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FÓRUM CIENTÍFICO DA FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE 25, 26 outubro de 2019 ANAIS ARAGUAÍNA/TO 2019

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FÓRUM CIENTÍFICO DA FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE

25, 26 outubro de 2019

ANAIS

ARAGUAÍNA/TO

2019

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FACDO - FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE

FÓRUM CIENTÍFICO DA FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE

Anais

ISBN: 1982-2308

25, 26 de outubro de 2019

ARAGUAÍNA/TO

2019

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FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE

Diretoria Acadêmica: - Pe. Eduardo Seccatto Caliman

Supervisão do Núcleo de Extensão e Iniciação Científica - NEIC: Nilsandra Martins de

Castro

COMITÊ ORGANIZADOR DO FÓRUM CIENTÍFICO

Deusamara Dias Barros Vaz

Elisangela Silva de Sousa Moura

Geraldo Alves Lima

Maria das Graças Aires de Medeiro Andrade

Nilsandra Martins de Castro

Mirian Aparecida Deboni

COMISSÃO AVALIADORA DE TRABALHOS

Mirian Aparecida Deboni

Nilsandra Martins de Castro

Organizadores Responsáveis pelos Anais do Fórum Científico: Nilsandra Martins de

Castro e Mirian Aparecida Deboni.

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Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Eduardo Ferreira da Silva CRB-2/1257

F692

Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione, 10, Araguaína, TO, 2019. Anais do Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione / Faculdade Católica Dom Orione, 25 e 26 de outubro de 2019 / organizado por Nilsandra Martins de Castro; Mirian Aparecida Deboni -- Araguaína: FACDO, 2019. ISBN: 1982-2308

1. Conhecimento 2. Interdisciplinaridade 3. Pesquisa I. Castro, N.M. II. Deboni, M.A. III. Título IV. Anais do Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione

CDD 371.3

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APRESENTAÇÃO

O Fórum Científico da Faculdade católica Dom Orione é um evento

tradicionalmente organizado pela Coordenação do Núcleo Extensão e Iniciação

Científica da Católica – NEIC, que visa problematizar questões ligadas aos Cursos

de Administração, Direito, Gestão Financeira, Gestão Hospitalar e Psicologia da

referida Instituição de Ensino Superior. O Fórum em questão ocorreu nos dias 25 e

26 de outubro de 2019, na Faculdade católica Dom Orione - FACDO.

O Fórum Científico da FACDO reuniu, como de costume, conferências,

mesas-redondas, oficinas, apresentações de comunicações de acadêmicos e

pesquisadores de diferentes áreas e instituições.

Acreditamos que este evento é um espaço de grande valia para o debate

de conhecimento e aprendizagem, pois propicia ao acadêmico, bem como a

comunidade externa, um (re)pensar acerca da ciência e das diferentes formas de

se fazer pesquisa nas distintas áreas. O Fórum Científico, por fim, busca imprimir

em nossos acadêmicos uma maior responsabilidade ética e social que acreditamos

ser conquistada, primordialmente, através do conhecimento científico.

Nilsandra Martins de Castro

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PROGRAMAÇÃO FÓRUM CIENTÍFICO CATÓLICA ORIONE

- Dia 25 de outubro de 2019 (sexta)

MANHÃ: OFICINAS

Oficina 1

8h30min às

10h30min

Gestão de Tempo Prof. Me. Mirian Mendes

Costa – Católica Orione

Oficina 2 8h30min às

10h30min

Violência doméstica e Lei Maria da

Penha: o aumento do índice de

crimes contra a mulher

Dra. Ana Maria Barros

Varjal - Delegada Titular

da Delegacia da Mulher

de Araguaína

Oficina 3 8h30min às 10h30min

Moderna visão do Inquérito

Policial e sua importância para o

Sistema Processual Penal

Prof. Esp. Luís Gonzaga -

Católica Orione/Delegado de Polícia Civil no Estado do

Tocantins

Oficina 4

8h30min às 10h30min

Inquérito Policial Prof. Esp. Fernando

Rizerio Jayme – Católica Orione/

Delegado de Polícia Civil

no Estado do Tocantins

Oficina 5

8h30min às 10h30min

Arteterapia Helde Moura Cardoso

Martins -

Clinica Mundo Autista

VESPERTINO: OFICINAS

Oficina 1

15hàs 17h

Os desafios da escolha

profissional

Profº. Me. Gilson Gomes

Coelho – Católica Orione

Oficina 2

15hàs 17h

Eficácia na pesquisa Online

Profº. Esp. Nilo Marinho

Pereira Junior – Coordenador Geral das

Bibliotecas da UFT

Araguaína

Oficina 3 15hàs 17h

Musicoterapia Luciana Matos Pereira

Brito e Ivoneide Alves da

Silva Brito

(Clinica Mundo Autista)

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Oficina 4

15hàs 17h

Defensoria Pública: atuação

interdisciplinar no âmbito da

família

Dra Téssia Gomes

Carneiro -

Defensora Pública

Oficina 5 15hàs 17h

Ética aplicada Prof. Me. Geraldo Alves

Lima – Católica Orione

Oficina 6

15hàs 17h

Narrativas Cinematográficas

contemporâneas: as distopias e

as percepções ecológicas na era

da globalização

Prof. Nádia Regina

Stefanine e Prof. Marlon

Magno Rangel Cardoso –

Católica Orione e Colégio

Santa Cruz

19h: Abertura oficial do evento com pronunciamentos da Direção da Católica

Orione e Responsável pelo NEIC.

19h30 Mesa Redonda – Os desafios do Pesquisador no séc. XXI

Composição:

Dra. Adalgisa Rodrigues de Andrade (USP)

Dr. José Wilson Rodrigues de Melo (UFT)

Me. Fernando de Freitas (USP)

- Dia 26 de setembro de 2019 (sábado)

Manhã

8h30min às 12h – Comunicação de trabalhos oral e exposição de banner

Tarde

14h às 16h Cine FACDO

Capitão Fantástico

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ANAIS

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA AO TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

Adriana Nunes da Cruz

RESUMO

As agências educacionais exercem um papel de suma importância na vida do indivíduo, pois

é a partir da mesma que se estabelece o primeiro contato com práticas educativas e as

habilidades sociais começam a se desenvolverem. Porém dentro do contexto social em que

estamos inseridos ainda há uma falha no sistema de ensino, os déficits de inclusão em escola

regular, a falta de profissionais capacitados, a delimitação de tempo para o aprendizado e o

ensino de forma ritualística são fatores contingentes que contribuem para a não inclusão de

crianças com necessidades especiais em uma rede pública de ensino regular, tornando o

sistema de ensino mais segregador. Entre estas destaca-se crianças com Transtorno do

Espectro Autista (TEA), onde o individuo apresenta alterações qualitativas, dificuldades de

interação social, desenvolvimento da comunicação atrasado e comportamentos

estereotipados e/ou repetitivos. Em uma perspectiva Analítico-Comportamental estes

padrões de comportamento são controlados e mantidos por variáveis ambientais e história

de reforçamento. Mudando-se o ambiente em que o sujeito está inserido propicia uma

mudança em seus padrões de comportamento. Um processo de alfabetização baseado na

Análise do Comportamento Aplicada (do inglês, Applied Behavior Analysis ou ABA), tem

como referência o planejamento de ensino onde cada aluno é visto de maneira

individualizada. Para que haja uma inclusão efetiva de crianças diagnosticadas com TEA é

necessário analisar o comportamento do aluno, o desempenho do mesmo deve ser

comparado sempre com ele mesmo. O comportamento do aluno deve ser observado e

analisado levando-se em conta a sua história de aprendizagem específica e individual nas

contingências de aprendizagem planejadas pela instituição de ensino. O objetivo desse

estudo é explanar como a Análise do Comportamento Aplicada promove variedade de

habilidades sociais, acadêmicas, comunicação e comportamentos adaptativos em crianças

com TEA, dentro do contexto escolar e promovendo a inclusão escolar das mesmas.

Palavras-Chave: ABA. Autismo. Escola. Análise do Comportamento.

Acadêmica de Psicologia da Católica Orione

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A DICOTOMIA ENTRE O GRAFITE E A PICHAÇÃO: UMA ANÁLISE

DOCUMENTAL SOBRE O ORDENAMENTO JURÍDICO E SEUS REFLEXOS

SOCIAIS

Brunno Mauricio Nunes Leal

Helena Mendes da Silva Lima

O presente projeto tem como principal objetivo aprofundar em estudos teóricos sobre a

dicotomia entre o grafite e a pichação, com o direcionamento no embasamento legal do

ordenamento jurídico brasileiro e seus reflexos Sociais. Nessa linha de raciocínio, a

pesquisa em seu escopo busca entender e expor alguns fatos ocorridos no decorrer dos

últimos anos sobre a discriminação tanto por parte da sociedade como também pelas

autoridades que compõem a máquina pública do país que hodiernamente violam princípios

constitucionais por não entender a diversidade cultural do país e o real significado de

cultura. Portanto, com o estudo da constituição da república de 1988, código penal e

bibliografias referente ao assunto supracitado, busco salientar os motivos que levam essa

segregação cultura.

Palavras-chave: Grafite. Ordenamento Jurídico. Discriminação.

Graduando em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em sociologia pela PUCSP, Especialidade em psicopedagogia, Profa Faculdade Católica Orione.

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O IMPACTO PSICOSSOCIAL DA SOLIDÃO NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO

Aline Soares Oliveira

Edilson Barros de Macedo

RESUMO

O referido trabalho tem por finalidade refletir acerca do impacto psicossocial da solidão no

espaço universitário, tendo em vista que muitos estudantes do ensino superior precisam sair

de suas cidades e comunidades para realizar o sonho de fazer faculdade. Nesse contexto, a

ausência da família, mudança de ambiente e a necessidade de construir novos laços

socioafetivos podem ocasionar desajustes emocionais e até sofrimento psíquico. Caixeta

(2011) aponta que a solidão que aflige os estudantes termina por gerar um trancamento de

matrícula, além das condições financeiras no custeio de um curso superior, vulnerabilidade,

conflitos pessoas e relacionais, o adoecimento psíquico. O presente trabalho foi

desenvolvido a partir de revisão bibliográfica constituída de artigos relacionados ao tema,

não tendo sido encontrado publicações que tratem especificamente do mesmo. No entanto,

os artigos analisados mostram que a solidão, aliada a outras questões psicossociais, como

dificuldade de comunicação em público, socialização e as pressões inerentes ao mundo

universitários, quando isenta de acolhimento psicossocial e educacional, podem levar o

discente ao sofrimento psicológico, podendo, inclusive, fazer com que o mesmo a abandone

a universidade. Portanto, trata-se de um tema que merece atenção especial a partir da criação

de políticas públicas pautadas em estratégias que possam minimizar os danos psíquicos ao

estudante universitário diante de uma experiência de solidão.

Palavras-chave: Solidão. Universidade. Sofrimento Psíquico.

Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Psicólogo, mestre em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]

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OS IMPACTOS DA LEI 13.874/2019 NA DESCONSIDERAÇÃO DA

PERSONALIDADE JURÍDICA

Esloane Xavier Matos

Vitória Alves Bailão

Priscila Francisco da Silva (Or.)

RESUMO

Considerando a desconsideração da personalidade jurídica como tema relevante do direito

empresarial, objetiva-se identificar os impactos sofridos após a instauração da Lei

13.874/2019 no campo do Direito. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória por

meio de coleta de dados bibliográficos em livros e artigos publicados no suporte papel e

digital. O referencial teórico utilizado primou pela área do Direito Empresarial e Civil.

Resultados levam a afirmar que a Lei 13.874/2019 trouxe tantos benefícios quanto prejuízos

para os credores e devedores, de modo a concluir que é necessário o desvio de finalidade e

a confusão patrimonial como requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica.

Palavras-chave: Personalidade jurídica. Direito empresarial. Lei 13.874/2019

Graduanda do 7º período do Curso de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do 7º período do Curso de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins/UFT. Professora de Direito Empresarial na Faculdade Católica Dom Orione FACDO. E-mail. [email protected]

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INTERSECÇÃO ENTRE PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E AS PRÁTICAS DO

CONSULTÓRIO NA RUA

Angélica Cabral Oliveira Alves

Luciana Viturina da S Rodrigues

Gilson Gomes Coelho (Or.)

RESUMO

O Consultório na Rua (CnR) é um ramo do Sistema Único de Saúde- SUS, ele é organizado

na forma de rede de atenção à saúde, modelo preconizado no Brasil para conduzir e

direcionar todo o sistema de saúde. É uma política pública localizada na atenção primária

do SUS por isso, recomenda-se como prevenção à saúde psicológica, que correlacionando

à interpretação de Bleger (1984) seria a Psico-higiene propriamente dita. Este artigo teve

como objetivo fazer análise da teoria psicologia institucional na perspectiva do CnR, na qual

a atuação do psicólogo não vem em sentido clínico mas coletivo, tornando a psicologia mais

acessível, abrindo os seus horizontes de conhecimento atuando de forma mais ampla. Além

disso, o leitor ao longo do artigo vai compreender a metodologia utilizada no artigo, a

política nacional envolvida no CnR, seus objetivos e público alvo, etapas preliminares,

operacionalização e a psicologia institucional no CnR.

Palavras-chave: Psicólogo. Consultório na Rua. psicólogo em Saúde Coletiva. SUS.

Acadêmica de Psicologia na Faculdade Católica Dom Orione. Acadêmica de Psicologia na Faculdade Católica Dom Orione Doutorando em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista, campus de Assis. Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá, Professor na Faculade Católica Dom Orione.

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A CRIAÇÃO DE UM BLOGGER COMO ESTRATÉGIA PARA ESTUDAR

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM NO CURSO DE PSICOLOGIA

Ângela Costa do Nascimento

Angélica Cabral Oliveira Alves

Fernanda Barros de Souza

Jaíne Daise Alves dos Santos

Jennifer Souza Santos

Jéssica Nery Macêdo

Stefania Cardoso Brito

Ana Letícia Guedes Pereira (Or.)

RESUMO

Os avanços tecnológicos provocaram mudanças na forma como interagimos com o mundo

a nossa volta e na maneira como nos relacionamos com os demais, a forma como

aprendemos também está passando por modificações oriundas do impacto da tecnologia, o

modelo tradicional de ensino no qual o aluno acompanha passivamente a matéria lecionada

em forma de aulas expositivas pelo professor vem sendo questionado e progressivamente

substituido por um modelo no qual o aluno passa a ser o protagonista de sua aprendizagem.

Nesse contexto, e tendo por objetivo estimular a participação ativa dos alunos em seu

processo de aprendizagem, foi proposto para os estudantes do sexto período do curso de

psicologia a criação de um blogger sobre aprendizagem e dificuldades relacionadas a

mesma. Para a realização dessa atividade, os alunos foram divididos em grupos que ficaram

responsáveis pela produção semanal de textos sobre a temática estudada. Os alunos

sugeriram propostas para dinamizar o conteúdo do blogger, tal como a criação de um espaço

dedicado a entrevistas entre professores a alunos do curso de psicologia sobre

aprendizagem. Os textos produzidos apresentavam um linguajar simples e de fácil leitura,

com embasamento científico para facilitar a compreensão dos navegantes interessados na

temática abordada. Vale citar que os alunos também criaram um perfil no instagram para

impulsionar as publicações do blogger. Através dessa experiência, conclui-se que a

utilização do blogger como ferramenta pedagógica foi essencial para a assimilação do

conteúdo abordado. Aoo observarem que seriam co-construtores de seu conhecimento, os

alunos empenharam-se para disponibilizar na rede conteúdos atualizados e embasados

científicamente, por outro lado a execução da atividade em grupos ou times proporcionou o

compartilhamento de ideias, aprendendo e ensinando simultaneamente os alunos

desenvolveram senso crítico que só pode ser alcançado através do dialogo e da reflexão

diante de posturas e ideias divergentes. Por fim, conclui-se que a utilização do blogger como

ferramenta para aprendizagem está de acordo com a demanda apresentada pelos acadêmicos

de psicologia que cada vez mais buscam alternativas para participar ativamente de sua

própria formação profissional.

Palavras-chave: Blogger. Psicologia. Metodologias ativas.

Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] cadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Acadêmica de Psicologia FACDO, [email protected] Mestre em psicologia e professora de psicologia da Faculdade Dom Orione, [email protected]

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METODOLOGIAS ATIVAS EM PSICOLOGIA: A UTILIZAÇÃO DAS REDES

SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA PROMOVER A FORMAÇÃO DE

ALUNOS DO CURSO DE PSICOLOGIA

Daiane Silva Lima

Eliton Pereira da Silva

Euziomar de Sousa Freitas

Maurício Bezerra Martins

Myllena Vitória Sirqueira de Andrade

Nathalia Araújo Martins

Rochely Talitta Costa

Ana Letícia G. Pereira

RESUMO

Metodologia ativa é um processo pelo qual o aluno deixa de ser um ator passivo em seu

processo de aprendizagem para tornar-se o principal responsável pelo mesmo. Essa

demanda tem sido cada vez mais apresentada pelos alunos de psicologia que, ao longo do

seu processo de aprendizagem, tornam-se cada vez mais ativos em seu formação. Esse fato

tornou-se evidente durante as aulas de psicologia da aprendizagem II, pois muitos estudantes

mostraram-se preocupados com a quantidade de informações equivocadas sobre psicologia

e aprendizagem divulgadas nas redes sociais, por outro lado, nota-se que muitos

profissionais sem formação em psicologia estão ganhando destaque nas redes sociais ao

divulgar conteúdos com base nesta ciência. Tendo em vista essas informações, e com o

objetivo de promover uma atividade na qual os alunos não fossem apenas receptores de

conhecimento, mas também produtores, a turma do sexto período noturno, dentro do

contexto da disciplina psicologia de aprendizagem II, decidiu criar um blog denominado

blog Metacognição para disponibilizar aos internautas interessados em psicologia e

aprendizagem informações com base científica e dicas para pais e professores. Esse blog é

alimentando com textos produzidos pelos próprios alunos que realizam pesquisas sobre

temas relacionados a aprendizagem para posteriormente produzir o material que será

disponibilizado na rede. O blog é administrado pelos próprios estudantes com o auxílio da

professora que de quinze em quinze dias discute com os alunos sobre a produção dos textos

e os temas escolhidos. Através dessa atividade, observou-se que os alunos, além de obter

conhecimentos sobre psicologia da aprendizagem, aprenderam a se comunicar nas redes

sociais e a utilizar esse meio para divulgar informações sobre psicologia. Essas habilidades

são essenciais nos dias de hoje, pois observa-se que, ao deparar-se com questões que

envolvem aprendizagem, muitos pais e professores recorrem as redes sociais para obter

conhecimentos que possam auxiliá-los. Desta forma os futuros psicólogos precisam estar

conectados nas redes sociais e utilizar um linguajar simples que possa ser compreendido por

diferentes públicos, facilitando o acesso ao conhecimento sobre psicologia e aprendizagem.

Por fim, a turma do sexto período noturno compreendeu que cabe aos futuros profissionais

observar que o psicólogo não pode restringir-se ao consultório psicológico e que é

Acadêmica de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmico de psicologia Acadêmica de psicologia Acadêmica de psicologia Professora de Psicologia da Aprendizagem na Católica Orione

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necessário preparar-se para atender a demanda de uma sociedade cada vez mais conectada

as redes sociais.

Palavras-Chave: Psicologia. Redes sociais. Metodologias ativas.

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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES DE PODER NOS ESPAÇOS

DE TRABALHO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Alessandra Dias da Cruz

Karen Juliete da Luz Brito

Lidianne Oliveira Lopes Silva

Gilson Gomes Coelho (Prof. Org.)

RESUMO

A psicologia organizacional surgiu como campo do conhecimento que tem por objetivo

melhorar os meios de produção, assim como desenvolver trabalhos que se fundamentavam

em fazer com que o trabalhador não deixasse de produzir. Com isso, as organizações

visavam manter seus interesses de produção e lucros o máximo possível, sem priorizar o

bem-estar e a saúde dos trabalhadores. Nessa perspectiva, as relações de poder que foram

construídas estavam acima do profissional da psicologia, sendo que esse desempenhava um

trabalho que fosse de encontro com melhorias no que tange aos interesses da empresa.

Assim, o profissional da psicologia deverá realizar uma atuação ética-profissional que vise

a psico-higiene na mediação dos conflitos dentro do espaço de trabalho.

Palavras-chave: Trabalhador. Saúde. Relações de poder.

Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Prof. Metre e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]

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A CLÍNICA SÓCIO-HISTÓRICA NO CONTEXTO DO CAPSI

Claudia Alves Morais Santos

Paula Laena Paiva de Sousa

Maria Eduarda Pereira dos Santos

Regimara Martins Ambrozio Parente da Silva

Gilson Gomes Coelho1

RESUMO

A atuação clínica na perspectiva histórico-cultural não deve focar nos sintomas negativos

ou positivos emergentes, mas nos sentidos e significados que estes têm para o sujeito. O

psicólogo inserido no Centro de Atenção Psicossocial Infantil - CAPSI, trabalha com

crianças e adolescentes com transtornos mentais severos e persistentes, considerando o

transtorno não como uma doença biológica, mas como formação subjetiva. Este trabalho

visa apresentar a atuação na clínica Histórico-Cultural no atendimento aos usuários do

CAPSi. No levantamento bibliográfico, foi utilizado bancos de dados, como Google

Acadêmico, Scielo e Pepsic partindo da leitura sistemática das produções nacionais

estudadas. Encontrados quatro artigos relacionados à temática, haja vista a escassez de

produções no meio científico. González Rey e Marangoni (2006) são teóricos que

emergiram ao pesquisar as contribuições da histórico-cultural no contexto da clínica

psicológica.

Palavras-chave: Clínica. Psicologia Histórico-Cultural. CAPSi.

Graduada em História pela UNITINS e Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] 1 Mestre, Doutorando em Psicologia e Professor da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: gilsonpsico@gmail

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INSUFICIÊNCIA DE POLÍTICAS ASSISTENCIAIS VOLTADAS PARA A

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Aline Soares Oliveira

Maria Eduarda Pereira dos Santos

Mariana Araújo Bichuete Cavalcante

Gilson Gomes Coelho

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade problematizar e levantar questionamentos acerca da

ausência de políticas públicas que atuem no processo de cuidados à população em situação

de rua na cidade de Araguaína. O Centro POP prestar-se-ia à comunidade ofertando um

serviço especializado em abordagem Social, observando necessidades e promovendo efetiva

mudança de vida do grupo populacional estudado. Constituído pela lei nº 11.258 de 2005 de

parágrafo único 23 orgânico de assistência social (LOAS) onde torna-se de fundamental

importância a criação de programas destinados às pessoas em situação de rua (Centro Pop,

2012). O referido trabalho foi desenvolvido a partir de referencial bibliográfico, tais como

cartilhas do Centro Pop, além de 10 artigos complementares. Percebe-se a necessidade de

uma força impulsionadora para as políticas públicas sociais atuarem na capacitação e

socialização do público em questão. É preciso valorizar os sujeitos sociais, reordenando os

serviços específicos capazes de garantir os direitos ao longo violados.

Palavras-Chave: Direitos. Políticas Públicas. Assistência social.

Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail:[email protected] Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]

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PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: UM ESTUDO À LUZ DA PSICOLOGIA

HISTÓRICO-CULTURAL

Claudia Alves Morais Santos

Jackellynne Silva do Nascimento

Regimara M. Ambrósio Parente da Silva

Gilson Gomes Coelho

RESUMO

Sabe-se que a atuação do psicólogo fundamentada na psicologia histórico-cultural mostra-

se de grande relevância no atendimento à pessoas em situação de rua, considerando-se que

se trata de um grupo populacional heterogêneo tendo em comum a extrema vulnerabilidade

social, expostos a diversas violências, privação de direitos humanos e com vínculos sociais

rompidos ou fragilizados, onde a Psicologia certamente tem muito a contribuir. O

Consultório na Rua é um dispositivo da política pública de saúde designado ao atendimento

de pessoas que vivenciam tais condições. No presente estudo, busca-se compreender a

relação entre a política pública de saúde conhecida como “Consultório na Rua”, e a pessoa

em situação de rua, na perspectiva da Psicologia histórico-cultural, a qual compreende o

homem com ser ativo, que se desenvolve nas suas relações sociais. Esta pesquisa foi

desenvolvida a partir da revisão bibliográfica, utilizando as plataformas Google Acadêmico

e Pepsic.

Palavras-chave: Psicologia Histórico-Cultural. Pessoas em Situação de Rua. Consultório

na Rua.

Graduada em História pela UNITINS e Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione

– FACDO. [email protected] Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected] Graduanda curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected] Mestre, Doutorando em Psicologia e Professor da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. [email protected]

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INTERSECCIONALIDADE E CONSUBSTANCIALIDADE DA MULHER NEGRA

E TRABALHADORA NA PSICOLOGIA SOCIAL

Karen Juliete da Luz Brito

Carmen Hannud Carballeda Adsuara (Prof. Org.)

RESUMO

O presente estudo científico foi elaborado e desenvolvido a partir do reconhecimento da

demanda histórica de visibilização das questões psicossociais das mulheres negras, cujas

subjetividades estão aqui compreendidas como produtos de um processo social e histórico

no bojo da divisão social do trabalho. O artigo desempenha também um papel de

instrumento de mediação para a percepção das subjetividades dessas mulheres mediante o

acesso a seu conteúdo. A pesquisa foi desenvolvida por meio de observação direta,

etnográfica e cotejamento de dados teóricos. Dentre os resultados do processo, tornou-se

marcante a importância desse estudo para a própria pesquisadora, enquanto mulher negra

trabalhadora estudante de psicologia, bem como para o desvelamento de conteúdos

subjetivos particulares à vida das mulheres negras enquanto um grupo social, sobre os quais

a psicologia ainda precisa aprofundar os conhecimentos para fazer valer seu compromisso

ético-político.

Palavras-chave: Mulheres Negras. Trabalho. Subjetividade. Relações de Poder.

Aluna da graduação em psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. Profa -Mestra da Faculdade Católica Dom Orione colocar essas informações conforme as regras do manual da FACDO.

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O PACIENTE NEFROPATA E AS ÓRBITAS DO ADOECIMENTO: UM RELATO

DE ESTÁGIO

Ana Carolina Carvalho Arruda

Anna Lícya Ferreira Carneiro

João Henrique Oliveira Barros

Ially Fanny Oliveira Soares

Jamille Nascimento Lima

Mayra Aires Azevedo

Paulo de Tasso M. de Alexandria Junior

RESUMO

O presente trabalho é fruto de experiência de estágio em Psicologia Hospitalar realizado em

um hospital público do Estado do Tocantins. Entende-se que o indivíduo ao se perceber

frente ao processo da doença e hospitalização, se vê envolto em inúmeros sofrimentos diante

da situação que se encontra, visto que, uma mudança abrupta de rotina de vida, não é fácil

de ser incorporada psiquicamente, principalmente ao referir-se a uma mudança que implica

diretamente no âmbito social do sujeito. Diante disso, percebe-se que o sujeito ao se

perceber adoecido busca de diversas formas uma maneira de lidar com o fato. A psicologia,

através do seu arcabouço teórico, percebe que a doença é um fenômeno que se instala de

uma maneira que circula o fator biopsicossocial do indivíduo. Assim, o psicólogo,

juntamente com a equipe multidisciplinar e a família, trabalharão juntos a fim de minimizar

o sofrimento do paciente, oportunizando seu retorno social.

Palavras-chave: Psicologia Hospitalar. Adoecimento. Diagnóstico situacional.

Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected]. Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected]. Graduando do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO, [email protected]. Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Professor da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), [email protected].

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PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

À LUZ DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA

Ana Carolina Carvalho Arruda

Anna Lícya Ferreira Carneiro

Eliane Soares Lima

João Henrique Oliveira Barros

Gilson Gomes Coelho

RESUMO

O presente trabalho é fruto de uma experiência de estágio em Psicologia Clínica com grupos

usuários do Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS I), do município de

Araguaína-TO. Trata-se de um serviço comunitário, que visa substituir o modelo

hospitalocêntrico, fomentando a inserção social e a garantia dos direitos de cidadania dos

usuários através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos

laços familiares e comunitários. A clínica sócio-histórica, área recente da psicologia, surge

com ênfase nos aspectos cognitivos e na consciência, com práticas interventivas voltadas à

promoção da cidadania, consolidação da rede de cuidados e a mudança de cultura sobre a

doença mental que reduz o sujeito a categorias e estereótipos que o patologizam e limitam

seu desenvolvimento. Assim, o presente trabalho busca repensar a postura profissional diante

do ato clínico, proporcionando ao terapeuta um papel de mediador sob uma visão de homem

ativo e sócio-histórico.

Palavras-chave: Clínica Sócio-Histórica. Redes de cuidados. Subjetividade.

Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/4347051664214872. Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/0032900473367701 Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO),

http://lattes.cnpq.br/1181609938950114.

Graduando do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO),

http://lattes.cnpq.br/3936551154847456.

Mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá. Professor da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO), http://lattes.cnpq.br/6859345388384152

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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O QUE ESPERAM DA ESCOLA E POR

QUE A FREQUENTAM?

Elizangela Silva de Sousa Moura

Liliane Rodrigues de Almeida Menezes

Maria das Graças Aires de Medeiros Andrade

RESUMO

O artigo discorre sobre dados de uma pesquisa realizada com jovens e adultos que cursam a

modalidade de ensino denominada Educação de Jovens e Adultos. O objetivo é conhecer

quem são os jovens que frequentam as turmas da EJA, bem como, suas perspectivas, desafios

e o que a escola representa para estes, na busca de uma melhor qualidade de vida. Realizou-

se uma pesquisa com 29 alunos do 1º e 2º períodos do 3º segmento da EJA matriculados na

Escola Estadual Adolfo Bezerra de Menezes, em Araguaína – TO. O estudo abordou os

aspectos sociodemográficos, a situação de trabalho, a representatividade da escola para as

suas vidas e os sonhos que buscam através de uma maior escolarização. Os resultados

sinalizam que a busca por mais educação está associada à ideia de um futuro melhor, de mais

oportunidades de inserção no mercado de trabalho e, por consequência, de melhoria da sua

situação financeira.

Palavras-chave: EJA. Mercado de trabalho. Sonhos.

Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected] Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected] Mestre do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: [email protected]

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ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A FASE ADOLESCENTE DA VIDA: A

LITERATURA E O CINEMA COMO FERRAMENTAS DISPONÍVEIS PARA O

PSICÓLOGO

Édson Soares Rodrigues

Karoline Cunha Sousa

Lívia Emerick de Magalhães Werner

Ana Letícia G. Pereira

RESUMO

A adolescência é uma fase marcada pela formação da identidade. Nesta fase o adolescente

experimenta várias personas para compreender a si mesmo e o mundo a sua volta. Na

disciplina de desenvolvimento II, estuda-se esta fase da vida para compreender como o

psicólogo pode auxiliar o adolescente que está vivenciando esta crise. A partir das reflexões

ocorridas nesta disciplina, observou-se que uma parcela significativa de adolescentes se

identifica com filmes e personagens adolescentes que enfrentam dilemas e jornadas perigosas

e com o objetivo de compreender como o psicólogo pode utilizar o cinema e a literatura para

comunicar-se melhor com os adolescentes que buscam seu auxílio. Utilizou-se o filme Alice

no país das Maravilhas para verificar como é possível articular literatura, cinema e psicologia.

Com base na psicologia junguiana e mais precisamente na jornada do herói. observou-se que

o cinema e a literatura são recursos que podem ser utilizados pelo psicólogo para auxiliar o

adolescente em seu processo de individuação e desenvolvimento. O adolescente se identifica,

por exemplo, com Alice porque ela também está em busca de seu lugar no mundo e para

descobrir qual é o seu lugar e quem ela é, a personagem se depara com dificuldades

semelhantes as experimentadas pelos adolescentes na vida real: ao longo do filme Alice se

depara com Absolem com quem estabelece diálogos que levam a reflexão sobre sua vida, tal

como ocorre entre um adolescente e o psicólogo que o auxilia em seu processo de

individuação. Com base nestas informações, conclui-se que a utilização da literatura e do

cinema como ferramenta para auxiliar o adolescente e compreender mais sobre o universo do

ser humano nesta fase da vida é um recurso viável para o profissional psicólogo. O psicólogo

é um profissional que precisa compreender as formas de expressão do adolescente e fazer uso

do linguajar que estes clientes utilizam a fim de adequar-se às suas necessidades, mostrando

assim que é um profissional flexível e apto a se comunicar e auxiliar este público.

Palavras-chave: Literatura. Cinema. Psicologia.

acadêmico de psicologia. FACDO acadêmica de psicologia. FACDO acadêmica de psicologia. FACDO prof. de psicologia do desenvolvimento II. FACDO

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INQUÉRITO POLICIAL E A RELEITURA DO CONTRADITÓRIO E AMPLA

DEFESA NA FASE PRÉ-PROCESSUAL

Juliano Silva de Figueiredo

Fernando Rizério Jayme

RESUMO

O presente estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do projeto de Iniciação Científica

da Faculdade Católica Dom Orione. Nossa proposta destina-se a ter como objeto de pesquisa

um dos instrumentos mais utilizados na persecução penal brasileira, qual seja o inquérito

policial. Na primeira parte do trabalho, será apresentado um panorama histórico de construção

do inquérito policial, sobretudo, sua evolução na realidade do país. Ainda nesse momento,

serão descritas as características formadoras do referido instrumento, como, por exemplo, seu

caráter escrito, inquisitório, sigiloso e etc. Por derradeiro, e com igual grau de importância

dos assuntos anteriores, iremos tratar dos princípios do contraditório e da ampla defesa e como

esses mandamentos se relacionam com a fase pré-processual no bojo do inquérito policial.

Na segunda parte do texto, a pesquisa passa a questionar alguns pontos já consolidados na

jurisprudência e na doutrina no sentido de que entendemos existir o contraditório e a defesa

na fase extraprocessual mesmo que de forma limitada ou mitigada. Como método de pesquisa,

utilizamos uma análise sistemática da lei 13.245/2016 que alterou o Estatuto da Ordem dos

Advogados do Brasil, na parte que trata dos direitos do advogado e sua atuação em

procedimentos investigatórios. O objetivo central do trabalho é demonstrar como a ampliação

da defesa técnica, por meio do advogado, na fase extrapenal tem o condão de tornar a

investigação criminal mais sólida e como forma de garantia e respeito aos direitos dos

investigados.

Palavras-chave: Inquérito Policial. Defesa Técnica. Contraditório e ampla defesa.

Acadêmico do 7º período de Direito da Faculdade Católica Dom Orione e bolsista do PROCIENT – programa de Iniciação Científica da FACDO. Professor Especialista Faculdade Católica Dom Orione. Completar os dados. Veja o Manual da FACDO.

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A APREENSÃO DE SIGNOS COMO PROPULSORA DA APRENDIZAGEM E

DESENVOLVIMENTO NA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKY: UMA EXPERIÊNCIA

DE ESTÁGIO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Antonio Hugo Rabelo de Castro

Gilson Gomes Coelho (or.)

Juliane Hirosse Malizi

Paula Suellen Nunes da Silva

Rutileia Carneiro Alves

RESUMO

A partir do estudo de caso em um centro de educação infantil refletiu-se sobre o papel da

psicologia no contexto escolar. Apresentou-se os pressupostos e teoremas da psicologia sócio-

histórica enquanto abordagem teórica, e no que esse modo de pensar o ser humano supera as

vertentes tradicionais da psicologia. A partir das observações discutiu-se a mediação a partir

de signos com vistas à apreensão de conceitos relacionados a temas transversais, como o

respeito às diferenças, a auto aceitação e identificação de sentimentos, contribuindo com o

desenvolvimento integral de crianças. Apresentou-se ainda uma psicologia escolar que difere

da ideia que docentes, colaboradores e familiares têm da psicologia nestes espaços, numa

abordagem que combate a ótica dos diagnósticos, psicologização, medicalização e estigmas.

Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento da Criança. Psicologia histórico-cultural.

Graduado em Zootecnia. Graduando em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá e docente da Faculdade Católica Dom Orione Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.

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GBG – UMA VISÃO DE TOTALIDADE DO CAMPO EDUCACIONAL

Samuel de Menezes Pereira

RESUMO

O presente artigo aborda o ensino-aprendizagem e as relações existentes nesta metodologia

em um viés analítico-comportamental, como uma forma de questionar como o professor tem

utilizado os seus métodos e como cada aluno processa o ensino. A partir disso, será analisado

como um aluno aprende e desenvolve seu conhecimento, lidar com alunos que tenham

comportamentos problemáticos e se o psicólogo é o profissional adequado para esse tipo de

proposta que irá auxiliar o planejamento dos professores. Será utilizado o modelo de Seleção

Pelas Consequências, baseando-se nos 3 níveis de seleção do comportamento: Filogenético,

Ontogenético e cultural; níveis que apresentam como uma pessoa pode adquirir certos

comportamentos e seus repertórios. Focando no segundo nível que está ligado ao

comportamento operante, as aprendizagens do indivíduo e comportamentos aprendidos

durante sua história de vida e o nível cultural, que está relacionado em como o ambiente social

influência o indivíduo e seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Análise do comportamento. Níveis de seleção.

Comportamentos problemáticos.

Acadêmico de Psicologia 7° período - [email protected]

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EDUCAÇÃO E TRABALHO: UM BREVE PERCURSO HISTÓRICO ACERCA

DOS ASPECTOS SOCIAIS E POLÍTICOS

Karen Juliete da Luz Brito

Júlia Carolina da Costa Santos (Prof. Org.)

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo conhecer e compreender o percurso histórico dos

aspectos sociais e políticos na relação trabalho e educação. Compreendendo a importância do

trabalho nos processos de realização e dignificação dos sujeitos, a relação de sujeito, trabalho

e educação na produção de processos que podem ser emancipatórios ou de adoecimento.

Entretanto, nessa relação ocorrem processos de desigualdades como mencionados ao longo

do trabalho que são estruturantes e desumanizantes, assim, o trabalho se torna alienado.

Diante disso, a compreensão da relação entre educação e trabalho na qual a educação é peça

chave para a superação/produção das desigualdades e adoecimento em detrimento da

culpabilização, a psicologia na área escolar visa à compreensão dos conflitos, por meio da

mediação e no desenvolvimento de práticas que viabilize o fortalecimento das subjetividades

por meio de cuidados coletivos sendo que a educação e fundamental para o acesso a melhores

condições de trabalho.

