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FACULDADE ARAPOTI – FATIAdministração da Produção I________________________________________________________________________
1 SEGURANÇA NO TRABALHO
Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que
são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem
como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe
multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes
profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção
de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador.
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de
Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas
Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e
também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho,
ratificadas pelo Brasil.
1.1 HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA NO BRASIL
O êxito de qualquer atividade empresarial é diretamente proporcional ao fato de
se manter a sua peça fundamental - o trabalhador - em condições ótimas de saúde. As
atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo
seu instinto gregário, o homem conseguiu, através da história, criar uma tecnologia que
possibilitou sua existência no planeta.
Uma revisão dos documentos históricos relacionados à Segurança do Trabalho
permitirá observar muitas referências a riscos do tipo profissional mesclados aos
propósitos do homem de lograr a sua subsistência. Hipócrates em seus escritos que
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datam de quatro séculos antes de Cristo, fez menção à existência de moléstias entre
mineiros e metalúrgicos. Plínio, O Velho, que viveu antes do advento da era Cristã,
descreveu diversas moléstias do pulmão entre mineiros e envenenamento advindo do
manuseio de compostos de enxofre e zinco. Galeno, que viveu no século II, fez várias
referências a moléstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do mediterrâneo.
Agrícola e Paracelso investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. Georgius
Agrícola, em 1556, publicava o livro "De Re Metallica", onde foram estudados diversos
problemas relacionados à extração de minerais argentíferos e auríferos, e à fundição da
prata e do ouro. Esta obra discute os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns
entre os mineiros, dando destaque à chamada "asma dos mineiros". A descrição dos
sintomas e a rápida evolução da doença parece indicar sem sombra de dúvida, tratarem
de silicose.
Em 1567 surge a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença
de autoria de Paracelso: "Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten". São numerosas as
citações relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com doenças.
Destaca-se que em relação à intoxicação pelo mercúrio, os principais sintomas dessa
doença profissional foram por ele assinalados.
Em 1700 era publicado na Itália, um livro que iria ter notável repercussão em todo
o mundo. Tratava-se da obra "De Morbis Artificum Diatriba" de autoria do médico
Bernardino Ramazzini que, por esse motivo é cognominado o "Pai da Medicina do
Trabalho". Nessa importante obra, verdadeiro monumento da saúde ocupacional, são
descritas cerca de 100 profissões diversas e os riscos específicos de cada uma. Um fato
importante é que muitas dessas descrições são baseadas nas próprias observações
clínicas do autor o qual nunca esquecia de perguntar ao seu paciente: "Qual a sua
ocupação?".
Entre 1760 e 1830 ocorreu na Inglaterra a Revolução Industrial, marco inicial da
moderna industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira máquina
de fiar. Surgiram assim, as primeiras fábricas de tecidos. Com a revolução industrial o
aldeão começou a agrupar-se nas cidades. Deixou o risco de ser apanhado pelas garras
de uma fera, para aceitar o risco de ser apanhado pelas garras de uma máquina.
Condições totalmente inóspitas de calor, ventilação e umidade eram encontradas
pois as "modernas" fábricas nada mais eram que galpões improvisados. As máquinas
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primitivas ofereciam toda a sorte de riscos, e as consequências tornaram-se tão críticas
que começou a haver clamores, inclusive de órgãos governamentais, exigindo um mínimo
de condições humanas para o trabalho.
A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída não só de homens, mas
também de mulheres e crianças, sem quaisquer restrições quanto ao estado de saúde,
passaram a ser uma constante. Nos últimos momentos do século XVIII, o parque
industrial da Inglaterra passou por uma série de transformações as quais, se de um lado
proporcionaram melhoria salarial dos trabalhadores, de outro lado, causaram problemas
ocupacionais bastante sérios.
O trabalho realizado em máquinas sem proteção, em ambientes fechados onde a
ventilação era precária, com o ruído atingindo limites altíssimos e a inexistência de limites
de horas de trabalho trouxeram como consequência elevados índices de acidentes e de
moléstias profissionais.
Na Inglaterra, França e Alemanha a Revolução Industrial causou um verdadeiro
massacre a inocentes e os que sobreviveram foram tirados da cama e arrastados para um
mundo de calor, gases, poeiras e outras condições adversas nas fábricas e minas. Esses
fatos logo se colocaram em evidência pelos altos índices de mortalidade entre os
trabalhadores e especialmente entre as crianças.
A sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em
maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes e, também, da
gravidade desses acidentes.
Nessa época, a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles
Dickens. Esse notável romancista inglês, através de críticas violentas, procurava a todo
custo condenar o tratamento impróprio que as crianças recebiam nas indústrias britânicas.
Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar à teoria do risco social: o
acidente do trabalho é um risco inerente à atividade profissional exercida em benefício de
toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte, amparar a vítima do acidente.
No Brasil, podemos fixar por volta de 1930 a nossa revolução industrial com o
surgimento das primeiras normas específicas no assunto e, embora tivéssemos já a
experiência de outros países, atravessamos os mesmos percalços, o que fez com que se
falasse, em 1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho. Como
ação para tentar melhorar este quadro, foi instituído em 1976 a obrigatoriedade dos
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cursos de Fundamentos em Segurança no Trabalho em todos os cursos de Engenharia.
O curso de Especialização em Engenharia e Segurança no trabalho foi criado em 1985.
