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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE WILLIAM DE SOUZA MACHADO Tema: Estudo dos impactos logísticos no uso de pavimento asfáltico e de concreto em rodovias de circulação de carga. Estudo de caso Rodovia SP – 304 São Paulo 2010

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

WILLIAM DE SOUZA MACHADO

Tema: Estudo dos impactos logísticos no uso de pavimento asfáltico

e de concreto em rodovias de circulação de carga.

Estudo de caso Rodovia SP – 304

São Paulo

2010

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WILLIAM DE SOUZA MACHADO

Estudo dos impactos logísticos do uso de pavimento asfáltico e de concreto em

rodovias de circulação de carga. Estudo de caso Rodovia SP – 304

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, sob a orientação da Professora Paula Caldo Montilha, como requisito parcial para a obtenção do diploma de Graduação no Curso de Logística com ênfase em Transportes.

São Paulo 2010

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MACHADO, William de Souza

Estudo dos impactos logísticos no uso de pavimento asfáltico e de concreto em rodovias de

circulação de carga. Estudo de caso Rodovia SP–304 - William de Souza Machado –

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2010.

135 p.

Orientadora: Profª. Paula Caldo Montilha

Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

1. Transporte rodoviário. 2. Malha rodoviária brasileira. 3. Pavimento. 4. Pavimento rígido. 5. Logística. 6. Rodovia SP-304. 7. Pavimento de concreto: vantagens x desvantagens.

8. Estudo de caso Rodovia SP-304.

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MACHADO, William de Souza

Estudo dos impactos logísticos no uso de pavimento asfáltico e de

concreto em rodovias de circulação de carga.

Estudo de caso Rodovia SP – 304

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, sob a orientação da Professora Paula Caldo Montilha, como requisito parcial para a obtenção do diploma de Graduação no Curso de Logística e Transportes.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Profª Paula Caldo Montilha – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

Julgamento: _____________________ Assinatura:_______________________

Profº Me. Célio Daroncho – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

Julgamento: ____________________ Assinatura:________________________

Tecnólogo Ricardo Polezi – SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado

de São Paulo

Julgamento: ____________________ Assinatura:________________________

São Paulo, 22 de Junho de 2010

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Aos meus pais, que são motivo de inspiração

para mim, à minha esposa, companheira de todas as

horas e aos meus filhos.

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A G R A D E C I M E N T O S

Em primeiro lugar, o meu agradecimento a DEUS, nosso Senhor,

autor e consumador de todas as coisas.

Um agradecimento mais do que especial à minha saudosa mãe e ao

meu pai, que moldaram o meu caráter e forjaram a minha dignidade

durante as horas difíceis pelas quais passamos juntos.

À minha esposa Maria do Carmo, companheira de todas as horas,

pela paciência durante as longas horas de pesquisas, leituras e digitação.

Aos meus filhos Bárbara e Victor Henrique, que são a razão da

minha existência que muitas vezes não entendiam o porque de tanto

trabalho, porém, agora, podem ficar orgulhosos.

À minha professora e orientadora Paula Caldo Montilha, pela

paciência em me orientar, ajudar e por compartilhar seus conhecimentos

comigo.

Enfim, a todos os meus colegas de curso, que durante os anos em

que estivemos juntos, me proporcionaram momentos de grande alegria,

apoio e conhecimento, mesmo aqueles que ficaram pelo caminho, espero

que a vida lhes seja generosa.

Um grande abraço a todos vocês!!!

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Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que

lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos

anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida, e

estes são imprescindíveis.

Bertold Brecht

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MACHADO, William de Souza. Estudo dos impactos logísticos no uso de

pavimento asfáltico e de concreto em rodovias de ci rculação de carga.

Estudo de caso Rodovia SP – 304, 135 páginas, trabalho de conclusão de

curso, Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2010.

RESUMO

A matriz de transporte brasileiro aponta para uma predominância muito grande

do modal rodoviário, o escoamento da produção é motivo de preocupação para

os profissionais de logística, a questão do pavimento das estradas brasileiras é

sempre motivo de preocupação para os transportadores. O pavimento de

asfalto sempre foi a alternativa mais utilizada pelos órgãos públicos

encarregados da gestão das estradas, seja pelo custo inicial mais baixo, seja

pela praticidade nas intervenções. No entanto, o pavimento de concreto

também se mostra uma alternativa viável financeiramente a longo prazo. Esta

pesquisa visa demonstrar, através de consultas em livros e sites especializados

que, financeiramente, a adoção do pavimento de concreto nas estradas

brasileiras pode ser uma alternativa viável para melhorar os gargalos logísticos

para o escoamento da produção brasileira.

Palavras-chave: Logistica, transportes, cargas, pavimento

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MACHADO, William de Souza. Study of the logistic impacts on the use of

pavement of the asphalt and concrete on a highway w ith traffic load –

Case: Highway SP-304, 135 páginas, trabalho de conclusão de curso,

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2010.

ABSTRACT

The Brazilian transportation matrix shows a very high prevalence of roads, the

production flow is a concern for logistics professionals, the question of the floor

of the Brazilian roads is always a concern for carriers. The asphalt pavement

was always the most used by public agencies responsible for management of

roads, either through lower initial cost, either through practical interventions,

however, the concrete pavement also shows a financially viable in the long

term. This research aims to demonstrate through research in books and

specialized sites that, financially, the option of concrete pavement on Brazilian

roads can be a viable alternative to improve the logistics bottlenecks for the

distribution of Brazilian production.

Key-words: Logistic; transportation; load; pavement

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Concessões Contratadas ................................................................. 24

Tabela 2 - Demonstrativos de ações concluídas – Valores em R$ bilhões ...... 30

Tabela 3 - Tarifa média internacional de pedágios – dólar x km (Adaptado) .... 40

Tabela 4 - Acidentes nas rodovias federais conforme a gravidade – 2004 ....... 45

Tabela 5 - Tipo x gravidade dos acidentes nas rodovias federais – 2004 ........ 46

Tabela 6 - Fatores implicados no desempenho e na deterioração dos pavimentos asfalticos ........................................................................................ 65

Tabela 7 - Classificação dos Custos Logísticos quanto à finalidade da informação ........................................................................................................ 90

Tabela 8 - Características dos principais modos de transporte ........................ 92

Tabela 9 - Acidentes SP-304 - Ano 2009 ........................................................ 104

Tabela 10 - Acidentes SP-304 - Ano 2010 ...................................................... 106

Tabela 11 - Custo para as diferentes alternativas........................................... 111

Tabela 12 – Coeficiente de aderência ............................................................ 124

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ranking dos países com as maiores malhas rodoviários ................. 18

Figura 2 - Construção da Via Dutra 1951 ......................................................... 19

Figura 3 – Concessões Contratadas ................................................................. 26

Figura 4 - Trecho da BR-101 ............................................................................ 27

Figura 5 - Logotipo PAC 2 ................................................................................ 31

Figura 6 - Investimento Governamental em U$ por km .................................... 32

Figura 8 - Placas de indicação .......................................................................... 36

Figura 7 - Evolução da malha rodoviária .......................................................... 36

Figura 9 - Classificação das rodovias ............................................................... 39

Figura 10 - Índice de mortes nas estradas por 1000 km de rodovia (1996) ...... 42

Figura 11 – Terraplanagem .............................................................................. 48

Figura 12 – Compactação ................................................................................. 49

Figura 13 - Distribuição de carga nos pavimentos rígido e flexível ................... 51

Figura 14 - Estrada com pavimento flexível ...................................................... 52

Figura 15 - Usina Pré-misturadora a frio ........................................................... 54

Figura 16 - Trinca transversal ........................................................................... 55

Figura 17 - Trinca longitudinal........................................................................... 56

Figura 18 - Trinca de retração........................................................................... 57

Figura 19 - Trinca tipo "jacaré" .......................................................................... 58

Figura 20 - Trinca tipo bloco ............................................................................. 59

Figura 21 - Defeito tipo afundamento ................................................................ 60

Figura 22 - Defeito tipo afundamento de consolidação ..................................... 61

Figura 23 - Defeito tipo ondulação .................................................................... 62

Figura 24 - Defeitos diversos ............................................................................ 63

Figura 25 - Fornos 1ª fábrica de cimento .......................................................... 67

Figura 26 - Trecho Sul Rodoanel ...................................................................... 68

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Figura 27 - Visão geral do projeto do Rodoanel ............................................... 69

Figura 28 - Defeito tipo alçamento de placa ..................................................... 72

Figura 29 - Defeito tipo fissura de canto ........................................................... 73

Figura 30 - Defeito tipo placa dividida ............................................................... 74

Figura 31 - Defeito tipo escalonamento ............................................................ 75

Figura 32 - Defeito tipo falha na selagem da junta ............................................ 76

Figura 33 - Defeito tipo desnível pavimento ...................................................... 76

Figura 34 - Defeito tipo fissuras lineares ........................................................... 77

Figura 35 - Defeito tipo grandes reparos .......................................................... 78

Figura 36 - Defeito tipo pequenos reparos ........................................................ 79

Figura 37 - Defeito tipo desgaste superficial ..................................................... 80

Figura 38 - Defeito tipo quebra de canto ........................................................... 81

Figura 39 - Defeito tipo assentamento .............................................................. 82

Figura 40 - Defeito do tipo placa bailarina ........................................................ 83

Figura 41 - Fatores-chave de sustentaçao do JIT ............................................. 87

Figura 42 - Esquema de sistema "puxe" ........................................................... 88

Figura 43 - Investimento públicos nos diferentes modais ................................. 94

Figura 44 - Evolução da idade média da frota .................................................. 96

Figura 45 - Infraestrutura Logistica 2007-2010 - Metas físicas ......................... 97

Figura 46 - Investimento e distribuição ............................................................. 98

Figura 47 - Rodovia SP-304 Localização ........................................................ 100

Figura 48 - Vista parcial da rodovia SP-304 ................................................... 101

Figura 49 - Execução de junta de dilatação .................................................... 110

Figura 50 - Economia de energia elétrica ....................................................... 113

Figura 51 - Distância comparativa de frenagem ............................................. 114

Figura 52 - Economia de Combustível - Pavimento de concreto .................... 115

Figura 53 - Jordan Commons, Flórida, USA ................................................... 116

Figura 54 - Trecho da BR-090 RS .................................................................. 118

Figura 55 - Utilização da técnica do Whitettoping ........................................... 120

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Classificação Geral - Extensão total ............................................... 33

Gráfico 2 - Classificação da sinalização ........................................................... 37

Gráfico 3 - Mortos e feridos em acidentes de trânsito nas rodovias federais nos anos de 2004/05 ............................................................................................... 44

Gráfico 4 - Indice de acidentes 2009 - SP-304 ............................................... 105

Gráfico 5 – Índice de acidentes 2010 – SP-304 .............................................. 107

Gráfico 6 - Custo do pavimento ao longo dos anos ........................................ 109

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ........................... ........................................... 18

1.1 Historico ................................................................................................... 18

1.2 Crescimento ............................................................................................ 20

1.3 Estagnação .............................................................................................. 21

1.4 Programa de Concessões ....................................................................... 22

1.5 P.A.C ....................................................................................................... 28

2 MALHA RODOVIÁRIA BRASILEIRA ..................... ...................................... 32

2.1 Problemas na malha rodoviária ............................................................... 33

2.2 Custos da malha rodoviária ..................................................................... 34

2.3 O custo dos pedágios .............................................................................. 39

2.4 O índice de acidentes .............................................................................. 41

3 PAVIMENTO .................................................................................................. 48

3.1 Pavimento Flexível .................................................................................. 51

3.2 Classificação dos pavimentos asfalticos .................................................. 52

3.3 Defeitos pavimentos flexíveis .................................................................. 54

3.3.1 Defeito tipo trinca transversal ............................................................ 54

3.3.2 Defeito tipo trinca longitudinal ........................................................... 55

3.3.3 Defeito tipo trinca de retração ........................................................... 56

3.3.4 Defeito tipo “couro de jacaré” ............................................................ 57

3.3.5 Defeito tipo bloco ............................................................................... 58

3.3.6 Defeito tipo afundamento .................................................................. 59

3.3.7 Defeito tipo afundamento por consolidação ...................................... 60

3.3.8 Defeito tipo ondulação ou corrugamento ........................................... 61

3.3.9 Defeito diversos ................................................................................. 62

3.4 O problema do excesso de peso ............................................................. 63

4 PAVIMENTO RÍGIDO .................................................................................... 66

4.1 História .................................................................................................... 66

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4.2 Aplicação ................................................................................................. 68

4.3 Classificação ........................................................................................... 70

4.4 Pavimentos Rígidos – Defeitos ................................................................ 71

4.4.1 Defeito tipo alçamento de placas ...................................................... 72

4.4.2 Defeito tipo fissura de canto .............................................................. 73

4.4.3 Defeito tipo placa dividida .................................................................. 73

4.4.4 Defeito tipo escalonamento ou degrau .............................................. 74

4.4.5 Defeito tipo falha na selagem da junta .............................................. 75

4.4.6 Defeito tipo desnível do pavimento ................................................... 76

4.4.7 Defeito tipo fissuras lineares ............................................................. 77

4.4.8 Defeito tipo grandes reparos ............................................................. 78

4.4.9 Defeito tipo pequenos reparos .......................................................... 78

4.4.10 Defeito tipo desgaste superficial ...................................................... 79

4.4.11 Defeito tipo quebra de canto ........................................................... 80

4.4.12 Defeito tipo assentamento ............................................................... 81

4.4.13 Defeito tipo placa “bailarina” ............................................................ 82

5 LOGÍSTICA ....................................... ............................................................ 84

5.1 Operador Logístico .................................................................................. 85

5.2 Just in time (J.I.T) .................................................................................... 86

5.3 Custos Logísticos .................................................................................... 88

5.4 Custos de transporte ............................................................................... 91

5.5 Logistica x Transporte ............................................................................. 93

5.6 Logística e o PAC .................................................................................... 96

6 RODOVIA SP-304 ......................................................................................... 99

6.1 Denominação e extensão ........................................................................ 99

6.2 Importância estratégica da SP-304........................................................ 101

6.3 Situação atual da SP-304 ...................................................................... 102

6.3.1 Acidentes 2009 ................................................................................ 104

6.3.2 Acidentes 2010 ................................................................................ 105

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7 PAVIMENTO DE CONCRETO: VANTAGENS E DESVANTAGENS . ........ 108

7.2 Baixa Manutenção ................................................................................. 109

7.3 Economia de energia ............................................................................. 112

7.4 Menor distância para frenagem ............................................................. 113

7.5 Benefícios ao meio ambiente ................................................................ 115

7.6 Whitetopping .......................................................................................... 117

8 ESTUDO DE CASO: PAVIMENTO DE CONCRETO: UMA SOLUÇÃ O PARA A SP-304? ......................................... ............................................................. 119

8.1 Comparativo de custos SP-304: asfalto x whitettoping (reparo) ............ 119

8.2 Questões Logísticas de transporte na troca do pavimento .................... 121

8.2.1 SP-304: Custos para troca do pavimento ........................................ 122

8.2.2 Economia de Combustível – SP-304 ............................................... 122

8.2.3 Economia de pneus – SP-304 ......................................................... 124

8.2.4 Estudo do JIT na SP-304 ................................................................ 124

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ............................................. 127

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 129

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15

INTRODUÇÃO

A economia brasileira tem crescido muito nos últimos anos, mesmo com

a crise mundial ocorrida recentemente a partir de 2008, em razão de ter uma

economia forte e uma indústria bem desenvolvida, o Brasil não foi fortemente

atingido. No entanto, este crescimento pode vir a ser um problema para as

empresas. O escoamento da produção tem-se tornado motivo de preocupação

para os transportadores e operadores logísticos do país.

O Brasil pode vir a perder competitividade no mercado externo pelo fato

de a infraestrutura logística do país não estar acompanhando o crescimento da

indústria de bens e serviços como um todo. São muitos os entraves na cadeia

produtiva brasileira que vão desde a burocracia, passando pela carga tributária

e chegando ao transporte rodoviário.

Atualmente o escoamento da produção brasileira passa por muitos

gargalos no processo logístico e um dos mais importantes destes gargalos é a

questão das estradas e, dentre os mais importantes problemas das estradas

brasileiras está a situação do pavimento.

O enxugamento das indústrias, a globalização, as ferramentas da

qualidade, tais como o Just in time, são motivos de preocupação para os

produtores brasileiros, pois muitos contratos firmados atualmente têm cláusulas

de multas, cancelamento de pedidos entre outros quesitos. Os prazos são

apertados e a concorrência muito forte, o que cria, desta forma, a possibilidade

de se perder um cliente devido a um atraso ocorrido na entrega de uma

mercadoria, fatos estes que realmente causam preocupação para os

produtores ou, em casos piores, avaria ou perda do produto transportado.

Em função disto, uma questão relevante merece ser estudada com

bastante atenção, que é a questão do pavimento das estradas brasileiras.

Como evitar que a produção fique parada nas estradas devido a problemas

com o pavimento?

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16

Muitos são os estudos realizados sobre os benefícios do pavimento de

concreto para utilização em estradas com grande movimento de cargas em

geral. Embora este tipo de pavimento apresente um custo inicial mais alto, ao

longo dos anos ele poderá mostrar-se economicamente viável face ao pequeno

número de intervenções que deverão ser realizadas para sua manutenção em

comparação com o pavimento de asfalto.

O objetivo principal desta pesquisa é apresentar as vantagens da

utilização do pavimento de concreto nas estradas com grande fluxo de cargas,

com o intuito de demonstrar os custos comparativos entre os dois tipos de

pavimentos e os ganhos econômicos que podem ser obtidos com a opção pelo

pavimento de concreto.

O foco desta pesquisa é a Rodovia SP-304 (Luiz de Queiroz) que liga as

cidades de Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba à Rodovia Anhanguera. Estas

cidades constituem um dos pólos industriais e agrícolas mais importantes do

interior do Estado de São Paulo e utilizam-se desta rodovia como uma

importante artéria para escoamento da produção.

Uma das hipóteses apresentadas seria a substituição total do pavimento

de asfalto da Rodovia SP-304 pelo pavimento de concreto.

A metodologia aplicada nesta pesquisa foi realizada consultando-se

livros e sítios da Internet especializados no assunto, bem como, pesquisas de

campo e entrevista com profissional especializado.

O capítulo 1 apresenta um panorama geral do transporte rodoviário no

Brasil, as características principais deste modal, o programa de concessões e

os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)

criado pelo Governo Federal.

O capítulo 2 aborda a malha rodoviária brasileira, sua dimensão e

importância no contexto logístico, bem como, sua condição atual e gargalos

apresentados por ela para escoamento da produção.

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17

O capítulo 3 aborda o pavimento flexível, mais conhecido como asfalto,

suas características principais e seus principais defeitos. Já o capítulo 4 trata

dos mesmos tópicos, porém, com relação ao pavimento rígido ou de concreto.

O capítulo 5 aborda, resumidamente, a questão da logística, seus

conceitos, ferramentas, custos e o impacto que ela tem diretamente sobre o

transporte.

O capítulo 6 trata exclusivamente da Rodovia Luiz de Queiroz, mais

conhecida como SP-304, abordando suas características principais, o impacto

que ela tem diretamente nas cidades atendidas por ela, bem como o índice de

acidentes nos últimos anos.

O capítulo 7 apresenta as vantagens e desvantagens do uso de ambos

os pavimentos, destacando as economias gerais que podem ser obtidas com a

utilização do pavimento de concreto numa rodovia.

O capítulo 8 aborda o estudo de caso realizado na Rodovia SP-304,

tendo como base a literatura estudada e informações pesquisadas.

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18

1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO

O Brasil possui uma das mais extensas malhas rodoviárias do mundo,

com aproximadamente 1,6 milhão de quilômetros. Na realidade, é a terceira

maior, só perdendo para os Estados Unidos e Índia respectivamente (PORTAL

EXAME, 2004).

Estes números são expressivos. Para se ter uma idéia desta magnitude,

aproximadamente 95% do transporte de passageiros e 63% de todo volume de

cargas que são transportados no Brasil são feitos pelo modal rodoviário (ANTT,

2010). A figura 1 apresenta o ranking dos países com as maiores malhas

rodoviárias do mundo em quilômetros.

