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LINGUAGEM JURÍDICA PROFª MSc. ZILDA M. FANTIN

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LEITURA E PRODUO TEXTUAL 1

LINGUAGEM JURDICA

PROF MSc. ZILDA M. FANTIN

1

UNIDADE V

RECURSOS ESTILSTICOS

5.1DENOTAO E CONOTAO

O homem conjuga duas formas de conhecimento: o intelectivo, cognoscitivo, referencial, objetivo (denotativo) e o subjetivo, afetivo (conotativo).

Um texto estruturado de forma ambgua em relao ao sistema de expectativas, que o cdigo denotativo, leva o leitor a uma dificuldade maior na decodificao, mas lhe assegura um tipo de informao no veiculada pela linguagem denotativa (funo potica).

Segundo Xavier (2001, p. 21-22), Diz-se que uma palavra empregada em sentido denotativo ou referencial quando se reporta ao contedo literal que lhe atribuem os dicionrios, apresentando a significao delimitada numa rea precisa.Ex.: Eles saram caa da raposa.

Palma e Ricciardi (1983, p. 6) descrevem que pela denotao propriedade que um signo lingustico tem de remeter a um objeto exterior lngua que fornecemos, a respeito das coisas, respostas que procuram ser racionais, lgicas, coletivas, inequvocas, traduzveis e mais rpidas quanto decodificao. Movendo-se no permetro da lngua, os signos lingusticos so transparentes e a funo representativa ou referencial predomina.

Na Conotao, A palavra empregada no pode ser descrita no puro mbito gramatical, pois dele transcendeu para o da estilstica e somente o contexto poder determinar-lhe os contornos de sentido. A base do sentido conotativo a metaforizao (XAVIER, 2001, p. 22).Ex.: Aquele advogado, na tribuna, uma raposa.

5.2 ESTILO Estilo: Etimologicamente, a palavra estilo procede do latim stilu, que era um ponteiro de ferro com o qual os antigos escreviam sobre tbuas enceradas. Por metonmia, o sentido ampliou-se abarcando a significao geral do modo ou maneira particular de algum utilizar-se da lngua. O estilo pode ser:

Gramatical ou Lgico Modo de se utilizar da lngua conforme preceitos da gramtica. Suas qualidades so a correo, a clareza, a conciso, a harmonia e a propriedade.

Literrio ou Expressivo Sinnimo de criao, pois fruto de natureza inata, do poder indutivo e inapreendvel, ao contrrio do anterior, que comporta dons adquiridos pelo esforo e pelo estudo. Suas qualidades so a propriedade ou eficcia e originalidade (TAVARES, 1981).

Verossimilhana Semelhante ao verdadeiro, passvel de ocorrer, em um determinado cenrio, real ou ficcional. Essa verdade pode ser uma verdade particular, s possvel dentro da coerncia interna de sua histria. Por exemplo: A fala do personagem deve corresponder sua regio, sua classe social, sua faixa etria. O fato de um animal falar numa fbula coerente dentro da histria.

5.3 FIGURAS DE LINGUAGEM

Quando h sentido conotativo, tem-se a linguagem figurada, ou seja, as figuras de linguagem

5.3 FIGURAS DE LINGUAGEM

Figura um recurso de linguagem que consiste em apresentar uma ideia por meio de combinaes incomuns de palavras. A figura resulta de um desvio da norma.

A linguagem figurada um recurso que facilita ou promove nossa criatividade lingustica.

5.3.1 Categorias das Figuras de LinguagemH diferena na classificao das figuras de linguagem entre os gramticos e nem sempre concordam com a diviso das figuras em determinadas categorias. Uma mesma figura classificada como pertencente a uma categoria por uns e a outra, por outros.

Faraco, Mesquita e Sacconi classificam as figuras de linguagem em:Figuras de Palavras ou Tropos: caracterizam-se por apresentar sempre uma mudana, uma substituio ou transposio do sentido real para o sentido figurado da palavra.

So elas a Comparao (ou Smile), Metfora, Catacrese, Metonmia, Sindoque, Perfrase, Antonomsia.

Figuras de Pensamento: processos que introduzem uma ideia diferente daquela que a palavra habitualmente exprime. O enunciado expressa ideia diferente daquela que a forma lingustica parece indicar.

