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FACULDADE REDENTOR
CURSO: NUTRIÇÃO
IVIE REZENDE FERNANDES
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO
Itaperuna
2011
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IVIE REZENDE FERNANDES
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO
Monografia apresentada à Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Nutrição.
Orientador (a): Aldany de Souza Borges
Itaperuna
2011
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A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO
Autor (a): IVIE REZENDE FERNANDES
Natureza: Monografia
Objetivo: Título de Bacharel
Instituição: Faculdade Redentor
Área de Concentração: Nutrição em Saúde Pública
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora:
__________________________________________________
Prof.ª Aldany de Souza Borges - Orientadora
Instituição: Faculdade Redentor
__________________________________________________
Prof.ª Laila Vitória do Couto de Souza
Instituição: Faculdade Redentor
__________________________________________________
Prof.ª Elaine Ibrahim de Freitas
Instituição: Faculdade Redentor
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Dedico este trabalho aos meus pais, à
minha filha, à minha família, aos meus
mestres e amigos que estiveram sempre
à disposição nos meus momentos de
dificuldades. Todo o meu amor e
gratidão!
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AGRADECIMENTOS
Ao meu senhor Jesus, que me deu a vida e a oportunidade de chegar até
aqui. A Ti, Senhor, pelo amor e pela bondade infinitos para comigo, em todos os
momentos da minha vida. “Graças e louvores sejam dados a todo momento...”
Aos meus pais, pela paciência e perseverança, mesmo nos momentos em
que eu menos mereci. Agradeço por estarem sempre do meu lado, por todo o amor
que me foi dado e por investirem na minha educação.
À minha pequena Ana Luisa, pelo amor e pelo carinho indescritíveis.
Agradeço por você ser a coisa mais perfeita da minha vida. Mamãe te ama demais!
À minha família e amigos, pelas palavras de incentivo e pela compreensão
frente aos obstáculos da vida.
À minha orientadora Aldany Borges, por estar sempre disposta a ajudar e a
ensinar. Obrigada pela paciência e dedicação durante a construção desse trabalho.
À minha coordenadora e professora Elaine Ibrahim, pela força e pela
consideração durante esses anos de luta. Agradeço por todos os nossos
momentos dentro e fora da sala de aula, pelo aprendizado e pelo carinho.
A todos os mestres que, desde o 1°período, se preocuparam em ensinar, em
educar, em ajudar, em capacitar seus alunos para a vida pós-faculdade.
A todos os funcionários da Faculdade Redentor, por se mostrarem sempre
dispostos a contribuir para o crescimento desta instituição.
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“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.”
(KING, 2011).
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RESUMO
A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas nas primeiras semanas são necessárias para regular o metabolismo materno, promovendo o crescimento fetal. A avaliação do peso corporal e o levantamento dos hábitos alimentares durante o pré-natal são estratégias importantes para identificar o estado nutricional gestacional, pois um estado nutricional inadequado causa grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, já que nesse período as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestante. A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece as necessidades de nutrientes neste período e ao longo da gravidez. O acompanhamento nutricional é fundamental para que se estabeleça uma dieta que atenda às necessidades da gestante, visto que suas necessidades mudam conforme o período gestacional em que a gestante se encontra. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da nutrição durante a gestação. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto como Ministério da Saúde. Percebe-se o quanto a qualidade da assistência pré-natal e o acompanhamento nutricional são indispensáveis, pois trazem benefícios para a saúde materna durante a gestação e o parto, garantindo o bem-estar do recém-nascido.
Palavras-chave: Gestação. Avaliação nutricional. Pré-natal. Estado nutricional. Ganho de peso gestacional.
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ABSTRACT
Pregnancy is accompanied by anatomical, physiological and psychological changes that affect almost every organ function of the pregnant woman. The changes observed in the first weeks are needed to regulate maternal metabolism, promoting fetal growth. The evaluation of weight lifting and eating habits during the prenatal period are important strategies to identify the nutritional status during pregnancy, because an inadequate nutritional status has a great impact on the growth and development of the newborn, since this period the nutritional needs are high, physiological adjustments arising from the pregnancy. Nutritional assessment at the beginning of prenatal care is important because it establishes the need for nutrients during this period and throughout pregnancy. The nutritional monitoring is essential in order to establish a diet that meets the needs of pregnant women, as their needs change as the pregnancy where the mother is. The objective of this paper is to show the importance of nutrition during pregnancy. This work was developed through a literature review on the subject by looking at scientific papers published in recent years, books, journals, manuals and websites related to the subject as the Ministry of Health. It can be seen how the quality of prenatal care and nutritional counseling are essential, because they bring benefits to maternal health during pregnancy and childbirth, ensuring the welfare of the newborn. Keywords: Pregnancy. Nutritional assessment. Prenatal care. Nutritional status. Gestational weight gain.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DDI - Distúrbio por Deficiência de Iodo
DNA - Ácido Desoxirribonucléico
DTN - Defeito do Tubo Neural
DVA - Deficiência de Vitamina A
EN - Estado Nutricional
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations
HCG - Hormônio Gonadotrofina Coriônica
IMC - Índice de Massa Corporal
IOM - Institute of Medicine
MS - Ministério da Saúde
OMS - Organização Mundial de Saúde
T₃ - Hormônio Triiodotironina
T₄ - Hormônio Tiroxina
TSH - Hormônio Estimulante da Tireóide
VET - Valor Energético Total
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo
Índice de Massa Corporal (IMC) por semana gestacional ................................................. 20
Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional
inicial .................................................................................................................................. 22
Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado
para gestantes .................................................................................................................... 30
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SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. vi
ABSTRACT ........................................................................................................................ vii
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15
4.1 AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO ..................................................... 15
4.1.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL ....... 16
4.1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL GESTACIONAL ............... 18
4.2 GANHO DE PESO GESTACIONAL ................................................................... 21
4.2.1 GANHO PONDERAL EXCESSIVO DURANTE A GESTAÇÃO ............ 22
4.2.2 GANHO DE PESO INSUFICIENTE DURANTE A GESTAÇÃO ............ 24
4.3 A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL ........................... 25
4.3.1 DESORDENS ALIMENTARES .............................................................. 26
4.3.2 MACRONUTRIENTES ........................................................................... 28
4.3.3 MICRONUTRIENTES ............................................................................. 31
4.4 SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO, ÁCIDO FÓLICO ............................................ 38
4.4.1 SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A ................................................... 39
4.5 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DURANTE O
PRÉ NATAL .............................................................................................................. 40
5 ARTIGO CIENTÍFICO ..................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 61
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1. INTRODUÇÃO
A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e
psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. Cada
gestante vivencia essa fase de forma única e, muitas vezes, ocorrem, na mesma
mulher, diferenças de uma gestação para a outra. As mudanças observadas logo
nas primeiras semanas de gestação são necessárias para regular o metabolismo
materno, promover o crescimento fetal e preparar a mãe para o trabalho de parto e
lactação (ACCIOLY et al, 2009).
O organismo da mulher sofre intensas modificações funcionais e estruturais
durante a gestação, garantindo um ambiente propício à manutenção de uma nova
vida que se encontra em formação. Ocorre, assim, um aumento da demanda
energética que atenda às necessidades requeridas por essas modificações
fisiológicas (ASSUNÇÃO et al, 2007).
Durante a assistência pré-natal, a avaliação do peso corporal e o
levantamento de hábitos alimentares são estratégias importantes para identificar o
estado nutricional das gestantes. Dessa forma, é possível uma orientação
nutricional individualizada, que vise aperfeiçoar o estado nutricional materno, a
melhoria das condições maternas para o parto e a adequação do peso do recém-
nascido (SANTOS et al, 2006).
O estado nutricional materno inadequado tem grande impacto sobre o
crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, visto que o período gestacional
é uma fase na qual as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos
ajustes fisiológicos da gestante e das necessidades de nutrientes para o
crescimento fetal (ROCHA et al, 2005).
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Eventos relacionados à gestação como puerpério e lactação, são marcados
por profundas mudanças que interferem na vida da mulher, como modificações
relacionadas ao corpo, sua fisiologia e metabolismo. Estas são as fases de maior
vulnerabilidade e que requerem prioridade na assistência (BAIÃO & DESLANDES,
2006).
A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece
as necessidades de nutrientes neste período e deve ser realizada continuamente
ao longo da gravidez. Sendo assim, a avaliação do consumo alimentar ajuda na
detecção de ingestão inadequada e de hábitos desfavoráveis (AZEVEDO &
SAMPAIO, 2003).
O acompanhamento nutricional é fundamental antes mesmo da concepção,
pois estabelece uma dieta que atenda às necessidades da gestante. Percebe-se,
desse modo, a importância da avaliação do estado nutricional materno, no início e
durante a gestação, visto que as necessidades nutricionais mudam conforme o
trimestre gestacional em que a gestante se encontra (LUCYK & FURUMOTO,
2008).
A alimentação tem papel relevante para a saúde dos indivíduos,
principalmente em etapas da vida como a gestação, onde ocorrem intenso
processo de formação de tecidos e grandes transformações orgânicas durante um
curto espaço de tempo. Diante disso, torna-se indispensável a avaliação da
condição nutricional das gestantes, afim de lhes oferecer um melhor atendimento e
os melhores cuidados possíveis, visando prevenir doenças e promover a saúde da
mãe e do bebê.
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2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Mostrar a importância da nutrição durante a gestação.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Enumerar os benefícios da alimentação saudável durante a gestação;
Identificar erros alimentares que possam prejudicar a saúde da mãe e
do feto;
Ressaltar a importância do acompanhamento nutricional efetivo na
gestação.
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3. METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica sobre o
tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros,
revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto, como Ministério da
Saúde.
As palavras-chave utilizadas foram: gestação; avaliação nutricional; pré-
natal; estado nutricional; ganho de peso gestacional.
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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO
A presença dos ajustes fisiológicos da gestação no organismo materno se
dá através dos sinais e sintomas, permitindo, assim, seu diagnóstico. O diagnóstico
é permitido utilizando-se alguns parâmetros, como clínico, hormonal e
ultrassonográfico (ACCIOLY, 2009).
Durante esse período, há necessidade adicional de energia devido ao
crescimento do feto, da placenta, dos tecidos maternos, bem como para o próprio
consumo da gestante (AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).
Fatores como amenorréia, náuseas (comuns no 1° trimestre, muitas vezes
acompanhadas por vômitos e anorexia), picamalácia, mudanças na pigmentação
da aréola mamária, atraso menstrual (10-14 dias) e aumento do volume abdominal
são sinais clínicos tradicionais da gravidez. Outro parâmetro utilizado para o
diagnóstico da gestação é o hormonal, considerado o mais precoce e exato, pois
investiga a produção do hormônio gonadotrofina coriônica (HCG), que pode ser
rastreado na urina e no sangue. A detecção desse hormônio é sinal de certeza da
gestação. O parâmetro ultrassonográfico também é essencial, visto que é possível
identificar os batimentos cardíacos do feto (6 e 7 semanas), assim como a
identificação da placenta (12 semanas). Com 16 semanas de gestação, a placenta
já apresenta sua estrutura bem definida (ACCIOLY, 2009).