Figura 1 - Ranking dos países com as maiores malhas rodoviários

Fonte: (PORTAL EXAME, 2004)

1.1 Historico

Acredita-se que o transporte rodoviário no Brasil começou a tomar forma

em 1926, com a construção da Rodovia Rio - São Paulo, que era a única

pavimentada até 1940. O fato é que, de lá para cá, o transporte rodoviário foi

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19

ocupando um lugar de destaque na matriz de transporte brasileiro, a ponto de,

atualmente, ser responsável por mais de 60% de tudo o que é transportado no

Brasil (RODRIGUES, 2005, p.9).

No inicio foi difícil, nas décadas de 40 e 50, as poucas estradas

existentes eram precaríssimas, tendo em vista que o modal predominante era o

ferroviário suportado pelas culturas do café, soja, algodão entre outros. “As

poucas estradas que existiam, não podiam sequer ser chamadas de rodovias,

o Brasil não produzia asfalto, nem importava esse produto em quantidade

suficiente para atender à demanda (SETCEPAR, 2007)1.

A figura 2 apresenta os primórdios da construção da Rodovia Presidente

Dutra por volta de 1951 em substituição ao antigo traçado da mesma rodovia

que datava do ano de 1928, cujo novo traçado permitiu reduzir o tempo de

viagem de 12 horas em 1948 para 6 horas em 1951. Foram importados

equipamentos especiais, exclusivamente para a construção da rodovia (NOVA

DUTRA, 2010).

Figura 2 - Construção da Via Dutra 1951

Fonte: (NOVA DUTRA, 2010)

1 SETCEPAR – Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná

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20

Em comparação com os dias de hoje, a estrutura do transporte

rodoviário está estimada em 7,5% do Produto Interno Bruto - PIB2, o que

equivale a aproximadamente 30 bilhões de dólares (VALENTE, PASSAGLIA, &

NOVAES, 2001, p. 2).

1.2 Crescimento

Com a eleição de Juscelino Kubitscheck à Presidência da República em

1956, o cenário de transportes começou a mudar. Através do slogan 50 anos

em 5, Juscelino Kubitscheck construiu Brasília, implementou e alavancou a

indústria automobilística no país, além de construir estradas que praticamente

uniram todas as regiões do país. Foi criado, também, o F.R.N3 para garantir

recursos para a construção, pavimentação e conservação de rodovias.Com o

passar dos anos outras taxas foram criadas, como a TRU4 (RODRIGUES,

2005, p.9).

Nesta época, o Brasil experimentou um grande e rápido

desenvolvimento do transporte rodoviário. A fundação da Petrobrás, em 1954,

também foi um dos fatores determinantes que colaborou para esta expansão,

visto que começou a produzir asfalto em grande quantidade para pavimentação

das rodovias (WIKIPEDIA, 2010)

A Petrobrás produzia asfalto em abundância, os combustíveis eram

comercializados eram a preços acessíveis, sem contar com os incentivos do

estado através do FRN e posteriormente a TRU. Diante disto não foi difícil ao

transporte rodoviário alcançar um lugar de destaque na matriz de transporte de

cargas e passageiros no Brasil em detrimento dos outros modais que,

praticamente, ficaram esquecidos (WIKIPEDIA, 2010).

Nesta época, a indústria automobilística já era muito forte e, por ser um

importante pólo gerador de empregos, passou a exercer um forte lobby junto à 2 PIB (Produto Interno Bruto) – É a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país

3 FRN (Fundo Rodoviário Nacional) – Imposto único sobre combustíveis e lubrificantes 4 TRU (Taxa Rodoviária Única) – Taxa criada pelo Decreto Lei nº 999 de 21/10/1969 para o

registro e licenciamento de veículos

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classe política do país e também junto aos órgãos governamentais. Neste

ambiente, estradas foram abertas e, outras pavimentadas. Em 1970 foi criado,

pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici o PIN5 com o objetivo de

ocupar as grandes áreas desérticas das regiões Centro-Oeste e Norte. O

governo militar utilizou-se de uma grande massa de mão de obra oriundas da

região Nordeste, devastada por uma grande seca durante os anos de 1969 e

1970 com o lema: Integrar para não entregar (WIKIPEDIA, 2010).

1.3 Estagnação

De acordo com o Setcepar (2007) entre os anos de 1970 e 1974, o

Brasil ganhou 12.000 quilômetros de estradas, saltando de 48.000 quilômetros

em 1970 para 60.000 quilômetros em 1974. Em 1973 eclodiu a crise do

petróleo no mundo. Em outubro daquele ano, os países membros da OPEP6

reuniram-se e resolveram aumentar o preço do petróleo bruto de US$ 2.50

para US$ 11.00 o barril.

A crise do petróleo não poderia ter vindo em pior hora para o Brasil, pois,

o país atravessava seu melhor momento em termos de desenvolvimento

econômico-financeiro, no que ficou conhecido como milagre brasileiro. “O

governo militar do Gal. Ernesto Geisel optou por não adotar uma política de

choque para enfrentar a crise, medida que foi chamada de desaceleração

progressiva” (MARTINS, 1980),

De acordo com Martins:

Apenas para se ter uma idéia dos números envolvidos, basta notar que a perda que o Brasil sofreu em decorrência do aumento das despesas com petróleo e derivados, tomando-se como base de cálculo apenas as quantidades consumidas em 1973 e a diferença entre os preços médios de importação de 1974 e de 1973, foi de cerca de US$ 2,6 bilhões por ano — ou seja, de 4,4% da renda nacional do Brasil em dezembro de 1973, ou, se capitalizada a 7%

5 PIN – Plano de Integração Nacional – Criado pelo Presidente Médici através do Decreto-Lei

Nº1106, de 16 de julho de 1970. 6 OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

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a.a., uma perda de capital da ordem de US$ 37 bilhões, a qual correspondia a 3 vezes o valor da dívida externa do país naquele ano (MARTINS, 1980).

Apesar da política adotada pelo governo do General Ernesto Geisel, o

sistema rodoviário brasileiro nunca mais seria o mesmo, com o alto valor do

preço do barril de petróleo no exterior que, além de abastecer os veículos com

gasolina ou diesel, era a matéria prima para a fabricação do asfalto, utilizado

em larga escala na pavimentação. Em face disto e também a outros fatores

internos, tais como a extinção do FRN em 1988, as estradas já não recebiam

mais a mesma atenção de antes (MARTINS, 1980).

Por outro lado, o declínio do sistema rodoviário não veio acompanhado

do crescimento de outros sistemas de transporte para suprir esta lacuna. Era

um período de incertezas no cenário político brasileiro, pois, o país havia

acabado de sair de um período de mais de vinte anos de ditadura e estava se

readaptando ao regime democrático (MENDONÇA, 2009).

1.4 Programa de Concessões

A partir dos anos 90, por conta do processo de globalização da

economia mundial, houve um acirramento da competição entre as empresas.

Aliado a isto, houve um grande avanço nas telecomunicações permitindo uma

maior integração mundial entre as empresas como clientes ou fornecedores.

Nesta década, também, no Brasil, o Governo Collor pôs fim a anos de reserva

de mercado, colocando definitivamente o Brasil no cenário do comércio

internacional. Esta abertura de mercado acabou por impactar diretamente no

comportamento da sociedade brasileira (RUIZ, 2003).

Segundo Ruiz:

Foi fundamental a abertura do mercado brasileiro para produtos importados, a qual obrigou a industria nacional a investir alto na modernização do processo produtivo, qualidade e lançamento de novos produtos no mercado. As empresas que queriam permanecer no mercado tiveram que rever seus métodos administrativos, bem

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como da organização, reduzindo os custos de gerenciamento, as atividades foram centralizadas, muitos setores terceirizados. As empresas são obrigadas a investir pesado na automação, reduz a hierarquia interna nas indústrias, então cresce a produtividade. Toda essa modernidade era necessária para as empresas se tornarem mais competitiva, tanto no mercado interno quanto no mercado externo. O aumento de produtividade foi fundamental para a sobrevivência das empresas (RUIZ, 2003).

Com a escassez de recursos financeiros e até material, o governo

começou, em 1990, um plano de concessão de rodovias para a iniciativa

privada. Embora o programa de concessões tenha sido elaborado em 1990,

efetivamente, ele só começou a ser posto em prática em 1995 com a

concessão da Ponte Rio - Niterói no Rio de Janeiro. O projeto de concessão de

rodovias consiste em repassar para as empresas vencedoras das respectivas

licitações, a gestão da rodovia durante um determinado período de tempo

(AUTOBAN, 2010).

Durante a vigência da concessão, a concessionária deverá cumprir o

chamado contrato de concessão, que prevê investimentos em modernização,

ampliação e renovação da malha. Ao término do período contratual a rodovia

deverá ser devolvida ao Estado com custo zero. A contra partida é que, durante

a vigência do contrato de concessão, as concessionárias poderão explorar o

pedágio nas rodovias (AUTOBAN, 2010).

Apesar dos avanços do programa de concessões, o crescimento de

rodovias concedidas, na esfera federal, ainda é pequeno. Apenas 7,75% da

malha rodoviária federal está operando sob o regime de concessão, cujo

percentual equivale a pouco mais de 4.700 quilômetros de rodovias

pavimentadas, conforme demonstrado na tabela 1. Para se ter uma idéia, o

Estado de São Paulo, que lidera o ranking nacional de concessão de rodovias,

tem quase 3.600 quilômetros de sua malha administradas por terceiros, cujo

numero equivale à aproximadamente 36,7% do total, seguido pelo Estado do

Paraná com 25,4% e Rio Grande do Sul com 17,6% quilômetros. (BARAT,

2006).

A tabela 1 mostra a extensão da malha rodoviária federal sob

concessão, identificando as empresas concessionárias, rodovias, trechos e

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extensão em quilômetros por trecho. Atualmente, o Brasil possui 4.763,8

quilômetros de rodovias federais sob regime de concessão.

Tabela 1 - Concessões Contratadas

Concessões Contratadas

Concessionária Rodovia Trecho Extensão (km)

NOVADUTRA BR-116/RJ/SP Rio de Janeiro - São Paulo 402,0

PONTE BR-101/RJ Ponte Rio / Niterói 13,2

CONCER BR-040/MG/RJ Rio de Janeiro - Juiz de Fora 179,9

CRT BR-116/RJ Rio de Janeiro – Teresópolis – Além Paraíba

142,5

CONCEPA BR-290/RS Osório - Porto Alegre 121,0

ECOSUL BR-116/293/392/RS Pólo de Pelotas 623,8

AUTOPISTA PLANALTO SUL

BR-116/PR/SC Curitiba – Div. SC/RS 412,7

AUTOPISTA LITORAL SUL BR-376/PR - BR-101/SC

Curitiba – Florianópolis 382,3

AUTOPISTA RÉGIS BITTENCOURT

BR-116/SP/PR São Paulo – Curitiba (Régis Bittencourt)

401,6

AUTOPISTA FERNÃO DIAS BR-381/MG/SP Belo Horizonte – São Paulo (Fernão Dias)

562,1

AUTOPISTA FLUMINENSE BR-101/RJ Ponte Rio - Niterói – Div.RJ/ES 320,1

TRANSBRASILIANA BR-153/SP Div.MG/SP – Div. SP/PR 321,6

RODOVIA DO AÇO BR-393/RJ Div. MG/RJ - Entr.BR-116 (Dutra)

200,4

VIABAHIA BR – 116/324 BA

BR – 116 – Feira de Santana BR – 324 – Salvador – Feira BR – 526 / BR – 324 / BA – 528 BA – 528 / BA – 526 / Aratu

680,6

TOTAL 14 TRECHOS 4763,8

Fonte: (ANTT, 2010)

A lentidão no programa de concessões do Governo Federal esbarra no

tamanho do Estado e na burocracia da legislação. Barat (2006) afirma que, “o

futuro do programa de concessões rodoviárias deverá vencer o paradigma

reinante hoje em dia que é o do retorno do investimento apenas com a

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captação de pedágio”. O Governo deve dar segurança aos investidores

privados no tocante ao aporte de capital para investimentos.

Ainda, segundo Barat:

Quanto à segurança dos investidores, sabe-se que a concessão para exploração de serviços públicos baseia-se em contratos de longo prazo, que pressupõem estabilidade nas regras do jogo (político, institucional e legal) e garantias de equilíbrio econômico-financeiro da concessão. Em países mais desenvolvidos, com instituições sólidas, moedas estáveis e elevado poder aquisitivo da população, a preservação dessas condições não tem acarretado maiores problemas. Em um país como o Brasil, no entanto, pelo histórico de vulnerabilidade da moeda e do câmbio, assim como de instabilidade das regras do jogo, as garantias contratuais e os referenciais de reajuste adquirem importância vital para as concessionárias.

Pela sua própria característica, o modal rodoviário é o que apresenta a

melhor integração entre os modais. Ou seja, entre a fábrica e o porto ou

aeroporto, a melhor maneira de escoar a produção é através do modal

rodoviário. Todos os setores de escoamento da produção brasileira estão

passando por uma transformação histórica, a globalização atingiu “em cheio”

os setores produtivos e alavancou um crescimento sem precedentes na

história, elevando o país a uma posição de respeito no comércio internacional.

Já na malha concessionada, o resultado é inversamente proporcional.

Aproximadamente 71,1% do total está classificada como ótima ou boa e 28,9%

como ruim ou deficiente (PORTAL EXAME, 2004).

Para dar vazão a toda esta produção, o Brasil precisa melhorar as

condições de suas estradas. A malha rodoviária apresenta, hoje, apenas 12%

de seu total pavimentado, além de, segundo pesquisa da CNT7,

aproximadamente 77% do total de quilômetros da malha rodoviária ser

classificada como ruim ou péssima (CNT, 2009).

A figura 3 identifica onde estão localizados os trechos das rodovias

federais sob concessão. Pode-se perceber que há apenas um trecho federal

sob concessão na Região Nordeste, sendo que, todos os demais trechos 7 CNT – Confederação Nacional dos Transportes

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encontram-se nas regiões sudeste e sul.

Minas Gerais, que possui uma das

o trecho que compreende a Rodovia

Gerais é o Estado com o maior índ

trânsito (ANTT, 2010)

Hoje o Brasil

primeira vista, pode

feitas pelo modal rodoviário, e sim por outros modais, entre eles o ferroviário,

aeroviário e aquaviário, e

do Sul, em geral, algum

Para se ter uma idéia, e

do transporte atinge cifras

a 40%, na Região

se nas regiões sudeste e sul. Percebe-se também que, mesmo

Minas Gerais, que possui uma das maiores malhas rodoviárias do país, apenas

o trecho que compreende a Rodovia Fernão Dias está sob concessão. Minas

Gerais é o Estado com o maior índice de mortes e feridos em acidentes de

(ANTT, 2010)

Figura 3 – Concessões Contratadas Fonte: (ANTT,2010)

Hoje o Brasil tem importância como exportador, em nível mundial à

primeira vista, pode-se imaginar que, as exportações, geralmente, não são

feitas pelo modal rodoviário, e sim por outros modais, entre eles o ferroviário,

aeroviário e aquaviário, embora, para clientes do Mercosul

em geral, algumas empresas optem por exportar pelo modal rodoviário.

Para se ter uma idéia, em algumas regiões do país, o aumento no custo

do transporte atinge cifras altíssimas. Na Região Norte, o custo

a 40%, na Região Nordeste, 33,1%, e na Região Centro-

26

se também que, mesmo

malhas rodoviárias do país, apenas

Fernão Dias está sob concessão. Minas

ice de mortes e feridos em acidentes de

, em nível mundial à

se imaginar que, as exportações, geralmente, não são

feitas pelo modal rodoviário, e sim por outros modais, entre eles o ferroviário,

ou mesmo América

as empresas optem por exportar pelo modal rodoviário.

, o aumento no custo

custo do frete chega

-Oeste, 31,7%. Nas

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Regiões Sul e Sudeste, o impacto sobre os custos é um pouco menor: de

19,3% e 21,8%, respectivamente, isto, em função das condições do pavimento.

Estes números estão muito acima dos padrões internacionais, segundo

especialistas e representantes do setor produtivo (NTC&LOGÍSTICA, 2010).

Só em relação ao consumo de combustível, o aumento do custo de

transporte pode chegar a 5%, comparado aos veículos que trafegam em

rodovias com excelente condição de pavimento:

Sob o ponto de vista ambiental, as rodovias deterioradas geram impacto ao fazerem com que os veículos consumam mais combustíveis com acelerações e frenagens não eficientes, o que provoca uma maior emissão de poluentes. Isto se dá pelo fato do consumo de combustíveis ter uma relação potencial inversa com a velocidade de circulação do veículo, ou seja, ele aumenta muito quando a velocidade se reduz (NTC&LOGÍSTICA, 2010).

A figura 4 mostra um trecho da rodovia BR-101 conhecida como

Translitorânea, a qual cruza o Brasil de Norte a Sul numa extensão de 4.551

quilômetros atravessando 12 estados, (WIKIPEDIA, 2008).

Figura 4 - Trecho da BR-101

Fonte: (TERRA, 2010)

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28

1.5 P.A.C

Com a estabilização da moeda e o crescimento da economia, o Governo

Federal criou um plano ambicioso, para o período entre 2007 e 2010. O desafio

da política econômica do governo federal residiu em aproveitar o momento

histórico favorável do país e estimular o crescimento do PIB e do emprego,

intensificando ainda mais a inclusão social e a melhoria na distribuição de

renda (PAC, 2010)

Para tanto, o governo federal criou o Programa de Aceleração do

Crescimento - PAC, que tem como um dos pilares, a desoneração de tributos

para incentivar mais investimentos no Brasil. Pelo PAC está previsto a redução

de tributos para os setores de semicondutores, de equipamentos aplicados à

TV digital, de microcomputadores, de insumos e serviços usados em obras de

infra-estrutura e de perfis de aço (PAC, 2010).

O plano contempla também medidas fiscais de longo prazo, como é

caso do controle das despesas com a folha de pagamento e a modernização

do processo de licitação, fundamentais para garantir o equilíbrio dos gastos

públicos (PAC, 2010).

O plano de investimento não envolve apenas a injeção de capital pelos

cofres públicos, mas também, uma desoneração tributária, que vai representar,

a princípio, uma renúncia fiscal da ordem de R$ 6,6 bilhões. Segundo o

Governo, mesmo com o estímulo ao investimento, provocado pela redução de

impostos e contribuições, a arrecadação futura não será comprometida em

conseqüência do crescimento econômico, permitindo novas desonerações ou

aplicação de mais recursos em infra-estrutura, sem prejuízo da

sustentabilidade fiscal do país (PAC, 2010).

O PAC teve como previsão a aplicação, em quatro anos, de um total de

investimentos em infra-estrutura da ordem de R$ 503,9 bilhões, nas áreas de

transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos. A expansão do

investimento em infra-estrutura é condição fundamental para a aceleração do

desenvolvimento sustentável no Brasil. Dessa forma, o País poderá superar os

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gargalos da economia e estimular o aumento da produtividade e a diminuição

das desigualdades regionais e sociais (PAC, 2010).

O conjunto de investimentos está organizado em três eixos decisivos:

• Infra-estrutura Logística: envolve a construção e ampliação de

rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias;

• Infra-estrutura Energética: corresponde à geração e transmissão

de energia elétrica, produção, exploração e transporte de

petróleo, gás natural e combustíveis renováveis e;

• Infra-estrutura Social e Urbana: englobando saneamento,

habitação, metrôs, trens urbanos, universalização do programa

Luz para Todos e recursos hídricos.

Para a infra-estrutura Logística, a previsão de investimentos de 2007 a

2010 é de R$ 58,3 bilhões; para a Energética, R$ 274,8 bilhões; e para a Social

e Urbana, R$ 170,8 bilhões (PAC, 2010).

Apesar de todo investimento previsto pelo Governo no PAC, há quem

discorde. Segundo o Sr. Paulo Fleury, CEO do Instituto de Logistica de Supply

Chain - Ilos, de acordo com pesquisas do instituto, apenas 10% dos recursos

previstos para serem utilizados em 2010, foram efetivamente concretizados.

Isto quer dizer que, segundo ele, o Brasil precisaria de 27 anos para investir os

R$ 132 bilhões previstos para investimento no setor de logística (UOL, 2009).

Na logística do plano, nesta velocidade, a previsão de utilização de toda

a verba destinada será para 2034. Ainda segundo Fleury, dos 37 projetos

previstos para logística, 32% tiveram os seus cronogramas prorrogados, 14%

foram concluídos e, em apenas 3% o Governo conseguiu antecipar o prazo de

conclusão das obras (UOL, 2009).

