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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TRABALHO FINAL DO 6º ANO MEDICO COM VISTA A ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DO MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA ANA ALEXANDRA BRIGA CERQUEIRA ESTRATÉGIAS FARMACOLÓGICAS PARA AS ALTERAÇÕES PRECOCES DO COMPORTAMENTO NA DOENÇA DE ALZHEIMER TRABALHO DE REVISÃO ÁREA CIENTÍFICA DE FARMACOLOGIA TRABALHO REALIZADO SOBRE A ORIENTAÇÃO DE: PROFESSORA DOUTORA TICE DOS REIS ANASTÁCIO DE MACEDO MARÇO, 2009

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

TRABALHO FINAL DO 6º ANO MEDICO COM VISTA A ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE

ESTUDOS DO MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

ANA ALEXANDRA BRIGA CERQUEIRA

ESTRATÉGIAS FARMACOLÓGICAS PARA AS ALTERAÇÕES PRECOCES DO COMPORTAMENTO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

TRABALHO DE REVISÃO

ÁREA CIENTÍFICA DE FARMACOLOGIA

TRABALHO REALIZADO SOBRE A ORIENTAÇÃO DE:

PROFESSORA DOUTORA TICE DOS REIS ANASTÁCIO DE MACEDO

MARÇO, 2009

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ÍNDICE GERAL

Agradecimentos.................................................................................................................3

Resumo..............................................................................................................................4

Abstract..............................................................................................................................6

Lista de Siglas....................................................................................................................8

Introdução........................................................................................................................11

Clínica e Diagnóstico……………...……………………………………………………11

Neuropatologia e Genética..............................................................................................15

Estratégias terapêuticas actuais...................................…………………………………23

Inibidores das colinesterases……………………………………………………23

Memantina……………………………………………………………………...27

Novas estratégias farmacológicas………………………………………………………30

Imunoterapia……………………………………………………………………34

Inibidores das secretases………………………………………………..………39

Agentes que reduzem selectivamente a Aβ42 (SALAs) ……………….………42

Anti-Agregantes Aβ…………………………………………………………….43

Outros alvos terapêuticos………………………………………………...……..46

Conclusão………………………………………………………………………………67

Referências......................................................................................................................68

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Agradecimentos:

À Sra Prof. Dra. Tice Macedo que desde o primeiro momento se mostrou

disponível e atenta a todas as dificuldades do percurso, os meus mais sinceros

agradecimentos.

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Resumo:

A doença de Alzheimer é uma afecção neurodegenerativa, caracterizada por um

declíneo cognitivo progressivo, responsável pela maioria das demências relacionadas

com a idade e considerada actualmente um grave problema de saúde pública. A

presença de placas amilóides extracelulares e emaranhados neurofibrilhares

intraneuronais constituídos por filamentos de proteína tau, são os principais achados

histopatológicos da doença.

Este trabalho tem como objectivo a pesquisa, revisão de estudos recentes e

análise de dados clínicos relevantes, de modo a delinear com mais clareza as estratégias

farmacológicas a adoptar nas alterações precoces do comportamento, na doença de

Alzheimer.

Os medicamentos disponíveis, rivastigmina, donepezil ou galantamina

constituem a terapêutica de 1ª linha na afecção ligeira a moderada, enquanto a

memantina pode ser utilizada em monoterapia ou em combinação com os Inibidores das

colinesterases em pacientes com doença severa.

Genericamente podem considerar-se 5 classes de fármacos com potencial

modificador da doença e que chegaram à fase de ensaio clínico. São eles: 1)

imunoterapias; 2) inibidores das secretases; 3) agentes que reduzem selectivamente a

amilóide β2; 4) Anti-agregantes Amilóide β e 5) Outros.

1. A imunização activa e passiva tem como pressuposto o aumento da

remoção da amilóide, via fagocitose e/ou efluxo da Amilóide β.

2. Os inibidores das secretases bloqueiam a acção de enzimas proteolíticas

envolvidas na clivagem da proteína percurssora amilóide, reduzindo

assim a formação da β-amilóide.

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3. Os agentes que reduzem selectivamente a Amilóide β42 modulam a

actividade da γ-secretase, ligam-se a outro local que não o centro activo,

alteram a conformação da enzima e a clivagem da proteína percursora da

amilóide, produzindo fragmentos menores, não tóxicos (ex:Amilóide

β38).

4. Os agentes Anti-Agregantes Amilóide β podem prevenir a formação de

fibrilhas e facilitam a depuração de amilóide β solúvel.

5. Os anti-inflamatórios não esteróides, as estatinas, os agonistas da

hormona libertadora da gonadotrofina e muitos outros, estão em

investigação pela possibilidade de serem agentes modificadores da forma

ligeira a moderada da doença.

Passaram já 100 anos desde a primeira descrição da doença de Alzheimer e

apesar de todo o empenho da comunidade científica, ainda pouco se tem a oferecer a

estes doentes. Todavia, apesar dos mecanismos fisiopatológicos subjacentes não

estarem completamente esclarecidos, estão propostas múltiplas terapêuticas, que

apresentam resultados promissores na modificação da história natural da doença.

Palavras Chave: Doença de Alzheimer, β-amilóide, imunoterapias, inibidores

das secretases, agentes que reduzem selectivamente a amilóide β42, anti-agregantes β-

Amilóide.

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Abstract:

The Alzheimer’s disease is a neurodegenerative disorder that is manifested by a

progressive cognitive decline, accounting for the vast majority of age-related dementia

and is now considered a serious public health problem. The presence of extracellular

amyloid plaques, and intraneuronal neurofibrillary tangles, consisting of filaments of a

phosphorylated protein associated with microtubules, the tau protein, has been

considered the major histopathological findings of disease.

This paper aims to review recent studies, experimental research and relevant

clinical data in order to delineate more clearly the pharmacological strategies in early

changes of behavior in Alzheimer's disease.

Therapy with Cholinesterase inhibitors, rivastigmine, donepezil or galantamine

is considered the 1st line in patients with mild to moderate disease, while memantine

may be used alone or in combination with Cholinesterase inhibitors in patients with

severe disease.

Generally 5 classes of drugs can be considerered with potential modifier of the

disease, which reached the stage of trial. They are: 1) immunotherapy, 2) secretase

inhibitors, 3) agents that selectively reduce the Amyloid β-42, 4) Anti-Amyloid β

aggregating and 5) Others.

1. The active and passive immunization is assumed to increase the removal

of amyloid by phagocytosis and / or efflux of Amyloid β from the brain.

2. The secretase inhibitors block the action of proteolytic enzymes involved

in the cleavage of amyloid precursor protein, thus reducing the formation

of β-amyloid.

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3. The agents that selectively reduce Amyloid β42 to modulate the activity

of γ-secretase link to a location other than the active center, changing the

conformation of γ-secretase and the amyloid precursor protein cleavage,

producing smaller fragments, non-toxic (e.g. Amyloid β38).

4. The anti-aggregating Amyloid β may prevent the formation of fibrils and

facilitate the "clearance" of soluble amyloid β.

5. Non-Steroidal Anti-Inflammatory Drugs, statins, agonists of the

gonadotropin releasing hormone and many others, are under

investigation by the possibility of acting as modifying agents for the mild

to moderate disease.

It is now 100 years since the first description of Alzheimer's disease and despite

all the efforts of the scientific community, yet there’s little to offer to these patients.

However, despite the pathophysiological mechanisms underlying this disease are not

fully understood, multiple directed therapies are proposed, showing promising results in

modifying the disease’s natural history.

Keywords: Alzheimer's disease, β amyloid, immunotherapies, secretase

inhibitors, agents that selectively reduce Amyloid β42, anti-aggregating β Amyloid.

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LISTA DE SIGLAS

AINEs- Anti-Inflamatórios não esteróides;

Aph-1 – Anterior pharynx defective 1;

AVC- Acidente Vascular Cerebral;

AVDs- Actividades de vida diária;

Aβ - beta-amiloide;

BACE1- Local β da enzima 1 de clivagem da proteína percurssora da amilóide;

BHE- barreira hemato-encefálica;

BZD- Benzodiazepinas;

C1q- Factor iniciador do complemento;

CBZ-Carbamazepina;

CB- receptores dos canabinóides;

CdK5 – Ciclina dependente da cinase 5;

cGMP – Guanina monofosfato cíclico;

COX- Ciclooxigenase;

DA- Doença de Alzheimer;

DV- Demência Vascular;

EAM- Enfarte agudo do miocárdio;

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ERK – Cinase reactiva extracelular;

FAAH - Amina hidrolase dos ácidos gordos;

FTDP- Demência fronto-temporal com parkinsonismo;

GAG- Glicosaminoglicanos;

G-CSF- Factor estimulador do crescimento das colónias de granulócitos;

GSK-3β- Cinase sintetase do glicogénio 3β;

IAChE- Inibidores das acetilcolinesterases;

IMAO- Inibidores da monoaminoxidase;

JNK- Cinase c Jun N Terminal;

LCR- Líquido cefalorraquídeo;

MAC- Complexo de ataque à membrana;

MAPK – Cinase fosfatase activadora do mitogénio;

MCI- Dificuldade cognitiva ligeira;

NAP – Proteína neuroprotectora dependente da actividade;

NCAM- Molécula de adesão do neurónio;

NFT- tranças neurofibrilares;

NGF- Factor de crescimento neuronal;

NMDA- ácido N-metil-D-aspártico;

NO- Óxido Nítrico;

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PAS- Local de ligação periférico

Pen-2 – Presenilin enhancer -2;

PET- Tomografia por emissão de positrões;

PH-Tau - Proteína Tau fosforilada;

PPA – proteína percursora da amilóide;

PPAR-γ - receptor gama activado pelo proliferador do receptor nuclear do peroxisoma;

PS1/2- Pré-senilina 1 / 2;

SNC- Sistema nervoso central;

SSRI- Inibidores selectivos da recaptação da serotonina;

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INTRODUÇÃO:

A DA é uma afecção neurodegenerativa progressiva, responsável pela grande

maioria das demências relacionadas com a idade, sendo um dos problemas de saúde

mais graves do mundo industrializado. A doença é caracterizada pela formação de

placas neuríticas ricas em peptídeo β-amiloide (Aβ), tranças neurofibrilhares ricas em

proteína Tau hiperfosforilada, gliose e uma resposta neuroinflamatória que envolve

astrócitos e micróglia, conduzindo inevitavelmente, a um progressivo declíneo

cognitivo global (Weksler et al., 2005). Já foram identificadas as mutações que

originam as formas raras da DA familiar, (Goate et al., 1991) mas os factores que

antecedem os cerca de 95% dos restantes casos de doença são ainda desconhecidos.

Figura 1: Desenho esquemático dos achados histopatológicos centrais da DA

(Adaptado de Blennow, 2003).

Clínica e Diagnóstico:

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A demência consiste na perda da capacidade intelectual previamente adquirida

com uma variedade de domínios cognitivos que podem incluir a memória, a linguagem,

a função executiva e capacidades visuoespaciais. Por definição, esta patologia é

suficientemente severa, de modo a interferir com as actividades da vida diária. A

detecção precoce da DA, no seu curso clínico representa um desafio sério, enquanto a

sua identificação tardia pode tornar-se bastante óbvia. Como não surgiu ainda qualquer

marcador biológico para fazer o diagnóstico definitivo em estadios precoces desta

doença, o diagnóstico da DA permanece até aos dias de hoje com base em dados

clínicos (Cruz et al., 2004).

Os três estadios de desenvolvimento:

Os doentes de Alzheimer não sofrem os mesmos sintomas pela mesma ordem,

ou pelo mesmo nível de gravidade; no entanto, existe um padrão geral de evolução da

doença, que permite descrever os três principais estádios:

Estadio 1:

O primeiro estadio caracteriza-se por discretas alterações da memória. O

indivíduo em causa pode, por constrangimento ou por receio, tentar evitar que os outros

se apercebam disso e por sua vez, os familiares, podem subestimar a importância do

problema, devido à crença de que o esquecimento é uma consequência natural do

envelhecimento.

Estadio 2:

No segundo estadio, os problemas de memória acentuam-se, com predomínio da

memória de curta duração, sendo que a memória para acontecimentos distantes

permanece intacta por mais tempo. Além disso os pacientes têm frequentemente,

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dificuldade em reconhecer a sua própria família, uma vez desaparecida a associação

entre o rosto e o nome. Torna-se mais difícil interpretar os estímulos (tacto, paladar,

visão e audição) o que tem repercussões na vida diária, sob a forma de: perda de apetite,

incapacidade para ler, e alucinações visuais/auditivas. A insónia pode tornar-se um

problema, pela perda da noção dia/noite. Os pacientes começam a dormir mais de dia,

permanecem em vigília durante a noite e a noção de temporo-espacial é afectada. Por

outro lado, os movimentos tornam-se menos precisos, menos coordenados e têm cada

vez menos equilíbrio postural. Pode ocorrer incontinência, quer em resultado da afecção

da memória, problemas de comunicação, dificuldades de ordem prática, ou como

resultado de lesão cerebral. Os pacientes tendem a sofrer de labilidade emocional,

podendo tornar-se agitados e agressivos. Os problemas de comunicação agravam-se

com a incapacidade para compreender a palavra falada e escrita, assim como a

dificuldade em falar e escrever. Neste estadio, não é invulgar que os pacientes repitam

constantemente as mesmas palavras ou frases.