1.2 DEFINIÇÕES BÁSICAS
"Acidentes ocorrem desde os tempos imemoriais, e as pessoas têm se
preocupado igualmente com sua prevenção há tanto tempo. Lamentavelmente, apesar do
assunto ser discutido com frequência, a terminologia relacionada ainda carece de clareza
e precisão. Do ponto de vista técnico, isto é particularmente frustrante, pois gera desvios
e vícios de comunicação e compreensão, que podem aumentar as dificuldades para a
resolução de problemas. Qualquer discussão sobre riscos deve ser precedida de uma
explicação da terminologia, seu sentido preciso e inter-relacionamento." De acordo com a
assertiva de Hammer, é importante que antes de prosseguir o estudo quanto à evolução
do prevencionismo e gerenciamento de riscos em geral, sejam definidos alguns termos
básicos:
i. Incidente Crítico (ou quase-acidente): É qualquer evento ou fato negativo com
potencialidade para provocar dano. Também chamados quase-acidentes, caracterizam
uma situação em que não há danos macroscópicos ou visíveis. Dentro dos incidentes
críticos, estabelece-se uma hierarquização na qual basear-se-ão as ações prioritárias de
controle. Na escala hierárquica, receberão prioridade aqueles incidentes críticos que, por
sua ocorrência, possam afetar a integridade física dos recursos humanos do sistema de
produção.
ii. Risco: Como sinônimo de Hazard, significa uma ou mais condições de uma
variável com potencial necessário para causar danos como: lesões pessoais, danos a
equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material em processo ou
redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na possibilidade de
existência de efeitos adversos. Como sinônimo de Risk, expressa uma probabilidade de
possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos
operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo
dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais. Risco pode ainda significar
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incerteza quanto à ocorrência de um determinado evento (acidente), chance de perda que
uma empresa pode sofrer por causa de um acidente ou série de acidentes.
iii. Perigo: Como sinônimo de Danger, expressa uma exposição relativa a um risco
que favorece a sua materialização em danos. Se existe um risco, face às precauções
tomadas, o nível de perigo pode ser baixo ou alto, e ainda, para riscos iguais pode-se ter
diferentes tipos de perigo.
iv. Dano: É a gravidade da perda, seja ela humana, material, ambiental ou
financeira, que pode ocorrer caso não se tenha controle sobre um risco. O risco
(possibilidade) e o perigo (exposição) podem manter-se inalterados e mesmo assim existir
diferença na gravidade do dano.
v. Causa: É a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento
catastrófico (acidente ou falta) resultante da materialização de um risco, provocando
danos.
vi. Perda: É o prejuízo sofrido por uma organização sem garantia de
ressarcimento através de seguros ou por outros meios.
vii. Sinistro: É o prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de
ressarcimento através de seguros ou por outros meios.
viii. Segurança: É a situação em que haja isenção de riscos. Como a eliminação
completa de todos os riscos é praticamente impossível, a segurança passa a ser um
compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a riscos. É o antônimo de
perigo.
ix. Ato inseguro: São comportamentos emitidos pelo trabalhador que podem levá-
lo a sofrer um acidente. Os atos inseguros são praticados por trabalhadores que
desrespeitam regras de segurança, que não as conhecem devidamente, ou ainda, que
têm um comportamento contrário à prevenção.
x. Condição Insegura: São deficiências, defeitos ou irregularidades técnicas na
empresa que constituem riscos para a integridade física do trabalhador, para sua saúde e
para os bens materiais da empresa. As condições inseguras são deficiências como:
defeitos de instalações ou de equipamentos, falta de proteção em máquinas, má
iluminação, excesso de calor ou frio, umidade, gases, vapores e poeiras nocivos e muitas
outras condições insatisfatórias do próprio ambiente de trabalho.
xi. Acidente: É uma ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho, que
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ocasionando danos pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.
1.3 PREVENCIONISMO
Em principio, temos três fatores principais causadores de acidentes:
i. Condições inseguras, inerentes às instalações, como máquinas e
equipamentos;
ii. Atos inseguros, entendidos como atitudes indevidas do elemento humano;
iii. Eventos catastróficos, como inundações, tempestades, etc.;
Estudos técnicos, principalmente no campo da engenharia, são capazes de, com
o tempo, eliminar as condições inseguras. Quando se fala, porém, do elemento homem,
apenas técnicas não são suficientes para evitar uma falha nas suas atitudes.
Sob o ponto de vista prevencionista, causa de acidente é qualquer fator que, se
removido a tempo teria evitado o acidente. Os acidentes não são inevitáveis, não surgem
por acaso; na maioria das vezes são causados, e portanto possíveis de prevenção,
através da eliminação a tempo de suas causas. Estas podem decorrer de fatores
pessoais (dependentes, portanto, do homem) ou materiais (decorrentes das condições
existentes nos locais de trabalho).
Vários autores, na análise de um acidente, consideram como causa do acidente o
ato ou a condição que originou a lesão, ou o dano. No nosso entendimento, devem ser
analisadas todas as causas, desde a mais remota, o que permitirá um adequado estudo e
posterior neutralização ou eliminação dos riscos. Existe então a necessidade do
envolvimento de profissionais de outras áreas, principalmente de Ciências Humanas para
se obter uma evolução neste setor.
Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos
produtos químicos obtidos por síntese e nenhuma das teorias sociais formuladas alterou
fundamentalmente a natureza humana. As formas de comportamento, que devem ser
levadas em consideração no esforço de prevenir atos inseguros, deverão ser analisadas
de modo bastante abrangente.
No treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo novo
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empregado ou na reciclagem dos funcionários mais antigos, deverá ser reforçado o
conhecimento das regras de segurança, instruções básicas sobre prevenção de incêndio
e treinamento periódico de combate ao fogo, informações sobre ordem e limpeza, cor na
segurança do trabalho, sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento,
transporte e manuseio de materiais, integram uma política de segurança, visando a
diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a segurança do trabalho
basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica,
no sentido de identificar possíveis riscos no processo de produção, antes mesmo que
ocorram acidentes, isto é, a simples analise de risco ou estatística , mesmo que não
acuse nenhum acidente, deve ser encarada como mais um subsidio para a prevenção de
acidentes e eliminação de causas..