De acordo com o Governo Brasileiro:

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Do valor do PAC até 2010, R$ 638 bilhões, as ações concluídas representam 40,3%, o equivalente a R$ 256,9 bilhões. O grupo habitação e saneamento responde por R$ 138,2 bilhões, enquanto os eixos Logística, Energia e Social-urbano totalizam R$ 118,7 bilhões. Na Logística, os investimentos chegam a R$ 40,5 bilhões, com destaques para os R$ 27,7 bilhões aplicados em 4.916 km de rodovias. Na Energia, o total de investimentos concluídos é de R$ 72,4 bilhões. A exploração de campos de petróleo e gás natural lidera esses investimentos, com R$ 23,8 bilhões. No eixo Social e Urbano, a maior parcela dos R$ 144 bilhões de investimentos corresponde ao financiamento habitacional para pessoas físicas e ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com R$ 137,5 bilhões (PAC, 2010).

A tabela 2 apresenta os valores gastos até o momento pelo Governo na

condução do PAC e representa numericamente as informações acima. Pelo

que se apresenta pelos números, pode-se perceber que, do montante previsto

inicialmente para ser investido até 2010 R$ 638 bilhões, passados quase três

anos, ainda faltam quase 400 bilhões para serem investidos (PAC, 2010).

Tabela 2 - Demonstrativos de ações concluídas – Valores em R$ bilhões

AÇÕES TOTAL

ATÉ 2010

TOTAL

CONCLUIDO %

Logistica, Energia e

Social e Urbano 429,8 118,7 27,6

Habitação e Saneamento 208,2 138,2 66,4

TOTAL 638,0 256,9 40,3

Fonte: (adaptado de PAC, 2010)

No início de 2010, o Governo Brasileiro lançou o PAC 2 que é uma

continuação do PAC 1, porém, com algumas modificações. Uma delas é a

inclusão de mais 3 eixos, ou seja, no PAC 1 o Governo escolheu três eixos

principais que iriam nortear os investimentos, que eram a infraestrutura

logística, energética e social-urbana. Além destes três eixos, foram incluídas

também as seguintes ações: cidade melhor, comunidade cidadã, minha casa-

minha vida e água e luz para todos (PAC, 2010).

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Nesta nova matriz do PAC, percebe-se a inclusão de algumas ações

voltadas para o meio-ambiente e também para a questão do petróleo, mais

especificamente do pré-sal e também a sustentabilidade ambiental. Para a

questão da exploração do pré-sal, está prevista uma verba inicial de R$ 711,4

bilhões que visa consolidar as atividades existentes e desenvolver as

descobertas no Pré-Sal, explorando as reservas e ampliando a produção (PAC,

2010)

Neste valor também está previsto a estruturação da cadeia produtiva da

indústria do petróleo, como por exemplo: indústrias naval, mecânica,

metalúrgica, siderúrgica, química, de engenharia de precisão, pesquisas

exploratórias, perfuração de poços, construção de plataformas e

desenvolvimento da produção (PAC, 2010).

A figura 5 apresenta o novo logotipo de identificação do PAC 2 já com

inclusão dos novos eixos norteadores dos investimentos.

Figura 5 - Logotipo PAC 2

Fonte: (PAC, 2010)

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2 MALHA RODOVIÁRIA BRASILEIRA

Aproximadamente 62% do volume de carga que é transportado no

Brasil, é feito pelo modal rodoviário e, apenas 38% pelos demais modais

aquaviário, ferroviário, aeroviário e dutoviário. Pode-se concluir então que, o

modal predominante no país para escoamento da produção é o rodoviário

(MIRA, 2004, p. 55).

Todo este volume transportado trafega por uma extensa malha

rodoviária. O Brasil possui cerca de 1.735.000 quilômetros de rodovias, das

quais pouco mais de 217.000 são pavimentadas, ou seja, aproximadamente

12,5% de toda a malha rodoviária nacional é pavimentada (DNIT, 2010).

Em comparação com o ano 2000, este número aumentou pouco. Em

2000 o Brasil possuía uma malha de aproximadamente 165.000 quilômetros

pavimentados, o que representava 9,56% do total. Em dez anos, o percentual

de estradas pavimentadas no país cresceu apenas 3%, ou seja, nestes dez

anos, foram pavimentados cerca de 52.000 quilômetros de rodovias, uma

média de 4.333 quilômetros por ano (DNIT, 2010).

A figura 6 apresenta o volume de investimentos governamentais em U$

por quilometro de rodovias publicas no Brasil e nos Estados Unidos.

Figura 6 - Investimento Governamental em U$ por km

Fonte: (CNT/COPPEAD, 2009)

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33

2.1 Problemas na malha rodoviária

Para se ter uma idéia da gravidade do problema, segundo o Sindicato

dos Transportadores de Carga - NTC&LOGISTICA, apenas no Estado do

Paraná, no período de alta da safra de soja, estima-se que aproximadamente 1

milhão de toneladas de grãos é perdida no trajeto, nos acostamentos das

rodovias, nos pátios dos postos e transportadoras, do ponto de origem até o

Porto de Paranaguá. Ainda segundo NTC, esta perda é decorrente da má

conservação das carroçarias dos caminhões e também da situação das

estradas (NTC & LOGÍSTICA, 2010).

O gráfico 1 demonstra bem o problema das condições das estradas

brasileiras. Dos 89.552 quilômetros de rodovias analisados pela pesquisa da

CNT (2009), 69% estão entre regular e péssima e apenas 31% enquadram-se

na condição boa ou ótima.

Gráfico 1 - Classificação Geral - Extensão total

Fonte: (CNT,2009)

De acordo com Mira (2004) “a malha rodoviária brasileira está estimada

em US$ 300 bilhões, toda esta malha exigiu muito esforço em recursos

humanos e financeiros, que não podem simplesmente ser deixados de lado”.

Segundo uma pesquisa da C.N.T de 2008, cerca de 69% da malha rodoviária

publica federal está em péssimas condições, conforme informado em capítulo

anterior. Toda esta deficiência é repassada para o custo do frete e,

conseqüentemente, reflete nos custos logísticos das empresas.

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O pavimento em péssimas condições de tráfego, além de onerar o

transporte, seja pelo alto índice de manutenção de veículos que ele pode

trazer, seja pela baixa velocidade que ele impõe ao tráfego, gera insegurança

em quem transita por ele (CNT, 2009).

Segundo Neuto dos Reis, Coordenador Técnico da Associação Nacional

do Transporte de Cargas e Logística, “a qualidade de uma rodovia é uma das

variáveis com maior impacto sobre o custo. Os gastos nos transportes dobram

quando se passa de uma rodovia ótima para uma em estado péssimo"

(NTC&LOGÍSTICA, 2010).

O país perde tempo e terreno no setor de logística, pois:

Governo após governo, o país deixou de investir na melhoria da infra-estrutura logística, o que nos colocou em posição de extrema delicadeza e vulnerabilidade perante nossos competidores e nossa própria sociedade. Para competir, é preciso ser veloz. Para tanto, precisamos de infra-estrutura forte e adequada para suportar altas taxas de crescimento (NTC&LOGISTICA, 2007).

2.2 Custos da malha rodoviária

Quando se fala de gastos, trata-se de pneus, combustíveis, manutenção,

segurança, entre outros. Como a viagem em uma rodovia ruim demora mais

para ser concluída, o caminhão faz menos viagens no mês. É 41% mais caro

trafegar por rodovias federais do que por rodovias estaduais

(NTC&LOGÍSTICA, 2010).

Segundo Pozo (2004), “o transporte é considerado um elemento muito

importante para a economia, senão o mais importante dos custos logísticos das

empresas”. Embora o Brasil já tenha iniciado o programa de concessões, ele

ainda é muito incipiente no âmbito federal, conforme já relatado no capitulo de

transporte rodoviário. Enquanto que nas estradas estaduais o nível de

concessão é de 36,7% podendo-se citar como exemplo o Estado de São Paulo,

nas rodovias federais este numero é de apenas 7,75%.

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Para Viana, “à medida que o transporte fica mais barato e de fácil

acesso, contribui para aumentar a competição no mercado, garantir a

economia de escala e reduzir os preços das mercadorias” (VIANA, 2002, p.

174).

Pesquisa de 1996 realizada pelo Centro de Estudos em Logística -

COPEEAD e a CNT (2009), revela que, no Brasil, o número de mortes nas

estradas a cada 1.000 km é de 213 pessoas, enquanto que, nos Estados

Unidos este número é de sete pessoas e no Canadá três pessoas morrem nas

estradas a cada 1.000 km.

Esta mesma pesquisa mostrou que, até o ano de 1996, ano em que

começou as privatizações das rodovias brasileiras, o Governo Federal

Brasileiro investia cerca de US$ 602.00/km enquanto os Estados Unidos

investiam US$ 5.265.00/km (CNT, 2009).

Como a concorrência entre as empresas está crescendo, o grau de

exigência no nível de serviços também está crescendo e mudando o cenário

das relações entre empresas e clientes. Quando se diz melhoria no nível de

serviço, entende-se que se trata de entregas mais rápidas, confiabilidade

(pouco ou nenhum atraso nos prazos de entrega), segurança (baixa ocorrência

de extravios), qualidade (pouca ou nenhuma devolução), responsividade

(ALVARENGA & NOVAES, 2004, p. 167).

A figura 7 onde é demonstrada a evolução da malha rodoviária nacional

pavimentada, percebe-se um fato importante: enquanto houve uma diminuição

na condição de pavimento regular, houve um aumento nas condições boa e

ruim. Isto demonstra que, as estradas que estavam em situação regular, ou

melhoraram através de trabalhos de manutenção em geral ou pioraram pela

falta destes.

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A figura 8 mostra um destes graves problemas pelo qual passa as

estradas brasileiras. Mais de 31% das placas de sinalização das estradas

simplesmente não existem, ou seja, os motoristas transitam às escuras sem

qualquer informação sobre distância, postos de abastecimento, sentidos de

direção.

Figura 8 - Placas de indicação

Fonte: (CNT,2009)

Estes números mostram a necessidade de se buscar uma forma de

investimento, que seja auto-sustentável e que possa pouco a pouco mitigar o

problema das estradas brasileiras, não só na questão do pavimento, mas

Figura 7 - Evolução da malha rodoviária Fonte: (CNT, 2009)

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também em sinalização (horizontal e vertical), acostamentos, infra-estrutura

(telefones de socorro, áreas de descanso, entre outros).

Quando se fala em custo de transporte, logo se pensa em pedágios,

gasolina, impostos, custo fixo (veículos, instalações), custos variáveis

(combustíveis, pneus) e, de fato, todos estes componentes estão embutidos no

custo do transportes. Martins afirma que, “possuir meios próprios de

distribuição exige grande investimento inicial e manutenção constante”

(MARTINS & ALT, 2004, p. 314).

Grande parte deste custo manutenção se deve, principalmente, às

condições do piso das estradas. Como exposto anteriormente, apenas 12% da

malha rodoviária brasileira é pavimentada, cuja defasagem qualitativa e

quantitativa, acaba por onerar o transporte nas empresas e os seus custos

logísticos (CNT, 2009).

O gráfico 2 apresenta a classificação da sinalização das estradas.

Gráfico 2 - Classificação da sinalização

Fonte: (CNT,2009)

Os governos sejam eles federais estaduais ou municipais, tem investido

na construção de estradas ou recuperando as já existentes, seja através de

concessões ou com dinheiro público. Todavia, a urgência esbarra no excesso

de burocracia dos órgãos e departamentos governamentais, e isto não é um

privilégio apenas do transporte rodoviário (BARAT, 2006).

São inegáveis os benefícios que o programa de concessão de rodovias

trouxe para a malha rodoviária brasileira. Para se ter uma idéia, antes da

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concessão da Rodovia Presidente Dutra para a iniciativa privada em 1996,

mais de 500 pessoas perdiam a vida por ano. Em acidentes na rodovia, em

2008, este número caiu para 254 pessoas, número este considerado ainda alto,

porém, já mostra uma evolução em segurança na estrada (AUTOBAN, 2010).

O que muita gente não sabe e não se dá conta é que transitar por uma

estrada com pavimento em péssimas condições de trafego tem impacto direto

no meio ambiente, segundo a Associação Nacional dos Transportes e Logística

O aumento do custo do transporte não é o único fator negativo ocasionado pelas rodovias de baixa qualidade. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), sob o ponto de vista ambiental, as rodovias deterioradas geram impacto ao fazerem com que os veículos consumam mais combustíveis com acelerações e frenagems não eficientes, o que provoca uma maior emissão de poluentes. Isto se dá pelo fato do consumo de combustíveis ter uma relação potencial inversa com a velocidade de circulação dos veículos, ou seja, ele aumenta muito quando a velocidade se reduz (NTC & LOGÍSTICA, 2010).

Além disto, a velocidade média do trafego aumentou nas rodovias

concessionadas, o índice de acidentes diminuiu significativamente, além do

que, o processo de concessão também foi benéfico para as empresas. Em São

Paulo, o número de pistas duplicadas, após concessão praticamente dobrou no

período de nove anos, passando de 1.305 quilômetros em 1998 para 2.552

quilômetros em 2007. O número de pistas simples também teve um salto neste

mesmo período, saindo de 930 quilômetros em 1998 para 1727 em 2007

(AUTOBAN, 2010).

Quando passa-se a analisar este mesmo número nas rodovias federais,

nota-se uma disparidade muito grande: pouco mais de 10% são de pista dupla

com canteiro central, cujos números são demonstrados, graficamente,

conforme figura 9 sobre a classificação das rodovias feitas pela CNT (2009).

Um estudo informa que, no ano de 2004, as concessionárias filiadas à

Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR, arrecadaram

cerca de R$ 4,43 bilhões principalmente com a cobrança de pedágios, tarifa

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esta paga por 603 milhões de veículos que passaram pelas praças. Este valor

equivale a um ganho de 24% em relação ao ano de 2003 (ESTRADAS, 2009).

A figura 9 apresenta a classificação das rodovias analisadas pela CNT

em relação aos tipos de pistas. Nota-se que o tipo de pista simples com mão

dupla é a mais predominante entre os tipos de pistas existentes, seguida pela

pista dupla com canteiro central, conforme já informado. Este levantamento foi

realizado tendo em vista a análise de cerca de 89.000 quilômetros de estradas.

Figura 9 - Classificação das rodovias

Fonte: CNT

2.3 O custo dos pedágios

Existem atualmente em todo Brasil, 393 praças de pedágio em

funcionamento, sejam estas localizadas tanto em rodovias estaduais como

federais. Hoje, se um motorista de veículo de passeio que resolva viajar

passando por todos os pontos de pedágio, deverá desembolsar quase R$

1.800,00. Se for um ônibus ou caminhão com quatro eixos, este valor sobe

para quase R$ 6.200,00 (ESTRADAS, 2009).

Embora, inicialmente, a tarifa de pedágio no Brasil seja considerada alta,

o país é apenas o 8º no ranking de tarifa média internacional, na relação dólar

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x km. Entretanto, cabe destacar que, os países que ocupam os primeiros

lugares no ranking, são países com renda per capita maior que a do Brasil, o

que talvez, neste sentido, a comparação não pareça tão justa (PORTAL

EXAME, 2004).

O Brasil ocupa hoje o 5º lugar no mundo no que diz respeito ao tamanho

da frota, com um número estimado em quase 60 milhões de veículos,

abrangendo aí todos os tipos de veículos emplacados, perdendo apenas para

Estados Unidos, China, Japão e Alemanha nesta ordem (PORTAL EXAME,

2004).

A tabela 3 mostra o ranking dos oito primeiros países, na comparação

dólar x km, onde o Brasil ocupa a 8ª posição.

Tabela 3 - Tarifa média internacional de pedágios – dólar x km (Adaptado) Ranking País Tarifa Média Ranking País Tarifa Média

1º Japão 0,159 5º Portugal 0,037

2º França 0,080 6º África do Sul 0,034

3º Espanha 0,079 7º EUA 0,027

4º Itália 0,049 8º Brasil 0,021

Fonte: (adaptado de PORTAL EXAME,2004)

A idade média da frota brasileira com relação aos veículos é 13,2 anos

enquanto que, para caminhões esta média é de 17,2 anos (DENATRAN, 2009).

Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina de

Trafego (ABRAMET), cerca de 20% da frota nacional tem mais de 20 anos de

idade, ou seja, de cada cinco veículos que rodam no Brasil um tem mais de 20

anos (ABRAMET, 2010).

Ainda segundo a ABRAMET:

A cada 5 veículos, 1 tem mais de 20 anos de fabricação. O pagamento parcelado em até 80 vezes e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não garantem a renovação da frota.

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Especialistas apontam que as principais causas são a isenção do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) para carros velhos e a demora do governo brasileiro em aprovar a inspeção veicular, que poderia tirar das ruas os carros sem condições de circulação (ABRAMET, 2010).

Embora, num primeiro momento, o motorista possa achar alto o valor do

pedágio, num segundo momento, numa análise mais aprofundada, ele acaba

sendo vantajoso, pois, o custo do transporte de carga feito em rodovias com

infraestrutura inadequada pode até dobrar o valor final de um frete. Segundo a

Secretária de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo “o prejuízo

das transportadoras com estas viagens em estradas pavimentadas

consideradas ruins reflete diretamente no bolso dos consumidores com o

aumento dos preços dos produtos e serviços comercializados” (GOVERNO DO

ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

Segundo o Sr. Newton Gibson, Presidente da Associação Brasileira de

Logística e Transporte de Carga - ABTC e Vice-Presidente da Confederação

Nacional de Transportes (CNT):

As rodovias que apresentam melhores condições de tráfego, mesmo com a cobrança de tarifas para sua manutenção, é mais vantajosa para as transportadoras e para os consumidores, pois, o custo com a manutenção dos veículos diminui, o número de acidentes é reduzido e a segurança nas estradas aumenta (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

Esta mesma pesquisa conduzida pela Secretária de Comunicação do

Governo do Estado (2010), apurou que, algumas empresas têm o seu

levantamento de custos para determinação da tarifa de frete baseada no tempo

de viagem. Por este motivo, uma hora a mais que se perde na viagem, tem

impacto direto nos custos do frete e podem acabar onerando o mesmo, sendo

que, em algumas estradas, esta perde pode chegar a até 3 horas.

2.4 O índice de acidentes

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

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Acidente é um evento independente do desejo do homem, causado por uma força externa, alheia, que atua subitamente (de forma inesperada) e deixa ferimentos no corpo e na mente. Alternativamente, pode-se considerar um acidente um evento não intencional que produz ferimentos ou danos. Acidente de trânsito é todo acidente com veículo ocorrido na via pública (IPEA, 2006).

Pesquisa da NTC&LOGÍSTICA (2007), traz uma importante informação,

no Brasil: “uma pessoa morre a cada 15 minutos vitima de acidentes de

trânsito, são 36.000 mortes ao final de um ano, e os motivos são os mais

diversos.

Segundo a CNT/Coppead (2009) “O número de mortes por quilômetro

nas estradas brasileiras é de 10 a 70 vezes maior do que a dos países

pertencentes ao G-7 (grupo dos 7 países mais ricos do mundo)”. Esta mesma

pesquisa apurou ainda que, além disso, 62% dos leitos de traumatologia dos

hospitais são ocupados por acidentados no trânsito.

A figura 10 representa graficamente os números comentados.

Figura 10 - Índice de mortes nas estradas por 1000 km de rodovia (1996)

Fonte: (CNT/COPPEAD, 2009)

O IPEA apurou que em todo o Brasil as perdas referentes a acidentes de

trânsito chegam a R$ 24,6 bilhões, somente na Grande São Paulo. Eles

causam prejuízos de R$ 1,4 bilhão ao ano, sendo que este valor seria

suficiente para construir 803 escolas de ensino fundamental e 1.600 creches

bem equipadas. Já nas rodovias do país, os prejuízos chegam a R$ 22,6

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bilhões, valor este equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto do Brasil em

números de 2005 (IPEA, 2006).

Neste valor de R$ 24,6 bilhões estão inclusos os gastos com o resgate

de vítimas, pagamento de hospitais, tratamentos, seqüelas, perda de

produtividade, atendimentos policiais, danos a equipamentos urbanos e

materiais, remoções e congestionamentos. Foram gastos, em média, R$ 144

mil no atendimento de cada uma das vítimas (IPEA, 2006).

