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FACULDADE FASERRA Pós Graduação em Fisioterapia em Terapia Intensiva Denilson da Silva Veras MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA Manaus

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FACULDADE FASERRA

Pós Graduação em Fisioterapia em Terapia Intensiva

Denilson da Silva Veras

MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO DE

LITERATURA

Manaus

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2017

Denilson da Silva Veras

MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO

DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Pós Graduação em

Fisioterapia em Terapia Intensiva,

Faculdade FASERRA, como pré-

requisito para a obtenção do título de

Especialista, sob a Orientação do

Professor: Marcos Giovanni Santos

Carvalho.

Manaus

2017

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MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO

DE LITERATURA

DENILSON DA SILVA VERAS1

[email protected]

MARCOS GIOVANNI SANTOS CARVALHO2

Pós-graduação em Fisioterapia em Terapia Intensiva - Faculdade FASERRA

Resumo

Introdução: A fraqueza muscular do paciente crítico ocorre em aproximadamente 26% a

65% dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, especialmente em pacientes

ventilados mecanicamente no período de 5 a 7 dias. Fatores como: tempo prolongado de

ventilação mecânica, sedação profunda, sepse, deficiência nutricional, hiperglicemia estão

diretamente relacionados com alterações neuromusculares durante a internação. O imobilismo

provoca inúmeras complicações sistêmicas a curto e longo prazo, aumentando o tempo de

ventilação mecânica e período de hospitalização. A mobilização precoce tem sido descrito na

literatura como uma prática viável, factível e segura, melhorando a qualidade de vida dos

pacientes criticamente enfermos bem como sua funcionalidade após a alta hospitalar.

Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados MEDLINE,

LILACS, SCIELO, PEDro relativo aos anos de 2008 a 2016, utilizando os descritores:

mobilização precoce, mobilização, unidade de terapia intensiva, paciente crítico, fisioterapia

e seus correspondentes em inglês. Conclusão: As evidências indicam que as mobilizações

precoce é segura e viável, quando realizado de forma adequada promove inúmeros benefícios,

sendo uma prática que deve ser adotada e aplicada rotineiramente nas unidades de terapia

intensiva.

Palavras-chave: Mobilização Precoce, Unidade de Terapia Intensiva, Paciente Crítico.

1: Pós- graduando em Fisioterapia em Terapia Intensiva

2: Orientador: Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (2012)

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1. Introdução

Com o incremento tecnológico a sobrevida dos pacientes criticamente enfermos na

unidade de terapia intensiva (UTI) aumentou significativamente, no entanto há uma

preocupação com o tempo prolongado da ventilação mecânica e consequente permanência na

UTI. Neste contexto a imobilidade prolongada no leito está associada a disfunções

musculares, devido a inatividade física e ao uso de fármacos (como corticoesteróide,

sedativos e bloqueadores neuromusculares), além de alterações cardiovasculares, declínio

funcional, aumento dos custos assistenciais e redução da qualidade de vida pós-alta. 1,2.

A fraqueza muscular do paciente crítico ocorre em aproximadamente 26% a 65% dos

pacientes que foram ventilados mecanicamente no período de 5-7 dias. Acomete

principalmente a musculatura proximal, com redução dos reflexos profundos e alterações

sensoriais, incluindo diminuição da sensibilidade a temperatura, vibração e dor. Atualmente

uma nova condição clínica relacionado a fraqueza muscular têm sido descrito na literatura,

conhecido como polineuropatia do paciente crítico. . 2,4

Os mecanismos subjacentes a

neuropatia são complexos e envolvem alterações microvasculares, aumentando a

permeabilidade vascular com influxo de agentes tóxicos, redução da síntese de proteínas e

excitabilidade da membrana celular, com consequente perda progressiva da força muscular.

2,5.

Diversos fatores estão envolvidos no desenvolvimento de complicações

neuromusculares do paciente crítico, tais como; tempo prolongado de ventilação mecânica,

sedação profunda, sepse, deficiência nutricional, insuficiência de múltiplos órgãos,

hiperglicemia além do imobilismo.5,6.

