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XV COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS Faculdade de Letras Universidade Federal do Rio de Janeiro

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XV COLÓQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO

E PESQUISA EM LETRAS NEOLATINAS

Faculdade de Letras

Universidade Federal do Rio de Janeiro

2

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

PROGRAMA

CADERNO DE RESUMOS

31 de agosto e 1º e 2 de setembro de 2015

Auditórios E-1, E-2

3

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pelo décimo quinto ano consecutivo, realizamos o Colóquio de

Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas. Desde sua primeira

edição, vimos crescer não somente o interesse pela participação dos

discentes no evento como também o rigor das pesquisas e a qualidade

das discussões levantadas.

Nesta décima quinta edição, abriremos espaço para debater temas

que têm circulado nos diferentes PPGs da área de Letras e Linguística,

sobretudo no que diz respeito à Plataforma Sucupira - nova ferramenta

de coleta de dados docentes e discentes dos PPGs, implantada há dois

anos pela CAPES – e à produção científica e sua avaliação.

Destacamos, na dinâmica do evento, a integração e o diálogo entre

os alunos de Doutorado, Mestrado e Iniciação Científica. Participam,

nesta edição, 43 alunos de Doutorado, 25 de Mestrado e 21 de Iniciação

Científica, além de 28 orientadores. Em 2015, o Programa de Pós-

graduação em Letras Neolatinas possui 17 bolsistas de Doutorado e 12

bolsistas de Mestrado. No último biênio, vimos crescer a demanda por

bolsas PDSE (bolsa sanduíche). Afinados ao nosso perfil de estudos

neolatinos, e com o empenho do PPGLEN junto a PR2, conseguimos

atender a 7 pedidos de doutorandos, enviados a universidades

estrangeiras para complementação e aperfeiçoamento de suas

pesquisas.

Com esse propósito, os organizadores do XV Colóquio de Pós-

graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas convidam a todos os

interessados a participarem no processo de discussão das pesquisas

desenvolvidas por discentes, no âmbito de Pós-graduação e de

Graduação, no período de 31 de agosto a 2 de setembro de 2015, na

Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Campus

do Fundão).

A Comissão Organizadora

4

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Corpo Docente do Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas

Andrea Giuseppe Lombardi

Angela Maria da Silva Corrêa

Annita Gullo

Antonio Francisco de Andrade Júnior

Ary Pimentel

Celina Maria Moreira de Mello

Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

Edson Rosa da Silva

Elena Cristina Palmero González

Fabiano Dalla Bona

Flora de Paoli Faria

Henrique Fortuna Cairus

João Antônio de Moraes

Leonardo Lennertz Marcotulio

Leticia Rebollo Couto

Luiz Carlos Balga Rodrigues

Marcelo Jacques de Moraes

Márcia Atálla Pietroluongo

Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Maria Lizete dos Santos

Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold

Mariluci da Cunha Guberman

Miguel Angel Zamorano Heras

Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

Pierre François Georges Guisan

Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

Sonia Cristina Reis

Tânia Reis Cunha

Victor Manuel Ramos Lemus

5

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Comissão do Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas

Coordenador: Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold

Vice-coordenador: Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

Representante da Área de Estudos Literários Neolatinos: Elena Cristina Palmero

González

Suplente: Fabiano Dalla Bona

Representante da Área de Estudos Linguísticos Neolatinos: Tânia Reis Cunha

Suplente: Luiz Carlos Balga Rodrigues

Representante Discente Estudos Literários: Giovanni Codeça da Silva

Representante Discente Estudos Linguísticos: Carolina Ecard Barros

Comissão Organizadora do XV Colóquio

Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold

Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

Carolina Ecard Barros

Giovanni Codeça da Silva

6

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

PROGRAMAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA – 31 DE AGOSTO DE 2015 9h-

9h30

E1

ABERTURA: Diretrizes do Programa de Pós-graduação em Letras

Neolatinas

Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold, Coordenadora do PPG em Letras

Neolatinas

9h30-

10h30

PALESTRA: Para quem? Onde? Quando? O momento atual da pesquisa na

área de Letras e Linguística

Celina Maria Moreira de Mello, Coordenadora de Pós-graduação do

Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro

E1 E2

10h40-

12h30

MESA 1

Coordenação e debate: Tânia – Mercedes

a) Carolina Parrini (DO) - A emergência de

tempo futuro na gramática do espanhol:

estudo da fala espontânea de crianças

espanholas em fase de aquisição de língua

materna

b) Mariana Wanderlei Braga (IC) - Um estudo

semântico-lexical na poética de Gabriele

d’Annunzio

c) Pedrita Mynssen Mello (IC) - Contato

linguístico entre França e Alemanha: as

influências dos imigrantes na formação de

uma nova língua popular da Alsácia

d) Cristiane Maria de Souza (DO) - A

hierarquização do francês oficial e das

línguas regionais na França, através do

imaginário do “falar bem” e do “falar mal”

implantado na revolução francesa: a língua da

liberdade reprimindo o multilinguismo

e) Luciana de Genova (ME) - A presença do

romanesco no cinema italiano pós-guerra

MESA 2

Coordenação e debate: Celina - Fabiano

a) Carmelita Tavares Silva (DO) - A

memória na trilogia Álvaro Mendiola de

Juan Goytisolo

b) Giovanni Codeça da Silva (DO) –

Modernidade: cânone, tradição e invenção

c) Edmar Guirra dos Santos (DO) - A

“hetzelização” de Jules Verne

d) Eduarda Araujo da Silva Martins (IC) -

Émile Zola na imprensa do Nordeste do

Brasil

e) Marianna Fernandes de Vasconcellos

(DO) - Guy de Maupassant: literatura e

jornalismo sob a Terceira República

francesa

f) Fernanda Felix da Costa (IC) - Guy de

Maupassant no Brasil entre 1880-1914

g) Zadig Mariano Figueira Gama (IC) - Os

irmãos Goncourt na imprensa oitocentista:

transferência cultural e mecanismos de

inserção de Sœur Philomène no campo

literário brasileiro (1850-1914)

ALMOÇO

7

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

13h30-

15h

MESA 3

Coordenação e debate: Annita – Leonardo

a) Anne Katheryne Estebe Magessy (DO) - O

aspecto verbal na perífrase ir + particípio no

português do Brasil e no espanhol do México

b) Imara Cecilia do Nascimento Silva (DO) -

Significação aspectual do passado

imperfectivo no espanhol da cidade do

México

c) Cristina Fernandes Lopes (ME) – As relações

de saber e poder na política de ensino da

língua espanhola no Rio de Janeiro

d) Sabrina Lima de Souza Cerqueira (DO) –

Como perguntamos em espanhol: descrição e

análise das perguntas proferidas

espontaneamente por uma brasileira e uma

espanhola

e) Maxuel de Souza Rodrigues (DO) – Licenciandos e a construção de imagens

sobre o ensino e aprendizagem de francês

língua estrangeira

MESA 4

Coordenação e debate: Marília - Edson

a) Gaetano D’Itria (ME) - O além da letra

nos seis cantos do Paraíso da Comédia de

Dante Alighieri traduzidos/transcriados

pelo poeta e tradutor Haroldo de Campos

b) Gisele Batista da Silva (DO) - Língua,

literatura e tradução: a tríade da Bildung

leopardiana no Zibaldone di pensieri

c) Marina Borges de Carvalho (ME) - Charles Baudelaire por suas traduções

d) Anna Basevi (DO) - O estranho-

estrangeiro na obra de Primo Levi

e) Fabrizio Rusconi (DO) - Carlo Emilio

Gadda, La Cognizione del Dolore e a

escrita explodida

f) Thais de Faria Silva (IC) - OULIPO:

caminhos da poesia moderna

g) Danielle Grace de Almeida (DO) - As

panóplias do poeta e o arsenal da crítica

15h-

16h30

MESA 5

Coordenação e debate: Márcia e Consuelo

a) Rosane Mavignier Guedes (DO) - A

argumentação jurídica no Brasil e na França:

uma questão cultural

b) Carolina Gomes Silva (DO) - Entoação de

atos de fala no espanhol da cidade do México:

análise preliminar da ordem, do pedido e da

súplica

c) Vanessa de Oliveira Gomes Laga (ME) -

Jules Verne e o ethos discursivo no

personagem de Hernán Cortés na conquista

do México

d) Renata Daniely Rocha de Souza (ME) - A

marcação do traço de animacidade e a

seleção do objeto direto na produção oral de

aprendizes de espanhol falantes de PB

e) Julia Cheble Puertas (IC) - A relação entre o

traço de especificidade do antecedente e a

seleção do objeto direto na variedade

peninsular de Alcalá de Henares

MESA 6

Coordenação e debate: - Miguel –

Mariluci

a) Diogo de Hollanda Cavalcanti (DO) -

Memória e deslocamento em Juan Gabriel

Vásquez

b) Dalva Desirée Climent (ME) - Escrita

migrante e identidades diaspóricas no

romance Si me querés, quereme transa, de

Cristian Alarcón

c) Fernanda Orphão Corrêa de Lima (ME) -

Si del cielo te caen limones, learn to make

a lemonade: a escrita em deslocamento de

Gustavo Pérez Firmat

d) Bárbara de Oliveira Santos (DO) - As

transfigurações de Lope de Aguirre e as

imagens literárias do rio Amazonas no

romance de Miguel Otero Silva

e) Matosalém Vilarino (DO) -

Deslocamentos literários e culturais em

André Gide e Abdellah Taïa: a

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

impossibilidade da narrativa de

experiência

f) Maria Sertã Padilha (ME) - A minoridade

literária e a minoridade etária em Allah

n’est pas obligé de Ahmadou Kourouma

9

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

TERÇA-FEIRA – 1º DE SETEMBRO DE 2015 E1 E2

9h-10h30

MESA 7

Coordenação e debate: Luiz Carlos –

Pierre

a) Diego da Silva Vargas (DO) - A cognição

distribuída e o ensino de leitura em livros

didáticos de espanhol língua estrangeira

para o ensino fundamental

b) Andréia Matias Azevedo (DO) -

Perspectiva de uma mediação cultural

crítica: para além da interação, do saber-

fazer

c) Carolina Gandra de Carvalho (ME) – A

inscrição em práticas discursivas em aulas

de espanhol língua estrangeira do CLAC-

UFRJ

d) Eliria Quaresma Fugazza (ME) – A

licenciatura em Letras Espanhol: disputas

discursivas entre as formações linguística

e literária

e) Jefferson Evaristo do Nascimento Silva

(ME) - Análise e crítica de materiais

didáticos de língua italiana como língua

estrangeira

MESA 8

Coordenação e debate: Claudia - Silvia

a) Fernanda Gerbis Fellipe Lacerda (DO) -

Gabriele D’Annunzio: tradição e ruptura

na cena teatral

b) Bianca Pandelo Cerqueira Silva (IC) - A

máscara dos costumes nas relações

sociais em Sei personaggi in cerca d'autore

(1921)

c) Tatiane de Souza França Rangel (IC) - Maurice Maeterlinck e o teatro de

marionetes: uma leitura dos personagens

de La Princesse Maleine

d) Débora Garcia Furtado (ME) - O drama

coletivo e a tragédia individual em Le

diable et le bon dieu (1951) de Jean-Paul

Sartre

e) Alessandra Corrêa de Souza (DO) - Violência e exclusão em Diário de Bitita de

Carolina Maria de Jesus e Piel de Mujer de

Delia Zamudio

f) Claudia Regina da Silva Rodrigues (ME) -

Os papéis sociais e a representação do

feminino em Blanca Sol, de Mercedes

Cabello de Carbonera

10h30-12h

MESA 9

Coordenação e debate: Antonio e Letícia

a) Géssica Santana de Oliveira (IC) -

Contextos de apagamento do objeto

direto na variedade do espanhol de

Medellín: a influência do traço de

animacidade

b) Isabella Calafate de Barros (IC) - As

estratégias de retomada de objeto indireto

e o traço de definitude do seu antecedente

no espanhol da variedade de Montevidéu

c) Carolina Ecard Barros (ME) - A influência

do tipo de preposição na produção de

MESA 10

Coordenação e debate: Andrea – Elena

a) Andréa Cabral de S. Gomes (DO) - O

estudo das personagens Agostino, Luca e

Dodo pelo viés do estranhamento

b) Raquel da Silva Ortega (DO) - O carlismo

de Valle-Inclán: a antimodernidade em La

Guerra Carlista e El Ruedo Ibérico

c) Adriana Ortega Clímaco (DO) - Efeito de

historicidade em Evita: Jirones de su vida

d) Diane de Oliveira Leal (IC) - Santa Ágata:

misticismo, literatura e gastronomia

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

estratégias de relativização do português

do Brasil e do espanhol

d) Jorge Luís Rocha (ME) - As comunidades

discursivas no uso de jogos educativos

multimídia no ensino de espanhol língua

estrangeira

e) Vitor da Cunha Gomes (DO) - O ensino

da língua italiana nas instituições de

ensino superior do estado do Rio de

Janeiro a partir das perspectivas da

política linguística

e) Josiane Rodrigues Neves (ME) - Il Cibo

Caldo e I Visi Amici: memória alimentar em

Primo Levi

ALMOÇO

13h30-15h

MESA 11

Coordenação e debate: Leonardo e

Antonio

a) Diogo Neves da Costa (DO) - As

representações sociais do tradutor nos

discursos das graduações de tradução:

estudo comparado entre o Brasil e a

França

b) Venise Vieira Mendes (DO) - As

traduções do livro Le Petit Nicolas no Brasil

c) Larissa de Souza Arruda (ME) - O

entrelugar do texto literário na formação

de professores de francês: entre os

documentos oficiais e os currículos

universitários

d) Wender Álvaro Rodriques Mothé (IC) -

O francês e as línguas nacionais

burquinenses: diglossia e sistema escolar

e) Larissa Soares Mendes (IC) - Análise de

atividades de leitura em um manual de

francês língua estrangeira

MESA 12

Coordenação e debate: Lizete – Henrique

a) Vera Maria C. P. Del Nero Gomes (IC) -

Objetos verbais não-identificados na

poesia contemporânea francesa

b) Eric da Silva Santiago (IC) - A

desconstrução do sério em I Fiori de Aldo

Palazzeschi

c) Roberto Alexandre Silva Rosa (DO) - A

noção de arquivo e memória nas revistas

de poesia

d) Roberto Ponciano Gomes de Souza

Júnior (ME) - A influência de Federico

Garcia Lorca na poética de Pablo Neruda

e) Gabriel Poeys (DO) - Mario Benedetti

rola a bola entre a Poesia e a História

f) Julia Ferreira Lobão Diniz (IC) - A

tipificação dos personagens

dannunzianos em Il Piacere

15h-16h30

MESA 13

Coordenação e debate: Angela e Tânia

a) Julia Caldara Pelajo (ME) -

Discursividades em contato no jogo de

interação filme-espectador em aulas de

espanhol língua estrangeira

b) Maria Francisca da Silva (DO) - O

processo de leitura em curso

interdisciplinar de linguagens e códigos -

MESA 14

Coordenação e debate: Pedro Paulo –

Victor

a) Danilo Lopes Brito (DO) - O Brasil

revisitado: novos olhares sobre o Brasil à

luz da produção musical da Schema

Records

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFMA: uma reflexão sobre a prática

docente em formação acadêmica

c) Priscila da Silva Marinho (ME) -

Concepções discentes acerca dos gêneros

discursivos

d) Juliana Rodrigues de Castro (DO) - O

ensino/aprendizagem do francês língua

estrangeira ao surdo bilíngue brasileiro a

partir dos princípios norteadores do

letramento

b) Linda Salete Miceli Ferreira (DO) - A

revisitação imagística da Divina Comédia

de Alberto Martini no século XX

c) André Rezende Benatti (DO) - As tramas

da cultura na obra de Josefina Plá: a arte,

entre o controle e a imaginação

d) Rachel Rufino de Almeida (IC) – Páginas

em muros: Joana Cesar e sua poesia

plástica

e) Thiago José Moraes Carvalhal (DO) -

Narcocultura Brasil-México: narrativas do

Comando Vermelho e do Cartel de Sinaloa

através do “arquivo do crime” na

narcoliteratura, no narcocorrido e no funk

proibidão de contexto

f) Sylvia Helena de Carvalho Arcuri (DO) -

Cânone, cultura de massa e romance

policial na obra 2666 de Roberto Bolaño

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

QUARTA-FEIRA – 2 DE SETEMBRO DE 2015 9h-10h ENCONTRO COM OS REPRESENTANTES DISCENTES - E1

Produção acadêmica, Currículo Lattes, relatórios e Etapas de

desenvolvimento da Pesquisa

Giovanni Codeça da Silva, Carolina Ecard Barros

E1 E2

10h-11h30

MESA 15

Coordenação e debate: Fabiano - Flora

a) Daniel Teixeira da Costa Araújo (DO) -

A literatura como defesa: espaço público e

espaço literário na trilogia alemã de Louis-

Ferdinand Céline

b) Renata Dorneles Lima (ME) - A riqueza

estética na Villa Miseria de Ariel Magnus

c) Peter de Sá Ferreira (ME) - Violência e

memória em Ciencias Morales de Martín

Kohan

d) Simone Silva do Carmo (DO) - Juan

Villoro e o Ornitorrinco da prosa

e) Wanessa Cristina Ribeiro de Sousa (DO)

- Um intelectual no reino de Alejo

Carpentier: análise crítica da obra Los

pasos perdidos

f) Jéssica Teixeira Magalhães (ME) - O

primeiro homem de Albert Camus e a

memória do silêncio

MESA 16

Coordenação e debate: Miguel - Lizete

a) Gisele Reinaldo da Silva (DO) - A

revolução literária de Arturo Uslar Pietri na

América Hispânica do século XX

b) Izabel Cristina Cordeiro Lima Costa (DO)

- O tempo na narrativa de Dino Buzzati

c) Jeannie Bressan Annibolete de Paiva (IC)

- A fábula antiga como modelo para Luigi

Fiacchi

d) Beatriz Pereira Alves de Araujo (IC) - O

realismo mágico em La vita operosa

(1921) de Bontempelli

e) Bruno Leonardo de Almeida Dutra (ME)

- A sicilianidade gastronômica em Il

Gattopardo de Tomasi di Lampedusa

f) Luciano Prado da Silva (DO) - A relação

literariedade, imagem e imaginários em

...Y no se lo tragó la tierra, de Tomás

Rivera, e La Frontera de cristal, de Carlos

Fuentes

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO

ESTUDOS LINGUÍSTICOS NEOLATINOS

Andréia Matias Azevedo (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Atálla Pietroluongo

PERSPECTIVA DE UMA MEDIAÇÃO CULTURAL CRÍTICA: PARA ALÉM DA

INTERAÇÃO, DO SABER-FAZER

A presente pesquisa objetiva refletir sobre a mediação cultural no ensino de

Francês Língua Estrangeira (FLE) no Brasil e propor critérios para uma

abordagem cultural crítica, transcendendo os interesses do mercado de

trabalho e das relações diplomáticas. Importa dizer que este estudo não

desconsidera o papel do professor de LE como mediador intercultural, capaz

de agir na promoção da interação entre línguas e culturas distintas; todavia,

contesta a ideia de que este se sobreponha ao de mediador do conhecimento.

Entende-se aqui a ação de mediação cultural crítica como um agir deliberado

do mediador, com o intuito de criar condições propícias para que o sujeito

mediado (re)avalie os clichês, os estereótipos das culturas em jogo, os

discursos dogmáticos e alienantes, se (re)questionando e se

(auto)construindo, sem reduzir o Outro ao Mesmo (LEVINAS, 2014). Acredita-

se que determinadas orientações pedagógicas, embora se declarem

relativistas, em prol da interação, do saber-fazer, podem estar favorecendo

uma formação do sujeito ainda de natureza “civilizadora”, reprodutora e

antiética. Para avaliar tais hipóteses, serão analisados o tratamento dado ao

componente cultural no ensino-aprendizado de FLE e as ideologias

subjacentes à formação do professor no curso da história, com base,

notadamente, nos estudos de Denys Cuche (1996), Newton Duarte (2000),

Glaudêncio Frigotto (2011). Além disso, à luz das reflexões filosóficas de

Cipriano Carlos Luckesi, Marx Weber, István Mészáros, Hannah Arendt, entre

14

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

outros, esta pesquisa vai se ater em analisar os atos redentores, reprodutores

e críticos no ensino-aprendizado de FLE sob uma outra perspectiva.

Palavras-chave: mediador intercultural - mediador cultural crítico - atos

redentores, reprodutores e críticos

Anne Katheryne Estebe Maggessy (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

O ASPECTO VERBAL NA PERÍFRASE IR + PARTICÍPIO NO PORTUGUÊS DO BRASIL

E NO ESPANHOL DO MÉXICO

Analisando as perífrases vir + gerúndio e ter + particípio, Wachowicz (2006)

afirma que o que diferencia aspectualmente perífrases de gerúndio e de

particípio é a noção de atelicidade que parece estar presente na terminação

-ndo do gerúndio, e a noção de telicidade que parece estar presente na

terminação –do do particípio. Para essa autora, o gerúndio parece marcar mais

acentuadamente uma habitualidade, em que as situações começam, mas não

têm necessariamente um fim, podendo inclusive se sobrepor, enquanto que o

particípio parece marcar mais acentuadamente a iteratividade em sentenças

em que as situações têm necessariamente um fim. O que levou, inclusive, a

autora a relacionar a iteratividade com a noção de telicidade. Dessa forma,

percebemos que a autora dá um papel de grande importância à forma nominal

e à telicidade do complemento na composição do aspecto verbal. O nosso

objetivo geral é justamente observar quais os principais elementos definidores

do aspecto verbal em sentenças com perífrases de gerúndio e de particípio.

Para o trabalho que aqui se apresenta, o objetivo específico será verificar a

expressão aspectual das perífrases ir + particípio em um teste de

gramaticalidade aplicado a brasileiros da Cidade do Rio de Janeiro e a

mexicanos da Cidade do México, observando a relação da expressão aspectual

com a telicidade do complemento, assim como a relação com a terminação

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

–do. A hipótese é de que nas sentenças com as perífrases de particípio vai

haver preferência pela combinação de particípio com complementos télicos e

a expressão do aspecto iterativo.

