores
condições de trabalho.
Palavras-chave: Educação. Trabalho. Subjetividades. Psicologia sócio-histórica.
Aluna da graduação em psicologia da FACDO Profa.- Mestra da FACDO.
NARRATIVAS SOBRE DISCURSO DE ÓDIO NO CONTEXTO DO RACISMO
Edison José de Araújo Neto
Nilsandra Martins de Castro
RESUMO
O presente estudo faz parte de uma pesquisa ligada ao Programa de Iniciação Científica da
Faculdade Católica Dom Orione, e versa sobre a temática: discurso de ódio racista. O objetivo
em primeira instância será compreender o que são discursos de ódio e suas implicações
jurídicas, ainda como estes se traduzem em instrumentos de segregação. É relevante
entendermos que a discriminação e o preconceito só podem ser enfrentados através do ensino
e da reflexão. São muitos os conceitos equivocados que constituem os pré-conceitos e, em
sua maioria, construídos através de bases generalistas e pouco discutidas, por isso mesmo se
mostra relevante buscar meios para a reflexão e o diálogo no trato quanto aos direitos e aos
deveres dos cidadãos visando uma sociedade mais equânime. O método utilizado na presente
pesquisa é documental e bibliográfico, o primeiro por analisarmos jurisprudências que tratam
do tema em questão e, o segundo por ser necessário uma base teórica sobre o respectivo
objeto. Por conseguinte, fizemos uma análise no ordenamento jurídico brasileiro e como o
discurso de ódio é tratado aqui e demos sugestões intrínsecas de como se deve prevenir esse
tipo de agressão. Outrossim, mostramos que de acordo com a influência política do
ordenamento jurídico teremos uma espécie de sanção ou até mesmo a determinação de
atipicidade da conduta. Destarte, demonstraremos que se trabalharmos de maneira preventiva
contra o discurso de ódio evitaríamos diversos problemas sociais que se apresentam de
maneira sintomática quando há esse tipo de discurso.
Palavras-chave: Discurso de ódio. Direito de minorias. Educação.
Acadêmico de direito – pesquisa realizada pelo programa de Iniciação Científica da católica - PROCIENT Professora Dra. em Letras pela UFT. Docente da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]
A MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA. UMA REVISÃO SOBRE A GRANDE
PROBLEMATICA, PERSPECTIVAS E DESAFIOS
Maria Francisca Dias
Rebeca Carvalho Melo
RESUMO
Mesmo em pleno século XXI, ainda há muita falta de informação sobre cuidados básicos
relacionadas à saúde. A adolescência é a fase onde a criança passa por alterações em seu corpo
e essa fase traz consigo uma carga de emoções, vontades e mudanças. Como consequência
dessas realidades, esse quadro tem se refletido em várias áreas da saúde pública de maneira
negativa e trazendo como uma das consequências a maternidade na idade adolescente. A
gravidez na adolescência pode desenvolver um fardo de necessidades fisiológicas,
psicológicas e sociais, implicando em uma série de acontecimentos complexos para o seu
desenvolvimento. Neste artigo, abordaremos a incidência da maternidade na adolescência, a
problemática de um modo geral bem como as perspectivas e desafios a serem superados
incialmente pelas famílias e órgãos públicos em diferentes situações econômicas, familiares
e culturais.
Palavras-chave: Gravidez. Adolescente. Maternidade.
Graduanda do 6º período do curso de Bacharelado em Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do 6º período do curso de Bacharelado em Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]
ANÁLISE ACERCA DOS PRECEDENTES E A UNIFORMIZAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA PROCESSUALISTA
Amanda Estrela Dantas
Lillian Fonseca Fernandes (or.)
RESUMO
Diante da necessidade de análise da eficácia da uniformização de jurisprudência
processualista, faz-se presente a elaboração deste trabalho, visto que ainda há no ordenamento
jurídico a incerteza de que decisões idênticas, quando tomadas por julgadores distintos, terão
idêntico caminho. Nos diz o artigo 926 do Código de Processo Civil que “os tribunais devem
uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente”. (BRASIL, 2016).
Sendo assim, há a presunção de que as decisões de cunho idêntico tenham, por consequência
lógica, idêntico resultado, gerando precedentes. Tem-se como objetivo principal ponderar
acerca da importância de uma justiça uniforme, não afetando a autonomia de atuação quando
diante de casos peculiares. A pesquisa será embasada no estudo
bibliográfico/documental, com estudo em livros e artigos científicos voltados à área do direito
e tem o objetivo de proporcionar respostas aos problemas levantados. A análise será
trabalhada através de pesquisa qualitativa, objetivando estudo de casos e pareceres acerca do
tema proposto.
Palavras- Chave: Jurisprudência processualista. Decisões idênticas. Justiça uniforme.
Acadêmica do 10° período de Direito e participante do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT. Docente da Faculdade Católica Dom Orione e orientadora junto ao PROCIENT - Programa de Iniciação Científica da FACDO..
O COMPROMISSO DA PSICOLOGIA COM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: A
PRÁTICA DO CUIDADO NO CONTEXTO DA RUA
Amanda Rafaela Lima Silveira
Gabriel Henderson Soares Rolim
Marcos Gabriel Ferreira Silva
Millais Lariny Soares Rippel
Gilson Coelho Gomes
RESUMO
O presente artigo, via levantamento e análise bibliográfica, objetiva apresentar como se dá as
relações existentes e as práticas psicológicas no âmbito do consultório de rua, que é uma
prática que está pautada nas diretrizes da Política Nacional de 2009 para a população em
situação de rua, e também na versão da Política Nacional de atenção básica de 2011.
Conforme apontam Londero, Ceccim e Bilibio (2013), o consultório de rua (CR) é um serviço
criado para produzir cuidado às populações em situação de rua, e faz parte das redes de saúde
e intersetorial, nas quais insere-se na intenção de produzir um fazer terapêutico singular para
cada pessoa/grupo que se encontra em situação de rua. A importância dessa pesquisa se dá
pelos benefícios oriundos das práticas profissionais ofertadas as pessoas beneficiadas, fato
que a Psicologia deve ter um compromisso ético-político para a transformação social, olhando
também para as populações mais vulneráveis.
Palavras-chave: Consultório de rua. Psicologia. População Vulnerável.
[email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Me. Doutorando em psicologia e professor da Faculdade Católica Dom Orione. Todos os e-mails ao final das informações dos autores.
PSICOLOGIA NA PRAÇA: APROXIMANDO PAIS E FILHOS E ESTUDANTES
DE PSICOLOGIA EM EVENTO ABERTO A SOCIEDADE DE ARAGUAÍNA
Arnaldo Cesar de Souza Silva
Celso Diogo de Souza
Cícero Moura da Silva
Lara Gonçalves Silva
Raimunda Brito de Souza
Roberta de Souza Rocha
Yara Soares Araújo
Ana Letícia Guedes Pereira
RESUMO
Através das discussões ocorridas na disciplina psicologia da aprendizagem II, sobre
relacionamento familiar e dificuldades de aprendizagem, os estudantes de psicologia do sexto
período noturno observaram que em muitas ocasiões os pais encaminham seus filhos para
atendimento psicológico individual e têm dificuldade de compreender que seus
comportamentos e a dinâmica da família têm relação com as dificuldades escolares que as
crianças apresentam. Dessa forma, a criança é rotulada e culpabilizadapela dificuldade escolar
e os adultos não observam a necessidade de repensar a dinâmica familiar e a forma como
lidam com a criança para ocasionar mudanças que facilitem a aprendizagem escolar. Por outro
lado, observa-se um desconhecimento por parte dos pais em relação ao trabalho desenvolvido
pelo profissional psicólogo Os pais não se queixam de pagar valores altos para proporcionar
aos filhos o atendimento psicológico, entretanto muitas vezes quando são chamados para
participar de atividades compartilhadas com as crianças no consultório de psicologia
apresentam resistências e dificultam a realização dessas atividades e não compreendem que
o psicólogo é um profissional que pode auxiliá-los a verificar como podem melhorar a relação
com seus filhos e o processo de escolarização dos mesmos. Com base nessas informações, e
com o objetivo de criar um espaço de diálogo entre pais e estudantes de psicologia e também
para evidenciar a necessidade de investimento na relação entre pais e filhos, a turma do sexto
período de psicologia noturno realizou uma oficina de massagens entre pais e filhos na
Avenida Via Lago, durante o evento “Caminhada pela vida”. Nessa ocasião, observou-se que
muitas crianças acharam divertida a realização das massagens e brincaram enquanto
realizavam as massagens em seus pais. Os pais, por sua vez, a princípio se mostraram tímidos,
porém, no decorrer da atividade, foram se soltando e permanecendo mais à vontade.
Posteriormente a realização da oficina, alguns pais entraram em contato com a professora
para relatar que realizaram as massagens novamente em suas casas e que o resultado foi muito
satisfatório. Dessa maneira, conclui-se que a realização da oficina de massagens entre pais e
filhos foi essencial para esclarecer aos pais quanto a necessidade de investimento nas relações
com seus filhos e que a qualidade dessas relações tem impacto no processo de aprendizagem
dos mesmos. Por outro lado, o fato da oficina ter sido realizada em um local aberto ao público
facilitou a participação de pais que de outra maneira não teriam acesso aos serviços prestados
pelos profissionais de psicologia. A ocasião também serviu como um treinamento para os
estudantes de psicologia que tiveram que auxiliar os pais durante o procedimento das
massagens. Ao retirar os estudantes do lugar “cômodo” do aluno e do espaço da sala de aula,
a professora que acompanhou a atividade proporcionou aos mesmos a articulação entre a
Acadêmico psicologia Acadêmico psicologia Acadêmico psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Professora do curso de Psicologia da Católica Orione.
teoria e a prática. Considera-se que através da realização de atividades como essas, a
sociedade, as famílias e os estudantes de psicologia obtêm resultados positivos e que os
estudantes que se envolvem nestas atividades se tornarão profissionais mais aptos e
preparados para lidar com a demanda apresentada pela comunidade escolar.
Palavras-chave: Família. Dificuldade de aprendizagem. Psicologia.
NEGOCIAÇÕES DE SENTIDOS NO CONTEXTO DA SUBALTERNIDADE:
INTERSECCIONALIDADE NA VIDA DA MULHER LÉSBICA E SEUS PONTOS
NODAIS PARA A PSICOLOGIA SOCIAL
Alessandra Dias da Cruz
Carmen Hannud (Or.)
[...] à medida que amadurecem, nossas lutas produzem novas ideias, novas questões e novos campos nos quais
nos engajamos na busca pela liberdade. (DAVIS, 2018, p. 27).
RESUMO
Considerando o avanço dos debates de gênero e sexualidade na psicologia, como se faz
notável mediante a publicação da resolução CFP 01/2018[1] e com a campanha
“despatologizando” desde 2015[2], o presente artigo busca abordar o fenômeno da
subalternidade no contexto da psicologia social a partir da perspectiva interseccional
(CRENSHAW, 2013; HIRATA, 2016), debatendo teórico-conceitualmente acerca da vida
das mulheres lésbicas. Dessa forma, a pesquisa teve como objetivo alinhar os saberes
psicológicos com discussões multidisciplinares no avanço e análise das relações que
compõem a vida subjetiva - individual e coletiva - das mulheres lésbicas, trazendo a categoria
gênero (SCOTT, 1995) em suas variadas construções sociais, imbricando raça-etnia e classe
social.
Palavras chaves: Mulheres. Lésbicas. Subjetividade.
Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. Aluna do Programa de Iniciação Científica – PROCIENT. E-mail: [email protected]. Graduada em Psicologia pela Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil
(2016). Docente da Faculdade Católica Dom Orione, Brasil.
DEFECTOLOGIA EM VYGOTSKY: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO
CULTURAL ACERCA DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA EM
ESCOLAS REGULARES
Ana Carolina Carvalho Arruda
Carmen Hannud Adsuara
RESUMO
O presente projeto de pesquisa em Iniciação Científica, por meio de revisão bibliográfica,
pretende compreender aspectos envolvidos na inclusão de crianças com deficiência em
escolas regulares através da defectologia vygotskyana, ancorada pela Teoria Histórico
Cultural, abordagem recente da Psicologia que traz uma nova visão de homem – ativo, social,
histórico - atribuindo à aprendizagem do indivíduo não só a aspectos biológicos, mas também
a estímulos sociais, via mediação por meio de instrumentos e signos. A defectologia de
Vygotsky visa transformar concepções limitadoras envoltas no contexto da deficiência, que
por muito tempo foi vista como um defeito que impossibilita o desenvolvimento. Com essa
proposta busca-se trabalhar as potencialidades de cada indivíduo, desfazendo-se de
estereótipos biologizantes e patologizantes que enquadram os sujeitos em categorias,
limitando-os. Conclui-se, portanto, que é via cultura que se estabelecem barreiras atreladas à
deficiência, pois os padrões de normalidade são os responsáveis pela exclusão social das
pessoas.
Palavras chave: Defectologia. Vygotsky. Inclusão. Teoria Histórico Cultural.
Orientanda do PROCIENT e Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). E-mail: [email protected]. Mestre em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras da UNESP e Psicóloga. Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). E-mail: [email protected].
ALÉM DA SALA DE AULA: PENSAR E ESTUDAR SOBRE PSICOLOGIA EM
ARTICULAÇÃO COM O CINEMA
Laila Beatriz Alves da Silva
Ana Letícia G. Pereira
RESUMO
O presente trabalho surgiu a partir dos debates ocorridos na disciplina de psicologia da
aprendizagem II, na qual os alunos verificaram a necessidade de compreender o contexto
escolar para analisar o quanto este espaço pode ou não estar envolvido na manifestação de
dificuldades de aprendizagem por parte da criança. Com o objetivo de instigar a reflexão
sobre como o contexto escolar pode se tornar um espaço de adoecimento, tanto para os alunos
quanto para os professores, foi utilizado como estratégia metodológica de ensino o filme
“Entre os muros da escola”, inspirado no livro de François Begaudeau que tem o mesmo nome
do filme. Após a exibição e análise do filme pode-se verificar que a utilização desta
ferramenta foi essencial para auxiliar os estudantes de psicologia a compreender mitos e
concepções distorcidas sobre o contexto escolar, como, por exemplo, o mito de que somente
no Brasil a escola pública enfrenta dificuldades e precarização do ensino, pois o filme
abordado em sala de aula se passa na França e apresenta questões semelhantes as dificuldades
encontradas no contexto brasileiro, por outro lado, foi possível perceber que os muros que
separam as pessoas podem estar muito além dos muros concretos das escolas, existem
“muros” ou barreiras psíquicas que separam estudantes e professores. Através deste trabalho,
conclui-se que a utilização do cinema como estratégia metodológica auxiliou os alunos do
sexto período, turma b, do curso de psicologia a compreender como o cinema pode se tornar
uma ferramenta enriquecedora da aprendizagem. Compreendendo as relações humanas dentro
de uma perspectiva interdisciplinar, os estudantes de psicologia se tornarão mais aptos e
preparados para lidar com dificuldades, escolares e outras questões que surgem quando a
criança se encontra na fase de escolarização. A utilização do cinema como ferramenta foi
necessária também para que os estudantes viessem a ultrapassar barreiras e “muros”
subjetivos que dificultavam a articulação das teorias psicológicas com o cotidiano das escolas
públicas e das salas de aula, sendo possível afirmar que esses estudantes se tornarão
profissionais mais preparados para lidar com a complexidade que envolve o ambiente escolar.
Palavras-chave: Escola. Cinema. Psicologia.
Acadêmica de Psicologia Docente do curso de Psicologia da Católica Orione
ESCALA DE LAWTON - AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS
Luiz Claudio Coelho da Cunha
Nádia Regina Stefanine (Or.)
RESUMO
O índice de Lawton ou “Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)” foi
desenvolvido em 1969 por Lawton e Brody. Trazendo como objetivo avaliar o desempenho
de pessoas idosas em atividades diárias no qual necessita ou não de auxílio. O teste primeiro
é padronizado com perguntas no qual o profissional deseja almejar resultados. Nessas
perguntas, as respostas serão correlacionadas com as especificidades do teste no qual poderá
ser indicado se a pessoa idosa possui independência, dependência parcial ou dependência, no
qual as respostas serão atribuídas para uma pontuação para fins de obtenções de resultados.
Na avaliação neuropsicológica, o índice de Lawton é muito bem aproveitado, pois a sociedade
vive um grande envelhecimento e o avanço de áreas tecnológicas, no qual o teste auxiliará
para a definição se a pessoa idosa possui alguma ajuda ou não, os resultados da escala de
Lawton possibilitam um bom indicativo de estágio não demencial.2
Palavras-Chave: Lawton. Idosos. Índice. Teste.
Acadêmico de Psicologia da Católica Orione. [email protected] Docente do curso de Psicologia da Católica Orione
O CONCEITO DE DISPOSITIVO EM MICHEL FOUCAULT
Gilson Gomes Coelho (Or)
Maycon Douglas Silva Ribeiro
RESUMO
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo centra, apresentar e discutir e relacionar o
conceito de dispositivo do filósofo francês Michel Foucault. A discussão acontecerá em torno
das categorias gênero e sexualidade e, por último, dialogaremos sobre como a psicologia no
Brasil responde as questões de gênero e sexualidade enquanto dispositivos de regulação. Os
dispositivos se apresentam com o caráter de domínio dos corpos, da conduta e da vida
humana. Neles estão presentes: discursos, práticas e saberes. Gênero, sexualidade e psicologia
estarão sob a análise do conceito de dispositivo ao passo que o conceito possibilita
compreender como foi construído ao longo da história as identidades de gênero: masculino e
feminino e as identidades sexuais.
Palavras-chave: Dispositivo. Subjetividade. Gênero. Sexualidade. Psicologia.
Acadêmico de Psicologia da Católica Orione [email protected] Me. Doutorando em psicologia e professor da Faculdade Católica Dom Orione.
PSICOLOGIA E PACIENTES SOROPOSITIVOS EM CONTEXTO HOSPITALAR:
OBSTÁCULOS E POSSIBILIDADE
Maísa Martins Lopes Araújo Brito
Samuel de Menezes Pereira
Lucas Pereira dos Santos
Ms. Paulo de Tarso Moura de Alexandria Júnior
RESUMO
Entendendo a formação social do hospital como um local de tratamento, mas também de
exclusão e que o HIV/AIDS envolve atravessamentos de gênero, raça e classe, o presente
artigo analisou, por meio de uma revisão bibliográfica de trabalhos já existentes, o paciente
soropositivo em contexto hospitalar com ênfase em homens homossexuais e como a
psicologia pode trabalhar para que os estigmas que envolvem a doença serem superados.
Concluiu-se que a psicóloga(o) inserido nesse contexto deve questionar os atravessamentos
estruturais da doença e, no seu fazer profissional, contribuir para que os preconceitos que a
envolvem sejam superados, dando voz ao paciente e construindo, junto aos movimentos
sociais, pesquisas para pressionar o poder público por melhorias nas políticas sociais
específicas.
Palavras-chave: Psicologia Hospitalar. Paciente Soropositivo. HIV/AIDS.
Graduanda do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Graduando do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Graduando do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Psicólogo do Hospital Regional de Araguaína e professor da Faculdade Católica Dom
Orione. Completar os dados e colocar os e-mails de todos.
A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
MENTAL: NO CAPS AD III DE ARAGUAÍNA-TO
Sueli Marques Ferraz
Júlia Carolina da Costa Santos
Este artigo tem como proposta apresentar os resultados do conhecimento adquirido nos
estudos realizados na disciplina de psicologia comunitária II do curso de psicologia da
Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). A metodologia usada foi entrevista
semiestruturada com psicóloga que atua no CAPS –AD de Araguaína, tendo como base as
teorias da psicologia comunitária para compreender as práticas do psicólogo dentro desse
espaço em que requer um trabalho diferenciado da clínica clássica. Observa-se que o trabalho
do profissional da psicologia nesta unidade tem o objetivo, do fazer psicológico em
desenvolver métodos e processos de conscientização, atuando com grupos, levando os
indivíduos a assumirem progressivamente seu papel como sujeitos de sua história, conscientes
dos fatores determinantes de sua situação, tornando-os ativos na busca de resolução dos
problemas e enfrentamento dos conflitos internos e externo no processo de tratamento.
Observa-se a importância desta disciplina para a formação profissional para atuar com esse
público.
Palavras-Chave: Psicologia Comunitária. CAPS –ad. Tratamento.
Graduada em História pela UFT, Acadêmica do Curso de Psicologia na FACDO, Mestranda PPGCult, UFT. E-mail. [email protected] Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Brasil(2016) Docente no curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]
AGRICULTURA FAMILIAR E PRODUÇÃO DE BANANAS COMO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Marcos Henrique Rodrigues Pinto
Ana Chrystinne Souza Lima
Uallace Carlos Leal Santos
Eugênio Bandeira de Souza Neto
RESUMO
A Bananicultura cultivada através da Agricultura Familiar, ocuparam importantes cenários na
economia e na cultura brasileira. Entretanto, por ser a agricultura familiar ainda carente de
acesso a informação, estudos e tecnologias, viu-se a necessidade de se explanar acerca do
tema, tratando da evolução da prática, suas características, sua importância socioeconômica
além de demonstrar dados que contribuam na melhoria. O Objetivo principal é conhecer a
prática de agricultura familiar e da bananicultura e levantar dados e subsídios para sua prática,
desde a produção a comercialização afim de proporcionar um desenvolvimento regional dessa
prática. Utilizando de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental. Sendo a
bananicultura, como prática de agricultura familiar, prática importante para o país e para a
região de Araguaína, de interessante produtividade, geração de emprego e renda, e com a
necessidade de atenção e tecnologias especiais para o seu desenvolvimento.
Palavras-chaves: Agricultura Familiar. Bananicultura. Desenvolvimento Regional.
Economia.
Bacharel em Administração (FACDO) ,[email protected] Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione,
ana.souzalima@outlook Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom Orione,
[email protected], http://lattes.cnpq.br/0904534088470297 Graduando em Direito (FACIMP), [email protected]
PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO
MUNICÍPIO DE ARAGUAÍNA-TO: COMPROMETIMENTO COGNITIVO E
FATORES ASSOCIADOS
Antonio Hugo Rabelo de Castro
Nádia Regina Stefanine (Or )
Jordana Carmo de Sousa
Luciano Fernandes de Sousa
Edgar Martins Pedra
RESUMO
Este trabalho buscou avaliar o declínio cognitivo e fatores associados em 18 adultos com mais
de 45 anos de idade e idosos de ambos os sexos e sem sinais evidentes de demência,
participantes de um programa de extensão de uma universidade pública. Realizou-se
levantamento sócio demográfico e de comorbidades associadas ao declínio e utilizou-se o
Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Para todos os resultados utilizou-se o teste de Qui
quadrado, tabela de contingência e correlação de Pearson e Spearman com nível de
significância p<0,05. Os resultados apontaram que aproximadamente 50% dos participantes
apresentaram desempenho que sugere declínio cognitivo. Encontrou-se correlação
significativa entre o resultado do MEEM e local de residência, demonstrando que se podem
discutir as bases relacionais entre os processos cognitivos a partir do contexto sócio-histórico
e estruturas neurofuncionais do cérebro.
Palavras-chaves: Envelhecimento. Comprometimento Cognitivo. Mini-exame do Estado
Mental.
Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected] Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Professora do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected]. Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Goiás (PUC-GO). Professora do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email:
[email protected]. Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Email: [email protected]. Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected].
THIRTEEN REASONS WHY: VULNERABILIDADES NO DEBATE SOBRE O
SUICÍDIO
Thelma Pontes Borges
Ana Chrystinne Souza Lima
Uallace Carlos Leal Santos
RESUMO
A presente pesquisa buscou analisar o seriado de TV Thirteen Reasons Why, que versa sobre
suicídio e ganhou repercussão mundial. Para tanto considerou os estudos referentes ao
suicídio no âmbito da saúde e da legislação brasileira, permitindo conjecturar sobre o alcance
do debate e se este seguiu aquilo que é preconizado em termos de prevenção ao ato suicida.
Como resultado chegou à conclusão que se, por um lado, a série teve como fator positivo
trazer o debate ao público, por outro, há evidências que a apresentação da série pode ter
relação com o aumento no número de suicídios. Discute-se que não é possível evidenciar se os
ganhos sociais da inclusão da temática no cotidiano das famílias, da forma como foi realizada,
foram benéficas; ficando como alerta que é necessário uma série de protocolos, já
desenvolvidos, quando o assunto for levado ao grande público.
Palavras-chave: Direito. Suicídio. Thirteen reasons why. Vulnerabilidades.
Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail:
[email protected] Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom . E-mail:????
A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COMO INSTRUMENTO
TEÓRICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Ana Luiza Machado Fulanet
Talita Maria Machado de Freitas (Or.)
RESUMO
Este trabalho tem sua proposta fundada na Terapia Cognitivo-Comportamental - TCC, como
instrumento teórico, para o desenvolvimento da inteligência emocional por meio de uma
pesquisa bibliográfica resultante em um artigo de revisão narrativo. Objetivando a
contribuição científica e inovadora da junção de um polo teórico e de uma habilidade que
deve ser adquirida por todos que almejam controle da sua vida, bem como menos impasses
causados pela falta dela. A inteligência emocional é conceitualizada como a regulação das
emoções, ou seja, o indivíduo inteligente emocionalmente deve ser capaz de identificar,
compreender e expressar corretamente tais emoções. Logo, a Terapia cognitivo-
comportamental que se caracteriza pelo foco em pensamentos e crenças, traz um arcabouço
teórico de muita ajuda para essa pesquisa. Ao intervir e modificar o indivíduo internamente
por meio das técnicas que a Terapia Cognitivo-Comportamental oferece, pode tornar o
potencial da inteligência emocional a ser desenvolvida muito mais iminente.
Palavras-chave: Terapia cognitivo comportamental. Inteligência emocional. Regulação,
controle.
Acadêmica de Psicologia da Católica Orione Docente da Católica Orione, curso de Psicologia.
OS DESAFIOS DO PSICÓLOGO NA ATUAÇÃO NO CONSULTÓRIO DE RUA:
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SÓCIO- HISTÓRICA
Ageu Moura da Silva
Layonan Batista Cavalcante
Paula Laena Paiva de Sousa
Gilson Gomes Coelho
RESUMO
O presente artigo tem objetivo de mostrar os desafios e os percalços que a prática do
consultório de rua tem, seja em escuta, articulação com a rede de saúde, técnicas e
instrumentos exclusivos para a atuação, podendo ser feito onde o sujeito em situação de rua
esteja necessitado do cuidado e assistência. De acordo com Londero, Ceccim e Bilibio
(2013), o consultório é um serviço aberto e de cunho espontâneo, com o propósito de acolher
os usuários, com ações norteadas com especificidades e dificuldades de cada indivíduo. O
presente trabalho foi realizado com base em pesquisas bibliográficas sobre a temática de
consultório de rua. A relevância desta pesquisa se dá pela compressão do sujeito a partir de
sua história de vida, como a psicologia sócio-histórica pode contribuir a escuta, acolhimento
e as técnicas do consultório de rua para uma total compreensão do ser humano em uma
condição social vulnerável.
Palavras-chave: Psicologia Sócio-Histórica. Desafios. Consultório de Rua.
Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.E-mail:[email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.E-mail:[email protected] Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A FASE ADOLESCENTE DA VIDA: A
LITERATURA E O CINEMA COMO FERRAMENTAS DISPONÍVEIS PARA O
PSICÓLOGO
Édson Soares Rodrigues, Karoline Cunha Sousa
Lívia Emerick de Magalhães Werner
Ana Letícia G. Pereira
RESUMO
A adolescência é uma fase marcada pela formação da identidade. Nessa fase, o adolescente
experimenta várias personas para compreender a si mesmo e o mundo a sua volta. Na
disciplina de desenvolvimento II, estuda-se essa fase da vida para compreender como o
psicólogo pode auxiliar o adolescente que está vivenciando esta crise. A partir das reflexões
ocorridas nesta disciplina, observou-se que uma parcela significativa de adolescentes se
identifica com filmes e personagens adolescentes que enfrentam dilemas e jornadas perigosas
e com o objetivo de compreender como o psicólogo pode utilizar o cinema e a literatura para
comunicar-se melhor com os adolescentes que buscam seu auxílio. Utilizou-se o filme Alice
no país das Maravilhas para verificar como é possível articular literatura, cinema e psicologia.
Com base na psicologia junguiana, e mais precisamente na jornada do herói, observou-se que
o cinema e a literatura são recursos que podem ser utilizados pelo psicólogo para auxiliar o
adolescente em seu processo de individuação e desenvolvimento. O adolescente se identifica,
por exemplo, com Alice porque ela também está em busca de seu lugar no mundo e para
descobrir qual é o seu lugar e quem ela é, a personagem se depara com dificuldades
semelhantes as experimentadas pelos adolescentes na vida real; ao longo do filme Alice se
depara com Absolem com quem estabelece diálogos que levam a reflexão sobre sua vida, tal
como ocorre entre um adolescente e o psicólogo que o auxilia em seu processo de
individuação. Com base nessas informações, conclui-se que a utilização da literatura e do
cinema como ferramenta para auxiliar o adolescente e compreender mais sobre o universo do
ser humano nesta fase da vida é um recurso viável para o profissional psicólogo. O psicólogo
é um profissional que precisa compreender as formas de expressão do adolescente e fazer uso
do linguajar que estes clientes utilizam a fim de adequar-se às suas necessidades, mostrando
assim que é um profissional flexível e apto a se comunicar e auxiliar este público.
Palavras-chave: Literatura. Cinema. Psicologia.
Estudante de Psicologia da Católica Orione Estudante de Psicologia da Católica Orione Docente da católica Orione
SOLIDÃO E SAÚDE MENTAL DE JOVENS NO ENSINO SUPERIOR
Iany Lima de Sousa
Edilson Barros de Macedo
RESUMO
Este estudo técnico científico, cuja pesquisa encontra-se em processo de desenvolvimento,
busca analisar os aspectos pessoais e contextuais institucionais que contribuem para o
surgimento do sofrimento psíquico entre os jovens acadêmicos do ensino superior. Para tanto,
optou-se inicialmente pela construção de um artigo de revisão bibliográfica, além disso, estão
sendo realizados círculos temáticos na Universidade Federal do Tocantins a fim de conhecer
os aspectos contribuintes para a solidão e o sofrimento nestes espaços. Durante a realização
da pesquisa é possível perceber que a solidão, enquanto evento decorrente do distanciamento
familiar e dificuldade de construir novos relacionamentos afetivos, não é o único fator
responsável pela existência do sofrimento psíquico na universidade, podendo advir de fatores
psicossociais, como o distanciamento familiar, dificuldades financeiras, culturais, históricas,
aliados a pressão inerente ao espaço universitário.
Palavras-chave: Sofrimento psíquico. Estudantes. Ensino superior. Psicologia.
Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. [email protected] Docente Católica Orione.
SEXUALIDAE, GÊNERO, DIVERSIDADE SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR
Marcelo Dias da Silva
Gilson Gomes coelho
RESUMO
O presente trabalho apresenta a discussão diversidade sexual no espaço escolar através de
uma revisão bibliográfica, para tal utilizou-se dez dissertações entre os anos 2008 a 2018,
além foram utilizados alguns artigos e o livro de base Guacira Lopes Louro do ano 2000. O
texto inicia-se afirmando por que a sexualidade adquiriu centralidade e, por que o corpo é
visto como julgamento final de identidades e, os papéis atribuídos a homens e mulheres,
meninos e meninas, comportamentos tidos como sendo masculino e femininos. Além disso
algumas definições foram necessárias como por exemplo: O termo gênero, identidade de
gênero, orientação sexual, sexualidade na perspectiva de Michel Foucault entendida como
sendo um espécie de dispositivo. Entendido isto constantemente nos deparamos com
discursos ocorridos no espaço escolar de que alguns alunos precisam de ajuda, passar por
psicólogos, ser encaminhado para tratamentos, porém se analisados percebe-se que tais
discursos justamente ocorrem por essas concepções citados acima.
Palavras-Chave: Diversidade sexual. Gênero. Identidade. Sexualidade.
1
Acadêmico do 8º período do curso de psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. Voluntário do Programa Institucional de Iniciação Científica – PROCIENT. E-mail: [email protected]. Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0900496917578526 Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Corumbá (2009), mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Doutorando em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista, campus de Assis. É docente no curso de Psicologia na Faculdade Dom Orione.
Tem experiência nas áreas de Psicologia Institucional e Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas:
Estudos de Gênero e Sexualidade, Afetos e Pobreza. e-mail: [email protected]. Currículo lattes
:http://lattes.cnpq.br/6859345388384152
A BREVE BATERIA DE RASTREIO COGNITIVO
Maria Eugenia Lourenço Dos Santos
Nádia Regina Stefanine (Or.)