O IPEA (2006) faz uma distinção de custos parciais para apuração do

custo total dos acidentes de trânsito. Sua composição não envolve apenas as

vítimas, mas também, outros componentes como socorristas, policiais, tempo

de interdição das pistas, família das vítimas, entre outros. Para efeito de custos

envolvendo apenas as vítimas, o IPEA leva em conta os seguintes custos:

• Custo do atendimento pré-hospitalar: atendimento da vítima por

unidades dotadas de equipamentos especiais, com veículos e

profissionais especializados (ambulâncias, bombeiros, médicos, etc.)

• Custo do atendimento hospitalar: soma dos custos do atendimento

médico hospitalar do paciente não internado e do paciente internado na

Unidade de Terapia Intensiva e/ou Enfermaria.

• Custo pós-hospitalar: a soma dos custos com reabilitação, para os

casos de seqüela temporária ou definitiva, com procedimentos,

medicamentos, transporte, equipamentos e outros.

• Custo da perda de produção: é o custo correspondente às perdas

econômicas das vítimas de acidente que, em decorrência da interrupção

das suas atividades rodutivas, deixam de gerar renda e produção ao

sistema econômico.

• Custo de remoção/translado: custo de remoção da vítima fatal ao

Instituto Médico Legal (IML) e custo de translado — terrestre ou aéreo —

da vítima fatal do IML/hospital ao local do funeral.

• Gasto previdenciário: é a soma dos custos incorridos: i) à empresa,

relativos ao valor da previdência, pago por ela, em um período de até 15

dias de afastamento do trabalho em decorrência de um acidente de

trânsito; ii) sobre a previdência social, em virtude do afastamento,

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temporário ou definitivo, do trabalhador em decorrência de um acidente

de trânsito; e iii) sobre as seguradoras. O gráfico 3 apresenta um

comparativo entre os anos de 2004 e 2005 em relação aos mortos e

feridos em acidentes de trânsito ocorridos nas estradas federais.

Gráfico 3 - Mortos e feridos em acidentes de trânsito nas rodovias federais nos anos de

2004/05 Fonte: (IPEA, 2006)

A cada 11 acidentes há uma vítima fatal e a cada 1,3 acidente um ferido

e ainda A cada 100 acidentes ocorridos nas rodovias federais, no ano de 2004,

aproximadamente, 4,4% apresentaram vítimas fatais; 31,9% registraram

vítimas com ferimento e em 63,8% deles não houve vítimas (IPEA, 2006).

Segundo o IPEA (2006), o conceito de acidente com fatalidade é:

“aquele em que o envolvido morreu no local do acidente, conceito este implícito

nos bancos de dados de acidentes no Brasil (com exceção dos dados do

Distrito Federal)”.

Esse conceito é diferente do adotado pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), que considera acidente com morte, aquele em que o

óbito ocorreu no local ou até 30 dias após o acidente (IPEA, 2006).

A tabela 4 apresenta os acidentes nas rodovias federais conforme a

gravidade.

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Tabela 4 - Acidentes nas rodovias federais conforme a gravidade – 2004

Fonte: (IPEA, 2006)

Segundo um estudo a UNESP-Bauru, o erro humano é responsável por

mais de 90 % dos acidentes registrados. Este mesmo estudo elencou as

principais causas de acidentes, por ordem incidência (UNESP-BAURU, 2010).

• Velocidade excessiva;

• Dirigir sob efeito de álcool;

• Distância insuficiente em relação ao veiculo dianteiro;

• Desrespeito à sinalização;

• Dirigir sob efeito de drogas.

Ainda segundo este mesmo estudo da UNESP de Bauru:

Para que uma pessoa responda adequadamente a determinado estimulo, é necessário que esteja "alerta", caso contrário poderá causar um acidente. Este estado de "alerta" é afetado por muitos fatores, fazendo com que as pessoas respondam com maior ou menor rapidez em situações de emergências. O intervalo de tempo entre o reconhecimento de uma situação perigosa e a ação de resposta a esta situação é chamado de tempo de reação, e depende da condição física e do estado emocional do indivíduo. O tempo médio de reação de uma pessoa jovem em bom estado de saúde é de aproximadamente 0,75 segundos. Este é praticamente o tempo que o cérebro necessita para processar as informações que está recebendo e definir uma ação (UNESP-BAURU, 2010).

Além das condições já conhecidas que podem provocar um acidente,

como estradas precárias, veículos mal conservados, entre outros, existem

algumas condições que são potencializadoras de acidentes, entre elas esta o

consumo de álcool e drogas, que podem retardar consideravelmente o tempo

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de reação do motorista. Alguns especialistas indicam, que dependendo da

pessoa, apenas dois copos de cerveja podem fazer seu tempo de reação

aumentar para 2 segundos (UNESP-BAURU, 2010).

O estado emocional do motorista também acaba sendo um

potencializador de acidentes, uma vez que, pode retardar os reflexos e o tempo

de reação do motorista

O indivíduo que traz para o volante suas preocupações de: emprego, salário, conjugais, e frustrações decorrentes de seu dia a dia, poderá alterar muito seu tempo de reação principalmente em função do baixo nível de concentração na atividade de dirigir. Indivíduos imaturos também constituem um grupo de grande propensão para o acidente no trânsito uma vez que sua necessidade de auto-afirmação faz com que ajam impulsivamente e agridam e desrespeitem os direitos e a vida das outras pessoas. Este tipo de comportamento é altamente difundido no trânsito brasileiro (UNESP-BAURU, 2010).

A tabela 5 apresenta os acidentes nas rodovias federais conforme a

gravidade.

Tabela 5 - Tipo x gravidade dos acidentes nas rodovias federais – 2004

Fonte: (IPEA, 2006)

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No Brasil o número de acidentes causados por motoristas, que batem na

traseira do veículo que vai a frente, é tão grande, que a jurisprudência

considera quem bate atrás como culpado. Muitos indivíduos ao conduzirem

seus veículos criam condições ideais e irreversíveis para que o acidente ocorra

(UNESP-BAURU, 2010).

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3 PAVIMENTO

Segundo Bernucci (2006, p. 9) “pavimento é uma estrutura de múltiplas

camadas de espessuras finitas, constituída sobre a superfície final de

terraplanagem, destinada a resistir aos esforços do tráfego do clima”. Na

realidade, o pavimento de uma avenida ou rodovia, é um sistema muito mais

complexo do que apenas aquilo que se consegue observar quando se trafega

por ele.

Existem várias etapas no processo de pavimentação, sendo uma delas a

etapa de terraplanagem, que é a alteração das condições originais do solo,

para uma nova configuração topográfica (DNIT, 2006). A figura 11 ilustra uma

etapa do processo de terraplanagem.

Figura 11 – Terraplanagem

Fonte: (PMB-RS, 2009)

Outra etapa do processo de pavimentação é o de compactação do solo,

o qual tem por finalidade corrigir eventuais imperfeições do solo, tais como

depressões e/ou ressaltos, fazendo com que a superfície fique a mais lisa e

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regular possível. A compactação se dá com a aplicação de pressão, impacto ou

vibração, o que faz com que as partículas construtivas entrem em contato mais

íntimo pela expulsão do ar. O processo de compactação, além de facilitar o

trabalho dos operários, irá permitir uma economia de material. (DNIT, 2006). A

figura 12 ilustra a etapa de compactação.

Figura 12 – Compactação

Fonte: (DNIT, 2008)

O DNIT (2006) classifica os pavimentos em três categorias: Flexível,

Semi-rígido e Rígido. O pavimento flexível é o tipo de pavimento em que todas

as camadas sofrem uma deformação elástica, em função do carregamento

aplicado, cuja carga se distribui quase que uniformemente sobre as camadas.

O tipo de pavimento semi-rígido é aquele que, em sua base, recebe uma

camada de cimento ou outro tipo de produto com propriedades similares a do

cimento e, como acabamento, recebe uma camada asfáltica. Por fim, o

pavimento rígido, como o próprio nome já diz, apresenta um nível de rigidez

elevado que, praticamente absorve todas as tensões da carga aplicada sobre o

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mesmo. É o típico pavimento constituído por lajes de cimento Portland®8

(DNIT, 2006).

Vários aspectos técnicos e econômicos são analisados para a escolha

do tipo de pavimento a ser usado, porém, em geral, o que acaba prevalecendo

é o mais econômico e de rápida aplicação. Dentre os aspectos técnicos que

levam à escolha de um determinado pavimento, está a de que os pavimentos

rígidos são utilizados em áreas de tráfego urbano e de grande intensidade,

porém, na maior parte das aplicações, o pavimento flexível tem menor custo

inicial e pode ser executado mais rapidamente (UFPR, 2010).

Normalmente, os pavimentos flexíveis precisam sofrer algum tipo

manutenção a cada 8 a 10 anos no Brasil, enquanto que, os pavimentos rígidos

podem, perfeitamente, ter uma vida útil de 20 a 40 anos com pouca ou quase

nenhuma manutenção. Em geral, a composição a ser utilizada, vai depender do

fim a que se destina o pavimento, ou seja, a predominância do tipo de

transporte, fluxo de veículos, tipos predominantes de veículos, tudo isto deve

ser analisado, pode fazer com que algumas das camadas que compõe o

pavimento possam ser desconsideradas ou não durante o processo de

pavimentação (UFPR, 2010).

A figura 13 mostra como é feita a distribuição de carga nos tipos de

pavimento rígido e flexível. A figura mostra como age a distribuição de carga

em ambos os tipo de pavimento. Enquanto no pavimento rígido, o peso é

distribuído uniformemente entre as camadas intermediárias, no pavimento de

asfalto, o peso age diretamente sobre a base e o subleito, ou sub-base (UFPR,

2010).

8 Portland – Marca patenteada por Joseph Aspdin em 1824, em referência à ilha britânica de Portland.

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Figura 13 - Distribuição de carga nos pavimentos rígido e flexível

Fonte: (UFPR, 2010)

3.1 Pavimento Flexível

De acordo com Bernucci:

Os pavimentos asfálticos são aqueles em que o revestimento é composto por uma mistura constituída basicamente de agregados e ligantes asfálticos. É formado por quatro camadas principais: revestimento asfaltico, base, sub-base e reforço do sub-leito”. O pavimento asfaltico pode ser composto por camada de rolamento – em contato direto com as rodas dos veículos e por camadas intermediárias ou de ligação, por vezes denominadas de binder (BERNUCCI, et al, 2006, p.9).

O DNIT classifica o concreto asfáltico como “mistura executada a

quente, com característica específicas, composta por agregado graduado,

material de enchimento, e cimento asfáltico, espalhada e compactada a

quente” (DNIT, 2004).

A figura 14 mostra o trecho de uma rodovia pavimentada com asfalto ou

pavimento flexível.

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Figura 14 - Estrada com pavimento flexível

Fonte: (UFPR, 2010)

O asfalto como matéria prima para pavimento começou a ser utilizado no

Brasil por volta de 1962, na época em que era considerado como tecnologia de

ponta, a Petrobrás, fundada em 1954, fabricava o asfalto em larga escala, por

ser um produto com baixo custo de estocagem e transporte. Aliado a isto, havia

também o fato de que as demais emulsões e aglutinantes para composição do

asfalto, eram encontrados em todo o território brasileiro. Por estes fatores, o

asfalto foi empregado em larga escala na pavimentação de ruas, avenidas e

estradas (SETCEPAR, 2007).

3.2 Classificação dos pavimentos asfalticos

A função do pavimento tanto flexível como o rígido, tem por finalidade,

absorver o tráfego e transmiti-las às demais camadas do piso e também

melhorar as condições de rolamento da pista proporcionando conforto e

segurança (UFPR, 2010).

O cimento asfaltico ou CAP é um líquido muito viscoso ou sólido que à

temperatura ambiente, apresenta características termoplásticas. Se aquecido,

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dilui-se e uma vez resfriado, volta ao estado original. Até 2005, o CAP ou

cimento asfaltico, tinha uma classificação baseada na viscosidade a 60º, a

saber: cap 7; cap 20; cap 40 (BETUNEL, 2010).

A partir de 2005, de acordo com a resolução da ANP - Agência Nacional

do Petróleo, Gás e Biocombustíveis os asfaltos para pavimentação voltaram a

ser classificados por penetração, a saber: 30/45 (semelhante CAP40); 50/70

(semelhante CAP20); 85/100 (semelhante CAP7) e 150/200 (BETUNEL, 2010).

Os CAPs são preparados para apresentar características próprias para

uso direto na construção de camadas asfálticas de pavimentos. É um material

adequado para aplicação em trabalhos de pavimentação, pois além de suas

propriedades aglutinantes e impermeabilizantes, possui característica de

flexibilidade, durabilidade e alta resistência (BETUNEL, 2010).

Durante o processo de pavimentação é importante assegurar-se de que

o CAP ou cimento asfaltico, esteja suficientemente fluido durante a aplicação e

suficientemente rígido quando em serviço, após a aplicação. Segundo o

fabricante Betunel, para aumentar a fluidez, misturam-se solventes aos CAPs

selecionados, obtendo-se asfaltos diluídos ou cut-backs, cuja classificação

depende do tipo de solvente a ser empregado na diluição, nafta para cura

rápida (CR) e querosene para cura média (CM) (BETUNEL, 2010).

A figura 15 mostra um modelo de usina pré-misturadora a frio em

deslocamento. Este tipo de equipamento permite que os componentes possam

ser manuseados e misturados no próprio canteiro de obras, sendo possível

também o seu deslocamento à medida do andamento das obras. Alguns

modelos são capazes de produzir de 200/500 t/h.

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54

Figura 15 - Usina Pré-misturadora a frio

Fonte: (CIBER, 2010)

3.3 Defeitos pavimentos flexíveis

O pavimento flexível, devido às suas características particulares, é muito

sujeito à ação de agentes externos, tais como: fluxo de veículos, peso da carga

transportada, características dos veículos que transitam com freqüência pela

rodovia, além disto, o pavimento flexível é o que sente as intempéries da

natureza, tais como, chuvas, calor excessivo entre outros.

3.3.1 Defeito tipo trinca transversal

O defeito do tipo trinca transversal, se apresenta na direção

predominantemente ortogonal ao eixo da via. Até uma extensão de até 100 cm

é denominado trinca transversal curta. Quando a extensão for superior a 100

cm denomina-se trinca transversal longa (DNIT, 2003). A figura 16 ilustra o

detalhe do defeito tipo trinca transversal.

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55

Figura 16 - Trinca transversal

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.2 Defeito tipo trinca longitudinal

Este tipo de defeito apresenta uma trinca longitudinal isolada que

apresenta direção predominantemente paralela ao eixo da via. Quando

apresentar extensão de até 100 cm é denominado trinca longitudinal curta e

quando a extensão for superior a 100 cm denomina-se trinca longitudinal longa

(DNIT, 2003). A figura 17 apresenta o detalhe do defeito do tipo trinca

longitudinal.

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56

Figura 17 - Trinca longitudinal

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.3 Defeito tipo trinca de retração

O defeito deste tipo apresenta uma trinca de retração isolada não

atribuída aos fenômenos de fadiga, e sim, aos fenômenos de retração térmica

ou do material do revestimento ou do material de base (DNIT, 2003). A figura

18 apresenta o detalhe do defeito do tipo trinca de retração.

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57

Figura 18 - Trinca de retração

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.4 Defeito tipo “couro de jacaré”

O defeito do tipo “couro de jacaré” apresenta um conjunto de trincas

interligadas sem direções preferenciais, assemelhando-se ao aspecto de couro

de jacaré. Essas trincas podem apresentar, ou não, erosão acentuada nas

bordas (DNIT, 2003). A figura 19 apresenta o detalhe do defeito do tipo “couro

de jacaré”.

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Figura 19 - Trinca tipo "jacaré"

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.5 Defeito tipo bloco

O defeito do tipo bloco se caracteriza pelo conjunto de trincas

interligadas e caracterizadas pela configuração de blocos formados por lados

bem definidos, podendo, ou não, apresentar erosão acentuada nas bordas

(DNIT, 2003). A figura 20 apresenta o detalhe do defeito do tipo bloco.

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59

Figura 20 - Trinca tipo bloco

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.6 Defeito tipo afundamento

O defeito do tipo afundamento se caracteriza pela deformação

permanente caracterizada por depressão da superfície do pavimento,

acompanhada, ou não, de solevamento, podendo apresentar-se sob a forma de

afundamento plástico ou de consolidação (DNIT, 2003).

A figura 21 apresenta o detalhe do defeito tipo afundamento.

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60

Figura 21 - Defeito tipo afundamento

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.7 Defeito tipo afundamento por consolidação

Afundamento de consolidação é causado pela consolidação diferencial

de uma ou mais camadas do pavimento ou subleito sem estar acompanhado

de solevamento. Quando ocorre em extensão de até 6 m é denominado

afundamento de consolidação local, quando a extensão for superior a 6m e

estiver localizado ao longo da trilha de roda é denominado afundamento de

consolidação da trilha de roda (DNIT, 2003).

A figura 22 apresenta o detalhe do defeito do tipo afundamento.

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61

Figura 22 - Defeito tipo afundamento de consolidação

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.8 Defeito tipo ondulação ou corrugamento

O defeito do tipo ondulação ou carregamento apresenta uma

deformação caracterizada por ondulações ou corrugações transversais na

superfície do pavimento (DNIT, 2003).

A figura 23 apresenta o detalhe do defeito do tipo ondulação ou

corrugamento.

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Figura 23 - Defeito tipo ondulação

Fonte: (DNIT, 2003)

3.3.9 Defeito diversos

Este tipo de defeito se caracteriza pelo arrancamento progressivo do

agregado do pavimento, caracterizado por aspereza superficial do revestimento

e provocado por esforços tangenciais causados pelo tráfego.

A figura 24 apresenta o detalhe do tipo defeitos diversos.

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63

Figura 24 - Defeitos diversos

Fonte: (DNIT, 2003)

3.4 O problema do excesso de peso

Uma antiga reinvidicação dos órgãos fiscalizadores era uma definição

sobre os limites de peso por eixo dos caminhões e também a tolerância

máxima permitida. Segundo o Centro de Excelência em Engenharia de

Transportes – CENTRAN, que é um órgão ligado ao Instituto Militar de

Engenharia do Plano Nacional, “o excesso de peso custa aos cofres públicos

da União, cerca R$ 1,5 bilhão por ano”. Além do que, segundo alguns

especialistas, a antiga regulamentação de 1999 era muito tolerante e, segundo

alguns juristas, em alguns casos ilegal (SETCOM, 2008)9.

O Governo Brasileiro, através do PAC, dentro de um dos três eixos que

compõem a linha de investimentos do plano, na parte de infraestrutura

logística, irá destinar uma verba de R$ 670 milhões para a aquisição e

instalação de 220 modernas praças de pesagem, entre fixas e móveis (PAC,

2010).

9 SETCOM – Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina

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De acordo com o art. 101, do Código de Trânsito Brasileiro, os limites

máximos de peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de veículo, nas

superfícies das vias públicas, são os seguintes:

• Peso bruto total por unidade ou combinações de veículos: 45t;

• Peso bruto por eixo isolados: 10t;

• Peso bruto por conjunto de dois eixos em tandem, quando a

distância entre os dois planos verticais, que contenham os centros

das rodas, for superior a 1,20m e inferior ou igual a 2,40 m: 17t;

• Peso bruto por conjunto de dois eixos não em tandem, quando a

distância entre os dois planos verticais, que contenham os centros

das rodas, for superior a 1,20m e inferior ou igual a 2,40m: 15t;

• Peso bruto por conjunto de três eixos em tandem, aplicável

somente a semi reboque, quando a distância entre os três planos

verticais, que contenham os centros das rodas, for superior a 1,20

m e inferior ou igual a 2,40 m: 25,5t;

• Peso bruto por conjunto de dois eixos, sendo um dotado de

quatro pneumáticos e outro de dois pneumáticos interligados por

suspensão especial, quando a distância entre os dois planos

verticais que contenham os centros das rodas for: a) inferior ou

igual a 1,20m: 9t; b) superior a 1,20m e inferior ou igual a 2,40m:

13,5t.

A lei diz ainda que não é permitido o registro e o licenciamento de

veículos que excederem os limites acima, a não ser que seja permitido pelo

Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN (SETCOM, 2008).

As pistas são feitas para atender a um determinado limite permitido de

peso por categoria de veículo. O Secretário dos Transportes do Estado do

Pará, Sr. José Augusto Affonso afirma que "a sobrecarga aumenta a pressão

sobre o asfalto e aos poucos ele vai sendo triturado, o que ocasiona a abertura

de buracos (SETRAN-PA, 2004).

