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FACULDADE MERIDIONAL – IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Miriam Zilli

Centro de Treinamento e Formação de Atletas

Passo Fundo 2016

Miriam Zilli


Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar do Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da professora Me. ANICOLI ROMANINI.

Passo Fundo 2016

Miriam Zilli


Banca Examinadora:

Profª. Me. Anicoli Romanini – Orientadora

Profª. Me. Renata Postay - Integrante

Passo Fundo 2016

iii

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, а Deus, pela força е coragem durante esta

caminhada.

Aos meus pais que, com muito carinho е apoio não mediram esforços para qυе еυ

chegasse até aqui.

Ao meu namorado Gabriel, pela paciência, pelo amor, companheirismo е por sua

capacidade de me trazer paz na correria de cada semestre.

Aos meus amigos, que são muitos e que lembro com muito carinho de cada um.

Minhas “famílias” em Caxias do Sul, Tassi (mais tarde em Passo Fundo também),

Mari, Moema e Pati, nunca vou esquecer da amizade, dedicação e do amor, há um

laço muito forte entre nós que vamos preservar sempre!

A minha orientadora linda, professora Anicoli, obrigada pela disposição, pela

competência e por ter se tornado também uma grande amiga.

Agradeço aos colegas de curso e agora amigos que estiveram comigo em momentos

de descontração, de angustias e conquistas, agradeço também a esta Instituição e

aos professores do curso que fizeram parte da minha trajetória acadêmica.

Enfim, agradeço a todos que torceram e contribuíram de uma forma ou de outra para

que este sonho pudesse se tornar realidade.

iv

Dedicatória

A Deus, pela força que me guiou em um ano de tantas

turbulências. Dedico este trabalho ao meu irmão Moisés

Zilli (in memoriam), meu anjo protetor, que de onde

estiver continua cuidando de mim e me mostrando que

posso ir além. Este trabalho é por você e para você.

Saudades sem fim. Amo-te eternamente.

v

Resumo

O projeto do Centro de Treinamento e Formação de Atletas propõe um local para os times de futebol passarem as chamadas pré-temporadas e, além disso, contará com a formação de atletas, que nada mais é uma forma de aproximação de jovens de todas as classes sociais. Para desenvolver este trabalho foram realizados diversos estudos de caso para entender como funcionam as instalações deste tipo, após esta etapa, foram feitos levantamentos do entorno e do terreno, explorando suas potencialidades e observando a infraestrutura existente, um levantamento topográfico também foi efetuado e a partir deste ponto foram definidos os melhores locais para a implantação dos campos de futebol e das edificações. Também empreendido um breve estudo histórico sobre o tema, num contexto mundial, a nível de Brasil e de cidade. Após todas estas análises, realizou-se algumas propostas de zoneamento e fluxos. Palavras-chave: centro de treinamento, futebol, formação de atletas.

Abstract The design of the Training Center and Training of Athletes offers a location for the football teams spend the summers calls and, in addition, will include the training of athletes, which is nothing but an approach to young people of all social classes. To develop this work were conducted several case studies to understand how to operate the facilities of this kind, after this step, surveys were made of the surroundings and terrain, exploring their potentialities and observing the existing infrastructure, a survey was also carried out and from that point on were defined the best locations for the deployment of the soccer fields and buildings. Also undertaken a brief historic study on the topic, in a global context, the Brazil and city level. After all this analysis, if some zoning proposals and streams. Keywords: football training center, training of athletes.

vi

LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Mapeamento das escolas. ...................................................................... 3 Figura 02 – Imagem aérea do projeto. ...................................................................... 8 Figura 03 – Imagem ilustrada da implantação. .......................................................... 9 Figura 04 – Vista dos campos. .................................................................................. 9 Figura 05 – Vista externa. ......................................................................................... 9 Figura 06 – Fachada do edifício. ............................................................................. 10 Figura 07 – Planta baixa do térreo e 1° pavimento. ................................................. 10 Figura 08 – Planta baixa 2º pavimento e cobertura. ................................................ 11 Figura 09 – Projeto 3D dos fluxos. .......................................................................... 11 Figura 10 – Imagem aérea do projeto. .................................................................... 12 Figura 11 – Implantação ilustrada. .......................................................................... 12 Figura 12 – Planta baixa do pavimento térreo. ........................................................ 13 Figura 13 – Fachada frontal. ................................................................................... 14 Figura 14 – Facada e Corte CC............................................................................... 14 Figura 15 – Implantação do CT. .............................................................................. 15 Figura 16 – Vista externa. ....................................................................................... 16 Figura 17 – Imagem aérea do projeto. .................................................................... 16 Figura 18 – Planta baixa do térreo. ......................................................................... 17 Figura 19 – Planta baixa do 1º e 2° pavimento. ....................................................... 18 Figura 20 – Vista externa do edifício. ...................................................................... 19 Figura 21 – Vista do pórtico de entrada. .................................................................. 19 Figura 22 – Corte longitudinal. ................................................................................ 19 Figura 23 – Vista externa do edifício. ...................................................................... 19 Figura 24 – Implantação do CT Luiz Carvalho. ........................................................ 21 Figura 25 – Vista externa do edifício com elevação. ................................................ 21 Figura 26 – Vista interna. ........................................................................................ 22 Figura 27 – Vista externa uso de painéis metálicos. ................................................ 22 Figura 28 – Localização Brasil – Rio Grande do Sul................................................ 23 Figura 29 – Mapa de localização. ............................................................................ 24 Figura 30 – Mapa Nolli. Cheios e vazios. ................................................................ 25 Figura 31 – Mapa vias gerais. ................................................................................. 26 Figura 32 – Mapa vias locais. .................................................................................. 27 Figura 33 – Passeio público. ................................................................................... 27 Figura 34 – Cortes das vias principal e local, respectivamente ............................... 28 Figura 35 – Uso do solo no raio de 500m. ............................................................... 29 Figura 36 – Infraestrutura local. ............................................................................... 30 Figura 37 – Área de implantação com raio de 500m. .............................................. 31 Figura 38 – Visuais do terreno. ............................................................................... 31 Figura 39 – Vista aérea. .......................................................................................... 32 Figura 40– Mapa do terreno. ................................................................................... 32 Figura 41 – Zoneamento definido pelo Plano Diretor............................................... 33 Figura 42 – Tabela de classificação do zoneamento. .............................................. 33 Figura 43 – Manipulação da forma. ......................................................................... 35 Figura 44 – Goleira.................................................................................................. 36 Figura 45 – Movimento da bola. .............................................................................. 36 Figura 46 – Organograma prédio principal. ............................................................. 40 Figura 47 – Organograma prédio secundário. ......................................................... 40 Figura 48 – Fluxo prédio principal. .......................................................................... 41 Figura 49 – Fluxo prédio alojamento. ...................................................................... 41 Figura 50 – Zoneamento 01. ................................................................................... 44 Figura 51 – Zoneamento 02. ................................................................................... 45 Figura 52 – Zoneamento 03. ................................................................................... 46