O primeiro trimestre gestacional é marcado por grandes modificações
biológicas devido à intensa divisão celular que ocorre nesse período. A saúde do
embrião depende da condição nutricional pré-gestacional da mãe, tanto no que diz
16
respeito às suas reservas energéticas quanto no que diz respeito às reservas de
vitaminas, minerais e oligoelementos. Nessa fase a mulher é submetida à privação
alimentar, pois sofre manifestações de enjôos e vômitos, mas que não acarretam
prejuízos para o feto, desde que essa mãe perca peso dentro dos limites
considerados adequados (VITOLO, 2008).
Para satisfazer as necessidades da mãe e do concepto, o aumento do
aporte de energia materna é necessário, pois o adequado consumo energético
juntamente com o ganho de peso durante a gestação resultam num ganho
ponderal gestacional satisfatório (ANDRETO et al, 2006).
O segundo e o terceiro trimestres integram outra fase para a gestante,
onde as condições ambientais exercem influência direta no estado nutricional do
feto. Fatores como ganho de peso adequado, ingestão de nutrientes e estilo de
vida são determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. Por
esse motivo, os hábitos de vida da mãe, sua disciplina e a qualidade da assistência
pré-natal, serão responsáveis pelas conseqüências imediatas e futuras, tanto para
ela quanto para o bebê (VITOLO, 2008).
4.1.1 Avaliação do estado nutricional pré-gestacional
Durante a gravidez, aspectos importantes como a nutrição, o peso pré-
gestacional e o ganho de peso materno influenciam os resultados da gestação
(BARROS et al, 2008).
O estado nutricional da mulher antes e durante a gestação é um fator que
está associado à ocorrência de complicações gestacionais, como hipertensão,
diabetes, pré-eclâmpsia, prematuridade e insuficiência cardíaca. O estado
nutricional pré-gestacional inadequado é um fator de risco modificável que pode ser
17
controlado por meio de intervenções nutricionais efetivas. Do mesmo modo, o
ganho de peso adequado ao estado nutricional vai conferir melhor prognóstico
gestacional (VITOLO et al, 2011).
Assunção et al (2007) relata que ao longo da década de 1990 discutiu-se
muito acerca do ganho de peso ideal para o período gestacional. O Institute of
Medicine (IOM) reconhece o peso pré-gestacional como um dos principais
determinantes do ganho ponderal; assim sendo, recomenda que o ganho de peso
ideal seja avaliado em função do estado nutricional inicial da gestante, sendo este
definido de acordo com as categorias de índice de massa corporal (IMC) pré-
gestacional.
Observa-se que o estado nutricional pré-gestacional é um determinante de
ganho de peso insuficiente ou excessivo, sugerindo, assim, intervenção precoce no
monitoramento dessa variável durante a gestação. Isso implica numa avaliação
criteriosa de peso e estatura e sua respectiva classificação, no início de pré-natal.
As modificações do estado nutricional pré-gestacional para o gestacional
aumentam a prevalência de sobrepeso e obesidade no decorrer das semanas
gestacionais. Pode-se dizer que esse seja um período facilitador do ganho de peso
excessivo, confirmando os achados de maior prevalência de mulheres obesas de
acordo com sua paridade (VITOLO, 2008).
Verifica-se também que a obesidade pré-gestacional aumenta os riscos de
complicações na gravidez. Mulheres com peso excessivo nem sempre possuem
depósitos adequados de nutrientes, visto que a qualidade da alimentação pode não
ter sido adequada. Portanto, é preciso atenção quando se trata de restrição
alimentar na gestação. A gestante deve receber orientações nutricionais de acordo
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com seus hábitos, condições de vida, sintomas, atividade física e patologias
associadas (LEMOS et al, 2010).
O alto índice de mulheres em idade reprodutiva com desvio ponderal
reforça a importância da avaliação nutricional antes e durante a gestação, e
enfatiza a importância do estilo de vida saudável, em que a orientação nutricional
deve favorecer o estado nutricional adequado, minimizando os riscos de
intercorrências gestacionais. Isso contribuirá para a redução das taxas de
morbimortalidade no que diz respeito ao binômio mãe-filho (PADILHA et al, 2009).
Diante disso, faz-se necessária a utilização de trabalhos práticos de
orientação nutricional. Programas de pré-natal coletivo das equipes de saúde, para
melhoria na qualidade de vida das gestantes devem valorizar a importância dos
aspectos nutricionais, comportamentais, com um estilo de vida ativo ou
moderadamente ativo durante a gravidez (LEMOS et al, 2010).
4.1.2 Avaliação do estado nutricional gestacional
O estado nutricional materno e o ganho de peso gestacional têm sido,
atualmente, foco de vários estudos, principalmente devido ao seu papel
determinante sobre os desfechos gestacionais. O estado nutricional é determinado,
principalmente, pela ingestão de nutrientes. Isso significa que um inadequado
aporte energético da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto,
limitando, assim, a disponibilidade dos nutrientes necessários para um adequado
crescimento fetal (MELO et al, 2007).
Algumas características maternas estão associadas com o ganho de peso
durante a gestação. Destacam-se os fatores nutricionais (estado nutricional no
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início da gravidez e consumo energético), fatores sociodemográficos (idade e
escolaridade), presença de companheiro, fatores obstétricos (paridade, intervalo
interpartal) e fatores comportamentais, como trabalho fora de casa e hábito de
fumar (STULBACH et al, 2007).
No Brasil, o problema nutricional de maior prevalência é o excesso de peso
e não a desnutrição no período gestacional, com prevalências que variam de 25 a
30%. Estudos observaram altas proporções de mulheres em idade fértil com
excesso de peso e obesidade, segundo Vitolo et al (2011). Por essa razão, o
monitoramento da evolução ponderal e o aconselhamento nutricional são
fundamentais para o controle adequado do ganho de peso durante a gestação. É
necessário o atendimento nutricional não apenas para gestantes com baixo peso,
mas, também, para aquelas com sobrepeso pré-gestacional e risco de ganho de
peso durante a gravidez (STULBACH et al, 2007; NASCIMENTO & SOUZA, 2002).
A avaliação antropométrica objetiva identificar as gestantes com desvio
ponderal no início da gestação; detectar as gestantes com ganho de peso
insuficiente ou excessivo para a idade gestacional em razão do estado nutricional
prévio; fornecer base para elaboração de condutas adequadas, visando melhorar o
estado nutricional materno, assim como suas condições para o parto e as
condições ao nascer. Características como fácil aplicabilidade, baixo custo e
caráter pouco invasivo reforçam o quanto a antropometria é importante na
avaliação do estado nutricional de gestantes (ACCIOLY, 2009; PADILHA et al,
2007).
O Ministério da Saúde (MS) recomenda a utilização do método de Atalah et
al (1997), pois este permite a avaliação nutricional de gestantes das quais não se
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conhece o peso pré-gestacional, empregando a avaliação do IMC segundo a idade
gestacional, como mostra o quadro 1 abaixo (SAUNDERS, 2011) :
Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional
Semana gestacional
Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade
IMC ≤ IMC entre IMC entre IMC ≥
6 19,9 20,0 - 24,9 25,0 - 30,0 30,1
8 20,1 20,2 - 25,0 25,1 - 30,1 30,2
10 20,2 20,3 - 25,2 25,3 - 30,2 30,3
11 20,3 20,4 - 25,3 25,4 - 30,3 30,4
12 20,4 20,5 - 25,4 25,5 - 30,3 30,4
13 20,6 20,7 - 25,6 25,7 - 30,4 30,5
14 20,7 20,8 - 25,7 25,8 - 30,5 30,6
15 20,8 20,9 - 25,8 25,9 - 30,6 30,7
16 21 21,1 - 25,9 26,0 - 30,7 30,8
17 21,1 21,2 - 26,0 26,1 - 30,8 30,9
18 21,2 21,3 - 26,1 26,2 - 30,9 31
19 21,4 21,5 - 26,2 26,3 - 30,9 31
20 21,5 21,6 - 26,3 26,4 - 31,0 31,1
21 21,7 21,8 - 26,4 26,5 - 31,1 31,2
22 21,8 21,9 - 26,6 26,7 - 31,2 31,3
23 22 22,1 - 26,8 26,9 - 31,3 31,4
24 22,2 22,3 - 26,9 27,0 - 31,5 31,6
25 22,4 22,5 - 27,0 27,1 - 31,6 31,7
26 22,6 22,7 - 27,2 27,3 - 31,7 31,8
27 22,7 22,8 - 27,3 27,4 - 31,8 31,9
28 22,9 23,0 - 27,5 27,6 - 31,9 32
29 23,1 23,2 - 27,6 27,7 - 32,0 32,1
30 23,3 23,4 - 27,8 27,9 - 32,1 32,2
31 23,4 23,5 - 27,9 28,0 - 32,2 32,3
32 23,6 23,7 - 28,0 28,1 - 32,3 32,4
33 23,8 23,9 - 28,1 28,2 - 32,4 32,5
34 23,9 24,0 - 28,3 28,4 - 32,5 32,6
35 24,1 24,2 - 28,4 28,5 - 32,6 32,7
36 24,2 24,3 - 28,5 28,6 - 32,7 32,8
37 24,4 24,5 - 28,7 28,8 - 32,8 32,9
38 24,5 24,6 - 28,8 28,9 - 32,9 33
39 24,7 24,8 - 28,9 29,0 - 33,0 33,1
40 24,9 25,0 - 29,1 29,2 - 33,1 33,2
41 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3
42 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3
Fonte: (ATALAH et al, 1997).
21
4.2 GANHO DE PESO GESTACIONAL
A assistência pré-natal no Brasil inclui o acompanhamento e o
monitoramento do ganho de peso gestacional, prevendo orientações nutricionais
voltadas às mulheres no período que vai da gravidez à amamentação (BAIÃO &
DESLANDES, 2006).
Kac & Meléndez (2005) afirmam que um ganho de peso adequado durante
a gestação está associado a um desfecho fetal satisfatório. O crescimento fetal
normal é uma função positiva do ganho de peso gestacional, modificado pelo
estado nutricional pré-gestacional.
Para avaliar o estado nutricional durante a gestação, a avaliação
antropométrica é recomendada, por ser um método rápido. A partir do
conhecimento do peso pré-gestacional e da altura, calcula-se o IMC, classificando
a gestante em baixo peso, normal, sobrepeso e obesa. Para mulheres com
sobrepeso, foram recomendados, pelo IOM, os ganhos de peso de 7 a 11,5 Kg,
como mostra o quadro 2 a seguir. Em mulheres com o peso normal, um ganho de
peso de 11,5 a 16 Kg durante a gestação está associado a um ótimo resultado
(LEMOS, et al, 2010).