Palavras-chave: aspecto verbal – perífrase – ir + particípio

Carolina Ecard Barros (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

A INFLUÊNCIA DO TIPO DE PREPOSIÇÃO NA PRODUÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE

RELATIVIZAÇÃO DO PORTUGUÊS DO BRASIL E DO ESPANHOL

Segundo Kenedy (2007), no português do Brasil (PB), a estratégia de

relativização padrão é cada vez menos produtiva nos contextos em que o

elemento relativizado é regido por uma preposição. Em seu lugar, é

frequentemente empregada a estratégia cortadora, caracterizada pela omissão

da preposição que rege o elemento relativizado. No entanto, o autor afirma

que as preposições que apresentam traços mais semânticos, como sem e

sobre, não são facilmente apagadas. Do mesmo modo, Vale (2014) também

considera que o tipo de preposição interfere na produção de uma oração

relativa, sendo omitidas com maior frequência as preposições de traços menos

semânticos, como a, de e para. Assim como o PB, o espanhol também

apresenta uma estratégia de relativização com perda da preposição, como

verificado por Kenedy (2007), bem como preposições com traços mais ou

menos semânticos, como propõe Minguell (2010), sendo a e de exemplos de

algumas com traços menos semânticos. Pretendemos observar se o tipo de

preposição interfere no uso da estratégia de relativização cortadora no PB e no

espanhol. Nossa hipótese é de que as preposições que carregam traços mais

semânticos não podem ser apagadas nas construções relativas do PB nem do

espanhol. A fim de confirmar tal hipótese, aplicaremos testes de produção

induzida a falantes de PB e de espanhol do México com alto nível de

16

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

escolaridade. Esperamos que tanto no PB quanto no espanhol do México as

preposições com traço mais semântico não sejam apagadas.

Palavras-chave: relativização – cortadoras - tipo de preposição

Carolina Gandra de Carvalho (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

A INSCRIÇÃO EM PRÁTICAS DISCURSIVAS EM AULAS DE ESPANHOL LÍNGUA

ESTRANGEIRA DO CLAC-UFRJ

Sendo o curso CLAC um projeto de extensão da UFRJ voltado para a formação

profissional dos licenciandos em Letras, nossa pesquisa, ainda em andamento,

visa a uma reflexão sobre a prática dos monitores-bolsistas que atuam no

projeto como professores de Espanhol Língua Estrangeira. Para tanto,

baseamo-nos na concepção bakhtiniana de discurso (BAKHTIN, 2003),

objetivando verificar como um trabalho orientado a partir do reconhecimento

do caráter dialógico do discurso e do movimento de adesão a práticas

discursivas em língua estrangeira pode gerar insumos para o aperfeiçoamento

da prática do monitor e para um aprendizado mais significativo para os

aprendizes. Os procedimentos metodológicos utilizados serão a observação

participante, que, segundo ANDRÉ (1997), “busca descrever os significados de

ações e interações, segundo o ponto de vista de seus atores”, e questionários

socioculturais, no intento de fazer um mapeamento dos conhecimentos

prévios, interesses e habilidades discursivas dos sujeitos envolvidos no jogo

discursivo da sala de aula. Analisaremos também o trabalho executado pelos

alunos nas atividades de leitura e nos projetos interdisciplinares propostos

pelo livro didático adotado. Acreditamos poder, a partir dos dados coletados,

ponderar sobre a importância de um planejamento didático pelo professor

atento ao engajamento dos alunos a diferentes esferas e comunidades

discursivas (SWALES, 1990).

17

XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: CLAC-UFRJ - formação docente - comunidades discursivas

Carolina Gomes Silva (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. João Antônio de Moraes

ENTOAÇÃO DE ATOS DE FALA NO ESPANHOL DA CIDADE DO MÉXICO: ANÁLISE

PRELIMINAR DA ORDEM, DO PEDIDO E DA SÚPLICA

Searle (1982) bem como Austin (1962) consideram que qualquer enunciado

linguístico visa a produzir um certo efeito e a implicar uma certa modificação

da situação interlocutiva. Os atos diretivos, mais especificamente,

correspondem pragmaticamente a tentativas do falante de levar o ouvinte a

fazer algo. Esses três atos diretivos, ordem, pedido e súplica, partem da

condição preparatória de que o ouvinte pode realizar a ação desejada pelo

falante. No caso da ordem, o falante deseja a ação e se encontra em uma

posição hierárquica de superioridade; já em relação ao pedido e à súplica, a

diferença entre eles se encontra no grau de intensidade das condições de

sinceridade (VANDERVEKEN, 1991): no pedido, o falante deseja a ação e a

relação com seu interlocutor é de igualdade relativa e, na súplica, o falante

deseja muito a ação e depende daquele a quem se dirige para a realização do

seu desejo. Nesse sentido, pretendemos neste trabalho analisar e descrever a

estrutura entonacional de três tipos de atos de fala diretivos no espanhol da

Cidade do México: a ordem, o pedido e a súplica, a partir dos pressupostos

teóricos da Fonologia Entonacional (LADD, 1996). Para isso, (a) observaremos

as variações de frequência fundamental (F0) e (b) compararemos o

comportamento da F0 desses enunciados para a caracterização das diferenças

entonacionais. Os contornos entonacionais dos diretivos foram obtidos a partir

do programa computacional PRAAT. Para a análise fonética, observamos o

comportamento da F0 e para a análise fonológica, nos baseamos no sistema

de notação SP_ToBI (ESTEBAS VILAPLANA & PRIETO, 2008). Os resultados

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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parciais demonstram que a entoação constitui um dos mecanismos para a

distinção dos três tipos de atos de fala diretivos analisados.

Palavras-chave: entoação – pragmática – atos de fala

Carolina Parrini Ferreira (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

A EMERGÊNCIA DE TEMPO FUTURO NA GRAMÁTICA DO ESPANHOL: ESTUDO DA

FALA ESPONTÂNEA DE CRIANÇAS ESPANHOLAS EM FASE DE AQUISIÇÃO DE

LÍNGUA MATERNA

Este estudo consiste na descrição e análise da emergência das formas verbais

de futuro (simples: hablaré e perifrástica: voy a hablar) na gramática infantil

de três crianças espanholas. A pesquisa busca identificar: a) como se dá o

processo de expressão de Tempo ao longo de um período do desenvolvimento

linguístico (de 1;10 aos 4;0 anos); b) em que idade emergem as formas verbais

codificadoras de Tempo futuro; c) que traços, além do traço de Tempo, são

veiculados através das referidas formas. No que diz respeito à relevância deste

tipo de estudo, Lopes (2007) afirma que os dados da fala infantil são relevantes

na construção da teoria sintática. Nesse sentido, Raposo (1998) esclarece que

investigar os conhecimentos iniciais sobre uma língua particular é relevante

para compreender e explicar fenômenos da fala adulta e conhecer os

mecanismos e caminhos percorridos pela mente humana para aquisição e

desenvolvimento da linguagem. A análise dos dados se baseia nos

pressupostos teóricos da Gramática Gerativa. Os resultados obtidos até o

momento mostram que: as formas verbais de futuro apresentam baixa

frequência na fala das crianças; a produção de formas verbais veiculando traço

de Tempo futuro é tardia (por volta dos 2;3), porém, na primeira idade

analisada as crianças já demonstram codificar enunciados contendo

informações referentes ao futuro; a forma perifrástica é adquirida antes da

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

simples; ambas as formas são selecionadas pelas crianças para veicular noções

temporais e modais.

Palavras-chave: aquisição - tempo futuro - gramática do Espanhol.

Cristiane Maria de Souza (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan

A HIERARQUIZAÇÃO DO FRANCÊS OFICIAL E DAS LÍNGUAS REGIONAIS NA

FRANÇA, ATRAVÉS DO IMAGINÁRIO DO “FALAR BEM” E DO “FALAR MAL”

IMPLANTADO NA REVOLUÇÃO FRANCESA: A LÍNGUA DA LIBERDADE

REPRIMINDO O MULTILINGUISMO

Esta pesquisa teve por objetivo verificar a hierarquização do francês oficial e

das línguas regionais na França em meio às tentativas instituídas e

desenvolvidas no período da Revolução Francesa de aniquilação dessas línguas

desvalorizadas. Chamadas em nossos dias de línguas regionais na

Comunidade Europeia, são conhecidas de forma marcada como “patoás” por

uma boa parte da população francesa que as considera como elementos

marginais na nação. Averiguamos, assim, a busca por uma identidade nacional

francesa que possibilitou a tomada de poder da língua que se tornou oficial e

a consequente marginalização das menos aceitas socialmente no solo francês.

Essa marginalização fora oriunda da discriminação entre os falares

encontrados no país como “falares rústicos”. Logo, os indivíduos falantes

dessas línguas seculares tiveram suas formas de fala taxadas como o “falar

mal” socialmente, sendo inaceitável a ideia de bilinguismo na nação que se

desenvolvia como Estado Nacional. Os que dominavam o discurso

revolucionário expresso através da ferramenta da língua oficial eram

considerados como portadores do “falar bem”, multiplicadores da “língua da

liberdade”. Desse modo, usamos como corpus de pesquisa as cartas enviadas

ao político jacobino, o abade Henri Grégoire, no período de 1790 a 1794, em

resposta ao seu questionário sobre a necessidade de aceitar o francês oficial

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

como língua de todo o território francês e a consequente e imaginada

aniquilação das línguas regionais. Assim, através da análise crítica dos

documentos citados, procuramos elementos de sentido nacionalistas e de

exaltação à língua oficial, a partir das visões de nacionalismo.

Palavras-chave: hierarquização - línguas regionais - francês oficial

Cristina Fernandes Lopes (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

AS RELAÇÕES DE SABER E PODER NA POLÍTICA DE ENSINO DA LÍNGUA

ESPANHOLA NO RIO DE JANEIRO

Esta apresentação é uma reflexão, sob a ótica da análise do discurso - de

perspectiva foucaultiana -, a respeito do Decreto Municipal nº 31187, de

06/10/2009, o qual dispõe sobre o Programa Rio Criança Global que,

fundamentado em sua vontade de verdade, desde sua implantação segue

modificando e controlando as práticas pedagógicas, gerando discursos sobre

o ensino de Línguas Estrangeiras na Rede Municipal do Rio de Janeiro. Seu

objetivo é a análise das disputas discursivas em torno do espaço dado à Língua

Espanhola mobilizadas pela política linguística adotada atualmente pela

Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME). O Manifesto e a Carta

à SME, ambos da Associação de Professores de Espanhol do Rio de Janeiro

(APEERJ), discursos midiáticos e mostras diretas dos posicionamento dos

docentes, obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas, constituirão os

corpora desta pesquisa que prevê, de uma lado, posicionamentos críticos

marcados pela consciência do processo de apagamento da pluralidade

linguística – sinalizados no plano da enunciação pela frequente mobilização

de estratégias argumentativas –, de outro lado, posicionamentos que, embora

tenham um caráter crítico também, não conseguem construir de modo

consciente argumentos que problematizem o dizer naturalizado pelas

formações ideológicas que legitimam o lugar do Inglês como única língua a

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

ser ensinada na escola, e lançam mão com maior frequência de recursos

narrativos na configuração de seus enunciados.

Palavras-chave: língua espanhola - políticas linguísticas - Rio Criança Global

Diego da Silva Vargas (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Leticia Rebollo Couto

Coorientadora: Profa. Dra. Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt

A COGNIÇÃO DISTRIBUÍDA E O ENSINO DE LEITURA EM LIVROS DIDÁTICOS DE

ESPANHOL-LE PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior de doutoramento e pretende

apresentar resultados iniciais da pesquisa que se encontra em

desenvolvimento. Nesse sentido, apresentam-se resultados da análise de

atividades de leitura apresentadas em livros didáticos de Espanhol-LE para o

ensino fundamental, bem como da análise das respostas dos alunos dadas a

algumas das atividades neles apresentadas. Foram selecionados 7 livros

didáticos, editados entre os anos de 2005 e 2012 especificamente para o

mercado escolar brasileiro, para o desenvolvimento da pesquisa. Foram

analisadas as atividades de leitura neles apresentadas e foi selecionada uma

atividade de cada livro. Essas atividades foram aplicadas em uma turma de 6º

ano de uma escola pública municipal de Niterói-RJ. Como base teórica, nos

utilizamos do aporte interdisciplinar dos estudos em cognição e trabalhamos

nesse momento, em especial, com o conceito de Cognição Distribuída,

buscando articulá-lo ao conceito de inferência – articulação base da tese em

construção. Em relação aos livros didáticos, pode-se observar que, apesar da

mudança positiva ocorrida ao longo do tempo em relação ao lugar que o texto

e as atividades de leitura ocupam em sua organização, observa-se que ainda

não se apresenta um trabalho de ensino de leitura de fato. Especificamente ao

tema do trabalho, nota-se que ainda é baixo o trabalho com as inferências e

com a construção interativa (entre texto e leitor e entre leitores) de significados

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

e que o livro didático pouco auxilia o aluno em seu processo de explicitação

dos significados construídos, o que se confirma com as respostas dos alunos

analisadas.

Palavras-chave: cognição – leitura – livro didático – ensino de espanhol

Diogo Neves da Costa (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Angela Maria da Silva Corrêa

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO TRADUTOR NOS DISCURSOS DAS

GRADUAÇÕES DE TRADUÇÃO: ESTUDO COMPARADO ENTRE O BRASIL E A

FRANÇA

O mundo existe, mas seu sentido ao homem só é dado através de processos

reflexivos e cognitivos, sejam eles através da observação (processo de

transformação), seja através de um processo de negociação (processo de

transação) (CHARAUDEAU, 1995). Alguns desses significados quando sociais,

criam “sistemas de interpretações”, versões da realidade, compartilhadas por

um grupo. Chamamos esses sistemas de “representações sociais” (JODELET,

1994). Essas representações servem de base para a tomada de decisões e

regulam as interações sociais. Uma pessoa que pensa a tradução como “fácil”

agirá e interagirá sobre o assunto de maneira diferente daquele que pensa a

tradução como “nobre”. Sendo assim, quais são as representações sociais do

tradutor e a tradução das instituições de ensino que os formam, pois segundo

Jodelet (1994), essas instituições contribuem fortemente para a elaboração e

manutenção de representações sociais. A partir de um estudo comparativo que

permitirá uma melhor reflexão sobre essas representações, pode-se afirmar

que há diferenças, pois no Brasil tradutores podem ser formados em níveis de

graduação, enquanto que na França são considerados aptos a atuar aqueles

que têm mestrado. Perceberemos ao longo da exposição, ao menos, duas

representações do tradutor que imperam: (a) aquele que traduz, (b)

profissional da área de tradução. E essas duas representações gerarão

consequências estruturais para o ensino de tradução de maneira considerável.

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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Palavras-chave: análise do discurso – estudos da tradução – representações

sociais

Elíria Quaresma Fugazza (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

A LICENCIATURA EM LETRAS ESPANHOL: DISPUTAS DISCURSIVAS ENTRE AS

FORMAÇÕES LINGUÍSTICA E LITERÁRIA

Consideramos que a compreensão das práticas e discursividades relacionadas

aos cursos de licenciaturas em Letras é imprescindível para o estabelecimento

de um diálogo mais profundo entre os saberes acadêmicos e a educação

básica, desconstruindo assim diferentes dicotomias que ainda têm espaço nos

âmbitos em que se dá a formação docente. Desse modo, são analisadas neste

trabalho as formações linguística e literária nas licenciaturas em Letras

Espanhol em uma universidade pública do Estado do Rio de Janeiro a partir de

um levantamento de dados realizado ao longo de 2014 e 2015. Pretendemos,

portanto, demonstrar de que maneira se produzem movimentos de separação,

e/ou diálogo, no âmbito das instituições acadêmicas, entre as formações em

língua e literatura oferecidas aos licenciandos de Língua Espanhola da

universidade pesquisada, partindo de noções desenvolvidas no campo da

Análise do Discurso, tais como a noção de heterogeneidade enunciativa

(BAKHTIN 2003, 2010), a teoria dos campos de Bourdieu (1996, 2007), o

conceito de formação discursiva (FOUCAULT, 2014; SERRANI, 1997), a relação

poder-saber de Foucault (2013, 2014b), a concepção de letramento acadêmico

de Lillis (2003) e os conceitos de alteridade constitutiva e alteridade

representada cunhados por Authier-Revuz (2004, 2011). Constituíram nosso

corpus os textos disponibilizados em pastas e as ementas de disciplinas de

língua espanhola e literaturas hispânicas da universidade em questão e

entrevistas semiestruturadas com licenciandos, professores universitários e da

educação básica. A análise das falas dos professores e dos licenciandos

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

entrevistados aponta para um diálogo insuficiente entre as áreas de língua e

de literatura estrangeiras na licenciatura em Letras Espanhol na universidade

pesquisada.

Palavras-chave: formação de professores - disputas discursivas - letramento

acadêmico

Géssica Santana de Oliveira (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

CONTEXTOS DE APAGAMENTO DO OBJETO DIRETO NA VARIEDADE DO

ESPANHOL DE MEDELLÍN: A INFLUÊNCIA DO TRAÇO DE ANIMACIDADE

O sistema pronominal parece ser um dos sistemas mais suscetíveis à mudança,

podendo ser visto como um fator de diferenciação entre as línguas. Enquanto

em algumas línguas há o predomínio de objeto nulo, em outras há preferência

pela retomada de objeto direto por meio de pronomes clíticos (le, lo, la) como

no caso do espanhol, observado a partir de Simões (2015). Em sentenças como

“- No tengo Ø coche / - Yo tampoco Ø tengo” e “- No tengo el coche / - Yo

tampoco lo tengo” observamos que, no primeiro exemplo, o referente não está

acompanhado de nenhum determinante; em contrapartida, no segundo

exemplo, observamos a presença do determinante “el”. Ao trabalhar com os

traços de animacidade e especificidade, Simões (2015) propõe, inicialmente,

que objetos nulos não ocorreriam com antecedentes [+animados] e

[+específicos]. A partir do trabalho de Simões (op. cit.), nosso objetivo foi

investigar a influência do traço de animacidade na seleção do objeto nulo na

variedade do espanhol de Medellín. A hipótese verificada foi a de que o traço

[-animado] favorece o apagamento do objeto direto nessa variedade. Para

alcançar tal objetivo, analisamos duas entrevistas do corpus de Medellín –

Colômbia pertencentes ao Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español

de España y de América. A análise preliminar dos dados apontou para

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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ocorrência do apagamento de objeto direto no espanhol de Medellín quando

o referente possui os traços [-animado; +específico].

Palavras-chave: traço de animacidade – apagamento – objeto direto – clíticos

– determinante

Imara Cecília do Nascimento Silva (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

SIGNIFICAÇÃO ASPECTUAL DO PASSADO IMPERFECTIVO NO ESPANHOL DA

CIDADE DO MÉXICO

O objetivo desta pesquisa foi identificar os contextos de ocorrência da leitura

aspectual do Passado Imperfectivo em sentenças com Pretérito Imperfeito

(IMP) e com a perífrase “estar” + gerúndio (PPROG) no imperfeito, no espanhol

da Cidade do México. Assume-se que essas duas formas verbais estão

coocorrendo com valor de aspecto imperfectivo contínuo, quando o esperado

seria somente o uso da perífrase para expressá-lo. A hipótese investigada foi

a de que fatores como verbos [+ dinâmicos], sujeitos agentivos,

complementos verbais télicos e advérbios temporais pontuais influenciavam

na significação aspectual contínua de IMP em contextos de PPROG. Para tanto,

como corpus, foram selecionadas dez entrevistas transcritas do projeto

PRESEEA – Ciudad de México, as quais foram gravadas entre os anos 2000 e

2005. Os informantes eram homens e mulheres, de nível superior,

compreendendo a faixa etária entre 20 e 30 anos. Para a seleção e tratamento

dos dados, foram utilizados os programas WordSmith Tools 5.0 e GoldVarb X.

Os resultados demonstraram, de fato, uma preferência pelo uso do imperfeito

como expressão do aspecto imperfectivo contínuo. Dentre as 93 ocorrências

de contínuo, verificaram-se 62 em imperfeito contra 31 em perífrase. E, dentre

os fatores linguísticos pertinentes para a leitura imperfectiva, se mostraram

relevantes os tipos de verbo e de advérbio temporal. As sentenças com verbos

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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[+ dinâmicos], advérbios [+ pontuais] e as ocorrências sem advérbios

pareceram direcionar o uso de IMP em contextos em que era esperado PPROG.

Palavras-chave: aspecto - passado imperfectivo - espanhol da Cidade do

México

Isabella Calafate de Barros (Iniciação científica, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

AS ESTRATÉGIAS DE RETOMADA DE OBJETO INDIRETO E O TRAÇO DE

DEFINITUDE DO SEU ANTECEDENTE NO ESPANHOL DA VARIEDADE DE

MONTEVIDÉU

No que diz respeito à retomada de objeto no espanhol, Simões (2015) descreve

uma forte tendência à retomada do objeto pelo clítico. No entanto, de acordo

com essa autora, há apagamento de objeto direto no espanhol de Montevidéu

em contextos restritos que, segundo a hipótese que assume, seriam

influenciados por antecedentes [-determinados; -específicos]. Ao analisar a

retomada do objeto direto no espanhol de Madri e Montevidéu, Simões (op.

cit.) verificou a hipótese de que os casos de apagamento do objeto direto se

restringiriam a antecedentes [-determinados; -específicos]. Essa hipótese foi

refutada, visto que os resultados mostraram que também há ocorrências de

objeto direto nulo com antecedentes [+determinados; +específicos] e,

inclusive, [+animados]. Retomamos parcialmente a hipótese de Simões, uma

vez que o foco deste trabalho é o objeto indireto. Diante do exposto, esta

pesquisa teve os seguintes objetivos: (a) levantar as estratégias de retomada

de objeto indireto de 3ª pessoa selecionadas por falantes de espanhol de

Montevidéu; e (b) nas ocorrências de objeto nulo, verificar, inicialmente, a

influência do traço de definitude do antecedente em tal processo. Foram

verificadas as seguintes hipóteses: (a) o apagamento de objeto indireto de 3ª

pessoa está disponível na variedade de Montevidéu; e (b) o apagamento se

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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restringe aos contextos de antecedentes [-determinados]. Para isso,

analisamos, inicialmente, duas entrevistas do corpus do Proyecto para el

estudio sociolingüístico del español de España y América - PRESEEA (2011) da

variedade do espanhol de Montevidéu com o auxílio da ferramenta linguística

Wordsmith. Nos dados até então levantados, não foram encontrados casos de

apagamento de objeto indireto de 3ª pessoa, mas pretendemos estender a

análise a mais entrevistas.