RESUMO
A bateria breve de rastreio cognitivo criada por Nitrini et al, tem como intuito de rastrear em
idosos o comprometimento da memória. Aplicado em sete minutos analisa o desempenho do
entrevistado em vários estágios, utilizando uma nota de corte de aprendizado >7, memória
tardia >6 e fluência verbal >13. Tendo como objetivo avaliar o entrevistado por nomeação,
memória Incidental, fluência verbal, teste do desenho do relógio, memória tardia e
reconhecimento. Levando em consideração que o teste do relógio é muito importante para o
diagnóstico de demências como a do corpos de Lewy, essa bateria serve como um
complemento do MEEM (mini exame do estado mental), que avalia o entrevistado com base
na educação formal, por ser rápida a aplicação ela é muito utilizada também em ambulatórios
de neuropsicologia avaliando com mais precisão os idosos que têm baixa escolaridade.
Palavras-Chave: Entrevistado. Comprometimento. Demência. Memória .Rastreio.
Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). e-mail: [email protected] Mestre em Ciências Animal pela Universidade Federal do Tocantins(UFT) e professora do curso de psicologia da Faculdade Católica Dom Orione(FACDO). e-mail: [email protected]
DISCURSO DE ÓDIO CONTRA A MINORIA LGBT: O PROBLEMA DA
LIBERDADE DE EXPRESSÃO SOB A ÓTICA DA AÇÃO DIREITA DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 26
Amanda Soares Oliveira
Nilsandra Martins de Castro (Or.)
RESUMO
O presente artigo analisa o discurso de ódio proferido contra a minoria LGBT (lésbicas, gays,
bissexuais e transgêneros), através de uma abordagem qualitativa, descrevendo casos
concretos que ilustram as explicações expostas. Tem por objetivo discutir contextos históricos
que envolvem tal comunidade, bem como examinar princípios constitucionais em colisão com
a liberdade de manifestação do pensamento. O estudo foi desenvolvido com base em
bibliografias relacionadas a grupos vulneráveis, identidades sociais, direito penal e
constitucional, além de pesquisas documentais relacionadas ao grupo em destaque e aos
direitos das pessoas. A homofobia e a transfobia consistem na prática de discriminação e
intolerância contra as pessoas LGBT. Essa população, desde há muito tempo, vem lutando
por seu espaço no meio social, buscando sair da margem a que são relegadas e serem
reconhecidas como sujeitos de direitos que são. Ademais, os discursos intolerantes que elas
enfrentam não podem ser protegidos pela liberdade de expressão, por contrariar o fim último
da Constituição Federal, bem como os direitos inerentes às pessoas. No que concerne à
minoria LGBT, é necessário que se reconheça seus direitos e as dificuldades pelas quais tem
passado, exercendo a concretização daqueles e a diminuição dos casos de LGBTfobia por
meio do reconhecimento de sua dignidade como pessoa humana.
Palavras-chave: Minorias. Grupo LGBT. Discurso de ódio. Liberdade de expressão. Colisão
de princípios.
Acadêmica de Direito e voluntária do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT. Doutora em Letras e docente da Católica Orione
AGRESSÃO INVISÍVEL: A INTOLERÂNCIA E O PRECONCEITO NAS REDES
SOCIAIS
Iara natália R. da Silva
Nilsandra Martins de Castro (Or.)
RESUMO
O presente trabalho pondera sobre a liberdade de expressão, a manifestação do pensamento e
demais formas de exposição de conceitos e opiniões nas mídias sociais em relação as
mulheres. Com o advento da internet a comunicação ganhou novo status, as informações
passaram a ir e vir com uma rapidez nunca antes imaginada e com isso a crescente
disseminação do uso das redes sociais, para várias atividades afins, há o que chamamos de
discurso de ódio que veio junto com toda essa comunicação virtual. Esta atualiza consigo uma
pluralidade de “agressões” por vezes subjetivas, voltadas para os grupos vulneráveis.
Averiguemos as manifestações e conceitos que a sociedade promove nas redes sociais e os
conteúdos disponibilizados na internet relacionados à reputação e a direitos da citada mulher.
A metodologia utilizada foi a base bibliográfica e documental. De modo geral, o tema é
pertinente, tendo em vista que embora a mulher usufrua na atualidade de uma gama de
direitos, muitos ainda são mitigados. Com esta forma de distante e perto ao mesmo tempo,
tem se dado segurança àqueles que querem dizer algo e não tem a coragem de dizer
pessoalmente, sendo uma agressão invisível através dos conteúdos disponibilizados na
internet.
Palavras-chaves: Liberdade de expressão. Discurso de Ódio. Mulheres. Redes Sociais.
Acadêmica do 10° período de Direito e participante do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT Doutora em Letras e docente da Católica Orione
TRABALHOS COMPLETOS
RESUMO EXPADIDO PARA PUBLICAÇÃO NOS ANAIS DO EVENTO
DEFENSORIA PÚBLICA: ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR NO ÂMBITO DA
FAMÍLIA
Téssia Gomes Carneiro
Fernanda Cristina da Silva Campelo
Gislene Santos Moreira
Laura Pantoja de Oliveia Carvalho
Maria Geovanísia Rodrigues Mendes
RESUMO
O presente trabalho apresenta a sequência didática planejada a várias mãos para a execução
da Oficina realizada no Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione. Para tanto, foi
abordado o trabalho em rede realizado pelos gabinetes defensoriais, a Equipe Técnica
Multidisciplinar e o Núcleo de Conciliação e Mediação da Defensoria Pública da Regional de
Araguaína – TO. A interdisciplinaridade nas ações definidas e planejadas em conjunto pela
equipe com formação em psicologia, pedagogia e serviço social e em exercício há seis anos,
pode ser observada nas demandas advindas dos conflitos intrafamiliares, os quais se
manifestam em função da dinâmica relacional dos envolvidos nas ações judiciais e/ou
extrajudiciais. Como resultado do evento apresentamos o fluxo de atendimento no âmbito da
família na Regional de Araguaína, a partir do método participativo.
Palavras-chave: Oficina. Defensoria Pública. Família. Interdisciplinaridade.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho adveio da execução da Oficina “Defensoria Pública: atuação
interdisciplinar no âmbito da família”, realizada durante o fórum Científico da Faculdade
Católica Dom Orione, aos 25 de outubro de 2019.
Especialista em Direito Penal pela UFG. Mestre em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos pela UFT. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFT, na linha de pesquisa contemplativa da educação
prisional, remissão pela leitura. Defensora Pública no Estado do Tocantins, lotada na Regional de Araguaína. E-
mail: [email protected] Especialista em Educação à Distância pela EDUCOM. Especialista em Elaboração e Gerenciamento de Projetos pelo ITEC. Graduada em Serviço Social pelo CEULP/ULBRA. Analista em Gestão Especializado: Serviço Social, lotada na Regional de Araguaína. E-mail: [email protected] Graduada em Pedagogia pela Universidade AD1. Graduada em Letras pela UFT. Especialista em Pedagogia Empresarial e Docência Universitária pela FACDO. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da
UFT. Analista em Gestão Especializado: Pedagogia, lotada na Regional de Araguaína. E-mail:
[email protected] Graduada em Psicologia pelo CEULP/ULBRA. Analista em Gestão Especializado: Psicologia, lotada na Regional de Araguaína. Graduada em Serviço Social pela Faculdade Leão Sampaio (CE). Graduada em Geografia pela URCA. Especialista em Política da Infância e Juventude pela FJN. Especialista em Gestão Estratégica pela FAEL.
Analista em Gestão Especializado: Serviço Social, lotada na Regional de Araguaína.
A Oficina ministrada conjuntamente pela Defensora Pública, Téssia Gomes Carneiro,
titular da 1ª Defensoria Pública da Regional de Araguaína e pela Equipe Multidisciplinar,
também pertencente à Regional, esclareceu sobre o fluxo de atendimento no âmbito da família
numa perspectiva interdisciplinar aos acadêmicos presentes, na maioria matriculados nos
cursos de Direito e Psicologia.
Integram a Equipe Multidisciplinar em Araguaína: a pedagoga Gislene Santos
Moreira; a psicóloga Laura Pantoja de Oliveira Carvalho e as assistentes sociais Fernanda
Cristina da Silva Campelo e Maria Geovanísia Rodrigues Mendes.
A inserção das Equipes Multidisciplinares na Defensoria Pública do Estado do
Tocantins é recente e sua composição data do primeiro concurso do quadro de servidores
auxiliares da referida instituição, com o ingresso no início do ano de 2013. Desde então, tais
profissionais somam esforços no atendimento especializado da área da família numa atuação
interdisciplinar.
2 DESENVOLVIMENTO DA OFICINA
O método utilizado durante a execução da Oficina foi o participativo, eis que o
protagonismo dos inscritos foi essencial para o desenvolvimento das atividades propostas.
Visando a integração do grupo, realizamos o check in através de dinâmica em grupo
com o seguinte questionamento: qual a história do seu nome? Essa foi a primeira atividade
da tarde, dentro do método participativo, e teve como intuito gerar foco e engajamento nos
estudantes, os quais foram estimulados a interagirem entre si, inclusive fisicamente, ainda que
apenas por contato visual enquanto falavam.
Eis que cada um recebeu um cartão e escreveu a história de seu nome sem indicá-lo.
Depois redistribuímos os cartões para que pudessem achar o autor da narrativa, fazendo
perguntas simples sem questionar o nome do entrevistado. Findo o tempo, cada um apresentou
o colega que encontrou.
Ato contínuo, numa imersão ao tema, lemos em conjunto o poema “Bem no fundo”,
de autoria do poeta Curitibano Paulo Leminsk, que aponta para as relações continuativas na
seara da família.
Em seguida, procedemos à aula expositiva dialogada, cujo foco foi o de explanar o
fluxo de atendimento na Regional, bem como as técnicas aplicadas nos estudos no âmbito da
família com a apresentação prévia das perícias e técnicas utilizadas no cotidiano dos
atendimentos.
Durante a explanação da defensora pública e da equipe multidisciplinar, os alunos
teceram considerações sobre o tema abordado, eis que participaram ativamente do diálogo
desenvolvido.
Ao final, para fechamento das atividades desenvolvidas, realizamos a dinâmica check
out, momento em que os alunos foram estimulados a refletirem sobre o que levaram da
Oficina através da construção de uma nuvem de palavras.
O fechamento da Oficina deu-se com a leitura do poema “Não sei”, de autoria de Cora
Coralina, eis que a poetisa é sensível ao afeto e a ao acolhimento, tão necessários na partilha
de vidas e solução de conflitos que aportam no atendimento cotidiano daqueles atendidos na
Regional de Araguaína.
3 E O QUE É DEFENSORIA?
Em definição, a Constituição Federal de 1988 esclarece:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados [...] (BRASIl,
2019a).
Ela atua nas diversas áreas do Direito, tais como: cível, família, fazenda pública,
criminal, infância e juventude, além de oferecer atendimentos especializados ao idoso,
mulher, consumidor, entre outros.
Com a entrada de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, cuja finalidade é
propiciar apoio/suporte técnico, surgiram novos desafios e possibilidades de atuação. O que
esperar do trabalho destes profissionais? Quais as possíveis contribuições?
De fato, uma das maiores demandas do trabalho das equipes técnicas é oriunda do
Direito de Família, cujas soluções perpassam por questões diversas, que exigem um constante
diálogo entre os saberes. São inúmeras ações de guarda, regulamentação de visitas, divórcio,
interdições, entre outras, em que diariamente são solicitados estudos psicossociais e
pedagógicos atendimentos, relatórios e/ou pareceres técnicos.
Eis que tais situações complexas do dia a dia que aportam na Defensoria possuem viés
social, político, cultural, dentre outros, o que indica que a busca da pacificação perpassa pela
necessidade de um trabalho conjunto, numa verdadeira aproximação do Direito de Família
com outras visões do saber humano.
Assim, a Oficina desenvolvida no Fórum Científico teve por objetivo evidenciar o
trabalho da Equipe Técnica da Defensoria Pública da Regional de Araguaína/TO, abordando
sobre a inserção destes profissionais no âmbito jurídico; as principais demandas advindas do
Direito de Família; e como se tem dado a prática desta equipe diante dos conflitos das relações
familiares. Frisou-se também, o fluxo de atendimento a partir do gabinete defensorial, que em
grande número apresenta soluções dentro do próprio órgão através da utilização da
conciliação e da mediação disponibilizadas pelo NUMECON da Regional.
Nessa perspectiva, a Oficina reforçou as ações realizadas pelo NUMECON ao
apresentar como positivo os resultados alcançados nas conciliações e mediações. O referido
Núcleo prima pela solução extrajudicial dos conflitos e atende com prevalência, os casos de
família que lá aportam, contando inclusive com o suporte da equipe multidisciplinar da
Regional, seja através da confecção dos estudos solicitados, seja através das visitas
domiciliares realizadas, seja através dos atendimentos ali demandados.
4 NOVOS DESAFIOS
Novos desafios têm feito com que a Defensoria Pública busque cada vez mais a
colaboração de outros saberes na solução dos litígios de família, eis que o próprio Direito
vem, já há alguns anos, recebendo suporte técnico e teórico de outras ciências. Em virtude
das novas demandas e do caráter afetivo pujante nas questões familiaristas, que apontam
outros aspectos envolvidos nos litígios, que não somente os jurídicos/legais, tem se tornado
mais recorrente a necessidade de apoio técnico de profissionais das áreas ciências sociais e
humanas (serviço social, psicologia e pedagogia, dentre outros).
Diante de um conflito judicial, o mero enquadre dos indivíduos às respectivas leis e
imputabilidades - no modelo cartesiano que a Justiça costuma adotar, em que uma parte ganha
e a outra perde - não parece ser o melhor, e único, caminho a ser seguido. Os assistidos
litigantes precisam ser vistos como seres biopsicossociais, compreendidos em sua plenitude,
até mesmo para aprimorar o entendimento ‘Homem x Leis’.
Hoje, as instituições que prestam serviço jurídico têm percebido a necessidade de um
trabalho multiprofissional, ou seja, vários saberes atuando em prol da relação Homem x
Sociedade x Subjetividade x Leis. No que concerne à área da família, Carbonera (1998),
destaca que:
os atuais contornos jurídicos de família exigem dos operadores do Direito uma
constante preocupação com a realidade, assim como com a permanente atualização
dos conhecimentos [...]. Os conceitos não podem ser cristalizados. Do mesmo
modo, fórmulas prontas para a solução de litígios de família não são mais
compatíveis com um modelo bastante preocupado com os sujeitos. É preciso
repensar! (CARBONERA, 1998, p. 486-487).
Brito apud Beiras et al (2005, p. 43) pontua que “depoimentos de juristas demonstram
que problemas emocionais das partes envolvidas em processos estão entrelaçados às
demandas jurídicas, já não sendo a atuação estritamente jurídica suficiente para suprir tal
complexidade”.
A partir dessas considerações, reforça-se ainda mais a inserção de psicólogos,
assistentes sociais e demais áreas como a pedagogia no âmbito jurídico. Várias equipes
técnicas têm sido compostas em Tribunais de Justiça, Fóruns, Ministérios Públicos e
Defensorias com a finalidade de colaborar no estudo das relações sociais, emocionais e
psicológicas dos indivíduos que acessam a Justiça a fim de dirimir seus problemas/conflitos.
Para tanto, nas ações de família, exige-se uma aproximação da ciência jurídica com
outros ramos do conhecimento, como a psicologia, a Sociologia, a Assistência
Social, a Antropologia, a Medicina, dentre outros, com o desiderato de obter
conhecimento para a boa solução dos conflitos familiares. (FARIAS e
ROSENVALD, 2016, p. 165).
Corroborando o exposto, necessário pontuar que as legislações esparsas como, por
exemplo, a Lei da Adoção n⁰ 12.010/2009 (BRASIL, 2009), a Lei Maria da Penha n⁰
11.340/2006 (BRASIL, 2019b), a Lei de Alienação Parental n⁰ 12.318/2010 (BRASIL, 2010),
a de Guarda Compartilhada n⁰ 13.058/2014 (BRASIL, 2014), dentre outras, já trazem a visão
colaborativa de outros conhecimentos para o deslinde das ações de família.
5 O TRABALHO DA EQUIPE TÉCNICA NA REGIONAL DE ARAGUAÍNA
As Equipes Técnicas são compostas de profissionais com formação em psicologia,
pedagogia e serviço social e prestam atendimento interdisciplinar por intermédio do
assessoramento psicossocial e pedagógico, nas demandas advindas dos gabinetes e núcleos,
os quais primam, prioritariamente, pela solução extrajudicial dos litígios.
O fluxo decorre das solicitações de estudos psicossocial ou psicossocial e pedagógico,
isto é, dependendo do caso específico solicita-se a atuação de uma ou mais áreas citadas. O
produto final consiste na elaboração dos relatórios e pareceres técnicos.
Para a composição dos estudos são realizadas visitas domiciliares e institucionais
(Escolas, Conselhos Tutelares, hospitais, entre outras), entrevistas psicológicas, pedagógicas
e/ou sociais, as quais podem ser realizadas tanto individualmente como por toda equipe de
forma conjunta, seja na sede da Defensoria ou durante as próprias visitas.
As maiores demandas direcionadas à equipe, dentro do Direito de Família, são as de
guarda e/ou modificação de guarda. Muitos processos ou tentativas de acordos de guarda
caracterizam-se por uma disputa acirrada entre os genitores, normalmente pela dificuldade
que muitos têm em diferenciar as relações parentais das relações conjugais.
Comumente, o apoio técnico da equipe também é despedido nos casos de
regulamentação de visita, negatória de paternidade, alienação parental, interdição, alimentos,
divórcio e dissolução de união estável. Para tanto, tais profissionais se pautam pela
imparcialidade, no intuito de compreender a dinâmica relacional da família, diante de uma
análise descritiva e interpretativa.
O estudo psicossocial não tem caráter resolutivo, mas, sim, avaliativo. Daí, ao final
das intervenções, serem realizados encaminhamentos para que as famílias procurem
os recursos da comunidade, a fim de serem tratados os conflitos que estão gerando
sofrimento, especialmente às crianças e adolescentes, os quais dependem da
proteção e afeto dos adultos (SANTOS; COSTA, 2010, p. 557).
Santos e Costa (2010), expõem ainda que o olhar psicossocial é caracterizado pela
epistemologia sistêmica, ou seja, a família deve ser compreendida considerando todos os seus
contextos e facetas, o entrelace de suas relações.
Importante destacar que o trabalho multidisciplinar na Defensoria Pública do
Tocantins não se restringe à realização de estudos, avaliações e pareceres; apontemos também
os acolhimentos, as orientações, os encaminhamentos às redes de saúde ou de assistência
social, além do suporte emocional focal para os assistidos fragilizados diante de uma ação
judicial que envolve conflitos intrafamiliares realizado pelo setor de psicologia, o que por sua
vez não se confunde com o atendimento psicoterápico.
No mais, considerando que a Defensoria Pública do Tocantins prima pela solução
extrajudicial dos conflitos foram instalados em cada Regional um NUMECON (Núcleo de
Conciliação e Mediação), cujo maior fluxo de atendimento ocorre nos casos da área
especializada da família e também demanda o trabalho coletivo entre defensores e equipe
técnica multidisciplinar, eis que por vezes o defensor, o conciliador ou o mediador solicita o
apoio técnico em questões de ordem emocional, social ou educacional apresentadas pelo
assistido atendido. Em tais situações, o atendimento pontual e específico nas áreas de
competência da equipe multidisciplinar visa minimizar os conflitos e, por conseguinte, a
realização da tentativa de acordo.
Nesse sentido, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos devem estar
comprometidos, não apenas com a emissão de relatórios ou pareceres com fins avaliativos,
mas também com o bem-estar dos assistidos, ou seja, com o resgate da cidadania, com a
promoção dos direitos sociais, com a articulação de políticas públicas, com a proteção de
crianças e adolescentes e, sobretudo, permeados pelo olhar sistêmico das relações familiares.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do fluxo apresentado, a Oficina desenvolveu-se de forma prática e também
trouxe aspectos teóricos, numa compreensão de que a atividade defensorial na família não é
isolada, mas ao contrário, busca engajar-se cada vez mais para alcançar soluções às demandas
de cunho multifatorial.
O diálogo entre os saberes e a releitura do atendimento tradicional perpassa pela escuta
do assistido, protagonista do atendimento defensorial. Assim, o olhar para a cooperação e a
construção de caminhos interdisciplinares se somam na incessante busca de atendimento de
qualidade ao assistido, o qual recorre ao órgão na perspectiva de ver seus direitos
resguardados, seja pela solução judicial, seja pela solução extrajudicial do conflito.
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Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
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ALTERNATIVAS POSSÍVEIS AO NEOLIBERALISMO E DESEMPREGO, A
PARTIR DOS EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA NO
ESTADO DO TOCANTINS
POSSIBLE ALTERNATIVES TO NEOLIBERALISM AND UNEMPLOYMENT, BASED
ON SOLIDARITY ECONOMY ENTERPRISES IN THE STATE OF TOCANTINS
Jonas Lenadro Flores
RESUMO
O desemprego é uma das principais mazelas sociais, no mundo do trabalho, especialmente no
Brasil. A concepção hegemônica neoliberal trouxe consigo vários aspectos de precarização
das relações de trabalho e a própria existência desse para as pessoas. Em contrapartida a isso,
na década de 90, há o surgimento de uma outra gama de possibilidades e atividades
econômicas que envolve uma outra lógica de produção e consumo: os Empreendimentos de
Economia Solidária (EES). Foram realizados dois importantes levantamentos de dados, a fim
de saber o perfil e a “dimensão” da economia solidária brasileira, coordenados pela Secretaria
Nacional de Economia Solidária – SENAES e denominados mapeamentos dos
empreendimentos de economia solidária. O primeiro foi realizado entre 2005 a 2007 e, o
segundo nos anos de 2010 a 2013, constituindo-se no I e II Mapeamento Nacional da
Economia Solidária, que nos dão algumas respostas sobre os empreendimentos e a dimensão
dessa economia. Utilizamos esses estudos, para demonstrar quem são esses empreendimentos,
suas características, comparando-os com alguns indicadores sociais relevantes. Os resultados
e conclusões demonstram que esses empreendimentos cumprem em parte a uma demanda de
inclusão, em resposta ao desemprego, no quesito geração de trabalho e renda.
Palavras-chave: Economia solidária. Desemprego. Empreendimentos de economia solidária.
Neoliberalismo. Desenvolvimento regional.
Abstract
Unemployment is one of the biggest social issues worldwide and especially in Brazil. The
neoliberal hegemonic conception brought with it several aspects of precarious labor
relationships and its own existence to people. In return to that, in the 90’s, another range of
possibilities and economic activities arises which involves a different concept of production
and consumption: the Solidarity Economy Enterprises (SEE). Two important data surveys
were made, in order to know the profile and “size” of the Brazilian solidarity economy
coordinated by National Secretariat for Solidarity Economy – NASESE named mapping of
enterprises of solidarity economy. The first data survey took place between 2005 and 2007,
and second one from 2010 to 2013, constituting the first and second National Mapping of the
Solidarity Economy, that give us some answers about the enterprises and the size of that
economy. The studies mentioned above were used to show whom those enterprises are, their
features compared with some relevant social indicators. The results and conclusions
demonstrate that these ventures partly fulfill a demand for inclusion, in response to
unemployment, when it comes to income and employment generation.
Mestrando na Universidade Federal do Tocantins - UFT, no Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais, stricto sensu. É membro do grupo de Pesquisa em Demandas Populares e
Dinâmicas Regionais. Possui curso de especialização latu sensu em em Projetos Sociais e Culturais e graduação
- licenciatura- em Ciências Sociais, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Keywords: Solidarity economy. Unemployment. Solidarity economy enterprises.
Neoliberalism. Regional development.
1 INTRODUÇÃO
Talvez um dos maiores problemas que o país enfrenta hoje é, sem dúvida, a explosão
e persistências de elevados índices de desemprego, sobretudo a partir da década de 1990,
como bem enfatiza Pochmann:
O fenômeno do desemprego no Brasil é uma realidade incontestável dos anos 1990. (...) Em 1986, o Brasil ocupou a 13ª posição no ranking do desemprego mundial.
Mas desde o início da década de 1990, o desemprego ganhou maior dimensão,
sendo, a partir de 1994, responsável pela inclusão do Brasil no bloco dos quatro
países com maior volume de desempregados. (POCHMANN, 2006, p.60)
O desemprego e suas distintas modalidades de precarização do trabalho, frutos do
neoliberalismo traz consequências como a informalidade, o subemprego e a terceirização.
Essas consequências, são em grande parte frutos do neoliberalismo. Esse conceito passou a
ser adotado para designar a onda de desregulamentação dos mercados, livre comércio, a livre
mobilidade do capital, a privatização e de desmonte do Estado de Bem-Estar Social ao redor
do mundo. O Estado tem um papel decisivo. Conforme nos demonstra Andrade, o
neoliberalismo tem seus métodos, sua amplitude e consequências são amplas:
Seus métodos atuais são: 1. Privatização e mercadização. Trata-se da transferência
de ativos do domínio público e popular aos domínios privados e de privilégio de
classe, abrindo-os à acumulação capitalista, como nos casos da utilidade pública
(água, telecomunicações e transporte), dos benefícios sociais (habitação social, educação, assistência à saúde e pensões), das instituições públicas (universidades,
laboratórios de pesquisa e presídios), das formas culturais (turismo e música), dos
bens comuns ambientais globais (terra, ar e água), dos direitos de propriedade
intelectual (patente de materiais genéticos e biopirataria) e dos direitos de
propriedade comum (direitos à aposentadoria estatal, ao bem-estar social e a um
sistema nacional de saúde). 2. Financialização. Característica marcada pelo estilo
especulativo e predatório, ou por operações fraudulentas e pela dilapidação e
transferência de recursos via inflação, fusões e aquisições, endividamentos de
famílias e do Estado, comissões sobre transações supérfluas, contabilidade criativa
e ataques especulativos realizados por fundos de derivativos e grandes instituições
financeiras. 3. Administração e manipulação de crises. Crises orquestradas,
administradas e controladas pelo complexo formado pelo Tesouro dos Estados Unidos, por Wall Street e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que lançam
a rede da dívida como forma de transferir a riqueza dos países pobres para os países
ricos. 4. Redistribuições via Estado. Uma vez neoliberalizado, o Estado contribui
para reverter o fluxo redistributivo em direção das classes altas, realizando
privatizações, códigos tributários regressivos, subsídios e isenções fiscais a pessoas
jurídicas e direcionamento de verbas públicas para beneficiar grandes corporações.
(ANDRADE, 2019, p.221)
Sua lógica, seu modus operandi, estão estruturados em processos de exploração, com
a transferências de elementos essenciais ao desenvolvimento humano (como os benefícios
sociais) que passam do interesse público para o privado, além de suas consequências no como
a precarização e desestruturação do trabalho que resulta em inúmeros efeitos colaterais como
diminuição da renda, degradação das condições de vida, aumento da desigualdade, da
pobreza, dentre outras mazelas, além da exclusão social, criando uma “massa de
trabalhadores” na condição “de fora” dos empregos formais, os desempregados, colocando-
os na completa marginalidade.
Apesar disso, as dimensões do mundo do trabalho no Brasil, vai muito além do
trabalho assalariado no contexto do mercado formal. Há uma outra gama de possibilidades e
atividades econômicas que envolve uma outra lógica de produção e consumo. Uma parcela
dessa população, que foi atingida pelas consequências do neoliberalismo, buscou formas de
sobrevivência de maneira coletiva. Essa alternativa, que na década de 1990 foi denominada
de “economia solidária”, se dá, como processo alternativo ao emprego formal, a precarização
e à exclusão social, na consideração que Cunha nos traz:
Economia Solidária é o termo de crescente reconhecimento para designar um
conjunto diversificado de atividades econômicas (produção de bens ou serviços, comercialização, consumo, finanças) de base associativa e autogestionária.
Solidariedade, cooperação e autogestão no plano econômico não são práticas novas,
mas no Brasil emergem sob formas recriadas principalmente a partir dos anos 1980
e 1990, como uma das respostas dos trabalhadores às transformações do mundo do
trabalho, em particular aqueles que estão há muito tempo fora do setor assalariado
formal ou que nunca estiveram nele. Sua expansão contou historicamente com o
apoio de organizações sociais diversas, como entidades religiosas, sindicatos e
centrais sindicais, universidades, organizações não governamentais, movimentos
rurais e urbanos. (CUNHA, 2012, p.45 e 46)
A economia solidária surgiu como possível e experimental resposta, por parte de
diferentes grupos sociais, às contradições do sistema capitalista e às imperfeições das relações
de mercado, onde uma parcela da população excluída do mercado de trabalho “formalizado”
busca sua sobrevivência coletivamente, assim definida por Singer:
O programa de economia solidária se fundamenta na tese de que as contradições do
capitalismo criam oportunidades de desenvolvimento de organizações econômicas
cuja lógica é oposta ao modo de produção dominante. O avanço da economia solidária não prescinde inteiramente do apoio do Estado e do fundo público,
sobretudo para o resgate de comunidades miseráveis, destituídas do mínimo de
recursos que permita encetar algum processo de auto emancipação. Mas, para uma
ampla faixa da população, construir uma economia solidária depende
primordialmente dela mesma, de sua disposição de aprender e experimentar, de sua
adesão aos princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia e de sua
disposição de seguir estes princípios na vida cotidiana etc. (SINGER, 2002, p. 112)
Sendo assim, são múltiplas as iniciativas que a caracterizam, tais como as
cooperativas, com seus coletivos de trabalhadores organizados com base na democracia nas
tomadas de decisões e organizadas em diferentes setores da economia, além de outras formas
de associativismo ou grupos informais de organização socioprodutiva, caracterizando um
verdadeiro “polimorfismo” organizacional. Soma-se ainda os movimentos cooperativos e
associativos, traduzidos também sob a forma de Empreendimentos Econômicos Solidários
(EES) – formais e informais –, que fazem parte dos movimentos sociais inseridos nessa
economia, constituindo o principal processo de construção de formas econômicas
alternativas, sociais e humanistas.
As raízes históricas do nascimento da economia solidária se dão pouco depois do
capitalismo industrial, como reação ao crescente empobrecimento dos artesãos daquela época,
culminando com a criação da primeira cooperativa moderna em 1844: os pioneiros de
Rochedale, “considerada a mãe de todas as cooperativas [...], fundada por 28 operários
qualificados de diversos ofícios [...], entre os seus objetivos estava a criação de uma colônia
autossuficiente e o apoio a outras sociedades com esse propósito” (SINGER, 2002, p. 39). Já
no Brasil, a economia solidária começa a ter reconhecimento já na década de 90:
Ela havia começado a tomar corpo na primeira metade dos anos 1990, com a
multiplicação das empresas recuperadas (frutos da desindustrialização e do
desemprego em massa), das cooperativas nos assentamentos de reforma agrária, das
cooperativas populares nas periferias metropolitanas, formadas com o auxílio de
incubadoras universitárias e dos Projetos Alternativos Comunitários (PACs)
semeados pela Cáritas nos bolsões de pobreza dos quatro cantos do Brasil.
(SINGER, 2009, p. 43)
A economia solidária surge no Brasil como uma forma alternativa de organização
econômica e social desses trabalhadores. Dessa forma, ela se mostra como uma concepção
ampliada ou integral de desenvolvimento, aonde as variáveis tipicamente relacionadas a
questões sociais e de inclusão social são parte inerente do processo, e não tratadas como
“externalidades” pelo sistema capitalista.
Em se tratando de economia solidária e seus desdobramentos, como a forma de
organização associativa em Empreendimentos de Economia Solidária (EES), dois
importantes estudos realizados pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), I
e II Mapeamento Nacional da Economia Solidária, o primeiro realizado entre 2005/2007 e o
segundo entre 2010/2013, nos dão algumas respostas sobre a inclusão desses trabalhadores
que se encontravam em situação de desemprego e encontraram uma alternativa de gerar
trabalho e renda. Esses estudos, ainda nos auxiliam a compreender alguns de nossos
questionamentos sobre os empreendimentos de economia solidária: onde se localizam? Quem
os compõem? São empreendimentos formais ou informais? Quantas vagas de trabalho são
geradas? Se esses trabalhadores dos empreendimentos de economia solidária fazem parte
dessa faixa da população de pobreza e extrema pobreza? Ou, ainda, se são beneficiários de
políticas públicas de transferência de renda?
Para responder a essas questões, utilizamos a fonte de microdados do I e II
Mapeamento Nacional da Economia Solidária, realizados pela SENAES. Neles estão contidos
algumas das principais características do EES e de seus associados, além de respostas aos
nossos questionamentos. Nossa análise de dados e resultados foram feitas utilizando SPSS
(Statistical Package Social Science), a partir da seleção das questões, do cruzamento entre
elas e, nos detemos, exclusivamente, sobre os dados do Estado do Tocantins.
