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FACULDADE 7 DE SETEMBRO CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO INTERNET, REDES SOCIAIS DIGITAIS E POLÍTICAS: O TWITTER DO GOVERNADOR CID GOMES GUSTAVO AUGUSTO PAULA VIEIRA FORTALEZA – 2010 1

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO

CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

INTERNET, REDES SOCIAIS DIGITAIS E POLÍTICAS:

O TWITTER DO GOVERNADOR CID GOMES

GUSTAVO AUGUSTO PAULA VIEIRA

FORTALEZA – 2010

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GUSTAVO AUGUSTO PAULA VIEIRA

INTERNET, REDES SOCIAIS DIGITAIS E POLÍTICAS:

O TWITTER DO GOVERNADOR CID GOMES

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Comunicação Social.

Orientadora: Prof. Alessandra Marques

FORTALEZA - 2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha saúde. À minha família, pelo bem mais precioso

que eu poderia herdar: a educação. Aos meus amigos jornalistas,

especialmente Valdélio Muniz e Marcelino Leal, pelo forte apoio; meus

colegas de faculdade, Natalie Caratti e Antino Silva, pelo convívio, pela

compreensão e pela amizade; e as minhas chefes Cláudia Monteiro, Clícia

Weyne e Maryllenne Freitas. Grandes mulheres. Agradeço ainda os meus

professores de sempre: os que me ensinaram a ler, os da minha

adolescência no Colégio Piamarta e toda a equipe da Faculdade 7 de

Setembro, pelo incentivo e pelo apoio constantes. E à Wilson Júnior

Baltazar, por tudo.

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SUMÁRIO

Apresentação ….............................................................................6

PARTE 1 – Século XX: Transformações e quebras de paradigmas

1.1 - O período pós-Revolução Industrial …..........................................9

1.2 - A cibercultura e o ciberespaço …...............................................14

1.3 - O meio técnico-científico-informacional …...................................18

1.4 - Aspectos culturais da última década do século XX …....................20

PARTE 2 – Jornalismo na Internet

2.1 - A digitalização da imprensa …...................................................21

2.2 - O ciberespaço e as diversas possibilidades comunicativas …..........24

2.3 - O webjornalismo e o novo jornalista..........................................26

2.4 - Crise no jornalismo "analógico".................................................31

PARTE 3 – Internet e Liberdade de Expressão

3.1 - Possibilidades de democratização do conhecimento......................34

3.2 - Graus de interatividade e participação........................................36

3.3 - Blogs: informação com mediação..............................................38

3.4 - As redes sociais digitais...........................................................40

3.5 - O Twitter: a grande ágora virtual...............................................43

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PARTE 4 – Análise do Objeto

4.1 - Twitter e participação política ….................................................48

4.2 - Os políticos no Twitter..............................................................51

4-3 - O cotidiano do governador Cid Gomes documentado pelo Twitter e a

repercussão na mídia …...................................................................55

4-4 - Outros episódios envolvendo o governador e o Twitter …..............80

Considerações Finais...................................................................86

Bibliografia..................................................................................90

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APRESENTAÇÃO

"O Twitter é uma rede de informações em tempo real onde pessoas

ao redor do mundo compartilham e descobrem o que está acontecendo

neste momento". O sistema pergunta 'o que está acontecendo' e faz com

que as respostas atravessem o globo. Suas respostas repercutem para

milhões de pessoas, imediatamente". Essa é uma tradução livre da página

inicial do site de microblogs Twitter. A ferramenta da internet permite que

seus usuários transmitam ideias com até 140 caracteres. Por ser

totalmente livre e gratuito, o uso do site pode ser o mais diverso possível.

É permitido falar desde o que acontece na vizinhança até anunciar as mais

recentes descobertas científicas.

Este trabalho pretende fazer uma análise do uso político da

ferramenta através do estudo de caso do Governador do Ceará Cid

Ferreira Gomes. Nosso objeto de estudo utiliza o Twitter para disseminar

informações de seu governo, criticar a imprensa, anunciar sua agenda de

compromissos e defender seus interesses políticos. A ideia aqui não é

elaborar um discurso maniqueista do simples uso político de mais uma

ferramenta da internet. Aqui se propõe mostrar as múltiplas possibilidades

do uso desse recurso digital e a repercussão social do mesmo, inclusive na

práxis jornalística.

Uma das principais tarefas dos sociólogos e outros estudiosos da comunicação de massa, ao apreciar essa revolução da comunicação e as controvérsias geradas por ela, é a de reunir dados científicos referentes ao impacto provocado pelos veículos em seus respectivos públicos, a fim de substituir a especulação emocional com uma documentação realista que servirá de base para a discussão pública desse assunto (DEFLEUR, 1971)

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Na conjuntura política brasileira atual é comum que um governante

tente se aproximar do seu eleitorado. E essa relação pode se dar das mais

diversas formas. Pode ser um palanque no meio de uma praça. Nos

discursos prontos para televisão e para o rádio. Ou na inauguração de

uma obra. A internet não poderia ficar de fora dessa mediação. Sobretudo

após o crescimento de seu uso doméstico. A internet é um ambiente

totalmente livre ou seu uso político deve ser monitorado? Até que ponto

informações publicadas nos sites devem servir de base para as pautas dos

meios de comunicação de massa? Os novos usos da internet pelos

políticos são reflexos de uma forma mais autêntica de se construir um

espaço público mais rico de diálogos?

Figura 1 – Aspecto da página do Twitter do governador Cid Gomes ( http://www.twitter.com/cidfgomes)

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Por conta da velocidade dos acontecimentos, ainda não é seguro

falarmos de fatos concretos, e sim de possibilidades. Se a tecnocultura

dessacralizou a vida social, a cibercultura contemporânea parece

possibilitar (e é de possibilidades que estamos falando e não de certezas

ou causalidades fechadas) novas formas de re-encantamento social,

através das diversas agregações eletrônicas e do fazer artístico (LEMOS,

2002).

A velocidade do avanço tecnológico parece não ser acompanhada pelo avanço da reflexão teórica (…) Essa velocidade muitas vezes não nos permite refletir sobre essas novas tecnologias e suas implicações em nossas vidas. Com a mesma rapidez com que são desenvolvidos, esses novos aparatos tecnológicos são incorporados ao nosso cotidiano, em um processo que não desperta a reflexão crítica sobre o impacto dessas tecnologias. (FURTADO, 2005)

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PARTE 1 - SÉCULO XX: TRANSFORMAÇÕES E QUEBRAS DE

PARADIGMAS

1.1 - O período pós-Revolução Industrial

O período que surge cronologicamente após a Revolução Industrial é

comumente chamado de era pós-moderna ou contemporânea, embora

não ainda não haja um único conceito na academia que defina por

completo o tempo histórico atual. Alguns teóricos acreditam que vivemos

hoje em uma cultura que é consequência da industrialização e do

amadurecimento do sistema capitalista. Outros preferem encontrar

elementos que reforcem a ideia de que a "pós-modernidade" é um período

totalmente novo na História da humanidade. O fato é que, no século XX, a

humanidade experimentou rápidas e profundas transformações em seu

modo de vida (HOBSBAWN, 1995).

O notável desenvolvimento das telecomunicações e da informática

durante a Guerra Fria gerou muita expectativa entre a população que vivia

nos países capitalistas. Especulava-se, por exemplo, que, no "futuro", as

pessoas falariam em telefones que permitiam ver claramente os

interlocutores e que os carros seriam voadores. Indiretamente,

acreditava-se que o "futuro" seria exatamente o final do milênio. O termo

"ano 2000" era carregado de subjetividade. Seria uma espécie de marco

de todas as transformações sociais. A indústria cultural, alimentava esse

sonho, através de filmes e seriados de TV, que fizeram sucesso durante a

corrida espacial, como "Os Jetsons", "Guerra nas Estrelas (Star Wars)",

"Jornada nas Estrelas (Star Trek), "2001 - Uma Odisséia no Espaço" e

"Laranja Mecânica".

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O historiador angloegípcio Eric Hobsbawn escreveu uma obra

chamada "A Era dos Extremos". Era esse o termo que ele empregou para

definir todas essas transformações ocorridas no século XX e as

espectativas da humanidade quanto ao futuro. À propósito, Hobsbawn

pertence ao time dos que consideram a "pós-modernidade" um período

totalmente novo na História da humanidade.

O futuro não pode ser uma continuação do passado, e há sinais, tanto externamente quanto internamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. As forças geradas pela economia tecnocientífica são agora suficientemente grandes para destruir o meio ambiente, ou seja, as fundações materiais da vida humana. As próprias estruturas das sociedades humanas, incluindo mesmo algumas das fundações sociais da economia capitalista, estão na iminência de ser destruídas pela erosão do que herdamos do passado humano. No mundo corre o risco de explosão e implosão. Tem de mudar.(HOBSBAWN, 1995)

Na obra “ A Condição Pós-Moderna”, o geógrafo britânico David

Harvey (1993) também pesquisou as mudanças nas práticas culturais na

segunda metade do século XX. Embora afirme que exista uma “mudança

abisal” nessas práticas, Harvey não vê uma possível ruptura com o

passado. “Confrontadas com as regras básicas de acumulação capitalista”,

essas mudanças se mostram mais como “transformações da aparência

superficial do que como sinais do surgimento de alguma sociedade pós-

capitalista ou mesmo pós-industrial inteiramente nova”.

Para definir essa fase, ele elabora o termo “pós-modernidade”, ou

seja, novo ciclo de “compressão do tempo-espaço” na organização do

capitalismo". Ele aponta a crise econômica do início dos anos 1970 como

um período de transição de um padrão de acumulação capitalista rígido,

representado historicamente pelo Fordismo e suas forças produtivas, aos

novos modos de acumulação do capital, que ele chama de “acumulação

flexível”.

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A única certeza histórica que tínhamos na virada do milênio, no ano

2000, era de que, no século XX, o homem teria ultrapassado todos os

seus limites. Contudo, o que viria a seguir era uma verdadeira incógnita.

Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até esse ponto (...) Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão. (HOBSBAWN, 1995)

Foi justamente entre 1901 e 2000 que a tecnologia permitiu que as

pessoas vivessem com mais conforto. As necessidades foram substituídas

pelo fetiche. O excesso de industrialização criou, como consequência, a

Sociedade do Espetáculo (DEBORD, 1997) conceito utilizado pelos

marxistas para definir o estilo de vida contemporâneo ou pós-moderno.

André Lemos (2002), explica que a Sociedade do Espetáculo é o

resultado do modo de produção capitalista industrial aplicada ao

entretenimento e à comunicação.

É a sociedade da retificação dos homens e das coisas, criando o feiticismo em relação aos objetos, ao consumo trivial e banalizado, acarretando assim um pseudo-gozo. A sociedade do espetáculo aniquila, pelo poder técnico-midiático, a realidade. A tecnologia é, sem dúvida, nesta perspectiva, uma ferramenta sutil de controle das massas, de racionalidade tecnocrática e de homogeneização social. A sociedade do espetáculo lança os germes da sociedade de simulação. (LEMOS, 2002)

Tudo era produzido industrialmente e em larga escala. As

previsões sobre o futuro eram as mais diversas possíveis. Porém, era

possível perceber sinais de que o estilo de vida contemporâneo poderia

entrar em colapso a qualquer momento. Os recursos naturais, matéria-

prima essencial da "indústria" (aqui vista pelo conceito mais amplo),

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começaram a ficar escassos. Não havia trabalho para todos e,

consequentemente, o consumo, ato retroalimentador do sistema

econômico, não era acessível a todos.

O futuro não pode ser uma continuação do passado, e há sinais, tanto externamente quanto internamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. As forças geradas pela economia tecnocientífica são agora suficientemente grandes para destruir o meio ambiente, ou seja, as fundações materiais da vida humana. As próprias estruturas das sociedades humanas, incluindo mesmo algumas das fundações sociais da economia capitalista, estão na iminência de ser destruídas pela erosão do que herdamos do passado humano. No mundo corre o risco de explosão e implosão. Tem de mudar. (HOBSBAWN, 1995)

Se por um lado, haviam dúvidas ou incertezas, por outro surgiram

diversas possibilidades. Nunca o homem havia aprimorado tanto suas

técnicas. Após o advento da eletrônica, a indústria passou a criar diversos

equipamentos, para os mais diversos usos. Os eletrônicos, em sua

maioria, foram ficando cada vez menores e cada vez mais acessíveis. Em

pouco tempo, seres humanos e máquinas passaram a conviver lado-a-lado

harmoniosamente. O que era impensável no final do século XIX, tornou-se

banal cem anos depois.

Entre esses equipamentos, vários deles foram idealizados para

atender a mais primária das necessidades humanas: a comunicação. No

início do século XX, os parisienses se encantavam com as primeiras

sessões de cinema. Empresas e famílias mais abastadas já podiam utilizar

o telefone para se comunicar com parentes e amigos à distância. Os

equipamentos telegráficos deram lugar aos transmissores e receptores de

rádio. E em seguida veio a televisão, levando som e imagens à lugares

nunca antes imaginados.

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Não bastasse tamanha evolução dos equipamentos de comunicação,

no decorrer do século, paralelo ao aprimoramento de todas essas

tecnologias, surgiram os primeiros computadores eletrônicos. O que, na

década de 1950, ocupava uma sala inteira, pesava toneladas e processava

dados mínimos, décadas depois a realidade era outra (BRETON, 1991). O

microcomputador era um equipamento essencial para o trabalho nas

firmas e desejo de consumo para o lazer das famílias. Era um

equipamento multimídia, emitia sons, exibia vídeos e escrevia textos.