Palavras-chave: Educação. Trabalho. Subjetividades. Psicologia sócio-histórica.

Aluna da graduação em psicologia da FACDO Profa.- Mestra da FACDO.

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NARRATIVAS SOBRE DISCURSO DE ÓDIO NO CONTEXTO DO RACISMO

Edison José de Araújo Neto

Nilsandra Martins de Castro

RESUMO

O presente estudo faz parte de uma pesquisa ligada ao Programa de Iniciação Científica da

Faculdade Católica Dom Orione, e versa sobre a temática: discurso de ódio racista. O objetivo

em primeira instância será compreender o que são discursos de ódio e suas implicações

jurídicas, ainda como estes se traduzem em instrumentos de segregação. É relevante

entendermos que a discriminação e o preconceito só podem ser enfrentados através do ensino

e da reflexão. São muitos os conceitos equivocados que constituem os pré-conceitos e, em

sua maioria, construídos através de bases generalistas e pouco discutidas, por isso mesmo se

mostra relevante buscar meios para a reflexão e o diálogo no trato quanto aos direitos e aos

deveres dos cidadãos visando uma sociedade mais equânime. O método utilizado na presente

pesquisa é documental e bibliográfico, o primeiro por analisarmos jurisprudências que tratam

do tema em questão e, o segundo por ser necessário uma base teórica sobre o respectivo

objeto. Por conseguinte, fizemos uma análise no ordenamento jurídico brasileiro e como o

discurso de ódio é tratado aqui e demos sugestões intrínsecas de como se deve prevenir esse

tipo de agressão. Outrossim, mostramos que de acordo com a influência política do

ordenamento jurídico teremos uma espécie de sanção ou até mesmo a determinação de

atipicidade da conduta. Destarte, demonstraremos que se trabalharmos de maneira preventiva

contra o discurso de ódio evitaríamos diversos problemas sociais que se apresentam de

maneira sintomática quando há esse tipo de discurso.

Palavras-chave: Discurso de ódio. Direito de minorias. Educação.

Acadêmico de direito – pesquisa realizada pelo programa de Iniciação Científica da católica - PROCIENT Professora Dra. em Letras pela UFT. Docente da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]

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A MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA. UMA REVISÃO SOBRE A GRANDE

PROBLEMATICA, PERSPECTIVAS E DESAFIOS

Maria Francisca Dias

Rebeca Carvalho Melo

RESUMO

Mesmo em pleno século XXI, ainda há muita falta de informação sobre cuidados básicos

relacionadas à saúde. A adolescência é a fase onde a criança passa por alterações em seu corpo

e essa fase traz consigo uma carga de emoções, vontades e mudanças. Como consequência

dessas realidades, esse quadro tem se refletido em várias áreas da saúde pública de maneira

negativa e trazendo como uma das consequências a maternidade na idade adolescente. A

gravidez na adolescência pode desenvolver um fardo de necessidades fisiológicas,

psicológicas e sociais, implicando em uma série de acontecimentos complexos para o seu

desenvolvimento. Neste artigo, abordaremos a incidência da maternidade na adolescência, a

problemática de um modo geral bem como as perspectivas e desafios a serem superados

incialmente pelas famílias e órgãos públicos em diferentes situações econômicas, familiares

e culturais.

Palavras-chave: Gravidez. Adolescente. Maternidade.

Graduanda do 6º período do curso de Bacharelado em Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Graduanda do 6º período do curso de Bacharelado em Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]

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ANÁLISE ACERCA DOS PRECEDENTES E A UNIFORMIZAÇÃO DA

JURISPRUDÊNCIA PROCESSUALISTA

Amanda Estrela Dantas

Lillian Fonseca Fernandes (or.)

RESUMO

Diante da necessidade de análise da eficácia da uniformização de jurisprudência

processualista, faz-se presente a elaboração deste trabalho, visto que ainda há no ordenamento

jurídico a incerteza de que decisões idênticas, quando tomadas por julgadores distintos, terão

idêntico caminho. Nos diz o artigo 926 do Código de Processo Civil que “os tribunais devem

uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente”. (BRASIL, 2016).

Sendo assim, há a presunção de que as decisões de cunho idêntico tenham, por consequência

lógica, idêntico resultado, gerando precedentes. Tem-se como objetivo principal ponderar

acerca da importância de uma justiça uniforme, não afetando a autonomia de atuação quando

diante de casos peculiares. A pesquisa será embasada no estudo

bibliográfico/documental, com estudo em livros e artigos científicos voltados à área do direito

e tem o objetivo de proporcionar respostas aos problemas levantados. A análise será

trabalhada através de pesquisa qualitativa, objetivando estudo de casos e pareceres acerca do

tema proposto.

Palavras- Chave: Jurisprudência processualista. Decisões idênticas. Justiça uniforme.

Acadêmica do 10° período de Direito e participante do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT. Docente da Faculdade Católica Dom Orione e orientadora junto ao PROCIENT - Programa de Iniciação Científica da FACDO..

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O COMPROMISSO DA PSICOLOGIA COM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: A

PRÁTICA DO CUIDADO NO CONTEXTO DA RUA

Amanda Rafaela Lima Silveira

Gabriel Henderson Soares Rolim

Marcos Gabriel Ferreira Silva

Millais Lariny Soares Rippel

Gilson Coelho Gomes

RESUMO

O presente artigo, via levantamento e análise bibliográfica, objetiva apresentar como se dá as

relações existentes e as práticas psicológicas no âmbito do consultório de rua, que é uma

prática que está pautada nas diretrizes da Política Nacional de 2009 para a população em

situação de rua, e também na versão da Política Nacional de atenção básica de 2011.

Conforme apontam Londero, Ceccim e Bilibio (2013), o consultório de rua (CR) é um serviço

criado para produzir cuidado às populações em situação de rua, e faz parte das redes de saúde

e intersetorial, nas quais insere-se na intenção de produzir um fazer terapêutico singular para

cada pessoa/grupo que se encontra em situação de rua. A importância dessa pesquisa se dá

pelos benefícios oriundos das práticas profissionais ofertadas as pessoas beneficiadas, fato

que a Psicologia deve ter um compromisso ético-político para a transformação social, olhando

também para as populações mais vulneráveis.

Palavras-chave: Consultório de rua. Psicologia. População Vulnerável.

[email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Estudante do 8° período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione [email protected] Me. Doutorando em psicologia e professor da Faculdade Católica Dom Orione. Todos os e-mails ao final das informações dos autores.

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PSICOLOGIA NA PRAÇA: APROXIMANDO PAIS E FILHOS E ESTUDANTES

DE PSICOLOGIA EM EVENTO ABERTO A SOCIEDADE DE ARAGUAÍNA

Arnaldo Cesar de Souza Silva

Celso Diogo de Souza

Cícero Moura da Silva

Lara Gonçalves Silva

Raimunda Brito de Souza

Roberta de Souza Rocha

Yara Soares Araújo

Ana Letícia Guedes Pereira

RESUMO

Através das discussões ocorridas na disciplina psicologia da aprendizagem II, sobre

relacionamento familiar e dificuldades de aprendizagem, os estudantes de psicologia do sexto

período noturno observaram que em muitas ocasiões os pais encaminham seus filhos para

atendimento psicológico individual e têm dificuldade de compreender que seus

comportamentos e a dinâmica da família têm relação com as dificuldades escolares que as

crianças apresentam. Dessa forma, a criança é rotulada e culpabilizadapela dificuldade escolar

e os adultos não observam a necessidade de repensar a dinâmica familiar e a forma como

lidam com a criança para ocasionar mudanças que facilitem a aprendizagem escolar. Por outro

lado, observa-se um desconhecimento por parte dos pais em relação ao trabalho desenvolvido

pelo profissional psicólogo Os pais não se queixam de pagar valores altos para proporcionar

aos filhos o atendimento psicológico, entretanto muitas vezes quando são chamados para

participar de atividades compartilhadas com as crianças no consultório de psicologia

apresentam resistências e dificultam a realização dessas atividades e não compreendem que

o psicólogo é um profissional que pode auxiliá-los a verificar como podem melhorar a relação

com seus filhos e o processo de escolarização dos mesmos. Com base nessas informações, e

com o objetivo de criar um espaço de diálogo entre pais e estudantes de psicologia e também

para evidenciar a necessidade de investimento na relação entre pais e filhos, a turma do sexto

período de psicologia noturno realizou uma oficina de massagens entre pais e filhos na

Avenida Via Lago, durante o evento “Caminhada pela vida”. Nessa ocasião, observou-se que

muitas crianças acharam divertida a realização das massagens e brincaram enquanto

realizavam as massagens em seus pais. Os pais, por sua vez, a princípio se mostraram tímidos,

porém, no decorrer da atividade, foram se soltando e permanecendo mais à vontade.

Posteriormente a realização da oficina, alguns pais entraram em contato com a professora

para relatar que realizaram as massagens novamente em suas casas e que o resultado foi muito

satisfatório. Dessa maneira, conclui-se que a realização da oficina de massagens entre pais e

filhos foi essencial para esclarecer aos pais quanto a necessidade de investimento nas relações

com seus filhos e que a qualidade dessas relações tem impacto no processo de aprendizagem

dos mesmos. Por outro lado, o fato da oficina ter sido realizada em um local aberto ao público

facilitou a participação de pais que de outra maneira não teriam acesso aos serviços prestados

pelos profissionais de psicologia. A ocasião também serviu como um treinamento para os

estudantes de psicologia que tiveram que auxiliar os pais durante o procedimento das

massagens. Ao retirar os estudantes do lugar “cômodo” do aluno e do espaço da sala de aula,

a professora que acompanhou a atividade proporcionou aos mesmos a articulação entre a

Acadêmico psicologia Acadêmico psicologia Acadêmico psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Acadêmica psicologia Professora do curso de Psicologia da Católica Orione.

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teoria e a prática. Considera-se que através da realização de atividades como essas, a

sociedade, as famílias e os estudantes de psicologia obtêm resultados positivos e que os

estudantes que se envolvem nestas atividades se tornarão profissionais mais aptos e

preparados para lidar com a demanda apresentada pela comunidade escolar.

Palavras-chave: Família. Dificuldade de aprendizagem. Psicologia.

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NEGOCIAÇÕES DE SENTIDOS NO CONTEXTO DA SUBALTERNIDADE:

INTERSECCIONALIDADE NA VIDA DA MULHER LÉSBICA E SEUS PONTOS

NODAIS PARA A PSICOLOGIA SOCIAL

Alessandra Dias da Cruz

Carmen Hannud (Or.)

[...] à medida que amadurecem, nossas lutas produzem novas ideias, novas questões e novos campos nos quais

nos engajamos na busca pela liberdade. (DAVIS, 2018, p. 27).

RESUMO

Considerando o avanço dos debates de gênero e sexualidade na psicologia, como se faz

notável mediante a publicação da resolução CFP 01/2018[1] e com a campanha

“despatologizando” desde 2015[2], o presente artigo busca abordar o fenômeno da

subalternidade no contexto da psicologia social a partir da perspectiva interseccional

(CRENSHAW, 2013; HIRATA, 2016), debatendo teórico-conceitualmente acerca da vida

das mulheres lésbicas. Dessa forma, a pesquisa teve como objetivo alinhar os saberes

psicológicos com discussões multidisciplinares no avanço e análise das relações que

compõem a vida subjetiva - individual e coletiva - das mulheres lésbicas, trazendo a categoria

gênero (SCOTT, 1995) em suas variadas construções sociais, imbricando raça-etnia e classe

social.

Palavras chaves: Mulheres. Lésbicas. Subjetividade.

Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. Aluna do Programa de Iniciação Científica – PROCIENT. E-mail: [email protected]. Graduada em Psicologia pela Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil

(2016). Docente da Faculdade Católica Dom Orione, Brasil.

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DEFECTOLOGIA EM VYGOTSKY: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO

CULTURAL ACERCA DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA EM

ESCOLAS REGULARES

Ana Carolina Carvalho Arruda

Carmen Hannud Adsuara

RESUMO

O presente projeto de pesquisa em Iniciação Científica, por meio de revisão bibliográfica,

pretende compreender aspectos envolvidos na inclusão de crianças com deficiência em

escolas regulares através da defectologia vygotskyana, ancorada pela Teoria Histórico

Cultural, abordagem recente da Psicologia que traz uma nova visão de homem – ativo, social,

histórico - atribuindo à aprendizagem do indivíduo não só a aspectos biológicos, mas também

a estímulos sociais, via mediação por meio de instrumentos e signos. A defectologia de

Vygotsky visa transformar concepções limitadoras envoltas no contexto da deficiência, que

por muito tempo foi vista como um defeito que impossibilita o desenvolvimento. Com essa

proposta busca-se trabalhar as potencialidades de cada indivíduo, desfazendo-se de

estereótipos biologizantes e patologizantes que enquadram os sujeitos em categorias,

limitando-os. Conclui-se, portanto, que é via cultura que se estabelecem barreiras atreladas à

deficiência, pois os padrões de normalidade são os responsáveis pela exclusão social das

pessoas.

Palavras chave: Defectologia. Vygotsky. Inclusão. Teoria Histórico Cultural.

Orientanda do PROCIENT e Graduanda do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). E-mail: [email protected]. Mestre em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras da UNESP e Psicóloga. Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). E-mail: [email protected].

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ALÉM DA SALA DE AULA: PENSAR E ESTUDAR SOBRE PSICOLOGIA EM

ARTICULAÇÃO COM O CINEMA

Laila Beatriz Alves da Silva

Ana Letícia G. Pereira

RESUMO

O presente trabalho surgiu a partir dos debates ocorridos na disciplina de psicologia da

aprendizagem II, na qual os alunos verificaram a necessidade de compreender o contexto

escolar para analisar o quanto este espaço pode ou não estar envolvido na manifestação de

dificuldades de aprendizagem por parte da criança. Com o objetivo de instigar a reflexão

sobre como o contexto escolar pode se tornar um espaço de adoecimento, tanto para os alunos

quanto para os professores, foi utilizado como estratégia metodológica de ensino o filme

“Entre os muros da escola”, inspirado no livro de François Begaudeau que tem o mesmo nome

do filme. Após a exibição e análise do filme pode-se verificar que a utilização desta

ferramenta foi essencial para auxiliar os estudantes de psicologia a compreender mitos e

concepções distorcidas sobre o contexto escolar, como, por exemplo, o mito de que somente

no Brasil a escola pública enfrenta dificuldades e precarização do ensino, pois o filme

abordado em sala de aula se passa na França e apresenta questões semelhantes as dificuldades

encontradas no contexto brasileiro, por outro lado, foi possível perceber que os muros que

separam as pessoas podem estar muito além dos muros concretos das escolas, existem

“muros” ou barreiras psíquicas que separam estudantes e professores. Através deste trabalho,

conclui-se que a utilização do cinema como estratégia metodológica auxiliou os alunos do

sexto período, turma b, do curso de psicologia a compreender como o cinema pode se tornar

uma ferramenta enriquecedora da aprendizagem. Compreendendo as relações humanas dentro

de uma perspectiva interdisciplinar, os estudantes de psicologia se tornarão mais aptos e

preparados para lidar com dificuldades, escolares e outras questões que surgem quando a

criança se encontra na fase de escolarização. A utilização do cinema como ferramenta foi

necessária também para que os estudantes viessem a ultrapassar barreiras e “muros”

subjetivos que dificultavam a articulação das teorias psicológicas com o cotidiano das escolas

públicas e das salas de aula, sendo possível afirmar que esses estudantes se tornarão

profissionais mais preparados para lidar com a complexidade que envolve o ambiente escolar.

Palavras-chave: Escola. Cinema. Psicologia.

Acadêmica de Psicologia Docente do curso de Psicologia da Católica Orione

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ESCALA DE LAWTON - AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS

Luiz Claudio Coelho da Cunha

Nádia Regina Stefanine (Or.)

RESUMO

O índice de Lawton ou “Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)” foi

desenvolvido em 1969 por Lawton e Brody. Trazendo como objetivo avaliar o desempenho

de pessoas idosas em atividades diárias no qual necessita ou não de auxílio. O teste primeiro

é padronizado com perguntas no qual o profissional deseja almejar resultados. Nessas

perguntas, as respostas serão correlacionadas com as especificidades do teste no qual poderá

ser indicado se a pessoa idosa possui independência, dependência parcial ou dependência, no

qual as respostas serão atribuídas para uma pontuação para fins de obtenções de resultados.

Na avaliação neuropsicológica, o índice de Lawton é muito bem aproveitado, pois a sociedade

vive um grande envelhecimento e o avanço de áreas tecnológicas, no qual o teste auxiliará

para a definição se a pessoa idosa possui alguma ajuda ou não, os resultados da escala de

Lawton possibilitam um bom indicativo de estágio não demencial.2

Palavras-Chave: Lawton. Idosos. Índice. Teste.

Acadêmico de Psicologia da Católica Orione. [email protected] Docente do curso de Psicologia da Católica Orione

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O CONCEITO DE DISPOSITIVO EM MICHEL FOUCAULT

Gilson Gomes Coelho (Or)

Maycon Douglas Silva Ribeiro

RESUMO

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo centra, apresentar e discutir e relacionar o

conceito de dispositivo do filósofo francês Michel Foucault. A discussão acontecerá em torno

das categorias gênero e sexualidade e, por último, dialogaremos sobre como a psicologia no

Brasil responde as questões de gênero e sexualidade enquanto dispositivos de regulação. Os

dispositivos se apresentam com o caráter de domínio dos corpos, da conduta e da vida

humana. Neles estão presentes: discursos, práticas e saberes. Gênero, sexualidade e psicologia

estarão sob a análise do conceito de dispositivo ao passo que o conceito possibilita

compreender como foi construído ao longo da história as identidades de gênero: masculino e

feminino e as identidades sexuais.

Palavras-chave: Dispositivo. Subjetividade. Gênero. Sexualidade. Psicologia.

Acadêmico de Psicologia da Católica Orione [email protected] Me. Doutorando em psicologia e professor da Faculdade Católica Dom Orione.

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PSICOLOGIA E PACIENTES SOROPOSITIVOS EM CONTEXTO HOSPITALAR:

OBSTÁCULOS E POSSIBILIDADE

Maísa Martins Lopes Araújo Brito

Samuel de Menezes Pereira

Lucas Pereira dos Santos

Ms. Paulo de Tarso Moura de Alexandria Júnior

RESUMO

Entendendo a formação social do hospital como um local de tratamento, mas também de

exclusão e que o HIV/AIDS envolve atravessamentos de gênero, raça e classe, o presente

artigo analisou, por meio de uma revisão bibliográfica de trabalhos já existentes, o paciente

soropositivo em contexto hospitalar com ênfase em homens homossexuais e como a

psicologia pode trabalhar para que os estigmas que envolvem a doença serem superados.

Concluiu-se que a psicóloga(o) inserido nesse contexto deve questionar os atravessamentos

estruturais da doença e, no seu fazer profissional, contribuir para que os preconceitos que a

envolvem sejam superados, dando voz ao paciente e construindo, junto aos movimentos

sociais, pesquisas para pressionar o poder público por melhorias nas políticas sociais

específicas.

Palavras-chave: Psicologia Hospitalar. Paciente Soropositivo. HIV/AIDS.

Graduanda do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Graduando do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Graduando do 6º período de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione Psicólogo do Hospital Regional de Araguaína e professor da Faculdade Católica Dom

Orione. Completar os dados e colocar os e-mails de todos.

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A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE

MENTAL: NO CAPS AD III DE ARAGUAÍNA-TO

Sueli Marques Ferraz

Júlia Carolina da Costa Santos

Este artigo tem como proposta apresentar os resultados do conhecimento adquirido nos

estudos realizados na disciplina de psicologia comunitária II do curso de psicologia da

Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). A metodologia usada foi entrevista

semiestruturada com psicóloga que atua no CAPS –AD de Araguaína, tendo como base as

teorias da psicologia comunitária para compreender as práticas do psicólogo dentro desse

espaço em que requer um trabalho diferenciado da clínica clássica. Observa-se que o trabalho

do profissional da psicologia nesta unidade tem o objetivo, do fazer psicológico em

desenvolver métodos e processos de conscientização, atuando com grupos, levando os

indivíduos a assumirem progressivamente seu papel como sujeitos de sua história, conscientes

dos fatores determinantes de sua situação, tornando-os ativos na busca de resolução dos

problemas e enfrentamento dos conflitos internos e externo no processo de tratamento.

Observa-se a importância desta disciplina para a formação profissional para atuar com esse

público.

Palavras-Chave: Psicologia Comunitária. CAPS –ad. Tratamento.

Graduada em História pela UFT, Acadêmica do Curso de Psicologia na FACDO, Mestranda PPGCult, UFT. E-mail. [email protected] Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Brasil(2016) Docente no curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected]

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AGRICULTURA FAMILIAR E PRODUÇÃO DE BANANAS COMO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Marcos Henrique Rodrigues Pinto

Ana Chrystinne Souza Lima

Uallace Carlos Leal Santos

Eugênio Bandeira de Souza Neto

RESUMO

A Bananicultura cultivada através da Agricultura Familiar, ocuparam importantes cenários na

economia e na cultura brasileira. Entretanto, por ser a agricultura familiar ainda carente de

acesso a informação, estudos e tecnologias, viu-se a necessidade de se explanar acerca do

tema, tratando da evolução da prática, suas características, sua importância socioeconômica

além de demonstrar dados que contribuam na melhoria. O Objetivo principal é conhecer a

prática de agricultura familiar e da bananicultura e levantar dados e subsídios para sua prática,

desde a produção a comercialização afim de proporcionar um desenvolvimento regional dessa

prática. Utilizando de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental. Sendo a

bananicultura, como prática de agricultura familiar, prática importante para o país e para a

região de Araguaína, de interessante produtividade, geração de emprego e renda, e com a

necessidade de atenção e tecnologias especiais para o seu desenvolvimento.

Palavras-chaves: Agricultura Familiar. Bananicultura. Desenvolvimento Regional.

Economia.

Bacharel em Administração (FACDO) ,[email protected] Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione,

ana.souzalima@outlook Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom Orione,

[email protected], http://lattes.cnpq.br/0904534088470297 Graduando em Direito (FACIMP), [email protected]

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PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO

MUNICÍPIO DE ARAGUAÍNA-TO: COMPROMETIMENTO COGNITIVO E

FATORES ASSOCIADOS

Antonio Hugo Rabelo de Castro

Nádia Regina Stefanine (Or )

Jordana Carmo de Sousa

Luciano Fernandes de Sousa

Edgar Martins Pedra

RESUMO

Este trabalho buscou avaliar o declínio cognitivo e fatores associados em 18 adultos com mais

de 45 anos de idade e idosos de ambos os sexos e sem sinais evidentes de demência,

participantes de um programa de extensão de uma universidade pública. Realizou-se

levantamento sócio demográfico e de comorbidades associadas ao declínio e utilizou-se o

Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Para todos os resultados utilizou-se o teste de Qui

quadrado, tabela de contingência e correlação de Pearson e Spearman com nível de

significância p<0,05. Os resultados apontaram que aproximadamente 50% dos participantes

apresentaram desempenho que sugere declínio cognitivo. Encontrou-se correlação

significativa entre o resultado do MEEM e local de residência, demonstrando que se podem

discutir as bases relacionais entre os processos cognitivos a partir do contexto sócio-histórico

e estruturas neurofuncionais do cérebro.

Palavras-chaves: Envelhecimento. Comprometimento Cognitivo. Mini-exame do Estado

Mental.

Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected] Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Professora do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected]. Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Goiás (PUC-GO). Professora do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email:

[email protected]. Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Email: [email protected]. Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). Email: [email protected].

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THIRTEEN REASONS WHY: VULNERABILIDADES NO DEBATE SOBRE O

SUICÍDIO

Thelma Pontes Borges

Ana Chrystinne Souza Lima

Uallace Carlos Leal Santos

RESUMO

A presente pesquisa buscou analisar o seriado de TV Thirteen Reasons Why, que versa sobre

suicídio e ganhou repercussão mundial. Para tanto considerou os estudos referentes ao

suicídio no âmbito da saúde e da legislação brasileira, permitindo conjecturar sobre o alcance

do debate e se este seguiu aquilo que é preconizado em termos de prevenção ao ato suicida.

Como resultado chegou à conclusão que se, por um lado, a série teve como fator positivo

trazer o debate ao público, por outro, há evidências que a apresentação da série pode ter

relação com o aumento no número de suicídios. Discute-se que não é possível evidenciar se os

ganhos sociais da inclusão da temática no cotidiano das famílias, da forma como foi realizada,

foram benéficas; ficando como alerta que é necessário uma série de protocolos, já

desenvolvidos, quando o assunto for levado ao grande público.

Palavras-chave: Direito. Suicídio. Thirteen reasons why. Vulnerabilidades.

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail:

[email protected] Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom . E-mail:????

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A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COMO INSTRUMENTO

TEÓRICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Ana Luiza Machado Fulanet

Talita Maria Machado de Freitas (Or.)

RESUMO

Este trabalho tem sua proposta fundada na Terapia Cognitivo-Comportamental - TCC, como

instrumento teórico, para o desenvolvimento da inteligência emocional por meio de uma

pesquisa bibliográfica resultante em um artigo de revisão narrativo. Objetivando a

contribuição científica e inovadora da junção de um polo teórico e de uma habilidade que

deve ser adquirida por todos que almejam controle da sua vida, bem como menos impasses

causados pela falta dela. A inteligência emocional é conceitualizada como a regulação das

emoções, ou seja, o indivíduo inteligente emocionalmente deve ser capaz de identificar,

compreender e expressar corretamente tais emoções. Logo, a Terapia cognitivo-

comportamental que se caracteriza pelo foco em pensamentos e crenças, traz um arcabouço

teórico de muita ajuda para essa pesquisa. Ao intervir e modificar o indivíduo internamente

por meio das técnicas que a Terapia Cognitivo-Comportamental oferece, pode tornar o

potencial da inteligência emocional a ser desenvolvida muito mais iminente.

Palavras-chave: Terapia cognitivo comportamental. Inteligência emocional. Regulação,

controle.

Acadêmica de Psicologia da Católica Orione Docente da Católica Orione, curso de Psicologia.

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OS DESAFIOS DO PSICÓLOGO NA ATUAÇÃO NO CONSULTÓRIO DE RUA:

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SÓCIO- HISTÓRICA

Ageu Moura da Silva

Layonan Batista Cavalcante

Paula Laena Paiva de Sousa

Gilson Gomes Coelho

RESUMO

O presente artigo tem objetivo de mostrar os desafios e os percalços que a prática do

consultório de rua tem, seja em escuta, articulação com a rede de saúde, técnicas e

instrumentos exclusivos para a atuação, podendo ser feito onde o sujeito em situação de rua

esteja necessitado do cuidado e assistência. De acordo com Londero, Ceccim e Bilibio

(2013), o consultório é um serviço aberto e de cunho espontâneo, com o propósito de acolher

os usuários, com ações norteadas com especificidades e dificuldades de cada indivíduo. O

presente trabalho foi realizado com base em pesquisas bibliográficas sobre a temática de

consultório de rua. A relevância desta pesquisa se dá pela compressão do sujeito a partir de

sua história de vida, como a psicologia sócio-histórica pode contribuir a escuta, acolhimento

e as técnicas do consultório de rua para uma total compreensão do ser humano em uma

condição social vulnerável.

Palavras-chave: Psicologia Sócio-Histórica. Desafios. Consultório de Rua.

Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. E-mail: [email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.E-mail:[email protected] Acadêmica de Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione.E-mail:[email protected] Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Docente da Facdo. E-mail: [email protected]

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ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A FASE ADOLESCENTE DA VIDA: A

LITERATURA E O CINEMA COMO FERRAMENTAS DISPONÍVEIS PARA O

PSICÓLOGO

Édson Soares Rodrigues, Karoline Cunha Sousa

Lívia Emerick de Magalhães Werner

Ana Letícia G. Pereira

RESUMO

A adolescência é uma fase marcada pela formação da identidade. Nessa fase, o adolescente

experimenta várias personas para compreender a si mesmo e o mundo a sua volta. Na

disciplina de desenvolvimento II, estuda-se essa fase da vida para compreender como o

psicólogo pode auxiliar o adolescente que está vivenciando esta crise. A partir das reflexões

ocorridas nesta disciplina, observou-se que uma parcela significativa de adolescentes se

identifica com filmes e personagens adolescentes que enfrentam dilemas e jornadas perigosas

e com o objetivo de compreender como o psicólogo pode utilizar o cinema e a literatura para

comunicar-se melhor com os adolescentes que buscam seu auxílio. Utilizou-se o filme Alice

no país das Maravilhas para verificar como é possível articular literatura, cinema e psicologia.

Com base na psicologia junguiana, e mais precisamente na jornada do herói, observou-se que

o cinema e a literatura são recursos que podem ser utilizados pelo psicólogo para auxiliar o

adolescente em seu processo de individuação e desenvolvimento. O adolescente se identifica,

por exemplo, com Alice porque ela também está em busca de seu lugar no mundo e para

descobrir qual é o seu lugar e quem ela é, a personagem se depara com dificuldades

semelhantes as experimentadas pelos adolescentes na vida real; ao longo do filme Alice se

depara com Absolem com quem estabelece diálogos que levam a reflexão sobre sua vida, tal

como ocorre entre um adolescente e o psicólogo que o auxilia em seu processo de

individuação. Com base nessas informações, conclui-se que a utilização da literatura e do

cinema como ferramenta para auxiliar o adolescente e compreender mais sobre o universo do

ser humano nesta fase da vida é um recurso viável para o profissional psicólogo. O psicólogo

é um profissional que precisa compreender as formas de expressão do adolescente e fazer uso

do linguajar que estes clientes utilizam a fim de adequar-se às suas necessidades, mostrando

assim que é um profissional flexível e apto a se comunicar e auxiliar este público.

Palavras-chave: Literatura. Cinema. Psicologia.

Estudante de Psicologia da Católica Orione Estudante de Psicologia da Católica Orione Docente da católica Orione

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SOLIDÃO E SAÚDE MENTAL DE JOVENS NO ENSINO SUPERIOR

Iany Lima de Sousa

Edilson Barros de Macedo

RESUMO

Este estudo técnico científico, cuja pesquisa encontra-se em processo de desenvolvimento,

busca analisar os aspectos pessoais e contextuais institucionais que contribuem para o

surgimento do sofrimento psíquico entre os jovens acadêmicos do ensino superior. Para tanto,

optou-se inicialmente pela construção de um artigo de revisão bibliográfica, além disso, estão

sendo realizados círculos temáticos na Universidade Federal do Tocantins a fim de conhecer

os aspectos contribuintes para a solidão e o sofrimento nestes espaços. Durante a realização

da pesquisa é possível perceber que a solidão, enquanto evento decorrente do distanciamento

familiar e dificuldade de construir novos relacionamentos afetivos, não é o único fator

responsável pela existência do sofrimento psíquico na universidade, podendo advir de fatores

psicossociais, como o distanciamento familiar, dificuldades financeiras, culturais, históricas,

aliados a pressão inerente ao espaço universitário.

Palavras-chave: Sofrimento psíquico. Estudantes. Ensino superior. Psicologia.

Graduanda em Psicologia pela Faculdade Católica Dom Orione. [email protected] Docente Católica Orione.

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SEXUALIDAE, GÊNERO, DIVERSIDADE SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR

Marcelo Dias da Silva

Gilson Gomes coelho

RESUMO

O presente trabalho apresenta a discussão diversidade sexual no espaço escolar através de

uma revisão bibliográfica, para tal utilizou-se dez dissertações entre os anos 2008 a 2018,

além foram utilizados alguns artigos e o livro de base Guacira Lopes Louro do ano 2000. O

texto inicia-se afirmando por que a sexualidade adquiriu centralidade e, por que o corpo é

visto como julgamento final de identidades e, os papéis atribuídos a homens e mulheres,

meninos e meninas, comportamentos tidos como sendo masculino e femininos. Além disso

algumas definições foram necessárias como por exemplo: O termo gênero, identidade de

gênero, orientação sexual, sexualidade na perspectiva de Michel Foucault entendida como

sendo um espécie de dispositivo. Entendido isto constantemente nos deparamos com

discursos ocorridos no espaço escolar de que alguns alunos precisam de ajuda, passar por

psicólogos, ser encaminhado para tratamentos, porém se analisados percebe-se que tais

discursos justamente ocorrem por essas concepções citados acima.

Palavras-Chave: Diversidade sexual. Gênero. Identidade. Sexualidade.

1

Acadêmico do 8º período do curso de psicologia da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO. Voluntário do Programa Institucional de Iniciação Científica – PROCIENT. E-mail: [email protected]. Currículo

Lattes: http://lattes.cnpq.br/0900496917578526 Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Corumbá (2009), mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Doutorando em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista, campus de Assis. É docente no curso de Psicologia na Faculdade Dom Orione.

Tem experiência nas áreas de Psicologia Institucional e Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas:

Estudos de Gênero e Sexualidade, Afetos e Pobreza. e-mail: [email protected]. Currículo lattes

:http://lattes.cnpq.br/6859345388384152

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A BREVE BATERIA DE RASTREIO COGNITIVO

Maria Eugenia Lourenço Dos Santos

Nádia Regina Stefanine (Or.)

RESUMO

A bateria breve de rastreio cognitivo criada por Nitrini et al, tem como intuito de rastrear em

idosos o comprometimento da memória. Aplicado em sete minutos analisa o desempenho do

entrevistado em vários estágios, utilizando uma nota de corte de aprendizado >7, memória

tardia >6 e fluência verbal >13. Tendo como objetivo avaliar o entrevistado por nomeação,

memória Incidental, fluência verbal, teste do desenho do relógio, memória tardia e

reconhecimento. Levando em consideração que o teste do relógio é muito importante para o

diagnóstico de demências como a do corpos de Lewy, essa bateria serve como um

complemento do MEEM (mini exame do estado mental), que avalia o entrevistado com base

na educação formal, por ser rápida a aplicação ela é muito utilizada também em ambulatórios

de neuropsicologia avaliando com mais precisão os idosos que têm baixa escolaridade.

Palavras-Chave: Entrevistado. Comprometimento. Demência. Memória .Rastreio.

Discente do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione (FACDO). e-mail: [email protected] Mestre em Ciências Animal pela Universidade Federal do Tocantins(UFT) e professora do curso de psicologia da Faculdade Católica Dom Orione(FACDO). e-mail: [email protected]

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DISCURSO DE ÓDIO CONTRA A MINORIA LGBT: O PROBLEMA DA

LIBERDADE DE EXPRESSÃO SOB A ÓTICA DA AÇÃO DIREITA DE

INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 26

Amanda Soares Oliveira

Nilsandra Martins de Castro (Or.)

RESUMO

O presente artigo analisa o discurso de ódio proferido contra a minoria LGBT (lésbicas, gays,

bissexuais e transgêneros), através de uma abordagem qualitativa, descrevendo casos

concretos que ilustram as explicações expostas. Tem por objetivo discutir contextos históricos

que envolvem tal comunidade, bem como examinar princípios constitucionais em colisão com

a liberdade de manifestação do pensamento. O estudo foi desenvolvido com base em

bibliografias relacionadas a grupos vulneráveis, identidades sociais, direito penal e

constitucional, além de pesquisas documentais relacionadas ao grupo em destaque e aos

direitos das pessoas. A homofobia e a transfobia consistem na prática de discriminação e

intolerância contra as pessoas LGBT. Essa população, desde há muito tempo, vem lutando

por seu espaço no meio social, buscando sair da margem a que são relegadas e serem

reconhecidas como sujeitos de direitos que são. Ademais, os discursos intolerantes que elas

enfrentam não podem ser protegidos pela liberdade de expressão, por contrariar o fim último

da Constituição Federal, bem como os direitos inerentes às pessoas. No que concerne à

minoria LGBT, é necessário que se reconheça seus direitos e as dificuldades pelas quais tem

passado, exercendo a concretização daqueles e a diminuição dos casos de LGBTfobia por

meio do reconhecimento de sua dignidade como pessoa humana.

Palavras-chave: Minorias. Grupo LGBT. Discurso de ódio. Liberdade de expressão. Colisão

de princípios.

Acadêmica de Direito e voluntária do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT. Doutora em Letras e docente da Católica Orione

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AGRESSÃO INVISÍVEL: A INTOLERÂNCIA E O PRECONCEITO NAS REDES

SOCIAIS

Iara natália R. da Silva

Nilsandra Martins de Castro (Or.)

RESUMO

O presente trabalho pondera sobre a liberdade de expressão, a manifestação do pensamento e

demais formas de exposição de conceitos e opiniões nas mídias sociais em relação as

mulheres. Com o advento da internet a comunicação ganhou novo status, as informações

passaram a ir e vir com uma rapidez nunca antes imaginada e com isso a crescente

disseminação do uso das redes sociais, para várias atividades afins, há o que chamamos de

discurso de ódio que veio junto com toda essa comunicação virtual. Esta atualiza consigo uma

pluralidade de “agressões” por vezes subjetivas, voltadas para os grupos vulneráveis.

Averiguemos as manifestações e conceitos que a sociedade promove nas redes sociais e os

conteúdos disponibilizados na internet relacionados à reputação e a direitos da citada mulher.

A metodologia utilizada foi a base bibliográfica e documental. De modo geral, o tema é

pertinente, tendo em vista que embora a mulher usufrua na atualidade de uma gama de

direitos, muitos ainda são mitigados. Com esta forma de distante e perto ao mesmo tempo,

tem se dado segurança àqueles que querem dizer algo e não tem a coragem de dizer

pessoalmente, sendo uma agressão invisível através dos conteúdos disponibilizados na

internet.

Palavras-chaves: Liberdade de expressão. Discurso de Ódio. Mulheres. Redes Sociais.

Acadêmica do 10° período de Direito e participante do Programa de Iniciação Científica da FACDO – PROCIENT Doutora em Letras e docente da Católica Orione

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TRABALHOS COMPLETOS

RESUMO EXPADIDO PARA PUBLICAÇÃO NOS ANAIS DO EVENTO

DEFENSORIA PÚBLICA: ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR NO ÂMBITO DA

FAMÍLIA

Téssia Gomes Carneiro

Fernanda Cristina da Silva Campelo

Gislene Santos Moreira

Laura Pantoja de Oliveia Carvalho

Maria Geovanísia Rodrigues Mendes

RESUMO

O presente trabalho apresenta a sequência didática planejada a várias mãos para a execução

da Oficina realizada no Fórum Científico da Faculdade Católica Dom Orione. Para tanto, foi

abordado o trabalho em rede realizado pelos gabinetes defensoriais, a Equipe Técnica

Multidisciplinar e o Núcleo de Conciliação e Mediação da Defensoria Pública da Regional de

Araguaína – TO. A interdisciplinaridade nas ações definidas e planejadas em conjunto pela

equipe com formação em psicologia, pedagogia e serviço social e em exercício há seis anos,

pode ser observada nas demandas advindas dos conflitos intrafamiliares, os quais se

manifestam em função da dinâmica relacional dos envolvidos nas ações judiciais e/ou

extrajudiciais. Como resultado do evento apresentamos o fluxo de atendimento no âmbito da

família na Regional de Araguaína, a partir do método participativo.