O próprio Sindicato dos Transportadores de Carga - NTC, chegou à

conclusão que:

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Quem abusa do excesso peso destrói na ida a rodovia que vai usar na volta. Com isso, aumenta sobremaneira não apenas seus custos operacionais como também o risco de acidentes e de multas. Além do mais, a prática do excesso de peso aumenta a oferta de transporte (são necessários menos caminhões para levar a mesma carga), aviltando o frete. O controle de pesos não só torna a competição mais justa e leal como contribui para melhorar os fretes (SETCOM, 2008).

A tabela 6 apresenta os principais tipos de problemas dos pavimentos

flexíveis, bem como, os motivos que levam a estes problemas, levando em

conta que, o pavimento flexível está sempre sujeito às intempéries e do volume

de carga a que ele é exposto.

Tabela 6 - Fatores implicados no desempenho e na deterioração dos pavimentos asfalticos

Causa Genérica: Causa Específica: Tipos de Defeitos Encontrados:

Relacionadas com o trafego

Cargas repetidas (fadiga) Carga Excessiva Escorregamento de capa Fluência plástica Densificação (compactação) Degradação de agregado

Trincamento Ruptura do revestimento Trincas côncavas Deformação por deslocamento da capa Trilho de roda Desagregação

Relacionadas com o clima

Mudanças de umidade retração Expansão Mudanças Térmicas

Trincas Exsudação

Relacionadas com o método de construção

Compactação com temperatura inadequada Pouca compactação

Trincas Deformação

Relacionadas com os materiais

Falta de qualidade dos materiais

Desagregações

Outras Perda de resistência ao escorregamento

Deformações e trincas

Fonte: (adaptado de DNER, 1998)

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66

4 PAVIMENTO RÍGIDO

Segundo o DER-SP, pavimento rígido é o pavimento cuja plataforma é

constituída por placas de concreto de cimento Portland não armadas ou

eventualmente com armadura sem função estrutural. Estas placas podem ou

não desempenhar, simultaneamente, as funções de base e revestimento. Os

principais materiais constituintes do pavimento de concreto são agregados

minerais, cimentos Portland, água e armadura de aço, os quais devem

satisfazer às normas pertinentes e às especificações (DER-SP, 2007).

4.1 História

A palavra cimento é originaria do latim Caementu que designava um tipo

de pedra natural de rochedos. Segundo Associação Brasileira de Cimento

Portland - ABCP, a origem do cimento data de aproximadamente 4.500 anos,

sendo que alguns dos monumentos antigos do Egito já apresentavam um tipo

de liga à base de gesso calcinado. Também, na Grécia e na Itália, se tem

relatos do uso de solos vulcânicos com a característica de endurecimento sob

a ação da água (ABCP, 2009).

O nome Portland foi patenteado pelo inglês Joseph Aspdin (1778 –

1855) construtor e filho de pedreiro que inventou o cimento em 1811 e

requereu sua patente em 1824. O nome é uma homenagem a uma ilha inglesa

de mesmo nome, em virtude do produto originado da queima de calcário e

argila que ele havia acabado de descobrir ser semelhante às rochas existentes

na ilha, cuja concessão foi outorgada pelo Rei George IV no mesmo ano

(ABCP, 2009).

A figura 25 mostra como eram os primeiros fornos para queima de

material para fabricação de cimento, na fábrica fundada por Joseph Aspdin o

pioneiro no fabrico do cimento, em 1925 nos subúrbios de Leeds na Inglaterra.

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Estes fornos rudimentares tinham o formato de uma garrafa e possuí

metros de altura por 5,6 metros de diâmetros próximos da base

2010).

Um dos primeiros

é o chamado concreto rolado e sua primeira utilização foi em 1893 com a

pavimentação da Court Avenue, em Bellefontaine, Ohio, EUA. A partir daí seu

uso foi intensificado e sua prática foi sendo desenvolv

Grã-Bretanha por volta dos anos 40. N

urbanos a partir dos anos 50 e nos EUA

1952 (DNIT, 2005).

O Brasil não é um novato na construção de estradas com pavimento de

concreto Portland. A

Estrada de São Miguel Paulista no ano de 1939

desde 1925 o uso do concreto como forma

como a construção de ruas no munícipio

stes fornos rudimentares tinham o formato de uma garrafa e possuí

metros de altura por 5,6 metros de diâmetros próximos da base

Figura 25 - Fornos 1ª fábrica de cimento Fonte: (BATTAGIN, 2010)

Um dos primeiros tipos de cimento a serem utilizados em pavimentação

é o chamado concreto rolado e sua primeira utilização foi em 1893 com a

pavimentação da Court Avenue, em Bellefontaine, Ohio, EUA. A partir daí seu

uso foi intensificado e sua prática foi sendo desenvolvida e aperfeiçoada na

Bretanha por volta dos anos 40. No Brasil, era empregado

a partir dos anos 50 e nos EUA, na pavimentação de rodovias desde

.

O Brasil não é um novato na construção de estradas com pavimento de

. A primeira estrada de concreto construida no Brasil foi a

Estrada de São Miguel Paulista no ano de 1939 (WIKIPEDIA

desde 1925 o uso do concreto como forma de pavimento já havia sido utlizado,

construção de ruas no munícipio de Pelotas no Rio Grande do Sul. O

67

stes fornos rudimentares tinham o formato de uma garrafa e possuíam 12

metros de altura por 5,6 metros de diâmetros próximos da base (BATTAGIN,

tipos de cimento a serem utilizados em pavimentação

é o chamado concreto rolado e sua primeira utilização foi em 1893 com a

pavimentação da Court Avenue, em Bellefontaine, Ohio, EUA. A partir daí seu

ida e aperfeiçoada na

era empregado em pavimentos

na pavimentação de rodovias desde

O Brasil não é um novato na construção de estradas com pavimento de

primeira estrada de concreto construida no Brasil foi a

WIKIPEDIA, 2010). Porém,

de pavimento já havia sido utlizado,

de Pelotas no Rio Grande do Sul. O

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68

seu uso foi intenso até meados da década de 50. No entanto, a partir daí, por

fatores políticos e financeiros, sua aplicação foi caindo em desuso e seu foco

para utilização do concreto, passou a ser a construção civil (VIZZONI, 2004).

4.2 Aplicação

Segundo Arquitetura.com (2004), o pavimento de concreto é a solução

técnica ideal para vias públicas com tráfego de veículos pesados ou tráfego

igual ou superior a 10 mil veículos dia, embora seja viável também nos casos

de fluxo menos intenso. Ainda, segundo o site, o pavimento de concreto

proporciona, além de uma de economia de custos, devido à menor

necessidade de manutenção, consequentemente, leva à redução de acidentes,

já que os motoristas ficam menos sujeitos aos riscos provenientes de buracos,

irregularidades e obras de restauração na pista.

Um exemplo disto é a figura 26, abaixo que mostra a construção de uma

ponte, tecnicamente chamada de obra de arte, do Rodoanel Mário Covas no

trecho sul.

Figura 26 - Trecho Sul Rodoanel

Fonte: (Dersa, 2009)

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De acordo com DERSA10, foram utilizados os dois tipos de pavimento no

trecho sul. O pavimento de cimento de concreto, por ter maior vida útil e maior

durabilidade e também por suportar melhor altos índices de tráfego, foi

escolhido para a construção de pontes e viadutos, embora em alguns trechos o

pavimento flexível (asfalto) também tenha sido utilizado. De acordo com a

Secretaria de Transportes do Estado, a área pavimentada, em concreto,

equivale a 620 mil m², a espessura do pavimento de concreto é de 24 cm

(SECRETARIA DOS TRANSPORTES DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

A figura 27, apresenta uma visão geral do projeto do Rodoanel Mário

Covas com os quatros trechos previstos (Oeste, Sul, Leste, Norte na ordem em

que estão sendo construidos).

Figura 27 - Visão geral do projeto do Rodoanel

Fonte: (BASF, 2009)

10 Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A – Empresa de economia mista controlada pelo Governo do Estado de São Paulo

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Com a absorção, por parte do Rodoanel, do tráfego de cinco rodovias

importantes da região (Rodovia Régis Bittencourt; Rodovia Raposo Tavares;

Rodovia Castelo Branco; Rodovia Anhanguera e Rodovia dos Bandeirantes) o

Rodoanel recebe um fluxo de veículos de aproximadamente 250.000

veiculos/dia, dos quais, cerca de 54.000 são caminhões. Segundo o Sr. Sérgio

Pereira, Presidente do Dersa “com essa previsão de tráfego, o pavimento de

concreto é fundamental, uma vez que sua manutenção é bem mais simples e

duradoura” (ABCP, 2009).

4.3 Classificação

De acordo com o DNIT, são os compostos de clínquer e os demais

produtos adicionados a ele, que vão definir os tipos de cimento. Dentre os

vários tipos de cimento Portland existentes, os principais e mais recomendados

pelo orgão são (DNIT, 2005):

• Cimento Portland Comum – CPI

• Cimento Portland Composto – CPII

• Cimento Portland de Alto Forno – CPIII

• Cimento Portland Pozolânico – CPIV

• Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (ARI) – CPV

Os demais tipos existentes são variações dos tipos acima citados,

apenas com algumas mudanças nos produtos adicionados e suas respectivas

quantidades. Os cimentos ainda podem ser classificados quanto à sua

resistência mínima à compressão recebendo a nomenclatura de: CP-25; CP-

32; CP-40 (DNIT, 2005).

Segundo a mesma norma do DNIT, não são feitas exigências especiais

quanto ao tipo de cimento, nem quanto aos índices físico-químicos. Estudos

conduzidos pelo orgão apontam que os tipos que apresentam um tempo de

endurecimento ou cura mais lento, são os que apresentam melhor resultado,

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no entanto, o estudo ressalta que, um melhor resultado só pode ser obtido

desde não haja a necessidade de abertura rápida ao tráfego (DNIT, 2005).

4.4 Pavimentos Rígidos – Defeitos

Segundo o DNIT (2005), os defeitos são anomalias observadas no

pavimento, decorrentes de problemas na fundação, de má execução ou do uso

do pavimento. Os defeitos mais comuns estão associados ao emprego de

técnicas de execução, materiais inadequados e também à falta de manutenção

de rotina, sendo que, estes defeitos podem ocorrer com diferentes graus de

severidade e freqüência e tendem a se agravar com o decorrer do tempo.

Neste tipo de pavimento, os defeitos são bem mais frequentes a

ocorrência de defeitos localizados, devido à causas específicas, tais como; a

degradação uniforme do trecho construido. Estes problemas são decorrentes

de falhas de projeto de execução ou da fadiga do concreto quando se aproxima

o fim da sua vida útil (DNIT, 2005).

Para uma correta avaliação do pavimento, o DNIT criou uma forma de

cálculo que indica o estado de conservação em que se apresenta o pavimento.

É com base neste índice que, os orgãos rodoviários e concessionárias de

rodovias preparam os programas de recuperação do pavimento. O ICP (Índice

de Condição do Pavimento) é quem determina o grau de deterioração do

pavimento. Segundo esta classificação, pavimentos com ICP maior ou igual a

70 não necessitam de um programa de recuperação, ao passo que, os

pavimentos com ICP menor que 40 são considerados deficientes ou,

praticamente destruídos (DNIT, 2005).

Um dos grandes problemas que os pavimentos enfrentam e que levam à

deterioração e consequentemente, à diminuição de sua vida útil, sejam eles

flexíveis ou rígidos, é o excesso de carga por eixo. A orientação do DNIT é de

que, se houver tráfego de veículos especiais, caminhões chamados fora-de-

estrada ou caminhões com múltiplos eixos para transporte de reatores, turbinas

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entre outros, deve-se ser analisado o impacto deste transporte e as suas

consequências sobre a vida útil do pavimento (DNIT, 2005).

4.4.1 Defeito tipo alçamento de placas

O defeito do tipo de alçamento de placas é o desnivelamento das placas

nas juntas ou nas fissuras transversais e eventualmente, na proximidade de

canaletas de drenagens o mesmo de algum tipo de intervenção realizada no

pavimento (DNIT, 2005).

A figura 28 apresenta o detalhe de defeito do tipo alçamento de placas.

Figura 28 - Defeito tipo alçamento de placa

Fonte: (DNIT, 2005)

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4.4.2 Defeito tipo fissura de canto

O defeito do tipo fissura de canto é um defeito em que a fissura

intercepta as juntas a uma distância menor ou igual à metade do comprimento

das bordas ou juntas do pavimento, medindo-se a partir do seu canto.

Normalmente este tipo de defeito atinge, geralmente, toda a espessura da

placa (DNIT, 2005).

A figura 29 apresenta o detalhe do defeito tipo fissura de canto.

Figura 29 - Defeito tipo fissura de canto

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.3 Defeito tipo placa dividida

O defeito do tipo placa dividida é um defeito em que a fissura se

apresenta dividida em quatro ou mais partes (DNIT, 2005). A figura 30

apresenta o detalhe do defeito tipo placa dividida.

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Figura 30 - Defeito tipo placa dividida

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.4 Defeito tipo escalonamento ou degrau

O defeito do tipo escalonamento ou degrau é um defeito que caracteriza-

se pelo deslocamento vertical diferenciado e permanente entre uma placa e

outra adjacente na região da junta (DNIT, 2005).

A figura 31 apresenta o detalhe do defeito do tipo escalonamento ou

degrau.

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Figura 31 - Defeito tipo escalonamento

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.5 Defeito tipo falha na selagem da junta

O defeito do tipo falha na selagem das juntas é qualquer tipo de avaria

que possibilite o acúmulo de material incompressível na junta ou que permita a

infiltração de água. As principais falhas observadas no material selante são

rompimento por tração ou compressão, extrusão do material, crescimento de

vegetação, oxidação do material, perda de aderência às placas de concreto e

qualidade deficiente de selante nas juntas (DNIT, 2005).

A figura 32 apresenta o detalhe do defeito do tipo falha na selagem da

junta.

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Figura 32 - Defeito tipo falha na selagem da junta

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.6 Defeito tipo desnível do pavimento

O defeito do tipo desnível do pavimento, ocorre quando o degrau

formado entre o acostamento e a borda do pavimento vem acompanhado de

uma separação entre as bordas (DNIT, 2005).

A figura 33 apresenta o detalhe do defeito tipo desnível do pavimento.

Figura 33 - Defeito tipo desnível pavimento

Fonte: (DNIT, 2005)

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4.4.7 Defeito tipo fissuras lineares

O defeito do tipo fissuras lineares são as fissuras que atingem toda placa

de concreto, dividindo-a em duas ou três partes. Este tipo de defeito recebe

este nome enquanto a fissura se limitar a duas ou três partes. Quando atinge

quatro partes da placa, a fissura recebe o nome de placa dividida, conforme

visto anteriormente. Estas fissuras podem ser do tipo transversal, longitudinal e

diagonal (DNIT, 2005).

As fissuras transversais ocorrem no sentido da largura da placa, as

fissuras longitudinais ocorrem na direção do comprimento da placa e a diagonal

é inclinada e intercepta as juntas do pavimento a uma distância maior que que

a metade do comprimento dessas juntas (DNIT, 2005).

A figura 34 apresenta o detalhe do defeito do tipo fissuras lineares.

Figura 34 - Defeito tipo fissuras lineares

Fonte: (DNIT, 2005)

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4.4.8 Defeito tipo grandes reparos

Segundo o DNIT, o defeito conhecido como grandes reparos ocorre

quando uma área do pavimento maior que 0,45m² foi removida e depois

preenchida com um material de enchimento (DNIT, 2005).

A figura 35 apresenta o detalhe do defeito do tipo grandes reparos.

Figura 35 - Defeito tipo grandes reparos

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.9 Defeito tipo pequenos reparos

Segundo o DNIT, o defeito conhecido como pequenos reparos ocorre

quando uma área do pavimento menor que 0,45m² foi removida e depois

preenchida com um material de enchimento (DNIT, 2005).

A figura 36 apresenta o detalhe do defeito do tipo pequenos reparos.

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Figura 36 - Defeito tipo pequenos reparos

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.10 Defeito tipo desgaste superficial

O defeito do tipo desgaste superficial, é um defeito que se caracteriza

pelo deslocamento de argamassa superficial, fazendo com que os agregados

aflorem na superfície do pavimento (DNIT, 2005).

A figura 37 apresenta o detalhe do defeito do tipo desgaste superficial.

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Figura 37 - Defeito tipo desgaste superficial

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.11 Defeito tipo quebra de canto

O defeito do tipo quebra de canto, são quebras que aparecem nos

cantos das placas tendo forma de cunha e que ocorrem a uma distância não

superior a 60 cm do canto, este defeito difere do defeito fissura de canto pelo

fato de interceptar a junta num determinado ângulo (quebra em cunha), ao

passo que, a fissura ocorre verticalmente em toda a espessura da placa (DNIT,

2005).

A figura 38 apresenta o detalhe do defeito do tipo quebra de canto.

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Figura 38 - Defeito tipo quebra de canto

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.12 Defeito tipo assentamento

O defeito do tipo assentamento se caracteriza pelo afundamento do

pavimento criando ondulações superficiais, de grande extensão, podendo

ocorrer que o pavimento permaneça íntegro (DNIT, 2005).

A figura 39 apresenta o detalhe do defeito do tipo assentamento.

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Figura 39 - Defeito tipo assentamento

Fonte: (DNIT, 2005)

4.4.13 Defeito tipo placa “bailarina”

O defeito do tipo placa bailarina ocorre quando a movimentação vertical

é visível sob a ação do tráfego, principalmente na região das juntas (DNIT,

2005).

A figura 40 apresenta o detalhe do defeito do tipo placa bailarina.

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Figura 40 - Defeito do tipo placa bailarina

Fonte: (DNIT, 2005)

Existem ainda outros tipos de defeitos pertinentes ao pavimento rígido,

porém, estes apresentados são os mais expressivos e, em geral, todos eles

ocorrem pelos motivos já expostos anteriormente, tais como: erro de projeto,

falhas na execução, baixa qualidade do material de execução e o não

dimensionamento do pavimento para um trafego intenso e pesado.

Segundo Marcio Pitta da Associação Brasileira de Cimento Portland -

ABCP, “apesar das vantagens em várias situações, o pavimento de concreto

não aceita desaforo, os erros na obra aparecem rapidamente e refazer tem

custo muito alto” (ABCP, 2009).

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5 LOGÍSTICA

O assunto objeto desta pesquisa tem impacto direto sobre os custos

logísticos das empresas, pois de alguma forma as empresas, sejam elas

clientes ou fornecedoras, utilizam-se do transporte rodoviário em suas

modalidades de escoamento de produção, ainda que este não seja modal final.

Até o transbordo da carga, o transporte muito provavelmente será o rodoviário.

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)11, 62%

do volume total de cargas transportadas e 95% do volume total de passageiros

transportados no Brasil, são feitos pelo modal rodoviário, conforme já visto no

capítulo de transporte rodoviário (ANTT, 2010).

Uma vez que o transporte tem seus custos impactando diretamente na

logística das empresas, faz-se necessário conhecer um pouco melhor este

segmento. Até a alguns anos atrás, a logística ocupava uma posição

secundária nas empresas, onde na realidade era considerada uma área de

apoio, não estando diretamente ligada ao sucesso dos negócios (FARIA &

COSTA, 2007, p. 17). O Council of Supply Chain Management Professionals,

nome atual do antigo Council of Logistics Management (CLM), define logística

como sendo,

Uma função integradora, que coordena e otimiza todas as atividades logísticas, bem como integra as atividades de logística com outras funções, incluindo marketing, fabricação de vendas, finanças e tecnologia da informação (CSCMP, 2010)

No campo da definição da logística, cada autor tem uma visão própria do

assunto, no entanto, todas convergem para uma temática principal. Para

Martins e Laugeni (2005, p. 180) “a logística concentra-se no fluxo dos

materiais, das informações e finanças que devem ocorrer entre os parceiros do

supply chain procurando melhorar estes fluxos”.

11 ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres – Órgão subordinado ao Ministério dos Transportes do Brasil

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5.1 Operador Logístico

Para Martins e Laugeni (2005) “a nova visão de negócio tem feito com

que as empresas focalizem o que se costuma chamar de core business ou

negócio principal”. Trata-se de uma mudança de foco da empresa, talvez não

seja realmente uma mudança de foco, mas sim, o foco propriamente dito, ou

seja, a empresa passa a concentrar seus esforços na sua atividade principal,

naquilo para a qual ela foi constituída, passando para terceiros algumas

atividades.