Tinha cores, era relativamente fácil de usar. Se tornaria a central de

entretenimento da família pós-moderna. Se tornou acessível para as

classes médias urbanas. E estava ligado em rede

Eis um paradoxo contemporâneo. O microcomputador pessoal e

suas variantes, conectado à milhares de pessoas e possibilitando novas

formas de comunicação, poderia transformar radicalmente a organização

social. O computador seria o ícone de uma nova era. Muitos apostavam

que uma revolução estava por vir. Que o futuro havia chegado. A

tecnologia torna-se instrumento de conquista do mundo (abolição do

espaço, real tempo, onipresença) e de formação comunitária (LEMOS,

2002).

No entanto, ainda é cedo para falar em revolução. É certo que a

computação pessoal traria sérias modificações nas relações de trabalho,

no consumo de entretenimento e na participação política. Porém, no final

do século XX, havia mais possibilidades do que experiências de fato.

Contudo, em meio a tantas incertezas, uma das coisas que poderia ser

dita com uma mínima propriedade era de nada seria como antes.

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1.2 - A cibercultura e o ciberespaço

Um dos conceitos que tentam explicar essa "pós-modernidade" é a

Cibercultura, conceito amplamente aplicado no presente estudo. Embora

leve em consideração que vivemos em uma era de transição e, por isso, a

cibercultura considera nada mais natural que os atores sociais

hegemônicos predominantes na sociedade analógica ainda tenham forte

relevância na sociedade digital. A diferenciação se faz agora no peso do

fluxo das informações transmitidas por esses atores. A difusão

centralizada ao receptor disperso em um massa amorfa dá lugar a uma

difusão multidirecional que se dirige a um receptor que, na cibercultura,

também passa a ser um possível emissor. Os jogos de poder não se

alteram profundamente na cibercultura. No entanto, existem

possibilidades, no espaço virtual, de se questionar, opinar, dialogar,

retransmitir ou debater.

Através da internet, a racionalidade tecnológica, filha dileta da modernidade, convive lado a lado com o símbolo, o mítico e o religioso. É essa heterogeneidade que marca a emergente cibercultura. O ciberespaço é, portanto, a casa do livre pensar, da imaginação, espaço reservado para a vitalidade e o dinamismo social. (FURTADO, 2005)

Lemos (2002) explica que o fluxo unidirecional de mensagens, a

difusão centralizada ao receptor disperso e homogeneizado da Sociedade

do Espetáculo dá lugar a digitalização dos media, do advento de um fluxo

de mensagens planetário, multimodal e bidirecional, onde o receptor

torna-se, também, um emissor potencial. Para o pesquisador, a

cibercultura quer por fim aos padrões. É importante lembrar que a

padronização é uma das mais marcantes características da sociedade

industrial. "A cibercultura tenta reverter, como uma revolta da vida sob

uma forma estagnada, a lógica mortífera da padronização tecnológica".

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Pierre Levy (199) defende que "o ciberespaço é efetivamente um

potente fator de desconcentração e de deslocalização, mas nem por isso

elimina os 'centros'". A máxima tenta resumir a principal razão pela qual

não podemos acreditar que já tenha surgido uma "nova sociedade" pós-

moderna. O pensador francês acredita que a cibercultura "surge como a

solução parcial para os problemas da época anterior".

Já Alvin Toffler (1999) corrobora em partes com essa prerrogativa.

Ele dividiu a história da sociedade em três ondas de mudanças, que

representam a grandes transformações na organização da sociedade. A

primeira delas foi desencadeada há dez mil anos com a descoberta da

agricultura. A Segunda Onda foi provocada pela revolução industrial. E por

fim, ele acredita que estaríamos a mercê de uma terceira onda

Uma nova civilização está emergindo em nossas vidas e por toda a parte há cegos tentando suprimi-la. Esta nova civilização traz consigo novos estilos de família, modo de trabalhar, amar e viver diferentes; uma nova economia; novos conflitos políticos; e, além de tudo isto, igualmente uma consciência alterada. Fragmentos desta civilização já existem. Milhões de pessoas já estão sintonizando suas vidas com o ritmo de amanhã. Outros, aterrados diante do futuro, estão empenhados numa fuga inútil para o passado e tentam restaurar o mundo moribundo que lhes deu o ser. (TOFFLER, 1999)

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1.3 - O meio técnico-científico-informacional

Além da "Terceira Onda" de Toffler e do conceito de cibercultura,

outra pressuposto teórico usado para discutir o espaço geográfico do

mundo atual é o meio técnico-científico-informacional. Como geógrafo,

Milton Santos fala das relações entre a sociedade e a natureza,

argumentando que o meio natural é substituído pelo homem por um meio

cada vez mais artificializado, ou "sucessivamente instrumentalizado"

(SANTOS, 2008). Para ele, a história do meio geográfico é dividida em

três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-

informacional, sendo este último o meio geográfico do período atual.

O meio natural é definido com um período onde o homem realizava

poucas transformações no ambiente. Os sistemas técnicos não tinham

existência autônoma, o que faz muitos autores chamarem esse período de

"pré-técnico". Já o período técnico vê a emergência de um espaço

mecanizado, marcado por um entrelaçamento entre a cultura e a técnica.

Os objetos que formam o meio são, ao mesmo tempo, culturais e

técnicos. Já o período técnico-científico-informacional se distingue dos

anteriores pelo fato da profunda interação da ciência e da técnica.

Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sobre a égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e a técnica, torna-se um mercado global. A ideia de ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à questão ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica. Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais (...) Quando nos referimos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais de meio técnico quie se trata. Estamos diante da produção de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico-científico-informacional. (SANTOS, 2008)

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Diante disso, Milton Santos fala ainda em um bruto recuo da

natureza natural e por outro lado, aponto uma evidência de um meio cada

vez mais artificial. Nesse novo meio, a informação seria o vetor

fundamental para facilitar a circulação de coisas e pessoas. Assim, "os

interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política

são incorporados plenamente às novas correntes mundiais". Ele define o

meio técnico-científico-informacional como "a cara geográfica da

globalização", porque "pelo fato de ser técnico-científico-informacional, o

meio geográfico tende a ser universal", dentro dessa nova realidade

(SANTOS, 2008)

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1.4 - Aspectos culturais da última década do século XX

A última década do século XX apontava para o que viria a seguir no

que diz respeito aos hábitos culturais da sociedade ocidental de consumo.

Finalmente, o microcomputador se tornou um eletrodoméstico acessível

para as classes médias urbanas de todo o planeta. Além disso, havia um

esforço da indústria para aproximar as pessoas dessas máquinas, seja por

intermédio da criação de telecentros, cibercafés ou bibliotecas virtuais,

seja por conta dos financiamentos bancários, inclusive estatais. Neste

mesmo período, a interface, ou seja, a mediação entre o homem e o

microcomputador se encontrava desenvolvida a ponto de que, qualquer

pessoa, com um mínimo de treinamento, pudesse usá-lo.

Durante muito tempo polarizada pela "máquina", balcanizada até recentemente pelos programas, a informática contemporânea - soft e hardware - desconstrói o computador para dar lugar a um espaço de comunicação navegável e transparente centrado nos fluxos de informação. (LÉVY, 1996)

Era o ápice do era PC ou personal computer (computador pessoal,

na tradução literal do inglês). Os computadores pessoais passam a ter

recursos multimídia, ou seja, emitem sons, exibem vídeos e permitem a

leitura e edição de textos. Ter um computador em casa era o sonho de

consumo da maioria das pessoas que viviam nas grandes cidades. A

possibilidade de jogar, acessar enciclopédias digitais, assistir filmes ou

ouvir discos era o principal argumento dos fabricantes, que vendiam as

máquinas como uma verdadeira central de entretenimento digital da casa.

Os sistemas operacionais, ou seja, os aplicativos que fazem às vezes

de principal interface entre o homem e a máquina, se tornaram intuitivos

a ponto de reproduzir virtualmente um ambiente de escritório. Eles

utilizam a chamada "metáfora do desktop". Ao ligar um computador, as

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pessoas veem na tela uma representação icônica de uma mesa de

trabalho, com pastas e arquivos, uma lixeira, bloco de notas e calculadora.

O principal dispositivo de saída de dados era o monitor que parecia

bastante com o televisor que a maioria das pessoas já tinha em casa. Em

relação à entrada de dado, o usuário teria um teclado similar aos das

máquinas de escrever e o mouse, um acessório que serve para apontar na

tela os itens que ele deseja acessar durante o uso do microcomputador.

Paralelo ao acesso às máquinas, e à facilidade de uso delas, a última

década do século XX foi marcada também pela possibilidade de conexão

doméstica às redes mundiais de dados. Inicialmente desenvolvida para

fins militares, de forma que a queda de um ponto de acesso não

prejudicaria a conexão com os demais, a Internet passou a ser usada em

grandes centros de pesquisa e universidades e só passou a ser

comercializada no final da década de 1980. Sua interface era simples, com

linhas de comando e textos sobre um fundo escuro.

Com o desenvolvimento da World Wide Web - WWW ou teia de

alcance mundial – a Internet se tornou mais atrativa comercialmente. A

partir de então, a interface da Internet convergia com a "metáfora do

desktop". A organização visual das páginas exibidas em um computador

conectado à rede se tornou parecida com as mídias analógicas que o

usuário já conhecia, como as revistas e os jornais, o rádio e a televisão.

Através da World Wide Web as informações da internet ganharam um novo e sedutor formato, cada vez mais aproximado dos padrões gráficos e visuais das revistas e da TV. Com a popularização dos recursos de multimídia, a WWW agrega os recursos de som, animação, vídeo, iniciando um processo cada vez mais crescente da aproximação da internet com outras mídias. (FURTADO, 2005)

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Ligados em rede, os computadores ganharam 'vida', tornaram-se

uma extensão do cérebro humano. Passaram a trocar dados

instantaneamente, de todos os lugares, a todo o momento. Criaram uma

interdependência entre homens e máquinas, alterando radicalmente a

relação existente entre eles. De espectadoras ou coadjuvantes do

processo de transformação social, as máquinas tornaram-se

coparticipantes e essenciais nessa trajetória. André Lemos (2002)

considera que, hoje, os computadores são meta máquinas ou dispositivos

de simulação, não mais equipamentos industriais nem ferramentas de

produção, no sentido de manuseio de matérias-primas e energia. Ele

utilizada o termo “computador conectado” para denominar a máquina que

fornece acesso ao ciberespaço de forma fixa (LEMOS, 2003). Essa

“máquina” pode ser um computador pessoal ligado à internet ou outro

equipamento eletrônico, como os telefones móveis.

A passagem do PC ao CC (computador conectado) será prenhe de consequências para as novas formas de relação social, bem como para as novas modalidades de comércio, entretenimento, trabalho, educação, etc. Essa alteração na figura emblemática maior da cibercultura, o computador, nos coloca em meio à era da conexão generalizada, do tudo em rede, primeiro fixa e agora, cada vez mais, móvel. (LEMOS, 2003)

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PARTE 2 - JORNALISMO NA INTERNET

2.1 - A digitalização da imprensa

O crescimento da Internet era notável. Havia um enorme interesse

social na nova tecnologia. Daí, os meios de comunicação de massa teriam

que, de certa forma, participar desse crescimento. Quem não estivesse na

internet em meados da década de 1990 era considerado antiquado. Uma

empresa consolidada precisava ter um endereço na rede. Não foi diferente

com os conglomerados de mídia. Técnicos e pesquisadores passaram a

desenvolver ideias criativas para o uso da rede. Surgiram novas profissões

ou especificações de trabalho. As agências de publicidade rapidamente

ocuparam o novo filão. Tudo isso deu suporte para o crescimento

comercial da rede. Era notável que, instituições que possuíam

determinado prestígio no mundo real, tinham mais chances de terem

sucesso no mundo virtual. E isso facilitou o ingresso dos meios de

comunicação de massa na Internet.

No Brasil, as primeiras iniciativas no sentido de disponibilizar a internet ao público em geral começaram em 1995, com a atuação do governo federal (através do Ministério da Comunicação e do Ministério de Ciência e Tecnologia) no sentido de implantar a infraestrutura necessária e definir parâmetros para a posterior operação de empresas privadas provedoras de acesso aos usuários. Desde então, a internet no Brasil experimentou um crescimento espantoso, notadamente entre os anos de 1996 e 1997, quando o número de usuários aumentou quase 1000%, passando de 170 mil (janeiro/1996) para 1,3 milhão (dezembro/1997). Em janeiro de 2000, eram estimados 4,5 milhões de “internautas” (MONTEIRO, 2001)

Aqui no Brasil, o grupo Abril e o jornal Folha de São Paulo fundaram

o portal Universo OnLine (UOL). Duas grandes companhias telefônicas e

um grupo de investidores do mercado financeiro se uniram para o criar o

provedor IG, que fornecia acesso grátis para pessoas que queriam

navegar pela Internet. As organizações Globo, mesmo tardiamente,

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lançou o portal Globo.com, sustentada pelo sucesso de sua emissora de

televisão e pela credibilidade do seu principal veículo impresso, o jornal

carioca O Globo.

A virtualização dos jornais marca o início de uma verdadeira revolução na forma de coletar, editar, distribuir e acessar informações. Em menos de dois anos, os jornais eletrônicos deixaram de ser meras reproduções dos jornais impressos, e aperfeiçoando-se, passaram a explorar todos os seus recursos de interatividade e multimídia, iniciaram o desenvolvimento de uma linguagem própria e alcançaram uma autossatisfação financeira (FURTADO, 2005)

No segmento de comércio eletrônico, a tradicional rede de lojas de

departamento Lojas Americanas, abriu uma filial na rede. Os principais

bancos do país, Bradesco, Unibanco, Itaú e Banco do Brasil ao mesmo

tempo que financiavam computadores a longo prazo, ofereciam seus

principais serviços na tela do computador conectado à Internet. Havia

também um esforço do poder público, sobretudo federal, para incentivar o

uso da rede. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) abriu um

site para fornecer o serviço de busca de CEP e o rastreamento de

encomendas. A Receita Federal oferece, até hoje, a consulta de CPF e

CNPJ, e um dos endereços mais acessados pelos brasileiros que usam a

internet. E o poder executivo, como um todo, sempre utilizou amplamente

a Internet para divulgar suas realizações.

