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FACULDADE DE BOA VIAGEM – DEVRY BRASIL
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – CPPA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL
LEONEL FERREIRA DE MORAIS NETO
O NOVO MARCO LEGAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO:
BENEFÍCIOS E DIFICULDADES ESPERADOS DA IMPLEMENTAÇÃO, SOB A
PERSPECTIVA DA GESTÃO FINANCEIRA, NO PORTO DIGITAL DE PERNAMBUCO E
NO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA ENGENHARIA DE
SOFTWARE DA UFPE
RECIFE
2017
LEONEL FERREIRA DE MORAIS NETO
O NOVO MARCO LEGAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO:
BENEFÍCIOS E DIFICULDADES ESPERADOS DA IMPLEMENTAÇÃO, SOB A
PERSPECTIVA DA GESTÃO FINANCEIRA, NO PORTO DIGITAL DE PERNAMBUCO E
NO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA ENGENHARIA DE
SOFTWARE DA UFPE
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de Mestre em
Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-
Graduação em Administração – CPPA da Faculdade
Boa Viagem – DeVry Brasil.
Orientação: Prof. James Anthony Falk, PhD.
RECIFE
2017
Catalogação na fonte -
Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE
M827n Morais Neto, Leonel Ferreira de.
O novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação:
benefícios e dificuldades esperados da implementação, sob a
perspectiva da gestão financeira, no Porto Digital de Pernambuco
e no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para engenharia
de software da UFPE / Leonel Ferreira de Morais Neto. – Recife:
DeVry | FBV, 2017.
105 f. : il.
Orientador(a): James Anthony Falk.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade
Boa Viagem - DeVry.
1. Novo marco legal da ciência. 2. Tecnologia e Inovação.
3. Benefícios previstos na legislação. 4. Lei de informática. I.
Título.
DISS
658[17.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.
Dedico este trabalho a Deus, a minha
esposa - Ozonelma, às minhas filhas -
Lionela, Lorraine e Lorena, e a todos que
contribuíram para a realização do mesmo.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela graça de poder agradecer-Lhe as oportunidades a mim concedidas.
Aos meus pais Braz José de Morais (in memorian) e Inácia Maria de Morais, pelo
acertado discernimento e decisão de investir na educação dos seus filhos, oportunidade que
não tiveram condições de usufruir.
A minha irmã e aos meus irmãos, destacadamente, Lenildo José de Morais, Mestre em
Ciências da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que - com
atitudes de orientador - dispensou desmedido apoio para o êxito deste trabalho.
Ao Prof. Djalma Desenzi ex-Contador Geral e Diretor do Banco Nacional do Norte
S.A. e docente da Universidade Católica de Pernambuco, por haver despertado em mim o
interesse pela Academia e haver sido o responsável pelo meu vínculo funcional com essa
Instituição de Ensino Superior.
À Profa. Msc. Ana Paula Ferreira da Silva e ao Prof. Msc. Egenilton Rodolfo de Farias
pela orientação, apoio, incentivo e, sobretudo, paciência diante das minhas demandas que não
foram poucas.
Ao meu Orientador Prof. James Anthony Falk, Ph.D., pelo acolhimento, dedicação e
orientação, havendo colaborado sobremaneira com a produção deste trabalho.
Ao Prof. Olímpio José de Arroxelas Galvão, Ph.D., pelo seu apoio, incentivo,
orientação e dedicação à causa da Academia, certamente um modelo de pesquisador.
Aos demais professores do Programa de pós-graduação em Gestão Empresarial, Profa.
Maria Auxiliadora Diniz de Sá, Dra., Prof. Diogo Henrique Helal, Dr., e Prof. Rafael Lucian,
Dr., que muito contribuíram para o atingimento do objetivo do programa.
Finalmente, a todos e todas que, direta ou indiretamente, colaboraram para que fosse
possível a conclusão de mais esta etapa da minha caminhada acadêmica.
“Uma crença forte demonstra apenas a sua força,
não a verdade daquilo em que se acredita.”
(NIETZSCHE, 1878)
RESUMO
Este trabalho sobre o Novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (MLCTI) - Lei 13.243/2016, de 11 de janeiro de 2016 - na perspectiva dos benefícios fiscais, gerenciais ou financeiros - objetivou investigar se esses benefícios são conhecidos pelos gestores das empresas da área de Tecnologia da Informação. Julgou-se, também, importante pesquisar os possíveis benefícios e dificuldades com os quais se depararam as empresas quando de sua eventual implantação, levantando - a partir de então - sugestões junto aos gestores objetivando facilitar a aplicação total ou parcial da norma. Nessa perspectiva, foram escolhidas como locus da pesquisa as empresas albergadas no Porto Digital de Pernambuco e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Engenharia de Software (INES) – Instituição Científica, Tecnológica e de Informação – parceira da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A coleta de dados da pesquisa foi realizada, primeiramente, através de uma investigação qualitativa exploratória, que teve como objetivo aumentar o conhecimento acerca do problema proposto. Em seguida, foi aplicado um questionário com perguntas semiestruturadas, a fim de estabelecer o que o respondente experimentou dos benefícios da legislação e questões subjetivas, objetivando compreender as dificuldades encontradas, para a implementação da nova legislação na empresa. As indagações, em número de seis, sendo três quesitos subjetivos e três objetivos, levadas à apreciação dos gestores das entidades retromencionadas, foram elaboradas a partir dos benefícios previstos na legislação. O questionário foi enviado aos respondentes através do formulário googledocs e, após respondidos, tiveram os seus dados tabulados através de planilhas eletrônicas, objetivando efetuar a análise descritivas das informações. Além do uso de tabela dinâmica para realizar um exame comparativo. A coleta e análise das informações revelaram que os gestores das entidades investigadas conhecem a legislação; com destaque para 59 gestores que informaram não haver implementado a possibilidade da Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) atuar no exterior, merecendo destaque especial as dificuldades e sugestões - por tipo de benefício – podendo ser classificada como uma cartilha a ser observada pelos gestores, quando da criação e implantação de novos empreendimentos do ramo. Verificou-se, ainda, que 57% dos gestores informaram que as suas empresas não são tributadas com base no Lucro Real, por isso essas entidades não podem usufruir - com plenitude - os benefícios previstos na legislação. Palavras-chave: Novo Marco Legal da Ciência. Tecnologia e Inovação. Benefícios Previstos na Legislação. Lei de Informática.
ABSTRACT
This work on the New Legal Mark of Science, Technology and Innovation (MLCTI) - Law 13.243/2016, from January 11, 2016 - in the perspective of fiscal, managerial or financial benefits - aimed to investigate whether these benefits are known by the managers of Information Technology’s companies. It was also deemed important to investigate possible benefits and difficulties these companies encountered when implemented, taking - from that moment on - suggestions to the managers, to facilitate the total or partial application of the norm. In this perspective, the companies housed in the Digital Port of Pernambuco and the National Institute of Science and Technology for Software Engineering (INES) - Scientific, Technological and Informational Institution - partner of the Federal University of Pernambuco (UFPE) were elected as the research’s focus. The data collection of the research was carried out, first, through a qualitative exploratory investigation, whose objective was to increase the knowledge about the proposed problem. Then, a questionnaire was applied with semi-structured questions, in order to establish what the respondent experienced from the benefits of legislation and subjective questions, aiming to understand the difficulties encountered, for the implementation of the new legislation in the company. The inquiries were six in number, being three subjective and three objective, brought to the referred entities’ managers attention, were elaborated from the provided benefits in the legislation. The questionnaire was sent to the respondents through the form googledocs and, after being answered, had their data tabulated through spreadsheets, aiming to carry out the descriptive analysis of the information. In addition to using dynamic spreadsheet to perform a comparative examination. The information’s collection and analysis revealed that the investigated entities’ managers know the legislation; with emphasis on 59 managers who reported not having implemented the possibility of the Scientific, Technology and Informational Institute (ICT) to act abroad, deserving a especial emphasis to the difficulties and suggestions - by benefit type - being classified as a primer to be observed by managers in case of creation and implementation of new enterprises of the branch. It was also verified that 57% of the managers informed that their companies were not taxed based on the Real Profit, therefore these entities can not enjoy - to fullness - the benefits provided in the legislation. Keywords: New Legal Mark of Science. Technology and Innovation. Benefits foreseen in the legislation. Information Technology Law.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Pilares do plano diretor da inovação.......................................................................32
Figura 2 – Exclusão de 60% da despesa – IRPJ/CSLL............................................................42
Figura 3 – Redução de 50% do IPI...........................................................................................43
Figura 4 – Depreciação Integral...............................................................................................44
Figura 5 – Case – Benefício Alternativo ICT...........................................................................45
Figura 6 – Case – Aproveitamento dos Benefícios..................................................................46
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Empresas participantes da pesquisa e seus respectivos gestores...........................52
Gráfico 2 – Perfis dos Repondentes..........................................................................................53
Gráfico 3 – Gestores pesquisados por modalidade de tributação.............................................54
Gráfico 4 – Importância da implementação para a minha empresa..........................................57
Gráfico 5 - Importância da implementação para a minha empresa...........................................60
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Diferenças entre inovação incremental e radical .................................................... 27
Quadro 2 - Autores importantes e suas definições sobre Inovação .......................................... 28
Quadro 3 - Tipos de Inovação .................................................................................................. 30
Quadro 4 - Modificações proporcionadas pelo Novo Marco Legal..........................................33
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens das questões subjetivas................................................50
Quadro 6 – Respondentes - Docentes e Gestores
Quadro 7 - Percepção sobre os benefícios previstos.................................................................60
Quadro 8 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 1 - Dispensa da
obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de
pesquisa e desenvolvimento...................................................................................62
Quadro 9 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 2 -Regras simplificadas e
redução de impostos para importação de material de pesquisa..............................65
Quadro 10 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 3 - Permite que professores
das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade
de pesquisa também no setor privado, com remuneração......................................66
Quadro 11 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 4-Aumenta o número de
horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da
universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).....................68
Quadro 12 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 5 - Permite que
universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e
equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou
conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição)................69
Quadro 13 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 6 - Permite que a União
financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital
social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas
tecnológicas específicas do país.............................................................................72
Quadro 14 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 7 - Permite que as empresas
envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os
resultados (produtos) das pesquisas.......................................................................70
Quadro 15 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 8 - As ICTs poderão atuar
no exterior..............................................................................................................72
Quadro 16 - Dificuldades encontradas para implantação.........................................................73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Grau de importância dos itens de benefícios previsto na nova legislação para
implantação nas empresas entrevistadas..................................................................55
Tabela 2 - Importância da implementação para minha empresa, quanto à possibilidade de as
ICTs poderem atuar no exterior................................................................................57
Tabela 3 - Grau de percepção da implantação dos benefícios da nova legislação nas empresas
pesquisadas...............................................................................................................58
Tabela 4 - Relação entre a percepção do grau de importância dos benefícios da nova
legislação como muito importante e o fato de já ter implantado os benefícios na
empresa.....................................................................................................................59
LISTA DE SIGLAS
ACC Autorização para conduzir ciclomotores
AGU Advocacia Geral da União
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
CATI-MCTI Comitê da Área de Tecnologia da Informação
CESAR
CNPq
Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação
EC Economia Criativa
FGE Fundo de Garantia à Exportação
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FND Fundo Nacional de Desenvolvimento
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
ICT Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação
IFE Instituição Federal de Ensino
INES Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Engenharia de
Software
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IRPJ Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica
ISO International Organization for Standardization
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MLCTI Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação
NIT Núcleo de Inovação Tecnológica
OECD Organization for Economic Cooperation and Development
OMC Organização Mundial do Comércio
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
PI Propriedade Intelectual
PNI Programa Nacional de Apoio às Incubadoras
PINTEC Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica
PPP Parcerias Públicas Privadas
PROEX Programa de Financiamento às Exportações
PwC Price waterhouse Coopers
RNP Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SPED Sistema Público de Escrituração Digital
SNI Sistema Nacional de Inovação
SUDAM Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
TCU Tribunal de Contas da União
TI Tecnologia da Informação
TIB Tecnologias Industriais Básicas
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
TRIPS Trade Related Aspects of Intellectual Rights Including Trade in
Counterfeit Goods
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO...................................................................................................15
1.2 PRINCIPAIS ENTIDADES BENEFICIADAS..................................................................15
1.3 ASPECTOS FINANCEIROS.............................................................................................16
1.4 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................................17
1.5 OBJETIVOS.......................................................................................................................18
1.5.1 Objetivo Geral................................................................................................................18
1.5.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................18
1.6 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................18
1.7 ESTRUTURA PROPOSTA PARA A DISSERTAÇÃO....................................................19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................21
2.1 A TECNOLOGIA NAS EMPRESAS................................................................................21
2.2 A INOVAÇÃO NAS EMPRESAS.....................................................................................26
2.2.1 Tipos de Inovação...........................................................................................................26
2.3 A CIÊNCIA, A TECNOLOGIA E A INOVAÇÃO NO BRASIL.....................................27
2.4 O MARCO LEGAL E SUAS ALTERAÇÕES..................................................................32
2.4.1 Alianças estratégicas entre o setor público e o privado – espirito da lei...................34
2.4.2 Instrumentos jurídicos – bônus tecnológico................................................................35
2.4.3 Contrato ou convênio.....................................................................................................35
2.4.4 Contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga
de direito de uso ou de exploração de criação.............................................................36
2.4.5 Acordo de parceria........................................................................................................36
2.4.6 Convênio de PD&I.........................................................................................................37
2.4.7 Encomenda estatal.........................................................................................................37
2.4.8 Política de inovação da ICT pública.............................................................................38
2.4.9 Temas de regulamentação.............................................................................................38
2.4.9.1 Cooperação entre Empresas e o Poder Público.............................................................38
2.4.9.2 Importação de produtos e de insumos para a pesquisa, o desenvolvimento
tecnológico e a inovação...............................................................................................39
2.4.9.3 Compras, contratações e execução orçamentária..........................................................39
2.4.9.4 Celebração e prestação de contas..................................................................................40
2.4.9.5 Regime de RH do sistema público de C, T & I.............................................................40
2.5 A PERSPECTIVA FISCAL E FINANCEIRA...................................................................40
3 METODOLOGIA................................................................................................................47
3.1 MÉTODO ...........................................................................................................................47
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA................................................................................................47
3.3 TIPOLOGIA DA PESQUISA............................................................................................48
3.4 LÓCUS DA PESQUISA.....................................................................................................48
3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS....................................................................49
3.6 PROCESSO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS.......................................................51
4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS...................................................................................52
4.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................52
4.2 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................54
4.2.1 Importância da implementação para minha empresa................................................54
4.2.2 Implementação ou não na minha empresa..................................................................58
4.2.3 Registro de percepções em relação aos quesitos objetivos.........................................60
4.2.4 Dificuldades encontradas para os itens implantados..................................................61
4.2.5 Dificuldades encontradas para implementação dos itens mencionados como
importantes, mas que ainda não foram implantados...................................................73
4.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................................76
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................................78
REFERÊNCIAS......................................................................................................................81
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM OS GESTORES...................86
ANEXO A – NOVO MARCO LEGAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO.....................................................................................................91
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Recentemente ocorreu uma significativa alteração na legislação inerente à inovação,
através da Lei 13.243, publicada em 11 de janeiro de 2016 (BRASIL, 2016), conhecida como
o novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), sancionado pelo Governo
Executivo Federal, o que gerou grandes expectativas para as empresas de tecnologia, uma vez
que se esperava uma maior amplitude, em particular, no âmbito dos incentivos fiscais.
O novo regramento jurídico resultou de um processo de aproximadamente cinco anos
em busca de alinhamento de princípios entre gestores do Sistema Nacional de Inovação (SNI)
e as Comissões de Ciência e Tecnologia da Câmara e do Senado Federal. Essas tratativas
estavam lastreadas no reconhecimento e na necessidade de alterar pontos da Lei de Inovação e
em outras nove leis correspondentes ao tema, de modo a reduzir óbices legais e burocráticos,
podendo-se citar como exemplo o artigo que permite às universidades e outras instituições
públicas de pesquisa científica e tecnológica compartilhar seus laboratórios, equipamentos,
instrumentos, materiais e demais instalações com empresas e pessoas físicas para atividades
de pesquisa, desenvolvimento e inovação, desde que tal permissão não interfira diretamente
em sua atividade-fim nem com ela conflite.
É relevante citar que, o mesmo vale para o uso de seu capital intelectual e, ainda,
permitir uma maior flexibilidade às entidades atuantes neste sistema, no tocante aos aspectos
fiscais, gerenciais ou financeiros.
1.2 PRINCIPAIS ENTIDADES BENEFICIADAS
O novo marco legal aborda a respeito dos estímulos necessários ao desenvolvimento
científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação, sendo, portanto, de
singular importância os seus benefícios para as empresas que trabalham com o segmento da
tecnologia, de forma especial aquelas ancoradas no Porto Digital, localizado em Pernambuco,
na cidade do Recife, capital do Estado.
16
Segundo a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), do Ministério da Ciência e
Tecnologia, hoje, esse polo é considerado o maior em Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) da América Latina, pois, alberga 184 empresas de TIC; 28 de Economia
Criativa (EC); dez empresas incubadas e cinco aceleradas.
O novo marco Legal – de abrangência nacional – de acordo com a RNP, impulsionou
expressivamente, além das empresas localizadas no Porto Digital, os Institutos de Ciência e
Tecnologia. As ICTs são entidades da administração pública ou privada sem fins lucrativos,
que têm como missão institucional, entre outras, executar atividades de pesquisa básica ou
aplicada de caráter científico, tecnológico ou inovação.
Vale ressaltar que, de todos os impactos positivos gerados pela Lei de Informática,
talvez o mais expressivo tenha sido a criação de um sofisticado ecossistema de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), do qual participam os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs)
credenciados junto ao Comitê da Área de Tecnologia da Informação (CATI-MCTI). Neles se
concentram os valores destinados pelas empresas no âmbito da Lei da Informática, e
correspondem a recursos expressivos que variam de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão ao ano
(BRASIL, 2016ª).
1.3 ASPECTOS FINANCEIROS
Os benefícios previstos no novo marco legal, em princípio, somente poderão ser
usufruídos, em sua totalidade, por empresas cuja forma de tributação seja a do lucro real.
Sobre isso há de se imaginar uma real necessidade de se analisar mais adequadamente se as
demais empresas, não optantes por esse modelo, deveriam ou não repensar a sua forma de
tributação, objetivando uma redução de sua carga tributária, com um consequente reflexo
financeiro.
Atualmente, nas empresas, a tributação – modalidade sob a qual as empresas recolhem
o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) – ocorre a partir do chamado lucro real, presumido ou arbitrado; há, ainda, de se
considerar as empresas enquadradas no simples nacional.
A possível implantação do que está preconizado no MLCTI, a partir da perspectiva
fiscal, considerando os ganhos sob a ótica tributária, implica em um positivo reflexo
financeiro, facilitando, inclusive, o desempenho operacional das empresas. Isso é possível por
17
promover a colocação dos produtos no mercado - em função de uma melhor margem para
negociação - constituindo-se, por óbvio, em um diferencial frente às empresas não
usufrutuárias das benesses advindas dessa implantação.
1.4 PROBLEMA DE PESQUISA
Os autores (RIBEIRO; MATARAZO; DENEGRI, 2011) juntamente a (SAFFYK;
PROCHNIK; ARCHER, 2016) revelam que a ausência de visibilidade - quanto ao
conhecimento, alcance, apropriação e importância - adequada por parte dos gestores de
empresas de tecnologia de informação, voltada para a área de ciência, tecnologia e inovação,
por vezes pode passar ao largo do conhecimento daqueles que, em tese, deveriam conhecer o
que está preconizado na literatura, objetivando potencializar o resultado dos seus
empreendimentos, não obstante o interesse revelado por conhecer o que está inerente à
perspectiva fiscal, gerencial ou financeira.
Atualmente, observa-se, a partir de reuniões realizadas com gestores de empresas do
segmento tecnológico, que as empresas do estado de Pernambuco revelam não conhecer
suficientemente as publicações, no que tange ao novo marco legal da ciência, tecnologia e
inovação, amparadas em normativos ou em produções científicas.
Nesse sentido, os gestores vinculados à ICT da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), do Porto Digital e das empresas ancoradas no Porto Digital de Pernambuco puderam
contribuir, com propriedade na avaliação do questionário, proposto neste trabalho, no tocante
ao Novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, dado a conhecer através da Lei
13.243/2016, de 11 de janeiro de 2016 (BRASIL, 2016).
Nesse contexto, vem à tona a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são os benefícios
e/ou dificuldades mantidos e/ou proporcionados pelo novo marco legal da Ciência,
Tecnologia e Informação, na perspectiva dos benefícios e dificuldades esperados da
implementação, sob a perspectiva da gestão financeira, no Porto Digital de Pernambuco e no
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para engenharia de software da UFPE?
18
1.5 OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
Identificar os possíveis benefícios e/ou as dificuldades experimentadas nas empresas,
quando da implementação do novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação,
especialmente, para o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Engenharia de Software
(INES), parceiro da UFPE, o Porto Digital e as Empresas embarcadas no Porto Digital de
Pernambuco, sob a perspectiva da gestão financeira, além de levantar, do ponto de vista
desses gestores, as possíveis sugestões de melhoria para a sua implementação.
1.5.2 Objetivos Específicos
• Identificar o grau de conhecimento sobre os possíveis benefícios fiscais
gerenciais, financeiros e outros, possíveis de identificação, pelos
respondentes.