Segundo Martins e Alt (2003) “possuir os próprios meios de distribuição

exige mobilização de recursos, grande investimento inicial e manutenção

constante, o que vem levando as empresas a fazer cada vez mais uso de

terceiros”. Eles destacam ainda que o marketing moderno considera a

distribuição como uma das fases mais críticas do processo. De fato, a

distribuição é fator preponderante na cadeia, a qual vai fazer a visão que o

cliente tem da empresa (MARTINS & ALT, 2003).

Neste contexto, estão algumas atividades, consideradas secundárias,

tais como: segurança patrimonial, restaurante, entre outras que a empresa

julgar conveniente. Em função desta mudança de foco, tem surgido no

mercado, um novo parceiro das empresas, que é operador logístico, cuja

definição é descrita a seguir:

O operador logístico é uma empresa de prestação de serviços especializada em gerenciar e executar, toda ou partes das atividades logísticas nas várias fases da cadeia de abastecimento agregando valor ao produto de seus clientes (MARTINS & LAUGENI, 2005).

Quando se compra algo de alguma empresa, na visão do consumidor

final, pouco importa quem irá fazer a entrega, desde que o produto adquirido

chegue no prazo combinado, na embalagem correta e sem eventuais avarias

decorrentes do transporte. Este nível de serviço não pode ser medido através

de fórmulas matemáticas, sendo que, o máximo que se pode fazer é levantar

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objetivamente junto ao cliente, o que significa valor para ele, “é isto que irá

fazer com que ele compare a sua satisfação com as suas expectativas”

(MARTINS & ALT, 2003).

Conforme Rodrigues (2005), aquele perfil tradicional de cliente que

escolhe seus fornecedores analisando apenas o fator preço está mudando.

Este cliente está se adequando à esta nova realidade, onde o preço é apenas

um dos componentes decisórios e será levado em conta durante o processo de

analise, juntamente com a qualidade do produto, rapidez no atendimento e o

diferencial, a título de vantagens oferecidas com os serviços.

O atendimento da satisfação do cliente é parte do objetivo da logística,

por prover a ele os níveis de serviço requerido, como entregar ao cliente “o

produto certo, no lugar certo, no momento e nas condições certas, pelo custo

certo” (GROSVENOR PLOWMAN IN LAMBERT, 1998 apud FARIA & COSTA,

2007).

5.2 Just in time (J.I.T)

Uma das ferramentas de política da qualidade muito utilizadas pelas

empresas nos dias de hoje é a chamada Just in time ou JIT como é mais

conhecida. Segundo Viana (2002, p. 169) “trata-se da produção na quantidade

necessária, no momento necessário, para atender à demanda com o mínimo

de estoque em produtos acabados em processos e em matéria prima”.

O JIT basea-se numa filosofia de produção onde o desperdício deve ser

eliminado por meios de melhoria contínua da produtividade. No entanto, para

que o processo tenha sucesso, todas as fases de produção devem ser

executadas de modo a se ter o mínimo de defeito, ou defeito zero. Desta forma,

pode-se trabalhar com o estoque mínimo possível (VIANA, 2002).

Alguns autores entendem que a origem do JIT não está bem esclarecida

(SLACK, 1997 apud HARRISON e HOEK, 2003, p. 187), no entanto, a grande

maioria é unânime em afirmar que a empresa que tornou o JIT famoso no

mundo inteiro foi a Toyota Motor Company do Japão por Taiichi Ono, onde,

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segundo ele, “toda atividade que consome recurso e não agrega valor deve ser

considerado desperdício” (MARTINS & ALT, 2003).

A figura 41 apresenta, de maneira simplificada, uma pirâmide de fatores-

chave que formam a base de sustentação da filosofia JIT (HARRISON &

HOEK, 2003, p. 190).

Figura 41 - Fatores-chave de sustentaçao do JIT

Fonte: (HARRISON & HOEK, 2003)

Outra definição para just in time pode ser explicado pela seguinte

afirmação:

Os dois fatores: demora e estoque, interagem um com o outro em um sistema de amplificação positiva, isto é, quando um muda o outro também muda da mesma maneira. Este inter-relacionamento resulta ou em um ciclo virtuoso na qual as coisas melhoram cada vez mais, ou em ciclo vicioso, na qual as coisas pioram cada vez mais. Por exemplo, uma demora extra em um processo resultará na retenção de um estoque extra para compensar a demora (HARRISON & HOEK, 2003, p. 191).

No sistema JIT, todo o processo deve funcionar de uma maneira que

não haja retrabalho onde os empregados são convocados a trabalhar em plena

capacidade e é delegado a eles autoridade para produzir itens de qualidade,

para atender em tempo, o próximo passo produtivo. Além disto, a aplicação

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correta do JIT leva a empresa a conseguir maiores lucros e melhor retorno

sobre o capital investido em função da redução de estoques e melhoria na

qualidade do produto final (MARTINS & LAUGENI, 2005).

A figura 42 apresenta um esquema de produção conhecido como “puxe”,

que consiste em pegar as peças em uma estação ou ilha de trabalho e puxá-la

(grifo nosso) para a próxima estação do processo de produção. Este sistema é

utilizado pela ferramenta chamada kanban dentro da modalidade do JIT. Desta

maneira, a fim de desocupar espaço, essa produção acaba sendo empurrada

para a próxima estação de trabalho (MARTINS & ALT, 2003, p. 405).

Figura 42 - Esquema de sistema "puxe" Fonte: (MARTINS & LAUGENI, 2005)

5.3 Custos Logísticos

Os custos logísticos, na definição de Faria e Costa “são os custos de

planejar, implementar e controlar todo o inventário de entrada (inbound), em

processo e de saída (outbound), desde o ponto de origem até o ponto de

consumo” (FARIA & COSTA, 2007).

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Segundo Rodrigues (2005), melhorias no nível de serviços, geralmente

levam a aumento de custos, porém, não necessariamente leva a um aumento

das vendas; obter a maior diferença possível entre custo e receita é o maior

desafio enfrentado pelas empresas vendedoras.

Sob este aspecto, identificar a real necessidade do cliente é um

elemento-chave para a definição do nível de serviço a ser oferecido ao mesmo,

em outras palavras, quer dizer que, não adianta oferecer a um cliente algo que

realmente não lhe seja interessante e não agregue valor ao seu produto por

mais que, para o vendedor isso possa parecer importante (RODRIGUES,

2005).

Desta forma, a logística busca encontrar e apoiar, do ponto de vista

técnico, um equilíbrio entre os custos totais envolvidos. Atualmente, um grande

numero de empresas tem se dedicado à busca de obtenção e sustentação de

vantagens competitivas, através de operações racionalizadas buscando a

geração de resultados econômicos nas suas atividades de comprar, produzir,

movimentar vender e distribuir seus produtos (FARIA & COSTA, 2007).

Ainda segundo Faria e Costa (2007) o conceito do custo logístico total é

a premissa que sustenta as analises dos custos do macroprocesso logístico, é

o conhecimento deste conceito que irá auxiliar o gestor na tomada de decisão,

a analise do custo logístico total busca a minimização dos custos de transporte,

armazenagem e movimentação de materiais, embalagem, tributos entre outros.

Os custos são elementos essenciais, considerados nas estratégias

competitivas de uma empresa, na definição de Faria e Costa (2007) são os

gastos relacionados aos sacrifícios dos recursos ocorridos no processo

produtivo.

Os custos devem ser segregados em diretos e indiretos, fixos, variáveis

e semi-variáveis, irrecuperáveis e incrementais ou marginais”, ainda segundo

Bloomberg, cada um destes custos tem importância fundamental para a

tomada de decisões em logística (FARIA & COSTA, 2007).

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Ainda na definição de Faria e Costa,

Custos diretos: são aqueles que podem ser diretamente apropriados a cada tipo de objeto, pela sua fácil identificação e mensuração no momento de sua ocorrência. Custos indiretos: são aqueles que não podem apropriar diretamente a cada tipo de objeto, no momento de sua ocorrência, por não estarem diretamente relacionados ao mesmo (FARIA & COSTA, 2007, p. 71).

A tabela 7 mostra a classificação dos custos logísticos quanto à

finalidade da informação:

Tabela 7 - Classificação dos Custos Logísticos quanto à finalidade da informação Finalidade da Informação Classificação dos custos logísticos

Quanto ao relacionamento com o objeto Diretos e Indiretos

Quanto ao comportamento diante do volume de atividade

Variáveis e Fixos

Quanto ao relacionamento com o processo de gestão

Controláveis e não-controláveis;

Custo de Oportunidade;

Custos Relevantes:

Custos Irrecuperáveis;

Custos Incrementais ou Diferenciais;

Custos Ocultos;

Custo Padrão;

Custo Meta;

Custo Kaizen;

Custo do Ciclo de Vida.

Fonte: (FARIA & COSTA, 2007)

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5.4 Custos de transporte

O transporte está diretamente relacionado à logística. De acordo com

Viana (2002), “a necessidade de se possuir um bom sistema de controle de

custos na distribuição física é conseqüente de algumas premissas básica”.

Para o autor, “distribuição física representa uma despesa, ou seja, não agrega

nenhuma melhoria ou valor ao produto”. Nesta concepção, pode-se entender

também que ela tem um custo que consome certa percentagem do valor das

vendas (VIANA, 2002).

Para Faria e Costa (2007), o transporte é considerado um dos mais

importantes e mais relevantes subprocessos da logística, tratando-se de um

fator a mais na utilidade de tempo e determina com que rapidez e consistência

um produto move-se de um ponto ao outro. Eles concordam ainda que, muitas

empresas conseguem um diferencial competitivo no mercado mediante uma

correta utilização dos modos de transporte, afinal, é o transporte o elo entre

quem fabrica e o consumidor final.

Para Viana:

A administração de transporte exige um especialista para seu gerenciamento, é ele quem vai se ocupar de todas as ações a fim de melhor distribuir as mercadorias a seu encargo, optando pelo meio mais eficiente, simples ou misto, visando transporte seguro, rápido e econômico (VIANA, 2002, p. 365)

Como já abordado no tópico sobre Operador Logístico, “possuir meios

próprios de distribuição exige imobilização de recursos, grande investimento

inicial e manutenção constante, o que vem levando as empresas a fazer cada

vez mais uso de terceiros” (VIANA, Administração de Materiais - Um enfoque

prático, 2002). A decisão de manter frota própria ou terceirizada deve levar em

conta os aspectos de custo, qualidade do serviço e a rentabilidade financeira

das alternativas (FLEURY, 2004 apud FARIA & COSTA, 2007).

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Independente do modo da operação, se própria ou terceirizada, deve-se

buscar a otimização do transporte, através de economias de custos, otimizando

rotas, frete retorno, buscando frete conhecido como “casado” entre os

membros de uma cadeia de suprimentos (FARIA & COSTA, 2007, p. 87).

Os custos de transporte são influenciados, basicamente, por alguns

fatores econômicos, tais como: distância, volume, densidade, facilidade de

acondicionamento e manuseio, responsabilidade e mercado (BOWERSOX e

CLOSS, 2001 apud FARIA & COSTA, 2007, p. 87).

Na tabela 8 são apresentados os tipos de transportes ou modais, bem

como as principais características de cada um:

Tabela 8 - Características dos principais modos de transporte Item/Modo Rodoviário Ferroviário Aéreo Dutoviário Aquaviário

Capacidade

do embarque

Embarques

médios

Embarques

médios

Embarques

menores

Embarques

maiores

Embarques

maiores

Velocidade Média Menor Maior Menor Menor

Preço (Para

usuário Médio Menor Maior Menor Menor

Resposta do

serviço Média Mais lenta Mais rápida Lenta

Lenta

Custo de

Inventário Médio Mais caro Menos caro Mais caro Mais caro

Custos fixos Baixo Alto Alto Alto Médio

Custos

variáveis Médio Baixo Alto Baixo Baixo

Fonte: (FARIA & COSTA, 2007)

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As empresas devem estar atentas às particularidades de cada modal e

também aos seus custos. Segundo Faria e Costa (2007), a determinação do

modal a ser utilizado pode contribuir para a redução dos custos logísticos, o

que não deixa de ser uma grande contribuição para o sistema. A associação de

alguns fatores acima, se escolhidos corretamente na determinação do modal,

podem trazer ganhos significativos à organização e, paralelamente, elevar o

nível de serviço prestado aos clientes.

O nível de serviço prestado pelo transporte, próprio ou de terceiros, está

diretamente ligado à associação que o cliente faz do fabricante. Isto é o que se

chama de nível de serviço, “quando os fornecedores parecem incapazes de

realizar melhorias ou a realizam em ritmo insuficiente, os clientes sentem que

seu próprio desempenho está sendo prejudicado” (HARRISON & HOEK, 2003,

p. 306).

Harrison e Hoek (2003) afirmam ainda que, o desenvolvimento do

fornecedor consiste em qualquer esforço de uma empresa compradora com

seu fornecedor no sentido de aumentar seu desempenho no atendimento de

suas necessidades de curto prazo.

5.5 Logistica x Transporte

Como já visto no capítulo de Transporte Rodoviário, o modal de

transporte predominante no Brasil é o rodoviário. Ele é utilizado para o

transporte de cargas pequenas e médias, para curtas e médias distâncias com

coleta e entrega ponto a ponto. Além de sua flexibilidade e versatilidade, acaba

tornando o modal rodoviário, o mais compatível com as necessidades de

serviços do outros modais (HARRISON & HOEK, 2003, p. 90).

A figura 43 mostra, na visão governamental, a importância do modal

rodoviário na matriz de transporte.

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Figura 43 - Investimento públicos nos diferentes modais

Fonte: (CNT/COPPEAD, 2002)

A grande oferta de agentes de transporte rodoviário, além do grande

números de transportadores autônomos disponíveis no Brasil e a disparidade

da matriz de transporte, indiretamente, acaba por inibir a oferta de serviço de

outros modais, e por tornar a opção pelo modal rodoviário ainda mais saturada.

Este ciclo vicioso só poderá melhorar a partir do momento em que se começar

a mudar a matriz de transporte no Brasil (COPPEAD, 2007).

Segundo Geraldo Vianna, Presidente da Associação Nacional do

Transporte de Cargas e Logistica (NTC&Logística)12 "as distorções da nossa

matriz de transporte exercem um efeito de frenagem sobre a economia

brasileira, é como se estivéssemos todos dentro de um carro andando com o

freio de mão puxado." (CNT/COPPEAD, 2002).

Ainda segundo Geraldo Vianna

O frete rodoviário, exageradamente barato acaba funcionando como uma barreira à prática da multimodalidade e é como um desestímulo ao desenvolvimento dos outros Modais. É uma espécie de dumping involuntário. O frete rodoviário que se pratica no Brasil é um dos mais baratos do mundo, para quem paga, mas o custo final do transporte acaba sendo caríssimo para a sociedade (CNT/COPPEAD, 2002).

12 NTC&Logística - Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logistica

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As pequenas barreiras de entrada e altas barreiras de saída no setor de

transporte rodoviário de cargas são causas do baixo valor dos fretes

rodoviários, pois geram uma oferta de transporte maior do que a demanda. As

principais questões que motivam a entrada de novos transportadores

rodoviários de carga no mercado são: alto índice de desemprego no país e a

facilidade para se tornar motorista autônomo, bastando possuir a habilitação

específica e o veículo (CNT/COPPEAD, 2002).

Esta mesma pesquisa da CNT/COPPEAD (2002) alerta que, este

crescimento desordenado da oferta de transporte rodoviário acaba por elevar a

idade média da frota no Brasil, e um dos fatores que levam a esta situação é a

falta de uma regulamentação que visa retirar de circulação, os veículos em

condições inseguras e, altamente poluentes. Surge uma situação de

envelhecimento da frota de veículos de transporte rodoviário de cargas que

possuiam idade média de aproximadamente 17,5 anos e 76% dos veículos

com mais de dez anos.

Para as empresas regulares que operam com logística, estes fatores

acabam por se tornar um complicador a mais para o atendimento do nível de

serviço exigido pelos clientes de modo geral, afinal, operar num mercado que

sofre uma saturação constante de transportadores sem qualificação, conforme

visto anteriormente, com uma frota considerada velha para os padrões atuais,

torna o mercado desigual e dificulta o processo logístico e a cadeia de

suprimentos como um todo (CNT/COPPEAD, 2002).

A figura 44 apresenta a situação atual da idade média da frota, bem

como, uma perspectiva para os próximos anos.

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Figura 44 - Evolução da idade média da frota

Fonte: (CNT/COPPEAD, 2002)

O escoamento da produção através do transporte rodoviário e os

processos logísticos têm percorrido caminhos contrastantes. Enquanto as

empresas exigem um tempo de resposta curto para suas necessidades, seja

através da ferramenta do JIT ou da produção enxuta (MARTINS & LAUGENI,

2005).

O transporte rodoviário emperra na falta de investimentos em

infraestrutura para o aparelhamento da frota, na qualificação dos

transportadores e na falta de uma legislação que normatize o setor

(CNT/COPPEAD, 2002).

5.6 Logística e o PAC

No que tange à infraestrutura logística do PAC, o plano de

investimentos, iniciado em 2007, vai intenciona a construção, adequação, a

duplicação e recuperação, em quatro anos, de 45 mil quilômetros de estradas.

No campo do transporte rodoviário, intenciona a duplicação, pavimentação,

acessos aos portos, contornos e travessias urbanas (PAC, 2010).

A figura 45 mostra a distribuição física dos investimentos previstos pelo

Governo no período de quatro anos.

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Figura 45 - Infraestrutura Logistica 2007-2010 - Metas físicas

Fonte: (PAC, 2010)

Dentro desta estratégia, o Governo também está prevendo, a eliminação

de pontos de estrangulamento em eixos estratégicos, bem como, a

incorporação de novas regiões ao processo de desenvolvimento, ampliação da

integração física nacional aos países vizinhos (PAC, 2010).

Redução dos custos de transporte e melhoria do tráfego e da segurança,

manutenção e segurança rodoviária, restauração, conservação, sinalização,

controle de peso e velocidade, melhoria da qualidade e da trafegabilidade,

redução do índice de acidentes e contratos de manutenção de longo prazo são

os itens considerados pelo Governo, o qual está prevendo, ainda, concessões

em rodovias com elevado volume de tráfego e necessidade de investimentos,

de forma a garantir a modicidade tarifária (PAC, 2010).

Porém, o que o Governo não contava é com os entraves encontrados

para a continuidade do Plano, conforme já informado no Capítulo 1 (Transporte

Rodoviário), do montante previsto para investimento no ano de 2010, onde

apenas 10% do total foi efetivamente concretizado (UOL, 2009).

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A figura 46 apresenta os valores e a forma de distribuição dos

investimentos.

Figura 46 - Investimento e distribuição

Fonte: (PAC, 2010)

Segundo estudos, se a logística do plano continuar na velocidade com

que ela vem se desenvolvendo, serão necessários vinte e sete anos para

utilização da verba total destinada à infraestrutura logística (UOL, 2009).

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6 RODOVIA SP-304

A rodovia SP-304 (Rodovia Luiz de Queiroz) é uma autoestrada

localizada no interior do estado de São Paulo, responsável pela conexão entre

a Rodovia Anhangüera, na altura do município de Americana e o município de

Piracicaba. Passando pelo município de Santa Bárbara d'Oeste, onde cruza

com a Rodovia dos Bandeirantes, compreende um trecho de aproximadamente

45 km, contando com duas faixas de rolamento em toda sua extensão

(WIKIPEDIA, 2010).

O nome é uma homenagem a Luiz Vicente de Souza Queiroz (12 de

junho de 1849 — 11 de junho de 1898). Luiz de Queiroz foi um proprietário de

terras e agrônomo brasileiro. Doou ao governo de São Paulo a fazenda "São

João da Montanha" com a única exigência de que, em dez anos, ali fosse

construída uma escola. Em 1892 a doação foi aceita e, em 3 de junho de 1901

foi inaugurada a "Escola Agrícola Prática de Piracicaba". Em 1934 foi criada a

Universidade de São Paulo, à qual passa a integrar a Escola Agrícola Prática

de Piracicaba, agora chamada de Escola Superior de Agricultura Luiz de

Queiroz (WIKIPEDIA, 2010).