Estadio 3:

No terceiro estadio, pode-se dizer que o paciente sofre de demência grave. As

funções cognitivas desapareceram quase por completo e o indivíduo perde a capacidade

de entender ou utilizar a linguagem. A incontinência passa a ser total, e perde-se a

capacidade para andar, sentar, sorrir e engolir. Com o acamamento, o paciente torna-se

mais vulnerável a uma pneumonia, e corre o risco de fazer úlceras de decúbito, caso não

seja regularmente posicionado. A progressão dos sintomas pode sofrer grandes

variações, no entanto o agravamento progressivo dos sintomas ocorre de forma gradual

e contínua, habitualmente num período de 2 a 20 anos (Engelhardt et al., 2001).

.

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Figura 2: Esquema da evolução natural da doença de Alzheimer (Adaptado de

Cruz et al., 2004).

Além dos estadios acima referidos há ainda uma fase algo indefinida,

denominada MCI - dificuldade cognitiva ligeira. A MCI representa um estado de

transição entre o envelhecimento normal e a DA muito ligeira, tendo-se tornado um

ponto fulcral de muita actividade científica. Embora esta se possa apresentar com uma

variedade de sintomas, a perda de memória é o sintoma predominante e constituí a fase

prodrómica da DA. Nesta fase os doentes apresentam compromisso de memória que é

desproporcional ao que seria espectável para a sua idade e alguns estudos referem

mesmo que estes doentes tendem a progredir para DA, com uma probabilidade de 10 a

15% ao ano. (Peterson et al., 2003)

Período assintomático

Período pré-demencial

Período Demencial

Tempo

Primeiros sintomas

Perda de Autonomia

Morte

Início

Exte

nsão

das

Les

ões

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NEUROPATOLOGIA E GENÉTICA:

O cérebro de um doente de Alzheimer mostra frequentemente uma atrofia

cortical marcada e dilatação ventricular, sobretudo a nível do lobo temporal, devido a

atrofia do hipocampo e da amígdala. Ao exame microscópico é possível caracterizar

diversas alterações histopatológicas, que são responsáveis pela morte neuronal e perda

sináptica pela atrofia da árvore dendrítica de grandes neurónios (Selkoe, 2001). Essas

alterações histológicas incluem depósitos amorfos de amilóide, localizados nas paredes

dos vasos sanguíneos, bem como acumulação de filamentos anormais da proteína tau e

consequente formação de tranças neurofibrilares (NTF) (Selkoe, 2001). As clássicas

placas neuríticas são estruturas esféricas que consistem num núcleo de uma proteína

fibrosa denominada amilóide, que está rodeada por terminações nervosas distróficas

(neurites).

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Figura 3: Ilustração da hipótese da amilóide na doença de Alzheimer. Adaptado

de Christensen, 2007)

A proteína amilóide contém 40 a 42 peptídeos denominados beta-amiloide, (Aβ)

que têm origem na proteólise de uma molécula, a proteína percursora de amilóide (PPA)

que resulta em fragmentos, e destes, os mais tóxicos são Aβ 1-42 (Bayer, 2001).

Com base nestas alterações levantou-se a hipótese de uma cascata amilóide

poder explicar a etiologia da doença. De facto, alguns dados acumulados indicam que a

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Aβ desempenha um papel precoce e central na patogenia da DA e o ocupante básico da

hipótese amilóide ou cascata amilóide (Gold e tal., 2006), segundo a qual, agregados de

Aβ desencadeariam uma sequência patológica complexa que conduz à

neurodegeneração (Cole e Vassar, 2008). A acumulação de Aβ, com o tempo, é

resultante da endoproteólise da proteína percursora amilóide (PPA), uma proteína

transmembranar encontrada na maioria das células, estando a parte Aβ parcialmente

integrada nas membranas celulares. A clivagem sequencial da PPA, na via

amiloidogénica pela β-secretase, (pelo local β da enzima 1 de clivagem da PPA,

BACE1) e a γ-secretase (complexo de: pré-senilina 1/2, PS1 ou PS2, Aph1, proteínas

Nicastrina e Pen2), libertam respectivamente os terminais N- e C- de Aβ (Selkoe, 2001).

A clivagem pela BACE1 é um pré-requisito para a formação de Aβ e constituí a etapa

inicial da cascata amiloide.

Figura 4: Esquema do processamento proteolítico da PPA (Adaptado de

Vertvel, 2006).

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A ablação de BACE1 em ratos transgénicos impede a produção de Aβ e o

desenvolvimento posterior de patologias associadas à proteína amilóide (Ohno et al,

2007; Cole e Vassar, 2008). A clivagem da PPA pela γ-secretase é imprecisa,

originando peptídeos de comprimento diferente: predomina a forma de 40 aminoácidos

(Aβ40), mas a Aβ composta por 42 aminoácidos é a entidade neurotóxica mais

fibrilhogénica (Cole e Vassar, 2008).

Uma outra via de processamento da PPA é executada pela α-secretase que cliva

a PPA, formando o fragmento solúvel, o sPPAα (via não amiloidogénica).

A BACE1, que é crítica para a criação de Aβ, representa um alvo terapêutico

importante para o tratamento da DA (Ohno et al, 2007) e mais adequado do que a

potenciação da α-secretase, cuja abordagem se percebe mais tóxica (letalidade

embrionária, defeitos comportamentais e tumorigénese) (Hardy, 2006).

Os níveis de Aβ estão muito aumentados nos cérebros dos doentes de Alzheimer

comparativamente aos indivíduos normais, sendo a forma agregada da Aβ, em particular

a forma fibrilhar, tóxica para os neurónios conduzindo à morte neuronal in vivo e in

vitro (Cotman, 2000). Os neurónios do córtex cerebral de primatas são especialmente

vulneráveis aos efeitos tóxicos da Aβ, como pôde ser demonstrado em estudos

efectuados em macacos Rhesus idosos, injectados com 200 pg de Aβ fibrilhar não

solúvel, no córtex cerebral, os quais revelaram perda neuronal significativa. A mesma

substância, admnistrada em dose idêntica a macacos Rhesus jovens e ratos idosos, não

teve qualquer efeito (Geula, 2000).

Concordantes com estes factos estão os dados recentes, demonstrativos de que as

mutações do gene PPA no cromossoma 21 provocam DA familiar (Yankner, 2000).

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Outras mutações, que se verificou serem responsáveis pela transmissão familiar

da DA, são o gene da pré-senilina (PS-1) no cromossoma 14 e a PS-2 no cromossoma 1.

As pré-senilinas estarão envolvidas na regulação da proteólise intramembranar e

clivagem de proteínas, como a PPA e entalhes. Admite-se que as pré-senilinas

estimulam a produção de Aβ, uma vez que em culturas celulares, a sua ausência reduz

significativamente a produção daquelas proteínas. A PS-1 seria necessária para a

clivagem da PPA pela secretase. De facto, a actividade da PS-1 e da gama-secretas estão

intrinsecamente associadas, sendo a 1ª um cofactor da 2ª (Yankner, 2000).

A presença e a densidade das tranças, em especial a nível do lobo temporal

mediano, seria uma característica comum a vários subtipos de DA e demonstrativa de

elevada correlacção com os índices de demência (Mesulam, 2000). A proteína Tau é

necessária para a organização e estabilização dos microtúbulos; quando anormalmente

fosforilada interrompe as suas funções normais e conduz à desorganização dos

microtúbulos, resultando em anomalias do transporte axonal e do citoesqueleto

(Mandelkow, 2000). Em indivíduos idosos, a anormal fosforilação da tau (PH-tau) nos

neurónios precede a formação de tranças, tendo-se admitido que esta alteração seria

suficiente para desestabilizar os microtúbulos e que a formação de tranças pudessse ser

uma resposta neuronal para conter os danos causados pela PH-tau citosólica livre.

(Mandelkow, 2000). O possível papel da tau na demência teve maior destaque com a

descoberta de mutações do gene para a tau no cromossoma 17. A chamada demência

fronto-temporal com parkinsonismo, ligada ao cromossoma 17 (FTDP-17) inclui um

vasto número de mutações, que podem resultar numa variedade familiar de demências,

actualmente denominadas como tauopatias (Ghetti, 2000). Estas incluem a demência

fronto-temporal (caracterizada por atrofia no lobo frontal e temporal anterior); a doença

de Pick (caracterizada pelas inclusões intraneuronais, os corpos de Pick), e a forma de

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DA com predomínio de tranças (caracterizada por um conjunto de placas compactas e

presença de tranças, mais frequente nas áreas corticais do sistema límbico e

paralímbico). Deste modo, a tau pode ser encontrada como depósitos em neurónios,

tranças, corpos de Pick ou células gliais (Ghetti, 2000). A ausência de placas, em

particular na forma compacta em muitas tauopatias sugere, com grande probabilidade,

que as anomalias da tau podem por si só causar demência, incluindo algumas variações

da DA.

Um grupo de investigadores comprovou, que após os 50 anos, quase todos os

cérebros continham algumas tranças neurofibrilhares, com predomínio no lobo temporal

mediano (Price, 2000). Muitos desses cérebros não apresentavam placas e alguns

continham muitas NFT contudo, a quantidade de tranças não distinguia claramente

indivíduos normais dos doentes com MCI ou DA moderada. No mesmo grupo as placas

estavam ausentes em cerca de 1/3 dos indivíduos, outro 1/3 mostrava pequenos núcleos

de placas, enquanto os restantes apresentavam densidade moderada a elevada de placas.

Todos os indivíduos com MCI ou DA moderada pertenciam ao grupo com maior

densidade de placas. Parece, assim, que o aparecimento de algumas tranças sem placas

ou com pequenos aglomerados de placas seja uma manifestação do envelhecimento

normal. Por outro lado, a elevada densidade de placas parece ter significado clínico na

DA e no MCI. Em suma, estes dados levam a admitir que o aumento da deposição de

placas pode acelerar a formação e propagação de tranças, resultando em perda neuronal

e demência.

Num estudo com primatas pareceu poder identificar-se um papel mais directo

das placas (especificamente as Aβ) na fosforilação da tau. Injectou-se Aβ no córtex

cerebral de primatas Rhesus envelhecidos e o resultado foi não só a perda neuronal,

como também indução da fosforilação da tau em neurónios, na periferia do local de

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injecção (Geula, 2000). Além disso, estas placas estavam associadas com outros

marcadores patológicos da DA, como a proliferação das células gliais. Estes dados vêm

reforçar a capacidade da Aβ induzir a fosforilação da tau, o que conduz à formação de

tranças.

Os efeitos deletérios das placas e NFT na DA poderão ser mediados por outros

mecanismos patogénicos, dos quais têm maior destaque a inflamação e o stress

oxidativo. O cérebro de um doente de Alzheimer é caracterizado pelos sinais de resposta

inflamatória: os depósitos de Aβ fibrilhar em placas compactas activam a micróglia, o

maior componente inflamatório cerebral, que remove e metaboliza a Aβ junto com

algum do tecido saudável na periferia das placas (Rogers, 2000). A microglia activada

produz 2 factores:

1. Factor estimulador dos macrófagos, que volta a estimular a activação da

micróglia;

2. Activadores do complemento (proteases).

A activação da via do complemento, resulta numa cascata de reacções químicas

que produzem intermediários e resultam na formação de um complexo de ataque à

membrana (MAC). Este elimina os seus alvos pela formação de poros nas membranas.

O factor iniciador do complemento, C1q, liga-se à Aβ e é activado por esta. De facto,

está provado que a Aβ conduz à activação de toda a via do complemento e além disso, a

ligação de C1q aumenta a agregação Aβ. O C1q também se encontra em placas e

neurónios em cérebros de doentes com síndrome de Down, com mais de 40 anos,

provavelmente devido à cópia adicional do cr 21, que comporta o gene da PPA (Head,

2000).

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O cérebro da DA manifesta ainda sinais de stress oxidativo: presença de

marcadores de stress oxidativo, incluindo nitrotirosina, proteína carbonilada, 8-

hidroxiguanosina, todos aumentados nos neurónios e, a última, presente nas placas e

tranças (Perry, 2000). Os níveis dos produtos finais da peroxidação, com a severidade

dos marcadores do stress oxidativo, estão elevados no LCR, plasma e urina de doentes

com Alzheimer. Os níveis no LCR mostram uma correlação significativa com a

gravidade dos défices cognitivos. As mitocôndrias e o DNA mitocondrial são muito

sensíveis aos danos oxidativos e, por sua vez, as mitocôndrias podem servir como fontes

de agentes oxidativos. Já foram documentados a desorganização significativa e a

diminuição do DNA mitocondrial em doentes de Alzheimer (Perry, 2000).

