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FACULDADE ARAPOTI – FATI Administração da Produção I ________________________________________________________________________ 1 SEGURANÇA NO TRABALHO Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. 1.1 HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA NO BRASIL O êxito de qualquer atividade empresarial é diretamente proporcional ao fato de se manter a sua peça fundamental - o trabalhador - em condições ótimas de saúde. As atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo seu instinto gregário, o homem conseguiu, através da história, criar uma tecnologia que possibilitou sua existência no planeta. Uma revisão dos documentos históricos relacionados à Segurança do Trabalho permitirá observar muitas referências a riscos do tipo profissional mesclados aos propósitos do homem de lograr a sua subsistência. Hipócrates em seus escritos que Administração da Produção I – Professor Adm. Walter Martins Júnior

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FACULDADE ARAPOTI – FATIAdministração da Produção I________________________________________________________________________

1 SEGURANÇA NO TRABALHO

Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que

são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem

como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe

multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de

Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes

profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia

de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção

de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível

permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do

trabalhador.

A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de

Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas

Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e

também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho,

ratificadas pelo Brasil.

1.1 HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA NO BRASIL

O êxito de qualquer atividade empresarial é diretamente proporcional ao fato de

se manter a sua peça fundamental - o trabalhador - em condições ótimas de saúde. As

atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo

seu instinto gregário, o homem conseguiu, através da história, criar uma tecnologia que

possibilitou sua existência no planeta.

Uma revisão dos documentos históricos relacionados à Segurança do Trabalho

permitirá observar muitas referências a riscos do tipo profissional mesclados aos

propósitos do homem de lograr a sua subsistência. Hipócrates em seus escritos que

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datam de quatro séculos antes de Cristo, fez menção à existência de moléstias entre

mineiros e metalúrgicos. Plínio, O Velho, que viveu antes do advento da era Cristã,

descreveu diversas moléstias do pulmão entre mineiros e envenenamento advindo do

manuseio de compostos de enxofre e zinco. Galeno, que viveu no século II, fez várias

referências a moléstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do mediterrâneo.

Agrícola e Paracelso investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. Georgius

Agrícola, em 1556, publicava o livro "De Re Metallica", onde foram estudados diversos

problemas relacionados à extração de minerais argentíferos e auríferos, e à fundição da

prata e do ouro. Esta obra discute os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns

entre os mineiros, dando destaque à chamada "asma dos mineiros". A descrição dos

sintomas e a rápida evolução da doença parece indicar sem sombra de dúvida, tratarem

de silicose.

Em 1567 surge a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença

de autoria de Paracelso: "Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten". São numerosas as

citações relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com doenças.

Destaca-se que em relação à intoxicação pelo mercúrio, os principais sintomas dessa

doença profissional foram por ele assinalados.

Em 1700 era publicado na Itália, um livro que iria ter notável repercussão em todo

o mundo. Tratava-se da obra "De Morbis Artificum Diatriba" de autoria do médico

Bernardino Ramazzini que, por esse motivo é cognominado o "Pai da Medicina do

Trabalho". Nessa importante obra, verdadeiro monumento da saúde ocupacional, são

descritas cerca de 100 profissões diversas e os riscos específicos de cada uma. Um fato

importante é que muitas dessas descrições são baseadas nas próprias observações

clínicas do autor o qual nunca esquecia de perguntar ao seu paciente: "Qual a sua

ocupação?".

Entre 1760 e 1830 ocorreu na Inglaterra a Revolução Industrial, marco inicial da

moderna industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira máquina

de fiar. Surgiram assim, as primeiras fábricas de tecidos. Com a revolução industrial o

aldeão começou a agrupar-se nas cidades. Deixou o risco de ser apanhado pelas garras

de uma fera, para aceitar o risco de ser apanhado pelas garras de uma máquina.

Condições totalmente inóspitas de calor, ventilação e umidade eram encontradas

pois as "modernas" fábricas nada mais eram que galpões improvisados. As máquinas

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primitivas ofereciam toda a sorte de riscos, e as consequências tornaram-se tão críticas

que começou a haver clamores, inclusive de órgãos governamentais, exigindo um mínimo

de condições humanas para o trabalho.

A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída não só de homens, mas

também de mulheres e crianças, sem quaisquer restrições quanto ao estado de saúde,

passaram a ser uma constante. Nos últimos momentos do século XVIII, o parque

industrial da Inglaterra passou por uma série de transformações as quais, se de um lado

proporcionaram melhoria salarial dos trabalhadores, de outro lado, causaram problemas

ocupacionais bastante sérios.

O trabalho realizado em máquinas sem proteção, em ambientes fechados onde a

ventilação era precária, com o ruído atingindo limites altíssimos e a inexistência de limites

de horas de trabalho trouxeram como consequência elevados índices de acidentes e de

moléstias profissionais.

Na Inglaterra, França e Alemanha a Revolução Industrial causou um verdadeiro

massacre a inocentes e os que sobreviveram foram tirados da cama e arrastados para um

mundo de calor, gases, poeiras e outras condições adversas nas fábricas e minas. Esses

fatos logo se colocaram em evidência pelos altos índices de mortalidade entre os

trabalhadores e especialmente entre as crianças.

A sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em

maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes e, também, da

gravidade desses acidentes.

Nessa época, a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles

Dickens. Esse notável romancista inglês, através de críticas violentas, procurava a todo

custo condenar o tratamento impróprio que as crianças recebiam nas indústrias britânicas.

Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar à teoria do risco social: o

acidente do trabalho é um risco inerente à atividade profissional exercida em benefício de

toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte, amparar a vítima do acidente.