• Investigar se os possíveis benefícios e dificuldades, na perspectiva
fiscal, gerencial ou financeira foram experimentados pelas empresas.
• Identificar o grau de implementação dos benefícios da nova legislação.
• Levantar sugestões junto aos gestores dessas entidades, para facilitar a
implementação da nova legislação nas empresas participantes da
pesquisa.
1.6 JUSTIFICATIVA
Segundo (RIBEIRO; MATARAZO; DENEGRI, 2011) juntamente com (SAFFYK;
PROCHNIK; ARCHER, 2016) a falta de visibilidade - quanto ao conhecimento, alcance,
apropriação e importância - adequada por parte dos gestores de empresas de tecnologia de
informação, no tocante ao novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, dado a
conhecer em janeiro de 2016, através da Lei 13.243, de 11 de janeiro de 2016 (BRASIL,
19
2016), que dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação
científica e tecnológica e à inovação são vistos como entraves na disseminação e aplicação da
Lei no contexto da mesma.
Considerando que esse procedimento é fundamental para os gestores de uma forma
geral e, especialmente, para aqueles que não dispõem de uma infraestrutura de retaguarda,
percebe-se a possibilidade de se elaborar, no futuro, a partir desta pesquisa, uma cartilha, na
qual os gestores das entidades supracitadas possam emprestar aplicabilidade ao regramento
jurídico, conhecido como sendo o novo marco legal da ciência tecnologia e inovação.
Portanto, o conhecimento, a importância e os benefícios objetos desta investigação são
aqueles decorrentes da implantação dos itens propostos pelo MLCTI a seguir relacionados:
a) dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para
fins de pesquisa e desenvolvimento;
b) regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa;
c) permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva
exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração;
d) aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a
atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana);
e) permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus
laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não
interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição);
f) permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma
minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e
resolver demandas tecnológicas específicas do país;
g) permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade
intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas;
h) as ICTs poderão atuar no exterior;
i) os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio.
20
1.7 ESTRUTURA PROPOSTA PARA A DISSERTAÇÃO
Para facilitar a compreensão o trabalho será organizado em cinco capítulos, conforme
descrito a seguir:
No primeiro capítulo, correspondente à introdução, foi contextualizado o assunto a ser
trabalhado, bem como o tema e a pergunta de pesquisa. Também foram expostos o objetivo
geral do estudo e os objetivos específicos. Logo após, buscou-se apresentar a justificativa do
estudo.
No segundo capítulo, está apresentada a fundamentação teórica relacionada com o
assunto da investigação. Sendo assim, neste capítulo, são abordadas: a tecnologia nas
empresas; a inovação nas empresas; a ciência, a tecnologia e a inovação no Brasil; o marco
legal e suas alterações e, por fim, a perspectiva fiscal e financeira.
O terceiro capítulo descreve a metodologia usada para obtenção do objetivo geral,
destacando os objetivos específicos, a delimitação, a metodologia escolhida para o trabalho e
a sua organização, a composição da amostra, a tipologia da pesquisa, o instrumento de coleta
de dados e, por fim, o processo de coleta e de análise desses dados.
Em seguida, o quarto capítulo versará sobre a coleta e a análise dos dados levantados
através do questionário de pesquisa. Neste capítulo consta ainda uma análise qualitativa e
quantitativa, apoiada nas respostas colhidas junto aos gestores do INES, do Porto Digital e das
empresas ancoradas no Porto Digital, locus da pesquisa.
Finalizando, no quinto capítulo, serão apresentadas as conclusões do trabalho,
avaliando os alcances dos objetivos geral e específicos da pesquisa. Nesse derradeiro capítulo,
também, serão objeto de registros as limitações eventualmente encontradas para realização da
investigação e as recomendações para a elaboração de futuros trabalhos nesse segmento;
imediatamente, após este capitulo, constará a lista de referências usadas, o apêndice e o
anexo.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A TECNOLOGIA NAS EMPRESAS
As alusões em relação à questão da inovação têm revelado que a tecnologia não é
exógena, mas também não é totalmente endógena à empresa. Diversas fontes de tecnologia e
aprendizado, tanto de origem interna quanto externa, são usadas pelas entidades, objetivando
disseminar novos produtos, aperfeiçoar processos, adotar novos métodos de gestão
organizacional e majorar positivamente a competitividade. Neste tópico, foram identificadas
as diferentes fontes de tecnologia utilizadas pelas empresas para inovar e levantar seus
impactos potenciais sobre a competitividade. As entidades genuinamente inovadoras buscam
uma combinação de diferentes fontes de tecnologia, informação e conhecimento tanto de
origem interna quanto externa (TIGRE, 2006).
As fontes internas de inovação envolvem não somente as atividades explicitamente
voltadas para o desenvolvimento de produtos e processos, mas também a obtenção de
melhorias incrementais por meio de programas de qualidade, treinamento de recursos
humanos e aprendizado organizacional. As fontes externas, por sua vez, segundo Tigre (2006)
envolvem:
a) a obtenção de informações codificadas, a exemplo de livros e revistas
técnicas, manuais, software, vídeos etc.;
b) consultorias especializadas;
c) aquisição de licenças de fabricação de produtos;
d) tecnologias embutidas em máquinas e equipamentos.
A seleção das diferentes fontes de tecnologia pelas empresas está associada às
características da tecnologia em si, às escalas produtivas e às estratégias adotadas pelas
empresas. Merece destaque especial a questão da propriedade intelectual, posto que o valor de
uma determinada tecnologia geralmente depende das condições de apropriabilidade, isto é, da
possibilidade de o inventor ou inovador deter o controle monopolista sobre a tecnologia em
um determinado período de tempo. Esse controle geralmente é exercido através da
propriedade intelectual sobre bens intangíveis, por meio de patentes. Em alguns casos, a
tecnologia não é patenteável e a proteção é mantida por segredo industrial. Uma tecnologia
22
facilmente imitável leva os rendimentos monopolistas de uma inovação a quase zero (TIGRE,
2006).
A Propriedade Intelectual (PI) é fundamentalmente um direito, outorgado pelo Estado
por meio de leis específicas, por um prazo determinado. Admite a seu detentor excluir
terceiros de sua comercialização. A PI abrange a propriedade industrial, copyrights e
domínios conexos. A propriedade industrial é o regime de proteção conferido às invenções,
modelos de utilidade, desenhos industriais, marcas e denominações de origem.
Conceitualmente, o direito autoral (copyrights) é o regime de proteção conferido
especificamente às criações literárias, artísticas e científicas. Uma patente de invenção é
concedida no caso de o objeto possuir os requisitos de novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial, levando em consideração não apenas a ideia tal como foi expressa, mas
sua aplicação prática. O modelo de utilidade se refere mais a um detalhe de funcionamento,
ou de utilização, do que, propriamente, de estética ou configuração. Trata-se de um
dispositivo ou forma nova conferida a um objeto conhecido, visando a aumentar ou facilitar
sua capacidade de utilização. Por exemplo, uma nova engrenagem em um isqueiro ou um
novo dispositivo para abertura de uma lata constitui um modelo de utilidade passível de ser
patenteado. O desenho industrial (design) é um bem intangível que se exterioriza pela forma
ou pela disposição de linhas e cores de um objeto suscetível de utilização. A diferenciação do
produto através de design exclusivo é muito importante para a competitividade de indústrias
de bens de consumo e produtos embalados para o usuário final. Os produtos precisam ser
constantemente redesenhados, de forma a incorporar um visual mais atualizado seguindo
tendências culturais, novos padrões estéticos, mudanças de hábitos do consumidor, uso de
novos materiais e componentes que ganham a preferência do mercado. O design original é
passível de ser protegido pelas leis de propriedade industrial (TIGRE, 2006).
As marcas registradas conferem uma identidade ao produto, permitindo sua
identificação pelo consumidor. Desenvolver uma marca forte requer grandes investimentos
em propaganda e marketing, entretanto pode ser uma alternativa para fugir da competição por
preços, típica dos produtos sem uma identidade marcante. O registro de direito de autor de
uma obra original confere o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra, isto é, de
impedir que terceiros copiem o que foi criado. Segundo Tigre (2006), o acordo internacional
mais importante é o Trade Related Aspects of Intellectual Rights Including Trade in
Counterfeit Goods - TRIPS, assinado em 1994 pela Organização Mundial do Comércio
(OMC) a partir de 1995. Até então, não havia instrumentos para assegurar que governos de
diferentes países adotassem legislações compatíveis para propriedade intelectual. O acordo
23
TRIPS promove a compatibilização de regras nas áreas de copyrights, marcas registradas,
desenho industrial, patentes, topografia de circuitos integrados, confidencialidade e controle
sobre concorrência desleal em contratos de licenciamento. A proteção à propriedade industrial
é cada vez mais abrangente, incluindo todos os tipos de produtos, componentes, partes e
substâncias, processos e suas aplicações (DENEGRI, 2005).
Os ativos intangíveis de natureza tecnológica, cultural e informacional, à medida que a
economia do conhecimento avança, passam a representar o futuro do aumento do emprego e
dos lucros, sendo, portanto, fonte de crescimento econômico. A proteção à propriedade
intelectual constitui, hoje, um dos temas mais críticos e polêmicos na economia política das
relações internacionais. Por um lado, o sistema norte-americano de patentes tende a aceitar
patentes de software e de organismos geneticamente modificados, enquanto os principais
países que integram o sistema europeu procuram ser mais cautelosos devido a considerações
éticas e sociais. Os avanços nos acordos internacionais de propriedade intelectual na
Organização Mundial de Comércio, entretanto, vêm levando um número crescente de
tecnologias a receber proteção dos sistemas harmonizados de patentes (ARBIX; SALERNO;
DENEGRI, 2016).
Apesar de o sistema de patente ser uma das formas mais antigas de intervenção
governamental em economias de mercado, existem controvérsias sobre a adequação e os
impactos desse sistema. Desenvolvido para solucionar o problema da apropriação de
investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), encorajando a inovação, o sistema de
patentes apresenta conflitos com a difusão de novas tecnologias, dado o período relativamente
longo de proteção monopolista. A controvérsia, entretanto, tende a variar segundo o tipo de
indústria ou inovação considerada. Em alguns setores, as patentes constituem instrumentos
ineficazes de proteção, enquanto que em outros asseguram privilégios excessivos. O estudo
do comportamento inovador da empresa brasileira nos ajuda a entender o processo de
desenvolvimento industrial do país. A referência publicada em nível internacional está focada
na experiência dos países avançados, onde a principal fonte de aquisição de tecnologia são as
atividades de P&D. No Brasil, entretanto, existem algumas ilhas de excelência tecnológica,
formadas por poucas empresas de classe universal (ARBIX; SALERNO; DENEGRI, 2016).
Segundo os dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) a
principal fonte de tecnologia na indústria brasileira é a aquisição de máquinas e
equipamentos, responsável por mais de 50% do total dos gastos com inovação na indústria
como um todo. A importância da compra de máquinas e equipamentos no total dos gastos em
inovação decresce, à medida que aumenta o porte das empresas, indicando que as maiores
24
empresas diversificam mais suas fontes de tecnologia. A maioria das empresas entrevistadas
pela PINTEC reconhece que seus gastos com P&D são baixos. Elas geralmente não
introduzem inovações tecnológicas no mercado, não compram P&D externo nem fazem
projetos industriais. Suas principais motivações para inovar são aumentar a qualidade do
produto e manter a participação no mercado. Assim, a difusão de inovações é condicionada
por uma postura reativa das empresas, que buscam apenas não perder mercado para a
concorrência (TIGRE, 2006).
O esforço moderado de inovação desenvolvido pela indústria brasileira é confirmado
por uma pesquisa realizada para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
junto a empresas clientes de projetos de assistência técnica e tecnológica (RÉGNIER;
CARUSO; TIGRE, 2001). Assim como a PINTEC, a pesquisa do SENAI mostrou que a
principal fonte externa utilizada por empresas brasileiras é a tecnologia incorporada em
equipamentos e insumos críticos. As informações repassadas pelos fornecedores sobre o
funcionamento das máquinas, componentes e insumos constituem a principal forma de
absorver conhecimentos e aperfeiçoar sua utilização (TIGRE, 2006).
Outras fontes de tecnologia muito utilizadas pelas empresas revelam estratégias de
buscar informações já disponíveis no mercado e de priorizar soluções internas aos problemas
tecnológicos. As universidades e centros de pesquisa também são utilizados, em diferentes
graus, pelas empresas. Essa fonte geralmente tem um custo relativamente mais baixo quando
comparada a outras formas externas de transferência de tecnologia. O principal objetivo dos
esforços tecnológicos das empresas brasileiras, segundo a pesquisa do SENAI, é o
acompanhamento da dinâmica competitiva por meio do lançamento de novos produtos, assim
como a adaptação de produtos existentes às necessidades do mercado, aos padrões mais
rígidos de qualidade e a maior aderência às normas técnicas internacionais. Já a demanda por
tecnologia de processos e mudanças organizacionais reflete a necessidade de reduzir custos de
produção por meio do desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento dos processos produtivos; da
busca de soluções para problemas ambientais; de desenvolvimento e análise de indicadores de
desempenho (benchmarking); e do treinamento em uso de equipamentos e controle de
processos (STAL, 2010).
Do ponto de vista das inovações organizacionais, as empresas têm buscado
informações externas para introduzir novas formas de gestão; implantação de comércio
eletrônico e/ou soluções de informática; soluções de logística para suprimentos e distribuição;
e treinamento em novas práticas organizacionais. Na área de qualidade, o maior interesse
recai na certificação International Organization for Stardardization (ISO), principalmente a
25
série ISO 9000, seguida da introdução de controle de qualidade total e certificação de produto.
Na área de relações com o mercado, predominam os fatores relativos à entrada de sistemas de
assistência técnica e atendimento a clientes, além de análise e prospecção de mercados.
Observa-se, portanto, que as entidades inovadoras buscam as informações e os conhecimentos
que podem ter origem interna e externa. As principais fontes internas de inovação têm sido
atividades de P&D, as melhorias incrementais obtidas por meio do aprendizado, experiência,
programas de qualidade e a cópia de produtos pioneiros através da engenharia reversa. Para
isso, a entidade precisa contar com rotinas dinâmicas objetivando desenvolver capacitação
tecnológica e transformar produtos e processos. As fontes externas de tecnologia, por sua vez,
conseguem abranger uma ampla gama de procedimentos de diferentes níveis de
complexidade. As formas mais simples e baratas de obter informações tecnológicas ainda são
as consultas a sites especializados na internet, a participação em cursos de especialização, a
compra de livros e revistas técnicas, congressos, exposições nacionais e internacionais e a
troca informal de informações com parceiros de negócios (STAL, 2010).
Causas mais complexas de aquisição externa de tecnologia são a compra de bens de
capital, a contratação de consultores externos, a cooperação com universidades e centros de
pesquisa, a participação em projetos conjuntos de pesquisa e os contratos de transferência de
tecnologia. Os fluxos externos de informação são fundamentais para alimentar o processo de
inovação, principalmente nas empresas de pequeno e médio portes, nas quais inexistem
atividades formais de P&D. O acesso à tecnologia depende também da infraestrutura
conhecida como Tecnologias Industriais Básicas (TIB). Isso inclui normas, consideradas
voluntárias e regulamentos obrigatórios; certificação por entidade independente comprovando
a adequação do produto e do processo aos parâmetros físicos e químicos convencionais; e
laboratórios de metrologia para assegurar a confiabilidade e a credibilidade das medições
efetuadas na produção. A TIB torna-se essencial para empresas exportadoras que atuam em
mercados mais regulados e exigentes quanto à qualidade, à segurança e ao respeito ao meio
ambiente (STAL, 2010).
26
2.2 A INOVAÇÃO NAS EMPRESAS
Inovação tecnológica de produto ou processo compreende a introdução de produtos ou
processos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e processos
existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto ou processo tenha sido
implementada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no
processo de produção (inovação de processo). As inovações tecnológicas de produto ou
processo envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais,
financeiras e comerciais. A firma inovadora é aquela que introduziu produtos ou processos
tecnologicamente novos ou significativamente melhorados num período de referência
(MANUAL..., 2005, p. 65).
De acordo com a proposta da Lei de Inovação encaminhada em novembro de 2002 ao
Congresso Nacional, para aprovação, através do Projeto de Lei 7316/2002, que dispõe sobre
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, e dá outras
providências, no inciso IV, do Art. 2º, define-se inovação tecnológica como a “[...] introdução
de novidade no ambiente produtivo, ou social, que resulte em novos produtos, processos ou
serviços, seja ela produto ou processo, que traga melhoria significativa ou crie algo novo [...]”
(BRASIL, 2002).
É possível perceber que os domínios da Ciência, da Tecnologia e da Inovação
relacionam-se de forma recíproca, interativa, afinal, o avanço da Ciência conta também com
os diversos instrumentos e aparelhos resultantes da Tecnologia (por exemplo, os
microscópios), sem os quais seriam pouco prováveis muitas pesquisas. Ao mesmo tempo, os
resultados da Ciência promovem o aperfeiçoamento da Tecnologia e o seu progresso, por
meio do processo de Inovação.
2.2.1 Tipos de Inovação
Não menos importante é buscar se apropriar, a partir dos conceitos básicos de
inovação radical e incremental, daquilo que caracteriza as diferenças básicas entre uma e
outra, objetivando claramente minimizar qualquer eventual imprecisão a esse respeito.
Portanto, a partir das variáveis: trajetória, geração de ideias e reconhecimento de
27
oportunidades, processos, participantes e estruturas organizacionais, estabeleceram-se as
diferenças, conforme ilustrado no quadro 1.
Quadro 1 - Diferenças entre inovação incremental e radical
Incremental Radical Tempo dos
projetos Curtos períodos – seis meses a dois anos
Longos períodos – usualmente dez anos ou mais
Trajetória
Há um caminho linear e continuo do conceito à comercialização segundo passos determinados
O caminho é marcado por múltiplas descontinuidades que devem ser integradas. O processo é esporádico com muitas paradas e recomeços, postergações e retornos. As mudanças de trajetórias ocorrem em resposta a eventos imprevisíveis, descobertas etc.
Geração de ideias e
reconhecimento de
oportunidades
Geração de ideias e o reconhecimento de oportunidades ocorrem na linha de frente e eventos críticos podem ser antecipados
Geração de ideias e o reconhecimento de oportunidades ocorrem de forma esporádica ao longo do ciclo de vida, frequentemente expostas às descontinuidades (recursos, pessoas, técnicos, marketing) na trajetória do projeto.
Processos
Processo formal aprovado caminha da geração de ideias através de desenvolvimento e comercialização
Há um processo formal para obtenção e administração de recursos os quais são tratados pelos participantes como um jogo frequentemente com desdenho. As incertezas são enormes para tornar o processo relevante. O processo formal passa a ter seu valor somente quando o projeto entra nos últimos estágios de desenvolvimento.
Participantes
Atribuído a um grupo de diversas áreas, cada membro tem definida uma responsabilidade dentro de sua área de conhecimento.
Os participantes principais vão e vem ao longo dos estágios iniciais do projeto. Muitos são parte de um grupo informal que cresce em torno de um projeto de inovação radical. Os participantes principais tendem a ser indivíduos de várias competências.
Estruturas Organizacionais
Tipicamente um grupo de áreas diversas trabalhando dentro de uma unidade de negócios.
O projeto frequentemente inicia-se na P&D, migra para um processo de incubação na organização e se move para ser o projeto central ou objetivo da empresa.
Fonte: Leifer et al. (2000, p. 261)
2.3 A CIÊNCIA, A TECNOLOGIA E A INOVAÇÃO NO BRASIL
A temática em torno da inovação tem sido alvo de muitos autores, no Brasil e no
mundo, conforme se observa no quadro 2. Entretanto, de acordo com Vincentine (2009), tanto
as pessoas físicas como as jurídicas criam uma relativa resistência ao uso de técnicas de
inovação.
28
As organizações e as pessoas, de um modo geral, apresentam-se de maneira muito
arredia quando se fala em inovação. O próprio termo ainda desperta nestes um pouco de
descrédito, porém, todas as organizações devem praticá-la em sua atividade de gestão, criando
mecanismos que podem proporcionar a elaboração de cenários estratégicos e inovadores
como um meio de vislumbrar possíveis situações futuras (VICENTINE, 2009).
Quadro 2 - Autores importantes e suas definições sobre Inovação
Ano Autor Conceito
1961 Bacon, Frank R. “Inovação é o uso comercialmente bem-sucedido de uma invenção [...]”
1969 Myers & Marquis
“Inovação é uma atividade complexa, que se inicia com a concepção de uma nova ideia, passa pela solução de um problema e vai até a utilização de um novo item de valor econômico ou social. Ou seja, refere-se ao lançamento, no mercado, de novos produtos ou processos ou a introdução de mudanças significativas em produtos ou processos já existentes [...]”
1982 Joseph Schumpeter “A Inovação caracteriza-se pela abertura de um novo mercado [...]”
1987 1995
Betz, 1987; Ribault et al., 1995
“Inovação é uma solução necessária quando a tecnologia da empresa está em fase de estabilização ou obsolescência [...]”
1988 Giovanni Dosi (Universidade de Pisa)
“Inovação é a busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos processos e novas técnicas organizacionais [...]”
1989 Peter Drucker (Universidade de Claremont)
“Inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos (pessoas e processos) existentes na empresa para gerar riqueza [...]”
1990 C. K. Prahalad (Universidade de Michigan)
“Inovação é adotar novas tecnologias que permitem aumentar a competitividade da companhia [...]”