So elas a Anttese, Ironia, Eufemismo, Hiprbole, Reticncia, Gradao (ou clmax), Apstrofe, Prosopopeia (ou personificao, ou animismo), Paradoxo (ou oxmoro), Litotes.

Figuras de Sintaxe ou de Construo: apresentam algum tipo de modificao na estrutura da orao. Disposio inesperada, incomum das palavras na frase ou de concordncia irregular.

So elas a Repetio (ou Iterao), Anstrofe, Elipse, Zeugma, Silepse, Pleonasmo, Polissndeto, Anacoluto, Hiprbato, Anfora, Assndeto, Aliterao, Anadiplose.

Ernani Terra (1996) classifica as figuras de linguagem em figuras de som, figuras de construo, figuras de pensamento e figuras de palavras, ou seja, ele acrescenta um quarto grupo: as figuras de som as que destacam os sons das palavras, como a onomatopeia, a aliterao e a assonncia.

Segundo Paschoalin e Spadoto (1996), as figuras de linguagem ocorrem por meio de recursos semnticos (quando trabalha a palavra do ponto de vista de seu significado), como no eufemismo; recursos fonticos (quando destaca os sons das palavras), como na aliterao; recursos sintticos (quando trabalha a construo da frase), como no pleonasmo.

5.3.2 Tipos de Figuras de Linguagem

ALEGORIAConsiste numa srie de figuras (metforas, comparaes etc.) que transferem a narrativa (personagens e aes) para o plano do smbolo ou da fbula.

Ex.: Esta rvore do Estado, de cujas ramas pendem trofus ganhos no Oriente, tem as razes apartadas do tronco por infinitas lguas... (J. Freire)

ALITERAORepetio de um mesmo fonema consonantal. (Ver assonncia)

Ex.: Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... (Guimares Rosa)

AMBIGUIDADEDuplo sentido, duas ou mais interpretaes.

Ex.: Deixa-me, fonte! Dizia A flor, tonta de terror. E a fonte, sonora e fria, Cantava, levando a flor. (Vicente de Carvalho) (fria oposto de quente ou como insensvel, indiferente?)

ANTTESEUso de opostos. A anttese consiste em realar uma ideia ou um conceito por meio de palavras de sentido oposto. (Ver paradoxo)

Ex.: Era o porvir em frente do passado, A liberdade em face escurido. (C. Alves)

ANTONOMSIA a substituio de um nome prprio por um nome comum ou por uma expresso a ele ligada. Essa palavra ou expresso designa uma caracterstica do ser cujo nome substitui ou uma qualidade que se atribui a este ser, ou fato que a distingue. (Ver epteto)

Ex.: Pel (Edson Arantes do Nascimento) Mrtir da Independncia (Tiradentes) O poeta dos escravos (Castro Alves) O Dante Negro (Cruz e Souza)

ANTONOMSIAO Promotor de Justia veste-se de Cato para punir um homem comum, que praticou o adultrio pela astcia de uma mulher sedutora, que alm de o envolver com propostas maliciosas, entorpeceu-lhe a razo pelas ameaas de destruir-lhe o casamento, chantagem ignbil que representa, ela sim, uma imoralidade a ser repudiada pela intransigncia do Ministrio Pblico.

(Exemplo de texto jurdico Cato com o sentido de moralista austero e refora a ideia de intransigncia dada ao Promotor de Justia).

H antonomsia na construo bastante comum na linguagem jurdica: sentena draconiana (injusta e demasiado severa), usada por identificao a Draco, legislador excessivamente rigoroso, tanto que injusto.

APSTROFEInvocao ou interpelao que se faz a algum.

Ex.: Deus! Deus! Onde ests que no me respondes? (Castro Alves)

ASSNDETOAusncia da conjuno coordenativa. (Ver polissndeto)

Ex.: Escrevia, lia, dormia, acordava, levantava-me, tornava a deitar-me. (Graciliano Ramos)

ASSONNCIARepetio de um mesmo fonema voclico.

Ex.: E bamboleando em ronda danam bandos tontos e bambos de pirilampos. (Guilherme de Almeida)

CATACRESEUso de termos em outro sentido por faltar palavras na lngua. Segundo Faraco, a catacrese , a rigor, uma metfora que se desgastou com o tempo, em que j no se sente nenhum vestgio de inovao.