A mobilização precoce do paciente crítico tem sido demonstrado na literatura como

uma prática viável, factível e segura, não aumentando os custos e é potencialmente benéfica

para os pacientes em ventilação mecânica na UTI. As práticas da mobilização envolvem

desde movimentos passivos até deambulação, os critérios variam conforme estabilização

clínica do paciente e raramente provoca eventos adversos. No entanto há uma escassez na

literatura acerca da padronização e protocolos mais acurados dos efeitos da mobilização

precoce do paciente crítico desde a internação a alta hospitalar. Desse modo o presente estudo

teve como objetivo realizar uma revisão de literatura que demonstrasse os efeitos da

mobilização precoce no paciente crítico durante o período de hospitalização e alta, verificando

seus principais efeitos a curto e longo prazo. 6,10.

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2. Fundamentação Teórica

Durante a internação na unidade de terapia intensiva os pacientes imobilizados que

necessitam de suporte ventilatório invasivo no período superior a sete dias fatalmente

desenvolvem fraqueza muscular do doente crítico, com incidência de até 60 %. Tal fraqueza

poderá contribuir com tempo prolongado de ventilação mecânica e consequentemente maior

permanência hospitalar, piorando a qualidade de vida e prognóstico funcional após a alta. A

síndrome da resposta inflamatória sistêmica( SIRS) ,sepse, disfunção múltiplas dos órgãos,

hiperosmolaridade, hiperglicemia, nutrição inadequada, tempo prolongado de ventilação

mecânica, além do uso de substâncias medicamentosas neurotóxicas e miotóxicas. Os

mecanismos pelos quais o paciente crítico adquiri fraqueza muscular são complexos e

envolvem vários fatores. .2,8 .

(fig1)

Figure 1

Mecanismos e resulatdos da fraqueza muscular do paciente crítico

Fonte: Truong e colaboradores ( 2009 ).

O imobilismo acarreta uma série de complicações sistêmicas a curto e longo prazo,

com as seguintes complicações musculares: diminuição da síntese de proteínas, atrofia

muscular, redução da força muscular intolerância ao exercício. No sistema cardiorrespiratório

destaca-se: propensão a formação de áreas de atelectasias, pneumonia, redução da pressão

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inspiratória máxima e capacidade vital forçada, diminuição do débito cardíaco, volume

sistólico e resistência vascular periférica e por fim , no sistema endócrino, diminuição da

sensibilidade a insulina. . 8,12.

A SIRS provoca um aumento considerável na produção de mediadores químicos,

aumento da permeabilidade vascular e consequente influxo de células T e macrófagos,

aumento de enzimas pró e anti-inflamatórias, como citocinas, aumento da proteólise, podendo

ocorrer alteração significativa da excitabilidade da membrana dos músculos. 4,8

Atualmente o fisioterapeuta conta com um instrumento na UTI para mensuração da

força muscular periférica, podendo ser obtida através da escala do Medical Research Council

(MRC). Por meio dessa escala, o grau de força muscular periférica é quantificado em valores

que podem variar de 0 ( paralisia total do músculo) a 5 ( força muscular normal), avaliado

mediante a realização voluntária de 6 movimentos específicos bilateralmente, compreendendo

valores de 0 a 60. Valores de MRC <48 para cada segmento é sugestivo de polineuropatia do

doente crítico. 2,8.

A mobilização precoce deve obedecer critérios de segurança para sua aplicabilidade,

visto que o paciente crítico encontra-se por vezes em condições clínicas desfavoráveis.

Doenças cardíacas preexistentes, doenças neuromusculares, respiratórias e até mesmo em

algumas condições cirúrgicas podem levar esses indivíduos a uma determinada limitação ao

exercício, além de possuírem uma reserva cardiovascular e respiratório limitada. São critérios

clínicos fundamentais para mobilização precoce: Pressão sistólica entre 90 e 170 mmhg,

ausência de infarto agudo do miocárdio recente ou disfunções cardíacas importantes,

necessidade de fração inspirada de oxigênio < 55%, pressão arterial de oxigênio >60mmhg,

pressão arterial de gás carbônico entre 50-55mmhg, frequência respiratória em até 30

ciclos/min. Outros parâmetros devem ser observados como : hemoglobina >7g/dl, distúrbios

de coagulação ( plaquetas > 20.000 células/mm), pressão intracraniana < 20mmhg. Uma vez

iniciado o protocolo de mobilização precoce é necessário verificar possíveis sinais de

intolerância, como: variação da pressão arterial em 20%, aumento da frequência cardíaca,

redução da saturação de oxigênio e aumento do trabalho respiratório. 2,7.