1990 Porter “Uma empresa que é singular em algo se diferencia da concorrência, o que normalmente resulta em desempenho superior [...]”
1992 Martin Bell e Keith Pavitt (Universidade de Sussex)
“A Inovação pode ser vista como um processo de aprendizagem organizacional [...]”
1995 Hamel, G. “Inovação é sistematizável em um processo gerenciável [...]”
1998 Slywotzky e Morrison (p. 1998)
“A única maneira de uma empresa permanecer na zona do lucro seria por intermédio da Inovação constante [...]”
1999 Ernest Gundling (3M) “Inovação é uma nova ideia implantada com sucesso, que produz resultados econômicos [...]”
2000 Tom Kelley (Ideo) “Inovação é o resultado de um esforço de time [...]” 2001 Gary Hamel (Strategos) “Inovação é um processo estratégico de reinvenção contínua do
próprio negócio e de criação de novos conceitos de negócio [...]” 2001 Ronald Jonash e Tom
Sommerlatte (consultores)
“Inovação é um processo de alavancar a criatividade para criar valor de novas maneiras, por meio de novos produtos, novos serviços e novos negócios [...]”
CONTINUA
29
CONTUNUAÇÃO Ano Autor Conceito 2003 Price Pritchett (Pritchett
Rummler – Brache) “Inovação é como nós nos mantemos à frente do nosso ambiente. As inovações fora da nossa organização vão acontecer “quando elas quiserem” – estejamos prontos ou não [...]”
2005 Fritjof Capra (Universidade de Berkeley)
“As organizações inovadoras são aquelas que se aproximam do limite do caos [...]”
2008 Guilherme Ary Plonski (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)
“Inovação pode ter vários significados e sua compreensão depende do contexto em que ela for aplicada. Pode ser ao mesmo tempo resultado e processo ou ser associada à tecnologia ou marketing [...]”
Fonte: Lippi; Simantob (2003); Vicentine (2009).
De acordo com Schumpeter (1982, p. 51, tradução nossa):
Se bem-sucedidas, essas inovações proporcionam oportunidades para a colheita de lucros extraordinários por um período temporário. Seguem-se os imitadores, e uma avalanche de bens de consumo é despejada no mercado, o que deprime os preços, as margens de lucro e os investimentos em inovação. Isto, por sua vez, força a reorganização da produção, o aumento da eficiência, a redução de custos, a eliminação das ineficientes empresas não inovadoras, e a substituição dos antigos produtos e processos.
A cultura de inovação, tem um papel crucial para o desenvolvimento organizacional,
ante às mudanças advindas da concorrência, parceiros e necessidades alheias. Nesse ínterim,
não há como dissociar a importância da tecnologia para o modus operandi institucional,
principalmente nos dias atuais em que o fenômeno da globalização tem sido percebido de
maneira cada vez mais intensa, afetando de sobremaneira no modus vivendi das pessoas
mundo afora.
O crescimento exponencial alcançado por algumas empresas, em um curto espaço de
tempo, se dá, em grande parte, ao surgimento e à adoção de novas tecnologias, capazes de
otimizar tarefas e mudar toda a dinâmica do relacionamento com os clientes, maximizando os
interesses de ambos, e impactando diretamente sobre todos os recursos presentes e disponíveis
no meio empresarial. Segundo Normand1 (2015):
[...] apenas nos últimos cinco anos, testemunhamos incontáveis modelos de negócio e produtos totalmente irruptivos, como o Airbnb, Android,
Instagram, Uber e WhatsApp, dentre muitos outros. Todos eles já são parte das nossas vidas e estão mudando o mundo de maneiras que jamais poderíamos imaginar.
1 Empreendedor brasileiro radicado no Vale do Silício que possui vinte anos de experiência na indústria de
tecnologia e autor do livro: Innovation²: As 15 Tendências Tecnológicas Que Estão Mudando o Mundo; agosto 2015.
30
Inovação, em seu sentido mais genérico, pode ser definida como algo novo para a
organização. A palavra inovar, do latim innovare, significa tornar novo, renovar. De acordo
com o Novo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2009), inovação é a ação ou o efeito de inovar;
introdução de alguma novidade na legislação, nos costumes, na ciência, nas artes, etc. De
acordo com o Guia Valor Econômico de inovação nas empresas, “[...] inovar é ter uma ideia
que seus concorrentes ainda não tiveram e implantá-la com sucesso[...]” (LIPPI; SIMANTOB,
2003, p. 12).
Inúmeros teóricos do assunto concordam que inovação pode assumir outras formas de
definição, como pode ser verificado no quadro 3.
É importante destacar que, ao se falar em inovação, não necessariamente implica o
lançamento de um novo e inédito produto, pois este deve ser capaz de agregar valor para a
empresa, sendo esta a principal diferença entre um invento e uma inovação. Barbieri (2003)
explica que “[...] enquanto a invenção é um fato exclusivamente técnico, a inovação é
simultaneamente um fato técnico, econômico e organizacional [...]”.
Dessa forma, pela amplitude do termo, apresenta-se o conceito de Inovação que será
adotado neste trabalho, conforme (MANUAL..., 2005, p. 55):
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.
A partir desse conceito, os pesquisadores da Organization for Economic Cooperation and
Development (OECD) destacam os seguintes tipos de inovação (MANUAL..., 2005, p. 55):
Quadro 3 – Tipos de Inovação
Tipos de inovação Descrição
Em produto
Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.
Em processo Uma inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.
CONTINUA
31
CONTINUAÇÃO
Tipos de inovação Descrição
Organizacionais
Uma inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.
Em marketing
Uma inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.
Fonte: (MANUAL..., 2005).
A depender do grau de novidade em que se apresentem, podem-se ter: inovações
incrementais e inovações radicais, com leves variações na nomenclatura de acordo com outros
autores. Nas palavras de Schumpeter (1982, tradução nossa), inovações radicais provocam
grandes mudanças no mundo, enquanto inovações incrementais preenchem continuamente o
processo de mudança.
Segundo o estudo anual desenvolvido por Jaruzelski, Loehr e Holman (2011) da
empresa Booz & Company2 em 2011, os elementos que tornam uma empresa verdadeiramente
inovadora são: uma estratégia de inovação focada, uma estratégia de negócios global
ganhadora, um profundo conhecimento do cliente, grandes talentos e o conjunto adequado de
capacidades para alcançar a execução bem-sucedida.
Morris3 (2011) apresenta na sua obra The Innovation Master Plan4, uma estrutura de
planejamento organizacional (figura 1) pautada em cinco tópicos específicos, a serem
observados e trabalhados para que as empresas possam reinventar-se e criar valor.
2 Organização recém adquirida em 2013 pela empresa de consultoria e auditoria Price waterhouse Coopers
(PwC), e que passou a se chamar Stragety & (Strategyand). 3 Langdon Morris é sócio e cofundador sênior de Innovation Labs LLC reconhecido mundialmente como um dos
principais autores na área da inovação. 4 O Plano Diretor da Inovação.
32
Figura 1 - Pilares do plano diretor da inovação
Fonte: Morris, 2011.
Nas palavras de Gibson e Skarzynski (2008) o objetivo da inovação não é apenas “[...]
produzir milhares de flores [...]”, mas garantir que elas sejam plantadas de maneira ordenada,
no mesmo jardim, por assim dizer. Em vez de atirar em várias direções, a meta é produzir mil
ideias e oportunidades de alta qualidade, nas áreas escolhidas para o foco estratégico.
2.4 O MARCO LEGAL E SUAS ALTERAÇÕES
A Lei 13.243, de 11 de janeiro de 2016 (BRASIL, 2016), conhecida como o Novo
Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento
científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera nove outras
Leis, nos termos da Emenda Constitucional nº 85, de 26 de fevereiro de 2015, todas
compreendidas no período de 1980 a 2012, a seguir listadas e acompanhadas de um resumo
sobre a sua basilar modificação.
O PLANO DIRETOR
DA INOVAÇÃO
COMO
Processo QUEM
Cultura
ONDE
Infraestrutura
POR QUE
Estratégia
O QUE
Portifólio
33
Quadro 4 – Modificações proporcionadas pelo Novo Marco Legal
L E I M O D I F I C A Ç Ã O
1- Lei nº 10.973/2004: Estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo (BRASIL, 2004)
Essa é a lei mais impactada pelo Marco Legal, com dezenas de modificações. Um dos destaques é o artigo que permite às universidades e outras instituições públicas de pesquisa científica e tecnológica “[...] compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações [...]” com empresas e pessoas físicas para atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, “[...] desde que tal permissão não interfira diretamente em sua atividade-fim nem com ela conflite [...]”. O mesmo vale para o uso de seu capital intelectual.
2- Lei nº 6.815/1980: Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil (BRASIL, 1980)
Inclui uma nova situação em que vistos temporários podem ser concedidos a estrangeiros: “[...] na condição de beneficiário de bolsa vinculada a projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação concedida por órgão ou agência de fomento [...]”.
3- Lei nº 8.666/1993: Institui normas para licitações e contratos da Administração Pública (BRASIL, 1993).
Essa é a famosa Lei de Licitações, que obriga instituições e servidores públicos a abrir concorrência de preços e sempre optar pela oferta mais barata sempre que precisam comprar alguma coisa. Ela é apontada há décadas como um dos maiores entraves ao desenvolvimento da ciência nacional, não só pela morosidade e burocracia excessiva dos processos envolvidos, mas também por não levar em conta a qualidade e outras especificidades do produto desejado. A novidade crucial é que o Marco Legal cria uma exceção nessa lei, dispensando licitações “[...] para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento [...]”. No caso de obras e serviços de engenharia é dispensável até o limite de 20% do valor de que trata a alínea b do inciso I do caput do art. 23, da Lei de licitações (R$ 300.000,00) e deverá seguir procedimentos especiais, conforme regulamento do Poder Executivo.
4- Lei nº 12.462/2011: Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC. (BRASIL, 2011).
O Marco Legal estende os benefícios do RDC às licitações e contratos necessários à realização “[...] das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação [...]”.
5- Lei nº 8.745/1993: Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. (BRASIL, 1993).
Passa a incluir a admissão de pesquisadores e técnicos “[...] para projeto de pesquisa com prazo determinado, em instituição destinada à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação [...]” como uma necessidade de excepcional interesse público, em que cabem os benefícios da lei.
6- Lei nº 8.958/94: Dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio. (BRASIL, 1994).
Permite que os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das instituições públicas de pesquisa funcionem como fundações — dando mais autonomia e reduzindo burocracia para sua atuação.
CONTINUA
34
CONTINUAÇÃO
L E I M O D I F I C A Ç Ã O
7- Lei nº 8.010/90: Dispõe sobre importações de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica. (BRASIL, 1990).
Esclarece que as isenções de impostos previstas para importação de máquinas e equipamentos aplicam-se “[...] somente às importações realizadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por cientistas, por pesquisadores e por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) ativos no fomento, na coordenação ou na execução de programas de pesquisa científica e tecnológica, de inovação ou de ensino e devidamente credenciados pelo CNPq [...]”. Também cria mais facilidades para a importação de bens e insumos para uso em pesquisa científica e tecnológica, determinando que eles tenham “[...] tratamento prioritário e observem procedimentos simplificados [...]” nos processos de importação e desembaraço aduaneiro.
8- Lei nº 8.032/90: Dispõe sobre a isenção ou redução de impostos de importação. (BRASIL, 1990).
Esclarece que as isenções e reduções do imposto de importação se aplicam às importações realizadas por ICTs e por empresas “[...] na execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação [...]”.
9- Lei nº 12.772/2012: Dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal. (BRASIL, 2012).
O Marco Legal amplia o número de horas que pesquisadores da rede pública, em regime de dedicação exclusiva, podem dedicar a atividades no setor privado, de 120 para 416 horas anuais, ou 8 horas semanais. Permite que o professor, inclusive em regime de dedicação exclusiva, desde que não investido em cargo em comissão ou função de confiança, ocupe cargo de dirigente máximo de fundação de apoio mediante deliberação do Conselho Superior da IFE. No regime de dedicação exclusiva, será admitida, observadas as condições da regulamentação própria de cada IFE, a percepção de bolsa de ensino, pesquisa, extensão ou estímulo à inovação paga por agência oficial de fomento, por fundação de apoio devidamente credenciada por IFE ou por organismo internacional amparado por ato, tratado ou convenção internacional.
Fonte: Adaptado de Portela (2016) e Herton (2016).
São várias as contribuições proporcionadas e/ou mantidas pelo novo regramento
jurídico. É importante, também, destacar que essa norma retrata uma espécie de reedição
consolidada de vários diplomas legais, destacadamente daqueles publicados a partir da década
de 80, pois a eles são imputadas alterações, sem deixar de remanescer em seu ordenamento
jurídico as benesses anteriormente concedidas, restando majoritariamente uma ampliação
revista de procedimentos. Observem-se, portanto, os direcionamentos a seguir listados:
2.4.1 Alianças estratégicas entre o setor público e o privado - espírito da lei
Segundo a Lei no 10.973, de 02 de dezembro de 2004:
Art. 3º A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas agências de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de
35
alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas, ICTs e entidades privadas sem fins lucrativos voltados para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos, processos e serviços inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia (BRASIL, 2004).
2.4.2 Instrumentos jurídicos – bônus tecnológico
Subvenção às microempresas e às empresas de pequeno e médio porte, com base em
dotações orçamentárias de órgãos e entidades da administração pública, destinada ao
pagamento de compartilhamento e uso de infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento
tecnológicos, de contratação de serviços tecnológicos especializados, ou transferência de
tecnologia, quando esta for meramente complementar àqueles serviços.
2.4.3 Contrato ou convênio
Segundo a Lei no 10.973, de 02 de dezembro de 2004:
Art. 4º A ICT pública poderá, mediante contrapartida financeira ou não financeira e por prazo determinado, nos termos de contrato (BRASIL, 2016). I. Compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com ICT ou empresas em ações voltadas à inovação tecnológica para consecução das atividades de incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística;
II. Permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações existentes em suas próprias dependências por ICT, empresas ou pessoas físicas voltadas a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, desde que tal permissão não interfira diretamente em sua atividade-fim nem com ela conflite;
III. Permitir o uso de seu capital intelectual em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Parágrafo único. O compartilhamento e a permissão de que tratam os incisos I e II do caput obedecerão às prioridades, aos critérios e aos requisitos aprovados e divulgados pela ICT pública, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade de oportunidades a empresas e demais organizações interessadas Convênio de Compartilhamento (BRASIL, 2004).
36
2.4.4 Contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito
de uso ou de exploração de criação
“Art. 6º É facultado à ICT pública celebrar contrato de transferência de tecnologia e de
licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação por ela
desenvolvida” isoladamente ou por meio de parceria (BRASIL, 2004).
“§ 1º A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins de que trata o caput”
(BRASIL, 2004), deve ser precedida da publicação de extrato da oferta tecnológica em sítio
eletrônico oficial da ICT, na forma estabelecida em sua política de inovação.
§ 1º-A. Nos casos de desenvolvimento conjunto com empresa, essa poderá ser
contratada com cláusula de exclusividade, dispensada a oferta pública, devendo ser
estabelecida em convênio ou contrato a forma de remuneração (BRASIL, 2004).
2.4.5 Acordo de parceria
Art. 9o É facultado à ICT celebrar acordos de parceria com instituições públicas e
privadas para realização de atividades conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e de
desenvolvimento de tecnologia, produto, serviço ou processo (BRASIL, 2004).
§ 1º O servidor, o militar, o empregado da ICT pública e o aluno de curso técnico, de graduação ou de pós-graduação envolvidos na execução das atividades previstas no caput poderão receber bolsa de estímulo à inovação diretamente da ICT a que estejam vinculados, de fundação de apoio ou de agência de fomento. § 2º As partes deverão prever, em instrumento jurídico específico, a titularidade da propriedade intelectual e a participação nos resultados da exploração das criações resultantes da parceria, assegurando aos signatários o direito à exploração, ao licenciamento e à transferência de tecnologia, observado o disposto nos §§ 4º a 7º do art. 6º [...] (BRASIL, 2004).
“§ 3º A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas no § 2º serão
asseguradas” às partes contratantes, nos termos do contrato, podendo a ICT ceder ao parceiro
privado a totalidade dos direitos de propriedade intelectual mediante compensação financeira
ou não financeira, desde que economicamente mensurável (BRASIL, 2004).
37
2.4.6 Convênio de PD&I
Art. 9º- A. Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios são autorizados a conceder recursos para a execução de projetos de pesquisa,
desenvolvimento e inovação às ICTs ou diretamente aos pesquisadores a elas vinculados, por
termo de outorga, convênio, contrato ou instrumento jurídico assemelhado (BRASIL, 2016).
§ 1º A concessão de apoio financeiro depende de aprovação de plano de trabalho.
§ 2º A celebração e a prestação de contas dos instrumentos aos quais se refere o caput
serão feitas de forma simplificada e compatível com as características das atividades de
ciência, tecnologia e inovação, nos termos de regulamento.
§ 3º A vigência dos instrumentos jurídicos aos quais se refere o caput deverá ser
suficiente à plena realização do objeto, admitida a prorrogação, desde que justificada
tecnicamente e refletida em ajuste do plano de trabalho.
§ 4º Do valor total aprovado e liberado para os projetos referidos no caput, poderá
ocorrer transposição, remanejamento ou transferência de recursos de categoria de
programação para outra, de acordo com regulamento.
§ 5º A transferência de recursos da União para ICT estadual, distrital ou municipal em
projetos de CT&I não poderá sofrer restrições por conta de inadimplência de quaisquer outros
órgãos ou instâncias que não a própria ICT.
2.4.7 Encomenda estatal
Segundo a Lei no 10.973, de 02 de dezembro de 2004:
Art. 20. Os órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse público, poderão contratar diretamente ICT, entidades de direito privado sem fins lucrativos ou empresas, isoladamente ou em consórcios, voltadas para atividades de pesquisa e de reconhecida capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto, serviço ou processo inovador [...]. § 4º O fornecimento, em escala ou não, do produto ou processo inovador resultante das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação encomendadas na forma do caput poderá ser contratado mediante dispensa de licitação, inclusive com o próprio desenvolvedor da encomenda, observado o disposto em regulamento específico. (BRASIL, 2016).
38
2.4.8 Política de inovação da ICT pública
a) organização e gestão dos processos que orientam a transferência de
tecnologia e a geração de inovação;
b) critérios para compartilhamento e permissão de uso por terceiros de
equipamentos;
c) critérios para contratação e transferência de tecnologia de forma exclusiva;
d) política de prestação de serviços especializados;
e) critérios para celebração de acordos de parceria;
f) critérios para a cessão de PI para o criador;
g) política de remuneração para o criador.
2.4.9 Temas de regulamentação
2.4.9.1 Cooperação entre Empresas e o Poder Público
a) Bônus Tecnológico, art. 2º, XIII incluído pela Lei nº 13.243/2016 (BRASIL,
2016);
b) cessão do uso de imóveis para instalação e consolidação de ambientes
promotores da inovação, art. 3º-B, § 2º, I incluído pela Lei nº 13.243/2016
(BRASIL, 2016);
c) participação minoritária da União e dos demais entes federativos e suas
entidades autorizados, no capital social de empresas, com o propósito de
desenvolver produtos ou processos inovadores, art. 5º incluído pela Lei nº
13.243/2016 (BRASIL, 2016);
d) contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento poderão ser
firmados diretamente, art. 6º, § 2º da Lei nº 10.973/2004 (BRASIL, 2004);
e) prazo para manifestação do órgão ou da autoridade máxima da instituição
acerca da cessão dos direitos da ICT sobre a criação, art. 11, parágrafo único
da Lei nº 10.973/2004 (BRASIL, 2004);
39
f) estabelecer as prioridades da política industrial e tecnológica nacional, art.
19, §1º da Lei nº 10.973/2004 (BRASIL, 2004);
g) os mecanismos de fomento, apoio e gestão adequados à internacionalização
das ICTs públicas, art. 15, §2º, da Lei nº 13.243/2016 (BRASIL, 2016).
2.4.9.2 Importação de produtos e de insumos para a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico
e a inovação:
a) critérios e habilitação para as isenções e reduções do Imposto de Importação
por empresas, na execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e
inovação, art. 2º, inciso I, alínea g, Lei nº 8.032/90 (BRASIL, 1990);
b) procedimento simplificado e prioritário para os processos de importação e
de desembaraço aduaneiro de bens, insumos, reagentes, peças e
componentes a serem utilizados em pesquisa científica e tecnológica ou em
projetos de inovação, art. 11, Lei nº 13.243/2016 (BRASIL, 2016).
2.4.9.3 Compras, contratações e execução orçamentária:
a) transposição, remanejamento ou transferência de recursos de categoria de
programação orçamentária para outra, art. 9º-A, § 4º, da Lei nº 10.973/2004
e art. 12 da Lei nº 13.243/2016 (BRASIL, 2004, 2016);
b) dispensa de licitação nos contratos de fornecimento de produto ou processo
inovador resultante das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação
encomendadas pelo Poder público, art. 20, §4º incluído pela Lei nº
13.243/2016 (BRASIL, 2016);
c) dispensa de documentos de habilitação nas contratações de produto para
pesquisa e desenvolvimento, art. 32, §7º, Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993);
d) procedimentos especiais para a dispensa de contratação de obras e serviços
de engenharia nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, art. 24, §3º, Lei nº
8.666/93 (BRASIL, 1993).