A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do trabalhador,
representa um prejuízo para a nação de 20 anos ou 6.000 dias, em média, de trabalho
produtivo.
1.3.1 Evolução do Prevencionismo
Inicialmente, em diversos países, surgiram e evoluíram ações tendentes a
prevenir danos às pessoas decorrentes de atividades laborais. Foram elaboradas normas
e disposições legais enfim, toda uma legislação social de “reparação” de danos. Dessa
forma, o seguro social (Previdência Social) realizava (e realiza) ações assegurando o
risco de acidentes, ou melhor dizendo, risco de lesões. Por outro lado, estudiosos como
H.W.Heinrich e Roland P.Blake apontavam a necessidade de ações tão ou mais
importantes, que deveriam tender a prevenir os acidentes, além de assegurar também, o
risco de lesões. Assim, lado a lado com o seguro social, desenvolveram-se atividades de
âmbito e denominações várias, iniciando-se a evolução do prevencionismo.
1.3.2 Estudos Realizados
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Diversos autores desenvolveram estudos no sentido de melhorar a compreensão
do problema, propor metodologias para mudança de estilo e aferir resultados.
1.3.2.1 H. W. Heinrich
Heinrich, em 1931, efetuou uma pesquisa que revelou a relação 4/1 entre os
custos segurados (diretos ) e não segurados (indiretos) de um acidente. Esse valor, muito
difundido e repetido, foi obtido para a média industrial americana, e não era seu propósito
usá-lo em todos os casos, como estimativa do custo de acidentes.
Afinal, o que significam estes termos? Quais suas origens? Quais suas
aplicações? As respostas não são difíceis. Podemos distinguir hoje dois estilos de
programas de segurança, Sendo o mais difundido deles, conhecido como “tradicional”.
Este modelo baseia-se em princípios bastante limitados, quais sejam:
Prevenção de lesões pessoais;
Atividades reservada para órgãos e pessoal especializados;
Ações reativas, baseadas em acidentes passados;
Aceitação do acidente como fato inesperado e de causas fortuitas e/ou
incontroláveis.
A orientação de programas com esta estrutura acaba por limitar as atividades de
segurança, levando as empresas á estagnação de resultados, não conseguindo o
engajamento por parte dos empregados, das chefias e da supervisão. Estas conclusões
constam de trabalho de autores de renome mundial, trabalho estes que objetivaram a
intensificação das atividades de segurança nas empresas e na obtenção de resultados
mais positivos nas suas estatísticas e nos seus custos. Analisados os aspectos citados
em profundidade os autores lançaram o que se poderia chamar de “doutrinas” preventivas
de segurança. As obras desses autores contêm visões diferenciadas sobre os acidentes,
bem como as atividades de segurança para preveni-los. Seus trabalhos, embora
diferentes, têm como ponto comum o princípio de que a atividade de segurança só é
eficaz quando está primordialmente dirigida para o conhecimento e atuação nas causas
dos acidentes, envolvendo nesse processo toda a estrutura organizacional.
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A Prevenção e Controle de Perdas se constituiu num conjunto de diretrizes
técnicas e administrativas, que considera que os acidentes são evitáveis, se ações
gerenciais adequadas forem tomadas. Considera que as perdas provocadas pelos
acidentes têm causas semelhantes às causas de outras perdas empresariais tais como
produtos fora de especificação, agressão ao meio ambiente, perdas de materiais,
desperdícios, etc.
A divulgação e aplicação cada vez maior das metodologias de análise de
segurança de sistemas vêm consolidando o conceito de que a prevenção e controle de
perdas é uma diretriz de posturas técnicas e administrativas, com o objetivo principal de
conhecer os riscos de uma atividade e promover medidas para o seu controle.
Sabe-se que essa relação pode variar desde 2,3:1 até 1:1, o que apenas
evidencia a necessidade da realização de estudos específicos, pois esta relação é uma
característica não só de cada empresa, mas também da forma pela qual a empresa
encara os investimentos na área de segurança. Naquela época, Heinrich introduziu pela
primeira vez a filosofia de acidentes com danos á propriedade (acidentes sem lesão) em
relação aos acidentes com lesão incapacitante. Sua investigação apresentou como
resultado:
> lesão incapacitante ou óbito
> lesões menores
> sem lesão, eventuais danos à propriedade
A proporção do estudo de HEINRICH mostra que para cada 1 acidente que
provocava uma lesão incapacitante, ocorria 29 acidentes que provocavam lesões
menores (lesão não incapacitante ) e também ocorriam 300 acidentes sem lesão, apenas
provocando danos à propriedade.
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1.3.2.2 Frank Bird Jr
Em 1966, o norte americano Frank Bird Jr concluiu um estudo envolvendo 90.000
acidentes, sendo 75.000 acidentes com danos à propriedade e 15.000 acidentes com
lesões incapacitantes. Bird baseou sua teoria de “controle de danos” a partir da análise
desses 90.000 acidentes ocorridos numa empresa metalúrgica americana (LUKENS
STEEL COMPANY) durante um período de mais de 7 anos chegando à seguinte
proporção:
> lesão incapacitante
> lesão não incapacitante
> danos à propriedade
A proporção do estudo de Bird mostra que para cada 1 acidente que provoca
uma lesão incapacitante, ocorria 100 acidentes que provocavam lesões não
incapacitantes e também ocorriam 500 acidentes com danos à propriedade.