No contexto atual a mobilização precoce do paciente crítico tornou-se uma rotina nas

UTIs do mundo. No entanto, diversos protocolos foram implementados na tentativa de

padronizar a prática dos exercícios, obedecendo critérios clínicos estabelecidos. Morris e et ,

estabeleceram um protocolo sistematizado e precoce, contemplando desde o nível I de

mobilização ( paciente inconsciente, realizando apenas mobilização passiva e mudanças de

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decúbito) até o nível IV, onde o paciente realiza exercícios vencendo a gravidade e tem a

capacidade de manter-se em pé . 8,15.

.(Fig 2).

Protocolo de mobilização precoce em pacientes crítico internados na UTI sob VM.

Fonte : Morris e colaboradores (2008).

3. Metodologia

Trata-se de uma revisão de literatura de artigos científicos indexados nas bases de

dados MEDLINE (literatura internacional em ciências da saúde), LILACS (literatura

latino-americana e do Caribe em ciências da saúde), PUBMED (Sistema Online de Busca

e Análise de Literatura ) e PEDro (base de dados em evidências em fisioterapia) . Para a

busca foram utilizados os seguintes descritores: Mobilização precoce, paciente crítico,

unidade de terapia intensiva, fisioterapia, mobilização e seus correspondentes em inglês.

Estes descritores poderiam estar no título ou no resumo.

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Os títulos e resumos dos artigos foram avaliados seguindo os critérios de inclusão:

estudos que abordassem sobre as diversas formas de mobilização precoce no paciente

crítico na UTI bem como seus respectivos efeitos a curto e longo prazo, publicados entre

os anos de 2006 a 2016. Já os critérios de exclusão foram: artigos indisponíveis na íntegra

e que não abordassem o tema proposto ou artigos de revisão.

A busca foi conduzida entre os meses de janeiro a Dezembro de 2016 por dois

pesquisadores de forma independente, seguindo os critérios de inclusão e exclusão da

pesquisa.

4. Resultados e Discussão

Através da pesquisa pelas bases de dados, temos na MEDILINE: com os descritores

early mobilization AND critical care AND intensive care units foram 49 artigos encontrados

e 4 selecionados; Na LILACS, com os filtros de 2008-2016 e idiomas inglês e português: com

os descritores physiotherapy AND early mobilization AND intensive care 48 artigos

encontrados e 3 selecionados.

Na PUBMED, com o filtro de 2008-2016: os descritores critical care AND early

mobilization AND intensive care units– idioma inglês e português - identificou 150 artigos e 2

selecionados. No Scielo Brasil: com o descritor mobilização precoce foram encontrados 10

artigos e somente 1 selecionado.

Título A

utor/An

o

Tipo

de Estudo

Amostra Objetivo Resultado

s

Conclusão

Mobilização

precoce, dirigida com

objetivo, na unidade de

cuidados intensivos: Um

estudo randomizado

controlado

S

tefan j

et al,

2

016

Ensa

io Clínico

controlado e

randomizado.

200

pacientes de

hospitais da

Áustria e

Alemanha.

Verificar

se mobilização

precoce reduz o

tempo de

permanência na UTI

e maior

independência

funcional.

Houve

redução

significativa no

tempo e

permanência na

UTI, melhorando a

capacidade

funcional dos

pacientes pós-alta.

A

mobilização precoce

reduz o tempo de

permanência na UTI,

além de melhorar a

capacidade funcional

dos pacientes.

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Mobilização

precoce reduz o tempo de

ventilação mecânica na

unidade de terapia intensiva

em pacientes com

insuficiência respiratória

aguda.

L

ai

CC,et

al,

2

016

Estu

do

observacional

retrospectivo.

153

pacientes,

63-antes

do protocolo.

90-após

o protocolo.

Avaliar

um programa de

mobilização precoce

em pacientes

ventilados

mecanicamente.

Após o

protocolo os

pacientes

apresentaram menor

duração da

ventilação

mecânica.

A

implementação do

programa de

mobilização precoce

reduziu a duração da

ventilação mecânica e

tempo de permanência

na UTI.

A estimulação

elétrica neuromuscular evita

a perda muscular em

pacientes comatosos em

estado crítico.

D

irks et

al,

2

015

Ensa

io clínico

randomizado.

Amostra

composta de 9

pacientes.

Analisar

se a estimulação

neuromuscular

elétrica previne

atrofia muscular em

pacientes comatosos

Redução

da atrofia muscular

e diminuição da

atividade de

proteólise muscular.

A

estimulação elétrica

neuromuscular

representa uma

estratégia

intervencionista eficaz

e viável para prevenir

a atrofia muscular em

pacientes comatosos

em estado crítico.