40
2.4.9.4 Celebração e prestação de contas:
a) celebração de instrumentos jurídicos e a prestação de contas de forma
simplificada, art. 9º-A, § 2º, incluído pela Lei nº 13.243/2016 (BRASIL,
2016);
b) os procedimentos de prestação de contas dos recursos repassados de forma
simplificada e uniformizada, art. 27-A incluído pela Lei nº 13.243/2016
(BRASIL, 2016);
c) procedimentos para a prestação de informações pela ICT pública ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, art. 17 da Lei nº 13.243/2016
(BRASIL, 2016).
2.4.9.5 Regime de RH do sistema público de C, T & I:
a) disposição acerca das atividades desenvolvidas pelo pesquisador público
quando do seu afastamento para prestar colaboração a outra ICT, art. 14, §1º
da Lei nº 10.973/2004 (BRASIL, 2004);
b) requisitos para concessão ao pesquisador público de licença sem
remuneração para constituir empresa com a finalidade de desenvolver
atividade empresarial relativa à inovação , art. 15 da Lei nº 10.973/2004
(BRASIL, 2004).
2.5 A PERSPECTIVA FISCAL E FINANCEIRA
Considerando que o novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, privilegia as
empresas, cuja forma de tributação ocorre sob a perspectiva do Lucro Real, posto que os
incentivos fiscais anteriormente concedidos não sofreram modificação.
As empresas ao serem criadas têm como propósito gerar resultados positivos e,
independentemente de seu tamanho, estão subordinadas à legislação tributária, isto é, os seus
resultados serão objeto de tributação, exceto aquelas que sejam revestidas de imunidade ou
isenção tributária, em função da legislação.
41
Nesta investigação, a partir de agora, não há como não observar esse viés e, portanto,
faz-se necessário observar a legislação específica, com o escopo de entender quais são os
parâmetros julgados mais adequados para – dentro do possível – aliviar a carga de impostos
que poderão afetar os resultados das empresas e sem prejuízo dessa análise alcançar um
melhor resultado para essas entidades.
No sistema tributário brasileiro, a tributação ocorre a partir das modalidades chamadas
lucro real, presumido ou arbitrado há, ainda, as empresas enquadradas no simples nacional.
Considerando que, em sua maioria, os benefícios previstos no novo marco legal somente
poderão ser usufruídos por empresas cuja forma de tributação seja a do lucro real, há de se
imaginar uma real necessidade de se analisar mais adequadamente se as demais empresas
deveriam ou não repensar o seu modelo de tributação (OLIVEIRA; CHIEREGATO; PEREZ
JÚNIOR; GOMES, 2015).
A seguir, objetivando retratar com gráficos a eventual economia fiscal e financeira -
das empresas tributadas com base no lucro real - estão apresentadas algumas figuras
elaboradas a partir de um trabalho desenvolvido através do escritório de advogados Rolim,
Godoi, Vioti & Leite Campos, onde se observa, através de uma análise comparativa, o efetivo
ganho trazido quando da implementação da Lei 13.243 publicada em 11 de janeiro de 2016
(SANTOS, 2009; ROLIM, 2015; MOREIRA, 2009 e GARCIA, 2009; BRASIL, 2016).
A figura 2, a seguir apresentada, reflete o benefício preconizado no Capítulo III,
Art.17, inciso I, da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do
Bem, regulamentada pelo Decreto 5.798/2006 e pelo § 1º, da Instrução Normativa nº 1.187,
da Secretaria da Receita Federal, de 29 de agosto de 2011, a seguir transcrito:
Art. 17. A pessoa jurídica poderá usufruir dos seguintes incentivos fiscais: I - dedução, para efeito de apuração do lucro líquido, de valor correspondente à soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica classificáveis como despesas operacionais pela legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou como pagamento na forma prevista no § 2o deste artigo [...] (BRASIL, 2005).
42
Figura 2 - Exclusão de 60% da despesa – IRPJ/CSLL
Fonte: Moreira e Garcia (2009).
A figura 3, a seguir apresentada, reflete o benefício fiscal à inovação tecnológica, preconizado no capítulo III, art. 17, inciso II, da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do Bem, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, a seguir transcrito:
DOS INCENTIVOS À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, Art. 17. A pessoa jurídica poderá usufruir dos seguintes incentivos fiscais: II - redução de 50% (cinquenta por cento) do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI incidente sobre equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos, bem como os acessórios sobressalentes e ferramentas que acompanhem esses bens, destinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico [...] (BRASIL, 2005).
43
Figura 3 - Redução de 50% do IPI
Fonte: Moreira e Garcia (2009).
A figura 4, a seguir apresentada, reflete o benefício fiscal à inovação tecnológica, preconizado no capítulo III, art. 17, inciso III, da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do Bem, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, a seguir transcrito:
DOS INCENTIVOS À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, Art. 17. A pessoa jurídica poderá usufruir dos seguintes incentivos fiscais: III - depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, destinados à utilização nas atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL; [...] (Redação dada pela Lei nº 11.774, de 2008) (BRASIL, 2005).
44
Figura 4 – Depreciação Integral
Fonte: Moreira e Garcia (2009).
A figura 5, a seguir apresentada, reflete o benefício fiscal à inovação tecnológica,
preconizado no capítulo III, art. 19 e seus §§ da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005,
conhecida como a Lei do Bem, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006,
a seguir transcrito:
Art. 19 - A. A pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), os dispêndios efetivados em projeto de pesquisa científica e tecnológica e de inovação tecnológica a ser executado por Instituição Científica e Tecnológica (ICT), a que se refere o inciso V do caput do art. 2º da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, ou por entidades científicas e tecnológicas privadas, sem fins lucrativos, conforme regulamento. (Redação dada pela Lei nº 12.546, de 2011) § 1o A exclusão de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.487, de 2007) [...] (BRASIL, 2005).
45
Figura 5 – Case – Benefício Alternativo ICT
Fonte: Moreira e Garcia (2009).
Analisando a figura 5, observa-se que a entidade, usando o benefício de 250%, reduz o seu
Imposto de Renda Pessoa Jurídica de R$ 87.500 para R$ 12.500 e a sua Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido de R$ 31.500 para R$ 4.500, resultando, portanto, em uma carga fiscal
total de 4.85%, isto é, [(17.000 : 350.000) x 100], consideravelmente reduzida se comparada à
carga fiscal de 34%, sem o uso do benefício, isto é, [(119.000 : 350.000) x 100].
A figura 6, a seguir apresentada, reflete o benefício fiscal à inovação tecnológica,
preconizado no capítulo III, art. 21 e seus incisos, da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de
2005, conhecida como a Lei do Bem, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de
2006, a seguir transcrito:
Art. 21. A União, por intermédio das agências de fomento de ciências e tecnologia, poderá subvencionar o valor da remuneração de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, empregados em atividades de inovação tecnológica em empresas localizadas no território brasileiro, na forma do regulamento. (Vigência) (Regulamento) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) Parágrafo único. O valor da subvenção de que trata o caput deste artigo será de: I - até 60% (sessenta por cento) para as pessoas jurídicas nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM; II - até 40% (quarenta por cento), nas demais regiões [...] (BRASIL, 2005).
46
Figura 6 – Case – Aproveitamento dos Benefícios
Fonte: Moreira e Garcia (2009).
Analisando a figura 6, observa-se que a entidade, usando o benefício de 80%, reduz o seu
Imposto de Renda Pessoa Jurídica de R$ 87.500 para R$ 47.500 e a sua Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido de R$ 31.500 para R$ 17.100, resultando, portanto, em uma carga
fiscal total de 18.45%, isto é, [(64.600 : 350.000) x 100], consideravelmente reduzida se
comparada à carga fiscal de 34%, sem o uso do benefício, isto é, [(119.000 : 350.000) x 100].
Observa-se, ainda, que se a entidade usar o benefício de 100% reduzirá o seu Imposto de
Renda Pessoa Jurídica de R$ 87.500 para R$ 37.500 e a sua Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido de R$ 31.500 para R$ 13.500, resultando, portanto, em uma carga fiscal total
de 14.57%, isto é, [(51.500 : 350.000) x 100].
47
3 METODOLOGIA
Este capítulo descreve todo o proceder metodológico usado no desenvolvimento desta
pesquisa, a qual tem como campo o INES, parceiro da UFPE, e empresas do Porto Digital que
contém gestores vinculados à área de TI, objetivando revelar os possíveis benefícios e
dificuldades decorrentes da implementação do novo marco legal da ciência, tecnologia e
inovação.
3.1 MÉTODO
O método indutivo observa a necessidade da constatação das teorias através dos seus
resultados, isto é, a observação é a fonte e a função do conhecimento ou, ainda, o
conhecimento é obtido dos fenômenos, nos quais sua descoberta conduz à formulação
hipotética suscitando a teoria, que é fundamentada totalmente na razão, livre de conjecturas e
pré-conceitos.
Popper (1975) criticava o método indutivo quanto à observação e à experimentação os
quais, por si sós, não produzem conhecimento. Toda observação e experimentação estão
impregnadas de pressupostos e teorias; o conhecimento prévio é que determina, como vemos,
a realidade, influenciando a observação. Do ponto de vista de Gil (1999, p. 28), o método
indutivo:
Procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade.
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA
O Universo é constituído pelo INES5, parceiro da UFPE, o Porto Digital e as empresas
embarcadas no porto digital de Pernambuco, definidas por acessibilidade. A amostra está
5Considerado como empresa apenas para tabulação dos dados, coletados para a pesquisa, apesar do estabelecido
no inciso V, do art. 2º, da Lei 10.973, de 02 de dezembro de 2004, alterada pela Lei 13.243, de 11 de janeiro de 2016 (MLCTI).
48
composta por 6 Gestores do INES, 21 da empresa Porto Digital e 33 das empresas
embarcadas no Porto Digital de Pernambuco. Os questionários serão respondidos mediante
apresentação - através de meio eletrônico. Para tanto, foi obtido o mailing desses gestores e
concomitantemente foi enviado para todos os questionários retromencionados.
3.3 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Neste estudo foi adotada a classificação tipologia de Beuren (2008), a qual classifica a
pesquisa em três aspectos: objetivo, procedimento e abordagem. Portanto, esta pesquisa,
quanto ao objetivo, é exploratória e descritiva. Quanto ao procedimento, é de levantamento,
uma vez que a pesquisa de campo será feita com auxílio de questionário. Além disso, quanto à
abordagem, a pesquisa é qualitativa (objetivos) e quantitativa (tratamento de dados).
3.4. LÓCUS DA PESQUISA
O Porto Digital de Pernambuco, segundo a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, abriga, hoje, 184 empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC); 28 de Economia Criativa (EC); dez empresas incubadas e
cinco aceleradas. Considerado como o maior polo de (TIC) da América Latina, o espaço,
localizado no Recife-PE, é reconhecido internacionalmente. Com números expressivos, o
Porto Digital teve um crescimento de 41,0% a.a. nos últimos três anos.
Em 2015, o jornal britânico The Guardian (TEN, 2014) destacou a iniciativa “Recife:
The Playable City”, promovida pelo espaço, como uma das dez iniciativas que está mudando
a cultura no mundo. O conjunto das empresas que fazem parte do Porto Digital faturou nos
últimos três anos mais de R$ 1 bilhão. Desse montante, 65,0% são originados de contratos
firmados fora do estado de Pernambuco. O parque tecnológico hoje reúne mais de 7.100 (sete
e mil e cem) profissionais altamente qualificados, sendo 500 deles empreendedores. Das
várias formas de descrever o parque tecnológico, uma delas é dizer que ele é praticamente um
sistema local de inovação, já que reúne agentes do mercado, da academia e da gestão pública,
com seus respectivos instrumentos, em prol da inovação. Há leis municipais e estaduais
49
específicas para o polo, assim como diversos convênios com o Governo Federal (GARCIA;
ROSELINO, 2016).
De todos os impactos positivos gerados pela Lei de Informática, o mais expressivo é a
criação de um sofisticado ecossistema de P&D, do qual participam os ICTs credenciados
junto ao CATI-MCTI. Eles concentram os valores destinados pelas empresas no âmbito da
Lei da Informática. São recursos expressivos que variam de 800 milhões a um bilhão de reais
ao ano.
As ICTs são entidades da administração pública ou privadas sem fins lucrativos que
têm como missão institucional, entre outras, executar atividades de pesquisa básica ou
aplicada de caráter científico ou tecnológico. Eles recebem aporte financeiro oriundo de
projetos que envolvem transferência de tecnologias para empresas, o que representa um
acréscimo nos rendimentos recebidos. Embora o setor empresarial seja o efetivo demandante
por inovações, são as ICTs que as desenvolvem. O setor empresarial apresenta suas demandas
às ICTs e estas têm a função de discutir com ele as demandas recebidas, buscando uma
interação conjunta para a construção das propostas de apoio (BRASIL, 2016a).
3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Um questionário, segundo Parasuraman (2007), é tão somente um conjunto de
questões, feito para gerar os dados necessários para se atingirem os objetivos do projeto,
embora o mesmo autor afirme que nem todos os projetos de pesquisa utilizam essa forma de
instrumento de coleta de dados, o questionário é muito importante na pesquisa científica,
especialmente nas ciências sociais. Parasuraman (2007) ainda comenta que construir
questionários não é uma tarefa fácil e que aplicar tempo e esforço adequados para a
construção do questionário é uma necessidade, um fator de diferenciação favorável. Não
existe uma metodologia padrão para o projeto de questionários, porém existem
recomendações de diversos autores com relação a essa importante tarefa no processo de
pesquisa científica.
Em relação às questões de múltipla escolha, segundo Mattar (1994), as vantagens são
as seguintes: facilidade de aplicação, processo e análise; facilidade e rapidez no ato de
responder; apresentam pouca possibilidade de erros; diferentemente das dicotômicas,
trabalham com diversas alternativas. Sendo as desvantagens as que se seguem: exigem muito
50
cuidado e tempo de preparação para garantir que todas as opções de respostas sejam
oferecidas; se alguma alternativa importante não foi previamente incluída, fortes vieses
podem ocorrer, mesmo quando esteja sendo oferecida a alternativa “Outros”; o respondente
pode ser influenciado pelas alternativas apresentadas.
Em relação às questões subjetivas, ainda segundo Mattar (1994), são as evidenciadas
no quadro 5.
Quadro 5 – Vantagens e desvantagens das questões subjetivas
VANTAGENS DESVANTAGEM • estimulam a cooperação; permitem avaliar
melhor as atitudes para análise das questões estruturadas;
• são muito úteis como primeira questão de um determinado tema porque deixam o respondente mais à vontade para a entrevista a ser feita;
• cobrem pontos além das questões fechadas; têm menor poder de influência nos respondentes do que as perguntas com alternativas previamente estabelecidas;
• exigem menor tempo de elaboração; proporcionam comentários, explicações e esclarecimentos significativos para se interpretar e analisar as perguntas com respostas fechadas;
• evita-se o perigo existente no caso das questões fechadas, do pesquisador deixar de relacionar alguma alternativa significativa no rol de opções.
• dão margem à parcialidade do entrevistador na compilação das respostas, já que não há um padrão claro de respostas possíveis. Assim, é difícil a codificação das respostas e sua consequente compilação;
• há grande dificuldade para codificação e possibilidade de interpretação subjetiva de cada decodificador;
• quando aplicadas em forma de entrevistas, podem levar potencialmente a grandes vieses dos entrevistadores;
• quando feitas através de questionários autopreenchidos, esbarram com as dificuldades de redação da maioria das pessoas, e mesmo com a ausência de vontade de escrever;
• são menos objetivas, já que o respondente pode divagar e até mesmo fugir do assunto; são mais onerosas e mais demoradas para serem analisadas que os outros tipos de questões.
Fonte: Mattar (1994).
As questões semiestruturadas estão compostas basicamente por dois grandes grupos,
onde serão questionados quais são os benefícios, a partir de (PORTELA, 2016), e as
dificuldades, na perspectiva fiscal, gerencial, financeira e outras. Já as questões subjetivas
visam investigar quais seriam as sugestões apresentadas pelos gestores nas perspectivas
anteriormente citadas.
51
A estrutura do questionário, em sua parte semiestruturada, foi elaborada apoiada na
escala de Likert, onde, para cada pergunta, foi atribuído um valor que redundou em uma
escala com valores absolutos variando de um a quatro, conforme o Apêndice A.
3.6 PROCESSO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS
A coleta de dados da pesquisa foi realizada, primeiramente, através de uma
investigação qualitativa exploratória, que teve como objetivo aumentar o conhecimento acerca
do problema proposto. Em seguida, foi aplicado um questionário com perguntas, divididas e
semiestruturadas, a fim de estabelecer o que o respondente experimentou dos benefícios da
legislação e questões subjetivas, objetivando compreender as dificuldades encontradas, para a
implementação da nova legislação na empresa. O questionário foi enviado aos respondentes
através do formulário googledocs e, após respondidos, tiveram os seus dados tabulados
através de planilhas eletrônicas, objetivando efetuar a análise descritiva das informações.
Além do uso de tabela dinâmica para fazer um exame comparativo.
52
4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
4.1 INTRODUÇÃO
A investigação foi efetuada considerando 60 respondentes sendo seis integrantes do
Instituto Nacional de Engenharia de Software (INES), da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE); 21 da empresa Porto Digital de Pernambuco e 33 das empresas
embarcadas no Porto Digital de Pernambuco. Os respondentes foram basicamente os
Diretores-presidentes, os Diretores de Tecnologia e os Diretores- financeiros. Do total de
empresas pesquisadas, 43,33% são tributadas com base no lucro real, conforme pode ser
observado nos gráficos 1, 2 e 3 a seguir apresentados:
Gráfico 1 – Empresas participantes da pesquisa e seus respectivos gestores
Fonte: Dados da pesquisa.
6
21
33
0
5
10
15
20
25
30
35
INES - Instituto Nacional deEngenharia de Software - UFPE
Porto Digital
Empresas Embarcadas - (PortoDigital)
53
Gráfico 2 – Perfis dos Respondentes
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 6 – Respondentes - Docentes e Gestores
RESPONDENTES FUNÇÃO EMPRESAS
Prof. Francisco Saboia Presidente PORTO DIGITAL
Profa. Tânia Bacelar Diretora Estratégica FAB LAB RECIFE
Profa. Mariana Carvalho Diretora de Tecnologia AVANADE
Prof. Sérgio Cavalcanti Diretor Presidente CESAR
Profa. Carolina Carrilho Diretora de TI ACCENTURE
Prof. Kauã Barbosa Diretor de Estratégia
Tecnológica
INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
SOFTWARE - UFPE Fonte: Dados da pesquisa.
21
14
7
5 5
3
1 1 1 1 1
0
5
10
15
20
25Gerente de Projetos de Software
Diretor de Tecnologia
Diretor de Estratégia Tecnlogica
Diretor-Presidente
Coordenador de TIC
Gerente de Tecnologia
Diretor de Planejamento
Diretor Financeiro
Gerente de Inovação
Coordenador de Projetos
Coordenador de Implantação deSistemas
54
Gráfico 3 – Gestores pesquisados por modalidade de tributação
Fonte: Dados da pesquisa.
4.2 ANÁLISE DOS DADOS
4.2.1 Importância da implementação para minha empresa
Em relação às respostas obtidas a partir dos objetivos gerais e específicos, objetos da
investigação e que, naturalmente, compuseram os questionamentos, a partir da indagação
representada pela questão de nº 2 “Qual o grau de importância dos benefícios previstos na
legislação para a sua empresa?”, tem-se que – apoiado nos dados - os gestores das entidades
objeto da pesquisa conhecem a legislação e revelaram as respostas a seguir apresentadas na
tabela 1. Merece destaque o item o item 8 “As ICTs poderão atuar no exterior”. Pois dez gestores
informaram não haver nenhuma importância, quanto à possibilidade de as ICTs atuarem no
exterior, revelando uma média de importância de 3,45. Detalhando mais esse item, por tipo de
tributação da empresa, observa-se, na tabela 2, que a não importância é dada por empresas de
todo tipo de tributação examinada, porém, o item parece ser mais relevante para as empresas
com o sistema de tributação isenta (com apenas 9,1% de resposta nenhuma importância) ou
por lucro presumido (10,0% de resposta nenhuma).
26
11 108
5
0
5
10
15
20
25
30Lucro Real
Isenta
Lucro Presumido
Simples Nacional
Imune
55
Tabela 1 – Grau de importância dos itens de benefícios previsto na nova legislação para implantação nas empresas entrevistadas
GRAU DE MÉDIA
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA IMPORTÂNCIA DE
LEGISTAÇÃO
NE
NH
UM
A
PO
UC
A
RA
ZO
ÁV
EL
MU
ITA
IMP
OR
TÂ
NC
IA
2.1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
0 0 1 59 3,98
2.2-Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa.
0 0 0 60 4
2.3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
0 1 2 57 3,93
2.4-Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
0 1 1 58 3,95
2.5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
0 0 2 58 3,97
2.6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
0 0 0 60 4
2.7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
0 2 1 57 3,92
2.8- As ICTs poderão atuar no exterior. 10 0 3 47 3,45
2.9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio. 0 0 1 59 3,98
A média de importância corresponde a: (soma do valor da escala likert ponderado pela frequência)/60 Fonte: Dados da pesquisa.