1.3.3. Risco, Acidente e Lesão
Toda pessoa está sujeita pelo menos a três modalidades de risco.
Em primeiro lugar, o risco genérico a que se expõem todas as pessoas. Em
seguida na sua qualidade de trabalhador, está sujeito ao risco especifico do trabalho. Por
fim, em determinadas circunstâncias, o risco genérico se agrava pelo fato ou pelas
condições de trabalho - donde um risco genérico é agravado. Por exemplo, a
possibilidade de acidentes de trânsito, na viagem de ida de casa para o trabalho, e vice-
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versa, constitui um risco genérico. Os acidentes com a máquina de trabalho decorrem de
um risco específico. O "pastilheiro", que passa o dia sobre o andaime, expõe-se durante o
verão, ao risco genérico, mas agravado por sofrer os efeitos da insolação. Para
determinarmos os riscos específicos de uma indústria é necessário verificar as condições
e os métodos de trabalho da indústria. Isto é importante porque, as vezes, encontramos
duas fábricas de produtos iguais que apresentam processos de fabricação diferentes e
por sua vez riscos específicos diversos.
Em alguns casos, ainda existe uma má compreensão do que seja um acidente. A
expressão acidentes "grandes" ou "pequenos", presta-se à confusão. Em muitos casos,
estes termos são erradamente empregados para designar lesões graves ou leves.
Quando os termos acidente e lesão são assim confundidos, além de poder-se supor
facilmente que nenhum acidente seja de importância nos conduz a erro quando da fase
do reconhecimento das causas do acidente. Lesão é o ponto de partida para descobrir o
tipo de acidente ocorrido.
O reconhecimento e a caracterização das causas podem ser simples, como no
caso de um degrau quebrado de uma escada ou complexo quando se trata de determinar
a causa ou as causas de uma sequência, em cadeia, que originaram o acidente, cada
uma delas relacionada a outra. De uma maneira geral pode-se dizer que na maior parte
dos casos, os acidentes são ocasionados por mais de uma causa.
2 NORMAS REGULAMENTADORAS
No Brasil existem uma série de normas regulamentadoras para atividades
laborais. A atualização e divulgação destas normas é controlada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego. Uma amostra das normas existentes está a seguir:
. NR 1, que trata de disposições gerais para aplicação das demais normas e
atribuições dos órgãos envolvidos;
. NR 2, que trata da inspeção prévia em novos estabelecimentos
. NR 4, que trata de serviços especializados em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho
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. NR 6, que trata dos Equipamentos de Proteção Individuais
. NR 8, que trata de Edificações
. NR 9, que trata de Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
. NR 10, que trata de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
. NR 12, que trata de Máquinas e Equipamentos
. NR 13, que trata de Caldeiras e Vasos de Pressão
. NR 17, que trata de Ergonomia
Ao todo, são 33 normas regulamentadoras de uso geral e 5 de aplicação rural.
Uma das normas mais conhecidas – se não a mais conhecida – é a NR 5, que trata da
CIPA, sobre a qual discutiremos a seguir.
2.1 NR-5 / CIPA
CIPA significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Seu objetivo é
"observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas
para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos...". Sua missão
é, portanto, a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores e de todos os
que interagem com a empresa (aqueles que prestam serviço para a empresa).
Cabe a CIPA investigar os acidentes e promover e divulgar o zelo pela
observância das normas de segurança, bem como a promoção da Semana Interna de
Prevenção de Acidentes (SIPAT).
Aos trabalhadores da empresa compete indicar a CIPA situações de risco,
apresentar sugestões e observar as recomendações quanto à prevenção de acidentes,
utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de proteção coletiva fornecidos
pelo empregador, bem como submeter-se a exames médicos previstos em Normas
Regulamentadoras, quando aplicável.
Vale lembrar que a CIPA não trabalha sozinha!! O seu papel mais importante é o
de estabelecer uma relação de diálogo e conscientização, de forma criativa e participativa,
entre gerentes e colaboradores em relação à forma como os trabalhos são realizados,
objetivando sempre melhorar as condições de trabalho, visando a humanização do
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trabalho.
Apesar de não ser nosso objetivo, transcrevemos abaixo o texto da NR-5 –
excluímos intencionalmente as tabelas - para avaliação e comentários gerais:
NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (205.000-5)
DO OBJETIVO
5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de
acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho
com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
DA CONSTITUIÇÃO
5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as
empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta,
instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam
trabalhadores como empregados. (205.001-3/ I4)
5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos e às
entidades que lhes tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas
Regulamentadoras de setores econômicos específicos. (205.002-1/ I4)
5.4 A empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá
garantir a integração das CIPA e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as
políticas de segurança e saúde no trabalho.
5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, através de membros
de CIPA ou designados, mecanismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento de ações
de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo
contar com a participação da administração do mesmo.
DA ORGANIZAÇÃO
5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o
dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos
normativos para setores econômicos específicos. (205.004-8/ I2)
5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados.
5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio
secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados
interessados. (205.005-6/ I4)
5.6.3 O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente de
votos recebidos, observará o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações
disciplinadas em atos normativos de setores econômicos específicos. (205.006-4/ I2)
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5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um
responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação
dos empregados, através de negociação coletiva. (205.007-2/ I2)
5.7 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma reeleição.