No Brasil, podemos fixar por volta de 1930 a nossa revolução industrial com o

surgimento das primeiras normas específicas no assunto e, embora tivéssemos já a

experiência de outros países, atravessamos os mesmos percalços, o que fez com que se

falasse, em 1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho. Como

ação para tentar melhorar este quadro, foi instituído em 1976 a obrigatoriedade dos

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cursos de Fundamentos em Segurança no Trabalho em todos os cursos de Engenharia.

O curso de Especialização em Engenharia e Segurança no trabalho foi criado em 1985.

1.2 DEFINIÇÕES BÁSICAS

"Acidentes ocorrem desde os tempos imemoriais, e as pessoas têm se

preocupado igualmente com sua prevenção há tanto tempo. Lamentavelmente, apesar do

assunto ser discutido com frequência, a terminologia relacionada ainda carece de clareza

e precisão. Do ponto de vista técnico, isto é particularmente frustrante, pois gera desvios

e vícios de comunicação e compreensão, que podem aumentar as dificuldades para a

resolução de problemas. Qualquer discussão sobre riscos deve ser precedida de uma

explicação da terminologia, seu sentido preciso e inter-relacionamento." De acordo com a

assertiva de Hammer, é importante que antes de prosseguir o estudo quanto à evolução

do prevencionismo e gerenciamento de riscos em geral, sejam definidos alguns termos

básicos:

i. Incidente Crítico (ou quase-acidente): É qualquer evento ou fato negativo com

potencialidade para provocar dano. Também chamados quase-acidentes, caracterizam

uma situação em que não há danos macroscópicos ou visíveis. Dentro dos incidentes

críticos, estabelece-se uma hierarquização na qual basear-se-ão as ações prioritárias de

controle. Na escala hierárquica, receberão prioridade aqueles incidentes críticos que, por

sua ocorrência, possam afetar a integridade física dos recursos humanos do sistema de

produção.

ii. Risco: Como sinônimo de Hazard, significa uma ou mais condições de uma

variável com potencial necessário para causar danos como: lesões pessoais, danos a

equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material em processo ou

redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na possibilidade de

existência de efeitos adversos. Como sinônimo de Risk, expressa uma probabilidade de

possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos

operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo

dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais. Risco pode ainda significar

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incerteza quanto à ocorrência de um determinado evento (acidente), chance de perda que

uma empresa pode sofrer por causa de um acidente ou série de acidentes.

iii. Perigo: Como sinônimo de Danger, expressa uma exposição relativa a um risco

que favorece a sua materialização em danos. Se existe um risco, face às precauções

tomadas, o nível de perigo pode ser baixo ou alto, e ainda, para riscos iguais pode-se ter

diferentes tipos de perigo.

iv. Dano: É a gravidade da perda, seja ela humana, material, ambiental ou

financeira, que pode ocorrer caso não se tenha controle sobre um risco. O risco

(possibilidade) e o perigo (exposição) podem manter-se inalterados e mesmo assim existir

diferença na gravidade do dano.

v. Causa: É a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento

catastrófico (acidente ou falta) resultante da materialização de um risco, provocando

danos.

vi. Perda: É o prejuízo sofrido por uma organização sem garantia de

ressarcimento através de seguros ou por outros meios.

vii. Sinistro: É o prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de

ressarcimento através de seguros ou por outros meios.

viii. Segurança: É a situação em que haja isenção de riscos. Como a eliminação

completa de todos os riscos é praticamente impossível, a segurança passa a ser um

compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a riscos. É o antônimo de

perigo.

ix. Ato inseguro: São comportamentos emitidos pelo trabalhador que podem levá-

lo a sofrer um acidente. Os atos inseguros são praticados por trabalhadores que

desrespeitam regras de segurança, que não as conhecem devidamente, ou ainda, que

têm um comportamento contrário à prevenção.

x. Condição Insegura: São deficiências, defeitos ou irregularidades técnicas na

empresa que constituem riscos para a integridade física do trabalhador, para sua saúde e

para os bens materiais da empresa. As condições inseguras são deficiências como:

defeitos de instalações ou de equipamentos, falta de proteção em máquinas, má

iluminação, excesso de calor ou frio, umidade, gases, vapores e poeiras nocivos e muitas

outras condições insatisfatórias do próprio ambiente de trabalho.

xi. Acidente: É uma ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho, que

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ocasionando danos pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.

1.3 PREVENCIONISMO

Em principio, temos três fatores principais causadores de acidentes:

i. Condições inseguras, inerentes às instalações, como máquinas e

equipamentos;

ii. Atos inseguros, entendidos como atitudes indevidas do elemento humano;

iii. Eventos catastróficos, como inundações, tempestades, etc.;

Estudos técnicos, principalmente no campo da engenharia, são capazes de, com

o tempo, eliminar as condições inseguras. Quando se fala, porém, do elemento homem,

apenas técnicas não são suficientes para evitar uma falha nas suas atitudes.

Sob o ponto de vista prevencionista, causa de acidente é qualquer fator que, se

removido a tempo teria evitado o acidente. Os acidentes não são inevitáveis, não surgem

por acaso; na maioria das vezes são causados, e portanto possíveis de prevenção,

através da eliminação a tempo de suas causas. Estas podem decorrer de fatores

pessoais (dependentes, portanto, do homem) ou materiais (decorrentes das condições

existentes nos locais de trabalho).

Vários autores, na análise de um acidente, consideram como causa do acidente o

ato ou a condição que originou a lesão, ou o dano. No nosso entendimento, devem ser

analisadas todas as causas, desde a mais remota, o que permitirá um adequado estudo e

posterior neutralização ou eliminação dos riscos. Existe então a necessidade do

envolvimento de profissionais de outras áreas, principalmente de Ciências Humanas para

se obter uma evolução neste setor.

Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos

produtos químicos obtidos por síntese e nenhuma das teorias sociais formuladas alterou

fundamentalmente a natureza humana. As formas de comportamento, que devem ser

levadas em consideração no esforço de prevenir atos inseguros, deverão ser analisadas

de modo bastante abrangente.

No treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo novo

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empregado ou na reciclagem dos funcionários mais antigos, deverá ser reforçado o

conhecimento das regras de segurança, instruções básicas sobre prevenção de incêndio

e treinamento periódico de combate ao fogo, informações sobre ordem e limpeza, cor na

segurança do trabalho, sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento,

transporte e manuseio de materiais, integram uma política de segurança, visando a

diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a segurança do trabalho

basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica,

no sentido de identificar possíveis riscos no processo de produção, antes mesmo que

ocorram acidentes, isto é, a simples analise de risco ou estatística , mesmo que não

acuse nenhum acidente, deve ser encarada como mais um subsidio para a prevenção de

acidentes e eliminação de causas..

A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do trabalhador,

representa um prejuízo para a nação de 20 anos ou 6.000 dias, em média, de trabalho

produtivo.

1.3.1 Evolução do Prevencionismo

Inicialmente, em diversos países, surgiram e evoluíram ações tendentes a

prevenir danos às pessoas decorrentes de atividades laborais. Foram elaboradas normas

e disposições legais enfim, toda uma legislação social de “reparação” de danos. Dessa

forma, o seguro social (Previdência Social) realizava (e realiza) ações assegurando o

risco de acidentes, ou melhor dizendo, risco de lesões. Por outro lado, estudiosos como

H.W.Heinrich e Roland P.Blake apontavam a necessidade de ações tão ou mais

importantes, que deveriam tender a prevenir os acidentes, além de assegurar também, o

risco de lesões. Assim, lado a lado com o seguro social, desenvolveram-se atividades de

âmbito e denominações várias, iniciando-se a evolução do prevencionismo.

1.3.2 Estudos Realizados

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Diversos autores desenvolveram estudos no sentido de melhorar a compreensão

do problema, propor metodologias para mudança de estilo e aferir resultados.

1.3.2.1 H. W. Heinrich

Heinrich, em 1931, efetuou uma pesquisa que revelou a relação 4/1 entre os

custos segurados (diretos ) e não segurados (indiretos) de um acidente. Esse valor, muito

difundido e repetido, foi obtido para a média industrial americana, e não era seu propósito

usá-lo em todos os casos, como estimativa do custo de acidentes.

Afinal, o que significam estes termos? Quais suas origens? Quais suas

aplicações? As respostas não são difíceis. Podemos distinguir hoje dois estilos de

programas de segurança, Sendo o mais difundido deles, conhecido como “tradicional”.

Este modelo baseia-se em princípios bastante limitados, quais sejam:

Prevenção de lesões pessoais;

Atividades reservada para órgãos e pessoal especializados;

Ações reativas, baseadas em acidentes passados;

Aceitação do acidente como fato inesperado e de causas fortuitas e/ou

incontroláveis.

A orientação de programas com esta estrutura acaba por limitar as atividades de

segurança, levando as empresas á estagnação de resultados, não conseguindo o

engajamento por parte dos empregados, das chefias e da supervisão. Estas conclusões

constam de trabalho de autores de renome mundial, trabalho estes que objetivaram a

intensificação das atividades de segurança nas empresas e na obtenção de resultados

mais positivos nas suas estatísticas e nos seus custos. Analisados os aspectos citados

em profundidade os autores lançaram o que se poderia chamar de “doutrinas” preventivas

de segurança. As obras desses autores contêm visões diferenciadas sobre os acidentes,

bem como as atividades de segurança para preveni-los. Seus trabalhos, embora

diferentes, têm como ponto comum o princípio de que a atividade de segurança só é

eficaz quando está primordialmente dirigida para o conhecimento e atuação nas causas

dos acidentes, envolvendo nesse processo toda a estrutura organizacional.

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A Prevenção e Controle de Perdas se constituiu num conjunto de diretrizes

técnicas e administrativas, que considera que os acidentes são evitáveis, se ações

gerenciais adequadas forem tomadas. Considera que as perdas provocadas pelos

acidentes têm causas semelhantes às causas de outras perdas empresariais tais como

produtos fora de especificação, agressão ao meio ambiente, perdas de materiais,

desperdícios, etc.

A divulgação e aplicação cada vez maior das metodologias de análise de

segurança de sistemas vêm consolidando o conceito de que a prevenção e controle de

perdas é uma diretriz de posturas técnicas e administrativas, com o objetivo principal de

conhecer os riscos de uma atividade e promover medidas para o seu controle.

Sabe-se que essa relação pode variar desde 2,3:1 até 1:1, o que apenas

evidencia a necessidade da realização de estudos específicos, pois esta relação é uma

característica não só de cada empresa, mas também da forma pela qual a empresa

encara os investimentos na área de segurança. Naquela época, Heinrich introduziu pela

primeira vez a filosofia de acidentes com danos á propriedade (acidentes sem lesão) em

relação aos acidentes com lesão incapacitante. Sua investigação apresentou como

resultado:

> lesão incapacitante ou óbito

> lesões menores

> sem lesão, eventuais danos à propriedade

A proporção do estudo de HEINRICH mostra que para cada 1 acidente que

provocava uma lesão incapacitante, ocorria 29 acidentes que provocavam lesões

menores (lesão não incapacitante ) e também ocorriam 300 acidentes sem lesão, apenas

provocando danos à propriedade.