As pessoas passaram a exigir das empresas e dos órgãos públicos

um endereço na Internet. Além disso, surgiram diversas empresas que

nasceram dentro da Internet, sem nenhuma história anterior fora dela. E

dentro desse grupo existem vários veículos de comunicação. Entre eles,

estavam sites jornalísticos ou empresas de publicidade que passaram a

competir com os veículos tradicionais. Surgiu ainda uma demanda de

leitores para que estes veículos também tivessem conteúdo específico

para a web, além do que já é tradicionalmente impresso e digitalizado.

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"A maioria dos sites jornalísticos surgiram como meros

reprodutores do conteúdo publicado em papel. Apenas uma

etapa posterior é que começaram a surgir veiculos realmente

interativos e personalizados" (...) "O potencial da nova mídia

tornou-se um instrumento essencial para o jornalismo

contemporâneo e, por ser tão gigantesco, está começando a

moldar produtos editoriais interativos com qualidades

atraentes para o usuário: custo zero, grande abrangência de

temas e personalização"(FERRARI, 2003, p. 38)

No caso específico do jornalismo, essa “digitalização” se deu em três

etapas, de acordo com Luciana Mielniczuk¹ (2003). Na primeira etapa,

dominam os sites que publicam material editorial produzido edições em

outros meios, reaproveitados na reide. Em uma segunda fase, os

jornalistas criam conteúdos originais para a rede, passando a utilizar

hiperlinks para outros sites. A terceira fase, que está emergindo nesse

momento, caracteriza-se pela “produção de conteúdos noticiosos originais

desenvolvidos especificamente para a web, bem como o reconhecimento

desta como um novo meio de comunicação”.

__________

¹ Luciana Pellin Mielniczuk é professora do curso de Jornalismo e do Mestrado em Comunicação Midiática da UFSM. Estuda jornalismo digital desde 1995, atualmente coordena o Grupo Jornalismo Digital (UFSM) e participa do Grupo de Pesquisas em Jornalismo Online (UFBA)

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2.2 - O ciberespaço e as diversas possibilidades comunicativas

Continuidade do processo tecnocultural iniciado pela Revolução

Industrial ou o começo de forma de organização social totalmente nova, o

fato é que a vida contemporânea passa por uma processo de profundas

mudanças socioculturais, como define Pierre Levy (2001). André Lemos

(2002) defende que a cibercultura seria fruto dessas novas formas de

relação social.

O novo milênio começou aberto a novas formas de experimentar a

vida coletiva. Uma coletividade virtual, não necessariamente real. E um

coletivo montado através de redes. As expectativas eram as maiores

possíveis. As transações comerciais, as telecomunicações, os processos

educativos e o lazer já funcionavam em rede. A sociedade não seria mais

a mesma depois da cibercultura. As transformações no modo de viver e

trabalhar na virada do milênio criou a necessidade de implantar novas

profissões ou aperfeiçoar ofícios já existentes. "Pela primeira vez na

história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma

pessoa no início de seu percurso profissional estarão obsoletas no fim de

sua carreira" (LÉVY, 1999).

Se a tecnocultura dessacralizou a vida social, a cibercultura contemporânea parece possibilitar (e é de possibilidades que estamos falando e não de certezas ou causalidades fechadas) novas formas de reencantamento social, através das diversas agregações eletrônicas e do fazer artístico". (LEMOS, 2002).

O magnata Assis Chateubriand, um dos maiores expoentes

brasileiros do século XX no segmento dos meios de comunicação de massa

disse, certa vez, que "quem quiser publicar suas opiniões que compre seu

próprio jornal” (MORAIS, 1994). E esse era o sonho dos internautas que

se aventuraram em emitir qualquer opinião na Internet, por meio de suas

páginas virtuais. Os anos 2000 foram marcados pelos blogs e pelas redes

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sociais virtuais que, a grosso modo, permitiam que qualquer usuário

conectado à Internet.

Seria mais ou menos o que propusera Pierre Levy ao prever que

cada um se tornará autor, proprietário de uma parcela do ciberespaço.

(LEVY, 2001). Ao contrário do que possa parecer, a simples apropriação do

usuário de um “pedaço” da rede representa uma revolução na lógica do

fazer e consumir informações no meio digital. A lógica não era de

substituição, nem transposição, mas de um fenômeno global de

mudanças socioculturais complexas (LEMOS, 2002). Ou seja, o mundo

ocidental de consumo estaria no início de uma revolução comunicacional

sem precedentes.

Para alguns, seus inventores e primeiros promotores, a rede é um espaço livre de comunicação interativa e comunitário, um instrumento mundial de inteligência coletiva. (...) Para outros ainda, (...) o ciberespaço teria vocação para acolher uma espécie de banco de dados universal onde poderiam ser encontrados e consumidos, mediante pagamento, todas as mensagens, todas as informações, todos os programas, todas as imagens, todos os jogos imagináveis. (LÉVY, 1999)

Diante disso, era natural que a práxis jornalística também sofresse

mudanças durante esse período. Pierre Levy (1999) já previa que a

perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará

o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da

humanidade a partir do início do próximo século.

A internet consolidou-se como uma nova e poderosa mídia e acabou por influenciar a técnica e a forma dos jornais impressos. O desenvolvimento e popularização dos recursos da Internet levaram a que os jornais, mesmo os que não contam com uma versão eletrônica, utilizem-se, por exemplo, do correio eletrônico para interagir com seus leitores. Isso sem falar nas influências na programação visual e na formatação dos textos e a ampla utilização de ícones e infográficos. Existe cada vez mais hoje em dia uma confluência, uma articulação e uma complementação entre versões ]eletrônicas e impressas dos jornais. (FURTADO, 2005).

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2.3 - O webjornalismo e o novo jornalista

O jornalismo eletrônico online nasceu quando a internet se

consolidou como meio de comunicação de massa, apropriada pelos

grandes conglomerados de comunicação hegemônicos de outrora. Já para

os usuários, seria uma nova forma de acessar, ler e perceber o mundo

(FURTADO, 2005). Contudo, não foi apenas o jornal que mudou. O

jornalista também precisou mudar. Surgiram novos paradigmas para

definir o profissional que atua no jornalismo.

As mídias convencionais brasileiras começaram a pensar e criar versões online de seus produtos em meados de 1995. Tratou-se de um processo natural, em que, ao longo dos anos, as novidades tecnológicas chegaram para ficar e foram introduzidas nas redações. As velhas máquinas de escrever cederam espaço a computadores novos, máquinas que muito resistiram bravamente antes de render-se a modernidade. Com o tempo, criou-se uma cultura, uma nova rotina de trabalho, pois com tal ferramenta eletrônica, as velhas laudas foram deixadas de lado, o texto podia ser corrigido, quantas vezes fosse necessário, sem que toda a matéria tivesse que se reescrever e assim por diante. (MARANGONI et al, 2002,p. 33)

A priori, com a digitalização das redações, o jornalista que já atuava

em um veículo teve que acumular novas funções atualizando sites e blogs,

sobretudo nos veículos menores. A solução para alguns foi procurar

trabalho fora das redações.

A atividade autônoma, freelance, é a que cresce na área do jornalismo. Inúmero fatores podem ser atribuídos a essa tendência. O principal, infelizmente, está ligado à precarização do trabalho, fenômeno que atinge todas as categorias profissionais nesta era de globalização canibal, competitividade acirrada, desregulamentação da economia e das relações trabalhistas. (RAINHO, 2008)

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Embora acredite em uma precarização do trabalho do

jornalista, Rainho aponta alguns aspectos positivos do avanço tecnológico.

Ele lembra que o jornalismo é uma atividade que casa bem com o

teletrabalho. Para Rainho, "as facilidades da tecnologia, como a internet e

a telefonia celular, criaram o ambiente físico propício à disseminação do

trabalho freelance", estimulando o empreendedorismo na profissão.

O jornalista hoje é cada vez mais contratado por tarefa, seja na redação dos jornais, revistas, sites, TVs, rádios, agências noticiosas e assessorias. Não adianta mais querer se apegara funções, a editorias ou sonhar em fazer carreira interna. Isso pode até ocorrer, mas o jornalista terá de ter espírito empreendedor. Precisará trabalhar como se fosse um prestador de serviços; todo seu tempo terá de ser dirigido para a execução de uma tarefa, não mais para cumprir um horário burocrático. (RAINHO, 2008)

A precarização do trabalho devido o avanço tecnológico não é uma

característica somente da comunicação e nem algo recente. Existe desde

o início da Revolução Industrial. O fim do emprego formal será abordado a

partir da perspectiva de Bernhoeft, que escreveu sobre as transformações

no mundo do trabalho e as alternativas que o mercado oferece ao

empreendedor e afirmou que "o desaparecimento do emprego

convencional não significa que não exista trabalho. Ele existe, só que de

novas formas. Uma delas é a de criar suas próprias opções de negócio ou

atividade pessoal" (BERNHOEFT, 1996). Para garantir uma melhor

inserção no novo mercado de trabalho que estava sendo formado, as

faculdades de jornalismo teriam que mudar.

A Escola necessita repensar seu papel nesse processo, com urgência. Principalmente a partir das profundas mudanças que estão ocorrendo na economia e no mundo do trabalho, a escola não pode mais ser um simples agente que forma pessoas eficientes e adaptadas para o emprego convencional. As novas relações de trabalho, bem como as suas oportunidades, tem características muito diferentes. (BERNHOEFT,1996)

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Por outro lado, as tecnologias digitais trouxeram diversas

possibilidades aos profissionais da comunicação, como o jornalista. O

trabalho ficou mais rápido e fácil. Tornou-se possível, por exemplo,

acompanhar dados públicos divulgadas na rede.

E cruzar essas informações com outras fontes para desenvolver uma

reportagem. Como a Internet também encurtou as distâncias, o jornalista

poderia ainda entrevistar uma personalidade à distância por e-mail ou

através de uma ferramenta de bate-papo. Cremilda Medina (2008) afirma

que a entrevista, nas suas diferentes aplicações, "é uma técnica de

interação social, de interpretação informativa, quebrando assim

isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à

pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação. A

Internet, assim como o telefone, permitiu uma aproximação maior do

repórter com sua fonte, facilitando esse diálogo.

O desenvolvimento da Internet como mídia mudou ainda o perfil dos

jornais impressos. Com a rapidez na transmissão das informações através

da rede, os jornais impressos passaram a ser mais analíticos. Além disso,

o webjornalismo, como a nova categoria jornalística passou a ser

chamada, ganhou características próprias, únicas para a produção e

divulgação de notícias em rede.

Escribir textos periodísticos par a Internet exige una revisión dinámica de los modos habituales de presentar la información, de la estructura textual, del estilo y de las características de los lectores, a los que la interactividad característica de la red convierte en actores que interactúan con los medios y los periodistas. Y se hace necesario adaptar el lenguaje a las posibilidades dela nueva situación tecnológica y social, dejando claro desde el primermomento que no estamos ante un modelo definitivo, sino en una de las primeras fases de una viaje semántico, lingüístico y estilístico que acaba de empezar y cuyo desarrollo depende de los avances científicos y de la evolución del periodismo y de la sociedad. (EDO, 2007)

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Um dos elementos mais marcantes do texto digitalizado em rede é o

hipertexto. Pierre Levy (2001) prega que a web realiza progressivamente

a unificação de todos os textos em um único hipertexto, a fusão de todos

os autores em um único autor coletivo, múltiplo e contraditório. Ele

garante que não existe apenas um único texto: o humano.

No mundo digital da internet, mais especificamente na WWW, os textos ganharam uma nova e definitiva característica: a ausência de uma existência física, de uma localização espacial. Não há mais um texto discernível, individualizável, palpável. Na internet, qualquer "lugar" é diretamente acessível a partir de qualquer outro. (FURTADO, 2005)

A falta de linearidade desse tipo de texto permite, por exemplo, que

o leitor escolhe que caminho quer percorrer ou que informações pretende

obter, garantir uma maior interatividade com o produtor de conteúdo que,

neste caso, é o jornalista. "O hipertexto permite ao utilizador definir os

percursos de leitura em função dos seus interesses pessoais pelo que a

redação da notícia deve ter em conta esse fator", garante o pesquisador

João Canavilas (2007). Ele argumenta que, "tal como aconteceu nos

meios tradicionais, o desenvolvimento do webjornalismo também está

umbilicalmente ligado aos processos de aperfeiçoamento da sua difusão".

Nas edições em papel, o espaço é finito e, como tal, toda a organização informativa segue um modelo que procura rentabilizar a mancha disponível. (...) Nas edições online o espaço é tendencialmente infinito. Podem fazer-se cortes por razões estilísticas, mas não por questões espaciais. Em lugar de uma notícia fechada entre as quatro margens de uma página, o jornalista pode oferecer novos horizontes imediatos de leitura através de ligações entre pequenos textos e outros elementos multimédia organizados em camadas de informação. Em lugar do habitual relato cronológico dos acontecimentos, os jornalistas passaram a organizar os factos por valor noticioso, colocando os dados mais importantes no início do texto e garantindo assim a chegada dos dados essenciais aos seus jornais. (CANAVILAS, 2007)

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Marcondes Filho (2002) acredita que o termo “jornalismo” vai se

tornando cada vez mais incerto e que sob as novas condições, "a prática

de produzir e divulgar notícias, operando sob o principio da rapidez, da

redução e racionalização linguística, da volaticidade, não deixa de

recolocar velhos problemas: até que ponto notícias produzidas em ritmo

de alta velocidade ainda são mais confiáveis". Ou seja, até que ponto o

que é publicado na Internet pode garantir credibilidade, uma vez que

qualquer um pode ter acesso às técnicas de produção e edição de

informações? No entanto, ele pondera que, na Internet, tem ganhado

terreno qualidades de saber administrar, reunir, classificar as demandas do

leitor e compatibilizá-las com as tarefas do jornalista.