Rocha et al (2005) em seu estudo sobre o estado nutricional de gestantes
no estado de Minas Gerais avaliaram o peso pré-gestacional e o ganho de peso
gestacional e verificaram que, entre as gestantes com baixo peso, 60% tiveram um
ganho de peso insuficiente e 18,6% excessivo; entre as eutróficas, 51,6%
apresentaram ganho de peso reduzido e 26,3% elevado. Já entre as gestantes com
sobrepeso e obesidade, a maioria (48,3%) apresentou ganho de peso excessivo.
22
Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional inicial
Estado nutricional (IMC)
Ganho de peso total (Kg) no 1°
trimestre
Ganho de peso semanal médio (Kg) no 2° e 3° trimestres
Ganho de peso total (Kg)
Baixo peso 2,3 0,5 12,5 - 18,0
Adequado 1,6 0,4 11,5 - 16,0
Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 - 11,5
Obesidade - 0,3 7
Fonte: (BRASIL, 2006).
Identificar precocemente gestantes com estado nutricional inadequado
permite uma melhora no estado nutricional materno, tendo um impacto positivo nas
condições ao nascer, minimizando as taxas de morbimortalidade perinatal e
neonatal (ROCHA et al, 2005).
Desta forma, programas de intervenção que priorizem o controle de ganho
de peso na gestação influenciarão diretamente a prevalência de baixo peso e
obesidade na população como um todo (VITOLO et al, 2011).
4.2.1 Ganho ponderal excessivo durante a gestação
Iniciar o período gestacional com sobrepeso ou obesidade, assim como o
ganho de peso excessivo nesse período são fatores de risco importantes para uma
série de complicações, principalmente no final da gestação. A prevalência de
diabetes e hipertensão aumenta de duas a seis vezes em mulheres com sobrepeso
(VITOLO, 2008).
O ganho ponderal excessivo durante a gestação é caracterizado como
possível causa da obesidade entre as mulheres. Além de contribuir para a
obesidade, o excesso de peso está associado a complicações como hemorragias,
23
macrossomia fetal, baixo peso ao nascer e mortalidade infantil (LEMOS et al, 2010;
STULBACH et al, 2007).
As mudanças comportamentais que influenciam a saúde materna, como
alimentos industrializados e fastfoods, têm sido identificados como facilitadoras
para o ganho de peso gestacional excessivo, repercutindo diretamente na saúde da
gestante. Identificar precocemente a inadequação do estado nutricional das
gestantes contribui para uma intervenção oportuna, resultando positivamente nas
condições de nascimento da criança e minimizando as taxas de mortalidade
perinatal e neonatal (BARROS et al, 2008).
A gestante que inicia a gravidez obesa apresenta um maior risco de parto
prematuro (menos de 32 semanas) e morte precoce ou tardia fetal. Em mulheres
que se tornam obesas durante a gestação, o risco aumentado de morte fetal tardia
ocorre na 28ª semana de gestação. A taxa de pré-eclâmpsia também aumenta
devido ao aumento do IMC (LEMOS et al, 2010).
Saunders et al (2011) alegam que existem diferentes fatores que
determinam o ganho de peso gestacional insuficiente e excessivo. Estes podem ser
identificados no início da gestação e têm ligação com o resultado obstétrico
inadequado, daí a importância do início precoce da assistência nutricional pré-
natal. A mudança de estilo de vida melhora os hábitos alimentares de gestantes
obesas. Uma melhor adesão às orientações prestadas nas consultas com o
nutricionista melhora a adequação do ganho de peso gestacional total, diminuindo
assim o risco de complicações gestacionais.
24
4.2.2 Ganho de peso insuficiente durante a gestação
A desnutrição é uma causa conhecida de baixo peso ao nascer,
principalmente em países em desenvolvimento. A inadequação do estado
nutricional materno tem grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do
recém-nascido, pois no período gestacional as necessidades nutricionais estão
elevadas, devido aos ajustes fisiológicos da gestante e às demandas de nutrientes
para o crescimento fetal (GUERRA et al, 2007).
Um estudo realizado na Califórnia verificou que mulheres que ganharam
menos peso durante a gestação apresentaram maior risco de ter filhos com defeito
do tubo neural (DTN), alertando quanto à importância do ganho de peso adequado
durante a gestação (VITOLO, 2008).
O baixo peso materno e as carências específicas de nutrientes podem
resultar em baixo peso ao nascer, assim como o sobrepeso e a obesidade estão
associados ao desenvolvimento de diabetes gestacional e/ou à síndrome
hipertensiva da gravidez, com conseqüências para a saúde materna e do concepto.
Por outro lado, o ganho de peso materno pode ser controlado durante a assistência
pré-natal, possibilitando a recuperação das gestantes desnutridas, diminuindo
consideravelmente o risco de nascimento de crianças com baixo peso (BAIÃO &
DESLANDES, 2006; GUERRA et al, 2007).
A gestante que não possui uma alimentação nutricionalmente adequada ou
que apresenta baixo peso pré-gestacional certamente inicia a gestação com as
reservas limitadas ou ausentes, aumentando riscos de baixo peso ao nascer e
prematuridade. Neste caso, a intervenção nutricional precoce é essencial, pois
exerce uma influência positiva sobre este prognóstico (GUERRA et al, 2007).
25
Portanto, compreende-se que a ciência da Nutrição se ocupa em adequar
as recomendações nutricionais às necessidades de nutrientes dos indivíduos nas
diversas fases do ciclo da vida, mesmo em estados fisiológicos de grande
importância, sob o ponto de vista nutricional, como a gestação (BAIÃO &
DESLANDES, 2006).
4.3 A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL
A alimentação tem papel fundamental para a saúde dos indivíduos,
principalmente nas etapas da vida onde ocorre aumento da demanda de energia e
de nutrientes, como a gestação. A falta de conhecimento sobre alimentação
saudável pelas gestantes reflete-se nas suas escolhas alimentares, sendo
influenciadas por fatores como o apetite aumentado, o desejo, o paladar
aumentado, a disponibilidade do alimento, as influências culturais e familiares
(NASCIMENTO & SOUZA, 2002; BARROS et al, 2004).
Durante a lactação, a nutrição materna exerce grande impacto na gestação
e sobre a saúde da mulher e da criança. Em ambas as fases é fundamental que as
recomendações nutricionais sejam atendidas para garantir aporte nutricional e
ganho de peso adequados. O consumo inadequado de vitaminas e de minerais
está associado a desfechos gestacionais desfavoráveis. Há elevada proporção de
mulheres em idade reprodutiva que consomem dietas com quantidades
insuficientes de micronutrientes como zinco, ácido fólico, cálcio e ferro (LACERDA
et al, 2007).
São vários os fatores que influenciam no comportamento alimentar das
mulheres durante a gestação, desde condições socioeconômicas, biológicas,
26
comportamentais e de assistência à saúde. O acompanhamento nutricional à
mulher durante o pré-natal é importante, pois tem como principais objetivos
estabelecer o estado nutricional, identificando fatores de risco, possibilitando
medidas terapêuticas e profiláticas no sentido de corrigir distorções e planejar a
educação nutricional (BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).
4.3.1 Desordens alimentares
Os hábitos e preferências alimentares e o estilo de vida das gestantes
tornam esse período particularmente vulnerável aos distúrbios nutricionais.
Horários irregulares, alimentação fora de casa, omissão do desjejum, substituição
de grandes refeições por fastfoods e mudanças do estilo alimentar são fatores que
contribuem para a inadequação alimentar. O consumo abusivo de álcool, tabaco e
drogas, baixa condição socioeconômica e dificuldades de relacionamento
intrafamiliar aumentam os riscos de hábitos alimentares inadequados (SAUNDERS
et al, 2009).
Muitas mulheres desejam ter uma alimentação saudável quando
engravidam, mas o aumento do peso e alterações na forma física durante a
gestação (associados ao medo de engordar) podem influenciar algumas mulheres
a se engajar em dietas inadequadas e restritivas (DUNKER et al, 2009).
Dentre os hábitos que promovem o ganho de peso excessivo na gestação
encontram-se a ingestão elevada de bebidas com adição de açúcar e de alimentos
altamente energéticos. Esses, geralmente, são alimentos pobres em fibras,
micronutrientes e água e com alto teor de gordura e açúcar. Alimentos como doces,
27
chocolates, carne processada, refrigerantes, entre outros, estão relacionados com
o aumento do ganho de peso ao final da gravidez (MARTINS & BENICIO, 2011).
Segundo Dunker et al (2009), os comportamentos alimentares de controle
de peso, como dietas restritas, vômitos e exercícios excessivos, contribuem para
danos no crescimento fetal por comprometer a passagem dos nutrientes essenciais
do sangue materno para o feto. Esses comportamentos também levam à
desnutrição materna, causando danos no sistema imune, o que pode aumentar o
risco de doenças infecciosas maternas, contribuindo para nascimento de bebês
prematuros.
A pica ou picamalácia é uma desordem alimentar comum na gestação. Sua
definição refere-se ao gosto por alimentos estranhos, condimentos raros ou
substâncias estranhas. Dentre as perversões mais comuns encontram-se a
pagofagia (ingestão de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou barro), a amilofagia
(ingestão de goma de lavanderia), o consumo de combinações atípicas e de frutas
verdes (SAUNDERS et al, 2009).
As causas desse comportamento nas gestantes são desconhecidas, tendo
como hipóteses o alívio de náuseas e vômitos referidos pelas mães e o suprimento
de deficiência de cálcio e ferro, contidos na maioria dessas substâncias (VITOLO,
2008).
Dentre as gestantes, a prática de pica pode estar associada à anemia, à
constipação, a infecções parasitárias, à toxoplasmose, a distúrbios específicos da
gravidez e a interferências na absorção de nutrientes. Para o concepto, os efeitos
dessa prática podem estar associados ao parto prematuro, ao baixo peso ao
nascer, a irritabilidade do neonato, a exposição fetal a substâncias químicas, como
28
chumbo, pesticidas e herbicidas, podendo aumentar o risco de morte perinatal
(SAUNDERS et al, 2009).
É importante alertar quanto a esse tipo de comportamento durante a
gestação, pois há riscos de contaminação por substâncias tóxicas, diminuição no
aporte de nutrientes saudáveis e infecções por parasitas intestinais (VITOLO,
2008).
A ingestão de cafeína deve ser moderada durante a gestação, visto que
seu consumo excessivo pode causar riscos de aborto espontâneo, má formações
congênitas, baixo peso ao nascer, prematuridade ou retardo de crescimento intra-
uterino. É importante que a gestante esteja informada sobre os produtos que
contenham cafeína, como café, chás, refrigerantes à base de cola e chocolates,
diminuindo, portanto, sua ingestão (ACCIOLY, 2009).
4.3.2 Macronutrientes
Durante a gestação, o atendimento das demandas nutricionais maternas
influencia no adequado ganho ponderal gestacional e no resultado obstétrico que
se expressa no peso ao nascer. Alimentação e estilo de vida saudáveis são
estratégias que inspiram ações voltadas à política de segurança alimentar e
nutricional e à prevenção de agravos à saúde da população materno-infantil, a fim
de prevenir os agravos advindos da alimentação inadequada nesse ciclo da vida
(BRASIL, 2006).