Os motivos revelados pelos dez gestores para a não implantação do benefício 2.8,
conforme tabela 1, colhidos através do quesito 5, do questionário de pesquisa, apesar de os
gestores considerarem esse item majoritariamente importante, foram os seguintes:
56
- a morosidade do ponto de vista legal e fiscal ainda não tornou atrativa a atuação das
ICTs no exterior;
- as ICTs ainda não estão adaptadas às legislações internacionais;
- insuficiência de incentivos para atrair os Centros de P&D de empresas transnacionais
e revisão do marco regulatório, para vincular o investimento à internacionalização de
centros de P&D e ao aumento do conteúdo local nos segmentos de média e alta
tecnologia, além de visar a favorecer a associação com empresas brasileiras;
- deficiências nos mecanismos de incentivo para o uso do Portal de Inovação do
MCTI, envolvendo a exigência de cadastro pleno no portal de inovação de todos os
envolvidos (ICTs, empresas e universidades) nas propostas a serem enviadas para
editais na área e inovação e exigência de cadastro para empresas que utilizem
financiamentos, subvenção econômica ou outro tipo de benefício que envolva verbas
públicas internacionais.
- pouco avanço na colaboração com o Governo Federal no esforço de integração da
América Latina;
- indefinição de critérios de participação das ICTs no mercado externo, evitando a
informalidade das parcerias;
- dificuldade na obtenção dos documentos necessários em tempo hábil;
- pouca aproximação com organismos similares de outros países, para troca de
experiências, aprendizado, lições e cooperação;
- indefinição de um tempo mínimo para que as ICTs se consolidarem no Brasil antes
de avançarem as fronteiras do país, uma vez que a legislação internacional possui
nuances específicas;
- inexistência de maturidade financeira para a internacionalização das ICTs;
- a ausência de aprofundamento nas questões fiscais e tributações internacionais;
- falta de adequação às leis internacionais.
Em contrapartida, conforme ilustrado na tabela 2, as demais empresas participantes da
avaliação apresentam uma taxa de resposta de nenhuma importância em torno de 20%.
57
Tabela 2 – Importância da implementação para minha empresa, quanto à possibilidade de as ICTs poderem atuar no exterior
TIPO DE TRIBUTAÇÃO RESPONDEU NENHUMA
TOTAL RESPONDENTES
% RESPOSTAS
Imune 1 5 20,0 Isenta 1 11 9,1 Lucro Presumido 1 10 10,0 Simples Nacional 2 8 25,0 Lucro Real 5 26 19,2 Total Respondentes 10 60 16,7
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação à importância da implementação dos benefícios previstos na legislação
para as empresas, julgou-se conveniente apresentar o gráfico 4, que retrata por modalidade de
tributação o comportamento global das empresas pesquisadas. Revelando-se de uma maneira
geral que, independentemente da modalidade de tributação, percebe-se que as dimensões 2.3
“Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva
exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração” e 2.8 “As ICTs
poderão atuar no exterior” revelaram menor grau de importância para implementação nas
empresas.
Gráfico 4 - Importância da implementação para a minha empresa por modalidade de tributação
Fonte: Dados da pesquisa.
58
4.2.2 Implementação ou não na minha empresa
Na Tabela 3, a seguir apresentada, os dados referentes à questão nº 3 “Qual o grau de
percepção da implantação dos benefícios previstos na legislação?”. Indicam que somente os
três primeiros benefícios foram considerados como implantados em todas as empresas
pesquisadas, o destaque foi para o 8º benefício, havendo revelado que 98,3% dos gestores
informaram não haver implementado a possibilidade de a ICT atuar no exterior.
Tabela 3 – Grau de percepção da implantação dos benefícios da nova legislação nas empresas pesquisadas
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA
LEGISTAÇÃO
GRAU DE
IMPLEMENTAÇÃO
AINDA NÃO
JÁ % Já
3.1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
- 60 100,0
3.2-Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa;
- 60 100,0
3.3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
- 60 100,0
3.4-Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
2 58 96,7
3.5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
2 58 96,7
3.6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
1 59 98,3
3.7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas. 5 55 91,7
3.8- As ICTs poderão atuar no exterior. 59 1 1,7 3.9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio. 3 57 95,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Na tabela 4, pode-se observar que não há uma relação estreita entre o fato de
considerar um benefício como importante e a implantação do mesmo na empresa, pelo menos
59
até a data da pesquisa. Vale destacar que, embora 47 respondentes percebessem o item 2.8 –
“As ICTs poderão atuar no exterior” como muito importante (78,3% dos respondentes
pesquisados), a maioria, isto é, 98,3% dos gestores informaram que não havia implantado
ainda a possibilidade da ICT atuar no exterior. Em outras palavras, apenas 1,7% dos gestores
respondeu que foi implantado.
Tabela 4 – Relação entre a percepção do grau de importância dos benefícios da nova legislação como muito importante e o fato de já ter implantado os benefícios na empresa.
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISTAÇÃO
MUITO IMPORTANTE
JÁ IMPLANTADO
2.1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
59 60
2.2-Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa.
60 60
2,3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
57 60
2.4-Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
58 58
2.5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
58 58
2.6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
60 59
2.7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
57 55
2.8- As ICTs poderão atuar no exterior. 47 1 2.9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio. 59 57
Fonte: Dados da pesquisa
60
Gráfico 5 - Importância da implementação para a minha empresa
Fonte: Dados da pesquisa.
4.2.3 Registro de percepções em relação aos quesitos objetivos
Em relação à indagação contida no quesito de nº 4, “Há alguma percepção sobre os
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO, sobre os quais você desejaria fazer um
registro?”, obtiveram-se dos respondentes, por modalidade de tributação, de forma agrupada,
os registros demonstrados no quadro 7 a seguir transcrito.
N
R
0
10
20
30
40
50
60
N
P
R
M
61
Quadro 7 - Percepção sobre os benefícios previstos REGISTROS
Nas empresas IMUNES, a eliminação de benefícios não trouxe redução de investimentos; morosidade do MCTI na análise de relatórios; prover financiamento para programas de empreendedores residentes Segundo as empresas ISENTAS, é positiva a dispensa de licitações; conceder licença não remunerada aos docentes; criar um protocolo de parcerias; é difícil obter fomento externo; recomendar a apresentação pelas empresas e instituições de pesquisa de relatório de busca patentearia nos bancos de patentes do Brasil e do exterior, quando da solicitação de apresentação de projetos nas diferentes modalidades financeiras. As empresas tributadas com base no LUCRO PRESUMIDO julgam que a burocracia é a principal razão para as empresas não estabelecerem projetos de cooperação com as universidades. As empresas não procuram a academia devido à expectativa de burocracia na instituição, uma imagem que foi sendo construída ao longo do tempo na condução de projetos de pesquisa aplicada necessárias para a sua atuação com a segurança jurídica adequada. Destravar o processo para atuação das ICTs fora do Brasil. Melhor definição de estruturas responsáveis pelas atividades de transferência de conhecimento na universidade. O compartilhamento de não só dos laboratórios das universidades, mas também a troca de experiência, ideias, projetos. Nas empresas tributadas com base no lucro real mereceu destaque a necessidade de articular com o MCTI a realização de ampla discussão sobre a política de financiamento dos Fundos Setoriais, em particular o Fundo de Infraestrutura e o Fundo Verde-Amarelo. As empresas enquadradas no Simples Nacional entendem que o aumento da carga horária do professor aumenta relativamente o tempo de dedicação à área de pesquisas. Essas empresas julgam, ainda, que é importante a criação de um protocolo padrão para o estabelecimento de parcerias, assim como destravar o processo para atuação das ICTs fora do Brasil. A importância do compartilhamento entre os Institutos de pesquisas e as empresas, estimulando o capital humano nas organizações. Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
Nas empresas imunes, a questão fiscal tem menor impacto, por esse motivo, recomenda-se a criação de um comitê para, a partir das dificuldades, encaminhar soluções, objetivando eliminar os óbices encontrados, tais como morosidade e ausência de financiamento.
As diretrizes oriundas do novo MLCTI foram bem acolhidas pelo mercado. Entretanto, em função do curto período de vigência da lei entre a data de aprovação (janeiro-2016 e os dias atuais), julga-se necessário as empresas estudarem mais detidamente as suas benesses.
Quanto à possibilidade de parcerias, recomenda-se zelar pela efetividade, independentemente da eficiência, já, em relação à possibilidade de conceder licença sem vencimentos aos docentes, a matéria deve ser mais bem analisada, sem prejuízo da adoção de medidas que levem à sustentabilidade do empreendimento.
Os agentes financiadores devem ser consultados quanto aos pré-requisitos necessários para a obtenção de recursos, objetivando financiar os projetos e eliminar ou minimizar os riscos do investimento, a partir da análise de um plano de negócio.
62
Independentemente da modalidade de tributação das empresas, tem-se a questão do financiamento, bem como a necessidade de potencializar a interação das empresas com as Instituições de Ensino. Além disso, faz-se necessário um algoritmo (protocolo) para se cumprir as etapas que devem ser definidas através de um Manual de Normas e Serviços.
4.2.4 Dificuldades encontradas para os itens implantados
A seguir estão apresentadas, por tipo de benefícios previstos na legislação, a partir dos
dados obtidos por ocasião da investigação, as dificuldades listadas pelos gestores com
centralidade no CESAR, no INES e no Porto Digital.
Quadro 8 - Dificuldades encontradas para os itens implantados -1- Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e
desenvolvimento REGISTROS
1 CESAR • Realizar atividades conjuntas com instituições públicas e privadas para atividades de pesquisa
científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologias e de produtos ou processos inovadores. 2 INES • É necessário conseguir um clima social e adequado promovendo uma cultura pró-empresarial nas
universidades. • "A indicação, por parte de algumas empresas, de que esse tipo de interação não seja necessário
para o desenvolvimento de pesquisas e consequente inovação (ibidem). Questões como o “distanciamento”, a burocracia, as diferenças culturais, o desinteresse do corpo acadêmico e da administração, aliadas ao
• Baixo acesso à universidade, são entraves para o estabelecimento de parcerias com as instituições de ensino, pesquisa e extensão."
• Discutir melhor o então projeto de Lei de Inovação, que gerou pontos de questionamento, como a obrigatoriedade da existência do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) para não depender da vontade do gestor, o entendimento de que a contratação com exclusividade facilita a captação de recursos financeiros e a busca de parceiros e a necessidade de uniformização de procedimentos para a “publicidade” na contratação de tecnologia. Uniformizar as políticas institucionais de propriedade intelectual e transferência de tecnologia, em especial nas instituições públicas que possuem dificuldades, tendo em vista a natureza jurídica em transferir tecnologia para o setor privado, e das agências de fomento, no que se refere à titularidade
CONTINUA
63
CONTINUAÇÃO REGISTROS
3 PORTO DIGITAL • Estabelecer vínculos de confiança entre os pesquisadores e os gestores da Universidade. • Adoção de mecanismos de interface, para que seja possível superar as diferenças de objetivos e
ritmos. Os agentes de interação, que atuariam nestes mecanismos, facilitariam as parcerias, trabalhando para que seja possível superar as diferenças de objetivos, ritmos e outros obstáculos que porventura possam surgir.
• "O cerne das dificuldades na interação universidade empresa está nas próprias características das instituições – uma com interesse em gerar lucros e outra em gerar conhecimento. A falta de conhecimento por parte de ambas as instituições sobre os interesses da outra pode gerar falhas de comunicação.
• Os principais problemas são: a) empresas privilegiando especialistas externos; b) falta de credibilidade da universidade junto às empresas; c) necessidade de resultados imediatos por parte das empresas; d) limitação das publicações da universidade por conta do sigilo requerido em alguns casos; e) desconhecimento dos procedimentos operacionais das empresas; f) falta de cumprimento dos prazos por parte das universidades; g) pesquisas sem metas e prazos claros; i) pouca disponibilidade de recursos financeiros."
• A maioria das empresas quer aplicações concretas, entrando na relação porque visam o acesso a: procedimentos inovadores, soluções de seus problemas, novo conhecimento científico, novas ferramentas, novas metodologias e novos produtos e serviços.
• Embora diversas empresas almejem uma interação, algumas não estabelecem essa relação por já terem tido experiências negativas nesse processo. Alegam que as universidades estão fora da realidade das empresas, os docentes estão despreparados, como também não têm interesse.
• Os membros do processo de inovação (universidades, indústrias, institutos de pesquisa e desenvolvimento e governo) devem buscar uma sinergia que lhes permita interação e busca de interesses comuns. Esse processo de interação é um desafio que surge como complementação ao desenvolvimento de cada um dos membros e, em consequência, da ciência, da tecnologia e da economia como um todo.
• Número ainda pequeno da participação da comunidade de CT&I, do setor empresarial e do governo na coordenação da política e da gestão dos Fundos Setoriais, através da criação do Conselho Deliberativo do FNDCT e outros fóruns adequados.
• Captar novas fontes de recursos cujos encargos sejam compatíveis com as características operacionais de programas tais como o Juro Zero.
• Desenvolver estudos de prospecção tecnológica e de inteligência competitiva no campo da propriedade intelectual, de forma a orientar as ações de inovação da ICT.
• Estabelecer vínculos de confiança entre os pesquisadores e os gestores da Universidade com fortalecimento do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras (PNI) com vistas a estimular o aparecimento de empresas de inovação.
• Canalização de investimentos nacionais e internacionais para estruturação de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em TICs no Brasil.
• Não estabelecemos essa relação por já havermos tido experiências negativas nesse processo. As universidades estão fora da realidade das empresas, os docentes estão despreparados, como também não têm interesse.
• Desburocratização é vista como ponto positivo de novo marco legal de C&T, mas conflito de interesses preocupa o fortalecendo o PNI.
Fonte: Dados da pesquisa.
64
AVALIAÇÃO
A partir das análises, foi possível identificar comportamentos muito semelhantes que
se destacaram de forma recorrente. O registro da distância entre a academia e as empresas,
sob a alegação de que uma produz conhecimento e as outras produzem resultados, revela que
esse quadro precisa ser revertido.
É imperioso rever os processos, objetivando eliminar a crítica sobre a excessiva
burocracia documental, fazendo-se necessário atrair os investidores – sem os quais a
possibilidade do financiamento pode ficar abaixo do esperado. Destaca-se, também, como
muito importante a possibilidade dos docentes – sem remuneração – dedicarem-se aos
projetos de pesquisa, esse ponto requer um estudo com os atores envolvidos, objetivando
normatizar a sua participação e em que etapas do processo isso acontecerá.
Outro aspecto revelado pela análise é que a manutenção dos mecanismos da Lei de
Informática, no formato em que se encontram, não trarão, no curto prazo, impactos muito
diferentes daqueles observados no presente trabalho. A ampliação da base produtiva deu-se
em proporção muito maior do que a da base de criação de valor na indústria. É bem verdade
que a Lei teve efeitos positivos sobre a produção e capacitação, elevando os patamares de
faturamento e de investimento em produção e em desenvolvimento das empresas usuárias dos
benefícios frente às não usuárias. Entretanto, há fortes indícios de que o presente instrumento
de incentivos requeira medidas adicionais para viabilizar a expansão de seus resultados e
impactos, além dos patamares já atingidos.
Há necessidade de novos instrumentos, complementares aos atuais, e que efetivamente
estimulem a densidade tecnológica e a capacidade de inovação e de competição em âmbito
global. A competitividade baseada apenas em custos e focada no mercado interno tende a
agregar e a apropriar muito menos valor do que aquela que se baseia em estímulos de
competição global.
65
Quadro 9 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 2 -Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa
REGISTROS 1 INES • Existem algumas dificuldades das empresas no aproveitamento da redução de impostos. • Organização incongruente, pouca valorização e utilização de resultados científicos e
tecnológicos. Utilização imprópria dos recursos humanos existentes, falta de preparação e emprego de técnicas gerenciais e financeiras modernas inadequadas a hierarquização do tempo.
• Adequação dos procedimentos de formalização dos contratos de serviços, mediante despertar da observância da necessidade de exigir que a documentação relativa a essas operações tenha o devido lastro fiscal e comercial, com consequente mitigação de custos e de riscos.
• No que tange aos pesquisadores, a burocracia também um dos fatores mais relevantes em relação à dificuldade de se desenvolver processos de transferência de tecnologia. Existem, ainda, questões culturais e político ideológicas que provocam divergências quando aos benefícios para os envolvidos no processo de desenvolvimento colaborativo entre empresas e universidades. Argumentos relacionados ao produtivismo acadêmico, submissão da ciência ao mercado e desigualdade na apropriação social dos resultados de pesquisa complicam a aproximação da universidade com o setor produtivo.
2 PORTO DIGITAL • Implantação de escritórios de transferência de tecnologia, considerados essenciais para a
condução da cooperação, especialmente quando o foco é a tecnologia promovendo orçamentos realistas e agilidade na liberação dos recursos.
• Relativa lentidão com que são processadas as formalidades contratuais. • A natureza da pesquisa tecnológica, porém, é complexa, ambígua e abstrata. Muito do
conhecimento gerado pode ser tácito, significando que seus princípios subjacentes são difíceis de identificar e articular. Além disso, provavelmente existirão longos espaços de tempo entre o início do projeto e a criação de produtos.
• São apontadas como barreiras, o excesso de burocracia e a demora na apresentação dos resultados. De acordo com um empresário, as nossas universidades são fracas no relacionamento com as empresas e não desenvolvem estratégias para isso.
• Integração insuficiente das ações da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) com governos estaduais, bancos públicos de fomento, agências de fomento regional e agências estaduais de desenvolvimento. Essa integração visa a implementar uma política de desenvolvimento industrial desconcentrada que mobilize e atraia a participação de pesquisadores, investidores e técnicos de universidades e institutos tecnológicos locais.
• Aumentar a disponibilidade orçamentária dos Fundos Setoriais, com redução total da reserva de contingência até 2018.
• Institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, dando pouca agilidade no contexto do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), os fiscos (federal, estadual e, futuramente, municipal) não atuam integrando os processos fiscal-tributários no País, gerando a possibilidade de aumento e dificultando o entendimento das legislações existentes. Além disso, o número de obrigações fiscais deveria ser reduzido, gerando um ambiente de negócios melhor para as empresas.
• Os ganhos declarados com contratos de transferência de tecnologia ainda não são significativos, contando com a instituição de normas para licitações e contratos da Administração Pública
Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
Em relação ao desejo de redução de impostos, as empresas devem, a partir de um
exame fiscal, verificar a adequacidade ou não da atual modalidade de tributação a que está
66
submetida. A burocracia e a consequente lentidão referidas pelas entidades precisam ser
revistas a partir de uma análise das rotinas e é de fundamental importância uma maior
aproximação da FINEP.
O aumento da disponibilidade dos docentes requer uma ampla revisão orçamentária,
os gestores do executivo federal, estadual e municipal devem, sendo possível, interagir para
atuarem em conjunto especialmente no que se refere ao SPED. As medidas retromencionadas,
certamente, redundarão em um aumento do ganho advindo do fechamento dos contratos.
A indústria brasileira de TICs deve conhecer, em maior profundidade, as
especificidades das demandas de empresas de setores internacionais, de modo a aproveitar
eventuais oportunidades para inserção no mercado internacional. Esse caminho, embora
limitado pelo viés setorial e dependente das estratégias das empresas líderes, ganha
importância quando se constata o recente e crescente movimento dessas empresas em direção
a investimentos substantivos em P&D e inovação.
Quadro 10 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 3 - Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa
também no setor privado, com remuneração.
REGISTROS 1 INES • As inter-relações tecnoeconômicas estabelecidas pela indústria e seus reflexos no processo de
geração e difusão de inovações. • Não há evidências de que a relação universidade-empresa interfira negativamente na produção
acadêmica. Tampouco, acredita-se que se deva proteger ou prevenir a relação com contratos extensos que reduzam a liberdade de exploração e pesquisa.
• Congregar os profissionais da área de gestão da propriedade intelectual e transferência de tecnologia através de uma forma associativa com legitimidade de representação política, poder de articulação com os NITs das ICTs e capacidade de estabelecer boas práticas de gestão e prover treinamento dos recursos humanos.
• Ausência de investimentos contínuo na formação e na qualificação de recursos humanos, adequando-os à realidade do mercado, principalmente para a prospecção tecnológica e o marketing da tecnologia
2 PORTO DIGITAL • Orquestração de horários entre as universidades e as empresas. • Incentivar a participação dos alunos de graduação em grupos de pesquisa. • "Necessidade de equipes de especialistas que possam auxiliar a gestão das atividades de
cooperação. Estas equipes devem envolver representantes tanto da universidade como da empresa. O trabalho de tais equipes tende a se tornar mais importante à medida que aumenta a complexidade dos trabalhos desenvolvidos."
CONTINUA
67
CONTINUAÇÃO REGISTROS
• Cabe ressaltar a importância da posse da propriedade intelectual, que pode criar tensões no relacionamento entre universidade/empresa, pois, nas universidades, o conhecimento gerado pode ser de domínio público, enquanto que nas empresas é de interesse privado. A natureza inerente da pesquisa aplicada – sua complexidade, ambiguidade, longo prazo, e qualidades tácitas – podem criar uma série de crises na relação universidade-empresa.
• Melhorar as gestões junto à área econômica do governo, para promover um processo de capitalização da FINEP para que a empresa possa operar em nível satisfatório, como instrumento do MCTI para a indução do desenvolvimento econômico-social do País. Entre as medidas que deverão ser perseguidas estão a transferência de cotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) para a FINEP e o aumento de capital com saldos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) de exercícios anteriores.
• Parte das pesquisas desenvolvidas dentro das ICTs possui um valor de mercado muito alto. Conectar o agente que demanda constantemente novas soluções (empresa), com o que possui a oferta necessária pode gerar tais oportunidades (ICTs por meio de seus NITs), ocasionando transferência de tecnologia, relação essa que ainda precisa ser melhorada no que concerne à disseminação da cultura da inovação.