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1.3.2.2 Frank Bird Jr

Em 1966, o norte americano Frank Bird Jr concluiu um estudo envolvendo 90.000

acidentes, sendo 75.000 acidentes com danos à propriedade e 15.000 acidentes com

lesões incapacitantes. Bird baseou sua teoria de “controle de danos” a partir da análise

desses 90.000 acidentes ocorridos numa empresa metalúrgica americana (LUKENS

STEEL COMPANY) durante um período de mais de 7 anos chegando à seguinte

proporção:

> lesão incapacitante

> lesão não incapacitante

> danos à propriedade

A proporção do estudo de Bird mostra que para cada 1 acidente que provoca

uma lesão incapacitante, ocorria 100 acidentes que provocavam lesões não

incapacitantes e também ocorriam 500 acidentes com danos à propriedade.

1.3.3. Risco, Acidente e Lesão

Toda pessoa está sujeita pelo menos a três modalidades de risco.

Em primeiro lugar, o risco genérico a que se expõem todas as pessoas. Em

seguida na sua qualidade de trabalhador, está sujeito ao risco especifico do trabalho. Por

fim, em determinadas circunstâncias, o risco genérico se agrava pelo fato ou pelas

condições de trabalho - donde um risco genérico é agravado. Por exemplo, a

possibilidade de acidentes de trânsito, na viagem de ida de casa para o trabalho, e vice-

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versa, constitui um risco genérico. Os acidentes com a máquina de trabalho decorrem de

um risco específico. O "pastilheiro", que passa o dia sobre o andaime, expõe-se durante o

verão, ao risco genérico, mas agravado por sofrer os efeitos da insolação. Para

determinarmos os riscos específicos de uma indústria é necessário verificar as condições

e os métodos de trabalho da indústria. Isto é importante porque, as vezes, encontramos

duas fábricas de produtos iguais que apresentam processos de fabricação diferentes e

por sua vez riscos específicos diversos.

Em alguns casos, ainda existe uma má compreensão do que seja um acidente. A

expressão acidentes "grandes" ou "pequenos", presta-se à confusão. Em muitos casos,

estes termos são erradamente empregados para designar lesões graves ou leves.

Quando os termos acidente e lesão são assim confundidos, além de poder-se supor

facilmente que nenhum acidente seja de importância nos conduz a erro quando da fase

do reconhecimento das causas do acidente. Lesão é o ponto de partida para descobrir o

tipo de acidente ocorrido.

O reconhecimento e a caracterização das causas podem ser simples, como no

caso de um degrau quebrado de uma escada ou complexo quando se trata de determinar

a causa ou as causas de uma sequência, em cadeia, que originaram o acidente, cada

uma delas relacionada a outra. De uma maneira geral pode-se dizer que na maior parte

dos casos, os acidentes são ocasionados por mais de uma causa.

2 NORMAS REGULAMENTADORAS

No Brasil existem uma série de normas regulamentadoras para atividades

laborais. A atualização e divulgação destas normas é controlada pelo Ministério do

Trabalho e Emprego. Uma amostra das normas existentes está a seguir:

. NR 1, que trata de disposições gerais para aplicação das demais normas e

atribuições dos órgãos envolvidos;

. NR 2, que trata da inspeção prévia em novos estabelecimentos

. NR 4, que trata de serviços especializados em Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho

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. NR 6, que trata dos Equipamentos de Proteção Individuais

. NR 8, que trata de Edificações

. NR 9, que trata de Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

. NR 10, que trata de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

. NR 12, que trata de Máquinas e Equipamentos

. NR 13, que trata de Caldeiras e Vasos de Pressão

. NR 17, que trata de Ergonomia

Ao todo, são 33 normas regulamentadoras de uso geral e 5 de aplicação rural.

Uma das normas mais conhecidas – se não a mais conhecida – é a NR 5, que trata da

CIPA, sobre a qual discutiremos a seguir.

2.1 NR-5 / CIPA

CIPA significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Seu objetivo é

"observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas

para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos...". Sua missão

é, portanto, a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores e de todos os

que interagem com a empresa (aqueles que prestam serviço para a empresa).

Cabe a CIPA investigar os acidentes e promover e divulgar o zelo pela

observância das normas de segurança, bem como a promoção da Semana Interna de

Prevenção de Acidentes (SIPAT).

Aos trabalhadores da empresa compete indicar a CIPA situações de risco,

apresentar sugestões e observar as recomendações quanto à prevenção de acidentes,

utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de proteção coletiva fornecidos

pelo empregador, bem como submeter-se a exames médicos previstos em Normas

Regulamentadoras, quando aplicável.

Vale lembrar que a CIPA não trabalha sozinha!! O seu papel mais importante é o

de estabelecer uma relação de diálogo e conscientização, de forma criativa e participativa,

entre gerentes e colaboradores em relação à forma como os trabalhos são realizados,

objetivando sempre melhorar as condições de trabalho, visando a humanização do

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trabalho.

Apesar de não ser nosso objetivo, transcrevemos abaixo o texto da NR-5 –

excluímos intencionalmente as tabelas - para avaliação e comentários gerais:

NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (205.000-5)

DO OBJETIVO

5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de

acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho

com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

DA CONSTITUIÇÃO

5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as

empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta,

instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam

trabalhadores como empregados. (205.001-3/ I4)

5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos e às

entidades que lhes tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas

Regulamentadoras de setores econômicos específicos. (205.002-1/ I4)

5.4 A empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá

garantir a integração das CIPA e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as

políticas de segurança e saúde no trabalho.

5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, através de membros

de CIPA ou designados, mecanismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento de ações

de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo

contar com a participação da administração do mesmo.

DA ORGANIZAÇÃO

5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o

dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos

normativos para setores econômicos específicos. (205.004-8/ I2)

5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados.

5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio

secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados

interessados. (205.005-6/ I4)

5.6.3 O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente de

votos recebidos, observará o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações

disciplinadas em atos normativos de setores econômicos específicos. (205.006-4/ I2)

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5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um

responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação

dos empregados, através de negociação coletiva. (205.007-2/ I2)

5.7 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma reeleição.