(205.008-0/ I2)
5.8 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção
de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o
final de seu mandato. (205.009-9/ I4)
5.9 Serão garantidas aos membros da CIPA condições que não descaracterizem suas atividades
normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência,
ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 469, da CLT. (205.010-2/ I4)
5.10 O empregador deverá garantir que seus indicados tenham a representação necessária para a
discussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na
CIPA. (205.011-0/ I2)
5.11 O empregador designará entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os
representantes dos empregados escolherão entre os titulares o vice-presidente. (205.012-9/ I1)
5.12 Os membros da CIPA, eleitos e designados serão, empossados no primeiro dia útil após o
término do mandato anterior. (205.013-7/ I2)
5.13 Será indicado, de comum acordo com os membros da CIPA, um secretário e seu substituto,
entre os componentes ou não da comissão, sendo neste caso necessária a concordância do empregador.
(205.014-5/ I1)
5.14 Empossados os membros da CIPA, a empresa deverá protocolizar, em até dez dias, na
unidade descentralizada do Ministério do Trabalho, cópias das atas de eleição e de posse e o calendário
anual das reuniões ordinárias. (205.015-3/ I2)
5.15 Protocolizada na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, a CIPA não
poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador,
antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da
empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento.(205.016-1/ I4)
DAS ATRIBUIÇÕES
5.16 A CIPA terá por atribuição:
. identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do
maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver;
. elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de
segurança e saúde no trabalho;
. participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias,
bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;
. realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a
identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
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. realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e
discutir as situações de risco que foram identificadas;
. divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;
. participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para
avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde
dos trabalhadores;
. requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde
considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;
. colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas
relacionados à segurança e saúde no trabalho;
. divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de
acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;
. participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das
causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;
. requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na
segurança e saúde dos trabalhadores;
. requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
. promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT;
. participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.
5.17 Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao
desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do
plano de trabalho. (205.017-0/ I2)
5.18 Cabe aos empregados:
. participar da eleição de seus representantes;
. colaborar com a gestão da CIPA;
. indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar sugestões para
melhoria das condições de trabalho;
. observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à prevenção de acidentes
e doenças decorrentes do trabalho.
5.19 Cabe ao Presidente da CIPA:
. convocar os membros para as reuniões da CIPA;
. coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando houver, as
decisões da comissão;
. manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA;
. coordenar e supervisionar as atividades de secretaria;
. delegar atribuições ao Vice-Presidente;
5.20 Cabe ao Vice-Presidente:
a. executar atribuições que lhe forem delegadas;
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b. substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus afastamentos
temporários;
5.21 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, terão as seguintes atribuições:
a. cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimento de seus
trabalhos;
b. coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os objetivos propostos
sejam alcançados;
c. delegar atribuições aos membros da CIPA;
d. promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver;
e. divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento;
f. encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA;
g. constituir a comissão eleitoral.
5.22 O Secretário da CIPA terá por atribuição:
a. acompanhar as reuniões da CIPA e redigir as atas apresentando-as para aprovação e
assinatura dos membros presentes;
b. preparar as correspondências; e
c. outras que lhe forem conferidas.
DO FUNCIONAMENTO
5.23 A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido.
5.24 As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas durante o expediente normal da empresa e
em local apropriado. (205.019-6/ I2)
5.25 As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes com encaminhamento de cópias
para todos os membros. (205.020-0/ I1)
5.26 As atas ficarão no estabelecimento à disposição dos Agentes da Inspeção do Trabalho - AIT.
(205.021-8/ I1)
5.27 Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando:
a. houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas
corretivas de emergência; (205.022-6/I4)
b. ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal; (205.023-4/ I4)
c. houver solicitação expressa de uma das representações. (205.024-2/ I4)
5.28 As decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso.
5.28.1 Não havendo consenso, e frustradas as tentativas de negociação direta ou com mediação,
será instalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.
5.29 Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante requerimento justificado.
5.29.1 O pedido de reconsideração será apresentado à CIPA até a próxima reunião ordinária,
quando será analisado, devendo o Presidente e o Vice-Presidente efetivar os encaminhamentos
necessários.
5.30 O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando faltar a mais de
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quatro reuniões ordinárias sem justificativa. (205.025-0/ I2)
5.31 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida por suplente,
obedecida à ordem de colocação decrescente registrada na ata de eleição, devendo o empregador
comunicar à unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego as alterações e justificar os
motivos. (205.026-9/ I2)
5.31.1 No caso de afastamento definitivo do presidente, o empregador indicará o substituto, em
dois dias úteis, preferencialmente entre os membros da CIPA. (205.027-7/ I2)
5.31.2 No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da
representação dos empregados, escolherão o substituto, entre seus titulares, em dois dias úteis.
DO TREINAMENTO
5.32 A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes,
antes da posse. (205.028-5/ I4)
5.32.1 O treinamento de CIPA em primeiro mandato será realizado no prazo máximo de trinta
dias, contados a partir da data da posse. (205.029-3/ I4)
5.32.2 As empresas que não se enquadrem no Quadro I, promoverão anualmente treinamento
para o designado responsável pelo cumprimento do objetivo desta NR. (205.030-7/ I4)
5.33 O treinamento para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, os seguintes itens:
a. estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo
produtivo; (205.031-5/ I2)
b. metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;(205.032-3/I2)
c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes
na empresa; (205.033-1/I2)
d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e medidas de prevenção;
(205.034-0/ I2)
e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e saúde no
trabalho; (205.035-8/ I2)
f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos; (205.036-6/ I2)
g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão.
(205.037-4 / I2)
5.34 O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias
e será realizado durante o expediente normal da empresa. (205.038-2/ I2)
5.35 O treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade
de trabalhadores ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados.