Demétrio (2010) desenvolveu um modelo de orientação no formato de
pirâmide alimentar adaptado para gestantes, voltado para a educação alimentar e
nutricional. Esse modelo é baseado nas recomendações da FAO/OMS acerca da
29
distribuição percentual dos seguintes macronutrientes: 55% a 75% de carboidratos,
sendo recomendado até 10% para sacarose e 25g/dia para fibras; 10% a 15% de
proteínas; 15% a 30% de lipídeos, sendo o colesterol < 300mg/dia, ácidos graxos
saturados < 10%, poliinsaturados até 10%, monoinsaturados em torno de 10% a
15% e trans < 1%. A classificação adotada em relação aos lipídeos é preconizada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com as diretrizes utilizadas no Guia Alimentar para a população
brasileira do Ministério da Saúde, a pirâmide contém os alimentos mais
consumidos pela população brasileira. O porcionamento recomendado foi
estabelecido em função dos seguintes grupos alimentares: cereais, hortaliças,
frutas, leite, carnes e ovos, leguminosas, açúcares e gorduras. Para a
determinação do número de porções/dia de cada grupo, foi levado em
consideração as necessidades nutricionais recomendadas em cada trimestre de
gestação (BRASIL, 2006; DEMÉTRIO, 2010; ACCIOLY, 2009).
A pirâmide alimentar é dividida em quatro níveis e os alimentos estão
organizados em oito grupos alimentares: Primeiro nível (constituído pelo grupo de
cereais, raízes e tubérculos); segundo nível (constituído pelo grupo de legumes,
verduras e frutas); terceiro nível (constituído pelo grupo do leite e derivados, carnes
e ovos e leguminosas); quarto nível (constituído pelo grupo de óleos e gorduras e
açúcares e doces). Tais grupos foram porcionados de acordo com as necessidades
energéticas determinadas para o primeiro, segundo e terceiro trimestres
gestacionais, como mostra o quadro 3 a seguir (DEMÉTRIO, 2010):
30
Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado para gestantes
Alimentos N° porções 1°
trimestre N° porções 2° e 3°
trimestres
Cereais, raízes e tubérculos
5 6 ½
Frutas 4 ½ 4 ½
Legumes e verduras 5 5
Leite e derivados 3 3
Carnes e ovos 1 ½ 1 ½
Leguminosas 1 1
Óleos e gorduras 2 2 ½
Açúcares e doces 1 1
Fonte: (DEMÉTRIO, 2010 adaptado).
A recomendação do grupo de óleos e gorduras no 2º e 3º trimestres de
gestação é maior do que a preconizada pelo Guia Alimentar, pois nesse período há
modificações no metabolismo de energia da gestante, assim como diminuição da
demanda de glicose e aumento da utilização de ácidos graxos como fonte de
energia. A ingestão dietética de ácidos graxos poliinsaturados e monoinsaturados
deve ser maior em detrimento dos saturados e trans, visto que o consumo
aumentado durante a gestação está associado ao risco elevado de pré-eclâmpsia,
retardo do crescimento intra-uterino e baixo peso ao nascer (REZENDE &
MONTENEGRO, 2003).
Além das recomendações básicas voltadas para a promoção de práticas
alimentares saudáveis contidas no Guia Alimentar para a população brasileira,
Demétrio (2010) sugere complementar as orientações nutricionais e gerais para as
gestantes através de hábitos e /ou atitudes como:
- Escolher uma dieta variada com alimentos de todos os grupos da
pirâmide, evitando a monotonia alimentar;
- Dar preferência aos seguintes vegetais: frutas, legumes e verduras;
31
- Atentar para a forma de preparo dos alimentos, preferindo às formas in
natura ou de preparação assada, cozida em água ou ao vapor;
- Procurar fazer a leitura dos rótulos dos alimentos industrializados para
conhecer seu valor nutricional e seu modo de preparo;
- Incluir os alimentos do grupo de cereais, raízes e tubérculos em maior
quantidade na alimentação diária;
- Usar açúcares, doces, sal e alimentos com elevados teores de sódio com
cautela;
- Consumir alimentos com baixo teor de gordura saturada (carnes magras)
e usar fontes de gorduras mono e poliinsaturadas (óleos vegetais, castanha,
amendoim, amêndoa, nozes, linhaça, gergelim);
- Ingerir de 6 a 8 copos de água diariamente;
- Realizar exposição freqüente ao sol (antes das 10 horas e após as 16
horas);
- Buscar acompanhamento médico e nutricional desde o início da gravidez
como forma de garantir uma gestação sem intercorrências.
4.3.3 Micronutrientes
As deficiências de micronutrientes como vitamina A, ferro e zinco
ocasionam diversos agravos à saúde dos indivíduos, visto que esses nutrientes
atuam na manutenção de diversas funções orgânicas vitais, como crescimento,
reprodução e função imune. Durante o período gestacional, a deficiência de
micronutrientes pode trazer conseqüências adversas para a saúde das gestantes e
para o desenvolvimento fetal (SILVA et al, 2007).
32
A proporção de nutrientes destinados ao feto pode depender da
composição dietética da gestante. A ingestão diária inadequada para diferentes
componentes da dieta durante a gestação está relacionada com a
morbimortalidade materno-fetal. Deficiências de zinco, ferro, ácido fólico e iodo
estão associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-eclâmpsia, parto prematuro
e bebês com baixo peso (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Vitamina A
A vitamina A tem papel de destaque na visão, na reprodução, no
desenvolvimento fetal, na função imune, na manutenção do tecido esquelético e na
manutenção da placenta. A ingestão, tanto deficiente quanto excessiva da vitamina
A está associada a defeitos congênitos (incluindo de cérebro, olho, ouvido, coração
e sistema vascular) devido a alterações no metabolismo de DNA, podendo
provocar morte fetal e abortos espontâneos. Os abortos, independentemente do
tipo (provocado ou não), podem estar associados à maior risco de cegueira noturna
gestacional, devendo ser investigada na avaliação nutricional da gestante
(ACCIOLY, 2009).
Estima-se que 10 a 20% das gestantes sejam acometidas pela cegueira
noturna, sintoma de Deficiência de Vitamina A (DVA). Gestantes com cegueira
noturna e DVA são mais predispostas à intercorrências e complicações
gestacionais, como anemia, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, náuseas, vômitos, falta de
apetite e infecções do trato urinário, reprodutivo e gastrointestinal (SILVA et al,
2007).
A ingestão inadequada de alimentos fonte de vitamina A é um importante
fator etiológico da carência. Sua exclusão ou baixo consumo estão relacionados a
33
hábitos alimentares inadequados. Assim, restrições alimentares severas e
inadequadas podem causar deficiências nutricionais importantes, sobretudo de
vitamina A, com risco de danos irreversíveis ao organismo (SAUNDERS et al,
2007).
Alimentos-fonte: fígado de boi, azeite de dendê, leite e derivados
integrais, queijos amarelos, vegetais folhosos verde-escuros, hortaliças, frutas
amarelo-alaranjadas.
Ferro
O ferro é o oligoelemento mais abundante no organismo humano,
participando de diversos processos metabólicos. Participa na distribuição de
oxigênio a partir do pulmão para os tecidos corporais e participa ativamente na
produção celular de energia. É um mineral necessário para a reposição das perdas
sanguíneas durante o parto, podendo esta perda ser aumentada, caso o parto seja
cesárea (SILVA et al, 2007; ACCIOLY, 2009).
A anemia na gestação pode estar relacionada a uma dieta insuficiente de
ferro, associada ao aumento da demanda deste mineral, típico nesse período. As
anemias maternas moderada e grave estão associadas a um aumento na
incidência de abortos espontâneos, partos prematuros, baixo peso ao nascer e
morte perinatal (ROCHA et al, 2005).
A carência de ferro durante o período gestacional na mulher pode
comprometer o desenvolvimento do cérebro do recém-nascido, levando ao prejuízo
no desenvolvimento físico e mental, diminuição da aprendizagem, concentração,
memorização e alteração do estado emocional. Percebe-se, portanto, que o ferro é
um nutriente de grande importância para a saúde materno-infantil. As
34
conseqüências da carência desse nutriente reforçam a necessidade da prevenção
e do tratamento da anemia por deficiência de ferro (SILVA et al, 2007).
Um consumo adequado de ferro é importante e deve ser feito a partir da
20ª semana gestacional, devido à maior intolerância digestiva no início da gestação
(BRASIL, 2006).
Alimentos-fonte: fígado de boi, carnes, ovos, vegetais verde-escuros,
leguminosas.
Vitamina C (ácido ascórbico)
A vitamina C apresenta várias funções no organismo. Possui ação
antioxidante, atua na síntese de colágeno e na redução do ferro férrico a ferroso,
facilitando sua absorção e contribuindo para a prevenção e tratamento de anemia.
Sua deficiência prejudica a síntese de colágeno, proteína estrutural dos ossos,
cartilagens, músculos e vasos sangüíneos, aumenta o risco de infecções, parto
prematuro e pré-eclâmpsia (ACCIOLY, 2009; VITOLO, 2008).
O adequado aporte desta vitamina durante a gestação está relacionado
com a prevenção de ruptura prematura da membrana plasmática e com uma
melhor resposta às infecções (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Alimentos-fonte: frutas cítricas, acerola, goiaba, morango, manga, tomate,
couve-flor, brócolis.
Ácido fólico
A deficiência de ácido fólico prejudica a divisão celular e a síntese protéica.
Quando sua ingestão é insuficiente, pode ocorrer anemia megaloblástica (causada
pela produção anormal de hemácias), sangramento no terceiro trimestre
35
gestacional, aborto, descolamento da placenta, prematuridade, baixo peso do bebê
ao nascer, hipertensão gestacional (VITOLO, 2008).
Tendo em vista o papel do ácido fólico na divisão celular e na síntese
protéica, assim como na síntese de DNA, sua deficiência causa defeitos no
fechamento do tubo neural, processo essencial para a formação da calota craniana
e da coluna vertebral no feto. Dentre os defeitos do tubo neural, 90% dos casos
estão relacionados com a anencefalia e a espinha bífida. A anencefalia é uma
importante causa de morte perinatal e os portadores de espinha bífida crescem
com paralisia nos membros inferiores e graus variados de incontinência intestinal e
de bexiga (ACCIOLY, 2009).
Um consumo adequado de ácido fólico na gestação é importante e deve
ser feito antes do fechamento do tubo neural, o qual ocorre entre o 26° e 27° dia de
vida embrionária (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Alimentos-fonte: levedo de cerveja, fígado de boi, folhosos, leguminosas,
gérmen de trigo, suco de laranja.
Vitamina D
A vitamina D é essencial para a saúde da gestante e da criança. A
produção diária de vitamina D na pele atinge seu ponto máximo após cerca de 30
minutos de exposição à luz solar (VITOLO, 2008).
O papel da vitamina D é fundamental, pois mantém o metabolismo mineral
normal, sendo essencial ao crescimento ósseo, atua como fator imunológico, além
de estar envolvido na reprodução humana (ACCIOLY, 2009).