É certo que a Internet induz incontornavelmente a novas formas de jornalismo. Mas criar ou experimentar essas formas não é fazê-lo à toa, como se o futuro nada tivesse a ver com o passado. A maneira mais simples até de se familiarizar com o novo meio é transpor para ele as formas tradicionais e depois, e só depois, começar a experimentar. (FIDALGO, 2004)

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2.4 - Crise no jornalismo "analógico"

Não existe um formato específico para o webjornalismo uma vez que

a própria internet possui uma natureza mutante. As formas de atuação do

jornalista dentro do universo de possibilidades oferecido pela internet são

infinitas. E nesse contexto, sem fórmulas prontas, que entra justamente a

experimentação e o empreendedorismo do jornalista.

Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista de mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores e ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa a arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens. Mas uma batalha nem por isso menos importante do ponto de vista político e social, o que justifica e explica as imensas verbas canalizadas por governos, partidos, empresários e entidades diversas para o que se convencionou chamar veículos de comunicação de massa. (ROSSI, 2000)

São diversas as publicações que vislumbravam o webjornalismo

brasileiro como sendo uma reprodução do modelo instituído pelos grandes

grupos de comunicação. Marangoni (2002) tenta definir a mutação nas

redações durante o processo de digitalização dos veículos. Isso talvez

justifique a precarização do profissional em jornalismo e as demissões

constantes nesse período.

Uma característica que pode ser observado em várias empresas que trabalham com jornalismo online é o fato de suas redações serem formadas por equipes reduzidas, o que faz com que algumas delas busquem formas de suprir essa deficiência. De uma forma geral, as equipes são reduzidas, porque as empresas que trabalham com internet estão ainda se estruturando, avaliando formas de ampliar seus departamentos - inclusive da equipe de jornalismo (MARANGONI et al, 2002, p. 85).

Podemos entender essa afirmativa de Marangoni como se o texto se

referisse a uma outra realidade, quando os grandes grupos de

comunicação ainda estavam migrando para a Internet. Ou ainda, os

autores ainda não conseguiam vislumbrar a Internet como o lugar da

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quebra de paradigmas. Grande parte desses autores ainda veem o

jornalismo online como um modelo de negócio sustentando pelos anúncios

publicitários. Em nenhum momento, se fala aqui da possibilidade do

jornalista ter seu próprio veículo. Hoje, qualquer jornalista, experiente ou

não, pode criar veículos online que concorram com produtos criados pelos

grandes grupos tradicionais, como Estadão, Globo e Abril.

Coincidência ou não, o webjornalismo emerge exatamente no auge

da discussão sobre uma possível crise no jornalismo tal qual ainda

conhecemos hoje. Nilson Lage (2003) tenta elencar as razões da

existência dessa crise. Ele aponta a "concentração dos grandes veículos de

comunicação" com um dos principais problemas da era anterior e

apresenta "a existência crescente de veículos alternativos, dos quais o

mais evidente é a Internet", como uma alternativa para essa

problemática.

Com a edição não-linear em rádio e televisão e a pluralidade de canais, que já são centenas e poderão chegar a milhares ou centenas de milhares em pouco tempo, abre-se um campo fantástico à democratização da informação. Como a produção jornalística obedece hoje a padrões profissionais de qualidade, inigualáveis por amadores, coloca-se a questão de formar produtores para essa intensa demanda" (LAGE, 2003)

As opiniões de jornalistas sobre os possíveis rumos da profissão

depois do surgimento do webjornalismo são bastante otimistas. A diretora

de jornalismo da rede de rádio CBN, Marisa Tavares (2006), acredita que

"a sociedade da informação já começa a depurar e aperfeiçoar seu

controle sobre o conteúdo, da maneira mais eficaz: no lugar de um

controle externo para decidir o que é bom ou ruim, o próprio público faz

suas escolhas e manda para o limbo o que é lixo". Já o colega Franklin

Martins acredita na soma e não na sobreposição da Internet em relação

aos veículos de comunicação já existentes.

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É claro que a essência do trabalho de um jornalista não muda quando se muda de veículo. Os princípios gerais são os mesmos: a busca da verdade, a segurança na informação, a preocupação com a isenção, a luta pela independência, o respeito ao leitor (ou ouvinte) e a compreensão de que nossa primeira lealdade é com a sociedade. Mas a forma do jornalismo varia – e muito – de veículo para veículo. Rádio é rádio, televisão é televisão, Internet é Internet, revista é revista, jornal é jornal. Cada um desses meios apoia-se em recursos distintos, trabalha com noções de tempo e diferentes e digere-se a públicos diversos. (...) Nas últimas décadas, os jornalistas passaram a contar com os novos meios e novas ferramentas que deram notável velocidade a seu trabalho, como os computadores, a Internet, a transmissão por satélite, as câmaras digitais e os telefones celulares. O tempo que decorre entre o fato e a sua divulgação é cada vez menos. (MARTINS, Franklin in CBN, 2006)

A jornalista especializada em economia, Míriam Leitão (2006)

concorda com Franklin Martins e ainda aposta na convergência da Internet

com os demais veículos de comunicação.

As mídias vão se somando e não se substituindo, como muitos previam. Achava-se que a televisão mataria o rádio, que a Internet liquidaria os jornais. E isso não aconteceu. O que houve é que um levou ao outro e o público consumidor de informação está se ampliando. Há vários desafios para os produtores de conteúdo na escolha da melhor plataforma, ou na busca da convergência entre as mídias, mas as respostas têm sido sempre surpreendentes, transformando o jornalismo numa profissão que muda de forma veloz e constante. (...) O futuro das comunicações não pode ser inteiramente previsto, por causa da velocidade das mudanças tecnológicas e das inesperadas novidades criadas pela tecnologia. (LEITÃO, Miriam in CBN, 2006).

Apesar do otimismo, havia uma preocupação com o futuro da

profissão. Se qualquer um pode escrever no ciberespaço, qual será a

função social do jornalista daqui para frente? Os meios de comunicação de

massa terão o mesmo poder de outrora no que diz respeito à escolha dos

assuntos que serão importantes para a opinião pública? E como será a

participação do público daqui para frente? Tentaremos responder essas

questões logo adiante.

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PARTE 3 - INTERNET E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

3.1 - Possibilidades de democratização do conhecimento

As possibilidades trazidas pelos meios digitais de comunicação

puseram em cheque parte dos conceitos construídos para definir a

Indústria Cultural e outras teorias clássicas da comunicação. Ortega y

Gasset (2002) lembra algumas características que definem a Indústria

Cultural.

Na indústria cultural, quanto mais anônimo é o público, mais existe a possibilidade de ser cooptado. Influencia-se, assim, a qualidade do consumo os produtos culturais. (...) Característica marcante da indústria cultural é que suas mensagens possuem uma lógica de produção e distribuição semelhantes às demais mercadorias no sistema capitalista. (ORTEGA y GASSET, 2002)

É certo que podemos afirmar que a nova configuração dos meios de

comunicação tenha afetado profundamente a forma de fazer e receber

informações de interesse público embora não tenha causado, ainda, uma

grande ruptura. Numa analogia simples com as ciências naturais,

podemos dizer que todas essas transformações seriam a ponta do iceberg

de um grande bloco de gelo, que teria se desprendido no continente

antártico e estaria no oceano para uma direção ainda desconhecida.

Poderia parecer estranho sugerir que esses inventos, que invadiram nossas casas, representam uma espécie de revolução da comunicação, um conjunto de rápidas transformações tecnológicas únicas na história da humanidade. Cada um desses veículos aumentou as oportunidades totais diárias do uso da linguagem por parte dos cidadãos medianos. Assim, a acumulação desses inventos na história recente provocou uma aceleração dramática na velocidade do comportamento comunicativo da maioria das pessoas da sociedade ocidental; trata-se de uma transformação fundamental, cujo impacto ainda não foi perfeitamente apreciado. (DEFLEUR, 1971)

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Teorias à parte, o que vemos na prática é a possibilidade de

qualquer pessoa com um mínimo de instrução de escrever uma

informação e disponibilizá-la para milhões de pessoas através da Internet.

Isso permitiu uma maior democratização sobre o que é lido e sobre o que

é produzido. Além disso, gerou diversas discussões sobre o que é

relevante ou não para a opinião pública. E por fim, tirou dos meios de

comunicação de massa a centralidade do poder no que tange o controle

do fluxo informacional.

Pierre Levy (1999) espera que essas mudanças tragam mais fôlego

para a democracia. "Colocar a inteligência coletiva no posto do comando é

escolher de novo a democracia, reatualizá-la por meio da exploração das

potencialidades mais positivas dos novos sistemas de comunicação” (LÉVY,

1999). Ele argumenta que "o nervo do ciberespaço não é o consumo de

informações ou serviços interativos, mas a participação em um processo

social de inteligência coletiva.

¿Qué es la inteligencia colectiva? Es una inteligencia repartida en todas partes, valorizada constantemente, coordinada en tiempo real, que conduce a una movilización efectiva de las competencias. Agregamos a nuestra definición esta idea indispensable: el fundamento y el objetivo de la inteligencia colectiva es el reconocimiento y el enriquecimiento mutuo de las personas, y no el culto de comunidades fetichizadas o hipóstasiadas. Una inteligencia repartida en todas partes: tal es nuestro axioma de partida. Nadie lo sabe todo, todo el mundo sabe algo, todo el conocimiento está en la humanidad. No existe ningún reservorio de conocimiento trascendente y el conocimiento no es otro que lo que sabe la gente. La luz del espíritu brilla incluso allí. (LEVY, 2004, p. 24)

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3.2 - Graus de interatividade e participação

O termo interatividade em geral, segundo Pierre Lévy (1999), serve

para ressaltar o beneficiário de uma transação de informação. O grau de

interatividade dentro de uma transação pode, segundo ele, ser medido ou

avaliado.

O grau de interatividade de uma mídia ou de um dispositivo de comunicação pode ser medido em eixos bem diferentes, dos quais destacamos: - as possibilidades de apropriação e de personalização da mensagem recebida, seja qual for a natureza dessa mensagem, - a reciprocidade da comunicação (a saber, um dispositivo comunicacional "um-um" ou "todos-todos"). - a virtualidade, que enfatiza aqui o cálculo da mensagem em tempo real em função de um modelo e de dados de entrada; - a implicação da imagem dos participantes nas mensagens; - a telepresença. (LÉVY, 1999).

A partir desse debate sobre interatividade e democratização de

acesso e produção da informação, podemos dividir o webjornalismo ou

jornalismo on-line em três etapas. A primeira delas seria uma

característica do período que surgiu logo após a "digitalização" dos jornais

impressos, onde os veículos passaram a interagir com o público através do

correio eletrônico, o e-mail, em detrimento das cartas e faxes. Essa fase

foi importante para moldar as bases do que viria ser o webjornalismo de

fato, com características únicas para veiculação no mundo digital.

A internet consolidou-se como uma nova e poderosa mídia e acabou por influenciar a técnica e a forma dos jornais impressos. O desenvolvimento e popularização dos recursos da Internet levaram a que os jornais, mesmo os que não contam com uma versão eletrônica, utilizem-se, por exemplo, do correio eletrônico para interagir com seus leitores. Isso sem falar nas influências na programação visual e na formatação dos textos e a ampla utilização de ícones e infográficos. Existe cada vez mais hoje em dia uma confluência, uma articulação e uma complementação entre versões eletrônicas e impressas dos jornais. (FURTADO, 2005)

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Em seguida, temos uma segunda fase, que emerge logo após o

surgimento dos blogs². Aí sim, havia uma maior possibilidade de

apropriação e de personalização da mensagem por parte do usuário.

Inicialmente os blogs não passavam de diários on-line publicados na Web, os Web logs (daí o nome - Web logs), em geral feitos por adolescentes. Aos poucos foram sendo transformados em verdadeiras revistas on-line, portais de ideias, poemas, desabafos, informações técnicas e assim por diante. (PINTO, 2002, p. 23)

Observa-se ainda que, com os blogs, os usuários possuem uma

maior reciprocidade da comunicação, uma vez que é o próprio usuário que

escreve as informações em sua página e que, em contrapartida, ele pode

receber comentários de outros usuários, criando uma rede de

relacionamentos que passou a ser chamada de blogosfera. Foram

exatamente com os blogs que os internautas passaram de fato a

expressar livremente suas ideias e opiniões, compartilhando-as com

outros usuários.

___________

² Blog (na verdade uma contração do termo "web log") é um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos ou "posts". Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular, outros funcionam mais como diários online.

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3.3 - Blogs: informação com mediação

A popularização dos blogs provocou inúmeras discussões sobre a

práxis jornalística. Se agora qualquer um pode escrever, para que servem

os jornalistas? Se cada um pode "fazer seu próprio jornal", que fim vai

levar o jornal impresso? Será que os blogs tem credibilidade suficiente

para mobilizar a opinião pública em torno de um assunto?

Nas escolas de comunicação, os jornalistas ficavam cada vez mais

cientes de que, no futuro próximo, exerceriam a função de organizadores

ou agregadores de informações. O público, teria, cada vez mais poder de

interação. E os meios de comunicação se tornariam de fato, um meio, no

sentido mais direto da palavra.

