faculdade meridional imed escola de arquitetura e … luiza stefler.pdf · não precisa ser de...

75
FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO Ana Luiza Steffler CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS Passo Fundo 2016

Upload: others

Post on 04-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

FACULDADE MERIDIONAL – IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Ana Luiza Steffler

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES

QUÍMICOS

Passo Fundo 2016

Page 2: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

Ana Luiza Steffler

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES

QUÍMICOS

Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar do Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da professora Me. Marcele Salles Martins.

Passo Fundo 2016

Page 3: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

Ana Luiza Steffler

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES

QUÍMICOS

Banca Examinadora:

Profª. Me. Marcele Salles Martins - Orientadora

Profª. Me. Renata Postay - Integrante

Passo Fundo 2016

Page 4: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e forças para superar as dificuldades, energia e benefícios para concluir este trabalho, acreditando que os momentos ruins passam, e os bons são mais que especiais.

Agradeço a todos os meus familiares que depositaram confiança em mim, me incentivando e apoiando incondicionalmente, orgulhando-se a cada passo que eu dou, e me mostrando o caminho certo a seguir, sempre.

Agradeço em especial meus pais, Sergio Luís Steffler e Alda Maria Steffler, por me educarem com princípios mostrando-me que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor, pela paciência em me ensinar a ser uma pessoa melhor e digna do respeito do próximo, sempre respeitando e agindo com educação, independente de quem se trate. Obrigada por me ensinarem e incentivarem a enfrentar todo e qualquer desafio que enfrentarei em minha vida.

Agradeço aos meus irmãos Evandro Luís Steffler e Felipe Luís Steffler, os quais dedico meu trabalho, pois foi por eles que tive o contato e a vivencia sobre o assunto elaborado na pesquisa, e a partir deles descobri o quanto é valioso se conhecer o que vivemos, as lutas as dificuldades o suporte familiar e principalmente a vontade de mudar e construir uma nova vida. A vocês o meu carinho e amor incondicional.

Agradeço ao meu namorado e melhor amigo Lucas Zamarchi, pela paciência e compreensão nos momentos de desespero que tive ao longo dos anos de faculdade, e dizer que muitas vezes o que me manteve forte foi o orgulho e incentivo que depositaste em mim.

Agradeço a minha ‘família’ emprestada que tive o prazer de conhecer e conviver por anos, aprendendo e muitas vezes dividindo problemas e alegrias com vocês, Luann Vinicius Grando, Emilly Besser, Paloma Busatto, obrigada, e sinto saudades.

Agradeço a minha orientadora Marcele Salles Martins, que sempre se mostrou interessada neste trabalho, dando as devidas sugestões, acompanhando cada etapa que possibilitou a elaboração desta pesquisa, e dando-me todo suporte que precisei, a você meu muito obrigada, e saibas que sempre lembrarei do seu trabalho com admiração e respeito.

Agradeço também, todos os professores, os quais tive o prazer de conhecer durante o trajeto do curso, e obrigada por transmitir o conhecimento de seus trabalhos, levando-me a compreender um pouco mais sobre a prática e a importância da Arquitetura e do Urbanismo.

Agradeço a minhas amigas, mais que colegas de curso, as ‘Secrets’ as quais tive o prazer de conhecer, e a oportunidade de conviver diariamente, dividindo nossos medos e também comemorando nossas vitorias. A vocês deixo um muitíssimo obrigada, por me aturarem e ajudarem a me manter forte e bem no decorrer deste caminho. E dizer que sem dúvida nossa amizade ira além das salas de aula.

Agradeço a minha amiga Larissa Rezende, pelo apoio e também aprendizado, pois com você aprendi a respeitar ideias diferentes, e dar valor a amizade de verdade, mostrando que não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria, ódio, pavor, amor e lealdade, sentimentos esses que assim como você me ajudaram a chegar até aqui.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que diretamente ou indiretamente fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida, me acompanhando durante o percurso que trará minha formação, todos aqueles que tiveram paciência comigo em momentos de tensão e de empenho, que me ajudarão a conseguir o que já consegui até hoje na vida. A vocês meu muito obrigado e minha imensa gratidão.

Page 5: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

iv

Resumo O uso precoce e indevido de substâncias químicas está acontecendo com

facilidade entre crianças e adolescentes, causando preocupação entre as famílias e

também na sociedade. O consumo de substâncias psicoativas pode causar

sequelas, e causar o vício, levando o usuário a destruição de si mesmo, afetando

sua vida pessoal, familiar, profissional e social.

Pensando na dependência dos usuários de droga, se faz imprescindível um

tratamento, pois sem tratamento adequado, o quadro dos usuários tende a piorar

com o tempo. A dependência química deve ser tratada como uma doença, a qual

precisa de cuidados exclusivos. A maioria das clinicas já existentes, foram

adaptadas, e não planejadas e preparadas para atender dependentes químicos.

Sendo assim, torna-se indispensável, o investimento em espaços adequados

e agradáveis, para que os mesmos possam auxiliar no tratamento do adicto,

promovendo bem estar do paciente, superando dificuldades que encontrem durante

o processo de desintoxicação e reabilitação, durante e após o tratamento.

Palavras-chave: Centro De Reabilitação, Espaços Humanizados, Espiritualidade,

Reinserção e Prevenção.

Abstract Early and misuse of chemicals is happening easily among children and

adolescents , causing concern among families and in society. The consumption of

psychoactive substances can cause sequelae and cause addiction , leading the user

to destruction of itself , affecting their personal, family , professional and social life.

Thinking about the dependence of drug users if treatment is essential because

without proper treatment , the users of the situation tends to worsen over time . The

addiction should be treated as a disease , which need unique care . Most of the

existing clinics, were adapted , not planned and prepared to meet drug addicts .

Therefore it is essential the investment in suitable and pleasant spaces , so that it

may aid in the treatment of addicts , and promoting being of the patient , overcoming

difficulties that meet during the detoxification and rehabilitation , during and after

treatment.

Keywords: Rehabilitation Center , Humanized Space , Spirituality, Reintegration and

Prevention.

Page 6: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

v

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – CENTRO DE RECUPERAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS FUNDAÇÃO CIDADE VIVA. ................................................................................................ 13

FIGURA 2 – CENTRO DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL / OTXOTORENA ARQUITECTOS. .................................................................................................................. 13

FIGURA 3 – CENTRO COMUNITÁRIO DE REABILITAÇÃO DE BELMONT. ...................... 14

FIGURA 4 – PROGRAMA E CARÁTER. ............................................................................. 14

FIGURA 5 – IMPLANTAÇÃO. .............................................................................................. 15

FIGURA 6 – FUNÇÃO. ........................................................................................................ 16

FIGURA 7 – FORMA. .......................................................................................................... 17

FIGURA 8 – HABITABILIDADE. .......................................................................................... 18

FIGURA 9 – TECNOLOGIA. ................................................................................................ 19

FIGURA 10 – CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO ANALISADOS. ............................ 20

FIGURA 11 – CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL. ............................................................. 22

FIGURA 12 – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO. ........................................................... 23

FIGURA 13 – ÁREA DE ABRANGÊNCIA. ........................................................................... 24

FIGURA 14 – PRINCIPAIS ACESSOS E PONTOS NODAIS NO MUNICÍPIO. .................... 25

FIGURA 15 – PERCURSOS APROXIMADOS EM RELAÇÃO AO TERRENO. ................... 26

FIGURA 16 – MAPA NOLLI. ................................................................................................ 27

FIGURA 17 – SISTEMA VIÁRIO. ......................................................................................... 28

FIGURA 18 – CORTE DAS VIAS. ........................................................................................ 28

FIGURA 19 – LARGURA DAS VIAS, PAVIMENTAÇÃO, SINALIZAÇÃO PRÓXIMAS DO TERRENO. .......................................................................................................................... 29

FIGURA 20 – INEXISTÊNCIA DE PASSEIO. ...................................................................... 29

FIGURA 21 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO. .................................................................... 30

FIGURA 22 – GRÁFICO DE PROPORÇÃO ENTRE OS USOS. ......................................... 31

FIGURA 23 – INFRAESTRUTURA PRÓXIMA AO TERRENO. ........................................... 32

FIGURA 24 – TRANSPORTE. ............................................................................................. 33

FIGURA 25 – TOPOGRAFIA 1 ............................................................................................ 34

FIGURA 26 – TOPOGRAFIA 2. ........................................................................................... 34

FIGURA 27 – DIMENSÕES DO TERRENO, ORIENTAÇÃO SOLAR E VENTOS DOMINANTE. ...................................................................................................................... 35

FIGURA 28 – PERFIL DO TERRENO. ................................................................................ 35

FIGURA 29 – SKYLINE. ...................................................................................................... 36

FIGURA 30 – ITA – HABITAÇÃO ESTUDANTIL. ............................................................... 41

FIGURA 31 – CLÍNICA HOSPITALAR BAUM. ..................................................................... 41

FIGURA 32 – INTENÇÕES PROJETUAIS. ........................................................................ 42

FIGURA 33 – ART CENTER E CITE DE LA MUSIQUE POR KENGO KUMA. ................... 42

v

Page 7: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

vi

FIGURA 34 – DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS. ...................................................... 43

FIGURA 35 – ORGANOGRAMA.......................................................................................... 47

FIGURA 36 – FLUXOGRAMA. ............................................................................................ 48

FIGURA 37 – PROPOSTA DE ZONEAMENTO 01. ............................................................. 49

FIGURA 38 – PROPOSTA DE ZONEAMENTO 02. ............................................................. 50

FIGURA 39 – PROPOSTA DE ZONEAMENTO 03. ............................................................. 51

FIGURA 40 – PROPOSTA DE ZONEAMENTO 04. ............................................................. 53

Page 8: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

vii

LISTA DE TABELAS

TABELA: 1 ÍNDICE URBANÍSTICO ..................................................................................... 37

TABELA: 2 COMPARATIVO ENTRE A RDC 101 E A RDC 29 ............................................ 37

TABELA: 3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO .............................................................................. 44

Page 9: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

1.1 Justificativa ................................................................................................................ 2

1.2 Objetivos .................................................................................................................... 2

1.2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................... 2 1.2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 3 1.3 Delimitação Do Tema ................................................................................................. 3

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 5

2.1 Centro De Reabilitação Psicossocial / Espaços Humanizados ..................................... 5

2.2 A Visão Do Usuário Diante Do Tratamento ................................................................... 6

2.3 Usuários E As Drogas ................................................................................................ 7

2.4 Especificidades Do Atendimento Psicossocial Em Centros De Tratamento ............... 9

2.4.1 O Tratamento Adequado ........................................................................................... 9 2.4.2 Espiritualidade ......................................................................................................... 10 2.4.3 Reinserção E Prevenção, A Importância Da Sociedade .......................................... 11 2.5 A Linguagem Da Arquitetura Hospitalar De João Figueiras Lima ............................. 11

3. ESTUDOS DE CASOS ............................................................................................ 13

3.1 Ficha Técnica Dos Projetos ...................................................................................... 13

3.2 Programa E Caráter ................................................................................................. 14