• Congregar os profissionais da área de gestão da propriedade intelectual e transferência de tecnologia através de uma forma associativa com legitimidade de representação política, visando a maior fortalecimento da capacidade de inteligência e gestão tecnológica por parte do setor privado, aperfeiçoando a identificação de suas demandas por desenvolvimento de produtos, processos e serviços tecnológicos, que possam ser supridas pelo setor acadêmico e centros de pesquisa e desenvolvimento nacionais.
• Abuso de convênios, bancados por multinacionais, já que a dedicação exclusiva pela qual recebem deveria ser suficiente para abraçarem apenas a universidade
• Ampliação da participação em risco na fase pré-competitiva, ressaltando a importância da posse da propriedade intelectual, que pode criar tensões no relacionamento entre universidade/empresa, pois, nas universidades, o conhecimento gerado pode ser de domínio público, enquanto nas empresas é de interesse privado. A natureza inerente da pesquisa aplicada – sua complexidade, ambiguidade, longo prazo, e qualidades tácitas – podem criar uma série de crises na relação universidade-empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
A possibilidade de contar com a presença das universidades não privadas, através dos
seus docentes-pesquisadores, ocorre aqui com a possível remuneração, contrariando algumas
propostas das quais essa possibilidade estaria afastada. Note-se que é preciso investir na
formação continuada dos docentes, com o objetivo de minimizar a alegada distância entre a
academia e as empresas.
É primordial, com regularidade, haver reuniões marcadas pela presença das empresas e
das universidades, não menos importante, é rever a remuneração dos docentes-pesquisadores,
objetivando eliminar uma série de outros serviços executados por eles para compor seus
rendimentos, muitas vezes tirando-lhes o foco.
Como parte do trabalho de acompanhamento dos resultados da política de informática
e para proporcionar o constante aprimoramento de seus mecanismos, observa-se a
68
necessidade de implantação de um sistema de avaliação continuada de resultados e impactos,
com sistema de indicadores direcionados para a medição da densidade produtiva e tecnológica
das indústrias de TICs no Brasil.
Deve-se, ainda, considerar que o constante acompanhamento e avaliação dos impactos
obtidos das atividades desenvolvidas pelos professores são fundamentais para que estes e as
empresas reavaliem suas estratégias e promovam esforços substanciais que estruturem
efetivamente uma cultura de pesquisa e desenvolvimento. Adicionalmente, apreende-se a
necessidade de uma revisão periódica em uma gama de atividades consideradas elegíveis
como pesquisa e desenvolvimento para percepção dos recursos destinados a esse fim, no
intuito de que os esforços acompanhem e contemplem, no âmbito de seus mecanismos, as
mudanças no contexto global da dinâmica de inovação do setor.
Quadro 11 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 4 - Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da
universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana)
REGISTROS 1 INES • A estrutura da universidade torna difícil o estabelecimento de contratos de curto prazo entre
empresas e universidades, para a pesquisa, com objetivo comercial. Além da burocracia, os autores também citam a definição de objetivos e prazos, como as principais dificuldades dessa relação. Enquanto a universidade tem como objetivo a pesquisa pura, a empresa busca o desenvolvimento de um produto que satisfaça as necessidades do mercado e que possa ser comercializado.
2 PORTO DIGITAL • Criação de um protocolo padrão com as principais orientações para o estabelecimento de
parcerias • É de fundamental importância o estabelecimento de filtros na relação entre a universidade e as
empresas. Tais filtros deveriam definir claramente os projetos a serem desenvolvidos, com ênfase nas iniciativas de longo ciclo sugeridas pela própria universidade”, destacando que os interesses das empresas normalmente requerem resultados em curto prazo, o que nem sempre está de acordo com os pressupostos da universidade.
• Rever a política de crédito para empresas com subsídios do Fundo Verde-Amarelo (equalização de juros), estabelecendo setores prioritários para financiamento e condições que propiciem a criação ou a ampliação das equipes de P&D nas empresas com a absorção de pesquisadores com mestrado e doutorado.
• Fortalecimento da confiança entre pesquisadores e gestores, para que uma grande massa crítica de jovens cientistas, “bem treinados, criativos e competentes”, sejam capazes de aproveitar as oportunidades criadas pela nova lei para inovar e empreender
• A empresa ainda considera pouco o tempo disponível para os professores; serão necessárias mais horas para o fortalecimento da confiança entre pesquisadores e gestores.
Fonte: Dados da pesquisa.
69
AVALIAÇÃO
No contexto dos registros, percebe-se que é reduzido o tempo reservado aos docentes-
pesquisadores para a intervenção fora da universidade. Entretanto, recomenda-se elaborar
uma agenda na qual estejam objetivamente retratadas a necessidade de participação desses
docentes no desenvolvimento, implementação e implantação dos projetos, quando se poderia
pleitear uma maior quantidade de horas de participação para esses colaboradores.
Quadro 12 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 5 - Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de
pesquisa e ensino da própria instituição)
REGISTROS 1 INES • Os fatores que mais dificultam a interação são a baixa velocidade com que a universidade trata
os assuntos relativos ao tema e o desalinhamento entre os objetivos da universidade e da empresa, a excessiva burocracia universitária, a diferença de linguagem entre universidade e empresa, a falta de recursos humanos para gerenciar o processo, a incerteza em relação ao resultado da interação e a falta de recursos da empresa para investir em tecnologia. Ainda há dificuldades em relação à propriedade intelectual e à falta de uma política governamental de apoio à interação com a universidade.
2 PORTO DIGITAL • Limitação de espaço físico para absorver o quantitativo mínimo das partes envolvidas. • Ausência de um portfólio, de fácil acesso, com informações sobre os equipamentos
disponíveis nos laboratórios dos grupos de pesquisa • Insuficiência no alcance dos programas que utilizam financiamento reembolsável e
investimentos– PROINOVAÇÃO, Juro Zero e INOVAR. • Aumento do protagonismo dos líderes empresariais na agenda de Inovação sem limitação de
espaço físico para absorver o quantitativo mínimo das partes envolvidas. • Indefinições por parte da empresa no que tange à concorrência quanto à utilização dessas
instalações, identificação de áreas de competência e grau de excelência da ICT. Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
Normatizar, através da elaboração de um Manual de Normas e Serviços, a participação
das Instituições de Ensino Superior e das empresas de modo a clarificar o processo de
participação dos envolvidos tratando, a partir dos objetivos, quando e como alcançá-los.
70
Observa-se a necessidade de um espaço multiuso no qual seriam gestadas as
discussões afetas ao planejamento, implementação e implantação dos planos de negócios das
atuais e futuras empresas, a partir da participação das Universidades, Empresas e INES.
Quadro 13 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 6 - Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de
empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país
REGISTROS 1 PORTO DIGITAL • Aumentar o protagonismo dos líderes empresariais na agenda de inovação, equilibrando
questões como confidencialidade de informações versus necessidade publicação. Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
Esta ação - permitir que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país – proporciona, para a academia e as empresas, a demanda e o financiamento necessário para materialização do empreendimento, possibilitando ainda a participação da União no capital da empresa, o que representa grande impulso para o início dos negócios.
Quadro 14 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 7 - Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados
(produtos) das pesquisas REGISTROS
1 CESAR • Inclusão de disciplinas relacionadas à gestão da inovação (abrangendo o tema da proteção da
propriedade intelectual e da transferência de tecnologia) nos cursos de graduação e de pós-graduação.
2 INES • Inclusão de disciplinas relacionadas à gestão da inovação (abrangendo o tema da proteção da
propriedade intelectual e da transferência de tecnologia) nos cursos de graduação e de pós-graduação.
• As empresas sempre buscam maiores percentuais sobre os resultados.
CONTINUA
71
CONTINUAÇÃO
REGISTROS • A disputa pelos direitos ou a falta de uma definição clara sobre a propriedade intelectual das
futuras descobertas torna-se objeto de disputa ou mesmo entrave à realização de parcerias. O foco muito estreito sobre patentes e propriedade intelectual pode negligenciar resultados importantes de outros mecanismos de cooperação. O contato informal entre os participantes também apresenta relativa importância no processo de interação entre as instituições.
Preservar o sigilo das informações no meio acadêmico 3 PORTO DIGITAL • Inclusão de disciplinas relacionadas à gestão da inovação (abrangendo o tema da proteção da
propriedade intelectual e da transferência de tecnologia) nos cursos de graduação e de pós-graduação.
• As empresas sempre buscam maiores percentuais sobre os resultados. • A disputa pelos direitos ou a falta de uma definição clara sobre a propriedade intelectual das
futuras descobertas torna-se objeto de disputa ou mesmo entrave à realização de parcerias. O foco muito estreito sobre patentes e propriedade intelectual pode negligenciar resultados importantes de outros mecanismos de cooperação. O contato informal entre os participantes também apresenta relativa importância no processo de interação entre as instituições.
• Preservar o sigilo das informações no meio acadêmico • Uma minoria das empresas envolvidas possui a pretensão de adquirir percentuais maiores que
aqueles estipulados pela legislação. • Criação de um portfólio, de fácil acesso, com informações sobre as linhas de pesquisa
desenvolvidas nas universidades • A ICT deveria ceder ao parceiro privado, mediante compensação financeira ou não, os direitos
da propriedade intelectual das criações resultantes da parceria. • Inclusão de disciplinas relacionadas à gestão da inovação (abrangendo o tema da proteção da
propriedade intelectual e da transferência de tecnologia) nos cursos de graduação e de pós-graduação, institui dificuldade em equilibrar os dois pontos sem interferir no resultado final Atrair os Centros de P&D de empresas transnacionais e revisão do marco regulatório, vinculando o investimento à internacionalização de centros de P&D e o alinhamento de políticas, ações e legislações para efetivamente promover a devida propriedade intelectual, definindo as regras para motivar os pesquisadores a interagir com os usuários durante a realização da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
AVALIAÇÃO
As universidades, a partir de demandas geradas pelo mercado, apoiadas no novo
MLCTIM, precisam reformar os seus projetos pedagógicos de cursos, alterando, quando
possível, as suas matrizes curriculares, objetivando alinhar a fundamentação científica -
própria da academia - às demandas do mercado. Em contrapartida, as empresas precisam
repensar as suas margens de lucro, respeitando a relação ganha-ganha, sem perder de vista a
remuneração do capital investido.
72
Quadro 15 - Dificuldades encontradas para os itens implantados - 8 - As ICTs poderão atuar no exterior
REGISTROS 1 CESAR • Falta de programas de treinamento, de curto e médio prazo, para gestores de inovação em
instituições estrangeiras, visando à sua capacitação em temas específicos relacionados à inovação, entre os quais se incluem a propriedade intelectual e a transferência de tecnologia.
2 INES • As ICTs ainda não estão adaptadas às legislações internacionais. • Precisa-se evoluir as questões fiscais e tributações internacionais. • Definição de critérios de participação das ICTs no mercado externo, evitando a informalidade
das parcerias. 3 PORTO DIGITAL • Falta de programas de treinamento, de curto e médio prazo, para gestores de inovação em
instituições estrangeiras, visando à sua capacitação em temas específicos relacionados à inovação, entre os quais se incluem a propriedade intelectual e a transferência de tecnologia.
• As ICTs ainda não estão adaptadas às legislações internacionais. • Precisa-se evoluir as questões fiscais e tributações internacionais. • Definição de critérios de participação das ICTs no mercado externo, evitando a informalidade
das parcerias. • É preciso que as ICTs se consolidem no Brasil antes de avançarem as fronteiras do país, uma
vez que a legislação internacional possui nuances específicas. • Não há ainda maturidade financeira para a internacionalização das ICTs. • Ainda em avalição de aspectos fiscais e tributários. • A morosidade do ponto de vista legal e fiscal ainda não tornou atrativa a atuação das CTs no
exterior. • Ainda não completo está previsto para 2018. • É necessário intensificar a aproximação com organismos similares de outros países, para troca
de experiências, aprendizado, lições e cooperação. • Avançar na colaboração com o Governo Federal no esforço de integração da América Latina. Fonte: Dados da pesquisa. AVALIAÇÃO
Para que a empresa possa atuar no exterior, faz-se necessário inicialmente realizar uma
análise comparativa da legislação fiscal, em nível internacional e nacional, objetivando
descobrir eventuais impeditivos para operacionalização, bem como investir no treinamento
para possibilitar o pleno entendimento do negócio, além de analisar as questões de ordem
contábil e montar um plano de negócio que esteja plenamente alinhado às demandas do
mercado nacional e internacional.
73
4.2.5 Dificuldades encontradas para implementação dos itens mencionados como importantes, mas que ainda não foram implantados
A seguir o quadro 15 apresenta, por tipo de benefícios previstos na legislação, a partir
dos dados obtidos por ocasião da investigação, dificuldades escolhidas entre as mais
frequentes relatadas pelos gestores.
Quadro 16 - Dificuldades encontradas para implantação REGISTROS
1- Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento: a) ausência de uma página institucional com a apresentação das principais áreas de pesquisa da
Instituição; b) obtenção de acesso a determinadas matérias-primas.
2- Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa:
a) ausência de um portfólio, de fácil acesso, com informações sobre os equipamentos disponíveis nos laboratórios dos grupos de pesquisa;
b) desproporção na aplicação do valor do capital financeiro versus capital humano.
3- Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração:
a) tarifação das bolsas de pesquisa para projetos de desenvolvimento em empresas, assim como se faz com salário, parece um desestímulo;
b) falta de previsibilidade para manter o tempo dedicado em sala de aula, dificultando a conciliação da agenda de viagens, seminários e orientações.
4- Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana):
a) aumento do peso atribuído, nos critérios de avaliação dos cursos e do currículo dos docentes, ao envolvimento em atividades de interação com empresas;
b) ausência de sincronismo nas atividades de pesquisa acadêmicas e os projetos da empresa.
5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflita com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição):
a) dificuldade de acessos aos equipamentos disponíveis; b) maior interação com as empresas e centros de pesquisas.
6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país:
a) esta possibilidade independe de serem empresas privadas de propósito específico, como era na primeira versão da Lei da Inovação;
b) indefinição de diretrizes do que a compete à União e às empresas.
CONTINUA
74
CONTINUAÇÃO REGISTROS
7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas: a) a empresa não possui capital e expertise suficientes para montar laboratórios próprios. b) ausência de modelos para a análise de ganhos obtidos pela inserção de novas tecnologias. c) presença de um grande capital intelecto preso à rotina das empresas.
8- As ICTs poderão atuar no exterior: a) restrição de que menos de 1/4 do total de criações ou tecnologias originadas em universidades
apoiando, financeiramente, as ICTs para o depósito de patentes em nível internacional como um estímulo ao aumento de escala e de possibilidades de licenciamento para o setor de TIC;
b) a empresa não concorda com a atuação das ICT's no exterior, pois a morosidade do ponto de vista legal e fiscal ainda não tornou atrativa a atuação das CTs no exterior;
c) apoiar, financeiramente, as ICTs para o depósito de patentes em nível internacional como um estímulo ao aumento de escala e de possibilidades de licenciamento para o setor de TIC;
d) as legislações internacionais possuem diretrizes frágeis do ponto de vista fiscal e pouco atrativas para as ICTs;
e) ausência de mecanismos de apoio disponíveis especialmente para a exportação de serviços de TI, dentre os quais destacam-se Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC), Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundo de garantia à Exportação (FGE), e redução a zero da alíquota do IR nas remessas financeiras ao exterior para pagamento de despesas relacionadas à promoção comercial;
f) ausência de mecanismos de incentivo para o uso do Portal de Inovação do MCTI, envolvendo a exigência de cadastro pleno no portal de inovação de todos os envolvidos (ICTs, empresas e universidades) nas propostas a serem enviadas para editais na área e inovação e exigência de cadastro para empresas que utilizem financiamentos, subvenção econômica ou outro tipo de benefício que envolva verbas públicas internacionais;
g) consolidação do marco legal existente e alinhamento dos critérios dos setores e áreas do governo responsáveis pelo controle do uso dos recursos públicos e prestações de contas do sistema nacional de CT&I (Tribunal de Contas da União (TCU), Advocacia Geral da União (AGU), procuradorias jurídicas das IES, ICTs, setores de agências de fomento governamentais da área de inovação, etc.), visando desburocratizar e dotar o sistema da flexibilidade e agilidade necessárias para atuação no mercado internacional;
h) fortalecimento das relações internacionais e aumento da cooperação entre os diferentes agentes do sistema de inovação, bem como da cooperação internacional em CT&I;
i) indefinições fiscais e tributários para devida implementação, bem como ausência de mecanismos de incentivo para o uso do Portal de Inovação do MCTI, envolvendo a exigência de cadastro pleno no portal de inovação de todos os envolvidos (ICTs, empresas e universidades) nas propostas a serem enviadas para editais na área e inovação e exigência de cadastro para empresas que utilizem financiamentos, subvenção econômica ou outro tipo de benefício que envolva verbas públicas internacionais;
j) não tenderão a ser conhecimentos novos e sim os já desenvolvidos nos países avançados o que poderá alavancar a improvável inserção contida na expectativa citada no início; além do que é justamente neles que estão focadas suas atividades de ensino e pesquisa.
k) a necessidade de maior interdisciplinaridade e da adoção de um enfoque internacional para as soluções dos problemas industriais, que tem conduzido à intensificação da colaboração entre diferentes agentes econômicos;
l) as parcerias públicas privadas (PPPs) facilitão a articulação com empresas inovadoras, principalmente de porte médio e pequeno. Permite que um núcleo de inovação tecnológica (NIT) possa atender a várias instituições, dando efetividade a essas estruturas que necessitam de profissionais especializados em transferência de tecnologia e propriedade industrial, o que leva a custos não suportados por muitas das instituições de ciência e tecnologia;
Fonte: Dados da pesquisa.
75
AVALIAÇÃO
Analisando as dificuldades para os itens julgados importantes, mas ainda não
implantados, tem-se que é preciso, em algumas instituições, criação ou manutenção de um
repositório, isto é, uma base central para guarda de informações de acesso compartilhado
entre os envolvidos, no qual constem as principais áreas de pesquisa da empresa.
Facilitar o acesso aos recursos disponíveis para a produção a todos os envolvidos, pois
sem eles haverá morosidade no cumprimento de etapas para obtenção dos objetivos. Em
relação à ausência de informações sobre os equipamentos disponíveis nos laboratórios de
pesquisa é imprescindível que se faça um inventário dos equipamentos, constando
informações sobre horário e disponibilidade para o seu uso.
Buscar equilibrar os investimentos em capital humano, a partir do capital financeiro,
não desconsiderando outras variáveis que possam justificar o aporte de recursos para o RH.
Não menos importante é zelar pela não “precificação-padrão” de bolsas de pesquisa,
considerando a sua importância e retorno para o empreendimento como um todo e não,
somente, o valor monetário da hora aula.
Planejar adequadamente os horários dos docentes, objetivando evitar dificuldades de
conciliação entre atividades de sala de aula, orientação de trabalhos de conclusão de curso,
apresentação de seminários e a pesquisa, dentro e fora do campus da universidade, conceder-
lhes uma adequada quantidade de horas, para que seja possível a sua dedicação às atividades
fora da universidade.
Promover o acesso aos equipamentos, assim como, a interação entre as empresas e os
centros de pesquisa, sabendo que a União pode participar do capital das empresas,
independentemente, de serem Sociedades de Propósito Específico, razão pela qual se julga
importante saber o que compete à União e à Empresa.
Passar expertise para as empresas montarem os seus próprios laboratórios; escolhendo,
criteriosamente, os docentes-pesquisadores a serem envolvidos nos projetos que serão objeto
de discussão junto às empresas, pois há docentes com grande capital intelectual, voltados
totalmente à pesquisa, mas que não são pragmáticos, e, por vezes, se colocam refratários à
possibilidade da junção entre a academia e as empresas de modo mais produtivo. Quanto à
possibilidade de atuar no exterior, faz-se necessário: (a) apoiar financeiramente as ICTs, (b)
fortalecer as relações internacionais no tocante às legislações inerentes e (c) buscar parcerias
públicas privadas.
76
4.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Entre os gestores, 57% informaram que as suas empresas não são tributadas com base
no lucro real, por isso essas entidades não podem usufruir - com plenitude - os benefícios
previstos na legislação, tais como:
a) dedução, para efeito de apuração do lucro líquido, de valor correspondente à
soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica classificáveis como
despesas operacionais pela legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa
Jurídica (IRPJ) ou como pagamento na forma prevista no § 2º, do artigo 17,
da Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do
Bem, regulamentada pelo Decreto 5.798/2006 e pelo § 1º, da Instrução
Normativa nº 1.187, da Secretaria da Receita Federal, de 29 de agosto de
2011 (BRASIL, 2005, 2006, 2011);
b) a pessoa jurídica poderá usufruir dos seguintes incentivos fiscais: III -
depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas,
equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, destinados à utilização nas
atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
tecnológica, para efeito de apuração do IRPJ e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL); (Redação dada pela Lei nº 11.774, de 2008), de
acordo com o estabelecido no capítulo III, art. 17, inciso III, da Lei n.º
11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do Bem,
regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006 (BRASIL,
2005, 2006, 2008);
c) a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, para efeito de apuração do
lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), os dispêndios efetivados em projeto de pesquisa científica e
tecnológica e de inovação tecnológica a ser executado por Instituição
Científica e Tecnológica (ICT), a que se refere o inciso V do caput do art. 2º
da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, ou por entidades científicas e
tecnológicas privadas, sem fins lucrativos, conforme regulamento, tudo de
acordo com o capítulo III, art. 19 e seus §§ da Lei n.º 11.196, de 21 de
77
novembro de 2005, conhecida como a Lei do Bem, regulamentada pelo
Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006 (BRASIL, 2004, 2005, 2006);
d) a União, por intermédio das agências de fomento de ciências e tecnologia,
poderá subvencionar o valor da remuneração de pesquisadores, titulados
como mestres ou doutores, empregados em atividades de inovação
tecnológica em empresas localizadas no território brasileiro.