A redução de marcadores colinérgicos corticais, acompanhada da

degenerescência dos neurónios colinérgicos do cérebro anterior basal, representa uma

das anomalias mais consistentes de neurotransmissores no estadio final da DA (Geula,

1999). A perda colinérgica nesta doença é tão selectiva quanto substancial e ocorre mais

precocemente do que os outros neurotransmissores. A morte de axónios corticais

colinérgicos mostra uma forte correlação com a densidade das tranças e pode ser

demonstrada em associação com placas compactas em cérebros de macacos Rhesus

envelhecidos (Geula, 2000). Além disso, a inflamação crónica tem demonstrado causar

degenerescência significativa dos neurónios colinérgicos do cérebro anterior basal, em

ratos. A vasta e substancial carência de marcadores corticais colinérgicos é a base da

terapêutica com inibidores das colinesterases, que previne a clivagem da acetilcolina

pela AChE, tornando o neurotransmissor mais disponível na sinapse.

Múltiplas evidências permitem afirmar que a presença e frequência de

aparecimento de uma lipoproteina particular, a Apo E, está associada a um risco

acrescido de doença de Alzheimer, em especial da forma tardia da doença. Deste modo,

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a presença e frequência do alelo ε4 da ApoE está associado a uma maior incidência da

DA, em comparação com a presença de outros alelos ApoE (sendo o mais comum o ε3),

pois a presença do alelo ε4 está ligado a uma deposição mais rápida da Aβ no córtex

cerebral dos doentes de Alzheimer. (Poirier, 2000). A ApoE também é conhecida pelo

seu papel no transporte e metabolismo do colesterol e de outras gorduras. Compostos

redutores dos níveis de colesterol induzem a ApoE e demonstraram aumentar a

quantidade de ApoE, em 15%, nos doentes. Diversos estudos mostraram, que uma dieta

rica em colesterol e/ou um ambiente com alto teor em gorduras, pode aumentar

significativamente os níveis de APP e de Aβ in vitro e in vivo (Poirier, 2000).

ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS ACTUAIS PARA A DA:

No que diz respeito ao tratamento farmacológico, têm sido desenvolvidas

múltiplas substâncias psicoactivas com o intuito de preservar e restabelecer as funções

cognitivas, comportamentais e funcionais do doente de Alzheimer. Apesar de todos os

esforços da comunidade científica, os fármacos até agora aprovados para esta

enfermidade limitam-se ao atraso da sua evolução, conferindo apenas uma melhoria

parcial e temporária do estado funcional do indivíduo.

Inibidores das colinesterases:

Os principais fármacos aprovados actualmente para o tratamento específico da

DA são os IAChE, cuja base fisiopatológica assenta no défice colinérgico, e o

mecanismo de acção visa aumentar a disponibilidade sináptica da Ach pela inibição das

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suas enzimas catalíticas (acetil e butirilcolinesterase). Este grupo de fármacos beneficia

discretamente a cognição bem como as alterações não cognitivas da doença.

Foram aprovados e estão actualmente comercializados quatro inibidores das

colinesterases: a Tacrina, a galantamina, o donepezil e a rivastigmina.

A tacrina, a galantamina e o donepezil são inibidores reversíveis da

acetilcolinesterase, respectivamente de duração curta, intermediária e longa. Por sua vez

a rivastigmina, que é um inibidor pseudo-irreversível (ou lentamente reversível), tem

duração intermédia, enquanto metrifonato, um inibidor irreversível que teve os estudos

clínicos descontinuados devido à sua toxicidade, apresenta longa duração de acção.

A tacrina e a rivastigmina inibem também a butirilcolinesterase, o que pode

resultar em maior incidência de efeitos colaterais periféricos; por outro lado, a sua

inibição pode representar benefícios adicionais ao tratamento, uma vez que a

butirilcolinesterase também parece estar envolvida na maturação das placas neuríticas

(Mesulam, 2000). A interacção da AChE com a rivastigmina, leva à formação de um

produto de clivagem fenólico (com actividade farmacológica mínima e rápida

excreção), e de um complexo carbamilado com a enzima, que impede a hidrólise da

acetilcolina por inibição competitiva e duradoura, porém reversível, sendo classificada

como pseudo-irreversível. Por este motivo, os efeitos inibidores perduram após a

eliminação do fármaco e seus metabolitos, reduzindo assim os riscos de interacções

medicamentosas.

A Tacrina foi o primeiro fármaco aprovado para o tratamento desta enfermidade,

contudo, verificou-se que a sua administração estava associada a elevado risco de

hepatotoxicidade, observada em 30% a 50% dos casos (Watkins, 1994). Deste modo, a

conjugação da necessidade de monitorização da função hepática apertada, com um

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elevado número de tomas diárias, (quatro no total) fez com que a tacrina caísse em

desuso.

O donepezil, a rivastigmina e a galantamina, considerados IAChE de segunda

geração, apresentam propriedades farmacológicas sobreponíveis, embora com algumas

características farmacocinéticas e farmacodinâmicas distintas. Os inibidores das

colinesterases inibem a enzima em 30% a 60%, promovendo um aumento da

disponibilidade sináptica de acetilcolina. Os fármacos apresentam em geral boa

tolerabilidade com efeitos colaterais também comparáveis, resultantes da hiperactivação

colinérgica periférica, tais como:

(1) efeitos gastrintestinais: náuseas, vómitos, diarreia, anorexia, dispepsia, dor

abdominal;

(2) cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia;

(3) outros: tonturas, cefaleias, agitação, insónias, cãimbras, hipersudorese,

hipersecreção brônquica.

A eficácia dos IChE, donepezil, galantamina e rivastigmina, está bem

documentada em múltiplos estudos na doença de Alzheimer leve a moderada. Contudo,

estes fármacos têm sido avaliados recentemente, do ponto de vista médico e económico

acerca do seu custo-benefício (Lang, 2007). Alguns clínicos argumentam que, os IChE

têm efeito apenas num subgrupo de 10 a 20% de doentes, e porque este subgrupo não

pode à partida ser identificado, os IChE estão indicados para todos os doentes de

Alzheimer. (Hanna, 2005) Dada a ausência de factores predictores clínicos ou

biológicos de eficácia, justifica-se a prescrição de um inibidor da colinesterase para

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todos os pacientes com diagnóstico de DA leve ou moderada, desde que não existam

contra-indicações à sua prescrição. Evidentemente, a administração destes

medicamentos envolve também a decisão do momento de interromper, devendo ser

descontinuados nos seguintes casos:

(1) fraca adesão ao tratamento;

(2) manutenção do ritmo da deterioração cognitiva, após três a seis meses de

tratamento;

(3) rápida deterioração após um período inicial de estabilização;

(4) quando após um período de interrupção do tratamento, se constata que o

fármaco não proporciona mais benefícios (Lovestone et al., 1997).

Os estudos que avaliaram a eficácia dos IChE mostraram, que a sua

administração para pacientes com DA leve ou moderada resulta em benefícios discretos

em relação aos grupos não-tratados, a nível cognitivo, comportamental e das

capacidades funcionais. Por outro lado, estudos controlados por placebo mostram que os

benefícios são geralmente observados a partir de 12 a 18 semanas e, possivelmente,

desaparecem após seis a oito semanas da interrupção do tratamento (Jann, 1998). Um

estudo de Raschetti et al (2007), vai mais longe, afirmando que a administração de

IChE, em doentes com MCI, por períodos de 4 meses a 3 anos, não esteve associado

com nenhum atraso na evolução da demência e que os seus riscos não podem ser

negligenciados, estando a galantamina associada a um aumento da mortalidade. O

mesmo estudo concluiu ainda, que os IChE não são eficazes nem na prevenção ou

melhoria das funções cognitivas em doentes com MCI.

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Memantina:

Tem sido admitida a possibilidade de que a activação da transmissão

glutamatérgica através dos receptores NMDA, contribua para a doença de Alzheimer.

Em regiões associadas às funções cognitivas e à memória, como o córtex temporal e o

hipocampo, o glutamato demonstrou ser o principal neurotransmissor excitatório

cerebral. As regiões corticais e subcorticais que contêm neurónios e receptores do

glutamato sofrem perdas estruturais e funcionais na evolução da DA, uma vez que o

glutamato é excitotóxico e provoca morte neuronal, quando presente em níveis

elevados, por períodos longos. (Rogawski e Wenk, 2003).

A memantina, um antagonista não-competitivo de receptores NMDA, bloqueia

os receptores NMDA no estado de repouso, de modo idêntico ao magnésio (efeito

rápido dependente da voltagem), e é deslocada do seu local de ligação em condições de

activação fisiológica; em contrapartida, não se desprende do receptor na vigência de

activação patológica. Essas propriedades conferem à memantina a possibilidade de

retardar a evolução da doença, pela sua acção neuroprotetora contra a activação

excitotóxica dos receptores de glutamato (Jarvis e Figgitt, 2003).

A eficácia clínica e a tolerabilidade da memantina foram avaliadas por Winblad

e Poritis (1999) em 166 indivíduos, portadores de demência primária moderada a grave,

incluindo a DA e a demência vascular. Utilizando medidas funcionais, em vez de

cognitivas, os autores concluíram que o tratamento com memantina (10 mg ao dia, 12

semanas) proporcionou, independentemente da etiologia da demência, benefícios

funcionais e do comportamento, reduzindo a dependência de cuidados de assistência.

Mais recentemente, Reisberg et al. (2003) comprovaram a eficácia clínica da memantina

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no tratamento de pacientes portadores de DA moderada a grave. Nesse estudo de

desenho duplamente-cego e controlado por placebo, 181 de 252 pacientes recrutados

concluíram 28 semanas de tratamento com memantina (20 mg i.d.) ou placebo. Os

pacientes que receberam o fármaco não apresentaram efeitos adversos

significativamente superiores aos do grupo controlo, onde a taxa de abandono de

tratamento foi maior (42 contra 29 no grupo memantina). De acordo com os valores a

atingir nas escalas de avaliação clínica e funcional, os pacientes que receberam

memantina apresentaram evolução mais favorável do que os pacientes do grupo

placebo, podendo-se inferir que a terapêutica antiglutamatérgica é capaz de reduzir a

deterioração cognitiva e funcional em pacientes portadores de demência moderada a

grave (Reisberg et al., 2003).

A segurança clínica do uso da memantina foi avaliada por estudos clínicos

controlados com placebo, em pacientes portadores de demência leve ou moderada a

tomar doses diárias entre 20 e 30 mg. Verificou-se que proporcionavam benefícios

sobre as funções cognitivas, motoras e comportamentais e concluiu-se que a incidência

de reacções adversas com a memantina não foi significativamente superior à do

placebo. Os efeitos colaterais mais frequentemente encontrados foram: diarreia,

vertigens, cefaleias, insónias, inquietação, excitação e cansaço (Jarvis e Figgitt, 2003).

A dose diária recomendada é de 20 mg, distribuídas por duas tomas de 10 mg. A

absorção da memantina no tracto gastrintestinal conduz a um pico de concentração

sérica de três a oito horas e a sua eliminação é fundamentalmente renal, sem interfência

com enzimas do citocromo P450, traduzida na ausência de interacções farmacocinéticas

a esse nível. Deste modo, é possível a co-administração da memantina e IAChE, com

baixíssimos riscos de interacções medicamentosas (Jarvis e Figgitt, 2003).

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A utilização de tratamento combinado com memantina e IChE também foi

avaliada em pacientes com forma moderada a grave da doença tendo-se revelado segura

e bem tolerada, podendo mesmo condicionar desfechos mais favoráveis em termos de

parâmetros cognitivos, funcionais e comportamentais, (Tariot et al., 2004).

Perspectiva sobre a terapêutica actual:

De modo a ajudar os clínicos na estratégia farmacológica deste tipo de doentes,

foram criados alguns algoritmos para optimizar o tratamento nos diferentes estadios da

doença, de acordo com as evidências científicas.

O primeiro passo para o melhor tratamento a longo prazo é o diagnóstico

precoce, facilitando o início da terapêutica com IChE, que podem estabilizar/ reduzir o

declíneo cognitivo e funcional. A terapêutica de IChE com rivastigmina, donepezil ou

galantamina é considerado a terapêutica de 1ª linha em doentes com afecção ligeira a

moderada. A memantina pode ser utilizada em monoterapia ou em combinação com os

IChE em doentes com doença severa.

Durante o tratamento o estado funcional e cognitivo deve ser monitorizado de 6

em 6 meses e a terapêutica farmacológica mantida até não haver interações sociais

significativas e a qualidade de vida ser deteriorada irreversivelmente. (Farlow, 2007)

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NOVAS ESTRATÉGIAS FARMACOLÓGICAS:

No esquema que se segue está representada a sequência hipotética dos eventos

patológicos e potenciais alvos terapêuticos para a melhor compreensão dos mecanismos

de acção dos novos fármacos.

Figura 5: Sequência hipotética dos eventos patológicos e potenciais alvos terapêuticos. (Adaptado de Cuello, 2007)

Aumento da produção ou diminuição da clearence dos peptídeos Aβ

Acumulação anormal intracelular dos peptídeos Aβ

Dano Oxidativo

Aglomeração de peptídeos Aβ extracelulares - oligomerização

Dano Oxidativo

Agregação Aβ gradual em placas difusas a maduras

Respostas Inflamatórias

Remodelação sináptica?