36
A deficiência ou insuficiência de vitamina D durante a gestação está
associada ao baixo peso ao nascer, redução da mineralização óssea, aumentando
o risco de fraturas em crianças (VITOLO, 2008).
Alimentos-fonte: óleo de fígado de bacalhau, peixes gordurosos, fígado
de frango, gema de ovo, laticínios, margarinas enriquecidas.
Cálcio
Durante a gestação, ocorre a transferência de cerca de 25 a 30g de cálcio
para o feto, principalmente no terceiro trimestre gestacional, embora ocorra
considerável mineralização no segundo trimestre. Cerca de 99% do cálcio corporal
é encontrado nos ossos e dentes e uma pequena parte é encontrada no sangue,
nos músculos e outros tecidos (ACCIOLY, 2009).
Segundo Vitolo (2008), a baixa ingestão de cálcio está associada à
diminuição do comprimento do fêmur fetal. A deficiência ou distúrbios no
metabolismo de cálcio também está associada a câimbras nas pernas, prejuízos no
desenvolvimento e crescimento fetal, na pressão arterial, contrações uterinas
prematuras e, conseqüentemente, parto prematuro.
Alimentos-fonte: leite e derivados, sardinha, ostras, salmão, feijão-soja.
Zinco
O zinco é um micronutriente necessário à reprodução, ao crescimento,
desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade. Está envolvido no metabolismo
de proteínas, carboidratos e lipídios, sendo essencial nos processos de
diferenciação e replicação celulares, assim como nos processos de transporte,
função imunológica e informação genética (SILVA et al, 2007).
37
A deficiência de zinco durante a gestação tem sido associada à
infertilidade, abortos, malformações congênitas, baixo peso ao nascer, diminuição
da síntese de DNA, retardo do crescimento intra-uterino e prematuridade (LUCYK
& FURUMOTO, 2008).
Alguns fatores interferem na biodisponibilidade do zinco. Dieta rica em
alimentos integrais e fitatos, a suplementação elevada de ferro, uso do cigarro e do
álcool e o stress causado por infecção ou trauma podem diminuir a concentração
plasmática materna de zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Nesses
casos, as gestantes devem receber suplementação de zinco, com o intuito de
minimizar o risco de complicações associadas à sua deficiência (SILVA et al,
2007).
Alimentos-fonte: carnes, leite e derivados, ostras, mariscos, fígado,
queijos, cereais integrais, leguminosas, nozes.
Iodo
O iodo é um elemento essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos
T₃, T₄ e TSH. Sua importância nutricional se deve ao importante papel
desempenhado pelos hormônios da tireóide no crescimento e desenvolvimento
humano, principalmente nos períodos que vão da concepção até os 2 anos de
idade. Como o cérebro continua a crescer rapidamente até o fim do segundo ano
de vida, o hormônio tireoidiano é essencial para o desenvolvimento cerebral
normal. A deficiência de iodo sobre o crescimento e desenvolvimento é
denominada Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI) (ACCIOLY, 2009).
Na gestação, o hipotireoidismo está associado à ocorrência de abortos,
parto prematuro, ao comprometimento do desenvolvimento cerebral do concepto.
38
Além disso, a deficiência de iodo na gestação encontra-se associada à geração de
crianças com cretinismo. O cretinismo endêmico, expressão mais comum da
carência de iodo, caracteriza-se por deficiência mental e surdo-mudez, enquanto
que o cretinismo mixedematoso (menos comum) é caracterizado por
hipotireoidismo e nanismo (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Alimentos-fonte: fígado, rins, frutos do mar, cereais, cogumelos, alho.
4.4 SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO E ÁCIDO FÓLICO
Durante a gestação a suplementação de ferro é recomendada, mesmo na
ausência de anemia, satisfazendo o requerimento desse mineral durante os dois
últimos trimestres gestacionais. Essa suplementação é importante devido ao fato
da dificuldade de atendimento das necessidades de ferro serem atingidas somente
através da ingestão dos alimentos (SILVA et al, 2007).
A OMS recomenda, na ausência de anemia, a suplementação de 40 mg de
ferro/dia e 5 mg de ácido fólico a partir da 20ª semana gestacional, devido à maior
intolerância digestiva no início da gestação. Recomenda-se a ingestão uma hora
antes das refeições. No diagnóstico de anemia leve a moderada, a suplementação
é de 120 a 240 mg de ferro/dia, via oral, uma hora antes das refeições (BRASIL,
2006).
As mulheres em idade reprodutiva, independente de pertencerem ou não
ao grupo de risco de deficiência do tubo neural, devem ser suplementadas com
ácido fólico durante o período periconcepcional. O MS recomenda a administração
oral preventiva de ácido fólico no período pré-gestacional e para a prevenção de
39
DTN, especialmente nas mulheres com antecedentes de malformações, na
dosagem de 5 mg/dia, no período de 60 a 90 dias antes da concepção (ACCIOLY,
2009).
Durante a assistência pré-natal, é recomendada a suplementação diária
simultânea de ferro e ácido fólico, visando prevenir a anemia gestacional, a partir
da 20ª semana de gestação. O consumo regular de boas fontes naturais e de
alimentos enriquecidos com ácido fólico para mulheres em idade reprodutiva é
essencial para as que planejam engravidar (VITOLO, 2008).
4.4.1 Suplementação de Vitamina A
Segundo a OMS, a suplementação de vitamina A deve ser administrada
em doses semanais de 25.000 UI. Durante a lactação, a suplementação de
vitamina A em áreas onde a DVA é endêmica (todos os estados da região Nordeste
e municípios do estado de Minas Gerais - região norte e Vales do Jequitinhonha e
Mucuri) é feita em doses maciças (200.000 UI), recomendada nos primeiros 28 dias
pós-parto para as mães que não amamentam seu filho, visto que nesse período os
riscos de uma nova gravidez são pequenos. Para as mães que amamentam, a
suplementação de dose maciça é recomendada nos 60 primeiros dias pós-parto,
devido ao efeito anticoncepcional conferido pela amamentação (SILVA et al, 2007).
O MS criou, em maio de 2005, o Programa Nacional de Suplementação de
Vitamina A, intitulado Vitamina A Mais, com o objetivo de reduzir e controlar a DVA
em crianças e mulheres no pós-parto imediato residentes em áreas consideradas
de risco para a deficiência. O programa prevê a suplementação com dose única de
200.000 UI de vitamina A para as mulheres no pós-parto imediato ainda na
40
maternidade. Para crianças com idade entre 6 e 59 meses, a suplementação é feita
de acordo com a idade e a cada 6 meses. As mulheres não devem receber
suplementação de vitamina A em outros períodos de sua vida reprodutiva, para que
os riscos de teratogenicidade para o feto sejam evitados, caso haja nova gravidez
em curso (BRASIL, 2006).
Dessa forma, estratégias de intervenção para o combate de DVA nas áreas
de risco, ações como promoção ao aleitamento materno e à alimentação saudável
são recomendadas (SILVA et al, 2007).
4.5 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL
DURANTE O PRÉ-NATAL
O cuidado pré-natal compreende um conjunto de atividades durante todo o
período da gravidez que requerem tempo e outros investimentos, tanto por parte da
mulher, como de profissionais e de organizações que se dedicam à oferta desse
cuidado. A atenção pré-natal é usada como indicador de boa prática, assim como
uma medida de qualidade de cuidados clínicos e de saúde pública (SILVEIRA &
SANTOS, 2004).
O controle do pré-natal deve ter início precoce, ter cobertura universal, ser
realizado periodicamente, estar integrado com as demais ações preventivas e
curativas e deve ser observado um número mínimo de consultas. O sucesso do
pré-natal depende, em grande parte, do momento em que ele se inicia e do número
de consultas realizadas, variando de acordo com o mês de início e com
intercorrências durante a gestação (COIMBRA et al, 2003).
41
O progresso no atendimento pré-natal está correlacionado com sua
qualidade, facilidade de acesso e com o cuidadoso acompanhamento de cada
gestante. Em geral, as mulheres que recebem cuidados desde o primeiro trimestre
têm melhores resultados gestacionais do que aquelas com início tardio (LIMA &
SAMPAIO, 2004).
Para o sucesso da assistência pré-natal, são necessários a participação da
equipe inter e multidisciplinar, o cuidado pré-natal qualificado, humanizado e
precoce, além da garantia da assistência de qualidade ao longo da gestação. A
atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada acontece por meio do fácil
acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis
de atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-
nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar de
alto risco. No Brasil, a avaliação pré-concepcional e a atenção ao planejamento
familiar fazem parte das ações oferecidas às mulheres na saúde reprodutiva,
contribuindo para a melhoria da saúde da mulher e redução de morbimortalidade
materna e infantil (ACCIOLY, 2009).
O acompanhamento nutricional adequado, resultante da associação
‘alimentação equilibrada e ganho de peso dentro das faixas de normalidade’, pode
contribuir para a diminuição da morbimortalidade materno-infantil. Isso significa que
um acompanhamento eficiente durante a gestação e atendimento nutricional
contribuem para o ganho ponderal adequado ao final da gravidez, reduzindo,
assim, os riscos obstétricos e de obesidade pós-parto (PADILHA et al, 2010;
LEMOS et al, 2010).
Quando as gestantes recebem orientação sobre nutrição, ocorre uma
melhora no seu estado nutricional, tanto para aquelas com baixo peso quanto para
42
as que se encontram acima do peso. A orientação nutricional deve concernir com
as necessidades nutricionais de cada uma, já que no período gestacional ocorre
variação das suas necessidades nutricionais, dependendo do peso pré-gestacional,
do ganho de peso durante a gestação, do estágio da gravidez e do nível de
atividade física (SANTOS et al, 2006).
O acompanhamento pré-natal é um momento importante de compreensão
de informações que podem contribuir para melhores resultados na dieta alimentar e
da gestação. Hábitos alimentares saudáveis, conhecimentos sobre alimentação e
nutrição interferem na escolha e na composição da alimentação diária, auxiliando
as gestantes na seleção de alimentos compatíveis com seu estado fisiológico
(BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).
Alguns cuidados devem ser valorizados no atendimento nutricional à
gestante como: esclarecimentos quanto à importância do ganho de peso
gestacional adequado e quanto aos benefícios da alimentação equilibrada,
enfatizando a importância da seleção de alimentos ricos em micronutrientes e do
uso de alimentos fortificados; desestímulo quanto ao consumo de fastfoods e
lanches rápidos, assim como de calorias vazias (como doces e refrigerantes),
reforçando a necessidade de se desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis;
monitoramento do consumo de alimentos diet e ligth, tendo atenção quanto ao uso
de edulcorantes; suplementação de vitamina A, ferro e ácido fólico, quando não for
possível alcançar a ingestão dietética adequada através da alimentação; estímulo
ao aleitamento materno (ACCIOLY, 2009).