3.3 Implantação.............................................................................................................. 15

3.4 Função ..................................................................................................................... 16

3.5 Forma....................................................................................................................... 17

3.6 Habitabilidade .......................................................................................................... 18

3.7 Tecnologia ............................................................................................................... 19

3.8 Acessibilidade .......................................................................................................... 20

3.9 Conclusão ................................................................................................................ 20

4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ...................................................... 22

4.1 Contextualização Regional ....................................................................................... 22

4.2 Contextualização Urbana ......................................................................................... 22

4.2.1 Caracterização Do Município ................................................................................... 22 4.2.2 Área De Abrangência .............................................................................................. 23 4.2.3 Principais Acessos E Pontos Nodais No Município .................................................. 24 4.2.4 Percursos Aproximados Em Relação Ao Terreno .................................................... 25 4.3 Mapa Nolli ................................................................................................................ 26

4.4 Infraestrutura ............................................................................................................ 27

4.4.1 Sistema Viário ......................................................................................................... 27 4.5 Uso E Ocupação Do Solo......................................................................................... 30

4.6 Mapa De Infraestrutura Urbana ................................................................................ 31

4.7 Transporte ................................................................................................................ 32

Page 10: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

ix

4.8 Área De Implantação ................................................................................................ 33

4.8.1 Topografia ............................................................................................................... 34 4.8.2 Dimensões Do Terreno, Orientação Solar E Ventos Dominante .............................. 35 4.8.3 Perfil Do Terreno ..................................................................................................... 35 4.8.4 Skyline De Cada Face Do Quarteirão ...................................................................... 36 4.9 Síntese Da Legislação ............................................................................................. 36

4.9.1 Plano Diretor ............................................................................................................ 36 4.9.2 Código De Obras ..................................................................................................... 37 4.9.3 Normatização Específica ......................................................................................... 37 4.9.4 Nbr 9050 = Acessibilidade A Edificações, Mobiliário, Espaços E Equipamentos Urbanos.... ......................................................................................................................... 39 4.9.5 Nbr 9077 = Saídas De Emergência Em Edifícios. .................................................... 39

5. CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO ............................................................. 40

5.1 Conceito Da Proposta .............................................................................................. 40

5.2 Conceito Formal ....................................................................................................... 40

5.3 Carta De Intenções .................................................................................................. 41

5.4 Diretrizes De Projeto ................................................................................................ 42

5.4.1 Lista De Intenções Do Projeto; ................................................................................ 42 5.4.2 “Materialização” Forma, Habitabilidade, Tecnologia ................................................ 42 5.5 Diretrizes Urbanas Propostas ................................................................................... 43

6. PARTIDO GERAL.................................................................................................... 44

6.1 Programa De Necessidades Do Projeto E Pré-Diencionamento............................... 44

6.2 Organograma ........................................................................................................... 47

6.3 Fluxograma .............................................................................................................. 48

6.4 Partido Geral – Zoneamento .................................................................................... 49

6.5 Conclusão Dos Estudos De Zoneamento E Implantação ......................................... 54

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 55

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 56

9. ANEXOS .................................................................................................................. 58

10. APÊNDICES ............................................................................................................ 59

10. PRANCHA 01 ........................................................................................................... 59

10. PRANCHA 02 ........................................................................................................... 60

10. PRANCHA 03 ........................................................................................................... 61

10. PRANCHA 04 ........................................................................................................... 62

10. PRANCHA 05 ........................................................................................................... 63

10. PRANCHA 06 ........................................................................................................... 64

10. PRANCHA 07 ........................................................................................................... 65

Page 11: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

1

1. INTRODUÇÃO

Devido à preocupação para com usuários de substancias psicoativas, as quais

tem causado grande destruição da saúde mental e corporal de quem faz uso das

mesmas, o presente estudo refere-se ao projeto de um Centro de Reabilitação para

dependentes químicos, que tem como prioridade a recuperação do adicto em

drogas, e a reinserção social do mesmo.

O número de crianças e jovens experimentando e usando drogas vem

crescendo progressivamente, não só no Brasil, mas no mundo todo, causando

preocupação entre as populações menos e mais favorecidas economicamente, e

também em diferentes cidades, de pequeno a grande porte, assim como em regiões

de zona rural, ou urbana. Este tema está em constante evidência por se tratar de um

problema social, de saúde pública e também de educação, que atinge diferentes

grupos de pessoas. (ROMERA, 2013)

Pereira (2008) comenta que as consequências que traz o consumo de drogas

são as mais variadas, pois a dependência de substâncias psicoativas, como

(maconha, cocaína, crack, entre outros), tem sido uma das causas mais agravantes

na piora da qualidade de vida do usuário, e a grande causadora de desavenças com

seus familiares e também na sociedade, o que causa dificuldades dos mesmos

assumirem uma postura adequada, causando a destruição de suas vidas.

A dependência a droga é um estado mental e, muitas vezes, físicos, que resulta da interação entre um organismo vivo e uma droga psicoativa. A dependência sempre inclui uma compulsão de usar a droga para experimentar seu efeito psíquico ou evitar o desconforto provocado pela sua ausência. (DALGALARRONDO, 2000)

Conforme o Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, 2011),

o número de dependentes químicos está cada vez mais prevalente em nossa

sociedade, na América Latina, o Brasil seria um dos principais centros de usos

destas substâncias, este fato sugere a abordagem de tratamentos, e a construção

de métodos para acabar com a dependência química, devido a isso percebe-se a

necessidade de um tratamento adequado e diferenciado para o adicto.

Page 12: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

2

1.1 JUSTIFICATIVA

O uso indevido de drogas ilícitas tem acontecido cada vez mais cedo,

preocupando as famílias e também a sociedade. Em 2006, foi realizado estudos pela

Organização Mundial da Saúde, estes estudos identificaram que o consumo de

álcool, cigarro, e outras drogas, estão dentre os vinte maiores problemas de saúde

no mundo, o álcool é responsável por 3,2%, e o tabaco por 9%. A facilidade com que

crianças e adolescentes tem acesso as drogas, como o cigarro, o álcool e até

mesmo drogas mais pesadas, é preocupante, pois a iniciação ao consumo das

mesmas, ocorre cada vez mais cedo, normalmente entre 10 e 12 anos, por mera

curiosidade, o que pode vir a causar sequelas percebíveis na idade adulta, e/ou

causar o vício. (ROEHRS, 2008)

Tendo em vista a possível dependência dos usuários de droga, leva estes ao

reconhecimento dos malefícios envolvidos em seus comportamentos, porém os

mesmos não mostram interesses em procurar um tratamento. Sem tratamento

adequado, o quadro dos usuários tende a piorar com o tempo, pois o consumo

excessivo de substancias psicoativas, os leva a destruição de si mesmo, afetando

sua vida pessoal, familiar, profissional e social.

Segundo Magalhães, Souza e Melo, (2008) a grande maioria das clínicas já

existentes, localizam-se em casas que foram adaptadas para atender dependentes

químicos, muitas vezes não oferecendo um lugar adequado para o tratamento, de

jovens que ainda sofre muito, pela cultura de muitos que tem a dificuldade de tratar o

problema da dependência como uma doença, a qual necessita de cuidados

específicos e investimentos em lugares agradáveis e preparados para atender

dependentes químicos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Desenvolver um projeto arquitetônico de um Centro de Reabilitação, de modo

que este possa auxiliar no tratamento do adicto, promovendo bem estar do paciente,

superando dificuldades que encontrem durante o processo de desintoxicação e

reabilitação, durante e após o tratamento.

Page 13: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

3

1.2.2. Objetivos Específicos

Propor espaços integrados com a natureza;

Promover acompanhamento clínico especializado;

Prever que todos os espaços sejam monitorados, para uma maior

segurança;

Projetar espaços com acessibilidade, proporcionando segurança para os

internos;

Propor áreas de atividades recreativas, incentivando o diálogo e o

convívio entre os adictos;

Projetar salas de aulas, para a aprendizagem de oficinas

profissionalizantes;

Prever áreas de convivência em comunidade, preocupando-se com a

ressocialização ao retornar a sociedade;

Promover espaços para que o dependente possa compartilhar as

experiências vivenciadas não somente entre eles, mas também

possibilitando oferecer palestras preventivas para a comunidade.

1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A escolha do tema arquitetura hospitalar, com foco, no projeto de um centro

de reabilitação para dependentes químicos, o qual será implantado na cidade de

Não-Me-Toque/RS ocorreu, por motivos de que a dependência química está cada

vez mais prevalente em nosso meio de convívio, causando este assunto, um

problema social crítico. A escolha do terreno deu-se pelo motivo de ser afastado do

centro da cidade, porém próximo a um dos bairros com grande índice de usuários.

O projeto destina-se primeiramente para homens de qualquer idade, que

necessitem de tratamento em dependência química, e assim viver em sociedade. E

também para toda a população que tenha necessidade de usufruir dos serviços da

clínica de reabilitação, através de palestras e informações. O Centro de tratamento

irá atender qualquer pessoa, independente de raça, religião, ou nível social, por esse

Page 14: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

4

motivo se faz necessário espaços que proporcionem aos internos aprenderem o

manuseio de algum tipo de profissão, para assim poder manter o seu tratamento.

O período de tratamento é determinado conforme o estado psíquico de cada

paciente, e o regime de atendimento é residencial, em tempo integral, diferenciando-

se assim de uma internação hospitalar, porém faz-se necessário alas de

desintoxicação e ambulatórios, para que assim os internos possam passar para a

reabilitação psíquica, e a reintegração social.

No hospital toda a equipe profissional “faz pelo paciente”; na comunidade terapêutica a equipe profissional e pares “fazem com ele”, em uma relação horizontalizada. (FRACASSO, 2011)

A ideia é criar ambientes livres de substâncias geradoras de dependência,

propondo espaços para terapias de grupos, e individuais, lugares para palestras,

oficinas, cursos profissionalizantes, e realização de tarefas cotidianas, como hortas,

esporte e lazer, e também espaços ligados a espiritualidade, que podem ou não

estar relacionadas a uma religião.

Page 15: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

5

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo aborda a fundamentação teórica para o desenvolvimento

de uma proposta de projeto para um centro de reabilitação para dependentes

químicos que englobará os seguintes assuntos: Espaço de reabilitação humanizado:

Centro de reabilitação psicossocial; Usuários de substâncias química: Usuário para

com o tratamento; Usuários e as drogas; Especificidades do atendimento

psicossocial em centros de tratamento: O tratamento adequado; Espiritualidade;

Reinserção e prevenção, a importância da sociedade;

2.1 CENTRO DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL / ESPAÇOS HUMANIZADOS

Desde o início do século XIX, no movimento do abstencionismo, nos Estados

Unidos (EUA), criou-se a ideia da reabilitação de vícios comportamentais, visto a

necessidade que a sociedade tem em aliviar o sofrimento de seus dependentes. O

movimento abstencionista tinha como objetivo a suspensão do uso de substâncias,

como o álcool, pois o mesmo, passou a ser visto como um atuante na degradação

social.