6.1 Denominação e extensão

A SP-304 ou Rodovia Luiz de Queiroz recebe as seguintes

denominações em seu trajeto:

• Luiz de Queiroz: Da Via Anhanguera, altura do km 48 – até

Piracicaba;

• Geraldo de Barros: De Piracicaba - até Santa Maria da Serra;

• Sem denominação: De Santa Maria da Serra - até Torrinha;

• Deputado Amauri Barroso de Sousa: De Torrinha - até Jaú (até

km 293,91 em Jaú);

• Antonio Prado Galvão de Barros: Do km 293,91 ao km 302,65

(Contorno de Jaú);

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100

• Deputado Leônidas Pacheco Ferreira: De Jau - Bariri - Ibitinga -

Borborema - até Novo Horizonte;

• Jornalista José Willibaldo de Freitas: De Novo Horizonte - até

Sales;

• Cassio Primiano: De SP-379 (Sales) - até BR-153 (José

Bonifácio).

A figura 47 apresenta a localização da Rodovia SP-304 no centro do

Estado, o inicio na Rodovia Anhanguera e o término na cidade de Piracicaba.

Figura 47 - Rodovia SP-304 Localização

Fonte: (WIKIPEDIA, 2010)

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101

6.2 Importância estratégica da SP-304

Segundo o Engenheiro da Residência do Departamento de Estradas de

Rodagem de São Paulo, Sr. João David Pavani, a rodovia foi construída em

1977, inicialmente com uma pista simples de rolamento e, posteriormente,

entre os anos de 1985 e 1986, a rodovia foi duplicada, sendo que, em 2002

sofreu sua última grande obre de recapeamento (informação verbal)13.

Dados de 2008, apontam que, o fluxo de veículos no trecho

compreendido entre a Rodovia Anhanguera e o Município de Santa Bárbara

d’Oeste foi de 38.000 veículos/dia e no trecho entre Santa Bárbara d’Oeste e o

Município de Piracicaba foi de 28.000 veículos/dia (informação verbal).

A figura 48 apresenta uma visão parcial da Rodovia SP-304 ou Rodovia

Luis de Queirós nos primeiros quilômetros, entre a Rodovia Anhanguera e a

cidade de Santa Bárbara d’Oeste, trecho que recebeu em 2008, o fluxo de

38.000 veículos/dia.

Figura 48 - Vista parcial da rodovia SP-304

Fonte: (GOOGLE EARTH, 2010)

13 Informação fornecida pelo Sr. João David Pavani, Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP), lotado no DER de Rio Carlo a atuando na Residência de Conservação de Piracicaba.

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102

A Rodovia SP-304 ou Luiz de Queiroz é uma importante via de

escoamento de produção dos Municípios Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste,

cidades com grande desenvolvimento industrial, principalmente nas indústrias

de base. Algumas grandes empresas estão situadas nas margens da rodovia,

tais como Romi, Caterpillar, Motocana, Dedini entre outras. Estas cidades

também têm uma forte penetração no segmento agrícola, sendo grandes

produtores, especialmente de cana-de-açúcar. Algumas usinas de açúcar e

álcool também estão sediadas nas margens da rodovia (WIKIPEDIA, 2010).

As duas cidades principais que são servidas pela rodovia, são as

cidades de Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste, cujas cidades juntas, tem

aproximadamente 550.000 habitantes. Para se ter uma idéia, apenas o

município de Piracicaba, possui um complexo industrial formado por mais de

cinco mil indústrias, com destaque para os setores metalúrgico, mecânico,

têxtil, alimentício e combustível (produção de petroquímicos e de álcool). O

município é o 47º mais rico do Brasil e exibe um Produto Interno Bruto (PIB) de

R$ 7,8 bilhões (WIKIPEDIA, 2010).

Já Santa Bárbara d’Oeste apresenta um PIB de 2,8 bilhões de reais, é

hoje a oitava cidade mais rica dentre os dezenove municípios que formam a

Região Metropolitana de Campinas, além de ser também a 135ª mais rica do

Brasil. O município está entre os que mais geram novas vagas de emprego no

Estado de São Paulo (WIKIPEDIA, 2010).

A atividade industrial da cidade está concentrada nos setores de metal-

mecânica, têxtil, elétrico, açúcar, álcool, brinquedos, químico, bebidas,

artefatos de plástico e borracha. Atualmente, Santa Bárbara d’Oeste conta com

um parque industrial com mais de mil indústrias (WIKIPEDIA, 2010).

6.3 Situação atual da SP-304

A SP-304 sofreu sua última grande reforma em todo o seu trecho em

2002, tempo este sem nenhuma intervenção de grande porte que, para um

pavimento do tipo asfaltico, normalmente, é o limite suportável. De acordo com

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103

um estudo conduzido pela Universidade Federal do Paraná, o tempo médio de

vida útil do pavimento de asfalto é de 8 a 10 anos, levando-se em conta as

intempéries e os tipos de veículos e carga que por ela transitam.Este mesmo

estudo apresenta o impacto da carga e a sua atuação sobre os tipos de

pavimentos. Enquanto que, no pavimento de concreto o peso da carga é

distribuído uniformemente sobre a placa de concreto, no pavimento de asfalto,

este impacto age diretamente sobre a base e o subleito (UFPR, 2010).

Segundo o Engenheiro João David Pavani, o estado atual da Rodovia

SP-304 é regular, embora alguns trechos já apresentem um defeito conhecido

como “couro-de-jacaré”, definição dada pelo DNIT conforme informado no

capítulo sobre o pavimento flexível. Isto ocorre especialmente nos trechos

próximos às entradas das empresas que estão às suas margens, devido ao

grande fluxo de caminhões de carga para o transporte de equipamentos e

produtos agrícolas. Estão presentes também em algumas áreas próximas de

pontes e saídas devido ao intenso trafego de caminhões pesados (informação

verbal).

Segundo avaliação feita pelo DER, em razão da diminuição da

velocidade dos veículos de carga para efetuar as manobras para a entrada e

saída da rodovia, acaba por sobrecarregar o pavimento, desde o inicio do

ponto de frenagem até a saída total da pista e no sentido contrário. Da mesma

forma, isso ocorre da entrada na rodovia, até o ponto em que os veículos

começam a desenvolver uma maior velocidade (informação verbal).

Os problemas no pavimento flexível, em geral, ocorrem em razão

da associação de três fatores, que juntos, contribuem para a diminuição da vida

útil do pavimento, tais: as características físicas do pavimento asfaltico, o

tráfego pesado de veículos de carga ou mesmo de veículos de passeio e as

intempéries do clima.

Conforme informações do Engenheiro João David Pavani, não há

até o momento, nenhuma previsão de obras de grande porte na rodovia, e sim,

apenas intervenções corretivas. Também não há nenhum estudo ou projeto

para a mudança no pavimento da Rodovia SP-304 de pavimento asfaltico para

pavimento de concreto (informação verbal).

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104

6.3.1 Acidentes 2009

O Engenheiro do DER João David Pavani, conduz, pessoalmente, um

levantamento sobre o índice de acidentes ocorridos na estrada, com dados

precisos e específicos sobre os tipos de acidentes, gravidade do mesmo com

indicação de feridos leves, graves e óbitos e também o local do evento

(informação verbal).

Os números indicam que houve 438 acidentes no total durante todo o

ano de 2009. Em razão destes acidentes, 23 pessoas morreram e 33 tiveram

ferimentos graves.

A tabela 9 apresenta o total de acidentes ocorridos durante o ano de

2009.

Tabela 9 - Acidentes SP-304 - Ano 2009 VITIMAS ACIDENTES

MÊS ACIDENTES LEVE GRAVE FATAL COLISÃO CHOQUE QUEDA PEDESTRE ANIMAL CAPOTAMENTO OUTROS

JAN 31 12 1 2 6 5 9 0 2 7 2

FEV 35 12 1 1 8 4 12 0 1 10 0

MAR 39 20 2 2 8 2 17 1 0 11 0

ABR 24 13 7 2 8 4 4 2 0 5 1

MAI 37 24 3 2 14 2 8 0 0 13 0

JUN 40 22 1 0 17 6 2 2 1 12 0

JUL 27 7 0 0 5 5 8 0 1 7 1

AGO 30 18 5 1 9 2 7 2 2 8 0

SET 33 14 3 2 7 6 9 0 1 9 1

OUT 48 17 1 2 16 8 10 0 1 13 0

NOV 59 25 6 0 14 6 25 0 3 10 1

DEZ 35 14 3 9 10 3 11 1 0 10 0

438 198 33 23 122 53 122 8 12 115 6

Fonte: (DER-SP, 2010)

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No Brasil, geralmente, para fins estatísticos, só é considerado quando a

vítima morre no local, porém, segundo o IPEA “esse conceito é diferente do

adotado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que

considera acidente com morte, aquele em qu

30 dias após o acidente”

Este mesmo estudo do IPEA (2006), informa ainda que, em função das

condições de distanciamento e do tempo de resgate, as pessoas envolvidas

em acidentes nas rodovias, acabam desenvolvendo um quadro de morbidade,

depressão e ansiedade.

O gráfico 4 apresenta os números de acidentes em relação aos meses

do ano de 2009, conforme visto na tabela 9.

6.3.2 Acidentes 2010

O levantamento feito pela Residência do DER

Piracicaba na pessoa do Engenheiro João David Pavani, também apurou os

0

10

20

30

40

50

60

70

No Brasil, geralmente, para fins estatísticos, só é considerado quando a

vítima morre no local, porém, segundo o IPEA “esse conceito é diferente do

adotado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que

considera acidente com morte, aquele em que o óbito ocorreu no local ou até

30 dias após o acidente” (IPEA, 2006).

Este mesmo estudo do IPEA (2006), informa ainda que, em função das

condições de distanciamento e do tempo de resgate, as pessoas envolvidas

as rodovias, acabam desenvolvendo um quadro de morbidade,

depressão e ansiedade.

apresenta os números de acidentes em relação aos meses

de 2009, conforme visto na tabela 9.

Gráfico 4 - Indice de acidentes 2009 - SP-304

Fonte: (DER-SP, 2010)

6.3.2 Acidentes 2010

O levantamento feito pela Residência do DER-

Piracicaba na pessoa do Engenheiro João David Pavani, também apurou os

ACIDENTES

105

No Brasil, geralmente, para fins estatísticos, só é considerado quando a

vítima morre no local, porém, segundo o IPEA “esse conceito é diferente do

adotado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que

e o óbito ocorreu no local ou até

Este mesmo estudo do IPEA (2006), informa ainda que, em função das

condições de distanciamento e do tempo de resgate, as pessoas envolvidas

as rodovias, acabam desenvolvendo um quadro de morbidade,

apresenta os números de acidentes em relação aos meses

-SP na Região de

Piracicaba na pessoa do Engenheiro João David Pavani, também apurou os

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106

dados parciais dos acidentes ocorridos durante os quatro primeiros meses de

2010.

Os números mostram que, no primeiro quadrimestre de 2010 já houve

140 acidentes contra 129 no mesmo período do ano passado, um aumento de

8,53%, embora com menos vítimas fatais 4 em 2010 contra 7 em 2009.

A tabela 10 apresenta o total de acidentes ocorridos durante o ano de

2009, os tipos de acidentes, bem como, os totais de vitimas leves, graves e

fatais.

Tabela 10 - Acidentes SP-304 - Ano 2010 VITIMAS ACIDENTES

MÊS ACIDENTES LEVE GRAVE FATAL COLISÃO CHOQUE QUEDA PEDESTRE ANIMAL

CAPOTAMENTO

ENGAVETAMENTO

OUTROS

JAN 40 16 0 1 5 4 15 1 1 13 1

FEV 32 17 0 0 10 1 10 0 0 10 1

MAR 34 17 4 1 8 6 11 1 1 6 1

ABR 34 17 2 2 9 5 11 2 1 5 1

MAI 0 0 0 0

JUN 0 0 0 0

JUL 0 0 0 0

AGO 0 0 0 0

SET 0 0 0 0

OUT 0 0 0 0

NOV 0 0 0 0

DEZ 0 0 0 0

140 67 6 4 32 16 47 4 3 34 4

Fonte: (DER-SP, 2010)

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O gráfico 5

meses de 2010, conforme visto na tabela 10.

O Engenheiro

alguns destes acidentes foram causados pelos problemas existentes no

pavimento, embora, segundo ele, mesmo que não tenha sido causada pela

ação direta dos defeitos nas pistas de rolamento, ela pode ser um f

elevação da gravidade dos acidentes, por questões de frenagem,

aquaplanagem, buracos entre outros.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

apresenta os números de acidentes nos

meses de 2010, conforme visto na tabela 10.

Gráfico 5 – Índice de acidentes 2010 – SP-304

Fonte: (DER-SP, 2010)

O Engenheiro David do DER de Piracicaba, não soube precisar se

alguns destes acidentes foram causados pelos problemas existentes no

pavimento, embora, segundo ele, mesmo que não tenha sido causada pela

ação direta dos defeitos nas pistas de rolamento, ela pode ser um f

elevação da gravidade dos acidentes, por questões de frenagem,

aquaplanagem, buracos entre outros.

ACIDENTES

107

apresenta os números de acidentes nos primeiros quatro

David do DER de Piracicaba, não soube precisar se

alguns destes acidentes foram causados pelos problemas existentes no

pavimento, embora, segundo ele, mesmo que não tenha sido causada pela

ação direta dos defeitos nas pistas de rolamento, ela pode ser um fator de

elevação da gravidade dos acidentes, por questões de frenagem,

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108

7 PAVIMENTO DE CONCRETO: VANTAGENS E DESVANTAGENS

O pavimento de cimento Portland, ou como é mais comumente

conhecido, pavimento de concreto, é considerado um pavimento rígido devido

a sua elevada rigidez em relação às camadas inferiores que absorve

praticamente, todas as tensões provenientes do carregamento aplicado

(DNIT,2006). Em função disto, este tipo de pavimento apresenta algumas

características que o fazem apresentar melhor desempenho em relação ao

pavimento de concreto asfaltico ou, simplesmente, pavimento flexível sob

determinadas condições.

Uma das desvantagens do pavimento de concreto é o seu custo inicial, a

partir do que os especialistas chamam de “ponto zero”. Enquanto que no

pavimento de asfalto, este custo por quilometro fica em torno de R$ 1 milhão,

no pavimento de concreto o valor sobe para R$ 1,3 milhão. No entanto, este

custo tende a se reverter ao longo dos anos em função da vida útil do

pavimento de concreto, bem como, as intervenções realizadas nele (CABRAL,

2008).

Ainda segundo Cabral (2008) outra desvantagem do pavimento de

concreto é sua grande sensibilidade quanto aos erros de projeto e/ou

execução. Em geral, estes erros ocorrem por problemas durante o processo de

execução ou utilização de matéria prima inadequada. Ele cita ainda o problema

ocorrido no trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas em São Paulo que, com

apenas quatro de anos de exposição ao tráfego, já apresenta um mau

desempenho. Outro problema ocorrido com uma obra de pavimento de

concreto foi a pavimentação da Avenida Mário Henrique Furtado Andrade,

onde foram detectados problemas de execução em razão da utilização de

matéria prima de baixa qualidade.

Para Cabral (2008):

O pavimento rígido (concreto) é indicado para vias de tráfego pesado, terreno ruim, locais de muita frenagem, de baixa velocidade ou de

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109

estática (veículos estacionados). Já o pavimento flexível (asfalto) é mais indicado para vias com tráfego mais leve e para terrenos bons.

7.2 Baixa Manutenção

Um estudo realizado pelos argentinos Di Pace e Becker (1999),

apresenta um comparativo entre os pavimentos ao longo do tempo.

O custo total no tempo zero (0) é o custo inicial de construção, a inclinação das linhas é o custo de manutenção anual e os degraus das linhas demostram os custos da reconstrução realizada em momentos diferentes. (DI PACE & BECKER, 1999, tradução nossa).

O Gráfico 6 apresenta o estudo realizado por Di Pace e Becker, sobre os

custos iniciais dos pavimentos e sua mudança ao longo dos anos em função da

vida útil e das intervenções realizadas nos mesmos.

Gráfico 6 - Custo do pavimento ao longo dos anos Fonte: (adaptado de DI PACE & BECKER, 1999)

Concreto

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110

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP),

"no concreto, a primeira operação de manutenção deve ser feita dez anos

depois da instalação, que é a limpeza das juntas que ficam entre as placas de

concreto. Reparos mesmo, só depois de 20 anos". Ainda segundo a ABCP, a

durabilidade do asfalto é, em média, de oito a dez anos, enquanto a do

concreto varia de dez a vinte anos (ABCP, 2002).

A figura 49 apresenta a execução de uma junta de dilatação transversal

que, conforme estudo da ABCP ( (2002), deve sofrer manutenção para limpeza

a cada 10 anos.

Figura 49 - Execução de junta de dilatação

Fonte: (DERSA, 2010)

O custo anual de manutenção do pavimento de asfalto representa cerca

0,5% do custo de construção de uma pista, enquanto que, este mesmo custo

para uma pista de concreto, representa 0,3% do seu custo de construção (DI

PACE & BECKER, 1999).

A tabela 11 apresenta os custos iniciais de construção, os custos anuais

de manutenção e o custo total de reconstrução.

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111

Tabela 11 - Custo para as diferentes alternativas Custo inicial

de construção (US$/m²)

Custo anual de manutenção

%

Custo de reconstrução

(US$/m²)

Pavimento de concreto

29,44 0,3 2,14

Pavimento de asfalto nº 1

27,13 0,5 11,59

Pavimento de asfalto nº 2

18,07 0,6 15,02

Fonte: Adaptado de (DI PACE & BECKER, 1999)

Um dos grandes problemas do pavimento de asfalto é justamente o fato

de ser um pavimento flexível, o que, num país como o Brasil com grandes

variações de clima e a severidade das intempéries, acaba por reduzir a vida útil

do pavimento, segundo o engenheiro Márcio Rocha Pitta, diretor da Associação

Brasileira de Pavimentação – ABPV (2002).

Enquanto o asfalto, sob efeito do calor e da chuva amolece, com o

passar do tempo o concreto continua a ganhar resistência. Ainda segundo ele

“o óleo, por exemplo, é um solvente para o asfalto, ou seja, altera sua

consistência e gera ondulações quando submetido ao excesso de carga”

(ABCP, 2002).

Para a construção do Rodoanel Mário Covas, o Departamento de

Desenvolvimento Rodoviário S/A (DERSA) optou pela construção com

pavimento de concreto devido ao volume médio de 150.000 veículos/dia, sendo

metade caminhões. Segundo o Sr. Raymundo D’Elia Júnior, Diretor de Obras

do Dersa

Com o tráfego de caminhões esperado, seria um problema escolher o asfalto, que requer manutenção a cada cinco anos, em média. Imagine o transtorno que seria interditar uma faixa do Rodoanel de cinco em cinco anos e o custo que isso teria esta qualidade teria custado de 20 a 30% mais que o pavimento asfáltico (ABCP, 2002).

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112

7.3 Economia de energia

No entanto, existem outras características vantajosas do pavimento de

concreto, em relação ao pavimento de asfalto, além do maior tempo para

intervenções de manutenções e tempo de vida útil maior, que devem ser

levados em conta (ABCP, 2002).

Um dos fatores que se destacam neste leque de características a favor

do pavimento de concreto é o fator da segurança do motorista devido à maior

capacidade do concreto em refletir a luminosidade em relação ao asfalto. A

segurança é aumentada pelo fato de que a superfície clara do pavimento de

concreto tem maior capacidade de reflexão da luz, melhorando a visibilidade

dos motoristas, principalmente à noite, em dias chuvosos (ABCP, 2002).

Para Di Pace e Becker (1999), em razão da capacidade do concreto em

refletir a luminosidade maior que o asfalto, há uma economia de energia na

relação kWh/m², que pode ser considerada razoável ao longo dos anos.

Num estudo realizado na cidade de Buenos Aires (Argentina), com o

sistema iluminação utilizada, constatou-se que, “para iluminar uma quadra com

pavimento de concreto, utilizam-se lâmpadas de 250 W, enquanto que, para

iluminar o mesmo trecho no pavimento de asfalto, utilizam-se lâmpadas de 400

W”.

Há ainda um estudo do Engenheiro e Consultor Norte-Americano,

Richard Stark, que verificou poder-se obter uma economia de energia elétrica

que varia de 33% podendo chegar a 50% quando se substitui o asfalto pelo

concreto (STARK, 1986).

A figura 50 apresenta um memorial de cálculo para se apurar o consumo

de energia de ambos os pavimentos, destacando a relação asfalto versus

concreto e a economia obtida.