2 As consequências do neoliberalismo e as alternativas da Economia Solidária: os
Empreendimentos de Economia Solidária - EES
A partir dos anos de 1960 e 1970, entra em cena novas transformações no modelo
produtivo em conjunto com as sucessivas crises econômicas3, trazendo mudanças mundiais
significativas:
Foi em meados da década de 1970 que se desencadeou um conjunto muito grande
de mudanças, de modo mais ou menos simultâneo, afetando fortemente o
capitalismo e o sistema de produção de mercadorias. Essas transformações
objetivavam tanto recuperar os níveis de acumulação e reprodução do capital,
quanto repor a hegemonia que o capitalismo vinha perdendo, no interior do espaço
produtivo, desde as explosões do final da década de 1960, quando as lutas sociais
do trabalho passaram a reivindicar diretamente o controle social da produção.
(ANTUNES; POCHMANN, 2007, p.196)
Essas mudanças vieram acompanhadas da readequação da função estatal: o “Estado
mínimo”, uma ideia que significa que “o Estado suficiente e necessário unicamente para os
interesses da reprodução do capital” (FRIGOTTO, 1999, p.83), com fundamentos em um
ideário neoliberal, conforme bem explica Frigotto:
A ideia-força balizadora do ideário neoliberal é a de que o setor público (o Estado)
é responsável pela crise, pela ineficiência, pelo privilégio, e que o mercado e o
privado são sinônimo de eficiência, qualidade e equidade. Desta ideia-chave advém
a tese do ‘Estado mínimo’ e da necessidade de zerar todas as conquistas sociais, como o direito à estabilidade de emprego, o direito à saúde, educação, transportes
públicos, etc. Tudo isso passa a ser regido pela férrea lógica das leis de mercado.
(Op. Cit. p.83).
Com o advento do neoliberalismo e a política do Estado mínimo, cada vez mais o
papel do Estado em assegurar esses direitos sociais tem diminuído consideravelmente, como
a própria postura, cada vez menos ativa, dos governos, para a geração de crescimento
econômico e empregos.
Essas mudanças trouxeram consigo várias consequências, dentre elas a readequação
do papel do Estado, como descrito por Silveira:
A apreensão do impacto das transformações ocorridas a partir dos anos 70 implica
em compreender as particularidades das relações envolvidas, em suas múltiplas e
combinadas expressões. Primeiramente porque uma sociedade fundada sobre o
trabalho converteu-se em uma sociedade marcada pela escassez e/ou precariedade
de trabalho; em segundo lugar, porque os valores societais baseados na
3 Crises que duram até hoje, na argumentação de Antunes e Pochmann: “Aquilo que a imprensa, à época,
denominou ‘crise do petróleo’, em verdade foi expressão de uma turbulência muito mais intensa que, de certo
modo, se prolonga até os dias de hoje, uma vez que o vasto e global processo de reestruturação produtiva ainda
não encerrou seu ciclo.” (ANTUNES; POCHMANN, 2007, p.197)
solidariedade foram esgarçados, a ponto de produzir relações de aparente anomia
(para utilizarmos um conceito durkheimeano); em terceiro lugar, porque o
individualismo ultrapassou qualquer referência de singularidade e direito civil para
avançar para manifestações abertamente egoístas e socialmente excludentes; em
quarto lugar, porque a redução do papel do Estado restringiu-se às suas
responsabilidades sociais, mas não alcançou suas estreitas relações de patrocínio ao capital; em quinto lugar, porque o discurso que envolve a globalização econômica,
apresentando-a como inexorável, adéqua-se perfeitamente à orfandade política
decorrente da derrocada do Leste Europeu e a consequente sentença de morte que
acompanhou qualquer projeto político e social alternativo ao capitalismo;
(SILVEIRA, 2013, p.154)
Esses impactos, sem dúvida colocaram um novo panorama baseado em especial pela
escassez de trabalho assalariado, que começa a sofrer um processo de contração que vai
gerando o desemprego estrutural e a sua precariedade na sociedade. Soma-se a isso, novos
valores, a desoneração do papel do Estado como protagonista, outrora incentivador e criador
de possibilidades no mundo do trabalho.
Nas palavras de Castel, o mundo do trabalho sofre transformações, relacionadas ao
poder de integração e valores cultivados, começam a se desintegrar, criando uma
“vulnerabilidade de massa”, chamando os desempregados de novos ‘desfiliados’:
no fato que as regulações tecidas ao redor do trabalho, vêm perdendo seu poder de
integração. Reencontra-se e reproduz-se a vulnerabilidade de massa [...], pelo
crescimento do desemprego e da precarização, pela impossibilidade de acesso livre
aos postos assalariados de trabalho, sua personificação se faz [...] pelo desemprego
e pelos desempregados, os novos ‘desfiliados’ sem lugar (CASTEL, 2015, p. 14).
Os estudos de Castel, ainda demonstram a exclusão das possibilidades de obtenção de
trabalho assalariado relativamente estável, numa magnitude só comparável com as piores
crises conjunturais de excesso de produção, porém agora de maneira prolongada e, para
alguns, permanente, leva a um verdadeiro impasse social:
desempregados por período longo, moradores dos subúrbios pobres, beneficiários
da renda mínima de inserção, vítimas das readaptações industriais, jovens à procura
de emprego e que passam de estágio a estágio, de pequeno trabalho à ocupação
provisória (CASTEL, 2015, p. 23).
Desemprego, precarização das relações de trabalho e exclusão social, essas são
questões fundamentais e relevantes quando se pensa em questões relacionadas ao mundo do
trabalho nos dias de hoje.
Já no Brasil esse processo de implantação de políticas neoliberais e desestruturação
do mercado de trabalho também ocorreu, tendo reflexos diretos na economia, segundo a
análise de Sabadini e Nakatani:
O processo de desestruturação do mercado de trabalho brasileiro está profundamente associado a implantação das políticas neoliberais no Brasil que se
iniciou a partir do governo Fernando Collor (1989-1992) e se intensificou no
governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Além de provocar uma
estagnação no crescimento econômico no país e submeter a economia nacional à
dependência ao capital financeiro em detrimento dos investimentos produtivos,
também provocou um extraordinário crescimento nas taxas de desemprego.
Também nessa perspectiva, a flexibilização das relações de trabalho tem como
perspectiva central a livre-iniciativa nas negociações coletivas entre empregado e
empregador num jogo onde a correlação de forças entre o capital e trabalho é cada
vez mais desigual. Privatizaram as empresas estatais, reduziram os gastos públicos
e, como consequência da política econômica baseada em altas taxas de juros e
sobrevalorização cambial, houve um intenso endividamento interno e externo. (SABADINI; NAKATANI, 2002, p. 276)
A taxa de desemprego no país atingiu 12,7%, em 2017, o que representa cerca de 13
milhões de pessoas desempregadas, segundo IBGE (IBGE, 2018). Essa situação não é muito
diferente no Estado do Tocantins. Dados publicados pelo Jornal do Tocantins em seu destaque
sobre a Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNADCT), afirma
que “no Tocantins, ano passado a taxa de desemprego foi de 11,6%, um pequeno aumento se
comparado com 2016, que registrou 11,4%. Ambas representam certa de 80 mil pessoas
desocupadas” (MENTA, 2018, p. 5). Há também um viés de precarização do trabalho:
A pesquisa também revelou que no Tocantins a taxa de subutilização da força de
trabalho – pessoas ocupadas com jornada inferior a 40 horas semanais somadas à
força de trabalho potencial – em 2017, foi de 22,3% o que representa 167 mil
pessoas. No comparativo com 2016, os dados mostram que houve um aumento de
7,5% e naquele ano, 155 mil pessoas estavam nessa situação. (MENTA, 2018, p. 5)
Se contabilizarmos os 167 mil precarizados com os cerca de 80 mil desempregados,
chegamos a um cálculo de 247 mil em situação de precariedade. Se olharmos a população
economicamente ativa4, que é de 665 mil pessoas (TOCANTINS, 2017, p. 23), temos pouco
mais de um terço (37%) da população economicamente ativa em situação de precariedade em
se tratando de (des)emprego, nesse Estado. Outro indicador importante, que complementa e
demonstra a precariedade do emprego nesse panorama, é a taxa de informalidade, que também
nos traz a situação sobre a desocupação da população maior de 14 anos de idade, sendo um
indicador que nos dá uma dimensão da informalidade crescente no Estado do Tocantins,
conforme demonstrado na série histórica da PNADCT divulgada pelo IBGE (Figura 1):
4 População Economicamente Ativa são pessoas de 15 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por
contribuição para instituto de previdência no trabalho principal, segundo os grupamentos de atividade do trabalho principal-
Tocantins – 2015. (TOCANTINS, 2017)
Figura 1 – Taxa de informalidade - série histórica PNADC
FONTE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Divulgação Trimestral. (IBGE, 2018)
É importante ressaltar o crescimento exponencial dessa informalidade. Essa
precarização no mundo do trabalho faz com que muitas pessoas necessitem de programas de
transferência de renda. Nesse sentido, uma das políticas públicas, tentando minimizar essa
situação, dispõe-se como uma emergencial fonte de renda. Entre elas está o bolsa família, que
se trata de um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias sem situação
de pobreza e de extrema pobreza em todo o País, através do Cadastro Único (CADUN), de
modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Fazendo uma busca no
site da base de dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), apurou-se que no
Estado do Tocantins, conforme tabela 1, temos:
Tabela 1 – Pessoas cadastradas no Cadastro Único – Estado do Tocantins
Cadastros Mês ref.
Total de pessoas cadastradas 841.998 06/2018
Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal de R$ 0,00 até R$ 85,00 335.871 06/2018
Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal entre R$ 85,01 e 170,00 144.920 06/2018
Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal entre R$ 170,01 e ½ salário mínimo 242.995 06/2018
Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal acima de ½ salário mínimo 118.212 06/2018
FONTE: SOCIAL, (2018)
Desse total de pessoas constantes no Cadastro Único do Governo Federal, segundo o
MDS, o programa bolsa família beneficiou, no mês de julho de 2018, 121.772 famílias
(dentre as 841.998 pessoas, representam 291,903 famílias), representando uma cobertura de
92,3 % da estimativa de famílias pobres nesse Estado. As famílias recebem benefícios com
valor médio de R$ 188,48. Em face disso, no primeiro estudo (SENAES, 2007) do
mapeamento, fizemos uma média do rendimento dos associados e encontramos o valor de
R$340,71 (81% acima da média do bolsa família, em valores a partir das respostas de 2005 à
2007). Já no segundo estudo (SENAES, 2013), vemos trabalhadores de 276 EES (68,3%) que
responderam que participam de algum programa de transferência de renda do governo federal
(a grande maioria do bolsa família). Isso nos mostra que aqueles trabalhadores
desempregados se não tivessem a economia solidária, nem o bolsa família, se encontrariam
na mais absoluta miséria. Boa parte deles foram acolhidos e geram trabalho e renda nos mais
diversos empreendimentos de economia solidária, conforme mostraremos a seguir.
Os EES de Economia Solidária no Tocantins, nos dois mapeamentos nacionais,
totalizaram 757 empreendimentos; No primeiro mapeamento (SENAES, 2007), existiam 353
deles e, no segundo (SENAES, 2013), 404 empreendimentos de economia solidária5. Abaixo
demonstramos, na tabela 2, o número total de empreendimentos, por microrregião, conforme
classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
Tabela 2 – Total de EES no Estado do Tocantins – por Microrregião IBGE
Microrregião Frequência Porcentagem Porcentagem
válida
Porcentagem
cumulativa
Bico do Papagaio 209 27,6% 27,6% 27,6%
Araguaína 112 14,8% 14,8% 42,4%
Rio Formoso 78 10,3% 10,3% 52,7%
Porto Nacional 104 13,7% 13,7% 66,4%
Miracema 96 12,7% 12,7% 79,1%
Gurupi 50 6,6% 6,6% 85,7%
Dianópolis 64 8,5% 8,5% 94,2%
Jalapão 44 5,8% 5,8% 100,0%
TOTAL 757 100,0 100,0
Fonte: Elaborado pelo próprio autor com base nos mapeamentos da SENAES (2007, 2013)
A comparação dos empreendimentos, nos dois estudos da SENAES, demonstrados
abaixo na figura 2 e ilustradas nos dois mapas, demonstram o crescimento do número de
empreendimentos em quase todas as microrregiões no Estado do Tocantins, segundo divisão
por microrregião do IBGE:
Figura 2 – Mapas comparando o número de EES no Estado do Tocantins, entre os dois estudos/SENAES
5 Foram computados 149 empreendimentos, registrados em 2007, que foram revisitados em 2010, contabilizados
no II mapeamento, em 2010, tendo assim, consideramos seus dados como atualizados e parte do segundo estudo.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor com base nos mapeamentos da SENAES (2007, 2013)
É inegável o crescimento da economia solidária no Tocantins, destacando as
microrregiões: do Jalapão, com 75% de aumento no número de empreendimentos, de
Miracema do Tocantins e de Dianópolis, cada uma com 67%, de Porto Nacional, com 60% e
do Bico do papagaio, com crescimento de 15%, no número de empreendimentos de economia
solidária. Cabe ressaltar que os números de associados (pessoas gerando trabalho e renda)
chegaram a 45.675 pessoas nos dois estudos. No primeiro (SENAES, 2007) mapeamento
nacional, 26.598 e no segundo estudo (SENAES, 2013), 19.077 trabalhadores. Chama a
atenção o crescimento do número de mulheres que compõe o total de associados, passando
de 34% para 49%, entre o primeiro e o segundo estudo, respectivamente.
Nos dois mapeamentos nacionais, um questionamento aos associados, no primeiro
estudo da SENAES divulgado em 2007, foi indagado qual o principal motivo apontado para
criação dos EES, uma das alternativas de resposta era “uma alternativa ao desemprego”,
aparecendo em 46,47% das respostas, enquanto que no segundo mapeamento, divulgado em
2013, esse valor se mantém, com 46,2%. Para o Tocantins, o montante se mantém, com
52,3% afirmaram ser uma alternativa ao desemprego.
Alternativas de resposta como essas, nesse panorama, ao próprio processo capitalista
excludente e hegemônico, caracterizam as múltiplas as iniciativas, no caso tocantinense,
dentre os 757 empreendimentos, as formas de organização: 536 (71%) são associações, 34
(4,5%) são cooperativas, 183 (24%) grupos informais e 4 (0,5%) sociedades mercantis,
caracterizando um verdadeiro “polimorfismo” organizacional dos coletivos de trabalhadores
organizados com base na democracia nas tomadas de decisões, na autogestão e organizadas
em diferentes setores da economia, caracterizando um padrão de desenvolvimento diferente
da economia capitalista, como bem ressalta Singer:
O desenvolvimento solidário é o desenvolvimento realizado por comunidades de
pequenas firmas associadas, ou de cooperativas de trabalhadores, federadas em
complexos, guiados pelos valores da cooperação e ajuda mútua entre pessoas ou
firmas, mesmo quando competem entre si nos mesmos mercados. (SINGER,
2004, p.09)
Importante ressaltar que frente a um panorama de avanço do neoliberalismo e suas
mazelas, iniciativas como a economia solidária, traz alternativas importantes, em uma lógica
oposta a exploração, mais humanista e valorosa.
3 Considerações finais
Em contraposição a essa hegemonia neoliberal, dados apontados nas duas pesquisas
da SENAES demonstram que a economia solidária, através da organização dos trabalhadores,
ocupou espaço crescente no Tocantins, como alternativa à crise do desemprego.
Nesse ponto, a sua sobrevivência e êxito poderão indicar ou mesmo poderão se
constituir em real alternativa de resistência à hegemonia do neoliberalismo e até mesmo de
desenvolvimento. Ressaltamos isso, pelos resultados importantes dos estudos, como mais de
45,6 mil pessoas ocupadas gerando trabalho e renda nos EES. Uma das questões do
mapeamento visava sondar a expectativa de qual o motivo dos trabalhadores se associarem:
“uma alternativa ao desemprego”, era uma das respostas. Que resultou em mais da metade
dos trabalhadores, apontando o trabalho associado como uma real possibilidade ao desalento
do desemprego. Outro fator importante é do crescimento da participação feminina de 15%
(passou de 34% para 49% entre o primeiro e segundo estudo), uma vez que é sabido que a
mulher possui taxa de desocupação maior que o homem: “Segundo o IBGE, a taxa de
desocupação do Brasil foi de 11,6% no período, sendo 10,1% entre homens e 13,5% entre
mulheres. Os dados fazem parte da [...] PNAD Contínua do quatro trimestre de 2018.”
(FERRARI, 2018). Embora, sendo esse um dado atual, essa discrepância sempre se manteve
ao longo dos anos. Somado a isso, o crescimento exponencial do número de empreendimentos
em quase todas as microrregiões do Estado.
A partir desse conjunto de resultados, acreditamos na possibilidade da economia
solidária se manifestar como uma alternativa organizacional e econômica, combinando
dimensões de emancipação social, a partir desses empreendimentos que cumprem em parte a
inclusão, em resposta ao desemprego, no quesito geração de trabalho e renda.
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CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO EM MATÉRIA DE BENEFÍCIOS
PREVIDENCIÁRIOS: LINHAS GERAIS SOBRE O CRPS
Amadeus de Sousa Lima Neto
RESUMO
O presente trabalho traça linhas gerais sobre o contencioso administrativo em matéria de
benefícios previdenciários, discorrendo sobre o Conselho de Recursos da Previdência Social
(CRPS), sua composição, estrutura e jurisdição, bem como quanto às vantagens de recorrer
administrativamente. Objetivou-se transparecer a importância do CRPS para o
reconhecimento do direito ao segurado, com o fim de dar maior credibilidade ao Tribunal
Administrativo em matéria previdenciária. Foi realizada pesquisa do tipo bibliográfica e
exploratória, de cunho informativo. Verificou-se que a doutrina e a literatura já reconhecem
a relevância da Corte Administrativa e consideram haver avanços nas decisões proferidas pelo
CRPS. Concluiu-se que o recurso administrativo representa uma importante via para o
administrado, bem como favorece a desjudicialização dos direitos previdenciários.
Palavras-chave: Processo administrativo previdenciário. Conselho de Recursos da
Previdência Social. Vantagens. Recurso administrativo.
1. INTRODUÇÃO
Os direitos sociais estão insertos no art. 6° da Constituição Federal de 1988, sendo
estes classificados como direitos de segunda geração. Dentre eles, figuram os direitos à
previdência social. Dessarte, no Brasil, a grande maioria dos benefícios previdenciários é
administrada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), gestor das prestações pagas
pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Para ter direito aos benefícios do RGPS, o segurado precisa provar a filiação ao
regime, sua qualidade de segurado e, quando for o caso, a carência necessária reclamada pelo
benefício. Esta comprovação ocorre por meio de um processo administrativo formulado junto
ao INSS, denominado processo administrativo previdenciário.
Ocorre que, nem sempre, o segurado consegue demonstrar que seu direito subsiste,
ou o faz de forma deficitária, de tal sorte que o requerimento de benefício desemboca no
indeferimento do pedido, ou em concessão insatisfatória do direito requerido, momento no
qual nasce para o segurado o motivo para rediscutir o mérito do pedido.
Nesse sentido, há duas maneiras básicas de o cidadão fazer valer seus direitos:
interpondo recurso administrativo ao CRPS ou mediante ação judicial. Dentre estas duas
Bacharel em Administração, Anhanguera/UNIDERP (2016). Acadêmico do 5° período do Curso de Direito – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC), [email protected]
possibilidades, a mais conhecida é a segunda, porém, a menos onerosa ao cidadão é a
primeira, sobre a qual o presente trabalho traçará linhas gerais, iniciando pelo conceito de
direitos previdenciários, apresentando os tipos de benefícios administrados pelo INSS,
requisitos necessários para sua aquisição e concluindo com a apresentação do CRPS.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Conceito de direitos previdenciários
A doutrina costuma subdividir a matéria estudada, para facilitar sua cognição. No
caso do Direito Constitucional, uma das subdivisões é quanto ordem histórica cronológica em
que passaram a ser constitucionalmente reconhecidos, sendo que os direitos previdenciários
figuram como direitos de segunda geração, de dimensão positiva (MORAES, 2016, p. 92).
Não por acaso, constam estrategicamente no art. 6° da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988 (CRFB/1988), no Título dos direitos e garantias fundamentais.
Quanto ao ramo do direito a que pertencem os direitos previdenciários, parte da
doutrina informa que estes são institutos de direito público, pois o vínculo jurídico se dá de
forma compulsória com o Estado, havendo, todavia, divergência quanto a tal classificação,
porquanto também se cogita que este ramo do Direito pertence ao Direito Social, que
englobaria o Direito do Trabalho (KERTZMAN, 2015, p. 89).
2.2. Espécies de benefícios atualmente previstos no âmbito do RGPS
Dada a importância dos direitos previdenciários como direito fundamental, as
constituições brasileiras avançaram na positivação de diversos benefícios, a serem garantidos
vezes ao segurado, vezes a seus dependentes, consoante se extrai do art. 201 da CRFB/1988.
No atual contexto constitucional, são dez espécies de benefícios pagos pela
previdência social, quatro deles sendo aposentadorias (aposentadoria por idade, por tempo de
contribuição, aposentadoria especial e aposentadoria por invalidez), três auxílios (auxílio-
doença, auxílio-acidente e auxílio-reclusão), dois salários (salário-família e salário-
maternidade) e uma pensão (pensão por morte), todos estes administrados pelo RGPS
(KERTZMAN, 2015, p. 365).
2.3 Requisitos para ter direito aos benefícios previdenciários
Como, no Brasil, a previdência social tem caráter de seguro público, para a
efetivação do direito constitucional à previdência o indivíduo precisa cumprir certos
requisitos, como a filiação ao regime de previdência, a manutenção da qualidade de segurado
- no momento de ocorrência do fato gerador da necessidade social - e, quando for o caso, a
carência (SANTOS, 2016, p. 54).
Quanto à filiação, esta, em regra, é compulsória, a partir do exercício de atividade
laboral, lícita e remunerada, excepcionando a figura do segurado facultativo, que se filia ao
RGPS por ato volitivo (KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 111).
Após filiar-se ao RGPS, o segurado mantém esta qualidade enquanto permanecer
contribuindo para o regime e, por vezes, até mesmo após a interrupção das contribuições, há
situações em que o segurado manterá tal condição, conforme consta do art. 15 da Lei n°
8.213/1991, como ocorre com aquele que está em gozo de certos benefícios, ou após a
cessação de benefícios por incapacidade (inclusive salário-maternidade).
Outrossim, para fazer jus a certos benefícios, não basta estar segurado no momento
do evento gerador da necessidade, havendo, em certos casos, a obrigatoriedade do
cumprimento da carência reclamada pela prestação previdenciária, excepcionando-se, tão
somente, os casos de pensão por morte, salário-família, auxílio-acidente e os casos de auxílio-
doença e aposentadoria por invalidez decorrentes de acidentes de qualquer natureza ou causa
ou de doenças profissionais ou do trabalho (KERTZMAN, 2015, p. 338).
2.4 Processo administrativo previdenciário no âmbito do INSS
A ferramenta através da qual o indivíduo busca seus direitos previdenciários perante
o INSS é o processo administrativo previdenciário, cuja doutrina conceitua como sendo a
forma pela qual o interessado interage com a Administração Pública; o conjunto de atos
administrativos praticados através dos Canais de Atendimento da Previdência Social, iniciado
em razão de requerimento formulado pelo interessado, de ofício pela Administração ou por
terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva no âmbito administrativo
(MEIRINHO et al., 2007, p. 89; KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 185).
Iniciada a busca pelo direito, o processo é movido de fase em fase pelo INSS,
passando pela fase instrutória e concluindo-se com a decisão administrativa, proferida por
servidor do Instituto, que decidirá pela concessão do benefício ou pelo indeferimento do
pedido, sendo que, em qualquer das duas situações, não sendo escorreita e satisfatória a
decisão, o interessado poderá tomar as medidas necessárias para concretização do direito que
acredita possuir perante a previdência.
Diante disso, sendo a decisão pela concessão do benefício, o interessado, em caso de
não concordar com o resultado obtido, primeiramente deve demandar o direito através de um
pedido de revisão do ato concessório, perante o próprio INSS, para somente depois ingressar
em demanda recursal. Todavia, sendo a decisão pelo indeferimento do pedido, surgem duas
possibilidades para o interessado rediscutir seu pedido: mediante processo judicial ou com
interposição de recurso administrativo ao CRPS. Interessa, ao presente trabalho, este último.
2.5 Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS)
O contencioso administrativo, no âmbito dos direitos previdenciários administrados
pelo INSS, é protagonizado pelo CRPS, órgão colegiado de controle jurisdicional das
decisões da Autarquia previdenciária, nos processos de interesse dos beneficiários do RGPS,
o qual é sediado em Brasília/DF e tem jurisdição em todo o território nacional
(KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 211; FERNANDES, SERMANN, 2014, p. 16).
A literatura, ainda que escassa, afirma que o CRPS é o órgão de controle jurisdicional
mais antigo do sistema previdenciário, cuja origem remonta à década de 1920, quando da
implantação do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), sendo aperfeiçoado para servir
também de instância recursal às decisões das Caixas de Aposentadorias e Pensões, criadas
com o advento da Lei Eloy Chaves6 , mas apenas passando a denominar-se Conselho de
Recursos da Previdência Social com a vigência do Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de
1966, norma esta que unificou os Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAP - e criou o
Instituto Nacional de Previdência Social – INPS (MEIRINHO et al., 2007, p. 132-133).
O colegiado é formado, atualmente, por vinte e nove Juntas de Recursos e quatro
Câmaras de Julgamento, sendo que as primeiras compõem a primeira instância recursal e as
últimas constituem a segunda instância. Além das juntas recursais e câmaras julgadoras, há
ainda o Conselho Pleno (que não é uma terceira instância, congregando atribuições de caráter
normativo), ao qual compete uniformizar a jurisprudência previdenciária em matéria de
benefícios, mediante enunciados (GOES, 2016, p. 712; MEIRINHO, 2007, p. 136).
Atualmente, com exceção do estado do Tocantins, em todos os estados da federação
há uma Junta de Recursos da Previdência Social, podendo haver composições adjuntas dentro
da estrutura da junta recursal. No caso das Câmaras de Julgamento, todas as quatro outrora
existentes situam-se em Brasília/DF. Há registros, porém, de criação de composições adjuntas
de Câmaras de Julgamento em alguns estados da federação, como no caso da 1ª Composição
Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, situada no Estado do Paraná, instituída pela Portaria
MDS n° 30, de 9 de outubro de 20137.
A literatura aponta, no entanto, que muitas das pessoas que pleiteiam benefícios
perante o INSS parecem não conhecer da existência desta Corte Administrativa, ou, mesmo
6 Apontada pela doutrina como precursora da Previdência Social no Brasil. 7 Instalação da 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento no Estado do Paraná. Disponível em:
<http://www.lex.com.br/legis_24949481_PORTARIA_N_30_DE_9_DE_OUTUBRO_DE_2013.aspx>.
Acesso em: 12 out. 2019.
conhecendo, preferem dar continuidade à persecução do direito por meio de um processo
judicial, havendo ainda certo preconceito por parte dos segurados e até mesmo dos advogados
na interposição de recursos (FERNANDES, SERMANN, 2014, p. 26).
2.6 Das vantagens do recurso administrativo previdenciário em relação ao judicial
O desconhecimento ou o descrédito das vias recursais no contencioso administrativo
em matéria previdenciária termina por judicializar muitas demandas do seguro social. Porém,
a literatura aponta para uma mudança de paradigma na jurisprudência administrativa, donde
surgem decisões promissoras e, ressalte-se, muitas vezes até mais favorável ao segurado do
que o entendimento do Poder Judiciário (VAZ, SAVARIS, 2014, p. 10).
A despeito disso, a literatura aponta que, em 2016, foram protocolados 268.416
novos recursos administrativos junto à Corte Administrativa, dos quais 225.928 foram
julgados naquele mesmo ano, sendo que, dentre os processos julgados, 48.464 tiveram
decisões favoráveis ao recorrente (CARVALHO, 2017).
Nesse sentido, adiante são descritas algumas das vantagens que o recurso
administrativo oferece aos segurados da previdência social, comparando-se com igual
demanda peticionada junto ao Judiciário.
2.6.1 Da gratuidade do recurso administrativo
Uma das vantagens que se pode mencionar é que o recurso administrativo é sem
ônus para o recorrente, independentemente do seu patrimônio, ou seja, não há necessidade de
desprendimento financeiro para que o cidadão (carente ou não) interponha recurso
administrativo contra as decisões do INSS das quais discorde, total ou parcialmente,
porquanto não há custas ou despesas processuais a adimplir.
Poder-se-ia até argumentar que, em que pese ser gratuita a proposição recursal no
contencioso administrativo, o recorrente, na prática, por não ter conhecimentos jurídicos,
terminaria prejudicado ante a insuficiência ou falta de fundamentação legal de suas
contrarrazões, todavia, esta ideia sucumbe diante da regra do § 2° do art. 33 do Regimento
Interno do CRPS8, segundo a qual, “em se tratando de recurso firmado pelo próprio segurado
ou beneficiário que não seja advogado, o Conselheiro relator do processo deverá identificar,
se não for apontada, a norma infringida ou não observada pelo INSS” (SERMANN, 2016).
8 Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, aprovado pela Portaria MDSA n° 116, de
20 de março de 2017.
2.6.2 Da coisa julgada material e processual
Uma das situações que é apontada como causa de descrédito do contencioso
administrativo é a demora que se tem até a decisão da lide, pois o prazo de oitenta e cinco
dias previsto no Provimento CRPS/GP n° 99, de 1 de abril de 2008 muitas vezes não é
cumprido pelo órgão julgador (SALOMÃO; GOUVEIA, 2017). No entanto, mesmo diante
de tal demora, convém ressaltar que há as figuras da coisa julgada processual e da coisa
julgada material, que geram efeitos vinculantes para o INSS, mas não para o recorrente.
Isso significa que, havendo decisão de mérito favorável ao segurado, decidido em
última instância no contencioso administrativo, o INSS não pode ir a juízo contra o segurado.
Destarte, se a matéria for decidida desfavoravelmente ao recorrente, este poderá ingressar
com ação judicial para rediscutir o direito. Em outras palavras, as decisões dos órgãos do
CRPS vinculam o INSS, mas não o segurado (KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 211).
Já a respeito da coisa julgada processual, esta, em regra, produz efeitos tanto em face
do INSS quanto em face do segurado, sendo mais danosa para aquele. A coisa julgada
processual está intimamente ligada à preclusão processual, porquanto, havendo ato processual
a cargo de uma das partes, quedando-se inerte o interessado, sofrerá o ônus de sua desídia
quanto a este ato, sendo que, em raríssimas exceções, haverá possibilidade de relevação da
intempestividade, consoante regra do art. 53, § 6°, do Regimento Interno do CRPS.
Esta figura jurídica pode trazer vantagens ao cidadão. Imagine-se uma situação em
que a decisão de primeira instância foi favorável ao segurado e o INSS não interpôs recurso
especial dentro do prazo de 30 dias previsto no art. 305 do Decreto n° 3.048/19999. Neste
caso, a menos que a Autarquia comprove inequivocamente a liquidez e certeza do direito
discutido no processo, não terá seu recurso especial conhecido pelos órgãos julgadores.
Nesse sentido, transcreve-se abaixo ementa de uma recente decisão do CRPS, verbis:
EMENTA: REVISAO DE OFÍCIO. INTEMPESTIVIDADE NA
INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ESPECIAL PELO INSS.
AUSÊNCIA DE DIREITO LIQUIDO E CERTO PARA
RELEVAÇÃO DA INTEMPESTIVIDADE. APOSENTADORIA
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ARTIGO 305, §1º, DO
DECRETO 3.048/99. ARTIGO 31, 53 E 54 DO REGIMENTO
INTERNO DO CRSS (RICRSS), APROVADO PELA PORTARIA
Nº 116/2017. (Processo n° 44233.080617/2017-99. Acórdão n°
3658/2019. Relatora: Conselheira Lívya Quaresma Ferraz. Data de
Julgamento: 10/09/2019, 2ª CaJ). (Negrito original. Grifos não
originais).
9 Art. 305. § 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento de contra-razões,
contados da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente.
No caso supracitado, a consequência da inércia da Autarquia é o reconhecimento do
direito ao segurado recorrente, não cabendo mais recursos por parte do INSS. Esta é uma
enorme vantagem processual concedida ao segurado, porquanto seu direito encontra-se
protegido pelo instituto da preclusão processual em desfavor do Estado, o qual, ainda que
insatisfeito, não poderá demandar em juízo contra o cidadão.
2.6.3 Do julgamento do processo por órgão colegiado
A existência do órgão colegiado no âmbito administrativo dos direitos
previdenciários efetiva o princípio do duplo grau de jurisdição. A função deste princípio é
reduzir a possibilidade de erros nas decisões a serem proferidas (MORAES, 2016, p. 160).