Esforços devem ser feitos para que o aconselhamento nutricional para
todas as gestantes durante a assistência pré-natal seja realizado com sucesso,
visando melhorar a qualidade da dieta durante a gestação. É necessário que se
43
efetive o acompanhamento nutricional da mulher por um determinado período após
o parto, a fim de reverter hábitos alimentares inadequados (LACERDA et al, 2007).
Repensar sobre a qualidade da assistência pré-natal no que se refere à
atenção nutricional, faz-se necessário. A adequação da assistência pré-natal
pressupõe a atuação de profissionais de saúde preparados para identificar
gestantes em risco nutricional, através da avaliação do estado nutricional precoce,
assim como realizar orientação nutricional individualizada, buscando a otimização
do estado nutricional materno para o parto e a adequação do peso do recém-
nascido. As orientações devem ser oferecidas de acordo com as possibilidades
econômicas, sociais e culturais de cada paciente, assim como o encaminhamento
das gestantes para programas de assistência social, quando necessário (SANTOS
et al, 2006).
44
5. ARTIGO CIENTÍFICO
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO
Ivie Rezende Fernandes¹; Aldany De Souza Borges²
Aluna do curso de Graduação em Nutrição, Faculdade Redentor¹; Nutricionista,
Especialista em Estratégias de Saúde da Família (Faculdade Redentor) e Nutrição Clínica
(UNIFOA), Docente do curso de Graduação em Nutrição, Faculdade Redentor²
Resumo
A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas nas primeiras semanas são necessárias para regular o metabolismo materno, promovendo o crescimento fetal. A avaliação do peso corporal e o levantamento dos hábitos alimentares durante o pré-natal são estratégias importantes para identificar o estado nutricional gestacional, pois um estado nutricional inadequado causa grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, já que nesse período as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestante. A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece as necessidades de nutrientes neste período e ao longo da gravidez. O acompanhamento nutricional é fundamental para que se estabeleça uma dieta que atenda às necessidades da gestante, visto que suas necessidades mudam conforme o período gestacional em que a gestante se encontra. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da nutrição durante a gestação. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto, como Ministério da Saúde. Percebe-se o quanto a qualidade da assistência pré-natal e o acompanhamento nutricional são indispensáveis, pois trazem benefícios para a saúde materna durante a gestação e o parto, garantindo o bem-estar do recém-nascido.
Palavras-chave: 1.Gestação. 2.Avaliação nutricional. 3.Pré-natal. 4.Estado nutricional. 5. Ganho de
peso gestacional.
Abstract Pregnancy is accompanied by anatomical, physiological and psychological changes that affect almost every organ function of the pregnant woman. The changes observed in the first weeks are needed to regulate maternal metabolism, promoting fetal growth. The evaluation of weight lifting and eating habits during the prenatal period are important strategies to identify the nutritional status during pregnancy, because an inadequate nutritional status has a great impact on the growth and development of the newborn, since this period the nutritional needs are high, physiological adjustments arising from the pregnancy. Nutritional assessment at the beginning of prenatal care is important because it establishes the need for nutrients during this period and throughout pregnancy. The nutritional monitoring is essential in order to establish a diet that meets the needs of pregnant women, as their needs change as the pregnancy where the mother is. The objective of this paper is to show the importance of nutrition during pregnancy. This work was developed through a literature
45
review on the subject by looking at scientific papers published in recent years, books, journals, manuals and websites related to the subject as the Ministry of Health. It can be seen how the quality of prenatal care and nutritional counseling are essential, because they bring benefits to maternal health during pregnancy and childbirth, ensuring the welfare of the newborn.
Keywords: 1.Pregnancy. 2.Nutritional assessment. 3.Prenatal care. 4.Nutritional status. 5.Gestational weight gain.
1 INTRODUÇÃO
A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas
que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas logo
nas primeiras semanas de gestação são necessárias para regular o metabolismo materno,
promover o crescimento fetal e preparar a mãe para o trabalho de parto e lactação. Ocorre,
assim, um aumento da demanda energética que atenda às necessidades requeridas por
essas modificações fisiológicas (ACCIOLY, 2009; ASSUNÇÃO et al, 2007).
A avaliação do peso corporal e o levantamento de hábitos alimentares, durante a
assistência pré-natal, são estratégias importantes para identificar o estado nutricional das
gestantes. Dessa forma, é possível uma orientação nutricional individualizada, que vise
aperfeiçoar o estado nutricional materno, a melhoria das condições maternas para o parto
e a adequação do peso do recém-nascido. (SANTOS et al, 2006; ROCHA et al, 2005).
O acompanhamento nutricional é fundamental antes mesmo da concepção, pois
estabelece uma dieta que atenda às necessidades da gestante. Percebe-se, desse modo,
a importância da avaliação do estado nutricional materno, no início e durante a gestação,
visto que as necessidades nutricionais mudam conforme o trimestre gestacional em que a
gestante se encontra (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
A alimentação tem papel relevante para a saúde dos indivíduos, principalmente
em etapas da vida como a gestação, onde ocorrem intenso processo de formação de
tecidos e grandes transformações orgânicas durante um curto espaço de tempo. Diante
disso, torna-se indispensável a avaliação da condição nutricional das gestantes, afim de
46
lhes oferecer um melhor atendimento e os melhores cuidados possíveis, visando prevenir
doenças e promover a saúde da mãe e do bebê.
Este trabalho objetiva revisar informações disponíveis na literatura acerca da
importância da nutrição durante a gestação através de uma revisão bibliográfica sobre o
tema, consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas,
manuais de sites relacionados ao assunto, como Ministério da Saúde.
AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO A presença dos ajustes fisiológicos da gestação no organismo materno se dá
através dos sinais e sintomas, permitindo, assim, seu diagnóstico. O diagnóstico é
permitido utilizando-se alguns parâmetros, como clínico, hormonal e ultrassonográfico
(ACCIOLY, 2009).
O primeiro trimestre gestacional é marcado por grandes modificações biológicas
devido à intensa divisão celular que ocorre nesse período. A saúde do embrião depende
da condição nutricional pré-gestacional da mãe, tanto no que diz respeito às suas reservas
energéticas quanto no que diz respeito às reservas de vitaminas, minerais e
oligoelementos. O segundo e o terceiro trimestres integram outra fase para a gestante,
onde as condições ambientais exercem influência direta no estado nutricional do feto.
Fatores como ganho de peso adequado, ingestão de nutrientes e estilo de vida são
determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. (VITOLO, 2008).
O esforço para garantir o sucesso de uma gestação representa uma das funções
fundamentais da vida. São aspectos importantes: a saúde da mulher durante a gravidez, a
saúde do concepto, o bem-estar materno para possibilitar a nutrição do recém-nascido e
proteção contra o desenvolvimento de doenças crônicas durante a vida adulta. O período
de crescimento e desenvolvimento intra-uterino é o mais vulnerável do ciclo da vida. Por
isso, faz-se necessário mudanças biológicas e sociais para a efetiva proteção deste
processo fundamental (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL E
GESTACIONAL
Durante a gravidez, aspectos importantes como a nutrição, o peso pré-gestacional
e o ganho de peso materno influenciam os resultados da gestação. O estado nutricional da
mulher antes e durante a gestação é um fator que está associado à ocorrência de
complicações gestacionais, como hipertensão, diabetes, pré-eclâmpsia, prematuridade e
insuficiência cardíaca (BARROS et al, 2008; VITOLO et al, 2011).
O estado nutricional pré-gestacional é um determinante de ganho de peso
insuficiente ou excessivo, sugerindo intervenção precoce no monitoramento dessa variável
durante a gestação. Isso implica numa avaliação criteriosa de peso e estatura e sua
respectiva classificação, no início de pré-natal. As modificações do estado nutricional pré-
gestacional para o gestacional aumentam a prevalência de sobrepeso e obesidade no
decorrer das semanas gestacionais (VITOLO, 2008).
Atualmente, o estado nutricional materno e o ganho de peso gestacional têm sido
foco de vários estudos, principalmente devido ao seu papel determinante sobre os
desfechos gestacionais. O estado nutricional é determinado, principalmente, pela ingestão
de nutrientes. Isso significa que um inadequado aporte energético da gestante pode levar a
uma competição entre a mãe e o feto, limitando, assim, a disponibilidade dos nutrientes
necessários para um adequado crescimento fetal (MELO et al, 2007).
No Brasil, o problema nutricional de maior prevalência é o excesso de peso e não
a desnutrição no período gestacional, com prevalências que variam de 25 a 30%. Estudos
observaram altas proporções de mulheres em idade fértil com excesso de peso e
obesidade, segundo Vitolo et al (2011). Por essa razão, o monitoramento da evolução
ponderal e o aconselhamento nutricional são fundamentais para o controle adequado do
ganho de peso durante a gestação. É necessário o atendimento nutricional não apenas
para gestantes com baixo peso, mas, também, para aquelas com sobrepeso pré-
48
gestacional e risco de ganho de peso durante a gravidez (STULBACH et al, 2007;
NASCIMENTO & SOUZA, 2002).
A avaliação antropométrica objetiva identificar as gestantes com desvio ponderal
no início da gestação; detectar as gestantes com ganho de peso insuficiente ou excessivo
para a idade gestacional em razão do estado nutricional prévio; fornecer base para
elaboração de condutas adequadas, visando melhorar o estado nutricional materno, assim
como suas condições para o parto e as condições ao nascer. Características como fácil
aplicabilidade, baixo custo e caráter pouco invasivo reforçam o quanto a antropometria é
importante na avaliação do estado nutricional de gestantes (ACCIOLY, 2009; PADILHA et
al, 2007).
O Ministério da Saúde (MS) recomenda a utilização do método de Atalah et al
(1997), pois este permite a avaliação nutricional de gestantes das quais não se conhece o
peso pré-gestacional, empregando a avaliação do IMC segundo a idade gestacional, como
mostra o quadro 1 a seguir (SAUNDERS, 2011) :
49
Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional
Semana gestacional
Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade
IMC ≤ IMC entre IMC entre IMC ≥
6 19,9 20,0 - 24,9 25,0 - 30,0 30,1
8 20,1 20,2 - 25,0 25,1 - 30,1 30,2
10 20,2 20,3 - 25,2 25,3 - 30,2 30,3
11 20,3 20,4 - 25,3 25,4 - 30,3 30,4
12 20,4 20,5 - 25,4 25,5 - 30,3 30,4
13 20,6 20,7 - 25,6 25,7 - 30,4 30,5
14 20,7 20,8 - 25,7 25,8 - 30,5 30,6
15 20,8 20,9 - 25,8 25,9 - 30,6 30,7
16 21 21,1 - 25,9 26,0 - 30,7 30,8
17 21,1 21,2 - 26,0 26,1 - 30,8 30,9
18 21,2 21,3 - 26,1 26,2 - 30,9 31
19 21,4 21,5 - 26,2 26,3 - 30,9 31
20 21,5 21,6 - 26,3 26,4 - 31,0 31,1
21 21,7 21,8 - 26,4 26,5 - 31,1 31,2
22 21,8 21,9 - 26,6 26,7 - 31,2 31,3
23 22 22,1 - 26,8 26,9 - 31,3 31,4
24 22,2 22,3 - 26,9 27,0 - 31,5 31,6
25 22,4 22,5 - 27,0 27,1 - 31,6 31,7
26 22,6 22,7 - 27,2 27,3 - 31,7 31,8
27 22,7 22,8 - 27,3 27,4 - 31,8 31,9
28 22,9 23,0 - 27,5 27,6 - 31,9 32
29 23,1 23,2 - 27,6 27,7 - 32,0 32,1
30 23,3 23,4 - 27,8 27,9 - 32,1 32,2
31 23,4 23,5 - 27,9 28,0 - 32,2 32,3
32 23,6 23,7 - 28,0 28,1 - 32,3 32,4
33 23,8 23,9 - 28,1 28,2 - 32,4 32,5
34 23,9 24,0 - 28,3 28,4 - 32,5 32,6
35 24,1 24,2 - 28,4 28,5 - 32,6 32,7
36 24,2 24,3 - 28,5 28,6 - 32,7 32,8
37 24,4 24,5 - 28,7 28,8 - 32,8 32,9
38 24,5 24,6 - 28,8 28,9 - 32,9 33
39 24,7 24,8 - 28,9 29,0 - 33,0 33,1
40 24,9 25,0 - 29,1 29,2 - 33,1 33,2
41 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3
42 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3
Fonte: (ATALAH et al, 1997).