(205.008-0/ I2)

5.8 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção

de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o

final de seu mandato. (205.009-9/ I4)

5.9 Serão garantidas aos membros da CIPA condições que não descaracterizem suas atividades

normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência,

ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 469, da CLT. (205.010-2/ I4)

5.10 O empregador deverá garantir que seus indicados tenham a representação necessária para a

discussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na

CIPA. (205.011-0/ I2)

5.11 O empregador designará entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os

representantes dos empregados escolherão entre os titulares o vice-presidente. (205.012-9/ I1)

5.12 Os membros da CIPA, eleitos e designados serão, empossados no primeiro dia útil após o

término do mandato anterior. (205.013-7/ I2)

5.13 Será indicado, de comum acordo com os membros da CIPA, um secretário e seu substituto,

entre os componentes ou não da comissão, sendo neste caso necessária a concordância do empregador.

(205.014-5/ I1)

5.14 Empossados os membros da CIPA, a empresa deverá protocolizar, em até dez dias, na

unidade descentralizada do Ministério do Trabalho, cópias das atas de eleição e de posse e o calendário

anual das reuniões ordinárias. (205.015-3/ I2)

5.15 Protocolizada na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, a CIPA não

poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador,

antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da

empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento.(205.016-1/ I4)

DAS ATRIBUIÇÕES

5.16 A CIPA terá por atribuição:

. identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do

maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver;

. elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de

segurança e saúde no trabalho;

. participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias,

bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;

. realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a

identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;

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. realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e

discutir as situações de risco que foram identificadas;

. divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;

. participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para

avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde

dos trabalhadores;

. requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde

considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;

. colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas

relacionados à segurança e saúde no trabalho;

. divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de

acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;

. participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das

causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;

. requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na

segurança e saúde dos trabalhadores;

. requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;

. promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de

Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT;

. participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.

5.17 Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao

desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do

plano de trabalho. (205.017-0/ I2)

5.18 Cabe aos empregados:

. participar da eleição de seus representantes;

. colaborar com a gestão da CIPA;

. indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar sugestões para

melhoria das condições de trabalho;

. observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à prevenção de acidentes

e doenças decorrentes do trabalho.

5.19 Cabe ao Presidente da CIPA:

. convocar os membros para as reuniões da CIPA;

. coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando houver, as

decisões da comissão;

. manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA;

. coordenar e supervisionar as atividades de secretaria;

. delegar atribuições ao Vice-Presidente;

5.20 Cabe ao Vice-Presidente:

a. executar atribuições que lhe forem delegadas;

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b. substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus afastamentos

temporários;

5.21 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, terão as seguintes atribuições:

a. cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimento de seus

trabalhos;

b. coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os objetivos propostos

sejam alcançados;

c. delegar atribuições aos membros da CIPA;

d. promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver;

e. divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento;

f. encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA;

g. constituir a comissão eleitoral.

5.22 O Secretário da CIPA terá por atribuição:

a. acompanhar as reuniões da CIPA e redigir as atas apresentando-as para aprovação e

assinatura dos membros presentes;

b. preparar as correspondências; e

c. outras que lhe forem conferidas.

DO FUNCIONAMENTO

5.23 A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido.

5.24 As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas durante o expediente normal da empresa e

em local apropriado. (205.019-6/ I2)

5.25 As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes com encaminhamento de cópias

para todos os membros. (205.020-0/ I1)

5.26 As atas ficarão no estabelecimento à disposição dos Agentes da Inspeção do Trabalho - AIT.

(205.021-8/ I1)

5.27 Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando:

a. houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas

corretivas de emergência; (205.022-6/I4)

b. ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal; (205.023-4/ I4)

c. houver solicitação expressa de uma das representações. (205.024-2/ I4)

5.28 As decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso.

5.28.1 Não havendo consenso, e frustradas as tentativas de negociação direta ou com mediação,

será instalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.

5.29 Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante requerimento justificado.

5.29.1 O pedido de reconsideração será apresentado à CIPA até a próxima reunião ordinária,

quando será analisado, devendo o Presidente e o Vice-Presidente efetivar os encaminhamentos

necessários.

5.30 O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando faltar a mais de

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quatro reuniões ordinárias sem justificativa. (205.025-0/ I2)

5.31 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida por suplente,

obedecida à ordem de colocação decrescente registrada na ata de eleição, devendo o empregador

comunicar à unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego as alterações e justificar os

motivos. (205.026-9/ I2)

5.31.1 No caso de afastamento definitivo do presidente, o empregador indicará o substituto, em

dois dias úteis, preferencialmente entre os membros da CIPA. (205.027-7/ I2)

5.31.2 No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da

representação dos empregados, escolherão o substituto, entre seus titulares, em dois dias úteis.

DO TREINAMENTO

5.32 A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes,

antes da posse. (205.028-5/ I4)

5.32.1 O treinamento de CIPA em primeiro mandato será realizado no prazo máximo de trinta

dias, contados a partir da data da posse. (205.029-3/ I4)

5.32.2 As empresas que não se enquadrem no Quadro I, promoverão anualmente treinamento

para o designado responsável pelo cumprimento do objetivo desta NR. (205.030-7/ I4)

5.33 O treinamento para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, os seguintes itens:

a. estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo

produtivo; (205.031-5/ I2)

b. metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;(205.032-3/I2)

c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes

na empresa; (205.033-1/I2)

d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e medidas de prevenção;

(205.034-0/ I2)

e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e saúde no

trabalho; (205.035-8/ I2)

f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos; (205.036-6/ I2)

g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão.

(205.037-4 / I2)

5.34 O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias

e será realizado durante o expediente normal da empresa. (205.038-2/ I2)

5.35 O treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade

de trabalhadores ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados.