Efeitos clínicos e

psicológicos da mobilização

precoce em pacientes

tratados em UTI

neurológica

K

lein

e

t al,

2

015

Estu

do

comparativo

Amostra

composta de 637

pacientes.

Grupo:2

60 pré-

intervenção

Grupo:3

77 pós-

intervenção

Avaliar os

efeitos da

mobilização precoce

em pacientes

neurológicos

Houve

redução do tempo

de internação ,

redução dos níveis

de infecção, úlceras

de pressão.

O protocolo

de mobilização

precoce da UTI

neurológica reduziu o

tempo de internação e

aumento de

rotatividade hospitalar.

Realizar

mobilização precoce

durante a internação na

unidade de terapia intensiva

é um preditor de melhores

resultados em pacientes

com insuficiência

respiratória.

M

orris, et

al.,

2011

Estu

do coorte.

280

pacientes

internados na

unidade de terapia

intensiva

Avaliar se

pacientes que

participaram do

programa de

reabilitação

analisando variáveis

de reinternação e

morte nos primeiros

12 meses.

Dos 280

integrantes,132

tiveram pelo menos

uma readmissão ou

morte, 126 não

foram readmitidos e

22 foram perdidos

no seguimento.

Ausência de

mobilização precoce

na unidade de terapia

intensiva foram

associados a

reinternações ou

mortes no primeiro

ano.

A estimulação

muscular elétrica previne a

polineuropatia de doença

crítica: Um estudo

randomizado

R

oustsi

et al,

2

010

Ensa

io clínico

randomizado.

140

pacientes críticos,

Controle

: 72 pacientes

Interven

ção: 68 pacientes.

Avaliara a

eficácia da

estimulação

muscular elétrica na

prevenção da

polineuropatia do

doente crítico.

Redução

significativa no

desmame

ventilatório e

aumento da força

muscular no grupo

intervenção.

Este estudo

sugere que a

estimulação muscular

elétrica pode evitar o

desenvolvimento da

polineuropatia da

doença crítica e menor

duração do desmame.

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Tabela I - Características dos estudos selecionados

A busca teve como resultado o total de 57 artigos, e, de acordo com os objetivos do

estudo e os critérios de inclusão, apenas 10 artigos foram selecionados. Os artigos descartados

investigavam outras abordagens, não tendo relação direta com a mobilização precoce no

Efeitos sistêmicos

de curto prazo da

estimulação elétrica

muscular em pacientes

criticamente enfermos.

G

erova-

sili et

al ,

2

009

Ensa

io clínico

randomizado.

Grupo

intervenção: 29

Grupo

controle:6

Avaliar o

efeito a curto prazo

da estimulação

muscular elétrica

das extremidades

inferiores de

pacientes

criticamente

doentes.

Ocorreu

aumento

significativo na taxa

de reperfusão

tecidual além da

redução taxa de

consumo de

oxigênio no grupo

intervenção.

Os dados

sugerem que a

estimulação elétrica

muscular tem um

efeito sistêmico sobre

a microcirculação.

O exercício

precoce em pacientes

críticos aumenta a

recuperação funcional a

curto prazo.

B

urtin ,et

al

2

009

Ensa

io clínico

randomizado.

90

pacientes crítico

foram incluídos

no estudo.

Grupo

controle:45

Grupo

intervenção: 45

Investigar

se o uso de ciclo

ergômetro diário é

uma intervenção

segura e eficaz na

redução da

capacidade

funcional, força do

quadríceps e tempo

de internação.

Houve

aumento

significativo da

força do

quadríceps,melhora

subjetiva do bem-

estar-estar funciona

le aumento da alta

hospitalar no grupo

tratado.

O

treinamento com

exercícios precoces no

paciente crítico

aumentou a

capacidade funcional,

melhora da força e na

alta hospitalar.

Terapia de

mobilização precoce na

unidade de terapia intensiva

no tratamento da

insuficiência respiratória.

M

orris,

E

t al,

2

008

Estu

do de coorte

prospectivo.

Protocol

o: 165

Cuidado

s usuais:165

Avaliar os

resultados da

mobilização precoce

em pacientes

ventilados

mecanicamente com

insuficiência

respiratória aguda.

Houve

redução

significativa na

duração da estadia

hospitalar, sem

ocorrência de

eventos adversos no

grupo que utilizou o

protocolo.