Disfunção sináptica precoce (cognição)

NFTs

Disfunção sináptica progressiva (cognição)

Neurites Distróficas

Perdas moderadas de neurotransmissores

específicos

Perdas pronunciadas de neurotransmissores

específicos

Morte Neuronal

Necrose / Apoptose

Inibidores das β/γ-secretases

AINEs

Anti-Oxidantes (?)

Aumento da remoção Aβ

Aumento da degradação Aβ

Aβ Tau

Aumento da degradação Aβ

Imunoterapia

Anti-Oxidantes

AINEs

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O desenvolvimento de opções terapêuticas mais eficazes e seguras é um dos

objectivos mais perseguidos no cenário científico internacional. A demanda por

fármacos capazes de modificar a evolução natural da doença, a par da antecipação do

diagnóstico, representa o futuro do tratamento da DA e outras demências. Nesse

contexto, a compreensão dos mecanismos que levam à morte neuronal na DA será a

base para o desenvolvimento de novas terapêuticas.

Os factores de crescimento neuronal, os inibidores da hiperfosforilação da tau e

a terapia antiamilóide, incluindo a imunoterapia da DA, são alguns exemplos das

múltiplas vertentes que estão actualmente em estudo para o tratamento da doença de

Alzheimer. Na tabela seguinte repreduzida de Roberson, (2006) estão referidos os

principais alvos terapêuticos actualmente em ensaio clínico, de acordo com a sua fase de

desenvolvimento.

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Fases de desenvolvimento dos alvos terapêuticos em estudo:

Fase III Inibidores da agregação Aβ

Antioxidantes

Moduladores da γ-secretase

Mimetizadores NGF

PPAR γ agonistas

Inibidores da HMG-CoA reductase (estatinas)

Fase II Ampaquinas

Bloqueadores dos canais de cálcio

Antagonistas dos receptores GABA

Inibidores da γ-secretase

Inibidores da glicogénio sintetase cinase

Imunoglobulina i.v.

Agonistas dos receptores muscarínicos

Novos inibidores das colinesterases

Moduladores dos receptores nicotínicos

Imunização passiva Aβ

Inibidores da fosfodiesterase

Antagonistas dos receptores da serotonina

Fase I Imunização activa Aβ

Terapia génica NGF

Tabela 1: Tratamentos em estudo para a DA. (Roberson, 2006)

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Segundo Christensen (2007), existem apenas 4 classes de fármacos anti-amilóide

com potencial modificador da doença e que chegaram à fase de ensaio clínico. São eles:

1) imunoterapias; 2) inibidores das secretases; 3) agentes que reduzem selectivamente a

Aβ-42; 4) Anti-agregantes Aβ. Existem no entanto muitos mais fármacos não

direccionados para amilóide que se incluem sob a designação de “Outros”.

Grupo farmacológico Nome do fármaco

1. Imunização activa anti-amiloide ACC-001

2. Imunização passiva anti-amiloide AAB-001

Imunoglobulina intravenosa

3. Inibidores das secretases-γ LY450139

4. Agentes que diminuem selectivamente a Aβ-42

Tarenflurbil

(MPC-7869)

5. Inibidores da agregação Aβ NC-531

6. Outros Nitroflurbiprofeno

Atorvastatina

Acetato de Leuprolide (VP4896)

Tabela 2: Grupos de fármacos em estudo, com potencial modificador da doença

(Christensen, 2007).

Terapêuticas anti-amilóide:

As terapêuticas amilóides têm como pressuposto teórico a hipótese da cascata da

amilóide. Os fármacos com propriedades amilóides, ainda em estudo, correspondem às

quatro classes definidas por Christensen como modificadoras da evolução da doença.

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1) Imunoterapia:

A imunização activa e passiva tem como pressuposto, o aumento da remoção da

amilóide por via da fagocitose e/ou do efluxo da Aβ a partir do cérebro (Gelinas, 2004).

No primeiro estudo de fase I realizado com 20 voluntários portadores de DA, em

que foi administrado NA 1792, correspondendente a agregados de Aβ-42 com o

adjuvante QS-21, verificou-se o potencial imunogénico do composto bem como, um

atraso nos défices cognitivos, melhoria do comportamento e da memória, acrescido a

uma boa tolerância (Janus, 2000). No seguimento do estudo foi iniciada uma fase IIA

nos EUA e na Europa, para determinar a segurança, a tolerância e a eficácia da

imunoterapia com β-amilóide, no tratamento da doença. Trezentos e setenta e dois

pacientes portadores de DA leve ou moderada foram randomizados para receber

múltiplas doses intramusculares do composto NA 1792 ou placebo, numa razão de 4:1,

no início do estudo e após um, três, seis, nove e 12 meses. Todavia os estudos foram

interrompidos em 2002, em função da ocorrência de meningoencefalite auto-imune,

numa percentagem significativa (6%) dos 298 voluntários tratados com a vacina, em

comparação com nenhum caso dessa complicação inflamatória entre os 74 indivíduos

do grupo controle (Check, 2002). Após a constatação do quarto caso de

meningoencefalite e da suspensão do uso do fármaco, o seguimento dos pacientes

(duplamente - cego) foi mantido. Doze dos 18 pacientes tratados com o composto NA

1792 e que apresentaram meningoencefalite recuperaram após algumas semanas,

enquanto seis desenvolveram sequelas neurológicas nos 6 a 12 meses subsequentes,

quatro dos quais com desfecho letal. Em três dos quatro pacientes autopsiados, foram

observadas reduções substanciais dos depósitos de β-amilóide em tecidos cerebrais,

permitindo admitir preliminarmente, a eficácia da imunoterapia na reversão da patologia

relacionada com a β-amilóide na DA (Orgogozo et al., 2003). Os resultados dos testes

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laboratoriais desse estudo revelaram que apenas 20% dos pacientes imunizados

apresentaram resposta imunológica positiva (definida por títulos de anticorpos anti-β-

amilóide acima de 1:2.200). Nesses indivíduos, observou-se redução das concentrações

de proteína tau no LCR, porém sem diferenças em relação aos controlos quanto aos

títulos de Aβ-42 no líquor. Os parâmetros neuropsicológicos primários também não

foram significativamente diferentes entre os pacientes que responderam e os controlos.

É ainda de acentuar que, nos estudos com volumetria por ressonância magnética,

realizados após 12 meses do início do tratamento, observou-se atrofia hipocampal e

alargamento ventricular significativamente maiores nos pacientes que deram resposta à

imunoterapia com β-amilóide. Os autores argumentaram que a perda acelerada de

volume cerebral poderia dever-se à remoção dos depósitos de β-amilóide, que

ocupariam uma porção considerável do volume hipocampal, e que a dilatação

ventricular mais intensa poderia ser decorrente de leve hidrocefalia, associada a

mecanismos inflamatórios (Fox et al., 2004).

A primeira análise de neuropatologia cerebral humana após a imunização com β-

amilóide foi publicada por Nicoll et al., 2003. O autor seguiu uma doente de 72 anos,

com diagnóstico provável de DA e cuja resposta terapêutica à rivastigmina não era

satisfatória. Após receber diversas doses e oito semanas depois do início do tratamento,

constatou-se deterioração cognitiva e outros sintomas como, sonolência, tonturas, febre

e marcha instável. Veio a falecer 20 meses após a primeira e 12 meses após a última

dose, por embolia pulmonar. Analisados os dados neuropatológicos cerebrais desta

paciente e comparando com casos de DA não-imunizados, foram relevantes os seguintes

factos:

1) existência de pequena concentração de placas de β-amilóide em áreas

extensas do neocórtex;

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2) as áreas corticais, isentas de depósitos de placas de β-amilóide, continham

densidades de tranças neurofibrilhares e angiopatia cerebral amilóide semelhantes a

pacientes com DA não-imunizados, mas ausência de placas associadas à distrofia

neurítica e aglomerados de astrócitos;

3) em algumas regiões de depósitos de placas, a imunorreactividade à β-amilóide

foi associada à micróglia;

4) estava presente meningoencefalite linfocítica T;

5) infiltração por macrófagos da substância branca cerebral.

Os três primeiros factos sugerem que, a resposta imune contra o peptídeo,

iniciou a remoção de placas de β-amilóide nesta paciente. A meningoencefalite

linfocítica T corresponde provavelmente ao efeito colateral, observado também em

alguns pacientes que receberam NA 1792 (Nicoll et al., 2003). Esse processo

inflamatório tem sido descrito como uma meningoencefalite asséptica e, apesar da causa

exacta ainda não ter sido estabelecida, é provável que se deva sobretudo a mecanismos

celulares, uma vez que tanto os pacientes afectados como os não afectados tinham

títulos altos de anticorpo anti-β-amilóide, e o próprio exame neuropatológico descrito

anteriormente evidenciou meningoencefalite com células T (White e Hawke, 2003).

Actualmente é consensual que com o envelhecimento, há uma tendência geral,

para a diminuição da resposta imune, no entanto, demonstrou-se um aumento selectivo

dos níveis basais de células T reactivas a células Aβ em indivíduos idosos, independente

da presença de demência (Monsonego et al., 2003). Apesar da causa ser desconhecida,

levantou-se a hipótese de que, alguns desses indivíduos idosos cognitivamente

preservados pudessem ter depósitos de β-amilóide cerebrais, uma vez que as alterações

da DA parecem iniciar-se muitos anos antes do início da sintomatologia e que esta

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mudança nas células T, fosse uma resposta à agregação de β-amilóide (White e Hawke,

2003).

Com o intuito de avaliar a capacidade de induzir resposta mediada por

anticorpos altamente específicos, em dose única, controlado por placebo durante 12

meses, em 70 doentes com doença leve a moderada, os laboratórios farmacêuticos

Élan/Wyeth, responsáveis pelo desenvolvimento da imunoterapia com o NA 1792,

iniciaram recentemente um estudo de fase I, com o imunoconjugado ACC-001

(Christensen, 2007). Além deste estudo iniciaram também um outro, com base na

imunização passiva, na qual se administra um anticorpo monoclonal anti-β-amilóide

(AAB-001), em doentes com Alzheimer ligeiro a moderado. Este estudo está desenhado

para avaliar a segurança, tolerância e aplicações clínicas. Está em curso,

simultaneamente, um estudo de neuroimagem, para avaliar as variações a nível das

placas de amilóide. A vacinação de doentes de Alzheimer com o peptídeo Aβ42, mesmo

na presença de uma resposta Th1 adjuvante, induziu títulos de anticorpos numa menor

percentagem, (< 20% de respostas) do que aqueles que receberam a vacina NA 1792.

Para melhorar a imunogenicidade e diminuir a probabilidade de induzir reacções

adversas T específicas para a Aβ 42, testaram previamente em ratos selvagens, uma

abordagem alternativa à imunização activa: uma vacina que active selectivamente a

resposta para células B, contra um epitopo da Aβ, na ausência de resposta anti-Aβ

mediada por células T. Num estudo desenvolvido por Petrushina et al. (2007) está

descrita uma segunda geração de epitopos de vacinas composta por duas cópias Aβ (1-

11) fundidas com o epitopo das células T, PADRE (pan Human Leucocyte antigen DR-

binding peptide) que elimina completamente as respostas das células T e induz soluções

imunes humorais no PPA de ratos transgénicos. Os ratos foram divididos em 3 grupos

com base nos títulos de anticorpo anti- Aβ (1-11), em resposta baixa, moderada e

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elevada e, pela primeira vez, reportaram uma correlação positiva entre a concentração

de anticorpos anti-Aβ (1-11) e a redução de placas cerebrais insolúveis de Aβ. A menor

deposição de Aβ insolúvel não foi associada com efeitos adversos, infiltração

linfocitária T ou macrofágica, ou microhemorragias. Com alguma surpresa, a vacinação

não alterou os níveis de Aβ solúvel; pelo contrário foram estabelecidos firmemente, a

imunização precoce protectora antes da neuropatologia substancial, a perda neuronal e

os défices cognitivos, como sendo mais benéficos e seguros em potenciais doentes, em

especial se forem identificados numa fase pré-clínica, com o desenvolvimento de

biomarcadores da DA.

Foi recentemente demonstrada, a eficácia potencial de outra forma de

imunização passiva, num estudo com duração de 6 meses, em 8 doentes portadores da

forma ligeira da doença, pela administração de imunoglobulina intravenosa. O resultado

foi a elevação transitória dos níveis plasmáticos de Aβ e redução da concentração da

mesma no LCR, sugerindo a formação de anticorpos anti-amiloide inespecíficos (Relkin

et al., 2005).