É importante destacar que as possibilidades retromencionadas ocorrem em função da
área de atuação, do tamanho e consequente modalidade de tributação das empresas, razão pela
qual se entende, de fundamental importância, uma criteriosa análise, por ocasião do exercício
da opção da modalidade de tributação, pois uma decisão inadequada poderá - certamente -
redundar em uma menor capacidade de competir no mercado com outras entidades da área de
Tecnologia da Inovação.
Os objetivos tanto o geral quanto os específicos, estabelecidos quando da elaboração
do projeto de pesquisa, foram plenamente alcançados, considerando-se os itens a seguir
relacionados:
- deliberadamente não foram questionadas mais empresas, em função da possibilidade
de saturação, por conta da homogeneidade entre elas;
- em relação ao INES, seis gestores foram questionados;
- é importante afirmar que:
a) os gestores conhecem a legislação e julgam muito importante considerá-la
no âmbito das entidades sob a sua gestão. Não obstante, em função de outras
variáveis, especialmente aquelas que dizem respeito aos aspectos de ordem
tributária, não lhes é permitido potencializar os benefícios hoje possíveis de
serem utilizados;
b) quanto às dificuldades percebidas e, ainda, não implantadas, alegou-se que
se está maturando para decidir pela implantação ou não.
78
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A partir da investigação, conclui-se que os gestores das entidades pesquisadas, foco da
pesquisa, têm pleno conhecimento dos benefícios previstos no Novo Marco Legal da Ciência,
Tecnologia e Inovação (BRASIL, 2016); esse conhecimento revelou que os gestores tentaram
implantar ao máximo as oportunidades asseguradas pela lei, considerando-se para tanto, o
regime de tributação ao qual está submetida a empresa em questão, essa informação satisfaz o
1º objetivo específico: identificar o grau de conhecimento sobre os possíveis benefícios fiscais
gerenciais, financeiros e outros, possíveis de identificação, pelos respondentes.
Em relação a haver experimentado ou não os benefícios do ponto de vista fiscal,
gerencial ou financeiro, previstos no 2º objetivo específico: investigar se os possíveis
benefícios e dificuldades, na perspectiva fiscal, gerencial ou financeira foram experimentados
pelas empresas, constatou-se que 59 gestores não consideraram a possibilidade de as
Instituições Científicas e Tecnológicas atuarem no exterior, em função de entraves
burocráticos, revelando-se assim o item que obteve maior quantidade de respostas negativas,
considerando-se que as principais dificuldades foram:
a) a morosidade do ponto de vista legal e fiscal ainda não tornou atrativa a
atuação das ICTs no exterior;
b) as ICTs ainda não estão adaptadas às legislações internacionais;
c) ausência de mecanismos de incentivo para o uso do Portal de Inovação do
MCTI, envolvendo a exigência de cadastro pleno no portal de inovação de
todos os envolvidos (ICTs, empresas e universidades) nas propostas a serem
enviadas para editais na área e inovação e exigência de cadastro para
empresas que utilizem financiamentos, subvenção econômica ou outro tipo
de benefício que envolva verbas públicas internacionais;
d) avançar na colaboração com o Governo Federal no esforço de integração da
América Latina;
e) definição de critérios de participação das ICTs no mercado externo, evitando
a informalidade das parcerias;
f) é necessário intensificar a aproximação com organismos similares de outros
países, para troca de experiências, aprendizado, lições e cooperação;
79
g) é preciso que as ICTs se consolidem no Brasil antes de avançarem as
fronteiras do país, uma vez que a legislação internacional possui nuances
específicas.
A partir dessas dificuldades, arremata-se registrando a imperiosa necessidade de se
eliminar ou atenuar os entraves, para que elas tenham condições de atuar no exterior.
No 3º objetivo específico: identificar o grau de implementação dos benefícios da nova
legislação, tem-se que os gestores das entidades objeto da pesquisa conhecem a legislação.
Merece destaque “As ICTs poderão atuar no exterior”, uma vez que a informação registrada no
problema de pesquisa, segundo a qual está afirmado que as empresas, através dos seus
gestores, desconhecem o Novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação e por isso, é
importante consignar que os gestores objeto da investigação são especialistas da área,
circunscritos às empresas ancoradas no Porto Digital de Pernambuco.
Quanto ao 4º objetivo específico: levantar sugestões junto aos gestores dessas
entidades, para facilitar a implementação da nova legislação nas empresas participantes da
pesquisa, verificou-se, a partir das respostas oferecidas pelos gestores, que o excesso de
burocracia e a ausência de um protocolo padrão funcionam como impeditivos para um melhor
usufruto dos benefícios trazidos pelo Novo Marco Legal.
Recomenda-se, portanto, a elaboração de um documento que possa auxiliar os
interessados nos benefícios advindos da legislação e, adicionalmente, incentivar a promoção
de workshops com o objetivo de proporcionar um estudo aprofundado da legislação,
potencializando a sua aplicação, visando às suas benesses.
Ante o exposto, considerando o perfil das empresas que compuseram a amostra deste
trabalho, recomenda-se, quando da discussão para a elaboração de trabalhos futuros,
investigar:
- quanto foi a redução de impostos, após a implantação dos benefícios previstos no
novo marco legal, a partir da modalidade de tributação;
- o que determinou, nas Empresas de Tecnologia da Inovação, a escolha pela
modalidade de tributação;
- qual o tamanho do capital ideal a ser investido, para se fundar uma empresa de
tecnologia da inovação;
- quais os pré-requisitos necessários para que uma empresa seja ancorada no Porto
Digital de Pernambuco;
80
- quais os impactos decorrentes da implementação do novo marco legal da ciência,
tecnologia e inovação, para as empresas tributadas pelo lucro real, na perspectiva
financeira.
Finalmente, a partir da investigação, pode-se afirmar que, hoje, as empresas - da área
de ciência, tecnologia e inovação, objeto desta pesquisa - tributadas na perspectiva do lucro
real, conseguem potencializar a dedutibilidade em seus resultados e, consequentemente,
reduzem a sua base de cálculo, para efeito de tributação, minimizando - destacadamente - o
valor a pagar do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.
81
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA COM OS GESTORES
QUESTÕES DE PESQUISA
ENTIDADE:______________________________________________________________________________ ENDEREÇO:_____________________________________________________________________________ GESTOR:_________________________________________________________________________________ FUNÇÃO:________________________________________________________________________________ EMAIL:__________________________________________________________________________________
A Lei no 13.243, de 11 de janeiro de 2016 dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à
capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera a Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei no
6.815, de 19 de agosto de 1980, a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011,
a Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei no 8.010, de 29 de
março de 1990, a Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei no 12.772, de 28 de dezembro de 2012, nos
termos da Emenda Constitucional no 85, de 26 de fevereiro de 2015. Diário Oficial da União, Brasília, 2016a.
1) Qual a modalidade de tributação6 a que está submetida a sua empesa?
( )LUCRO REAL, ( )LUCRO PRESUMIDO, ( )SIMPLES NACIONAL, ( )ISENTA7, ou ( )IMUNE8
2) Em relação aos itens abaixo relacionados, responda conforme indicado, observando
o grau de importância para a sua empresa
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISTAÇÃO
IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO PARA A MINHA EMPRESA
NEN HUMA
POUCO RAZOÁVEL MUITO
1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
2-Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa. 3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
CONTINUA
6 Lucro Real(LR), Lucro Presumido(LP) ou Simples Nacional(SN), são os modelos de tributação, sob os quais as
empresas recolhem o IRPJ e a CSLL. No caso do Simples Nacional, ele abrange os seguintes tributos: [IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP)]. Esses modelos são escolhidos anualmente, sempre no 1º trimestre de cada ano fiscal, a partir de uma análise do resultado havido e projetado, quando é exercida a opção pela a forma de tributação mais conveniente para a empresa.
7 Isenta é a empresa que obtém o benefício da não tributação através de Lei Ordinária Federal, Estadual ou Municipal.
8 A imunidade é prevista pela Constituição Federal em seu artigo 150.
87
CONTINUAÇÃO
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA
LEGISTAÇÃO
IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO PARA A MINHA EMPRESA
NEN HUMA
POUCO RAZOÁVEL MUITO
4-Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades
fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
8- As ICTs poderão atuar no exterior.
9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio.
3) Qual o grau de percepção de implantação?
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISTAÇÃO
GRAU DE PERCEPÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NA MINHA EMPRESA
AINDA NÃO FOI
IMPLE MENTOU
NÃO INTERESA IMPLEMENTAR
NÃO SEI
1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
2-Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa; 3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
4-Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
CONTINUA
88
CONTINUAÇÃO
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISTAÇÃO
GRAU DE PERCEPÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NA MINHA EMPRESA
AINDA NÃO FOI
IMPLE MENTOU
NÃO INTERESSA
IMPLEMENTAR
NÃO SEI
6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
8- As ICTs poderão atuar no exterior.
9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio.
4) Há alguma percepção sobre os itens acima listados ou não, para a qual você desejaria fazer um registro?
5) Quais as dificuldades encontradas para os itens implantados?
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO
DIFICULDADES
1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
2- Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa.
3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
CONTINUA
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CONTINUAÇÃO
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO
DIFICULDADES
4- Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
8- As ICTs poderão atuar no exterior.
9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio.
6) Quais as dificuldades encontradas para implantação dos itens mencionados, como
importantes para a minha empresa, mas que não foram ainda adotados?
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO
DIFICULDADES
1-Dispensa da obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.
2- Regras simplificadas e redução de impostos para importação de material de pesquisa.
3-Permite que professores das universidades públicas em regime de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também no setor privado, com remuneração.
CONTINUA
90
CONTINUAÇÃO
BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO
DIFICULDADES
4- Aumenta o número de horas que o professor, em dedicação exclusiva, pode dedicar a atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana).
5- Permite que universidades e institutos de pesquisa compartilhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição).
6- Permite que a União financie, faça encomendas diretas e até participe de forma minoritária do capital social de empresas com o objetivo de fomentar inovações e resolver demandas tecnológicas específicas do país.
7- Permite que as empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os resultados (produtos) das pesquisas.
8- As ICTs poderão atuar no exterior.
9- Os NITs poderão atuar como Fundações de Apoio.
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ANEXO A - NOVO MARCO LEGAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Presidência da República
Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 13.243, DE 11 DE JANEIRO DE 2016.
Mensagem de veto
Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera a Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, a Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, a Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei no 8.010, de 29 de março de 1990, a Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei no 12.772, de 28 de dezembro de 2012, nos termos da Emenda Constitucional no 85, de 26 de fevereiro de 2015.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera a Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, a Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei no 8.010, de 29 de março de 1990, a Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei no 12.772, de 28 de dezembro de 2012, nos termos da Emenda Constitucional no 85, de 26 de fevereiro de 2015.
Art. 2o A Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1o Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País, nos termos dos arts. 23, 24, 167, 200, 213, 218, 219 e 219-A da Constituição Federal.
Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deverão observar os seguintes princípios:
I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e social;
II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegurados os recursos humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade;
III - redução das desigualdades regionais;
IV - descentralização das atividades de ciência, tecnologia e inovação em cada esfera de governo, com desconcentração em cada ente federado;
V - promoção da cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre empresas;
92
VI - estímulo à atividade de inovação nas Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) e nas empresas, inclusive para a atração, a constituição e a instalação de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação e de parques e polos tecnológicos no País;
VII - promoção da competitividade empresarial nos mercados nacional e internacional;
VIII - incentivo à constituição de ambientes favoráveis à inovação e às atividades de transferência de tecnologia;
IX - promoção e continuidade dos processos de formação e capacitação científica e tecnológica;
X - fortalecimento das capacidades operacional, científica, tecnológica e administrativa das ICTs;
XI - atratividade dos instrumentos de fomento e de crédito, bem como sua permanente atualização e aperfeiçoamento;
XII - simplificação de procedimentos para gestão de projetos de ciência, tecnologia e inovação e adoção de controle por resultados em sua avaliação;
XIII - utilização do poder de compra do Estado para fomento à inovação;
XIV - apoio, incentivo e integração dos inventores independentes às atividades das ICTs e ao sistema produtivo.” (NR)
“Art. 2o ..................................................................
.......................................................................................
III - criador: pessoa física que seja inventora, obtentora ou autora de criação;
III-A - incubadora de empresas: organização ou estrutura que objetiva estimular ou prestar apoio logístico, gerencial e tecnológico ao empreendedorismo inovador e intensivo em conhecimento, com o objetivo de facilitar a criação e o desenvolvimento de empresas que tenham como diferencial a realização de atividades voltadas à inovação;
IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho;
V - Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT): órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico ou o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos;
VI - Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT): estrutura instituída por uma ou mais ICTs, com ou sem personalidade jurídica própria, que tenha por finalidade a gestão de política institucional de inovação e por competências mínimas as atribuições previstas nesta Lei;
VII - fundação de apoio: fundação criada com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão, projetos de desenvolvimento institucional, científico, tecnológico e projetos de estímulo à inovação de interesse das ICTs, registrada e credenciada no Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, nos termos da Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e das demais legislações pertinentes nas esferas estadual, distrital e municipal;
VIII - pesquisador público: ocupante de cargo público efetivo, civil ou militar, ou detentor de função ou emprego público que realize, como atribuição funcional, atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação;
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...................................................................................
X - parque tecnológico: complexo planejado de desenvolvimento empresarial e tecnológico, promotor da cultura de inovação, da competitividade industrial, da capacitação empresarial e da promoção de sinergias em atividades de pesquisa científica, de desenvolvimento tecnológico e de inovação, entre empresas e uma ou mais ICTs, com ou sem vínculo entre si;
XI - polo tecnológico: ambiente industrial e tecnológico caracterizado pela presença dominante de micro, pequenas e médias empresas com áreas correlatas de atuação em determinado espaço geográfico, com vínculos operacionais com ICT, recursos humanos, laboratórios e equipamentos organizados e com predisposição ao intercâmbio entre os entes envolvidos para consolidação, marketing e comercialização de novas tecnologias;
XII - extensão tecnológica: atividade que auxilia no desenvolvimento, no aperfeiçoamento e na difusão de soluções tecnológicas e na sua disponibilização à sociedade e ao mercado;
XIII - bônus tecnológico: subvenção a microempresas e a empresas de pequeno e médio porte, com base em dotações orçamentárias de órgãos e entidades da administração pública, destinada ao pagamento de compartilhamento e uso de infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, de contratação de serviços tecnológicos especializados, ou transferência de tecnologia, quando esta for meramente complementar àqueles serviços, nos termos de regulamento;
XIV - capital intelectual: conhecimento acumulado pelo pessoal da organização, passível de aplicação em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.” (NR)
“Art. 3o A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas agências de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas, ICTs e entidades privadas sem fins lucrativos voltados para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos, processos e serviços inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia.
Parágrafo único. O apoio previsto no caput poderá contemplar as redes e os projetos internacionais de pesquisa tecnológica, as ações de empreendedorismo tecnológico e de criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos, e a formação e a capacitação de recursos humanos qualificados.” (NR)
“Art. 3o-B. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as respectivas agências de fomento e as ICTs poderão apoiar a criação, a implantação e a consolidação de ambientes promotores da inovação, incluídos parques e polos tecnológicos e incubadoras de empresas, como forma de incentivar o desenvolvimento tecnológico, o aumento da competitividade e a interação entre as empresas e as ICTs.
§ 1o As incubadoras de empresas, os parques e polos tecnológicos e os demais ambientes promotores da inovação estabelecerão suas regras para fomento, concepção e desenvolvimento de projetos em parceria e para seleção de empresas para ingresso nesses ambientes.
§ 2o Para os fins previstos no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as respectivas agências de fomento e as ICTs públicas poderão:
I - ceder o uso de imóveis para a instalação e a consolidação de ambientes promotores da inovação, diretamente às empresas e às ICTs interessadas ou por meio de entidade com ou sem fins lucrativos que tenha por missão institucional a gestão de parques e polos tecnológicos e de incubadora de empresas, mediante contrapartida obrigatória, financeira ou não financeira, na forma de regulamento;
II - participar da criação e da governança das entidades gestoras de parques tecnológicos ou de incubadoras de empresas, desde que adotem mecanismos que assegurem a segregação das funções de financiamento e de execução.”
“Art. 3o-C. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão a atração de centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas estrangeiras, promovendo sua interação com ICTs e empresas brasileiras e
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oferecendo-lhes o acesso aos instrumentos de fomento, visando ao adensamento do processo de inovação no País.”
“Art. 3o-D. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas agências de fomento manterão programas específicos para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, observando-se o disposto na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006.”
“Art. 4o A ICT pública poderá, mediante contrapartida financeira ou não financeira e por prazo determinado, nos termos de contrato ou convênio:
I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com ICT ou empresas em ações voltadas à inovação tecnológica para consecução das atividades de incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística;
II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações existentes em suas próprias dependências por ICT, empresas ou pessoas físicas voltadas a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, desde que tal permissão não interfira diretamente em sua atividade-fim nem com ela conflite;
III - permitir o uso de seu capital intelectual em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Parágrafo único. O compartilhamento e a permissão de que tratam os incisos I e II do caput obedecerão às prioridades, aos critérios e aos requisitos aprovados e divulgados pela ICT pública, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade de oportunidades a empresas e demais organizações interessadas.” (NR)
“Art. 5o São a União e os demais entes federativos e suas entidades autorizados, nos termos de regulamento, a participar minoritariamente do capital social de empresas, com o propósito de desenvolver produtos ou processos inovadores que estejam de acordo com as diretrizes e prioridades definidas nas políticas de ciência, tecnologia, inovação e de desenvolvimento industrial de cada esfera de governo.
§ 1o A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá à empresa, na forma da legislação vigente e de seus atos constitutivos.
§ 2o O poder público poderá condicionar a participação societária via aporte de capital à previsão de licenciamento da propriedade intelectual para atender ao interesse público.
§ 3o A alienação dos ativos da participação societária referida no caput dispensa realização de licitação, conforme legislação vigente.
§ 4o Os recursos recebidos em decorrência da alienação da participação societária referida no caput deverão ser aplicados em pesquisa e desenvolvimento ou em novas participações societárias.
§ 5o Nas empresas a que se refere o caput, o estatuto ou contrato social poderá conferir às ações ou quotas detidas pela União ou por suas entidades poderes especiais, inclusive de veto às deliberações dos demais sócios nas matérias que especificar.
§ 6o A participação minoritária de que trata o caput dar-se-á por meio de contribuição financeira ou não financeira, desde que economicamente mensurável, e poderá ser aceita como forma de remuneração pela transferência de tecnologia e pelo licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação de titularidade da União e de suas entidades.” (NR)
“Art. 6o É facultado à ICT pública celebrar contrato de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação por ela desenvolvida isoladamente ou por meio de parceria.
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§ 1o A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins de que trata o caput, deve ser precedida da publicação de extrato da oferta tecnológica em sítio eletrônico oficial da ICT, na forma estabelecida em sua política de inovação.
§ 1o-A. Nos casos de desenvolvimento conjunto com empresa, essa poderá ser contratada com cláusula de exclusividade, dispensada a oferta pública, devendo ser estabelecida em convênio ou contrato a forma de remuneração.
...................................................................................
§ 6o Celebrado o contrato de que trata o caput, dirigentes, criadores ou quaisquer outros servidores, empregados ou prestadores de serviços são obrigados a repassar os conhecimentos e informações necessários à sua efetivação, sob pena de responsabilização administrativa, civil e penal, respeitado o disposto no art. 12.
§ 7o A remuneração de ICT privada pela transferência de tecnologia e pelo licenciamento para uso ou exploração de criação de que trata o § 6o do art. 5o, bem como a oriunda de pesquisa, desenvolvimento e inovação, não representa impeditivo para sua classificação como entidade sem fins lucrativos.” (NR)
“Art. 8o É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços técnicos especializados compatíveis com os objetivos desta Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando, entre outros objetivos, à maior competitividade das empresas.
§ 1o A prestação de serviços prevista no caput dependerá de aprovação pelo representante legal máximo da instituição, facultada a delegação a mais de uma autoridade, e vedada a subdelegação.
.............................................................................” (NR)
“Art. 9o É facultado à ICT celebrar acordos de parceria com instituições públicas e privadas para realização de atividades conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e de desenvolvimento de tecnologia, produto, serviço ou processo.
§ 1o O servidor, o militar, o empregado da ICT pública e o aluno de curso técnico, de graduação ou de pós-graduação envolvidos na execução das atividades previstas no caput poderão receber bolsa de estímulo à inovação diretamente da ICT a que estejam vinculados, de fundação de apoio ou de agência de fomento.
§ 2o As partes deverão prever, em instrumento jurídico específico, a titularidade da propriedade intelectual e a participação nos resultados da exploração das criações resultantes da parceria, assegurando aos signatários o direito à exploração, ao licenciamento e à transferência de tecnologia, observado o disposto nos §§ 4o a 7o do art. 6o.