5.36 A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, inclusive quanto à entidade ou

profissional que o ministrará, constando sua manifestação em ata, cabendo à empresa escolher a entidade

ou profissional que ministrará o treinamento.(205.039-0/ I2)

5.37 Quando comprovada a não observância ao disposto nos itens relacionados ao treinamento, a

unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, determinará a complementação ou a

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realização de outro, que será efetuado no prazo máximo de trinta dias, contados da data de ciência da

empresa sobre a decisão.

DO PROCESSO ELEITORAL

5.38 Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes dos

empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso.

(205.040-4/I4)

5.38.1 A empresa estabelecerá mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao

sindicato da categoria profissional. (205.041-2/ I2)

5.39 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo

mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral - CE,

que será a responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral.

5.39.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a Comissão Eleitoral será constituída pela

empresa.(205.042-0/ I2)

5.40 O processo eleitoral observará as seguintes condições:

a. publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo

de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso; (205.043-9/ I3)

b. inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de quinze

dias; (205.044-7/ I3)

c. liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente

de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de comprovante; (205.045-5/ I3)

d. garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição; (205.046-3/ I3)

e. realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da

CIPA, quando houver; (205.047-1/I3)

f. realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em

horário que possibilite a participação da maioria dos empregados. (205.048-0/ I3)

g. voto secreto; (205.049-8/ I3)

h. apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento de

representante do empregador e dos empregados, em número a ser definido pela comissão eleitoral;

(205.050-1/ I3)

i. faculdade de eleição por meios eletrônicos;( 205.051-0/ I3)

j. guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um período

mínimo de cinco anos. (205.052-8/ I3)

5.41 Havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na votação, não haverá

a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação, que ocorrerá no prazo máximo

de dez dias. (205.053-6/ I2)

5.42 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na unidade

descentralizada do MTE, até trinta dias após a data da posse dos novos membros da CIPA.

5.42.1 Compete a unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, confirmadas

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irregularidades no processo eleitoral, determinar a sua correção ou proceder a anulação quando for o caso.

5.42.2 Em caso de anulação a empresa convocará nova eleição no prazo de cinco dias, a contar

da data de ciência , garantidas as inscrições anteriores. (205.054-4/ I4)

5.42.3 Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará assegurada a

prorrogação do mandato anterior, quando houver, até a complementação do processo eleitoral. (205.055-2/

I4)

5.43 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais votados.

(205.056-0/ I4)

5.44 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento.

(205.057-9/ I4)

5.45 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em

ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes.

(205.058-7/ I2)

DAS CONTRATANTES E CONTRATADAS

5.46 Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se

estabelecimento, para fins de aplicação desta NR, o local em que seus empregados estiverem exercendo

suas atividades.

5.47 Sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mesmo estabelecimento, a CIPA ou

designado da empresa contratante deverá, em conjunto com as das contratadas ou com os designados,

definir mecanismos de integração e de participação de todos os trabalhadores em relação às decisões das

CIPA existentes no estabelecimento.

5.48 A contratante e as contratadas, que atuem num mesmo estabelecimento, deverão

implementar, de forma integrada, medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, decorrentes

da presente NR, de forma a garantir o mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos

os trabalhadores do estabelecimento.(205.059-5/ I4)

5.49 A empresa contratante adotará medidas necessárias para que as empresas contratadas,

suas CIPA, os designados e os demais trabalhadores lotados naquele estabelecimento recebam as

informações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem como sobre as medidas de proteção

adequadas.(205.060-9/ I4)

5.50 A empresa contratante adotará as providências necessárias para acompanhar o cumprimento

pelas empresas contratadas que atuam no seu estabelecimento, das medidas de segurança e saúde no

trabalho.

DISPOSIÇÕES FINAIS

5.51 Esta norma poderá ser aprimorada mediante negociação, nos termos de portaria específica.

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3 RISCOS AMBIENTAIS OU OCUPACIONAIS

Os riscos ocupacionais, como o próprio nome já indica, são aqueles inerentes à

ocupação profissional, ou seja, são consequência direta da atividade laboral de cada

indivíduo. Afim de facilitar a identificação dos mesmos, e tomarem-se medidas de

contenção necessária, os riscos conhecidos estão listados em tabelas, tal como a tabela a

seguir:

Grupo 1 VerdeGrupo2

VermelhoGrupo 3 Marrom

Grupo 4 Amarelo Grupo5 Azul

Riscos físicosRiscos

químicosRiscos

BiológicosRiscos ergonômicos Riscos de acidentes

Ruídos

Vibrações

Radiações ionizantes

Radiações não ionizantes

Frio

Calor Pressões anormais

Umidade

Poeiras

Fumos

Névoas

Neblinas

Gases

Vapores

Substâncias, compostos ou produtos químicos

Vírus

Bactérias

Protozoários

Fungos

Parasitas

Bacilos

Esforço físico intenso

Levantamento e transporte manual de peso

Exigência de postura inadequada

Controle rígido de produtividade

Imposição de ritmos excessivos

Trabalho em turno e noturno

Jornadas de trabalho prolongadas

Monotonia e repetitividade

Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico

Arranjo físico inadequado

Máquinas e equipamentos sem proteção

Ferramentas inadequadas ou defeituosas

Iluminação inadequada

Eletricidade

Probabilidade de incêndio ou explosão

Armazenamento inadequado

Animais peçonhentos

Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes

Já os riscos ambientais são aqueles causados por agentes físicos,

químicos ou biológicos que, presentes nos ambientes de trabalho, são capazes de causar

danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade ou

tempo de exposição. Alguns fatores que podem causar riscos ambientais são:

- agentes físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,

radiações etc.