vii

LISTA TABELAS Tabela 1 – Quadro de áreas .................................................................................... 20 Tabela 2 – Diretrizes ............................................................................................... 38 Tabela 3 – Programa de necessidades ................................................................... 39 Tabela 4 – Pré-dimensionamento............................................................................ 42

viii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

1.1 Justificativa ................................................................................................. 1

1.2 Objetivos ..................................................................................................... 1

1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 1

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 2

1.3 Delimitação do Tema .................................................................................. 2

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 4

2.1 Os Esportes ................................................................................................ 4

2.2 O Futebol .................................................................................................... 5

2.3 Os Centros de Treinamento ........................................................................ 7

2.4 ESTUDOS DE CASO .................................................................................. 8

2.4.1 Estudo de caso nº 01 ................................................................................ 8

2.4.2 Estudo de caso nº 02 .............................................................................. 12

2.4.3 Estudo de caso nº 03 .............................................................................. 16

2.4.4 Estudo de caso nº 04 .............................................................................. 20

2.5 Considerações .......................................................................................... 22

3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ............................................. 23

3.1 Diagnóstico da Área de Implantação ......................................................... 23

3.1.1 Contextualização Regional ................................................................. 23

3.1.2 Mapa Nolli .......................................................................................... 24

3.1.3 Infraestrutura: Sistema Viário ............................................................. 25

3.1.4 Uso e Ocupação do Solo ................................................................... 28

3.1.5 Mapa de Infraestrutura Urbana (geral) ............................................... 30

3.2 Área de Implantação ................................................................................. 31

3.3 Síntese da Legislação geral e específica do tema..................................... 33

3.3.1 Plano Diretor ...................................................................................... 33

3.3.2 Código de Obras ................................................................................ 34

3.3.3 Normatização Específica.................................................................... 34

3.3.4 NBR 9050 .......................................................................................... 34

3.3.5 NBR 9077 .......................................................................................... 34

4 CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO .................................................... 35

4.1 Conceito da proposta ................................................................................ 35

4.2 Carta de intenções .................................................................................... 36

4.3 Diretrizes de projeto .................................................................................. 37

4.4 Diretrizes urbanas propostas .................................................................... 38

5 PARTIDO GERAL ........................................................................................... 39

ix

5.1 Programa de Necessidades do projeto ..................................................... 39

5.2 Organograma ............................................................................................ 40

5.3 Fluxograma ............................................................................................... 41

5.4 Pré-Dimensionamento .............................................................................. 42

5.5 Partido geral – Zoneamento ...................................................................... 44

Referências ............................................................................................................ 48

1

1 INTRODUÇÃO

O trabalho aqui apresentado propõe a criação de um Centro de Treinamento e

Formação de Atletas que visa expandir o esporte na cidade de Passo Fundo e também

na região Norte do Rio Grande do Sul. Isso porque os grandes times de futebol

procuram a tranquilidade das cidades pequenas para passarem as chamadas “pré-

temporadas”, enquanto buscam desenvolver um bom trabalho técnico. Além disso, a

formação de atletas é uma forma de aproximar jovens de todas as classes sociais,

permitindo que estes tenham um maior conhecimento sobre o futebol brasileiro,

através da oportunidade de treinarem em um CT, se tornarem um jogador e serem

lançados no mercado.

O local de implantação do complexo será no Loteamento Santa Rita, próximo

ao Parque da Roselândia, na cidade de Passo Fundo/RS.

1.1 JUSTIFICATIVA

Justifica-se o desenvolvimento do projeto de um Centro de Treinamento e

Formação de Atletas visto a falta de espaço para o público em geral, mas

principalmente para as crianças e adolescentes praticarem a chamada “paixão

nacional”.

Quando nos vem à cabeça um local para jogar futebol, logo se pensa nas quadras

das escolas ou em praças, porém estes locais nem sempre podem ser frequentados

por serem abertos, que em dias de chuva acabam virando lamaçais, ficando

impossibilitados de receberem qualquer tipo de atividade física. Falta também a

oportunidade de interação entre as classes sociais e a procura dos times do RS por

cidades mais “calmas”, longe de grandes centros onde possam se concentrar para

obter um melhor resultado nas competições.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Criar de um Centro de Treinamento e Formação de Atletas para os times da

região Norte do RS desenvolverem um bom trabalho, integrar e se preparar

fisicamente para os campeonatos na cidade de Passo Fundo.

2

1.2.2 Objetivos Específicos

Desenvolver uma área de treinamento que possuirá uma quadra poliesportiva

coberta, campos semioficiais, piscina coberta, vestiário, banheiros para o

público.

Conceber um campo de futebol com medidas oficiais e arquibancada para

receber jogos e treinos.

Criar uma área administrativa e uma área de serviços para o centro de

treinamento;

Elaborar uma área médica que contará com espaços para fisioterapia,

nutrição, enfermaria, entre outras áreas;

Projetar um local para hospedagem dos jogadores e comissão técnica que irão

utilizar o CT;

1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Desenvolver um Centro de Treinamentos e formação de atletas com um espaço

para treinamento de times e das crianças incluídas no “PROGRAMA KITA”.

O Programa Kita1 visa incluir as crianças de diversas classes sociais que não

possuem acesso a escolas de ensino em futebol, num plano onde meninos de todas

as escolas estaduais e municipais, com boas notas e frequência escolar alta, possam

praticar o futebol e receber atendimento especializado quanto ao desenvolvimento

físico e emocional e promover a socialização de crianças de diversas faixas etárias.

Na Figura 01 é possível observar o mapeamento de todas as escolas estaduais

e municipais de Passo Fundo. Todas farão parte do CT e a escolha dos alunos ficará

a critério de cada instituição, sendo exigido ao mínimo os quesitos listados acima.

1 O Programa Kita é uma proposta do trabalho em homenagem ao jogador Kita,grande nome do futebol no estado do Rio Grande do Sul, o jogador faleceu em outubro de 2015, vítima de um câncer. Será melhor explicado no item 2.2.

3

Figura 01 – Mapeamento das escolas. Fonte: Google Earth, 2016. Imagem adaptada pela autora.

4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 OS ESPORTES

O esporte é considerado um dos fenômenos mais importantes da transição dos

séculos. Desde que surgiu até a atualidade, o esporte passou por uma evolução, para

Tubino, Garrido e Tubino (2006), o Esporte, no seu foco histórico, deve ser dividido

em: Esporte Antigo, Esporte Moderno e Esporte Contemporâneo. Desde a

Antiguidade até a metade do século XIX, ocorreu o Esporte Antigo. Após 1820 tem-

se a era do Esporte Moderno que foi concebida pelo inglês Thomas Arnold, a partir

deste ano iniciaram a institucionalizar as práticas esportivas através de regras e

entidades. Na década de 1980 tem-se início a era do Esporte Contemporâneo.