Se cada pessoa pode emitir mensagens para várias outras, participar de fóruns de debates entre especialistas e filtrar o dilúvio informacional de acordo com seus próprios critérios (o que começa a tornar-se tecnicamente possível), seria ainda necessário, para se manter atualizado, recorrer a esses especialistas da redução ao menor denominador comum que são os jornalistas clássicos. Assim, a duplicação das formas institucionais habituais no ciberespaço e o "acesso de todos" a esse reflexo não podem se tornar uma política geral das relações entre o ciberespaço e o território. (LÉVY, 1999)

Contudo, os blogs tinham um alto nível de mediação do diálogo. Um

comentário que não agrada o autor de determinado blog poderia ou não

ser publicado, de acordo com as vontades de seu dono. Se, por um lado,

isso garante uma maior autenticidade para o criador do blog, por outro,

temos uma blogosfera praticamente formada por opiniões moderadas ou

filtradas, o que não é interessante para a democracia plena no

ciberespaço. Lévy (1999) lembra que as comunidades virtuais, fóruns

eletrônicos ou newsgroups são frequentemente moderados por

responsáveis que filtram as contribuições de acordo com sua qualidade ou

pertinência.

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Ao mesmo tempo em que temos blogs trazendo assuntos relevantes

para o interesse público e que esses mesmos assuntos não estavam sendo

contemplados pelas mídias analógicas, temos uma rede de canais criada

por pessoas que, em sua maioria, só querem debater aquilo que for ao

encontro aos seus interesses individuais.

Nas condições atuais, as técnicas de informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares (...) O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. Isso tanto é grave porque, nas condições atuais da vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e imprescindível. (SANTOS, 2000)

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3.4 - As redes sociais digitais

Uma terceira etapa da interatividade e da democratização de acesso

e produção da informação surgiu com o desenvolvimento das redes sociais

digitais. As redes sociais aparecem cronologicamente depois do período da

digitalização da imprensa e o controle das informações por grandes grupos

empresariais e um nível mínimo de participação do público. Seguido

depois pela possibilidade de qualquer um escrever através dos blogs, que

permitem um elevado grau de interatividade, embora mediada. Foram as

redes sociais que permitiram finalmente, segundo a teoria de Levy (1999),

a máxima reciprocidade da comunicação. Uma rede social é formada por

representações virtuais dos atores sociais reais, segundo a pesquisadora

gaúcha Raquel Recuero.

Os sites de redes sociais são os espaços utilizados para a expressão de redes sociais na Internet. Eles permitem a construção de uma persona através de um perfil ou página pessoal, a interação através de comentários, e a exposição pública da rede social de cada ator. Os sites de redes sociais seriam uma categoria do grupo de software sociais, que seriam softwares com aplicação direta para a comunicação mediada por computador. (RECUERO, 2009)

São exemplos de redes sociais digitais o MySpace

(www.myspace.com) que reúne músicos; o Facebook

(www.facebook.com), que permite ao usuário o compartilhamento de

fotos e mensagens com seus amigos; o You Tube (www.youtube.com),

onde qualquer um pode produzir e reproduzir pequenos vídeos e; ainda,

porque não, os programas de computador para compartilhamento

instantâneo de mensagens, com o Windows Live Messenger (MSN) e o

Google Talk. No Brasil, o site de rede social mais conhecido é o Orkut

(www.orkut.com). O serviço digital permite que cada usuário tenha uma

página virtual onde reúne informações pessoais como amigos,

comunidades, fotos e vídeos. Cada pessoa possui uma espécie de mural

(scrapbook), onde seus amigos estariam livres para escrever o que quiser.

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As redes sociais permitiram, a priori, reunir pessoas em torno de

interesses em comum formando grupos virtuais bastante atuantes. O

exemplo disso são os fóruns permanentes de discussão na Internet e as

redes (reais) de solidariedade, instituídas no ambiente virtual. Esse tipo

de organização social, embora sem presença física, foi de extrema

importância para a consolidação de diversos valores típicos da pós-

modernidade.

O público dessas redes digitais está cada vez mais consciente das ideias democráticas, da transparência e da responsabilidade. Esses internautas estão aproveitando, a todo momento, os pequenos espaços e estão avançando. Nem todas as cruzadas são de interesse público, mas algumas campanhas na web parecem estar surtindo bons resultados." (MARQUES, 2009)

A tecnologia oferecida pela combinação entre computador e acesso à

internet se consolidou como portão de acesso a experiências únicas de

comunicação. O computador deixou de ser uma máquina de registro e de

processamento para se tornar uma máquina de comunicação, uma

representação simbólica da transformação de uma sociedade industrial

para uma sociedade emergente calcada pelos novos tipos de relações

sociais.

Para Pierre Lévy (1999), "as realidades virtuais compartilhadas, que

podem fazer comunicar milhares ou mesmo milhões de pessoas, devem

ser consideradas como dispositivos de comunicação 'todos-todos', típicos

da cibercultura".

Milton Santos (2008) argumenta que a sociedade instala uma

tecnosfera, dependente da ciência e da tecnologia, ao mesmo tempo em

que se lançam as bases de uma psicosfera, resultado de um novo

comportamento social, típico do meio técnico-científico informacional.

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O meio geográfico atual, graças ao seu conteúdo em técnica e ciência, condiciona os novos comportamentos humanos, e estes, por sua vez, aceleram a necessidade de utilização de recursos técnicos, que constituem a base operacional de novos automatismos sociais. Tecnosfera e Psicosfera são os dois pilares com os quais o meio técnico-científico introduz a racionalidade, a irracionalidade e a contrarracionalidade, no próprio conteúdo do território. (SANTOS, 2008)

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3.5 - O Twitter: a grande ágora virtual

As redes sociais digitais ganharam um novo status com o

surgimento dos microblogs. Um dos pioneiros dessa categoria, pelo menos

o que ganhou maior notoriedade, foi o Twitter (www.twitter.com), tema

deste trabalho. O Twitter é um serviço digital que permite ao usuário

escrever textos curtos, de até 140 caracteres, em uma página virtual. Nos

sites de rede social anteriores ao Twitter, para que se estabeleça uma

conexão entre duas pessoas, as duas devem aceitar o vínculo. Além do

tamanho do texto, a grande inovação do Twitter foi desfazer esse vínculo.

O site deixou de lado o conceito de "amigos virtuais", para criar o conceito

de "seguidos" e "seguidores", que detalharemos adiante

O sistema que deu origem ao Twitter foi concebido no início da década de 90, por um programador de sistemas americano chamado Jack Dorsey. A princípio, a função do programa era o rastreamento de motoristas de táxi que, pelo envio de mensagens curtas, mantinham uma central informada sobre a sua situação ou localização. O uso “social” do serviço, aberto indistintamente, só foi implantado em 2006, quando a tecnologia foi adaptada para a internet. (LIMA & ABRAHÃO FILHO, 2009)

Embora seja descrito como um serviço de “microblog”, a dinâmica

do Twitter não remonta a mesma dinâmica dos blogs. O usuário

cadastrado no serviço pode escrever textos de, no máximo, 140

caracteres, medidos com espaços. É possível colocar ainda links para fotos

ou vídeos localizados em outras páginas da internet. A proposição

primeira do serviço, é responder ao questionamento “O que você está

fazendo?”, alterado em 2009 para "O que está acontecendo agora?".

Diferentemente de um blog, onde cada usuário possui uma grande

página para escrever textos do tamanho que quiser e mediar as respostas

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como quiser, ao se cadastrar no Twitter, o usuário recebe uma página

virtual onde publica seus pequenos textos ao mesmo tempo que visualiza

os textos publicados por outros enunciadores, selecionados previamente

por eles.

Da mesma forma, cada texto publicado por um enunciador qualquer é recebido e apresentado na homepage dos interlocutores que escolheram “segui-lo”. Assim, todos os participantes do Twitter são, potencial e simultaneamente, enunciadores e co-enunciadores (LIMA & ABRAHÃO FILHO, 2009)

É importante lembrar que as informações publicadas são públicas.

Ou seja, não estão endereçadas a ninguém. O receptor desta mensagem,

ou seguidor, pode ser qualquer pessoa, seja ela usuária ou não do

sistema. Daí, surge uma esfera natural sobre assuntos de interesse

comum, grupos sociais ou sobre determinados usuários. O sistema do

Twitter permite ainda que um usuário faça citação ou referência a outro

usuário-emissor. Ou seja, além de promover relacionamentos, o serviço

estimula a troca de informações entre seus participantes. Assim como na

vida real, o usuário-emissor pode repassar conteúdo um conteúdo

publicado por outra pessoa. O nomes adotados para essa ação são

"retweet", "retuitar" ou simplesmente "RT".

Bares, padarias, botecos e cafés são lugares onde pessoas se encontram para trocar informação, opinar sobre as notícias do dia, pedir ajuda, dar risada, criar vínculos, cultivar relacionamentos, falar entre si ou apenas acompanhar as conversas dos outros. Ter essas oportunidades de sociabilização é ao mesmo tempo prazeroso e útil, relaxante e necessário para uma espécie que há milênios sobrevive coletivamente. O Twitter é como o seu bar favorito funcionando dia e noite: a hora que você aparecer encontrará alguns frequentadores habituais e mais outras pessoas relacionadas a eles. Você poderá ficar para um dedo de prosa durante um intervalo no trabalho ou passar horas interagindo e trocando ideias. (SPYER et al, 2009)

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A comparação com um bar não é a única. Surgiram, dentro do

próprio Twitter, diversas interpretações sobre o funcionamento do sistema.

O Twitter seria, "um confessionário em praça pública”, "uma forma de

liberdade de expressão, em que você fala, quem quer ouvir escuta e

compartilha, quem não quer não ouve e não censura” ou um “pátio de

hospício: cada um falando ‘sozinho’. Como praticamente não existe

mediação vertical na esfera pública virtual do Twitter, quem escolhe a

relevância dos assuntos discutidos por lá é o público. E isso ocorre de

forma quase que espontânea.

Ao invés de comparar com um bar, ao exemplo de Spyer (2009),

aqui fazemos uma analogia com as praças públicas. São nesses espaços

públicos, onde ocorrem, desde a Grécia antiga, os conflitos da vida

cotidiana da sociedade, nas mais diversas manifestações e

comportamentos que vão variar conforme o tempo (SOUZA & SILVA,

2006). Assim como nas praças, o Twitter garante espaço para o lazer e

para as amenidades, para a solidariedade, para os serviços de utilidade

pública e para, finalmente, a discussão política.

A praça é um espaço público, ou seja, um espaço livre para ser usado pela sociedade. Mas não obstante seu atributo, ao longo do tempo, a mesma vem se distanciando de seu papel como espaço de auteridade. A organização do espaço reproduz a estrutura sócio-econômica, de modo que a pobreza e a riqueza se territorializam em espaços diferentes no cotidiano da metrópole. Assim, os espaços de maior congregação e que marcaram sobremaneira a história da cidade, por conta da diversidade de acontecimentos que ali se processavam, era as praças. Nelas, além dos momentos de lazer, também se registravam momentos tensos, referentes ao quadro político e econômico e, em outras ocasiões, algumas figuras cômicas que chamavam atenção aos frequentadores. (SOUZA & SILVA, 2006)

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Dentro dessa perspectiva de comparação do Twitter com uma

grande ágora virtual, podemos lembrar que, na contemporaneidade, quem

quer ver e ser visto deve também ocupar esse espaço. E, naturalmente, o

crescimento do número de usuários do serviço fez com que empresas,

políticos e celebridade passassem a ter uma conta no sistema. Na "praça

pública" digital, havia desde a figura do jornaleiro, que insistia em "vender

seu pão", ali representado pelos grandes grupos de comunicação e seus

veículos. Como aquela pessoa bem informada, que sabia de tudo e tinha

credibilidade para noticiar algo. Os famosos que, embora nem sempre

tenham algo interessante a dizer, por algum motivo, sempre tem alguém

interessado em ouvir. Os que querem vender ou comprar alguma coisa. E

os políticos, que precisam se comunicar, de alguma forma, com seus

eleitores.

Foi inevitável que o jornalismo se apropriasse dessa nova

ferramenta. Os grandes veículos ganharam mais um canal para "vender"

informação e o Twitter, possui gente ávida para este consumo. Na "praça",

os jornalistas passaram a divulgar notícias em primeira mão, a encontrar

fontes de informação e para monitorar a repercussão e os

desdobramentos de suas matérias e de veículos concorrentes. Isso, claro,

modifica mais uma vez a práxis jornalística, já que se transformou em

uma ferramenta vital para a realização de reportagens e promove a

aproximação entre leitores e veículos, embora muitas empresas

jornalísticas insistem em proibir o seu uso.

Um dos principais dilemas para o uso do Twitter dentro das redações

é o posicionamento opinioso dos profissionais. Os donos dos grandes

veículos de comunicação passaram a questionar se o que está escrito ali

pelos seus funcionários estaria comprometendo ou não os interesses ou a

reputação daquele veículo. Por outro lado, o profissional de jornalismo se

torna o próprio veículo, sem precisar necessariamente comprar um, como

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provocou Assis Chateaubriand (MORAIS, 1994). O Twitter permite que não

só profissionais de comunicação, mas qualquer um que esteja lá, escreva,

discuta, debata, opine qualquer informação, sobre qualquer assunto.