Em 2006, Yoshio Okura et al. desenvolveram uma vacina não viral de DNA Aβ

contra a doença de Alzheimer, que demonstrou efeitos satisfatórios na redução da Aβ

em modelos animais. Com os protocolos profilácticos e terapêuticos, o tratamento com

IgL-Aβ e Aβ-Fc reduzem as placas em 40 a 50%, embora a última seja mais eficaz que

a anterior. Notar ainda que os ratos, sacrificados aos 18 meses, receberam vacinas de

DNA, apenas durante os últimos 6 meses. Estes factos sugerem que uma vacinação de

curta duração é suficiente para a redução das placas, por ter ficado demonstrado que

50% da redução das placas resultou em recuperação total do distúrbio cognitivo (Janus,

2000); os efeitos supressores das vacinas de DNA, demonstrados neste estudo foram

satisfatórios. Além disso, foi relatado que a imunoterapia Aβ reduz não só as placas

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extra-celulares, como a acumulação intracelular Aβ e, mais notável, leva à depuração de

Tau. Após vacinação, foi detectada elevação leve a moderada dos anticorpos anti-

amilóide. A subida moderada dos títulos de anticorpos induzidos pelas vacinas de DNA,

pode reduzir os depósitos de amilóide, provavelmente porque a vacinação de DNA

induz de modo constante a produção de anticorpos em baixo título, durante um longo

período de tempo. Assim, a manutenção de títulos elevados de anticorpos não é

necessária para o tratamento eficaz com as vacinas de DNA.

Em suma, demonstrou-se que as vacinas de Aβ são eficazes e seguras na redução

da deposição de amilóide em modelos animais e por isso, promissoras como terapia

imunológica na DA.

2) Inibidores das secretases:

As duas principais enzimas alvo nesta estratégia, são a β-secretase (BACE-1) e a

γ-secretase. Os inibidores destas secretases bloqueiam a acção de enzimas proteolíticas

envolvidas na clivagem da proteína precursora da amilóide (PPA), reduzindo assim a

formação da β-amilóide. A clonagem do gene da beta-secretase acelerou a pesquisa de

agentes que pudessem inibir a sua actividade, estando em curso estudos de potenciais

inibidores da γ-secretase que, até agora, revelaram bons perfis de segurança com

redução dos níveis séricos de beta-amiloide.

Siemers et al. (2004) desenvolveram um estudo de fase I, controlado por

placebo, para o tratamento com o inibidor da γ-secretase LY450139A (análogo das

BZDs) em 37 adultos saudáveis durante 14 dias. Os voluntários não apresentaram

efeitos adversos de relevo durante o estudo, e o tratamento resultou em redução

(dependente da dose) dos níveis plasmáticos de β-amilóide, mas não no LCR (Siemers,

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2004). Contudo, o potencial aumento de dose está limitado, face à não-selectividade

deste composto, podendo mesmo ocasionar efeitos em tecidos gastrointestinais e

linfóides.

Foi já identificado um número considerável de compostos que inibem a

actividade da γ-secretase cerebral, todavia a γ-secretase tem muitos substratos

biológicos essenciais, o que torna complexa a sua utilização selectiva para a redução da

Aβ (Pollack et al., 2005). Um exemplo de substrato fisiologicamente importante é a

proteína sinalizadora de entalhe (Notch), que é um intermediário na diferenciação e

proliferação de células embrionárias, células T, células gastrointestinais “goblet” e

células B esplénicas. Neste sentido verificou-se que a administração de um inibidor da

γ-secretase a ratos transgénicos, em doses suficientes para reduzir as concentrações de

Aβ, interferia com a diferenciação linfocitária e alterava a estrutura das células

intestinais “goblet”. Além disso observou-se neuroplasticidade hipocampal (Wang, et

al., 2004), neurodegeneração e comprometimento da memória em ratos adultos criados

para serem deficientes para a proteína de entalhe. Daqui se concluí, que a segurança é

um factor da maior relevância, quando se trata de compostos que não inibem

selectivamente a γ-secretase.

Estão a ser avaliadas novas abordagens para o desenho de fármacos inibidores

da γ-secretase, que reduzam selectivamente a clivagem da PPA. Em oposição à

estratégia padrão de inibição das proteases por bloqueio dos seus locais activos, está em

estudo uma nova proposta no sentido de bloquear o local de ligação da protease no

substrato (PPA) (Wolfe, 2006). O bloqueio deste local inibe a clivagem do PPA, mas

não o “Notch”. Outra abordagem consiste em modular, em vez de inibir a actividade da

γ-secretase. Para além do local γ, a γ-secretase também induz a clivagem no terminal C-

no local ε, crítico para a sinalização própria do “Notch”. Por fim, mesmo no local γ, a

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PPA pode ser clivada em diferentes posições, criando peptídeos de 40 ou 42 a.a.,

encontrando-se em estudo de fase III alguns AINEs que modulam alostericamente a γ-

secretase, para favorecer a produção de Aβ 40 sobre a Aβ42 (que se sabe ser mais

tóxica).

Em doentes com DA esporádico, a actividade enzimática da BACE-1 está

aumentada, e correlaciona-se directamente com a quantidade de Aβ depositada (Li et

al., 2004). Por outro lado, ratos deficientes em BACE-1 são saudáveis e a sua produção

de Aβ está praticamente abolida (Luo et al.,2002). Estes dados acrescidos ao

conhecimento de que a β-secretase, é a 1ª enzima da via amiloidogénica a clivar a PPA,

torna-a num alvo terapêutico, para a inibição da produção de β-amiloide. Esta apresenta

menos substratos conhecidos relativamente à γ-secretase, um fenótipo mais benigno,

(Ohno, 2007) sugerindo que os inibidores da β-secretase possam ser mais seguros que

os inibidores da γ-secretase. Contudo por razões estruturais, tem sido mais difícil o

desenho de pequenas moléculas inibidoras da β-secretase do que da γ-secretase.

Na via não amiloidogénica, a PPA é clivada no domínio Aβ pela α-secretase.

Esta clivagem proteolítica, previne a deposição de Aβ e resulta na libertação de um

ectodomínio solúvel, o sPPAα que tem efeitos neuroprotectores. Em circunstâncias

normais, a maioria da PPA é clivada pela α-secretase, e um processamento mínimo pela

β-secretase. Como a α e a β-secretases competem pelo mesmo substrato, um aumento

na produção de Aβ correlaciona-se com uma diminuição de sPPAα e vice-versa

(Caccamo et al., 2006). Dito isto, é fácil compreender que a estimulação da clivagem do

domínio intracelular da PPA pela α-secretase, poderá ser benéfica no tratamento da DA

(Galvan et al., 2006).

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3) Agentes que reduzem selectivamente a Aβ42 (SALAs):

Uma vantagem importante desta classe de fármacos em relação aos anteriores é

a falta de interferência com a “Notch” e outros substratos da γ-secretase (Weggen et al.,

2003). O Tarenflurbil foi o primeiro agente desta nova classe de fármacos que modula a

actividade da γ-secretase (SALAs). Este fármaco liga-se a outro local, que não o centro

activo ou catalítico de relevância para a produção de Aβ 42, alterando deste modo a

conformação da γ-secretase e mudando a produção para longe da Aβ42, enquanto evita

a interferência com outros substratos fisiologicamente essenciais à enzima. O

Tarenflurbil (MPC-7869; Myriad Pharmaceuticals), que é o R-enantiómero puro do

flurbiprofeno, altera a clivagem da PPA da Aβ42, produzindo fragmentos menores, não

tóxicos (ex:Aβ38) (Beher, 2004). Em contraste com o S-flurbiprofeno, ou outros

AINEs, o tarenflurbil não inibe a COX I ou a COX-II e não está associado com

toxicidade gastrointestinal. A administração de tarenflurbil a ratos transgénicos reduz a

deposição de placas de amilóide e previne a deterioração cognitivo-comportamental

(Golde et al., 2004).

Os dados de um estudo acerca da farmacocinética do tarenflurbil em 36

voluntários idosos, mostraram que este era tão bem tolerado como o placebo, sem

evidência de toxicidade GI ou renal (Galasko et al., 2007). Num estudo de fase 2, em

doentes com Alzheimer leve a moderada, foi-lhes administrado Tarenflurbil 400mg, ou

800 mg ou placebo, durante 12 meses, observando-se um benefício significativo em

AVDs e função global; havia, além disso, uma concentração plasmática significativa do

fármaco. Para doentes com DA ligeira, que atingiram concentrações superiores a

75µg/ml (i.e., geralmente o grupo que tomava 800 mg 2i.d.), a taxa de deterioração em

AVDs e função global foram reduzidas em 62 % e 51% respectivamente. Neste estudo,

não se observou nenhum benefício em pacientes com doença moderada, verificando-se

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que o Tarenflurbil era muito bem tolerado e que as interrupções devido a efeitos

adversos, foram idênticas em todos os grupos. Os efeitos adversos encontrados com

maior frequência em grupos tratados, comparativamente ao placebo incluem: eosinofilia

transitória, anemia moderada, elevação da pressão arterial, infecção do tracto

respiratório inferior, exantema, incontinência urinária e eventos psiquiátricos, sendo

que, os dois últimos efeitos adversos foram observados com menos frequência que no

placebo. Aos 6 meses de um seguimento progressivo de 12 meses, os doentes

originalmente tratados com tarenflurbil, 800 mg 2i.d., melhoraram em 33% a cognição e

reduziram a taxa de declíneo funcional global. Está em curso a fase 3 do estudo

desenhado para avaliar a eficácia do tarenflurbil, 800mg 2i.d., em doentes com DA

ligeira.

4) Anti-Agregantes Aβ:

Estão actualmente em ensaio clínico, diversos agentes anti-agregantes da

amilóide, cujos mecanismos de acção variam, e não estão ainda completamente

esclarecidos, mas acredita-se que possam prevenir a formação de fibrilhas e facilitar a

depuração de amilóide β solúvel. Os glicosaminoglicanos (GAG) ligam-se à Aβ solúvel,

facilitando a formação de fibrilhas e deposição de placas de amilóide. Os mimetizadores

do GAG competem pelo local de ligação GAG, bloqueando a formação de fibrihlas e

reduzindo a Aβ solúvel (Geerts, 2004). O tamiprosato é uma pequena molécula idêntica

aos GAG, que reduziu o depósito de placas e diminuiu as concentrações de Aβ no LCR

em ratos transgénicos (Geerts, 2004), mas induziu melhoria no âmbito cognitivo-

comportamental. Não se constataram efeitos adversos, durante a avaliação

farmacocinética em adultos saudáveis, pelo que se concluiu que o tamiprosato era bem

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tolerado. Um estudo de fase 2 foi conduzido subsequentemente em 58 doentes com

Alzheimer ligeiro a moderado, que tomaram tamiprosato 50, 100, 150 mg 2 i.d. ou

placebo. Os doentes que completaram o estudo, foram selecionados para receber 150

mg 2i.d. durante 21 meses. As concentrações basais de Aβ42 no LCR diminuiram 70%

depois de 3 meses, para doentes que tomaram 100 ou 150 mg 2 i.d., mas não havia

diferenças na função cognitiva entre os grupos do tamiprosato e o placebo. Estão

actualmente em curso estudos de fase 3 para o tamiprosato.

O NC-531 é um fármaco patenteado pela indústria norte-americana Neurochem,

Inc., sob a marca Alzhemed®, que tem como mecanismo de acção a inibição da

fibrilhogénese e a remoção das formas solúveis de β-amilóide, prevenindo assim a sua

deposição em tecidos cerebrais e os eventos subsequentes da cascata da amilóide. Este

fármaco corresponde a uma molécula orgânica de baixo peso molecular, que impede a

interacção entre os glicosaminoglicanos e o peptídeo β-amilóide. (Huang et al., 2000).

Os resultados de um primeiro estudo duplamente cego com o Alzhemed® indicaram

que, o fármaco é bem tolerado em todas as doses, e a sua administração proporcionou a

redução dos títulos de β-amilóide no LCR (Geerts, 2004). Em estudos clínicos de fase

III, que estão em curso, pacientes com DA tratados com Alzhemed® ou placebo serão

seguidos por 18 meses, para determinar a sua eficácia em doentes com alterações

comportamentais leves a moderadas, sendo determinados também os parâmetros

neuropsicológicos e de neuroimagem.

A Colostrinina é um complexo polipeptídico rico em prolina, derivada do

colostrum de ovelha (O-CLN; ReGen Therapeutics). A colostrinina inibe a agregação

Aβ e a neurotoxicidade em ensaios celulares e melhora a “performance” cognitiva em

animais de laboratório (Rattray, 2005). A colostrinina demonstrou boa tolerância num

estudo de fase 1, em doentes que receberam doses de 100 a 200 µg diários (Rattray,

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2005). Os dados dos estudos de fase 2, depois de um tratamento durante 12 a 16 meses,

mostraram melhorias discretas em indivíduos com doença ligeira, no entanto este nível

de resposta não se manteve durante os 18 a 28 meses de tratamento continuado. Ainda

assim, os resultados do Mini Mental State Exam (MMSE) foram superiores nos doentes

com Alzheimer ligeiro, comparativamente aos portadores da forma moderada da doença

(Rattray, 2005).