Palavras-chave: estratégias de retomada; clíticos; apagamento; espanhol de

Montevidéu

Jefferson Evaristo do Nascimento Silva (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua

Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Annita Gullo

ANÁLISE E CRÍTICA DE MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA ITALIANA COMO

LÍNGUA ESTRANGEIRA

O livro didático (LD) é a ferramenta pedagógica mais utilizada no ensino de

língua estrangeira (LE), sendo “muitas vezes o único material de acesso ao

conhecimento tanto por parte de alunos quanto por parte de professores”

(CRISTÓVÃO & DIAS, 2009), justificando-se como importante corpus de

pesquisa (TILIO, 2006). No ensino de línguas, o século XX foi marcado por

muitas mudanças (RICHARDS & RODGERS, 2003, BORNETTO, 1998) -

metodológicas, filosóficas, teórico-práticas e conceituais -, culminando no

desenvolvimento e consolidação da Abordagem Comunicativa (ALMEIDA

FILHO, 2007; RICHARDS, 2006). Ainda assim, a configuração de alguns LDs de

italiano como LE apresentam uma imprecisão metodológica que faz com que

problemas sejam identificados, como por exemplo, na passagem da

autoapresentação do livro para a efetivação das suas atividades. Esta pesquisa,

portanto, se propôs a responder às seguintes perguntas: (a) de que maneira

se constroem os LDs de língua italiana para estrangeiros que se autointitulam

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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comunicativos; (b) de que modo a língua é representada e entendida nesses

materiais didáticos; e (c) de que modo o entendimento sobre a metodologia

pode modificar o processo de ensino-aprendizagem. Como desdobramento,

temos como objetivos (a) analisar e criticar alguns dos atuais materiais

didáticos de ensino de italiano e (b) investigar a representação de língua e de

metodologia que se dá nestes materiais. As análises parciais apontam para um

distanciamento entre o que o LD se propõe a fazer e o que efetivamente faz,

modificando e influenciando o ensino e justificando sua análise e crítica.

Palavras-chave: livro didático, língua italiana, abordagem comunicativa

Jorge Luís Rocha (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

AS COMUNIDADES DISCURSIVAS NO USO DE JOGOS EDUCATIVOS MULTIMÍDIA

NO ENSINO DE ESPANHOL LÍNGUA ESTRANGEIRA

Este estudo analisou a relação entre o conceito de comunidades discursivas, a

aplicação de jogos multimídia como objetos educacionais em aulas de

espanhol como língua estrangeira e o engajamento dos alunos frente ao uso

de jogos em sala de aula. Segundo Swales (1990), as comunidades discursivas

são grupos nos quais indivíduos se identificam entre si por meio de fatores

ocupacionais, de especialidade ou de gostos pessoais, acarretando nos

mesmos o domínio de um determinado repertório de gêneros discursivos,

hábitos e experiências. Devido a isso, pensando em grupos escolares cada vez

mais marcados por diversos discursos e identidades, influenciados pelas novas

tecnologias de informação e comunicação (as TICs), o uso de jogos como

instrumentos educacionais ganhou importância no âmbito das discussões

pedagógicas pelos trabalhos de alguns teóricos, como Paul Gee (2009),

tornando-se elemento requisitado na seleção de materiais didáticos pelo MEC.

Utilizando um jogo digital investigativo em aulas de ELE de um colégio carioca,

com turmas de Ensino Fundamental, foram observadas e correlacionadas

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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diversas informações de cada aluno, referentes aos seus hábitos e gostos, e

seus posicionamentos frente às atividades com o jogo, sobretudo os de

engajamento ou desengajamento. O resultado dessa observação aponta que

alguns dos elementos de identidade discursiva do aluno influenciam em seu

posicionamento engajado ou desengajado, em detrimento de outros,

inicialmente também considerados como possivelmente relevantes para esse

quadro.

Palavras-chave: comunidades discursivas - jogos educativos multimídia -

objetos educacionais - ensino-aprendizagem de espanhol - gêneros

discursivos

Julia Caldara Pelajo (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

DISCURSIVIDADES EM CONTATO NO JOGO DE INTERAÇÃO FILME-ESPECTADOR

EM AULAS DE ESPANHOL LÍNGUA ESTRANGEIRA

Esta pesquisa teve como objetivo analisar interações discursivas entre

enunciadores situados em diferentes contextos socioculturais, motivadas pela

utilização de filmes hispânicos em aulas de ELE. Utilizando a metodologia da

pesquisação (Moita Lopes, 1996), são apresentados, em uma instituição

escolar federal, localizada no Estado do Rio de Janeiro, aos alunos de duas

turmas do 1° ano do Ensino Médio, os filmes “Um cuento chino” (2011) e “El

hombre de al lado” (2009), ambos produzidos na Argentina. A partir da

perspectiva da Análise do Discurso, com ênfase especial para a noção de

formações discursivas, desenvolvida por Michel Foucault (2008), e da noção

de ressonâncias discursivas, desenvolvida por Silvana Serrani (2010), foram

examinados os sentidos que são construídos na interação filme-espectador e

os movimentos de aproximação e distanciamento dos estudantes em relação

às práticas enunciativas que se realizam nos filmes argentinos, a fim de

compreender como os alunos brasileiros interagem com uma discursividade

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

em língua estrangeira. Observou-se que os estudantes aderiam com maior

frequência aos modos de construção do discurso que predominam no

contexto brasileiro, pois eles lhes são mais familiares. Porém, esse

posicionamento em relação ao discurso do outro também é atravessado por

outros fatores (por exemplo, identificação afetiva com o problema vivido pelo

personagem). Para tal exame, foram analisadas as transcrições das gravações

em áudio dos debates travados em sala de aula a partir dos filmes, as

produções resultantes das atividades desenvolvidas nesse âmbito e entrevistas

e questionários feitos com os alunos.

Palavras-chave: discurso – espanhol LE – interação – filmes - Argentina

Júlia Cheble Puertas (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Quintans Sebold

A RELAÇÃO ENTRE O TRAÇO DE ESPECIFICIDADE DO ANTECEDENTE E A

SELEÇÃO DO OBJETO DIRETO NA VARIEDADE PENINSULAR DE ALCALÁ DE

HENARES

O português e o espanhol, embora sejam línguas próximas, apresentam

comportamentos sintáticos diferentes em relação ao preenchimento ou não do

argumento interno. González (1994) e Groppi (1997) assumem que há no

espanhol, em geral, uma preferência pelo preenchimento dos argumentos

internos por clíticos. Simões (2015) propõe que o espanhol das variedades de

Madri e Montevidéu também seguiriam a mesma tendência. A partir dessas

noções centrais, investigamos a retomada do objeto direto por clíticos levando

em conta os traços de especificidade. Simões (2015) descreve, que os

sintagmas nominais (SNs) definidos tenderiam a receber uma interpretação [+

específica], enquanto os SNs indefinidos ou encabeçados por um artigo

indefinido ou quantificador tenderiam a receber uma interpretação [-

específica]. Em suma, dependendo da natureza do encabeçamento haverá uma

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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tendência em aparecer a categoria vazia. Diante do exposto, o presente

trabalho verificou a influência dos traços de especificidade no que diz respeito

às retomadas de objeto direto no espanhol da variedade peninsular de Alcalá

de Henares (AH). A hipótese verificada foi a de que o espanhol da variedade

de AH admite a categoria vazia quando os antecedentes apresentam os traços

[-específicos]. Para alcançar tal objetivo, foram analisadas duas entrevistas do

corpus PRESEEA (Alcalá de Henares). Nos dados inicialmente levantados, foi

encontrada uma ocorrência de apagamento nos contextos de interpretação [+

específica]. Portanto, a análise será estendida a mais gravações.

Palavras-chave: clíticos - objeto direto - especificidade - espanhol - Alcalá de

Henares

Juliana Rodrigues de Castro (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua

Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Angela Maria da Silva Corrêa

O ENSINO/APRENDIZAGEM DO FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA AO SURDO

BILÍNGUE BRASILEIRO A PARTIR DOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO

LETRAMENTO

Esta pesquisa tem como objetivo investigar aspectos do letramento no

processo de ensino-aprendizagem do Francês Língua Estrangeira (FLE) ao

público surdo bilíngue brasileiro, numa perspectiva didático-pedagógica. Para

isso, será observada a prática do curso de extensão de FLE para surdos

realizado na Faculdade de Letras da UFRJ, no qual é desenvolvida a

competência de leitura a partir dos princípios do letramento segundo Kleiman

(1995, 1989), Soares (2009, 2004) e Tfouni (2010, 1995). Tendo como base

os aportes teóricos de Grosjean (2003, 2008) sobre bilinguismo, de Moirand

(1979) e de Tagliante (2005, 1994) sobre a didática do FLE, e de Skliar (2004,

2000) e de Quadros (2004, 1997) sobre a educação dos surdos, estabelece-se

uma relação entre a teoria e a prática do ensino, investigando-se as

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

adaptações metodológicas necessárias às especificidades linguísticas do

surdo.

Palavras-chave: letramento - educação especial - francês língua estrangeira –

educação de surdos

Larissa de Souza Arruda (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues

O ENTRELUGAR DO TEXTO LITERÁRIO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE

FRANCÊS: ENTRE OS DOCUMENTOS OFICIAIS E OS CURRÍCULOS

UNIVERSITÁRIOS

O objetivo desta pesquisa é verificar em que medida a graduação

propicia/capacita/incentiva os licenciandos a usarem o texto literário em suas

práticas como professores-monitores de língua francesa nos projetos de

extensão de ensino de língua de duas universidades públicas federais. Tais

universidades foram escolhidas, já que uma possui o currículo único em

licenciatura em Letras-Francês e a outra, o currículo duplo em licenciatura em

Letras Português-Francês, o que nos traz dados para fazermos uma boa

comparação, visto que os cursos são estruturados de forma diferente. O

corpus que utilizamos é composto pelas DCNs para os Cursos de Letras, dos

currículos dos cursos investigados, de questionário aberto com docentes e de

questionário semiaberto com professores-monitores dos cursos de extensão.

Para analisar tal conteúdo, utilizaremos a Clínica e a Ergonomia da Atividade,

o Interacionismo Sociodiscursivo, os estudos de Cuq e Gruca (2005) e

Tagliante (2006) sobre a didática de FLE e sobre a ligação da língua e da

literatura discutida por Fiévet (2013) e Pinheiro-Mariz (2007). Como

resultados parciais, trazemos a confirmação da nossa hipótese de que a

graduação não propicia aos professores-monitores uma prática que os ensine

a integrar o texto literário na aula de FLE. A dicotomia língua versus literatura

se faz presente nos currículos analisados. Observamos uma resistência no uso

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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do texto literário pelos professores-monitores; ainda que vejam a importância

dessa união, sentem que não foram preparados para realizá-la.

Palavras-chave: gênero profissional – currículo – formação de professor –

didática de FLE

Larissa Soares Mendes (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos, Língua

Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Tânia Reis Cunha

ANÁLISE DE ATIVIDADES DE LEITURA EM UM MANUAL DE FRANCÊS LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Tendo como base as noções de “ethos”, identidade social e identidade

discursiva (Charaudeau, 2006, 2005) e a abordagem de leitura como atividade

cognitiva (Kleiman, 2013, Omaggio, 1986, Corrêa & Cunha, 2006), o objetivo

da pesquisa é o de verificar se a imagem de leitor construída pelo manual Alter

Ego A1 Plus, utilizado no curso de graduação em Letras Português-Francês de

uma instituição de ensino público brasileira, apresenta semelhanças com a

imagem de leitor construída pelos objetivos propostos nos programas dos

dois primeiros níveis de francês língua estrangeira da instituição em questão.

Para isso, estão sendo feitas análise e catalogação das atividades de

compreensão escrita propostas ao longo do primeiro volume do manual, tendo

em vista a proposta de progressão (Phillips, 1984, apud Omaggio, 1986) das

mesmas. O guia pedagógico do manual propõe um trabalho com as atividades

de leitura que envolva, primeiramente, uma compreensão global e depois uma

compreensão denominada “finalisée”, correspondente ao nível microtextual.

Entretanto, os dados iniciais apontam que no Alter Ego A1 Plus, as atividades

de leitura se atêm ao entendimento do contexto global do documento, sem,

no entanto, avançar na proposta de atividades de compreensão que levem em

conta a organização interna do texto. No próximo estágio da pesquisa, essa

progressão será confrontada com a progressão sugerida para as atividades de

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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compreensão oral no mesmo volume, a fim de verificar o lugar ocupado pela

leitura frente a outras habilidades.

Palavras-chave: compreensão escrita – ethos – francês língua estrangeira

Luciana de Genova (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Annita Gullo

A PRESENÇA DO ROMANESCO NO CINEMA ITALIANO PÓS-GUERRA

Este estudo propõe observar a presença do romanesco no cinema italiano a

partir da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais. O corpus a ser examinado

é constituído por recortes de diálogos transcritos de três filmes italianos de

diferentes períodos: Roma città aperta (1945), de Roberto Rossellini, Il

sorpasso (1962), de Dino Risi e Viaggidinozze (1995), de Carlo Verdone. A

escolha deste corpus tem como objetivo geral observar as mudanças e a

evolução do uso desta variedade linguística no cinema, tendo como base

teórica os estudos de Sergio Raffaelli (1992) e Eusebio Cicotti (2001). Quanto

ao aspecto metodológico, Fabio Rossi (1999) nos dá apoio à identificação do

critério de coleta e tratamento dos dados. Com base nesses estudos, o critério

de seleção será a escolha dos fenômenos fonéticos, considerados reveladores

da variação diafásica; a frequência de tais traços permitirá a identificação do

nível de formalidade/informalidade dos diálogos dos atores (fala fílmica) de

cada filme e se há a presença do continuum linguístico romano. Para tanto,

temos ainda as contribuições de Tullio De Mauro (1993) e Pietro Trifone (1992,

2008) para o estudo sobre as características e a evolução do romanesco, que

nos auxiliarão na identificação dos traços fonéticos desta variedade presentes

nas falas fílmicas, objeto principal de nossa pesquisa.

Palavras-chave: romanesco; cinema italiano pós-guerra

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Maria Francisca da Silva (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Q. Sebold

O PROCESSO DE LEITURA EM CURSO INTERDISCIPLINAR DE LINGUAGENS E

CÓDIGOS - UFMA: UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DOCENTE EM FORMAÇÃO

ACADÊMICA

Esta pesquisa se propõe a observar as práticas de encaminhamentos didáticos

em relação à atividade de leitura em espanhol língua estrangeira aplicada por

acadêmicos/professores do curso de Licenciatura Interdisciplinar em

Linguagens e Códigos – UFMA. Pretende fazer uma reflexão sobre esses

encaminhamentos, a partir de um evento de formação continuada sobre os

modelos de leituras. O corpus a ser analisado se constituirá de entrevista com

os professores envolvidos, atividades de leitura produzidas sem orientação e,

posteriormente, com apoio das orientações dadas durante a formação

continuada. Com base em Kato (2010), Kleiman (2002), Applegate (2002),

realizaremos um panorama sobre os conceitos e modelos de leitura e sobre

formação continuada (PCN, OCEM). A partir desses pressupostos da pesquisa,

verificaremos a hipótese de que a prática didática dos professores é permeada

pela intuição baseada em modelos aos quais foram expostos na escola (livro

didático), mas com alguns elementos ou marcas de modelos teóricos a que

foram expostos na academia ou fora dela, em formação posterior. A partir

dessa hipótese, buscaremos formular um panorama do ensino de leitura em

espanhol língua estrangeira, em curso de licenciatura interdisciplinar,

possibilitando um repensar sobre a prática a partir da formação continuada.

Palavras-chave: leitura - modelos de leitura - ensino de língua espanhola -

formação continuada

Mariana Wanderlei Braga (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos, Língua

Italiana)

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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Orientadora: Profa. Dra. Annita Gullo

UM ESTUDO SEMÂNTICO-LEXICAL NA POÉTICA DE GABRIELE D’ANNUNZIO

Gabriele D'Annunzio, escritor decadentista do período do Novecento italiano,

tem como característica marcante a apropriação e o emprego de itens lexicais

pertencentes à tradição literária do período medieval. Diante de seus textos, o

leitor sente a necessidade de recorrer constantemente ao uso do dicionário, já

que o italiano standard contemporâneo sofreu e vem sofrendo mudanças

significativas no nível semântico-lexical. No curso de graduação em

Português-Italiano oferecido pela UFRJ, os discentes entram em contato com

o texto dannunziano nas disciplinas de literatura italiana III e V; naquela é

estudada a prosa, enquanto nesta a poesia. Um dos principais problemas

verificados com relação à exposição dos alunos aos textos de Gabriele

D'Annunzio foi a compreensão incorreta de muitas palavras, o que leva

necessariamente ao entendimento parcial de seu escrito. Esse fato foi essencial

para a motivação desse trabalho. A primeira e a segunda fase da pesquisa se

deram no âmbito da narrativa; verificamos que o escritor introduz várias

palavras da tradição literária que já estão em desuso em sua época ou

carregam em si não mais o significado original; fizemos o levantamento das

palavras ligadas à tradição medieval, bem como dos termos latinizantes

empregados no texto dannunziano. A terceira fase desse trabalho se dará no

âmbito da poética dannunziana e consistirá na investigação de palavras

empregadas no poema “La pioggia nel pineto” (1902). Como conclusão da

pesquisa é nossa intenção elaborar um glossário que irá auxiliar

prioritariamente os estudantes de italiano do curso de graduação em Letras na

compreensão mais eficaz da obra do escritor decadentista.

Palavras chave: o texto dannunziano - estudo semântico-lexical

Maxuel de Souza Rodrigues (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua

Francesa)

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientadora: Profa. Dra. Tânia Reis Cunha

LICENCIANDOS E A CONSTRUÇÃO DE IMAGENS SOBRE O ENSINO E

APRENDIZAGEM DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Um dos fatores que intervêm no ensino-aprendizagem de francês língua

estrangeira (FLE) evidencia elementos externos relacionados especialmente a

critérios sociais e históricos. Falar francês sempre foi símbolo de distinção,

decorrente do fato de a cultura francesa ter deixado diversas marcas no

imaginário da sociedade brasileira (Nastari, 2005), que testemunha os valores

compartilhados, valores nos quais os seres se reconhecem e através dos quais

se constitue sua memória identitária (Charaudeau, 2009). Nesse contexto,

seria possível afirmar que a decisão tomada por determinados sujeitos de

estudar a língua francesa pode estar ligada às representações que circulam na

sociedade em relação a essa língua, relacionadas a critérios objetivos ou

subjetivos de percepção da cultura e da língua francesas, que poderiam

interferir no processo de aprendizagem dos sujeitos. Na base da defesa dessa

ideia, entra o entendimento, na Psicologia Social (Pereira, 2002), de que

estereótipos compartilhados por membros de um ou mais grupos sociais

exercem efeitos bastante significativos na manifestação dos comportamentos.

Para uma reflexão sobre essa questão, esta pesquisa se propõe a analisar

entrevistas e questionários realizados, em 2012, com cinco licenciandos em

Letras (Português-Francês) da UFRJ, que participaram de uma Oficina de

Línguas Estrangeiras, implantada pela mesma instituição em uma escola

pública do Rio de Janeiro. A partir dos depoimentos dos licenciandos, será

proposta uma análise de tais depoimentos a fim de: (a) depreender dos seus

discursos imagens compartilhadas por sujeitos que compõem a comunidade

escolar em relação ao aprendizado de FLE e (b) verificar se os discursos

construídos por esses licenciandos corroboram ou refutam essas imagens.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem de FLE - representações sociais -

estereótipos

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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Pedrita Mynssen Mello (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos, Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan

CONTATO LINGUÍSTICO ENTRE FRANÇA E ALEMANHA: AS INFLUÊNCIAS DOS

IMIGRANTES NA FORMAÇÃO DE UMA NOVA LÍNGUA POPULAR DA ALSÁCIA

Desde a política positivista da revolução francesa de 1789, o francês foi

adotado como língua nacional, delegando um papel secundário e

estigmatizado as outras línguas, como o alsaciano. O próprio nome dado às

línguas e a associação a uma região já revela o caráter positivista da política

da época. O que é chamado de fronteira linguística? Neste caso, qual seria a

fronteira entre o alsaciano e a língua falada em Baden (aqui denominada

badisch), na Alemanha, do outro lado da fronteira política França-Alemanha?

Neste trabalho, busco apresentar uma reflexão crítica sobre as concepções de

fronteira linguística utilizando essas duas línguas como exemplo dentro de

uma abordagem ecossistêmica, ou seja, segundo uma análise da confluência

da língua com o meio social. Pretendo mostrar que essas duas línguas são, na

realidade, uma mesma língua, apenas nomeadas diferentemente para justificar

uma ideologia política-nacionalista. Também procuro mostrar uma tendência

de afastamento entre essas duas línguas por influência linguística: do lado

francês, dos magrebinos e, do lado alemão, dos turcos; e como graças a essa

tendência, o alsaciano estaria se transformando e garantindo sua

sobrevivência como língua natural. Para explicar todos esses fenômenos,

usarei uma abordagem ecolinguística com a qual contextualizo de maneira

histórica, geográfica e social o francês e o alsaciano. Esse trabalho também

busca explicitar a coexistência harmônica dessas duas línguas mesmo em

contextos políticos hostis entre a França e a Alemanha, como pode ser visto

no livro Le français alsacien: fautes de prononciation et germanisme de J.

D’hauteville, 1852.

Palavras-chave: fronteiras linguísticas - contato linguístico – ecolinguística -

linguística ecossistêmica

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Priscila da Silva Marinho (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior

CONCEPÇÕES DISCENTES ACERCA DOS GÊNEROS DISCURSIVOS

Pretende-se apresentar nesta comunicação análises de produções escritas

discentes acerca dos conceitos dos chamados “gêneros discursivos e/ou

textuais”, pautando-se pela perspectiva discursiva adotada por Fanjul (2012)

sobre os “gêneros desgenerizados”. Tais análises configuram-se como

resultados parciais da pesquisa de mestrado intitulada “Discurso e processo

de construção de sentidos: uma análise de produções escritas de licenciandos

em Letras/Espanhol”, em que buscamos investigar os processos heterogêneos

de inscrição em discursividades da língua estrangeira por alunos de ensino

superior de uma instituição da rede pública do Rio de Janeiro. A partir do

corpus formado por produções escritas provenientes de prova semestral,

questionários e atividades comparativas Espanhol/Português, foi feito um

levantamento do perfil dos sujeitos investigados no que diz respeito à sua

relação com a língua estrangeira estudada, à luz da Análise do Discurso de

linha francesa (Foucault, Revuz, Serrani, Celada) e da perspectiva do estudo de

caso qualitativo por meio da observação participante (André, 2013). Nosso

intuito, com isso, é identificar as distintas “formações discursivas” (Foucault,

2014; Serrani, 2010) que perpassam a materialidade linguístico-enunciativa,

dando pistas da heterogeneidade constitutiva (Corrêa 1997, 2004) da escrita

desses discentes.

Palavras-chave: língua materna - língua estrangeira - formações fiscursivas -

heterogeneidade constitutiva da escrita - gêneros do discurso

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Renata Daniely Rocha de Souza (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Mercedes R. Quintans Sebold

A MARCAÇÃO DO TRAÇO DE ANIMACIDADE E A SELEÇÃO DO OBJETO DIRETO

NA PRODUÇÃO ORAL DE APRENDIZES DE ESPANHOL FALANTES DE PB

Em relação ao tipo de preenchimento dos argumentos, o português do Brasil

(PB) e o espanhol, em geral, apresentam uma distribuição pronominal distinta.