5.36 A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, inclusive quanto à entidade ou
profissional que o ministrará, constando sua manifestação em ata, cabendo à empresa escolher a entidade
ou profissional que ministrará o treinamento.(205.039-0/ I2)
5.37 Quando comprovada a não observância ao disposto nos itens relacionados ao treinamento, a
unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, determinará a complementação ou a
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realização de outro, que será efetuado no prazo máximo de trinta dias, contados da data de ciência da
empresa sobre a decisão.
DO PROCESSO ELEITORAL
5.38 Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes dos
empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso.
(205.040-4/I4)
5.38.1 A empresa estabelecerá mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao
sindicato da categoria profissional. (205.041-2/ I2)
5.39 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo
mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral - CE,
que será a responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral.
5.39.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a Comissão Eleitoral será constituída pela
empresa.(205.042-0/ I2)
5.40 O processo eleitoral observará as seguintes condições:
a. publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo
de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso; (205.043-9/ I3)
b. inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de quinze
dias; (205.044-7/ I3)
c. liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente
de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de comprovante; (205.045-5/ I3)
d. garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição; (205.046-3/ I3)
e. realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da
CIPA, quando houver; (205.047-1/I3)
f. realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em
horário que possibilite a participação da maioria dos empregados. (205.048-0/ I3)
g. voto secreto; (205.049-8/ I3)
h. apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento de
representante do empregador e dos empregados, em número a ser definido pela comissão eleitoral;
(205.050-1/ I3)
i. faculdade de eleição por meios eletrônicos;( 205.051-0/ I3)
j. guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um período
mínimo de cinco anos. (205.052-8/ I3)
5.41 Havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na votação, não haverá
a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação, que ocorrerá no prazo máximo
de dez dias. (205.053-6/ I2)
5.42 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na unidade
descentralizada do MTE, até trinta dias após a data da posse dos novos membros da CIPA.
5.42.1 Compete a unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, confirmadas
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irregularidades no processo eleitoral, determinar a sua correção ou proceder a anulação quando for o caso.
5.42.2 Em caso de anulação a empresa convocará nova eleição no prazo de cinco dias, a contar
da data de ciência , garantidas as inscrições anteriores. (205.054-4/ I4)
5.42.3 Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará assegurada a
prorrogação do mandato anterior, quando houver, até a complementação do processo eleitoral. (205.055-2/
I4)
5.43 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais votados.
(205.056-0/ I4)
5.44 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento.
(205.057-9/ I4)
5.45 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em
ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes.
(205.058-7/ I2)
DAS CONTRATANTES E CONTRATADAS
5.46 Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se
estabelecimento, para fins de aplicação desta NR, o local em que seus empregados estiverem exercendo
suas atividades.
5.47 Sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mesmo estabelecimento, a CIPA ou
designado da empresa contratante deverá, em conjunto com as das contratadas ou com os designados,
definir mecanismos de integração e de participação de todos os trabalhadores em relação às decisões das
CIPA existentes no estabelecimento.
5.48 A contratante e as contratadas, que atuem num mesmo estabelecimento, deverão
implementar, de forma integrada, medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, decorrentes
da presente NR, de forma a garantir o mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos
os trabalhadores do estabelecimento.(205.059-5/ I4)
5.49 A empresa contratante adotará medidas necessárias para que as empresas contratadas,
suas CIPA, os designados e os demais trabalhadores lotados naquele estabelecimento recebam as
informações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem como sobre as medidas de proteção
adequadas.(205.060-9/ I4)
5.50 A empresa contratante adotará as providências necessárias para acompanhar o cumprimento
pelas empresas contratadas que atuam no seu estabelecimento, das medidas de segurança e saúde no
trabalho.
DISPOSIÇÕES FINAIS
5.51 Esta norma poderá ser aprimorada mediante negociação, nos termos de portaria específica.
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3 RISCOS AMBIENTAIS OU OCUPACIONAIS
Os riscos ocupacionais, como o próprio nome já indica, são aqueles inerentes à
ocupação profissional, ou seja, são consequência direta da atividade laboral de cada
indivíduo. Afim de facilitar a identificação dos mesmos, e tomarem-se medidas de
contenção necessária, os riscos conhecidos estão listados em tabelas, tal como a tabela a
seguir:
Grupo 1 VerdeGrupo2
VermelhoGrupo 3 Marrom
Grupo 4 Amarelo Grupo5 Azul
Riscos físicosRiscos
químicosRiscos
BiológicosRiscos ergonômicos Riscos de acidentes
Ruídos
Vibrações
Radiações ionizantes
Radiações não ionizantes
Frio
Calor Pressões anormais
Umidade
Poeiras
Fumos
Névoas
Neblinas
Gases
Vapores
Substâncias, compostos ou produtos químicos
Vírus
Bactérias
Protozoários
Fungos
Parasitas
Bacilos
Esforço físico intenso
Levantamento e transporte manual de peso
Exigência de postura inadequada
Controle rígido de produtividade
Imposição de ritmos excessivos
Trabalho em turno e noturno
Jornadas de trabalho prolongadas
Monotonia e repetitividade
Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico
Arranjo físico inadequado
Máquinas e equipamentos sem proteção
Ferramentas inadequadas ou defeituosas
Iluminação inadequada
Eletricidade
Probabilidade de incêndio ou explosão
Armazenamento inadequado
Animais peçonhentos
Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes
Já os riscos ambientais são aqueles causados por agentes físicos,
químicos ou biológicos que, presentes nos ambientes de trabalho, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade ou
tempo de exposição. Alguns fatores que podem causar riscos ambientais são:
- agentes físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações etc.
- agentes químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem
ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.
- agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,
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entre outros.
4 MAPA DE RISCOS
O Mapa de Riscos tem como objetivos reunir as informações necessárias para
estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na empresa e
possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.