Ademais, no caso do CRPS, ao contrário do que ocorre no Poder Judiciário, sua composição
favorece a discussão da matéria em favor do administrado, porquanto as turmas recursais são
compostas, também, por não servidores, como os representantes das empresas e dos
trabalhadores (FERNANDES; SERMANN, 2014, p. 16).
O fato de a composição ser tripartite faz do CRPS um órgão democrático,
responsável pela distribuição da justiça previdenciária no âmbito administrativo, o qual não
se vincula às instruções e demais regulamentos que conduzem o processo previdenciário na
estrutura interna do INSS, possuindo sua própria jurisprudência e aplicando, supletivamente,
normas do processo civil, congregando maior discricionariedade na interpretação das normas
(MEIRINHO, 2007, p. 137; FERNANDES; SERMANN, 2014, p. 16).
2.6.4 Da não limitação do valor da causa ao teto dos Juizados Especiais Federais
Como consta no art. 3°, caput, da Lei n° 10.259/2001, há um teto máximo para
conhecimento das causas previdenciárias pelos Juizados Especiais Cíveis da Justiça Federal,
qual seja, o valor de sessenta salários mínimos.
Isto posto, a depender da situação, será mais vantajoso ao interessado arguir seu
direito perante o Contencioso Administrativo, invés de ingressar com processo judicial.
Justifica-se tal argumento levando-se em conta que os processos não se limitam pelo valor da
causa no âmbito do CRPS, além de que a liberação dos valores não ocorre por meio de
Requisição de Pequeno Valor (RPV), agilizando seu recebimento pelo beneficiário.
Outrossim, conforme regra do art. 519 da Instrução Normativa n° 77/2015, os
valores gerados na concessão ou na revisão do benefício, que não excedam em vinte vezes o
limite máximo do salário de contribuição, independem de autorização do Gerente Executivo.
No ano de 2019, esse valor corresponderia a R$ 116.789,00 (GOUVEIA; RIOS, 2018).
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada no presente trabalho foi a da pesquisa bibliográfica
qualitativa, de cunho exploratório e informativo, tecendo-se levantamento bibliográfico
através de pesquisas realizadas com uso da ferramenta on-line google acadêmico, com os
descritores “conselho de recursos da previdência social” e “processo administrativo
previdenciário”, bem como exploração do conteúdo em doutrinas, consulta de acórdãos
originados de colegiados do CRPS, pesquisas no site do órgão e consultas à legislação
brasileira, visitada no sítio planalto.gov.br, cujos acessos ocorreram entre os dias 07 de agosto
e 14 de outubro de 2019.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De toda a matéria colhida, aferiu-se que os direitos previdenciários gravitam no campo
dos direitos humanos fundamentais de segunda geração, porquanto são direitos sociais,
constitucionalmente consagrados, sendo eles normas que demandam uma ação positiva por parte
do Estado para com o cidadão, além de que são do ramo do direito público.
A previdência social computa um quadro específico de benefícios, administrados pelo
INSS, que são devidos ao cidadão após cumprimento de certos requisitos, como a comprovação
da filiação, da manutenção da qualidade de segurado quando da ocorrência do fato gerador, bem
como da demonstração do alcance da carência reclamada pela prestação, quando for o caso.
Para invocar esses direitos, o segurado precisa utilizar-se de mecanismos adequados,
ferramentas previstas em lei, as quais, no âmbito da previdência social, são perseguidas com a
formalização do processo administrativo previdenciário, o qual deve ser desencadeado por
requerimento do pretenso segurado, junto aos canais de atendimento do INSS. A partir da quebra
da inércia estatal, o Instituto move o processo de fase em fase até a conclusão definitiva da
análise, da qual pode resultar uma satisfação completa do direito, uma satisfação incompleta ou
o indeferimento total do pedido, sendo que, nestas duas últimas hipóteses, surge a lide, ante a
instauração do direito controvertido, que pode ser rediscutido judicial ou administrativamente.
Caso o cidadão opte pela via administrativa, exsurge a instalação do contencioso
administrativo, com a interposição de recurso ao órgão responsável pelo controle jurisdicional
das decisões do INSS, qual seja, o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS),
vinculado ao Ministério da Economia, com sede em Brasília/DF e jurisdição em todo o território
nacional, composto por duas instâncias recursais e conselho normativo (Conselho Pleno).
A literatura aponta várias vantagens ao cidadão, quando este fizer uso do controle
administrativo das decisões do INSS, como, por exemplo, a gratuidade da interposição do
recurso e a desnecessidade de defesa técnica, porquanto o Regimento Interno do colegiado
obriga o relator a perscrutar o direito reclamado pelo cidadão, apontando a norma infringida,
caso este o não faça ou o não saiba fazer.
Além disso, também é apontada como vantagem para o recorrente administrativo a
existência da coisa julgada processual e material em face do INSS, ou seja, caso este sofra derrota
nas instâncias recursais e/ou perca o prazo para interposição de recurso contra tal decisão, restará
impedido de fazê-lo, salvo se demonstrar a liquidez e certeza do direito reclamado. Do contrário,
deverá cumprir o acórdão do órgão colegiado. Frise-se que o mesmo não ocorre para com o
cidadão recorrente, ou seja, caso este não tenha o direito reconhecido pelos órgãos do CRPS,
ainda assim poderá rediscutir o direito junto ao Poder Judiciário.
Sem embargo, a literatura ainda pontua quanto ao julgamento do recurso administrativo
por um órgão colegiado, o que garante melhor segurança e minimiza a possibilidade de erro na
decisão de mérito. Ressalte-se que, diferentemente da ação judicial de primeiro grau, o recurso
administrativo de primeira instância já inicia em um órgão colegiado, assegurando a tomada de
decisão por representantes do Estado e da sociedade civil (empregadores e trabalhadores).
Por fim, evidenciou-se que os processos apresentados ao contencioso administrativo
não se limitam pelo valor da causa, promovendo maior celeridade para o recebimento dos valores
porventura gerados ao final do processo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O controle das decisões administrativas é um importante mecanismo de proteção aos
direitos do cidadão, no Estado Democrático de Direito. No intuito de promover a correta
distribuição da justiça no âmbito previdenciário, foi instituído o Conselho de Recursos da
Previdência Social, órgão colegiado detentor do controle jurisdicional das decisões do INSS,
composto por turmas recursais de primeira e segunda instância administrativa, além de um
conselho pleno, responsável pela uniformização da jurisprudência do CRPS.
Constatou-se que, em que pese o histórico preconceito quanto à eficiência do CRPS
como órgão de controle, a Corte Administrativa congrega importantes vantagens ao
administrado que opta por esta via contenciosa, assegurando lisura no acesso à justiça em
âmbito administrativo, porquanto suas decisões impõem ao INSS o dever de conceder o
benefício a que o recorrente tiver direito, após estabilizada a decisão recursal.
Diante disso, assevera-se que é necessário que o segurado da previdência social tenha
pleno conhecimento das utilidades oferecidas pelo Tribunal Administrativo, com vistas a
ofertar amplo acesso à justiça, sem que se precise judicializar as demandas previdenciárias.
Entretanto, ante a escassez de estudos que ataquem tal problema, este trabalho traçou linhas
gerais sobre o CRPS, carecendo-se de pesquisas mais específicas que realcem a importância
que o Conselho tem na promoção dos direitos dos segurados da previdência social.
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DELAÇÃO PREMIADA NA LEGISLAÇÃO BRASIELIRA
Juliana Ferreira dos Reis
Marcondes Figueiredo Júnior (Or.)
RESUMO
A delação premiada nunca esteve em tanta evidência. Com o atual cenário de combate a
corrupção no país o termo delação premiada se tornou constante no nosso dia a dia. A Lei das
Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) entrou em vigor em 2013 trazendo
importantes inovações para o instituto da delação premiada. O presente artigo tem como
objetivo conceituar a delação premiada, mostrar sua evolução na legislação brasileira e os
requisitos para sua concessão. Para que esse objetivo fosse alcançado, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica e documental, com o uso de doutrinas sobre o tema, além das leis
existentes no nosso ordenamento jurídico.
Palavras-chave: Delação premiada. Legislação. Benefícios. Requisitos.
1 INTRODUÇÃO
O instituto da delação premiada não é novo no Brasil. A delação premiada, também
chamada de colaboração premiada, está presente na legislação brasileira desde as Ordenações
Filipinas. Porém, o instituto da delação premiada como conhecido hoje foi introduzido no
ordenamento jurídico brasileiro através da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990), e ao
longo dos anos a delação premiada foi sendo citada em algumas leis esparsas.
Sempre houve dúvidas quanto a aplicação da colaboração premiada, sendo ela abordada de
maneira diferente em cada lei e nunca de maneira a explicar por completo sua aplicação.
Recentemente, entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que buscou tratar da colaboração de
maneira mais ampla.
A escolha do presente tema para o artigo se deve ao atual momento do país. O Brasil
vive um cenário em que o termo delação premiada está sempre presente nos telejornais e no
dia a dia das pessoas. Nunca se falou tanto em um tema igual vimos nos últimos anos.
Isso se deve ao momento em que o país vive na busca do combate a corrupção. Em meio a
operações como a lavajato, a delação premiada se tornou de certa forma, para alguns acusados
e investigados, um meio de fugir de uma condenação mais grave. E para a justiça, se tornou
uma forma de chegar a mais pessoas envolvidas em organizações criminosas e levá-los a uma
condenação.
Advogada. Formada em Logística pela Universidade Federal do Tocantins. Pós-graduanda em Direito Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom Orione. Email:[email protected]. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista campus de Bauru-SP. Especialista em Direito Tributário pela Universidade do Tocantins. Mestre pelo Programa de pós-graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Estudos
de Cultura e Território da Universidade Federal do Tocantins-UFT. Professor do curso de Direito da
Faculdade Católica Dom Orione. Email: [email protected].
O presente artigo tem como objetivo conceituar a delação premiada ou colaboração
premiada, mostrar os requisitos para sua obtenção e a sua evolução ao longo dos anos através
da legislação brasileira. O artigo inicia trazendo o conceito e a natureza jurídica da delação
premiada. Depois é apresentada a delação através das leis ao longo dos anos, sendo
apresentado de maneira mais amplas a Lei nº 12.850/2013. E por fim, apresenta- se os
requisitos para sua obtenção.
Para que esse objetivo fosse alcançado, foi realizada uma pesquisa bibliográfica,
através da literatura já publicada sobre o tema e documental, com análise da legislação
brasileira vigente ou não vigente. E diante da falta de algumas referências bibliográficas,
foram utilizadas fontes não científicas, como sites.
2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Delação no Dicionário Aurélio (2017) significa “revelação de crime, delito ou falta
alheia, com o fim de tirar proveito dessa revelação”. Conforme preceitua Guidi (2006, p. 97)
“a expressão “delação” origina-se de delatio, de deferre, que é usada em sua acepção de
denunciar, delatar, acusar, deferir.”
Delação premiada ou colaboração premiada trata-se de instituto de natureza penal,
que se estabelece como fator de redução da pena privativa de liberdade, substituição por
restritivas de direito e até mesmo perdão judicial, causa extintiva da punibilidade.
Nesse sentido, temos o conceito trazido por Mossin (2016, p. 29), “a delação
premiada é instituto de natureza penal, posto que se constitui fator de diminuição de
reprimenda legal ou perdão judicial, causa extintiva da punibilidade. ”
Ampliando seu conceito, Pereira (2016, p. 193-194) define a delação premiada ou
colaboração premiada como:
[...] uma técnica de investigação e meio de prova sustentada na cooperação de
pessoa suspeita de envolvimento nos fatos investigados; inserida no ordenamento
jurídico como mecanismo de justiça consensual, buscando o ingresso cognitivo dos
órgãos de persecução penal no interior de atividades criminosas a partir da ampla
confissão e de revelações do colaborador, sendo que a atitude cooperativa advém
da expectativa de prêmio consistente em futura amenização da punição, em vista
da relevância da informação voluntariamente prestada.
Delação premiada, em outras palavras, trata- se do meio pelo qual um dos acusados,
pertencente a uma organização criminosa, em troca de benefícios, como a redução da pena
ou o perdão judicial, denuncia os demais envolvidos na prática delitiva. O delator colabora
com o Estado na identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa,
devendo oferecer provas que possam ajudar na condenação dos denunciados.
Definir a natureza jurídica da delação premiada não é algo fácil. De acordo com
Santos (2017), a delação premiada possui enfoques processual e material, que se
complementam, possuindo então o instituto natureza híbrida. “A natureza da delação
premiada, em verdade, é processual material – forma e conteúdo processuais, mas com efeitos
materiais.”. (SANTOS, 2017, p. 97).
Pereira (2016) coaduna do mesmo pensamento, afirmando que a colaboração
premiada é um instituto abstruso e multiforme, que possui natureza jurídica hibrida, sendo
penal e processual. A Lei nº 12.850/2013 define a colaboração premiada como meio de
obtenção de provas.
3 DELAÇÃO PREMIADA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
No ordenamento jurídico brasileiro, a delação premiada está presente há muito
tempo e ao longo dos anos foi evoluindo através de várias leis, para se chegar ao que
conhecemos hoje como colaboração premiada. A seguir, será mostrada algumas dessas leis
que abordam o tema.
3.1 Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990)
Para Guidi (2006), no Brasil, o instituto da delação premiada remota desde as
Ordenações Filipinas, podendo ser encontrada particularmente no Livro Quinto, Título XII
das Ordenações Filipinas (1603-1867), que trata a respeito dos que fazem moeda falsa ou a
espalha e dos que limitam a verdadeira ou a destrói.
A delação premiada propriamente dita, foi introduzida no ordenamento jurídico
brasileiro em 1990, através da Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990). Em seu artigo
8º, a Lei nº 8.072/1990 estabeleceu a delação premiada para casos em que a quadrilha ou
bando praticam crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
terrorismo, concedendo a diminuição de pena para o associado que denuncie a autoridade a
quadrilha ou bando, propiciando seu desmantelamento. Possui a seguinte redação o artigo 8º,
parágrafo único da Lei nº 8.072/1990:
Art. 8º. Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código
Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando
ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a
dois terços. (BRASIL, 1990).
A Lei dos Crimes Hediondos, em seu artigo 7º, modificou o parágrafo 4º, do artigo
159 do Código Penal, concedendo a delação premida para o crime de extorsão mediante
sequestro.
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo:
"Art. 159. [...]
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à
autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços. (BRASIL, 1990, grifo nosso).
Posteriormente, a Lei nº 9.269/1996 também modificou a redação do parágrafo 4, do
artigo 159 do Código Penal, mas ainda garantindo a delação premiada para o crime de
extorsão mediante sequestro, quando o crime for cometido por concurso e o concorrente
denunciar levando a libertação do sequestrado.
3.2 Lei do Crime Organizado (Lei nº 9.034/1995)
A Lei do Crime Organizado tinha como objetivo a prevenção e repressão de crimes
praticados por organizações criminosas. Em seu artigo 6º, a lei concedia a redução da pena
de um a dois terços, quando a colaboração espontânea levasse a elucidar infrações penais e
sua autoria, nos crimes praticados por organização criminosa.
A mesma não faz mais parte do nosso ordenamento jurídico. Sua revogação ocorreu
com a entrada em vigor da Lei nº 12.850/2013, a nova lei das organizações criminosas.
3.3 Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/1986)
A delação premiada encontra- se nessa lei em seu artigo 25, parágrafo 2º, que foi
introduzido pela Lei nº 9.080/1995. Na lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional, o
coautor ou participe que de forma espontânea revelar os crimes cometidos em quadrilha ou
coautoria terá a pena reduzida de um a dois terços. A Lei fala que a confissão tem de ser
espontânea e que pode ser concedida tanto a autoridade policial, quanto a autoridade judicial.
3.4 Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária e Econômica (Lei nº 8.137/1990)
Assim como na Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional, a delação
premiada também foi inserida na Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária e Econômica,
através da Lei nº 9.080/1995.
O parágrafo único, do artigo 16 da Lei 8. 137/1990, traz a redução da pena de um a
dois terços para o integrante de quadrilha ou coautor que revelar de forma espontânea a
autoridade policial ou judicial os crimes praticados.
3.5 Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/1998)
A Lei de Lavagem de Capitais trouxe algumas novidades, com relação as leis citadas
anteriormente, para os benefícios concedidos no caso de delação premiada. A delação
premiada está logo no artigo 1º, parágrafo 5º da Lei nº 9.613/98.
Além da redução da pena de um a dois terços, poderá o delator no caso de crime de
lavagem de capitais ser beneficiado com o perdão judicial ou a substituição da pena privativa
de liberdade por uma pena restritiva de direitos. O perdão judicial ou a substituição por pena
restritiva de direitos podem ser aplicadas pelo juiz, no caso de colaboração espontânea que
leve a identificação dos demais envolvidos no crime ou a localização dos bens, direitos ou
objetos do crime.
Outro ponto importante do parágrafo 5º, do artigo 1º da Lei 9. 613/98, é que além
de poder ser favorecido com a redução da pena, de um a dois terços, poderá o delator ter o
direito de cumprir a pena em regime aberto ou semiaberto. Ficando a critério do juiz a escolha
do regime de cumprimento de pena, analisando cada caso de acordo com suas diferenças.
Apesar do parágrafo 5º, do artigo 1º da Lei 9. 613/98 ter sido modificado
recentemente pela Lei 12. 683/2012, sendo acrescentado alguns novos termos e informações,
os benefícios concedidos em sua essência não foram modificados.
3.6 Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Lei nº 9.807/1999)
A Lei 9.807/99 traz um capítulo especial dedicado a proteção dos réus que
colaborarem com a justiça. A lei, em seu artigo 13, garante ao juiz o poder de conceder de
ofício ou a requerimento das partes o perdão judicial ao acusado, que seja réu primário, e
com isso a consequente extinção da punibilidade.
Para a concessão do perdão judicial, é necessário que o acusado tenha colaborado
voluntariamente com a investigação e o processo criminal e que essa colaboração tenha
resultado na identificação dos demais coautores e partícipes da ação criminosa, na
recuperação total ou parcial do produto do crime e que leve a localização da vítima. Sendo
que, a vítima tem que está com sua integridade física preservada.
Ainda deve ser levado em conta na concessão a personalidade do acusado
beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão da atividade criminosa
praticada.
Para o acusado que for condenado, a Lei nº 9807/1999 garante em seu artigo 14 a
redução da pena de um terço a dois terços, desde que o mesmo tenha colaborado
voluntariamente com a investigação criminal, ajudando na identificação dos coautores e
partícipes, na recuperação total ou parcial do objeto do crime e na localização da vítima,
desde que com vida.
Cabe destacar, que em seu artigo 15, a lei de proteção a vítimas e testemunhas
garante medidas especiais de proteção a integridade física do colaborador que sofra ameaças
ou coação. Podendo essas medidas serem concedidas ao acusado que esteja na prisão ou
mesmo fora.
Um detalhe importante, é que a Lei nº 9.807/1999 ao citar os benefícios que podem
ser concedidos aos delatores, não especificou em quais crimes a delação premiada poderá ser
utilizada. De certa forma, generalizando a aplicação da delação premiada a qualquer crime.
3.7 Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006)
Na Lei de Drogas, lei 11.343 de 2006, a delação premiada está disciplinada no artigo
41, que constituído da seguinte redação:
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação
policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes
do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. (BRASIL, 2006).
No presente caso, a delação premiada possui para sua concessão alguns requisitos
das leis mencionadas anteriormente. A colaboração deve ser voluntária, identificando os
coautores ou partícipes do crime e recuperando total ou parcialmente produto do crime.
Conforme preleciona Mossin (2016), a delação na Lei de Drogas pode ser do sujeito
indiciado, aquele que responde a Inquérito Policial, que tenha sido a ele imputado
determinado fato incriminador, ou pode ser do acusado, juridicamente entendido como aquele
que é objeto de ação penal em juízo.
Destaca se que o perdão judicial não está previsto como benefício para aquele que
colaborar com a justiça, dessa forma, sempre haverá condenação. Sendo garantido apenas a
redução da pena a ser aplicada.
3.8 Nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013)
A nova lei das organizações criminosas, a Lei nº 12.850/13, entrou em vigor no ano
de 2013, trazendo mais detalhes sobre a delação premiada. Na lei das organizações
criminosas, o legislador optou por usar o termo colaboração premiada.
Conforme esclarece Mossin (2016), a mudança para o termo delação obviamente foi
com o intuito de abrandar a conduta do agente de entregar o comparsa de pratica delitiva,
sendo colaboração uma denominação mais leve que delação, uma vez que, do ponto de vista
jurídico “delação” e “colaboração” resultam as mesmas consequências, que é premiar aquele
que denunciou os outros coautores ou partícipes da ação criminosa.
A colaboração premiada é trazida pela Lei 12.850/2013 em seu artigo 3º, inciso I,
como meio de obtenção de prova, podendo ser usada em qualquer fase da persecução penal.
A Lei dedica a seção I, do Capítulo II, para esse tema, inclusive tendo a seção I como nome
“Da Colaboração Premiada”. A colaboração premiada é abordada em mais detalhes do artigo
4º ao 7º da lei.
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com
a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha
um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa
e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização
criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
(BRASIL, 2013).
Em outras leis que abordavam a delação premiada, às vezes, o legislador utilizava
os termos “será” ou “terá”, que indica obrigatoriedade na aplicação dos benefícios ao delator
quando obedecido os requisitos legais. Já na Lei das Organizações Criminosas, o legislador
optou por utilizar o termo “poderá”, o mesmo usado na lei das organizações criminosas.
Por outro lado, o termo “poderá”, significa ter a faculdade de se aplicar ou não a lei.
Dessa forma, fica a critério do aplicador da norma a concessão ou não dos benefícios dado ao
colaborador.
A Lei nº 12.850/13, então permite ao juiz a faculdade de conceder ou não o privilégio
aquele que colaborou efetivamente com a investigação. O colaborador pode ser beneficiado
com o perdão judicial, a redução em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou a substituição da
mesma por restritivas de direito.
Para ter a chance de conseguir algum desses benefícios, é necessário que a
colaboração tenha alguns resultados. Como a identificação dos demais coautores e partícipes
da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas, a revelação da estrutura
hierárquica e das tarefas da organização criminosa, a prevenção de infrações penais
decorrentes das atividades da organização criminosa, a recuperação total ou parcial do
produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa ou a
localização de vítima, caso haja, com a sua integridade física preservada. “Quanto aos
resultados que precisam advir da colaboração, não há necessidade de que sejam cumulativos,
basta a verificação da ocorrência de um deles.” (PEREIRA, 2016, p.140).
Ainda para a concessão do benefício da colaboração, em qualquer caso, deverá ser
levado em conta alguns requisitos subjetivos e objetivos, como a personalidade do
colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
criminoso e a eficácia da colaboração, de acordo com o artigo 4º, parágrafo 1º, da lei nº 12.850
de 2013. (BRASIL, 2013).
O parágrafo 2º, do artigo 4º da lei das organizações criminosa traz a possibilidade de
ser requerido ou representado ao juiz o pedido de concessão de perdão judicial ao colaborador,
podendo ser feito o pedido pelo Ministério Público, a qualquer momento, ou pelo Delegado
de Polícia, nos autos de Inquérito Policial, mesmo que não conste na proposta inicial.
No parágrafo 3º, do artigo 4º, o legislador buscou tratar da suspensão e prescrição.
Nos processos relativos aquele que esteja prestando colaboração, poderá ser suspenso por até
6 (seis), sendo prorrogáveis por igual período, o prazo para oferecimento de denúncia ou
mesmo o processo, até que se cumpra as medidas relativas a colaboração. Nesse período,
suspende-se o respectivo prazo prescricional.
Uma grande inovação trazida pela lei é a possibilidade de o Ministério Público não
ofertar denúncia em favor do colaborador, se o mesmo não for líder da organização criminosa
ou for o primeiro a prestar colaboração efetiva.
Nas leis citadas anteriormente a delação premiada podia ocorrer em sede de Inquérito
Policial e procedimento criminal, antes da sentença. A lei nº 12.850/13 trouxe a possibilidade
da colaboração ocorrer após a sentença. Nesse caso, poderá ser reduzida a pena até a metade
ou ser concedido a progressão de regime, mesmo que ausente os requisitos objetivos.
Os requisitos objetivos, que não são exigidos, seriam com relação ao tempo de
cumprimento da pena necessários para a progressão de regime, que é de 1/6 nos crimes
comuns (Lei nº 7.210/1984, artigos 110 e ss) e de 2/5 para reincidentes em crime hediondo
ou a ele equiparado, ou 3/5 quando houver reincidência nessa modalidade delitiva (Lei nº
8.072, art. 2º, parágrafo 2º). Isso significa que não importa o tempo que o colaborador esteja
cumprindo a pena, o mesmo poderá passar para um regime menos gravoso, podendo ir do
regime fechado para o semiaberto ou do regime semiaberto para o aberto, por exemplo.
As negociações realizadas para o acordo de colaboração, não contarão com a
participação do juiz. O acordo será realizado entre o delegado de polícia, o investigado e seu
defensor, com a manifestação do Ministério Público. Podendo em alguns casos ser entre o
Ministério Público e o acusado ou investigado e seu defensor. Após o acordo ser realizado, o
termo com as declarações do colaborador e cópia da investigação serão enviados ao juiz para
a homologação.
Para a homologação do acordo, o juiz deverá verificar sua regularidade, legalidade
e voluntariedade, podendo, sigilosamente, ouvir o colaborador, acompanhado do seu
defensor. Caso seja verificado pelo juiz que a proposta de colaboração não atende aos
requisitos legais, poderá recusar a sua homologação ou adequá-la as necessidades do caso
concreto.
Caso seja homologado o acordo, o colaborador poderá ser ouvido pelo Ministério
Público ou pelo delegado de polícia, desde que esteja sempre acompanhado do seu defensor.
O colaborador sempre que prestar depoimentos, na presença de seu defensor, renunciará o
direito ao silêncio, uma vez que a colaboração exige do beneficiário a confissão completa de
todos os fatos delitivos que participou, além de ter esse o dever legal de dizer a verdade.
O colaborador tem direito a medida protetivas. São direitos garantidos pela Lei nº
12. 850/2013, em seu artigo 5º, com o objetivo de proteger aquele que colaborou com a
justiça. Poderá o delator desfrutar de medidas previstas em legislação específica, terá então
o direito de ser incluído no programa de proteção a testemunha, disciplinado pela Lei nº
9.807/1999.
Outro direito garantido pela lei é que seja preservado o nome, qualificação, imagem
e demais informações pessoais do colaborador. Além de ser garantido ao colaborador o direito
de ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes. Ser ouvido em
audiências sem contato visual com os outros acusados, não ter sua identidade revelada pelos
meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua autorização. E o direito de
cumprir pena em estabelecimento diverso dos demais corréus ou condenados.
O artigo 6º, da Lei nº 12.850/2013, traz os requisitos que devem conter o termo de
acordo da colaboração. O termo deverá ser feito por escrito e conter o relato da colaboração
e seus possíveis resultados, as condições da proposta apresentada pelo Ministério Público ou
pelo delegado de polícia, a declaração, de que aceita a proposta, do colaborador e seu
defensor, as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do
colaborador e de seu defensor e deve o termo conter ainda as especificações das medidas de
proteção ao colaborador e, quando necessário, a sua família.
Em regra, a distribuição dos feitos criminais é pública. No caso do pedido de
homologação de acordo da delação premiada, garante a lei das organizações criminosas, que
será sigiloso, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e seu
objeto. O juiz que receber o pedido de homologação terá prazo de 48 horas para decidir.
Quando for recebida a denúncia, o acordo de colaboração premiada deixará de ser
sigiloso, respeitando os direitos do colaborador dados pelo artigo 5º da Lei nº 12.850/2013.
4 REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA DELAÇÃO PREMIADA
Analisando, a legislação vigente no país sobre delação premiada, alguns requisitos
são necessários para a aplicação dos benefícios ao colaborador, seja para a redução da pena,
a substituição por restritivas de direito ou o perdão judicial.
O principal requisito a ser observado é a voluntariedade. Presente em todas as leis
vigentes, é necessário que a colaboração do delator seja de sua espontânea vontade, sem que
tenha sido pressionado a colaborar.
Outro importante requisito a ser observado é a efetividade da colaboração. A delação
precisa ter resultados. Nas leis citadas acima, esse resultado pode ser a libertação do
sequestrado, o desmantelamento de quadrilha, a identificação dos demais coautores ou
partícipes, a recuperação do produto.
A Lei nº 12.850/2013, a lei das organizações criminosas, ampliou a aplicação da
colaboração premiada e definiu, em seu artigo 4º, cinco requisitos necessários para a obtenção
dos benefícios da delação.
Será então efetiva a colaboração que: a) identificar os demais coautores e partícipes
da organização criminosa e as infrações penais por eles praticadas; b) revelar a estrutura
hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa; c) prevenir infrações penais
decorrentes das atividades da organização criminosa; d) recuperar total ou parcialmente o
produto ou proveito resultantes das infrações penais praticadas pela organização criminosa; e
e) levar a localização de eventual vítima com sua integridade física preservada.
Não é necessário a incidência de todos os resultados para a efetividade da
colaboração, bastando apenas a ocorrência de um ou mais dos resultados.
A Lei nº 12.850/2013 traz outros requisitos para a colaboração premiada. Mesmo
que da colaboração advenha os resultados citados acima, será sempre observado a
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social
do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo procurou mostrar, sucintamente, como funciona o instituto da delação
premiada na legislação brasileira e sua evolução ao longo dos anos. Através do artigo foi
possível conceituar a delação premiada e mostrar os requisitos para a sua concessão.
O que observamos é que a delação premiada ou colaboração premiada está presente
no ordenamento jurídico brasileiro a muito tempo, e ao longo dos anos foi sendo citada em
leis esparsas, sempre sendo abordada de maneira diferente. Sendo sempre acrescentado novos
benefícios para os delatores ou ampliando seu alcance a novos tipos penais, porém nunca
tratada de maneira ampla.
A Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) representou um importante
avanço para o instituto da colaboração premiada, abordando-o de maneira mais ampla. A lei
que entrou em vigor em 2013 trouxe importante inovações para a delação premiada, podendo
até mesmo ser usada para complementação das outras leis que abordam o instituto.
Dessa forma, a delação premiada se tornou importante instrumento para a justiça,
sendo utilizada como meio de obtenção de provas na busca da condenação de partícipes ou
coautores pertencentes a organizações criminosas. Mas, o outro lado, é que o instituto da
colaboração premiada pode também ser utilizado pelos acusados ou investigados para fugir
de uma possível condenação.
REFERÊNCIAS
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Franca: Lemos e Cruz, 2006.
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criminais garantista e antigarantista e da Constituição Federal. Jundiaí: Paco, 2018.
MOSSIN, Heráclito Antônio; MOSSIN, Júlio César O.G. Delação premiada: aspectos
jurídicos. 2. ed. Leme: J. H. Mizuno, 2016.
PEREIRA, Frederico Valdez. Delação premiada: legitimidade e procedimento. 3. ed.
Curitiba: Juruá, 2016.
SANTOS, Marcos Paulo Dutra. Colaboração (delação) premiada. 2. ed. Salvador:
JusPODIVIM, 2017.
DELAÇÃO. Dicionário do Aurélio. Publicado em: 2016-09-24, revisado em: 201702-27.
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manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas,
institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe
sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva
colaboração à investigação policial e ao processo criminal. Brasília, DF, 13 de julho de
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Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras
providências. Brasília, DF, 23 de agosto de 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/lei/l11343.htm>. Acesso em: 13
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BRASIL. Lei 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Brasília, DF,
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm>. Acesso em: 14 jun. 2019.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA E OS DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS DA HUMANIZAÇÃO
Ially fanny oliveira soares
Jamille nascimento lima
Mayra aires azevedo
Paulo de tasso moura de alexandria júnior
1 INTRODUÇÃO
O presente Relatório Final de Estágio Básico Supervisionado Hospitalar foi
elaborado por acadêmicas do sétimo período de Psicologia da FACDO (Faculdade Católica
Dom Orione). Tal prática se deu a partir do estágio básico supervisionado em parceria da
Faculdade Católica Dom Orione com a Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins. O
mesmo possui como principal objetivo apresentar os resultados de atendimentos e vivências
junto aos pacientes e equipe multidisciplinar da ala psiquiátrica do Hospital Regional de
Araguaína. Neste, pretendemos suscitar reflexões acerca da prática do psicólogo hospitalar
com ênfase na humanização. Desse modo, a pergunta que caracteriza a problemática do
trabalho é: “Quais os avanços, retrocessos e desafios que permeiam a institucionalização da
loucura, desde o seu surgimento aos dias atuais?”. Essa questão-problema tem a intenção de
compreender as mudanças reais, proporcionadas pela Reforma, e os desafios que as mesmas
trazem consigo.