Enquanto o sistema pronominal do PB licencia o apagamento de objeto, sendo

esta a estratégia de retomada mais produtiva na fala, segundo Galves (2001);

o espanhol é descrito como uma língua que possui um sistema vigoroso de

clíticos, de acordo com González (1994). Tais diferenças são significativas

quanto à configuração das gramáticas não nativas, ou seja, podem apontar

comportamentos distintos no momento da seleção do argumento interno. O

presente trabalho teve por objetivo levantar a influência do traço de

animacidade na seleção do objeto direto nulo por aprendizes de espanhol

falantes de português. A hipótese que assumimos, aqui, foi a de que

aprendizes de espanhol falantes de PB selecionam o objeto nulo quando o

traço do referente é [- animado], ou seja, os aprendizes seguem a tendência

de marcação deste traço do PB. Segundo SOLEDAD (2011), o favorecimento ao

apagamento diante do traço [- animado] ocorreria sem distinção da categoria

sintática a qual o objeto pertence. Para verificar tal hipótese, foi aplicado um

teste de produção oral a partir de imagens. Coletamos 10 amostras orais e

levamos em consideração quando o objeto apresentava a marcação saliente de

animação do referente [+/-animado]. A análise preliminar dos dados apontou

para uma preferência de retomada por pronome tônico tanto para referentes

com traço [+ animado] quanto para referentes com traço [- animado].

Palavras–chave: traço – animacidade - objeto direto - espanhol língua

estrangeira

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Rosane Mavignier Guedes (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Marcia Atálla Pietroluongo

A ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA NO BRASIL E NA FRANÇA: UMA QUESTÃO

CULTURAL

No contexto deste colóquio, apresentamos o andamento da pesquisa de

doutorado sobre o discurso argumentativo jurídico, no Brasil e na França. Esta

investigação procura mostrar que a estrutura da argumentação está atrelada a

questões culturais, muito mais do que linguísticas, ambas, cultura e língua,

avaliadas pela lógica que reina em um grupo social, em determinado momento

histórico, sobre os quais circulam seus valores, determinando o gênero do

discurso. Dessa forma, analisamos os textos que normatizam a união civil de

pessoas do mesmo sexo, que na França foi elaborado por iniciativa dos

Poderes Executivo e Legislativo, enquanto que no Brasil a normatização deu-

se a partir do Poder Judiciário. Ocorre que cada Instituição tem sua lógica, seu

contexto, por conseguinte seu gênero. O estudo desta dinâmica é

desenvolvido numa perspectiva sociológica e linguística, baseando-se no

prisma perelmaniano. Perelman (2008) fundou um novo conceito de

argumentação adaptado ao contexto sócio-histórico que fundamenta os

valores das sociedades. Eis por que nos debruçamos, paralelamente, sobre a

obra de Pierre Bourdieu em sua análise sobre linguagem e poder (1982).

Assim, há dois pontos básicos em estudo: a cultura da sociedade que escolhe

quem pronunciará o discurso, e a estrutura argumentativa que acompanhará

o gênero pertinente.

Palavras-chave: lógica – cultura – língua – contexto - gênero

Sabrina Lima de Souza Cerqueira (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua

Espanhola)

Orientador: Prof. Dr. João Antonio de Moraes

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COMO PERGUNTAMOS EM ESPANHOL: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS PERGUNTAS

PROFERIDAS ESPONTANEAMENTE POR UMA BRASILEIRA E UMA ESPANHOLA

Nem sempre falante e ouvintes estão em sintonia com relação aos padrões

entoacionais adotados durante a interação. Baseados nos trabalhos realizados

por t’Hart, Collier e Cohen (1990), Ladd (2008), Cresti (2011), Searle (1990),

Levinson (2007), Moraes (2008,2011, 2012, 2012a), Moraes e Colamardo

(2007), Mello, Panuziand Raso (2011), Moneglia (2011), Sosa (1999), Prieto e

Roseano(2009-2013), Hidalgo Navarro (2012), Cantero (2002), Ballesteros

Panizo (2014), propomos a análise de corpus de fala espontânea e lida de duas

professoras de espanhol. Este trabalho tem como objetivo: (a) descrever as

curvas melódicas de enunciados diretivos em espanhol, perguntas, produzidos

espontaneamente por falantes de nacionalidade espanhola e brasileira durante

uma interação real em sala de aula; (b) descrever a curva melódica dos

enunciados lidos por colaboradoras das duas nacionalidades e correlacioná-

los com os enunciados espontâneos. Como este trabalho está em fase de

desenvolvimento ainda não temos resultados conclusivos; no entanto, já

verificamos que: (a) para as perguntas totais os padrões da F0 encontrados

foram: ascendente e ascendente-descendente; (b) para as perguntas parciais

o padrão é descendente e (c) para a perguntas disjuntivas ocorre um pico na

F0 da sílaba postônica do grupo tonal que antecede a conjunção “o”, seguida

de uma queda que vai até o final do enunciado, caracterizando movimento

descendente na região nuclear dos enunciados. Como próximos passos da

nossa investigação, deveremos descrever os contornos melódicos das

informantes para os pedidos e ordens e aplicar testes de percepção para

verificar qual contorno favorece os mal-entendidos entre professor-aluno em

sala de aula de E/LE.

Palavras-chave: pragmática – prosódia – atos de fala – fala espontânea – ensino

de espanhol

Vanessa de Oliveira Gomes Laga (Mestrado, Estudos Linguísticos, Língua

Francesa)

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Orientadora: Profa. Dra. Angela Maria da Silva Corrêa

JULES VERNE E O ETHOS DISCURSIVO NO PERSONAGEM DE HERNÁN CORTÈS NA

CONQUISTA DO MÉXICO

Esta pesquisa propôs-se a analisar o ethos discursivo (Charaudeau: 2008)

acerca do personagem de Hernán Cortès (1485-1529), seu processo de

aceitação e conquista através do discurso. Trata-se da busca de credibilidade

e da legitimidade através de um ato comunicacional no qual o conquistador

utiliza estratégias discursivas para incitar e persuadir o outro. O corpus que

utilizamos nessa investigação foi constituído pelas cinco cartas escritas por

Hernán Cortès no momento em que se fez a conquista do México, pela

narrativa do livro Les conquistadors (1870) de Jules Verne, e pela obra Cortès

le conquérant de l’impossible do historiador Francês Bartolomé Bennassar

(2002). A partir da visão de Charaudeau (2008) sobre a legitimação do sujeito

político, pudemos analisar como Cortès se constitui enquanto “conquistador”.

Como observamos em sua narrativa e na narrativa de Verne, Cortès se legitima

como governador da Nova Espanha buscando principalmente conquistar a

confiança da Coroa Espanhola e também a dos povos por ele encontrados ao

longo do seu percurso.

Palavras-chave: ethos - estratégias de persuasão – credibilidade – legitimidade

- conquista

Venise Vieira Mendes (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Atálla Pietroluongo

AS TRADUÇÕES DO LIVRO LE PETIT NICOLAS NO BRASIL

Para que uma tradução tenha sucesso é preciso considerar-se a função que a

mesma terá na cultura de chegada, assim como determinar seu público-alvo.

Sob esta perspectiva, Christiane Nord, em uma Abordagem Funcionalista da

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Tradução, propõe que seja definido o ‘encargo tradutório’ da tradução,

composto por aspectos intra e extratextuais, que guiará o tradutor sobre qual

será o escopo de sua tradução. Através da análise de quatro categorias

definidas por nós (1- Recorrência de pronomes sujeitos, objeto direto e

indireto e o pronome nós X a gente; 2- Presença de repetições lexicais e de

pronomes resumptivos; 3- Utilização de procedimentos técnicos diversos da

tradução literal; 4- Comprometimento da compreensão de questões culturais

em função da tradução), nosso trabalho tem por objetivo detectar o escopo de

algumas histórias contidas nas duas únicas traduções brasileiras do livro

‘infantil’ Le petit Nicolas e, através desta definição, também caracterizar o

público-alvo imaginado por cada tradutor. Tal interesse se justifica a partir da

observação de que um mesmo original tenha possibilitado traduções com

efeitos tão diversos entre si. Com nossos resultados, ainda parciais,

acreditamos que as análises comprovarão que todos os elementos de

composição das traduções precisaram ser adaptados ao conceito de tradução

da época, bem como ao público-alvo (diferentes em cada tradução),

produzindo-se, assim trabalhos tão distintos.

Palavras-Chave: abordagem funcionalista da tradução – escopo - público-alvo

Vitor da Cunha Gomes (Doutorado, Estudos Linguísticos, Língua Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Annita Gullo

O ENSINO DA LÍNGUA ITALIANA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DA POLÍTICA

LINGUÍSTICA

A presente pesquisa se propõe a realizar uma análise da formação do

professor de língua italiana a partir dos estudos das políticas linguísticas.

Serão analisados os currículos e as ementas das disciplinas de italiano dos

cursos de graduação em Letras Português/Italiano (LPI) nas instituições de

ensino superior do Estado do Rio de Janeiro (IES/RJ), a fim de investigar como

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se constrói o conhecimento dos atos políticos ligados ao processo de ensino-

aprendizagem da língua italiana. A pesquisa se faz a partir de alguns

questionamentos que servirão como condutores centrais do conteúdo a ser

pesquisado: como é abordada, ou não, a política linguística nos cursos de

graduação em LPI nas IES/RJ e quais implicações ocorreriam diante das

reflexões sobre o tema para a formação de licenciados em italiano? Elaborou-

se a hipótese de que a política linguística não é abordada de maneira

satisfatória por não existir tempo suficiente para trabalhar, junto ao aluno, o

seu conhecimento. Ao ingressar no curso, o aluno entra sem nenhum

conhecimento da língua estrangeira escolhida, o que não viabiliza sua

capacitação plena ao ponto de torná-lo proficiente na língua italiana e ao

mesmo tempo capaz de lecioná-la, realizar pesquisas e estudos sobre

temáticas que não estivessem intrinsecamente ligadas ao seu processo de

ensino-aprendizagem. A presente análise será realizada à luz dos estudos de

Balboni (1998, 2002 e 2003) que norteará a pesquisa no que tange ao ensino

da língua italiana; Rajagopalan (2003, 2004 e 2005), Calvet (2002 e 2007) e

Chardenet (2011) fundamentarão os estudos ligados às políticas linguísticas.

Palavras-chave: ensino da língua italiana (LE) - políticas linguísticas -

formação docente

Wender Álvaro Rodrigues Mothé (Iniciação Científica, Estudos Linguísticos,

Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues

O FRANCÊS E AS LÍNGUAS NACIONAIS BURQUINENSES: DIGLOSSIA E SISTEMA

ESCOLAR

Com base nos conceitos de “conflito linguístico” (Calvet) e “mercado das

línguas” (Bourdieu), pretendemos analisar a diglossia existente em Burkina

Fasso entre a língua francesa (oficial) e as línguas nacionais burquinenses,

mais especificamente, no contexto escolar. A problemática do uso das línguas

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nacionais nos sistemas educativos parece ser uma preocupação constante em

muitos países africanos, sobretudo na chamada África Subsaariana francófona.

Mais do que uma simples questão de eficácia e ineficácia de políticas

linguísticas, vários obstáculos sociolinguísticos mostram-se difíceis de serem

transpostos. Nosso objetivo, nessa pesquisa que se encontra em sua fase

inicial, é, num primeiro momento, inventariar tais dificuldades, que vão do

apego de muitos burquinenses ao francês, às representações e atitudes

linguísticas que não conseguem associar às línguas nacionais a ideia de

desenvolvimento sociocultural, passando pela falta de engajamento efetivo do

Estado nessa questão. Para isso, vamos nos dedicar à análise de documentos

oficiais sobre a educação no país e de trabalhos de diversos intelectuais

burquinenses que discutem a relação entre o sistema educacional e as políticas

linguísticas.

Palavras-chave: diglossia – francês e línguas nacionais burquinenses – sistema

escolar em Burkina Fasso – conflito linguístico

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ÁREA DE CONCENTRAÇÃO

ESTUDOS LITERÁRIOS NEOLATINOS

Adriana Ortega Clímaco (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

EFEITO DE HISTORICIDADE EM EVITA: JIRONES DE SU VIDA

A comunicação visa a apresentar o andamento da pesquisa de tese doutoral

cujo tema é a relação entre história e ficção na representação de Eva Perón. O

corpus da pesquisa é constituído por Santa Evita (1995), de Tomás Eloy

Martínez, La pasión según Eva (2005), de Abel Posse, e Evita: jirones de sua

vida (2012), de Felipe Pigna. Os objetivos da pesquisa são: verificar a relação

entre história e ficção na construção da representação de Eva Perón; ampliar a

pesquisa realizada na dissertação de mestrado, propondo novas categorias de

elementos relativizadores dos limites entre história e ficção. Na pesquisa

anterior, observou-se a relação entre história e ficção em duas margens

complementares: de um lado, a ficcionalização da história, e de outro, o efeito

de historicidade da ficção (CLÍMACO, 2012). Na fase atual da pesquisa,

analisa-se, na biografia Evita: jirones de su vida, a construção do efeito de

historicidade, o que confere a um relato o estatuto de discurso histórico.

Palavras-chave: história e ficção - efeito de historicidade - biografia

Alessandra Corrêa de Souza (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Claudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

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VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO EM DIÁRIO DE BITITA DE CAROLINA MARIA DE JESUS E

PIEL DE MUJER DE DELIA ZAMUDIO

A proposta desse trabalho é apresentar um recorte da investigação científica

que buscamos realizar a partir da análise das obras Diário de Bitita (1986)

e Piel de Mujer (1991). Nosso objetivo geral é verificar como os narradores

representam a violência e a exclusão nas obras supracitadas e como os

problemas sociais e econômicos dos respectivos países são denunciados

através da escrita de autoria feminina. A esse objetivo geral agregam-se os

seguintes objetivos específicos: demonstrar a importância de uma leitura

crítica frente às obras de Carolina Maria de Jesus e Delia Zamudio, descrever

de maneira comparativa como os sujeitos subalternos são representados pelo

discurso hegemônico, tanto no Brasil como no Peru, levantar possibilidades de

interpretação do passado, a partir da literatura e história, a fim de buscar

mudanças efetivas nas relações sociais de trocas simbólicas. A justificativa

vem ao encontro de alguns questionamentos levantados e não respondidos na

investigação de mestrado. A partir desse momento, surgiu a necessidade de

desenvolver uma nova pesquisa na qual o feminino não fosse apenas

representado. Por isso, agora buscamos responder como os narradores

autodiegéticos utilizam as obras literárias supracitadas como elemento de

denúncia de um sistema que exclui o gênero feminino no contexto brasileiro

e peruano no século XX. A metodologia utilizada parte de análise qualitativa,

documental, de caráter bibliográfico e comparativo. Inicialmente, nos

embasamos em textos críticos sobre as temáticas levantadas e de crítica

literária e cultural. Temos apenas conclusões parciais, pois temos lido e escrito

trabalhos monográficos que nos ajudam a elaborar as análises dos dados

coletados. Vale destacar que Diário de Bitita (1986) e Piel de Mujer (1991) são

textos autobiográficos de cunho memorialístico. Concordamos com a

declaração de Spivak (2012) de que “a mulher subalterna encontra-se em uma

posição ainda mais periférica pelos problemas subjacentes às questões de

gênero”. Parafraseando a professora e investigadora, devemos dar voz aos que

foram silenciados por séculos, ou seja, criar espaços de interlocução para que

essas minorias possam ser ouvidas. Como aporte teórico utilizamos autores

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

como Eurídice Figueiredo (2013), Hugo Achugar (2006), Pierre Bourdieu

(2007), entre outros, para as análises e possíveis diálogos entre Brasil e Peru.

Palavras-chave: literatura afro-peruana - literatura afro-brasileira -

heterogeneidade

André Rezende Benatti (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

AS TRAMAS DA CULTURA NA OBRA DE JOSEFINA PLÁ: A ARTE, ENTRE O

CONTROLE E A IMAGINAÇÃO

Concebemos o universo expressivo de Josefina Plá (1903-1999) como uma

trama capaz de interpretar e sintetizar, de modo complexo, a cultura

paraguaia. Na sua obra converge o olhar crítico, focado em aspectos na

realidade político-social do Paraguai, e a estima pela capacidade de criação da

cultura paraguaia. Para demonstrar que essa convergência é determinante no

universo expressivo da artista, levamos em conta as conexões existentes entre

a obra ficcional, ensaísta e plástica da artista hispano-paraguaia. Buscando

essas vinculações no tecido composto de textos e imagens, definimos um

corpus formado por uma seleção significativa da sua obra poética, ficcional,

ensaística e de artes plásticas. Fundamentamos a amplitude e variedade do

corpus em razão da necessidade de estabelecer relações entre textos e

imagens. Consideramos o conto “Anécdotas Del folklore naciente y Cuentos

folklóricos y fantásticos”, a ensaística completa da autora, para além de suas

obras plásticas (gravuras e cerâmica). O projeto encontra-se em fase de

desenvolvimento, em um primeiro momento, justificamos o porquê da

pesquisa com a revisão da fortuna crítica de Josefina Plá, comprovando, dessa

maneira, a originalidade do trabalho; foi elaborada uma breve biografia da

autora, buscando o paralelo entre sua vida e o contato com a cultura paraguaia

no desenvolvimento dos diversos gêneros (ficcional, ensaístico e plástico)

produzidos pela artista. Em um segundo momento, desenvolvemos questões

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

acerca da poética da modernidade em âmbito geral, afunilando para a

modernidade na América Latina; a fim de discutir Josefina Plá como modelo de

uma modernidade que não é uma simples reiteração das ideias da Europa,

buscamos agora ressaltar a relação interartística da obra produzida por ela.

Palavras-chave: Josefina Plá – cultura – modernidade

Andréa Cabral de S. Gomes (Doutorado, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

Coorientadora: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

O ESTUDO DAS PERSONAGENS AGOSTINO, LUCA E DODO PELO VIÉS DO

ESTRANHAMENTO

A pesquisa investiga as personagens Agostino, Luca e Dodo nas três narrativas

Agostino (1944), La disubbidienza (1948) e L’uomo che guarda (1985) que

constituem os corpora da tese pelo viés do estranhamento. O escopo do

estudo é identificar os traços desse estranhamento nas personagens, por meio

dos seus discursos dos constructos narrativos das obras. O estudo se baseia,

inicialmente, no livro de Michael Foucault (1926-1984) História da

Sexualidade, em três volumes, no qual o filósofo discute a sexualidade. O

primeiro volume, A vontade do saber, o filósofo revela a sexualidade como

reprimida a partir do século XVI e intensificada com surgimento das ciências

humanas, no século XIX. O segundo volume, O cuidado de si, aborda a reflexão

filosófica, moral e médica sobre os prazeres e a conduta sexual; tal tema é

reforçado no último volume O uso dos prazeres, no qual aprofunda a reflexão

moral sobre a atividade sexual e seus prazeres, no início da nossa era. A obra

de Sigmund Freud (1856-1939) auxilia no conceito do estranhamento a partir

do estranho, no começo, entendido como algo não familiar, desconhecido,

depois, percebido como algo que está além do familiar e não familiar, sendo

enclausurado no inconsciente, quando vem à tona causa sensação de medo,

terror, estranheza. Esse estranhamento observado nos evidencia as

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

personagens em uma cultura repressora na qual o sujeito refugia-se no

ambiente familiar/privado.

Palavras-chave: Alberto Moravia – estranhamento – sexualidade – Agostino -

La dissubidienza - L’uomo che guarda

Anna Basevi (Doutorado, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientador: Prof. Dr. Andrea Giuseppe Lombardi

O ESTRANHO-ESTRANGEIRO NA OBRA DE PRIMO LEVI

A pesquisa, cujo título é “O estranho-estrangeiro na obra de Primo Levi”, visa

aprofundar os desdobramentos temáticos que surgem da frequência dos

termos estranho/estrangeiro/alheio (em italiano strano/straniero/estraneo),

explorando também seu reflexo no estilo e nas estruturas narrativas. Ao longo

da pesquisa, desenvolvida graças à bolsa PDSE da CAPES na Itália, foi possível

ampliar e atualizar a bibliografia, dialogar com professores e críticos, assistir

a diversas conferências e aulas específicas sobre temas do estudo, desenvolver

novas análises. Três eixos conduzirão a redação da tese: Viagem e exílio,

estranhamento e Unheimliche, fronteiras e híbrido. Relativamente ao primeiro

eixo, aos topoi narrativos de viagem do nóstose da diáspora, acrescentaremos

a catábase de origem clássica (Homero, Virgílio, Dante). Seguindo o segundo

fio condutor, pretendemos propor uma reflexão original entorno do “estranho

diálogo” entre Levi e Kafka, agora revisada e enriquecida. Enfim, o tema da

fronteira e do híbrido - que constitui o terceiro eixo - também será ampliado

graças a publicações italianas recentes e ao encontro com especialistas. Foi

acrescentado ainda um tema relevante, à luz do qual é possível reler a questão

central do “estrangeiro”: a relação entre testemunho e tradução.

Palavras-chave: estranho – estrangeiro - Primo Levi

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bárbara de Oliveira Santos (Doutorado, Estudos Literários, Literatura

Hispânica)

Orientadora: Profa. Dra. Mariluci da Cunha Guberman

AS TRANSFIGURAÇÕES DE LOPE DE AGUIRRE E AS IMAGENS LITERÁRIAS DO RIO

AMAZONAS NO ROMANCE DE MIGUEL OTERO SILVA

O personagem histórico Lope de Aguirre sofre sucessivas transfigurações na

obra de Miguel Otero Silva (1908-1985) Lope de Aguirre, príncipe de la

libertad (1979). As figuras “soldado”, “traidor” e “peregrino” dividem a obra em

três partes e representam momentos em que as expectativas sobre o Novo

Mundo frustram-se por intensas experiências de violência humana e natural

na Amazônia banhada pelo grande rio. Acredita-se que a tirania de líderes

metropolitanos e promessas da Coroa espanhola não cumpridas, bem como a

inospitalidade do ambiente amazônico refletem mudanças substanciais no

personagem, seja na sua concepção física e psicológica de si mesmo ou na sua

percepção do mundo natural imensurável, banhado pelo rio Amazonas.

Lançando a esse rio de águas extraordinárias um olhar de viajante e

estrangeiro (NOVAES), Lope vê a si mesmo transmutando-se, assim como o

próprio rio transforma-se em sua natureza fluida e corrente perante o olhar

humano que o percorre. Atribui-se a Lope uma natureza tão líquida como a

do próprio rio, inserindo-o num processo de desterritorialização (GUATTARI)

que põe em xeque maniqueísmos. Nesse sentido, a obra de Otero Silva põe

em questão os discursos da história (CERTAU) que fixam Lope de Aguirre sob

a univocidade de imagens como tirano cruel, rebelde insurgente ou herói

libertário, além de promover uma reconstituição do universo simbólico

amazônico a partir de imagens literárias que consideram o rio na sua relação

com o dado humano do olhar.