A elaboração de um mapa de risco tem as seguintes etapas:
a) conhecer o processo de trabalho no local analisado:
- os trabalhadores: número, sexo idade, treinamentos profissionais e de
segurança e saúde.
- a jornada;
- os instrumentos e materiais de trabalho;
- as atividades exercidas;
- o ambiente;
b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a tabela de
classificação;
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia;
- medidas de proteção coletiva;
- medidas de organização do trabalho;
- medidas de proteção individual;
- medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários,
bebedouro, refeitório, área de lazer;
d) identificar os indicadores de saúde:
- queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos
mesmos riscos;
- acidentes de trabalhos ocorridos;
- doenças profissionais diagnosticadas;
- causas mais frequentes de ausência ao trabalho;
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e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
f) elaborar o Mapa de Risco, sobre o layout da empresa, indicando, através de
círculo:
- o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na tabela;
- o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro
do círculo;
- a especificação do agente (por exemplo: químico - sílica, hexano, ácido
clorídrico ou ergonômico - repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotado também
dentro do círculo;
- a intensidade dos riscos, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que
deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos;
5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
Uma vez que não há como trabalhar se estar exposto a risco –
por menores que eles sejam – a solução é a utilização de
equipamentos de proteção que minimizam a influência dos
riscos na saúde do trabalhador e, em caso de acidentes,
minimizam as consequências do mesmo. Lembrem-se:
equipamentos de proteção não evitam acidentes, apenas
minimizam as consequências dos mesmos. O que evita acidente são as atitudes do
trabalhador diante do risco!
Os equipamentos de proteção podem ser classificados em EPI – equipamentos
de proteção individual, e EPC – equipamentos de proteção coletiva.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na Norma
Regulamentadora 6 (NR 6), da Portaria 3.214, considera-se Equipamento de Proteção
Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho. A NR 6 estabelece as disposições legais relativas aos EPIs - com redação dada
pela Portaria N.º 25, de 15 de outubro de 2001, publicada no Diário Oficial da União em
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17 de outubro de 2001. O texto completo da NR 6 encontra-se disponível no site do
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Os EPIs possuem Certificado de Aprovação de
Equipamentos de Proteção Individual expedido pelo TEM, conhecido como C.A.. O
fornecimento e a comercialização de EPI sem o C.A. é considerado crime e tanto o
comerciante quanto o empregador ficam sujeitos às penalidades previstas em lei.
Alguns exemplos de EPI são o capacete, a luva, o calçado de segurança, a
máscara, o protetor auricular, os óculos, etc.
A legislação trabalhista prevê que:
1. É obrigação do empregador:
. fornecer os EPI’s adequados ao trabalho;
. instruir e treinar quanto ao uso dos EPI’s;
. fiscalizar e exigir o uso dos EPI’s;
. repor os EPI’s danificados;
2. É obrigação do trabalhador
. usar e conservar os EPI’s;
Quem falhar nestas obrigações poderá ser responsabilizado. O empregador
poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado pelo Ministério do
Trabalho. O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas podendo até ser demitido por
justa causa.
É recomendado que o fornecimento de EPI, bem como treinamentos ministrados,
sejam registrados através de documentação apropriada para eventuais esclarecimentos
em causas trabalhistas.
Os EPC’s, como o próprio nome sugere, dizem respeito ao coletivo, devendo
proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco. Como exemplo podemos
citar o enclausuramento acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais de trabalho, a
proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, a
cabine de segurança biológica, capelas químicas, cabine para manipulação de
radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros.
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6 RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL
O NOVO CÓDIGO CIVIL E A RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL EM
ACIDENTES E DOENÇAS
* Selene Negreiros
O Novo Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003,
não perdeu de vista a responsabilidade a que estão sujeitos os agentes que, por ação ou
omissão, venham a causar danos à outrem, e que em função desta responsabilidade
assumem o ônus de prover indenização pelo dano causado.
Para o sistema de gestão e administração de recursos humanos, a temática tem
importância especial tanto em termos de contexto empresarial quanto pessoal, sendo
relevante sinalizar que o desconhecimento das leis não é motivo para se isentar ao seu
cumprimento, e menos ainda para se furtar das obrigações e sanções daí decorrentes. As
implicações decorrentes de doenças ou acidentes ocupacionais, por exemplo, exigem
uma certa atenção por parte dos empregadores e tomadores de serviços, em suas mais
variadas modalidades, já que a amplitude dos conceitos de proteção ao trabalho
alcançam, com eficácia, quase todas as situações existentes, dando uma acurada
atenção ao capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho e suas normas
regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, das quais podem
derivar ações de responsabilidade civil por ato ilícito:
Código Civil Brasileiro - Lei 10.406, 10 de janeiro de 2002
Artigo 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Artigo 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
A ampliação do ato ilícito, consubstanciada no artigo 187 com redação específica,
é um chamamento aos limites que devem regrar os atos jurídicos, devendo merecer as
cautelas necessárias antecipatórias quanto aos problemas que, na sua opinião, podem
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aparecer. Os tribunais entendem, via de regra (com exceções previstas em lei), que basta
que o acidente de trabalho ocorra para que se possa buscar o ressarcimento do dano na
esfera cível, já que a técnica e o cumprimento das normas legais e administrativas
impediriam sua ocorrência, ou seja, a infortunística pode e deve ser controlada pela
execução de medidas técnicas, operacionais e administrativas que visam à não-
ocorrência do fato.