A terapia

com mobilização

precoce mostrou-se

segura, viável e não

aumentou os custos

hospitalares e foi

associado a

diminuição no tempo

de hospitalização

Os pacientes com

insuficiência respiratória

aumentam a deambulação

após a transferência para

uma unidade de terapia

intensiva onde a atividade

precoce é uma prioridade

T

homse

e

t al.,

2008

Estu

do de coorte

com pacientes

com

insuficiência

respiratória

104

pacientes com

insuficiência

respiratória que

necessitavam de

ventilação

mecânica >4dias

Avaliar os

efeitos da

deambulação

precoce de

pacientes que foram

transferidos para

unidades onde essa

prática é constante.

Houve

aumento

significativo da

deambulação,

redução da

necessidade de

sedação, além da

melhora da

condição

respiratória.

A

transferência de

pacientes com

insuficiência

respiratória aguda

melhorou

substancialmente a

deambulação e

necessidade de

sedação.

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paciente crítico, foram descartados também os artigos que apresentavam características de

revisões sistemáticas ou de literatura.

A tabela I apresenta um resumo dos estudos selecionados, sendo artigos com

características metodológicas contemplado com estudos de coorte, observacionais, ensaios

clínicos. Thoms et al.5, acompanharam 104 pacientes com insuficiência respiratória que

necessitavam de ventilação mecânica > 4 dias , e foi observado melhora significativa da

deambulação e redução da necessidade de sedação.

Morris et al.3, em um estudo de coorte, acompanharam 165 pacientes pertencentes ao

programa de reabilitação e 165 receberam os cuidados usuais , os pacientes que receberam o

protocolo de mobilização precoce, tiveram menor tempo de internação hospitalar, além de ser

seguro e viável. Burtin et al.,7 avaliaram 90 indivíduos adultos: 45 no grupo controle e 45 no

grupo expiremental. Foi constatado melhora da capacidade funcional, força muscular e menor

tempo de internação hospitalar. Gerovassili et al.9 no ensaio clínico randomizado, avaliaram

35 indivíduos adultos os possíveis efeitos da eletroestimulação muscular nas extremidades

inferiores. Os dados sugerem que eletroestimulação melhora a microcirculação com aumento

da reperfusão tecidual e oxigenação.

Roustsi et al.10

, avaliaram 140 indivíduos adultos: 72 no grupo controle e 68 no grupo

experimental submetidos a eletroestimulação muscular. Foi constatado redução da atrofia

muscular e consequente desenvolvimento da polineuropatia da doença, além da redução no

tempo de desmame ventilatório. Morris et al.9

, no estudo de coorte , acompanharam 280

pacientes internados na unidade de terapia intensiva, foi avaliado desfechos como óbito e

reinternação. Observou-se associação significativa entre os indivíduos que não realizaram a

mobilização precoce com reinternação e óbito. Klein et al.9

, no estudo comparativo , com

amostra de 637 pacientes internados na unidade de terapia intensiva neurológica, foi

observado após aplicação do protocolo de mobilização precoce redução do tempo de

internação hospitalar e maior rotatividade dos leitos.

Dirks et al.10

, avaliaram pacientes comatosos internados na unidade de terapia

intensiva, aplicando estimulação elétrica neuromuscular, houve redução significativa da

atrofia muscular , além disso , a técnica mostrou-se viável e segura, mesmo em pacientes com

esse quadro clínico com elevado nível de gravidade. Lai et al.10

, no estudo observacional, com

153 paciente. Após implementação do programa de protocolo de mobilização precoce,

ocorreu redução importante no tempo de ventilação mecânica e tempo de permanência na

UTI. Stefan et al.10

, no ensaio clínico randomizado, avaliaram 200 pacientes internados na

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unidade de terapia intensiva na Alemanha. Foi constatado redução significativa no tempo de

internação hospitalar, além da melhora da capacidade funcional.

O presente estudo demonstrou que a mobilização precoce do paciente crítico é segura,

viável, além de proporcionar inúmeros benefícios funcionais, melhorando a performance

cardiovascular , respiratória, muscular, evitando o desenvolvimento da polineuropatia do

paciente críticos. A implementação do protocolo de mobilização precoce reduz o tempo

desmame ventilatório e tempo de hospitalização.8,9

Em conformidade com nossos estudos Hodgson L et al.8, realizaram uma revisão

sistemática de literatura com especialistas de equipes multidisciplinares da UTI que tiveram

envolvimento com pesquisas sobre mobilização precoce e determinaram um consenso quanto

a segurança de pacientes ventilados mecanicamente. A intubação orotraqueal não foi uma

contra-indicação. Frações inspiradas de oxigênio abaixo de 60%, saturação periférica de

oxigênio acima de 90%, frequência respiratória menor que 30 incursões respiratórias por

minuto, forma os critérios de segurança para mobilização dentro e fora do leito. Dessa

maneira, a mobilização precoce mostrou-se viável e segura.