Palavras-chave: Oficina. Defensoria Pública. Família. Interdisciplinaridade.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho adveio da execução da Oficina “Defensoria Pública: atuação

interdisciplinar no âmbito da família”, realizada durante o fórum Científico da Faculdade

Católica Dom Orione, aos 25 de outubro de 2019.

Especialista em Direito Penal pela UFG. Mestre em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos pela UFT. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFT, na linha de pesquisa contemplativa da educação

prisional, remissão pela leitura. Defensora Pública no Estado do Tocantins, lotada na Regional de Araguaína. E-

mail: [email protected] Especialista em Educação à Distância pela EDUCOM. Especialista em Elaboração e Gerenciamento de Projetos pelo ITEC. Graduada em Serviço Social pelo CEULP/ULBRA. Analista em Gestão Especializado: Serviço Social, lotada na Regional de Araguaína. E-mail: [email protected] Graduada em Pedagogia pela Universidade AD1. Graduada em Letras pela UFT. Especialista em Pedagogia Empresarial e Docência Universitária pela FACDO. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da

UFT. Analista em Gestão Especializado: Pedagogia, lotada na Regional de Araguaína. E-mail:

[email protected] Graduada em Psicologia pelo CEULP/ULBRA. Analista em Gestão Especializado: Psicologia, lotada na Regional de Araguaína. Graduada em Serviço Social pela Faculdade Leão Sampaio (CE). Graduada em Geografia pela URCA. Especialista em Política da Infância e Juventude pela FJN. Especialista em Gestão Estratégica pela FAEL.

Analista em Gestão Especializado: Serviço Social, lotada na Regional de Araguaína.

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A Oficina ministrada conjuntamente pela Defensora Pública, Téssia Gomes Carneiro,

titular da 1ª Defensoria Pública da Regional de Araguaína e pela Equipe Multidisciplinar,

também pertencente à Regional, esclareceu sobre o fluxo de atendimento no âmbito da família

numa perspectiva interdisciplinar aos acadêmicos presentes, na maioria matriculados nos

cursos de Direito e Psicologia.

Integram a Equipe Multidisciplinar em Araguaína: a pedagoga Gislene Santos

Moreira; a psicóloga Laura Pantoja de Oliveira Carvalho e as assistentes sociais Fernanda

Cristina da Silva Campelo e Maria Geovanísia Rodrigues Mendes.

A inserção das Equipes Multidisciplinares na Defensoria Pública do Estado do

Tocantins é recente e sua composição data do primeiro concurso do quadro de servidores

auxiliares da referida instituição, com o ingresso no início do ano de 2013. Desde então, tais

profissionais somam esforços no atendimento especializado da área da família numa atuação

interdisciplinar.

2 DESENVOLVIMENTO DA OFICINA

O método utilizado durante a execução da Oficina foi o participativo, eis que o

protagonismo dos inscritos foi essencial para o desenvolvimento das atividades propostas.

Visando a integração do grupo, realizamos o check in através de dinâmica em grupo

com o seguinte questionamento: qual a história do seu nome? Essa foi a primeira atividade

da tarde, dentro do método participativo, e teve como intuito gerar foco e engajamento nos

estudantes, os quais foram estimulados a interagirem entre si, inclusive fisicamente, ainda que

apenas por contato visual enquanto falavam.

Eis que cada um recebeu um cartão e escreveu a história de seu nome sem indicá-lo.

Depois redistribuímos os cartões para que pudessem achar o autor da narrativa, fazendo

perguntas simples sem questionar o nome do entrevistado. Findo o tempo, cada um apresentou

o colega que encontrou.

Ato contínuo, numa imersão ao tema, lemos em conjunto o poema “Bem no fundo”,

de autoria do poeta Curitibano Paulo Leminsk, que aponta para as relações continuativas na

seara da família.

Em seguida, procedemos à aula expositiva dialogada, cujo foco foi o de explanar o

fluxo de atendimento na Regional, bem como as técnicas aplicadas nos estudos no âmbito da

família com a apresentação prévia das perícias e técnicas utilizadas no cotidiano dos

atendimentos.

Durante a explanação da defensora pública e da equipe multidisciplinar, os alunos

teceram considerações sobre o tema abordado, eis que participaram ativamente do diálogo

desenvolvido.

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Ao final, para fechamento das atividades desenvolvidas, realizamos a dinâmica check

out, momento em que os alunos foram estimulados a refletirem sobre o que levaram da

Oficina através da construção de uma nuvem de palavras.

O fechamento da Oficina deu-se com a leitura do poema “Não sei”, de autoria de Cora

Coralina, eis que a poetisa é sensível ao afeto e a ao acolhimento, tão necessários na partilha

de vidas e solução de conflitos que aportam no atendimento cotidiano daqueles atendidos na

Regional de Araguaína.

3 E O QUE É DEFENSORIA?

Em definição, a Constituição Federal de 1988 esclarece:

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime

democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos

humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos

individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados [...] (BRASIl,

2019a).

Ela atua nas diversas áreas do Direito, tais como: cível, família, fazenda pública,

criminal, infância e juventude, além de oferecer atendimentos especializados ao idoso,

mulher, consumidor, entre outros.

Com a entrada de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, cuja finalidade é

propiciar apoio/suporte técnico, surgiram novos desafios e possibilidades de atuação. O que

esperar do trabalho destes profissionais? Quais as possíveis contribuições?

De fato, uma das maiores demandas do trabalho das equipes técnicas é oriunda do

Direito de Família, cujas soluções perpassam por questões diversas, que exigem um constante

diálogo entre os saberes. São inúmeras ações de guarda, regulamentação de visitas, divórcio,

interdições, entre outras, em que diariamente são solicitados estudos psicossociais e

pedagógicos atendimentos, relatórios e/ou pareceres técnicos.

Eis que tais situações complexas do dia a dia que aportam na Defensoria possuem viés

social, político, cultural, dentre outros, o que indica que a busca da pacificação perpassa pela

necessidade de um trabalho conjunto, numa verdadeira aproximação do Direito de Família

com outras visões do saber humano.

Assim, a Oficina desenvolvida no Fórum Científico teve por objetivo evidenciar o

trabalho da Equipe Técnica da Defensoria Pública da Regional de Araguaína/TO, abordando

sobre a inserção destes profissionais no âmbito jurídico; as principais demandas advindas do

Direito de Família; e como se tem dado a prática desta equipe diante dos conflitos das relações

familiares. Frisou-se também, o fluxo de atendimento a partir do gabinete defensorial, que em

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grande número apresenta soluções dentro do próprio órgão através da utilização da

conciliação e da mediação disponibilizadas pelo NUMECON da Regional.

Nessa perspectiva, a Oficina reforçou as ações realizadas pelo NUMECON ao

apresentar como positivo os resultados alcançados nas conciliações e mediações. O referido

Núcleo prima pela solução extrajudicial dos conflitos e atende com prevalência, os casos de

família que lá aportam, contando inclusive com o suporte da equipe multidisciplinar da

Regional, seja através da confecção dos estudos solicitados, seja através das visitas

domiciliares realizadas, seja através dos atendimentos ali demandados.

4 NOVOS DESAFIOS

Novos desafios têm feito com que a Defensoria Pública busque cada vez mais a

colaboração de outros saberes na solução dos litígios de família, eis que o próprio Direito

vem, já há alguns anos, recebendo suporte técnico e teórico de outras ciências. Em virtude

das novas demandas e do caráter afetivo pujante nas questões familiaristas, que apontam

outros aspectos envolvidos nos litígios, que não somente os jurídicos/legais, tem se tornado

mais recorrente a necessidade de apoio técnico de profissionais das áreas ciências sociais e

humanas (serviço social, psicologia e pedagogia, dentre outros).

Diante de um conflito judicial, o mero enquadre dos indivíduos às respectivas leis e

imputabilidades - no modelo cartesiano que a Justiça costuma adotar, em que uma parte ganha

e a outra perde - não parece ser o melhor, e único, caminho a ser seguido. Os assistidos

litigantes precisam ser vistos como seres biopsicossociais, compreendidos em sua plenitude,

até mesmo para aprimorar o entendimento ‘Homem x Leis’.

Hoje, as instituições que prestam serviço jurídico têm percebido a necessidade de um

trabalho multiprofissional, ou seja, vários saberes atuando em prol da relação Homem x

Sociedade x Subjetividade x Leis. No que concerne à área da família, Carbonera (1998),

destaca que:

os atuais contornos jurídicos de família exigem dos operadores do Direito uma

constante preocupação com a realidade, assim como com a permanente atualização

dos conhecimentos [...]. Os conceitos não podem ser cristalizados. Do mesmo

modo, fórmulas prontas para a solução de litígios de família não são mais

compatíveis com um modelo bastante preocupado com os sujeitos. É preciso

repensar! (CARBONERA, 1998, p. 486-487).

Brito apud Beiras et al (2005, p. 43) pontua que “depoimentos de juristas demonstram

que problemas emocionais das partes envolvidas em processos estão entrelaçados às

demandas jurídicas, já não sendo a atuação estritamente jurídica suficiente para suprir tal

complexidade”.

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A partir dessas considerações, reforça-se ainda mais a inserção de psicólogos,

assistentes sociais e demais áreas como a pedagogia no âmbito jurídico. Várias equipes

técnicas têm sido compostas em Tribunais de Justiça, Fóruns, Ministérios Públicos e

Defensorias com a finalidade de colaborar no estudo das relações sociais, emocionais e

psicológicas dos indivíduos que acessam a Justiça a fim de dirimir seus problemas/conflitos.

Para tanto, nas ações de família, exige-se uma aproximação da ciência jurídica com

outros ramos do conhecimento, como a psicologia, a Sociologia, a Assistência

Social, a Antropologia, a Medicina, dentre outros, com o desiderato de obter

conhecimento para a boa solução dos conflitos familiares. (FARIAS e

ROSENVALD, 2016, p. 165).

Corroborando o exposto, necessário pontuar que as legislações esparsas como, por

exemplo, a Lei da Adoção n⁰ 12.010/2009 (BRASIL, 2009), a Lei Maria da Penha n⁰

11.340/2006 (BRASIL, 2019b), a Lei de Alienação Parental n⁰ 12.318/2010 (BRASIL, 2010),

a de Guarda Compartilhada n⁰ 13.058/2014 (BRASIL, 2014), dentre outras, já trazem a visão

colaborativa de outros conhecimentos para o deslinde das ações de família.

5 O TRABALHO DA EQUIPE TÉCNICA NA REGIONAL DE ARAGUAÍNA

As Equipes Técnicas são compostas de profissionais com formação em psicologia,

pedagogia e serviço social e prestam atendimento interdisciplinar por intermédio do

assessoramento psicossocial e pedagógico, nas demandas advindas dos gabinetes e núcleos,

os quais primam, prioritariamente, pela solução extrajudicial dos litígios.

O fluxo decorre das solicitações de estudos psicossocial ou psicossocial e pedagógico,

isto é, dependendo do caso específico solicita-se a atuação de uma ou mais áreas citadas. O

produto final consiste na elaboração dos relatórios e pareceres técnicos.

Para a composição dos estudos são realizadas visitas domiciliares e institucionais

(Escolas, Conselhos Tutelares, hospitais, entre outras), entrevistas psicológicas, pedagógicas

e/ou sociais, as quais podem ser realizadas tanto individualmente como por toda equipe de

forma conjunta, seja na sede da Defensoria ou durante as próprias visitas.

As maiores demandas direcionadas à equipe, dentro do Direito de Família, são as de

guarda e/ou modificação de guarda. Muitos processos ou tentativas de acordos de guarda

caracterizam-se por uma disputa acirrada entre os genitores, normalmente pela dificuldade

que muitos têm em diferenciar as relações parentais das relações conjugais.

Comumente, o apoio técnico da equipe também é despedido nos casos de

regulamentação de visita, negatória de paternidade, alienação parental, interdição, alimentos,

divórcio e dissolução de união estável. Para tanto, tais profissionais se pautam pela

imparcialidade, no intuito de compreender a dinâmica relacional da família, diante de uma

análise descritiva e interpretativa.

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O estudo psicossocial não tem caráter resolutivo, mas, sim, avaliativo. Daí, ao final

das intervenções, serem realizados encaminhamentos para que as famílias procurem

os recursos da comunidade, a fim de serem tratados os conflitos que estão gerando

sofrimento, especialmente às crianças e adolescentes, os quais dependem da

proteção e afeto dos adultos (SANTOS; COSTA, 2010, p. 557).

Santos e Costa (2010), expõem ainda que o olhar psicossocial é caracterizado pela

epistemologia sistêmica, ou seja, a família deve ser compreendida considerando todos os seus

contextos e facetas, o entrelace de suas relações.

Importante destacar que o trabalho multidisciplinar na Defensoria Pública do

Tocantins não se restringe à realização de estudos, avaliações e pareceres; apontemos também

os acolhimentos, as orientações, os encaminhamentos às redes de saúde ou de assistência

social, além do suporte emocional focal para os assistidos fragilizados diante de uma ação

judicial que envolve conflitos intrafamiliares realizado pelo setor de psicologia, o que por sua

vez não se confunde com o atendimento psicoterápico.

No mais, considerando que a Defensoria Pública do Tocantins prima pela solução

extrajudicial dos conflitos foram instalados em cada Regional um NUMECON (Núcleo de

Conciliação e Mediação), cujo maior fluxo de atendimento ocorre nos casos da área

especializada da família e também demanda o trabalho coletivo entre defensores e equipe

técnica multidisciplinar, eis que por vezes o defensor, o conciliador ou o mediador solicita o

apoio técnico em questões de ordem emocional, social ou educacional apresentadas pelo

assistido atendido. Em tais situações, o atendimento pontual e específico nas áreas de

competência da equipe multidisciplinar visa minimizar os conflitos e, por conseguinte, a

realização da tentativa de acordo.

Nesse sentido, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos devem estar

comprometidos, não apenas com a emissão de relatórios ou pareceres com fins avaliativos,

mas também com o bem-estar dos assistidos, ou seja, com o resgate da cidadania, com a

promoção dos direitos sociais, com a articulação de políticas públicas, com a proteção de

crianças e adolescentes e, sobretudo, permeados pelo olhar sistêmico das relações familiares.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do fluxo apresentado, a Oficina desenvolveu-se de forma prática e também

trouxe aspectos teóricos, numa compreensão de que a atividade defensorial na família não é

isolada, mas ao contrário, busca engajar-se cada vez mais para alcançar soluções às demandas

de cunho multifatorial.

O diálogo entre os saberes e a releitura do atendimento tradicional perpassa pela escuta

do assistido, protagonista do atendimento defensorial. Assim, o olhar para a cooperação e a

construção de caminhos interdisciplinares se somam na incessante busca de atendimento de

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qualidade ao assistido, o qual recorre ao órgão na perspectiva de ver seus direitos

resguardados, seja pela solução judicial, seja pela solução extrajudicial do conflito.

REFERÊNCIAS

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Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as

Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência

contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar

contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução

Penal; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2019b]. Disponível

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dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código

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significado da expressão “guarda compartilhada” e dispor sobre sua aplicação. Brasília, DF:

Presidência da República, [2014]. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm. Acesso em: 24

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ALTERNATIVAS POSSÍVEIS AO NEOLIBERALISMO E DESEMPREGO, A

PARTIR DOS EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA NO

ESTADO DO TOCANTINS

POSSIBLE ALTERNATIVES TO NEOLIBERALISM AND UNEMPLOYMENT, BASED

ON SOLIDARITY ECONOMY ENTERPRISES IN THE STATE OF TOCANTINS

Jonas Lenadro Flores

RESUMO

O desemprego é uma das principais mazelas sociais, no mundo do trabalho, especialmente no

Brasil. A concepção hegemônica neoliberal trouxe consigo vários aspectos de precarização

das relações de trabalho e a própria existência desse para as pessoas. Em contrapartida a isso,

na década de 90, há o surgimento de uma outra gama de possibilidades e atividades

econômicas que envolve uma outra lógica de produção e consumo: os Empreendimentos de

Economia Solidária (EES). Foram realizados dois importantes levantamentos de dados, a fim

de saber o perfil e a “dimensão” da economia solidária brasileira, coordenados pela Secretaria

Nacional de Economia Solidária – SENAES e denominados mapeamentos dos

empreendimentos de economia solidária. O primeiro foi realizado entre 2005 a 2007 e, o

segundo nos anos de 2010 a 2013, constituindo-se no I e II Mapeamento Nacional da

Economia Solidária, que nos dão algumas respostas sobre os empreendimentos e a dimensão

dessa economia. Utilizamos esses estudos, para demonstrar quem são esses empreendimentos,

suas características, comparando-os com alguns indicadores sociais relevantes. Os resultados

e conclusões demonstram que esses empreendimentos cumprem em parte a uma demanda de

inclusão, em resposta ao desemprego, no quesito geração de trabalho e renda.

Palavras-chave: Economia solidária. Desemprego. Empreendimentos de economia solidária.

Neoliberalismo. Desenvolvimento regional.

Abstract

Unemployment is one of the biggest social issues worldwide and especially in Brazil. The

neoliberal hegemonic conception brought with it several aspects of precarious labor

relationships and its own existence to people. In return to that, in the 90’s, another range of

possibilities and economic activities arises which involves a different concept of production

and consumption: the Solidarity Economy Enterprises (SEE). Two important data surveys

were made, in order to know the profile and “size” of the Brazilian solidarity economy

coordinated by National Secretariat for Solidarity Economy – NASESE named mapping of

enterprises of solidarity economy. The first data survey took place between 2005 and 2007,

and second one from 2010 to 2013, constituting the first and second National Mapping of the

Solidarity Economy, that give us some answers about the enterprises and the size of that

economy. The studies mentioned above were used to show whom those enterprises are, their

features compared with some relevant social indicators. The results and conclusions

demonstrate that these ventures partly fulfill a demand for inclusion, in response to

unemployment, when it comes to income and employment generation.

Mestrando na Universidade Federal do Tocantins - UFT, no Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais, stricto sensu. É membro do grupo de Pesquisa em Demandas Populares e

Dinâmicas Regionais. Possui curso de especialização latu sensu em em Projetos Sociais e Culturais e graduação

- licenciatura- em Ciências Sociais, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Keywords: Solidarity economy. Unemployment. Solidarity economy enterprises.

Neoliberalism. Regional development.

1 INTRODUÇÃO

Talvez um dos maiores problemas que o país enfrenta hoje é, sem dúvida, a explosão

e persistências de elevados índices de desemprego, sobretudo a partir da década de 1990,

como bem enfatiza Pochmann:

O fenômeno do desemprego no Brasil é uma realidade incontestável dos anos 1990. (...) Em 1986, o Brasil ocupou a 13ª posição no ranking do desemprego mundial.

Mas desde o início da década de 1990, o desemprego ganhou maior dimensão,

sendo, a partir de 1994, responsável pela inclusão do Brasil no bloco dos quatro

países com maior volume de desempregados. (POCHMANN, 2006, p.60)

O desemprego e suas distintas modalidades de precarização do trabalho, frutos do

neoliberalismo traz consequências como a informalidade, o subemprego e a terceirização.

Essas consequências, são em grande parte frutos do neoliberalismo. Esse conceito passou a

ser adotado para designar a onda de desregulamentação dos mercados, livre comércio, a livre

mobilidade do capital, a privatização e de desmonte do Estado de Bem-Estar Social ao redor

do mundo. O Estado tem um papel decisivo. Conforme nos demonstra Andrade, o

neoliberalismo tem seus métodos, sua amplitude e consequências são amplas:

Seus métodos atuais são: 1. Privatização e mercadização. Trata-se da transferência

de ativos do domínio público e popular aos domínios privados e de privilégio de

classe, abrindo-os à acumulação capitalista, como nos casos da utilidade pública

(água, telecomunicações e transporte), dos benefícios sociais (habitação social, educação, assistência à saúde e pensões), das instituições públicas (universidades,

laboratórios de pesquisa e presídios), das formas culturais (turismo e música), dos

bens comuns ambientais globais (terra, ar e água), dos direitos de propriedade

intelectual (patente de materiais genéticos e biopirataria) e dos direitos de

propriedade comum (direitos à aposentadoria estatal, ao bem-estar social e a um

sistema nacional de saúde). 2. Financialização. Característica marcada pelo estilo

especulativo e predatório, ou por operações fraudulentas e pela dilapidação e

transferência de recursos via inflação, fusões e aquisições, endividamentos de

famílias e do Estado, comissões sobre transações supérfluas, contabilidade criativa

e ataques especulativos realizados por fundos de derivativos e grandes instituições

financeiras. 3. Administração e manipulação de crises. Crises orquestradas,

administradas e controladas pelo complexo formado pelo Tesouro dos Estados Unidos, por Wall Street e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que lançam

a rede da dívida como forma de transferir a riqueza dos países pobres para os países

ricos. 4. Redistribuições via Estado. Uma vez neoliberalizado, o Estado contribui

para reverter o fluxo redistributivo em direção das classes altas, realizando

privatizações, códigos tributários regressivos, subsídios e isenções fiscais a pessoas

jurídicas e direcionamento de verbas públicas para beneficiar grandes corporações.

(ANDRADE, 2019, p.221)

Sua lógica, seu modus operandi, estão estruturados em processos de exploração, com

a transferências de elementos essenciais ao desenvolvimento humano (como os benefícios

sociais) que passam do interesse público para o privado, além de suas consequências no como

a precarização e desestruturação do trabalho que resulta em inúmeros efeitos colaterais como

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diminuição da renda, degradação das condições de vida, aumento da desigualdade, da

pobreza, dentre outras mazelas, além da exclusão social, criando uma “massa de

trabalhadores” na condição “de fora” dos empregos formais, os desempregados, colocando-

os na completa marginalidade.

Apesar disso, as dimensões do mundo do trabalho no Brasil, vai muito além do

trabalho assalariado no contexto do mercado formal. Há uma outra gama de possibilidades e

atividades econômicas que envolve uma outra lógica de produção e consumo. Uma parcela

dessa população, que foi atingida pelas consequências do neoliberalismo, buscou formas de

sobrevivência de maneira coletiva. Essa alternativa, que na década de 1990 foi denominada

de “economia solidária”, se dá, como processo alternativo ao emprego formal, a precarização

e à exclusão social, na consideração que Cunha nos traz:

Economia Solidária é o termo de crescente reconhecimento para designar um

conjunto diversificado de atividades econômicas (produção de bens ou serviços, comercialização, consumo, finanças) de base associativa e autogestionária.

Solidariedade, cooperação e autogestão no plano econômico não são práticas novas,

mas no Brasil emergem sob formas recriadas principalmente a partir dos anos 1980

e 1990, como uma das respostas dos trabalhadores às transformações do mundo do

trabalho, em particular aqueles que estão há muito tempo fora do setor assalariado

formal ou que nunca estiveram nele. Sua expansão contou historicamente com o

apoio de organizações sociais diversas, como entidades religiosas, sindicatos e

centrais sindicais, universidades, organizações não governamentais, movimentos

rurais e urbanos. (CUNHA, 2012, p.45 e 46)

A economia solidária surgiu como possível e experimental resposta, por parte de

diferentes grupos sociais, às contradições do sistema capitalista e às imperfeições das relações

de mercado, onde uma parcela da população excluída do mercado de trabalho “formalizado”

busca sua sobrevivência coletivamente, assim definida por Singer:

O programa de economia solidária se fundamenta na tese de que as contradições do

capitalismo criam oportunidades de desenvolvimento de organizações econômicas

cuja lógica é oposta ao modo de produção dominante. O avanço da economia solidária não prescinde inteiramente do apoio do Estado e do fundo público,

sobretudo para o resgate de comunidades miseráveis, destituídas do mínimo de

recursos que permita encetar algum processo de auto emancipação. Mas, para uma

ampla faixa da população, construir uma economia solidária depende

primordialmente dela mesma, de sua disposição de aprender e experimentar, de sua

adesão aos princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia e de sua

disposição de seguir estes princípios na vida cotidiana etc. (SINGER, 2002, p. 112)

Sendo assim, são múltiplas as iniciativas que a caracterizam, tais como as

cooperativas, com seus coletivos de trabalhadores organizados com base na democracia nas

tomadas de decisões e organizadas em diferentes setores da economia, além de outras formas

de associativismo ou grupos informais de organização socioprodutiva, caracterizando um

verdadeiro “polimorfismo” organizacional. Soma-se ainda os movimentos cooperativos e

associativos, traduzidos também sob a forma de Empreendimentos Econômicos Solidários

(EES) – formais e informais –, que fazem parte dos movimentos sociais inseridos nessa

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economia, constituindo o principal processo de construção de formas econômicas

alternativas, sociais e humanistas.

As raízes históricas do nascimento da economia solidária se dão pouco depois do

capitalismo industrial, como reação ao crescente empobrecimento dos artesãos daquela época,

culminando com a criação da primeira cooperativa moderna em 1844: os pioneiros de

Rochedale, “considerada a mãe de todas as cooperativas [...], fundada por 28 operários

qualificados de diversos ofícios [...], entre os seus objetivos estava a criação de uma colônia

autossuficiente e o apoio a outras sociedades com esse propósito” (SINGER, 2002, p. 39). Já

no Brasil, a economia solidária começa a ter reconhecimento já na década de 90:

Ela havia começado a tomar corpo na primeira metade dos anos 1990, com a

multiplicação das empresas recuperadas (frutos da desindustrialização e do

desemprego em massa), das cooperativas nos assentamentos de reforma agrária, das

cooperativas populares nas periferias metropolitanas, formadas com o auxílio de

incubadoras universitárias e dos Projetos Alternativos Comunitários (PACs)

semeados pela Cáritas nos bolsões de pobreza dos quatro cantos do Brasil.

(SINGER, 2009, p. 43)

A economia solidária surge no Brasil como uma forma alternativa de organização

econômica e social desses trabalhadores. Dessa forma, ela se mostra como uma concepção

ampliada ou integral de desenvolvimento, aonde as variáveis tipicamente relacionadas a

questões sociais e de inclusão social são parte inerente do processo, e não tratadas como

“externalidades” pelo sistema capitalista.

Em se tratando de economia solidária e seus desdobramentos, como a forma de

organização associativa em Empreendimentos de Economia Solidária (EES), dois

importantes estudos realizados pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), I

e II Mapeamento Nacional da Economia Solidária, o primeiro realizado entre 2005/2007 e o

segundo entre 2010/2013, nos dão algumas respostas sobre a inclusão desses trabalhadores

que se encontravam em situação de desemprego e encontraram uma alternativa de gerar

trabalho e renda. Esses estudos, ainda nos auxiliam a compreender alguns de nossos

questionamentos sobre os empreendimentos de economia solidária: onde se localizam? Quem

os compõem? São empreendimentos formais ou informais? Quantas vagas de trabalho são

geradas? Se esses trabalhadores dos empreendimentos de economia solidária fazem parte

dessa faixa da população de pobreza e extrema pobreza? Ou, ainda, se são beneficiários de

políticas públicas de transferência de renda?

Para responder a essas questões, utilizamos a fonte de microdados do I e II

Mapeamento Nacional da Economia Solidária, realizados pela SENAES. Neles estão contidos

algumas das principais características do EES e de seus associados, além de respostas aos

nossos questionamentos. Nossa análise de dados e resultados foram feitas utilizando SPSS

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(Statistical Package Social Science), a partir da seleção das questões, do cruzamento entre

elas e, nos detemos, exclusivamente, sobre os dados do Estado do Tocantins.

2 As consequências do neoliberalismo e as alternativas da Economia Solidária: os

Empreendimentos de Economia Solidária - EES

A partir dos anos de 1960 e 1970, entra em cena novas transformações no modelo

produtivo em conjunto com as sucessivas crises econômicas3, trazendo mudanças mundiais

significativas:

Foi em meados da década de 1970 que se desencadeou um conjunto muito grande

de mudanças, de modo mais ou menos simultâneo, afetando fortemente o

capitalismo e o sistema de produção de mercadorias. Essas transformações

objetivavam tanto recuperar os níveis de acumulação e reprodução do capital,

quanto repor a hegemonia que o capitalismo vinha perdendo, no interior do espaço

produtivo, desde as explosões do final da década de 1960, quando as lutas sociais

do trabalho passaram a reivindicar diretamente o controle social da produção.

(ANTUNES; POCHMANN, 2007, p.196)

Essas mudanças vieram acompanhadas da readequação da função estatal: o “Estado

mínimo”, uma ideia que significa que “o Estado suficiente e necessário unicamente para os

interesses da reprodução do capital” (FRIGOTTO, 1999, p.83), com fundamentos em um

ideário neoliberal, conforme bem explica Frigotto:

A ideia-força balizadora do ideário neoliberal é a de que o setor público (o Estado)

é responsável pela crise, pela ineficiência, pelo privilégio, e que o mercado e o

privado são sinônimo de eficiência, qualidade e equidade. Desta ideia-chave advém

a tese do ‘Estado mínimo’ e da necessidade de zerar todas as conquistas sociais, como o direito à estabilidade de emprego, o direito à saúde, educação, transportes

públicos, etc. Tudo isso passa a ser regido pela férrea lógica das leis de mercado.

(Op. Cit. p.83).

Com o advento do neoliberalismo e a política do Estado mínimo, cada vez mais o

papel do Estado em assegurar esses direitos sociais tem diminuído consideravelmente, como

a própria postura, cada vez menos ativa, dos governos, para a geração de crescimento

econômico e empregos.

Essas mudanças trouxeram consigo várias consequências, dentre elas a readequação

do papel do Estado, como descrito por Silveira:

A apreensão do impacto das transformações ocorridas a partir dos anos 70 implica

em compreender as particularidades das relações envolvidas, em suas múltiplas e

combinadas expressões. Primeiramente porque uma sociedade fundada sobre o

trabalho converteu-se em uma sociedade marcada pela escassez e/ou precariedade

de trabalho; em segundo lugar, porque os valores societais baseados na

3 Crises que duram até hoje, na argumentação de Antunes e Pochmann: “Aquilo que a imprensa, à época,

denominou ‘crise do petróleo’, em verdade foi expressão de uma turbulência muito mais intensa que, de certo

modo, se prolonga até os dias de hoje, uma vez que o vasto e global processo de reestruturação produtiva ainda

não encerrou seu ciclo.” (ANTUNES; POCHMANN, 2007, p.197)

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solidariedade foram esgarçados, a ponto de produzir relações de aparente anomia

(para utilizarmos um conceito durkheimeano); em terceiro lugar, porque o

individualismo ultrapassou qualquer referência de singularidade e direito civil para

avançar para manifestações abertamente egoístas e socialmente excludentes; em

quarto lugar, porque a redução do papel do Estado restringiu-se às suas

responsabilidades sociais, mas não alcançou suas estreitas relações de patrocínio ao capital; em quinto lugar, porque o discurso que envolve a globalização econômica,

apresentando-a como inexorável, adéqua-se perfeitamente à orfandade política

decorrente da derrocada do Leste Europeu e a consequente sentença de morte que

acompanhou qualquer projeto político e social alternativo ao capitalismo;

(SILVEIRA, 2013, p.154)

Esses impactos, sem dúvida colocaram um novo panorama baseado em especial pela

escassez de trabalho assalariado, que começa a sofrer um processo de contração que vai

gerando o desemprego estrutural e a sua precariedade na sociedade. Soma-se a isso, novos

valores, a desoneração do papel do Estado como protagonista, outrora incentivador e criador

de possibilidades no mundo do trabalho.

Nas palavras de Castel, o mundo do trabalho sofre transformações, relacionadas ao

poder de integração e valores cultivados, começam a se desintegrar, criando uma

“vulnerabilidade de massa”, chamando os desempregados de novos ‘desfiliados’:

no fato que as regulações tecidas ao redor do trabalho, vêm perdendo seu poder de

integração. Reencontra-se e reproduz-se a vulnerabilidade de massa [...], pelo

crescimento do desemprego e da precarização, pela impossibilidade de acesso livre

aos postos assalariados de trabalho, sua personificação se faz [...] pelo desemprego

e pelos desempregados, os novos ‘desfiliados’ sem lugar (CASTEL, 2015, p. 14).

Os estudos de Castel, ainda demonstram a exclusão das possibilidades de obtenção de

trabalho assalariado relativamente estável, numa magnitude só comparável com as piores

crises conjunturais de excesso de produção, porém agora de maneira prolongada e, para

alguns, permanente, leva a um verdadeiro impasse social:

desempregados por período longo, moradores dos subúrbios pobres, beneficiários

da renda mínima de inserção, vítimas das readaptações industriais, jovens à procura

de emprego e que passam de estágio a estágio, de pequeno trabalho à ocupação

provisória (CASTEL, 2015, p. 23).

Desemprego, precarização das relações de trabalho e exclusão social, essas são

questões fundamentais e relevantes quando se pensa em questões relacionadas ao mundo do

trabalho nos dias de hoje.

Já no Brasil esse processo de implantação de políticas neoliberais e desestruturação

do mercado de trabalho também ocorreu, tendo reflexos diretos na economia, segundo a

análise de Sabadini e Nakatani:

O processo de desestruturação do mercado de trabalho brasileiro está profundamente associado a implantação das políticas neoliberais no Brasil que se

iniciou a partir do governo Fernando Collor (1989-1992) e se intensificou no

governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Além de provocar uma

estagnação no crescimento econômico no país e submeter a economia nacional à

dependência ao capital financeiro em detrimento dos investimentos produtivos,

também provocou um extraordinário crescimento nas taxas de desemprego.

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Também nessa perspectiva, a flexibilização das relações de trabalho tem como

perspectiva central a livre-iniciativa nas negociações coletivas entre empregado e

empregador num jogo onde a correlação de forças entre o capital e trabalho é cada

vez mais desigual. Privatizaram as empresas estatais, reduziram os gastos públicos

e, como consequência da política econômica baseada em altas taxas de juros e

sobrevalorização cambial, houve um intenso endividamento interno e externo. (SABADINI; NAKATANI, 2002, p. 276)

A taxa de desemprego no país atingiu 12,7%, em 2017, o que representa cerca de 13

milhões de pessoas desempregadas, segundo IBGE (IBGE, 2018). Essa situação não é muito

diferente no Estado do Tocantins. Dados publicados pelo Jornal do Tocantins em seu destaque

sobre a Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNADCT), afirma

que “no Tocantins, ano passado a taxa de desemprego foi de 11,6%, um pequeno aumento se

comparado com 2016, que registrou 11,4%. Ambas representam certa de 80 mil pessoas

desocupadas” (MENTA, 2018, p. 5). Há também um viés de precarização do trabalho:

A pesquisa também revelou que no Tocantins a taxa de subutilização da força de

trabalho – pessoas ocupadas com jornada inferior a 40 horas semanais somadas à

força de trabalho potencial – em 2017, foi de 22,3% o que representa 167 mil

pessoas. No comparativo com 2016, os dados mostram que houve um aumento de

7,5% e naquele ano, 155 mil pessoas estavam nessa situação. (MENTA, 2018, p. 5)

Se contabilizarmos os 167 mil precarizados com os cerca de 80 mil desempregados,

chegamos a um cálculo de 247 mil em situação de precariedade. Se olharmos a população

economicamente ativa4, que é de 665 mil pessoas (TOCANTINS, 2017, p. 23), temos pouco

mais de um terço (37%) da população economicamente ativa em situação de precariedade em

se tratando de (des)emprego, nesse Estado. Outro indicador importante, que complementa e

demonstra a precariedade do emprego nesse panorama, é a taxa de informalidade, que também

nos traz a situação sobre a desocupação da população maior de 14 anos de idade, sendo um

indicador que nos dá uma dimensão da informalidade crescente no Estado do Tocantins,

conforme demonstrado na série histórica da PNADCT divulgada pelo IBGE (Figura 1):

4 População Economicamente Ativa são pessoas de 15 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por

contribuição para instituto de previdência no trabalho principal, segundo os grupamentos de atividade do trabalho principal-

Tocantins – 2015. (TOCANTINS, 2017)

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Figura 1 – Taxa de informalidade - série histórica PNADC

FONTE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Divulgação Trimestral. (IBGE, 2018)

É importante ressaltar o crescimento exponencial dessa informalidade. Essa

precarização no mundo do trabalho faz com que muitas pessoas necessitem de programas de

transferência de renda. Nesse sentido, uma das políticas públicas, tentando minimizar essa

situação, dispõe-se como uma emergencial fonte de renda. Entre elas está o bolsa família, que

se trata de um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias sem situação

de pobreza e de extrema pobreza em todo o País, através do Cadastro Único (CADUN), de

modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Fazendo uma busca no

site da base de dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), apurou-se que no

Estado do Tocantins, conforme tabela 1, temos:

Tabela 1 – Pessoas cadastradas no Cadastro Único – Estado do Tocantins

Cadastros Mês ref.

Total de pessoas cadastradas 841.998 06/2018

Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal de R$ 0,00 até R$ 85,00 335.871 06/2018

Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal entre R$ 85,01 e 170,00 144.920 06/2018

Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal entre R$ 170,01 e ½ salário mínimo 242.995 06/2018

Pessoas cadastradas em famílias com renda per capita mensal acima de ½ salário mínimo 118.212 06/2018

FONTE: SOCIAL, (2018)

Desse total de pessoas constantes no Cadastro Único do Governo Federal, segundo o

MDS, o programa bolsa família beneficiou, no mês de julho de 2018, 121.772 famílias

(dentre as 841.998 pessoas, representam 291,903 famílias), representando uma cobertura de

92,3 % da estimativa de famílias pobres nesse Estado. As famílias recebem benefícios com

valor médio de R$ 188,48. Em face disso, no primeiro estudo (SENAES, 2007) do

mapeamento, fizemos uma média do rendimento dos associados e encontramos o valor de

R$340,71 (81% acima da média do bolsa família, em valores a partir das respostas de 2005 à

2007). Já no segundo estudo (SENAES, 2013), vemos trabalhadores de 276 EES (68,3%) que

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responderam que participam de algum programa de transferência de renda do governo federal

(a grande maioria do bolsa família). Isso nos mostra que aqueles trabalhadores

desempregados se não tivessem a economia solidária, nem o bolsa família, se encontrariam

na mais absoluta miséria. Boa parte deles foram acolhidos e geram trabalho e renda nos mais

diversos empreendimentos de economia solidária, conforme mostraremos a seguir.