Segundo Diem (1966), a história do esporte é íntima da cultura humana, em que

os povos tiveram, em cada época, seus esportes, que foram a essência de cada povo.

Com base também em Diem, Ueberhost (1973), justificou a origem do esporte pela

busca do conhecimento do homem sobre o próprio homem na sua natureza, sua vida

pessoal e comunitária.

A prática esportiva vem ganhando espaço na atualidade e desperta a atenção

de variados ramos científicos. Nessa linha de pensamento Tubino; Garrido; Tubino,

2006 afirmam que o esporte é:

Fenômeno sociocultural, cuja prática é considerada direito de todos, e que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição o seu elemento essencial, o qual deve contribuir para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o que pode torná-lo um dos meios mais eficazes para a comunidade humana (TUBINO; GARRIDO; TUBINO, 2006, p. 37).

A arquitetura acompanha a rica evolução dos esportes e assim tenta oferecer

sua contribuição. As grandes competições esportivas como Jogos Olímpicos e Copas

do Mundo, hoje são um fenômeno mundial em crescimento constante. Há também a

presença de competições menores espalhadas pelo mundo, que, no entanto, também

atingem um alto número de público. Observa-se que há uma grande rede espalhada

que utiliza milhares de equipamentos esportivos, isso faz com que o esporte atue

diretamente na cultura de cidades e países.

Os espaços destinados para a prática de esportes dentro da malha urbana são

importantíssimos para diversos aspectos, um deles é qualidade de vida da população.

5

Os equipamentos de esporte, segundo Nogueira (1979), são espaços que possuem

funções de promover atividades essenciais à vida, como a prática de exercícios

físicos, lazer e garantia de um tempo livre necessário para o indivíduo, estabelecendo

ambientes que possibilitam o seu desenvolvimento.

Para Romanini (2007 apud Ferrari 1977, p.618) os equipamentos esportivos

devem estar assim distribuídos:

Campo de esporte: deve localizar-se no setor, atender usuários de 15 a 20 anos (parte ativa do campo), em uma área mínima de 4,00 ha para recreação ativa e de 2,00 ha para recreação passiva, em um raio de influência de 800 a 2.400 m, sendo que 1 ha de campo de esporte serve a 710 jovens e a uma população que varia de 5.000 a 15.000 habitantes, e um campo de esporte (4,00 ha + 2,00 ha = 6,00 ha) serve de 1.000 a 4.000 jovens e de 10.000 a 50.000 habitantes; Estádios desportivos: deve estar localizado na metrópole (cidade - diversos setores), atender jovens e adultos em uma área mínima de 12,00 ha, em um raio de influência de 8.000 a 16.000 m, servindo a aproximadamente 500.000 habitantes.

2.2 O FUTEBOL

Desde que surgiu até os dias atuais, o futebol vem se desenvolvendo e atraindo

multidões de torcedores, jogadores e adeptos. Segundo Murad (1996 apud Ruiz 1998,

p.21), entre 1810 e 1840 as inúmeras e diferentes regras que surgiram nos diversos

colégios em que o futebol já era praticado impuseram a necessidade da

regulamentação. Esta regulamentação foi definida em uma reunião na Old

Freemanson’s Tavern, sediada na Great Queen Street, da qual participaram 11

instituições de ensino que praticavam a modalidade. Para este autor, o número de

jogadores em campo ficou definido pela quantidade de pessoas que participaram da

reunião.

Esta modalidade teve início em meados de 1863, na Inglaterra onde amigos se

encontraram para discutir algumas regras e planejar o jogo.

No Brasil esta modalidade iniciou em 1894, quando Charles Miller retornou da

Inglaterra onde foi estudar, com duas bolas, uma bomba de ar, uma agulha e

uniformes. Brunoro e Afif (1997) dizem que, na empreitada para implementar o futebol

no Brasil, Miller contou também com o valioso e fundamental auxílio de dois homens:

o professor alemão Hans Noibiling, que, em São Paulo, fundou o Germânia,

atualmente denominado Pinheiros; e do carioca Oscar Cox, que havia estudado na

6

Suíça, cuja iniciativa possibilitou a introdução do futebol no Rio de Janeiro (NETTO,

2002).

A primeira partida que se tem registro realizada no Brasil ocorreu em 01 de agosto

de 1901 na cidade de Niterói - RJ, entre um time de brasileiros contra um time de

jogadores ingleses, o jogo terminou empatado em 1x1. A atuação de Cox e Miller

incentivou a criação de outros clubes espalhados pelo país e assim surgiu a “paixão

nacional” que vem varrendo o Brasil há mais de um século.

Assim, o desenvolvimento do futebol ganhou esferas de lazer e recreação que

muitas vezes são transformadas em equipes amadoras, e em seguida vem a

profissionalização. Possui um mercado crescente e movimenta a economia.

Atualmente é considerado um fenômeno sociocultural, praticado por todas as classes

e camadas sociais.

O futebol em Passo Fundo teve início por volta de 1913, quando foi fundado o

primeiro time, cujo nome que recebeu foi Foot Ball Club de Passo Fundo. Após cinco

anos novos times surgiram, como o Gaúcho e o 14 de Julho, clubes estes que também

eram chamados de clubes sociais, por que promoviam bailes, palestras e diversas

atividades culturais. No ano de 1986 estes dois times decidiram se unir e nasceu

assim o Esporte Clube Passo Fundo, mas devido a rivalidade entre eles, essa

associação durou apenas um ano e desta forma o 14 de Julho virou o ECPF, que dura

até hoje.

Um dos maiores nomes do futebol em Passo Fundo foi o do ex-centroavante Kita,

João Leithard Neto nasceu no dia 06 de janeiro de 1958, iniciou sua carreira no

Gaúcho e passou por diversos times como, 14 de Julho, Criciúma, Esportivo,

Internacional, Flamengo, Inter de Limeira (SP), Brasil de Pelotas, Grêmio, dentre

outros. Kita se consagrou jogando no time da Inter de Limeira, campeã paulista de 86

e recebeu medalha de prata nos jogos olímpicos de 84. No ano de 2011 após uma

cirurgia no tornozelo esquerdo, ele passou por uma infecção hospitalar e devido ao

quadro de diabetes teve que amputar parte do pé esquerdo. No dia 03 de outubro de

2015, após uma grande luta contra um câncer o jogador veio a falecer.

Este jogador, orgulho para a cidade de Passo Fundo é quem dá nome ao

PROGRAMA KITA que faz parte da formação de atletas do projeto, esta é uma

maneira de dar a oportunidade para crianças e adolescentes de todas as classes a

chance de treinarem em um CT recebendo todo apoio tanto no sentido pessoal como

no social.