A organização do movimento criou os primeiros centros de reabilitação nos

Estados Unidos, em que os homens conviviam coletivamente, longe das tentações

do mundo, as chamadas "casas de sobriedade". Após um século crescendo em

termos de crença e membros, o movimento abstencionista ajudou a aprovar a Lei da

Proibição, que proibia a venda, a posse ou o consumo de álcool nos EUA, em 1920

(CLARK, 2014). Porém a sociedade americana não estava disposta a abandonar as

bebidas, e 13 anos depois, a lei foi revogada. Como os Estados Unidos não

conseguiu livrar-se das tentações perante as bebidas, eles necessitavam de um

abrigo dentro da sociedade, no qual pudessem se ver livres do desejo do álcool: a

reabilitação.

Em um momento a responsabilidade de tratamento, passou a ser da medicina,

e não somente da sociedade. O tratamento então passou a ser fornecido em

ambientes mais clínicos, como em hospitais, alas psiquiátricas e sanatórios. O

movimento também mencionou as organizações fraternais, como a Ordem

Internacional dos Bons Templários, servindo como grupos de apoio, estes grupos

criaram o primeiro programa de tratamento em grupo de apoio organizado, os

Alcoólatras Anônimos (AA), que criou o programa de 12 passos. Graças ao sucesso

Page 16: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

6

de programas como o AA, ficou claro que os programas de tratamento eram uma

solução para os problemas causados pelo uso de substâncias entorpecentes.

(CLARK, 2014)

Um dependente de álcool em recuperação, Charles Dederich, uniu suas

experiências nos AA com conhecimentos práticos e psicológicos, foi por ele a

abertura das reuniões de grupos a usuários abusivos de qualquer substâncias, e o

surgimento de comunidade residencial. Na década de 80, houve um aumento na

quantidade de clínicas de tratamento residencial. Devido a acrescente situação de

consumo de drogas, a demanda por tratamentos de reabilitação aumentou. A ideia

de reabilitação em centros de tratamentos para dependentes químicos, trata-se da

possibilidade de abordar o adicto, não somente de forma individual, mas também de

forma grupal. (FILHO, 2010)

Muitas são as instituições junto à sociedade civil que têm se proposto a desenvolver um trabalho de assistência e tratamento a dependentes químicos: grupos anônimos, clínicas ou casas de recuperação, hospitais, etc. Esse número cresce à medida que a demanda aumenta, levando grupos, comunidades, associações, clubes de serviços e igrejas a organizarem trabalhos de atendimentos a esse segmento. As propostas de formas de atendimento a essa população específica variam de acordo com a visão de mundo e perspectiva política, ideológica e religiosa dos diferentes grupos. (LOPES, 1998, p.03)

2.2 A VISÃO DO USUÁRIO DIANTE DO TRATAMENTO

Segundo Pereira (2008), o processo de tratamento da dependência química, é

de desenvolvimento e crescimento para os usuários, que desenvolvem desde tarefas

básicas até mesmo outras mais complexas. O adicto passa pela fase da abstinência,

onde, não usa drogas, o que causa muita dor ao usuário, a dor é causada também

pela necessidade física da substância, mas a dor maior é em relação a perda da

ilusão de lidar com a vida, pois ele passa a ficar sóbrio, e precisa aprender a

enfrentar seus medos e dificuldades, para assim poder ter uma vida saudável e de

produtividade.

A próxima fase é a de recuperação, onde o ex-dependente químico não usa

mais drogas, recomeçando a gostar de si mesmo, a recuperar seus amigos,

valorizando a vida e construindo sua autoestima com dignidade e autoconfiança. A

recuperação deve ser feita por etapas, com a ajuda de profissionais, para que o

Page 17: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

7

tratamento possa ter sucesso. Contribuir com a criação do conceito, e localização

dos edifícios no terreno.

O processo de tratamento varia de acordo com a necessidade de cada

usuário, o qual passa por fases como a desintoxicação, que é onde o paciente

encontra-se por um tempo até a eliminação das substâncias tóxicas do organismo.

Passa pela reabilitação psíquica, onde acontece a conscientização do mal que o uso

de drogas o faz, é nesta fase que precisa mudar suas atitudes para que o tratamento

tenha sucesso. Na fase de reintegração social é onde o ex-adicto já passou por um

tratamento adequado para livrar-se do vício, passando então a sentir dificuldades ao

ser reinserido de volta a sociedade. Nesta fase é essencial a busca por grupos de

apoio para assim ter ajuda diante dos obstáculos que terá pela frente. E enfim a fase

ambulatorial, onde se faz necessário que tanto o ex-paciente, quanto seus familiares

procurem grupos de apoio, para saber lidar com as cobranças e os compromissos

da vida sem as drogas, tendo assim sucesso no processo de reintegração social.

A cura desejada pelo dependente químico e seus familiares passa,

primeiramente, pela abstinência de substâncias, e pode ser entendida como a

capacidade de não usar drogas.

2.3 USUÁRIOS E AS DROGAS

Filho, (2010), comenta que a relação do usuário com a droga é construída

com o passar do tempo, independente de raça, sexo, classe social, e personalidade.

Uma vez que se associa o uso de drogas com necessidades satisfeitas, o usuário

acredita que usando droga tudo conseguirá, e passa a ter acesso garantido a

substância todos os dias, fazendo que ela esteja presente na sua rotina.

“Droga é toda a substância que, introduzida em um organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções, ou mesmo atenuar o sofrimento psíquico, ou ainda proporcionar prazer, mesmo que temporário e artificial, [...] drogas ilícitas, portanto, são as substâncias químicas, naturais ou sintéticas proibidas, notadamente por causarem danos físicos e psicológicos de quem a usa.” (SENAD,2006).

Entre as drogas mais conhecidas estão especialmente a maconha e a

cocaína, drogas estas conhecidas desde a existência da humanidade. O uso

Page 18: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

8

descontrolado dessas substâncias que causam danos à saúde mental e física de

seus usuários, e também a degradação de toda a sociedade, devido a criminalidade

imposta pela produção e comercialização ilegal das mesmas, faz com que a

sociedade fique vítima da violência imposta por esse uso indevido. No Brasil a

maconha e a cocaína, tem causado maior preocupação, porém o crack tem surgido

de forma destruidora em todas as classes sociais.

Segundo Machado, (2011), de acordo com o tempo de uso da maconha, pode

perceber-se consequências prejudiciais, e indesejadas, o que causa a dependência

e a intoxicação, produzindo sintomas psíquicos, onde a maconha atinge a mente,

deixando o usuário tremulo, suado, angustiado, com medo de perder o controle de

sua mente, perde-se também a memória e a atenção, acontece perturbação em

relação a tempo e espaço, o aumento da dose usada, causa delírios, alucinações e

alteração de humor, deixando a pessoa incapaz de realizar tarefas que dependem

de atenção, discernimento e bom senso. Atinge também o corpo, que são os

sintomas físicos, deixando o usuário com mais apetite, diminuindo a coordenação

motora, hipotensão postural e taquicardia.

Considerada por muitos inofensiva, a maconha causa problemas como,

depressão, psicose, pânico, paranoia, dependência, ansiedade e problemas

respiratórios, deixando comprometido o trabalho e os estudos de quem à usa, o uso

dessa substância também pode levar a consumir-se drogas como, cocaína, heroína

e o crack. (MACHADO, 2011).

A cocaína, é uma substância natural, conhecida como cola ou epadu, a

intenção do usuário de cocaína é sempre de aumentar a dose na ilusão de

experimentar resultados mais fortes, causando irritabilidade, tremores,

comportamento violento, paranoia, alucinações, delírios e agressividade, como

comenta Braun, (2007). A cocaína também leva o usuário a sentir sensações

intensas de alegria e poder, seguida da sensação desagradável de cansaço e

depressão, proporciona também um estado de prazer, hiperatividade, excitação,

insônia, anorexia, convulsão, hipertermia e parada cardíaca. O uso também provoca

dilatação das pupilas, taquicardia, hipertensão arterial, necrose do septo nasal e a

degeneração dos músculos do corpo.

Page 19: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

9

Já o crack, causa dependência física imediata, podendo levar a morte, pelo

fato de agir diretamente no sistema nervoso central e cardíaco. Assim como a

cocaína, o crack provoca insônia, diminuição de apetite, tremores, perda de peso,

inquietação, depressão, convulsão, irritabilidade e agressividade. Também causa

efeitos como sensação de poder, aumento da auto-estima, e euforia, diminuindo a

coordenação motora, causando ataque cardíaco e derrame cerebral, levando a

overdose, e causando a morte de quem o usa. (BRAUN, 2007).

“O viciado é um doente, que precisa verdadeiramente de tratamento. O usuário serve-se de droga, em momentos de alegria ou tristeza, promovendo, nesses intervalos, atos e circunstâncias que geram a violência;” (SENAD,2006).

2.4 ESPECIFICIDADES DO ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL EM CENTROS DE TRATAMENTO

2.4.1 O tratamento adequado

Os estudos de Pereira, (2008), mostram que o tratamento é a melhor escolha

que o dependente faz, beneficiando não somente ele, mas também sua família, esta

alternativa faz com que o usuário aceite viver longe de substâncias ilícitas,

proporcionando maior motivação para o mesmo. Os adictos logo que aceitam o

tratamento não estão certos de que estão viciados, o motivo que aceitam o

tratamento é devido ao prejuízo que passam a ter no dia-a-dia, tais como problemas

profissionais, familiares, legais, médicos e financeiros.

O tratamento em centros de reabilitação para dependentes químicos, pode ser

confundido com tratamento manicomial ou psiquiátrico, ou até definidos como

modelos de ‘depósitos de humanos’, porém, estes centros de reabilitação, tem como

objetivo trabalhar com seriedade, frisando trabalhar com ética e responsabilidade,

diferenciando-se assim na maneira de internar e de tratar. (FILHO, 2010). A maneira

do tratamento nestes centros, é em tempo integral, e torna-se diferente em alguns

aspectos comparados ao tratamento hospitalar. Primeiramente o tratamento requer

que o interno participe ativamente das atividades propostas dentro do centro de

reabilitação, privando-se do uso de drogas. A principal diferença entre o tratamento

em um hospital e um centro de reabilitação, é que nos hospitais o profissional ‘faz

pelo paciente’, e nos centros, o profissional, ‘faz com o paciente’.

Page 20: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

10

A principal tarefa de um centro de reabilitação para dependentes químicos, é a

de que o tratamento psicossocial prepare o dependente para poder viver em um

mundo sem drogas, disponibilizando assim um espaço livre de substâncias que

possam gerar dependência, oferecendo serviços de saúde que seguem orientações

médicas, preparando os internos para participação de diversas atividades e

realizações de tarefas diariamente, proporcionando acompanhamento de

profissionais na área de saúde, serviço social. O uso de medicamentos faz-se

necessário pois possibilita o controle de dores, e ajuda no controle da fissura, e na

baixa da ansiedade. Assim o ambiente de tratamento passa a ser se suma

importância para a sociedade, e para o dependente químico, pois na grande maioria

percebe-se que vínculos familiares encontram-se fragilizados. (FILHO, 2010).