Os EES de Economia Solidária no Tocantins, nos dois mapeamentos nacionais,

totalizaram 757 empreendimentos; No primeiro mapeamento (SENAES, 2007), existiam 353

deles e, no segundo (SENAES, 2013), 404 empreendimentos de economia solidária5. Abaixo

demonstramos, na tabela 2, o número total de empreendimentos, por microrregião, conforme

classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

Tabela 2 – Total de EES no Estado do Tocantins – por Microrregião IBGE

Microrregião Frequência Porcentagem Porcentagem

válida

Porcentagem

cumulativa

Bico do Papagaio 209 27,6% 27,6% 27,6%

Araguaína 112 14,8% 14,8% 42,4%

Rio Formoso 78 10,3% 10,3% 52,7%

Porto Nacional 104 13,7% 13,7% 66,4%

Miracema 96 12,7% 12,7% 79,1%

Gurupi 50 6,6% 6,6% 85,7%

Dianópolis 64 8,5% 8,5% 94,2%

Jalapão 44 5,8% 5,8% 100,0%

TOTAL 757 100,0 100,0

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com base nos mapeamentos da SENAES (2007, 2013)

A comparação dos empreendimentos, nos dois estudos da SENAES, demonstrados

abaixo na figura 2 e ilustradas nos dois mapas, demonstram o crescimento do número de

empreendimentos em quase todas as microrregiões no Estado do Tocantins, segundo divisão

por microrregião do IBGE:

Figura 2 – Mapas comparando o número de EES no Estado do Tocantins, entre os dois estudos/SENAES

5 Foram computados 149 empreendimentos, registrados em 2007, que foram revisitados em 2010, contabilizados

no II mapeamento, em 2010, tendo assim, consideramos seus dados como atualizados e parte do segundo estudo.

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Fonte: Elaborado pelo próprio autor com base nos mapeamentos da SENAES (2007, 2013)

É inegável o crescimento da economia solidária no Tocantins, destacando as

microrregiões: do Jalapão, com 75% de aumento no número de empreendimentos, de

Miracema do Tocantins e de Dianópolis, cada uma com 67%, de Porto Nacional, com 60% e

do Bico do papagaio, com crescimento de 15%, no número de empreendimentos de economia

solidária. Cabe ressaltar que os números de associados (pessoas gerando trabalho e renda)

chegaram a 45.675 pessoas nos dois estudos. No primeiro (SENAES, 2007) mapeamento

nacional, 26.598 e no segundo estudo (SENAES, 2013), 19.077 trabalhadores. Chama a

atenção o crescimento do número de mulheres que compõe o total de associados, passando

de 34% para 49%, entre o primeiro e o segundo estudo, respectivamente.

Nos dois mapeamentos nacionais, um questionamento aos associados, no primeiro

estudo da SENAES divulgado em 2007, foi indagado qual o principal motivo apontado para

criação dos EES, uma das alternativas de resposta era “uma alternativa ao desemprego”,

aparecendo em 46,47% das respostas, enquanto que no segundo mapeamento, divulgado em

2013, esse valor se mantém, com 46,2%. Para o Tocantins, o montante se mantém, com

52,3% afirmaram ser uma alternativa ao desemprego.

Alternativas de resposta como essas, nesse panorama, ao próprio processo capitalista

excludente e hegemônico, caracterizam as múltiplas as iniciativas, no caso tocantinense,

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dentre os 757 empreendimentos, as formas de organização: 536 (71%) são associações, 34

(4,5%) são cooperativas, 183 (24%) grupos informais e 4 (0,5%) sociedades mercantis,

caracterizando um verdadeiro “polimorfismo” organizacional dos coletivos de trabalhadores

organizados com base na democracia nas tomadas de decisões, na autogestão e organizadas

em diferentes setores da economia, caracterizando um padrão de desenvolvimento diferente

da economia capitalista, como bem ressalta Singer:

O desenvolvimento solidário é o desenvolvimento realizado por comunidades de

pequenas firmas associadas, ou de cooperativas de trabalhadores, federadas em

complexos, guiados pelos valores da cooperação e ajuda mútua entre pessoas ou

firmas, mesmo quando competem entre si nos mesmos mercados. (SINGER,

2004, p.09)

Importante ressaltar que frente a um panorama de avanço do neoliberalismo e suas

mazelas, iniciativas como a economia solidária, traz alternativas importantes, em uma lógica

oposta a exploração, mais humanista e valorosa.

3 Considerações finais

Em contraposição a essa hegemonia neoliberal, dados apontados nas duas pesquisas

da SENAES demonstram que a economia solidária, através da organização dos trabalhadores,

ocupou espaço crescente no Tocantins, como alternativa à crise do desemprego.

Nesse ponto, a sua sobrevivência e êxito poderão indicar ou mesmo poderão se

constituir em real alternativa de resistência à hegemonia do neoliberalismo e até mesmo de

desenvolvimento. Ressaltamos isso, pelos resultados importantes dos estudos, como mais de

45,6 mil pessoas ocupadas gerando trabalho e renda nos EES. Uma das questões do

mapeamento visava sondar a expectativa de qual o motivo dos trabalhadores se associarem:

“uma alternativa ao desemprego”, era uma das respostas. Que resultou em mais da metade

dos trabalhadores, apontando o trabalho associado como uma real possibilidade ao desalento

do desemprego. Outro fator importante é do crescimento da participação feminina de 15%

(passou de 34% para 49% entre o primeiro e segundo estudo), uma vez que é sabido que a

mulher possui taxa de desocupação maior que o homem: “Segundo o IBGE, a taxa de

desocupação do Brasil foi de 11,6% no período, sendo 10,1% entre homens e 13,5% entre

mulheres. Os dados fazem parte da [...] PNAD Contínua do quatro trimestre de 2018.”

(FERRARI, 2018). Embora, sendo esse um dado atual, essa discrepância sempre se manteve

ao longo dos anos. Somado a isso, o crescimento exponencial do número de empreendimentos

em quase todas as microrregiões do Estado.

A partir desse conjunto de resultados, acreditamos na possibilidade da economia

solidária se manifestar como uma alternativa organizacional e econômica, combinando

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dimensões de emancipação social, a partir desses empreendimentos que cumprem em parte a

inclusão, em resposta ao desemprego, no quesito geração de trabalho e renda.

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CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO EM MATÉRIA DE BENEFÍCIOS

PREVIDENCIÁRIOS: LINHAS GERAIS SOBRE O CRPS

Amadeus de Sousa Lima Neto

RESUMO

O presente trabalho traça linhas gerais sobre o contencioso administrativo em matéria de

benefícios previdenciários, discorrendo sobre o Conselho de Recursos da Previdência Social

(CRPS), sua composição, estrutura e jurisdição, bem como quanto às vantagens de recorrer

administrativamente. Objetivou-se transparecer a importância do CRPS para o

reconhecimento do direito ao segurado, com o fim de dar maior credibilidade ao Tribunal

Administrativo em matéria previdenciária. Foi realizada pesquisa do tipo bibliográfica e

exploratória, de cunho informativo. Verificou-se que a doutrina e a literatura já reconhecem

a relevância da Corte Administrativa e consideram haver avanços nas decisões proferidas pelo

CRPS. Concluiu-se que o recurso administrativo representa uma importante via para o

administrado, bem como favorece a desjudicialização dos direitos previdenciários.

Palavras-chave: Processo administrativo previdenciário. Conselho de Recursos da

Previdência Social. Vantagens. Recurso administrativo.

1. INTRODUÇÃO

Os direitos sociais estão insertos no art. 6° da Constituição Federal de 1988, sendo

estes classificados como direitos de segunda geração. Dentre eles, figuram os direitos à

previdência social. Dessarte, no Brasil, a grande maioria dos benefícios previdenciários é

administrada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), gestor das prestações pagas

pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

Para ter direito aos benefícios do RGPS, o segurado precisa provar a filiação ao

regime, sua qualidade de segurado e, quando for o caso, a carência necessária reclamada pelo

benefício. Esta comprovação ocorre por meio de um processo administrativo formulado junto

ao INSS, denominado processo administrativo previdenciário.

Ocorre que, nem sempre, o segurado consegue demonstrar que seu direito subsiste,

ou o faz de forma deficitária, de tal sorte que o requerimento de benefício desemboca no

indeferimento do pedido, ou em concessão insatisfatória do direito requerido, momento no

qual nasce para o segurado o motivo para rediscutir o mérito do pedido.

Nesse sentido, há duas maneiras básicas de o cidadão fazer valer seus direitos:

interpondo recurso administrativo ao CRPS ou mediante ação judicial. Dentre estas duas

Bacharel em Administração, Anhanguera/UNIDERP (2016). Acadêmico do 5° período do Curso de Direito – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC), [email protected]

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possibilidades, a mais conhecida é a segunda, porém, a menos onerosa ao cidadão é a

primeira, sobre a qual o presente trabalho traçará linhas gerais, iniciando pelo conceito de

direitos previdenciários, apresentando os tipos de benefícios administrados pelo INSS,

requisitos necessários para sua aquisição e concluindo com a apresentação do CRPS.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Conceito de direitos previdenciários

A doutrina costuma subdividir a matéria estudada, para facilitar sua cognição. No

caso do Direito Constitucional, uma das subdivisões é quanto ordem histórica cronológica em

que passaram a ser constitucionalmente reconhecidos, sendo que os direitos previdenciários

figuram como direitos de segunda geração, de dimensão positiva (MORAES, 2016, p. 92).

Não por acaso, constam estrategicamente no art. 6° da Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988 (CRFB/1988), no Título dos direitos e garantias fundamentais.

Quanto ao ramo do direito a que pertencem os direitos previdenciários, parte da

doutrina informa que estes são institutos de direito público, pois o vínculo jurídico se dá de

forma compulsória com o Estado, havendo, todavia, divergência quanto a tal classificação,

porquanto também se cogita que este ramo do Direito pertence ao Direito Social, que

englobaria o Direito do Trabalho (KERTZMAN, 2015, p. 89).

2.2. Espécies de benefícios atualmente previstos no âmbito do RGPS

Dada a importância dos direitos previdenciários como direito fundamental, as

constituições brasileiras avançaram na positivação de diversos benefícios, a serem garantidos

vezes ao segurado, vezes a seus dependentes, consoante se extrai do art. 201 da CRFB/1988.

No atual contexto constitucional, são dez espécies de benefícios pagos pela

previdência social, quatro deles sendo aposentadorias (aposentadoria por idade, por tempo de

contribuição, aposentadoria especial e aposentadoria por invalidez), três auxílios (auxílio-

doença, auxílio-acidente e auxílio-reclusão), dois salários (salário-família e salário-

maternidade) e uma pensão (pensão por morte), todos estes administrados pelo RGPS

(KERTZMAN, 2015, p. 365).

2.3 Requisitos para ter direito aos benefícios previdenciários

Como, no Brasil, a previdência social tem caráter de seguro público, para a

efetivação do direito constitucional à previdência o indivíduo precisa cumprir certos

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requisitos, como a filiação ao regime de previdência, a manutenção da qualidade de segurado

- no momento de ocorrência do fato gerador da necessidade social - e, quando for o caso, a

carência (SANTOS, 2016, p. 54).

Quanto à filiação, esta, em regra, é compulsória, a partir do exercício de atividade

laboral, lícita e remunerada, excepcionando a figura do segurado facultativo, que se filia ao

RGPS por ato volitivo (KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 111).

Após filiar-se ao RGPS, o segurado mantém esta qualidade enquanto permanecer

contribuindo para o regime e, por vezes, até mesmo após a interrupção das contribuições, há

situações em que o segurado manterá tal condição, conforme consta do art. 15 da Lei n°

8.213/1991, como ocorre com aquele que está em gozo de certos benefícios, ou após a

cessação de benefícios por incapacidade (inclusive salário-maternidade).

Outrossim, para fazer jus a certos benefícios, não basta estar segurado no momento

do evento gerador da necessidade, havendo, em certos casos, a obrigatoriedade do

cumprimento da carência reclamada pela prestação previdenciária, excepcionando-se, tão

somente, os casos de pensão por morte, salário-família, auxílio-acidente e os casos de auxílio-

doença e aposentadoria por invalidez decorrentes de acidentes de qualquer natureza ou causa

ou de doenças profissionais ou do trabalho (KERTZMAN, 2015, p. 338).

2.4 Processo administrativo previdenciário no âmbito do INSS

A ferramenta através da qual o indivíduo busca seus direitos previdenciários perante

o INSS é o processo administrativo previdenciário, cuja doutrina conceitua como sendo a

forma pela qual o interessado interage com a Administração Pública; o conjunto de atos

administrativos praticados através dos Canais de Atendimento da Previdência Social, iniciado

em razão de requerimento formulado pelo interessado, de ofício pela Administração ou por

terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva no âmbito administrativo

(MEIRINHO et al., 2007, p. 89; KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 185).

Iniciada a busca pelo direito, o processo é movido de fase em fase pelo INSS,

passando pela fase instrutória e concluindo-se com a decisão administrativa, proferida por

servidor do Instituto, que decidirá pela concessão do benefício ou pelo indeferimento do

pedido, sendo que, em qualquer das duas situações, não sendo escorreita e satisfatória a

decisão, o interessado poderá tomar as medidas necessárias para concretização do direito que

acredita possuir perante a previdência.

Diante disso, sendo a decisão pela concessão do benefício, o interessado, em caso de

não concordar com o resultado obtido, primeiramente deve demandar o direito através de um

pedido de revisão do ato concessório, perante o próprio INSS, para somente depois ingressar

em demanda recursal. Todavia, sendo a decisão pelo indeferimento do pedido, surgem duas

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possibilidades para o interessado rediscutir seu pedido: mediante processo judicial ou com

interposição de recurso administrativo ao CRPS. Interessa, ao presente trabalho, este último.

2.5 Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS)

O contencioso administrativo, no âmbito dos direitos previdenciários administrados

pelo INSS, é protagonizado pelo CRPS, órgão colegiado de controle jurisdicional das

decisões da Autarquia previdenciária, nos processos de interesse dos beneficiários do RGPS,

o qual é sediado em Brasília/DF e tem jurisdição em todo o território nacional

(KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 211; FERNANDES, SERMANN, 2014, p. 16).

A literatura, ainda que escassa, afirma que o CRPS é o órgão de controle jurisdicional

mais antigo do sistema previdenciário, cuja origem remonta à década de 1920, quando da

implantação do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), sendo aperfeiçoado para servir

também de instância recursal às decisões das Caixas de Aposentadorias e Pensões, criadas

com o advento da Lei Eloy Chaves6 , mas apenas passando a denominar-se Conselho de

Recursos da Previdência Social com a vigência do Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de

1966, norma esta que unificou os Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAP - e criou o

Instituto Nacional de Previdência Social – INPS (MEIRINHO et al., 2007, p. 132-133).

O colegiado é formado, atualmente, por vinte e nove Juntas de Recursos e quatro

Câmaras de Julgamento, sendo que as primeiras compõem a primeira instância recursal e as

últimas constituem a segunda instância. Além das juntas recursais e câmaras julgadoras, há

ainda o Conselho Pleno (que não é uma terceira instância, congregando atribuições de caráter

normativo), ao qual compete uniformizar a jurisprudência previdenciária em matéria de

benefícios, mediante enunciados (GOES, 2016, p. 712; MEIRINHO, 2007, p. 136).

Atualmente, com exceção do estado do Tocantins, em todos os estados da federação

há uma Junta de Recursos da Previdência Social, podendo haver composições adjuntas dentro

da estrutura da junta recursal. No caso das Câmaras de Julgamento, todas as quatro outrora

existentes situam-se em Brasília/DF. Há registros, porém, de criação de composições adjuntas

de Câmaras de Julgamento em alguns estados da federação, como no caso da 1ª Composição

Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, situada no Estado do Paraná, instituída pela Portaria

MDS n° 30, de 9 de outubro de 20137.

A literatura aponta, no entanto, que muitas das pessoas que pleiteiam benefícios

perante o INSS parecem não conhecer da existência desta Corte Administrativa, ou, mesmo

6 Apontada pela doutrina como precursora da Previdência Social no Brasil. 7 Instalação da 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento no Estado do Paraná. Disponível em:

<http://www.lex.com.br/legis_24949481_PORTARIA_N_30_DE_9_DE_OUTUBRO_DE_2013.aspx>.

Acesso em: 12 out. 2019.

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conhecendo, preferem dar continuidade à persecução do direito por meio de um processo

judicial, havendo ainda certo preconceito por parte dos segurados e até mesmo dos advogados

na interposição de recursos (FERNANDES, SERMANN, 2014, p. 26).

2.6 Das vantagens do recurso administrativo previdenciário em relação ao judicial

O desconhecimento ou o descrédito das vias recursais no contencioso administrativo

em matéria previdenciária termina por judicializar muitas demandas do seguro social. Porém,

a literatura aponta para uma mudança de paradigma na jurisprudência administrativa, donde

surgem decisões promissoras e, ressalte-se, muitas vezes até mais favorável ao segurado do

que o entendimento do Poder Judiciário (VAZ, SAVARIS, 2014, p. 10).

A despeito disso, a literatura aponta que, em 2016, foram protocolados 268.416

novos recursos administrativos junto à Corte Administrativa, dos quais 225.928 foram

julgados naquele mesmo ano, sendo que, dentre os processos julgados, 48.464 tiveram

decisões favoráveis ao recorrente (CARVALHO, 2017).

Nesse sentido, adiante são descritas algumas das vantagens que o recurso

administrativo oferece aos segurados da previdência social, comparando-se com igual

demanda peticionada junto ao Judiciário.

2.6.1 Da gratuidade do recurso administrativo

Uma das vantagens que se pode mencionar é que o recurso administrativo é sem

ônus para o recorrente, independentemente do seu patrimônio, ou seja, não há necessidade de

desprendimento financeiro para que o cidadão (carente ou não) interponha recurso

administrativo contra as decisões do INSS das quais discorde, total ou parcialmente,

porquanto não há custas ou despesas processuais a adimplir.

Poder-se-ia até argumentar que, em que pese ser gratuita a proposição recursal no

contencioso administrativo, o recorrente, na prática, por não ter conhecimentos jurídicos,

terminaria prejudicado ante a insuficiência ou falta de fundamentação legal de suas

contrarrazões, todavia, esta ideia sucumbe diante da regra do § 2° do art. 33 do Regimento

Interno do CRPS8, segundo a qual, “em se tratando de recurso firmado pelo próprio segurado

ou beneficiário que não seja advogado, o Conselheiro relator do processo deverá identificar,

se não for apontada, a norma infringida ou não observada pelo INSS” (SERMANN, 2016).

8 Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, aprovado pela Portaria MDSA n° 116, de

20 de março de 2017.

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2.6.2 Da coisa julgada material e processual

Uma das situações que é apontada como causa de descrédito do contencioso

administrativo é a demora que se tem até a decisão da lide, pois o prazo de oitenta e cinco

dias previsto no Provimento CRPS/GP n° 99, de 1 de abril de 2008 muitas vezes não é

cumprido pelo órgão julgador (SALOMÃO; GOUVEIA, 2017). No entanto, mesmo diante

de tal demora, convém ressaltar que há as figuras da coisa julgada processual e da coisa

julgada material, que geram efeitos vinculantes para o INSS, mas não para o recorrente.

Isso significa que, havendo decisão de mérito favorável ao segurado, decidido em

última instância no contencioso administrativo, o INSS não pode ir a juízo contra o segurado.

Destarte, se a matéria for decidida desfavoravelmente ao recorrente, este poderá ingressar

com ação judicial para rediscutir o direito. Em outras palavras, as decisões dos órgãos do

CRPS vinculam o INSS, mas não o segurado (KRAVCHYCHYN et. al, 2014, p. 211).

Já a respeito da coisa julgada processual, esta, em regra, produz efeitos tanto em face

do INSS quanto em face do segurado, sendo mais danosa para aquele. A coisa julgada

processual está intimamente ligada à preclusão processual, porquanto, havendo ato processual

a cargo de uma das partes, quedando-se inerte o interessado, sofrerá o ônus de sua desídia

quanto a este ato, sendo que, em raríssimas exceções, haverá possibilidade de relevação da

intempestividade, consoante regra do art. 53, § 6°, do Regimento Interno do CRPS.

Esta figura jurídica pode trazer vantagens ao cidadão. Imagine-se uma situação em

que a decisão de primeira instância foi favorável ao segurado e o INSS não interpôs recurso

especial dentro do prazo de 30 dias previsto no art. 305 do Decreto n° 3.048/19999. Neste

caso, a menos que a Autarquia comprove inequivocamente a liquidez e certeza do direito

discutido no processo, não terá seu recurso especial conhecido pelos órgãos julgadores.

Nesse sentido, transcreve-se abaixo ementa de uma recente decisão do CRPS, verbis:

EMENTA: REVISAO DE OFÍCIO. INTEMPESTIVIDADE NA

INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ESPECIAL PELO INSS.

AUSÊNCIA DE DIREITO LIQUIDO E CERTO PARA

RELEVAÇÃO DA INTEMPESTIVIDADE. APOSENTADORIA

POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ARTIGO 305, §1º, DO

DECRETO 3.048/99. ARTIGO 31, 53 E 54 DO REGIMENTO

INTERNO DO CRSS (RICRSS), APROVADO PELA PORTARIA

Nº 116/2017. (Processo n° 44233.080617/2017-99. Acórdão n°

3658/2019. Relatora: Conselheira Lívya Quaresma Ferraz. Data de

Julgamento: 10/09/2019, 2ª CaJ). (Negrito original. Grifos não

originais).

9 Art. 305. § 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento de contra-razões,

contados da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente.

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No caso supracitado, a consequência da inércia da Autarquia é o reconhecimento do

direito ao segurado recorrente, não cabendo mais recursos por parte do INSS. Esta é uma

enorme vantagem processual concedida ao segurado, porquanto seu direito encontra-se

protegido pelo instituto da preclusão processual em desfavor do Estado, o qual, ainda que

insatisfeito, não poderá demandar em juízo contra o cidadão.

2.6.3 Do julgamento do processo por órgão colegiado

A existência do órgão colegiado no âmbito administrativo dos direitos

previdenciários efetiva o princípio do duplo grau de jurisdição. A função deste princípio é

reduzir a possibilidade de erros nas decisões a serem proferidas (MORAES, 2016, p. 160).

Ademais, no caso do CRPS, ao contrário do que ocorre no Poder Judiciário, sua composição

favorece a discussão da matéria em favor do administrado, porquanto as turmas recursais são

compostas, também, por não servidores, como os representantes das empresas e dos

trabalhadores (FERNANDES; SERMANN, 2014, p. 16).

O fato de a composição ser tripartite faz do CRPS um órgão democrático,

responsável pela distribuição da justiça previdenciária no âmbito administrativo, o qual não

se vincula às instruções e demais regulamentos que conduzem o processo previdenciário na

estrutura interna do INSS, possuindo sua própria jurisprudência e aplicando, supletivamente,

normas do processo civil, congregando maior discricionariedade na interpretação das normas

(MEIRINHO, 2007, p. 137; FERNANDES; SERMANN, 2014, p. 16).

2.6.4 Da não limitação do valor da causa ao teto dos Juizados Especiais Federais

Como consta no art. 3°, caput, da Lei n° 10.259/2001, há um teto máximo para

conhecimento das causas previdenciárias pelos Juizados Especiais Cíveis da Justiça Federal,

qual seja, o valor de sessenta salários mínimos.

Isto posto, a depender da situação, será mais vantajoso ao interessado arguir seu

direito perante o Contencioso Administrativo, invés de ingressar com processo judicial.

Justifica-se tal argumento levando-se em conta que os processos não se limitam pelo valor da

causa no âmbito do CRPS, além de que a liberação dos valores não ocorre por meio de

Requisição de Pequeno Valor (RPV), agilizando seu recebimento pelo beneficiário.

Outrossim, conforme regra do art. 519 da Instrução Normativa n° 77/2015, os

valores gerados na concessão ou na revisão do benefício, que não excedam em vinte vezes o

limite máximo do salário de contribuição, independem de autorização do Gerente Executivo.

No ano de 2019, esse valor corresponderia a R$ 116.789,00 (GOUVEIA; RIOS, 2018).

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3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho foi a da pesquisa bibliográfica

qualitativa, de cunho exploratório e informativo, tecendo-se levantamento bibliográfico

através de pesquisas realizadas com uso da ferramenta on-line google acadêmico, com os

descritores “conselho de recursos da previdência social” e “processo administrativo

previdenciário”, bem como exploração do conteúdo em doutrinas, consulta de acórdãos

originados de colegiados do CRPS, pesquisas no site do órgão e consultas à legislação

brasileira, visitada no sítio planalto.gov.br, cujos acessos ocorreram entre os dias 07 de agosto

e 14 de outubro de 2019.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De toda a matéria colhida, aferiu-se que os direitos previdenciários gravitam no campo

dos direitos humanos fundamentais de segunda geração, porquanto são direitos sociais,

constitucionalmente consagrados, sendo eles normas que demandam uma ação positiva por parte

do Estado para com o cidadão, além de que são do ramo do direito público.

A previdência social computa um quadro específico de benefícios, administrados pelo

INSS, que são devidos ao cidadão após cumprimento de certos requisitos, como a comprovação

da filiação, da manutenção da qualidade de segurado quando da ocorrência do fato gerador, bem

como da demonstração do alcance da carência reclamada pela prestação, quando for o caso.

Para invocar esses direitos, o segurado precisa utilizar-se de mecanismos adequados,

ferramentas previstas em lei, as quais, no âmbito da previdência social, são perseguidas com a

formalização do processo administrativo previdenciário, o qual deve ser desencadeado por

requerimento do pretenso segurado, junto aos canais de atendimento do INSS. A partir da quebra

da inércia estatal, o Instituto move o processo de fase em fase até a conclusão definitiva da

análise, da qual pode resultar uma satisfação completa do direito, uma satisfação incompleta ou

o indeferimento total do pedido, sendo que, nestas duas últimas hipóteses, surge a lide, ante a

instauração do direito controvertido, que pode ser rediscutido judicial ou administrativamente.

Caso o cidadão opte pela via administrativa, exsurge a instalação do contencioso

administrativo, com a interposição de recurso ao órgão responsável pelo controle jurisdicional

das decisões do INSS, qual seja, o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS),

vinculado ao Ministério da Economia, com sede em Brasília/DF e jurisdição em todo o território

nacional, composto por duas instâncias recursais e conselho normativo (Conselho Pleno).

A literatura aponta várias vantagens ao cidadão, quando este fizer uso do controle

administrativo das decisões do INSS, como, por exemplo, a gratuidade da interposição do

recurso e a desnecessidade de defesa técnica, porquanto o Regimento Interno do colegiado

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obriga o relator a perscrutar o direito reclamado pelo cidadão, apontando a norma infringida,

caso este o não faça ou o não saiba fazer.

Além disso, também é apontada como vantagem para o recorrente administrativo a

existência da coisa julgada processual e material em face do INSS, ou seja, caso este sofra derrota

nas instâncias recursais e/ou perca o prazo para interposição de recurso contra tal decisão, restará

impedido de fazê-lo, salvo se demonstrar a liquidez e certeza do direito reclamado. Do contrário,

deverá cumprir o acórdão do órgão colegiado. Frise-se que o mesmo não ocorre para com o

cidadão recorrente, ou seja, caso este não tenha o direito reconhecido pelos órgãos do CRPS,

ainda assim poderá rediscutir o direito junto ao Poder Judiciário.

Sem embargo, a literatura ainda pontua quanto ao julgamento do recurso administrativo

por um órgão colegiado, o que garante melhor segurança e minimiza a possibilidade de erro na

decisão de mérito. Ressalte-se que, diferentemente da ação judicial de primeiro grau, o recurso

administrativo de primeira instância já inicia em um órgão colegiado, assegurando a tomada de

decisão por representantes do Estado e da sociedade civil (empregadores e trabalhadores).

Por fim, evidenciou-se que os processos apresentados ao contencioso administrativo

não se limitam pelo valor da causa, promovendo maior celeridade para o recebimento dos valores

porventura gerados ao final do processo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O controle das decisões administrativas é um importante mecanismo de proteção aos

direitos do cidadão, no Estado Democrático de Direito. No intuito de promover a correta

distribuição da justiça no âmbito previdenciário, foi instituído o Conselho de Recursos da

Previdência Social, órgão colegiado detentor do controle jurisdicional das decisões do INSS,

composto por turmas recursais de primeira e segunda instância administrativa, além de um

conselho pleno, responsável pela uniformização da jurisprudência do CRPS.

Constatou-se que, em que pese o histórico preconceito quanto à eficiência do CRPS

como órgão de controle, a Corte Administrativa congrega importantes vantagens ao

administrado que opta por esta via contenciosa, assegurando lisura no acesso à justiça em

âmbito administrativo, porquanto suas decisões impõem ao INSS o dever de conceder o

benefício a que o recorrente tiver direito, após estabilizada a decisão recursal.

Diante disso, assevera-se que é necessário que o segurado da previdência social tenha

pleno conhecimento das utilidades oferecidas pelo Tribunal Administrativo, com vistas a

ofertar amplo acesso à justiça, sem que se precise judicializar as demandas previdenciárias.

Entretanto, ante a escassez de estudos que ataquem tal problema, este trabalho traçou linhas

gerais sobre o CRPS, carecendo-se de pesquisas mais específicas que realcem a importância

que o Conselho tem na promoção dos direitos dos segurados da previdência social.

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DELAÇÃO PREMIADA NA LEGISLAÇÃO BRASIELIRA

Juliana Ferreira dos Reis

Marcondes Figueiredo Júnior (Or.)

RESUMO

A delação premiada nunca esteve em tanta evidência. Com o atual cenário de combate a

corrupção no país o termo delação premiada se tornou constante no nosso dia a dia. A Lei das

Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) entrou em vigor em 2013 trazendo

importantes inovações para o instituto da delação premiada. O presente artigo tem como

objetivo conceituar a delação premiada, mostrar sua evolução na legislação brasileira e os

requisitos para sua concessão. Para que esse objetivo fosse alcançado, foi realizada uma

pesquisa bibliográfica e documental, com o uso de doutrinas sobre o tema, além das leis

existentes no nosso ordenamento jurídico.

Palavras-chave: Delação premiada. Legislação. Benefícios. Requisitos.

1 INTRODUÇÃO

O instituto da delação premiada não é novo no Brasil. A delação premiada, também

chamada de colaboração premiada, está presente na legislação brasileira desde as Ordenações

Filipinas. Porém, o instituto da delação premiada como conhecido hoje foi introduzido no

ordenamento jurídico brasileiro através da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990), e ao

longo dos anos a delação premiada foi sendo citada em algumas leis esparsas.

Sempre houve dúvidas quanto a aplicação da colaboração premiada, sendo ela abordada de

maneira diferente em cada lei e nunca de maneira a explicar por completo sua aplicação.

Recentemente, entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que buscou tratar da colaboração de

maneira mais ampla.

A escolha do presente tema para o artigo se deve ao atual momento do país. O Brasil

vive um cenário em que o termo delação premiada está sempre presente nos telejornais e no

dia a dia das pessoas. Nunca se falou tanto em um tema igual vimos nos últimos anos.

Isso se deve ao momento em que o país vive na busca do combate a corrupção. Em meio a

operações como a lavajato, a delação premiada se tornou de certa forma, para alguns acusados

e investigados, um meio de fugir de uma condenação mais grave. E para a justiça, se tornou

uma forma de chegar a mais pessoas envolvidas em organizações criminosas e levá-los a uma

condenação.

Advogada. Formada em Logística pela Universidade Federal do Tocantins. Pós-graduanda em Direito Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom Orione. Email:[email protected]. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista campus de Bauru-SP. Especialista em Direito Tributário pela Universidade do Tocantins. Mestre pelo Programa de pós-graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Estudos

de Cultura e Território da Universidade Federal do Tocantins-UFT. Professor do curso de Direito da

Faculdade Católica Dom Orione. Email: [email protected].

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O presente artigo tem como objetivo conceituar a delação premiada ou colaboração

premiada, mostrar os requisitos para sua obtenção e a sua evolução ao longo dos anos através

da legislação brasileira. O artigo inicia trazendo o conceito e a natureza jurídica da delação

premiada. Depois é apresentada a delação através das leis ao longo dos anos, sendo

apresentado de maneira mais amplas a Lei nº 12.850/2013. E por fim, apresenta- se os

requisitos para sua obtenção.

Para que esse objetivo fosse alcançado, foi realizada uma pesquisa bibliográfica,

através da literatura já publicada sobre o tema e documental, com análise da legislação

brasileira vigente ou não vigente. E diante da falta de algumas referências bibliográficas,

foram utilizadas fontes não científicas, como sites.

2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

Delação no Dicionário Aurélio (2017) significa “revelação de crime, delito ou falta

alheia, com o fim de tirar proveito dessa revelação”. Conforme preceitua Guidi (2006, p. 97)

“a expressão “delação” origina-se de delatio, de deferre, que é usada em sua acepção de

denunciar, delatar, acusar, deferir.”

Delação premiada ou colaboração premiada trata-se de instituto de natureza penal,

que se estabelece como fator de redução da pena privativa de liberdade, substituição por

restritivas de direito e até mesmo perdão judicial, causa extintiva da punibilidade.

Nesse sentido, temos o conceito trazido por Mossin (2016, p. 29), “a delação

premiada é instituto de natureza penal, posto que se constitui fator de diminuição de

reprimenda legal ou perdão judicial, causa extintiva da punibilidade. ”

Ampliando seu conceito, Pereira (2016, p. 193-194) define a delação premiada ou

colaboração premiada como:

[...] uma técnica de investigação e meio de prova sustentada na cooperação de

pessoa suspeita de envolvimento nos fatos investigados; inserida no ordenamento

jurídico como mecanismo de justiça consensual, buscando o ingresso cognitivo dos

órgãos de persecução penal no interior de atividades criminosas a partir da ampla

confissão e de revelações do colaborador, sendo que a atitude cooperativa advém

da expectativa de prêmio consistente em futura amenização da punição, em vista

da relevância da informação voluntariamente prestada.

Delação premiada, em outras palavras, trata- se do meio pelo qual um dos acusados,

pertencente a uma organização criminosa, em troca de benefícios, como a redução da pena

ou o perdão judicial, denuncia os demais envolvidos na prática delitiva. O delator colabora

com o Estado na identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa,

devendo oferecer provas que possam ajudar na condenação dos denunciados.

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Definir a natureza jurídica da delação premiada não é algo fácil. De acordo com

Santos (2017), a delação premiada possui enfoques processual e material, que se

complementam, possuindo então o instituto natureza híbrida. “A natureza da delação

premiada, em verdade, é processual material – forma e conteúdo processuais, mas com efeitos

materiais.”. (SANTOS, 2017, p. 97).

Pereira (2016) coaduna do mesmo pensamento, afirmando que a colaboração

premiada é um instituto abstruso e multiforme, que possui natureza jurídica hibrida, sendo

penal e processual. A Lei nº 12.850/2013 define a colaboração premiada como meio de

obtenção de provas.

3 DELAÇÃO PREMIADA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No ordenamento jurídico brasileiro, a delação premiada está presente há muito

tempo e ao longo dos anos foi evoluindo através de várias leis, para se chegar ao que

conhecemos hoje como colaboração premiada. A seguir, será mostrada algumas dessas leis

que abordam o tema.

3.1 Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990)

Para Guidi (2006), no Brasil, o instituto da delação premiada remota desde as

Ordenações Filipinas, podendo ser encontrada particularmente no Livro Quinto, Título XII

das Ordenações Filipinas (1603-1867), que trata a respeito dos que fazem moeda falsa ou a

espalha e dos que limitam a verdadeira ou a destrói.

A delação premiada propriamente dita, foi introduzida no ordenamento jurídico

brasileiro em 1990, através da Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990). Em seu artigo

8º, a Lei nº 8.072/1990 estabeleceu a delação premiada para casos em que a quadrilha ou

bando praticam crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou

terrorismo, concedendo a diminuição de pena para o associado que denuncie a autoridade a

quadrilha ou bando, propiciando seu desmantelamento. Possui a seguinte redação o artigo 8º,

parágrafo único da Lei nº 8.072/1990:

Art. 8º. Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código

Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de

entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.

Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando

ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a

dois terços. (BRASIL, 1990).

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A Lei dos Crimes Hediondos, em seu artigo 7º, modificou o parágrafo 4º, do artigo

159 do Código Penal, concedendo a delação premida para o crime de extorsão mediante

sequestro.

Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo:

"Art. 159. [...]

§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à

autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um

a dois terços. (BRASIL, 1990, grifo nosso).

Posteriormente, a Lei nº 9.269/1996 também modificou a redação do parágrafo 4, do

artigo 159 do Código Penal, mas ainda garantindo a delação premiada para o crime de

extorsão mediante sequestro, quando o crime for cometido por concurso e o concorrente

denunciar levando a libertação do sequestrado.

3.2 Lei do Crime Organizado (Lei nº 9.034/1995)

A Lei do Crime Organizado tinha como objetivo a prevenção e repressão de crimes

praticados por organizações criminosas. Em seu artigo 6º, a lei concedia a redução da pena

de um a dois terços, quando a colaboração espontânea levasse a elucidar infrações penais e

sua autoria, nos crimes praticados por organização criminosa.

A mesma não faz mais parte do nosso ordenamento jurídico. Sua revogação ocorreu

com a entrada em vigor da Lei nº 12.850/2013, a nova lei das organizações criminosas.

3.3 Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/1986)

A delação premiada encontra- se nessa lei em seu artigo 25, parágrafo 2º, que foi

introduzido pela Lei nº 9.080/1995. Na lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional, o

coautor ou participe que de forma espontânea revelar os crimes cometidos em quadrilha ou

coautoria terá a pena reduzida de um a dois terços. A Lei fala que a confissão tem de ser

espontânea e que pode ser concedida tanto a autoridade policial, quanto a autoridade judicial.

3.4 Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária e Econômica (Lei nº 8.137/1990)

Assim como na Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional, a delação

premiada também foi inserida na Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária e Econômica,

através da Lei nº 9.080/1995.