§ 3o A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas no § 2o serão asseguradas às partes contratantes, nos termos do contrato, podendo a ICT ceder ao parceiro privado a totalidade dos direitos de propriedade intelectual mediante compensação financeira ou não financeira, desde que economicamente mensurável.
§ 4o A bolsa concedida nos termos deste artigo caracteriza-se como doação, não configura vínculo empregatício, não caracteriza contraprestação de serviços nem vantagem para o doador, para efeitos do disposto no art. 26 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, aplicando-se o disposto neste parágrafo a fato pretérito, como previsto no inciso I do art. 106 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966.
§ 5o (VETADO).” (NR)
“Art. 9o-A. Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são autorizados a conceder recursos para a execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação às ICTs ou diretamente aos pesquisadores a elas vinculados, por termo de outorga, convênio, contrato ou instrumento jurídico assemelhado.
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§ 1o A concessão de apoio financeiro depende de aprovação de plano de trabalho.
§ 2o A celebração e a prestação de contas dos instrumentos aos quais se refere o caput serão feitas de forma simplificada e compatível com as características das atividades de ciência, tecnologia e inovação, nos termos de regulamento.
§ 3o A vigência dos instrumentos jurídicos aos quais se refere o caput deverá ser suficiente à plena realização do objeto, admitida a prorrogação, desde que justificada tecnicamente e refletida em ajuste do plano de trabalho.
§ 4o Do valor total aprovado e liberado para os projetos referidos no caput, poderá ocorrer transposição, remanejamento ou transferência de recursos de categoria de programação para outra, de acordo com regulamento.
§ 5o A transferência de recursos da União para ICT estadual, distrital ou municipal em projetos de ciência, tecnologia e inovação não poderá sofrer restrições por conta de inadimplência de quaisquer outros órgãos ou instâncias que não a própria ICT.”
“Art. 10. (VETADO).” (NR)
“Art. 11. Nos casos e condições definidos em normas da ICT e nos termos da legislação pertinente, a ICT poderá ceder seus direitos sobre a criação, mediante manifestação expressa e motivada e a título não oneroso, ao criador, para que os exerça em seu próprio nome e sob sua inteira responsabilidade, ou a terceiro, mediante remuneração.
.............................................................................” (NR)
“Art. 13. ................................................................
.....................................................................................
§ 2o Entende-se por ganho econômico toda forma de royalty ou de remuneração ou quaisquer benefícios financeiros resultantes da exploração direta ou por terceiros da criação protegida, devendo ser deduzidos:
I - na exploração direta e por terceiros, as despesas, os encargos e as obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual;
II - na exploração direta, os custos de produção da ICT.
.....................................................................................
§ 4o A participação referida no caput deste artigo deverá ocorrer em prazo não superior a 1 (um) ano após a realização da receita que lhe servir de base, contado a partir da regulamentação pela autoridade interna competente.” (NR)
“Art. 14. .................................................................
.......................................................................................
§ 3o As gratificações específicas do pesquisador público em regime de dedicação exclusiva, inclusive aquele enquadrado em plano de carreiras e cargos de magistério, serão garantidas, na forma do § 2o deste artigo, quando houver o completo afastamento de ICT pública para outra ICT, desde que seja de conveniência da ICT de origem.
.............................................................................” (NR)
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“Art. 14-A. O pesquisador público em regime de dedicação exclusiva, inclusive aquele enquadrado em plano de carreiras e cargos de magistério, poderá exercer atividade remunerada de pesquisa, desenvolvimento e inovação em ICT ou em empresa e participar da execução de projeto aprovado ou custeado com recursos previstos nesta Lei, desde que observada a conveniência do órgão de origem e assegurada a continuidade de suas atividades de ensino ou pesquisa nesse órgão, a depender de sua respectiva natureza.”
“Art. 15-A. A ICT de direito público deverá instituir sua política de inovação, dispondo sobre a organização e a gestão dos processos que orientam a transferência de tecnologia e a geração de inovação no ambiente produtivo, em consonância com as prioridades da política nacional de ciência, tecnologia e inovação e com a política industrial e tecnológica nacional.
Parágrafo único. A política a que se refere o caput deverá estabelecer diretrizes e objetivos:
I - estratégicos de atuação institucional no ambiente produtivo local, regional ou nacional;
II - de empreendedorismo, de gestão de incubadoras e de participação no capital social de empresas;
III - para extensão tecnológica e prestação de serviços técnicos;
IV - para compartilhamento e permissão de uso por terceiros de seus laboratórios, equipamentos, recursos humanos e capital intelectual;
V - de gestão da propriedade intelectual e de transferência de tecnologia;
VI - para institucionalização e gestão do Núcleo de Inovação Tecnológica;
VII - para orientação das ações institucionais de capacitação de recursos humanos em empreendedorismo, gestão da inovação, transferência de tecnologia e propriedade intelectual;
VIII - para estabelecimento de parcerias para desenvolvimento de tecnologias com inventores independentes, empresas e outras entidades.”
“Art. 16. Para apoiar a gestão de sua política de inovação, a ICT pública deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica, próprio ou em associação com outras ICTs.
§ 1o São competências do Núcleo de Inovação Tecnológica a que se refere o caput, entre outras:
......................................................................................
VII - desenvolver estudos de prospecção tecnológica e de inteligência competitiva no campo da propriedade intelectual, de forma a orientar as ações de inovação da ICT;
VIII - desenvolver estudos e estratégias para a transferência de inovação gerada pela ICT;
IX - promover e acompanhar o relacionamento da ICT com empresas, em especial para as atividades previstas nos arts. 6o a 9o;
X - negociar e gerir os acordos de transferência de tecnologia oriunda da ICT.
§ 2o A representação da ICT pública, no âmbito de sua política de inovação, poderá ser delegada ao gestor do Núcleo de Inovação Tecnológica.
§ 3o O Núcleo de Inovação Tecnológica poderá ser constituído com personalidade jurídica própria, como entidade privada sem fins lucrativos.
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§ 4o Caso o Núcleo de Inovação Tecnológica seja constituído com personalidade jurídica própria, a ICT deverá estabelecer as diretrizes de gestão e as formas de repasse de recursos.
§ 5o Na hipótese do § 3o, a ICT pública é autorizada a estabelecer parceria com entidades privadas sem fins lucrativos já existentes, para a finalidade prevista no caput.” (NR)
“Art. 17. A ICT pública deverá, na forma de regulamento, prestar informações ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
I - (Revogado);
II - (Revogado);
III - (Revogado);
IV - (Revogado).
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput à ICT privada beneficiada pelo poder público, na forma desta Lei.” (NR)
“Art. 18. A ICT pública, na elaboração e na execução de seu orçamento, adotará as medidas cabíveis para a administração e a gestão de sua política de inovação para permitir o recebimento de receitas e o pagamento de despesas decorrentes da aplicação do disposto nos arts. 4o a 9o, 11 e 13, o pagamento das despesas para a proteção da propriedade intelectual e o pagamento devido aos criadores e aos eventuais colaboradores.
Parágrafo único. A captação, a gestão e a aplicação das receitas próprias da ICT pública, de que tratam os arts. 4o a 8o, 11 e 13, poderão ser delegadas a fundação de apoio, quando previsto em contrato ou convênio, devendo ser aplicadas exclusivamente em objetivos institucionais de pesquisa, desenvolvimento e inovação, incluindo a carteira de projetos institucionais e a gestão da política de inovação.” (NR)
“Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as ICTs e suas agências de fomento promoverão e incentivarão a pesquisa e o desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores em empresas brasileiras e em entidades brasileiras de direito privado sem fins lucrativos, mediante a concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura a serem ajustados em instrumentos específicos e destinados a apoiar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para atender às prioridades das políticas industrial e tecnológica nacional.
.......................................................................................
§ 2o-A. São instrumentos de estímulo à inovação nas empresas, quando aplicáveis, entre outros:
I - subvenção econômica;
II - financiamento;
III - participação societária;
IV - bônus tecnológico;
V - encomenda tecnológica;
VI - incentivos fiscais;
VII - concessão de bolsas;
VIII - uso do poder de compra do Estado;
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IX - fundos de investimentos;
X - fundos de participação;
XI - títulos financeiros, incentivados ou não;
XII - previsão de investimento em pesquisa e desenvolvimento em contratos de concessão de serviços públicos ou em regulações setoriais.
.....................................................................................
§ 6o As iniciativas de que trata este artigo poderão ser estendidas a ações visando a:
I - apoio financeiro, econômico e fiscal direto a empresas para as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica;
II - constituição de parcerias estratégicas e desenvolvimento de projetos de cooperação entre ICT e empresas e entre empresas, em atividades de pesquisa e desenvolvimento, que tenham por objetivo a geração de produtos, serviços e processos inovadores;
III - criação, implantação e consolidação de incubadoras de empresas, de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação;
IV - implantação de redes cooperativas para inovação tecnológica;
V - adoção de mecanismos para atração, criação e consolidação de centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas brasileiras e estrangeiras;
VI - utilização do mercado de capitais e de crédito em ações de inovação;
VII - cooperação internacional para inovação e para transferência de tecnologia;
VIII - internacionalização de empresas brasileiras por meio de inovação tecnológica;
IX - indução de inovação por meio de compras públicas;
X - utilização de compensação comercial, industrial e tecnológica em contratações públicas;
XI - previsão de cláusulas de investimento em pesquisa e desenvolvimento em concessões públicas e em regimes especiais de incentivos econômicos;
XII - implantação de solução de inovação para apoio e incentivo a atividades tecnológicas ou de inovação em microempresas e em empresas de pequeno porte.
§ 7o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão utilizar mais de um instrumento de estímulo à inovação a fim de conferir efetividade aos programas de inovação em empresas.
§ 8o Os recursos destinados à subvenção econômica serão aplicados no financiamento de atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em empresas, admitida sua destinação para despesas de capital e correntes, desde que voltadas preponderantemente à atividade financiada.” (NR)
“Art. 20. Os órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse público, poderão contratar diretamente ICT, entidades de direito privado sem fins lucrativos ou empresas, isoladamente ou em consórcios, voltadas para atividades de pesquisa e de reconhecida capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto, serviço ou processo inovador.
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.....................................................................................
§ 3o O pagamento decorrente da contratação prevista no caput será efetuado proporcionalmente aos trabalhos executados no projeto, consoante o cronograma físico-financeiro aprovado, com a possibilidade de adoção de remunerações adicionais associadas ao alcance de metas de desempenho no projeto.
§ 4o O fornecimento, em escala ou não, do produto ou processo inovador resultante das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação encomendadas na forma do caput poderá ser contratado mediante dispensa de licitação, inclusive com o próprio desenvolvedor da encomenda, observado o disposto em regulamento específico.
§ 5o Para os fins do caput e do § 4o, a administração pública poderá, mediante justificativa expressa, contratar concomitantemente mais de uma ICT, entidade de direito privado sem fins lucrativos ou empresa com o objetivo de:
I - desenvolver alternativas para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto ou processo inovador; ou
II - executar partes de um mesmo objeto.” (NR)
“Art. 20-A. (VETADO):
I - (VETADO);
II - (VETADO).
§ 1o (VETADO).
§ 2o Aplicam-se ao procedimento de contratação as regras próprias do ente ou entidade da administração pública contratante.
§ 3o Outras hipóteses de contratação de prestação de serviços ou fornecimento de bens elaborados com aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecnológicos poderão ser previstas em regulamento.
§ 4o Nas contratações de que trata este artigo, deverá ser observado o disposto no inciso IV do art. 27.”
“Art. 21-A. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, os órgãos e as agências de fomento, as ICTs públicas e as fundações de apoio concederão bolsas de estímulo à inovação no ambiente produtivo, destinadas à formação e à capacitação de recursos humanos e à agregação de especialistas, em ICTs e em empresas, que contribuam para a execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação e para as atividades de extensão tecnológica, de proteção da propriedade intelectual e de transferência de tecnologia.
Parágrafo único. (VETADO).”
“Art. 22. Ao inventor independente que comprove depósito de pedido de patente é facultado solicitar a adoção de sua criação por ICT pública, que decidirá quanto à conveniência e à oportunidade da solicitação e à elaboração de projeto voltado à avaliação da criação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização, industrialização e inserção no mercado.
......................................................................................
§ 3o O inventor independente, mediante instrumento jurídico específico, deverá comprometer-se a compartilhar os eventuais ganhos econômicos auferidos com a exploração da invenção protegida adotada por ICT pública.” (NR)
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“Art. 22-A. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as agências de fomento e as ICTs públicas poderão apoiar o inventor independente que comprovar o depósito de patente de sua criação, entre outras formas, por meio de:
I - análise da viabilidade técnica e econômica do objeto de sua invenção;
II - assistência para transformação da invenção em produto ou processo com os mecanismos financeiros e creditícios dispostos na legislação;
III - assistência para constituição de empresa que produza o bem objeto da invenção;
IV - orientação para transferência de tecnologia para empresas já constituídas.”
“Art. 26-A. As medidas de incentivo previstas nesta Lei, no que for cabível, aplicam-se às ICTs públicas que também exerçam atividades de produção e oferta de bens e serviços.”
“Art. 26-B. (VETADO).”
“Art. 27. ..............................................................
.....................................................................................
III - assegurar tratamento diferenciado, favorecido e simplificado às microempresas e às empresas de pequeno porte;
.....................................................................................
V - promover a simplificação dos procedimentos para gestão dos projetos de ciência, tecnologia e inovação e do controle por resultados em sua avaliação;
VI - promover o desenvolvimento e a difusão de tecnologias sociais e o fortalecimento da extensão tecnológica para a inclusão produtiva e social.” (NR)
“Art. 27-A. Os procedimentos de prestação de contas dos recursos repassados com base nesta Lei deverão seguir formas simplificadas e uniformizadas e, de forma a garantir a governança e a transparência das informações, ser realizados anualmente, preferencialmente, mediante envio eletrônico de informações, nos termos de regulamento.”
Art. 3o O art. 13 da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 13. ....................................................................
..........................................................................................
V - na condição de cientista, pesquisador, professor, técnico ou profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço do governo brasileiro;
.............................................................................................
VIII - na condição de beneficiário de bolsa vinculada a projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação concedida por órgão ou agência de fomento.” (NR)
Art. 4o A Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 6o. .......................................................................
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............................................................................................
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de pesquisa aprovado pela instituição contratante.” (NR)
“Art. 24. ......................................................................
............................................................................................
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
.............................................................................................
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamentação específica.
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput.” (NR)
“Art. 32. ......................................................................
............................................................................................
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no todo ou em parte, para a contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso II do caput do art. 23.” (NR)
Art. 5o O art. 1o da Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso X:
“Art. 1o .......................................................................
...........................................................................................
X - das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação.
...................................................................................” (NR)
Art. 6o O inciso VIII do art. 2o da Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2o ........................................................................
............................................................................................
VIII - admissão de pesquisador, de técnico com formação em área tecnológica de nível intermediário ou de tecnólogo, nacionais ou estrangeiros, para projeto de pesquisa com prazo determinado, em instituição destinada à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação;
...................................................................................” (NR)
Art. 7o A Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1o .......................................................................
103
............................................................................................
§ 6o Os parques e polos tecnológicos, as incubadoras de empresas, as associações e as empresas criados com a participação de ICT pública poderão utilizar fundação de apoio a ela vinculada ou com a qual tenham acordo.
§ 7o Os recursos e direitos provenientes dos projetos de que trata o caput e das atividades e dos projetos de que tratam os arts. 3o a 9o, 11 e 13 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, poderão ser repassados pelos contratantes diretamente para as fundações de apoio.
§ 8o O Núcleo de Inovação Tecnológica constituído no âmbito de ICT poderá assumir a forma de fundação de apoio de que trata esta Lei.” (NR)
“Art. 3o Na execução de convênios, contratos, acordos e demais ajustes abrangidos por esta Lei que envolvam recursos provenientes do poder público, as fundações de apoio adotarão regulamento específico de aquisições e contratações de obras e serviços, a ser editado por meio de ato do Poder Executivo de cada nível de governo.
............................................................................................
§ 3o Aplicam-se às contratações que não envolvam a aplicação de recursos públicos as regras instituídas pela instância superior da fundação de apoio, disponíveis em seu sítio eletrônico, respeitados os princípios mencionados no art. 2o desta Lei.” (NR)
“Art. 4o ......................................................................
...........................................................................................
§ 8o (VETADO).” (NR)
Art. 8o O § 2o do art. 1o da Lei no 8.010, de 29 de março de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 1o ........................................................................
...........................................................................................
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se somente às importações realizadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por cientistas, por pesquisadores e por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) ativos no fomento, na coordenação ou na execução de programas de pesquisa científica e tecnológica, de inovação ou de ensino e devidamente credenciados pelo CNPq.” (NR)
Art. 9o Os arts. 1o e 2o da Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990, passam a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1o .........................................................................
Parágrafo único. As ressalvas estabelecidas no caput deste artigo aplicam-se às importações realizadas nas situações relacionadas no inciso I do art. 2o.” (NR)
“Art. 2o .........................................................................
I - .................................................................................
.............................................................................................
e) por Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs), definidas pela Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004;
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.............................................................................................
g) por empresas, na execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, cujos critérios e habilitação serão estabelecidos pelo poder público, na forma de regulamento;
.............................................................................................
§ 1o As isenções referidas neste artigo serão concedidas com observância da legislação respectiva.
§ 2o (VETADO).” (NR)
Art. 10. A Lei no 12.772, de 28 de dezembro de 2012, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 20. ........................................................................
..............................................................................................
§ 4o ...............................................................................
..............................................................................................
II - ocupar cargo de dirigente máximo de fundação de apoio de que trata a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, mediante deliberação do Conselho Superior da IFE.” (NR)
“Art. 20-A. Sem prejuízo da isenção ou imunidade previstas na legislação vigente, as fundações de apoio às Instituições de Ensino Superior e as Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) poderão remunerar o seu dirigente máximo que:
I - seja não estatutário e tenha vínculo empregatício com a instituição;
II - seja estatutário, desde que receba remuneração inferior, em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo federal.”
“Art. 21. .....................................................................
...........................................................................................
III - bolsa de ensino, pesquisa, extensão ou estímulo à inovação paga por agência oficial de fomento, por fundação de apoio devidamente credenciada por IFE ou por organismo internacional amparado por ato, tratado ou convenção internacional;
.............................................................................................
§ 4o As atividades de que tratam os incisos XI e XII do caput não excederão, computadas isoladamente ou em conjunto, a 8 (oito) horas semanais ou a 416 (quatrocentas e dezesseis) horas anuais.” (NR)
Art. 11. Os processos de importação e de desembaraço aduaneiro de bens, insumos, reagentes, peças e componentes a serem utilizados em pesquisa científica e tecnológica ou em projetos de inovação terão tratamento prioritário e observarão procedimentos simplificados, nos termos de regulamento, e o disposto no art. 1o da Lei no 8.010, de 29 de março de 1990, e nas alíneas “e” a “g” do inciso I do art. 2o da Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990.
Art. 12. Em atendimento ao disposto no § 5o do art. 167 da Constituição Federal, as ICTs e os pesquisadores poderão transpor, remanejar ou transferir recursos de categoria de programação para outra com o objetivo de viabilizar resultados de projetos que envolvam atividades de ciência, tecnologia e inovação, mediante regras definidas em regulamento.
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Art. 13. Nos termos previamente estabelecidos em instrumento de concessão de financiamentos e outros estímulos à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação, os bens gerados ou adquiridos no âmbito de projetos de estímulo à ciência, à tecnologia e à inovação serão incorporados, desde sua aquisição, ao patrimônio da entidade recebedora dos recursos.
§ 1o Na hipótese de instrumento celebrado com pessoa física, os bens serão incorporados ao patrimônio da ICT à qual o pesquisador beneficiado estiver vinculado.
§ 2o Quando adquiridos com a participação de fundação de apoio, a titularidade sobre os bens observará o disposto em contrato ou convênio entre a ICT e a fundação de apoio.
Art. 14. Ao servidor, ao empregado público e ao militar serão garantidos, durante o afastamento de sua entidade de origem e no interesse da administração, para o exercício de atividades de ciência, tecnologia e inovação, os mesmos direitos a vantagens e benefícios, pertinentes a seu cargo e carreira, como se em efetivo exercício em atividade de sua respectiva entidade estivesse.
Art. 15. Em consonância com o disposto no § 7o do art. 218 da Constituição Federal, o poder público manterá mecanismos de fomento, apoio e gestão adequados à internacionalização das ICTs públicas, que poderão exercer fora do território nacional atividades relacionadas com ciência, tecnologia e inovação, respeitados os estatutos sociais, ou norma regimental equivalente, das instituições.
§ 1o Observado o disposto no inciso I do art. 49 da Constituição Federal, é facultado à ICT pública desempenhar suas atividades mediante convênios ou contratos com entidades públicas ou privadas, estrangeiras ou internacionais.
§ 2o Os mecanismos de que trata o caput deverão compreender, entre outros objetivos, na forma de regulamento:
I - o desenvolvimento da cooperação internacional no âmbito das ICTs, inclusive no exterior;
II - a execução de atividades de ICTs nacionais no exterior;
III - a alocação de recursos humanos no exterior.
Art. 16. (VETADO).
Art. 17. Revogam-se os incisos I, II, III e IV do art. 17 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004.
Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 11 de janeiro de 2016; 195o da Independência e 128o da República.
DILMA ROUSSEFF Nelson Barbosa
Aloizio Mercadante
Valdir Moysés Simão
Armando Monteiro
Celso Pansera
Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.1.2016*