2.4.2 Espiritualidade

Os estudos de Backes, (2007), confirmam que a espiritualidade pode

beneficiar a saúde física, causando resultados positivos sobre a saúde mental,

podendo também influenciar fatores que comprometem a prestação de cuidados em

saúde, ligadas à redução das taxas de suicídio, da ansiedade, da depressão,

proporcionando melhoria no estado de bem-estar, dando propósitos à vida. Os

pacientes que buscam reconectar-se com seu lado espiritual conseguem se

fortalecer e manter-se por mais tempo em sobriedade.

No tratamento dos usuários em centros de reabilitação psicossocial, se faz

imprescindível o cuidado com a espiritualidade, não necessariamente impondo um

tipo de religiosidade, ficando está de livre escolha do interno. Um espaço reservado

para ser trabalhado a espiritualidade, faz-se necessário pois auxilia no

autoconhecimento, reencontro com sigo mesmo, e pode proporcionar sensação de

tranquilidade, calmaria e até mesmo a sensação de ‘força’ para lidar com a

dependência dos adictos.

Espiritualidade: busca pessoal pelo entendimento de respostas a questão sobre a vida, seu significado e relações com o sagrado e transcendente, que pode ou não estar relacionada a proposta de uma determinada religião; (FILHO, 2010).

Page 21: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

11

2.4.3 Reinserção e prevenção, a importância da sociedade

A família tem papel essencial no que diz respeito a volta do ex-dependente

para casa, e se faz fundamental na reinserção social. A maneira como o adicto é

recebido de volta a sociedade, é de extrema importância, para que ele possa

manter-se seguro de seu tratamento e ‘limpo’ de drogas. É importante que o ex-

usuário sinta-se parte de um grupo social, podendo produzir e ser útil. O ex-

dependente não pode ser descriminado, e excluído do lugar onde vive, pois

necessita do apoio e colaboração de toda a população para assim ser reintegrado e

inserido de volta a sociedade.

A demanda por soluções imediatas diante ao consumo de drogas, causa

grande preocupação, sendo assim necessário que a sociedade repense seu papel,

buscando o controle e o combate ao uso de drogas, que deve iniciar pela prevenção

o qual poderá beneficiar a população em geral. Estimulante da criminalidade, tráfico

e corrupção, o uso de drogas ilegais vem tomando dimensões maiores, e a melhor

maneira de lidar com este problema, é o debate sem preconceito, e a informação

correta. (PEREIRA, 2008).

2.5 A LINGUAGEM DA ARQUITETURA HOSPITALAR DE JOÃO FIGUEIRAS LIMA

A descrição dos elementos que caracterizam a linguagem arquitetônica de

João Filgueiras Lima, o Lelé, parte do conceito que é constituído por um padrão de

componentes. A arquitetura está nas diferentes formas, e características a elas

atribuídas, como texturas, cores, materiais e regras de sintaxe, fazendo com que o

estilo de Lelé seja diferenciado de acordo com a identidade de cada item sugerido.

Os elementos desenvolvidos possuem identidade que se ‘misturam’, e geram novas

formas, as quais atendem diferentes necessidades, sempre de acordo com o

contexto de seus projetos. As características que conduzem as obras de forma

harmônica está no uso de artifícios em distintas situações, na ocupação de materiais

e tecnologias que causam efeitos de diferentes naturezas: térmicas, iluminação,

ventilação, tátil. (WESTPHAL, 2007).

Uma das particularidades mais sensíveis nos hospitais da Rede Sarah é a

forma de seus elementos de cobertura (sheds, marquises, abóbodas), os quais

possuem formas parecidas que fazem com que se identifique um estilo. A

Page 22: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

12

composição das formas das coberturas mostram a habilidade do arquiteto de gerar

formas a partir de segmentos de reta e secções de círculos. A complexidade e

necessidades de um programa hospitalar não são obstáculos para a criatividade do

arquiteto, que sempre respeita as diferenças de cada terreno, assegurando um bom

funcionamento em seus projetos, propondo espaços e formas diferentes, fazendo

uso de componentes construtivos, e mantendo a linguagem de seu estilo em suas

obras. (LIMA, 1999).

Segundo os estudos de Westphal (2007), uma das características das obras

de Lelé é o uso de painéis e componentes coloridos, que destacam-se em meio a

dominância do branco e cinza, atribuindo ritmo aos projetos. Outra preocupação, são

com elementos de ventilação e iluminação natural, que estão em quase todos os

espaços dos projetos. Também nota-se uma preocupação com o equilíbrio dos

materiais utilizados, como a transparência do vidro, a opacidade da argamassa-

armada, e a leveza do aço, os quais devem indicar harmonia a cada obra.

Page 23: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

13

3. ESTUDOS DE CASOS

Foram selecionados três projetos, um nacional, e dois internacionais, com

diferentes valores estéticos e de cidades que se diferem, na sua população, clima e

cultura, criando uma comparação multifatorial para o estudo.

3.1 FICHA TÉCNICA DOS PROJETOS

Centro De Recuperação Para Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

(Figura 1), na Paraíba/Brasil, projetada pelos arquitetos: Antônio Cláudio Massa E

Kleimer Martins, possui 1.465m² de área construída, implantada em uma área

agrícola.

Figura 1 - Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva Fonte: Kleimer Martins,2007

Centro de Reabilitação Psicossocial / Otxotorena Arquitectos, (Figura 2) em

Alicante/Espanha, projetada pelos arquitetos: Juan M. Otxotorena, José L.

Camarasa, Gloria Herrera, Jorge Ortega, e possui 16657.0 m².

Figura 2 - Centro de Reabilitação Psicossocial / Otxotorena Arquitectos

Fonte: Otxotorena Arquitectos,2014

Page 24: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

14

Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont, (Figura 3) em Belmont,

Victoria, Austrália, projetada pelo arquiteto: Billard Leece Partnership que possui

600.00 m².

Figura 3 - Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont

Fonte Billard Leece Partnership,2012

3.2 PROGRAMA E CARÁTER

Figura 4: Comparativo referente ao programa de caráter dos estudos de caso

PR

OG

RA

MA

E

CA

TE

R

ZO

NE

AM

EN

TO

DA

PL

AN

TA

/SE

TO

RIZ

ÃO

Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação

Cidade Viva

Centro de Reabilitação

Psicossocial

Centro Comunitário de

Reabilitação de Belmont

SETORES COMUNS ENTREOS ESTUDOS ANALISADOS

Os setores comuns nos projetos estudados são: enfermaria, consultórios, despensa, depósito, refeitório, cozinha, dormitórios, sala de reuniões, salas de atividades multifuncional, oficinas, areas verde.

Fonte: Autor, 2016

Os três projetos analisados possuem um programa destinado a reabilitação

psicossocial, sendo parecidos, observados na (Figura 4), onde apresentam setores

em comum, dentre eles: dormitórios, enfermaria, salas de atividades muitifuncionais,

refeitório, oficinas, áreas verde. O Centro De Recuperação Para Dependentes

Químicos-Fundação Cidade Viva possui um programa mais extenso que os outros,

Page 25: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

15

pois encontra-se numa área rural, possibilitando assim mais espaços livres, em

contato com a natureza. Já os demais, possuem o programa mais compacto, pois

estão localizados no meio urbano, onde seu entorno já é consolidado.

3.3 IMPLANTAÇÃO

Em todos os projetos estudados, não apresentam espaços públicos abertos,

pois tratam-se de Centros fechados destinados a pessoas com dependência

química. No primeiro estudo (figura 1), percebe-se vãos centrais abertos, gerando

espaços favorecidos pela ventilação, a ligação dos volumes acontece através de

passarelas. Já no segundo estudo (figura 2) todos os espaços e necessidades

funcionais são agrupadas em um único edifício, projetado como um grande

paralelepípedo, com um único acesso e um jardim. O terceiro estudo, (figura 3), está

implantado em um ambiente de jardim que fornece instalações de reabilitação

externas e assentos em um pátio protegido do vento e ensolarado o qual é

conectado ao Centro Comunitário de Saúde, através de uma passarela coberta.

Figura 5: Comparativo referente a implantação dos estudos de caso

IMP

LA

NT

ÃO

Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação

Psicossocial

Centro Comunitário de

Reabilitação de Belmont

RELAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO COM A MALHA URBANA

Implantado em uma área agricola, desconectado da malha

urbana.

Conectado à malha urbana, o terreno ocupa metade da

quadra.

Conectado à malha urbana, o projeto conecta-se a outros

volumes.

ESPAÇOS ABERTOS EM RELAÇÃO A MALHA URBANA

Não possui espaços abertos, interligados a malha urbana, pois trata-se de um centro

fechado, destinado a pessoas com dependência quimíca, e o mesmo esta inserido em uma

área agricola.

Não possui espaços abertos, interligados a malha urbana, pois trata-se de um centro

fechado, destinado a pessoas com dependência quimíca.

Não possui espaços abertos, interligados a malha urbana, pois trata-se de um centro

fechado, destinado a pessoas com dependência

quimíca.

Fonte: Autor, 2016

Page 26: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

16

3.4 FUNÇÃO

Figura 6: Comparativo referente a função dos estudos de caso

FU

ÃO

OR

GA

NIZ

ÃO

FU

NC

ION

AL D

AS

PLA

NT

AS

Centro De Recuperação Para Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação Psicossocial

Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont

ORGANIZAÇÃO DAS PLANTAS POR SETOR

ORGANIZAÇÃO DAS PLANTAS / FLUXOS

FLUXOGRAMA

Fonte: Autor, 2016

Page 27: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

17

Na (Figura 6), se observa a comparação entre a função nos três projetos

analisados. O Centro -Fundação Cidade Viva, possui um programa mais extenso e a

planta organizada linearmente, dividida em três blocos, proporcionando espaços

para jardins entre eles. Já no Centro de Reabilitação Psicossocial, a planta também

é linear, porém o projeto consiste em um único bloco com acesso também a área

verde. No projeto de Belmont, a planta está colocada de forma linear, com ‘U’,

integrando a área verde do projeto.

3.5 FORMA

Figura 7: Comparativo referente análise formal dos estudos de caso

FO

RM

A

Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação

Psicossocial

Centro Comunitário de

Reabilitação de Belmont

ELEMENTOS DE ARQUITETURA / MARCAÇÃO DE ACESSO DO EDIFÍCIO / COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA

Coberturas e pisos estendidos/ Simetria na planta/ Hierarquia de

acessos.

Utilização de um sistema de painéis verticais remete ritmo nas

fachadas, contraste entre materiais tradicionais / a

marcação de acesso foi feita através de uma escada acima da

entrada, deixando um amplo espaço na entrada.

Utilização de brises nas janelas para as zonas dos

jardins, remetem ritmo, contraste entre materiais

tradicionais / a marcação de acesso foi feita através de uma passarela coberta que

liga ao Centro Comunitário de Saúde.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

Planta Linear (CHING,2002)

Planta Linear (CHING,2002)

Planta linear, volume

agromerado (CHING,2002)

Planta com espaços organizados linearmente.