O parágrafo único, do artigo 16 da Lei 8. 137/1990, traz a redução da pena de um a

dois terços para o integrante de quadrilha ou coautor que revelar de forma espontânea a

autoridade policial ou judicial os crimes praticados.

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3.5 Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/1998)

A Lei de Lavagem de Capitais trouxe algumas novidades, com relação as leis citadas

anteriormente, para os benefícios concedidos no caso de delação premiada. A delação

premiada está logo no artigo 1º, parágrafo 5º da Lei nº 9.613/98.

Além da redução da pena de um a dois terços, poderá o delator no caso de crime de

lavagem de capitais ser beneficiado com o perdão judicial ou a substituição da pena privativa

de liberdade por uma pena restritiva de direitos. O perdão judicial ou a substituição por pena

restritiva de direitos podem ser aplicadas pelo juiz, no caso de colaboração espontânea que

leve a identificação dos demais envolvidos no crime ou a localização dos bens, direitos ou

objetos do crime.

Outro ponto importante do parágrafo 5º, do artigo 1º da Lei 9. 613/98, é que além

de poder ser favorecido com a redução da pena, de um a dois terços, poderá o delator ter o

direito de cumprir a pena em regime aberto ou semiaberto. Ficando a critério do juiz a escolha

do regime de cumprimento de pena, analisando cada caso de acordo com suas diferenças.

Apesar do parágrafo 5º, do artigo 1º da Lei 9. 613/98 ter sido modificado

recentemente pela Lei 12. 683/2012, sendo acrescentado alguns novos termos e informações,

os benefícios concedidos em sua essência não foram modificados.

3.6 Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Lei nº 9.807/1999)

A Lei 9.807/99 traz um capítulo especial dedicado a proteção dos réus que

colaborarem com a justiça. A lei, em seu artigo 13, garante ao juiz o poder de conceder de

ofício ou a requerimento das partes o perdão judicial ao acusado, que seja réu primário, e

com isso a consequente extinção da punibilidade.

Para a concessão do perdão judicial, é necessário que o acusado tenha colaborado

voluntariamente com a investigação e o processo criminal e que essa colaboração tenha

resultado na identificação dos demais coautores e partícipes da ação criminosa, na

recuperação total ou parcial do produto do crime e que leve a localização da vítima. Sendo

que, a vítima tem que está com sua integridade física preservada.

Ainda deve ser levado em conta na concessão a personalidade do acusado

beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão da atividade criminosa

praticada.

Para o acusado que for condenado, a Lei nº 9807/1999 garante em seu artigo 14 a

redução da pena de um terço a dois terços, desde que o mesmo tenha colaborado

voluntariamente com a investigação criminal, ajudando na identificação dos coautores e

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partícipes, na recuperação total ou parcial do objeto do crime e na localização da vítima,

desde que com vida.

Cabe destacar, que em seu artigo 15, a lei de proteção a vítimas e testemunhas

garante medidas especiais de proteção a integridade física do colaborador que sofra ameaças

ou coação. Podendo essas medidas serem concedidas ao acusado que esteja na prisão ou

mesmo fora.

Um detalhe importante, é que a Lei nº 9.807/1999 ao citar os benefícios que podem

ser concedidos aos delatores, não especificou em quais crimes a delação premiada poderá ser

utilizada. De certa forma, generalizando a aplicação da delação premiada a qualquer crime.

3.7 Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006)

Na Lei de Drogas, lei 11.343 de 2006, a delação premiada está disciplinada no artigo

41, que constituído da seguinte redação:

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação

policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes

do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de

condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. (BRASIL, 2006).

No presente caso, a delação premiada possui para sua concessão alguns requisitos

das leis mencionadas anteriormente. A colaboração deve ser voluntária, identificando os

coautores ou partícipes do crime e recuperando total ou parcialmente produto do crime.

Conforme preleciona Mossin (2016), a delação na Lei de Drogas pode ser do sujeito

indiciado, aquele que responde a Inquérito Policial, que tenha sido a ele imputado

determinado fato incriminador, ou pode ser do acusado, juridicamente entendido como aquele

que é objeto de ação penal em juízo.

Destaca se que o perdão judicial não está previsto como benefício para aquele que

colaborar com a justiça, dessa forma, sempre haverá condenação. Sendo garantido apenas a

redução da pena a ser aplicada.

3.8 Nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013)

A nova lei das organizações criminosas, a Lei nº 12.850/13, entrou em vigor no ano

de 2013, trazendo mais detalhes sobre a delação premiada. Na lei das organizações

criminosas, o legislador optou por usar o termo colaboração premiada.

Conforme esclarece Mossin (2016), a mudança para o termo delação obviamente foi

com o intuito de abrandar a conduta do agente de entregar o comparsa de pratica delitiva,

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sendo colaboração uma denominação mais leve que delação, uma vez que, do ponto de vista

jurídico “delação” e “colaboração” resultam as mesmas consequências, que é premiar aquele

que denunciou os outros coautores ou partícipes da ação criminosa.

A colaboração premiada é trazida pela Lei 12.850/2013 em seu artigo 3º, inciso I,

como meio de obtenção de prova, podendo ser usada em qualquer fase da persecução penal.

A Lei dedica a seção I, do Capítulo II, para esse tema, inclusive tendo a seção I como nome

“Da Colaboração Premiada”. A colaboração premiada é abordada em mais detalhes do artigo

4º ao 7º da lei.

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,

reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por

restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com

a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha

um ou mais dos seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa

e das infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização

criminosa;

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização

criminosa;

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações

penais praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

(BRASIL, 2013).

Em outras leis que abordavam a delação premiada, às vezes, o legislador utilizava

os termos “será” ou “terá”, que indica obrigatoriedade na aplicação dos benefícios ao delator

quando obedecido os requisitos legais. Já na Lei das Organizações Criminosas, o legislador

optou por utilizar o termo “poderá”, o mesmo usado na lei das organizações criminosas.

Por outro lado, o termo “poderá”, significa ter a faculdade de se aplicar ou não a lei.

Dessa forma, fica a critério do aplicador da norma a concessão ou não dos benefícios dado ao

colaborador.

A Lei nº 12.850/13, então permite ao juiz a faculdade de conceder ou não o privilégio

aquele que colaborou efetivamente com a investigação. O colaborador pode ser beneficiado

com o perdão judicial, a redução em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou a substituição da

mesma por restritivas de direito.

Para ter a chance de conseguir algum desses benefícios, é necessário que a

colaboração tenha alguns resultados. Como a identificação dos demais coautores e partícipes

da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas, a revelação da estrutura

hierárquica e das tarefas da organização criminosa, a prevenção de infrações penais

decorrentes das atividades da organização criminosa, a recuperação total ou parcial do

produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa ou a

localização de vítima, caso haja, com a sua integridade física preservada. “Quanto aos

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resultados que precisam advir da colaboração, não há necessidade de que sejam cumulativos,

basta a verificação da ocorrência de um deles.” (PEREIRA, 2016, p.140).

Ainda para a concessão do benefício da colaboração, em qualquer caso, deverá ser

levado em conta alguns requisitos subjetivos e objetivos, como a personalidade do

colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato

criminoso e a eficácia da colaboração, de acordo com o artigo 4º, parágrafo 1º, da lei nº 12.850

de 2013. (BRASIL, 2013).

O parágrafo 2º, do artigo 4º da lei das organizações criminosa traz a possibilidade de

ser requerido ou representado ao juiz o pedido de concessão de perdão judicial ao colaborador,

podendo ser feito o pedido pelo Ministério Público, a qualquer momento, ou pelo Delegado

de Polícia, nos autos de Inquérito Policial, mesmo que não conste na proposta inicial.

No parágrafo 3º, do artigo 4º, o legislador buscou tratar da suspensão e prescrição.

Nos processos relativos aquele que esteja prestando colaboração, poderá ser suspenso por até

6 (seis), sendo prorrogáveis por igual período, o prazo para oferecimento de denúncia ou

mesmo o processo, até que se cumpra as medidas relativas a colaboração. Nesse período,

suspende-se o respectivo prazo prescricional.

Uma grande inovação trazida pela lei é a possibilidade de o Ministério Público não

ofertar denúncia em favor do colaborador, se o mesmo não for líder da organização criminosa

ou for o primeiro a prestar colaboração efetiva.

Nas leis citadas anteriormente a delação premiada podia ocorrer em sede de Inquérito

Policial e procedimento criminal, antes da sentença. A lei nº 12.850/13 trouxe a possibilidade

da colaboração ocorrer após a sentença. Nesse caso, poderá ser reduzida a pena até a metade

ou ser concedido a progressão de regime, mesmo que ausente os requisitos objetivos.

Os requisitos objetivos, que não são exigidos, seriam com relação ao tempo de

cumprimento da pena necessários para a progressão de regime, que é de 1/6 nos crimes

comuns (Lei nº 7.210/1984, artigos 110 e ss) e de 2/5 para reincidentes em crime hediondo

ou a ele equiparado, ou 3/5 quando houver reincidência nessa modalidade delitiva (Lei nº

8.072, art. 2º, parágrafo 2º). Isso significa que não importa o tempo que o colaborador esteja

cumprindo a pena, o mesmo poderá passar para um regime menos gravoso, podendo ir do

regime fechado para o semiaberto ou do regime semiaberto para o aberto, por exemplo.

As negociações realizadas para o acordo de colaboração, não contarão com a

participação do juiz. O acordo será realizado entre o delegado de polícia, o investigado e seu

defensor, com a manifestação do Ministério Público. Podendo em alguns casos ser entre o

Ministério Público e o acusado ou investigado e seu defensor. Após o acordo ser realizado, o

termo com as declarações do colaborador e cópia da investigação serão enviados ao juiz para

a homologação.

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Para a homologação do acordo, o juiz deverá verificar sua regularidade, legalidade

e voluntariedade, podendo, sigilosamente, ouvir o colaborador, acompanhado do seu

defensor. Caso seja verificado pelo juiz que a proposta de colaboração não atende aos

requisitos legais, poderá recusar a sua homologação ou adequá-la as necessidades do caso

concreto.

Caso seja homologado o acordo, o colaborador poderá ser ouvido pelo Ministério

Público ou pelo delegado de polícia, desde que esteja sempre acompanhado do seu defensor.

O colaborador sempre que prestar depoimentos, na presença de seu defensor, renunciará o

direito ao silêncio, uma vez que a colaboração exige do beneficiário a confissão completa de

todos os fatos delitivos que participou, além de ter esse o dever legal de dizer a verdade.

O colaborador tem direito a medida protetivas. São direitos garantidos pela Lei nº

12. 850/2013, em seu artigo 5º, com o objetivo de proteger aquele que colaborou com a

justiça. Poderá o delator desfrutar de medidas previstas em legislação específica, terá então

o direito de ser incluído no programa de proteção a testemunha, disciplinado pela Lei nº

9.807/1999.

Outro direito garantido pela lei é que seja preservado o nome, qualificação, imagem

e demais informações pessoais do colaborador. Além de ser garantido ao colaborador o direito

de ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes. Ser ouvido em

audiências sem contato visual com os outros acusados, não ter sua identidade revelada pelos

meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua autorização. E o direito de

cumprir pena em estabelecimento diverso dos demais corréus ou condenados.

O artigo 6º, da Lei nº 12.850/2013, traz os requisitos que devem conter o termo de

acordo da colaboração. O termo deverá ser feito por escrito e conter o relato da colaboração

e seus possíveis resultados, as condições da proposta apresentada pelo Ministério Público ou

pelo delegado de polícia, a declaração, de que aceita a proposta, do colaborador e seu

defensor, as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do

colaborador e de seu defensor e deve o termo conter ainda as especificações das medidas de

proteção ao colaborador e, quando necessário, a sua família.

Em regra, a distribuição dos feitos criminais é pública. No caso do pedido de

homologação de acordo da delação premiada, garante a lei das organizações criminosas, que

será sigiloso, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e seu

objeto. O juiz que receber o pedido de homologação terá prazo de 48 horas para decidir.

Quando for recebida a denúncia, o acordo de colaboração premiada deixará de ser

sigiloso, respeitando os direitos do colaborador dados pelo artigo 5º da Lei nº 12.850/2013.

4 REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA DELAÇÃO PREMIADA

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Analisando, a legislação vigente no país sobre delação premiada, alguns requisitos

são necessários para a aplicação dos benefícios ao colaborador, seja para a redução da pena,

a substituição por restritivas de direito ou o perdão judicial.

O principal requisito a ser observado é a voluntariedade. Presente em todas as leis

vigentes, é necessário que a colaboração do delator seja de sua espontânea vontade, sem que

tenha sido pressionado a colaborar.

Outro importante requisito a ser observado é a efetividade da colaboração. A delação

precisa ter resultados. Nas leis citadas acima, esse resultado pode ser a libertação do

sequestrado, o desmantelamento de quadrilha, a identificação dos demais coautores ou

partícipes, a recuperação do produto.

A Lei nº 12.850/2013, a lei das organizações criminosas, ampliou a aplicação da

colaboração premiada e definiu, em seu artigo 4º, cinco requisitos necessários para a obtenção

dos benefícios da delação.

Será então efetiva a colaboração que: a) identificar os demais coautores e partícipes

da organização criminosa e as infrações penais por eles praticadas; b) revelar a estrutura

hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa; c) prevenir infrações penais

decorrentes das atividades da organização criminosa; d) recuperar total ou parcialmente o

produto ou proveito resultantes das infrações penais praticadas pela organização criminosa; e

e) levar a localização de eventual vítima com sua integridade física preservada.

Não é necessário a incidência de todos os resultados para a efetividade da

colaboração, bastando apenas a ocorrência de um ou mais dos resultados.

A Lei nº 12.850/2013 traz outros requisitos para a colaboração premiada. Mesmo

que da colaboração advenha os resultados citados acima, será sempre observado a

personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social

do fato criminoso e a eficácia da colaboração.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo procurou mostrar, sucintamente, como funciona o instituto da delação

premiada na legislação brasileira e sua evolução ao longo dos anos. Através do artigo foi

possível conceituar a delação premiada e mostrar os requisitos para a sua concessão.

O que observamos é que a delação premiada ou colaboração premiada está presente

no ordenamento jurídico brasileiro a muito tempo, e ao longo dos anos foi sendo citada em

leis esparsas, sempre sendo abordada de maneira diferente. Sendo sempre acrescentado novos

benefícios para os delatores ou ampliando seu alcance a novos tipos penais, porém nunca

tratada de maneira ampla.

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A Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) representou um importante

avanço para o instituto da colaboração premiada, abordando-o de maneira mais ampla. A lei

que entrou em vigor em 2013 trouxe importante inovações para a delação premiada, podendo

até mesmo ser usada para complementação das outras leis que abordam o instituto.

Dessa forma, a delação premiada se tornou importante instrumento para a justiça,

sendo utilizada como meio de obtenção de provas na busca da condenação de partícipes ou

coautores pertencentes a organizações criminosas. Mas, o outro lado, é que o instituto da

colaboração premiada pode também ser utilizado pelos acusados ou investigados para fugir

de uma possível condenação.

REFERÊNCIAS

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Franca: Lemos e Cruz, 2006.

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criminais garantista e antigarantista e da Constituição Federal. Jundiaí: Paco, 2018.

MOSSIN, Heráclito Antônio; MOSSIN, Júlio César O.G. Delação premiada: aspectos

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PEREIRA, Frederico Valdez. Delação premiada: legitimidade e procedimento. 3. ed.

Curitiba: Juruá, 2016.

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Disponível em: https://dicionariodoaurelio.com/delacao. Acesso em: 10 jun.

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procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código

Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Brasília, DF,

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nacional, e dá outras providências. Brasília, DF, 16 de junho de 1986.

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BRASL. Lei 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou

ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os

ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF,

e dá outras providências. Brasília, DF, 3 de março de 1998. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9613.htm>. Acesso em: 12 jun. 2019.

BRASIL. Lei 12.683, de 9 de julho de 2012. Altera a Lei no 9.613, de 3 de março de 1998,

para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Brasília,

DF, 9 de julho de 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2012/Lei/L12683.htm#art2. Acesso em: 12 jun. 2019.

BRASIL. Lei 9.807, de 13 de julho de 1999. Estabelece normas para a organização e a

manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas,

institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe

sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva

colaboração à investigação policial e ao processo criminal. Brasília, DF, 13 de julho de

1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9807.htm>. Acesso em:

12 jun. 2019.

BRASIL. Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas

Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção

e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à

produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras

providências. Brasília, DF, 23 de agosto de 2006. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/lei/l11343.htm>. Acesso em: 13

jun. 2019.

BRASIL. Lei 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Brasília, DF,

11 de julho de 1984. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm>. Acesso em: 14 jun. 2019.

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA E OS DESAFIOS

CONTEMPORÂNEOS DA HUMANIZAÇÃO

Ially fanny oliveira soares

Jamille nascimento lima

Mayra aires azevedo

Paulo de tasso moura de alexandria júnior

1 INTRODUÇÃO

O presente Relatório Final de Estágio Básico Supervisionado Hospitalar foi

elaborado por acadêmicas do sétimo período de Psicologia da FACDO (Faculdade Católica

Dom Orione). Tal prática se deu a partir do estágio básico supervisionado em parceria da

Faculdade Católica Dom Orione com a Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins. O

mesmo possui como principal objetivo apresentar os resultados de atendimentos e vivências

junto aos pacientes e equipe multidisciplinar da ala psiquiátrica do Hospital Regional de

Araguaína. Neste, pretendemos suscitar reflexões acerca da prática do psicólogo hospitalar

com ênfase na humanização. Desse modo, a pergunta que caracteriza a problemática do

trabalho é: “Quais os avanços, retrocessos e desafios que permeiam a institucionalização da

loucura, desde o seu surgimento aos dias atuais?”. Essa questão-problema tem a intenção de

compreender as mudanças reais, proporcionadas pela Reforma, e os desafios que as mesmas

trazem consigo.

A metodologia utilizada de caráter qualitativo foi a observação seguida de

intervenções utilizando a escuta no atendimento clínico embasadas no estudo bibliográfico, a

fim de fazer com que pudéssemos ter acesso aos conteúdos dos pacientes para então obter

melhorias no quadro clínico ou melhor entendimento do caso. Entendendo que a escuta seria

uma intervenção válida para pacientes que possuem tão pouca voz e propriedade a respeito

de suas vidas, aprofundamos nossos estudos para podermos tocar em suas histórias com

sensibilidade e responsabilidade visando não só o entendimento clínico, mas também o

conhecimento teórico, relacionando e buscando atentamente a obtenção de informações

relevantes, para que este trabalho represente um progresso para o atendimento psiquiátrico e

suas nuances. Apresentamos neste trabalho a importância do estudo da saúde mental,

fomentando a sua melhoria e compreensão, o foco deste não é apenas um estudo bibliográfico,

mas um estudo real de vivências e experiências que são cruciais na formação em psicologia.

Acadêmica da Católica Orione Acadêmica da Católica Orione Acadêmica da Católica Orione Docente da Católica Orione

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Os dados coletados durante as observações foram compartilhados para discussão nos

encontros de orientação na disciplina Estágio Supervisionado, da Faculdade Católica Dom

Orione, ministrada pelo professor Paulo de Tasso Moura. A orientação foi local onde fomos

direcionadas sobre qual caminho seguir para a melhoria dos atendimentos e onde

investigamos a fundo os atendimentos clínicos e como proceder a partir da escuta.

Considerando o exposto, este artigo pretende suscitar reflexões sobre as

características institucionalização da loucura e como a segregação se tornou normal no

decorrer dos anos, a atuação do psicólogo no contexto hospitalar e sua importância para o

auxílio psicológico tanto de pacientes quanto de funcionários, os desafios da humanização

buscando suscitar as melhorias e retrocessos mesmo após a Reforma Psiquiátrica e, por fim,

explicaremos os resultados obtidos onde iremos explanar as vivências experenciadas durante

o estágio na ala psiquiátrica, discutindo a cada tópico a promoção da saúde frente ao

tratamento da doença, evidenciando a importância da redução de seus impactos através da

humanização sobre a vida e do ambiente do sujeito hospitalizado.

2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA

A assistência ao ser humano com transtorno mental tem o seu percurso marcado por

processos de isolamento, segregação, exclusão e a anulação do indivíduo enquanto possuidor

de direitos. (FOUCAULT, 1978). A definição da loucura em termos de “doença” é uma

produção social histórica um tanto recente na narrativa da civilização ocidental, difundida em

grande parte por discursos, práticas e produções de representações sobre a condição mental

dos sujeitos. É a partir do século XIX que surgem às instituições que eram destinadas

exclusivamente aos doentes mentais. Essas instituições eram chamadas de manicômios.

Goffman (1961) denominou os hospitais psiquiátricos/manicômios como ‘instituições

totais’, pois segundo ele, as vivências e tarefas cotidianas, bem como as necessidades básicas

de dormir e se alimentar eram realizadas todas no mesmo local, com as pessoas enclausuradas

e ainda sob vigilância de alguém, não levando em consideração diferenças pessoais. Como

consequência, despersonificava os sujeitos, na medida em que gerava perda de identidade e

de características individuais. Para Figueirêdo, Delevati e Tavares (2014), essas entidades

eram precárias e desumanas, tais práticas eram justificadas pela necessidade de uma limpeza

social, tendo a instituição manicomial a função de disciplinar corpos e comportamentos, se

tratando de uma tecnologia de poder que tinha como objetivo atender aos padrões de

civilidade produzidos na modernidade.

A Reforma Psiquiátrica se mostra como um processo social complexo, que surge no

contexto do movimento sanitário, no final de 1970, com intenção de proporcionar mudanças

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nos modelos de atenção, gestão e nas práticas de saúde. De igual forma, nasce em defesa da

saúde coletiva, igualdade na oferta dos serviços e protagonismo dos trabalhadores e usuários

dos serviços de saúde nos processos de produção de cuidado. (AMARANTE; CRUZ, 2008

apud FRÖHLICH, 2016). Desde então, começou a ser formulada uma nova legislação para

proteção dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais que redireciona o modelo

assistencial em saúde mental.

Nesta nova fase se fazia necessário pensar em serviços substitutivos e construir novas

práticas e saberes acerca da saúde mental. Portanto, a internação dentro do hospital geral é

lançada como nova alternativa, destinada para situações graves e momentos de crise. Segundo

Botega (2017), esse contexto foi sendo alterado gradualmente em virtude da reestruturação

da assistência ao doente mental e ao papel do hospital geral em uma rede diversificada de

serviços, tornando-se uma unidade promotora de saúde dentro de um contexto

biopsicossocial.

A criação das unidades psiquiátricas no hospital geral trata-se de uma ruptura

histórica, de uma mudança radical nas antigas práticas de assistência ao doente mental por

um modelo assistencial novo que visa à humanização, proporcionando o resgate da cidadania

destes indivíduos com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades de saúde

decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Para Botega (2017), a iniciativa das internações no hospital geral traz como uma das

vantagens a diminuição do estigma que Goffman (1891) define como a condição do sujeito

que está inabilitado para aceitação social plena, pois acredita que o paciente com transtorno

mental passaria a ser visto como um paciente semelhante aos demais em decorrência de

compartilharem o mesmo espaço.

Em contrapartida, Botega aponta como algumas desvantagens, a ênfase em

tratamentos sintomatológicos podendo ocasionar a inibição na atenção à subjetividade,

correndo o risco de atuar sob uma lógica manicomial e, um segundo agravo que é exposto

pelo autor são as limitações e inadequações do espaço físico, uma vez que esses espaços não

contam com pátios para exposição solar, áreas verdes, áreas esportivas etc.

2.2 O Psicólogo e suas contribuições no cenário hospitalar

A prática do psicólogo se faz fundamental nesse contexto, pois promove a

comunicação equipe-paciente-família com o objetivo de auxiliar na busca de recursos no

processo de enfrentamento de situações que podem ser consideradas traumáticas, bem como

na prevenção concernente a saúde mental. (STENZEL; PARANHOS; FERREIRA, 2012, p.

23), compreendendo que o papel do psicólogo é o resgate do indivíduo enquanto sujeito em

relação a sua doença (SIMONETTI, 2013, p. 20), uma vez que esta última ocasiona

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sofrimento, podendo desorganizar de maneira significativa o modo de viver tanto do paciente

quanto de sua família.

Nesse sentido, segundo Bruscato et al. (2004 apud STENZEL; PARANHOS;

FERREIRA, 2012, p. 39):

Uma das funções do psicólogo é a de redirecionar o olhar dos demais profissionais

para a individualidade de cada paciente, envolvendo a subjetividade do adoecer e

favorecendo, assim, a importância dos aspectos psicológicos existentes no processo

de adoecimento.

Nessa perspectiva, o propósito do psicólogo na instituição hospitalar de acordo com

Angerami-Camon (2009, p. 73) é proporcionar a redução do sofrimento ocasionado pela

hospitalização. Essa prática se dá através do cuidado, que se torna diferenciado quando se

associa a valorização do sujeito, compreendendo que existe doente ao invés de doenças.

Para Cavalcanti e Baía (2015), o psicólogo hospitalar no desempenho de sua prática

contribui de forma fundamental no processo de humanização do hospital, favorecendo de

forma autêntica a dignidade existencial do sujeito hospitalizado, respeitando sua

heterogeneidade. Em outras palavras, o psicólogo hospitalar busca novas formas de entender

a realidade do paciente, com o intuito de perceber a relação do mesmo com os medos, as

ansiedades, as angústias e as fantasias negativas, na intenção de que a dor seja entendida de

forma diferente.

Conforme Angerami-Camon (2009), o psicólogo exerce a sua prática acreditando na

humanização em sua abordagem com o paciente, na percepção do seu sofrimento, que, por

vezes, vão além da doença, assumindo dimensões humanas, emocionais. Afirma também que

com base na atuação do psicólogo no hospital, a análise em saúde passou a ser redefinida em

suas nuances e em aspectos profundos, na instituição.

2.3 Desafios contemporâneos da humanização

Para a melhor apreensão desse trabalho, se faz necessário a definição do processo de

humanização, que conforme Barros e Cypriano (2008, p.199) “se trata de um resgate do

respeito à vida humana, abrangendo as circunstâncias sociais, éticas, educacionais, psíquicas

e emocionais presentes em todo relacionamento”. Nesse sentido, tem-se como proposta

contribuir para o resgate da subjetividade humana através da arquitetura hospitalar,

proporcionando o bem-estar dos pacientes e demais usuários.

A satisfação dos pacientes em relação ao espaço físico é de grande relevância no

(re)estabelecimento da saúde, de modo que Cavalcanti, Azevedo e Duarte (2007) apontam

estudos na área de psicologia ambiental que têm confirmado que a imagem que construímos

de um ambiente orienta a apropriação que dele fazemos. Assim, os indivíduos “projetam”

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sobre o espaço sentimentos e significados internalizados, os quais dizem respeito à apreensão

que fazem dele, seu nível de satisfação ou insatisfação. Desse modo, todo espaço tem um

valor social, simbólico e cultural. Com isso não quer dizer que o espaço físico poderá eliminar

o sofrimento do paciente, porém, pode contribuir para melhorar o seu bem-estar bem como

dos funcionários através da criação de um ambiente mais humanizado e adequado às suas

expectativas e necessidades.

O Ministério da Saúde compreende o conceito de ambiência sob três vertentes que

devem sempre estar interligados na estruturação do ambiente: O espaço que promova a

confortabilidade, que possibilite a produção de subjetividades; e, por fim, o ambiente como

instrumento facilitador do processo de trabalho (otimização de recursos, atendimento

humanizado, acolhedor e resolutivo). (BRASIL,2009). Essa confortabilidade diz respeito ao

conforto térmico, que se trata do conforto ambiental que abrange as sensações de bem-estar

em relação à temperatura, levando em consideração que a ventilação natural é bem-vinda nos

ambientes hospitalares, visto que a mesma pode influenciar de modo significativo na

recuperação do paciente. (CIACO, 2010). O autor se refere ainda ao conforto visual que está

associado ao bem-estar com relação ao ver bem.

Nessa perspectiva, acredita-se que a cor tem a capacidade de modificar o ambiente e

a orientação do paciente, a cor tem o poder de contemplar a terapia, levando Costi (2002 apud

CIACO, 2010) a firmar que “a cor é um estimulante psíquico, podendo afetar o humor, a

sensibilidade, produzir emoções e reflexos sensoriais nos pacientes”, o que se confere como

uma tendência segundo Cavalcanti, Azevedo e Duarte (2007) a incorporação da fantasia ao

ambiente hospitalar, que pode ser constatada principalmente nos hospitais pediátricos norte-

americanos. No caso destes hospitais, cria-se uma espécie de cenário e os ambientes internos

são concebidos com alguma temática, buscando-se explorar uma estética de cunho lúdico.

3 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

3.1 Histórico da Instituição

O Hospital Regional de Araguaína (HRA), criado em 1970, é uma unidade de média

e alta complexidade, classificado como unidade de Porte III, que atende pacientes do

Tocantins, do sul do Pará e do Maranhão.

Além da parte central, onde funciona o Pronto Socorro, alas de internação e o centro

cirúrgico, o HRA possui outros seis anexos de atendimento: Anexo Administrativo, Unidade

de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), Ambulatório de Oncologia Clínica, Casa de

Apoio Glória Morais, Centro de Alta Complexidade (Cac) e Centro de Reabilitação

(Reabilito).

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3.2 Público-alvo

Atende pacientes do Tocantins, do sul do Pará e do Maranhão.

3.3 Serviços Oferecidos

Cirurgia geral, cirurgia torácica, cirurgia vascular, cirurgia buco-maxilo-facial,

cirurgia bariátrica, neurocirurgia, clínica médica, ortopedia e traumatologia, nefrologia,

psiquiatria, oncologia, ginecologia, urologia e hematologia.

3.4 Caracterização do espaço físico

O hospital compreende uma área construída de aproximadamente 16.650 metros

quadrados, com 257 leitos de internação, sendo 20 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)

e centro cirúrgico com seis salas em funcionamento.

3.5 Caracterização da equipe e profissionais da instituição

Fomos recebidos pelas equipes multiprofissionais de todas as alas que passamos,

psicólogos da nefrologia e psiquiatria, enfermeiros e nutricionistas da clínica médica,

oncologia, nefrologia e psiquiatria.

3.6 Caracterização da ala psiquiátrica

A ala do Hospital Regional de Araguaína, conta com 10 leitos, enfermaria,

consultório, posto de enfermagem e área de convivência, além de uma equipe

multiprofissional formada por médicos, enfermeiros, técnicos, psicólogos e assistentes

sociais.

Os leitos da ala de psiquiatria são destinados aos pacientes que estão em tratamento

nos Centros de Assistência Psico-Social (CAPS) e que se encontram em momento de surto,

como preconiza o Sistema Único de Saúde.

4 RESULTADOS OBTIDOS

Foi realizado um projeto na ala psiquiátrica que teve como propósito intervenções que

amenizassem os déficits que tangem as práticas de atividades terapêuticas, bem como

proporcionar um ambiente minimamente agradável aos pacientes psiquiátricos, tudo isso,

com fito na prática de humanização.

O projeto se apresentou eficaz e o os próprios pacientes da ala se mostraram positivos

e proativos a respeito da ideia, foi perceptível a empolgação dos pacientes mais antigos,

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alguns se ofereceram para ajudar e se sentiram úteis e importantes ao passo que aceitávamos

suas ideias e ajudas.

Durante nosso estágio percebemos que os pacientes da ala psiquiátrica apresentavam

um quadro de solidão, a ala não possuía nenhum espaço de entretenimento a não ser uma

televisão, eles não praticavam nenhuma atividade física ou intervenções terapêuticas que

propicia a eles algum exercício cognitivo. A quantidade de psicólogos na ala F é mínima,

sendo assim, se tornava inviável fazer atendimento clínico dos pacientes todos os dias, a

psicóloga da ala nos informou que buscou fazer um atendimento grupal, entretanto a ala não

possui um espaço que acomodasse todos.

O projeto teve como idealizadora a aluna Jamile do Nascimento Lima e seu objetivo

era dar vida a um ambiente físico até então sem vida. As escrituras nas paredes davam um ar

de incompreensão, solidão e abandono, a escuta foi crucial para o entendimento de situações

de desamparo, a humanização mesmo que de forma mínima foi suficiente para gerar animação

e expectativas dos pacientes, o projeto não proporcionou apenas a melhoria do ambiente, mas

também levou jogos e materiais que promovessem a eles um exercício cognitivo e um

entretenimento para continuar a vida naquele ambiente.

A pintura das paredes deixou a ala mais alegre, a mudança mesmo que mínima do

ambiente físico já propicia aos pacientes novas experiência e ideias, os jogos foram

importantes para a diminuição dos níveis de ansiedade que ocorre em pacientes que ficam

internados ou isolados por algum período de tempo. Todas as intervenções, cognitivas, de

apoio psicológico e melhoria do ambiente, aliados à escuta ativa foram importantes para a

busca pela humanização da ala Psiquiátrica do Hospital Regional de Araguaína.

5 CRONOGRAMA

Durante nossos dez encontros de estágio, passamos por diversas áreas do hospital

como a psiquiatria, clínica médica, nefrologia e oncologia. Em todas essas alas as atividades

realizadas foram a de escuta ativa.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contextualizar e problematizar o processo de desinstitucionalização e toda história

da saúde mental, é conduzir-se para um olhar ampliado e humanizado sobre a loucura. Sobre

o papel da instituição hospitalar, é importante que não se limite somente em diretrizes

políticas de saúde, mas sim de ir além, com foco na necessidade de resgatar a cidadania.

Com a conclusão deste estágio foi-se notado que a equipe multidisciplinar da ala

psiquiátrica não possui formações acadêmicas que possibilite um melhor atendimento a

pacientes em condição de sofrimento psíquico, e este se tornou um dos motivos para falta de

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progresso da ala que é considerada por muitos profissionais de toda a instituição um “pequeno

manicômio”. Poucos pacientes psiquiátricos recebem visitas de familiares de forma

frequente, muitos estão ali por demandas judiciais e acabam sendo esquecidos pelo poder

judiciário e pela família.

As experiências vivenciadas tiveram como consequência o proporcionamento da

oportunidade de conhecimento voltado às formas de atuação do psicólogo junto à sua forma

de abordagem profilática na área hospitalar e especificamente na área psiquiátrica feita a partir

de um olhar humanizado para todos os envolvidos no processo de hospitalização, o paciente,

a família e a equipe de profissionais.

Podemos afirmar que ao término deste estágio adquiriu-se um enorme conhecimento

sobre esse universo hospitalar e as práticas psicológicas realizadas em tais contextos citados,

possibilitando que após tal experiência aliada à dedicação pautada aos estudos adquirisse um

olhar crítico e humanizado sobre o processo de hospitalização.

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POSSE INJUSTA E DETENÇÃO: PROPROSTA DE CONCILIAÇÃO DAS

DIVERGÊNCIAS

João Paulo Taustino Feitosa

Pollyanna Marinho Medeiros Cerewuta

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo sanar as controvérsias sobre a posse injusta e a detenção.

Os doutrinadores que tratam do tema e os Tribunais pátrios vêm divergindo sobre esses dois

institutos resultando, assim, em uma instabilidade jurídica. Por essa razão, o referencial

teórico busca uma clara definição de cada um dos institutos nas três principais teorias que

tratam do tema, possibilitando uma melhor aplicabilidade das normas referentes ao direito à

posse. A pesquisa foi realizada através do método dedutivo, bem como estudo de materiais

bibliográficos e documentos oficiais. Os resultados evidenciaram que posse injusta e detenção

não se confundem, sendo essa afirmação defendida pela maior parte dos doutrinadores que

discorrem sobre o tema.

Palavras-chave: Posse. Posse Injusta. Detenção. Controvérsias.

1 INTRODUÇÃO

Os institutos posse e detenção são protagonistas de uma discussão doutrinária que

ainda não teve o devido enfretamento por parte dos doutrinadores pátrios. A discussão está

ligada diretamente a imprecisão conceitual de posse injusta que é aquela adquirida por meio

de atos antijurídicos e a detenção.

E por conta dessa imprecisão, a doutrina acaba por definir esses institutos como

equivalentes, o que sem sombra de dúvidas jamais poderão ser considerados análogos, pois

seus efeitos jurídicos são completamente diferentes, enquanto a posse permite ao possuidor o

uso, por exemplo, das ações possessórias o mesmo não poderá ser permitido ao detentor.

Apesar das contradições presentes nas principais obras que trata sobre o tema,

podemos retirar desses ensinamentos conhecimento suficiente para compreender esses

institutos milenares, mas surge o questionamento se é realmente possível conciliar essa

pluralidade de entendimentos trazidos pelos juristas.

Inicialmente, serão abordados os conceitos históricos apresentados pelos defensores

das teorias mais conhecidas e as diferenças entre elas, bem como apresentar as mais recentes

que vêm ganhando espaço no ordenamento jurídico pátrio. Em seguida, trataremos de

apresentar as posições e conceitos doutrinários sobre a detenção e posse injusta, bem como

apresentar de modo preciso os acertos e contradições através de um método lógico dedutivo

a fim de verificar qual a melhor posição doutrinária a ser seguida ou refutá-las caso seja

Graduando em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione. Mestre em Direito pela PUCGO. Completar o currículo

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necessário, e apresentar uma sugestão sobre a interpretação que poderá ser dada aos

dispositivos legais que tratam da posse.

Dessa forma, diante das controvérsias presentes na doutrina e nas decisões dos

tribunais sobre o tema, uma tomada de posição torna-se necessária, pois uma maioria

confunde posse injusta com detenção chegando a afirmar que os institutos são equivalentes,

e essa imprecisão conceitual causa uma instabilidade jurídica.

2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DE POSSE E DETENÇÃO

2.1 Conceito de Posse

O direito romano é sem sombra de dúvidas a base do direito ocidental, que apesar

dos dezessete séculos que se passaram desde a queda do império romano ainda é notória a

sua influência, principalmente no direito civil brasileiro que tem institutos, como a posse e a

detenção, e conceitos jurídicos que remontam àquela época.

Os dois institutos acima mencionados ainda hoje são objetos de uma controvérsia

travada entre juristas, cujo os principais protagonistas foram Friedrich Karl Von Savigny com

sua teoria subjetiva e Rudolf Von Ihering que defendia a teoria objetiva.