A deposição da amilóide, também requer a sua ligação a metais pesados, como o

cobre ou o zinco. Existem evidências de que, as interacções entre o peptídeo β-amilóide

e o cobre, o ferro e o zinco estão associados à formação e maturação de placas senis, na

fisiopatologia da DA. Foram identificadas na DA, alterações da homeostase destes iões,

e o seu manuseio inadequado, facilita a deposição e agregação de partículas β-amilóide,

e a neurotoxicidade decorrente deste processo. Portanto, agentes quelantes de metais,

como o clioquinol (iodoclorohidroxiquina), um agente antiparasitário, oferecem

potencial terapêutico, como modificador da patogenia da DA. Este fármaco é um

quelante de cobre, ferro e zinco e representa uma abordagem com potencial terapêutico

na DA, pois promove a dissolução da β-amilóide e inibindo a sua deposição (Finefrock

et al., 2003). Em modelos animais tratados com clioquinol, foi observada redução na

deposição de β-amilóide em tecidos cerebrais (Nordberg, 2003) e um estudo clínico de

fase II demonstrou, em 36 indivíduos com DA moderada a grave, que o tratamento com

clioquinol, além de bem tolerado, proporcionou redução dos níveis plasmáticos de Aβ-

42 e elevação dos níveis de zinco, estando esses parâmetros associados a uma menor

taxa de deterioração cognitiva, do que aquela observada nos pacientes do grupo placebo

(Ritchie et al., 2003). Apesar de tudo, o clioquinol foi retirado do mercado há alguns

anos atrás, por provocar neuropatia mielo-óptica. Actualmente, investigam-se novos

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agentes quelantes, para reduzir a acumulação de amilóide e que colmatem esta

toxicidade.

5) Outros alvos terapêuticos não envolvendo a amilóide:

A acumulação de amilóide é consensualmente aceite como iniciadora do

processo patológico da doença, no entanto, com mais de 18 candidatos terapêuticos

baseados na amilóide, este alvo por si só, parece não ser suficiente para melhorar os

défices funcionais ao longo do curso da doença, sendo necessário investigar diferentes

alvos terapêuticos, que possam influenciar a evolução desta enfermidade. A tabela que

se segue integra os fármacos em desenvolvimento clínico, cujo mecanismo de acção

parece não envolver directamente a Aβ.

Tabela 3: Fármacos em desenvolvimento clínico na doença de Alzheimer não direcionados para a Aβ. (Adaptado de Guy et al., 2007)

Fármacos: Mecanismo de acção:

ABT-089 Colinérgico

AC-1202 (Ketasyn) Metabolismo da Glicose

AL-108 Microtúbulos

AQW051 Desconhecido

AVE-1625 Canabinóides

AZD-1080 Inibidor GSK

AZD-3480 (Isproniclina) Colinérgico

AZD-3480 Colinérgico

BF2649 Histamina

CX-717 Glutamato

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Dimebon Glutamato/Colinérgico

EHT-0202 Anti-inflamatório

EVT-101 Glutamato

FGL-L Mimético NCAM

GT-1061 Mimético NO

GTS-21 Colinérgico

GW189254, 239512, Histamina

HF0220 Anti-inflamatório

HT-0712 Anti-inflamatório

JNJ-17216498 Histamina

Ladostigil Colinérgico/MAO

Lecozotan 5-HT

Leuprolide Ciclo Celular

LX6171 Desconhecido

MEM-1003 Canal de cálcio

MEM-3454 Colinérgico

NGX-267 Colinérgico

NP-031112 Inibidor GSK

PRX-03140 5-HT

PRX-07034/37 5-HT

PYM-50028 Neurotrófico

Rosiglitazona PPAR

SAM315 5-HT

SAM531 Desconhecido

SGS-518 5-HT

SGS-742 GABA

SR180711 Colinérgico

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AINEs:

Os fenómenos inflamatórios ocorrem secundariamente ao longo da maturação e

na periferia das placas senis, como parte da cascata da β-amilóide. Ocorre acumulação

de células microgliais ao redor das placas, reacções de fase aguda mediadas por

citocinas locais e activação da cascata do complemento.

Evidências epidemiológicas e experimentais sugeriram que, a utilização

prolongada de anti-inflamatórios não-esteróides estaria associada a uma redução de

incidência da doença, não afectando o risco de demência vascular (Veld et al., 1998;

2001). Contudo, as altas doses requeridas para a redução dos níveis de Aβ42 em

modelos animais e os efeitos adversos da utilização prolongada destes fármacos,

condicionam a sua utilização na população geriátrica. Esse benefício seria restrito aos

consumidores crónicos desses medicamentos, tais como os doentes com patologias

reumáticas e ortopédicas pois, de outra forma, esse suposto efeito neuroprotector, seria

suplantado pelos riscos da exposição contínua aos anti-inflamatórios.

Estudos em ratos transgénicos sugeriram que, a indometacina e o ibuprofeno

podem reduzir a formação de β-amilóide (Lim et al., 2001). Desse modo, é aceitável

supor, que os anti-inflamatórios possam também exercer efeito neuroprotector,

modificando a patogénese e, o risco de DA. Essa indicação foi revista com o advento

SR-57667 (Paliprodeno) Neurotrófico

SRA444 5-HT

SYN-114 5-HT

T-817 Neurotrófico

VP-025 Anti-inflamatório

Xaliprodeno Neurotrófico

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dos anti-inflamatórios inibidores selecivos da ciclo-oxigenase 2 (COX-2), dado o menor

risco de complicações gastrintestinais e renais. Contudo, um ensaio clínico

multicêntrico randomizado e controlado com placebo demonstrou, recentemente, que

rofecoxib, o naproxeno, ou o diclofenac, em doses baixas, não protegeram os pacientes

contra a progressão da demência, em doentes com Alzheimer leve a moderada (Aisen et

al., 2003). Outros estudos de metanálise concluíram que, não há evidência da eficácia

dos AINEs na DA (Tabet e Feldmand, 2003).

O Nitroflurbiprofeno (HCT-1026; NicOx) é um derivado nitrado do

flurbiprofeno, que parece melhorar a função cognitiva. Em Humanos, penetra na BHE e

reduz a taxa de úlceras gastrointestinais em 60 a 80%, comparativamente com o

flurbiprofeno (Fiorucci, 2003). O nitroflurbiprofeno está actualmente a ser avaliado num

estudo de fase 2.

Estatinas:

Existe uma relação entre o metabolismo e transporte do colesterol e a Aβ,

estando o excesso de colesterol cerebral, associado ao aumento da formação e deposição

de Aβ. O mecanismo pelo qual as estatinas exercem este papel protector, não é

completamente conhecido, mas aceita-se poder estar relacionado com a redução do

colesterol sérico e/ou propriedades anti-inflamatórias (Sparks, 2005). Por outro lado, as

estatinas, inibidores da HMG-CoA redutase, potenciam a actividade da α-secretase, pela

inibição da proteína cinase associada a Rho (i.e., ROCK1), uma enzima que modula a

actividade da enzima (Pedrini, 2005).

A utilidade das estatinas ainda está a ser investigada, no entanto já se

demonstrou uma interdependência entre o metabolismo do colesterol, o genótipo da

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apolipoproteína E, e a via metabólica da β-amilóide, com implicações sobre a patogenia

da DA (Evans et al., 2004). Alguns estudos clínicos sugeriram, menor risco desta

afecção, em indivíduos que utilizam estatinas com a finalidade de reduzir os seus níveis

séricos de colesterol. Apesar desses resultados preliminares lançarem questões

pertinentes, acerca da utilização de estatinas como medida preventiva para a DA,

estudos epidemiológicos recentes, conduzidos com rigor metodológico, descartaram

essa associação, justificando os achados positivos com base em artefactos das análises

estatísticas anteriores (Li et al., 2004).

Num estudo piloto recente de DA leve a moderada, havia indícios de benefícios

globais, cognitivos e comportamentais, pelo tratamento com atorvastatina durante 12

meses. Decorrem ainda ensaios clínicos com a atorvastatina e a sinvastatina. Num

estudo de fase 2 com a atorvastatina, 63 individuos com DA ligeira a moderada foram

randomizados para placebo, ou 80 mg de atorvastatina diariamente, e seguidos durante 1

ano. O tratamento com atorvastatina foi associado a uma diminuição da taxa de declíneo

cognitivo, comparativamente aos doentes em placebo. Os autores concluíram então, que

a terapêutica com estatinas, pode diminuir o progresso da deterioração cognitiva em

doentes com formas da doença ligeira a moderada (Sparks, 2005).

Factores de crescimento:

Como já foi referido a DA é uma doença neurodegenerativa e como tal, parece

haver interesse na suplementação com factores neurotróficos, para a melhoria da função

e estabilização sináptica. Os neurónios dos núcleos colinérgicos do prosencéfalo basal,

são sensíveis à acção do factor de crescimento neuronal (NGF). A nível experimental, a

administração intraventricular de NGF, em três pacientes com DA, resultou em

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melhoria nos padrões de fluxo cerebral sanguíneo e metabolismo da glicose, além do

aumento dependente da dose, da taxa de ocupação de receptores nicotínicos,

quantificados pela tomografia por emissão de positrões (PET). Contudo, alguns efeitos

colaterais importantes, tais como perda de peso e dores intensas, foram responsáveis

pela interrupção do estudo e impediram a demonstração e validação de ganhos

cognitivos bem definidos (Nordberg, 2003).

A cerebrolisina (FPF-1070) é um preparado de aminoácidos e peptídeos,

derivados de proteínas de cérebro porcino purificado. Este composto parece exibir

actividade neurotrófica semelhante ao factor de crescimento neuronal, (Satou, et al,

2000) e pode desempenhar um papel na preservação de neurónios colinérgicos (Akai,

1998). Num modelo da DA em ratos transgénicos, a administração de Cerebrolisina®

reduziu o tamanho das placas de amilóide, possivelmente pela regulação da maturação

da PPA e diminuição do transporte para locais de produção da proteína Aβ

(Rockenstein, 2006). Existem alguns relatos de eficácia em ensaios clínicos

randomizados, realizados em doentes de Alzheimer, onde a administração de

Cerebrolisina i.v. demonstrou melhorias na cognição e desempenho global das AVDs

(Panisset et al., 2002). Apesar da Cerebrolisina parecer bem tolerada, está ainda em

investigação para avaliar se possuí eficácia e segurança suficientes para aprovação.

Por outro lado, alguns autores consideram que a utilização do factor de

crescimento G-CSF, como estratégia terapêutica no tratamento de Alzheimer, parece

bastante promissora, sendo equivalente em eficácia, à imunoterapia. Alguns dados

apontam mesmo, para um efeito de longa acção, sobretudo no que concerne à função da

memória, podendo eventualmente, ser associado a fármacos actuais.

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Antioxidantes:

Com o envelhecimento, o stress oxidativo danifica a função celular e precede os

marcadores patológicos, na doença de Alzheimer (Ringman et al., 2005). Neste sentido,

colocou-se a hipótese, dos antioxidantes terem potencial na terapia de redução dos

danos induzidos pelos radicais livres, provenientes do aumento do stress oxidativo. O

alfa-tocoferol (vitamina E) é o principal anti-oxidante, actualmente em investigação,

mas outros como a coenzima Q10 e a Curcumarina também são alvo de estudo.

Considerando que o stress oxidativo contribui para a fisiopatolofia da DA, realizou-se

um estudo com administração diária de 2000 UI de vitamina E, a doentes com DA

moderada a severa. (Grundman, 2000) Constatou-se, então, que havia um atraso

significativo do tempo decorrido até à institucionalização, da perda da capacidade para

AVDs ou demência grave. Por outro lado, um estudo recente em que, por um período de

3 anos, se administrou Vitamina E a indivíduos com alterações moderadas do

comportamento, não revelou qualquer melhoria do quadro cognitivo. Após uma meta-

análise em que se demonstrou haver uma maior frequência de alterações da função

cardíaca associado a um aumento da mortalidade após a administração doses altas de

Vitamina E, esta perdeu o seu potencial como estratégia terapêutica.

Permanecem ainda em estudo de fase 1 e 2 respectivamente a Coenzima Q10 e a

Curcumina, que pareciam atrasar a DA em estudos preliminares pelas suas propriedades

anti-oxidantes (Ringman et al 2005).

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Ginkgo-biloba:

O extracto de Ginkgo-biloba é muito utilizado em todo o mundo, para o combate

à perda de memória em indivíduos idosos, no entanto, os seus efeitos não estão

comprovados. O extrato de Ginkgo-biloba, EGb761, contém glicosídeos de

ginkgoflavonas e terpenóides, cuja acção combinada promove o aumento do suprimento

sanguíneo cerebral, por vasodilatação e redução da viscosidade sanguínea, e reduz a

densidade de radicais livres de oxigénio nos tecidos nervosos (Luo, 2001). O EGb761

parece exercer uma acção preventiva, sobre a neurotoxicidade da β-amilóide, além de

inibir as vias apoptóticas e proteger os tecidos nervosos contra a lesão oxidativa (Luo et

al., 2002). Os seus efeitos foram também avaliados a nível da cognição normal em

adultos jovens e idosos, constatando-se uma melhoria subjectiva da memória por parte

dos indivíduos, objectivada pelo aumento na velocidade de processamento cognitivo

(Mix e Crews, 2002). Contudo, os estudos clínicos em pacientes com DA mostraram

dados incongruentes. Enquanto num estudo multicêntrico sugeriu que o tratamento com

EGb761 por 52 semanas, na dose de 120 mg ao dia, proporcionava benefícios modestos,

porém objectivamente detectáveis (Le Bars et al 2002), outro estudo de metanálise

(Birks et al., 2002) mostrou que existem benefícios em parâmetros cognitivos, de

actividades da vida diária e humor, com superioridade em relação ao placebo.