Ex.: Folha do livro, Pele do tomate, Cu da boca, Asa da xcara, P da mesa.

COMPARAO uma figura que consiste em estabelecer uma relao de qualidade entre os termos da orao para destacar a semelhana entre eles. Comparao ou Smile, para Faraco, mas outros consideram o smile como metfora.

Ex.: A sombra das roas macia e doce, como uma carcia. (Jorge Amado)

A comparao metafrica compara elementos de universos diferentes.

Ex.: Macarro mais barato do que carne. (comparao simples compara elementos do mesmo universo).

O acusado agiu como um leo que ataca o cordeiro; sabia de sua fora e valeu-se dela para atemorizar a indefesa vtima.

(Exemplo de texto jurdico).

ELIPSEConsiste na omisso de um termo no empregado anteriormente. (Ver zeugma)

Ex.: Na estante, livros e mais livros. (havia) Haveremos de vencer! (ns) Toda a cidade parada por causa do calor. (estava)

EPTETOCognome, palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa.

Ex.: Caim para designar assassino de irmo.

EUFEMISMO o recurso que utilizamos para amenizar o que pensamos. Consiste na substituio de uma palavra ou expresso com sentido desagradvel por outra, com a finalidade de amenizar seu significado.

Ex.: Aquele rapaz no legal, ele subtraiu dinheiro. Eu no fui feliz nos exames. Seu corpo ser levado ao campo santo. (cemitrio)

GRADAO (ou clmax) Enumerao de qualidades numa ordem crescente ou decrescente, ideia de intensificao ou decrscimo progressivo de significados.

Ex.: A vida, o cu, o mar, o infinito, tudo parecia sem graa longe dela.

HIPRBOLE Recurso utilizado para exagerar uma ideia. Ocorre quando se usa uma expresso exagerada, geralmente para dar maior nfase frase.

Ex.: J lhe disse isso um milho de vezes. Quando o filme comeou, voei para casa. Estamos todos morrendo de sede.

IRONIAConsiste na inverso dos sentidos. uma figura que exprime um conceito contrrio do que se pensa ou do que realmente se quer dizer.

Ex.: Que alunos inteligentes! No sabem nem somar. Se voc gritar mais alto, eu agradeo. Parabns pela sua grande ideia: conseguiu estragar todos os meus planos.

METFORAComparao mental, comparao sem os termos comparativos. A metfora uma figura que consiste em empregar um termo com um sentido que se lhe associa por fora de uma comparao de ordem subjetiva. A comparao fica subentendida.

Ex.: Fecha-se a plpebra do dia. (Raimundo Correia)

O acusado agiu como um leo que ataca o cordeiro; sabia de sua fora e valeu-se dela para atemorizar a indefesa vtima.

(Exemplo de texto jurdico cordeiro no lugar de vtima)

Sentido, senhores! Quando o tribunal popular cair a parede da justia que ruir! Pela brecha hiante vazar o tropel desatinado e os mais altos tribunais no alto de sua superioridade! (Roberto Lyra).

(Exemplo de texto jurdico - o tribunal tornou-se a parede mestra; um elemento assumiu as caractersticas do outro)

METONMIATroca de um termo por outro por haver uma relao externa entre eles. Essa relao pode ser de: abstrato pelo concreto, autor pela obra, efeito pela causa, continente pelo contedo, instrumento pela pessoa, nome do inventor substitui o nome do invento, smbolo pela coisa simbolizada, classe pelo indivduo, o nome do produto substitudo pelo nome do lugar onde feito.

METONMIA

A metonmia a transferncia do nome por contiguidade dos sentidos (temporal, especial, causal).

Ex.: Ele um bom de garfo.

PARADOXO (ou Oxmoro) Tipo de anttese que se expressa de uma forma mais radical, ideias antagnicas.

Ex.: Menino do rio, Calor que provoca arrepio. (Caetano Veloso)

PARONOMSIAOcorrncia prxima de palavras com som semelhante, mas de significados diferentes. (Ver trocadilho)

Ex.: O que no pde Marte, pde a Morte. (Getlio Baia)

PLEONASMO Consiste na repetio de ideias. Redundncia. Emprego de palavras ou expresses de significado semelhante, prximas uma da outra, para reforar a ideia.