Savigny defendia a teoria subjetiva, constituída de um elemento intencional, que

definia a posse como o poder direto e imediato de uma pessoa dispor fisicamente da coisa ou

defendê-la de terceiro desde que houvesse a intenção de tê-la para si, dessa forma podemos

concluir que a posse para essa teoria é formada por dois elementos fundamentais para sua

constituição: o primeiro elemento, de caráter objetivo é o corpus, o bem material que o

possuidor tem à sua disposição e o segundo elemento de caráter subjetivo é o animus que se

traduz na intenção de ter a coisa para si, sentir-se dono da coisa segundo ensinamentos de

Farias e Rosenvald (2010).

Melo (2015) ao tratar das teorias sobre a posse aduz que para a teoria objetiva de

Ihering a posse seria a exteriorização de um ou alguns dos poderes inerentes à propriedade,

essa mesma definição é encontrada no Art. 1.196 do Código Civil Brasileiro, que sem dúvidas

seguiu, em parte, essa teoria. Para o jurista alemão, era necessário para a caracterização da

posse apenas o corpus elemento de cunho objetivo. Vale ressaltar que para ele o animus está

implícito no poder de fato que o possuidor exerce sobre a coisa, para Ihering o que realmente

importa é a destinação socioeconômica da coisa.

Moreira Alves (2014, p. 275) expressa bem o pensamento de Ihering ao dizer que

“[...] corpus e animus não são elementos independentes: um não pode existir sem o outro,

mantendo a mesma relação que há entre a palavra e o pensamento[...].”

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Contudo, essa discussão vem sendo superada e, hoje, a teoria social da posse, tese

criada pelo francês Raymond Saleilles, vem ganhando força nos Tribunais Pátrios. A

aplicabilidade dessa teoria surge a partir de uma interpretação teleológica dos dispositivos

constitucionais que tratam da propriedade. Dessa interpretação ergue-se o entendimento que

a função social da posse decorre da função social da propriedade, reconhecendo, portanto, a

necessidade de complementar a teoria objetivista de Ihering com a teoria social da posse.

2.2 Natureza Jurídica

Não há divergências na doutrina a respeito da natureza jurídica de detenção. A

doutrina é uníssona no sentido de que detenção é mero estado de fato ao qual não cabe

nenhuma proteção jurídica.

Dessa forma, partiremos para a definição da natureza jurídica da posse que é bastante

controvertida em sede doutrinária e jurisprudencial, pois há aqueles que defendem posse

como simplesmente um estado de fato e a que defende a posse como sendo um direito sendo

essa a majoritária. Contudo, a primeira, defendida por Savigny, entende que a posse é um

fato e um direito, pois a posse é em si mesma apenas um fato, mas que merece proteção

jurídica por se tratar da exteriorização da propriedade.

A segunda corrente encabeçada por Ihering vê a posse como um direito, pois dela

decorre, consequentemente, um interesse que é protegido pela lei, ou seja, a posse por ser a

condição de se alcançar a destinação econômica da propriedade merece a proteção do direito,

sendo esse o meio indireto de proteção da propriedade. Diniz (2015) tem entendimento

semelhante e defende que posse é, genuinamente, um direito real por ser desdobramento

direto do direito de propriedade.

Em contrapartida, entendemos que a posição defendida por Tartuce seja a mais

correta, pois ele vislumbra a posse a partir da teoria da teoria tridimensional do direito

defendida por Miguel Reale. Assim, segundo essa teoria, a posse também é um direito, pois

este é constituído de fato, valor e norma. Tartuce (2012, p. 803) assevera que posse, em

síntese, é “o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa”. Logo, partindo de um

raciocínio logico pode-se afirmar que posse é realmente um direito já que este surge a partir

de um fato.

Contudo, a posse não se trata exclusivamente de um direito obrigacional e tampouco

um direito real, já que não se encontra no rol do artigo 1.225 da Lei Civil. Ela é, portanto,

uma sui generis, esse entendimento é corroborado pelo fato da posse transitar entre os direitos

obrigacionais e os direitos reais.

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2.3 Posse Justa e Posse Injusta

A classificação da posse quanto aos vícios objetivos é de extrema relevância, pois

diante da presença de algum dos vícios enumerados no artigo 1.200 do Código Civil, o

possuidor terá ou não direito ao uso dos interditos possessórios.

Pois bem, a definição do que vem a ser posse justa é extraída por negação feita pelo

legislador, que a definiu como não sendo aquela maculada, no seu modo de aquisição, pelos

vícios da violência, clandestinidade e precariedade. Por sua vez, posse injusta seria aquela

eivada dos referidos vícios.

Na posse injusta o possuidor terá o direito de mover, contra terceiros que atentem

contra sua posse, os interditos possessórios, contudo não poderá lançar mão das mesmas ações

contra aquele de quem retirou a coisa, pois como bem ensina Venoza (2010), os vícios da

posse não têm efeitos erga omnes, ou seja, só produzem efeitos sobre aquele de quem a posse

foi retirada, que tem legitimidade para arguir a injustiça.

É certo que o artigo 1.208 do Código Civil traz a convalidação da posse injusta em

posse justa, abrindo assim a possibilidade para que o possuidor injusto tenha direito a

aquisição da propriedade por meio da usucapião. Porém, apenas a posse maculada pela

clandestinidade ou pela violência podem ser convalidadas já que o legislador optou por punir

aquele que tomou a posse de outrem por meio de um abuso de confiança, caracterizando desse

modo a posse viciada pela precariedade, sendo esta, portanto, insuscetível de convalidação.

2.4 Conceito de Detenção

Partiremos da afirmação de que posse e detenção são dois institutos que não se

confundem.

Farias e Rosenvald (2012) dizem que a principal distinção entre as teorias de Savigny

e Ihering é a conceituação do que viria a ser detenção. Na concepção de Savigny, a posse era

formada pelo corpus e animus domini, na ausência do último elemento não haveria posse,

existiria mera detenção.

Por sua vez, Ihering parte da posse para a detenção para que se possa chegar a uma

melhor definição, na sua concepção a posse era um estado de fato juridicamente protegido,

em contrapartida, a detenção não tinha a mesma proteção que a posse pois “é uma posse

degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento vigente.”

O legislador definiu detenção no artigo 1.198 do Código Civil, in verbis: “Considera-

se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a

posse em nome deste ou em cumprimento de ordens ou instruções suas.” Embora haja outros

dispositivos legais que trazem outras modalidades de detenção.

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Partindo desse enunciado, percebe-se que o detentor é caracterizado por um vínculo

entre ele e o possuidor da coisa, há, portanto, um vínculo de subordinação, pois aquele exerce

uma posse em nome de outrem.

Percebe-se, ainda, que o legislador trouxe outros tipos de detenção expresso no artigo

1.208 da Lei Civil “ Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como

não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a

violência ou a clandestinidade.” Ora, se não induzem em posse, resta claro que o legislador

optou por desqualificar essa posse à mera detenção, criando um impedimento legal para que

esses não se utilizem das ações possessórias.

Em síntese, seguindo a teoria objetivista, a posse é um direito e, portanto, é protegida

pelo ordenamento jurídico, já a detenção é um mero fato onde a coisa se sujeita à pessoa em

decorrência de um vínculo de subordinação, sendo vedado ao detentor o uso das ações

possessórias e a aquisição da propriedade por meio da usucapião.

3 CONTROVÉRSIA A RESPEITO DA POSSE INJUSTA E DETENÇÃO

É bastante evidente que os doutrinadores civilistas ainda não definiram precisamente

os dois institutos, posse injusta e detenção, e isso é perceptível se partirmos para uma análise

do que dizem sobre esta discussão.

A controvérsia surge a partir de dois posicionamentos a respeito da distinção entre

posse injusta e detenção. Precipuamente, o posicionamento majoritário defendido por Maria

Helena Diniz (2015) e Silvio Rodrigues (2007) parte da análise do princípio da continuidade

do caráter da posse, que segundo eles a posse adquirida, a princípio, de forma injusta poderá

ser convalidada desde que cessada os atos ilícitos que recaem sobre ela, ou seja, é admitida a

possibilidade de sua modificação, pois a presunção é iuris tantum, deixando claro que cabe

prova em sentido contrário.

Nesse sentido, Diniz (2015, p. 79) assevera que “se o adquirente a título clandestino

ou violento provar que sua clandestinidade ou violência cessaram há mais de ano e dia, sua

posse passa a ser reconhecida (CC, art.1208), convalescendo-se dos vícios que a maculavam”,

entretanto, ainda que tenha mencionado os casos de detenção, a doutrinadora falha quando

trata posse injusta como uma modalidade de detenção confundido, assim, os dois institutos.

Rodrigues (2007), ao tratar do assunto, diz que após a notoriedade da posse

clandestina e cessada a violência, abre-se o prazo de ano e dia para a purgação dos seus

defeitos havendo assim o convalescimento da detenção em posse. Mas, outra vez nos

deparamos com falhas na doutrina, após esse convalescimento a posse tornar-se-á justa ou

injusta? Esse questionamento é de grande importância já que definida qual a modalidade de

posse será caracterizada podemos ter efeitos diferentes que serão apontados mais adiante.

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A parte minoritária da doutrina que vai a sentido contrário a de Maria Helena Diniz

e Silvio Rodrigues, consiste nos ensinamentos de Tartuce que tem uma visão direcionada a

destinação dada à posse.

Tartuce e Simão (2012, p. 32) aduzem que:

Não se pode confundir posse com detenção. O detentor não pode ser confundido

com o possuidor, pela inteligência do art. 1198 do CC [...] Em suma, o detentor

exerce sobre o bem não uma posse própria, mas uma posse em nome de outrem.

Como não tem posse, não lhe assiste o direito de invocar, em nome próprio, as ações

possessórias.

Desse ensinamento podemos extrair que o detentor jamais poderá ser confundindo

com o possuidor, sendo, portanto, de extrema importância a distinção dos institutos.

Mais adiante indicam ainda que os atos de mera permissão e tolerância, dispostos na

primeira parte do artigo 1.208 do CC, não induzem em posse, sendo estes atos de mera

indulgência, contudo os autores deixam de mencionar a parte final do mesmo artigo, vindo

mencionar os atos violentos e clandestinos somente quando define posse injusta.

Nesse ínterim, Tartuce e Simão (2012, p. 32) são categóricos ao afirmar que “a posse

mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações do juízo possessório, não

contra aquele de quem tirou a coisa, mas sim em face de terceiros.” Esse é um claro efeito da

posse, ao possuidor injusto é assegurado o direito de defender sua posse contra agressão de

terceiros, já o detentor de forma alguma poderá lançar mão das ações possessórias, e da

mesma forma o possuidor injusto poderá usá-las contra aquele de quem foi retirada a posse.

Além disso, eles ao mencionarem a convalidação das posses injustas por violência

ou clandestinidade, menciona o ato como detenção da seguinte forma:

O dispositivo acaba quebrando a regra pela qual a posse mantém o mesmo caráter

com que foi adquirida, conforme o art. 1203 do CC, e que consagra o princípio da continuidade do caráter da posse. Ato contínuo, reconhece que aqueles que têm

posse violenta ou clandestina não têm posse plena, para fins jurídicos, sendo meros

detentores.

Diante dessa situação jurídica, é comum afirmar, conciliando-se o art. 1208 do CC

com o art. 558 do CPC, que, após um ano e um dia do ato da violência ou da

clandestinidade, a posse deixa de ser injusta e passa a ser justa. (TARTUCE;

SIMÃO, 2012, p. 39).

Observa-se que os autores de certo modo criam um pensamento conflitante com o

anterior, pois após a convalidação os detentores passariam a ter posse justa sem passar pelo

estágio da posse injusta sendo esta última considerada uma modalidade de detenção.

Embora tenham se preocupado em distinguir os conceitos de detenção e posse, não

o fez quando caracterizou a posse injusta. Ocorre que os autores não colocam na discussão a

problemática disposição conceitual da posse injusta e a detenção. E apesar da preocupação

com a inércia doutrinária ao tratar do tema, eles não confrontam o problema permitindo uma

continuidade na obscuridade conceitual sobre estes institutos.

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Por sua vez, Melo (2015) entende que a detenção é a negação de posse, enquanto

posse é compreendida como o poder jurídico que permite ao possuidor extrair vantagens

econômicas da coisa, a detenção é o contrário, pois se trata de um mero contato físico com a

coisa. Em seguida, o autor trata das hipóteses de detenção que foi adquirida de forma

maculada, e diz que:

A situação daquele que apreendeu o bem alheio por um dos meios viciosos acima

referidos é a de um detentor, ou seja, a posse injusta também é uma não posse, não

produzindo efeitos possessórios normais em relação ao legítimo possuidor até o

momento que cessar a violência e a clandestinidade. (MELO, 2015, p. 47).

O autor, evidentemente, causa uma contradição, pois ao referir-se à posse injusta

como uma não posse, ele acaba tratando detenção e posse injusta como institutos equivalentes

dando a eles os mesmos efeitos ficando vedado o uso das ações possessórias ao possuidor

injusto.

Melo (2015) aponta outro problema que consiste em estabelecer um prazo para que

a posse injusta seja convalidada em posse justa, essa convalidação deverá ser analisada caso

a caso em razão da função social exercida pelo detentor. Mas para usucapião há a necessidade

de posse justa, posição esta também defendida por Tartuce e Simão (2012).

Em sentido contrário, a doutrina majoritária a respeito da convalidação da detenção

em posse, Rosenvald e Chaves (2007, p.71) defendem que a posse violenta ou clandestina é

mera detenção que com a cessão das condutas antijurídicas “terá sempre a qualificação de

posse injusta - até seus últimos dias -, como se depreende do art. 1203 do Código Civil.” Os

autores claramente ignoram a possibilidade de convalidação da detenção em posse justa

expressa na parte final do artigo 1.208 do CC.

4 A CONCILIAÇÃO DAS TEORIAS

Não resta dúvidas que há um conflito conceitual entre os institutos da posse injusta

e da detenção. Se para alguns autores como Marco Aurélio Bezerra de Melo a posse injusta e

a detenção são institutos equivalentes e dessa forma têm os mesmos efeitos, Tartuce defende

que posse e detenção são institutos completamente diferentes e, consequentemente, têm

efeitos diferentes, embora, ao trazer a classificação de posse de forma contraditória torna

equivalentes os conceitos de posse injusta e detenção. Assim, a omissão persistente da

doutrina em não estabelecer parâmetros conceituais capazes de diferenciar posse injusta de

detenção, acaba por criar uma contradição que subverte a estabilidade dos institutos e,

consequentemente, cria uma instabilidade jurídica, de modo que gradativamente detenção

seria posse quando violenta ou clandestina.

A partir da teoria majoritária que trata da convalidação da detenção em posse, e não

sendo estes institutos iguais, percebe-se a partir da leitura do artigo 1208 do CC e do 558 do

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Código de Processo Civil o legislador estabeleceu o prazo temporal para que ocorresse essa

transmutação da detenção em posse, quando diz que cessada a violência ou a clandestinidade.

Assim, percebemos que enquanto aquele que foi tirado da posse tentar retomá-la persistirá a

violência, por sua vez a clandestinidade cessará após a publicidade.

Dessa forma, partindo de uma interpretação dos referidos artigos sugerimos que para

a convalidação da detenção em posse seja dividida em três fases, a primeira consiste na

detenção que, como já vimos, persiste enquanto durar a violência ou a clandestinidade, nessa

primeira fase não é permitido ao detentor o uso das ações possessórias e não correrá prazo

para usucapião.

Na segunda fase, a detenção passa a ser vista como posse injusta, tendo em vista a

cessão dos vícios que a maculavam, é o que podemos extrair do artigo 1208 do CC, aqui o

possuidor injusto poderá utilizar-se das ações possessórias, mas não poderá contar o prazo

para usucapião que pressupõe posse justa, vale ressaltar que a destinação que o possuidor dá

à coisa poderá substituir esse prazo desde que cumpra com a função social da posse.

Na terceira e última fase, temos a transmutação definitiva da posse injusta em posse

justa, desde que tenha havido o transcurso do prazo de ano e dia previsto no artigo 558 do

CPC, contados de quando cessou a violência ou a clandestinidade. Nessa última fase o

possuidor terá disponível para uso as ações possessórias e contará prazo para usucapião.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao observarmos o que foi apresentado podemos afirmar que há uma divergência

perfeitamente visível entre doutrinadores como Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, Nelson

Rosenvald, Cristiano Chaves e Marco Aurélio de Melo, que entendem que posse injusta e

detenção são equivalentes. E há uma segunda linha de raciocínio para a qual os institutos são

completamente diferentes e jamais poderão ser confundidos, linha defendida por Flávio

Tartuce, apesar de haver uma contradição quando tratou discorreu sobre a posse injusta.

Portanto, diante dessa pluralidade de entendimentos que acabam por tornar mais

complicada a compreensão dos institutos posse e detenção, e em especial a convalidação da

detenção em posse. Tornou-se necessário buscar uma forma de conciliar os vários

ensinamentos apresentados pelos juristas, logo, tomamos a iniciativa de apresentar uma

proposta de interpretação dos mandamentos legais que tratam do tema para que houvesse uma

aplicação mais efetiva. A proposta tem como objetivo apaziguar a discussão conciliando os

vários posicionamentos e poderá guiar o julgador acerca dos efeitos legais que cada instituto

apresenta, pois, uma definição precisa impedirá a interferência de um conceito no outro ou a

anulação da eficácia, além disso manterá uma estabilidade jurídica acerca desse tema.

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REFERÊNCIAS

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 6. ed. Rio de Janeiro:

Editora Lumen Juris, 2010.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 27. ed. São

Paulo: Saraiva, 2012.

ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 16. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,

2014.

VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: direitos

reais. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2012.

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 2. ed. São Paulo: Forense, 2012.

MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Curso de Direito Civil: direito das coisas. São Paulo:

Atlas, 2015.

TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: direito das coisas. 4. ed. São

Paulo: Método, 2012.

BRASIL. Código de processo civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

BRASIL. Código Civil. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS NA CIDADE DE ARAGUAÍNA

Liana Sousa Vieira

Flávio Rafael Bonamigo

RESUMO

Este estudo analisa a importância de o indivíduo vivenciar a educação financeira como

pressuposto para elaborar o planejamento e controle financeiro de seus recursos. Tem o

objetivo de relatar como a população araguainense vem gerindo suas finanças,

compreendendo o tratamento dado ao dinheiro através da identificação do perfil financeiro.

O estudo foi desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas, quantitativas e qualitativas

realizadas na primeira quinzena do mês de maio de 2017 na cidade de Araguaína. O estudo

aponta que a grande maioria da população pesquisada entende a necessidade de se fazer o

planejamento financeiro, que mesmo possuindo uma pequena renda e/ou pouca escolaridade,

a maior parte da população procura fazer algum tipo de controle de gastos. Este estudo aponta

que a população de Araguaína possui em parte o efetivo controle do orçamento familiar.

Contudo, há muitos que apesentam problemas financeiros por não praticar o planejamento

orçamentário familiar.

Palavras-chave: Planejamento financeiro. Controle orçamentário. Finanças pessoais.

Educação financeira. Consumo/consumismo

1 INTRODUÇÃO

Diante do atual cenário econômico que a população brasileira está vivenciando,

administrar a renda pessoal ou familiar torna-se uma atividade complexa para muitos

indivíduos, essa dificuldade provém, não somente da escassez de recursos financeiros, mas

também da falta de conhecimento em administrar suas receitas.

Recentemente, uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada – IPEA, através do Índice de Expectativas das Famílias - IEF, (2012) apontou que

45,9% dos brasileiros têm dívidas e 33,82% das famílias que as possuem, não tem condições

de liquidá-las. Na região Norte esses números sobem, onde 70,3% das famílias entrevistadas

afirmam estar endividadas.

Tais dados são indicativos da necessidade de os brasileiros melhorarem o trato com

suas finanças, tanto no grau de educação financeira, como na administração direta dos

recursos e bens disponíveis. Visto que “uma pessoa pode ser muito instruída, bem-sucedida

profissionalmente e ser analfabeta do ponto de vista financeiro.” (KIYOSAKI, 2000, p. 70).

Em virtude a essa realidade e, com o objetivo de contribuir com o crescimento da

economia mundial, a Organização de Cooperação e de

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Desenvolvimento Econômico - OCDE criou uma proposta de implementação da educação

financeira que foi consolidada em vários países e, no Brasil através do Comitê Nacional de

Educação Financeira - CONEF foram criados programas como a Estratégia Nacional de

Educação Financeira - ENEF para contribuir com o melhoramento da gestão financeira

pessoal dos cidadãos, com o intuito de apreenderem noções de como utilizar de forma

eficiente suas finanças, tendo em vista que, a maneira como o indivíduo conduz sua vida

financeira impacta diretamente na economia de seu país. (OECD, 2005).

Contudo, por perceber a necessidade, a dificuldade e a falta desconhecimento para a

administrar a renda pessoal ou familiar, qual é o tratamento dado aos recursos financeiros

dentro do orçamento familiar?

Nesse contexto, o trabalho visa uma abordagem geral no tratamento das finanças

pessoais dentro do ambiente familiar e; especificamente, apresentar o cenário em que se

encontram as famílias da cidade de Araguaína e, como as mesmas tem destinado seu

orçamento doméstico; levantar as estratégias usadas para fazer o controle financeiro e;

identificar o perfil e comportamento da população pesquisada.

2 PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Conforme a contextualização de Gitmam (2010), o planejamento financeiro atua

como um mapa para orientar, coordenar e controlar as despesas e receitas, a fim de se alcançar

objetivos financeiros preestabelecidos. A falta do mesmo, pode levar o indivíduo a perder o

controle de suas finanças, podendo trazer o desequilíbrio econômico, como, por exemplo, no

caso de haver uma recessão econômica, contudo, mesmo considerando a influência de fatores

externos, elaborar um planejamento é de vital importância. Não somente para empresas, como

também, para pessoas físicas, visto que, o indivíduo tendo o conhecimento e habilidade

necessários para gerir de forma adequada as receitas, despesas e decisões de investimento,

torna-se mais suscetível a um possível equilíbrio financeiro.

De acordo com o Banco Central do Brasil - BACEN (2013), o primeiro passo para

elaboração do Planejamento financeiro é a definição dos objetivos, pois, ao saber o que o

indivíduo quer alcançar, torna-se mais claro e fácil planejar como alcançá-los. Dessa forma,

observa-se a importância em decidir quais objetivos devem ser escolhidos ao traçar um

planejamento financeiro, visto que, a escolha de objetivos inatingíveis, deixaria o indivíduo

desmotivado e possivelmente o faria desistir de seus planos financeiros, pois não adianta

apenas desejar algo, é necessário ter consciência de almejar objetivos claros, concretos e

pertencentes à realidade de cada um.

Deve-se dar importância ao controle orçamentário como sendo parte essencial do

planejamento financeiro, a fim de proporcionar melhores condições para a empresa ou

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indivíduo gerir de forma mais segura e consistente suas atividades financeiras.

(SANVICENTE; SANTOS 2009).

Cerbasi (2009) demonstra que a melhor forma de se fazer o controle das finanças

pessoais é organizar as receitas e despesas sistematicamente, fazendo anotações a fim de estar

ciente das entradas (receitas) e das saídas (despesas) de recursos financeiros, para que possam

ser controlados. O que representa basicamente o que se conhece como controle de fluxo de

caixa.

Tal controle pode ser elaborado através de programas mais complexos como em

tabelas do Excel, ou mesmo em manuscrito numa folha de papel, desde que determine a parte

fundamental, o controle das finanças.

Quando se refere ao planejamento financeiro, no âmbito familiar, a inclusão de

todos os membros da família na execução do mesmo é vital. Visto que até mesmo as crianças

devem aprender a conviver desde cedo de forma equilibrada com o dinheiro, fazendo bom

uso do mesmo, sabendo a importância de poupar e, a diferença entre querer algo e precisar

de algo. Essas são lições que aparentemente parecem fáceis de serem seguidas, ainda assim,

muitos adultos não têm sequer o conhecimento de como fazer (BACEN, 2013), por esse

motivo, faz-se necessário o cidadão aprender desde cedo a gerir suas finanças através da

educação financeira.

A educação financeira visa adquirir conhecimentos necessários, buscando-se obter

através do planejamento e controle financeiro uma melhor qualidade de vida financeira, tanto

no presente como no futuro, tanto do modo individual como coletivo. Em concordância com

o dicionário Aurélio (2009), o conceito de finanças trata da situação econômica de uma

instituição, empresa, governo ou indivíduo, com respeito aos recursos econômicos

disponíveis. Numa acepção mais didática, Gitmam (2010, p. 3) coloca que o termo finanças

pode ser definido como "a arte e a ciência de administrar o dinheiro."

Além da responsabilidade do indivíduo em gerir suas próprias finanças, o governo

propõe algumas estratégias de gestão, pois quanto maior a parcela de cidadãos em dias com

seus recursos financeiros, melhor para o crescimento econômico do país, em destaque temos

a Estratégia Nacional de educação financeira (ENEF), criada pelo Decreto Federal

7.397/2010, gerida pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF) tendo como

objetivo, proporcionar e favorecer práticas e ações, que contribuam para que a população

tenha capacidade de tomar decisões acerca das suas finanças com maior autonomia e

consciência, possibilitando assim, o aumento da eficiência e solidificação do sistema

financeiro. (BRASIL, 2010-2011).

A ENEF disponibiliza várias ferramentas gratuitas para a população, como

programas que vão desde folhetos, cadernos e pesquisas, até aplicativos, guias e cursos, que

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exploram os temas: direitos e deveres, investimentos, poupança, seguros e previdência,

planejamento, crédito e o consumo com suas implicações na vida do cidadão.

Barbosa (2010) coloca o consumo como indispensável na representação social das

sociedades, onde qualquer ato de consumo é essencialmente cultural.

A autora dispõe ainda que a abertura de capital disponibilizada pelos instrumentos

de créditos, além da possibilidade de um aspecto sociológico e psicológico de integração ou

inclusão em determinado meio social, faz a sociedade moderna tornar-se consumista, esse

consumo excessivo caracteriza-se como um dos lados de uma linha tênue que divide o

consumo por necessidades primordiais para sobrevivência humana do consumismo.

Dependendo da influência da cultura do consumismo e do perfil de cada indivíduo, todos

estão suscetíveis à compulsão por compras, mesmo que em graus variados. O que se percebe

é que as pessoas cada vez mais jovens tornam-se reféns do consumo excessivo, desde cedo

as crianças e adolescentes já são influenciados e a mídia tem seu papel importante nesse

aspecto por tentar determinar o conceito de consumismo como principal precursor à

felicidade e bem-estar. (SILVA, 2014).

Um fator importante que contribui para o consumo exacerbado, são as facilidades

de crédito que são oferecidas aos consumidores, entretanto o crédito não é somente sinônimo

de revés, todavia se for utilizado com prudência, pode vir a tornar-se um aliado importante

no que diz respeito ao planejamento e gestão das finanças pessoais.

A importância do controle orçamentário e do planejamento financeiro é percebida

na prática, através dos dados analisados na pesquisa de campo apresentada nesse estudo.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com o último Censo (IBGE, 2010), o município de Araguaína possui

150.484 mil habitantes (estimativa de 173.112 para o ano de 2016), o que representa a

segunda maior população dentro do Estado do Tocantins, ficando atrás somente da capital,

Palmas. O setor de serviços é o propulsor da economia da cidade, o que corresponde 43,18%

do PIB do município. (IBGE, 2010).

O município, ainda segundo o IBGE (2014), conta com 3.467 mil empresas atuantes

e possui 33.160 mil pessoas ocupadas, o que equivale a 19.8% da população total, onde a

faixa salarial média mensal corresponde a 2,1 salários mínimos. No ano de 2014, a cidade

obteve um PIB per capita no valor de R$ 18.265,69 mil reais.

Os resultados alcançados na presente pesquisa foram decorrentes dos dados

coletados, por meio de questionário que abordaram quatorze questões, aplicado na primeira

quinzena do mês de maio de 2017, totalizando a amostra de 106 entrevistados de todas as

classes sociais e ambos os gêneros, residentes na cidade de Araguaína TO. A análise das

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informações se deu a partir da contagem e correlação das respostas, através dos dados que

aqui estão apresentados.

3.1 Perfil dos entrevistados

A maioria dos entrevistados, 68,80% possui entre 18 e 40 anos, dos quais, 22,6%,

está entre 18 e 24 anos, 19,8% corresponde 25 a 30 anos e 26,4% possui 31 a 40 anos.

Os dados apontam que em relação ao gênero dos respondentes, há uma

homogeneidade, onde 52% são do sexo feminino e 48% do sexo masculino. Em relação ao

estado civil, a maior parte declara estar casado ou em união estável, 54,7% dos respondentes.

Quanto à escolaridade, o índice predominante são os que concluíram o ensino médio com

30,2%, seguido dos que possuem o ensino superior completo com 23,6%. A respeito da renda

mensal individual, os que recebem entre R$1.450,01 à R$ 2.400,00 e R$ 640,01 a 1.450,00

somam os maiores percentuais, correspondendo respectivamente a 34,9% e 30,2% do total

dos entrevistados.

3.2 Conduta dos entrevistados

A presente pesquisa indica que sete em cada dez entrevistados (66%) consideram

sua vida financeira regular, seguido por 22,6% que julgam estar com a vida financeira boa e

11,3% ruim. O estudo assinala ainda que 85,9% afirmam fazer algum tipo de controle de

orçamento, dos quais 37,7% dizem fazê-lo com ajuda de planilhas ou anotações no papel,

4,7% fazem somente por controle de extratos bancários e representando o maior percentual

43,4% declaram controlar seu orçamento pessoal apenas "de cabeça".

Em relação aos hábitos de compras, a maior parte dos consumidores (76,42%)

declara comprar apenas aquilo que estão necessitando, 8,49% priorizam a compra de

produtos que estejam em promoção, somente para aproveitar a oportunidade, 9,43% revelam

comprar pelo desejo de possuir o bem e 5,66% admitem comprar por impulso.

A maior parte dos respondentes, 62,27%, tendem a pagar suas contas em dia, onde

43,4% pagam suas contas na maioria das vezes em dia e 18,87% sempre pagam em dia,

enquanto na outra ponta, encontram-se 12,3% que declaram nunca conseguir pagar em dia

suas dívidas.

Sobre os que não possuem reserva financeira ou não fazem algum tipo de

investimento, 37,74% admitem fazer parte desse grupo, enquanto 62,26% declaram dispor

de reservas financeiras ou investimentos, dos quais 36,79% investem em cadernetas de

poupanças, 10,38% em compras de imóveis e 15,09% afirmam fazer outros tipos de

investimentos.

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Quanto aos que utilizam linhas de crédito para efetuar compras, os que fazem

através de crediários em lojas (40,57%) possuem o maior número percentual. O uso de

cartões de crédito aparece em segundo lugar com 24,53% da amostra pesquisada e,

significativos 22,64% declaram não utilizar qualquer tipo de linha de crédito. Quando

questionados sobre o uso de cartão de crédito, 55,66% relatam não possuir ou utilizar cartões,

e dentre os 44,34% que utilizam, a maioria, 82,98%, alega pagar geralmente a fatura total do

cartão e 48,94% confessam não saber calcular as multas, taxas e juros cobrados em caso de

atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito.

Ao analisar os resultados encontrados na pesquisa e com o objetivo de atingir

informações adicionais, o cruzamento de dados realizado nesse estudo apresenta relevantes

informações que são descritas abaixo.

Estado civil x forma de controle orçamentário: 57,5% dos que fazem controle

orçamentário através de planilhas ou cadernos de anotações compreendem o grupo de

pessoas casadas ou em união estável. Percebe-se ainda que dentre os que não fazem qualquer

tipo de controle, os solteiros são os que apresentam o maior percentual com 73,33%.

Nível de renda x pontualidade do pagamento de dívidas: 46,15% dos entrevistados

que possuem faixa salarial entre 640,01 e 1.450,00 nunca pagam suas contas em dia. Verifica-

se que os indivíduos que estão incluídos nas faixas salariais mais baixas propostas pelo estudo

somam 50% daqueles que pagam as contas antes mesmo do vencimento.

Renda mensal individual x investimentos: no grupo dos que não fazem

investimentos estão as menores faixas salariais: de R$ 640,00 até R$ 2.400,00 alcançando os

percentuais de 30%, 20% e 37,5% respectivamente. Visto que esse mesmo grupo são os que

mais investem em poupança somando o percentual de 87,18%, dos respondentes.

Uso de linhas de crédito quanto a renda: os usuários de cartões de crédito

compreendem todas as faixas de renda, destacando (38%) para os que ganham entre

R$1.450,01 e R$2.400,00 reais. Nessa mesma faixa estão aqueles que mais utilizam limite

bancário (50%) e cheque (60%). Da mesma forma, o uso de crediário também é utilizado por

todas as faixas de renda, evidenciando o maior percentual (40%) sobre os que possuem entre

R$ 640,01 e R$1.450,00 de renda e o menor percentual nos que ganham acima de R$

8.696,00 alcançando 2%.

Forma de controle orçamentário x faixa etária: a maioria dos que não fazem qualquer

tipo de controle orçamentário (60%) estão entre os jovens de 18 a 24 anos. Dentre aqueles

que fazem todos os tipos de controle sugeridos na pesquisa com maior frequência estão a

faixa etária que compreende os entrevistados de 31 a 40 anos, apontando 35% para os que

planejam através de planilhas ou cadernos de anotações, 40% aos que fazem controle apenas

por extratos bancários e 26% que alegam fazer o controle "de cabeça".

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Frequência de uso do cartão x conhecimento de cálculos e encargos do cartão: os

usuários de cartão de crédito frequentes, 43% não sabem calcular os juros, multas e taxas

cobrados em caso de atraso de pagamento da fatura. Já a proporção dos usuários com pouca

frequência, 69% não sabem calcular tais encargos.

Escolaridade x forma de controle orçamentário: de acordo com o nível de

escolaridade todos fazem controle por planilhas ou cadernos de anotações tendo o maior

percentual o superior completo com 40%. Aos que fazem controle apenas de cabeça atribui-

se o maior percentual para os que possuem apenas o nível médio completo 43%. Sobre os

que não fazem nenhum tipo de controle orçamentário destacam-se os níveis médio completo

e superior incompleto representando 33% e 40% respectivamente.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo aponta que a população pesquisada na cidade de Araguaína possui em

parte o efetivo controle do orçamento familiar. Contudo, há muitos que apresentam

problemas financeiros por não praticar o planejamento orçamentário familiar.

Os resultados da pesquisa apontam que o perfil, em sua maioria, já concluiu o ensino

médio, bem como a maior parte possui renda inferior a três salários mínimos. Com relação

ao domínio das finanças, observa-se que a prevalência daqueles que fazem algum tipo de

controle financeiro pertence ao grupo dos casados ou em união estável, isto indica que, onde

os lares são constituídos por famílias, tem-se um interesse maior em efetuar o planejamento

e o grupo dos solteiros alcançam o maior número sobre os que não fazem quaisquer tipos de

controle 73%.

O perfil de consumo dos entrevistados com relação aos hábitos de compras mostra

que a grande maioria (76,42%) faz compras apenas daquilo que estão precisando e a maior

parte da população ouvida afirma utilizar algum tipo de linha de crédito e a prevalência é

daqueles que possuem as menores faixas salariais, e (43,4%) declara pagar suas contas,

grande parte das vezes em dia, indicando uma preocupação para evitar possíveis

endividamentos.

O estudo mostra que os entrevistados de todas as faixas salariais fazem algum tipo

de investimento, a maioria investe em poupança, indicando uma preocupação para o futuro,

os resultados apontam ainda que os indivíduos com remuneração mediana fazem todos os

tipos de investimentos.

De maneira geral, este estudo aponta que a grande maioria da população

Araguainense que foi pesquisada entende a necessidade de se fazer o planejamento

financeiro, que mesmo possuindo uma pequena renda e/ou pouca escolaridade, a maior parte

da população procura fazer algum tipo de controle de gastos.

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Mesmo sendo propostos inúmeros programas gratuitos sobre a educação financeira,

a necessidade do melhoramento do trato com as finanças pessoais dos indivíduos torna-se

evidente. Haja vista a necessidade de incluir a prática da educação financeira desde a

infância, para que cada pessoa ainda cedo possa aprender a relevância de valorizar e

administrar seus próprios recursos financeiros, de forma que tal iniciativa, poderia vir a

poupar muitos indivíduos de perderem o controle de suas economias, tornando-os cidadãos

conscientes e possibilitando a todos terem uma qualidade de vida mais satisfatória,

contribuindo assim, para que nossa sociedade seja melhor.

REFERÊNCIAS

BACEN. Caderno de educação financeira: gestão de finanças pessoais. Brasília: BCB,

2013.

BARBOSA, Lívia Sociedade de Consumo.-3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

BRASIL, Decreto Federal 7.397/2010, Estratégia Nacional de Educação

Financeira (ENEF) Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF), 2010.

Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/ferramentas-uteis.html. Acesso

em: 07 ab. 2017.

BUENO, Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Global, 2009

CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira [recurso eletrônico]:

inteligência financeira pessoal na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua

portuguesa.-4. ed. Curitiba: Positivo, 2009.

GITMAM, Lawrence J. Princípios da Administração financeira. 12. ed. São Paulo:

Pearson Pretince Hall, 2010.

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em: 06 abr. 2017.

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Famílias (IEF) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Disponível em: http:

//www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/IEF/120516_ief_21.pdf. Acesso em: ??????

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Elsevier, 2000.

OECD, Improving Financial Literacy: Analysis of Issues and Policies. Disponível em:

http://www.oecd.org/finance/financialeducation/improvingfinancialliteracyanalysisofissues

andpolicies.html. Acesso em: 15 de agosto de 2019.

SANVICENTE, Antônio Zoratto. SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na

administração de empresas: planejamento e controle.2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por

compras. São Paulo: Globo, 2014.

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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO SOFRIDO POR INDIVÍDUOS DE BAIXA

ESCOLARIDADE

Maria Paula Marinho Oliveira

Nilsandra Martins de Castro

RESUMO

O trabalho a seguir tem como objetivo fundamental demonstrar como o preconceito

linguístico, assim como as outras faces do preconceito, está arraigado no seio da sociedade

brasileira desde sua origem, se manifestando severamente para os cidadãos de pouco estudo,

cidadãos esses que por motivos variados não tiveram acesso à educação ou a uma educação

de qualidade. Ademais, busca-se também expor como o ambiente escolar por vezes contribui

para a propagação do preconceito linguístico através da imposição da ideia de que existe

apenas uma única língua correta no território brasileiro. Procuramos exprimir também que o

Brasil é um país de heterogeneidade na língua-mãe, portanto, é improvável que a fala seja

uniformizada no decorrer dos estados-membros e regiões. A metodologia utilizada foi a

bibliográfica e documental. De modo geral, concluímos que os indivíduos ainda carecem de

maior compreensão e conscientização do que é o preconceito linguístico para, assim, serem

mais tolerantes e respeitosos para com aqueles que não tiveram oportunidades ao longo da

vida escolar. Além do mais, é necessário também que a mídia exerça sua influência de

maneira positiva, dissipando o respeito às diferenças e regionalismos próprios do nosso país.