O alto índice de mulheres em idade reprodutiva com desvio ponderal reforça a
importância da avaliação nutricional antes e durante a gestação, e enfatiza a importância
do estilo de vida saudável, em que a orientação nutricional deve favorecer o estado
nutricional adequado, minimizando os riscos de intercorrências gestacionais. Isso
50
contribuirá para a redução das taxas de morbimortalidade no que diz respeito ao binômio
mãe-filho (PADILHA et al, 2009).
Diante disso, faz-se necessária a utilização de trabalhos práticos de orientação
nutricional. Programas de pré-natal coletivo das equipes de saúde, para melhoria na
qualidade de vida das gestantes devem valorizar a importância dos aspectos nutricionais,
comportamentais, com um estilo de vida ativo ou moderadamente ativo durante a gravidez
(LEMOS et al, 2010).
GANHO DE PESO GESTACIONAL
A assistência pré-natal no Brasil inclui o acompanhamento e o monitoramento do
ganho de peso gestacional, prevendo orientações nutricionais voltadas às mulheres no
período que vai da gravidez à amamentação. (BAIÃO & DESLANDES, 2006).
Kac & Meléndez (2005) afirmam que um ganho de peso adequado durante a
gestação está associado a um desfecho fetal satisfatório. O crescimento fetal normal é
uma função positiva do ganho de peso gestacional, modificado pelo estado nutricional pré-
gestacional.
Iniciar o período gestacional com sobrepeso ou obesidade, assim como o ganho
de peso excessivo nesse período são fatores de risco importantes para uma série de
complicações, principalmente no final da gestação. A prevalência de diabetes e
hipertensão aumenta de duas a seis vezes em mulheres com sobrepeso. Além de
contribuir para a obesidade, o excesso de peso está associado a complicações como
hemorragias, macrossomia fetal, baixo peso ao nascer e mortalidade infantil (VITOLO,
2008).
As mudanças comportamentais que influenciam a saúde materna, como alimentos
industrializados e fastfoods, têm sido identificados como facilitadoras para o ganho de peso
gestacional excessivo, repercutindo diretamente na saúde da gestante. Identificar
precocemente a inadequação do estado nutricional das gestantes contribui para uma
51
intervenção oportuna, resultando positivamente nas condições de nascimento da criança e
minimizando as taxas de mortalidade perinatal e neonatal (BARROS et al, 2008).
Para avaliar o estado nutricional durante a gestação, a avaliação antropométrica é
recomendada, por ser um método rápido. A partir do conhecimento do peso pré-
gestacional e da altura, calcula-se o IMC, classificando a gestante em baixo peso, normal,
sobrepeso e obesa. Para mulheres com sobrepeso, foram recomendados, pelo Institute of
Medicine (IOM), os ganhos de peso de 7 a 11,5 Kg, como mostra o quadro 2 abaixo. Em
mulheres com o peso normal, um ganho de peso de 11,5 a 16 Kg durante a gestação está
associado a um ótimo resultado (LEMOS et al, 2010).
Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional inicial
Estado nutricional (IMC)
Ganho de peso total (Kg) no 1°
trimestre
Ganho de peso semanal médio (Kg) no 2° e 3° trimestres
Ganho de peso total (Kg)
Baixo peso 2,3 0,5 12,5 - 18,0
Adequado 1,6 0,4 11,5 - 16,0
Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 - 11,5
Obesidade - 0,3 7
Fonte: (BRASIL, 2006).
Saunders et al (2011) alegam que existem diferentes fatores que determinam o
ganho de peso gestacional insuficiente e excessivo. Estes podem ser identificados no
início da gestação e têm ligação com o resultado obstétrico inadequado, daí a importância
do início precoce da assistência nutricional pré-natal. A mudança de estilo de vida melhora
os hábitos alimentares de gestantes obesas. Uma melhor adesão às orientações prestadas
nas consultas com o nutricionista melhora a adequação do ganho de peso gestacional
total, diminuindo assim o risco de complicações gestacionais.
Estudo realizado na Califórnia verificou que mulheres que ganharam menos peso
durante a gestação apresentaram maior risco de ter filhos com defeito do tubo neural
(DTN), alertando quanto à importância do ganho de peso adequado durante a gestação
(VITOLO, 2008).
52
O baixo peso materno e as carências específicas de nutrientes podem resultar em
baixo peso ao nascer. O ganho de peso materno pode ser controlado durante a assistência
pré-natal, possibilitando a recuperação das gestantes desnutridas, diminuindo
consideravelmente o risco de nascimento de crianças com baixo peso (BAIÃO &
DESLANDES, 2006; GUERRA et al, 2007).
A gestante que não possui uma alimentação nutricionalmente adequada ou que
apresenta baixo peso pré-gestacional certamente inicia a gestação com as reservas
limitadas ou ausentes, aumentando riscos de baixo peso ao nascer e prematuridade. Neste
caso, a intervenção nutricional precoce é essencial, pois exerce uma influência positiva
sobre este prognóstico (GUERRA et al, 2007).
Identificar precocemente gestantes com estado nutricional inadequado permite
uma melhora no estado nutricional materno, minimizando as taxas de morbimortalidade
perinatal e neonatal. Diante disso, percebe-se que a ciência da Nutrição se ocupa em
adequar as recomendações nutricionais às necessidades de nutrientes dos indivíduos nas
diversas fases do ciclo da vida, mesmo em estados fisiológicos de grande importância, sob
o ponto de vista nutricional, como a gestação (ROCHA et al, 2005; BAIÃO & DESLANDES,
2006).
A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL
Os hábitos e preferências alimentares e o estilo de vida das gestantes tornam
esse período particularmente vulnerável aos distúrbios nutricionais. Horários irregulares,
alimentação fora de casa, omissão do desjejum, substituição de grandes refeições por
fastfoods e mudanças do estilo alimentar são fatores que contribuem para a inadequação
alimentar (SAUNDERS et al, 2009).
Dentre os hábitos que promovem o ganho de peso excessivo na gestação
encontram-se a ingestão elevada de bebidas com adição de açúcar e de alimentos
altamente energéticos. Esses, geralmente, são alimentos pobres em fibras, micronutrientes
53
e água e com alto teor de gordura e açúcar. Alimentos como doces, chocolates, carne
processada, refrigerantes, entre outros, estão relacionados com o aumento do ganho de
peso ao final da gravidez (MARTINS & BENICIO, 2011).
A pica ou picamalácia é uma desordem alimentar comum na gestação e refere-se
ao gosto por alimentos estranhos, condimentos raros ou substâncias estranhas como a
pagofagia (ingestão de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou barro), a amilofagia
(ingestão de goma de lavanderia), o consumo de combinações atípicas e de frutas verdes.
A prática de pica pode estar associada à anemia, à constipação, a infecções parasitárias, à
toxoplasmose, a distúrbios específicos da gravidez e a interferências na absorção de
nutrientes. Seus efeitos podem estar associados ao parto prematuro, ao baixo peso ao
nascer, a irritabilidade do neonato, a exposição fetal a substâncias químicas, podendo
aumentar o risco de morte perinatal (SAUNDERS et al, 2009).
A ingestão de cafeína também deve ser moderada durante o período gestacional,
visto que seu consumo excessivo pode causar riscos de aborto espontâneo, má formações
congênitas, baixo peso ao nascer, prematuridade ou retardo de crescimento intra-uterino.
É importante que a gestante esteja informada sobre os produtos que contenham cafeína,
como café, chás, refrigerantes à base de cola e chocolates, diminuindo, portanto, sua
ingestão (ACCIOLY, 2009).
Durante a gestação, o atendimento das demandas nutricionais maternas
influencia no adequado ganho ponderal gestacional e no resultado obstétrico que se
expressa no peso ao nascer. Alimentação e estilo de vida saudáveis são estratégias que
inspiram ações voltadas à política de segurança alimentar e nutricional e à prevenção de
agravos à saúde da população materno-infantil, a fim de prevenir os agravos advindos da
alimentação inadequada nesse ciclo da vida (BRASIL, 2006).
Demétrio (2010) desenvolveu um modelo de orientação no formato de pirâmide
alimentar adaptado para gestantes, voltado para a educação alimentar e nutricional. Esse
modelo é baseado nas recomendações da FAO/OMS acerca da distribuição percentual
dos seguintes macronutrientes: 55% a 75% de carboidratos, sendo recomendado até 10%
54
para sacarose e 25g/dia para fibras; 10% a 15% de proteínas; 15% a 30% de lipídeos,
sendo o colesterol < 300mg/dia, ácidos graxos saturados < 10%, poliinsaturados até 10%,
monoinsaturados em torno de 10% a 15% e trans < 1%. A classificação adotada em
relação aos lipídeos é preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pirâmide alimentar é dividida em quatro níveis e os alimentos estão organizados
em oito grupos alimentares: Primeiro nível (constituído pelo grupo de cereais, raízes e
tubérculos); segundo nível (constituído pelo grupo de legumes, verduras e frutas); terceiro
nível (constituído pelo grupo do leite e derivados, carnes e ovos e leguminosas); quarto
nível (constituído pelo grupo de óleos e gorduras e açúcares e doces). Tais grupos foram
porcionados de acordo com as necessidades energéticas determinadas para o primeiro,
segundo e terceiro trimestres gestacionais, como mostra o quadro 3 abaixo (DEMÉTRIO,
2010):
Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado para gestantes
Alimentos N° porções 1° trimestre
N° porções 2° e 3° trimestres
Cereais, raízes e tubérculos
5 6 ½
Frutas 4 ½ 4 ½
Legumes e verduras 5 5
Leite e derivados 3 3
Carnes e ovos 1 ½ 1 ½
Leguminosas 1 1
Óleos e gorduras 2 2 ½
Açúcares e doces 1 1
Fonte: (DEMÉTRIO, 2010 adaptado).