7

2.3 OS CENTROS DE TREINAMENTO

Os clubes de futebol não utilizam os estádios para realizarem os treinamentos

diários pois o uso constante afeta a qualidade do gramado. A partir disso foram criados

o Centros de Treinamento (CT), onde estes conseguem reunir em um mesmo local,

toda a estrutura necessária para um treinamento de futebol. Para Cunha (2007) um

CT completo necessita:

Um CT deve possuir pelo menos: dois campos oficiais; alojamento; refeitório; departamento médico; departamento de fisioterapia; sala de recreação; sala de estudos; administração; vestiários; rouparia; sala de musculação e sala de reunião/palestra. Pode-se ainda incluir: departamento de fisiologia e biomecânica; escola; sala de vídeo; sala de ginástica; ginásio; quadra poliesportiva; pista de corrida; piscina; sala de serviço e assistência social (extremamente importante quando se trabalha com categorias de base); sala de entrevista; miniestádio; campos menores; salão de festas.

Um ponto positivo para o CT é poder reunir diversas categorias treinando no mesmo

local, assim as comissões técnicas podem comunicar-se e observar melhor os atletas

das categorias de base. Além disso há a facilidade e redução de tempo e custo com

o aluguel de campos e transporte.

No Brasil e no exterior os principais clubes possuem seu próprio CT, pois sabe-

se que o grande negócio do futebol é investir na formação de atletas, sendo uma das

principais fontes de renda dos clubes.

Segundo Cunha (2007):

Com o CT fica mais fácil o clube controlar o desenvolvimento dos atletas, tanto nos aspectos de treinamento (físico, técnico e tático), como nos aspectos psicossociais (relacionamento, comportamento, características psicológicas, educação e outros) ou nos aspectos médicos e biológicos (nutrição, crescimento, maturação e desenvolvimento biológico).

Assim, um Centro de Treinamento é indispensável para a evolução dos

jogadores, pois auxilia no desenvolvimento físico, técnico e tático dos mesmos, além

de contribuir para formação psicológica e social dos atletas.

8

2.4 ESTUDOS DE CASO

Nos estudos de caso são realizadas análises dos projetos que juntamente com

as considerações, possibilitarão posteriormente, a elaboração do Centro de

Treinamento e Formação de Atletas para a cidade de Passo Fundo/RS.

2.4.1 Estudo de caso nº 01

Ficha Técnica:

Nome: Nike Football Training Centre

Localização: Soweto, Johannesburg, África do Sul

Conclusão da obra: 2010

Área total: 28.290,00 m²

Área construída: 2.695,00 m²

Projeto arquitetônico: RUF Project

Localizado na cidade de Soweto, África do Sul, o Centro de Formação de

Futebol Soweto passou por uma reforma e transformou-se em um centro de alto

desempenho que atende 1.200 equipes e 20.000 atletas por ano.

O empreendimento é formado por 04 campos, sendo 02 deles com grama

natural e outros 02 de grama artificial, sala de estar dos jogadores, área de ensino

sobre o futebol, academia, administração, estacionamento, banheiros e vestiários.

A implantação do Centro é em um terreno predominantemente plano

localizada em uma área residencial da cidade (Figuras 02 e 03).

Figura 02 – Imagem aérea do projeto. Fonte: Google Earth, 2016.

9

Figura 03 – Imagem ilustrada da implantação. Fonte: RUFproject, 2010.

A relação interior-exterior é realizada através das grandes aberturas na

fachada e por um terraço que ocorre no último pavimento que possibilita a visão geral

dos campos, conforme a Figura 04.

O edifício não possui acessibilidade universal, como pode-se observar na

Figura 05, onde que existe uma rampa de acesso na entrada que leva ao primeiro

andar, e os demais pavimentos a circulação é somente por escadas. Isto soa como

um ponto negativo, pois o projeto tem cunho social.

Figura 04 – Vista dos campos. Figura 05 – Vista externa. Fonte: RUFproject, 2010. Fonte: RUFproject, 2010.

Conforme se observa na Figura 06, tanto a fachada quanto a planta não

possuem simetria, mas a máscara que envolve o edifício possui um ritmo estabelecido

pelo ripamento. Através da análise da planta baixa (Figuras 07 e 08), observa-se que

a organização utilizada pelos autores é aglomerada e quanto aos materiais

empregados na construção, percebe-se que há um contraste entre a madeira utilizada

na máscara que envolve o edifico e o concreto armado usado na estrutura.

10

Figura 06 – Fachada do edifício. Fonte: RUFproject, 2010.

Figura 07 – Planta baixa do térreo e 1° pavimento. Fonte: RUFproject, 2010.

11

Figura 08 – Planta baixa 2º pavimento e cobertura. Fonte: RUFproject, 2010.

Na Figura 09 pode-se observar o fluxo em cada pavimento. O acesso para a

academia e os campos é independente, sem necessidade de entrada no prédio

principal.

Figura 09 – Projeto 3D dos fluxos. Fonte: RUFproject, 2010.

A incidência solar é controlada por uma máscara de madeira ripada que tem

função de brise e controla a entrada da luz do sol e melhora também a climatização

dos ambientes internos. A grelha formada pelo ripamento serve também para fazer

um jogo de reflexão e sombra que muda de acordo com o ângulo de visão e a hora.

12


Ficha Técnica:

Nome: Ciutat Esportiva Joan Gamper

Localização: Sant Joan Despí, Barcelona


Área total: 13,5Ha m²

Projeto arquitetônico: Enric Batlle Durany e Joan Roig Duran

A Ciutat Esportiva Joan Gamper é o local onde o time do Barcelona realiza os

treinamentos para jogos e competições nacionais e internacionais. O município de

Sant Joan Despí possui uma malha urbana irregular, conforme se observa na Figura

10.

O CT foi implantado em um terreno com pouquíssimo declive, por isso todos os

campos se encontram no mesmo plano, numa área com predominância de indústrias

e somente algumas residências (Figura 11).


Figura 11 – Implantação ilustrada. Fonte: Dossiê de imprensa, 2015. Imagem adaptada pela autora.

13

Legenda:

1 – Acesso principal 11 – Sala de imprensa

2 – Pavilhão de esportes 12 – Edifício Barrera

3 – Área médica 13 – Novos pavilhões

4 – La Masia 14 – Campos de futebol sete

5 - Edificações históricas 15 – Campos de futebol 11

6 - Campo da equipe principal 16 – Edifício comercial

7 – Futebol de base 17 – Masia Can Felip

8 – Miniestádio 18 - Via interna

9 – Edifício Rambla 19 – Novas habitações

10 – Edifício Ròtula 20 – Edifício comercial

*Obs: destacados em itálico são as edificações que ainda não foram construídas.