A polineuropatia da doença crítica é uma complicação frequente no paciente internado

na unidade de terapia intensiva, está associado ao desmame tardio e tempo prolongado de

internação hospitalar. Gerovasilini et al.8, avaliaram os efeitos da eletroestimulação muscular

nos pacientes críticos internado na UTI e observaram melhora significativa da

microcirculação vascular periférica com consequente aumento da oxigenação tecidual e

redução no tempo de hospitalização.

A Disfunção muscular em pacientes internados na UTI , tornou-se um cenário comum,

a imobilidade , uso de agentes farmacológicos ( corticoesteróide, sedativos e bloqueadores

neuromusculares) estão diretamente associados ao declínio neuromuscular. Chris et al.5,

observaram os aspectos funcionais da mobilização precoce e concluíram que essa prática está

diretamente ligada a redução do tempo de hospitalização e melhora da performance

cardiorrespiratória.

Durante muitos anos acreditava-se que a sedação profunda e descanso do paciente

crítico poderia proporcionar inúmeros benéficios, especialmente na recuperação da condição

que o levou a internação. No entanto, estudos recentes mostram que tempo prolongado de

internação e repouso no leito esteve diretamente ligado a complicações a curto e longo prazo,

especialmente no período pós-alta. Para Needham et al.8, reduzir o paradigma de sedação e

descanso profundo durante a internação reduz o nível de vigilância do paciente, em

contrapartida aumenta os níveis estresse pós traumático e delírio.

Page 13: FACULDADE FASERRA Pós Graduação em Fisioterapia em … · 2018-04-24 · precoce do paciente crítico desde a internação a alta hospitalar. Desse modo o presente estudo teve

Zanotti et al.12

, realizaram um estudo comparando exercícios ativos de extremidades

com um protocolo de eletroestimulação em pacientes com doença pulmonar obstrutiva

crônica sob ventilação mecânica invasiva. O protocolo consiste na aplicação do protocolo de

eletroestimulação no quadríceps e nos glúteos durante o período de 30 minutos, 5 vezes por

semana, por 4 semanas. Houve aumento significativo da força muscular. Sugerindo que a

eletroestimulação é um recurso fundamental no ganho de força muscular, principalmente em

pacientes incapazes de realizar exercícios ativos.

5. Conclusão

Diante do exposto observou-se que as técnicas de mobilização precoce no paciente

crítico são intervenções seguras e eficazes, com custo mínimo, gerando efeitos positivos a

curto e longo prazo. Quando implementadas com protocolos adequados e obedecendo os

níveis de segurança, a mobilização precoce reduziu os efeitos deletérios do imobilismo e

proporcionou aumento da sobrevida desses pacientes criticamente enfermos na UTI,

reduzindo o tempo de hospitalização e tempo de ventilação mecânica. Dessa maneira,

contribuindo para melhoria da qualidade de vida e redução dos custos hospitalares.

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6. Referências

1. MORRIS PE, GOARD A, THOMPSON C, TAYLOR K, HARRY B, PASSMORE L,

ET AL. Early intensive care unit mobility therapy in the treatment of acute respiratory

failure. Crit Care Med 2008 Aug;36(8):2238-43

2. FRANÇA EE, FERRARI FR, FERNANDES PRATÍCIA V, CAVALCANTI R,

DUARTE A, AQUIM EE, ET AL. Força tarefa sobre a fisioterapia em pacientes críticos

adultos: Diretrizes da Associação Brasileira de Fisioterapia Respiratória e terapia

intensiva (ASSOBRAFIR) e Associação de medicina intensiva brasileira (AMIB).

Disponível em: htt//www.amib.org.br/pdf/DEFIT.pd

3. Brealey D, Karyampudi S, Jacques TS, Novelli M, Stidwill R, Taylor V, et al.

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Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2004 Mar;286(3):R491-7. Epub 2003 Nov 6.

4. Bittner EA, Martyn JA, George E, Frontera WR, Eikermann M. Measurement of

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Suppl):S321-30.

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