Planta com espaços organizados linearmente.

Planta com espaços organizados linearmente, e

volume aglomerado.

Fonte: Autor, 2016

Page 28: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

18

Na (Figura 7) apresenta-se um comparativo sobre a análise formal dos

estudos de caso, abordando formas, materiais e técnicas utilizadas pelos arquitetos

para conseguir o efeito e intenções desejadas, assim como demonstra a

organização espacial.

Pode-se observar a preocupação com as questões bioclimáticas e eficiência

energética, por exemplo, pelo uso de proteção solar nas fachadas, com brises, ou

até mesmo com uso de vegetação. Quanto às questões formais os três casos

estudados apresentam marcação de acesso, alinhamentos, cheios e vazios,

hierarquia, ritmo, entre outras estratégias compositivas.

3.6 HABITABILIDADE

Na (Figura 8) estão apresentadas as técnicas que os projetistas utilizaram

para propor condições de habitabilidade nos edifícios analisados. Soluções

diferentes foram adotadas para diversos climas e condições de insolação.

Figura 8: Análise da habitabilidade nos estudos de caso

HA

BIT

AB

ILID

AD

E

Centro De Recuperação Para Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação Psicossocial

Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont

TÉCNICAS E MATERIAIS QUE TORNARAM AS EDIFICAÇÕES HABITÁVEIS

Projeto em três níveis conectados por passarelas e rampas, criando generosas áreas sombreadas sobre o eixo norte sul, dispostas a partir de vãos centrais abertos, gerando espaços favorecidos pela ventilação, e também a cobertura se estende em diferentes espaços do projeto.

Um sistema de pátios, que agem como prismas de luz, proporciona iluminação natural para os diferentes ambientes internos, e um sistema de painéis verticais faz o controle da insolação nas fachadas.

A fachada é com janelas em recesso e auto-sombreadas nas elevações para a rua e brises nas janelas para as zonas de jardins, o pátio ensolarado é protegido do vento.

Fonte: Autor, 2016

Page 29: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

19

3.7 TECNOLOGIA

Conforme pode ser observado na figura abaixo, em todos os estudos de caso

foram utilizados materiais tradicionais, frequentemente utilizados em edifícios

públicos, como concreto, alvenaria de tijolos, estruturas metálicas e vidro, remetendo

tanto a leveza, quanto à resistência.

Figura 9: Análise de tecnologia e materiais nos estudos de caso

TE

CN

OLO

GIA

Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação

Psicossocial

Centro Comunitário de

Reabilitação de Belmont

MATERIAIS UTILIZADOS NOS EDIFÍCIOS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Utilizando tecnologias locais

sustentáveis, faz uso de alvenaria de tijolos, estruturas metálicas e

concreto, rementendo a ‘peso’resistência.

Utilizou-se vidro remetendo leveza ao projeto, e aço e

concreto, que remetem ‘peso’ resistência.

Na fachada usou-se madeira de cipreste branca,, devido a sua sustentabilidade, o calor

inerente e seu apelo natural, e o vidro para aberturas.

SISTEMA E MODULAÇÃO ESTRUTURAL

Módulo estrutural de 7m X 8m, e também inserida dentro dos

fechamentos.

Módulo estrutural de 4m X 7m. A estrutura é inserida dentro dos fechamentos.

Fonte: Autor, 2016

Page 30: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

20

3.8 ACESSIBILIDADE

Quanto à acessibilidade, nota-se, nos três estudos de caso, que o acesso é

adequado para os diferentes espaços, apresentando acessibilidade universal. No

Centro Cidade Viva, o projeto é térreo, assim como no Centro de Belmont, já no

Centro de Reabilitação Psicossocial, possui subsolo onde o acesso ao andar

superior é feito através de elevadores e escada.

3.9 CONCLUSÃO

A seguir se apresenta as considerações positivas e negativas dos estudos

apresentados. (Figura 10)

Figura 10: conclusão dos estudos de caso analisados

Pontos Positivos

Centro De Recuperação

Para Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva

Centro de Reabilitação

Psicossocial

Centro Comunitário de

Reabilitação de Belmont

- Uso da iluminação e ventilação natural. - Possui acessibilidade universal. - Organização setorial em volumes (individualizam ambientes, mas propõem conexões). - Ampla área externa. -Utilização de materiais e tecnologias locais sustentáveis. -Programa de necessidades extenso. -Generosas áreas sombreadas.

- Utiliza recursos para iluminação e ventilação natural, para os diferentes espaços internos. - Possui acessibilidade universal. -Possui estacionamento.

- Utiliza recursos para conforto ambiental, otimizando a iluminação e a ventilação natural. -Utilização de materiais que tornam a edificação habitável, como janelas em recesso e auto-sombreadas e brises nas janelas para as zonas de jardins, o pátio ensolarado é protegido do vento. - Possui acessibilidade universal.

Pontos Negativos

- Espaços internos compactos, com forma simples e reta. - Não possui espaços abertos, interligados a malha urbana, pois encontra-se numa zona rural. - Não possui estacionamento.

- Não possui diálogo com os espaços externos, em relação a malha urbana. -Não possui áreas sombreadas. - Espaços internos compactos, com forma simples e reta.

- Não possui estacionamento. - Não possui diálogo com os espaços externos, em relação a malha urbana. -Não possui áreas sombreadas. - Espaços internos compactos, com forma simples e reta

Fonte: Autor, a partir das análises dos estudos de caso. 2016

Page 31: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

21

Diante das análises feitas dos estudos de caso, percebeu-se que há aspectos

formais e funcionais que diferenciam cada projeto. O estudo do Centro De

Recuperação Para Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva, com a forma

linear e dividida em blocos, consegue proporcionar maior espaços de vivências,

como os jardins, que possuem bom sombreamento, já o estudo do Centro de

Reabilitação Psicossocial, também com forma linear, porém em bloco único, com

espaços compactos, faz parecer que o projeto seja mais simples, e passa a

sensação de frieza, e no estudo do Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont,

a forma como o projeto incorpora a área verde, e também a utilização de madeira,

faz com que o projeto pareça mais convidativo e até mesmo passe sensação de

conforto. De um modo geral, nota-se preocupação em propor diálogo formal e

funcional com o entorno, pelo uso de diferentes materiais locais.

Os projetos possuem um programa de necessidades parecido, porém a

preocupação de propor espaços para trabalhar com a prevenção da população, a

valorização da espiritualidade, assim como o incentivo ao esporte, e o manejo de

tarefas realizadas diariamente, não mostrou-se importante em nenhum dos estudos

analisados.

Page 32: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

22

4. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL

O município de Não-Me-Toque está localizado na Mesorregião do Norte Rio-

Grandense, na Microrregião de Passo Fundo. O território não-me-toquense possui

361,7 km², e contava com 15.938 habitantes no último censo. A densidade

demográfica é de 44,1 habitantes por km² no território do município. Fica à 281km da

capital Porto Alegre, e 64,7km de Passo Fundo, principal cidade da microrregião

Figura 11. A topografia do município é caracterizada pela formação de relevo suave.

Rio Grande do Sul Região norte do estado Município de Não-Me-Toque

Não-Me-Toque Entorno imediato e terreno

Figura 11 - Localização regional

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

4.2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Não-Me-Toque é conhecida nacionalmente por ser a Capital Nacional da

Agricultura da Precisão, onde há indústrias metal mecânica, em especial voltada

para o ramo da agricultura, através da indústria de maquinários.

Page 33: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

23

Com relação a área urbanizada, as atividades dividem-se em indústria,

comércio e prestadores de serviços, os quais totalizam mais de 818 unidades.

A área urbana está distribuída em 16 bairros, sendo: Centro, Industrial,

Martini, São João, Vila Nova, Santo Antônio, Jardim, Arlindo Hermes, Boa Vista,

Viau, Ipiranga, Solano, Stara, Vargas, Ióris e Cohab, como pode ser observado na

Figura 12.

Figura 12 - localização dos bairros dentro da zona urbana Fonte: Prefeitura Municipal de Não-Me-Toque,2016

4.2.2 ÁREA DE ABRANGÊNCIA

O projeto do Centro de Reabilitação para dependentes químicos, tem como

objetivo atender a região, dessa forma, apresentado na Figura 13, os municípios

próximos de Não-Me-Toque, demarcando a rota mais próxima, quilometragem, e

tempo de percurso realizado em veículos de passeio.

Page 34: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

24

Figura 13 – Área de Abrangência

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.2.3 PRINCIPAIS ACESSOS E PONTOS NODAIS NO MUNICÍPIO

Na Figura 14, se apresenta os principais acessos para o município de Não-

Me-Toque, a perimetral, e a principal avenida da cidade, que liga a cidade, do eixo

leste - oeste. Também se expõe os pontos de referência no município, como a

praça, prefeitura, rodoviária, hospitais, e as principais escolas.

Page 35: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

25

Figura 14 – Acessos e pontos no município Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.2.4 PERCURSOS APROXIMADOS EM RELAÇÃO AO TERRENO

Para facilitar a mobilidade dos principais pontos da cidade, como os hospitais,

a praça, a prefeitura, a rodoviária, e o cemitério, até a área do projeto, os percursos

foram realizados em três mobilidades: a pé, bicicleta e veículo de passeio, que estão

expressos na figura abaixo.

Page 36: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

26

Figura 15 – Percursos dentro da cidade

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.3 MAPA NOLLI

No mapa nolli, (figura 16), pode-se perceber os cheios e vazios do município,

notando-se, que em Não-Me-Toque possui ainda muitos vazios urbanos, inseridos

na zona urbana, os quais possibilitam a ocupação e proposição de novos

loteamentos.

Page 37: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

27

Figura 16 – NOLLI

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.4 INFRAESTRUTURA

4.4.1 SISTEMA VIÁRIO

Em Não-Me-Toque todas as vias são de mão dupla, sendo a via arterial as

Avenidas Dr. Waldomiro Graff e Avenida Alto Jacuí, que possuem fluxo mais intenso,

e as demais ruas com fluxo moderado a baixo. Os cruzamentos de maior conflito são

nos trevos que dão acesso a cidade, e também quando acontece a união de mais de

vias. Figura 17.

Page 38: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

28

Figura 17 – Sistema Viário

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

As vias próximas a área de implantação do projeto são a RS 142 (perimetral),

e Av. Dr. Waldomiro Graff, que respectivamente possuem pavimentação asfáltica e

apresentam bom estado de conservação. Já as vias do bairro mais próximo, Santo

Antônio não possui pavimentação. Próximo ao terreno é inexistente o passeio.

Figura 18 – Corte das vias

Fonte: Autor, 2016.

Page 39: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

29

Figura 19 – Largura das vias, pavimentação, sinalização próximas do terreno Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

Figura 20 – Inexistência de passeio

Fonte: Autor, 2016.

Page 40: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

30

4.5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Pode-se perceber na Figura 21 que a urbanização do município deu-se de

forma centralizada, dividida através de quadras com dimensões irregulares. As ruas

foram sendo construídas no formato de eixos lineares, onde algumas quadras não

apresentam ângulos retos.