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113

Figura 50 - Economia de energia elétrica

Fonte: (DI PACE e BECKER, 1999 apud ABCP, 2002)

7.4 Menor distância para frenagem

Outra vantagem relativa à segurança do usuário e que, é mais uma das

características do pavimento de concreto, vem do fato de que, neste tipo de

pavimento, devido às suas características construtivas, a aderência dos pneus

à superfície de rolamento é bastante elevada, o que permite considerável

redução na distância de frenagem. Um estudo realizado por Ruhl, R.L verificou

que, a distância de freagem de um veículo Chevy, a 95 km por hora, em

condição de pista molhada, foi reduzida de 134 m, na pista de asfalto com trilha

de roda, para 96 m, na pista de concreto, cuja diferença equivale a 40%

(ABCP, 2002).

A figura 51 apresenta uma tabela comparativa referente à distância de

frenagem dos pavimentos.

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114

Figura 51 - Distância comparativa de frenagem

Fonte: (ABCP, 2002)

O Engenheiro Marcos Dutra de Carvalho, especialista em pavimentação

pela ABCP, cita um estudo conduzido pelo Conselho Nacional de Pesquisa do

Canadá que apurou que os caminhões podem economizar 11% de combustível

rodando em rodovias de concreto. Segundo esse estudo, a principal razão para

essa economia, que pode chegar a 17%, está na superfície rígida, indeformável

e estável do pavimento de concreto, que cria menor resistência ao rolamento,

exigindo menor esforço da parte mecânica dos veículos (CARVALHO, 2010).

O pavimento de concreto traz um benefício ambiental adicional, que é a

contribuição na redução da emissão de gases poluentes pelos veículos na

atmosfera, como o monóxido de carbono, em função da sua maior liberdade de

rolamento nesse tipo de superfície (CARVALHO, 2010).

O Dr. John P. Zaniewski, Professor da Universidade do Estado do

Arizona, nos EUA, verificou uma significativa redução no consumo de

combustível de caminhões quando trafegando sobre pavimentos de concreto.

Segundo ele, essa redução pode chegar a 20%, para o caso de veículos

pesados. Este estudo foi feito num trecho rodoviário pavimentado com

concreto, de 16 km de extensão, nos EUA e submetido a um tráfego médio

diário de 25.000 veículos (ZANIEWSKI, 1989).

A figura 52 apresenta os dados levantados pelo Dr. Zaniewski referente

à economia de combustível quando se trafega por uma pista com pavimento de

concreto.

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115

Figura 52 - Economia de Combustível - Pavimento de concreto

Fonte: (ABCP, 2002)

7.5 Benefícios ao meio ambiente

Existe um fenômeno conhecido como ilha de calor urbano, que é uma

região metropolitana significativamente mais quente do que seu entorno e

zonas rurais. Nestes locais a diferença de temperatura é maior a noite do que

durante o dia este evento fica mais evidente quando os ventos são fracos

(WIKIPEDIA, 2010).

As ilhas de calor como são conhecidos estes fenômenos, além de terem

impacto no meio ambiente, saúde, tempo e clima, acabam por gerar um

aumento da energia necessária para ar condicionado e refrigeração nas

cidades que estão em clima relativamente quente (WIKIPEDIA, 2010).

O problema é que, a substituição da vegetação pelo asfalto e pelos

prédios de concreto faz com que a radiação solar seja absorvida por estes

materiais e convertida em ondas de calor que ficarão armazenadas durante o

dia, escapando à noite. Quando isto acontece, o asfalto pode chegar a 46ºC

em um dia de verão enquanto que a grama não ultrapassa os 32ºC. A

construção de prédios cria uma barreira para os ventos não deixando que o

calor seja dissipado (ABRIL, 2009).

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116

Um estudo realizado pelo Heat Island Group dos Estados Unidos e

publicado jornal The Salt Lake Tribune também dos Estados Unidos, constatou

uma redução de até 14ºC na temperatura medida na superfície do pavimento

de concreto em relação àquelas medidas na superfície de pavimentos de cor

mais escura (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2009).

A figura 53 apresenta o detalhe da Jordan Commons, no Estado da

Flórida, Estados Unidos, onde se verificou a redução de até 5ºc na temperatura

do ar após a adoção do pavimento de concreto e o plantio de árvores

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2009).

Figura 53 - Jordan Commons, Flórida, USA

Fonte: (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2009)

Neste caso, a superfície clara do concreto contribui ainda para a redução

da temperatura ambiente, minimizando os gastos com ar condicionado e

reduzindo a poluição ambiental nas cidades (UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SERGIPE, 2009).

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117

7.6 Whitetopping

Existe ainda um tipo de pavimentação ou, neste caso, de recapeamento

de pavimento, que vem sendo utilizado em larga escala, principalmente nos

Estados Unidos que é conhecido como whitetopping, ou, cobertura branca.

Segundo o Engenheiro Marcos Dutra de Carvalho:

Whitettoping é a consagrada técnica de reabilitação de pavimentos asfálticos com o emprego de concreto de cimento Portland. Consiste na aplicação do pavimento de concreto sobre o pavimento flexível existente, ampliando a vida útil e a capacidade de carga da estrutura. Trata-se de uma solução definitiva, com vida útil prevista de, no mínimo, 30 anos (CARVALHO, 2010).

Ainda segundo Carvalho (2010), uma das principais vantagens e

benefícios do whitetopping é que ele pode ser colocado diretamente sobre o

pavimento existente. Neste caso, a preparação da superfície existente só é

necessária em situações de degradação avançada do pavimento flexível, além

do que, substitui com vantagens a construção por etapas.

Outra vantagem é que pode-se usar concreto comum (se necessário,

concreto especial para a liberação rápida ao tráfego). O whitettoping também

impede a reflexão de trincas da camada asfáltica para o revestimento de

concreto. O aumento da segurança de rolamento e outra vantagem. Apresenta

excelente comportamento e durabilidade (acima de 30 anos), e possui custo

inicial competitivo, principalmente nas situações de tráfego intenso e pesado,

possui baixo custo de manutenção. Proporciona economia de combustível de

até 20%, possui menor custo total (CARVALHO, 2010).

A figura 54 apresenta um trecho da BR-090, rodovia que liga a cidade de

Osório a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde foi utilizada a técnica do

whitetopping.

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Figura 54 - Trecho da BR-090 RS

Fonte: (CARVALHO, 2010)

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8 ESTUDO DE CASO: PAVIMENTO DE CONCRETO: UMA SOLUÇÃ O PARA A SP-304?

A Rodovia Luiz de Queiroz, mais conhecida como SP-304, no trecho

estudado, possui aproximadamente 45 quilômetros de extensão. Para uma

correta avaliação dos custos para uma alteração total no pavimento da rodovia,

passando ao atual pavimento de asfalto para o de concreto deve se utilizar

como forma de cálculo o custo por quilômetro para recuperação, e não o custo

informado no capítulo 7 que se refere aos custos para construção de uma

rodovia nova, no caso, R$ 1 milhão para pavimento de asfalto e R$ 1,3 milhão

para pavimento de concreto.

8.1 Comparativo de custos SP-304: asfalto x whitettoping (reparo)

Segundo o Sr. Riumar dos Santos, Coordenador do DNIT no Estado de

Goiás, o custo por quilometro para recuperar uma rodovia com pavimento

asfaltico é de R$ 400.000,00 e de R$ 2 milhões para duplicação (REVISTA

CIDADE, 2005).

Utilizando o valor por quilômetro informado para recuperação, chega-se

ao valor de R$ 18 milhões para a recuperação total dos 45 quilômetros da

rodovia SP-304 mantendo-se o pavimento de asfalto.

No caso do pavimento de concreto, utilizando a técnica conhecida como

whitettoping, segundo o Engenheiro Márcio Rocha Pitta, da ABCP, o custo é

aproximadamente 1,5% menor do que o custo da recuperação asfaltica. Neste

caso, o custo por quilômetro seria de R$ 394.000,00 cujo valor se refere a uma

estrutura com 21 centímetros de profundidade (PITTA, 2010).

Desta forma, para uma total modificação no tipo de pavimento da SP-

304, no caso de deixar de ser de pavimento asfaltico e passar a ser de

concreto, o custo total seria de R$ 17.730.000,00, resultando em uma

economia inicial de R$ 270.000,00 (grifo nosso).

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O mesmo estudo conduzido por Pitta (2010) relata ainda que:

Digno de menção, entre outros, é um pavimento construído em Memphis, Tennessee, EUA, com 75 mm de espessura, que consumiu 363 kg de cimento e 1,8 kg de fibras de polipropileno por m³ de concreto. A estrutura ultra delgada foi liberada ao tráfego em 24h, tendo o concreto alcançado a resistência média à compressão simples de 17,5 MPa após 18h da moldagem, estando hoje submetida a um tráfego de 50 mil veículos diários e com desempenho avaliado pela municipalidade como excelente.

A figura 55 apresenta o detalhe de uma obra sendo feita utilizando a

técnica conhecida como whitettoping.

Figura 55 - Utilização da técnica do Whitettoping

Fonte: (PITTA, 2010)

Ainda no caso da utilização do processo whitettoping, além do custo,

uma grande vantagem, é o tempo em que a rodovia necessita ficar interditada

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para a realização das obras. No estudo apresentado, a rodovia em questão foi

liberada para o tráfego em 24 horas, sem contar que, a espessura utilizada no

processo foi de 75mm, considerada muito espessa para os padrões e com um

fluxo diário de 50.000 veículos/dia, praticamente, o mesmo fluxo da Rodovia

SP-304.

8.2 Questões Logísticas de transporte na troca do p avimento

Como informado no capítulo sobre logística, o transporte está

diretamente associado à logística. Isto quer dizer que, toda e qualquer ação

que envolva o transporte irá refletir diretamente no processo logístico da

empresa, seja ele econômico, físico ou outra ação.

Desta forma, quando um veículo sofre uma avaria devido ao mau estado

de conservação de uma rodovia ou, quando este é obrigado a fazer um retorno

que aumenta o tempo da viagem e, conseqüentemente, do combustível, estas

ações impactam diretamente nos custos logísticos das empresas que, muitas

vezes, se vêem obrigadas a repassar estes custos para o frete, onerando ainda

mais o produto ou, quando não conseguem fazê-lo, acabam por ter prejuízos

na operação.

Por este motivo, transitar numa rodovia com pavimento bom, uma boa

sinalização, com áreas de escape, sem desníveis ou buracos, não é só uma

questão de conforto, mas também de custos e de segurança.

É sabido que, a grande maioria dos motoristas, seja de caminhões de

carga ou de veículos de passeio não vê grandes problemas em pagar a tarifa

de pedágio numa rodovia com boas condições de tráfego, pois, o custo-

benefício de não ter que trocar um pneu, ou entortar uma roda, ou danificar a

suspensão devido a um buraco no pavimento acaba por compensar a tarifa.

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8.2.1 SP-304: Custos para troca do pavimento

Segundo Cabral (2008), o custo por quilometro numa rodovia com

pavimento de asfalto é de R$ 1 milhão. Neste caso, numa rodovia com 45

quilômetros de extensão, como é o caso da SP-304, ter-se-ia um valor total de

R$ 45 milhões ao término das obras, apenas se levando em conta a questão

do pavimento asfáltico. No caso de se optar pelo concreto, ao custo inicial de

R$ 1,3 milhão por quilometro, o custo final ficaria em torno de R$ 58.5 milhões.

No entanto, conforme estudo de Di Pace e Becker (1999), o valor mais

alto do custo inicial é amortizado após 10 anos de uso da rodovia, em função

das intervenções necessárias para as correções em razão do uso intenso da

mesma. Enquanto que no pavimento de asfalto, até o período de 10 anos serão

feitas duas intervenções, no pavimento de concreto, a primeira intervenção se

dá apenas no décimo ano de uso. Esta intervenção no décimo ano é apenas

para limpeza das juntas de dilatação transversal.

A partir do décimo ano de uso em que se começa a verificar a vantagem

do concreto, do décimo ao vigésimo ano de uso da rodovia, o pavimento de

concreto deve passar por pelo menos mais quatro intervenções, sendo que, no

caso do pavimento de concreto, seria necessária apenas mais uma intervenção

no período.

Desta forma, em vinte anos, o pavimento de asfalto sofre pelo menos

seis intervenções (grifo nosso) para atender aos mais diversos tipos de

serviços, enquanto que, o pavimento de concreto sofre apenas duas

intervenções (grifo nosso) (DI PACE & BECKER, 1999).

8.2.2 Economia de Combustível – SP-304

Estudo conduzido pelo Dr. Zaniewski apresentado no capítulo 7, mostra

a economia de combustível que se obtém num pavimento de concreto. O

estudo em questão foi realizado numa rodovia nos Estados Unidos com 16

quilômetros de extensão, onde houve uma economia anual de 155.564 litros de

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combustível para caminhões leves e médios (2 eixos) e de 120.552 litros para

caminhões pesados (3 eixos) (ABCP, 2002).

Levando-se em conta que, a Rodovia estudada nesta pesquisa possui

45 quilômetros de extensão, praticamente 3 vezes a extensão da rodovia

pesquisada nos Estados Unidos, ter-se-ia os seguintes números: 466.692

litros/ano para caminhões leves e 361.656 litros/ano para caminhões pesados.

Estes números representam a economia anual de litros de óleo diesel nestes

tipos de veículos trafegando na rodovia com pavimento de concreto.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do óleo

diesel praticado na região de Piracicaba é de R$ 1,973 (ANP, 2010). A

economia anual em litros de óleo diesel se reflete num montante economizado

em Reais da ordem de R$ 920.783,32 para os caminhões leves e R$

713.547,29 para caminhões pesados.

Os números apresentados são referentes a caminhões leves e pesados,

normalmente utilizados para o transporte de equipamentos e produtos

agrícolas, que são predominantes na região estudada. No entanto, estes

números podem ser ainda maiores se for analisada a economia anual de

combustível para as caminhonetes e/ou picapes. Normalmente, utilizadas para

o transporte local, entre cidades próximas e que transitam pela rodovia.

No estudo apresentado pela ABCP (2002) estes números representam

uma economia, em termos de quantidade, da ordem de 683.910 litros na

realidade da Rodovia SP-304.

Utilizando-se o mesmo memorial de cálculo da ANP (2010), onde o

custo médio do óleo diesel é de R$ 1,973, a economia anual, em Reais, seria

de R$ 1.369.084,43. Para o caso destes veículos serem abastecidos com

gasolina, a economia seria de R$ 1.679.682,96, neste caso, o valor médio da

gasolina na região de Piracicaba, levantado pela ANP (2010) é de R$ 2,456.

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8.2.3 Economia de pneus – SP-304

A economia de pneus também pode ser um fator a ser estudado,

conforme estudo realizado pela ABCP (2002). Devido à maior aderência dos

pneus ao pavimento de concreto, a distância para frenagem é menor, o que

permite uma maior economia dos pneus, além de combustível.

A tabela 12 apresenta o detalhe dos coeficientes de aderência dos

pneus em relação aos diversos tipos pisos, rodoviários ou não.

Tabela 12 – Coeficiente de aderência

Fonte: (PERKONS S/A, 2008)

Segundo a Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus, o

custo com pneus é o terceiro maior custo variável de um veículo para o

transporte de cargas, além de representar 12% dos custos para um motorista

autônomo ou frotista (ABR, 2010).

8.2.4 Estudo do JIT na SP-304

Atualmente, o transporte representa uma parcela considerável dos

custos logísticos das empresas. Para Faria e Costa (2007), o transporte é

considerado um dos mais importantes e relevantes subprocessos da logística,

eles concordam que, utilizam corretamente os modos de transporte,

conseguem um diferencial competitivo, afinal, o transporte é o elo entre quem

produz e quem compra.

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Um estudo da Coppead revela que, os custos logísticos do Brasil

representam 12,4% do PIB brasileiro, isto em reais equivale a US$ 99,2 bilhões

de dólares e, segundo este mesmo estudo, seria possível cortar em até US$ 16

bilhões de dólares os custos provenientes do transporte de carga (COPPEAD,

2007).

Na visão de Viana (2002) “possuir um bom sistema de controle de

custos na distribuição física é uma premissa básica”, afinal, segundo ele:

“distribuição física representa uma despesa e não agrega nenhum valor ao

produto, além de consumir uma percentagem do valor das vendas”.

Outra questão a ser analisada, é a questão do Just in time ou JIT, de

acordo com Viana (2002) “trata-se da produção quantidade necessária, no

momento necessário, para atender à demanda com o mínimo de estoque em

produtos acabados em processos e em matéria prima”. Desta forma, a

distribuição física, não pode se tornar um gargalo para o escoamento da

produção, sob o risco de resultar em perda de competitividade das empresas.

As duas principais cidades servidas pela SP-304, no caso, Santa

Bárbara d’Oeste e Piracicaba têm juntas, um PIB de quase R$ 12 bilhões. A

cidade de Piracicaba é hoje a 47ª mais rica do Brasil na análise do seu PIB

individual. Alguns dos equipamentos fabricados na cidade custam milhões de

reais, sendo que, nos pedidos dos clientes estão previstos multas por atraso

caso as entregas não sejam feitas nos prazos acordados.

Desta forma, as estradas por onde trafegam estes equipamentos, não

podem ficar interditadas por muito tempo, sob o risco de aumentarem ainda

mais as despesas das empresas com transporte (VIANA, 2002).

Este foi um dos fatores preponderantes na escolha do pavimento de

concreto para a construção do Rodoanel Mário Covas. Conforme informado no

capítulo 7, o Diretor de Obras do Dersa, Sr. Raymundo D’Elia Junior, relata

que, numa estrada da importância do Rodoanel, a interdição das pistas de

rolamento a cada 5 anos para manutenção, aumentaria de 20% a 30% os

custos de pavimentação.

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Esta mesma condição pode-se aplicar na SP-304 que, embora tenha um

fluxo menor de veículos, possuem apenas duas faixas de rolamento em cada

uma de suas pistas, o que poderia causar um transtorno ainda maior para as

empresas do entorno.

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127

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A economia brasileira está em fase de expansão e todos os indicadores

econômicos apontam para um crescimento muito forte nos próximos anos.

Aliado a isto, o país tem sido beneficiado com uma safra de boas notícias,

como as recentes descobertas no pré-sal que mais um fator que servirá para

impulsionar ainda mais a economia.

Escoar toda esta produção é a grande preocupação dos profissionais de

logística e dos transportadores de carga do país como um todo. A infraestrutura

logística do país não tem acompanhado o ritmo de crescimento econômico e os

motivos são os mais diversos, dentre eles, o pavimento das estradas

brasileiras.

Existem muitos estudos que abordam este assunto, com rica e farta

literatura que fornecem uma boa base para análise dos custos, vantagens e

desvantagens sobre a utilização do pavimento de concreto.

Esta pesquisa além de abordar a literatura existente, também se baseou

em pesquisa de campo junto a profissionais diretamente envolvidos na questão

estrutural dos pavimentos.

A realização desta pesquisa permitiu perceber os problemas enfrentados

pelas empresas que operam no setor logístico do país e também a

possibilidade de mitigar um dos gargalos logísticos do país, que é o uso do

pavimento de concreto em rodovias com grande fluxo de caminhões de carga.

A pesquisa realizada e a literatura consultada apresentam um grande

número de vantagens para a aplicação do concreto na pavimentação das

rodovias e até mesmo avenidas que apresentam um tráfego intenso e,

sobretudo, com transporte de cargas.

A pesquisa apontou que, embora o pavimento de concreto tenha um

custo inicial (no momento da pavimentação), mais alto do que o pavimento de

asfalto, ao longo dos anos ele acaba se pagando. Até a sua primeira

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intervenção no prazo de dez anos, o pavimento de asfalto já terá passado por

duas intervenções e, ao longo de vinte anos, irá sofrer duas intervenções, ao

passo que, o pavimento de asfalto já terá sofrido seis intervenções.

Além da economia no que diz respeito à economia para os cofres

públicos com relação ao investimento, outra vantagem significativa é a

economia de combustível obtida ao se trafegar por uma rodovia de concreto.

Não se pretende com este trabalho, encerrar as pesquisas sobre o tema,

até porque, o mesmo é muito dinâmico e as tecnologias aplicadas nos

pavimentos são objeto de pesquisas constantes dos fabricantes.

O asfalto ainda é, e deverá ser muito utilizado na pavimentação, pois,

desde que observada as suas limitações técnicas e a sua aplicabilidade, é um

importante material, além do que, também vem apresentado um grande

desenvolvimento tecnológico, especialmente nos últimos anos. Contudo, o

pavimento de concreto se mostra um importante componente na busca de

soluções que possam ajudar a resolver um dos importantes gargalos logísticos

do país.

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