A metodologia utilizada de caráter qualitativo foi a observação seguida de
intervenções utilizando a escuta no atendimento clínico embasadas no estudo bibliográfico, a
fim de fazer com que pudéssemos ter acesso aos conteúdos dos pacientes para então obter
melhorias no quadro clínico ou melhor entendimento do caso. Entendendo que a escuta seria
uma intervenção válida para pacientes que possuem tão pouca voz e propriedade a respeito
de suas vidas, aprofundamos nossos estudos para podermos tocar em suas histórias com
sensibilidade e responsabilidade visando não só o entendimento clínico, mas também o
conhecimento teórico, relacionando e buscando atentamente a obtenção de informações
relevantes, para que este trabalho represente um progresso para o atendimento psiquiátrico e
suas nuances. Apresentamos neste trabalho a importância do estudo da saúde mental,
fomentando a sua melhoria e compreensão, o foco deste não é apenas um estudo bibliográfico,
mas um estudo real de vivências e experiências que são cruciais na formação em psicologia.
Acadêmica da Católica Orione Acadêmica da Católica Orione Acadêmica da Católica Orione Docente da Católica Orione
Os dados coletados durante as observações foram compartilhados para discussão nos
encontros de orientação na disciplina Estágio Supervisionado, da Faculdade Católica Dom
Orione, ministrada pelo professor Paulo de Tasso Moura. A orientação foi local onde fomos
direcionadas sobre qual caminho seguir para a melhoria dos atendimentos e onde
investigamos a fundo os atendimentos clínicos e como proceder a partir da escuta.
Considerando o exposto, este artigo pretende suscitar reflexões sobre as
características institucionalização da loucura e como a segregação se tornou normal no
decorrer dos anos, a atuação do psicólogo no contexto hospitalar e sua importância para o
auxílio psicológico tanto de pacientes quanto de funcionários, os desafios da humanização
buscando suscitar as melhorias e retrocessos mesmo após a Reforma Psiquiátrica e, por fim,
explicaremos os resultados obtidos onde iremos explanar as vivências experenciadas durante
o estágio na ala psiquiátrica, discutindo a cada tópico a promoção da saúde frente ao
tratamento da doença, evidenciando a importância da redução de seus impactos através da
humanização sobre a vida e do ambiente do sujeito hospitalizado.
2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
A assistência ao ser humano com transtorno mental tem o seu percurso marcado por
processos de isolamento, segregação, exclusão e a anulação do indivíduo enquanto possuidor
de direitos. (FOUCAULT, 1978). A definição da loucura em termos de “doença” é uma
produção social histórica um tanto recente na narrativa da civilização ocidental, difundida em
grande parte por discursos, práticas e produções de representações sobre a condição mental
dos sujeitos. É a partir do século XIX que surgem às instituições que eram destinadas
exclusivamente aos doentes mentais. Essas instituições eram chamadas de manicômios.
Goffman (1961) denominou os hospitais psiquiátricos/manicômios como ‘instituições
totais’, pois segundo ele, as vivências e tarefas cotidianas, bem como as necessidades básicas
de dormir e se alimentar eram realizadas todas no mesmo local, com as pessoas enclausuradas
e ainda sob vigilância de alguém, não levando em consideração diferenças pessoais. Como
consequência, despersonificava os sujeitos, na medida em que gerava perda de identidade e
de características individuais. Para Figueirêdo, Delevati e Tavares (2014), essas entidades
eram precárias e desumanas, tais práticas eram justificadas pela necessidade de uma limpeza
social, tendo a instituição manicomial a função de disciplinar corpos e comportamentos, se
tratando de uma tecnologia de poder que tinha como objetivo atender aos padrões de
civilidade produzidos na modernidade.
A Reforma Psiquiátrica se mostra como um processo social complexo, que surge no
contexto do movimento sanitário, no final de 1970, com intenção de proporcionar mudanças
nos modelos de atenção, gestão e nas práticas de saúde. De igual forma, nasce em defesa da
saúde coletiva, igualdade na oferta dos serviços e protagonismo dos trabalhadores e usuários
dos serviços de saúde nos processos de produção de cuidado. (AMARANTE; CRUZ, 2008
apud FRÖHLICH, 2016). Desde então, começou a ser formulada uma nova legislação para
proteção dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais que redireciona o modelo
assistencial em saúde mental.
Nesta nova fase se fazia necessário pensar em serviços substitutivos e construir novas
práticas e saberes acerca da saúde mental. Portanto, a internação dentro do hospital geral é
lançada como nova alternativa, destinada para situações graves e momentos de crise. Segundo
Botega (2017), esse contexto foi sendo alterado gradualmente em virtude da reestruturação
da assistência ao doente mental e ao papel do hospital geral em uma rede diversificada de
serviços, tornando-se uma unidade promotora de saúde dentro de um contexto
biopsicossocial.
A criação das unidades psiquiátricas no hospital geral trata-se de uma ruptura
histórica, de uma mudança radical nas antigas práticas de assistência ao doente mental por
um modelo assistencial novo que visa à humanização, proporcionando o resgate da cidadania
destes indivíduos com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades de saúde
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
Para Botega (2017), a iniciativa das internações no hospital geral traz como uma das
vantagens a diminuição do estigma que Goffman (1891) define como a condição do sujeito
que está inabilitado para aceitação social plena, pois acredita que o paciente com transtorno
mental passaria a ser visto como um paciente semelhante aos demais em decorrência de
compartilharem o mesmo espaço.
Em contrapartida, Botega aponta como algumas desvantagens, a ênfase em
tratamentos sintomatológicos podendo ocasionar a inibição na atenção à subjetividade,
correndo o risco de atuar sob uma lógica manicomial e, um segundo agravo que é exposto
pelo autor são as limitações e inadequações do espaço físico, uma vez que esses espaços não
contam com pátios para exposição solar, áreas verdes, áreas esportivas etc.
2.2 O Psicólogo e suas contribuições no cenário hospitalar
A prática do psicólogo se faz fundamental nesse contexto, pois promove a
comunicação equipe-paciente-família com o objetivo de auxiliar na busca de recursos no
processo de enfrentamento de situações que podem ser consideradas traumáticas, bem como
na prevenção concernente a saúde mental. (STENZEL; PARANHOS; FERREIRA, 2012, p.
23), compreendendo que o papel do psicólogo é o resgate do indivíduo enquanto sujeito em
relação a sua doença (SIMONETTI, 2013, p. 20), uma vez que esta última ocasiona
sofrimento, podendo desorganizar de maneira significativa o modo de viver tanto do paciente
quanto de sua família.
Nesse sentido, segundo Bruscato et al. (2004 apud STENZEL; PARANHOS;
FERREIRA, 2012, p. 39):
Uma das funções do psicólogo é a de redirecionar o olhar dos demais profissionais
para a individualidade de cada paciente, envolvendo a subjetividade do adoecer e
favorecendo, assim, a importância dos aspectos psicológicos existentes no processo
de adoecimento.
Nessa perspectiva, o propósito do psicólogo na instituição hospitalar de acordo com
Angerami-Camon (2009, p. 73) é proporcionar a redução do sofrimento ocasionado pela
hospitalização. Essa prática se dá através do cuidado, que se torna diferenciado quando se
associa a valorização do sujeito, compreendendo que existe doente ao invés de doenças.
Para Cavalcanti e Baía (2015), o psicólogo hospitalar no desempenho de sua prática
contribui de forma fundamental no processo de humanização do hospital, favorecendo de
forma autêntica a dignidade existencial do sujeito hospitalizado, respeitando sua
heterogeneidade. Em outras palavras, o psicólogo hospitalar busca novas formas de entender
a realidade do paciente, com o intuito de perceber a relação do mesmo com os medos, as
ansiedades, as angústias e as fantasias negativas, na intenção de que a dor seja entendida de
forma diferente.
Conforme Angerami-Camon (2009), o psicólogo exerce a sua prática acreditando na
humanização em sua abordagem com o paciente, na percepção do seu sofrimento, que, por
vezes, vão além da doença, assumindo dimensões humanas, emocionais. Afirma também que
com base na atuação do psicólogo no hospital, a análise em saúde passou a ser redefinida em
suas nuances e em aspectos profundos, na instituição.
2.3 Desafios contemporâneos da humanização
Para a melhor apreensão desse trabalho, se faz necessário a definição do processo de
humanização, que conforme Barros e Cypriano (2008, p.199) “se trata de um resgate do
respeito à vida humana, abrangendo as circunstâncias sociais, éticas, educacionais, psíquicas
e emocionais presentes em todo relacionamento”. Nesse sentido, tem-se como proposta
contribuir para o resgate da subjetividade humana através da arquitetura hospitalar,
proporcionando o bem-estar dos pacientes e demais usuários.
A satisfação dos pacientes em relação ao espaço físico é de grande relevância no
(re)estabelecimento da saúde, de modo que Cavalcanti, Azevedo e Duarte (2007) apontam
estudos na área de psicologia ambiental que têm confirmado que a imagem que construímos
de um ambiente orienta a apropriação que dele fazemos. Assim, os indivíduos “projetam”
sobre o espaço sentimentos e significados internalizados, os quais dizem respeito à apreensão
que fazem dele, seu nível de satisfação ou insatisfação. Desse modo, todo espaço tem um
valor social, simbólico e cultural. Com isso não quer dizer que o espaço físico poderá eliminar
o sofrimento do paciente, porém, pode contribuir para melhorar o seu bem-estar bem como
dos funcionários através da criação de um ambiente mais humanizado e adequado às suas
expectativas e necessidades.
O Ministério da Saúde compreende o conceito de ambiência sob três vertentes que
devem sempre estar interligados na estruturação do ambiente: O espaço que promova a
confortabilidade, que possibilite a produção de subjetividades; e, por fim, o ambiente como
instrumento facilitador do processo de trabalho (otimização de recursos, atendimento
humanizado, acolhedor e resolutivo). (BRASIL,2009). Essa confortabilidade diz respeito ao
conforto térmico, que se trata do conforto ambiental que abrange as sensações de bem-estar
em relação à temperatura, levando em consideração que a ventilação natural é bem-vinda nos
ambientes hospitalares, visto que a mesma pode influenciar de modo significativo na
recuperação do paciente. (CIACO, 2010). O autor se refere ainda ao conforto visual que está
associado ao bem-estar com relação ao ver bem.
Nessa perspectiva, acredita-se que a cor tem a capacidade de modificar o ambiente e
a orientação do paciente, a cor tem o poder de contemplar a terapia, levando Costi (2002 apud
CIACO, 2010) a firmar que “a cor é um estimulante psíquico, podendo afetar o humor, a
sensibilidade, produzir emoções e reflexos sensoriais nos pacientes”, o que se confere como
uma tendência segundo Cavalcanti, Azevedo e Duarte (2007) a incorporação da fantasia ao
ambiente hospitalar, que pode ser constatada principalmente nos hospitais pediátricos norte-
americanos. No caso destes hospitais, cria-se uma espécie de cenário e os ambientes internos
são concebidos com alguma temática, buscando-se explorar uma estética de cunho lúdico.
3 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO
3.1 Histórico da Instituição
O Hospital Regional de Araguaína (HRA), criado em 1970, é uma unidade de média
e alta complexidade, classificado como unidade de Porte III, que atende pacientes do
Tocantins, do sul do Pará e do Maranhão.
Além da parte central, onde funciona o Pronto Socorro, alas de internação e o centro
cirúrgico, o HRA possui outros seis anexos de atendimento: Anexo Administrativo, Unidade
de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), Ambulatório de Oncologia Clínica, Casa de
Apoio Glória Morais, Centro de Alta Complexidade (Cac) e Centro de Reabilitação
(Reabilito).
3.2 Público-alvo
Atende pacientes do Tocantins, do sul do Pará e do Maranhão.
3.3 Serviços Oferecidos
Cirurgia geral, cirurgia torácica, cirurgia vascular, cirurgia buco-maxilo-facial,
cirurgia bariátrica, neurocirurgia, clínica médica, ortopedia e traumatologia, nefrologia,
psiquiatria, oncologia, ginecologia, urologia e hematologia.
3.4 Caracterização do espaço físico
O hospital compreende uma área construída de aproximadamente 16.650 metros
quadrados, com 257 leitos de internação, sendo 20 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)
e centro cirúrgico com seis salas em funcionamento.
3.5 Caracterização da equipe e profissionais da instituição
Fomos recebidos pelas equipes multiprofissionais de todas as alas que passamos,
psicólogos da nefrologia e psiquiatria, enfermeiros e nutricionistas da clínica médica,
oncologia, nefrologia e psiquiatria.
3.6 Caracterização da ala psiquiátrica
A ala do Hospital Regional de Araguaína, conta com 10 leitos, enfermaria,
consultório, posto de enfermagem e área de convivência, além de uma equipe
multiprofissional formada por médicos, enfermeiros, técnicos, psicólogos e assistentes
sociais.
Os leitos da ala de psiquiatria são destinados aos pacientes que estão em tratamento
nos Centros de Assistência Psico-Social (CAPS) e que se encontram em momento de surto,
como preconiza o Sistema Único de Saúde.
4 RESULTADOS OBTIDOS
Foi realizado um projeto na ala psiquiátrica que teve como propósito intervenções que
amenizassem os déficits que tangem as práticas de atividades terapêuticas, bem como
proporcionar um ambiente minimamente agradável aos pacientes psiquiátricos, tudo isso,
com fito na prática de humanização.
O projeto se apresentou eficaz e o os próprios pacientes da ala se mostraram positivos
e proativos a respeito da ideia, foi perceptível a empolgação dos pacientes mais antigos,
alguns se ofereceram para ajudar e se sentiram úteis e importantes ao passo que aceitávamos
suas ideias e ajudas.
Durante nosso estágio percebemos que os pacientes da ala psiquiátrica apresentavam
um quadro de solidão, a ala não possuía nenhum espaço de entretenimento a não ser uma
televisão, eles não praticavam nenhuma atividade física ou intervenções terapêuticas que
propicia a eles algum exercício cognitivo. A quantidade de psicólogos na ala F é mínima,
sendo assim, se tornava inviável fazer atendimento clínico dos pacientes todos os dias, a
psicóloga da ala nos informou que buscou fazer um atendimento grupal, entretanto a ala não
possui um espaço que acomodasse todos.
O projeto teve como idealizadora a aluna Jamile do Nascimento Lima e seu objetivo
era dar vida a um ambiente físico até então sem vida. As escrituras nas paredes davam um ar
de incompreensão, solidão e abandono, a escuta foi crucial para o entendimento de situações
de desamparo, a humanização mesmo que de forma mínima foi suficiente para gerar animação
e expectativas dos pacientes, o projeto não proporcionou apenas a melhoria do ambiente, mas
também levou jogos e materiais que promovessem a eles um exercício cognitivo e um
entretenimento para continuar a vida naquele ambiente.
A pintura das paredes deixou a ala mais alegre, a mudança mesmo que mínima do
ambiente físico já propicia aos pacientes novas experiência e ideias, os jogos foram
importantes para a diminuição dos níveis de ansiedade que ocorre em pacientes que ficam
internados ou isolados por algum período de tempo. Todas as intervenções, cognitivas, de
apoio psicológico e melhoria do ambiente, aliados à escuta ativa foram importantes para a
busca pela humanização da ala Psiquiátrica do Hospital Regional de Araguaína.
5 CRONOGRAMA
Durante nossos dez encontros de estágio, passamos por diversas áreas do hospital
como a psiquiatria, clínica médica, nefrologia e oncologia. Em todas essas alas as atividades
realizadas foram a de escuta ativa.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contextualizar e problematizar o processo de desinstitucionalização e toda história
da saúde mental, é conduzir-se para um olhar ampliado e humanizado sobre a loucura. Sobre
o papel da instituição hospitalar, é importante que não se limite somente em diretrizes
políticas de saúde, mas sim de ir além, com foco na necessidade de resgatar a cidadania.
Com a conclusão deste estágio foi-se notado que a equipe multidisciplinar da ala
psiquiátrica não possui formações acadêmicas que possibilite um melhor atendimento a
pacientes em condição de sofrimento psíquico, e este se tornou um dos motivos para falta de
progresso da ala que é considerada por muitos profissionais de toda a instituição um “pequeno
manicômio”. Poucos pacientes psiquiátricos recebem visitas de familiares de forma
frequente, muitos estão ali por demandas judiciais e acabam sendo esquecidos pelo poder
judiciário e pela família.
As experiências vivenciadas tiveram como consequência o proporcionamento da
oportunidade de conhecimento voltado às formas de atuação do psicólogo junto à sua forma
de abordagem profilática na área hospitalar e especificamente na área psiquiátrica feita a partir
de um olhar humanizado para todos os envolvidos no processo de hospitalização, o paciente,
a família e a equipe de profissionais.
Podemos afirmar que ao término deste estágio adquiriu-se um enorme conhecimento
sobre esse universo hospitalar e as práticas psicológicas realizadas em tais contextos citados,
possibilitando que após tal experiência aliada à dedicação pautada aos estudos adquirisse um
olhar crítico e humanizado sobre o processo de hospitalização.
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cenário hospitalar: encontros possíveis. Porto Alegre: Edipucrs, 2012.
POSSE INJUSTA E DETENÇÃO: PROPROSTA DE CONCILIAÇÃO DAS
DIVERGÊNCIAS
João Paulo Taustino Feitosa
Pollyanna Marinho Medeiros Cerewuta
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo sanar as controvérsias sobre a posse injusta e a detenção.
Os doutrinadores que tratam do tema e os Tribunais pátrios vêm divergindo sobre esses dois
institutos resultando, assim, em uma instabilidade jurídica. Por essa razão, o referencial
teórico busca uma clara definição de cada um dos institutos nas três principais teorias que
tratam do tema, possibilitando uma melhor aplicabilidade das normas referentes ao direito à
posse. A pesquisa foi realizada através do método dedutivo, bem como estudo de materiais
bibliográficos e documentos oficiais. Os resultados evidenciaram que posse injusta e detenção
não se confundem, sendo essa afirmação defendida pela maior parte dos doutrinadores que
discorrem sobre o tema.
Palavras-chave: Posse. Posse Injusta. Detenção. Controvérsias.
1 INTRODUÇÃO
Os institutos posse e detenção são protagonistas de uma discussão doutrinária que
ainda não teve o devido enfretamento por parte dos doutrinadores pátrios. A discussão está
ligada diretamente a imprecisão conceitual de posse injusta que é aquela adquirida por meio
de atos antijurídicos e a detenção.
E por conta dessa imprecisão, a doutrina acaba por definir esses institutos como
equivalentes, o que sem sombra de dúvidas jamais poderão ser considerados análogos, pois
seus efeitos jurídicos são completamente diferentes, enquanto a posse permite ao possuidor o
uso, por exemplo, das ações possessórias o mesmo não poderá ser permitido ao detentor.
Apesar das contradições presentes nas principais obras que trata sobre o tema,
podemos retirar desses ensinamentos conhecimento suficiente para compreender esses
institutos milenares, mas surge o questionamento se é realmente possível conciliar essa
pluralidade de entendimentos trazidos pelos juristas.
Inicialmente, serão abordados os conceitos históricos apresentados pelos defensores
das teorias mais conhecidas e as diferenças entre elas, bem como apresentar as mais recentes
que vêm ganhando espaço no ordenamento jurídico pátrio. Em seguida, trataremos de
apresentar as posições e conceitos doutrinários sobre a detenção e posse injusta, bem como
apresentar de modo preciso os acertos e contradições através de um método lógico dedutivo
a fim de verificar qual a melhor posição doutrinária a ser seguida ou refutá-las caso seja
Graduando em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em Direito pela PUCGO. Completar o currículo
necessário, e apresentar uma sugestão sobre a interpretação que poderá ser dada aos
dispositivos legais que tratam da posse.
Dessa forma, diante das controvérsias presentes na doutrina e nas decisões dos
tribunais sobre o tema, uma tomada de posição torna-se necessária, pois uma maioria
confunde posse injusta com detenção chegando a afirmar que os institutos são equivalentes,
e essa imprecisão conceitual causa uma instabilidade jurídica.
2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DE POSSE E DETENÇÃO
2.1 Conceito de Posse
O direito romano é sem sombra de dúvidas a base do direito ocidental, que apesar
dos dezessete séculos que se passaram desde a queda do império romano ainda é notória a
sua influência, principalmente no direito civil brasileiro que tem institutos, como a posse e a
detenção, e conceitos jurídicos que remontam àquela época.
Os dois institutos acima mencionados ainda hoje são objetos de uma controvérsia
travada entre juristas, cujo os principais protagonistas foram Friedrich Karl Von Savigny com
sua teoria subjetiva e Rudolf Von Ihering que defendia a teoria objetiva.
Savigny defendia a teoria subjetiva, constituída de um elemento intencional, que
definia a posse como o poder direto e imediato de uma pessoa dispor fisicamente da coisa ou
defendê-la de terceiro desde que houvesse a intenção de tê-la para si, dessa forma podemos
concluir que a posse para essa teoria é formada por dois elementos fundamentais para sua
constituição: o primeiro elemento, de caráter objetivo é o corpus, o bem material que o
possuidor tem à sua disposição e o segundo elemento de caráter subjetivo é o animus que se
traduz na intenção de ter a coisa para si, sentir-se dono da coisa segundo ensinamentos de
Farias e Rosenvald (2010).
Melo (2015) ao tratar das teorias sobre a posse aduz que para a teoria objetiva de
Ihering a posse seria a exteriorização de um ou alguns dos poderes inerentes à propriedade,
essa mesma definição é encontrada no Art. 1.196 do Código Civil Brasileiro, que sem dúvidas
seguiu, em parte, essa teoria. Para o jurista alemão, era necessário para a caracterização da
posse apenas o corpus elemento de cunho objetivo. Vale ressaltar que para ele o animus está
implícito no poder de fato que o possuidor exerce sobre a coisa, para Ihering o que realmente
importa é a destinação socioeconômica da coisa.
Moreira Alves (2014, p. 275) expressa bem o pensamento de Ihering ao dizer que
“[...] corpus e animus não são elementos independentes: um não pode existir sem o outro,
mantendo a mesma relação que há entre a palavra e o pensamento[...].”
Contudo, essa discussão vem sendo superada e, hoje, a teoria social da posse, tese
criada pelo francês Raymond Saleilles, vem ganhando força nos Tribunais Pátrios. A
aplicabilidade dessa teoria surge a partir de uma interpretação teleológica dos dispositivos
constitucionais que tratam da propriedade. Dessa interpretação ergue-se o entendimento que
a função social da posse decorre da função social da propriedade, reconhecendo, portanto, a
necessidade de complementar a teoria objetivista de Ihering com a teoria social da posse.
2.2 Natureza Jurídica
Não há divergências na doutrina a respeito da natureza jurídica de detenção. A
doutrina é uníssona no sentido de que detenção é mero estado de fato ao qual não cabe
nenhuma proteção jurídica.
Dessa forma, partiremos para a definição da natureza jurídica da posse que é bastante
controvertida em sede doutrinária e jurisprudencial, pois há aqueles que defendem posse
como simplesmente um estado de fato e a que defende a posse como sendo um direito sendo
essa a majoritária. Contudo, a primeira, defendida por Savigny, entende que a posse é um
fato e um direito, pois a posse é em si mesma apenas um fato, mas que merece proteção
jurídica por se tratar da exteriorização da propriedade.
A segunda corrente encabeçada por Ihering vê a posse como um direito, pois dela
decorre, consequentemente, um interesse que é protegido pela lei, ou seja, a posse por ser a
condição de se alcançar a destinação econômica da propriedade merece a proteção do direito,
sendo esse o meio indireto de proteção da propriedade. Diniz (2015) tem entendimento
semelhante e defende que posse é, genuinamente, um direito real por ser desdobramento
direto do direito de propriedade.
Em contrapartida, entendemos que a posição defendida por Tartuce seja a mais
correta, pois ele vislumbra a posse a partir da teoria da teoria tridimensional do direito
defendida por Miguel Reale. Assim, segundo essa teoria, a posse também é um direito, pois
este é constituído de fato, valor e norma. Tartuce (2012, p. 803) assevera que posse, em
síntese, é “o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa”. Logo, partindo de um
raciocínio logico pode-se afirmar que posse é realmente um direito já que este surge a partir
de um fato.
Contudo, a posse não se trata exclusivamente de um direito obrigacional e tampouco
um direito real, já que não se encontra no rol do artigo 1.225 da Lei Civil. Ela é, portanto,
uma sui generis, esse entendimento é corroborado pelo fato da posse transitar entre os direitos
obrigacionais e os direitos reais.
2.3 Posse Justa e Posse Injusta
A classificação da posse quanto aos vícios objetivos é de extrema relevância, pois
diante da presença de algum dos vícios enumerados no artigo 1.200 do Código Civil, o
possuidor terá ou não direito ao uso dos interditos possessórios.
Pois bem, a definição do que vem a ser posse justa é extraída por negação feita pelo
legislador, que a definiu como não sendo aquela maculada, no seu modo de aquisição, pelos
vícios da violência, clandestinidade e precariedade. Por sua vez, posse injusta seria aquela
eivada dos referidos vícios.
Na posse injusta o possuidor terá o direito de mover, contra terceiros que atentem
contra sua posse, os interditos possessórios, contudo não poderá lançar mão das mesmas ações
contra aquele de quem retirou a coisa, pois como bem ensina Venoza (2010), os vícios da
posse não têm efeitos erga omnes, ou seja, só produzem efeitos sobre aquele de quem a posse
foi retirada, que tem legitimidade para arguir a injustiça.
É certo que o artigo 1.208 do Código Civil traz a convalidação da posse injusta em
posse justa, abrindo assim a possibilidade para que o possuidor injusto tenha direito a
aquisição da propriedade por meio da usucapião. Porém, apenas a posse maculada pela
clandestinidade ou pela violência podem ser convalidadas já que o legislador optou por punir
aquele que tomou a posse de outrem por meio de um abuso de confiança, caracterizando desse
modo a posse viciada pela precariedade, sendo esta, portanto, insuscetível de convalidação.
2.4 Conceito de Detenção
Partiremos da afirmação de que posse e detenção são dois institutos que não se
confundem.
Farias e Rosenvald (2012) dizem que a principal distinção entre as teorias de Savigny
e Ihering é a conceituação do que viria a ser detenção. Na concepção de Savigny, a posse era
formada pelo corpus e animus domini, na ausência do último elemento não haveria posse,
existiria mera detenção.
Por sua vez, Ihering parte da posse para a detenção para que se possa chegar a uma
melhor definição, na sua concepção a posse era um estado de fato juridicamente protegido,
em contrapartida, a detenção não tinha a mesma proteção que a posse pois “é uma posse
degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento vigente.”
O legislador definiu detenção no artigo 1.198 do Código Civil, in verbis: “Considera-
se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a
posse em nome deste ou em cumprimento de ordens ou instruções suas.” Embora haja outros
dispositivos legais que trazem outras modalidades de detenção.
Partindo desse enunciado, percebe-se que o detentor é caracterizado por um vínculo
entre ele e o possuidor da coisa, há, portanto, um vínculo de subordinação, pois aquele exerce
uma posse em nome de outrem.
Percebe-se, ainda, que o legislador trouxe outros tipos de detenção expresso no artigo
1.208 da Lei Civil “ Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade.” Ora, se não induzem em posse, resta claro que o legislador
optou por desqualificar essa posse à mera detenção, criando um impedimento legal para que
esses não se utilizem das ações possessórias.
Em síntese, seguindo a teoria objetivista, a posse é um direito e, portanto, é protegida
pelo ordenamento jurídico, já a detenção é um mero fato onde a coisa se sujeita à pessoa em
decorrência de um vínculo de subordinação, sendo vedado ao detentor o uso das ações
possessórias e a aquisição da propriedade por meio da usucapião.
3 CONTROVÉRSIA A RESPEITO DA POSSE INJUSTA E DETENÇÃO
É bastante evidente que os doutrinadores civilistas ainda não definiram precisamente
os dois institutos, posse injusta e detenção, e isso é perceptível se partirmos para uma análise
do que dizem sobre esta discussão.
A controvérsia surge a partir de dois posicionamentos a respeito da distinção entre
posse injusta e detenção. Precipuamente, o posicionamento majoritário defendido por Maria
Helena Diniz (2015) e Silvio Rodrigues (2007) parte da análise do princípio da continuidade
do caráter da posse, que segundo eles a posse adquirida, a princípio, de forma injusta poderá
ser convalidada desde que cessada os atos ilícitos que recaem sobre ela, ou seja, é admitida a
possibilidade de sua modificação, pois a presunção é iuris tantum, deixando claro que cabe
prova em sentido contrário.
Nesse sentido, Diniz (2015, p. 79) assevera que “se o adquirente a título clandestino
ou violento provar que sua clandestinidade ou violência cessaram há mais de ano e dia, sua
posse passa a ser reconhecida (CC, art.1208), convalescendo-se dos vícios que a maculavam”,
entretanto, ainda que tenha mencionado os casos de detenção, a doutrinadora falha quando
trata posse injusta como uma modalidade de detenção confundido, assim, os dois institutos.
Rodrigues (2007), ao tratar do assunto, diz que após a notoriedade da posse
clandestina e cessada a violência, abre-se o prazo de ano e dia para a purgação dos seus
defeitos havendo assim o convalescimento da detenção em posse. Mas, outra vez nos
deparamos com falhas na doutrina, após esse convalescimento a posse tornar-se-á justa ou
injusta? Esse questionamento é de grande importância já que definida qual a modalidade de
posse será caracterizada podemos ter efeitos diferentes que serão apontados mais adiante.
A parte minoritária da doutrina que vai a sentido contrário a de Maria Helena Diniz
e Silvio Rodrigues, consiste nos ensinamentos de Tartuce que tem uma visão direcionada a
destinação dada à posse.
Tartuce e Simão (2012, p. 32) aduzem que:
Não se pode confundir posse com detenção. O detentor não pode ser confundido
com o possuidor, pela inteligência do art. 1198 do CC [...] Em suma, o detentor
exerce sobre o bem não uma posse própria, mas uma posse em nome de outrem.
Como não tem posse, não lhe assiste o direito de invocar, em nome próprio, as ações
possessórias.
Desse ensinamento podemos extrair que o detentor jamais poderá ser confundindo
com o possuidor, sendo, portanto, de extrema importância a distinção dos institutos.
Mais adiante indicam ainda que os atos de mera permissão e tolerância, dispostos na
primeira parte do artigo 1.208 do CC, não induzem em posse, sendo estes atos de mera
indulgência, contudo os autores deixam de mencionar a parte final do mesmo artigo, vindo
mencionar os atos violentos e clandestinos somente quando define posse injusta.
Nesse ínterim, Tartuce e Simão (2012, p. 32) são categóricos ao afirmar que “a posse
mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações do juízo possessório, não
contra aquele de quem tirou a coisa, mas sim em face de terceiros.” Esse é um claro efeito da
posse, ao possuidor injusto é assegurado o direito de defender sua posse contra agressão de
terceiros, já o detentor de forma alguma poderá lançar mão das ações possessórias, e da
mesma forma o possuidor injusto poderá usá-las contra aquele de quem foi retirada a posse.
Além disso, eles ao mencionarem a convalidação das posses injustas por violência
ou clandestinidade, menciona o ato como detenção da seguinte forma:
O dispositivo acaba quebrando a regra pela qual a posse mantém o mesmo caráter
com que foi adquirida, conforme o art. 1203 do CC, e que consagra o princípio da continuidade do caráter da posse. Ato contínuo, reconhece que aqueles que têm
posse violenta ou clandestina não têm posse plena, para fins jurídicos, sendo meros
detentores.
Diante dessa situação jurídica, é comum afirmar, conciliando-se o art. 1208 do CC
com o art. 558 do CPC, que, após um ano e um dia do ato da violência ou da
clandestinidade, a posse deixa de ser injusta e passa a ser justa. (TARTUCE;
SIMÃO, 2012, p. 39).
Observa-se que os autores de certo modo criam um pensamento conflitante com o
anterior, pois após a convalidação os detentores passariam a ter posse justa sem passar pelo
estágio da posse injusta sendo esta última considerada uma modalidade de detenção.
Embora tenham se preocupado em distinguir os conceitos de detenção e posse, não
o fez quando caracterizou a posse injusta. Ocorre que os autores não colocam na discussão a
problemática disposição conceitual da posse injusta e a detenção. E apesar da preocupação
com a inércia doutrinária ao tratar do tema, eles não confrontam o problema permitindo uma
continuidade na obscuridade conceitual sobre estes institutos.
Por sua vez, Melo (2015) entende que a detenção é a negação de posse, enquanto
posse é compreendida como o poder jurídico que permite ao possuidor extrair vantagens
econômicas da coisa, a detenção é o contrário, pois se trata de um mero contato físico com a
coisa. Em seguida, o autor trata das hipóteses de detenção que foi adquirida de forma
maculada, e diz que:
A situação daquele que apreendeu o bem alheio por um dos meios viciosos acima
referidos é a de um detentor, ou seja, a posse injusta também é uma não posse, não
produzindo efeitos possessórios normais em relação ao legítimo possuidor até o
momento que cessar a violência e a clandestinidade. (MELO, 2015, p. 47).