Figura 21 – Ocupação do solo

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

A área urbana em seu contexto caracteriza-se pela predominância de

construções horizontais e unifamiliares, com exceção da área central da cidade, que

encontra-se totalmente ocupada, com algumas construções verticalizadas, no eixo

da Av. Alto Jacuí, onde chegam a 26m de altura. As áreas periféricas, onde há

probabilidade de desenvolvimento urbano, também possuem características

horizontais de ocupação. As construções na área urbana são regulamentadas pelo

Código de Obras, mas não há nestas Legislações uma determinação da altura

máxima para as construções.

Page 41: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

31

O município possui predominância do uso residencial unifamiliar, seguido do

uso misto, considerado térreo comercial e superior residencial, conforme pode se

observar no gráfico a seguir.

Figura 22 – Gráfico de, proporção entre os usos. Fonte: Autor, 2016.

4.6 MAPA DE INFRAESTRUTURA URBANA

O abastecimento de água no município de Não-Me-Toque é realizado pela

Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN).

O sistema de esgotamento sanitário no município de Não-Me-Toque é

composto por lançamento dos efluentes sem tratamento via poço negro, pois o

município não conta com um sistema coletivo para tratamento de esgoto, sendo

assim, a principal forma de tratamento existente são os sistemas individuais os quais

são caracterizados por ser a forma de destinação de esgotos de uma unidade

habitacional, habitualmente composta por fossa séptica seguida de sumidouro.

Page 42: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

32

Figura 23 – Infraestrutura próxima ao terreno.

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.7 TRANSPORTE

Não-Me-Toque não possui transporte coletivo, nem ponto de táxi, faz uso

somente de ônibus interestadual, onde o mesmo atravessa a cidade e leva

passageiros a outros municípios. Figura 24.

Page 43: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

33

Figura 24 – Rota ônibus interestadual dentro do município

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

4.8 ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

A área escolhida para implantação do projeto é um vazio urbano localizado no

limite norte da cidade, inserido no perímetro urbano, na zona industrial do município.

Uma das características para a escolha da área foi o fácil acesso, que é possível

pela RS-142, com uma de suas testadas de frente para o trevo de acesso a Não-Me-

Toque, possibilitando também uma fácil ligação com o centro da cidade.

Page 44: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

34

4.8.1 Topografia

O terreno onde será inserido o projeto, possui 5m de desnível em declive para a parte de traz do terreno.

Figura 25 – Topografia 1

Fonte: Autor, 2016.

Figura 26 – Topografia 2

Fonte: Autor, 2016.

Page 45: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

35

4.8.2 Dimensões do terreno, Orientação Solar e Ventos Dominante

SOL NASCENTE SOL POENTE VENTOS DOMINANTES

Figura 27– Dimensões, Orientação solar e ventos dominantes. Fonte: Autor, 2016.

4.8.3 Perfil do terreno

Figura 28 – Perfil terreno

Fonte: Autor, 2016.

Page 46: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

36

4.8.4 Skyline de cada face do quarteirão

Figura 29 – Skyline

Fonte: Google. Adaptação do autor, 2016.

Nota-se que o entorno imediato não possui obstruções de visuais, as

edificações existentes são baixas, com até 2 pavimentos, proporcionando um visual

adequado para a implantação da proposta do Centro de reabilitação para

dependentes químicos.

4.9 SÍNTESE DA LEGISLAÇÃO

4.9.1 Plano Diretor

O município de Não-Me-Toque não possui Plano diretor, porém faz uso de

duas outras leis, Lei de Uso e Ocupação do Solo – Lei n° 1017/1987 e Lei de

Parcelamento de Solo – Lei n° 1018/1987, que tem como objetivo ordenar o

crescimento da cidade através do parcelamento do solo e aberturas de vias, e

Vista1

Vista2

Vista3

Vista4

Vista4 V

ista

1

Vista2

Vis

ta3

Page 47: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

37

promover infra estrutura para as novas áreas ocupadas, evitar o uso de terrenos

impróprios para o parcelamento do solo. Com base nesta legislação o terreno,

localiza-se na ZCI (Zona Comercial / Industrial), onde uso está permissível para esta

área. Obedecendo aos seguintes índices urbanísticos máximos:

Tabela: 1 índice urbanístico

INCENTIVADO PERMITIDO

CA 1,2 0,6

TO 70% 80% a 20% respeitando os recuos.

RECUOS MINIMOS Frontal: 2m Lateral e Fundos: 1,5m

VAGAS DE GARRAGEM Uma a cada 80m²

4.9.2 Código de Obras

O código de obras do município de Não-Me-Toque-RS- Lei n° 910/84,

regulamenta as construções no município, adequando condições gerais relativas as

edificações, condições relativas aos compartimentos e instalações em geral, observa

normas de drenagem de águas pluviais e ligação de água junto a CORSAN e

implantação de sistema individual de tratamento de esgoto (fossas-sépticas e

sumidouro).

4.9.3 Normatização Específica

Para o desenvolvimento do projeto serão observados as RDC’s 101 e 29, as

quais estão expostas na Tabela 2.

Tabela 2 COMPARATIVO ENTRE A RDC 101 E A RDC 29

RDC101/2001 RDC 29/2011 Finalidade das Comunidades Terapêuticas:

Atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, segundo modelo psicossocial.

Instituições que prestem serviços de atenção as pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas.

Conceituação

Comunidades Terapêuticas. Serviços em regime de residência ou outros vínculos de um ou dois turnos, segundo modelo psicossocial cujo principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares • Conceituação + extensa, remetendo a princípios e processos de funcionamento.

Transforma a “Comunidade Terapêutica“ em Equipamento Social. Serviços em regime de residência cujo principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares. •Trabalho por inclusão da geração de renda. •Foco = família

Organização dos serviços

• Serviços urbanos e rurais. • Possuir licença sanitária • Responsável técnico com formação

• Serviços urbanos, rurais, públicos, privados, comunitários, confessionais e filantrópicos. • (amplia o leque natureza jurídica)

Page 48: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

38

superior na área da saúde.

• Possuir licença sanitária responsável técnico de nível superior de qualquer área de formação - legalmente habilitado, bem como um substituto com a mesma qualificação.

Recursos Humanos

• equipe mínima para atendimento de 30 residentes: • 01 (um) Profissional da área de saúde com formação superior, responsável pelo Programa Terapêutico, capacitado para o atendimento de pessoa com transtornos decorrentes de uso ou abuso de SPA. • 01 (um) Coordenador Administrativo; •03 (três) Agentes Comunitários capacitados em dependência química em cursos aprovados pelos órgãos oficiais de educação e reconhecidos pelos CONEN's ou COMEN's .

•Profissional que responda pelas questões operacionais durante o seu período de funcionamento, podendo ser o próprio responsável técnico ou pessoa designada para tal fim. • As instituições devem manter recursos humanos em período integral, em número compatível com as atividades desenvolvidas. •As instituições devem proporcionar ações de capacitação à equipe, mantendo o registro.

Agravos à Saúde

As instituições devem possuir mecanismos de encaminhamento à rede de saúde dos residentes que apresentarem intercorrências clínicas decorrentes ou associadas ao uso ou privação de SPA, como também para os casos em que apresentarem outros agravos à saúde (propõe articulação rede SUS).

Critérios Admissão/ Triagem/ Elegibilidade

• A aceitação da pessoa encaminhada por meio de mandado judicial, pressupõe a aceitação das normas e do programa terapêutico dos serviços, por parte do residente.

• Residentes sub- judice tem que assinar termo de consentimento esclarecido. Rotinas– RDC 29/2011 Art. 20. Durante a permanência do residente, as instituições devem garantir: I - o cuidado com o bem estar físico e psíquico da pessoa, proporcionando um ambiente livre de SPA e violência; II - a observância do direito à cidadania do residente; III - alimentação nutritiva, cuidados de higiene e alojamentos adequados; IV - a proibição de castigos físicos, psíquicos ou morais; V - a manutenção de tratamento de saúde do residente;

Prestação de serviços de saúde e relação com a rede de serviços de saúde;

• Rotina de atendimento de saúde • Atendimento psiquiátrico periódico quando necessário • Encaminhamento à rede de saúde em caso de intercorrência clínica.

• Indicação de serviços de atenção à saúde de rede pública ou privada para os residentes. • Mantido encaminhamento à rede.

INFRA ESTRUTURA

• Necessidade de aprovação de projeto físico na vigilância sanitária e várias exigências para os ambientes, com metragem, proporções e limite para o número de residentes.

• Dispensa a aprovação de projeto e exige infra estrutura compatível com o número de residentes da instituição. Não estabelece proporção entre os ambientes e o número de residentes.

Page 49: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

39

• Estabelece proposta de listagem dos ambientes. • Setor de terapia/recuperação.

• Setor de terapia/recuperação. • Sala de atendimento social, individual, coletivo, TV/música, oficina, quadra esportes, sala prática exercícios, horta, criação animais, área externa para Deambulação + DML e abrigo resíduos sólidos.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

• Estabelecimentos de saúde com procedimentos de desintoxicação com medicamentos sob controle especial.

• Designa ao RT a responsabilidade pelos medicamentos em uso pelos residentes e veda o estoque de medicamentos sem prescrição médica.

4.9.4 NBR 9050 = Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos.

O projeto pretende basear-se na norma 9050, possibilitando acessibilidade

aos que fizerem uso deste serviço, permitindo condição de alcance, percepção e

entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,

equipamentos urbanos, edificações, informação e comunicação, por pessoa com

deficiência ou mobilidade reduzida.

4.9.5 NBR 9077 = Saídas de emergência em edifícios.

A proposta para o projeto atenderá a norma 9077, prevendo saídas comuns

das edificações para que possam servir como saídas de emergência, e quando

exigidas, saídas de emergência, a fim de que a população possa abandoná-las, em

caso de incêndio. Permitir o fácil acesso de auxílio externo (bombeiros) para o

combate ao fogo e a retirada da população.

Page 50: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

40

5. CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO

5.1 CONCEITO DA PROPOSTA

Após os estudos realizados, nota-se que a condição espiritual, é uma força

essencial e fundamental para a manutenção e o cuidado da vida em suas diferentes

dimensões, pois a espiritualidade é vista como fonte de conforto e esperança,

independente das crenças e condições em que o paciente e/ou familiar encontram-

se, é também uma busca pessoal pela compreensão da vida, e o significado dela.

Deste modo, percebe-se a importância de tratar a espiritualidade como base

principal para o projeto de um centro de reabilitação para dependentes químicos,

fazendo-se necessário espaços onde os pacientes irão buscar reencontrar-se com

seu lado espiritual, conseguindo, assim, fortalecer-se e manter-se por mais tempo

em sobriedade.

Dentro da proposta do projeto está incluído também uma grande preocupação

com os familiares do dependente químico que se encontram fragilizados, cheios de

culpa e quase sem esperanças. Por isso, pensou-se em um trabalho voltado à

reestruturação familiar. A proposta se completa com um trabalho voltado à

sociedade em geral, buscando a reinserção e prevenção.