Ex.: O canrio cantou um canto melodioso. Vi com meus prprios olhos. Estes versos, eu os li ontem.

POLISSNDETORepetio de conjuno coordenativa.

Ex.: ... as casas so pobres, e os homens pobres, e muitos so parados e doentes e indolentes... (Rubem Braga)

PRETERIOConsiste em tratar de assunto e ao mesmo tempo afirmar que ele ser evitado.

Ex.: No pretendo aqui lembrar que o ru um heri de guerra, duas vezes condecorado com atos de bravura. (H. Pontes)

Unamos agora os ps e demos um salto por sobre a escola, a enfadonha escola, onde aprendi a ler, a escrever, contar, dar caoletas e apanh-las e ir fazer diabruras, ora nos morros, ora nas praias, onde quer que fosse propcio a ociosos (Machado de Assis)

(Um salto por sobre a escola, mas fala dela)

No vos pintarei os tumultos, a grita da multido: o sangue de todos os lados, o corpo do filho estendido sobre o cadver do pai, as mes em lgrimas correndo com os filhinhos ao colo, os irmos erguendo um contra os outros as espadas fraticidas, o incndio, a runa, a desolao por toda parte... (Costa e Cunha).

Eu poderia fazer-lhe notar que ela conhecia sobremaneira a beleza das obras do esprito... mas por que me alongar...?

No vos direi o que pensam tantaspessoas, que certos poderosos, depois de uma juventude tempestuosa, no alcanaram a posio que ocupam, seno por meio de intrigas sujas, e que em seguida traficaram com a sua funo e edificaram a sua fortuna por meios desonestos.

PROLEPSEConsiste em prever as objees do interlocutor ou adversrios e refut-las antecipadamente.

Ex.: Objetar-me-eis com a guerra! Eu vos respondo com o arbitramento. O porvir assaz vasto para comportar esta grande esperana. (Rui Barbosa)

Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o censo! E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, plido de espanto. (Olavo Bilac)

PROSOPOPIA (ou personificao ou animismo)Atribui caractersticas humanas a seres inanimados. Atribuio de caractersticas de seres animados a seres inanimados ou irracionais; coisas ou animais agem como pessoas.

Ex.: O cu est mostrando sua face mais bela. O co mostrou grande sisudez.

Uma iluso gemia em cada canto, Chorava em cada canto uma saudade! (Lus Guimares Jr.)

SILEPSE

A concordncia feita com a ideia que se quer transmitir (gnero, nmero e pessoa).

Ex.: So Paulo j est fria nessa poca do ano.

SMILE uma comparao reduzida em que os termos comparados esto presentes. mais que uma comparao j que a partcula comparativa desapareceu. O smile tambm considerado uma metfora (uma metfora impura).

Ex.: O homem no seno um canio, o mais frgil da natureza, mas um canio pensante. (PASCAL, apud DUBOIS et al., 1974).

SINDOQUETipo especial de metonmia que se baseia numa relao de todo ou parte. Essa relao pode ser de: a parte substitui o todo; o nome do gnero substitui uma de suas espcies; o nome do indivduo passa a indicar toda uma espcie ou grupo; singular pelo plural; matria de que feito um produto substitui o nome do produto; a marca do produto substitui o produto; caractersticas, hbitos, traos fsicos ou psicolgicos, aparncia, vcios de um ser ou coisa substituem o nome do ser.

Ex.: Os mortais pensam e falam. O sertanejo , antes de tudo, um forte. (Euclides da Cunha)

Aquele que usa arma para resolver seus problemas, aquele que faz da fora e da violncia a razo de viver, de obter suas vantagens, no pode ser considerado um elemento comum. Elemento comum exerce um direito. E ns, hoje, estamos to somente exigindo justia. No o Ministrio Pblico que quer a condenao. O Ministrio Pblico s tem o dever de instruir Vossas Excelncias daquilo que a lei dita, daquilo que norma legal para se viver em sociedade. (Fagundes, 1987:72)

Exemplo de texto jurdico emprego do plural pelo singular. O recurso permite traduzir a ideia de que no s o Promotor Pblico, que enuncia o discurso, considera necessria a condenao do ru. Ele porta-voz do Ministrio Pblico e representa o pensamento de toda a categoria.