Não é mais apenas uma casta de especialistas mas a grande massa das pessoas são levadas a aprender, transmitir e produzir conhecimentos de maneira cooperativa em sua atividade cotidiana. As informações e os conhecimentos passaram a constar entre os bens econômicos primordiais, o que nem sempre foi verdade. Ademais, sua posição de infraestrutura - fala-se de infraestrutura -, de fonte ou de condição determinante para todas as outras formas de riqueza tornou-se evidente, enquanto antes se mantinha na penumbra. (LÉVY, 1996)

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PARTE 4 - ANÁLISE DO OBJETO

4.1 - Twitter e participação política

Na obra "Redes Sociais na Internet", Raquel Recuero (2009)

descreve dois momentos significativos que serviram para que o Twitter

ganhasse uma maior projeção, sobretudo quanto a seu uso político. O

primeiro foi a corrida presidencial norte-americana, que teve como

candidatos o democrata Barack Obama (@BARACKOBAMA) e republicano

John McCain (@senjohnmccain).

Nos Estados Unidos, o uso da internet para fins de campanha

eleitoral é totalmente liberado pela justiça. Nesse contexto, os dois

candidatos utilizaram massivamente o Twitter e outras redes sociais

digitais para provocar um ao outro, divulgar programas governamentais,

chamar o eleitorado para eventos públicos e arrecadar dinheiro para as

campanhas milionárias. Barack Obama saiu vencedor nessa disputa e

tornou-se o primeiro negro a assumir a Casa Branca.

A imprensa atribui o resultado das urnas à mobilização de um

exército de pequenos eleitores militantes na web descontentes com a

postura isolacionista do governo anterior, comandado pelo republicano

George W. Bush. O papel decisivo do Twitter durante as eleições norte-

americanas provocaram uma discussão no Brasil sobre uma maior

liberdade quanto ao uso da Internet.

A campanha presidencial norte-americana de 2008 e a utilização de blogs e microblogs como Twitter, pelo candidato e agora presidente Barack Obama, trouxeram esse assunto para o centro da discussão sobre redes digitais e sua importância para a comunicação (MARQUES, 2009)

O outro momento se deu durante as enchentes em Santa Catarina,

em outubro do mesmo ano. Blogs, mensageiros instantâneos e o próprio

Twitter foram usados para divulgar os acontecimentos para o Brasil e para

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pedir ajuda internacional. Os detalhes obtidos por essas informações

incentivaram a criação das primeiras campanhas de apoio às vítimas, o

que sensibilizou também as mídias convencionais.

Podemos citar ainda um outro exemplo de construção política feita

coletivamente através da rede, mais especificamente pelo Twitter. Em

junho de 2009, internautas denunciaram à imprensa internacional casos

de supostas fraudes no processo eleitoral do Irã. As mensagens foram

enviadas pelo Twitter e repassadas em segundos para pessoas do mundo

inteiro, chamando atenção inclusive das agências internacionais de

notícias que tinham difícil acesso ao país. O publicitário e pesquisador

Juliano Spyer (2009) tenta relacionar o Twitter com a política, explicando

como ele amplia o poder dos ativistas e apontando exemplos de uso do

site.

O Twitter amplia o poder de ativistas de várias maneiras: Promove a distribuição rápida de informação - notícias de última hora como a do assassinato da primeira ministra do Paquistão Benazir Bhuto se espalham pelo serviço amplificando a força e a velocidade da reação. Cria consciência de grupo - antes, em eventos como palestras e comícios, tradicionalmente apenas quem tinha acesso ao microfone podia conversar com todos. Agora uma plateia pode perceber quando muitos compartilham os mesmos sentimentos e visões e, a partir dessa consciência, fazer seus interesses valerem. Ajuda na coordenação de protestos - manifestantes na Moldávia, Irã e China já usaram o Twitter para se coordenar e organizar atos públicos e enfrentar a censura e a repressão de seus governos. Aumenta a segurança - ao ser preso cobrindo um protesto no Egito, o jornalista americano James Kark Buck só teve tempo de publicar no Twitter via SMS palavra “Arrested” [preso], e foi o suficiente para amigos se mobilizarem e ele ser solto horas depois. Fortalecer vínculos com a sociedade civil - o Corpo de Bombeiros da cidade de São Francisco na Califórnia atende pelo Twitter , Israel realizou a primeira coletiva de imprensa governamental aberta ao público para debater a guerra em Gaza. E a Nasa pôs um astronauta para tuitar do espaço. (SPYER, 2009)

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Figura 2 – Matéria do Correio Braziliense mostra que a estratégia usada por Obama pode ser repetida por políticos brasileiros

Dados do Senado³ brasileiro revelam que a internet (19%) já é o

segundo meio de comunicação mais usado pelo eleitor brasileiro para

informar-se sobre política, atrás apenas da TV (67%). Em abril de 2009, a

agência Bullet divulgou o resultado de uma pesquisa4 feita com 3268

usuários de Twitter no Brasil, feita com o objetivo de mapear o perfil desse

público.

O Twitter é considerado por esses usuários como uma fonte segura

de informações. 87% disse que confia nas opiniões de outros participantes

do serviço. 84% disse acreditar que o Twitter aproxima as pessoas.

__________________

³ http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=558JDB001

4 http://bullet.updateordie.com/insights/2009/06/bullet-divulga-o-resultado-da-primeira-pesquisa-brasileira-realizada-no-twitter-2/

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4.2 - Os políticos no Twitter

O uso da Internet como uma das principais plataformas

comunicacionais dos candidatos à presidência da república nos Estados

Unidos foi um assunto amplamente discutido pelos profissionais da

comunicação. A projeção que os candidatos americanos tiveram foi o

principal estímulo para que políticos brasileiros também entrassem no

Twitter. Deputados, senadores, governadores e prefeitos resolveram aderir

por conta própria ou através de assessores de imprensa. Além disso,

órgãos públicos também foram, aos poucos, criando oficiais contas na

rede digital.

Em Fortaleza, podemos citar os exemplos da Prefeitura Municipal, do

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e a Polícia Rodoviária Federal.

Esses órgãos usam o Twitter para divulgar informações oficiais e para

prestação de serviços. Já os gabinetes dos parlamentares viram o Twitter

como uma plataforma essencial para divulgar a agenda política, promover

debates de interesse público e se aproximar do público mais jovem,

geralmente mais próximo às redes sociais digitais.

Dos dos três senadores cearenses em exercício do mandato, dois

deles tem conta no Twitter: Inácio Arruda, do PC do B (@inacioarruda) e

Tasso Jereissati, do PSDB, (@TassoJer). Dos 22 deputados federais que

representam o Ceará em Brasília, pelo menos onze usam o Twitter para se

comunicar com os eleitores, ou seja, 50% por cento do total. São eles:

Ciro Gomes - PSB (@cirofgomes), Eunício Oliveira - PMDB (@eunicio),

Chico Lopes - PC do B (@chico_lopes), Paulo Lustosa - PMDB

(@paulolustosa), José Guimarães - PT (@guimaraes13), Gorete Pereira -

PL (@gorete_pereira), Ariosto Holanda - PSB (@deputadoariosto), José

Airton - PT (@joseairtonpt), Mauro Benevides - PMDB (@MauroBenevide),

Eudes Xavier - PT (@eudesxavierpt) e Manoel Salviano - PSDB

(@dep_salviano).

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Na Assembleia Legislativa do Ceará, 30% dos 46 deputados

estaduais, ou seja, 14 deles utilizam o Twitter: Marcos Cals - PSDB

(@marcoscals), Bruno - PT (@arturbruno), Lívia Arruda PMDB

(@liviaarruda), Sergio Aguiar - PSB (@depsergioaguiar), Nelson Martins

PT - (@nelsonmartinsce), Heitor Ferrer PDT (@heitor_ferrer), Edson Silva

- PFL (@depedsonsilva), Rachel Marques - PT (@raquelmarques13),

Tomás Filho - PSDB (@tomasfigueiredo), Ronaldo Martins - PMDB

(@ronaldoprb10), Professor Teodoro - PSDB (@prof_teodoro), Caminha -

PHS (@depcaminha), Edísio Pacheco - PV (@edisiopacheco) e Augustinho

Moreira - PV (@augustmoreira).

Figura 3 - Lista com Twitter dos deputados federais cearenses

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Já na Câmara Municipal de Fortaleza, dos 41 vereadores, apenas 11

utilizam o Twitter: João Alfredo - Psol (@joaoalfredopsol), Guilherme

Sampaio - PT(@verguilherme), Vitor Valim - PHS (@vitorvalim), Eliane

Novais - PSB (@ElianeNovais), Gelson Ferraz - PRP (@gelsonferraz),

Acrísio Sena - PT(@acrisiosena), Ronivaldo Maia - PT (@ronivaldomaia),

Salmito Filho - PT (@salmitofilho), Eliana Gomes - PCdoB

(@elianagpcdob), Leonelzinho Alencar - PTdoB (@leonelzinho) e Marcelo

Mendes - PTC (@MarceloVereador). O número de parlamentares que usam

o microblog representa 27% do total.

Neste contexto, os políticos que pretendem participar da corrida pela

sucessão presidencial brasileira de 2010 resolveram aderir às redes sociais

digitais. Três assessores norte-americanos responsáveis pela campanha de

Barack Obama nos Estados Unidos foram contratados para integrar a

equipe da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. O ex-governador de São

Paulo e também pré-candidato José Serra, do PSBD já usa o Twitter desde

2009 e escreve diariamente nas madrugadas.

O governo do Estado do Ceará possui uma página oficial na Internet

(www.ceara.gov.br), com notícias e documentos oficiais, servições online,

agenda oficial do governador e links para os diversos órgãos estatais. No

entanto, oficialmente, o governo cearense não possui uma conta oficial no

Twitter.

Por iniciativa própria, o governador do Ceará, Cid Ferreira Gomes,

criou o seu perfil na página de microblog. Ao contrário do governador José

Serra, que prefere um tom mais autoral e opinioso em suas postagens,

Cid usa o Twitter principalmente para divulgar as ações do Governo do

Estado, sobretudo obras importantes e lançamentos de programas oficiais.

O governador costuma utilizar diversos recursos multimídia em suas

postagens, como vídeos, fotos e mapas. Geralmente, escreve no início da

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manhã ou no final do expediente. E muito do que ele escreve, repercute

positivamente nos grandes veículos de comunicação de massa e em vários

blogs.

Uma leitura mais atenta às postagens feitas pelo governador na

página dele no Twitter nos passa facilmente todas essas informações.

Fizemos aqui uma análise do primeiro mês de uso efetivo do site, agosto

de 2009. Depois, mostraremos momentos posteriores, que tiveram

participação direta da rede, como a participação de programa de TV

gravado no litoral cearense e uma conversa no Twitter que rendeu uma

capa do jornal O POVO no dia seguinte.

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4.3 - O cotidiano do governador Cid Gomes documentado pelo Twitter e a repercussão na mídia

20 de junho de 2009 - Primeiro uso

Registros no próprio site do Twitter dão conta de que o governador

fez seu primeiro uso da ferramenta no dia 20 de junho de 2009, uma

sexta-feira útil, exatamente às 4:20 da tarde. Não havia mensagem

alguma. Apenas uma tentativa de contato com o apresentador de

televisão Luciano Huck, da TV Globo, um dos brasileiros mais influentes na

“twitosfera” brasileira. Cid postou o nome de usuário do apresentador

(@huckluciano) como se estivesse pronto para lhe enviar algum

comentário. No entanto, parou aí. Talvez tenha achado que o meio virtual

e público não era o ideal para um possível contato.

Figura 4 – Reprodução do site da TV Verdes Mares

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Nesta data, o blog "Liberdade Digital", mantido pelo estudante de

jornalismo Emílio Moreno, noticia que o governador Cid Gomes telefonou

para o estudante cearense Pedro Henrique. Pedro havia participado do

concurso "Soletrando", promovido pela TV Globo no programa do

apresentado por Luciano Huck, chegando à semifinal. Dois dias depois, o

site da TV Verdes Mares registra a chegada do estudante no Aeroporto

Pinto Martins. Ele seria recebido pela Secretária de Educação. Em seu

blog, o jornalista Eliomar de Lima, anuncia que o governador faria uma

homenagem oficial ao estudante. É muito provável que aquela tentativa

de contato do governador com o apresentador Luciano Huck pelo Twitter

tenha sido para esse propósito.

Semana de 2 a 08 de agosto de 2009

Articulação política

O próximo "post" público só veio no dia 06 de agosto, quando às

14:42, ele comunicava aos seus seguidores que, naquele momento,

estava "almoçando com os Deputados Domingos (Filho e Neto)".

Domingos Filho é deputado estadual pelo PMDB, partido da base aliada de

Cid e presidente da Assembléia Legislativa do Ceará, ou seja, peça

essencial para o êxito político do governador. Ao contrário do que diz o

texto, Domingos Neto não possuía nenhum cargo político eletivo. Dois dias

depois, o jornalista Eliomar de Lima publicou em seu blog que o "filho do

presidente da Assembleia vai disputar mandato pelo PSB", partido do

governador e não o do pai. A disputa se daria na esfera federal. A notícia

também explicava que a "ida de Domingos Neto para o PSB foi um pedido

de Cid", para fortalecer o partido. Em resumo, Cid antecipou no Twitter

uma importância aliança política que estava sendo costurada.

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Figura 5 – Reprodução do blog do jornalista Eliomar de Lima

Primeiro anúncio de obra estatal

No dia 08 de agosto, em três tweets, Cid anunciou que fora "dada a

ordem de serviço para a construção de uma adutora para o abastecimento

de água ao Município de Pereiro" e que a obra "atenderá à sede do

Município de Irapuan Pinheiro que todo fim de ano é socorrida por carros

pipas". Além disso, ele publicou um link com "o traçado de uma adutora

que começa a ser construída e estará pronta em cinco meses". Foi a

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primeira vez que o governador utilizou o Twitter para anunciar uma obra

pública de seu governo.