5.2 CONCEITO FORMAL

A inspiração para criar este tipo de equipamento partiu da necessidade de

proporcionar um Centro de tratamento para dependentes químicos, de forma

adequada, para que o mesmo possa ajudar no tratamento, e na reinserção dos

usuários, pensando também na prevenção da população.

O conceito formal do projeto inspira-se na arquitetura contemporânea, que

traz como características linhas retas, tons neutros, formas geométricas, volumes

diferenciados, luminosidade natural e artificial e mistura de materiais, e também na

arquitetura de João Figueiras Lima, que trabalha com diferentes formas, texturas, e

cores, mas tudo com sincronia, trabalhando também a funcionalidade, espaços

amplos mas sem perder o conforto do ambiente, visando a humanização dos

espaços.

Page 51: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

41

As referências arquitetônicas buscam inspiração em algumas obras como:

Figura 30 - ITA – Habitação Estudantil,2013,

Aflalo/Gasperini Arquitetos.

Figura 31- Clínica hospitalar Baum, 2011,

Escritório Kahn do Brasil.

5.3 CARTA DE INTENÇÕES

O projeto irá procurar relacionar-se com o entorno, funcionalidade e/ou

finalidade, herança cultural, características do sítio e clientes.

Entorno: O objetivo é projetar um espaço acolhedor e flexível que tenha

ligação entre o interior e o exterior, uma relação harmônica do edifício com o

seu entorno, com a intenção de fazer com que o edifício converse com o

ambiente em que será inserido, e que possa ajudar no tratamento, e

recuperação dos que fazem uso.

Funcionalidade e/ou Finalidade: A proposta para o projeto, é de volumes

distintos, que caracterizam-se por edifícios longilíneos, distribuídos de acordo

com cada função, finalidade e modalidade, pensando na necessidade do

público alvo, de modo a criar pátios conectados pela cobertura. As diferentes

atividades oferecidas serão locadas em pontos distintos dentro deste espaço,

e serão definidas como: habitação, atividades, comunidade, serviços e

convivência.

Características do sítio: O terreno escolhido para o projeto, está situado na

cidade de Não-Me-Toque, onde o clima é temperado, e bem definido, tendo

invernos rigorosos e verões quentes. A topografia do município é

caracterizada por um relevo suave, sendo que o terreno possui alguma

inclinação para sua parte inferior. No entorno do terreno possui massa verde

bem densa, sendo que no interior do terreno, é inexistente.

Clientes: dependentes químicos.

Page 52: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

42

5.4 DIRETRIZES DE PROJETO

5.4.1 LISTA DE INTENÇÕES DO PROJETO;

Projetar um centro de tratamento para dependentes químicos, onde os

dependentes possam compartilhar experiências vivenciadas, e também possibilitar

palestras preventivas para a população, um lugar livre de substâncias tóxicas, com

acompanhamento clínico, acessibilidade e segurança para os internos. Propor

espaços integrados com a natureza, e áreas para convívio com a comunidade,

prevendo áreas para atividades recreativas, e oficinas profissionalizantes.

Figura 32 – Intenções projetuais. Fonte: Autor, 2016.

5.4.2 “MATERIALIZAÇÃO” FORMA, HABITABILIDADE, TECNOLOGIA

Materiais tradicionais como: madeira laminada colada, vidro, e aço;

Revestimentos, mosaico construído em madeira laminada colada e vidro e/ou

madeira laminada colada e metal;

Referências de materiais:

Figura 33 –Art Center E Cite De La Musique Por Kengo Kuma. Fonte: aasarchitecture.com-2013.

Page 53: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

43

5.5 DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS

Para sanar as necessidades dos usuários, e qualificar o espaço urbano local,

pensou-se:

Problema

Problema Diretriz Estratégia Imagem

Não

existência de passeio público,

Desfavorecendo o

pedestre;

Facilitar o acesso do pedestre.

Propor a qualificação do percurso para

pedestres, com a inserção de

passeio público acessível.

Iluminação precária.

Mais segurança

para a região;

Inserir iluminação a nível do usuário,

demarcando o percurso até o

centro.

Falta de arborização.

Passeio sombreado,

proporcionando conforto térmico;

Inserção no passeio de árvores de

pequeno e médio porte.

Trevo de acesso à

cidade, mal sinalizado;

Mais segurança para quem acessa a

cidade, ou sai dela;

Propor

sinalização adequada ao

trevo de acesso.

Potencialidade

Potencialidade Diretriz Estratégia Imagem

Área bem

localizada

Promover integração da região

com a cidade,

através de praças, e

um paradouro, na lateral

do terreno;

Implantar uma faixa de

caminhada, e continuação da

ciclovia da cidade, esta faixa de caminhada e a

ciclovia, terão ligação com

espaços verdes, praças destinadas

a população;

Trevo de acesso à cidade;

Fácil localização;

Qualificar o trevo;

Figura 34–Diretrizes Urbanas Propostas Fonte: Autor,2016.

Page 54: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

44

6. PARTIDO GERAL

6.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES DO PROJETO E PRÉ-

DIENCIONAMENTO

Para a organização do programa de necessidades, foram analisados os

programas dos estudos de caso apresentados anteriormente, e também foi feito uma

adaptação de acordo com os objetivos de projeto, e as necessidades de um centro

de tratamento. Todo o programa foi organizado conforme seus usos, seguindo as

intenções iniciais do projeto.

Ao analisar as necessidades do espaço, os ambientes devem ser definidos,

por um pré-dimensionamento com os valores mínimos a serem adotados para a área

e para o espaçamento.

Tabela 3 – Pré-dimensionamento.

SETOR

NOME DO

COMPARTIMENTO

MOBILIÁRIO NECESSÁRIO

ÁREA ÚTIL EM

SE

TO

R D

E L

AZ

ER

Quadra futebol sete Quadra, arquibancada. 1700m²

Quadra poliesportiva; Quadra, arquibancada. 800m²

Academia ao ar livre e interna;

Aparelhos de academia. 100m²

Espaço piscina; Piscina, cadeiras, mesa com

guarda-sol. 200m²

Sala de jogos; Mesas de jogos, poltronas. 150m²

Salas de TV; Poltronas, home theater, painel de

projeção, mesas de apoio. 100m²

Praças; ------------- -------------

Jardim terapêutico ------------- -------------

Sub Total do Setor 3050m²

SE

TO

R

ED

UC

AC

ION

AL

Auditórios; Poltronas, bancada. 300m²

Biblioteca; Prateleiras, mesas, cadeiras. 100m²

Sala de música; Instrumentos musicais, poltronas. 100m²

Salas de aula; Mesas, cadeiras, bancada. 60m²/cada

Oficina de artes; Prateleiras, mesas, bancadas,

cadeiras. 60m²

Oficinas profissionalizantes; Prateleiras, mesas, bancadas,

cadeiras. 60m²

Lavabo Masculino e Feminino;

Lavatório, bacia sanitária. 20m²

Almoxarifado; Armário. 9m²

Sub Total do Setor 889m²

Page 55: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

45

S

ET

OR

RE

CR

EA

TIV

O

Pomar; ------------- -------------

Horta; ------------- -------------

Cozinha/copa;

Fogão, freezer, geladeira, bancada ilha, prateleiras,

armários, balcões, pia. 80m²

Padaria e panificação; Bancadas, fogão, forno, material de apoio.

40m²

Refeitório; Mesas, buffet, mesa de apoio,

poltronas. 500m²

Lavanderia;

Máquinas de lavar roupa, tanque de lavar roupas, bancos,

máquinas de secar roupas. 40m²

Capela; Poltronas, bancada. 100m²

DML; Prateleiras e armários. 10m²

Despensa; Prateleiras, armários. 20 m²

Câmara Fria; ------------- 5m²

Lavabo Masculino e Feminino;

Lavatório, bacia sanitária. 8m²

Sub Total do Setor 810m²

AD

MIN

IST

RA

TIV

O

Recepção;

Balcão atendimento, 4 cadeiras. 10 m²

Sala de monitores; Bancada, 02 cadeiras,

armário. 10m²

Diretoria; 02 mesas, 06 cadeiras,

armário. 15m²

Sala de reuniões;

Mesa, 08 cadeiras. 10m²

Lavabo Masculino e Feminino;

Bancada, lavatório, bacia sanitária.

10m²

Guarda volume Armário. 9m²

Almoxarifado;

Armário. 9m²

Sub Total do Setor 64m²

S

ET

OR

DE

RE

SID

EN

TE

S 1

DML; Prateleiras e armários. 10m²

Quartos adictos, 10 residentes.

Sofá, cama, roupeiro, bancada.

250m²

Sala Multiuso; Mesas de apoio, cadeiras. 40m²

Sala de jogos; Mesas para jogos; 30m²

Sala da TV; Poltronas, home theater, painel de projeção;

40m²

Espaço Leitura; Poltronas, prateleiras; 40m²

Sala de terapia em grupo; Mesa, cadeiras. 20m²

Sala de terapia individual; Mesa, cadeira. 10m²

Page 56: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

46

Consultório Médico E Enfermaria

Mesa, cadeira, maca; 10m²

Solário; Cadeiras, mesa com guarda-

sol. 55m²

Sala de Estar; Bancos, bancada café; 40m²

Sanitários; Bancada, lavatório, bacia

sanitária, chuveiro. 30m²

Refeitório; Mesas, buffet, mesa de apoio,

poltronas. 100m²

Cozinha/copa;

Fogão, freezer, geladeira, bancada ilha, prateleiras,

armários, balcões, pia. 80m²

Sub Total do Setor 625m²

SE

TO

R D

E

R

ES

IDE

NT

ES

2

Quartos adictos, 40 residentes.

Sofá, cama, roupeiro, bancada.

1000m²

Sanitários; Bancada, lavatório, bacia

sanitária, chuveiro. 120m²

Sala de Estar; Poltronas; 80m²

Sub Total do Setor 1120m²

SE

TO

R

CL

ÍNIC

O

Enfermaria;

Balcão de atendimento, mesa de apoio, cadeiras, maca,

poltronas, geladeira, armário. 15m²

Consultórios; Mesa, cadeiras, poltronas,

bancada. 8m²/cada

Lavabo Masculino e Feminino;

Lavatório, bacia sanitária. 8m²

4 Salas de Terapia individual;

Mesa, cadeira. 10m²

2 Salas de Terapia em grupo;

Mesa, cadeira. 55m²

Sub Total do Setor 41m²

SE

RV

IÇO

E

FU

NC

ION

ÁR

IOS

Despensa; Prateleiras, armários. 20m²

Sanitários e vestiários; Armário, bancada, lavatório, bacia sanitária, chuveiro.

25m²

2 Quartos para funcionários;

Cama, balcão; 8 m²

Espaço de lazer/descanso e copa para funcionários;

Sofá, poltronas, mesa de apoio, mesa, 04 cadeiras,

bancada, banquetas, fogão, geladeira, pia.