Palavras-chave: olhar – imagem – rio Amazonas

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Beatriz Pereira Alves de Araujo (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literatura Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

O REALISMO MÁGICO EM LA VITA OPEROSA (1921) DE BONTEMPELLI

Estudo do realismo mágico na obra La vita operosa (1921), de Massimo

Bontempelli (1878-1960). Depois de ter feito alguns incertos exórdios na

poética carducciana e de uma efêmera aproximação do Futurismo, Bontempelli

entrou em contato com novas vanguardas francesas, transformando

profundamente sua imagem de artista moderno passando, então, a

demonstrar um senso mais irracional e a casualidade própria dos sonhos em

suas obras. O autor teorizou e praticou uma variedade de neoclassicismo, que

ele definiu como realismo mágico, uma arte capaz de extrair através do jogo

intelectual e da ironia o fantástico e a irrealidade da cotidianidade O estudo

desses elementos fez a pesquisa obter resultados que apontam para a ideia

de que a obra literária em estudo mantém seu aspecto narrativo em meio à

desconstrução de suas noções básicas (tempo e espaço) (ROSA: 2011), que,

no entanto, fazem-se ainda presentes, evidenciando-se seu caráter fantástico

que contribui para reafirmar que um estudo semiótico (CONTI, 2010) poderá

iluminar os signos não textuais. O objetivo da pesquisa foi investigar seus

elementos narrativos e a articulação dessa narrativa com as poéticas das

vanguardas do início do século XX, em particular o Futurismo, ressaltando,

nesse primeiro momento, as categorias de tempo, espaço e causalidade (Silva:

2000 e FERRONI 2004).

Palavras-chave: realismo mágico – futurismo - La vita operosa - Massimo

Bontempelli

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bianca Pandelo Cerqueira Silva (Iniciação Científica, Estudos Literários –

Literatura Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

Coorientadora: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis.

A MÁSCARA DOS COSTUMES NAS RELAÇÕES SOCIAIS EM SEI PERSONAGGI IN

CERCA D'AUTORE (1921)

Estudo da máscara dos costumes na obra Sei personaggi in cerca d’autore,

escrita em 1921, por Luigi Pirandello (1837-1936). Adepto do ponto de vista

relativista, Pirandello defende que os homens não são livres, uma vez que,

desde o nascimento, são submetidos a convenções sociais e a regras

comportamentais que devem seguir por toda a vida. Muitas vezes esses

padrões ditos corretos pela sociedade são totalmente contrários à natureza do

indivíduo, mas, mesmo quando este se dá conta disto, continua seguindo as

regras sem coragem de ir contra à sociedade e passa, então, a agir como ator,

interpretando um papel que lhe foi atribuído. A partir disso, Pirandello cria

então o teatro dello specchio (teatro que retrata a vida real sem a máscara da

hipocrisia e das convenções sociais). Com essa atitude, o autor italiano

revoluciona o teatro (ANTONUCCI, 1995; GUINSBURG, 1999). Após leitura do

corpus de análise e do entendimento de que o indivíduo, conforme apresenta

Aristóteles, é um ser gregário, que precisa de contato com outras pessoas e

para tal convivência, deve então comportar-se de acordo com regras

estabelecidas; objetivou-se, nesse primeiro momento da pesquisa do estudo

sobre o teatro pirandelliano, rever a noção de máscara para auxiliar a

compreensão de máscara dos costumes e do papel das relações sociais

(COMBA: 1996).

Palavras-chave: Pirandello – máscara - relações sociais

Bruno Leonardo de Almeida Dutra (Mestrado, Estudos Literários, Línguas e

Culturas em Contato)

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Dalla Bona

A SICILIANIDADE GASTRONÔMICA EM IL GATTOPARDO DE TOMASI DI

LAMPEDUSA

Esta pesquisa de Dissertação de Mestrado, que segue para sua parte final,

verifica através do romance base Il Gattopardo de Tomasi di Lampedusa

(1958), como se constrói a sicilianidade gastronômica na narrativa do autor,

partindo da análise do discurso gastronômico, decadentista e, de certa forma,

patriótico em relação à ilha, em particular no momento da unificação do estado

italiano. Trabalhando na perspectiva de que a comida é um modo de

comunicação, como afirma Roland Barthes (2004) e Lévy-Strauss (2001), esta

pesquisa possibilita observar como a literatura oferece uma oportunidade de

conhecimento e reapropriação da identidade cultural através da cultura

alimentar, no caso específico, daquela de expressão siciliana.

Metodologicamente, o quadro teórico desta pesquisa tem como ponto de

partida o encaminhamento narratológico, fazendo uma breve digressão

antropológica e histórica, para, ao final, retornar ao literário, a tarefa

investigativa teve como corpus de ação os hábitos, as tradições, a

multiculturalidade formadora da ilha e os costumes alimentares do final do

século XIX, presentes no romance de base e em outros autores. Dessa maneira,

a pesquisa que, desde o início, busca investigar o ethos siciliano, que se

manifesta através da gastronomia na narrativa de Lampedusa, nos fornecerá,

quando finalizada, material que comprova a existência de um ethos siciliano

particular, teorizado por diversos autores como ‘sicilitudine’ e ‘sicilianità’.

Palavras-chave: sicilitudine – sicilianità – gastronomia – ethos – identidade –

Multiculturalidade - Tomasi Di Lampedusa - Sicília

Carmelita Tavares Silva (Doutorado- Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

A MEMÓRIA NA TRILOGIA ÁLVARO MENDIOLA DE JUAN GOYTISOLO

Essa comunicação tem como objetivo apresentar, sucintamente, parte de

nossa pesquisa, em andamento, cujo tema é “Memória, autoficção e

paternidade na Trilogia Álvaro Mendiola de Juan Goytisolo”. Para esse evento,

trazemos a questão da memória e justificamos nossa opção considerando sua

importância na narrativa autoficcional. Juan Goytisolo conjuga em sua obra o

tema da memória e suas interfaces com as instâncias de ficção, realidade,

verdade, imaginação e esquecimento. A metodologia adotada é a pesquisa

bibliográfica considerando a fortuna crítica sobre a temática abordada e os

pontos de convergência entre a maneira como Juan Goytisolo a desenvolve em

sua narrativa e a contribuição de alguns teóricos cuja produção é considerada

referência no meio acadêmico. Com esse escopo, nossa ancoragem teórica se

fundamentará nas contribuições de autores como Jacques Le Goff (1990),

Walter Benjamin (1989), Henri Bergson (2006), Philippe Lejeune (2008), Freud

(1969) e buscará refletir sobre alguns pontos tais como: de que forma

reverbera em sua obra a condição de exilado, qual o papel da memória em sua

narrativa e que estratégias discursivas são utilizadas para desenvolver sua

estética. Entendemos que, dessa forma, será possível identificar um percurso

no qual o eu da narrativa autoficcional, transitando nas confluências da

História e da Memória se configura, se elabora e (re)elabora e, ao fazê-lo,

constrói, desconstrói e reconstrói a sua história imbricada nos fatos da História

cuja memória ele conserva, questiona, recria ou olvida.

Palavras-chave: Juan Goytisolo – memória - autoficção

Cláudia Regina da Silva Rodrigues (Mestrado, Letras Neolatinas, Literaturas

Hispânicas

Orientador: Profa. Dra. Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

OS PAPÉIS SOCIAIS E A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO EM BLANCA SOL, DE

MERCEDES CABELLO DE CARBONERA

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Este trabalho de pesquisa teve como proposta fazer um estudo do romance

Blanca Sol, da escritora peruana Mercedes Cabello de Carbonera, literatura de

ordem moralizante-corretiva, na qual a autora denunciou de forma sistemática

um universo social que se articula segundo as condições econômicas. Foi feita

uma breve análise sobre a representação da mulher e dos possíveis papéis

sociais assumidos, intencionando fazer uma análise do pensamento da época

e a reação da sociedade, além de buscar identificar as contradições e conflitos

resultantes das relações sociais. Considerando os objetivos apresentados, a

metodologia foi fundamentada em pesquisa bibliográfica de estudiosos que

desenvolveram questionamentos inerentes ao assunto, sistematizando e

interpretando os dados através de uma abordagem lógica. Apresentamos

inicialmente uma breve discussão sobre a questão da identidade para melhor

elucidar a perspectiva da representação social. Quanto às assimetrias que

surgem nas relações sociais, buscamos apoio teórico em Pierre Bourdieu e

seus estudos sobre a dominação masculina, o que nos permitiu direcionar o

olhar para as ocorrências da manifestação do poder masculino e da violência

simbólica presentes em Blanca Sol. Ao final, ao lançarmos o foco na realidade

fictícia da obra em questão, percebemos que as mulheres evoluem e se

transformam de acordo com as mudanças ocorridas na vida de cada uma ou

até mesmo da sociedade, e que há uma necessidade constante de adaptação

à natural evolução das situações e dos próprios cidadãos. Concluímos que as

perspectivas destacadas na pesquisa foram úteis para dar maior visibilidade

ao tema; também serviram de suporte para questionar a concepção injusta que

norteia as relações entre mulheres e homens.

Palavras-chave: século XIX - representação social - escritura feminina

Dalva Desirée Climent (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientador: Orientador: Prof. Dr. Ary Pimentel

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

ESCRITA MIGRANTE E IDENTIDADES DIASPÓRICAS NO ROMANCE SI ME QUERÉS,

QUEREME TRANSA, DE CRISTIAN ALARCÓN

Nos últimos anos, a literatura argentina apresenta uma temática que se torna

cada vez mais comum entre seus escritores, o chamado “conurbano

bonaerense”. As representações do “conurbano” como território aparecem

construídas em oposição à imagem da Cidade de Buenos Aires (CABA), ao

mesmo tempo que incorpora também o tema das “villasmiseria”, num rico

leque de linguagens e abordagens. As obras que representam esses territórios

destacam a sua complexidade e dialogam com um imaginário urbano

fortemente marcado pela figura da imigração limítrofe. As “villas” que crescem

e se multiplicam com a crise de 2001, integram-se ao panorama urbano e

cultural da cidade. Dentro dessas favelas, um número expressivo de

moradores provém de países como Paraguai, Peru, Bolívia ou Chile. Os sujeitos

que integram esses novos fluxos e negociam práticas culturais no território

híbrido da “villamiseria” são os protagonistas do segundo livro de Cristian

Alarcón. Em Si me querés, queremetransa, Alarcón nos apresenta uma obra

híbrida, que transita entre o relato do novo jornalismo e o discurso

antropológico, com diálogo aberto com os arquivos judiciais e com o cânone

da literatura latino-americana. Propicia o mergulho em uma realidade que vai

muito além dos discursos midiáticos e nos apresenta uma favela na qual as

estratégias comunitárias, a escuta musical e as práticas religiosas estão

arraigadas no território de origem e funcionam como elementos de mediação

no complexo processo de adaptação dos sujeitos à cidade.

Palavras-chave: imigração – favela - representação

Daniel Teixeira da Costa Araujo (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas de

Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

A LITERATURA COMO DEFESA: ESPAÇO PÚBLICO E ESPAÇO LITERÁRIO NA

TRILOGIA ALEMÃ DE LOUIS-FERDINAND CÉLINE

A pesquisa parte de um estudo da trilogia alemã de Louis-Ferdinand Céline,

composta pelos romances D’un château l’autre (1957), Nord (1960) e Rigodon

(1969), estendendo-se à correspondência, entrevistas e processo jurídico ao

qual respondeu o autor, para tecer uma reflexão sobre a intrincada relação

entre vida e obra e sobre política e literatura, em Céline. A tese está subdividida

em três partes: a Parte I, “O espaço autoral - De Destouches a Céline”, visa

mostrar a formação do escritor e o entrelaçamento entre vida e obra através

da encenação do autor enquanto personagem dos romances e de sua própria

persona no espaço público, assim como discutir conceitos centrais da crítica

céliniana, tais como transposição, style, féerie, guerra e morte; a Parte II, “O

espaço público - o escândalo Céline e o processo judicial”, tem por objetivo

apresentar o processo jurídico em que Céline foi acusado de colaboração e o

processo que tentou sua extradição da Dinamarca para que fosse entregue às

autoridades francesas para, com isso, discutir o racismo e o antissemitismo

do autor e no que consiste sua condenação pública; a Parte III, “O espaço

literário - a trilogia como vitimização”, analisa os romances da trilogia com

base na postura de vitimização na qual o autor se coloca, cuja pena teria sido

uma feroz condenação pública, que, porém, dá a ele a liberdade de atacar

diversos segmentos da sociedade da época, assim como tecer seus

comentários apocalípticos e visionários sobre o futuro da França.

Palavras-chave: Céline - trilogia alemã - espaço autoral - espaço público -

vitimização

Danielle Grace de Almeida (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas de

Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

F.P.: AS PANÓPLIAS DO POETA E O ARSENAL DA CRÍTICA

A tese "F.P. As panóplias do poeta e o arsenal da crítica", defendida em março

de 2015, teve como objetivo em um primeiro momento pensar a imbricação

entre escrita e política na representação do poeta na obra de Francis Ponge.

No seu projeto literário, a relação entre o poético e o político difere do modo

como ela era concebida na era romântica, e mesmo na sua época, pelos

escritores politicamente engajados. Ponge construiu ao longo de sua carreira

uma verdadeira fábrica de armas, bombas explosivas, todas compondo suas

panóplias poéticas. Em um segundo momento, partindo do tratamento

particular das coisas em Ponge, investiguei as diversas visões críticas em torno

de sua obra. Ora através de uma perspectiva “literalista”, ora a partir de uma

leitura que identifica um novo lirismo, um “lirismo objetivo”, a crítica parece

ter desenvolvido um arsenal poderoso para mostrar como a obra pongiana põe

em questão a própria ideia que se tem de modernidade.

Palavras-chave: Francis Ponge - poesia e política – modernidade -

representação do poeta

Danilo Lopes Brito (Doutorado, Estudos Literários, Línguas e Culturas em

Contato)

Orientadora: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

O BRASIL REVISITADO: NOVOS OLHARES SOBRE O BRASIL À LUZ DA PRODUÇÃO

MUSICAL DA SCHEMA RECORDS

É sabido que, ao longo dos séculos, diferentes olhares tiveram o Brasil, seu

povo e sua cultura, como foco. Os discursos deles decorrentes produziram

estereótipos que até hoje são postos em circulação. De fato, desde os

primeiros relatos sobre o Brasil, esses discursos têm diferentes formas e

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

veiculam estereótipos que, na verdade, se diferenciam entre si. Para além do

exotismo, da violência, da sexualidade evidente e dos ares cool de alguns

contextos brasileiros representados no exterior, um novo estereótipo

relacionado ao Brasil toma forma atualmente na Itália. Partindo da mais

conhecida produção cultural brasileira, a música, um selo musical milanês, que

lida diretamente com referências de samba de bossa-nova, dá margem a um

novo olhar para o Brasil, através da crítica musical e dos demais discursos

midiáticos a ela atrelados. A presente pesquisa visa analisar de que modo se

dá tal processo, bem como investigar a repercussão do mesmo em contexto

midiático primordialmente italiano. Estabelecidos os embasamentos sobre

estereotipia, sobre a estética musical brasileira e sobre o contexto no qual as

produções italianas debatidas neste estudo circulam, o próximo passo é

efetivamente a análise do material que deixa clara a remodulação dos

estereótipos sobre o Brasil. A presente fala tem por objetivo, portanto, mostrar

os dados e pontos de vistas estabelecidos até então.

Palavras-chave: estética musical brasileira – estereótipos - discurso midiático

- relações culturais ítalo-brasileiras - crítica musical

Débora Garcia Furtado (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Celina Maria Moreira de Mello

O DRAMA COLETIVO E A TRAGÉDIA INDIVIDUAL EM LE DIABLE ET LE BON

DIEU (1951) DE JEAN-PAUL SARTRE

O projeto filosófico de Jean-Paul Sartre traduz-se em sua obra teatral

caracterizada pela importância do texto e pelo elemento fundamental do

drama: o diálogo. Suas personagens se encontram em situações extremas,

confrontando-se com a liberdade de suas escolhas e a responsabilidade de

seus atos. Os objetivos deste projeto são: ler o caráter didático da peça Le

Diable et le bon Dieu (1951), seus traços épicos e a tragédia individual da

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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personagem Goetz, que conduz à ação e preserva a forma dramática, e

relacionar a personagem de Goetz como uma referência à figura histórica do

Condottiere, apresentando traços comuns ao herói da tradição do drama

romântico, cuja condição paratópica o leva, através da encenação, à criação de

sua própria cidade. O projeto está sendo desenvolvido a partir dos conceitos

de paratopia (MAINGUENEAU, 2006) e da noção de situação de estreitamento

(SZONDI, 2011), entendida como a base da maioria dos dramas modernos que

escapam à conversão épica, e que se apresenta no diálogo.

Palavras-chave: Sartre – teatro - drama romântico

Diane de Oliveira Leal (Iniciação Cientifica, Estudos Literários, Língua Italiana)

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Dalla Bona

SANTA ÁGATA: MISTICISMO, LITERATURA E GASTRONOMIA

A partir da receita de um doce tradicional (minnedivergini) e da história de

uma Santa (Santa Ágata), Giuseppina Torregrossa escreveu seu romance

Mamas sicilianas – em italiano Il conto delleminne, publicado em 2009. A

protagonista do livro chama-se Ágata, como a Santa; no decorrer do texto,

conta a história das mulheres de sua família e da tradição alimentar,

transmitida de geração para geração, do preparo das minne de Santa Ágata,

um doce feito em homenagem à padroeira de Catânia, e que a cultura popular

acredita possuir poderes taumatúrgicos. Santa Ágata, era uma jovem siciliana

que, por não aceitar as propostas amorosas do Pro-cônsul romano Quintiano,

foi martirizada tendo seus seios arrancados, tornando-se assim Santa e

padroeira de Catânia. Mamas sicilianas apesar de ser um texto que demonstra

a fé do povo catanense, revela um caráter erótico, fazendo com que os seios

não estejam somente ligados ao doce, mas também sejam um símbolo estético

e de desejo. O estudo procura demonstrar a relação da fé em Santa Ágata,

aliada ao preparo do doce em forma de seios, através do texto de Torregrossa

e do livro de Giovanni Lanzafame Sant’Agata e la sua festa: barroco in

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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processione. Como quadro teórico serão utilizados, para embasar a discussão,

O Erotismo, de Georges Bataille e O sagrado e o profano de Mircea Eliade, entre

outros. Pretende-se, também, mostrar a transição de um culto pagão feminino

ligado a Isis ao culto de Santa Ágata, durante o início do cristianismo na Sicília.

Palavras-chave: gastronomia – literatura - misticismo

Diogo de Hollanda Cavalcanti (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Elena Cristina Palmero González

MEMÓRIA E DESLOCAMENTO EM JUAN GABRIEL VÁSQUEZ

Esta apresentação propõe sintetizar os resultados até agora alcançados em

minha pesquisa de doutorado sobre a influência do deslocamento na obra do

escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez (Bogotá, 1973). Meu objeto de

estudo são os romances Los informantes (2004), Historia secreta de

Costaguana (2007) e El ruido de las cosas alcaer (2011). Embora tenham

tramas independentes, os três romances podem ser lidos como uma trilogia

sobre o passado colombiano, com a particularidade de ter sido escrita durante

os 16 anos em que Vásquez viveu longe da Colômbia. Diante disso, a pesquisa

propõe verificar de que forma o deslocamento de Vásquez e o fato de viver na

Europa quando produziu as obras influenciaram a abordagem de seu país

natal. A hipótese que creio demonstrar – fundamentado, entre outros autores,

no crítico uruguaio Abril Trigo – é a de que os deslocamentos geram uma

propensão questionadora na memória, passível de romper com os paradigmas

anteriores e propor novas formas – mais críticas e inclusivas – de olhar a

comunidade nacional. Adicionalmente, mostro que o deslocamento, mais do

que a condição de extraterritorialidade, é assumido por Vásquez como um

lugar de enunciação – e, como tal, “um lugar ao mesmo tempo concreto e

desejado” (Achugar, 2006), o que gera impactos tanto ideológicos quanto

estruturais nos romances.

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Juan Gabriel Vásquez – deslocamento - memória; - literatura

hispano-americana

Edmar Guirra dos Santos (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

A “HETZELIZAÇÃO” DE JULES VERNE

Qualquer que seja a pesquisa empreendida sobre a obra de Jules Verne, não

se pode deixar de reservar interesse ao seu encontro com o editor Pierre-Jules

Hetzel. As biografias do escritor inscrevem esse momento da sua trajetória no

campo literário, em 1862, como o acontecimento inaugural que promoverá a

carreira literária de Verne, engajando-o nas vias do “romance científico”,

programada pelo lançamento das Viagens extraordinárias. Definitivamente,

Hetzel, editor capaz de identificar o valor literário de Verne, caucionado por

um público ávido pela ciência, renovará a visão editorial sobre a literatura para

crianças e jovens e integrará Verne à equipe fundadora do Magasin d’éducation

et de récréation, em 1864. Em suma, é associando-se à editora Hetzel que

Jules Verne disporá de um potencial de publicação que lhe permitirá adquirir

status de autor célebre, garantido pelos sucessivos contratos assinados entre

os anos de 1863 a 1871. No entanto, antes de 1862, data do primeiro contrato

de Verne, o escritor já havia realizado diversas tentativas de entrada no campo

literário, escrevendo poemas, textos dramáticos e novelas para o periódico

Musée des familles e um artigo crítico sobre o Salão de 1857. Nesta

intervenção, apreciarei, portanto, os possíveis estéticos para Jules Verne no

início de sua trajetória e focalizarei o momento que caracterizo como sua

“hetzelização”. Levo em consideração as indeterminações do campo literário

no Segundo Império e na Terceira República relacionando-as às escolhas

genéricas do escritor.

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Jules Verne - Pierre-Jules Hetzel – trajetória - campo literário

Eduarda Araújo da Silva Martins (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literaturas de Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

ÉMILE ZOLA NA IMPRENSA DO NORDESTE DO BRASIL

A pesquisa, de caráter exploratório, busca identificar as ocorrências do nome

do escritor naturalista francês Émile Zola (1840-1902) na imprensa brasileira,

com o intuito de compreender a recepção de sua obra no país. Devido ao

grande número de ocorrências, concentrou-se nos periódicos da região

Nordeste do Brasil entre 1860 e 1914, datas que correspondem à década da

publicação da primeira obra literária de Zola e ao início da Primeira Guerra

Mundial, quando se encerra o longo século XIX. O trabalho inicial constituiu

no mapeamento das referências a Zola nos Estados do Nordeste brasileiro,

através de fontes primárias disponibilizadas pela Hemeroteca Digital Brasileira

da Fundação Biblioteca Nacional. Zola se tornou conhecido na França por suas

colaborações em periódicos e se consagrou como o escritor com a maior

produção no âmbito da literatura naturalista (BAGULEY, 1995), tendo

publicado a grande obra romanesca Os Rougon-Macquart, composta de vinte

volumes, entre os anos de 1871 e 1893, o que faz com que, ainda hoje, seja

referência do naturalismo no mundo. Na região Nordeste do Brasil, já foi

possível constatar, através dos periódicos pesquisados, a forte presença de

Zola, com 2.934 ocorrências do nome do escritor entre notícias, anúncios,

citações, críticas, curiosidades, o caso Dreyfus, obituário, além das obras

literárias publicadas, textos teóricos e de combate político.