A recomendação do grupo de óleos e gorduras no 2º e 3º trimestres de gestação
é maior do que a preconizada pelo Guia Alimentar, pois nesse período há modificações no
metabolismo de energia da gestante, assim como diminuição da demanda de glicose e
aumento da utilização de ácidos graxos como fonte de energia. A ingestão dietética de
ácidos graxos poliinsaturados e monoinsaturados deve ser maior em detrimento dos
saturados e trans, visto que o consumo aumentado durante a gestação está associado ao
55
risco elevado de pré-eclâmpsia, retardo do crescimento intra-uterino e baixo peso ao
nascer (REZENDE & MONTENEGRO, 2003).
As deficiências de micronutrientes como vitamina A, ferro e zinco ocasionam
diversos agravos à saúde dos indivíduos, visto que esses nutrientes atuam na manutenção
de diversas funções orgânicas vitais, como crescimento, reprodução e função imune.
Durante o período gestacional, a deficiência de micronutrientes pode trazer conseqüências
adversas para a saúde das gestantes e para o desenvolvimento fetal (SILVA et al, 2007).
A proporção de nutrientes destinados ao feto pode depender da composição
dietética da gestante. A ingestão diária inadequada para diferentes componentes da dieta
durante a gestação está relacionada com a morbimortalidade materno-fetal. Deficiências
de zinco, ferro, ácido fólico e iodo estão associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-
eclâmpsia, parto prematuro e bebês com baixo peso (LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Vitamina A
A vitamina A tem papel de destaque na visão, na reprodução, no desenvolvimento
fetal, na função imune, na manutenção do tecido esquelético e na manutenção da
placenta. A ingestão, tanto deficiente quanto excessiva da vitamina A, está associada a
defeitos congênitos, podendo provocar morte fetal e abortos espontâneos. Os abortos,
independentemente do tipo (provocado ou não), podem estar associados à maior risco de
cegueira noturna gestacional, devendo ser investigada na avaliação nutricional da gestante
(ACCIOLY, 2009).
O Ministério da Saúde (MS) criou, em maio de 2005, o Programa Nacional de
Suplementação de Vitamina A, intitulado Vitamina A Mais, com o objetivo de reduzir e
controlar a Deficiência de Vitamina A (DVA). O programa prevê a suplementação com dose
única de 200.000 UI de vitamina A para as mulheres no pós-parto imediato ainda na
maternidade (BRASIL, 2006).
Alimentos-fonte: fígado de boi, azeite de dendê, leite e derivados integrais,
queijos amarelos, vegetais folhosos verde-escuros, hortaliças, frutas amarelo-alaranjadas.
56
Ferro
Participa na distribuição de oxigênio a partir do pulmão para os tecidos corporais e
na produção celular de energia. É um mineral necessário para a reposição das perdas
sangüíneas durante o parto, podendo esta perda ser aumentada, caso o parto seja
cesárea (SILVA et al, 2007; ACCIOLY, 2009).
A OMS recomenda, na ausência de anemia, a suplementação de 40 mg de
ferro/dia e 5 mg de ácido fólico a partir da 20ª semana gestacional, devido à maior
intolerância digestiva no início da gestação. Recomenda-se a ingestão uma hora antes das
refeições. No diagnóstico de anemia leve a moderada, a suplementação é de 120 a 240
mg de ferro/dia, via oral, uma hora antes das refeições (BRASIL, 2006).
Alimentos-fonte: fígado de boi, carnes, ovos, vegetais verde-escuros,
leguminosas.
Vitamina C (ácido ascórbico)
O adequado aporte desta vitamina durante a gestação está relacionado com a
prevenção de ruptura prematura da membrana plasmática e com uma melhor resposta às
infecções. A vitamina C possui ação antioxidante, atua na síntese de colágeno e na
redução do ferro férrico a ferroso, facilitando sua absorção e contribuindo para a prevenção
e tratamento de anemia (ACCIOLY, 2009; VITOLO, 2008 ;LUCYK & FURUMOTO, 2008).
Alimentos-fonte: frutas cítricas, acerola, goiaba, morango, manga, tomate,
couve-flor, brócolis.
Ácido fólico
Tendo em vista o papel do ácido fólico na divisão celular e na síntese protéica,
assim como na síntese de DNA, sua deficiência causa defeitos no fechamento do tubo
neural, processo essencial para a formação da calota craniana e da coluna vertebral no
feto. Dentre os DTN, 90% dos casos estão relacionados com a anencefalia e a espinha
bífida. Por isso, um consumo adequado de ácido fólico na gestação é importante e deve
ser feito antes do fechamento do tubo neural, o qual ocorre entre o 26° e 27° dia de vida
embrionária (ACCIOLY, 2009; LUCYK & FURUMOTO, 2008).
57
O MS recomenda a administração oral preventiva de ácido fólico no período pré-
gestacional e para a prevenção de DTN, especialmente nas mulheres com antecedentes
de malformações, na dosagem de 5 mg/dia, no período de 60 a 90 dias antes da
concepção (BRASIL, 2006).
Alimentos-fonte: levedo de cerveja, fígado de boi, folhosos, leguminosas,
gérmen de trigo, suco de laranja.
Vitamina D
A vitamina D é essencial para a saúde da gestante e da criança. A produção diária
de vitamina D na pele atinge seu ponto máximo após cerca de 30 minutos de exposição à
luz solar (VITOLO, 2008).
Alimentos-fonte: óleo de fígado de bacalhau, peixes gordurosos, fígado de
frango, gema de ovo, laticínios, margarinas enriquecidas.
Cálcio
Segundo Vitolo (2008), a deficiência ou distúrbios no metabolismo de cálcio está
associada a câimbras nas pernas, prejuízos no desenvolvimento e crescimento fetal, na
pressão arterial, contrações uterinas prematuras e, conseqüentemente, parto prematuro.
Alimentos-fonte: leite e derivados, sardinha, ostras, salmão, feijão-soja.
Zinco
Alguns fatores interferem na biodisponibilidade do zinco. Dieta rica em alimentos
integrais e fitatos, suplementação elevada de ferro, uso do cigarro e do álcool e o stress
causado por infecção ou trauma podem diminuir a concentração plasmática materna de
zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Nesses casos, as gestantes devem
receber suplementação de zinco, com o intuito de minimizar o risco de complicações
associadas à sua deficiência (SILVA et al, 2007).
Alimentos-fonte: carnes, leite e derivados, ostras, mariscos, fígado, queijos,
cereais integrais, leguminosas, nozes.
58
Iodo
O iodo é um elemento essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos T₃, T₄ e
TSH. Sua importância nutricional se deve ao importante papel desempenhado pelos
hormônios da tireóide no crescimento e desenvolvimento humano, principalmente nos
períodos que vão da concepção até os 2 anos de idade. Como o cérebro continua a
crescer rapidamente até o fim do segundo ano de vida, o hormônio tireoidiano é essencial
para o desenvolvimento cerebral normal. A deficiência de iodo sobre o crescimento e
desenvolvimento é denominada Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI) (ACCIOLY, 2009).
Alimentos-fonte: fígado, rins, frutos do mar, cereais, cogumelos, alho.
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DURANTE O PRÉ-
NATAL
Para o sucesso da assistência pré-natal, são necessários a participação da equipe
inter e multidisciplinar, o cuidado pré-natal qualificado, humanizado e precoce, além da
garantia da assistência de qualidade ao longo da gestação. No Brasil, a avaliação pré-
concepcional e a atenção ao planejamento familiar fazem parte das ações oferecidas às
mulheres na saúde reprodutiva, contribuindo para a melhoria da saúde da mulher e
redução de morbimortalidade materna e infantil (ACCIOLY, 2009).
O acompanhamento nutricional adequado, resultante da associação ‘alimentação
equilibrada e ganho de peso dentro das faixas de normalidade’, pode contribuir para a
diminuição da morbimortalidade materno-infantil. Isso significa que um acompanhamento
eficiente durante a gestação e atendimento nutricional contribuem para o ganho ponderal
adequado ao final da gravidez, reduzindo, assim, os riscos obstétricos e de obesidade pós-
parto (PADILHA et al, 2010; LEMOS et al, 2010).
O pré-natal é um momento importante de compreensão de informações que
podem contribuir para melhores resultados na dieta alimentar e da gestação. Hábitos
alimentares saudáveis, conhecimentos sobre alimentação e nutrição interferem na escolha
59
e na composição da alimentação diária, auxiliando as gestantes na seleção de alimentos
compatíveis com seu estado fisiológico (BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO,
2003).
Esforços devem ser feitos para que o aconselhamento nutricional para todas as
gestantes durante a assistência pré-natal seja realizado com sucesso, visando melhorar a
qualidade da dieta durante a gestação. É necessário que se efetive o acompanhamento
nutricional da mulher por um determinado período após o parto, a fim de reverter hábitos
alimentares inadequados (LACERDA et al, 2007).
Repensar sobre a qualidade da assistência pré-natal no que se refere à atenção
nutricional, faz-se necessário. A adequação da assistência pré-natal pressupõe a atuação
de profissionais de saúde preparados para identificar gestantes em risco nutricional,
através da avaliação do estado nutricional precoce, assim como realizar orientação
nutricional individualizada, buscando a otimização do estado nutricional materno para o
parto e a adequação do peso do recém-nascido. As orientações devem ser oferecidas de
acordo com as possibilidades econômicas, sociais e culturais de cada paciente, assim
como o encaminhamento das gestantes para programas de assistência social, quando
necessário (SANTOS et al, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando uma mulher descobre que está grávida, um misto de emoções e anseios
começam a fazer parte da sua rotina. A mulher passa a se preocupar mais com a sua
saúde, já que uma gestação saudável trará benefícios não só para si mesma, mas também
para outra vida que se inicia. A preocupação em manter uma alimentação saudável, em
manter o peso o mais próximo do recomendado e os cuidados com possíveis
intercorrências devem acompanhá-la durante todo o período gestacional.
O acompanhamento durante o pré-natal é indispensável para que a gestação
evolua da maneira mais tranqüila e satisfatória possível. Hábitos alimentares saudáveis e
60
conhecimento sobre alimentação e nutrição vão ajudar as gestantes na seleção de
alimentos compatíveis com seu estado fisiológico. Por isso, é importante esclarecer sobre
os benefícios da alimentação equilibrada para um ganho de peso adequado, enfatizando
sobre os perigos do consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, que podem levar
a gestante a desenvolver complicações como anemia, obesidade, desnutrição, hipertensão
e diabetes, entre outros.
É papel do nutricionista informar, orientar e acompanhar a gestante durante e
após a gestação, garantindo assim uma assistência adequada e de qualidade, buscando
prepará-la, da melhor maneira possível, para o momento do parto e para o período da
lactação. Os cuidados durante o pré-natal são a garantia de uma assistência de qualidade
ao longo da gestação, melhorando a saúde da mulher e reduzindo os riscos de
morbimortalidade materna e infantil.
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