O autor, evidentemente, causa uma contradição, pois ao referir-se à posse injusta
como uma não posse, ele acaba tratando detenção e posse injusta como institutos equivalentes
dando a eles os mesmos efeitos ficando vedado o uso das ações possessórias ao possuidor
injusto.
Melo (2015) aponta outro problema que consiste em estabelecer um prazo para que
a posse injusta seja convalidada em posse justa, essa convalidação deverá ser analisada caso
a caso em razão da função social exercida pelo detentor. Mas para usucapião há a necessidade
de posse justa, posição esta também defendida por Tartuce e Simão (2012).
Em sentido contrário, a doutrina majoritária a respeito da convalidação da detenção
em posse, Rosenvald e Chaves (2007, p.71) defendem que a posse violenta ou clandestina é
mera detenção que com a cessão das condutas antijurídicas “terá sempre a qualificação de
posse injusta - até seus últimos dias -, como se depreende do art. 1203 do Código Civil.” Os
autores claramente ignoram a possibilidade de convalidação da detenção em posse justa
expressa na parte final do artigo 1.208 do CC.
4 A CONCILIAÇÃO DAS TEORIAS
Não resta dúvidas que há um conflito conceitual entre os institutos da posse injusta
e da detenção. Se para alguns autores como Marco Aurélio Bezerra de Melo a posse injusta e
a detenção são institutos equivalentes e dessa forma têm os mesmos efeitos, Tartuce defende
que posse e detenção são institutos completamente diferentes e, consequentemente, têm
efeitos diferentes, embora, ao trazer a classificação de posse de forma contraditória torna
equivalentes os conceitos de posse injusta e detenção. Assim, a omissão persistente da
doutrina em não estabelecer parâmetros conceituais capazes de diferenciar posse injusta de
detenção, acaba por criar uma contradição que subverte a estabilidade dos institutos e,
consequentemente, cria uma instabilidade jurídica, de modo que gradativamente detenção
seria posse quando violenta ou clandestina.
A partir da teoria majoritária que trata da convalidação da detenção em posse, e não
sendo estes institutos iguais, percebe-se a partir da leitura do artigo 1208 do CC e do 558 do
Código de Processo Civil o legislador estabeleceu o prazo temporal para que ocorresse essa
transmutação da detenção em posse, quando diz que cessada a violência ou a clandestinidade.
Assim, percebemos que enquanto aquele que foi tirado da posse tentar retomá-la persistirá a
violência, por sua vez a clandestinidade cessará após a publicidade.
Dessa forma, partindo de uma interpretação dos referidos artigos sugerimos que para
a convalidação da detenção em posse seja dividida em três fases, a primeira consiste na
detenção que, como já vimos, persiste enquanto durar a violência ou a clandestinidade, nessa
primeira fase não é permitido ao detentor o uso das ações possessórias e não correrá prazo
para usucapião.
Na segunda fase, a detenção passa a ser vista como posse injusta, tendo em vista a
cessão dos vícios que a maculavam, é o que podemos extrair do artigo 1208 do CC, aqui o
possuidor injusto poderá utilizar-se das ações possessórias, mas não poderá contar o prazo
para usucapião que pressupõe posse justa, vale ressaltar que a destinação que o possuidor dá
à coisa poderá substituir esse prazo desde que cumpra com a função social da posse.
Na terceira e última fase, temos a transmutação definitiva da posse injusta em posse
justa, desde que tenha havido o transcurso do prazo de ano e dia previsto no artigo 558 do
CPC, contados de quando cessou a violência ou a clandestinidade. Nessa última fase o
possuidor terá disponível para uso as ações possessórias e contará prazo para usucapião.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observarmos o que foi apresentado podemos afirmar que há uma divergência
perfeitamente visível entre doutrinadores como Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, Nelson
Rosenvald, Cristiano Chaves e Marco Aurélio de Melo, que entendem que posse injusta e
detenção são equivalentes. E há uma segunda linha de raciocínio para a qual os institutos são
completamente diferentes e jamais poderão ser confundidos, linha defendida por Flávio
Tartuce, apesar de haver uma contradição quando tratou discorreu sobre a posse injusta.
Portanto, diante dessa pluralidade de entendimentos que acabam por tornar mais
complicada a compreensão dos institutos posse e detenção, e em especial a convalidação da
detenção em posse. Tornou-se necessário buscar uma forma de conciliar os vários
ensinamentos apresentados pelos juristas, logo, tomamos a iniciativa de apresentar uma
proposta de interpretação dos mandamentos legais que tratam do tema para que houvesse uma
aplicação mais efetiva. A proposta tem como objetivo apaziguar a discussão conciliando os
vários posicionamentos e poderá guiar o julgador acerca dos efeitos legais que cada instituto
apresenta, pois, uma definição precisa impedirá a interferência de um conceito no outro ou a
anulação da eficácia, além disso manterá uma estabilidade jurídica acerca desse tema.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 6. ed. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 27. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
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2014.
VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: direitos
reais. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2012.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 2. ed. São Paulo: Forense, 2012.
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Curso de Direito Civil: direito das coisas. São Paulo:
Atlas, 2015.
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: direito das coisas. 4. ed. São
Paulo: Método, 2012.
BRASIL. Código de processo civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
BRASIL. Código Civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS NA CIDADE DE ARAGUAÍNA
Liana Sousa Vieira
Flávio Rafael Bonamigo
RESUMO
Este estudo analisa a importância de o indivíduo vivenciar a educação financeira como
pressuposto para elaborar o planejamento e controle financeiro de seus recursos. Tem o
objetivo de relatar como a população araguainense vem gerindo suas finanças,
compreendendo o tratamento dado ao dinheiro através da identificação do perfil financeiro.
O estudo foi desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas, quantitativas e qualitativas
realizadas na primeira quinzena do mês de maio de 2017 na cidade de Araguaína. O estudo
aponta que a grande maioria da população pesquisada entende a necessidade de se fazer o
planejamento financeiro, que mesmo possuindo uma pequena renda e/ou pouca escolaridade,
a maior parte da população procura fazer algum tipo de controle de gastos. Este estudo aponta
que a população de Araguaína possui em parte o efetivo controle do orçamento familiar.
Contudo, há muitos que apesentam problemas financeiros por não praticar o planejamento
orçamentário familiar.
Palavras-chave: Planejamento financeiro. Controle orçamentário. Finanças pessoais.
Educação financeira. Consumo/consumismo
1 INTRODUÇÃO
Diante do atual cenário econômico que a população brasileira está vivenciando,
administrar a renda pessoal ou familiar torna-se uma atividade complexa para muitos
indivíduos, essa dificuldade provém, não somente da escassez de recursos financeiros, mas
também da falta de conhecimento em administrar suas receitas.
Recentemente, uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada – IPEA, através do Índice de Expectativas das Famílias - IEF, (2012) apontou que
45,9% dos brasileiros têm dívidas e 33,82% das famílias que as possuem, não tem condições
de liquidá-las. Na região Norte esses números sobem, onde 70,3% das famílias entrevistadas
afirmam estar endividadas.
Tais dados são indicativos da necessidade de os brasileiros melhorarem o trato com
suas finanças, tanto no grau de educação financeira, como na administração direta dos
recursos e bens disponíveis. Visto que “uma pessoa pode ser muito instruída, bem-sucedida
profissionalmente e ser analfabeta do ponto de vista financeiro.” (KIYOSAKI, 2000, p. 70).
Em virtude a essa realidade e, com o objetivo de contribuir com o crescimento da
economia mundial, a Organização de Cooperação e de
Desenvolvimento Econômico - OCDE criou uma proposta de implementação da educação
financeira que foi consolidada em vários países e, no Brasil através do Comitê Nacional de
Educação Financeira - CONEF foram criados programas como a Estratégia Nacional de
Educação Financeira - ENEF para contribuir com o melhoramento da gestão financeira
pessoal dos cidadãos, com o intuito de apreenderem noções de como utilizar de forma
eficiente suas finanças, tendo em vista que, a maneira como o indivíduo conduz sua vida
financeira impacta diretamente na economia de seu país. (OECD, 2005).
Contudo, por perceber a necessidade, a dificuldade e a falta desconhecimento para a
administrar a renda pessoal ou familiar, qual é o tratamento dado aos recursos financeiros
dentro do orçamento familiar?
Nesse contexto, o trabalho visa uma abordagem geral no tratamento das finanças
pessoais dentro do ambiente familiar e; especificamente, apresentar o cenário em que se
encontram as famílias da cidade de Araguaína e, como as mesmas tem destinado seu
orçamento doméstico; levantar as estratégias usadas para fazer o controle financeiro e;
identificar o perfil e comportamento da população pesquisada.
2 PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Conforme a contextualização de Gitmam (2010), o planejamento financeiro atua
como um mapa para orientar, coordenar e controlar as despesas e receitas, a fim de se alcançar
objetivos financeiros preestabelecidos. A falta do mesmo, pode levar o indivíduo a perder o
controle de suas finanças, podendo trazer o desequilíbrio econômico, como, por exemplo, no
caso de haver uma recessão econômica, contudo, mesmo considerando a influência de fatores
externos, elaborar um planejamento é de vital importância. Não somente para empresas, como
também, para pessoas físicas, visto que, o indivíduo tendo o conhecimento e habilidade
necessários para gerir de forma adequada as receitas, despesas e decisões de investimento,
torna-se mais suscetível a um possível equilíbrio financeiro.
De acordo com o Banco Central do Brasil - BACEN (2013), o primeiro passo para
elaboração do Planejamento financeiro é a definição dos objetivos, pois, ao saber o que o
indivíduo quer alcançar, torna-se mais claro e fácil planejar como alcançá-los. Dessa forma,
observa-se a importância em decidir quais objetivos devem ser escolhidos ao traçar um
planejamento financeiro, visto que, a escolha de objetivos inatingíveis, deixaria o indivíduo
desmotivado e possivelmente o faria desistir de seus planos financeiros, pois não adianta
apenas desejar algo, é necessário ter consciência de almejar objetivos claros, concretos e
pertencentes à realidade de cada um.
Deve-se dar importância ao controle orçamentário como sendo parte essencial do
planejamento financeiro, a fim de proporcionar melhores condições para a empresa ou
indivíduo gerir de forma mais segura e consistente suas atividades financeiras.
(SANVICENTE; SANTOS 2009).
Cerbasi (2009) demonstra que a melhor forma de se fazer o controle das finanças
pessoais é organizar as receitas e despesas sistematicamente, fazendo anotações a fim de estar
ciente das entradas (receitas) e das saídas (despesas) de recursos financeiros, para que possam
ser controlados. O que representa basicamente o que se conhece como controle de fluxo de
caixa.
Tal controle pode ser elaborado através de programas mais complexos como em
tabelas do Excel, ou mesmo em manuscrito numa folha de papel, desde que determine a parte
fundamental, o controle das finanças.
Quando se refere ao planejamento financeiro, no âmbito familiar, a inclusão de
todos os membros da família na execução do mesmo é vital. Visto que até mesmo as crianças
devem aprender a conviver desde cedo de forma equilibrada com o dinheiro, fazendo bom
uso do mesmo, sabendo a importância de poupar e, a diferença entre querer algo e precisar
de algo. Essas são lições que aparentemente parecem fáceis de serem seguidas, ainda assim,
muitos adultos não têm sequer o conhecimento de como fazer (BACEN, 2013), por esse
motivo, faz-se necessário o cidadão aprender desde cedo a gerir suas finanças através da
educação financeira.
A educação financeira visa adquirir conhecimentos necessários, buscando-se obter
através do planejamento e controle financeiro uma melhor qualidade de vida financeira, tanto
no presente como no futuro, tanto do modo individual como coletivo. Em concordância com
o dicionário Aurélio (2009), o conceito de finanças trata da situação econômica de uma
instituição, empresa, governo ou indivíduo, com respeito aos recursos econômicos
disponíveis. Numa acepção mais didática, Gitmam (2010, p. 3) coloca que o termo finanças
pode ser definido como "a arte e a ciência de administrar o dinheiro."
Além da responsabilidade do indivíduo em gerir suas próprias finanças, o governo
propõe algumas estratégias de gestão, pois quanto maior a parcela de cidadãos em dias com
seus recursos financeiros, melhor para o crescimento econômico do país, em destaque temos
a Estratégia Nacional de educação financeira (ENEF), criada pelo Decreto Federal
7.397/2010, gerida pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF) tendo como
objetivo, proporcionar e favorecer práticas e ações, que contribuam para que a população
tenha capacidade de tomar decisões acerca das suas finanças com maior autonomia e
consciência, possibilitando assim, o aumento da eficiência e solidificação do sistema
financeiro. (BRASIL, 2010-2011).
A ENEF disponibiliza várias ferramentas gratuitas para a população, como
programas que vão desde folhetos, cadernos e pesquisas, até aplicativos, guias e cursos, que
exploram os temas: direitos e deveres, investimentos, poupança, seguros e previdência,
planejamento, crédito e o consumo com suas implicações na vida do cidadão.
Barbosa (2010) coloca o consumo como indispensável na representação social das
sociedades, onde qualquer ato de consumo é essencialmente cultural.
A autora dispõe ainda que a abertura de capital disponibilizada pelos instrumentos
de créditos, além da possibilidade de um aspecto sociológico e psicológico de integração ou
inclusão em determinado meio social, faz a sociedade moderna tornar-se consumista, esse
consumo excessivo caracteriza-se como um dos lados de uma linha tênue que divide o
consumo por necessidades primordiais para sobrevivência humana do consumismo.
Dependendo da influência da cultura do consumismo e do perfil de cada indivíduo, todos
estão suscetíveis à compulsão por compras, mesmo que em graus variados. O que se percebe
é que as pessoas cada vez mais jovens tornam-se reféns do consumo excessivo, desde cedo
as crianças e adolescentes já são influenciados e a mídia tem seu papel importante nesse
aspecto por tentar determinar o conceito de consumismo como principal precursor à
felicidade e bem-estar. (SILVA, 2014).
Um fator importante que contribui para o consumo exacerbado, são as facilidades
de crédito que são oferecidas aos consumidores, entretanto o crédito não é somente sinônimo
de revés, todavia se for utilizado com prudência, pode vir a tornar-se um aliado importante
no que diz respeito ao planejamento e gestão das finanças pessoais.
A importância do controle orçamentário e do planejamento financeiro é percebida
na prática, através dos dados analisados na pesquisa de campo apresentada nesse estudo.
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
De acordo com o último Censo (IBGE, 2010), o município de Araguaína possui
150.484 mil habitantes (estimativa de 173.112 para o ano de 2016), o que representa a
segunda maior população dentro do Estado do Tocantins, ficando atrás somente da capital,
Palmas. O setor de serviços é o propulsor da economia da cidade, o que corresponde 43,18%
do PIB do município. (IBGE, 2010).
O município, ainda segundo o IBGE (2014), conta com 3.467 mil empresas atuantes
e possui 33.160 mil pessoas ocupadas, o que equivale a 19.8% da população total, onde a
faixa salarial média mensal corresponde a 2,1 salários mínimos. No ano de 2014, a cidade
obteve um PIB per capita no valor de R$ 18.265,69 mil reais.
Os resultados alcançados na presente pesquisa foram decorrentes dos dados
coletados, por meio de questionário que abordaram quatorze questões, aplicado na primeira
quinzena do mês de maio de 2017, totalizando a amostra de 106 entrevistados de todas as
classes sociais e ambos os gêneros, residentes na cidade de Araguaína TO. A análise das
informações se deu a partir da contagem e correlação das respostas, através dos dados que
aqui estão apresentados.
3.1 Perfil dos entrevistados
A maioria dos entrevistados, 68,80% possui entre 18 e 40 anos, dos quais, 22,6%,
está entre 18 e 24 anos, 19,8% corresponde 25 a 30 anos e 26,4% possui 31 a 40 anos.
Os dados apontam que em relação ao gênero dos respondentes, há uma
homogeneidade, onde 52% são do sexo feminino e 48% do sexo masculino. Em relação ao
estado civil, a maior parte declara estar casado ou em união estável, 54,7% dos respondentes.
Quanto à escolaridade, o índice predominante são os que concluíram o ensino médio com
30,2%, seguido dos que possuem o ensino superior completo com 23,6%. A respeito da renda
mensal individual, os que recebem entre R$1.450,01 à R$ 2.400,00 e R$ 640,01 a 1.450,00
somam os maiores percentuais, correspondendo respectivamente a 34,9% e 30,2% do total
dos entrevistados.
3.2 Conduta dos entrevistados
A presente pesquisa indica que sete em cada dez entrevistados (66%) consideram
sua vida financeira regular, seguido por 22,6% que julgam estar com a vida financeira boa e
11,3% ruim. O estudo assinala ainda que 85,9% afirmam fazer algum tipo de controle de
orçamento, dos quais 37,7% dizem fazê-lo com ajuda de planilhas ou anotações no papel,
4,7% fazem somente por controle de extratos bancários e representando o maior percentual
43,4% declaram controlar seu orçamento pessoal apenas "de cabeça".
Em relação aos hábitos de compras, a maior parte dos consumidores (76,42%)
declara comprar apenas aquilo que estão necessitando, 8,49% priorizam a compra de
produtos que estejam em promoção, somente para aproveitar a oportunidade, 9,43% revelam
comprar pelo desejo de possuir o bem e 5,66% admitem comprar por impulso.
A maior parte dos respondentes, 62,27%, tendem a pagar suas contas em dia, onde
43,4% pagam suas contas na maioria das vezes em dia e 18,87% sempre pagam em dia,
enquanto na outra ponta, encontram-se 12,3% que declaram nunca conseguir pagar em dia
suas dívidas.
Sobre os que não possuem reserva financeira ou não fazem algum tipo de
investimento, 37,74% admitem fazer parte desse grupo, enquanto 62,26% declaram dispor
de reservas financeiras ou investimentos, dos quais 36,79% investem em cadernetas de
poupanças, 10,38% em compras de imóveis e 15,09% afirmam fazer outros tipos de
investimentos.
Quanto aos que utilizam linhas de crédito para efetuar compras, os que fazem
através de crediários em lojas (40,57%) possuem o maior número percentual. O uso de
cartões de crédito aparece em segundo lugar com 24,53% da amostra pesquisada e,
significativos 22,64% declaram não utilizar qualquer tipo de linha de crédito. Quando
questionados sobre o uso de cartão de crédito, 55,66% relatam não possuir ou utilizar cartões,
e dentre os 44,34% que utilizam, a maioria, 82,98%, alega pagar geralmente a fatura total do
cartão e 48,94% confessam não saber calcular as multas, taxas e juros cobrados em caso de
atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito.
Ao analisar os resultados encontrados na pesquisa e com o objetivo de atingir
informações adicionais, o cruzamento de dados realizado nesse estudo apresenta relevantes
informações que são descritas abaixo.
Estado civil x forma de controle orçamentário: 57,5% dos que fazem controle
orçamentário através de planilhas ou cadernos de anotações compreendem o grupo de
pessoas casadas ou em união estável. Percebe-se ainda que dentre os que não fazem qualquer
tipo de controle, os solteiros são os que apresentam o maior percentual com 73,33%.
Nível de renda x pontualidade do pagamento de dívidas: 46,15% dos entrevistados
que possuem faixa salarial entre 640,01 e 1.450,00 nunca pagam suas contas em dia. Verifica-
se que os indivíduos que estão incluídos nas faixas salariais mais baixas propostas pelo estudo
somam 50% daqueles que pagam as contas antes mesmo do vencimento.
Renda mensal individual x investimentos: no grupo dos que não fazem
investimentos estão as menores faixas salariais: de R$ 640,00 até R$ 2.400,00 alcançando os
percentuais de 30%, 20% e 37,5% respectivamente. Visto que esse mesmo grupo são os que
mais investem em poupança somando o percentual de 87,18%, dos respondentes.
Uso de linhas de crédito quanto a renda: os usuários de cartões de crédito
compreendem todas as faixas de renda, destacando (38%) para os que ganham entre
R$1.450,01 e R$2.400,00 reais. Nessa mesma faixa estão aqueles que mais utilizam limite
bancário (50%) e cheque (60%). Da mesma forma, o uso de crediário também é utilizado por
todas as faixas de renda, evidenciando o maior percentual (40%) sobre os que possuem entre
R$ 640,01 e R$1.450,00 de renda e o menor percentual nos que ganham acima de R$
8.696,00 alcançando 2%.
Forma de controle orçamentário x faixa etária: a maioria dos que não fazem qualquer
tipo de controle orçamentário (60%) estão entre os jovens de 18 a 24 anos. Dentre aqueles
que fazem todos os tipos de controle sugeridos na pesquisa com maior frequência estão a
faixa etária que compreende os entrevistados de 31 a 40 anos, apontando 35% para os que
planejam através de planilhas ou cadernos de anotações, 40% aos que fazem controle apenas
por extratos bancários e 26% que alegam fazer o controle "de cabeça".
Frequência de uso do cartão x conhecimento de cálculos e encargos do cartão: os
usuários de cartão de crédito frequentes, 43% não sabem calcular os juros, multas e taxas
cobrados em caso de atraso de pagamento da fatura. Já a proporção dos usuários com pouca
frequência, 69% não sabem calcular tais encargos.
Escolaridade x forma de controle orçamentário: de acordo com o nível de
escolaridade todos fazem controle por planilhas ou cadernos de anotações tendo o maior
percentual o superior completo com 40%. Aos que fazem controle apenas de cabeça atribui-
se o maior percentual para os que possuem apenas o nível médio completo 43%. Sobre os
que não fazem nenhum tipo de controle orçamentário destacam-se os níveis médio completo
e superior incompleto representando 33% e 40% respectivamente.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo aponta que a população pesquisada na cidade de Araguaína possui em
parte o efetivo controle do orçamento familiar. Contudo, há muitos que apresentam
problemas financeiros por não praticar o planejamento orçamentário familiar.
Os resultados da pesquisa apontam que o perfil, em sua maioria, já concluiu o ensino
médio, bem como a maior parte possui renda inferior a três salários mínimos. Com relação
ao domínio das finanças, observa-se que a prevalência daqueles que fazem algum tipo de
controle financeiro pertence ao grupo dos casados ou em união estável, isto indica que, onde
os lares são constituídos por famílias, tem-se um interesse maior em efetuar o planejamento
e o grupo dos solteiros alcançam o maior número sobre os que não fazem quaisquer tipos de
controle 73%.
O perfil de consumo dos entrevistados com relação aos hábitos de compras mostra
que a grande maioria (76,42%) faz compras apenas daquilo que estão precisando e a maior
parte da população ouvida afirma utilizar algum tipo de linha de crédito e a prevalência é
daqueles que possuem as menores faixas salariais, e (43,4%) declara pagar suas contas,
grande parte das vezes em dia, indicando uma preocupação para evitar possíveis
endividamentos.
O estudo mostra que os entrevistados de todas as faixas salariais fazem algum tipo
de investimento, a maioria investe em poupança, indicando uma preocupação para o futuro,
os resultados apontam ainda que os indivíduos com remuneração mediana fazem todos os
tipos de investimentos.
De maneira geral, este estudo aponta que a grande maioria da população
Araguainense que foi pesquisada entende a necessidade de se fazer o planejamento
financeiro, que mesmo possuindo uma pequena renda e/ou pouca escolaridade, a maior parte
da população procura fazer algum tipo de controle de gastos.
Mesmo sendo propostos inúmeros programas gratuitos sobre a educação financeira,
a necessidade do melhoramento do trato com as finanças pessoais dos indivíduos torna-se
evidente. Haja vista a necessidade de incluir a prática da educação financeira desde a
infância, para que cada pessoa ainda cedo possa aprender a relevância de valorizar e
administrar seus próprios recursos financeiros, de forma que tal iniciativa, poderia vir a
poupar muitos indivíduos de perderem o controle de suas economias, tornando-os cidadãos
conscientes e possibilitando a todos terem uma qualidade de vida mais satisfatória,
contribuindo assim, para que nossa sociedade seja melhor.
REFERÊNCIAS
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2013.
BARBOSA, Lívia Sociedade de Consumo.-3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
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Financeira (ENEF) Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF), 2010.
Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/ferramentas-uteis.html. Acesso
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CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira [recurso eletrônico]:
inteligência financeira pessoal na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua
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SANVICENTE, Antônio Zoratto. SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na
administração de empresas: planejamento e controle.2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por
compras. São Paulo: Globo, 2014.
O PRECONCEITO LINGUÍSTICO SOFRIDO POR INDIVÍDUOS DE BAIXA
ESCOLARIDADE
Maria Paula Marinho Oliveira
Nilsandra Martins de Castro
RESUMO
O trabalho a seguir tem como objetivo fundamental demonstrar como o preconceito
linguístico, assim como as outras faces do preconceito, está arraigado no seio da sociedade
brasileira desde sua origem, se manifestando severamente para os cidadãos de pouco estudo,
cidadãos esses que por motivos variados não tiveram acesso à educação ou a uma educação
de qualidade. Ademais, busca-se também expor como o ambiente escolar por vezes contribui
para a propagação do preconceito linguístico através da imposição da ideia de que existe
apenas uma única língua correta no território brasileiro. Procuramos exprimir também que o
Brasil é um país de heterogeneidade na língua-mãe, portanto, é improvável que a fala seja
uniformizada no decorrer dos estados-membros e regiões. A metodologia utilizada foi a
bibliográfica e documental. De modo geral, concluímos que os indivíduos ainda carecem de
maior compreensão e conscientização do que é o preconceito linguístico para, assim, serem
mais tolerantes e respeitosos para com aqueles que não tiveram oportunidades ao longo da
vida escolar. Além do mais, é necessário também que a mídia exerça sua influência de
maneira positiva, dissipando o respeito às diferenças e regionalismos próprios do nosso país.
Palavras-chave: Preconceito linguístico. Variações. Regionalismos. Heterogeneidade.
Conscientização. Respeito.
1 INTRODUÇÃO
É notável a existência de diversas formas de preconceitos, esses, encontram-se,
infelizmente, enraizados na construção do Estado Brasileiro, manifestando-se de maneiras
variadas e atingindo diversos indivíduos. Assunto recorrente nas mídias, sejam elas
televisivas ou digitais, o preconceito, com suas inúmeras faces não passa despercebido no
cotidiano dos cidadãos, sendo uma delas o chamado “preconceito linguístico”.
É imprescindível compreender que o Brasil, assim como tantos outros países, ainda
sofre com a desigualdade social e econômica, sendo, portanto, inevitável que determinadas
pessoas tenham mais acesso a uma educação de qualidade que outras. A camada
marginalizada, aquela que teve acesso a níveis mais básicos de ensino, tende a sofrer com
Acadêmica do 4º período de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. Email: [email protected] Professora Redação Jurídica, Metodologia da Pesquisa Científica, Língua Portuguesa Aplicada ao Direito e Comunicação e expressão na Faculdade Católica Dom Orione. Doutora em Ensino de Língua e Literatura pela
UFT - Universidade Federal do Tocantins. Mestre em Linguística Aplicada pela UNICAMP - Universidade de
Campinas. E-mail: [email protected]
esse preconceito linguístico, haja vista que apresenta mais dificuldade de entendimento em
áreas específicas (ou até mesmo as mais genéricas) do conhecimento.
Por outro lado, a porção letrada da sociedade por vezes utiliza-se dessa capacidade
intelectual para menosprezar aqueles com maior deficiência curricular, conforme visto em
casos concretos divulgados diariamente. Cita-se aqui como o exemplo a situação envolvendo
um médico e seu paciente, no Hospital Santa Rosa de Lima. O médico zombou, através de
uma foto em um grupo de whatsapp, a forma como José Mauro, o paciente, pronunciou a
palavra “pneumonia”.
Considerando ainda a Carta Magna vigente no Brasil, percebe-se quão rebuscada e
erudita é a letra da lei, sendo, assim, dificultosa para o entendimento dos cidadãos de pouco
estudo que por ela são regidos.
Tem-se, por conseguinte, uma tendência a segregação dos que estão inseridos nesse
grupo, algo que há muito deveria ser afastado das nossas ações habituais, tendo em vista que
se vive em tempos de propagação de respeito e inclusão de minorias. Ou seja, por que em
meio a tantas informações e políticas ligadas a inclusão, ainda o preconceito linguístico parece
ser elemento presente no cotidiano de muitos brasileiros?
Nesse sentido, o presente trabalho visa entender o que é preconceito linguístico;
discutir como o preconceito linguístico se apresenta e, nesse caso em específico, como se dá
esse preconceito em relação aos indivíduos de baixa escolaridade.
É relevante discutir a temática devido a acreditarmos que esta é uma manifestação
segregacionista que deve ser severamente afastada do seio social.
2 O PRECONCEITO LINGUÍSTICO: DEFINIÇÃO E COMO SE MANIFESTA
Conforme exposto no item anterior, o preconceito linguístico pode ser definido como
uma maneira de discriminação que se manifesta no âmbito da linguagem, entre indivíduos
falantes de um mesmo idioma. Tem-se, dessa forma, uma intolerância em relação às variações
e regionalismos inerentes à Língua Portuguesa, levando-se em conta a dimensão do nosso
país.
De acordo com Rique (2012, p. 4):
O preconceito linguístico nada mais é do que um julgamento que menospreza as variedades linguísticas. Infelizmente o que vemos é esse preconceito ser mantido
cada vez mais através dos programas de televisão, rádio, materiais didáticos e
gramáticas normativas, que tentam propor o que é certo e errado na nossa língua.
A autora contextualiza o tema de maneira extremamente importante, pois sabe-se
que as mídias exercem grande influência sobre a sociedade, que dela serve-se para finalidades
variadas, enxergando ali fonte de veracidade e transparência. Sendo assim, os indivíduos tidos
como “menos letrados” passam a crer que não possuem domínio de sua língua-mãe ou não
são um falante competente dela, quando, na verdade, são necessárias apenas adequações.
Entende-se que não é defeso ao indivíduo achar determinada forma de falar ou
sotaque mais bonito ou elegante do que outros, entretanto, ao passo que essa concepção
ultrapassa o campo psíquico e se transforma em ação concreta, tem-se o preconceito
linguístico, que pode, propositalmente ou não, gerar uma espécie de segregação e humilhação
para o sujeito que é alvo do preconceito. Além disso, do ponto de vista linguístico, entende-
se que não existe língua bonita ou feia, mas sim modos de expressão distintos.
Marcos Bagno (2015, p. 64) alega que:
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe, como vimos no mito
nº 1, uma única língua portuguesa digna desse nome e que seria a língua portuguesa ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários.
Qualquer manifestação que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é
considerada, pela ótica do preconceito, “errada, feia, estropiada, rudimentar,
deficiente”, e não é raro a gente ouvir que “isso não é português.
Pode-se compreender através desse trecho um pouco mais do que o preconceito
linguístico acarreta, pois segundo o autor, ele desconsidera regionalismos e variações,
características marcantes da língua portuguesa e conceitua como correto apenas a norma culta
ensinada nas salas de aula.
Com isso, despreza também, partindo da percepção da desigualdade social ainda
presente em nossa sociedade, o fato de que uma parcela considerável da população não tem
acesso ao cenário escolar. O site de notícias G1, em matéria de Elida Oliveira (2018),
divulgou uma pesquisa feita pelo movimento “Todos pela Educação”, ligado ao Pnad, que
indica que “quase quatro (36,5%) em cada dez brasileiros de 19 anos não concluíram o ensino médio
em 2018, idade considerada ideal para esta etapa de ensino. Entre eles, 62% não frequentam mais a
escola e 55% pararam de estudar ainda no ensino fundamental.”
O sujeito ouvinte, então, considera para fins de julgamento do que seja “certo” ou
“errado” apenas a realidade predominantemente privilegiada em que ele esteve inserido, não
se atentando a dados relevantes como esse, que são mostrados constantemente. Ao prestarmos
atenção nesses números, compreendemos com clareza o que eles podem fomentar nesses
jovens no futuro, isto é, esse “buraco” no processo educativo de base os insere no cenário
discriminatório por não terem aprendido a gramática normativa vinculante da Língua
Portuguesa.
Segundo Rodrigues, Luca e Guimarães (2014, p. 141):
O preconceito, social, religioso, racial, relaciona-se estreitamente à não aceitação
da diferença. Ainda que a sociedade brasileira esteja se abrindo para a alteridade, o
preconceito linguístico está nela fortemente arraigado, fruto do conservadorismo e
da intolerância em relação à variação e à mudança.
É possível compreender que o preconceito é um conceito multifacetário, isto é, não
é homogêneo, unitário, pois percebe-se a sua manifestação de maneiras distintas, isto é, com
negros, mulheres, idosos, homem do campo, e de forma mais frequente, na comunidade
LGBT. A militância contra ele vem ganhando força e se mostrando consistente.