Palavras-chave: Émile Zola - imprensa brasileira - naturalismo

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Eric da Silva Santiago (Iniciação Científica, Estudos Literários, Literatura

Italiana)

Orientador: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

Coorientadora: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

A DESCONSTRUÇÃO DO SÉRIO EM I FIORI DE ALDO PALAZZESCHI

Estudo do grotesco em versos na obra Poesie (1971), de Aldo Palazzeschi,

pseudônimo de Aldo Giurlani (1885-1974), mais especificamente na poesia I

Fiori. O objetivo desta pesquisa foi estudar a des-construção poética, através

do uso do grotesco do risível e da comédia, na obra Poesie de Aldo Palazzeschi,

mais especificamente na poesia I Fiori. Para análise do grotesco, foi utilizado

o Prefácio ao Cromwell de Victor Hugo, no qual o autor define o grotesco como

sendo: “[...] a mais rica fonte que a natureza pode abrir à arte [...]” e que o

grotesco, unido à comédia, seria: “[...] um novo tipo introduzido na poesia [...]

uma nova forma que se desenvolve na arte. Este tipo é o grotesco. Esta forma

é a comédia [...]”. Já para a compreensão dos conceitos do cômico, foram

utilizadas as obras O Riso de Henri Bergson e História do Riso e do Escárnio

de Georges Minois. A obra de Bergson foi utilizada para as conceituações de

cômico, risível e riso. Os três fariam parte da “[...] Tensão e elasticidade, [...]

as duas forças reciprocamente complementares que a vida põe em jogo. [...]”.

A obra fui utilizada também para a conceituação e aplicação do absurdo, que

pode causar a comicidade das palavras: “[...] O absurdo não é [...] a fonte da

comicidade. Não passa de um meio muito simples e muito eficaz de no-lo

revelar [...]”. Ainda no âmbito do cômico, foi utilizada a obra L’Umorismo, de

Luigi Pirandello, para a conceituação e construção do panorama do humorismo

no contexto italiano até então.

Palavras-chave: Palazzeschi – riso – humorismo – Fiori – poesia –

desconstrução

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fabrizio Rusconi (Doutorado, Estudos Literários, Línguas e Culturas em

Contato)

Orientador: Prof. Dr. Andrea Giuseppe Lombardi

CARLO EMILIO GADDA, LA COGNIZIONE DEL DOLORE E A ESCRITA EXPLODIDA

Interesse desta apresentação vai ser esclarecer o conceito de escrita explodida,

investigada a partir da análise do romance La cognizione del dolore (1963), de

Carlo Emilio Gadda (1893-1973). A metáfora que deu o título à apresentação

surge na relação de dois elementos contrapostos, o de escrita e o de explosão.

Veremos em que sentido os dois termos devem ser considerados uma unidade.

Embora reconheçamos que a metáfora da explosão tenha um valor extenso,

envolvendo vários elementos, vários níveis, muitos deles também

extratextuais, históricos, sociais, políticos e existenciais – são eles os objetivos

polêmicos de uma escrita perenemente crítica e corrosiva – aquilo que

justamente resultará objeto de estudo é a extensão e o significado da explosão

como escrita, ou seja, uma valorização absoluta e livre do elemento discursivo

e formal que esta caracteriza. Âmago desta explosão que é ao mesmo tempo

causa e efeito, em um horizonte não temporal, é o conflito entre língua,

linguagens, gírias, dialetos e uma unidade textual perdida. A grande e sólida

tradição formal que se chamava literatura foi abalada, internamente

dilacerada. A escrita surge deste conflito, da perda daquela unidade e do

desejo impossível que esta seja reconstituída.

Palavras-chave: escrita - Carlo Emio Gadda – explosão - línguas

Fernanda Felix da Costa (Iniciação Científica, Estudos Literários, Literaturas de

Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

GUY DE MAUPASSANT NO BRASIL ENTRE 1880-1914

Nesta pesquisa, buscamos encontrar todas as ocorrências disponíveis nos

periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira que envolvem o escritor naturalista

francês Guy de Maupassant (1850-1893), a fim de entender sua recepção no

campo literário brasileiro entre os anos de 1880, época do sucesso do conto

“Boule de Suif”, da coletânea de contos naturalistas Les soirées de Médan

(BAGULEY, 1995; BECKER, 1998) e 1914, com o início da Primeira Guerra

Mundial. Maupassant se tornou conhecido no Brasil, principalmente, por sua

participação no grupo de escritores naturalistas franceses, liderado por Émile

Zola, e por sua grande produção de contos e novelas. No total, foram

encontradas, nos Estados brasileiros, 1.517 ocorrências ao nome de Guy de

Maupassant, contendo não só suas obras literárias, mas também críticas,

anúncios de livros e peças, menções e obituários, mostrando o grau de

reconhecimento do escritor no campo literário brasileiro.

Palavras-chave: Guy de Maupassant – naturalismo - imprensa brasileira

Fernanda Gerbis Fellipe Lacerda (Doutorado, Estudos Literários, Literatura

Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

GABRIELE D’ANNUNZIO: TRADIÇÃO E RUPTURA NA CENA TEATRAL

Estudo da provável teorização teatral italiana pretendida por Gabriele

D’Annunzio (1863- 1938) que pode ser inicialmente observada em seu

romance Il Fuoco (1900) e em seus textos trágicos La figlia di Iorio (1904), Il

Martirio di San Sebastiano (1911) e Fedra (1909). Entendendo que D’Annunzio

era um poeta completo e que vivia sua vida em função da obra de arte, o teatro

é a junção perfeita de suas necessidades artísticas. Nosso objetivo nesta

pesquisa é investigar como e o que o carácter antecipador do poeta reformulou

na cena teatral italiana. Nossa pesquisa pretende dar continuidade ao que foi

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

apresentado anteriormente durante o estudo para a dissertação de Mestrado,

uma vez que pressupomos que o ethos dannunziano se faz presente na

provável teorização teatral pretendida por D’Annunzio. A retomada da

discussão a respeito do ethos (MAINGUENEAU, 2008) e as conclusões de um

ethos teatral dannunziano nos permitem verificar que o poeta, de maneira

consciente, inicia em seu romance Il Fuoco uma crítica ao que vinha sendo

apresentado nos palcos italianos de sua época. Caso nossas hipóteses se

confirmem, D’Annunzio seria, portanto, o responsável por iniciar uma

libertação das barreiras que separam duas formas de representação, o

romance e o teatro, unindo-as em uma só obra.

Palavras–chave: Gabriele D’Annunzio – teatro - ethos

Fernanda Orphão Corrêa de Lima (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Elena Cristina Palmero González

SI DEL CIELO TE CAEN LIMONES, LEARN TO MAKE A LEMONADE: A ESCRITA EM

DESLOCAMENTO DE GUSTAVO PÉREZ FIRMAT

A transformação acelerada dos meios de comunicação nas últimas décadas, o

movimento massivo de pessoas, o aumento do fluxo da informação e de

imagens, a desestabilização de fronteiras nacionais, assim como a crise dos

paradigmas ideológicos que sustentaram a modernidade influenciam de

maneira definitiva os estudos da cultura, tornando o deslocamento uma noção

essencial para compreender a sociedade atual e suas práticas culturais. Nessa

perspectiva, o presente estudo das obras do escritor cubano-americano

Gustavo Perez Firmat El año que viene estamos en Cuba (1997) e Cincuenta

lecciones de exílio y desexilio (2000), reflete sobre as relações entre

deslocamento cultural, memória autobiográfica, bilinguismo e figuração do

autor. A presente pesquisa tenta responder: como caracterizar a identidade da

escrita do autor, especificamente no que tange às relações entre deslocamento

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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cultural e memória autobiográfica? Como a articulação de duas culturas na

obra de Gustavo Pérez Firmat incide em sua produção literária e em suas

reflexões estéticas? Pode a experiência do deslocamento e do biculturalismo

gerar uma poética escritural? Como é construída a figura do autor nessas

obras? A dissertação tenta identificar o que poderíamos chamar uma poética

do deslocamento, analisando os textos em suas coordenadas temáticas e

compositivas. Para tais reflexões, partiremos dos estudos sobre a cultura de

Stuart Hall e James Clifford; os estudos sobre a memória de Arfuch, Pozuelo

Yvancos y Le Goff; os estudos de Palmero González sobre as formas

contemporâneas do deslocamento e sua expressão artística; os estudos de

Steiner a respeito da extraterritorialidade, Agamben e Pozuelo Yvancos sobre

a figuração do autor.

Palavras-chave: Gustavo Pérez Firmat – deslocamento - literatura cubano-

americana

Gabriel Poyes (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Mariluci da Cunha Guberman

MARIO BENEDETTI ROLA A BOLA ENTRE A POESIA E A HISTÓRIA

A década de 1950 é um divisor de águas na história uruguaia, sobretudo no

que tange ao seu declínio econômico, e um marco para a literatura deste país

é a publicação de Poemas de la Oficina (1953 – 1956). A poética do escritor

uruguaio Mario Benedetti perpassa a história e sobrevive à erosão do tempo

com uma repercussão sempre atual, dessa forma, sua obra compartilha com o

uruguaio parte de sua identidade. É a partir do advento da modernização do

país, que os escritores como Mario Benedetti e Juan Carlos Onetti puderam

difundir seu realismo urbano, mas é no hiato entre o auge e a conseguinte

queda econômica que a literatura estabelece uma leitura particular do

momento histórico. No poema dactilógrafo do livro Poemas de la Oficina (1953

– 1956) de Mario Benedetti, percebe-se que o autor congrega duas vozes

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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distintas, porém harmoniosas, e da mesma forma, harmonicamente, literatura

e história se entrelaçaram para dar conta da realidade uruguaia do início do

século XX. O crescente número de imigrantes, o desenvolvimento de

Montevidéu e a ascensão do Uruguai foram transcritos em obras do autor

uruguaio. Seus contos, poemas e sua crítica representam a realidade do país.

Ao perceber a peculiaridade e a distinção de como a modernidade se apresenta

na periferia do capitalismo, laçou-se mão da leitura de investigadores como

ARTEAGA (2008), BAUMAN (2001), BETTHEL (2002) e BERMAN (2007).

Palavras-chave: Mario Benedetti – cidade - história

Gaetano D’Itria (Mestrando em Letras, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientador: Andrea Giuseppe Lombardi

O ALÉM DA LETRA NOS SEIS CANTOS DO PARAÍSO DA COMÉDIA DE DANTE ALIGHIERI

TRADUZIDOS/TRANSCRIADOS PELO POETA E TRADUTOR HAROLDO DE CAMPOS

A partir dos conceitos de inefável e transumanar, presentes nos seis cantos do

Paraíso dantesco e comentados por Haroldo de Campos (1998), o evento

poético pode ser visto como uma desconexão biunívoca entre intelecto e

língua, dando origem a uma dupla “inefabilitade” (Agamben, 2010). No

Convivio e na Epístula a Cangrande della Scala, Dante explica as formas de

leitura da Comédia e apresenta o sistema hermenêutico que compreende

quatro níveis de leitura: sentido literal, tropológico, alegórico e por último

o sentido anagógico ou místico. A análise da forma em que o nível anagógico

(místico) aparece no texto de Dante e se ele é reproduzido (traduzido)

adequadamente nas transcriações de Haroldo de Campos guiam o estudo. A

anagogia - do grego anagoge - que significa conduzir em direção ao alto, e

que na formulação de Agostinho de Dácia – quo tendas anagoge - indica a

tenção em direção ao ponto de chegada, insere-se nesse diálogo como recurso

que desdobra a polissemia da palavra e do texto e através de palavras-chave

abre novos caminhos de leitura e interpretação (Debenedetti Stow, 2009). O

sublime (Dionísio Longino, sec. IV d.C.) relaciona-se com a anagogia pela

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

eloquência e o enaltecimento da linguagem. Em seu estudo sobre a pintura de

Fra Angelico, Didi-Huberman ([1990] 1995: 67) utiliza a anagogia para afirmar

que o sentido anagógico é o sentido místico por excelência. A

intraduzibilidade que se apresenta pela desconexão entre intelecto e língua é

encarada por Haroldo de Campos (1988) com uma tradução que leva em conta

a materialidade física do texto e a iconocidade do signo estético. A partir de

sua original leitura do poema, o poeta brasileiro cria versos em que se mantêm

a eloquência e a complexidade da língua in fieri de Dante e, apesar de alguns

deslizes no particípio passado, a rima transluz a linguagem sem apagar o

mistério da mais elevada tradição medieval.

Palavras-chave: Dante Alighieri – Comédia - Haroldo de Campos - transcrição

Giovanni Codeça da Silva (Doutorado, Estudos Literários, Línguas e Culturas

em Contato)

Orientadora: Profa. Dra. Celina Maria Moreira de Mello

MODERNIDADE – CÂNONE, TRADIÇÃO E INVENÇÃO

A apresentação objetiva apresentar o estágio dos estudos referentes ao

desenvolvimento da tese doutoral com tema o discurso da modernidade nas

páginas do jornal O Paiz. O corpus da pesquisa é constituído pelos editoriais

do jornal de 1884 a 1890, selecionados em cinco datas específicas, durante

uma semana. Nesta comunicação constam os avanços da pesquisa e da

orientação das leituras realizadas, bem como as contribuições das disciplinas

cursadas neste semestre. Logo, ao longo do semestre, foi ampliado e definido

o quadro teórico com a inserção dos conceitos de representação coletiva e

apropriação (Chartier, 2002); civilização e configurações estruturais (Elias,

1994); e tradição e Estado-Nação (Hobsbawm, 1984). A partir desses teóricos,

a modernidade passa a ser revista dentro de suas realidades históricas e dos

contatos com outras culturas. Observando a modernidade francesa, italiana,

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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alemã e a brasileira, faz-se possível perceber o constructo realizado por cada

sociedade e suas prioridades nesta busca por implementar um projeto.

Palavras-chave: modernidade – cânone – tradição - invenção

Gisele Batista da Silva (Doutorado, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientador: Prof. Dr. Andrea Giuseppe Lombardi

LÍNGUA, LITERATURA E TRADUÇÃO: A TRÍADE DA BILDUNG LEOPARDIANA NO

ZIBALDONE DI PENSIERI

Esta comunicação apresentará os resultados finais da tese de doutorado, que

se propõe a estudar o diário intelectual do poeta italiano Giacomo Leopardi

(1798-1837) – Zibaldone di Penseiri – a fim de, em diálogo com outros textos

leopardianos, identificar e descrever elementos e características de um projeto

de formação espiritual e intelectual para uma nação italiana em vias de

formação, como resposta ao processo de enfraquecimento da cultura nacional.

Identificamos na crítica de Leopardi que os modelos linguístico e literário em

voga na Itália do século XIX não representavam o ethos italiano, posto que

influenciados por certo imaginário que se divulgava sobre a península itálica e

por um olhar interno de desinteresse ou de costumes estrangeiros que

renunciava à própria consciência histórica e cultural. A tese conclui que

Leopardi, tanto pelo conteúdo quanto pela estrutura das obras que propunha,

apontava para um percurso de formação espiritual e intelectual para o italiano,

em que língua, literatura e tradução figuravam como os principais elementos

formadores de autoconsciência, de uma “imagem de si”. Nesse percurso

leopardiano, língua representava o instrumento principal para a existência de

uma alta e harmoniosa formação das forças intelectivas; a literatura era o locus

de formação, legitimação e atualização da língua, por meio do qual o ethos

italiano era desvelado e divulgado e, finalmente, a prática tradutória, com seu

papel mediador entre a tradição e a modernidade, implementava um espaço

de tutela e preservação das propriedades e da identidade de cada língua e

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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cultura. Língua, literatura e tradução mostravam-se, portanto, como espaços

identificadores e divulgadores da cultura italiana na Bildung leopardiana.

Palavras-chave: Giacomo Leopardi - Zibaldone di Pensieri - romantismo

italiano – identidade - tradução

Gisele Reinaldo da Silva (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Mariluci da Cunha Guberman

A REVOLUÇÃO LITERÁRIA DE ARTURO USLAR PIETRI NA AMÉRICA HISPÂNICA

DO SÉCULO XX

Com esta pesquisa, busca-se refletir sobre o papel do novo romance histórico

contemporâneo, no tocante à (re)construção de identidades do ser americano

moderno, tomando por base as obras Las lanzas coloradas (1931) e El Camino

de El Dorado (1947), do escritor venezuelano Arturo Uslar Pietri (1906-2001).

No primeiro romance, o escritor defende que no impulso destrutor e criador

da guerra da Independência, encontra-se a expressão da condição humana

intrínseca ao homem venezuelano, que se assemelha com a de outros homens

americanos que compartilham seu destino histórico. Já no segundo, ao

reportar-se ao período da Conquista Espanhola da América, embalada pela

força do Rio Amazonas, Uslar Pietri empreende uma viagem simbólica sobre a

história da civilização do mundo ocidental, rumo à descoberta do puramente

local, inserido no universal. O autor implica-se, no contexto da literatura

hispano-americana do século XX, na busca pela formação de identidades

individuais e coletiva que melhor contribuíssem à compreensão histórico-

cultural de seu país, a Venezuela e, mais amplamente, do indivíduo americano,

inserido no contexto de mundo moderno ocidental. Para o norteamento de

todas estas reflexões, faz-se necessário abordar o modo como o tema da

mestiçagem cultural, enquanto protocélula formadora do povo latino-

americano, é explicitado por Uslar Pietri, em sua obra, culminando na reflexão

sobre a imagem que o autor constrói a respeito do ser americano moderno, a

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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partir desta (re)visitação a fatos históricos de alta tensão do passado. Torna-

se necessário, ainda, o apoio bibliográfico na vasta obra ensaística do autor

(1949, 1955, 1969, 1991).

Palavras-chave: Arturo Uslar Pietri - novo romance histórico - identidades

latino-americanas; literatura hispano-americana

Izabel Cristina Cordeiro Lima Costa (Doutorado, Estudos Literários, Literatura

Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lizete dos Santos

O TEMPO NA NARRATIVA DE DINO BUZZATI

Esta comunicação analisa as estratégias utilizadas por Dino Buzzati (San

Pellegrino, 1906 - Milão, 1972) em sua produção poética - especificamente, o

gênero conto - para a construção da categoria tempo, com vistas a abordar a

sua irreversibilidade sob o ponto de vista ora da personagem, ora do narrador,

causando uma aparente irrelevância das outras duas categorias fundamentais

da narrativa: espaço e personagem. Dão suporte a este trabalho,

principalmente, os pressupostos teóricos de Gérard Genette em Discurso da

narrativa (1972), Confissões (2004) de Santo Agostinho e vários estudos que

tratam do tempo na narrativa, dentre os quais se destaca Paul Ricoeur e seu

Tempo e narrativa (2010) tomos I, II e III.

Palavras-chave: Dino Buzzati - narrativa italiana do século XX – conto – tempo

Jeannie Bressan Annibolete de Paiva (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literatura italiana)

Orientador: Prof. Dr. Henrique Fortuna Cairus

Coorientador: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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A FÁBULA ANTIGA COMO MODELO PARA LUIGI FIACCHI

Este trabalho é parte de uma pesquisa acerca do gênero fábula na literatura

italiana, que tem por escopo estabelecer parâmetros de ruptura e continuidade

em relação ao seu modelo clássico, que contribuam para a interpretação de

seu lugar na cultura italiana no século XVIII. O primeiro passo da pesquisa foi

compreender a diferença entre dois gêneros da literatura italiana que,

conquanto sejam ambos traduzidos por 'fábula' e sejam, de fato, afins,

consistem em discursos bem distintos e com expectativas de recepção

diversas. Chegou-se assim, finalmente, a uma distinção razoavelmente clara

entre fiaba e favola. Trata-se de dois gêneros que se distinguem pelo fato de

o segundo adotar como modelo a fábula legada pela Antiguidade. Tal uso faz

com que a favola contemple os elementos fundamentais de categorização

desse gênero na Antiguidade, a saber, a frequente alegoria, o animismo e o

epimítio. Na favola de Fiacchi, o epimítio antigo é apresentado como promítio,

e expressa, naturalmente, preceitos morais referentes à sua época. A pesquisa

tem revelado que o promítio de Fiacchi, contudo, procura pontos morais que

revelam confluências entre a doutrina de Esopo ou de Fedro. Notou-se

também que a favola tem uma autonomia, em relação ao seu modelo, maior

do que a fable de La Fontaine. A pesquisa leva em consideração o público-alvo

da favola, bem como os índices de sua circulação no século XVIII.

Palavras-chave: fábula – favole - Luigi Fiacchi - modelo clássico

Jéssica Teixeira Magalhães (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

O PRIMEIRO HOMEM DE ALBERT CAMUS E A MEMÓRIA DO SILÊNCIO

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Análise do romance póstumo camusiano Le Premier homme (1994) a partir das

relações que nele se estabelecem entre literatura, memória e história. Para

tanto, considera-se o contexto político vivido pelo autor na década de 1950,

momento de produção do manuscrito, assim como o material anexado à

publicação, como os rascunhos, notas e plano feito para a obra. Discute-se o

vínculo estabelecido entre literatura e realidade, além das aproximações e

distanciamentos entre a narrativa literária e a histórica, tendo em vista as

reflexões de Paul Ricoeur e Michel De Certeau. Reflete-se sobre a escrita de si

ao considerar o termo romance autobiográfico como possível classificação

para o romance. Tal reflexão é desenvolvida a partir da discussão de Philippe

Lejeune e dos estudos sobre a memória empreendidos principalmente por

Ricoeur e Maurice Halbwachs. Considera-se a presença da memória individual

e coletiva como possibilidade de fonte histórica e de conhecimento do outro.

Palavras-chave: Camus – memória - história

Josiane Rodrigues Neves (Mestrado, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Dalla Bona

IL CIBO CALDO E I VISI AMICI: MEMÓRIA ALIMENTAR EM PRIMO LEVI

Após a liberação dos campos de concentração da Alemanha nazista em 1945,

surgiram inúmeras narrativas sobre a terrível experiência concentracionária.