O acesso aos diferentes pavimentos é realizado através de escadas e rampas. O

CT não possui simetria na planta baixa (Figura 12) e fachada (Figura 13), porém as

aberturas obedecem a um ritmo, observa-se que existe uma tendência de estilo

arquitetônico que remete a arquitetura contemporânea, devido aos materiais

escolhidos e pela estética do projeto. Há presença de linhas retas em toda

composição. A parte que sobressai do restante do edifício é simétrica e possui ritmo

nas aberturas (Figura 14).

Figura 12 – Planta baixa do pavimento térreo. Fonte: Gina Barcelona Architects, 2006.

14

Figura 13 – Fachada frontal. Fonte: Gina Barcelona Architects, 2006.

Figura 14 – Facada e Corte CC. Fonte: Gina Barcelona Architects, 2006.

A Figura 15 mostra o zoneamento do Centro de Treinamento do Barcelona.

15

Figura 15 – Implantação do CT. Fonte: Gina Barcelona Architects, 2006. Imagem adaptada pela autora.

Percebe-se através da Figura 16 que a marcação de acesso é feita através de

uma grande abertura na fachada principal. O prédio recebe bastante iluminação

natural devido a grande presença do vidro, a ventilação é por aberturas nas fachadas

e climatização. Os elementos mais utilizados pelos arquitetos para a composição do

edifício são o metal e o vidro. Possui um sistema estrutural metálico.

16

Figura 16 – Vista externa. Fonte: Gina Barcelona Architects, 2006.


Ficha Técnica:

Nome: Centro de Treinamento Cidade do Galo

Localização: Vespasiano, Minas Gerais


Área construída: 1.200 m²

Projeto arquitetônico: Alexandre Brasil, André Prado, Carlos Alberto Maciel

Neste estudo de caso, o edifício a ser analisado dentro do CT é o hotel dos

jogadores profissionais. As demais instalações foram executadas em diferentes

épocas e por vários arquitetos, motivo pelo qual se percebe uma diferença na tipologia

das edificações.

A malha urbana da cidade de Vespasiano é bastante desordenada. A região é

acidentada por isso a implantação do projeto foi resolvida em 3 níveis (Figura 17).


17

No volume principal estão localizadas as 20 suítes, que são voltadas para a

paisagem através das grandes portas-janelas, que oferecem aos jogadores um

caráter de varanda, onde os mesmos podem relaxar.

O acesso aos diferentes pavimentos é feito somente por escadas, dessa forma o

projeto não possui acessibilidade universal.

O pavimento térreo (Figura 18) obedece ao desnível do terreno observando assim

a presença de diversos lances de degraus, a planta do primeiro e segundo pavimentos

(Figura 19) apresenta uma organização linear. Também no térreo observa-se a

presença de uma parede curva em granito o que contrasta com a regularidade do

restante da planta. Esta parede serve para privar a área social dos jogadores.

Figura 18 – Planta baixa do térreo. Fonte: Arquitetos Associados, 2002. Imagem adaptada pela autora.

18

Figura 19 – Planta baixa do 1º e 2° pavimento. Fonte: Arquitetos Associados, 2002. Imagem adaptada pela autora.

O edifício em questão faz uso do concreto armado aparente nas fachadas e utiliza

grandes janelas que permitem a observação da paisagem predominante.

Percebe-se que alguns princípios da Arquitetura Moderna formam a composição

arquitetônica do prédio, as formas puras do traçado ortogonal, a modulação e também

o tipo de material escolhido.

Os autores optaram por criar um volume rígido e baixo, porém sem estrutura

aparente e baixo, dando assim simplicidade a forma (Figura 20). O prédio possui um

grande pórtico em concreto protendido. Esse elemento foi escolhido pelos arquitetos

para criar a marcação do acesso, ao mesmo tempo em que marca cria também uma

19

espécie de varanda e propondo assim um aspecto de monumentalidade a entrada,

como mostra a Figura 21.

Figura 20 – Vista externa do edifício. Figura 21 – Vista do pórtico de entrada. Fonte: Arquitetos Associados, 2002. Fonte: Arquitetos Associados, 2002.

A topografia do terreno (Figura 22) e a insolação foram fatores determinantes para

a implantação do bloco principal. As aberturas voltadas para leste possuem maior

abertura e aquelas voltadas para oeste que possuem maior incidência solar, tem

maior fechamento através de brises.

Figura 22 – Corte longitudinal. Fonte: Arquitetos Associados, 2002.

O edifício possui uma estrutura em concreto protentido. A organização do prédio

é feita através do princípio modular definido pelos dormitórios. Pela Figura 23 observa-

se que são sete módulos escalonados de acordo com os níveis do terreno.

Figura 23 – Vista externa do edifício. Fonte: Arquitetos Associados, 2002.

20

A Tabela 01 mostra as áreas dos compartimentos do projeto.

Tabela 1 – Quadro de áreas

Nome do compartimento

Área Total m²

Acesso 30,00

Hall/Recepção 33,50

Refeições 109,50

Estar 88,36

Jogos 51,84

Deck/Churras. 192,80

Lavabos 16,00

Copa/Coz. 17,76

Auditório 53,76

Sala projeção 7,20

Máquinas 4,80

Dormitório 18,56m² 371,20

Banho 4,00m² 80,00

Circulação 143,28

TOTAL 1200,00 Fonte: Autora, 2016.


Ficha técnica:

Nome: Centro de Treinamento Presidente Luiz Carvalho

Localização: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil


Área do terreno: 65.000,00 m²

Área construída: 2.106,55 m²

Projeto Arquitetônico: PLARQ – Estudos de arquitetura e urbanismo

O Centro de Treinamento Presidente Luiz Carvalho é mais conhecido como

CT do Grêmio, implantado numa região portuária as margens do rio Guaíba e a

BR290. O terreno é plano. O espaço foi projetado nos moldes do CT do Barcelona,

com tecnologia e excelência (Figura 24).

21

Figura 24 – Implantação do CT Luiz Carvalho. Fonte: Aline Rocha, 2012.

O programa de necessidades do empreendimento é dividido em área

administrativa, área médica e física, vestiários, auditório, sala de imprensa,

almoxarifado, refeitório e estacionamento. Possui também a área destinada para

treinamentos, são dois campos com tamanho oficial, um menor coberto com grama

sintética.

Além de ser um CT completo com uma ótima infraestrutura, o local também se

destaca como uma construção sustentável. A iluminação ganha destaque, através do

uso de vidros e brises, o que proporciona bastante iluminação natural, gerando assim

uma maior economia de energia.

O prédio foi construído com uma pequena elevação do solo, assim os acessos

são feitos através de uma rampa suave e seu interior é no mesmo nível (Figura 25).

Figura 25 – Vista externa do edifício com elevação. Fonte: Skyscrapercity, 2014.