Entretanto, outros ensaios clínicos apresentaram resultados inconsistentes, questionando

a indicação da EGb761, no tratamento deste transtorno cognitivo (Birks et al., 2002).

Encontram-se em desenvolvimento alguns estudos multicêntricos internacionais, para

avaliar o efeito do EGb761 na prevenção desta demência.

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Actuação nas vias de sinalização celular e formação de neurofibrilhas:

Inibidores das CINASES ACTIVADAS PELO Stress:

A estimulação das cinases activadas pelo stress [especialmente a cinase c Jun N-

terminal (JNK)] tem sido reconhecida como um evento precoce na degenerescêcia

neuronal associada à DA. A ocorrência de evidências in vitro, demonstrando que o

impedimento da activação da JNK inibe a deposição de amiloide beta, levou ao

desenvolvimento de compostos que bloqueiam a sinalização pela cinase activada pelo

stress. O CEP1347 está a ser investigado em ensaios clínicos para a doença de

Parkinson e é um candidato a agente de estudo em ensaios para a DA (Longo, 2004).

Inibidores da fosforilação da Tau:

Há evidências de que a cinase sintetase do glicogénio 3-β (GSK-β), fosforila a

proteína Tau, induzindo instabilidade nos microtúblos e disfunção neuronal. Neste

sentido os inibidores da GSK revelam interesse terapêutico na DA. O valproato e o lítio,

inibem ambos a GSK e têm sido propostos como tratamentos que possam melhorar e

modificar a DA (Longo, 2004). A cinase fosfatase 2A activadora do mitogéneo/ cinase

reactiva extracelular 1/2 (MAPK/ERK1/2) e a ciclina, dependente da cinase 5 (CdK5)

têm sido também implicadas na hiperfosforilação da tau e foram propostas como

potenciais alvos terapêuticos.

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3) Inibidores das caspases:

A morte celular programada ou apoptose é executada por uma série de caspases

ao longo de uma cascata proteolítica. Cada caspase funciona quer por activação das

subsequentes, quer por clivagem proteolitica e/ou por clivagem proteolítica de

substratos celulares. Níveis aumentados de apoptose e actividade de caspases são

frequentemente observadas em locais de dano celular, quer em doenças agudas (EAM,

sepsis, AVC), quer em doenças crónicas (DA, Doença de Parkinson, Doença de

Huntington). Assim, inibir a actividade das caspases para reduzir a morte celular e a

destruição tecidular, pode ser benéfico na DA. Muitos destes compostos demonstram

eficácia num grupo de modelos animais, permanecendo contudo indeterminada a sua

aplicação em Humanos (Cribbs et al., 2004).

Antibióticos:

Alguns estudos identificaram a Chlamydia pneumoniae, no cérebro de doentes

com DA e além disso, estudos in vitro revelaram que a rifampicina e a tetraciclina

tinham uma actividade anti-amiloidogénica. A rifampicina pode inibir a agregação Aβ e

a sua neurotoxicidade, através da recaptação de radicais livres, enquanto a tetraciclina é

antiagregante, pois parece capaz de dissociar agregados de amilóide in vitro, podendo

interferir na deposição de amilóide na DA (Loeb MB, et al, 2004).

Um estudo recente demonstrou que a administração de doxiciclina e rifampicina,

em pacientes com doença leve a moderada, pode ter um papel terapêutico. O

mecanismo de acção é desconhecido, bem como os potenciais efeitos adversos da sua

utilização prolongada, nesta população específica de doentes. São necessários mais

dados antes de se poder recomendar este tipo de terapêutica (Loeb MB, et al, 2004).

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Tratamento Hormonal:

A relação entre as hormonas e a DA tem sido alvo de muita pesquisa, com

destaque para os estrogénios, uma vez que estudos observacionais sugeriam que a

terapêutica hormonal de substiuição pudesse prevenir a doença de Alzheimer. Estudos

in vitro e em modelos animais, demonstraram que os estrogéneos interferiam nos

mecanismos de neuroprotecção, levantando a hipótese, de um eventual efeito da terapia

de reposição estrogénica na DA. Mediante a transdução de sinais a partir de diferentes

receptores da superfície neuronal, os estrogénios activam factores de crescimento,

promovendo a libertação de neurotransmissores e aumentando o fluxo sanguíneo

cerebral. Estudos experimentais, sugerem ainda, que o 17-β-estradiol pode atenuar a

neurotoxicidade, promovida pelo β-amilóide em modelos celulares (Green et al., 1996).

Estudos iniciais, em pequenos grupos de pacientes, levaram a admitir que a

reposição hormonal breve, podia exercer efeito benéfico sobre a cognição, tendo sido

refutados, pelos resultados de estudos mais alargados e randomizados em pacientes com

DA. (Henderson et al., 2000).

Para avaliar o potencial preventivo dos estrogénios sobre o risco de DA, foi

realizado um grande estudo prospectivo multicêntrico, com sete anos de duração, em

que o tratamento hormonal combinado, (estrogénio e medroxiprogesterona) foi

comparado com a reposição estrogénica isolada, respectivamente em 4.532 e 2.747

mulheres com idades entre 65 e 79 anos e que não apresentavam sinais de

comprometimento cognitivo. Os resultados foram categoricamente negativos, no que se

refere à suposta protecção dos estrogénios contra a DA: a reposição estrogénica simples

não diminuiu o risco de demência ou de transtorno cognitivo leve, e o tratamento

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combinado resultou em aumento do risco de ambas as condições (Shumaker et al,

2004).

Em paralelo com o predomínio da doença de Alzheimer no sexo feminino,

verificou-se que os níveis de LH estão aumentados de modo significativo em mulheres,

comparativamente aos homens, sendo ainda elevados nestes doentes. Além disso e

muito importante é o papel que a LH desempenha na modulação da cognição e do

comportamento (tem os níveis de receptores mais elevados no Hipocampo, o

processador chave da cognição, gravemente afectado na DA). Existem ainda dados

sugestivos de que a LH modula o processamento do PPA in vitro e in vivo, podendo

contribuir para a patologia da DA, através de um mecanismo dependente da amilóide.

De facto, a abolição da LH, mediante a utilização de um antagonista potente da

gonadotrofina, como o Leuprolide, melhorou o desempenho cognitivo relacionado com

o hipocampo e reduziu a deposição de Aβ em ratos transgénicos do PPA. Estes novos

dados promissores, suportam a importância da LH na DA e poderão acrescentar uma

nova alternativa terapêutica (Webber, 2007).

Dimebon:

O dimebon, um anti-histamínico não-selectivo, que foi estudado na Rússia como

possível arma terapêutica para a DA, com base em evidências in vitro de inibição

colinesterásica e antagonismo dos receptores NMDA; de facto a eficácia do Dimebon na

DA parece não ter relação com estas actividades, mas antes com um mecanismo único

envolvendo a estabilização da mitocôndria. O Dimebon foi avaliado para o tratamento

da forma leve a moderada DA, num estudo duplamente cego, com 183 doentes. Depois

de 26 semanas de tratamento com 20 mg de dimebon 3id, houve uma melhoria a nível

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cognitivo e comportamental, tendo sido bem tolerado. Relativamente a efeitos adversos,

relataram-se em 14% dos doentes, xerostomia e depressão, comparativamente ao grupo

placebo. Encontra-se actualmente em Fase III do seu estudo (Doody RS et al, 2008).

Canabinóides:

Recentemente, novos estudos estabeleceram a relação entre o sistema

endocanabinóide e a DA (Benito, 2003). Estes estudos demonstraram que, os

endocanabinóides possuem uma capacidade de neuroprotecção, contra a toxicidade do

peptídeo Aβ (Iuvone, 2004; Ramírez, 2005).

Evidências revelaram que, a AChE poderá actuar como um “chaperone”,

acelerando a formação de fibrilhas de amilóide e complexos estáveis com a Aβ, numa

regiγo conhecida como local de ligaηγo perifιrico (PAS) e neste sentido, diversos

estudos empenharam os seus esforços no desenvolvimento de um bloqueador alostérico

para esse local. Colocou-se então a hipótese de que o Δ9-THC (Δ9-tetrahidrocanabinol)

se pudesse ligar a esse PAS alostérico da AChE, com prevenção concomitante da

agregação Aβ. Demonstrou-se assim que, o composto activo da marijuana, o Δ9-

tetrahidrocanabinol (THC), inibe competitivamente a AchE, e além disso, liga-se ao

PAS da AChE, prevenindo a agregação do peptídeo Aβ. Em estudos de culturas

celulares in vitro, a Anandamida previniu a neurotoxicidade induzida pela Aβ através

dos receptores CB1, mediados pela activação da via da MAPK. Em culturas celulares de

microglia de rato, a estimulação dos receptores CB1 também inibe de modo dependente

da dose, a libertação de NO, que tem sido implicado nos efeitos neurotóxicos do

peptídeo Aβ. Em células PC12, também se observou protecção contra a neurotoxicidade

da Aβ, com o canabidiol, que não se liga aos receptores CB1/CB2 (Iuvone et al., 2004).

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Curiosamente o bloqueio do receptor CB1 pelo SR141716 melhorou o défice de

memória induzido pela administração de peptídeo Aβ em ratos, presumivelmente pelo

aumento dos níveis de acetilcolina no hipocampo. Contudo, análises a amostras do

tecido cerebral, obtidas de doentes de Alzheimer ou modelos animais de DA (Benito et

al., 2003) indicam que, os receptores CB1 não estão grandemente afectados. Em

contraste, os receptores CB2 e a FAAH estão sobre-expressados na micróglia, associada

a placas neuríticas no cérebro de doentes de Alzheimer (Benito et al., 2003). As placas

senis expressam receptores CB1 e CB2, bem como marcadores da activação microglial,

e neurónios CB1 positivos presentes em elevado número em casos controle, estão muito

reduzidos em áreas de activação microglial (Ramírez et al., 2005). Os níveis dos

receptores de CB1 e a proteina G estão marcadamente diminuídos nos cérebros de DA,

associado a aumento de adição de grupos nitrato nas proteínas dos receptores CB1 e

CB2 (Ramirez et al., 2005). A administração intraventricular de WIN 55,212-2 em ratos

preveniu a activação da micróglia, deterioração cognitiva e perda de marcadores

neuronais. HU-210, WIN 55,212-2 e JWH-133 bloqueiam a produção de Aβ, induzida

pela activação de células da micróglia em cultura, a julgar pela actividade mitocondrial,

a morfologia celular e a libertação de TNF-α, e estes efeitos eram independentes da

acção de antioxidantes dos ligandos. Além disso, os canabinóides anulam a

neurotoxicidade mediada pela micróglia, após a adição de Aβ às culturas de córtex de

rato (Ramirez et al., 2005). Com base nos dados actuais, pode-se colocar a hipótese de

que a deposição de Aβ possa induzir a libertação de endocanabinóides, a partir dos

neurónios e glia, que activam as vias neuroprotectoras dos CB1 e modulam a libertação

de mediadores inflamatórios na micróglia, através dos receptores CB2.

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Etanercept:

O etanercept é um inibidor TNF-α, aprovado pela FDA, actualmente muito

usado no tratamento da artrite reumatóide e outras doenças sistémicas associadas a

inflamação. O TNF-α é uma das citocinas sistémicas e imunomoduladoras, que

geralmente promovem reacções de fase aguda, mas podem conduzir a alterações

degenerativas, quando cronicamente elevadas. Esta citocina aumenta a expressão da IL-

1 que, por sua vez, aumenta a produção de percursores necessários à produção de placas

de amilóide, tranças neurofibrilares e corpos de Lewy. Dados mais recentes revelaram

que o TNF-α, um dos poucos gliotransmissores, tem efeitos estritamente agudos na

fisiologia sináptica sugerindo que, a manipulação desta citocina possa ter um impacto

importante em doenças caracterizadas pela activação glial, neuroinflamação mediada

pelas citocinas e disfunção sináptica. (Stellwagen et al., 2006) Num estudo de 6 meses,

com 15 doentes de Alzheimer, demonstrou-se uma melhoria rápida e sustentada na

função cognitiva dos doentes de Alzheimer, que foram tratados semanalmente com

etanercept, a administrado via periespinhal. (Tobinick, 2007). Além disso, um ganho de

função tão rápido, inspirou alguma especulação acerca do papel da gliotransmissão ou

outros eventos sinápticos, igualmente rápidos no impacto da neurofisiologia do TNF-α

no Alzheimer. Uma vez que, grandes moléculas como o etanercept têm dificuldade em

atravessarem a BHE por administração sistémica convencional, é provável que um

sistema de passagem mais directo, como é o periespinhal, também contribua para a

eficácia do tratamento. (Tobinick, 2007).