Também chamadas narrativas de testemunho, tais escritos atrelam-se ao

“dever da memória”, isto é, estão associados ao Holocausto e falam sobre um

passado a fim que o mesmo não mais se repita. Um dos maiores expoentes no

campo das narrativas de testemunho é o químico e escritor italiano Primo Levi

(1919-1987). Ao relatar a experiência no Lager, o narrador apresenta a sua

dura realidade, marcada pelos maus-tratos e pela escassez de alimento. A

fome é uma constante e diversas vezes aparece personificada. Assim, esta

pesquisa investiga a questão da alimentação nas obras de Levi. Utilizando

como base metodológica os escritos de Jacques Le Goff (2003) - que propõem

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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uma análise histórica da questão da memória -, Maurice Halbwachs (1990) e

Paul Ricoeur (2007) – os quais propõem a questão da memória coletiva e do

esquecimento -, o intuito da Dissertação de Mestrado é discutir a questão da

alimentação e maneira como o tema da comida se transforma em tema da

fome e da sobrevivência nas obras Se questo è un uomo (1947), La tregua

(1963) e I sommersi e i salvati (1986). Neste momento da pesquisa, a obra a

ser analisada é Se questo è un uomo (1947). Além disso, busca-se levantar

como as narrativas de Primo Levi podem gerar novos conhecimentos sobre

Auschwitz. É importante frisar que o tema da memória tratado aqui não está

relacionado à questão do trauma, mas sim a questão alimentar.

Palavras-chave: alimentação – memória – Holocausto

Julia Ferreira Lobão Diniz (Iniciação Científica, Estudos Literários, Literatura

Italiana)

Orientador: Profa. Dra. Flora de Paoli Faria

Coorientador: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

A TIPIFICAÇÃO DOS PERSONAGENS DANNUNZIANOS EM IL PIACERE

A pesquisa traz a continuidade das discussões sobre a poética de Gabriele

D’Annunzio (1863-1938), focando o estudo nos personagens-tipo do

decadentismo: o dandy, a femme fatale e a figura da mulher romântica do final

do século XIX, personagens associados às figuras do dispêndio (COUTINHO,

2008). O percurso de D’Annunzio na narrativa tem início com o projeto Trilogia

dei romanzi della Rosa, composta pelas obras Il piacere (1995), L’innocente

(2011) e Trionfo della morte (1933), tendo sido escolhida a obra Il piacere para

compor o corpus de análise, neste momento da pesquisa. Nessa obra

confirmamos as nossas indagações a propósito dos personagens-tipo da

narrativa decadentista de D’Annunzio. A metodologia escolhida para o

embasamento teórico sobre as personagens femininas na narrativa permitiram

evidenciar a figura da mulher romântica (FERRONI, 1991) e da femme fatale

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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(BAUDELAIRE, 1996; WILDE, 1995), figuras que aparecem na cena narrativa a

partir do olhar do dandy (BAUDELAIRE, 1996). O recorte escolhido para ser

apresentado se refere ao estudo da cenografia (MAINGUENEAU, 2006) dessas

personagens femininas sob o viés da beleza apolínea e dionisíaca

(NIETSZCHE,2005).

Palavras-chave: Gabriele D’Annunzio – decadentismo – dandy - femme fatale

- Il Piacere

Linda Salette Miceli Ferreira (Doutorado, Estudos Literários, Literatura Italiana)

Orientadora: Profa. Dra. Sonia Cristina Reis

Coorientador: Prof. Dr. Fabiano Dalla Bona

A REVISITAÇÃO IMAGÍSTICA DA DIVINA COMÉDIA DE ALBERTO MARTINI NO

SÉCULO XX

Esta pesquisa de tese de Doutorado estuda as questões do sagrado e do

profano no texto poético (Segre, 1999) e as ilustrações (Santaella & Nöth,

2008) da Divina Comédia (1321), de Dante Alighieri (1265–1321), na obra

homônima ilustrada por Alberto Martini (1876–1954). Assim, a pesquisa

problematiza a representação ilustrada desse texto poético por meio da

discussão do conceito de memória com base em Agostinho (2011) e Weinrich

(2001), tendo por recorte a representação dos pecados (luxúria, soberba e

avareza) e das beatitudes (castidade, humildade e generosidade) em ambas às

obras, publicadas nos séculos XIV e XX, respectivamente. O entendimento do

campo artístico (Bourdieu, 1996), que enreda a reedição da Divina Comédia,

no século XX, é discutido a partir dos conceitos ethos discursivo, da cena

enunciativa e do interdiscurso (Maingueneau, 1997, 2006). A pesquisa,

partindo do pressuposto de que a revisitação à obra dantesca deu-se séculos

depois de sua realização, ou seja, a maior parte dos entendimentos/discursos

sobre os pecados e sobre as beatitudes transformaram-se ao longo dos anos,

formula a hipótese de que os elementos estéticos e descritivos da obra de

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Martini revelariam uma interpretação da obra dantesca por meio de traços

estético-subjetivos, relacionados aos gostos artísticos do século XX, que

seriam visualizados a partir das ilustrações das cenas que envolvem os

pecados e as beatitudes da Divina Comédia.

Palavras-chave: Dante Alighieri - Divina Comédia - Alberto Martini – ilustração

Idade Média - Século XX

Luciano Prado da Silva (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

A RELAÇÃO LITERARIEDADE, IMAGEM E IMAGINÁRIOS EM ...Y NO SE LO TRAGÓ

LA TIERRA, DE TOMÁS RIVERA, E LA FRONTERA DE CRISTAL, DE CARLOS

FUENTES

Nesta comunicação apresento os resultados finais de minha tese de doutorado

sobre a interação literariedade, imagem e imaginários, tal como apresentada

nos romances em tela. Em ambas as obras, chamou minha atenção a

abordagem dos conflitos de alteridade que sobressaem das relações

fronteiriças entre mexicanos, chicanos e estadunidenses. Justifica meu

interesse no tema, e a relevância do trabalho, a observação de que, ao

explorarem as questões do homem como ser migratório e as consequências

dos entrecruzamentos culturais que surgem desse processo, os textos

trabalhados coincidem com debatido temário sobre o sujeito contemporâneo.

A partir do observado, meu objetivo foi deslindar as estratégias literárias que

possibilitam a vinculação das mostras em epígrafe ao caráter de permanência

dos imaginários. Verifiquei, nas narrativas, apoio em uma linguagem textual

de forte tom imagético, a qual, em Fuentes, apega-se a uma orquestração

entre metáfora e metonímia e, em Rivera, à busca de registro de uma pretensa

oralidade chicana. Após o fim desta análise de cunho qualitativo, documental

e bibliográfico, minha constatação é, ainda, a de que ambos os autores, mais

do que apontarem para uma intencionalidade de composição com imaginários,

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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deixam transparecer nas mostras verificadas algo de seus posicionamentos

político-ideológicos. Tais posições é que estreitam ligação, em maior ou

menor medida, com imaginários acerca dos eventos potencializados pela

linguagem literária de ambos, cabendo, também, às instâncias de recepção do

leitor o caráter de agregação das imagens produzidas ao aspecto de realidade

próprio de um imaginário.

Palavras-chave: literariedade – imagem – imaginários – fronteira - México-EUA

Maria Sertã Padilha (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

A MINORIDADE LITERÁRIA E A MINORIDADE ETÁRIA EM ALLAH N’EST PAS

OBLIGÉ DE AHMADOU KOUROUMA

O romance Allah n'est pas obligé, do escritor marfinense Ahmadou Kourouma,

insere-se em uma realidade cruel de uma África contemporânea: a guerra civil

em que as crianças ocupam a linha de frente. No romance, a criança também

é protagonista, uma vez que assume a função de narrador e sua voz reflete a

busca identitária de um sujeito habitado pela violência, em meio a uma

realidade de infância não programada. Num contexto muitas vezes

inexplicável como a guerra, o autor desloca o seu olhar e convoca uma

categoria tradicionalmente muda - a infância, a in-fancia (AGAMBEN) - para

falar. Por outro lado, percebe-se no jogo narrativo um outro nível diegético,

que toma a palavra para refletir as tensões político-identitárias do complexo

contexto africano encenado no romance. Essas tensões não se manifestam

apenas no conteúdo, mas também na forma da escrita do autor, que carrega

traços de um contexto intercultural e multilinguístico, ocasionado por fatores

históricos. O estilo de Kourouma reflete essas múltiplas influências e, para

encarar o problema da identidade, o autor busca soluções em sua língua

materna - o malinké -, que é permeada por paisagens e imaginários próprios

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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(GLISSANT). A forte presença de fatores linguísticos e políticos aproxima a obra

de Kourouma das reflexões relativas à literatura menor, tecidas por Deleuze,

que apontam para a potência estética da minoridade, tanto literária, quanto

etária.

Palavras-chave: literatura menor – Kourouma – infância - interculturalidade

Marianna Fernandes de Vasconcellos (Doutorado, Estudos Literários,

Literaturas de Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

GUY DE MAUPASSANT: LITERATURA E JORNALISMO SOB A TERCEIRA REPÚBLICA

FRANCESA

A pesquisa integra o projeto de doutorado intitulado Campo literário e campo

jornalístico: espaços de visibilidade na trajetória de Guy de Maupassant, no

qual procuro tratar da carreira de Guy de Maupassant e de sua produção como

resultado do cruzamento dos campos literário e jornalístico, na França, mais

especificamente entre 1880 e 1885. O recorte temporal foi escolhido por ser

este o período em que se constata uma maior contribuição do escritor com

diversos periódicos. A partir dos conceitos de campo literário e trajetória de

Pierre Bourdieu, será analisada a vivência de Guy de Maupassant na sua

atividade de escritor-jornalista, visando evidenciar que a intensa negociação

do escritor para o pertencimento a um campo que possui tanto suas regras

próprias de inserção e aceitação quanto de construção simbólica e imaterial

demanda igualmente esforços de sobrevivência material. Nessa perspectiva,

além do romance Bel-Ami, lançado em abril de 1885 no periódico Gil Blas, e

de contos, novelas e crônicas, publicados nesse mesmo veículo de informação

durante o período de maior contribuição de Maupassant com o jornalismo -

de 1880 a 1885 -, serão ainda contempladas na tese as correspondências do

escritor com seus editores e críticos, por se acreditar que se trata de uma

importante documentação para a análise do funcionamento dos campos.

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Palavras-chave: Guy de Maupassant - campo literário - campo jornalístico -

trajetória

Marina Borges de Carvalho (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

CHARLES BAUDELAIRE POR SUAS TRADUÇÕES

A tradução literária apresenta várias questões de teor prático, filosófico e

literário. Esse trabalho visa à discussão desses três pontos, a partir dos

poemas em prosa “Chacun sa Chimère”, “Un hemisphère dans une

chevelure” e “Le confiteor de l’artiste” do poeta francês Charles Baudelaire. A

base tradutória deste estudo se apoia nas reflexões filosóficas de Walter

Benjamin em seus textos A tarefa do tradutor (1923, 2008) e O conceito de

crítica de arte no romantismo alemão (1919, 2002), principalmente, e de

Antoine Berman, nas obras A prova do estrangeiro (2002) e o A tradução e a

letra – o albergue do longínquo (1999). Ao traduzir um texto, deve-se levar

em conta culturas e contextos diferentes que levam os tradutores a escolhas.

Essas opções tradutórias na prática e em uma primeira leitura são excludentes

e, muitas vezes, levam a uma visão que diminui o texto traduzido. É a partir

dessas escolhas que este trabalho se baseia para discutir questões literárias

de Baudelaire e entender como as nuances tradutórias ajudam ao estudar o

poeta. Não pretendemos justificar ou tentar entender as razões das opções

dos tradutores, mas discuti-las em comparação ao original para que, partindo

dessas diferenças, possamos melhor entender algumas reflexões contidas na

obra de Baudelaire.

Palavras-chave: Charles Baudelaire – tradução literária

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

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Matosalém Vilarino (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas de Língua

Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Edson Rosa da Silva

DESLOCAMENTOS LITERÁRIOS E CULTURAIS EM ANDRÉ GIDE E ABDELLAH TAÏA:

A IMPOSSIBILIDADE DA NARRATIVA DE EXPERIÊNCIA

No conto El Hadj (1896), André Gide cria a alegoria de um mistagogo, incapaz

de transmitir a um de seus súditos o sagrado e o segredo da peregrinação. Ao

príncipe peregrino nada restaria senão inventar narrativas sobre as sensações

das viagens que já havia feito, ao modo de um narrador da cadeia oral. No

romance Le Jourduroi (2010), de AbdellahTaïa, a alegoria do rei marroquino,

durante o rito do beija-mão, é construída, em uma cena onírica, pelo desejo

erótico do narrador, um adolescente aspirante a escritor. Em ambos os textos,

alguns elementos compartilhados nos permitem levantar a seguinte questão:

como os ritos, os enunciados e os topoï apropriados por estes narradores, uma

vez submetidos ao crivo de uma enunciação, não garantem mais a

possibilidade da transmissão da experiência e rompem com tradições culturais

e literárias realistas e monológicas? Aventa-se, para o conto El Hadj, a hipótese

de uma trapaça narrativa, através da qual o próprio Gide recusaria o papel de

transmissor de sua experiência no mundo árabe. Para o romance de Taïa,

supõe-se a montagem de um delírio narrativo, com o qual o escritor

marroquino, em sua experiência de diáspora na França, torna problemática

sua pertença identitária. Recorro à alegoria e à experiência de Walter Benjamin

(Origem do drama barroco alemão, O Narrador), ao neutro de Maurice Blanchot

(A Conversa Infinita) e à inconsistência do Outro de Jacques Lacan (... Ou pior,

Mais ainda) para abordar essas questões preliminares.

Palavras-chave: André Gide – AbdellahTaïa - literatura e experiência -

literatura e diálogos interculturais

Peter de Sá Ferreira (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientadora: Profa. Dra. Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

VIOLÊNCIA E MEMÓRIA EM CIENCIAS MORALES DE MARTÍN KOHAN

Nos últimos anos, enquanto parte da sociedade argentina questionava a

necessidade de revisitar seu passado recente e manter abertas as feridas

deixadas pela última ditadura militar (1976-1983) que viveu aquele país, um

considerável grupo de escritores locais debruçou-se sobre o tema em um

esforço permanente para evitar que tais lembranças fossem esquecidas, de

modo que algo semelhante “nunca mais” voltasse a ocorrer. Esses escritores

se mostram como autênticos profissionais da literatura – gente que lê para

ensinar e “escrever as suas leituras” – e se inserem em uma tendência literária

contemporânea que favorece o diálogo entre ficção e ensaio. Martín Kohan é

um deles. O romance Ciencias morales (2007) e os ensaios de El país de la

guerra (2014) nos permitem observar que em ambos os gêneros, a violência

representa uma preocupação central no universo literário de Kohan. No

primeiro, ambientado dentro dos muros do célebre Colégio Nacional de

Buenos Aires, no ano de 1982, durante a guerra das Malvinas, notamos os ecos

da repressão e dos excessos que aconteciam do lado de fora. No segundo, o

autor nos apresenta as consequências de, mesmo em tempos de paz, narrar-

se a história argentina a partir de uma perspectiva bélica e converter tal

narrativa em cultura. O presente trabalho pretende pensar a obra ficcional de

Kohan em continuidade e diferença com sua obra ensaística, tomando como

base os ensaios de Feinmann, as teorias críticas de Foucault e antropológicas

de Calveiro e, ainda, à luz das teorias críticas de Sarlo e Arfuch, a forma como

narradores e personagens do romance trabalham a dicotomia ficção e

realidade a partir de seus relatos e memórias.

Palavras-chave: violência - Martín Kohan - memória

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rachel Rufino de Almeida (Iniciação Científica, Estudos Literários, Literaturas

de Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

PÁGINAS EM MUROS: JOANA CESAR E SUA POESIA PLÁSTICA

No âmbito da poesia francesa contemporânea, diversos autores (Christian

Prigent, Christophe Hanna, Pierre Alferi e Olivier Cadiot) vêm problematizando

as relações entre a experiência vivida e sua transposição em linguagem verbal.

As práticas poéticas que interessam a esses escritores geralmente abolem a

compreensão absoluta, e, nesse sentido, é possível notar a demanda crescente

de significação da parte de leitores cada vez mais angustiados por dúvidas

relativas à sua própria existência, e a consequente produção massiva de obras

que dão à literatura uma função anestesiante. Diante disso, notei na artista

plástica Joana Cesar não só a necessidade de verbalizar sua experiência

individual do mundo como também o desejo de manter isso ilegível, a fim de

conservar sua força e verdade originais. Seu trabalho se constrói em dois

polos: o ateliê e a rua que, apesar de dialogarem, abrigam em si uma

linguagem própria e incapaz de se manter a mesma em outros suportes que,

por sua vez, determinarão o que será produzido. Dessa forma, este trabalho

se concentrará em pensar, a partir das reflexões desses poetas e teóricos

franceses, de que forma o trabalho de Joana Cesar – sobretudo seu alfabeto

codificado que ganha vida nos muros da cidade – se relaciona às múltiplas

questões da poesia contemporânea, considerando elementos que influenciam

tanto o meio e o modo de concepção dessa poesia, quanto a percepção e a

forma, na maioria das vezes híbrida, que ela toma.

Palavras-chave: poesia contemporânea francesa - artes plásticas - intervenção

urbana - escrita codificada

Raquel da Silva Ortega (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

O CARLISMO DE VALLE-INCLÁN: A ANTIMODERNIDADE EM LA GUERRA

CARLISTA E EL RUEDO IBÉRICO

Esta pesquisa, atualmente em fase de escrita da tese, investiga o dilema da

antimodernidade na narrativa do escritor espanhol Ramón del Valle-Inclán,

através do estudo da representação ficcional do evento histórico das guerras

carlistas nas trilogias La Guerra Carlista (1908-1909) e El Ruedo Ibérico (1927

a 1932). Em primeiro lugar, fundamentamos historicamente o Carlismo,

relacionamos este evento com a discussão sobre “las dos Españas”, analisamos

a postura carlista de Valle-Inclán e a representação do carlismo em obras

anteriores ao corpus. Em segundo lugar, relacionamos a revisão da história

com a questão nacionalista (MAINER, 2010), apresentamos a questão nacional

espanhola do final do século XIX (FOX, 1998), o fim de século e a geração de

98; o conceito de intrahistória proposto por Unamuno e a invenção da história

(ANDERSON, 2006; HOBSBAWN & RANGER, 2006). Em seguida, situamos a

escrita de Valle-Inclán na questão da antimodernidade, estudando os sentidos

da mesma na escrita do autor (COMPAGNON, 2011). Por último, relacionamos

a representação do Carlismo com a estética do esperpento, vinculamos o

esperpento à tradição do formalismo russo, analisamos sua relação com o

grotesco (BAKHTIN, 1999), apresentamos o Carlismo de Valle-Inclán como

alegoria da deformação da Espanha e estabelecemos a evolução do esperpento

na escrita do autor através da evolução dos procedimentos de representação

do evento histórico. Com isso, pretendemos demonstrar que Valle-Inclán não

é um escritor moderno e sim antimoderno e que a antimodernidade na sua

obra é possível graças à estética do esperpento.

Palavras-chave: Valle-Inclán - literatura espanhola – antimodernidade -

esperpento

Renata Dorneles Lima (Mestrado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientador: Prof. Dr. Ary Pimentel

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

A RIQUEZA ESTÉTICA NA VILLA MISERIA DE ARIEL MAGNUS

O objetivo desta apresentação é expor o desenvolvimento da pesquisa de

Mestrado na qual buscamos analisar o romance La 31 (una novela precaria),

do argentino Ariel Magnus. A obra apresenta, a partir de uma estratégia de

representação focada no processo de fragmentação do território e do discurso,

a villa miseria (favela) 31, localizada no Retiro, como um objeto plural e

multifacetado. A estrutura de um texto que tem como lócus narrativo um

território tão complexo não poderia ser homogênea e totalizadora. Em sua

opção por buscar uma poética narrativa que traduza o espaço, o autor investe

na perspectiva da pluralidade lacunar dos fragmentos que, como um enorme

quebra-cabeças do qual faltam inúmeras peças, compõem a cidade e a villa

miseria. Objetivamos analisar a importância desse olhar que coloca em xeque

a própria forma do romance ao privilegiar o fragmento e a não linearidade em

sua composição narrativa, em uma textualização constituída por gêneros

diversos. Colocamos como problema o modo como o autor leva o leitor a ler a

representação de uma realidade fragmentada por meio dessa obra-mosaico,

que expande a discussão dos limites da literatura e da concepção tradicional

de romance, bem como a imagem uniforme que se tem do sujeito que habita

o referido território. Buscamos ler a obra de Ariel Magnus em diálogo com os

textos teóricos e as categorias propostas por Catia Valério Ferreira Barbosa

(2013) e Edward Said (2007).

Palavras-chave: narrativa argentina recente – fragmentação - imaginário

urbano - obra-mosaico - crise do romance

Roberto Alexandre Silva Rosa (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas de

Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

A NOÇÃO DE ARQUIVO E MEMÓRIA NAS REVISTAS DE POESIA

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

No percurso da minha tese sobre duas revistas literárias - a brasileira Inimigo

Rumor e a francesa Nioques - consagradas à poesia, surgiram as questões:

por que as revistas literárias publicam dossiês temáticos? Para homenagear

autores, grupos? Têm eles um aspecto pedagógico no bojo das decisões

editoriais? Tais dossiês relançam autores cujas obras estavam esquecidas ou

faz conhecer autores novos? Ou, simplesmente, abordam questões e

posicionamentos em outras artes, como a pintura, o cinema ou a fotografia?

Para tratar tais questões foram utilizados posicionamentos de Derrida sobre a

noção de arquivo: “Arquivar, é escolher […] o que mais tarde os outros terão

como arquivo; […] é dialogar com o futuro” (DERRIDA, 2014). Da nossa

perspectiva, tanto as revistas quanto seus dossiês temáticos podem se

enquadrar na noção de arquivo. A escolha do que entra ou não nesses arquivos

integraria a noção de memória. A memória que seleciona o que vai ser

arquivado, o que será parte de um dossiê temático ou do próprio sumário de

uma revista. A memória, para Foucault, se faz através de um jogo de poder -

“E o poder, para Foucault, é eminentemente relacional: supõe forças em

relação, tensionadas pelo conflito. A memória se constitui como um campo de

lutas políticas, em que se confrontam diferentes relatos da história, visando

ao controle do arquivo” (MARQUES, 2007). Selecionar por meio de uma

memória seria uma escolha política ou estética? Os embates de uma redação

pela escolha de dossiês temáticos e no que neles figura entra em uma esfera

de poder? Direcionamos o debate para o que mais nos interessa: a escolha e o

programa estético das duas revistas estudadas.