Semana de 9 a 15 de agosto de 2009

10 de agosto - Divulgação do Twitter

Veio a empolgação. "Durante o lançamento do Anuário do Ceará, o

Governador do Ceará, Cid Gomes, disse que está usando o twitter para

divulgar realizações do seu governo. No perfil @cidfgomes, informações

sobre a aquisição dos tratores, o Centro de Eventos do Ceará e a modesta

quantidade de 43 seguidores", dizia o texto do blog Liberdade Digital,

escrito pelo estudante de jornalismo Emílio Moreno. O blog chamou ainda

o governador de "moderninho".

Figura 6- Reprodução do blog Liberdade Digital sobre o uso do Twitter pelo governador Cid Gomes

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11 de agosto de 2009 - Os primeiros mapas utilizados

Dos cincos tweets do dia 11 de agosto, três eram links de mapas

que mostravam os locais onde foram criadas duas estradas: Granjeiro-

Crato e Lameiro-Crato. Nesse dia, o governador anunciou que iria para

Brasĺia e retornava no dia seguinte para inaugurar as estradas. As

postagens foram feitas pela manhã, entre 10:41 e 10:50. Foi a primeira

vez que o recurso de mapas virtuais foi utilizado.

Figura 7 – Mapa de uma das estradas a serem construídas pelo Governo do Estado

Figura 8 – Mapa que aponta a exata localização de uma das obras do Governo

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12 de agosto de 2009 - Notícia em primeira mão

A primeira informação dada em primeira mão dada pelo governador

via Twitter foi sobre o adiamento da visita que o presidente Lula faria no

Ceará ainda naquele mês. Logo cedo, às 6:52, Cid escreveu "Ainda estou

em Brasília. O Presidente Lula adiou a sua ida ao Ceará. A nova data

provável é 10 de setembro." Das oito intervenções daquele dia, essa foi a

mais importante e a que gerou mais repercussão na imprensa cearense.

As outras sete intervenções diziam da passagem do governador pelo

Cariri, onde visitou as obras do metrô e de um hospital.

Figura 9 - Notícia publica no site do jornal Diário do Nordeste

13 de agosto de 2009 - O dia inteiro no Twitter

As oito intervenções mostrava que o governador do Ceará parecia

bem empolgado com o Twitter. Começou a postar às 7:14 da manhã:

"Daqui a pouco, às 9:00hs, darei a ordem de serviço para o início das

obras de ampliação da emergência do Hospital do Coração de Messejana".

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Às 12:11, no provável horário de almoço, tentou corrigir o erro de

português cometido no dia anterior: "no segundo "post" abaixo deveria ter

dito LAJE". Às 2:24, justificou a hora de chegada no Gabinete: "Estava

numa visita ao Eusébio onde o Governo trabalha para implantar um polo

de fármacos. A Fiocruz será a primeira". Três minutos depois, revela suas

impressões sobre o que viu: " Fiquei bem impressionado com a qualidade

de uma indústria cearense de antibióticos injetáveis - Isofarma - que gera

800 empregos no Eusébio". Durante a tarde postou links de dois mapas.

Às 06:04, se explicou: "reuni por 3 horas técnicos da SRH".

14 de agosto de 2009 - Dia longo

"Dia longo, hoje...", denuncia o primeiro tweet do dia, às 18:05 da

tarde. Afastado do microblog durante todo o dia, era preciso explicar a

ausência para seus seguidores. Foram, ao todo, seis postagens, o último

deles às 18:21. "Fizemos uma reunião de avaliação das obras de estradas

no Estado", "Durante quase três horas, tomei conhecimento das sugestões

feitas na consulta pública sobre o decreto de Zoneamento do Litoral", "A

direção da Cia. Docas do Ceará, Sérgio Novaes à frente, me entrega logo

mais a Medalha Virgílio Távora. Buscarei ser digno dela", "Foram

contratadas, hoje, as construções de 4 estradas". Mostra bom humor na

última intervenção. "Faltou espaço... rsrs...", escreveu e continuou a

informar. O que se percebe por aqui é que Cid resolveu utilizar o Twitter,

pela primeira vez, à noite, depois de um dia de trabalho, para resumir o

seu dia. Isso mostra que a ferramenta deveria se adequar à rotina do

usuário, e não ao contrário.

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15 de agosto de 2009 - Apenas três postagens matinais

Logo cedo, às 06:47, antecipou sua agenda governamental: "Daqui

a pouco, às 9:00hs, em Palhano, inauguro a estrada da sede deste

município até a BR 116. Vou tentar enviar o link com o mapa". Dois

minutos depois, estava o mapa da estrada, como prometido. Às 12:59,

escreveu sobre a vida pessoal: "Um dos grandes prazeres da vida: vou já

comer um milhinho verde novinho que me mandou o amigo Dilmar,

Prefeito de Limoeiro do Norte”. Foram apenas três postagens durante o

dia.

Figura 10 – Reprodução das postagens realizadas pelo governador no dia 15 de agosto de 2009

Semana de 16 a 22 de agosto

16 de agosto de 2009 — A volta do uso excessivo

Depois de dois dia com intervenções tímidas, o governador resolveu

voltar à ativa com dez postagens ao longo do dia. O governador

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concentrou todas as suas postagens entre 09 e 10 horas da manhã.

17 de agosto de 2009 - O primeiro Twitpic - Cinturão Digital

Pela primeira vez, o governador Cid Gomes faz uso da ferramenta

TwitPic5 . TwitPic é um recurso nativo do Twitter que permite a publicação

de fotografias. Na ocasião, Cid mostrou um mapa com o projeto Cinturão

Digital, que promete levar internet de banda larga a escolas púlicas do

interior do Estado. O projeto já estava em andamento mas, pelo Twitter, o

governador divulgou que os testes para a rede já estavam sendo

realizados. A informação repercutiu positivamente no blog Liberdade

Digital e no site Invest Nordeste, dedicado ao noticiário econômico

regional.

Figura 11 – Mapa de implantação do projeto Cinturão Digital

________________

5 http://www.twitpic.com

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Figura 12 - Repercussão do tweet sobre o projeto Cinturão Digital no blog Liberdade Digital

18 de agosto de 2009 - Hospitais regionais e o primeiro vídeo

O governador começa a postar logo cedo , às 7:11 e segue até

7:41. Só volta a postar no final do dia, às 06:28, quando, segundo ele,

chega de uma viagem à Brasília. O governador se empenhou em divulgar

a construção do hospital regional do Cariri e a Escola de Educação

Profissional. Ele mostrou vários fotos com maquetes e com o andamento

da obra. Além disso, foi postado um vídeo em terceira dimensão sobre a

construção do hospital. Era a primeira vez que o recurso de vídeo foi

utilizado. Ele ainda "discursou" sobre as escolas públicos estaduais de

ensino médio, sobre as estradas que serão construídas no interior e ainda

pediu a benção de São Francisco para o lançamento do programa Ronda

do Quarteirão na cidade de Canindé.

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Ao mesmo tempo que a popularidade do Governador cresceu no

Twitter, começaram a surgir os elogios e, por consequência, as cobranças

e críticas. Isso fica claro no momento em que ele mostra a foto com a

maquete do Hospital Regional do Cariri. Na página em que foi divulgado o

vídeo sobre o hospital, um "contribuinte" virtual lembra que não se deve

apenas construir o hospital, mas também contratar pessoas qualificadas

para trabalhar lá.

A repercussão na mídia de todos esses posts foi fraca. O site

Iguatu.org chegou a usar o mesmo vídeo divulgado pelo governador e

criou uma manchete supostamente exclusiva: "EXCLUSIVO: Iguatu.org

apresenta a maquete do Hospital Regional do Cariri".

Figura 13 – Reprodução do site You Tube que mostra o vídeo com a maquete digital do Hospital Regional do Cariri

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Figura 14 - Postagem no blog Iguatu.org sobre a maquete do Hospital Regional do Cariri

19 de agosto de 2009 - A primeira postagem feita por celular

No dia anterior, o Ministério do Trabalho havia divulgado dados

positivos a respeito da criação de empregos com carteira assinada no

Ceará, com destaque para o setor de serviços. A caminho de Canindé, Cid

fez uma postagem pelo celular e deixou isso claro. No caminho

comemorou os dados do Ministério do Trabalho e prometeu divulgar mais

detalhes a respeito do assunto. Aproveitou o espaço digital para anunciar

a construção de uma nova estação de tratamento de água entre Fortaleza

e Caucaia.

20 de agosto de 2009 - Mais comemorações e mais postagens feitas pelo celular

Desde 7:05 da manhã, o governador escreve sobre os dados do

Ministério do Trabalho. Segundo eles, a média anual de empregos no

Estado entre 1999 e 2006 era de 23.229. Entre 2007 e 2008 essa média

subiu para 40.582, um crescimento de 75%. Cid ainda registrou a

inauguração do parque eólico de Parajuru ao lado do governador mineiro

Aécio Neves, colocando dois links com mapas do local. A inauguração

repercutiu nacionalmente, sobretudo nos blogs e sites que falam sobre

desenvolvimento sustentável.

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Figura 15 – Postagem feita pelo celular

Figura 16 – Registro na imprensa sobre a agenda conjunta de Cid Gomes com o governador mineiro Aécio Neves, antecipada pelo Twitter

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Figura 17 – Notícia no portal O POVO Online sobre o lançamento do parque eólico de Parajuru

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Figura 18 – Repercussão do lançamento do parque eólico na imprensa nacional

21 de agosto - Agenda de obras no Cariri

A primeira postagem veio de manhã, às 7:11. O governador revelou,

no primeiro post, que dormiu em Juazeiro do Norte e que iria cumprir

agenda no Cariri naquele dia. Em seguida ele registrou o lançamento do

programa Ronda do Quarteirão em Barbalha, na noite anterior, além do

início das obras de construção da estrada Arajaras-Caldas. Veio um

terceiro post, sobre a agenda do dia: a inauguração do Detran e dois

trechos de estrada. Depois vieram mais dois posts sobre regularização

fundiária, todos no início da manhã. Ao longo do dia, entre 9:43 e 13:09,

Cid postou mais quatro links, totalizando nove postagens no dia.

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O site JusBrasil praticamente copiou o material enviado pelo governo

(release) para repercutir o lançamento do programa Ronda do Quarteirão

e as obras nas estradas. Já o site Iguatu.org deu destaque a restauração

da rodovia entre Barbalha e Jardim, deixando de lado o lançamento do

Ronda, um das maiores prioridades da atual gestão estadual. E por fim, a

coluna "Cariri" do jornal O POVO do dia seguinte, falava sobre o povo

caririense. No entanto, um comentário positivo a favor da gestão estadual

foi deixado por um internauta, que quis valorizar as ações desenvolvidas

pelo governo naquela região. O Diário do Nordeste, por sua vez, antecipou

no dia 17 o lançamento do Ronda em Barbalha mas não fez cobertura

posterior.

Figura 19 – Notícia do lançamento do Ronda em Canindé no site JusBrasil

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Figura 20 – Notícia sobre a restauração da rodovia Barbalha e Jardim no site Iguatu.org

Figura 21- Comentário positivo sobre as ações do Governo na região do Cariri

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22 e 23 de agosto - Fim de semana

Depois de vários dias cumprindo uma agenda exaustiva, parece que

o governador não cansou de divulgar suas ações no Twitter. Às 09:21 ele

começa a jornada virtual chamando a atenção para o link que ele postou

no dia anterior, que leva a um mapa com o local das obras de transposição

do Rio São Francisco. Depois, registrou que esteve na noite anterior a

praia de Canoa Quebrada, cidade de Aracati, para inaugurar estradas na

região. A inauguração contou com o show do músico Seu Jorge, segundo o

Twitter. Foram apenas três links no sábado, dia 22.

"Tirei o sábado e o domingo de folga... Sem internet e sem celular,

rsrsrs", escreve o governador às 19:28 do domingo, dia 23. Podemos

perceber que o governador ficou sem escrever no microblog entre a

manhã de sábado e a noite de domingo. Nos textos seguintes, ele fez uma

análise dos dados sobre a Balança Comercial Brasileira e dos Estados. Um

deles dizia que, nos dois últimos anos, o Ceará conseguiu ultrapassar a

casa do bilhão de dólares de exportação, até então inédita.

Semana de 23 a 29 de agosto

24 de agosto de 2009

A construção do Centro de Eventos do Ceará e do prédio da Divisão

de Homicídios da Polícia Civil foram os assuntos abordados pelo

governador nesta data no Twitter. Ele colocou links que levavam a fotos de

maquetes eletrônicas dessas obras, com espaço aberto para comentários.

O jornal Diário do Nordeste publicou em seu site: “Cid Gomes apresenta

maquetes de obras na internet”, citando o Twitter do governador e

reproduzindo uma das fotos apresentadas por ele.

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Figura 22 – Maquete virtual do Centro de Eventos do Ceará

Figura 23 – Foto das obras do Centro de Eventos do Ceará

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Figura 24 – Diário do Nordeste noticia as maquetes de obras do governo

25 e 26 de agosto de 2009

A exemplo do dia anterior, Cid aproveita para falar de mais obras.

Desta vez, ele investe na divulgação da construção da Policlínica de Brejo

Santo e do açude Missi, em Miraíma. A notícia da construção da Policlínica

vira notícia no blog Cruz Online, sobre a cidade de Cruz, situada no litoral

oeste do Ceará. Ele aproveita ainda para anunciar o lançamento do

programa Ronda do Quarteirão na cidade de Iguatu, notícia que ganhou

destaque na página do blogueiro Lindomar Rodrigues.

Figura 25 – Maquete eletrônica da Policlínica de Brejo Santo

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Figura 26 – Site Cruz Online aborda a construção da Policlínica de Brejo Santo

27 de agosto de 2009

Muitos posts ao longo do dia. Agenda cheia. Primeiramente, Cid

lamenta, logo cedo, a perda do engenheiro Bolivar Gadelha, uma das

quatro pessoas que trabalhavam na construção da ferrovia

Transnordestina e que morreram em um grave acidente na BR-116, no dia

anterior.