“Infelizmente, porém, esse combate tão necessário não tem atingido um tipo de preconceito
muito comum na sociedade brasileira: o preconceito linguístico”. (BAGNO, 2015, p. 21,
grifo nosso).
3 ANÁLISE: A DISCRMINAÇÃO LINGUÍSTICA E A BAIXA ESCOLARIDADE
Propõe-se aqui uma abordagem a respeito de como a discriminação linguística atinge
a camada da população que por razões diversas não teve acesso ao ensino escolar de
qualidade, haja vista que uma educação de alto nível ainda é privilégio de uma minoria no
nosso país.
Segundo dados do IBGE, em 2016, cerca de 66,3 milhões de pessoas de 25 anos ou
mais de idade (ou 51% da população adulta) tinham no máximo o ensino fundamental
completo. Além disso, menos de 20 milhões (ou 15,3% dessa população) haviam concluído
o ensino superior. Esse número é significativo e mostra que mais da metade da população
adulta é suscetível a sofrer com o preconceito linguístico no Brasil. Os dados divulgados nos
permitem enxergar, portanto, que se considerarmos uma língua como homogênea, partindo
apenas da norma padrão, estaremos reforçando as convicções discriminatórias e por vezes
segregacionistas propagadas pela classe média privilegiada e pela mídia.
É interessante mencionar o ocorrido envolvendo o médico Guilherme Capel, na
época, funcionário do Hospital Santa Rosa de Lima, em São Paulo e o seu paciente, o
mecânico José Mauro de Oliveira Lima, esse último no decorrer da consulta usou-se de
variações linguísticas ao se referir a Pneumonia e a Raio x, desencadeando uma manifestação
preconceituosa por parte do então médico que o atendia, conforme se vê na matéria. Segundo
o site G1, em matéria Renata Victal (2016), ‘Um médico plantonista no Hospital Santa Rosa de
Lima, em Serra Negra (SP), foi afastado do trabalho após ter uma foto sua publicada numa rede
social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Na foto, Guilherme Capel Pasqua
mostra o receituário médico com o seguinte dizer: “Não existe peleumonia e nem raôxis. ”
Pode-se ver, então, o claro exemplo do que é o preconceito linguístico. O médico teve ao
seu alcance um número consideravelmente maior de oportunidades ao longo da vida escolar e
acadêmica do que o mecânico. Dessa forma, aproveita-se desse fato para a prática de ações cruéis
e humilhantes, levando em consideração que o mecânico precisou parar de estudar na segunda
série do ensino médio por falta de dinheiro.
É válido salientar aqui a Carta Magna (1988), citada na introdução, e abordada por Gnerre
(1985) ao dizer que a Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas
essa mesma lei é redigida numa linguagem que se torna um entrave ao acesso. O autor, contudo,
não tem o propósito de dizer que a Constituição Federal deveria ser escrita com variedades ou
regionalismos, mas sim que a compreensão da Lei Maior deveria se dar de forma mais
democrática.
A classe periférica, por uma herança hereditária, tem menos acesso ao ensino de
qualidade e assim, gera-se uma segregação que além de física, ocorre também no campo
intelectual. O fato de um cidadão com pouca escolaridade precisar integralmente de um
advogado como mediador em um processo ou julgamento ou até mesmo para a simples
assimilação da letra da Lei demonstra que o preconceito linguístico ainda é uma realidade.
No ambiente escolar, os alunos passam a acreditar que somente a língua portuguesa
ali ensinada é a correta, pois está dentro dos parâmetros da gramática normativa dissipados
nas aulas, algo que parte, diversas vezes, de especialistas da área, que tendem a afirmar que
as famílias com baixa escolarização têm pouca condição de interagir e não têm a capacidade
necessária para se mostrarem parceiras do processo educativo.
Um trecho tirado de uma redação do site Stoodi (2018, p.1), diz o seguinte:
Ademais, a estereotipação que produz o preconceito linguístico se estende a quem
possui baixa escolaridade. A crise educacional brasileira não é mistério, por isso há
indivíduos que têm dificuldade de acesso às escolas. Essa deficiência educacional
é utilizada muitas vezes por outros cidadãos e pela mídia para criar um imaginário
de fala errada e fala de quem é pobre.
A reprodução de uma oratória baseada em preconcepções baseadas unicamente no
ambiente em que se vive é excludente, quando não há ciência da realidade que predomina
entre a maior parte dos falantes. A discrepância existente entre um cidadão de uma classe
mais abastada e um habitante de um bairro periférico é gritante. Com base em dados da
FGV/IBRE¸ no primeiro trimestre de 2019, a desigualdade de renda no Brasil atinge o maior
patamar já registrado. O portal de notícias online da Fundação Getúlio Vargas (2019, p.1 )
divulgou que:
O indicador estudado pela pesquisa é o índice de Gini, que monitora a desigualdade de renda
em uma escala de 0 a 1 – sendo que, quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade. O do Brasil ficou em 0,6257 em março.
Posto isso, entende-se que a desigualdade social no Brasil parte da questão
pecuniária, gerando uma série de problemas que atingem o indivíduo a longo prazo. Ao passo
que faltam subsídios para adquirir recursos básicos de sobrevivência, a preocupação com uma
educação de qualidade acaba, consequentemente, ficando em segunda plano.
Um outro caso relevante a ser tratado aqui é o da humorista e youtuber Marcela
Tavares, que costuma postar vídeos com o intuito de “ensinar” português de forma divertida.
Em vídeos nomeados com “não seja burro”, a comediante faz uma abordagem pouca polida
para mostrar o que é certo ou errado na língua portuguesa.
Larissa Bueno dos Santos (2017, p. 16) diz que “é importante destacar que os meios
de comunicação em massa usam como estratégia geral a criação de estereótipos, tipos, a fim
de trabalharem com humor para cativar o público”, algo que podemos perceber com clareza
no caso de Marcela, sendo esta portanto, mais um célebre exemplo de pessoas que, caindo no
senso comum, acreditam na existência de um padrão de idioma homogêneo e imutável e
propagam discursos intolerantes.
Não negamos a importância de se escrever de acordo com a ortografia, mas, como
ela é resultado de um processo de aprendizado formal e muito brasileiros não têm
acesso à escola ou a escolas de qualidade, ela é um bem restrito a um pequeno grupo
social. (SANTOS, 2017, p. 13).
A proposição da autora é de bastante relevância e expressa com clareza o que se tem
discutido no presente trabalho. As normas ortográficas existem e é essencial que estejam
presentes nos discursos escritos, todavia, uma educação de excelência ainda está dentro de
um rol que apenas um estrato da sociedade brasileira tem a possibilidade de obter.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário escolar predominante no Brasil apresenta-se notadamente defasado e
carente de investimentos, algo que, por consequência, impede o progresso intelectual,
científico e social da sociedade atual. O preconceito nasce justamente de indivíduos que mais
oportunidades tiveram ao longo de suas vidas. A ideia de uniformização da língua gera nos
cidadãos a tendência de considerar errado tudo que foge à regra padrão dissipada nas escolas.
As classes sociais privilegiadas desenvolvem tendências discriminatórias, se
esquecendo de fazer uma análise básica da situação na qual o país está inserido. Os indivíduos
alvos do preconceito, algumas vezes, sequer compreendem que estão sendo vítimas dele. A
carência de informação os fazem suscetíveis de condutas desumanas por parte daqueles que
se auto intitulam melhores entendedores da língua.
A finalidade primordial aqui é ajudar os indivíduos a entenderem como o preconceito
linguístico permanece arraigado e sendo transmitido por gerações na sociedade brasileira e
ainda, conscientizá-los do dever que temos de afastar certas convicções preconceituosas que
desconsidera a realidade do nosso país.
É de extrema importância o trabalho conjunto de todo o corpo social em prol da
conscientização do maior número de pessoas possíveis. O preconceito linguístico deve
receber manifestações opositoras assim como as outras faces do preconceito, felizmente, vêm
recebendo. A mídia tem um papel relevante nesse trabalho, pois sabe-se da enorme proporção
que tomou nas últimas décadas, sendo assim, é necessário que esta pare de propagar discursos
ideológicos padronizados, que devem ser afastadas do seio social.
Ao tomarmos ciência de que a língua é heterogênea e possui regionalismos,
variações e particularidades de acordo com a região em que está, desenvolveremos um senso
de respeito e tolerância para com aqueles que por razões alheias à própria vontade, não
puderam alcançar os patamares mais qualificados da educação escolar. Por fim, é
imprescindível que a palavra “respeito” tome mais sentido e atinja com precisão as diversas
esferas sociais existentes no Brasil, fazendo-nos ter mais empatia e solidariedade para com as
pessoas que chegam até nós.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 56. ed. Rio de Janeiro: Parábola, 2015.
MARTINS, Neurilene. É preciso combater o preconceito linguístico nas escolas.
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/143/como-combater-o-preconceito-
linguistico-na-escola. Acesso em: 4 out. 2019.
OLIVEIRA, Elida. Quase 4 em cada 10 jovens de 19 anos não concluíram o ensino
médio, aponta levantamento. Disponível em:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/18/quase-4-em-cada-10-jovens-de-19-anos-
nao-concluiram-o-ensino-medio-aponta-levantamento.ghtml. Acesso em: 5 out. 2019.
REDAÇÃO pronta: preconceito linguístico. Disponível em:
https://www.stoodi.com.br/redacao/redacao-pronta-preconceito-linguistico/. Acesso em: 5
out. 2019.
RIQUE, Itamara Jamilly C. Preconceito linguístico: sociedade, escola e o ensino de
português. 2012. 14f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Letras)- Universidade
Estadual da Paraíba, UEPB, 2012
SANTOS, Larissa B. Não seja burro!: o preconceito linguístico e intolerância no discurso
de Marcela Tavares. 2017. 62 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Letras)-
Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, UNESP, 2017.
VICTAL, Renata. Médico debocha de paciente na internet: “não existe peleumonia”.
Disponível em: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/07/medico-debocha-
de-paciente-na-internet-nao-existe-peleumonia.html. Acesso em: 4 out. 2019.
DESIGUALDADE de renda no Brasil bate recorde. Disponível em:
https://portal.fgv.br/noticias/desigualdade-renda-brasil-bate-recorde-aponta-levantamento-
fgv-ibre. Acesso em: 3 out. 2019.
A DEPRESSÃO E SEUS DIFERENTES CONTEXTOS
Flávia Barbosa de Almeida
Laianne Lannunci Lima Lopes
Maria Victória Gomes Carvalho
Samara Dantas Figueredo Sanatana
Viviane Soares de Carvalho
Gilson Gomes Coelho
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o DSM V (2014), a depressão é uma doença que têm sido classificadas
de diversas formas, sendo elas: transtorno depressivo maior, melancolia, distimia, depressão
como parte do ciclotimia (transtorno de humor que é caracterizado por oscilações
emocionais), entre outras.
O transtorno depressivo maior caracteriza-se pela perda de interesse ou prazer em
quase todas as atividades, humor deprimido, alterações no apetite (aumento ou redução),
perturbação no sono, alterações psicomotoras e pensamentos sobre morte.
A melancolia, ao contrário das outras formas de depressão, parece constituir-se em um
grupo mais homogêneo, que responde melhor a tratamentos biológicos, e para o qual, os
fatores genéticos seriam os principais determinantes, e tendo como principal característica, as
alterações psicomotoras.
A distimia ou transtorno depressivo persistente tem como principal característica o
humor depressivo, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, dificuldade em tomar
decisões e baixa autoestima.
Segundo Porto (1999), vale ressaltar que há uma diferença entre tristeza e luto, a
primeira é algo universal, ou seja, é um resultado a situações adversas. A segunda, um estado
de tristeza profunda, que se dá através da perda de uma pessoa querida, seja por morte, ou até
mesm fim de relacionamento, e geralmente se dá por entre um e dois anos. Solomon (2001)
menciona que a depressão não é tristeza, o oposto de depressão não é a felicidade, mas
vitalidade.
E para efetuar o diagnóstico da depressão, levam-se em conta três sintomas principais:
psíquico, fisiológico e evidências comportamentais. O DSM V (2014), afirma que, o psíquico
caracteriza-se pelo humor depressivo, redução da capacidade de experimentar prazer na maior
Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Professor da Católica Orione
parte das atividades que antes eram consideradas agradáveis, fadiga ou sensação de perda de
energia, diminuição da capacidade de pensar, concentrar ou tomar decisões.
No âmbito fisiológico são alterações do sono e apetite, reduções do interesse sexual,
e nas evidências comportamentais caracterizam-se por retraimento social, crise de choro,
comportamentos suicidas, retardo psicomotor, lentificação generalizada ou agitação
psicomotora. Dalgalarrondo (2008) destaca que as síndromes depressivas na perspectiva
psicopatológica referem-se ao humor triste e ao desânimo.
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa se baseia em uma revisão de literatura com base em dez artigos
referentes aos anos de 1999 a 2016, através de uma análise crítica, precisa e extensa das
publicações sobre o tema depressão. Os artigos utilizados foram:
Título????
Título do artigo: Autores(as): Ano:
A depressão na gestação:
Uma revisão bibliográfica.
Denize Aparecida Borges,
Fernanda dos Reis Ferreira,
Mariana Gondim Mariutti e
Denize Alves de Almeida.
2011
Conceito e diagnóstico. José Alberto Del Porto. 1999
Depressão e contexto de
trabalho.
Claudia Mara Bosetto Cenci.
2004
Depressão em pauta. Giovana Bacilieri Soares e
Sandra Caponi.
2011
Depressão e o suicídio.
Fabiana de Oliveira Barbosa,
Paula Costa Mosca Macedo
e Rosa Maria Carvalho da
Silveira.
2011
Depressão, o mal do século:
De que século?
Cintia Adriana Vieira
Gonçales e Ana Lúcia
Machado.
2007
Depressão em idosos: Uma
revisão de literatura.
Ana Maraysa Peixoto Lima,
José Lucas Souza Ramos,
Italla Maria Pinheiro Bezerra,
Regina Petrola Bastos Rocha,
Hermes Melo Teixeira
Batista, Woneska Rodrigues
Pinheiro
2016
Depressão no idoso:
Diagnóstico, tratamento e
benefícios da atividade física.
Florindo Stella, Sebastião
Gobbi, Danilla Icassati
Corazza e José Luiz Riani
Costa.
2002
Fatores associados à
depressão relacionada ao
trabalho de enfermagem.
Marcela Luísa Manetti e
Maria Helena Palucci
Marziale.
2007
O impacto da depressão para
as interações sociais de
universitários.
Alessandra Turini Bolsoni
Silva e Bárbara Trevizan
Guerra.
2014
Fonte: Elaborado pelos próprios autores, ano.
A revisão de literatura consiste em uma pesquisaque tem como objetivo esclarecer e
argumentar o tema com base em fundamentação teórica baseada em periódicos, revistas,
livros, artigos e outros, cujo objetivo é o enriquecimento da pesquisa. (SANTOS;
CANDEROLO, 2006).
Nesta revisão bibliográfica, foi abordado o tema depressão e seus contextos,
elucidando a diferença entre tristeza e depressão, visto que, isso gera muitas dúvidas, e até
mesmo diagnósticos equivocados.
3 DEPRESSÃO NA ANTIGUIDADE
Segundo Gonçales e Machado (2007), a depressão é uma doença que está presente
desde a antiguidade. É uma doença que sempre existiu, entretanto, era conhecida como
melancolia, ou seja, estado de grande tristeza e desilusão. Na antiguidade (500 a.C/100d.C),
encontram-se relatos gregos da relação entre doenças mentais e disfunção corporal. Dessa
forma, por muito tempo, a depressão foi relacionada a um excesso de “bile negra” (segundo
a teoria dos humores de Hipócrates, o corpo humano consiste em quatro substâncias, sendo a
bile negra correspondente a terra, seco e frio).
Já o período da Idade Média é marcado por poucos estudos em relação à loucura e à
melancolia, e com a ascensão das crenças religiosas, em especial o cristianismo, o estado
melancólico era associado a uma possessão demoníaca ou um afastamento de tudo que era
sagrado. Na época da Inquisição, no século XIII, a melancolia foi considerada um pecado e
algumas pessoas eram multadas ou aprisionadas por carregarem esse mal da alma, que não
tinha cura. (GONÇALES; MACHADO, 2007, p. 2).
Somente no final do século VII e início do VIII, com o desenvolvimento científico,
esse quadro de superstições mudou totalmente. Porém, a ciência avança, mas a posição social
dos deprimidos retrocede. Numa Idade da Razão, os sem razão em desvantagem.
(GONÇALVES; MACHADO, 2007, p.4).
Assim, o termo “melancolia” possui um duplo significado. O primeiro, histórico, na
antiguidade, que era usado para referir-se à depressão. E a segunda, de acordo com o DSM V
(2014), predominam os fatores biológicos nos quais os genéticos seriam os principais
determinantes. Somente em 1680, é usado pela primeira vez o termo depressão para nomear
um quadro de desânimo ou perda de interesse.
4 DEPRESSÃO NA ATUALIDADE
Na contemporaneidade, há uma “onda” ao fato de que tudo tem virado doença.
Quando se fala em depressão, a mesma já é associada a uma doença, ou seja, algo apenas
patológico, priorizando apenas o modelo biológico e privilegiando o uso de medicamentos,
sem considerar que o sofrimento pode estar relacionado às relações com o externo, isto é, um
resultado de vários indicadores que vão do social, físico e psíquico, e que são fundamentais
para que a saúde mental seja priorizada. (SOARES; CAPONI,2011).
As estratégias de promoção de antidepressivos e a conversão de problemas humanos
em enfermidades a serem tratadas com psicofármacos podem ser entendidas como processos
de uma hegemonia que atua tanto nos sistemas especialistas como nas concepções leigas ou
profanas. (SOARES; CAPONI, 2011, p. 8).
Com isso, de acordo com Soares e Caponi (2011), surgiram os novos
“antidepressivos”, que possuem uma dupla função, que é tratar a doença intermediária e
prevenir o surgimento de uma possível depressão. No entanto, a forma como estão sendo
utilizados esses medicamentos está sendo precipitada, pois esses, não podem ser usados para
prevenir, e sim, para tratar. Logo, percebe-se um interesse da indústria farmacêutica
juntamente com a psiquiatria.
Alguns pesquisadores como Conrad (2007), Horwitz e Wakefield (2007), levantaram
hipóteses se realmente existe um aumento significativo da depressão, ou se está ocorrendo
um processo de medicalização dos comportamentos antes tidos como “normais”.
Atualmente, sabe-se que a mídia é o principal meio para veicular informação, no
entanto, algumas das notícias propagadas se tornam equivocadas e muito abrangentes, o que
acaba criando uma cultura de risco, que seria os riscos inevitáveis, como: ser idoso e
desenvolver depressão, tornando impossível “escapar” desses grupo.
4 DEPRESSÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO
São vários os fatores que estão associados a depressão no ambiente de trabalho, entre
eles, destacam-se: carga horária excessiva, cobranças demasiadas, sobrecarga de serviço e o
estresse. Esses são alguns dos fatores que afetam a qualidade de vida, gerando um sofrimento
psíquico, que pode vir a desencadear uma depressão ou uma Síndrome de Burnout.
(CEMCI,2004).
De acordo com Silva (2016), a Síndrome de Burnout é também conhecida como
síndrome do esgotamento profissional e caracteriza-se por ser um distúrbio psíquico, que gera
uma tensão emocional e de estresse desencadeados por condições desgastantes de trabalho.
Com relação aos trabalhadores de enfermagem, Manetti e Marziale (2007) perceberam
que a sociedade os veem apenas como cuidadores, ou seja, as pessoas não têm um olhar de
acolhimento, de um cuidado. E esse profissional lida muito com pessoas enfermas, em estado
de sofrimento e com o luto.
Algumas estratégias de intervenção para esses profissionais da enfermagem seriam:
uma melhor divisão do trabalho, o reconhecimento do trabalho que eles executam, um
ambiente em que tivessem um cuidado holístico, e, ainda, que tivessem o apoio para falar de
suas dificuldades, e, também, mostrar suas habilidades.
A depressão por esgotamento profissional é aquela que ocorre após o paciente
apresentar por algum tempo a Síndrome de Burnout, que pode ser definida como
um estado de esgotamento físico e mental intenso cuja causa está intimamente
associada ao exercício das atividades profissionais do indivíduo. (SILVA, 2016, p.
57)
5 DEPRESSÃO NA UNIVERSIDADE
Para Silva e Guerra (2014), a universidade por ser um campo no qual os cidadãos estão
sendo capacitados desde a técnica, ética e outros meios de construção social, acredita-se que
os sujeitos que nela se encontram são capazes de conduzir suas vidas de maneira
independente, e os mesmos são colocados isoladamente para que construam relações a partir
das identificações.
No entanto a maioria dessas relações é construída a partir de identificações grupais e
coletivas, o que intensifica ainda mais como se deve prosseguir nesses ambientes, o que leva
a questionar quais as dificuldades de se relacionar no ambiente da universidade. Pensar nesses
aspectos é pensar de maneira abrangente como o gênero, a classe e a raça estão diretamente
incluídos nessas relações de poder e subordinação. (SILVA; GUERRA,2014).
Segundo Backer e Clark (2003), em relação às contingências aversivas, vivências
acadêmicas que não garantem uma boa qualidade de vida podem tornar-se experiências
estressantes, podendo tanto influenciar no aparecimento de transtornos depressivos, quanto
afetar o rendimento acadêmico.
Dessa maneira, a universidade pode ser um ambiente de produção de psicopatologias,
as quais distanciam esses sujeitos, separando-os em pequenos grupos existentes ou de forma
individual e, assim, a solidão aumenta em cada setor.
6 DEPRESSÃO GESTACIONAL
De acordo com Badinter (1985), o período gestacional é visto como um processo
fisiológico normal, porém pode se tornar adoecedor, sendo um grande desafio para às normas
sociais, pois é abordado os impactos que o mesmo tem para a saúde mental das mulheres que
engravidam, e são levadas a acreditar que devem amar o feto, atraindo dessa forma o mito do
amor materno, o qual fala que a mãe já ama o feto antes de este nascer e que esse amor é
inato.
A maternidade nem sempre é um momento único na vida das mulheres, com ela vêm
as descobertas e mudanças, por isso há uma necessidade de cuidado e preparo a ser feito,
não devendo ser só físico, mas também emocional, pois nesse período gestacional, o
psiquismo é modificado, as mudanças de hormônios como produção da ocitocina, endorfina,
dopamina e outros, tem o seu rendimento comprometido, ocorrendo um aumento nas
variações de humor e outras reações que são produzidas durante esse período. Borges, Ferreira
e Mariutti (2011).
Diante dessa perspectiva os casos de depressão durante e pós-parto são comuns,
porém é de difícil diagnóstico, muitas vezes só sendo identificado no puerpério (pós-parto),
essas mulheres passam a não ter condições mínimas para que sua saúde mental seja mantida,
o que revela altos índices de adoecimento psíquico, há uma regressão juntamente com um
turbilhão de emoções. Tais fatores de risco não só afetarão a vida da mãe, como também
poderão ter uma grande influência na vida fetal do bebê.
Portanto, de acordo com Borges, Ferreira e Mariutti (2011), a depressão no período
de gravidez é um resultado de vários indicadores biopsicossocial, que são fundamentais para
que a saúde mental seja priorizada, além da necessidade de falar na vida das mulheres, não
apenas como reprodutoras de vidas, mas, na maioria dos casos, suas saúdes são deixadas de
lado.
Desse modo, é de total relevância identificar os fatores de risco e protetores,
desenvolvendo uma atenção qualificada e humanizada com peculiaridade, ou seja,
respeitando a história de vida de cada mulher mesmo antes de ser mãe.
7 DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE
Segundo Stella et al. (2002), a depressão na terceira idade é algo que vem crescendo
nos últimos tempos. A principal causa dessa doença nessa faixa etária está sendo influenciada
pela violência física e psicológica sofrida pelos os idosos.
Pode-se observar que os idosos residentes dos asilos têm maior probabilidade de
desenvolver depressão, gerando sentimento de abandono, de inutilidade, falta de afeto e
ausência de autonomia. Outro fator influenciador é o luto vivenciado, principalmente, quando
se trata da perda do cônjuge. Doenças incapacitantes também refletem na saúde mental desses
indivíduos, uma vez que há uma perda de qualidade em suas vidas.
O tratamento consiste no uso de medicamentos psicofarmacológicos e psicoterapia.
A prática diária da atividade física é uma boa alternativa para diminuir os efeitos da depressão
na saúde do idoso, visto que diminui o estresse.
8 DEPRESSÃO E SUICÍDIO
Para Barbosa, Macedo e Silveira (2011), a pessoa que tenta suicídio não
necessariamente quer acabar com a sua vida, ela necessita acabar com a dor e o sofrimento.
Elas não conseguem encontrar alternativas para lidar com suas angústias, visto que existem
distorções cognitivas que levam a pensar que os obstáculos não têm alternativa, e, por isso,
acreditam que a única solução é a morte.
Em uma sociedade que não quer saber da morte, que busca escondê-la ou afastá-la a
todo custo para impedir que ela aconteça, alguém que tente ou que consiga tirar
voluntariamente a própria vida, só poderia ser considerado, no jargão do “senso comum” ,
um louco. (NETTO, 2013, p.17)
Pessoas que têm ideação suicida causada por depressão costumam apresentar indícios
de insatisfação com a vida e, dessa forma, é preciso atentar-se aos sinais, pois o suicídio ainda
é tratado como um tabu, que precisa ser desmistificado.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo, é possível atentar-se para o quão preocupante é a depressão, e
o quão necessário é atuaçãodo psicólogo neste estado de adoecimento. Muitos indivíduos,
através do senso comum, não entendem a dimensão da problemática em questão. Dessa
forma, a visão social acaba por acarretar ainda mais sofrimento ao indivíduo.
Nessa pesquisa, foram relatados diversos tipos de depressão, sendo elas com uma
marcação hereditária grande e outras reativas. A primeira pode-se citar as que estão dentro de
um quadro de bipolaridade. A segunda tem, como exemplo, a Síndrome de Burnout (que é a
depressão pelo estresse prolongado no trabalho em determinadas profissões, como é o caso
da enfermagem), e que não possui nenhum componente genético. Dentro das reativas, têm-
se, ainda, a depressão pós- luto e depressão pós- trauma.
Foi abordado também, o uso de psicofármacos, que fazem parte de um contexto atual
em uma sociedade que é extremamente individualista, e que tende a medicalizar tudo como
forma de “solucionar o problema” de forma imediata.
Além disso, esta pesquisa buscou fazer reflexões e análises sobre a problemática em
pauta, pontuando os aspectos determinantes de cada contexto que foi discorrido. Fica
evidente, portanto, que são escassos conhecimentos verídicos acerca do tema em questão,
uma vez que a sociedade propaga comportamentos destrutivos a quem está em estado de
adoecimento.
Visando que o sofrimento também pode ser produzido nas relações, é importante
que o sujeito tenha um suporte que possibilite o mesmo uma melhor qualidade de vida, tanto
no âmbito familiar, como no social e emocional, através da escuta, da empatia e das relações.
REFERÊNCIAS
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS QUE PROMOVEM A EMANCIPAÇÃO DO
SUJEITO NA GESTÃO EDUCACIONAL NAS ESCOLAS DA CIDADE DE
ARAGUAÍNA - TO: UMA VISÃO CULTURAL E TERRITORIAL
Izabel Brito Aguiar
RESUMO
A pesquisa discute as políticas educacionais para que estudantes possam competir em
igualdade de condições com os das escolas de elite. O que me espanta é jamais ouvir que a
escolarização ampla hoje no Brasil pouco tem contribuído para a melhoria das instituições
publicas, para uma cultura de respeito ao bem comum para que os, alunos tenham acesso as
linguagens públicas (ciência, artes e sabedoria) que constituem nossa herança comum. O ideal
da cidadania nasceu com as idéias gregas de isonomia (igualdade em face da lei) e isegoria
(igualdade no direito a opinião) fiel a essa tradição nossa Constituição o vincula ao
compromisso com a promoção da igualdade, formal e material. O método quantitativo será
utilizado na pesquisa de inúmeros trabalhos que abordam a evolução histórica para serem
discutidas na Políticas educacionais que promovem a emancipação do sujeito na gestão
educacional e narrativas de saberes crítico e procedimentos de gestão cultural e territorial,
para analisar a visão dos mesmos, do desenvolvimento da gestão pedagógica educacional em
Araguaína.
Palavras-chave: Políticas Educacionais. Gestão. Educação. Sujeito.
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que a boa educação não é um ônus, uma despesa caritativa, um encargo
improdutivo a pesar sobre os ombros dos governos e da coletividade. Ao contrário, ela é um
investimento de alto retorno, uma fonte altruística, com grande potencial redistributivo e
democratizante. A alfabetização e a educação básica constituem o fundamento sólido, do qual
emanam os maiores frutos econômicos e sociais.
A questão do analfabetismo sempre foi minimizada como um direito, mas ela é
fundamental para que o cidadão participe de forma democrática. Hoje vivemos em um mundo
globalizado, a pessoa que não tem acesso à escrita e a leitura acaba excluída de informações
e conhecimentos que são necessárias para garantir todos os outros direitos, a saúde, a moradia,
educação, participação política na sociedade.
Entretanto, a Carta Magna preceitua em seu art. 205:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualidade para o trabalho. (BRASIL, 1988).
Graduada em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione (2013). Especialista em Auditoria e Direito Tributário. E-mail: [email protected]
Portanto é complementado pelo art. 214 da Constituição Federal de 1988 que diz:
Art. 214. a lei estabelecerá o plano nacional da educação, de duração plurianual,
visando a articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a
integração das ações do Poder Público que conduzam à:
- erradicação do analfabetismo:
- universalização do atendimento escolar:
- melhoria da qualidade do ensino:
- formação para o trabalho:
- promoção humanística, científica e tecnológica do País. (BRASIL, 1988).
A alfabetização, primeiro passo para a educação e degrau imediato para uma etapa
civilizatória, configura-se entre nós um enorme esforço para expressar simples dados
estatísticos. Procura-se fazer com que o alfabetizando aprenda, tão somente, a repetir palavras,
contudo propõe um método abrangente, pelo qual a palavra ajuda o homem a tornar-se
homem. Assim, a linguagem passa a ser cultura. E através da decodificação da palavra, o
alfabetizando vai se descobrindo como homem, sujeito de todo o processo histórico.
Em síntese, alfabetizar é ensinar o uso da palavra, e o alfabetizando ao começar a
escrever não deve copiar palavras, mas expressar juízos. Sabemos que não é possível supor
êxitos no campo econômico, sem o alicerce de um povo que se educa para civilizar -se.
Carvalho (2003, p. 12) expõe que:
Num País em que a educação escolar foi por séculos privilégios de uma minoria,
afirmar seu valor social exige mudança de concepções há muito arraigadas. Um
exemplo ilustra esse ponto. Ao ouvir reclamações sobre o baixo nível das escolas públicas, pergunto a meus interlocutores o que consideram uma evidência desse
fenômeno. A resposta é quase invariável: seus alunos não entram nos cursos mais
disputados do ensino. Assim, mede-se a qualidade da escola pública pelo seu
impacto econômico ou pela ausência dele na vida privada dos indivíduos.
É desejável que esses estudantes possam competir em igualdade de condições com
os das escolas de elite. O que me espanta é jamais ouvir que a escolarização ampla hoje no
Brasil pouco tem contribuído para a melhoria das instituições publicas, para uma cultura de
respeito ao bem comum para que os, alunos tenham acesso as linguagens públicas (ciência,
artes e sabedoria) que constituem nossa herança comum. O ideal da cidadania nasceu com as
ideias gregas de isonomia (igualdade em face da lei) e isegoria (igualdade no direito a opinião)
fiel a essa tradição nossa Constituição o vincula ao compromisso com a promoção da
igualdade, formal e material. Assim, uma educação para a cidadania só pode ter como objetivo
promover a igualdade, e não estabelecer distinções sociais. Se a qualidade de seu produto
deve ser mensurada, o melhor parâmetro não é o êxito privado e individual em certas
competências, mas a relevância social de sua ação.
A Revista Escola já publicou diversas matérias em edições distintas mencionando
que os grandes pensadores tiveram bastante influência na educação, pois com suas ideologias
fez com que chegássemos a uma pedagogia diferenciada. Contudo, Sócrates menciona que o
papel do mestre é, então, o de ajudar o educando a caminhar nesse sentido, despertando sua
cooperação para que ele consiga por si próprio iluminar sua inteligência e sua consciência.
Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimento, mas alguém que desperta
os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função
iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que
contesta os argumentos dos alunos. Para o filosofo, só a troca de idéias da liberdade ao
pensamento e a sua expressão condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser
humano. (CARVALHO, 2003).