Palavras-chave: Preconceito linguístico. Variações. Regionalismos. Heterogeneidade.

Conscientização. Respeito.

1 INTRODUÇÃO

É notável a existência de diversas formas de preconceitos, esses, encontram-se,

infelizmente, enraizados na construção do Estado Brasileiro, manifestando-se de maneiras

variadas e atingindo diversos indivíduos. Assunto recorrente nas mídias, sejam elas

televisivas ou digitais, o preconceito, com suas inúmeras faces não passa despercebido no

cotidiano dos cidadãos, sendo uma delas o chamado “preconceito linguístico”.

É imprescindível compreender que o Brasil, assim como tantos outros países, ainda

sofre com a desigualdade social e econômica, sendo, portanto, inevitável que determinadas

pessoas tenham mais acesso a uma educação de qualidade que outras. A camada

marginalizada, aquela que teve acesso a níveis mais básicos de ensino, tende a sofrer com

Acadêmica do 4º período de Direito da Faculdade Católica Dom Orione. Email: [email protected] Professora Redação Jurídica, Metodologia da Pesquisa Científica, Língua Portuguesa Aplicada ao Direito e Comunicação e expressão na Faculdade Católica Dom Orione. Doutora em Ensino de Língua e Literatura pela

UFT - Universidade Federal do Tocantins. Mestre em Linguística Aplicada pela UNICAMP - Universidade de

Campinas. E-mail: [email protected]

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esse preconceito linguístico, haja vista que apresenta mais dificuldade de entendimento em

áreas específicas (ou até mesmo as mais genéricas) do conhecimento.

Por outro lado, a porção letrada da sociedade por vezes utiliza-se dessa capacidade

intelectual para menosprezar aqueles com maior deficiência curricular, conforme visto em

casos concretos divulgados diariamente. Cita-se aqui como o exemplo a situação envolvendo

um médico e seu paciente, no Hospital Santa Rosa de Lima. O médico zombou, através de

uma foto em um grupo de whatsapp, a forma como José Mauro, o paciente, pronunciou a

palavra “pneumonia”.

Considerando ainda a Carta Magna vigente no Brasil, percebe-se quão rebuscada e

erudita é a letra da lei, sendo, assim, dificultosa para o entendimento dos cidadãos de pouco

estudo que por ela são regidos.

Tem-se, por conseguinte, uma tendência a segregação dos que estão inseridos nesse

grupo, algo que há muito deveria ser afastado das nossas ações habituais, tendo em vista que

se vive em tempos de propagação de respeito e inclusão de minorias. Ou seja, por que em

meio a tantas informações e políticas ligadas a inclusão, ainda o preconceito linguístico parece

ser elemento presente no cotidiano de muitos brasileiros?

Nesse sentido, o presente trabalho visa entender o que é preconceito linguístico;

discutir como o preconceito linguístico se apresenta e, nesse caso em específico, como se dá

esse preconceito em relação aos indivíduos de baixa escolaridade.

É relevante discutir a temática devido a acreditarmos que esta é uma manifestação

segregacionista que deve ser severamente afastada do seio social.

2 O PRECONCEITO LINGUÍSTICO: DEFINIÇÃO E COMO SE MANIFESTA

Conforme exposto no item anterior, o preconceito linguístico pode ser definido como

uma maneira de discriminação que se manifesta no âmbito da linguagem, entre indivíduos

falantes de um mesmo idioma. Tem-se, dessa forma, uma intolerância em relação às variações

e regionalismos inerentes à Língua Portuguesa, levando-se em conta a dimensão do nosso

país.

De acordo com Rique (2012, p. 4):

O preconceito linguístico nada mais é do que um julgamento que menospreza as variedades linguísticas. Infelizmente o que vemos é esse preconceito ser mantido

cada vez mais através dos programas de televisão, rádio, materiais didáticos e

gramáticas normativas, que tentam propor o que é certo e errado na nossa língua.

A autora contextualiza o tema de maneira extremamente importante, pois sabe-se

que as mídias exercem grande influência sobre a sociedade, que dela serve-se para finalidades

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variadas, enxergando ali fonte de veracidade e transparência. Sendo assim, os indivíduos tidos

como “menos letrados” passam a crer que não possuem domínio de sua língua-mãe ou não

são um falante competente dela, quando, na verdade, são necessárias apenas adequações.

Entende-se que não é defeso ao indivíduo achar determinada forma de falar ou

sotaque mais bonito ou elegante do que outros, entretanto, ao passo que essa concepção

ultrapassa o campo psíquico e se transforma em ação concreta, tem-se o preconceito

linguístico, que pode, propositalmente ou não, gerar uma espécie de segregação e humilhação

para o sujeito que é alvo do preconceito. Além disso, do ponto de vista linguístico, entende-

se que não existe língua bonita ou feia, mas sim modos de expressão distintos.

Marcos Bagno (2015, p. 64) alega que:

O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe, como vimos no mito

nº 1, uma única língua portuguesa digna desse nome e que seria a língua portuguesa ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários.

Qualquer manifestação que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é

considerada, pela ótica do preconceito, “errada, feia, estropiada, rudimentar,

deficiente”, e não é raro a gente ouvir que “isso não é português.

Pode-se compreender através desse trecho um pouco mais do que o preconceito

linguístico acarreta, pois segundo o autor, ele desconsidera regionalismos e variações,

características marcantes da língua portuguesa e conceitua como correto apenas a norma culta

ensinada nas salas de aula.

Com isso, despreza também, partindo da percepção da desigualdade social ainda

presente em nossa sociedade, o fato de que uma parcela considerável da população não tem

acesso ao cenário escolar. O site de notícias G1, em matéria de Elida Oliveira (2018),

divulgou uma pesquisa feita pelo movimento “Todos pela Educação”, ligado ao Pnad, que

indica que “quase quatro (36,5%) em cada dez brasileiros de 19 anos não concluíram o ensino médio

em 2018, idade considerada ideal para esta etapa de ensino. Entre eles, 62% não frequentam mais a

escola e 55% pararam de estudar ainda no ensino fundamental.”

O sujeito ouvinte, então, considera para fins de julgamento do que seja “certo” ou

“errado” apenas a realidade predominantemente privilegiada em que ele esteve inserido, não

se atentando a dados relevantes como esse, que são mostrados constantemente. Ao prestarmos

atenção nesses números, compreendemos com clareza o que eles podem fomentar nesses

jovens no futuro, isto é, esse “buraco” no processo educativo de base os insere no cenário

discriminatório por não terem aprendido a gramática normativa vinculante da Língua

Portuguesa.

Segundo Rodrigues, Luca e Guimarães (2014, p. 141):

O preconceito, social, religioso, racial, relaciona-se estreitamente à não aceitação

da diferença. Ainda que a sociedade brasileira esteja se abrindo para a alteridade, o

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preconceito linguístico está nela fortemente arraigado, fruto do conservadorismo e

da intolerância em relação à variação e à mudança.

É possível compreender que o preconceito é um conceito multifacetário, isto é, não

é homogêneo, unitário, pois percebe-se a sua manifestação de maneiras distintas, isto é, com

negros, mulheres, idosos, homem do campo, e de forma mais frequente, na comunidade

LGBT. A militância contra ele vem ganhando força e se mostrando consistente.

“Infelizmente, porém, esse combate tão necessário não tem atingido um tipo de preconceito

muito comum na sociedade brasileira: o preconceito linguístico”. (BAGNO, 2015, p. 21,

grifo nosso).

3 ANÁLISE: A DISCRMINAÇÃO LINGUÍSTICA E A BAIXA ESCOLARIDADE

Propõe-se aqui uma abordagem a respeito de como a discriminação linguística atinge

a camada da população que por razões diversas não teve acesso ao ensino escolar de

qualidade, haja vista que uma educação de alto nível ainda é privilégio de uma minoria no

nosso país.

Segundo dados do IBGE, em 2016, cerca de 66,3 milhões de pessoas de 25 anos ou

mais de idade (ou 51% da população adulta) tinham no máximo o ensino fundamental

completo. Além disso, menos de 20 milhões (ou 15,3% dessa população) haviam concluído

o ensino superior. Esse número é significativo e mostra que mais da metade da população

adulta é suscetível a sofrer com o preconceito linguístico no Brasil. Os dados divulgados nos

permitem enxergar, portanto, que se considerarmos uma língua como homogênea, partindo

apenas da norma padrão, estaremos reforçando as convicções discriminatórias e por vezes

segregacionistas propagadas pela classe média privilegiada e pela mídia.

É interessante mencionar o ocorrido envolvendo o médico Guilherme Capel, na

época, funcionário do Hospital Santa Rosa de Lima, em São Paulo e o seu paciente, o

mecânico José Mauro de Oliveira Lima, esse último no decorrer da consulta usou-se de

variações linguísticas ao se referir a Pneumonia e a Raio x, desencadeando uma manifestação

preconceituosa por parte do então médico que o atendia, conforme se vê na matéria. Segundo

o site G1, em matéria Renata Victal (2016), ‘Um médico plantonista no Hospital Santa Rosa de

Lima, em Serra Negra (SP), foi afastado do trabalho após ter uma foto sua publicada numa rede

social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Na foto, Guilherme Capel Pasqua

mostra o receituário médico com o seguinte dizer: “Não existe peleumonia e nem raôxis. ”

Pode-se ver, então, o claro exemplo do que é o preconceito linguístico. O médico teve ao

seu alcance um número consideravelmente maior de oportunidades ao longo da vida escolar e

acadêmica do que o mecânico. Dessa forma, aproveita-se desse fato para a prática de ações cruéis

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e humilhantes, levando em consideração que o mecânico precisou parar de estudar na segunda

série do ensino médio por falta de dinheiro.

É válido salientar aqui a Carta Magna (1988), citada na introdução, e abordada por Gnerre

(1985) ao dizer que a Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas

essa mesma lei é redigida numa linguagem que se torna um entrave ao acesso. O autor, contudo,

não tem o propósito de dizer que a Constituição Federal deveria ser escrita com variedades ou

regionalismos, mas sim que a compreensão da Lei Maior deveria se dar de forma mais

democrática.

A classe periférica, por uma herança hereditária, tem menos acesso ao ensino de

qualidade e assim, gera-se uma segregação que além de física, ocorre também no campo

intelectual. O fato de um cidadão com pouca escolaridade precisar integralmente de um

advogado como mediador em um processo ou julgamento ou até mesmo para a simples

assimilação da letra da Lei demonstra que o preconceito linguístico ainda é uma realidade.

No ambiente escolar, os alunos passam a acreditar que somente a língua portuguesa

ali ensinada é a correta, pois está dentro dos parâmetros da gramática normativa dissipados

nas aulas, algo que parte, diversas vezes, de especialistas da área, que tendem a afirmar que

as famílias com baixa escolarização têm pouca condição de interagir e não têm a capacidade

necessária para se mostrarem parceiras do processo educativo.

Um trecho tirado de uma redação do site Stoodi (2018, p.1), diz o seguinte:

Ademais, a estereotipação que produz o preconceito linguístico se estende a quem

possui baixa escolaridade. A crise educacional brasileira não é mistério, por isso há

indivíduos que têm dificuldade de acesso às escolas. Essa deficiência educacional

é utilizada muitas vezes por outros cidadãos e pela mídia para criar um imaginário

de fala errada e fala de quem é pobre.

A reprodução de uma oratória baseada em preconcepções baseadas unicamente no

ambiente em que se vive é excludente, quando não há ciência da realidade que predomina

entre a maior parte dos falantes. A discrepância existente entre um cidadão de uma classe

mais abastada e um habitante de um bairro periférico é gritante. Com base em dados da

FGV/IBRE¸ no primeiro trimestre de 2019, a desigualdade de renda no Brasil atinge o maior

patamar já registrado. O portal de notícias online da Fundação Getúlio Vargas (2019, p.1 )

divulgou que:

O indicador estudado pela pesquisa é o índice de Gini, que monitora a desigualdade de renda

em uma escala de 0 a 1 – sendo que, quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade. O do Brasil ficou em 0,6257 em março.

Posto isso, entende-se que a desigualdade social no Brasil parte da questão

pecuniária, gerando uma série de problemas que atingem o indivíduo a longo prazo. Ao passo

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que faltam subsídios para adquirir recursos básicos de sobrevivência, a preocupação com uma

educação de qualidade acaba, consequentemente, ficando em segunda plano.

Um outro caso relevante a ser tratado aqui é o da humorista e youtuber Marcela

Tavares, que costuma postar vídeos com o intuito de “ensinar” português de forma divertida.

Em vídeos nomeados com “não seja burro”, a comediante faz uma abordagem pouca polida

para mostrar o que é certo ou errado na língua portuguesa.

Larissa Bueno dos Santos (2017, p. 16) diz que “é importante destacar que os meios

de comunicação em massa usam como estratégia geral a criação de estereótipos, tipos, a fim

de trabalharem com humor para cativar o público”, algo que podemos perceber com clareza

no caso de Marcela, sendo esta portanto, mais um célebre exemplo de pessoas que, caindo no

senso comum, acreditam na existência de um padrão de idioma homogêneo e imutável e

propagam discursos intolerantes.

Não negamos a importância de se escrever de acordo com a ortografia, mas, como

ela é resultado de um processo de aprendizado formal e muito brasileiros não têm

acesso à escola ou a escolas de qualidade, ela é um bem restrito a um pequeno grupo

social. (SANTOS, 2017, p. 13).

A proposição da autora é de bastante relevância e expressa com clareza o que se tem

discutido no presente trabalho. As normas ortográficas existem e é essencial que estejam

presentes nos discursos escritos, todavia, uma educação de excelência ainda está dentro de

um rol que apenas um estrato da sociedade brasileira tem a possibilidade de obter.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário escolar predominante no Brasil apresenta-se notadamente defasado e

carente de investimentos, algo que, por consequência, impede o progresso intelectual,

científico e social da sociedade atual. O preconceito nasce justamente de indivíduos que mais

oportunidades tiveram ao longo de suas vidas. A ideia de uniformização da língua gera nos

cidadãos a tendência de considerar errado tudo que foge à regra padrão dissipada nas escolas.

As classes sociais privilegiadas desenvolvem tendências discriminatórias, se

esquecendo de fazer uma análise básica da situação na qual o país está inserido. Os indivíduos

alvos do preconceito, algumas vezes, sequer compreendem que estão sendo vítimas dele. A

carência de informação os fazem suscetíveis de condutas desumanas por parte daqueles que

se auto intitulam melhores entendedores da língua.

A finalidade primordial aqui é ajudar os indivíduos a entenderem como o preconceito

linguístico permanece arraigado e sendo transmitido por gerações na sociedade brasileira e

ainda, conscientizá-los do dever que temos de afastar certas convicções preconceituosas que

desconsidera a realidade do nosso país.

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É de extrema importância o trabalho conjunto de todo o corpo social em prol da

conscientização do maior número de pessoas possíveis. O preconceito linguístico deve

receber manifestações opositoras assim como as outras faces do preconceito, felizmente, vêm

recebendo. A mídia tem um papel relevante nesse trabalho, pois sabe-se da enorme proporção

que tomou nas últimas décadas, sendo assim, é necessário que esta pare de propagar discursos

ideológicos padronizados, que devem ser afastadas do seio social.

Ao tomarmos ciência de que a língua é heterogênea e possui regionalismos,

variações e particularidades de acordo com a região em que está, desenvolveremos um senso

de respeito e tolerância para com aqueles que por razões alheias à própria vontade, não

puderam alcançar os patamares mais qualificados da educação escolar. Por fim, é

imprescindível que a palavra “respeito” tome mais sentido e atinja com precisão as diversas

esferas sociais existentes no Brasil, fazendo-nos ter mais empatia e solidariedade para com as

pessoas que chegam até nós.

REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 56. ed. Rio de Janeiro: Parábola, 2015.

MARTINS, Neurilene. É preciso combater o preconceito linguístico nas escolas.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/143/como-combater-o-preconceito-

linguistico-na-escola. Acesso em: 4 out. 2019.

OLIVEIRA, Elida. Quase 4 em cada 10 jovens de 19 anos não concluíram o ensino

médio, aponta levantamento. Disponível em:

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/18/quase-4-em-cada-10-jovens-de-19-anos-

nao-concluiram-o-ensino-medio-aponta-levantamento.ghtml. Acesso em: 5 out. 2019.

REDAÇÃO pronta: preconceito linguístico. Disponível em:

https://www.stoodi.com.br/redacao/redacao-pronta-preconceito-linguistico/. Acesso em: 5

out. 2019.

RIQUE, Itamara Jamilly C. Preconceito linguístico: sociedade, escola e o ensino de

português. 2012. 14f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Letras)- Universidade

Estadual da Paraíba, UEPB, 2012

SANTOS, Larissa B. Não seja burro!: o preconceito linguístico e intolerância no discurso

de Marcela Tavares. 2017. 62 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Letras)-

Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita

Filho”, UNESP, 2017.

VICTAL, Renata. Médico debocha de paciente na internet: “não existe peleumonia”.

Disponível em: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/07/medico-debocha-

de-paciente-na-internet-nao-existe-peleumonia.html. Acesso em: 4 out. 2019.

DESIGUALDADE de renda no Brasil bate recorde. Disponível em:

https://portal.fgv.br/noticias/desigualdade-renda-brasil-bate-recorde-aponta-levantamento-

fgv-ibre. Acesso em: 3 out. 2019.

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A DEPRESSÃO E SEUS DIFERENTES CONTEXTOS

Flávia Barbosa de Almeida

Laianne Lannunci Lima Lopes

Maria Victória Gomes Carvalho

Samara Dantas Figueredo Sanatana

Viviane Soares de Carvalho

Gilson Gomes Coelho

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o DSM V (2014), a depressão é uma doença que têm sido classificadas

de diversas formas, sendo elas: transtorno depressivo maior, melancolia, distimia, depressão

como parte do ciclotimia (transtorno de humor que é caracterizado por oscilações

emocionais), entre outras.

O transtorno depressivo maior caracteriza-se pela perda de interesse ou prazer em

quase todas as atividades, humor deprimido, alterações no apetite (aumento ou redução),

perturbação no sono, alterações psicomotoras e pensamentos sobre morte.

A melancolia, ao contrário das outras formas de depressão, parece constituir-se em um

grupo mais homogêneo, que responde melhor a tratamentos biológicos, e para o qual, os

fatores genéticos seriam os principais determinantes, e tendo como principal característica, as

alterações psicomotoras.

A distimia ou transtorno depressivo persistente tem como principal característica o

humor depressivo, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, dificuldade em tomar

decisões e baixa autoestima.

Segundo Porto (1999), vale ressaltar que há uma diferença entre tristeza e luto, a

primeira é algo universal, ou seja, é um resultado a situações adversas. A segunda, um estado

de tristeza profunda, que se dá através da perda de uma pessoa querida, seja por morte, ou até

mesm fim de relacionamento, e geralmente se dá por entre um e dois anos. Solomon (2001)

menciona que a depressão não é tristeza, o oposto de depressão não é a felicidade, mas

vitalidade.

E para efetuar o diagnóstico da depressão, levam-se em conta três sintomas principais:

psíquico, fisiológico e evidências comportamentais. O DSM V (2014), afirma que, o psíquico

caracteriza-se pelo humor depressivo, redução da capacidade de experimentar prazer na maior

Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Estudante de Psicologia na Católica Orione Professor da Católica Orione

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parte das atividades que antes eram consideradas agradáveis, fadiga ou sensação de perda de

energia, diminuição da capacidade de pensar, concentrar ou tomar decisões.

No âmbito fisiológico são alterações do sono e apetite, reduções do interesse sexual,

e nas evidências comportamentais caracterizam-se por retraimento social, crise de choro,

comportamentos suicidas, retardo psicomotor, lentificação generalizada ou agitação

psicomotora. Dalgalarrondo (2008) destaca que as síndromes depressivas na perspectiva

psicopatológica referem-se ao humor triste e ao desânimo.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa se baseia em uma revisão de literatura com base em dez artigos

referentes aos anos de 1999 a 2016, através de uma análise crítica, precisa e extensa das

publicações sobre o tema depressão. Os artigos utilizados foram:

Título????

Título do artigo: Autores(as): Ano:

A depressão na gestação:

Uma revisão bibliográfica.

Denize Aparecida Borges,

Fernanda dos Reis Ferreira,

Mariana Gondim Mariutti e

Denize Alves de Almeida.

2011

Conceito e diagnóstico. José Alberto Del Porto. 1999

Depressão e contexto de

trabalho.

Claudia Mara Bosetto Cenci.

2004

Depressão em pauta. Giovana Bacilieri Soares e

Sandra Caponi.

2011

Depressão e o suicídio.

Fabiana de Oliveira Barbosa,

Paula Costa Mosca Macedo

e Rosa Maria Carvalho da

Silveira.

2011

Depressão, o mal do século:

De que século?

Cintia Adriana Vieira

Gonçales e Ana Lúcia

Machado.

2007

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Depressão em idosos: Uma

revisão de literatura.

Ana Maraysa Peixoto Lima,

José Lucas Souza Ramos,

Italla Maria Pinheiro Bezerra,

Regina Petrola Bastos Rocha,

Hermes Melo Teixeira

Batista, Woneska Rodrigues

Pinheiro

2016

Depressão no idoso:

Diagnóstico, tratamento e

benefícios da atividade física.

Florindo Stella, Sebastião

Gobbi, Danilla Icassati

Corazza e José Luiz Riani

Costa.

2002

Fatores associados à

depressão relacionada ao

trabalho de enfermagem.

Marcela Luísa Manetti e

Maria Helena Palucci

Marziale.

2007

O impacto da depressão para

as interações sociais de

universitários.

Alessandra Turini Bolsoni

Silva e Bárbara Trevizan

Guerra.

2014

Fonte: Elaborado pelos próprios autores, ano.

A revisão de literatura consiste em uma pesquisaque tem como objetivo esclarecer e

argumentar o tema com base em fundamentação teórica baseada em periódicos, revistas,

livros, artigos e outros, cujo objetivo é o enriquecimento da pesquisa. (SANTOS;

CANDEROLO, 2006).

Nesta revisão bibliográfica, foi abordado o tema depressão e seus contextos,

elucidando a diferença entre tristeza e depressão, visto que, isso gera muitas dúvidas, e até

mesmo diagnósticos equivocados.

3 DEPRESSÃO NA ANTIGUIDADE

Segundo Gonçales e Machado (2007), a depressão é uma doença que está presente

desde a antiguidade. É uma doença que sempre existiu, entretanto, era conhecida como

melancolia, ou seja, estado de grande tristeza e desilusão. Na antiguidade (500 a.C/100d.C),

encontram-se relatos gregos da relação entre doenças mentais e disfunção corporal. Dessa

forma, por muito tempo, a depressão foi relacionada a um excesso de “bile negra” (segundo

a teoria dos humores de Hipócrates, o corpo humano consiste em quatro substâncias, sendo a

bile negra correspondente a terra, seco e frio).

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Já o período da Idade Média é marcado por poucos estudos em relação à loucura e à

melancolia, e com a ascensão das crenças religiosas, em especial o cristianismo, o estado

melancólico era associado a uma possessão demoníaca ou um afastamento de tudo que era

sagrado. Na época da Inquisição, no século XIII, a melancolia foi considerada um pecado e

algumas pessoas eram multadas ou aprisionadas por carregarem esse mal da alma, que não

tinha cura. (GONÇALES; MACHADO, 2007, p. 2).

Somente no final do século VII e início do VIII, com o desenvolvimento científico,

esse quadro de superstições mudou totalmente. Porém, a ciência avança, mas a posição social

dos deprimidos retrocede. Numa Idade da Razão, os sem razão em desvantagem.

(GONÇALVES; MACHADO, 2007, p.4).

Assim, o termo “melancolia” possui um duplo significado. O primeiro, histórico, na

antiguidade, que era usado para referir-se à depressão. E a segunda, de acordo com o DSM V

(2014), predominam os fatores biológicos nos quais os genéticos seriam os principais

determinantes. Somente em 1680, é usado pela primeira vez o termo depressão para nomear

um quadro de desânimo ou perda de interesse.

4 DEPRESSÃO NA ATUALIDADE

Na contemporaneidade, há uma “onda” ao fato de que tudo tem virado doença.

Quando se fala em depressão, a mesma já é associada a uma doença, ou seja, algo apenas

patológico, priorizando apenas o modelo biológico e privilegiando o uso de medicamentos,

sem considerar que o sofrimento pode estar relacionado às relações com o externo, isto é, um

resultado de vários indicadores que vão do social, físico e psíquico, e que são fundamentais

para que a saúde mental seja priorizada. (SOARES; CAPONI,2011).

As estratégias de promoção de antidepressivos e a conversão de problemas humanos

em enfermidades a serem tratadas com psicofármacos podem ser entendidas como processos

de uma hegemonia que atua tanto nos sistemas especialistas como nas concepções leigas ou

profanas. (SOARES; CAPONI, 2011, p. 8).

Com isso, de acordo com Soares e Caponi (2011), surgiram os novos

“antidepressivos”, que possuem uma dupla função, que é tratar a doença intermediária e

prevenir o surgimento de uma possível depressão. No entanto, a forma como estão sendo

utilizados esses medicamentos está sendo precipitada, pois esses, não podem ser usados para

prevenir, e sim, para tratar. Logo, percebe-se um interesse da indústria farmacêutica

juntamente com a psiquiatria.

Alguns pesquisadores como Conrad (2007), Horwitz e Wakefield (2007), levantaram

hipóteses se realmente existe um aumento significativo da depressão, ou se está ocorrendo

um processo de medicalização dos comportamentos antes tidos como “normais”.

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Atualmente, sabe-se que a mídia é o principal meio para veicular informação, no

entanto, algumas das notícias propagadas se tornam equivocadas e muito abrangentes, o que

acaba criando uma cultura de risco, que seria os riscos inevitáveis, como: ser idoso e

desenvolver depressão, tornando impossível “escapar” desses grupo.

4 DEPRESSÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO

São vários os fatores que estão associados a depressão no ambiente de trabalho, entre

eles, destacam-se: carga horária excessiva, cobranças demasiadas, sobrecarga de serviço e o

estresse. Esses são alguns dos fatores que afetam a qualidade de vida, gerando um sofrimento

psíquico, que pode vir a desencadear uma depressão ou uma Síndrome de Burnout.

(CEMCI,2004).

De acordo com Silva (2016), a Síndrome de Burnout é também conhecida como

síndrome do esgotamento profissional e caracteriza-se por ser um distúrbio psíquico, que gera

uma tensão emocional e de estresse desencadeados por condições desgastantes de trabalho.

Com relação aos trabalhadores de enfermagem, Manetti e Marziale (2007) perceberam

que a sociedade os veem apenas como cuidadores, ou seja, as pessoas não têm um olhar de

acolhimento, de um cuidado. E esse profissional lida muito com pessoas enfermas, em estado

de sofrimento e com o luto.

Algumas estratégias de intervenção para esses profissionais da enfermagem seriam:

uma melhor divisão do trabalho, o reconhecimento do trabalho que eles executam, um

ambiente em que tivessem um cuidado holístico, e, ainda, que tivessem o apoio para falar de

suas dificuldades, e, também, mostrar suas habilidades.

A depressão por esgotamento profissional é aquela que ocorre após o paciente

apresentar por algum tempo a Síndrome de Burnout, que pode ser definida como

um estado de esgotamento físico e mental intenso cuja causa está intimamente

associada ao exercício das atividades profissionais do indivíduo. (SILVA, 2016, p.

57)

5 DEPRESSÃO NA UNIVERSIDADE

Para Silva e Guerra (2014), a universidade por ser um campo no qual os cidadãos estão

sendo capacitados desde a técnica, ética e outros meios de construção social, acredita-se que

os sujeitos que nela se encontram são capazes de conduzir suas vidas de maneira

independente, e os mesmos são colocados isoladamente para que construam relações a partir

das identificações.

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No entanto a maioria dessas relações é construída a partir de identificações grupais e

coletivas, o que intensifica ainda mais como se deve prosseguir nesses ambientes, o que leva

a questionar quais as dificuldades de se relacionar no ambiente da universidade. Pensar nesses

aspectos é pensar de maneira abrangente como o gênero, a classe e a raça estão diretamente

incluídos nessas relações de poder e subordinação. (SILVA; GUERRA,2014).

Segundo Backer e Clark (2003), em relação às contingências aversivas, vivências

acadêmicas que não garantem uma boa qualidade de vida podem tornar-se experiências

estressantes, podendo tanto influenciar no aparecimento de transtornos depressivos, quanto

afetar o rendimento acadêmico.

Dessa maneira, a universidade pode ser um ambiente de produção de psicopatologias,

as quais distanciam esses sujeitos, separando-os em pequenos grupos existentes ou de forma

individual e, assim, a solidão aumenta em cada setor.

6 DEPRESSÃO GESTACIONAL

De acordo com Badinter (1985), o período gestacional é visto como um processo

fisiológico normal, porém pode se tornar adoecedor, sendo um grande desafio para às normas

sociais, pois é abordado os impactos que o mesmo tem para a saúde mental das mulheres que

engravidam, e são levadas a acreditar que devem amar o feto, atraindo dessa forma o mito do

amor materno, o qual fala que a mãe já ama o feto antes de este nascer e que esse amor é

inato.

A maternidade nem sempre é um momento único na vida das mulheres, com ela vêm

as descobertas e mudanças, por isso há uma necessidade de cuidado e preparo a ser feito,

não devendo ser só físico, mas também emocional, pois nesse período gestacional, o

psiquismo é modificado, as mudanças de hormônios como produção da ocitocina, endorfina,

dopamina e outros, tem o seu rendimento comprometido, ocorrendo um aumento nas

variações de humor e outras reações que são produzidas durante esse período. Borges, Ferreira

e Mariutti (2011).

Diante dessa perspectiva os casos de depressão durante e pós-parto são comuns,

porém é de difícil diagnóstico, muitas vezes só sendo identificado no puerpério (pós-parto),

essas mulheres passam a não ter condições mínimas para que sua saúde mental seja mantida,

o que revela altos índices de adoecimento psíquico, há uma regressão juntamente com um

turbilhão de emoções. Tais fatores de risco não só afetarão a vida da mãe, como também

poderão ter uma grande influência na vida fetal do bebê.

Portanto, de acordo com Borges, Ferreira e Mariutti (2011), a depressão no período

de gravidez é um resultado de vários indicadores biopsicossocial, que são fundamentais para

que a saúde mental seja priorizada, além da necessidade de falar na vida das mulheres, não

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apenas como reprodutoras de vidas, mas, na maioria dos casos, suas saúdes são deixadas de

lado.

Desse modo, é de total relevância identificar os fatores de risco e protetores,

desenvolvendo uma atenção qualificada e humanizada com peculiaridade, ou seja,

respeitando a história de vida de cada mulher mesmo antes de ser mãe.

7 DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE

Segundo Stella et al. (2002), a depressão na terceira idade é algo que vem crescendo

nos últimos tempos. A principal causa dessa doença nessa faixa etária está sendo influenciada

pela violência física e psicológica sofrida pelos os idosos.

Pode-se observar que os idosos residentes dos asilos têm maior probabilidade de

desenvolver depressão, gerando sentimento de abandono, de inutilidade, falta de afeto e

ausência de autonomia. Outro fator influenciador é o luto vivenciado, principalmente, quando

se trata da perda do cônjuge. Doenças incapacitantes também refletem na saúde mental desses

indivíduos, uma vez que há uma perda de qualidade em suas vidas.

O tratamento consiste no uso de medicamentos psicofarmacológicos e psicoterapia.

A prática diária da atividade física é uma boa alternativa para diminuir os efeitos da depressão

na saúde do idoso, visto que diminui o estresse.

8 DEPRESSÃO E SUICÍDIO

Para Barbosa, Macedo e Silveira (2011), a pessoa que tenta suicídio não

necessariamente quer acabar com a sua vida, ela necessita acabar com a dor e o sofrimento.

Elas não conseguem encontrar alternativas para lidar com suas angústias, visto que existem

distorções cognitivas que levam a pensar que os obstáculos não têm alternativa, e, por isso,

acreditam que a única solução é a morte.

Em uma sociedade que não quer saber da morte, que busca escondê-la ou afastá-la a

todo custo para impedir que ela aconteça, alguém que tente ou que consiga tirar

voluntariamente a própria vida, só poderia ser considerado, no jargão do “senso comum” ,

um louco. (NETTO, 2013, p.17)

Pessoas que têm ideação suicida causada por depressão costumam apresentar indícios

de insatisfação com a vida e, dessa forma, é preciso atentar-se aos sinais, pois o suicídio ainda

é tratado como um tabu, que precisa ser desmistificado.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A partir deste estudo, é possível atentar-se para o quão preocupante é a depressão, e

o quão necessário é atuaçãodo psicólogo neste estado de adoecimento. Muitos indivíduos,

através do senso comum, não entendem a dimensão da problemática em questão. Dessa

forma, a visão social acaba por acarretar ainda mais sofrimento ao indivíduo.

Nessa pesquisa, foram relatados diversos tipos de depressão, sendo elas com uma

marcação hereditária grande e outras reativas. A primeira pode-se citar as que estão dentro de

um quadro de bipolaridade. A segunda tem, como exemplo, a Síndrome de Burnout (que é a

depressão pelo estresse prolongado no trabalho em determinadas profissões, como é o caso

da enfermagem), e que não possui nenhum componente genético. Dentro das reativas, têm-

se, ainda, a depressão pós- luto e depressão pós- trauma.

Foi abordado também, o uso de psicofármacos, que fazem parte de um contexto atual

em uma sociedade que é extremamente individualista, e que tende a medicalizar tudo como

forma de “solucionar o problema” de forma imediata.

Além disso, esta pesquisa buscou fazer reflexões e análises sobre a problemática em

pauta, pontuando os aspectos determinantes de cada contexto que foi discorrido. Fica

evidente, portanto, que são escassos conhecimentos verídicos acerca do tema em questão,

uma vez que a sociedade propaga comportamentos destrutivos a quem está em estado de

adoecimento.

Visando que o sofrimento também pode ser produzido nas relações, é importante

que o sujeito tenha um suporte que possibilite o mesmo uma melhor qualidade de vida, tanto

no âmbito familiar, como no social e emocional, através da escuta, da empatia e das relações.

REFERÊNCIAS

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Carvalho. Depressão e o suicídio. Revista da SBPH. Rio de Janeiro, v.14, n.1, p. 233-243,

jan/jun. 2011.

BORGES, Denize Aparecida et al. A depressão na gestação: uma revisão bibliográfica.

Revista de Iniciação Científica da Libertas. São Sebastião do Paraíso, v.1, n.1, p. 85-99,

dez. 2011.

CENCI, Cláudia Maria Bosetto. Depressão e contexto de trabalho. Revista Aletheia.

Canoas, n.19, p. 31-44, jan. /jun. 2004.

GONÇALES, Cintia Adriana Vieira; MACHADO, Ana Lúcia. Depressão, o mal do século:

De que século? Revista Enfermagem UERJ. Rio de Janeiro, p. 298-304, bar/jun. 2007.

LIMA, Ana Maraysa Peixoto Lima et al. Depressão em idosos: uma revisão sistemática da

literatura. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção. Santa Cruz do Sul, v. 6, n. 2,

p.01-07, abr. 2016.

MANETTI, Marcela Luísa; MARZIALE, Maria Helena Palucci. Estudos de Psicologia.

Ribeirão Preto, p. 79-85, 2007.

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SILVA, Alessandra Turini Bolsoni; GUERRA, Bárbara Trevizan. Estudos e Pesquisas em

Psicologia. Rio de Janeiro, v.14, n. 2, p.429-452, 2014.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes depressivas. São Paulo: Principium, 2016.

SOARES, Giovana Bacilieri; CAPONI, Sandra. Depressão em pauta: Um estudo sobre o

discurso da mídia no processo de medicalização da vida. Interface Comunicação Saúde

Educação. Florianópolis, v. 15, n. 37, p. 437-446, abr./jun. 2011.

STELLA, Florindo et al. Depressão no idoso: Diagnóstico, tratamento e benefícios da

atividade física. Matriz. Rio Claro, v. 8, n. 3, p. 91-98, ago./dez 2002.

PORTO, José Alberto Del. Conceito Diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria. São

Paulo, v. 21, p. 6-11, maio 1999.

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS QUE PROMOVEM A EMANCIPAÇÃO DO

SUJEITO NA GESTÃO EDUCACIONAL NAS ESCOLAS DA CIDADE DE

ARAGUAÍNA - TO: UMA VISÃO CULTURAL E TERRITORIAL

Izabel Brito Aguiar

RESUMO

A pesquisa discute as políticas educacionais para que estudantes possam competir em

igualdade de condições com os das escolas de elite. O que me espanta é jamais ouvir que a

escolarização ampla hoje no Brasil pouco tem contribuído para a melhoria das instituições

publicas, para uma cultura de respeito ao bem comum para que os, alunos tenham acesso as

linguagens públicas (ciência, artes e sabedoria) que constituem nossa herança comum. O ideal

da cidadania nasceu com as idéias gregas de isonomia (igualdade em face da lei) e isegoria

(igualdade no direito a opinião) fiel a essa tradição nossa Constituição o vincula ao

compromisso com a promoção da igualdade, formal e material. O método quantitativo será

utilizado na pesquisa de inúmeros trabalhos que abordam a evolução histórica para serem

discutidas na Políticas educacionais que promovem a emancipação do sujeito na gestão

educacional e narrativas de saberes crítico e procedimentos de gestão cultural e territorial,

para analisar a visão dos mesmos, do desenvolvimento da gestão pedagógica educacional em

Araguaína.

Palavras-chave: Políticas Educacionais. Gestão. Educação. Sujeito.