Cid volta a postar à noite, depois das 21h. Fala que teve um dia

muitas audiências em seu gabinete, “com pautas que variaram de um

inédito leilão de créditos de ICMS à novos investimentos em educação”.

Ele registra que recebeu em sua sala empresários varejistas e atacadistas

do setor farmacêutico. Eles teriam apresentado várias sugestões para

estimular o crescimento do setor. Cid anuncia que, no dia seguinte, irá à

cidade de Alto Santo assinar a ordem de serviço para a construção do

Açude Riacho da Serra.

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Às 21:36, ele se despede com a seguinte mensagem: “estou indo

comer um caranguejinho pois ninguém é de ferro. Rsrs” (sic). A frase

representa um dos raros momentos em que o governador Cid Gomes

deixa de falar de trabalho para escrever algo relacionado à sua vida

pessoal. A notícia da construção do açude em Brejo Santo vira notícia no

portal Jangadeiro Online e no blog do jornalista Macário Batista.

28 de agosto de 2009

As três únicas postagens foram realizadas bem cedo, às 6:18 da

manhã. Ele lembra que, naquela data, será iniciada oficialmente a

transmissão digital da TV Ceará (TVC), canal 5. Ele parabeniza

publicamente o chefe da emissora estatal, Guto Benevides, e lança um

desafio: "fazer uma programação de alta qualidade".

Figura 27 – Foto do local onde será construída a barragem de Miraíma

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Figura 28 – Blog repercute o lançamento do Ronda em Iguatu

Figura 29 – Notícia do açude em Alto Santo mostrada no site Jangadeiro Online

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Figura 30 – Post sobre a construção do açude Riacho da Serra no blog do Macário

Dia 30 de agosto de 2009

“Esses dois últimas dias, sexta e sábado, foram dias puxados que

me impediram de 'postar' aqui para o Twitter...”, justifica o governador, às

7:50 da manhã. “Na sexta, à noite, fui a Iguatu, onde foi lançado o Ronda

do Quarteirão”, continua. “Ontem, fiz uma reunião com taxistas de

Fortaleza no velho 'Secai' – Sociedade Esportiva e Cultural Arco-íris.

Participei, à tarde, do X Congresso do meu partido, o PSB, que elegeu

novo diretório. E ainda, ontem, fui a Amontada (inaugurar uma pista de

skate) e a Itapipoca lançar o Ronda do Quarteirão... ufa!!! rsrs”.

Depois das explicações, Cid escreve sobre o projeto Cinturão Digital,

que pretende levar banda larga à diversos municípios do interior do

Estado. Depois, revela que pretende rever três filmes clássicos: `El Cid`,

`Braveheart` e `The Last Samurai`. Ele explica o conteúdo dos três

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filmes. Mais tarde conta que só conseguir ver um (sem dizer qual). A

justificativa era uma reunião com a cúpula da segurança pública.

Dia 31 de agosto de 2009

Nesta data o governador repassou muita informação pelo Twitter.

"Acertamos a nomeação de 75 delegados de polícia que serão lotados em

todas as 19 regionais do Estado", começa, informando em seguida onde

cada equipe estará lotada. Depois, ele diz que seguirá para o Cariri. À

tarde, ele informa que viaja para Brasília, para participar do anúncio do

novo marco regulatório do pré-sal. "Retorno ainda hoje...", escreve. "A

tempo de participar de uma homenagem que se fará aos 'Cearenses da

Década'". A nomeação dos delegados virou um post no blog Diálogos

Políticos e no blog de Política do Jornal O POVO.

Figura 31 – Repercussão na imprensa de uma informação do Twitter

4.4 - Outros episódios envolvendo o governador e o Twitter

15 de setembro - O episódio da Rádio Monólitos

No dia 15 de setembro de 2009, o governador Cid Gomes posta no

Twitter uma planilha contendo os investimentos feitos pelo Governo do

Estado do Ceará no município de Quixadá. Uma emissora de rádio local,

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chamada Monólitos FM, questionou os números de investimentos feitos

pelo Governo no Município. Cid divulgou no Twitter uma planilha em

resposta à rádio. A emissora, através do blog oficial parabenizou o

governador por ter mostrado a planilha e pediu para que o prefeito da

cidade, Ilário Marques, a fazer o mesmo.

Figura 32 – Prestação de contas pleo Twitter

Figura 33 – Cid Gomes responde ao blog da rádio Monólitos

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16 de setembro - Governador "No limite"

Cid Gomes registra no Twitter as fotos de uma visita aos bastidores

do programa televisivo "No Limite", produzido pela TV Globo e gravado no

litoral do Ceará com apoio da Secretaria Estadual de Turismo.O jornalista

Eliomar de Lima, em seu blog, aproveita para fazer algumas críticas

inspiradas no título do programa. "Cid, realmente, anda no limite. No

limite com policiais civis; com os deputados federais Vicente Arruda (PR) e

Pedro Ribeiro (PMDB); com certas lideranças do Interior; e com tanta

crítica à área da segurança pública", registra.

Figura 34 – Participação do governador no programa “No Limite” da TV Globo

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22 de setembro - Sistema de monitoramento e carro da linha sul

do metrô

Cid escreveu no dia 2 de setembro em seu Twitter que "toda obra,

com valor acima de R$ 3 milhões, terá uma câmera ligada a internet para

acompanhamento remoto". No entanto, foi no dia 22 de setembro que ele

postou uma foto do funcionamento do sistema de videomonitoramento

das obras do Estado. Dois dias depois ele divulga uma imagem do trem

que deve operar na linha sul do Metrô de Fortaleza. No dia 13 de outubro,

Cid Gomes divulga uma foto das obras de construção do Hospital Regional

do Cariri captada pelo sistema de videomonitoramento.

Figura 35 – Imagens do sistema de monitoramento do Governo do Estado

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Figura 36 – Foto do metrô de Fortaleza

Figura 37 – Foto da obra da construção do Hospital Regional do Cariri

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9 de setembro de 2009 - Capa do jornal O POVO

Rebeca Conrado (2009) narra o episódio em que um diálogo iniciado

no Twitter se transforma em matéria de capa do jornal O POVO. A repórter

Dalviane Pires foi pautada para colher informações sobre o Refis, um

programa de refinanciamento de dívidas governamentais. Com sérias

dificuldades em localizar a principal fonte de sua reportagem, a repórter

utilizou o Twitter para desabafar. Até, por um acaso, conseguir tudo que

precisava.

A jornalista Dalviane Pires (@dalpires) estava à espera de um telefonema do secretário da Fazenda do Estado do Ceará, Mauro Filho, para que pudesse fechar sua matéria. Em momento de puro desespero, pois o secretário não retornava a ligação, Dalviane posta em seu Twitter a seguinte mensagem:“em pensar que o @cidfgomes salvaria minha pauta... rsrs bem que ele poderia passar o número do celular... rs”. Minutos depois o Governador o Estado do Ceará Cid Gomes responde ao tweet da repórter do jornal O POVO com a seguinte mensagem: “Diga o seu que eu ligo...”. Assim, a jornalista Dalviane Pires passou através de uma Direct Message o seu telefone para o governador, que prontamente ligou para ela e forneceu-lhe a informação necessária para fechar a matéria, que ainda foi capa da edição do dia 9 des setembro de 2009 (CONRADO, 2009)

Os bastidores da matéria foi contado no blog dos jornalistas Plínio

Bortolotti e Nonato Albuquerque. Plínio escreveu a seguinte manchete:

“Twitter salva pauta; governador Cid Gomes vê mensagem e liga para

repórter". Já a manchete de Nonato Albuquerque chama atenção para a

força do Twitter na apuração de um fato.

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Figura 38 – Repercussão da capa do jornal O POVO no blog do jornalista Plínio Bortolotti

Figura 39 – Post no blog do jornalista Nonato Albuquerque sobre a força do Twitter

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso crescente das redes sociais digitais aponta para o

deslocamento de uma esfera pública midiática vertical para uma esfera

horizontalizada. A comunicóloga Dalva Ramaldes6 estuda esse

deslocamento dentro do campo da política. Ela avalia o Twitter como um

espaço virtual que potencializa tanto a formação de redes de eleitores e

aliados, dedicados aos esquemas políticos promocionais, quanto intriga

políticas resultantes de seus entrecruzamentos ideológicos e partidários.

Pierre Levy (2001) acredita que a Internet permite a articulação de

múltiplos pontos de vista. Ele chega a prever, inclusive, que cada um se

tornará, no futuro, dono de um “pedaço” do ciberespaço. No entanto, ele

chama atenção para a apropriação política da rede. Apesar de todas as

possibilidades que existem na Internet, ter um site, escrever um blog ou

ter uma conta no Twitter não necessariamente representa uma maior

democratização.

A difusão de propagandas governamentais sobre a rede, o anúncio dos endereços eletrônicos dos líderes políticos, ou a organização de referendos pela Internet nada mais são do que caricaturas de democracia eletrônica. A verdadeira democracia eletrônica consiste em encorajar, tanto quanto possível - graças às possibilidades de comunicação interativa e coletiva oferecidas pelo ciberespaço - a expressão e a elaboração dos problemas da cidade pelos próprios cidadãos, a auto-organização das comunidades locais, a participação nas deliberações por parte dos grupos diretamente afetados pelas decisões, a transparência das politicas públicas e sua avaliação pelos cidadãos. (LÉVY, 1999)

____________________

6 Líder do Grupo de Pesquisa " Mídia Digital Móvel" e Membro do grupo de Pesquisas "Percursos Culturais em Comunicação" da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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Focando no nosso objeto de estudo, o uso político do Twitter a partir

do caso do governador do Ceará, Ciro Ferreira Gomes, observamos que o

usuário @cidfgomes utiliza a ferramenta para fazer um reforço

institucional das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado do Ceará.

Ele está no poder desde 2006 e já se apresenta como pré-candidato à

releição para o quadriênio 2010-2014.

Os textos do governador, em sua grande maioria, são destinados a

anunciar obras e divulgar feitos do Governo e de sua equipe de

secretários. Dificilmente, o governador utiliza o Twitter para emitir

opiniões ou abordar aspectos de sua vida pessoal.

Uma outra característica marcante do perfil virtual do governador do

Ceará é a pouca interatividade. Praticamente não existe interação do

usuário @cidfgomes com os demais usuários. Ele não cita outros usuários,

nem reproduz textos de outras pessoas. Dentro do Twitter, essa atitude é

considerada negativa, uma vez que demonstra pouco interesse no que

outros usuários escrevem. Outra característica que demonstra isso é o

fato do usuário @cidfgomes seguir poucas pessoas, apesar de ter quase 9

mil seguidores. Nos primeiros meses em que passou a usar a ferramenta,

Cid seguia apenas o irmão, o deputado federal Ciro Gomes.

Mesmo com um nível baixo de interatividade, a participação do

governador do Ceará no Twitter tem bastante relevância para o jornalismo

local. Cid Gomes entra para a história do Ceará como o primeiro

governador do Estado a utilizar as redes sociais digitais para divulgar suas

realizações aos eleitores. A a maioria das postagens feitas pelo

governador ganharam, de alguma forma, repercussão nos veículos de

comunicação como observado na parte 4 dessa pesquisa. Isso mostra que

o Twitter representa mais um canal para promover o agendamento da

imprensa local.

A Intercom (2008) explica, em breves termos, que a Teoria do

Agendamento (Agenda-setting Theory), consiste na formulação de um

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conjunto de pressupostos teóricos e procedimentos metodológicos que

tentam compreender os dispositivos que a mídia determina para “pautar”

ou “agendar” a opinião pública.

A pesquisadora Andrea Reis7 estuda os twitters dos políticos

brasileiros e a partir dessa observação, faz uma análise da mídia

convencional para tentar compreender o diálogo entre as mídias

analógicas e as mídias sociais digitais. Em um artigo, ela se diz cada vez

mais convencida que o Twitter representa uma evolução da maneira de se

fazer notícia, uma vez que as novas mídias, segundo ela, estão pautando

a mídia tradicional.

A principal publicação da Intercom, a Revista Brasileira de

Comunicação, publicou uma entrevista com Maxwell McCombs, um dos

idealizadores da Teoria do Agendamento. Quase quarenta anos depois da

criação da teoria, McCombs chama a atenção para a hierarquização dos

veículos de comunicação, a partir da relevância social.

Na era eletrônica em que vivemos, a mídia define claramente os distribuidores primários das notícias. Há muitos estudos sobre conversas que identificam aquilo que as pessoas falam a respeito são as coisas que vêm das notícias. Eles tendem a conversar sobre aquilo que a imprensa apresenta. (INTERCOM, 2008)

Nesse sentido, podemos concluir ainda que, a participação do

governador Cid Gomes no Twitter, sozinha, não é capaz de agendar a

opinião pública sem a ajuda de um mediador público mais relevante. Ou

seja, a atuação do governador sofre grande intervenção dos gatekeepers.

Em nosso caso específico, podemos citar os veículos de comunicação

convencionais ou blogs que fazem a cobertura hiperlocal, como por

exemplo o Iguatu.org, que pretende fazer a cobertura jornalística da

região sul do Ceará.

__________7 Pesquisadora do Núcleo de Estudo em Arte, Mídia e Política (NEAMP) da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo.

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No passado, os temas mais importantes para a opinião pública eram

apenas selecionados pelas mídias convencionais. No contexto da práxis

jornalística no Brasil, é fato que as novas tecnologias ganharam nos

últimos anos uma importância cada vez maior na elaboração da agenda do

público. Entretanto, a força do poder das mídias tradicionais, sobretudo o

jornal impresso e a televisão, ainda é muito superior ao uso do Twitter.

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