Palavras-chave: arquivo – memória - revista literária - poesia contemporânea

- poesia francesa - poesia brasileira

Roberto Ponciano Gomes de Souza Júnior (Mestrado, Estudos Literários,

Literaturas Hispânicas)

Orientador: Prof. Dr. Miguel Angel Zamorano

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A INFLUÊNCIA DE FEDERICO GARCIA LORCA NA POÉTICA DE PABLO NERUDA

O objeto de estudo deste trabalho de mestrado é um estudo comparativo da

obra do poeta chileno Pablo Neruda, antes de sua estada na Espanha, com as

mudanças de posição estética, político e ideológica, causadas principalmente

pelo encontro com Federico Garcia Lorca e a Geração de 27 na Espanha. O

objetivo é provar que esse encontro leva a uma mudança estética e de temática

na obra nerudiana, que assim vai se “contaminar” de Espanha e de Lorca; ou

seja, Neruda recebe a influência espanhola e a traz para um modo poético

chileno. Assim, o recorte a ser mostrado no futuro projeto será este salto

qualitativo dialético: parte-se de um Pablo Neruda inicial, místico e

descompromissado, frente a uma situação limite da Guerra Civil, que o leva a

uma superação de seu pensamento inicial, amadurecendo para o campo

oposto de compromisso e engajamento político-social. O suporte teórico do

texto e a origem dos dados serão textos originais de Neruda e de Federico

Garcia Lorca, comparando os textos posteriores à estada de Neruda em Madrid

e Barcelona e textos teóricos sobre a geração de 27 e a poesia de Neruda.

Assim a proposta da análise e o objetivo da pesquisa é situar Neruda dentro

da literatura latino-americana como uma ponte entre a poética latino-

americana e os caminhos modernistas trilhados pela geração revolucionário

de 1927 na Espanha.

Palavras-chave: Pablo Neruda - Federico Garcia Lorca - Guerra Civil Espanhola

- mudança estética - mudança temática

Simone Silva do Carmo (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas Hispânicas)

Orientador: Prof. Dr. Víctor Manuel Ramos Lemus

JUAN VILLORO E O ORNITORRINCO DA PROSA

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Esta pesquisa está centrada na extensa produção cronística do escritor

mexicano Juan Villoro, mais especificamente nos emblemáticos livros Tiempo

transcurrido: crónicas imaginarias (1986) e Safari acidental (2005). Essas obras

estão carregadas de uma crítica mordaz e irônica que abrangem um período

histórico complexo da vida no México entre 1968 a 2000. As crônicas que

compõem os exemplares tecem a memória de eventos aparentemente díspares

como o massacre dos estudantes na Plaza de las tres Culturas, as entrevistas

de estrelas do rock, as oficinas literárias de Augusto Monterroso ou a viagem

de Salman Rushdie ao interior do México, e são utilizadas por Villoro para

estabelecer um carácter político e literário de seus textos. A finalidade que

norteia esta pesquisa é a de demonstrar, através da análise crítica do corpus,

que a centralidade que este autor dá à crônica e à cultura de massa em seu

projeto de escritura serve para demonstrar que a narrativa na América Latina,

hoje, passa pelos mesmos questionamentos que a crônica, que é um gênero

popular e que dialoga com a cultura de massa. Ou seja, o ornitorrinco

apresentado por Villoro não é um programa, mas a transformação da própria

narrativa latino-americana.

Palavras-chave: Juan Villoro – crônica - cultura de massa - pós-modernidade

Sylvia Helena de Carvalho Arcuri (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientador: Prof. Dr. Víctor Manuel Ramos Lemus

CÂNONE, CULTURA DE MASSA E ROMANCE POLICIAL NA OBRA 2666 DE

ROBERTO BOLAÑO

Estudo das relações entre literatura e cultura de massa na obra de Roberto

Bolaño, com enfoque na utilização de uma estética que se aproxima dos

gêneros B, principalmente o romance policial, usando como base teórica

conceitos de cultura, massa e de cultura de massa apresentados por diversos

autores de orientação intelectual heterogênea entre eles: Theodor Adorno

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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(1985 e 2003), Walter Benjamin (2012), Ortega e Gasset (2007), Elias Canetti

(1995), John Carey (1993), Edgard Morin (2011), Peter Burke (2010) e Carlos

Monsiváis (1996). A cultura de massa ajudaria a pensar como o romance

policial, a “novela negra”, a reportagem aparecem na obra de Roberto Bolaño,

no caso “La parte de los crimines” do romance 2666 e como esses

“subgêneros”, também denominados por alguns como “gêneros B”,

alternativos, bastardos, mórbidos ou marginais deveriam ser ou servem como

enfrentamento ou “resposta” ao cânone. Como o autor utiliza, aproveita ou

incorpora, na sua obra, a cultura de massa, difundida através da televisão, das

fotografias, das categorias de filmes “menores”, tais como: faroeste, gangster,

horror, noir, trash e snuff, dos roadmovies, dos livros de bolso de faroeste,

dos romances de aventura, dos folhetins, das fotonovelas, da música popular,

do thriller, etc. Tudo isso incorporado como cultura de massa que também é

mercadoria, vinculada à indústria cultural.

Palavras-chave: Roberto Bolaño - literaturas hispânicas – cânone - cultura de

massa - romance policial

Tatiane de Souza França Rangel (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literaturas de Língua Francesa)

Orientadora: Profa. Dra. Marilia Santanna Villar

MAURICE MAETERLINCK E O TEATRO DE MARIONETES: UMA LEITURA DOS

PERSONAGENS DE LA PRINCESSE MALEINE

Neste trabalho, apresentamos a análise da evolução das personagens de La

Princesse Maleine, primeira peça do grande poeta e dramaturgo belga, Maurice

Maeterlinck. Essa peça, escrita em 1889 a partir de uma releitura do conto de

fadas alemão Maid Maleen, coletado pelos Irmãos Grimm, foi verdadeiro

sucesso de crítica e de público. O objetivo maior de nossa pesquisa é analisar

a evolução da composição das personagens, assim como o crescente

aparecimento de símbolos de morte. Nessa primeira peça, já se percebe uma

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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busca de um personagem etéreo e de difícil apreensão, o que será uma

constante na obra maeterlinckiana. Tal busca levou-o a redigir peças para

marionetes, buscando afastar o personagem fictício do ator real que o

interpretaria no palco. Conceitos teóricos desenvolvidos por Maeterlinck nos

ensaios Le Tragique Quotidien e La Mort são essenciais para a compreensão

desse período inicial de sua produção teatral. Teremos como principal

embasamento teórico para a estruturação dessa pesquisa o livro de Paul

Gorceix, Maeterlinck, l'arpenteur de l'invisible. Os resultados parciais obtidos

com essa investigação demonstram como o autor se destaca fortemente no

âmbito da literatura simbolista, através da introdução ímpar, na esfera teatral,

de novas temáticas e conceitos que se maturam ao longo da construção de

peças consagradas, como Pélleas et Mélisande e L’Intruse.

Palavras-chave: Maeterlinck - simbolismo - literatura francófona - teatro

Thaís de Faria Silva (Iniciação Científica, Estudos Literários, Literaturas de

Língua Francesa).

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

OULIPO: CAMINHOS DA POESIA MODERNA

Diante da perspectiva da poesia como criação, da escrita poética como algo

que impõe à linguagem um outro regime de sentido, supõe-se o potencial de

recriação da realidade a partir da experiência da escrita e da leitura. Regida

por outras regras e lógicas, diferentes das que sujeitam a suposta realidade

concreta do mundo, a poesia encontra resistência quando tentamos submetê-

la ao funcionamento regular do mundo cotidiano. Na busca de melhor

compreender a questão, no âmbito da poesia francesa, trabalharemos com

alguns textos de poetas ligados ao Oulipo (Ouvroir de Littérature Potentielle),

um grupo formado por escritores provenientes de diversas áreas -

matemáticos, poetas, artistas plásticos, etc. - com diferentes histórias, e

dispostos a libertar a literatura. A análise será particularmente inspirada no

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ensaio “A quoi bon encore des poètes?” (1996), no qual o poeta

contemporâneo Christian Prigent introduz importantes conceitos teóricos em

torno da noção de moderno. Partiremos da tradução feita por Jan H. Mysjkin,

poeta e tradutor belga, do poema “Pleut!” de Jacques Roubaud, membro do

Oulipo, poeta e matemático francês.

Palavras-chave: poesia – contemporâneo - modernidade

Thiago José Moraes Carvalhal (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientador: Prof. Dr. Ary Pimentel

Coorientador: Prof. Dr. Victor Manuel Ramos Lemus

NARCOCULTURA BRASIL-MÉXICO: NARRATIVAS DO COMANDO VERMELHO E

DO CARTEL DE SINALOA ATRAVÉS DO “ARQUIVO DO CRIME” NA

NARCOLITERATURA, NO NARCOCORRIDO E NO FUNK PROIBIDÃO DE

CONTEXTO

No narcocorrido e no funk proibidão de contexto, bem como na

narcoliteratura, o imaginário social se materializa em relatos os quais narram,

desde a imprensa ou dos documentos criminais (como “arquivos do crime”)

um contemporâneo violento. A estes cabe representar o cotidiano de espaços

nos quais os códigos de sociabilidade usuais são desfigurados e

potencializados, tanto em sua dimensão mítica como em seu conteúdo ético,

sejam estes aqueles lugares das “pequenas nações” das favelas cariocas

territorializadas pelo tráfico de varejo, sejam os da Nação mexicana

territorializada pelos cartéis da droga. Nesse contexto, o que se percebe é que

a Narcocultura se torna um referencial a partir do qual emanam construções

discursivas as quais têm por potencialidade influenciar vivamente as narrativas

empreendidas no interior do polissistema cultural latino-americano,

desarticulando suas estruturas previamente vigentes. Assim, a presente

pesquisa tem por objetivo a investigação dessas manifestações simbólicas

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XV Colóquio de Pós-graduação e Pesquisa em Letras Neolatinas

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ancoradas nos territórios em disputa pelo tráfico, a partir de uma metodologia

comparatista e sob a justificativa de que pouco se tem feito para lançar luz

sobre esses objetos culturais cada vez mais relevantes no contemporâneo,

tendo como hipótese a existência de um processo de equilíbrio dinâmico entre

as demandas do mercado de bens simbólicos e tais (narco)propostas literárias,

numa adequação mútua das práticas representacionais e dos subsistemas

culturais pela legitimação do crime e de seu “arquivo” como centrais para a

delimitação das modificações empreendidas nos referenciais estéticos,

temáticos e éticos que balizariam a sua aceitabilidade enquanto objetos

culturais plenos.

Palavras-chave: Comando Vermelho - funk proibidão de contexto -

narcocorrido - narcocultura - narcoliteratura - polissistema cultural

Vera Maria C. P. Del Nero Gomes (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literaturas de Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes

OBJETOS VERBAIS NÃO-IDENTIFICADOS NA POESIA CONTEMPORÂNEA

FRANCESA

Em um primeiro momento, pretendemos delinear a noção de moderno,

servindo-nos especialmente das reflexões sobre a poesia francesa moderna

desenvolvidas por Octavio Paz em A tradição da ruptura e do modo como o

poeta francês contemporâneo Christian Prigent retoma essa noção no âmbito

da poesia francesa contemporânea em À quoi bon encore des poètes?

Tentaremos, então, a partir desse quadro conceitual, formar pontes com os

conceitos de objetos verbais não-identificados, explorados por Pierre Alferi e

Olivier Cadiot em La mécanique lyrique e por Christophe Hanna em La

métaphore ufologique, além de estudar como tais objetos se manifestam na

poesia francesa contemporânea.

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Palavras-chave: poesia - objeto verbal – contemporâneo - moderno

Wanessa Cristina Ribeiro de Sousa (Doutorado, Estudos Literários, Literaturas

Hispânicas)

Orientadora: Profa. Dra. Mariluci Guberman

UM INTELECTUAL NO REINO DE ALEJO CARPENTIER: ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA

LOS PASOS PERDIDOS

O presente estudo tem como objetivo levantar a problemática da

representação da identidade latino-americana, tendo em vista o olhar do

intelectual do século XX. Para tanto, parte do contexto histórico cultural

vigente na primeira metade do século XX e desenvolve um diálogo crítico entre

o discurso histórico latino americano e o discurso literário com base em Los

Pasos Perdidos de Alejo Carpentier. Na representativa obra, publicada em

1953, o autor cubano arrola as seguintes instâncias: redescoberta, construção

e representação da identidade latino-americana como estratégia, que convida

a reflexões sobre o outro. O arcabouço teórico permite analisar criticamente o

texto da tese, como: (a) conceito de imagem proposto pela artista plástica

Fayga Ostrower (1987) e pelo pesquisador espanhol Justo Villafañe (2002); (b)

memória, vislumbrado pelo ensaísta e crítico literário alemão Walter Benjamin

(1985) e pelo sociólogo francês Jean Davallon (1989); (c) identidade, com base

nas reflexões do cientista político estadunidense Benedict Anderson (2008),

no teórico cultural jamaicano Stuart Hall (2003) e no filósofo espanhol Gómez

García (1998), Também acrescem os estudos sobre a América Latina, do

historiador chileno Rojas Mix (1991) e do teórico John Leddy Phelan (1993).

Neste último ano de pesquisa e redação do texto final da tese, contou-se com

o fomento concedido pela FAPERJ para a realização de Estágio Doutoral no

Exterior, com os aportes bibliográficos sobre Intelectuais Latino-Americanos

e História da mulher na sociedade moderna, conseguidos durante os quatro

meses de pesquisa na Espanha na Universidade Autônoma de Barcelona, na

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Biblioteca Nacional da Catalunha, na Biblioteca Nacional da Espanha, no acervo

da Casa América Catalunha e na rede de bibliotecas públicas da Espanha.

Palavras-chave: identidade - literatura cubana; América Latina

Zadig Mariano Figueira Gama (Iniciação Científica, Estudos Literários,

Literaturas de Língua Francesa)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

OS IRMÃOS GONCOURT NA IMPRENSA OITOCENTISTA: TRANSFERÊNCIA

CULTURAL E MECANISMOS DE INSERÇÃO DE SŒUR PHILOMÈNE NO CAMPO

LITERÁRIO BRASILEIRO (1850-1914)

A presente pesquisa tem como corpus as referências aos escritores

naturalistas franceses Edmond e Jules de Goncourt (1822-1896 e 1830-1870,

respectivamente) encontradas nos jornais e revistas brasileiros, disponíveis na

Hemeroteca Digital Brasileira da Fundação Biblioteca Nacional. Trata-se de

uma pesquisa de fontes primárias cujo recorte temporal compreende o

período de 1850 a 1914, isto é, a década em que a primeira obra literária

escrita pelos irmãos Goncourt foi publicada na França até o fim do longo

século XIX. À luz dos conceitos de transferência cultural (ESPAGNE, 2012),

trajetória e campo literário (BOURDIEU, 1992, 1994), colocamos em

perspectiva as instâncias de mediação e os mecanismos pelos quais o campo

literário brasileiro reconheceu e acolheu a literatura goncourtiana. Dentre as

1.121 referências aos irmãos Goncourt na imprensa brasileira, destacamos

nesta apresentação a mediação do romance Sœur Philomène, feita por

Escragnole Doria, e a inserção desse romance no campo literário brasileiro. ]

Palavras-chave: Irmãos Goncourt - imprensa brasileira – naturalismo -

transferência cultural - campo literário

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Linhas de Pesquisa do Programa e Projetos

vinculados

Área de Concentração: Estudos Literários

Neolatinos

Projetos Vinculados Registrados no Lattes - em andamento

LINHA DE PESQUISA:

POÉTICAS, HISTÓRIA E CRÍTICA

Ary Pimentel

PROJETO (1): DO PROIBIDÃO AO FUNK OSTENTAÇÂO: NEGOCIANDO UM LUGAR

NA CENA MUSICAL CARIOCA

PROJETO (2): MARGENS DA LITERATURA E PERIFERIAS DA CIDADE:

AUTORREPRESENTAÇÃO DO SUBALTERNO NA LITERATURA E NA MÚSICA DE

BUENOS AIRES E DO RIO DE JANEIRO

Celina Maria Moreira de Mello

PROJETO: LE MONDE DRAMATIQUE: IMPRENSA, IMAGENS E IMAGINÁRIOS DO

PALCO ROMÂNTICO

Claudia Heloísa Impellizieri Luna Ferreira da Silva

PROJETO: MULHERES INDEPENDENTES/MULHERES NAS INDEPENDÊNCIAS:

PODER E REPRESENTAÇÃO

Edson Rosa da Silva

PROJETO: CACOS E RUÍNAS: WALTER BENJAMIN, LEITOR DE CHARLES

BAUDELAIRE

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Elena Cristina Palmero Gonzalez

PROJETO (1): DESLOCAMENTOS INTERAMERICANOS E HISTÓRIA DA

LITERATURA: BASES PARA UM PROJETO HISTORIOGRÁFICO DA LITERATURA DO

CARIBE HISPÂNICO NOS ESTADOS UNIDOS

PROJETO (2): POÉTICAS DO DESLOCAMENTO NAS LETRAS HISPÂNICAS

CONTEMPORÂNEAS: MOBILIDADES CULTURAIS E HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA

(SEGUNDA ETAPA)

Fabiano Dalla Bona

PROJETO: A LITERATURA A SERVIÇO DA IDENTIDADE SICILIANA

Flora de Paoli Faria

PROJETO: O ESTETICISMO DECADENTISTA DOS CENÁRIOS HISTÓRICOS E

GEOGRÁFICOS EM MARIO PRAZ E ALEXANDRE EULÁLIO

Henrique Fortuna Cairus

PROJETO: A INTERLOCUÇÃO NO TRATADO HIPOCRÁTICO DE ARTE

Marcelo Jacques de Moraes

PROJETO: POESIA: LÍNGUA/ LUGAR COMUM

Maria Lizete dos Santos

PROJETO: A LITERATURA ITALIANA DOS NOVECENTOS EM REVISTA II

Mariluci da Cunha Guberman

PROJETO (1): PROVOCAÇÕES DA AMAZÔNIA: DOS RIOS VOADORES AOS VOOS

IMAGINÁRIOS

PROJETO (2): A CIDADE MODERNA: AUTONOMIA DA LINGUAGEM E NOVAS

EXPRESSÕES POÉTICAS

Miguel Angel Zamorano Heras

PROJETO: ENSINO, PESQUISA E TRADUÇÃO DO TEATRO E A LITERATURA

AURISECULAR NO BRASIL

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina

PROJETO: NATURALISMO: MODOS, MODELOS E GERAÇÕES – II

Silvia Inés Cárcamo de Arcuri

PROJETO: FICÇÕES DO EU E MEMÓRIA HISTÓRICA NA NARRATIVA HISPÂNICA

CONTEMPORÂNEA.

Sonia Cristina Reis

PROJETO: ALBERTO SAVINIO: A PALAVRA E AS ARTES NA ITÁLIA

Victor Manuel Ramos Lemus

PROJETO (1): DA PERIFERIA AO CÂNONE

PROJETO (2): TENDÊNCIAS RECENTES DAS NARRATIVAS HISPÂNICAS

LINHA DE PESQUISA:

ESTUDOS DA TRADUÇÃO: TEORIAS E PRÁTICAS

Andrea Lombardi

PROJETO: VIAGEM, EXÍLIO E TRADUÇÃO

Marcelo Jacques de Moraes

PROJETO: A EXPERIÊNCIA, EM POESIA E EM TRADUÇÃO: PARTILHA(S), LUGAR(ES)

COMUM(NS)

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

LINHA DE PESQUISA:

APROPRIAÇÕES, TRANSPOSIÇÕES E TRANSFERÊNCIAS LINGUÍSTICAS E

CULTURAIS

Fabiano Dalla Bona

PROJETO: A COMIDA COMO NARRATIVA: LITERATURA E GASTRONOMIA

Celina Maria Moreira de Mello

Flora de Paoli Faria

Sonia Cristina Reis

PROJETO: TRANSCODIFICAÇÕES, ESPETÁCULOS, REESCRITURAS: AS

LITERATURAS E AS CULTURAS NEOLATINAS

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Linhas de Pesquisa do Programa e Projetos

vinculados

Área de Concentração: Estudos Linguísticos

Neolatinos

Projetos Vinculados Registrados no Lattes - em andamento

LINHA DE PESQUISA:

IDENTIDADE, COGNIÇÃO E ENSINO NAS LÍNGUAS NEOLATINAS

Angela Maria da Silva Corrêa

PROJETO: O ETHOS DOS ENUNCIADORES NO DISCURSO: SUAS IMPLICAÇÕES

PARA O ENSINO DE LÍNGUAS - PARTE II

Annita Gullo

PROJETO: LÍNGUA ITALIANA, CULTURA E IDENTIDADE

Antônio Francisco de Andrade Junior

PROJETO (1): LEITURA, DISCURSO E COMUNIDADE NA FORMAÇÃO E NA

ATUAÇÃO DE PROFESSORES DE ESPANHOL LÍNGUA ESTRANGEIRA

PROJETO (2): PROJETO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - LETRAS

PORTUGUÊS/ESPANHOL

João Antônio de Moraes

PROJETO: PROSÓDIA E ILOCUÇÃO NA LÍNGUA ESPANHOLA

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Leonardo Lennertz Marcotulio

PROJETO: A SINTAXE DOS DE-POSSESSIVOS NA HISTÓRIA DE LÍNGUAS IBERO-

ROMÂNICAS

Letícia Rebollo Couto

PROJETO: PROSÓDIA, EXPRESSIVIDADE E DISCURSO

Luiz Carlos Balga Rodrigues

PROJETO: ENSINO DE FLE: NOVAS ABORDAGENS, NOVOS DESAFIOS

Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

PROJETO: POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ENSINO-APRENDIZAGEM ELE

Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold

PROJETO (1): DISTINÇÃO ENTRE LÍNGUAS E A UNIVERSALIDADE DOS TRAÇOS

PROJETO (2): CONTRIBUIÇÕES DAS CIÊNCIAS COGNITIVAS NA FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Pierre François Georges Guisan

PROJETO: A LÍNGUA, A SUA PRODUÇÃO ESCRITA E O PENSAMENTO:

DETERMINAÇÕES RECÍPROCAS E MITOS. EFEITOS DE REPRESENTAÇÃO E DE

CONTATOS

Tânia Reis Cunha

PROJETO: IDENTIDADE, LEITURA E PRODUÇÃO ESCRITA EM FRANCÊS LÍNGUA

ESTRANGEIRA

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Faculdade de Letras – Centro de Letras e Artes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

LINHA DE PESQUISA:

ESTUDOS DA TRADUÇÃO: TEORIAS E PRÁTICAS

Angela Maria da Silva Corrêa

PROJETO: TRADUÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCURSO: IMPLICAÇÕES MÚTUAS

Letícia Rebollo Couto

PROJETO: TRADUÇÃO, ENSINO E COGNIÇÃO

Márcia Atalla Pietroluongo

PROJETO: LÍNGUA, DISCURSO E TRADUÇÃO III

LINHA DE PESQUISA:

APROPRIAÇÕES, TRANSPOSIÇÕES E TRANSFERÊNCIAS LINGUÍSTICAS E

CULTURAIS

Pierre François Georges Guisan

PROJETO: OS ESPAÇOS DE FRONTEIRAS: FRONTEIRA, OU ÁREA DE

CONVERGÊNCIAS DE LÍNGUAS E DE CULTURAS? A TRADUÇÃO NESSE ESPAÇO

DE CONTATOS E DE CONFLITOS. NORMAS E VARIANTES. O PARADIGMA

MEDITERRÂNEO.