22

A estrutura é pré-moldada de concreto armado construída sob 68 pilares, com

fechamento de alvenaria convencional. As aberturas são em alumínio e o painel

metálico funciona como brise, controlando a entrada de iluminação natural (Figuras

26 e 27).

Figura 26 – Vista interna. Figura 27 – Vista externa uso de painéis metálicos. Fonte: Skyscrapercity, 2014. Fonte: Skyscrapercity, 2014.

2.5 CONSIDERAÇÕES

Diante dos estudos destes quatro projetos, observou-se que em três deles, o

concreto armado é muito utilizado, por passar uma sensação de robustez, que em

conjunto com o vidro ou a madeira, no caso do CT da Nike, conseguem transmitir um

equilíbrio entre os materiais.

Todos os projetos se preocuparam com o uso sustentável da energia, utilizando

o máximo possível da iluminação natural e controlando a entrada da luz solar apenas

com brises. Também é possível observar a utilização das formas puras e linhas retas

na concepção dos projetos.

A implantação de três dos quatros CTs analisados é em terreno plano, tendo

como justificativa a facilidade de implantar os campos de futebol já que estes têm a

necessidade de um local regular. A Cidade do Galo possui bastante curvas

topográficas, por isso os arquitetos optaram por estabelecer o CT em 3 níveis, assim

há diversos cortes e taludes no terreno. Do mesmo CT em questão foi analisado o

hotel para concentração dos jogadores, ali os atletas profissionais que não residem

na cidade ficam concentrados, em espaços com uma área recreativa, auditório para

palestras, além dos dormitórios suítes que acomodam dois jogadores por quarto. O

23

Centro de treinamento Presidente Luiz Carvalho possui somente a área administrativa

e salas de preparação dos jogadores, como academia, fisioterapia, piscinas

aquecidas e salas médicas.

3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1.1 Contextualização Regional

Figura 28 – Localização Brasil – Rio Grande

do Sul. Fonte: Wikipédia, 2016. Imagem adaptada pela autora.

O projeto do Centro de

Treinamento e Formação de atletas

será planejado na cidade de Passo

Fundo, estado do Rio Grande do Sul,

Brasil. Este município possui 196.793

habitantes, segundo dados do IBGE

de 2015, uma área de 783,421km² e

foi fundado a 156 anos. Está

localizado na região Norte do RS

(Figura 28).

Passo Fundo é hoje a capital do Planalto Médio por ser um polo universitário,

centro de referência em saúde, contar com dinâmica atividade no setor de serviços,

no comércio, na indústria e no agronegócio.

O local de implantação do CTFA será no Loteamento Santa Rita, que faz parte

do bairro Vila Planaltina, fica a aproximadamente 5km do centro da cidade (Figura

29). Grande parte dos equipamentos do município estão localizados no centro da

cidade, os mais afastados são um polo universitário e os estádios de futebol.

24

Figura 29 – Mapa de localização. Fonte: Autora, 2016.

3.1.2 Mapa Nolli

Através do mapa Nolli (Figura 30) pode-se observar a relação de cheios e

vazios do entorno. A área com predominância residencial possui ainda diversos lotes

a serem edificados em toda a parte sul, já a norte do terreno não existem edificações.

No trevo de acesso ao loteamento existem algumas edificações. O percentual de lotes

edificados do loteamento é de aproximadamente 69%, enquanto os lotes vazios

somam em média 31%.

25

Figura 30 – Mapa Nolli. Cheios e vazios. Fonte: Autora, 2016.

3.1.3 Infraestrutura: Sistema Viário

A Figura 31 apresenta o sistema viário do município de Passo Fundo, nele

observa-se as principais vias e eixos de ligação, A RS 324 é uma rodovia estadual

que passa muito próximo ao CTFA, ela liga também a RS 153 e a BR 285, rotas que

são caminhos para quem vem de outras cidades do estado. Para os usuários que

frequentarão o centro de treinamento, a chegada é possível também através da RS

324, ou por ruas e avenidas da malha urbana de Passo Fundo.

26

Figura 31 – Mapa vias gerais. Fonte: Autora, 2016.

O terreno tem acesso pela Rua Eduardo Lamer, considerada uma via principal

(coletora), o entorno possui apenas vias locais, que se ligam a esta via principal. Um

ponto conflitante é o trevo de acesso ao bairro e também ao Complexo da Roselândia.

Este trevo corta a RS 324, rodovia estadual de bastante fluxo (Figura 32).

27

Figura 32 – Mapa vias locais. Fonte: Autora, 2016.

Figura 33 – Passeio público. Fonte: Acervo pessoal, 2016.

A RS324 tem pavimento asfáltico e

se encontra em condições ruins de

tráfego. A via que corta a RS e leva ao

loteamento também é asfáltica e está

em bom estado de conservação, as

demais vias locais possuem asfalto e

seu estado de conservação é médio,

porém ainda há ruas no loteamento que

não possuem pavimentação. A condição

do passeio público é péssima e grande

parte não é calçada conforme mostra a

Figura 33.

As vias que fazem frente com o terreno não possuem passeio público. A via

principal possui 2 faixas em cada sentido e um canteiro central, não há

estacionamento. A via local que também liga a RS324 possui estacionamento e uma

faixa em cada sentido (Figura 34).

28

Figura 34 – Cortes das vias principal e local, respectivamente. Fonte: Autora, 2016.

3.1.4 Uso e Ocupação do Solo

O estudo do mapeamento das edificações e da infraestrutura do terreno, abrangeu

um raio de 500m. Na Figura 35 observa-se a volumetria do entorno e o uso do solo,

seguido de um gráfico com as porcentagens dos usos.

29

Figura 35 – Uso do solo no raio de 500m. Fonte: Autora, 2016.

Gráfico 01 – Uso do solo. Fonte: Autora, 2016.

Residencial57,28%

Terreno vazio

31,39%

Comercial7,77%

Intitucional1,94%

Templo 1,29%

Construção0,32%

Uso do Solo

Residencial

Terreno vazio

Comercial

Intitucional

Templo

Construção

30

3.1.5 Mapa de Infraestrutura Urbana (geral)

A Figura 36 mostra as redes de infraestrutura de energia, água, esgoto pluvial e

transporte coletivo do entorno.

Apenas uma linha de ônibus circula pelo Loteamento, e passará pelo CTFA. É a

Linha 26: Centro – Roselândia (Coleurb, 2016).

Figura 36 – Infraestrutura local. Fonte: Autora, 2016.

31

3.2 ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

A implantação do CTFA será no Loteamento Santa Rita, que faz parte do bairro

Vila Planaltina. A Figura 37 mostra o terreno e as vias que o cercam, na Figura 38

observa-se as visuais do terreno.

Figura 37 – Área de implantação com raio de 500m. Fonte: Autora, 2016.