- agentes químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem

ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.

- agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,

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entre outros.

4 MAPA DE RISCOS

O Mapa de Riscos tem como objetivos reunir as informações necessárias para

estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na empresa e

possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os

trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

A elaboração de um mapa de risco tem as seguintes etapas:

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado:

- os trabalhadores: número, sexo idade, treinamentos profissionais e de

segurança e saúde.

- a jornada;

- os instrumentos e materiais de trabalho;

- as atividades exercidas;

- o ambiente;

b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a tabela de

classificação;

c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia;

- medidas de proteção coletiva;

- medidas de organização do trabalho;

- medidas de proteção individual;

- medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários,

bebedouro, refeitório, área de lazer;

d) identificar os indicadores de saúde:

- queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos

mesmos riscos;

- acidentes de trabalhos ocorridos;

- doenças profissionais diagnosticadas;

- causas mais frequentes de ausência ao trabalho;

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e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;

f) elaborar o Mapa de Risco, sobre o layout da empresa, indicando, através de

círculo:

- o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na tabela;

- o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro

do círculo;

- a especificação do agente (por exemplo: químico - sílica, hexano, ácido

clorídrico ou ergonômico - repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotado também

dentro do círculo;

- a intensidade dos riscos, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que

deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos;

5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Uma vez que não há como trabalhar se estar exposto a risco –

por menores que eles sejam – a solução é a utilização de

equipamentos de proteção que minimizam a influência dos

riscos na saúde do trabalhador e, em caso de acidentes,

minimizam as consequências do mesmo. Lembrem-se:

equipamentos de proteção não evitam acidentes, apenas

minimizam as consequências dos mesmos. O que evita acidente são as atitudes do

trabalhador diante do risco!

Os equipamentos de proteção podem ser classificados em EPI – equipamentos

de proteção individual, e EPC – equipamentos de proteção coletiva.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na Norma

Regulamentadora 6 (NR 6), da Portaria 3.214, considera-se Equipamento de Proteção

Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,

destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no

trabalho. A NR 6 estabelece as disposições legais relativas aos EPIs - com redação dada

pela Portaria N.º 25, de 15 de outubro de 2001, publicada no Diário Oficial da União em

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17 de outubro de 2001. O texto completo da NR 6 encontra-se disponível no site do

Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Os EPIs possuem Certificado de Aprovação de

Equipamentos de Proteção Individual expedido pelo TEM, conhecido como C.A.. O

fornecimento e a comercialização de EPI sem o C.A. é considerado crime e tanto o

comerciante quanto o empregador ficam sujeitos às penalidades previstas em lei.

Alguns exemplos de EPI são o capacete, a luva, o calçado de segurança, a

máscara, o protetor auricular, os óculos, etc.

A legislação trabalhista prevê que:

1. É obrigação do empregador:

. fornecer os EPI’s adequados ao trabalho;

. instruir e treinar quanto ao uso dos EPI’s;

. fiscalizar e exigir o uso dos EPI’s;

. repor os EPI’s danificados;

2. É obrigação do trabalhador

. usar e conservar os EPI’s;

Quem falhar nestas obrigações poderá ser responsabilizado. O empregador

poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado pelo Ministério do

Trabalho. O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas podendo até ser demitido por

justa causa.

É recomendado que o fornecimento de EPI, bem como treinamentos ministrados,

sejam registrados através de documentação apropriada para eventuais esclarecimentos

em causas trabalhistas.

Os EPC’s, como o próprio nome sugere, dizem respeito ao coletivo, devendo

proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco. Como exemplo podemos

citar o enclausuramento acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais de trabalho, a

proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, a

cabine de segurança biológica, capelas químicas, cabine para manipulação de

radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros.

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6 RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL

O NOVO CÓDIGO CIVIL E A RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL EM

ACIDENTES E DOENÇAS

* Selene Negreiros

O Novo Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003,

não perdeu de vista a responsabilidade a que estão sujeitos os agentes que, por ação ou

omissão, venham a causar danos à outrem, e que em função desta responsabilidade

assumem o ônus de prover indenização pelo dano causado.

Para o sistema de gestão e administração de recursos humanos, a temática tem

importância especial tanto em termos de contexto empresarial quanto pessoal, sendo

relevante sinalizar que o desconhecimento das leis não é motivo para se isentar ao seu

cumprimento, e menos ainda para se furtar das obrigações e sanções daí decorrentes. As

implicações decorrentes de doenças ou acidentes ocupacionais, por exemplo, exigem

uma certa atenção por parte dos empregadores e tomadores de serviços, em suas mais

variadas modalidades, já que a amplitude dos conceitos de proteção ao trabalho

alcançam, com eficácia, quase todas as situações existentes, dando uma acurada

atenção ao capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho e suas normas

regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, das quais podem

derivar ações de responsabilidade civil por ato ilícito:

Código Civil Brasileiro - Lei 10.406, 10 de janeiro de 2002

Artigo 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,

comete ato ilícito.

Artigo 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,

excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela

boa-fé ou pelos bons costumes.

A ampliação do ato ilícito, consubstanciada no artigo 187 com redação específica,

é um chamamento aos limites que devem regrar os atos jurídicos, devendo merecer as

cautelas necessárias antecipatórias quanto aos problemas que, na sua opinião, podem

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aparecer. Os tribunais entendem, via de regra (com exceções previstas em lei), que basta

que o acidente de trabalho ocorra para que se possa buscar o ressarcimento do dano na

esfera cível, já que a técnica e o cumprimento das normas legais e administrativas

impediriam sua ocorrência, ou seja, a infortunística pode e deve ser controlada pela

execução de medidas técnicas, operacionais e administrativas que visam à não-

ocorrência do fato.