30m²

Depósito Geral; ------------- 10m²

DML; Prateleiras e armários, tanque. 10m²

Recepção de Alimentos; Controle e lavagem;

Balcão, balança, cadeira. 7m²

Doca ------------- -------------

Sub Total do Setor 85m²

Page 57: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

47

S

ET

OR

PA

RA

A

C

OM

UN

IDA

DE

Auditórios; Poltronas, bancada. 200m²

Mercado/Feira; Bancada, armários. 30m²

Espaço grupo de apoio;

Poltronas, bancada. 50m²

Lavabo Masculino e Feminino;

Bancada, lavatório, bacia sanitária.

10m²

Sub Total do Setor 280m²

Área Total 6.964,00

Fonte: Autor, 2016.

6.2 ORGANOGRAMA

Figura 35 – Organograma. Fonte: Autor, 2016.

Page 58: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

48

6.3 FLUXOGRAMA

Figura 36– Fluxograma. Fonte: Autor, 2016.

Page 59: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

49

6.4 PARTIDO GERAL – ZONEAMENTO

Figura 37 – Proposta de zoneamento 01.

Proposta 01 –Trabalhado em blocos conforme os níveis do terreno.

Critérios Avaliação

Funcionalidade

O programa é desenvolvido conforme os níveis do terreno, com dois acessos na edificação, um para funcionários, e outro o principal.

Forma Linear, dois blocos distintos, criam um pátio na lateral do terreno, cobertura reta, em madeira.

Sistema construtivo Sistema construtivo em estrutura metálica, vedações em madeira e vidro, aberturas em vidro.

Conclusões

Conclui-se a partir deste estudo, que a forma contribui com o aproveitamento da topografia do terreno, juntamente com a facilidade de circulação horizontal.

Fonte: Autor, 2016.

Page 60: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

50

Figura 38 – Proposta de zoneamento 02.

Proposta 02 – Linear com um Pátio Central, em pilotis.

Page 61: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

51

Critérios Avaliação

Funcionalidade

O programa é desenvolvido em dois níveis, com dois acessos na edificação, um para funcionários, e outro o principal, trazendo um eixo leste/oeste com a capela (elemento principal).

Forma

Linear, bloco único, tendo partes elevadas em pilotis, criam um pátio central, cobertura reta, em madeira.

Sistema construtivo

Sistema construtivo em estrutura metálica, vedações em madeira e vidro, aberturas em vidro.

Conclusões

Conclui-se a partir deste estudo, que a forma contribui com o eixo leste/oeste, e favorece na posição solar para os residentes.

Fonte: Autor, 2016.

Figura 39– Proposta de zoneamento 03.

Proposta 03 – Linear, com um pátio central, blocos distintos.

Continuação

Page 62: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

52

Critérios Avaliação

Funcionalidade

O programa é desenvolvido em blocos distintos, conforme os níveis do terreno, e possui um bloco no nível a cima. Possui dois acessos na edificação, um para funcionários, e outro principal, trazendo um eixo leste/oeste com a capela.

Forma

Linear, com blocos distintos, favorecendo o terreno, criam um pátio central, cobertura reta, em madeira.

Sistema construtivo Sistema construtivo em estrutura metálica, vedações e aberturas em madeira e vidro.

Conclusões

Conclui-se que, a forma contribui com o aproveitamento da topografia do terreno, juntamente com o eixo leste/oeste do acesso principal para com a capela, e favorece na posição solar para os residentes.

Fonte: Autor, 2016.

Continuação

Page 63: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

53

Figura 40– Proposta de zoneamento 04.

Proposta 04 – Linear, com lobby divisor de acessos, e um pátio central, com

blocos distintos.

Page 64: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

54

Critérios Avaliação

Funcionalidade

O programa é desenvolvido em blocos distintos, conforme os níveis do terreno, sendo que dois destes blocos possui dois pavimentos. Possui três acessos na edificação, um para funcionários, um para alimentos, e outro principal, o qual entra-se em um lobby e deste, parte para outros acessos, trazendo um eixo leste/oeste com a capela.

Forma

Linear, com blocos distintos, favorecendo o terreno, criam um pátio central, cobertura reta, em madeira, metal e policarbonato. A cobertura faz ligação entre os blocos tornando-se um único volume.

Sistema construtivo Sistema construtivo em estrutura metálica, vedações e aberturas em madeira e vidro.

Conclusões

Conclui-se que, a forma contribui com o aproveitamento da topografia do terreno, juntamente com o eixo leste/oeste do acesso principal para com a capela, e favorece na posição solar para os residentes.

Fonte: Autor, 2016.

6.5 CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE ZONEAMENTO E IMPLANTAÇÃO

A partir dos estudos de zoneamento, e analisando os critérios de melhor

aproveitamento do espaço físico, optou-se pela 4º proposta de implantação,

podendo desta forma fazer melhor uso e implantação de diferentes atividades

adequando-se a topografia do terreno causando pouco impacto, e através do acesso

principal que faz eixo leste/oeste, com a capela, a qual é o elemento principal do

projeto, obteve-se o visual desejado.

Continuação

Page 65: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

55

7. CONCLUSÃO

Diante dos estudos feitos, para dar início ao projeto de um Centro de

Reabilitação para Dependentes Químicos, percebe-se que o consumo de

substâncias psicoativas entre jovens está cada vez mais precoce, e este consumo

indevido tem causado o vício, levado o usuário a destruição de si mesmo e de quem

é de seu convívio. Não somente o usuário, mas também seus familiares, e a

sociedade tem ficado fragilizada, e preocupada com este uso inadequado, pois afeta

a vida profissional, familiar, social e principalmente pessoal de quem faz uso dessas

substâncias.

Deste modo, é imprescindível que todos se conscientizem de que a

dependência química deve ser tratada como uma doença, a qual precisa de

cuidados específicos, como um espaço destinado e apropriado para um tratamento

adequado que venha à auxiliar na recuperação do adicto, pensando no tratamento, e

no pós tratamento, abordando a espiritualidade, a qual pode beneficiar a saúde

mental e física, e causar resultados positivos para os residentes, proporcionando

melhoria no estado de bem-estar, e dando um sentido à vida, para assim manter-se

em sobriedade por mais tempo.

Assim, como a espiritualidade é de extrema importância, a sociedade e os

familiares também tem papel fundamental do que diz respeito ao tratamento, e a

reinserção do ex usuário, pois ele necessita do apoio e colaboração de toda a

população para assim ser reintegrado e inserido de volta a sociedade. A prevenção

da sociedade é essencial para que possa ter o controle e o combate ao uso de

drogas, beneficiando a população em geral.

Page 66: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

56

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077. Saídas

de emergência em edifícios. Rio de Janeiro – RJ: Dez 2001.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050.

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro –

RJ: Out 2015.

ARCHDAILY. - Centro de Reabilitação Psicossocial / Otxotorena Arquitectos

Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/625185/centro-de-reabilitacao-

psicossocialotxotorena-arquitectos Acesso: 21 de fevereiro de 2016

ARCHTENDÊNCIAS. - Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont Disponível

em: http://archtendencias.com.br/arquitetura/centro-comunitario-de-reabilitacao-de-belmont-

billard-leece-partnership/ Acesso: 21 de fevereiro de 2016

BACKES, Dirce Stein - Oficinas de espiritualidade: alternativa de cuidado para o

tratamento integral de dependentes químicos. 2007. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000500030 Acesso:

27 de fevereiro de 2016

BRAUN, Ivan Mario. Drogas-Perguntas e Respostas. SP:MG Editores. 2007

CLARK, Joshua - A história da Reabilitação - ( S. D.) Disponível em:

http://saude.hsw.uol.com.br/reabilitacao.htm Acesso: 26 de fevereiro de 2016

FILHO, Osvaldo Christen. – O Tratamento psicossocial de dependentes de

substâncias em Comunidades Terapêutica. Disponível em:

http://www.cruzazul.org.br/artigo/7/o-tratamento-psicossocial-de-dependentes-de-

substancias-em-comunidade-terapeutica Acesso: 26 de fevereiro de 2016

LIMA, João Filgueiras. CTRS- Centro de Tecnologia da Rede Sarah. Brasília: Sarah

Letras; São Paulo: Fundação Bienal/ProEditores,1999. Disponível em:

http://vitruvius.com.br/ Acesso : 23 de março de 2016

LOPES, José Rogério. As artimanhas da exclusão. 3. Ed. São Paulo: Educ, 1998.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccrh/v21n53/a11v21n53.pdf Acesso: 25 de

fevereiro de 2016.

MACHADO, Marcos Henrique. – A Prevenção e o combate às Drogas Ilícitas pela

Família como fator Fundamental de Diminuição da Violência Doméstica. Disponível em:

Page 67: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

57

https://www.mpmt.mp.br//storage/webdisco/2011/03/30/outros/908a3ec6c5747c44a11dbaa7

3ef58eca.pdf Acesso: 23 de fevereiro de 2016

MARTINSLUCENA, Arquitetura & Construção - Centro De Recuperação Para

Dependentes Químicos-Fundação Cidade Viva Disponível em:

http://kmarquitetos.blogspot.com.br/2009/11/centro-de-recuperacao-para-dependentes.html

Acesso: 21 de fevereiro de 2016

PEREIRA, Elaine Lúcio. Processo de reinserção social dos ex-usuários de

substâncias ilícitas. Disponível em:

http://www.mpce.mp.br/esmp/publicacoes/edi001_2012/artigos/18 Acesso em: 19 de

setembro 2015

SENAD-Secretaria Nacional Antidrogas. Política Nacional Antidrogas. Brasília. 2004.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v20n2/a14v20n2.pdf Acesso: 25 de fevereiro

de 2016

WESTPHAL, Eduardo – A Linguagem de Arquitetura Hospitalar de João Filgueiras

Lima. Porto Alegre, 2007. Disponível em:

www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/11433/000610823.pdf Acesso: 23 de março de

2016

_______, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 101. Brasília, 30 de maio de

2001.

_______, Ministério da Saúde. - RDC 29. 30 de junho de 2011.

_______, Institui o Código De Obras Do Município De Não Me Toque, - Lei N°910/84

De 11 De Dezembro De 1984 - Prefeitura Municipal De Não-Me-Toque, RS

_______, Consolida o Código De Obras Do Município De Não-Me-Toque, - Lei

Complementar Nº 170 De 15 De Dezembro De 2015 - Prefeitura Municipal De Não-Me-

Toque, RS

_______, Dispõe Sobre o Parcelamento Do Solo, - Lei N° 1018 De 12 De Dezembro

De 1987 (Com Alteração Dada Pela Lei 4225 De 11 De Julho De 2013) - Prefeitura

Municipal De Não-Me-Toque, RS

https://www.google.com.br/maps

https://www.google.com/earth/

Page 68: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

58

9. ANEXOS

Page 69: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

59

10. APÊNDICES

PRANCHA 01

Page 70: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

60

PRANCHA 02

Page 71: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

61

PRANCHA 03

Page 72: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

62

PRANCHA 04

Page 73: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

63

PRANCHA 05

Page 74: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

64

PRANCHA 06

Page 75: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E … Luiza Stefler.pdf · não precisa ser de sangue pra ser de coração, pois estivemos ligadas por sentimentos como raiva, alegria,

65

PRANCHA 07