Figura 38 – Visuais do terreno.

Fonte: Autora, 2016.

32

Na Figura 39 tem-se a imagem aérea do local de implantação e na Figura 40

pode-se observar as dimensões do terreno, a insolação, ventos predominantes,

topografia, com relação a esta. Percebe-se que no local há pouca declividade, o que

facilitará a implantação dos campos de treinamento do centro.

Figura 39 – Vista aérea. Fonte: Google Earth, 2016.

Figura 40– Mapa do terreno.


33

3.3 SÍNTESE DA LEGISLAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA DO TEMA

Para o desenvolvimento desta proposta deverão ser seguidas algumas

legislações vigentes do município de Passo Fundo e demais Leis que normatizam a

acessibilidade universal e ao combate de incêndios.

3.3.1 Plano Diretor

Do Plano Diretor deverá ser observada a zona que o terreno se encontra

(Figura 41) e seus respectivos índices com a classificação dos usos, recuos e

estacionamentos (Figura 42).

Figura 41 – Zoneamento definido pelo Plano Diretor.

Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Imagem adaptada pela autora.

Figura 42 – Tabela de classificação do zoneamento.

Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Imagem adaptada pela autora.

Sobre os usos, será utilizado:

CS.17 – Serviços Esportivos: Estabelecimentos destinados a

recreação e ao esporte.

CS.20 - Serviços de Alojamento tipo I: estabelecimentos de prestação

de serviços de alojamento de permanência prolongada e diária.

Para os recuos, deverão ser observados os frontais, laterais e de fundos. As

vagas de estacionamento deverão obedecer às regras para determinado uso citado

acima. No uso CS.17 deverá ser utilizado uma vaga pra 25m² de área construído e

para o uso CS.20 deverão ter vagas para cada 50m² de área e ainda contar com vagas

de ônibus.

34

3.3.2 Código de Obras

Pelo código do município Passo Fundo tem a LEI COMPLEMENTAR Nº 51,

DE 31 DE DEZEMBRO DE 1996 regente, que será observada e seguida para o

desenvolvimento deste projeto.

3.3.3 Normatização Específica

O Ministério do Esporte é o órgão responsável por construir uma Política

Nacional do Esporte. Além de desenvolver ações sociais o Ministério também é

responsável pelo esporte de alto rendimento. Diversos programas são desenvolvidos

garantindo a população acesso a pratica esportiva e a qualidade de vida.

3.3.4 NBR 9050

O projeto atenderá a NBR 9050/2015 que diz respeito a acessibilidade em

edificações.

3.3.5 NBR 9077

A NBR 9077/2001 é a norma que auxiliará o projeto do centro de treinamento

para as questões das saídas de emergências em edifícios.

35

4 CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO

4.1 CONCEITO DA PROPOSTA

Partindo do princípio de projetar um Centro de Treinamento onde o futebol é

uma tentativa de dominar a bola dentro das quatro linhas que fazem a delimitação do

campo, o projeto utiliza-se desta máxima em sua volumetria.

Marcar o gol é o ponto principal do futebol, através dos elementos que fazem

parte da manobra até a bola encostar na rede tem-se o conceito do projeto formado,

a bola, o seu movimento e a goleira. A forma redonda será mantida no prédio principal,

fazendo referência a sua configuração. Através da Figura 43 observa-se os passos

de adição e subtração de elementos até que se chegue próximo ao volume desejado.

Figura 43 – Manipulação da forma. Fonte: Autora, 2016.

No prédio secundário que receberá o alojamento será mantida a forma

retangular de uma goleira (Figura44) e para a cobertura da arquibancada tem-se o

aspecto do movimento da bola, formando um arco (Figura 45).

36

Figura 44 – Goleira. Fonte: Civillink, 2016. Imagem adaptada pela autora.

Figura 45 – Movimento da bola. Fonte: Física com tequila, 2016. Imagem adaptada pela autora.

Como analisado nos estudos de caso acima, os Centros de Treinamento

geralmente não possuem muitas edificações, assim, a ideia é unir os compartimentos

em no máximo dois blocos, deixando o restante do terreno livre para a instalação dos

campos de treinamento.

4.2 CARTA DE INTENÇÕES

Através da análise do entorno, percebe-se que a maioria das edificações são

residenciais de um ou dois pavimentos, algumas comercias também com estas

alturas. A forma dos edifícios será pura, com linhas retas priorizando a melhor

compreensão das funções das edificações pelos usuários. Para Reis (2002):

37

Simplicidade pode ser observada a partir de estruturas

simples, com poucos elementos heterogêneos, necessitam

de poucas relações de organização para atingirem a ordem.

A máxima simplicidade pode ser atingida a partir de um

mínimo número de elementos articulados para a estrutura da

composição.

A habitabilidade é umas das prioridades do projeto. Será desenvolvida uma

planta com funcionalidade e acessibilidade, rampas, escadas e elevadores serão

disponibilizados para todos os usuários. O terreno é praticamente plano, assim o

acesso para todos os setores é facilitado. Para controlar a incidência solar serão

criados elementos que melhorarão o conforto térmico dos edifícios.

Este espaço tem a função de proporcionar aos atletas de Passo Fundo e

região melhores condições de treino, oferecendo uma infraestrutura adequada para o

seu desenvolvimento, além disso, a proposta social do CTFA oferece a crianças e

jovens a oportunidade de se tornarem cidadãos íntegros.

4.3 DIRETRIZES DE PROJETO

Acesso principal ao CT pela rua Eduardo Lamer e acesso secundário pela

rua Daniel Arensi. Os estacionamentos ficarão próximos a estes acessos

e possuirá vagas para o público, funcionários, atletas, ônibus e motos;

Projetar uma edificação que possua um pavimento nas áreas de serviço,

médica e administrativa.

O edifício que receberá o alojamento será de três pavimentos e contara

também com uma sala de jogos, recepção e um mini auditório, que

conforme observado nos estudos de caso, estas áreas também são

importantes para o projeto;

Os prédios receberão uma estrutura mista de concreto armado e metal, o

mesmo será utilizado aparente nas fachadas, juntamente com o vidro;

Para controlar a entrada de luz solar serão utilizados brises nas fachadas,

que além de terem essa finalidade, ainda funcionarão como um jogo de

formas e cores;

38

Os campos serão posicionados na orientação norte-sul, a mais adequada

em relação à insolação incidente durante todo o dia;

Um dos campos oficiais receberá uma arquibancada com 1.400 lugares e

também vestiários para os jogadores e juízes.