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que a boa educação não é um ônus, uma despesa caritativa, um encargo

improdutivo a pesar sobre os ombros dos governos e da coletividade. Ao contrário, ela é um

investimento de alto retorno, uma fonte altruística, com grande potencial redistributivo e

democratizante. A alfabetização e a educação básica constituem o fundamento sólido, do qual

emanam os maiores frutos econômicos e sociais.

A questão do analfabetismo sempre foi minimizada como um direito, mas ela é

fundamental para que o cidadão participe de forma democrática. Hoje vivemos em um mundo

globalizado, a pessoa que não tem acesso à escrita e a leitura acaba excluída de informações

e conhecimentos que são necessárias para garantir todos os outros direitos, a saúde, a moradia,

educação, participação política na sociedade.

Entretanto, a Carta Magna preceitua em seu art. 205:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualidade para o trabalho. (BRASIL, 1988).

Graduada em Direito pela Faculdade Católica Dom Orione (2013). Especialista em Auditoria e Direito Tributário. E-mail: [email protected]

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Portanto é complementado pelo art. 214 da Constituição Federal de 1988 que diz:

Art. 214. a lei estabelecerá o plano nacional da educação, de duração plurianual,

visando a articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a

integração das ações do Poder Público que conduzam à:

- erradicação do analfabetismo:

- universalização do atendimento escolar:

- melhoria da qualidade do ensino:

- formação para o trabalho:

- promoção humanística, científica e tecnológica do País. (BRASIL, 1988).

A alfabetização, primeiro passo para a educação e degrau imediato para uma etapa

civilizatória, configura-se entre nós um enorme esforço para expressar simples dados

estatísticos. Procura-se fazer com que o alfabetizando aprenda, tão somente, a repetir palavras,

contudo propõe um método abrangente, pelo qual a palavra ajuda o homem a tornar-se

homem. Assim, a linguagem passa a ser cultura. E através da decodificação da palavra, o

alfabetizando vai se descobrindo como homem, sujeito de todo o processo histórico.

Em síntese, alfabetizar é ensinar o uso da palavra, e o alfabetizando ao começar a

escrever não deve copiar palavras, mas expressar juízos. Sabemos que não é possível supor

êxitos no campo econômico, sem o alicerce de um povo que se educa para civilizar -se.

Carvalho (2003, p. 12) expõe que:

Num País em que a educação escolar foi por séculos privilégios de uma minoria,

afirmar seu valor social exige mudança de concepções há muito arraigadas. Um

exemplo ilustra esse ponto. Ao ouvir reclamações sobre o baixo nível das escolas públicas, pergunto a meus interlocutores o que consideram uma evidência desse

fenômeno. A resposta é quase invariável: seus alunos não entram nos cursos mais

disputados do ensino. Assim, mede-se a qualidade da escola pública pelo seu

impacto econômico ou pela ausência dele na vida privada dos indivíduos.

É desejável que esses estudantes possam competir em igualdade de condições com

os das escolas de elite. O que me espanta é jamais ouvir que a escolarização ampla hoje no

Brasil pouco tem contribuído para a melhoria das instituições publicas, para uma cultura de

respeito ao bem comum para que os, alunos tenham acesso as linguagens públicas (ciência,

artes e sabedoria) que constituem nossa herança comum. O ideal da cidadania nasceu com as

ideias gregas de isonomia (igualdade em face da lei) e isegoria (igualdade no direito a opinião)

fiel a essa tradição nossa Constituição o vincula ao compromisso com a promoção da

igualdade, formal e material. Assim, uma educação para a cidadania só pode ter como objetivo

promover a igualdade, e não estabelecer distinções sociais. Se a qualidade de seu produto

deve ser mensurada, o melhor parâmetro não é o êxito privado e individual em certas

competências, mas a relevância social de sua ação.

A Revista Escola já publicou diversas matérias em edições distintas mencionando

que os grandes pensadores tiveram bastante influência na educação, pois com suas ideologias

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fez com que chegássemos a uma pedagogia diferenciada. Contudo, Sócrates menciona que o

papel do mestre é, então, o de ajudar o educando a caminhar nesse sentido, despertando sua

cooperação para que ele consiga por si próprio iluminar sua inteligência e sua consciência.

Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimento, mas alguém que desperta

os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função

iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que

contesta os argumentos dos alunos. Para o filosofo, só a troca de idéias da liberdade ao

pensamento e a sua expressão condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser

humano. (CARVALHO, 2003).

Platão primeiro pedagogo, não por ter concebido um sistema educacional para seu

tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo

final da educação para o filosofo era a formação do homem moral vivente em um Estado

justo. A educação, segundo a concepção platônica, visava a testar as aptidões dos alunos para

que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser

governantes.

Essa era a finalidade no sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a

renuncia do individuo a favor da comunidade. O processo era longo porque Platão acreditava

que o talento e o gênio só se revelam aos poucos. Karl Marx diz que a educação participa do

processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo

processo. Na base do pensamento de Marx está é a ideia de que tudo se encontra em constante

processo de mudança. Paulo Freire acreditava que a educação tem papel imprescindível no

processo de conscientização e nos movimentos de massas. Por considerá-la desafiadora e

transformadora, mostra que para alcançá-la são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a

convivência. Educador e educando se movimentam no mesmo cenário, mas as diferenças

entre eles acontecem “numa relação em que a liberdade do educando não é proibida de

exercer-se.” (CARVALHO, 2003). Essa opção não é apenas pedagógica, mas, sobretudo,

política, o que faz do educador um político e um artista, jamais neutro.

Na sua concepção, a educação é um momento do processo de humanização, um ato

político, de conhecimento e de criação. Portanto, educação implica no ato do conhecer entre

sujeitos conhecedores, e conscientização é ao mesmo tempo uma possibilidade lógica e um

processo histórico ligando teoria compráxis numa unidade indissolúvel.

O psicomotricista argentino Levin (2005) afirma que, ao colocar o corpo e os gestos

no centro do desenvolvimento infantil, os estudos sobre psicomotricidade estão ajudando a

pedagogia a renovar-se e a definir novos princípios para o ensino. Suas primeiras linhas

começaram a ser traçada pelo psicólogo e filosofo francês Henry Wallon (1879-1962) em

meados dos anos de 1920, quando ele introduziu a ideia de que o movimento do corpo tem

caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa. Na década de

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1950, a psicomotricidade ganhou um campo definido de pesquisa. O psiquiatra Julian de

Ajuriaguerra, considerado o pai dessa nova área de conhecimento, definiu a como sendo a

ciência da saúde e da educação, visando a representação e a expressão motora.

Hoje, o psicólogo e professor de educação física, o argentino Esteban Levin é um

dos pesquisadores que mais contribuem com seus estudos desse campo. O corpo, os

movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na aprendizagem e na

formação geral do adulto. Ele explica como o educador pode explorar a agitação natural da

criança para ensiná-la a ler e a escrever, para alfabetizá-la. Outro exemplo no caso dos adultos

e a prática de exercícios físicos (LEVIN, 2005).

Sabemos que toda convivência humana é direta ou indiretamente cunhada pelo

direito. Diante dessa vertente, o cenário atual das diversidades culturais e sociais vem

crescendo, seja através de ativismo ou políticas publicas sociais.

O direito de ter direitos é uma conquista da humanidade. Da mesma forma que a

anestesia, as vacinas, o computado, a máquina de lava, a pasta de dente, o transplante do

coração.

Foi uma conquista dura. Muita gente lutou e morreu para que tivéssemos o direito

de votar. E outros batalharam para você votar aos dezesseis anos. Lutou-se pela ideia de que

todos os homens merecem a liberdade e de que todos são iguais diante da lei.

É muito importante entender bem o que é cidadania. É uma palavra usada todos os

dias e tem vários sentidos. Mas hoje significa, em essência, o direito de viver decentemente.

Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la, ou seja, sua capacidade

cognitiva de pensamento, abstração, raciocínio, memória, linguagem capacidade de resolução

de problemas, até mesmo a inteligência intelectual e criatividade.

É poder votar em quem quiser sem constrangimentos. É processar um médico que

cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito

de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.

Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania, como,

por exemplo, respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir

telefones públicos. Por trás desse comportamento, está o respeito à coisa pública.

O processo civilizatório, educacional e ideológico vem passando por muitas

transformações ao longo do tempo. Pessoas deram a vida combatendo a concepção de que o

rei tudo podia porque tinha poderes divinos e aos outros cabia obedecer gerando assim medo

e repressão. No século XVIII, a rebeldia a essa situação detonou a Revolução Francesa, um

marco na história da liberdade do homem.

No mesmo século surgiu um país fundado na ideia da liberdade individual: os

Estados Unidos. Foi com esse projeto revolucionário que eles se tornaram independentes da

Inglaterra. Desde então, os direitos foram se alargando, se aprimorando, e a escravidão foi

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abolida. Alguém consegue hoje imaginar um país defendendo a importância dos escravos para

a economia?

Mas esse argumento foi usado durante muito tempo no Brasil. Os donos de terras

alegavam que, sem escravos, o país sofreria uma catástrofe. Eles se achavam no direito de

bater e até matar os escravos que fugissem. Nessa época, o voto era um privilégio: só podia

votar quem tivesse dinheiro. E para se candidatar a deputado, só com muita riqueza em terras.

No mundo, trabalhadores ganharam direitos. Imagine que no século passado, na

Europa, crianças chegavam a trabalhar até quinze horas por dia. E não tinham férias.

As mulheres, relegadas a segundo plano, passaram a poder votar, símbolo máximo

da cidadania. Até há pouco tempo, justificava-se abertamente o direito do marido de bater na

mulher e até matá-la.

Em 1948, surgiu a Declaração Universal dos direitos do Homem, aprovada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), ainda na emoção da vitória contra as forças

totalitárias lideradas pelo nazismo, na Europa.

Com essa declaração, solidificou-se a visão de que, além da liberdade de votar, de

não ser perseguido por suas convicções, o homem tinha direito a uma vida digna. É o direito

ao bem-estar. (ONU, 1948).

A onda dos direitos mudou a cara e o mapa do mundo neste final de milênio.

Assistimos à derrocada dos regimes comunistas, com a extinção da União Soviética. Os países

do Leste europeu converteram-se à democracia.

A América Latina, tão viciada em ditadores, viu surgir na década de 80 uma geração

de presidentes eleitos democraticamente.

No final da década de 80 e início da década de 90, na África do Sul desfez-se o odioso

regime de segregação racial - o apartheid.

Nossa história está marcada pela violência dos poderosos contra os mais fracos. Ela

se inicia com o massacre de índios, que até o descobrimento não sabiam o que eram fome e

desigualdade social. Até hoje, entre os índios não se conhece a figura do menor abandonado.

Mas eram vistos pelos colonizadores como seres inferiores.

Para o colonizador português, os índios eram preguiçosos. E o Brasil entrou na rota da

escravidão negra. O escravo não era, juridicamente, considerado ser humano, apenas um

instrumentumvocalis, que em latim significa instrumento que fala.

Escravo era coisa, não gente. O Brasil foi a última nação independente a acabar com

a escravidão. Isso deixou marcas profundas na cultural nacional, na forma de as pessoas

encararem o mundo.

É um dos ingredientes para se entender como ainda hoje são cometidos tantos

assassinatos no campo, em sua maioria impunes.

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No século passado, o marquês de Maricá, que foi senador e ministro, dizia: “Vejo

como a sociedade é bela. Fez os homens de pele branca para repousar à sombra e os de pele

negra para labutar ao sol.” (DIMENSTEIN, 1994, p. 57).

A nobreza portuguesa, instalada aqui, estimulou a vinda de europeus, para, entre

outros motivos, “embranquecer o sangue do povo brasileiro.” (DIMENSTEIN, 1994, p. 57).

Historicamente a questão do menino de rua aparece como consequência direta da

escravidão. Em 1906, o chefe de polícia do Distrito Federal (Rio de Janeiro) já se mostrava

incomodado: existem nesta capital, disseminados por todos os pontos, numerosos menores do

sexo masculino que, sem amparo e proteção, sem recursos, portanto, que lhes proporcionem

subsistência, entregam-se à prática de delitos e vícios.

Esses meninos eram filhos de escravos. Por falta de instrução e qualificação, eles

tinham dificuldades para encontrar espaço no mercado de trabalho. O ensino básico era ainda

mais limitado do que atualmente.

Era tamanha a dificuldade que, em 20 de junho de 1888, pouco mais de um mês após

a promulgação da Lei Áurea, que libertou os escravos, o Parlamento assinava o decreto de

Repressão à Ociosidade. Esse decreto visava a atacar os "vadios" de rua.

A saída apresentada para a infância carente era o isolamento. Junto com o decreto,

foram criados asilos correcionais para crianças e adolescentes. O número de indivíduos

aprisionados, em sua imensa maioria negros, mostra que crianças e adolescentes foram

levados à delinqüência. No Rio, houve época em que se prenderam mais crianças do que

adultos.

Uma das heranças da escravidão é o preconceito contra negos e mulatos, cuja

imagem, entre policiais e parte da população, é ligada à delinquência. Um policial em São

Paulo chegou a dizer: “para mim, todo negro em carro novo é suspeito. E se correr, eu atiro.”

(DIMENSTEIN, 1994, p. 59). Preparado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), um

documento sobre violência policial prova o preconceito contra negros. Qualquer um que já

tenha presenciado uma batida policial sabe que negros e mestiços são revistados e agredidos

pela polícia, numa porcentagem claramente superior à sua presença relativa na população.

2.1 Objetivo geral

Verificar a aplicação da Políticas educacionais que promovem a emancipação do

sujeito na gestão educacional nas escolas da Cidade de Araguaína - TO: uma visão cultural e

territorial.

2.2 Objetivos específicos

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Identificar os aspectos didáticos pedagógico que levam a tolerância e o

respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de

nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir a qualidade de seres humanos;

Demonstrar que a educação deve visar a contrariar as influências que levam ao

medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver sua capacidade de exercer

um juízo autônomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos;

Relacionar a gestão educacional com sustentáculo dos direitos humanos, do

pluralismo (inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito;

Compreender que o processo educacional liberta e praticar a tolerância não

significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer

concessões a respeito.

JUSTIFICATIVA

A pesquisa é de grande relevância, pois destaca a educação como o alicerce de uma

sociedade digna desenvolvida e equilibrada, partindo de uma concepção de currículos de

história na educação básica como um texto ou narrativas historicamente situados de poder na

construção dos saberes que envolvem o processo de ensino aprendizagem, é possível iniciar

o debate com a noção de que as narrativas e perspectivas construídas nas salas de aula

constituem matéria prima fundamental para a formação das identidades sociais dos

estudantes.

PROBLEMATIZAÇÃO TEÓRICA

Qual o desafio para a educação básica passar por transformações ao longo do tempo,

como igualdade e diferença que vêm tendo como um de seus principais objetivos analisar a

problemática no âmbito educacional, discutir apontamentos teóricos que nos permitam pensar

em gênero, currículo e ensino de História.

A educação para a tolerância deve visar a contrariar as influências que levam ao

medo e à exclusão do outro e deve ajudar os jovens a desenvolver sua capacidade de exercer

um juízo autônomo, de realizar uma reflexão crítica e de raciocinar em termos éticos.

A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas

convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o fato de que

os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico,

de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm

o direito de viver em paz e de serem tais como são. Significa também que ninguém deve impor

suas opiniões a outrem.

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A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo (inclusive o

pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito.

Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as normas enunciadas

nos instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos.

Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa

tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a

respeito.

A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de

tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana

e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada

para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos

indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.

5 METODOLOGIA

É cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área de educação vêm

demonstrando pelo uso das metodologias qualitativas. Apesar da crescente popularidade

dessas metodologias ainda parecem existir muitas dúvidas sobre o que realmente caracteriza

uma pesquisa qualitativa, quando é ou não adequada utilizá-la e como se coloca a questão do

rigor científico nesse tipo de investigação. Outro aspecto que também parece gerar ainda

muita confusão é o uso de termos como pesquisa qualitativa, etnográfica, naturalística,

participante, estudo de caso e estudo de campo, muitas vezes empregados indevidamente

como equivalentes.

Em seu livro A Pesquisa Qualitativa em Educação Bogdan e Biklen (1982) discutem

o conceito de pesquisa qualitativa apresentando cinco características básicas que configuram

esse tipo de estudo:

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os dois autores a pesquisa

qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação

que está sendo investigada via de regra, pelo trabalho intensivo de campo.

Por exemplo, se a questão que está sendo estudada é a da indisciplina escolar, o

pesquisador procurará presenciar o maior número de situações em que esta se manifeste, o

que vai exigir um contato direto e constante com o dia a dia escolar.

Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido

nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui

transcrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui transcrições de entrevistas e de

depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de documentos.

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A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.

O interesse do pesquisador ao estudar determinado problema é verificar como ele se

manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. Por exemplo, numa

pesquisa das práticas de alfabetização na escola púbica, Kramer e André (1984) mostraram

como as medidas disciplinares de sala de aula serviam ao propósito de organização para o

trabalho e como isso interferia no "clima" de sala e no envolvimento das crianças nas tarefas

propostas. Essa complexidade do cotidiano escolar é sistematicamente retratada nas pesquisas

qualitativas.

O “significado” que as pessoas dão as coisas e sua vida são focos de atenção

especial pelo pesquisador.

A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores

não se preocupam em buscar evidencias que comprovem hipóteses definidas antes do início

dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos

dados num processo de baixo para cima.

O método qualitativo será utilizado para criar um cenário educacional voltado para

que sinalize as melhorias da nova gestão educacional, benefícios e malefícios, no que

contribuiu e o que deixou de contribuir. O método quantitativo será utilizado na pesquisa de

inúmeros trabalhos que abordam a evolução histórica para serem discutidas na Políticas

educacionais que promovem a emancipação do sujeito na gestão educacional e narrativas de

saberes crítico e procedimentos de gestão cultural e territorial , também de livros que

contenham informações pedagógicas atualizadas e de artigos de mestres e doutores, para

analisar a visão dos mesmos, do desenvolvimento da gestão pedagógica educacional no

Brasil em Araguaína.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 5 out.

1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Acesso em: 7 ago. 2019.

BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Sari Knopp. Pesquisa qualitativa em educação: uma

introdução a teoria e métodos. Boston: Allyn e Bacon, 1982.

CARVALHO, José Sergio Fonseca. Educação e Cidadania. Revista Escola, São Paulo,

2003.

DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel a infância a adolescência e os direitos

humanos no Brasil. 19. ed. São Paulo: Ática, 1994.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

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KRAMER, S.; ANDRÉ, M.E.D.A. Alfabetização: um estudo de professores das camadas

populares. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 65, n. 151, p. 523-537,

set./dez. 1984.

LEVIN, Esteban. O corpo ajuda o aluno a aprender. Revista Escola, São Paulo, 2005.

ONU - Organização das Nações Unidas. (1948). Declaração Universal dos Direitos

Humanos. 1948. Disponível em:

http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm. Acesso em: 10

ago. 2019.

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O TRABALHO ESCRAVO E AS FORMAS DE COMBATE PARA SUA

ERRADICAÇÃO NO BRASIL

Luciana Angel Lima Gomes

Ana Chrystinne Souza Lima

Uallace Carlos Leal Santos

Eugênio Bandeira de Souza Neto

RESUMO

O trabalho escravo é existente desde os primórdios da humanidade, um câncer que foi

evoluindo no decorrer dos anos e que até hoje encontra-se presente na sociedade, cabendo

ao Estado assim dispor de normas e métodos para sua erradicação. Pretende-se então no

presente estudo, como objetivo geral demonstrar mais a existência contemporânea da

escravidão, adentrando mais especificamente na sua tipificação como ilegalidade, o cenário

atual dessa ilicitude e demonstrar as estratégias governamentais que visam sua erradicação.

Será que o trabalho escravo foi verdadeiramente abolido? A partir desses questionamentos

foram levantadas inúmeras referências bibliográficas, utilizando-se de métodos de pesquisa

qualitativos e descritivos, oportunizando na melhor visualização do que é o trabalho escravo

contemporâneo e na importância de seu combate efetivo. Um estudo afim de demonstrar um

problema ainda existente, com suas alterações, mas que de acordo com os dados, necessita

ainda, de um combate assíduo e competente.

Palavras-chave: Contemporâneo. Lei. Trabalho escravo. Erradicação.

1 INTRODUÇÃO

A realização do presente estudo dependeu de inúmeras iniciativas para ser

efetivado, mas a principal delas foi a motivação em investigar um tema que para alguns

é tratado e exercitado com normalidade, já para a maioria causa perplexidade e indignação

por ser histórica e atualmente desenvolvido através de atos tão desumanos.

A história da sociedade é coberta de conquistas, ensinamentos, mas ainda cheia de

dúvidas e problemas; um desses problemas que suplica por respostas é a exploração do

trabalho humano em relações análogas à escravidão.

Há mais de um século , a Lei nº 3.353 de 13 de maio de 1888 aboliu definitivamente

Bacharela em Direito pelo UNITPAC,[email protected] Mestranda no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), bacharela em Direito e Especialização em Dir. Penal e Proc. Penal pela Faculdade Católica Dom Orione,

[email protected] Mestrando no Curso de pós-graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (UFT), Bacharel em Direito e Especialização em Dir. Público e Docência Universitária pela Faculdade Católica Dom

Orione,[email protected] Graduando em Direito, [email protected]

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a escravidão no Brasil. Desde então, diversos legislados surgiram afim de reforçar essa

abolição, mas essa proscrição jurídica da escravidão, não têm sido suficiente no

impedimento da exploração do trabalho escravo. Embora a escravidão contemporânea

seja diferente daquela abolida pela Lei Áurea, as práticas atuais também ferem a dignidade

da pessoa humana, ocorrendo na transformação da decrépita imagem do homem-coisa no

homem coisificado, um fato incontestável e que precisa ser além de observado, combatido

de forma mais efetiva.

2. TRABALHO ESCRAVO NO MUNDO

O Trabalho é tão antigo quanto o homem, a transformação da humanidade em todos

os grupos, conjuga-se com a evolução trabalhista, historicamente teve sua origem na busca

humana de formas de satisfazer suas necessidades biológicas de sobrevivência.

Nos tempos mais antigos, povos sem Estados viviam somente da caça, da pesca,

da coleta de frutos e do cultivo no solo. Produziam apenas o suficiente para própria

subsistência, a terra e os frutos pertenciam a todos que faziam parte do grupo.

[...] a escravidão surgiu no final do Período Neolítico e no início da idade dos

Metais, por volta do ano 600 a. c., com a descoberta da agricultura, quando o homem deixou de ser nômade para se fixar à terra. Tal fato, conhecido como

Revolução Agrícola [...] (SILVA, 2010, p. 81).

Com o crescimento da população e o desenvolvimento da agricultura suas necessidades

foram aumentando, elevando a necessidade de se produzir mais alimentos, e assim com o

aumento da produção houve a necessidade de mais ajuda na mão de obra, e mais áreas de

cultivo.

Braga (2015, p. 33), brilhantemente dispõe em sua obra que:

As necessidades humanas foram a principal alavanca para o desenvolvimento de

atividades hoje caracterizadas como funções laborais. A especialização dos ofícios

e o gradativo desequilíbrio de poder - em diversas instâncias - sobrepôs a voz de

uns a de outros.

De modo que, as relações de forças entre os grupos se davam pela conquista de mais

terreno e mão de obra e assim os grupos vencedores passaram a aprisionar os mais capazes

do grupo conquistado e a impor a conjuntura de servos obrigando-os a trabalhar, dando início

a escravidão por força. “A princípio, a escravidão consistia em um meio de subjugação do

vencedor sobre o vencido, como consequência direta das guerras que os diversos povos

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travavam entre si’. (SILVA, 2010, p. 82) .

Silva (2010, p. 82-83) demonstra algumas formas de escravidão:

[...] era tida como uma condição juridicamente impura, assumindo, com

frequência, a forma de servidão por dividas ou de trabalho decorrente da

subjugação do vencido pelo vencedor dentre outras formas de servidão,

constituindo, um fenômeno residual que figurava à margem da principal força

de trabalho rural.

Além das formas salientadas pelo referido autor, a escravidão que também pode ser

denominada de escravismo, escravagismo ou escravatura, é quem ou aquele que privado

de liberdade está submetendo a vontade de outrem, adquirindo os direitos de propriedade,

por meio de força, transformando em escravo por ser prisioneiro de guerra; por pertencer

aos povos inimigos ou ser considerados inferiores; por se oferecer como escravo em troca

de alimentos ou bens para sua família ou comunidade; ou por contrair dívida, que seria paga

com o trabalho por tempo determinado ou por toda a vida para ser serviçal, servo, criado,

que só vive para o trabalho. Se tornando comum e sendo aceita pelo mundo.

2.1 O desenvolvimento do trabalho escravo no território Brasileiro

Com a chegada dos portugueses em 1500 no território que inicialmente se

denominava Santa Cruz de Cabrália que ulteriormente viria a ser chamado de

Brasil, a escravidão em grande escala foi trazida por eles, e passou a fazer parte história

brasileira. (SILVA, 2010).

Antes dos portugueses levarem os africanos escravizados para o Brasil, tentaram

escravizar os nativos indígenas que aqui já viviam, os tupis, guaranis e diversos outros

povos. O modo que esse escravismo era implementado de forma involuntária e por meio

de força, para utilizarem sua mão de obra, vindo a ser destruído os costumes a e cultura do

povo indígena e conseguintemente tirando- lhes a liberdade. (SILVA, 2010).

Contudo, houve uma grande resistência a escravidão, os índios estavam

acostumados com liberdade e não aceitavam o trabalho compulsório, e o fato dos

indígenas conhecerem as matas e todo o território e os portugueses não, os ajudou a

fugirem e se refugiarem para localidades mais remotas, foi um de suma importância o

conhecimento do solo.

Silva (2010, p. 99) aponta que

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A partir de então, os colonizadores trataram de expulsar os indígenas de

grandes porções de terras por eles ocupadas [...] A guerra e o extermínio

indiscriminados foram consequências inevitáveis, apesar de a Coroa e os

jesuítas terem se empenhado em disciplinar [...] e a impor algumas regras de

convivência que salvassem da destruição completa o patrimônio populacional

representado pelos índios. (

Com essa não-submissão os portugueses foram submetidos a buscar quem fizesse

o que os indígenas não queriam fazer, foram em busca dos negros já que os escravos

africanos estavam acostumados com a escravidão e a exploração, não havia nenhum tipo

de resistência como tinha dos índios.

Os escravos não conheciam as terras brasileiras e isso inicialmente ajudou os

portugueses a conter as fugas dos africanos, visto que esses indivíduos já sobrevinham a

passar pelos traumas de serem retirados de sua terra de sua gente e cultura e isso já os

deixavam mais fragilizados. No entanto, não demorou para que percebessem que dali para

frente eles seriam explorados sem nenhuma humanidade e como mercadorias, uma

propriedade em que seu dono dispõe da sua vida. (SANTOS, 2012).

Já no Brasil, os escravos foram base da economia e de suma importância para o

desenvolvimento do país, com a participação dos escravos em todos os grandes ciclos

trabalhistas, vinham a trabalhar na lavoura de cana de açúcar, nas fazendas de café, na

mineração e criação.

Na história da escravidão no Brasil os escravos:

[...] eram também obrigados a construir e reparar cercas, cavar fossos, consertar

estradas e pontes, prover a casa-grande de lenha, reparar os barcos e os carros

de boi, pastorear o gado, cuidar do pomar e das criações dos senhores. Além

disso, tinham que providenciar parte do seu próprio alimento caçando,

pescando ou cuidando da própria roça. (ALBUQUERQUE, FRAGA, 2006

apud SANTOS, 2012, p. 24).

O sucesso do tráfico negreiro significava uma mão de obra já conhecida

“[...]motivo para a preferência pelo trabalho escravo negro, no entanto, relacionava-se ao

interesse econômico, já que o tráfico de escravos africanos interessava não só aos

traficantes, quanto a própria coroa portuguesa”. (SILVA, 2010, p.100).

Após essa intensificação do comércio interno, começaram a surgir vários

movimentos antiescravistas, um dos mais conhecidos contra a escravidão ocorreu graças

a um compromisso entre os nacionalistas, liberais e anticolonialistas, movimento este que

foi conduzido por Joaquim Nabuco, viabilizando a aprovação de algumas normas que

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ajudaram o país a abolir a escravidão. (SILVA, 2010).

Com o Decreto nº 3.270 de 28 de setembro de 1855 cognominado de Lei dos

Sexagenários101, instituiu a lei que garantia a liberdade daqueles escravos que possuíam

mais de 60 anos de idade, porém estes escravos não ficavam livres instantaneamente,

devendo estes ainda, trabalhar para seus senhores por cerca de três anos, em forma de

ressarcimento pela alforria, havendo também a contingencia dos que completassem 65

anos de idade, que ficariam livres sem precisar de nenhuma forma de ressarcimento.

(SILVA, 2015).

A Lei de nº 2.040 de 28 de setembro de 1871 denominada de Lei do Ventre Livre2

que foi assinalada pela Princesa Isabel e que garantia a liberdade aos filhos de escravos

que nasceram desde a data da instituição da lei. A partir desta lei ficariam sob incumbência

de seus senhores e das mães até que completassem oito anos, podendo o Estado indenizá-

las ou servir-se de seus serviços até que completassem a maioridade, que seria vinte e um

anos. (SILVA, 2015).

É valido citar também o Decreto de nº 2.820 de 22 de março de 1879, conhecida

como Lei Sinimbu, que abrangia em seus 180 artigos além de matéria penal, os contratos

de trabalhadores libertos nacionais e estrangeiros na agricultura, ademais a locação de

serviços, as cooperações agrícolas e pecuárias, aduzindo também disposições

antigrevistas ou outras resistências coletivas de trabalho. (SILVA, 2010).

Silva (2010, p. 103-104) demonstra outras iniciativas para a erradicação do

trabalho escravo no mundo e consequentemente no Brasil:

[...] contribuindo para essa mudança a proclamação de independência dos

Estados Unidos, que continha uma Declaração dos Direitos do Homem,

afirmando a igualdade de todos os indivíduos; a Revolução Francesa, de 1789,

que exaltou os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade; e a Revolução

Industrial inglês, que ensejou a utilização da máquina e, por consequência o

aumento considerável da produção de manufaturas, levando os economistas a

defenderem o trabalho livre.

Essas normas foram um importante passo para que enfim fosse editada lei que

viesse a realmente abolir o trabalho escravo no Brasil. De modo que é valido ressaltar que

10 Embasada por Joaquim Nabuco e corroboração de José Saraiva que também se denominada de Lei

Saraiva-Cotegipe. (SILVA, 2015).

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o Brasil foi o último país do ocidente a abolir a escravidão. (SILVA, 2010).

Como salientado, o trabalho escravo no Brasil transmuta-se com a transformação

social, mas influenciado pelo desenvolvimento mercadológico internacional, um dos seus

apogeus para a desconstrução da figura de um país de escravos foi com a promulgação da

Lei Áurea.

3 A TIPIFICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO, A SUA CONSTRUÇÃO COMO

FORMA DE TRABALHO ANÁLOGO A ESCRAVIDÃO, E AS GARANTIAS

INTERNACIONAIS QUE INVIABILIZAM A SUBJULGAMENTO DO HOMEM

A TAIS CONDIÇÕES

Decorrido tantos anos de escravidão, o trabalho escravo passou a ser um objeto de

debate mundialmente, visando o combate do trabalho forçado ou escravo, foram adotadas

medidas de caráter nacionais e internacionais, com o ideal comum para todas as nações,

de estabelecer os direitos fundamentais do ser humano foram instituídos alguns

instrumentos internacionais.

Em 1924, a Liga das Nações Unidas (que viria a dar lugar a atual Organizações das

Nações Unidas) estabeleceu uma Comissão Temporária da Escravatura, a primeira

convenção sobre a escravidão ocorrendo em 25 de setembro de 1926 e foi efetivada em 9

de março de 1927 que terminava com a escravidão e o trabalho forçado, estabelecendo a

tipificação da condição análoga à escravidão. (BRAGA, 2015, p. 9).

A Convenção de Nº 29 que foi adotada pela Conferência Geral da Organização

Internacional do Trabalho sobre o Trabalho Forçado, de 1930 adotada pela Conferência

Geral da Organização Internacional do Trabalho dispondo sobre a erradicação de todas as

formas possíveis do trabalho forçado ou obrigatório. (BRAGA, 2015, p. 9).

No dia 24 de outubro de 1945, depois de alguns anos de tentativa foi consolidada o

documento mais importante de organização mundial, o tratado foi assinado por cinquenta

membros e estabeleceu A Carta das Nações Unidas. Já em 1948 composta por cinquenta

e oito Estados-membros a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a Declaração

Universal dos Direitos do Homem, e em seus trinta artigos a carta lista os direitos básicos

do ser humano. (BRAGA, 2015, p. 9).

Não podendo deixar de incluir como um grande instrumento internacional, a

convenção de 1969 que trouxe como proposito a proibição da escravidão e limitou o uso

do trabalho forçado entre os estados americanos signatários da Convenção Americana

sobre Direitos Humanos - CADH, também conhecida como Pacto de São José da Costa

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Rica, sendo ratificado pelo Brasil em setembro de 1992. (BRAGA, 2015, p. 9).

4. ESTRATÉGIAS DO GOVERNO PARA O COMBATE DO TRABALHO

ESCRAVO NO BRASIL

De início é interessante ressaltar que, o Brasil foi um dos vinte nove fundadores e

signatários que aprovou o Tratado de Versailles na Conferência da Paz em 1919 que assim

fundou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tendo como desígnio a promoção

da justiça social, e princípios gerais para nortear a política da Sociedade das Nações no

campo do Trabalho, de modo que ela é uma organização não-governamental e não tem

fins lucrativos. (NASSER, 2008).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), no decorrer dos anos, institui

normas que aludam sobre liberdade de associação, políticas sociais, emprego, condições

de trabalho, relativas a trabalho em industrias e suas administrações, previdência social,

entre outras normas relativas ao trabalho, objetivando principalmente a promoção dos

princípios fundamentais e direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisão e

aplicação das normas, visando promover as melhores oportunidades de emprego e renda

para todos, com a livre escolha nem descriminação a sua dignidade, propondo-se a

aumentar a eficácia social e fortalecendo o diálogo entre os trabalhadores, empregadores

e líderes de governo, de modo que seus membros signatários tendem a adotar suas

convenções e recomendações. (NASSER, 2008).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em conjunto com o Brasil, atua

na elaboração e implementação de projetos, programas e atividades de cooperação,

visando o aprimoramento das normas e relações trabalhistas, das políticas e programas de

emprego e formações profissionais dentre a proteção social, e projetos de combate ao

trabalho escravo no Brasil. (NASSER, 2008)

O trabalho escravo viola direitos e retira a dignidade da pessoa humana, de modo

que é essencial a sua erradicação, e mesmo após a Lei Áurea de 1888 declarar a abolição

do trabalho escravo no Brasil, ainda hoje são identificados muitos casos, depois que o

país admitiu a sua existência, tem se corroborado preocupação com a violação aos direitos

humanos do trabalhador. (JAGER, 2012).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Com o levantamento desse estudo foi possível discutir tal problemática, entretanto

não basta apenas constatá-lo, é necessário a existência de soluções exequíveis ao Estado,

medidas essas que foram apresentadas, mas que de acordo com os dados atuais, precisam

ainda, de melhorias.

De um modo geral, houve uma evolução nas medidas protetivas ao trabalhador,

entretanto ainda se vê a necessidade de uma evolução no cumprimento ativo dessas

medidas; necessitando desta forma de mais profissionais no combate à erradicação do

trabalho escravo, mais fiscalização das condições de trabalho e órgãos verdadeiramente

aptos e dispostos a realizar essa erradicação.

A pesquisa em questão, não possui pretensão de chegar a resultados, mas sim

discutir as questões levantadas e abordadas, através das análises históricas,

antropológicas, sociais, culturais e jurídicas que envolve o tema do subjugalmento a

condições análogas ao trabalho escravo. Observa-se que a submissão a tais condições,

não apenas retira do homem o seu direito social, precípuo no artigo 6º da Constituição

Federal (garantia de segunda geração, que mobiliza direitos de igualdade) no tocante a

prática do labor, mas o subjulga a uma condição degradante e desumana, destoando da

base principiológica estabelecida na esfera humanitária, há inúmeras consequências na

prática análoga à escravidão, sendo uma forma prejudicial a prática laboral e o sustento

humano, o objetivando e coisificando o ser.

Por outro lado, as políticas para inviabilização de tal prática ainda são frágeis e

escassas, a subnotificação do delito demonstra a precariedade de medidas que reprimam

tal situação, e também uma omissão estatal, além de demonstrar uma mácula humana na

perpetração das tais atividades.

REFERÊNCIAS

BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Formas Contemporâneas de Trabalho Escravo 164p.

(Pós-Graduação em Direito). São Paulo, UNESP, 2015. Disponível em:

http://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/Direito/e- book-gt1b-final.pdf. Acesso: 15

out. 2019.

JAGER, Marianna Fraga. O Trabalho escravo no Brasil. 59f. Monografia para o curso de

bacharelado em Direito. Brasília-DF, UNICEUB, 2012. Disponível em:

http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/533/3/20713431_Marian

na%20Jager.pdf. Acesso em: 20 abr.2018

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NASSER, Raquel Gomide. TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL: AS

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

DO TRABALHO, 50 F. (Monografia para bacharel em Comunicação Social) Centro

Universitário de Brasília – UniCEUB, 2008. Disponível em:

http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/2051/2/20561819.pdf.

Acesso: 14 out. 2019.

SANTOS, Ronaldo Lima dos. A escravidão por dívidas nas relações de trabalho no

Brasil contemporâneo. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região,

Campinas, SP, n. 24, p. 131-149, jan./jun. 2004. Disponível em:

https://hdl.handle.net/20.500.12178/106775>.https://juslaboris.tst.jus.br/bitstre

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SILVA, Heitor Carvalho. Escravidão pós Lei Áurea: a luta pela erradicação.

Disponível em: https://jus.com.br/artigos/40437/escravidao-pos-lei-aurea-a-luta- pela-

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SILVA, Marcello Ribeiro. Trabalho análogo ao de escravo rural no Brasil do século

XXI: novos contornos de um antigo problema. 280p. (Mestrado em Ciências Sociais

Aplicadas - Direito) Goiás, UFG, 2010. Disponível em:

http://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tde/1483/1/dissertacao%20marcello%

20r%20silva%20-%20direito%20agrario.pdf. Acesso: 16 out. 2019.