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ABT-089:

O ABT-089 [2-metill-3-(2-(S)-pirrolidinilmethoxi) sal de dihidrocloridrato de

piridina] é um modulador selectivo dos receptores nicotínicos (NNR), com

propriedades de melhoria da cognição em modelos animais, boa disponibilidade oral e

pouca propensão para efeitos adversos como ataxia, hipotermia, convulsões, efeitos

cardiovasculares ou gastrointestinais. Em ensaios funcionais o ABT-089 demonstra

actividades diferentes incluindo agonismo, agonismo parcial e antagonismo, dependente

do subtipo de receptor e do tipo de ensaio (Rueter, 2004). A estimulação da libertação

de Ach nas sinapses do hipocampo, é tão potente e eficaz quanto a nicotina, sendo

também neuroprotector contra os insultos provocados pelo glutamato excitotóxico,

sobretudo em tratamento crónico. O ABT-089 revelou melhoria da disfunção cognitiva

e funcional, observada na sequência de lesões septais e envelhecimento natural. Em

ensaios neuroprotectores o fármaco é mais potente em administração crónica. A juntar

aos efeitos positivos em modelos cognitivos, o ABT-089 mostra também pouca

propensão para induzir efeitos adversos. Sendo assim, o ABT-089 é um modulador dos

receptores nicotínicos, com potencial para tratamento da doença de Alzheimer (Rueter,

2004).

AC-1202 (Ketasyn):

Para além das características histopatológicas da DA já descritas anteriormente,

acresce ainda o hipometabolismo regional no cérebro, mais severo do que no

envelhecimento normal, com diminuição da metabolização cerebral da glucose, que

ocorre antes dos sintomas e da patologia se manifestarem e continua com a progressão

dos sintomas. Os corpos cetónicos constituem uma alternativa eficiente, para as células

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que não são capazes de metabolizar a glicose, de modo que foi desenhado um fármaco,

o AC-1202, com o intuito de elevar os níveis séricos dos corpos cetónicos em segurança

e verificou-se que melhorava efectivamente a cognição e memória em doentes com DA

ligeira a moderada. Estes dados sugerem que o AC-1202 pode ser eficaz no tratamento

da disfunção cognitiva, por fornecer um substrato alternativo para os neurónios que não

conseguem utilizar a glicose (Costantini, 2008).

NAP (AL-108):

A NAP é um pequeno fragmento activo de ADNP, proteina neuroprotectora

dependente da actividade, que fornece neuroprotecção em concentrações muito baixas.

Em culturas celulares, a NAP demonstrou protecção contra a toxicidade associada ao

peptídeo Aβ, NMDA, bloqueio eléctrico, a proteína envelope do vírus da SIDA,

dopamina, H2O2, fome e sobrecarga de zinco. A NAP também forneceu neuroprotecção

em modelos animais, de deficiência em ApoE, toxicidade colinérgica, traumatismo

craniano fechado, enfarte, ansiedade e disfunção cognitiva. Esta liga-se à tubulina e

facilita a junção de microtúbulos, reduzindo marcadamente a fosforilação da Tau e

levando a um aumento da sobrevida celular, que está associada com elementos do

citoesqueleto. Num estudo sobre o NAP, Ashur et al. (2003), revelaram que a NAP

inibe a agregação da Aβ, protegendo deste modo contra a sua neurotoxicidade. Alguns

ensaios de cromatografia líquida e espectrometria de massa, demonstraram que a NAP

atinge o cérebro, quer por administração intravenosa quer intranasal e realizados testes

toxicológicos, não foram encontrados efeitos adversos significativos, com

concentrações 500 vezes superiores à dose biológica activa. O NAP está actualmente

em estudo para potenciais indicações, inclusivamente na DA.

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GT 1061:

O NO (óxido nitrico) é um mensageiro multifuncional, que a nível cerebral tem

um papel muito relevante na aprendizagem, memória e na regulação da expressão de

factores tróficos, que tendem a diminuir com a idade. A activação da guanilciclase

solúvel e formação de cGMP no cérebro, representa um elemento da via

neuroprotectora mediada pelo NO, pelo que os miméticos do NO, podem desempenhar

uma actividade dependente ou independente de cGMP e actuar por múltiplas vias de

sinalização bioquímica, ambas para assegurar a sobrevivência dos neurónios sujeitos ao

stress e fornecer vias que possibilitam o conhecimento. Os dados actuais indicam que,

os fármacos que reproduzem o efeito do NO, podem ter um papel neuroprotector e

facilitador da cognição na terapêutica anti-neurodegenerativa. O GT1061 pertence a

uma família de novos nitratos que demonstraram propriedades neuroprotectoras,

melhorias na cognição e memória em modelos animais, e está actualmente em fase I de

investigação para a doença de Alzheimer. O protótipo desta família, o GT 715 parece

dissociar os efeitos neuromoduladores, dos efeitos sistémicos hipotensores dos nitratos,

os últimos limitando seriamente o uso terapêutico dos nitratos clássicos. (Thatcher,

2005)

TV3326:

O TV3326 (metil carbamato de N-propargil-(3R)-aminoindano-5-il-etil,) foi

desenhado com o intuito de combinar os efeitos neuroprotectores da rasagilina, um

inibidor selectivo da MAO-B, com a actividade inibitória da AchE da rivastigmina, uma

associação com potencial utilidade para a doença de Alzheimer. Um estudo

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desenvolvido por Weinstock et al (2001) revelou que uma injecção de TV3326, dada 5

minutos após um traumatismo craniano fechado em ratos, diminuiu significativamente o

edema cerebral e acelerou a recuperação da função motora e memória espacial. Efeito

semelhante ao trauma, pode ser obtido com a injecção de 1,5mg de estreptozotocina

(SZT), causando dano específico em neurónios mielinizados no fórnix e corpo caloso

acompanhado por microgliose. O tratamento oral crónico com TV3326, (75µmols/Kg)

reduziu quase por completo o dano neuronal e a microgliose, prevenindo a afecção da

memória.

Lecozotam:

Dados recentes sugerem que, o receptor da Serotonina 5-HT1A está envolvido no

processamento cognitivo. Um novo antagonista do receptor 5-HT1A, o 4-ciano-N-{2R-

[4-(2,3-dihidrobenzo[1,4]-dioxin-5-yl)-piperazin-1-il]-propil}-N-piridin-2-il-benzamide

HCl, o lecozotam, tem sido identificado em múltiplos ensaios farmacológicos in vitro e

in vivo, como um fármaco para o tratamento da disfunção cognitiva. A determinação da

ligação e actividade intrínseca in vitro, demonstraram que o Lecozotam é um

antagonista potente e selectivo do receptor da 5-HT1A. Por outro lado, utilizando

microdiálise in vivo o lecozotam (0,3 mg/Kg s.c.) antagonizou, no hipocampo, a

diminuição extracelular da 5-HT induzida por uma dose provocativa de 0,3 mg/Kg s.c.

de 8-hidroxi-2-dipropilaminotetralina (8-OH-DPAT) e não teve efeitos isolado, em

doses 10 vezes mais altas. A administração crónica de lecozotam não induz tolerância

do recepor 5-HT1A, ou dessensibilização num modelo comportamental indicativo da

função do mesmo receptor. (Schechter et al, 2005)

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Em macacos Rhesus envelhecidos, o Lecozotam produziu uma melhoria

significativa na eficácia da realização de tarefas, numa dose óptima de 1mg/Kg p.o. i.d..

Défices de aprendizagem, induzidos pelo antagonista glutaminérgico MK-801 [(-)-5-

methyl-10,11-dihydro-5H-dibenzo[a,d]cyclohepten-5,10-imine maleate] e por lesões

específicas colinérgicas do hipocampo, foram revertidas com a utilização de Lecozotam

(2mg/Kg i.m.). A natureza hetero-sináptica dos efeitos deste fármaco, leva a admitir que

este composto esteja envolvido num novo mecanismo de acção, dirigido às patologias

subjacentes da perda cognitiva na doença de Alzheimer.

Uma vez que o receptor da 5-HT6 é quase exclusivamente expresso no SNC, em

áreas associadas à aprendizagem e memória, muitos estudos examinaram o seu papel na

função cognitiva de roedores, concluindo que os antagonistas dos receptores da 5-HT6

aumentam a retenção da aprendizagem espacial, melhoram a consolidação de questões e

revertem o esquecimento natural do reconhecimento de objectos. Os antagonistas

parecem facilitar a neurotransmissão colinérgica e glutamatérgica, revertendo os

comprometimentos de memória induzidos pela escopolamina e antagonistas dos

receptores NMDA. Dados recentes mostram que o antagonista do receptor 5-HT6, o

PRX-07034, restaura a diminuição do reconhecimento de um novo objecto, provocado

em ratos criados em isolamento social, um modelo de neurodesenvolvimento, que

produz alterações comportamentais semelhantes a diversos sintomas chave da

esquizofrenia. (Fone et al, 2008) Outro antagonista dos receptors 5-HT6, o Ro 04-6790

melhorou de forma modesta a reversão da aprendizagm em isolamento no labirinto

aquático, mas não em ratos controlo criados em grupo. O Ro-04-6790 também

melhorou a discriminação para um novo objecto, tanto em ratos adultos que receberam

fenciclidina intermitente de forma crónica, como em ratos de 18 meses que nunca

tomaram o fármaco. É necessário, contudo, mais informação sobre os efeitos do

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fármaco em modelos animais de DA. Vários agonistas selectivos 5-HT6 de alta

afinidade, desenvolvidos recentemente, melhoraram também a discriminação dos

objectos e o comportamento extra-dimensional desviante. Deste modo ambos, agonistas

e antagonistas 5-HT6, mostram ser promissores como agentes pró-cognitivos em

estudos pré-clínicos, mas a explicacação para os seus efeitos análogos e paradoxais não

é clara no momento presente. (Fone et al, 2008)

NP031112:

A inflamação e a neurodegeneração coexistem em muitas doenças agudas e

crónicas do SNC (ex: Enfarte, DA, Parkinson). Um modelo animal de dano cerebral

bem caracterizado, envolve a administração de ácido Caínico, que provoca actividade

convulsiva límbica e morte neuronal subsequente, em especial nas células piramidais e

interneurónios do hilo do hipocampo. Em estudo recente, os promotores, Luna-Medina

et al. (2007) revelam que a injecção de NP031112, um derivado potente da

tiazolidinona, no hipocampo de rato, reduz drasticamente a inflamação induzida pelo

ácido Caínico, avaliada pela formação de edema (por utilização de RMN ponderada em

T2), activação glial e efeito neuroprotector nas áreas lesadas do hipocampo. A

neuroprotecção induzida pelo NP031112, quer in vitro quer in vivo, foi atenuada

substancialmente pelo co-tratamento com o GW9662 (2-cloro-5-nitrobenzanilido), um

antagonista do receptor gama activado pelo proliferador do receptor nuclear do

peroxisoma (PPAR-γ), sugerindo que os efeitos do NP031112 podem ser mediados pela

activação deste receptor. Como tal, estes dados identificam o NP01112 como um agente

terapêutico potencial, no tratamento de doenças neurodegenerativas. (Luna-Medina et

al, 2007)

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O PPAR-γ é um ligando do factor de transcrição activado, cujas acções

biológicas consistem em regular o metabolismo glucídico e lipídico e suprimir a

expressão génica inflamatória. Assim, os agonistas deste receptor representam um alvo

terapêutico atractivo na DA. Estão em curso actualmente muitos estudos que

demonstram a eficácia dos agonistas PPAR-γ na melhoria da patologia da doença, da

aprendizagem e da memória, em modelos animais da DA. Ensaios clínicos recentes

sobre a Rosiglitazona (agonista PPAR-γ) mostraram melhoria significativa na memória

e cognição de doentes com Alzheimer. Deste modo o PPAR-γ representa um novo alvo

terapêutico no tratamento da doença. (Landreth et al, 2008)

CONCLUSÃO:

A demência constitui um problema médico e social em crescimento, mais

comum nos idosos, atingindo em Portugal cerca de 92.470 pessoas (Ribeira, 2004). A

alarmante prevalência da demência na população idosa, bem como a previsão de um

aumento significativo do número de casos de DA nas próximas décadas, torna o

desenvolvimento de novos tratamentos uma matéria de incontestável relevo.

Passaram já 100 anos desde a primeira descrição da doença de Alzheimer e

apesar de todo o empenho da comunidade científica, ainda pouco se tem a oferecer a

estes doentes. No campo do tratamento farmacológico, têm sido propostas inúmeras

substâncias psicoactivas para preservar ou restabelecer a cognição, o comportamento e

as capacidades funcionais do paciente com demência. Contudo, os efeitos dos fármacos

aprovados actualmente para o tratamento da DA limitam-se ao atraso da sua evolução,

permitindo apenas uma melhoria temporária do estado funcional do paciente.

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Apesar dos mecanismos fisiopatológicos subjacentes a esta enfermidade não

estarem completamente esclarecidos, estão propostas múltiplas intervenções

terapêuticas. Nestas se incluí a neuroprotecção que pretende impedir a agressão

neuronal e retardar a progressão da doença, um objectivo até agora não alcançado.

Embora alguns estudos apresentem resultados promissores na terapêutica, para a

modificação da história natural da doença, não se vislumbra qualquer possível

intervenção nas alterações precoces do comportamento, por não serem conhecidos os

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