4.4 DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS

Tabela 2 – Diretrizes

Problema

Problema Diretriz Estratégia Imagem

Falta linha de

ônibus

Ampliar a

mobilidade

Disponibilizar mais

linhas e horários


Passeio público

inexistente

Facilitar o acesso

do pedestre

Criar passeio

público nas vias

que fazem frente

ao CT


Iluminação das vias Melhorar a

iluminação viária

das vias do entorno

Padronizar as

instalações e

propor eficiência

energética

Potencialidade

Potencialidade Diretriz Estratégia Imagem

Terreno localizado

dentro de uma área

turística

Promover

integração do

bairro com a

cidade

Incluir ciclovias nos

eixos viários que

ligam o CTFA ao

centro da cidade

Potencialidade Diretriz Estratégia Imagem

Terreno próximo as

Rodovias de

ligação

Facilitar a

implantação do CT

e o acesso de

todos

Fácil conexão


39

5 PARTIDO GERAL

5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES DO PROJETO

O programa de necessidades do CT atenderá aos seguintes itens:

Tabela 3 – Programa de necessidades

PR

ÉD

IO P

RIN

CIP

AL

Administração

Hall/Atendimento

Diretoria

Sala de reuniões

Sala de funcionários

Sanitários

Copa

Departamento de Preparação Física

Sala de musculação

Piscina

Sala para fisioterapia

Sala para nutricionista

Sala para médico

Sala de procedimentos

Sala massagista

Sala de convívio dos profissionais

Campos padrão FIFA

Campo coberto

Caixa de areia

Departamento de Psicologia

Sala para psicóloga

Serviço

Refeitório completo

Sala de convívio dos funcionários

Servidor e Sala de Controle

Zeladoria

PR

ÉD

IO S

EC

UN

DÁ

RIO

2 Vestiários de jogadores

Vestiário para arbitragem

Rouparia integrada com os vestiários

Sala de imprensa/ Mini auditório

Sala de convívio dos jogadores

Alojamento para 48 pessoas

Zeladoria

40

OU

TR

OS

Estacionamento de jogadores, comissão técnica e diretoria

Estacionamento de público

Arquibancada de público/ imprensa


5.2 ORGANOGRAMA

Figura 46 – Organograma prédio principal. Fonte: Autora, 2016.

Figura 47 – Organograma prédio secundário. Fonte: Autora, 2016.

41

5.3 FLUXOGRAMA

Figura 48 – Fluxo prédio principal. Fonte: Autora, 2016.

Figura 49 – Fluxo prédio alojamento. Fonte: Autora, 2016.

42

5.4 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Tabela 4 – Pré-dimensionamento

Setor Nome do

compartimento Mobiliário

Área útil em m²

AD

MIN

IST

RA

ÇÃ

O

Hall/atendimento Balcão atendimento, cadeiras. 30

Sala dos funcionários Balcões para atendimento,

cadeiras, armários para documentos.

12

Sala direção Bancada de trabalho, cadeiras,

sofá e armários de documentos.

10

Sala de reunião Mesa de reuniões, cadeiras,

armários de documentos. 25

Sanitário Masculino Bacias sanitárias, lavatórios, e

um PNE 10

Sanitário Feminino Bacias sanitárias, lavatórios e

um PNE 10

Copa Bancada de cozinha, bancada

de apoio para se alimentar, banquetas.

8

Subtotal do Setor 105

PR

EP

AR

AÇ

ÃO

FÍS

ICA

Fisioterapia Bancada de atendimento, cadeiras, bancada para

exames, macas etc. 100

Sala de musculação Equipamentos de academia. 180

Piscina Piscina 80

Nutricionista Bancada de atendimento com

cadeiras, armários, maca, balança.

30

Médico Bancada de atendimento com

cadeiras, armários, maca... 30

Sala de procedimentos

Maca, Bancada de atendimento com cadeiras,

armários para medicamentos e instrumentos...

60

Sala massagista Macas 30

Sala de convívio dos profissionais

Mesa e cadeiras 30


PS

ICO

Sala Psicóloga Bancada de atendimento com

cadeiras, armários, 20


PR

IV

AD

O

Vestiário local / Rouparia Bacias Sanitárias, Bacias

Sanitárias, chuveiros, armários. 116

43

Vestiário visitante Bacias Sanitárias, Bacias


Vestiário da arbitragem Bacias Sanitárias, Bacias


Sala de convívio dos jogadores

Sofás, poltronas, jogos, jogos de mesa, banheiros.

300

Alojamento 50 pessoas Camas, armários, poltronas,

banheiros, bancada. 600

Sala de imprensa Cadeiras, bancada. 100

Subtotal do setor 1240

SE

RV

IÇO

Refeitório completo Cadeiras, mesas, buffet,

bancadas de serviço, frízeres, geladeiras.

400

Sala de convívio de funcionários

Sofás, cadeiras, bancada, copa.

35

Servidor e Sala de Controle Cadeiras, bancada, armários. 20

Zeladoria Cadeiras, bancada, armários. 20


CIR

CU

LA

ÇÃ

O Corredores, escadas e

elevadores. 350


US

O C

OM

UM

Banheiros 100

Arquibancada 500 pessoas 500


AR

EA

DE

TR

EIN

AM

EN

TO

Campo padrão FIFA 3 campos 105x68 21.060

Caixa de areia 10x18 180

Campo grama sintética 25x18 450

Subtotal do setor 21.690

RE

FE

ITÓ

RIO

Refeitório completo Cadeiras, mesas, buffet,

bancadas de serviço, frízeres, geladeiras.

400


TOTAL 25.420


44

5.5 PARTIDO GERAL – ZONEAMENTO

Proposta 01

No zoneamento da proposta 01, pretendia-se dispor dois prédios que agrupam as

atividades. Ambos com circulação linear e estrutura de concreto armado.

Figura 50 – Zoneamento 01. Fonte: Autora, 2016.

45

Proposta 02

A proposta dois é uma evolução do número um, porém com algumas mudanças: na

localização do prédio que receberá o alojamento e a arquibancada e também com o

anexo das quadras extras no corpo do edifício principal. Nesta proposta é estudada

além no concreto armado a utilização de estrutura metálica.

Figura 51 – Zoneamento 02.


46

Proposta 03

Na proposta três tem-se a conclusão do zoneamento do projeto. A organização radial

com um pátio central no edifício principal e o prédio que receberá o alojamento ficará

no sentido oposto da arquibancada, que contará também com os vestiários. Nesta

ideia, serão utilizados concreto e metal para a estrutura dos edifícios.

Figura 52 – Zoneamento 03.


47

6 CONCLUSÃO

Após a realização dos estudos preliminares e propostas de zoneamento, conclui-

se que o local onde se propõe a criação do Centro de Treinamento e Formação de

Atletas está de acordo com as necessidades do projeto.

Se em algum momento esta proposta for executada, o CT irá trazer inúmeros

benefícios para a comunidade local e para o município de Passo Fundo. Que além de

ser um centro de referência medica poderá vir a ser também um centro especializado

no treinamento e formação de atletas.

48

REFERÊNCIAS

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49

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