Platão primeiro pedagogo, não por ter concebido um sistema educacional para seu
tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo
final da educação para o filosofo era a formação do homem moral vivente em um Estado
justo. A educação, segundo a concepção platônica, visava a testar as aptidões dos alunos para
que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser
governantes.
Essa era a finalidade no sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a
renuncia do individuo a favor da comunidade. O processo era longo porque Platão acreditava
que o talento e o gênio só se revelam aos poucos. Karl Marx diz que a educação participa do
processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo
processo. Na base do pensamento de Marx está é a ideia de que tudo se encontra em constante
processo de mudança. Paulo Freire acreditava que a educação tem papel imprescindível no
processo de conscientização e nos movimentos de massas. Por considerá-la desafiadora e
transformadora, mostra que para alcançá-la são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a
convivência. Educador e educando se movimentam no mesmo cenário, mas as diferenças
entre eles acontecem “numa relação em que a liberdade do educando não é proibida de
exercer-se.” (CARVALHO, 2003). Essa opção não é apenas pedagógica, mas, sobretudo,
política, o que faz do educador um político e um artista, jamais neutro.
Na sua concepção, a educação é um momento do processo de humanização, um ato
político, de conhecimento e de criação. Portanto, educação implica no ato do conhecer entre
sujeitos conhecedores, e conscientização é ao mesmo tempo uma possibilidade lógica e um
processo histórico ligando teoria compráxis numa unidade indissolúvel.
O psicomotricista argentino Levin (2005) afirma que, ao colocar o corpo e os gestos
no centro do desenvolvimento infantil, os estudos sobre psicomotricidade estão ajudando a
pedagogia a renovar-se e a definir novos princípios para o ensino. Suas primeiras linhas
começaram a ser traçada pelo psicólogo e filosofo francês Henry Wallon (1879-1962) em
meados dos anos de 1920, quando ele introduziu a ideia de que o movimento do corpo tem
caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa. Na década de
1950, a psicomotricidade ganhou um campo definido de pesquisa. O psiquiatra Julian de
Ajuriaguerra, considerado o pai dessa nova área de conhecimento, definiu a como sendo a
ciência da saúde e da educação, visando a representação e a expressão motora.
Hoje, o psicólogo e professor de educação física, o argentino Esteban Levin é um
dos pesquisadores que mais contribuem com seus estudos desse campo. O corpo, os
movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na aprendizagem e na
formação geral do adulto. Ele explica como o educador pode explorar a agitação natural da
criança para ensiná-la a ler e a escrever, para alfabetizá-la. Outro exemplo no caso dos adultos
e a prática de exercícios físicos (LEVIN, 2005).
Sabemos que toda convivência humana é direta ou indiretamente cunhada pelo
direito. Diante dessa vertente, o cenário atual das diversidades culturais e sociais vem
crescendo, seja através de ativismo ou políticas publicas sociais.
O direito de ter direitos é uma conquista da humanidade. Da mesma forma que a
anestesia, as vacinas, o computado, a máquina de lava, a pasta de dente, o transplante do
coração.
Foi uma conquista dura. Muita gente lutou e morreu para que tivéssemos o direito
de votar. E outros batalharam para você votar aos dezesseis anos. Lutou-se pela ideia de que
todos os homens merecem a liberdade e de que todos são iguais diante da lei.
É muito importante entender bem o que é cidadania. É uma palavra usada todos os
dias e tem vários sentidos. Mas hoje significa, em essência, o direito de viver decentemente.
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la, ou seja, sua capacidade
cognitiva de pensamento, abstração, raciocínio, memória, linguagem capacidade de resolução
de problemas, até mesmo a inteligência intelectual e criatividade.
É poder votar em quem quiser sem constrangimentos. É processar um médico que
cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito
de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania, como,
por exemplo, respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir
telefones públicos. Por trás desse comportamento, está o respeito à coisa pública.
O processo civilizatório, educacional e ideológico vem passando por muitas
transformações ao longo do tempo. Pessoas deram a vida combatendo a concepção de que o
rei tudo podia porque tinha poderes divinos e aos outros cabia obedecer gerando assim medo
e repressão. No século XVIII, a rebeldia a essa situação detonou a Revolução Francesa, um
marco na história da liberdade do homem.
No mesmo século surgiu um país fundado na ideia da liberdade individual: os
Estados Unidos. Foi com esse projeto revolucionário que eles se tornaram independentes da
Inglaterra. Desde então, os direitos foram se alargando, se aprimorando, e a escravidão foi
abolida. Alguém consegue hoje imaginar um país defendendo a importância dos escravos para
a economia?
Mas esse argumento foi usado durante muito tempo no Brasil. Os donos de terras
alegavam que, sem escravos, o país sofreria uma catástrofe. Eles se achavam no direito de
bater e até matar os escravos que fugissem. Nessa época, o voto era um privilégio: só podia
votar quem tivesse dinheiro. E para se candidatar a deputado, só com muita riqueza em terras.
No mundo, trabalhadores ganharam direitos. Imagine que no século passado, na
Europa, crianças chegavam a trabalhar até quinze horas por dia. E não tinham férias.
As mulheres, relegadas a segundo plano, passaram a poder votar, símbolo máximo
da cidadania. Até há pouco tempo, justificava-se abertamente o direito do marido de bater na
mulher e até matá-la.
Em 1948, surgiu a Declaração Universal dos direitos do Homem, aprovada pela
Organização das Nações Unidas (ONU), ainda na emoção da vitória contra as forças
totalitárias lideradas pelo nazismo, na Europa.
Com essa declaração, solidificou-se a visão de que, além da liberdade de votar, de
não ser perseguido por suas convicções, o homem tinha direito a uma vida digna. É o direito
ao bem-estar. (ONU, 1948).
A onda dos direitos mudou a cara e o mapa do mundo neste final de milênio.
Assistimos à derrocada dos regimes comunistas, com a extinção da União Soviética. Os países
do Leste europeu converteram-se à democracia.
A América Latina, tão viciada em ditadores, viu surgir na década de 80 uma geração
de presidentes eleitos democraticamente.
No final da década de 80 e início da década de 90, na África do Sul desfez-se o odioso
regime de segregação racial - o apartheid.
Nossa história está marcada pela violência dos poderosos contra os mais fracos. Ela
se inicia com o massacre de índios, que até o descobrimento não sabiam o que eram fome e
desigualdade social. Até hoje, entre os índios não se conhece a figura do menor abandonado.
Mas eram vistos pelos colonizadores como seres inferiores.
Para o colonizador português, os índios eram preguiçosos. E o Brasil entrou na rota da
escravidão negra. O escravo não era, juridicamente, considerado ser humano, apenas um
instrumentumvocalis, que em latim significa instrumento que fala.
Escravo era coisa, não gente. O Brasil foi a última nação independente a acabar com
a escravidão. Isso deixou marcas profundas na cultural nacional, na forma de as pessoas
encararem o mundo.
É um dos ingredientes para se entender como ainda hoje são cometidos tantos
assassinatos no campo, em sua maioria impunes.
No século passado, o marquês de Maricá, que foi senador e ministro, dizia: “Vejo
como a sociedade é bela. Fez os homens de pele branca para repousar à sombra e os de pele
negra para labutar ao sol.” (DIMENSTEIN, 1994, p. 57).
A nobreza portuguesa, instalada aqui, estimulou a vinda de europeus, para, entre
outros motivos, “embranquecer o sangue do povo brasileiro.” (DIMENSTEIN, 1994, p. 57).
Historicamente a questão do menino de rua aparece como consequência direta da
escravidão. Em 1906, o chefe de polícia do Distrito Federal (Rio de Janeiro) já se mostrava
incomodado: existem nesta capital, disseminados por todos os pontos, numerosos menores do
sexo masculino que, sem amparo e proteção, sem recursos, portanto, que lhes proporcionem
subsistência, entregam-se à prática de delitos e vícios.
Esses meninos eram filhos de escravos. Por falta de instrução e qualificação, eles
tinham dificuldades para encontrar espaço no mercado de trabalho. O ensino básico era ainda
mais limitado do que atualmente.
Era tamanha a dificuldade que, em 20 de junho de 1888, pouco mais de um mês após
a promulgação da Lei Áurea, que libertou os escravos, o Parlamento assinava o decreto de
Repressão à Ociosidade. Esse decreto visava a atacar os "vadios" de rua.
A saída apresentada para a infância carente era o isolamento. Junto com o decreto,
foram criados asilos correcionais para crianças e adolescentes. O número de indivíduos
aprisionados, em sua imensa maioria negros, mostra que crianças e adolescentes foram
levados à delinqüência. No Rio, houve época em que se prenderam mais crianças do que
adultos.
Uma das heranças da escravidão é o preconceito contra negos e mulatos, cuja
imagem, entre policiais e parte da população, é ligada à delinquência. Um policial em São
Paulo chegou a dizer: “para mim, todo negro em carro novo é suspeito. E se correr, eu atiro.”
(DIMENSTEIN, 1994, p. 59). Preparado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), um
documento sobre violência policial prova o preconceito contra negros. Qualquer um que já
tenha presenciado uma batida policial sabe que negros e mestiços são revistados e agredidos
pela polícia, numa porcentagem claramente superior à sua presença relativa na população.
2.1 Objetivo geral
Verificar a aplicação da Políticas educacionais que promovem a emancipação do
sujeito na gestão educacional nas escolas da Cidade de Araguaína - TO: uma visão cultural e
territorial.
2.2 Objetivos específicos
Identificar os aspectos didáticos pedagógico que levam a tolerância e o
respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de
nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir a qualidade de seres humanos;
Demonstrar que a educação deve visar a contrariar as influências que levam ao
medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver sua capacidade de exercer
um juízo autônomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos;
Relacionar a gestão educacional com sustentáculo dos direitos humanos, do
pluralismo (inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito;
Compreender que o processo educacional liberta e praticar a tolerância não
significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer
concessões a respeito.
JUSTIFICATIVA
A pesquisa é de grande relevância, pois destaca a educação como o alicerce de uma
sociedade digna desenvolvida e equilibrada, partindo de uma concepção de currículos de
história na educação básica como um texto ou narrativas historicamente situados de poder na
construção dos saberes que envolvem o processo de ensino aprendizagem, é possível iniciar
o debate com a noção de que as narrativas e perspectivas construídas nas salas de aula
constituem matéria prima fundamental para a formação das identidades sociais dos
estudantes.
PROBLEMATIZAÇÃO TEÓRICA
Qual o desafio para a educação básica passar por transformações ao longo do tempo,
como igualdade e diferença que vêm tendo como um de seus principais objetivos analisar a
problemática no âmbito educacional, discutir apontamentos teóricos que nos permitam pensar
em gênero, currículo e ensino de História.
A educação para a tolerância deve visar a contrariar as influências que levam ao
medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver sua capacidade de exercer
um juízo autônomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos.
A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas
convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o fato de que
os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico,
de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm
o direito de viver em paz e de serem tais como são. Significa também que ninguém deve impor
suas opiniões a outrem.
A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo (inclusive o
pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito.
Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as normas enunciadas
nos instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos.
Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa
tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a
respeito.
A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de
tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana
e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada
para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos
indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.
5 METODOLOGIA
É cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área de educação vêm
demonstrando pelo uso das metodologias qualitativas. Apesar da crescente popularidade
dessas metodologias ainda parecem existir muitas dúvidas sobre o que realmente caracteriza
uma pesquisa qualitativa, quando é ou não adequada utilizá-la e como se coloca a questão do
rigor científico nesse tipo de investigação. Outro aspecto que também parece gerar ainda
muita confusão é o uso de termos como pesquisa qualitativa, etnográfica, naturalística,
participante, estudo de caso e estudo de campo, muitas vezes empregados indevidamente
como equivalentes.
Em seu livro A Pesquisa Qualitativa em Educação Bogdan e Biklen (1982) discutem
o conceito de pesquisa qualitativa apresentando cinco características básicas que configuram
esse tipo de estudo:
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os dois autores a pesquisa
qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação
que está sendo investigada via de regra, pelo trabalho intensivo de campo.
Por exemplo, se a questão que está sendo estudada é a da indisciplina escolar, o
pesquisador procurará presenciar o maior número de situações em que esta se manifeste, o
que vai exigir um contato direto e constante com o dia a dia escolar.
Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido
nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui
transcrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui transcrições de entrevistas e de
depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de documentos.
A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.
O interesse do pesquisador ao estudar determinado problema é verificar como ele se
manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. Por exemplo, numa
pesquisa das práticas de alfabetização na escola púbica, Kramer e André (1984) mostraram
como as medidas disciplinares de sala de aula serviam ao propósito de organização para o
trabalho e como isso interferia no "clima" de sala e no envolvimento das crianças nas tarefas
propostas. Essa complexidade do cotidiano escolar é sistematicamente retratada nas pesquisas
qualitativas.
O “significado” que as pessoas dão as coisas e sua vida são focos de atenção
especial pelo pesquisador.
A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores
não se preocupam em buscar evidencias que comprovem hipóteses definidas antes do início
dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos
dados num processo de baixo para cima.
O método qualitativo será utilizado para criar um cenário educacional voltado para
que sinalize as melhorias da nova gestão educacional, benefícios e malefícios, no que
contribuiu e o que deixou de contribuir. O método quantitativo será utilizado na pesquisa de
inúmeros trabalhos que abordam a evolução histórica para serem discutidas na Políticas
educacionais que promovem a emancipação do sujeito na gestão educacional e narrativas de
saberes crítico e procedimentos de gestão cultural e territorial , também de livros que
contenham informações pedagógicas atualizadas e de artigos de mestres e doutores, para
analisar a visão dos mesmos, do desenvolvimento da gestão pedagógica educacional no
Brasil em Araguaína.
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ago. 2019.
O TRABALHO ESCRAVO E AS FORMAS DE COMBATE PARA SUA
ERRADICAÇÃO NO BRASIL
Luciana Angel Lima Gomes
Ana Chrystinne Souza Lima
Uallace Carlos Leal Santos
Eugênio Bandeira de Souza Neto
RESUMO
O trabalho escravo é existente desde os primórdios da humanidade, um câncer que foi
evoluindo no decorrer dos anos e que até hoje encontra-se presente na sociedade, cabendo
ao Estado assim dispor de normas e métodos para sua erradicação. Pretende-se então no
presente estudo, como objetivo geral demonstrar mais a existência contemporânea da
escravidão, adentrando mais especificamente na sua tipificação como ilegalidade, o cenário
atual dessa ilicitude e demonstrar as estratégias governamentais que visam sua erradicação.
Será que o trabalho escravo foi verdadeiramente abolido? A partir desses questionamentos
foram levantadas inúmeras referências bibliográficas, utilizando-se de métodos de pesquisa
qualitativos e descritivos, oportunizando na melhor visualização do que é o trabalho escravo
contemporâneo e na importância de seu combate efetivo. Um estudo afim de demonstrar um
problema ainda existente, com suas alterações, mas que de acordo com os dados, necessita
ainda, de um combate assíduo e competente.
Palavras-chave: Contemporâneo. Lei. Trabalho escravo. Erradicação.
1 INTRODUÇÃO
A realização do presente estudo dependeu de inúmeras iniciativas para ser
efetivado, mas a principal delas foi a motivação em investigar um tema que para alguns
é tratado e exercitado com normalidade, já para a maioria causa perplexidade e indignação
por ser histórica e atualmente desenvolvido através de atos tão desumanos.
A história da sociedade é coberta de conquistas, ensinamentos, mas ainda cheia de
dúvidas e problemas; um desses problemas que suplica por respostas é a exploração do
trabalho humano em relações análogas à escravidão.
Há mais de um século , a Lei nº 3.353 de 13 de maio de 1888 aboliu definitivamente
Bacharela em Direito pelo UNITPAC,[email protected] Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione,
[email protected] Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom
Orione,[email protected] Graduando em Direito, [email protected]
a escravidão no Brasil. Desde então, diversos legislados surgiram afim de reforçar essa
abolição, mas essa proscrição jurídica da escravidão, não têm sido suficiente no
impedimento da exploração do trabalho escravo. Embora a escravidão contemporânea
seja diferente daquela abolida pela Lei Áurea, as práticas atuais também ferem a dignidade
da pessoa humana, ocorrendo na transformação da decrépita imagem do homem-coisa no
homem coisificado, um fato incontestável e que precisa ser além de observado, combatido
de forma mais efetiva.
2. TRABALHO ESCRAVO NO MUNDO
O Trabalho é tão antigo quanto o homem, a transformação da humanidade em todos
os grupos, conjuga-se com a evolução trabalhista, historicamente teve sua origem na busca
humana de formas de satisfazer suas necessidades biológicas de sobrevivência.
Nos tempos mais antigos, povos sem Estados viviam somente da caça, da pesca,
da coleta de frutos e do cultivo no solo. Produziam apenas o suficiente para própria
subsistência, a terra e os frutos pertenciam a todos que faziam parte do grupo.
[...] a escravidão surgiu no final do Período Neolítico e no início da idade dos
Metais, por volta do ano 600 a. c., com a descoberta da agricultura, quando o homem deixou de ser nômade para se fixar à terra. Tal fato, conhecido como
Revolução Agrícola [...] (SILVA, 2010, p. 81).
Com o crescimento da população e o desenvolvimento da agricultura suas necessidades
foram aumentando, elevando a necessidade de se produzir mais alimentos, e assim com o
aumento da produção houve a necessidade de mais ajuda na mão de obra, e mais áreas de
cultivo.
Braga (2015, p. 33), brilhantemente dispõe em sua obra que:
As necessidades humanas foram a principal alavanca para o desenvolvimento de
atividades hoje caracterizadas como funções laborais. A especialização dos ofícios
e o gradativo desequilíbrio de poder - em diversas instâncias - sobrepôs a voz de
uns a de outros.
De modo que, as relações de forças entre os grupos se davam pela conquista de mais
terreno e mão de obra e assim os grupos vencedores passaram a aprisionar os mais capazes
do grupo conquistado e a impor a conjuntura de servos obrigando-os a trabalhar, dando início
a escravidão por força. “A princípio, a escravidão consistia em um meio de subjugação do
vencedor sobre o vencido, como consequência direta das guerras que os diversos povos
travavam entre si’. (SILVA, 2010, p. 82) .
Silva (2010, p. 82-83) demonstra algumas formas de escravidão:
[...] era tida como uma condição juridicamente impura, assumindo, com
frequência, a forma de servidão por dividas ou de trabalho decorrente da
subjugação do vencido pelo vencedor dentre outras formas de servidão,
constituindo, um fenômeno residual que figurava à margem da principal força
de trabalho rural.
Além das formas salientadas pelo referido autor, a escravidão que também pode ser
denominada de escravismo, escravagismo ou escravatura, é quem ou aquele que privado
de liberdade está submetendo a vontade de outrem, adquirindo os direitos de propriedade,
por meio de força, transformando em escravo por ser prisioneiro de guerra; por pertencer
aos povos inimigos ou ser considerados inferiores; por se oferecer como escravo em troca
de alimentos ou bens para sua família ou comunidade; ou por contrair dívida, que seria paga
com o trabalho por tempo determinado ou por toda a vida para ser serviçal, servo, criado,
que só vive para o trabalho. Se tornando comum e sendo aceita pelo mundo.
2.1 O desenvolvimento do trabalho escravo no território Brasileiro
Com a chegada dos portugueses em 1500 no território que inicialmente se
denominava Santa Cruz de Cabrália que ulteriormente viria a ser chamado de
Brasil, a escravidão em grande escala foi trazida por eles, e passou a fazer parte história
brasileira. (SILVA, 2010).
Antes dos portugueses levarem os africanos escravizados para o Brasil, tentaram
escravizar os nativos indígenas que aqui já viviam, os tupis, guaranis e diversos outros
povos. O modo que esse escravismo era implementado de forma involuntária e por meio
de força, para utilizarem sua mão de obra, vindo a ser destruído os costumes a e cultura do
povo indígena e conseguintemente tirando- lhes a liberdade. (SILVA, 2010).
Contudo, houve uma grande resistência a escravidão, os índios estavam
acostumados com liberdade e não aceitavam o trabalho compulsório, e o fato dos
indígenas conhecerem as matas e todo o território e os portugueses não, os ajudou a
fugirem e se refugiarem para localidades mais remotas, foi um de suma importância o
conhecimento do solo.
Silva (2010, p. 99) aponta que
A partir de então, os colonizadores trataram de expulsar os indígenas de
grandes porções de terras por eles ocupadas [...] A guerra e o extermínio
indiscriminados foram consequências inevitáveis, apesar de a Coroa e os
jesuítas terem se empenhado em disciplinar [...] e a impor algumas regras de
convivência que salvassem da destruição completa o patrimônio populacional
representado pelos índios. (
Com essa não-submissão os portugueses foram submetidos a buscar quem fizesse
o que os indígenas não queriam fazer, foram em busca dos negros já que os escravos
africanos estavam acostumados com a escravidão e a exploração, não havia nenhum tipo
de resistência como tinha dos índios.
Os escravos não conheciam as terras brasileiras e isso inicialmente ajudou os
portugueses a conter as fugas dos africanos, visto que esses indivíduos já sobrevinham a
passar pelos traumas de serem retirados de sua terra de sua gente e cultura e isso já os
deixavam mais fragilizados. No entanto, não demorou para que percebessem que dali para
frente eles seriam explorados sem nenhuma humanidade e como mercadorias, uma
propriedade em que seu dono dispõe da sua vida. (SANTOS, 2012).
Já no Brasil, os escravos foram base da economia e de suma importância para o
desenvolvimento do país, com a participação dos escravos em todos os grandes ciclos
trabalhistas, vinham a trabalhar na lavoura de cana de açúcar, nas fazendas de café, na
mineração e criação.
Na história da escravidão no Brasil os escravos:
[...] eram também obrigados a construir e reparar cercas, cavar fossos, consertar
estradas e pontes, prover a casa-grande de lenha, reparar os barcos e os carros
de boi, pastorear o gado, cuidar do pomar e das criações dos senhores. Além
disso, tinham que providenciar parte do seu próprio alimento caçando,
pescando ou cuidando da própria roça. (ALBUQUERQUE, FRAGA, 2006
apud SANTOS, 2012, p. 24).
O sucesso do tráfico negreiro significava uma mão de obra já conhecida
“[...]motivo para a preferência pelo trabalho escravo negro, no entanto, relacionava-se ao
interesse econômico, já que o tráfico de escravos africanos interessava não só aos
traficantes, quanto a própria coroa portuguesa”. (SILVA, 2010, p.100).
Após essa intensificação do comércio interno, começaram a surgir vários
movimentos antiescravistas, um dos mais conhecidos contra a escravidão ocorreu graças
a um compromisso entre os nacionalistas, liberais e anticolonialistas, movimento este que
foi conduzido por Joaquim Nabuco, viabilizando a aprovação de algumas normas que
ajudaram o país a abolir a escravidão. (SILVA, 2010).
Com o Decreto nº 3.270 de 28 de setembro de 1855 cognominado de Lei dos
Sexagenários101, instituiu a lei que garantia a liberdade daqueles escravos que possuíam
mais de 60 anos de idade, porém estes escravos não ficavam livres instantaneamente,
devendo estes ainda, trabalhar para seus senhores por cerca de três anos, em forma de
ressarcimento pela alforria, havendo também a contingencia dos que completassem 65
anos de idade, que ficariam livres sem precisar de nenhuma forma de ressarcimento.
(SILVA, 2015).
A Lei de nº 2.040 de 28 de setembro de 1871 denominada de Lei do Ventre Livre2
que foi assinalada pela Princesa Isabel e que garantia a liberdade aos filhos de escravos
que nasceram desde a data da instituição da lei. A partir desta lei ficariam sob incumbência
de seus senhores e das mães até que completassem oito anos, podendo o Estado indenizá-
las ou servir-se de seus serviços até que completassem a maioridade, que seria vinte e um
anos. (SILVA, 2015).
É valido citar também o Decreto de nº 2.820 de 22 de março de 1879, conhecida
como Lei Sinimbu, que abrangia em seus 180 artigos além de matéria penal, os contratos
de trabalhadores libertos nacionais e estrangeiros na agricultura, ademais a locação de
serviços, as cooperações agrícolas e pecuárias, aduzindo também disposições
antigrevistas ou outras resistências coletivas de trabalho. (SILVA, 2010).
Silva (2010, p. 103-104) demonstra outras iniciativas para a erradicação do
trabalho escravo no mundo e consequentemente no Brasil:
[...] contribuindo para essa mudança a proclamação de independência dos
Estados Unidos, que continha uma Declaração dos Direitos do Homem,
afirmando a igualdade de todos os indivíduos; a Revolução Francesa, de 1789,
que exaltou os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade; e a Revolução
Industrial inglês, que ensejou a utilização da máquina e, por consequência o
aumento considerável da produção de manufaturas, levando os economistas a
defenderem o trabalho livre.
Essas normas foram um importante passo para que enfim fosse editada lei que
viesse a realmente abolir o trabalho escravo no Brasil. De modo que é valido ressaltar que
10 Embasada por Joaquim Nabuco e corroboração de José Saraiva que também se denominada de Lei
Saraiva-Cotegipe. (SILVA, 2015).
o Brasil foi o último país do ocidente a abolir a escravidão. (SILVA, 2010).
Como salientado, o trabalho escravo no Brasil transmuta-se com a transformação
social, mas influenciado pelo desenvolvimento mercadológico internacional, um dos seus
apogeus para a desconstrução da figura de um país de escravos foi com a promulgação da
Lei Áurea.
3 A TIPIFICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO, A SUA CONSTRUÇÃO COMO
FORMA DE TRABALHO ANÁLOGO A ESCRAVIDÃO, E AS GARANTIAS
INTERNACIONAIS QUE INVIABILIZAM A SUBJULGAMENTO DO HOMEM
A TAIS CONDIÇÕES
Decorrido tantos anos de escravidão, o trabalho escravo passou a ser um objeto de
debate mundialmente, visando o combate do trabalho forçado ou escravo, foram adotadas
medidas de caráter nacionais e internacionais, com o ideal comum para todas as nações,
de estabelecer os direitos fundamentais do ser humano foram instituídos alguns
instrumentos internacionais.
Em 1924, a Liga das Nações Unidas (que viria a dar lugar a atual Organizações das
Nações Unidas) estabeleceu uma Comissão Temporária da Escravatura, a primeira
convenção sobre a escravidão ocorrendo em 25 de setembro de 1926 e foi efetivada em 9
de março de 1927 que terminava com a escravidão e o trabalho forçado, estabelecendo a
tipificação da condição análoga à escravidão. (BRAGA, 2015, p. 9).
A Convenção de Nº 29 que foi adotada pela Conferência Geral da Organização
Internacional do Trabalho sobre o Trabalho Forçado, de 1930 adotada pela Conferência
Geral da Organização Internacional do Trabalho dispondo sobre a erradicação de todas as
formas possíveis do trabalho forçado ou obrigatório. (BRAGA, 2015, p. 9).
No dia 24 de outubro de 1945, depois de alguns anos de tentativa foi consolidada o
documento mais importante de organização mundial, o tratado foi assinado por cinquenta
membros e estabeleceu A Carta das Nações Unidas. Já em 1948 composta por cinquenta
e oito Estados-membros a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, e em seus trinta artigos a carta lista os direitos básicos
do ser humano. (BRAGA, 2015, p. 9).
Não podendo deixar de incluir como um grande instrumento internacional, a
convenção de 1969 que trouxe como proposito a proibição da escravidão e limitou o uso
do trabalho forçado entre os estados americanos signatários da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos - CADH, também conhecida como Pacto de São José da Costa
Rica, sendo ratificado pelo Brasil em setembro de 1992. (BRAGA, 2015, p. 9).
4. ESTRATÉGIAS DO GOVERNO PARA O COMBATE DO TRABALHO
ESCRAVO NO BRASIL
De início é interessante ressaltar que, o Brasil foi um dos vinte nove fundadores e
signatários que aprovou o Tratado de Versailles na Conferência da Paz em 1919 que assim
fundou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tendo como desígnio a promoção
da justiça social, e princípios gerais para nortear a política da Sociedade das Nações no
campo do Trabalho, de modo que ela é uma organização não-governamental e não tem
fins lucrativos. (NASSER, 2008).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), no decorrer dos anos, institui
normas que aludam sobre liberdade de associação, políticas sociais, emprego, condições
de trabalho, relativas a trabalho em industrias e suas administrações, previdência social,
entre outras normas relativas ao trabalho, objetivando principalmente a promoção dos
princípios fundamentais e direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisão e
aplicação das normas, visando promover as melhores oportunidades de emprego e renda
para todos, com a livre escolha nem descriminação a sua dignidade, propondo-se a
aumentar a eficácia social e fortalecendo o diálogo entre os trabalhadores, empregadores
e líderes de governo, de modo que seus membros signatários tendem a adotar suas
convenções e recomendações. (NASSER, 2008).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em conjunto com o Brasil, atua
na elaboração e implementação de projetos, programas e atividades de cooperação,
visando o aprimoramento das normas e relações trabalhistas, das políticas e programas de
emprego e formações profissionais dentre a proteção social, e projetos de combate ao
trabalho escravo no Brasil. (NASSER, 2008)
O trabalho escravo viola direitos e retira a dignidade da pessoa humana, de modo
que é essencial a sua erradicação, e mesmo após a Lei Áurea de 1888 declarar a abolição
do trabalho escravo no Brasil, ainda hoje são identificados muitos casos, depois que o
país admitiu a sua existência, tem se corroborado preocupação com a violação aos direitos
humanos do trabalhador. (JAGER, 2012).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o levantamento desse estudo foi possível discutir tal problemática, entretanto
não basta apenas constatá-lo, é necessário a existência de soluções exequíveis ao Estado,
medidas essas que foram apresentadas, mas que de acordo com os dados atuais, precisam
ainda, de melhorias.
De um modo geral, houve uma evolução nas medidas protetivas ao trabalhador,
entretanto ainda se vê a necessidade de uma evolução no cumprimento ativo dessas
medidas; necessitando desta forma de mais profissionais no combate à erradicação do
trabalho escravo, mais fiscalização das condições de trabalho e órgãos verdadeiramente
aptos e dispostos a realizar essa erradicação.
A pesquisa em questão, não possui pretensão de chegar a resultados, mas sim
discutir as questões levantadas e abordadas, através das análises históricas,
antropológicas, sociais, culturais e jurídicas que envolve o tema do subjugalmento a
condições análogas ao trabalho escravo. Observa-se que a submissão a tais condições,
não apenas retira do homem o seu direito social, precípuo no artigo 6º da Constituição
Federal (garantia de segunda geração, que mobiliza direitos de igualdade) no tocante a
prática do labor, mas o subjulga a uma condição degradante e desumana, destoando da
base principiológica estabelecida na esfera humanitária, há inúmeras consequências na
prática análoga à escravidão, sendo uma forma prejudicial a prática laboral e o sustento
humano, o objetivando e coisificando o ser.
Por outro lado, as políticas para inviabilização de tal prática ainda são frágeis e
escassas, a subnotificação do delito demonstra a precariedade de medidas que reprimam
tal situação, e também uma omissão estatal, além de demonstrar uma mácula humana na
perpetração das tais atividades.
REFERÊNCIAS
BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Formas Contemporâneas de Trabalho Escravo 164p.
(Pós-Graduação em Direito). São Paulo, UNESP, 2015. Disponível em:
http://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/Direito/e- book-gt1b-final.pdf. Acesso: 15
out. 2019.
JAGER, Marianna Fraga. O Trabalho escravo no Brasil. 59f. Monografia para o curso de
bacharelado em Direito. Brasília-DF, UNICEUB, 2012. Disponível em:
http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/533/3/20713431_Marian
na%20Jager.pdf. Acesso em: 20 abr.2018
NASSER, Raquel Gomide. TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL: AS
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DO TRABALHO, 50 F. (Monografia para bacharel em Comunicação Social) Centro
Universitário de Brasília – UniCEUB, 2008. Disponível em:
http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/2051/2/20561819.pdf.
Acesso: 14 out. 2019.
SANTOS, Ronaldo Lima dos. A escravidão por dívidas nas relações de trabalho no
Brasil contemporâneo. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região,
Campinas, SP, n. 24, p. 131-149, jan./jun. 2004. Disponível em:
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SILVA, Heitor Carvalho. Escravidão pós Lei Áurea: a luta pela erradicação.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/40437/escravidao-pos-lei-aurea-a-luta- pela-
erradicacao. Acesso em: 10 out. 2019.
SILVA, Marcello Ribeiro. Trabalho análogo ao de escravo rural no Brasil do século
XXI: novos contornos de um antigo problema. 280p. (Mestrado em Ciências Sociais
Aplicadas - Direito) Goiás, UFG, 2010. Disponível em:
http://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tde/1483/1/dissertacao%20marcello%
20r%20silva%20-%20direito%20agrario.pdf. Acesso: 16 out. 2019.