No dia-a-dia da empresa, a ocorrência de um acidente ou a constatação de uma

doença quase sempre leva à busca por um culpado; o plano emocional suplanta o

racional, e aí todos querem se livrar do problema, já que somente neste momento se

descobre a encrenca que a prevenção esquecida causou... Desculpas e justificativas das

mais variadas surgem de todos os lados, quase todas deixando a responsabilidade e a

culpa do fato sobre a vítima, e só aí, então, é que se descobre que as seguidas leniências

e o descumprimento constante das normas de proteção ao trabalho causam um grande

prejuízo para a organização.

Pesando todo o esforço para escapar da sanção legal e de suas variadas

implicações na atividade empresarial, descobre-se que não há o quê perquirir: o conceito

de culpa (negligência/imprudência/imperícia) está no Código Civil:

Artigo 927 - Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem,

fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida

pelo autor do dano implicar, por sua natureza, em risco para os direitos de outrem.

Agregando isso ao artigo 157 da Consolidação das Leis do Trabalho (cumprir e

fazer cumprir as normas de segurança), o nível de risco e as medidas que deveriam ser

previamente adotadas, bem como as responsabilidades da empresa e de seus prepostos

pelo não-cumprimento, fica clara a responsabilidade direta da empresa e de seus

gestores e prepostos pelo ressarcimento do dano.

Além disso, outras normas previdenciárias e trabalhistas também possuem

especificidade que exigem o acurado estudo e detalhamento para o seu cumprimento,

como no caso da NR 17, que trata das condições ergonômicas do ambiente ocupacional,

quase sempre ignoradas, já que alguns ambientes de trabalho parecem estar livres de

acidentes e doenças, bem como do atendimento a normas específicas, gerando

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problemas trabalhistas e cíveis para as organizações. Vale lembrar do caso dos

treinamentos obrigatórios de segurança ocupacional, dos quais as empresas não

costumam manter uma documentação que comprove o treinamento.

Mais recentemente, pela medida provisória 83, de 12 de dezembro de 2002, o

poder público adotou novas normas quanto à aposentadoria especial no que tange às

condições ambientais de trabalho, determinando que até julho de 2003 as empresas que

possuem empregados, prestadores de serviço e cooperados e que exercem atividades

expostos a agentes nocivos à saúde ou à integridade física, deverão emitir a Dirben 8030,

e a partir disso, o perfil profissiográfico previdenciário, visando assegurar a percepção dos

benefícios previdenciários, ou seja, existe um controle indireto das condições de trabalho,

que podem ser levadas a juízo para apreciação quando ocorrerem doenças ou acidentes.

Diz o artigo artigo 932 do Código Civil:

São também responsáveis pela reparação civil:...

III - O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no

exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele

Na prática, isso significa que, se a empresa é acionada civilmente por ato ilícito

em casos de acidentes ou doenças provocadas pelas condições de trabalho, e ficar

provado que os profissionais de Recursos Humanos, Gestão ou Administração de Pessoal

não adotam providências a eles cabíveis, a empresa pode ingressar com uma ação

regressiva contra estes profissionais e cobrá-los judicialmente um valor estipulado em

tribunal. Faz parte da tarefa destes profissionais orientar a empresa e executar todas as

medidas voltadas para proteção laboral, intimamente ligada ao seu trabalho. Faz-se,

assim, necessário que os profissionais de gestão de recursos humanos e de pessoal

entendam os riscos inerentes a procedimentos de omissão quanto ao cumprimento do

capítulo V, título II da CLT e outras normas prevencionistas, que não podem ser

explicadas em juízo com a simples desculpa de excesso de serviço ou de não saber como

fazer, já que existem meios e instrumentos que permitem socorro em caso de dúvida.

As ações de responsabilidade civil por ato ilícito passam a ter prescrição em três

anos (Código Civil Brasileiro, artigo 206 § 3o Em três anos: V - a pretensão de reparação

civil), sendo conveniente que os gestores de RH e de administração de pessoal

mantenham em seu poder, ainda que por cópia, todos os documentos gerados por eles

nas empresas em que trabalham ou trabalharam nos últimos cinco anos, para que

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possam se servir deles como prova em juízo quanto a sua não-responsabilização pessoal

no que tange a acidentes e doenças ocupacionais.

E se a responsabilidade civil alcança os gestores de RH e de administradores de

pessoal de forma quase indireta, a responsabilidade criminal é direta. Em caso de morte

por acidente de trabalho, por exemplo, tais profissionais podem ser enquadrados no

Código Penal (artigo 121 parágrafo 3º -homicídio culposo), e em caso de ferimentos ou

sequelas, no artigo 129, parágrafo 1º - lesão corporal culposa. Ademais, o artigo 132 do

mesmo Código trata da exposição ao perigo e pode ser arguido por empregado, sindicato,

defensor ou promotor público, sempre que as medidas previstas na legislação de

segurança e saúde ocupacional não estiverem sendo cumpridas, pondo em perigo a vida

ou a saúde de qualquer trabalhador ou prestador de serviço, já que a responsabilidade

pela fiscalização do cumprimento das normas legais incide sobre o contratante principal.

Resta, assim, aos gestores de RH e de administração de pessoal, dedicar uma

atenção especial ao cumprimento das normas legais de saúde e segurança no trabalho,

observando detidamente as prescrições relativas a cada cargo ou função, bem como as

condições de trabalho e normas específicas inerentes, sob pena de serem

responsabilizados, cível e penalmente, pelas consequências decorrentes de ação ou

omissão, nas formas que a lei define.

* Selene Negreiros é advogada, especialista em Responsabilidade Civil, professora e conferencista nas áreas de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente/ [email protected]

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7 BIBLIOGRAFIA

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STARR, M. K., Administração da Produção. São Paulo: Edgar Blucher Ltda, 1998.

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