No dia-a-dia da empresa, a ocorrência de um acidente ou a constatação de uma
doença quase sempre leva à busca por um culpado; o plano emocional suplanta o
racional, e aí todos querem se livrar do problema, já que somente neste momento se
descobre a encrenca que a prevenção esquecida causou... Desculpas e justificativas das
mais variadas surgem de todos os lados, quase todas deixando a responsabilidade e a
culpa do fato sobre a vítima, e só aí, então, é que se descobre que as seguidas leniências
e o descumprimento constante das normas de proteção ao trabalho causam um grande
prejuízo para a organização.
Pesando todo o esforço para escapar da sanção legal e de suas variadas
implicações na atividade empresarial, descobre-se que não há o quê perquirir: o conceito
de culpa (negligência/imprudência/imperícia) está no Código Civil:
Artigo 927 - Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, em risco para os direitos de outrem.
Agregando isso ao artigo 157 da Consolidação das Leis do Trabalho (cumprir e
fazer cumprir as normas de segurança), o nível de risco e as medidas que deveriam ser
previamente adotadas, bem como as responsabilidades da empresa e de seus prepostos
pelo não-cumprimento, fica clara a responsabilidade direta da empresa e de seus
gestores e prepostos pelo ressarcimento do dano.
Além disso, outras normas previdenciárias e trabalhistas também possuem
especificidade que exigem o acurado estudo e detalhamento para o seu cumprimento,
como no caso da NR 17, que trata das condições ergonômicas do ambiente ocupacional,
quase sempre ignoradas, já que alguns ambientes de trabalho parecem estar livres de
acidentes e doenças, bem como do atendimento a normas específicas, gerando
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problemas trabalhistas e cíveis para as organizações. Vale lembrar do caso dos
treinamentos obrigatórios de segurança ocupacional, dos quais as empresas não
costumam manter uma documentação que comprove o treinamento.
Mais recentemente, pela medida provisória 83, de 12 de dezembro de 2002, o
poder público adotou novas normas quanto à aposentadoria especial no que tange às
condições ambientais de trabalho, determinando que até julho de 2003 as empresas que
possuem empregados, prestadores de serviço e cooperados e que exercem atividades
expostos a agentes nocivos à saúde ou à integridade física, deverão emitir a Dirben 8030,
e a partir disso, o perfil profissiográfico previdenciário, visando assegurar a percepção dos
benefícios previdenciários, ou seja, existe um controle indireto das condições de trabalho,
que podem ser levadas a juízo para apreciação quando ocorrerem doenças ou acidentes.
Diz o artigo artigo 932 do Código Civil:
São também responsáveis pela reparação civil:...
III - O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele
Na prática, isso significa que, se a empresa é acionada civilmente por ato ilícito
em casos de acidentes ou doenças provocadas pelas condições de trabalho, e ficar
provado que os profissionais de Recursos Humanos, Gestão ou Administração de Pessoal
não adotam providências a eles cabíveis, a empresa pode ingressar com uma ação
regressiva contra estes profissionais e cobrá-los judicialmente um valor estipulado em
tribunal. Faz parte da tarefa destes profissionais orientar a empresa e executar todas as
medidas voltadas para proteção laboral, intimamente ligada ao seu trabalho. Faz-se,
assim, necessário que os profissionais de gestão de recursos humanos e de pessoal
entendam os riscos inerentes a procedimentos de omissão quanto ao cumprimento do
capítulo V, título II da CLT e outras normas prevencionistas, que não podem ser
explicadas em juízo com a simples desculpa de excesso de serviço ou de não saber como
fazer, já que existem meios e instrumentos que permitem socorro em caso de dúvida.
As ações de responsabilidade civil por ato ilícito passam a ter prescrição em três
anos (Código Civil Brasileiro, artigo 206 § 3o Em três anos: V - a pretensão de reparação
civil), sendo conveniente que os gestores de RH e de administração de pessoal
mantenham em seu poder, ainda que por cópia, todos os documentos gerados por eles
nas empresas em que trabalham ou trabalharam nos últimos cinco anos, para que
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possam se servir deles como prova em juízo quanto a sua não-responsabilização pessoal
no que tange a acidentes e doenças ocupacionais.
E se a responsabilidade civil alcança os gestores de RH e de administradores de
pessoal de forma quase indireta, a responsabilidade criminal é direta. Em caso de morte
por acidente de trabalho, por exemplo, tais profissionais podem ser enquadrados no
Código Penal (artigo 121 parágrafo 3º -homicídio culposo), e em caso de ferimentos ou
sequelas, no artigo 129, parágrafo 1º - lesão corporal culposa. Ademais, o artigo 132 do
mesmo Código trata da exposição ao perigo e pode ser arguido por empregado, sindicato,
defensor ou promotor público, sempre que as medidas previstas na legislação de
segurança e saúde ocupacional não estiverem sendo cumpridas, pondo em perigo a vida
ou a saúde de qualquer trabalhador ou prestador de serviço, já que a responsabilidade
pela fiscalização do cumprimento das normas legais incide sobre o contratante principal.
Resta, assim, aos gestores de RH e de administração de pessoal, dedicar uma
atenção especial ao cumprimento das normas legais de saúde e segurança no trabalho,
observando detidamente as prescrições relativas a cada cargo ou função, bem como as
condições de trabalho e normas específicas inerentes, sob pena de serem
responsabilizados, cível e penalmente, pelas consequências decorrentes de ação ou
omissão, nas formas que a lei define.
* Selene Negreiros é advogada, especialista em Responsabilidade Civil, professora e conferencista nas áreas de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente/ [email protected]
Administração da Produção I – Professor Adm. Walter Martins Júnior
FACULDADE ARAPOTI – FATIAdministração da Produção I________________________________________________________________________
7 BIBLIOGRAFIA
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Administração da Produção I – Professor Adm. Walter Martins Júnior