SINESTESIA Consiste na fuso de sensaes diferentes numa mesma expresso. Essas sensaes podem ser fsicas (gustao, audio, viso, olfato e tato) ou psicolgicas (subjetivas). Mescla, numa expresso, de sensaes percebidas por diferentes rgos do sentido.

Ex.: Milagrosa aquela mancha verde (sensao visual) e mida, macia (sensaes tteis), quase irreal. A luz gelada e plida diluindo... (Cruz e Souza)

A vtima sentiu em sua carne a violncia do acusado; viu o movimento da faca ferir seus rgos vitais; ouviu as palavras duras e impiedosas do agressor e pretende, ainda, a defesa, demonstrar que o ru no cometeu tentativa de homicdio, mas to-somente leso corporal culposa?

(Exemplo de texto jurdico para realar a ideia de sofrimento da vtima, destacam-se o sentir, o ver e o ouvir).

TROCADILHORepetio de termos iguais, mas com significados diferentes com efeito humorstico.

Ex.: Seu Irineu Boaventura no era to bem-aventurado assim, pois sua sade no era l para que se diga... (Stanislaw Ponte Preta)

ZEUGMAConsiste na omisso de um termo j empregado anteriormente.

Ex.: Ele come carne, eu verduras. Ele prefere um passeio pela praia; eu, cinema.

Os nomes retomam seu antigo significado, os seres, sua antiga aparncia; ns, nossa alma de ento (Proust)

3.2.1Diferena entre Metfora, Metonmia e Sindoque

AI BTermo de Partida Termo Intermedirio (procede a passagem de A a B)

Termo de Chegada

METFORA

Metfora representa uma troca de palavra por outra por haver entre elas alguma semelhana.

AB

METONMIAMetonmia a substituio de uma palavra por outra, quando existe uma proximidade de sentidos que permite essa troca, uma relao de contiguidade.

Sindoque Substituio de um termo por outro, havendo ampliao ou reduo do sentido usual da palavra, uma relao de parte e todo. AB

SINDOQUE

ENFIM...As trs figuras representam uma troca de palavra por outra por haver entre elas alguma relao.

3.2.2 Diferena entre Comparao Smile Metfora

H divergncia entre os autores em relao diferena entre Comparao, Smile ou Metfora.

Para Faraco, Comparao ou Smile, so iguais, mas outros consideram o smile como Metfora, mas Jos de Nicola (1998) faz uma distino entre essas figuras.

Na comparao, h a partcula comparativa.

Ex.: Clarissa, que mora na minha rua, bela como uma deusa.

O smile no possui a partcula comparativa, mas mantm os dois termos comparados; ele mais que uma comparao j que a partcula comparativa desapareceu.

Ex.: Clarissa, que mora na minha rua, uma deusa.

Na metfora, no h nem a partcula comparativa nem um dos termos o termo de partida para a comparao.

Ex.: A deusa da minha rua. O termo de chegada deusa foi colocado no lugar do termo de partida Clarissa).

EXEMPLOS DE METFORAOh! Quanto me pesa este corao, que de pedra! Este corao que era de asas de msica e tempo de lgrimas (C.M.).

Senhor, nada valho / Sou a planta humilde dos quintais (Cora Coralina).

Palavras no matam / nem provocam inverno atmico / e na voz do poeta (abelhas na colmeia) / podem at conter uma ideia.(Rgis Bonvicino)... jogara pessoas inocentes na lama da calnia... ... um fiapo de gente encostado ao poste ...

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o esprito enlaa dor vivente No derramam por mim nenhuma lgrima (lvares de Azevedo).

Eufemismo (rebentar... = morrer)Prosopopeia (o esprito enlaa)Metfora (fibra = corao)

EXEMPLOS DE METONMIANas horas de folga lia Cames. Li J Soares dezenas de vezes. (O autor pela obra)

A Amrica reagiu e combateu. A terra inteira chorou a morte do santo pontfice. O ginsio aplaudiu a seleo.(O continente pelo contedo ou o lugar pelos habitantes = os habitantes, as pessoas)

A cidade inteira (metonmia) viu assombrada, de queixo cado, o pistoleiro sumir de ladro fugindo nos cascos de seu cavalo."(cascos = o todo pela parte = sindoque)

Difcil conduzir aquela bondade trpega ao crcere, onde cumpriam pena os malfeitores (Graciliano Ramos).A infncia deve ser protegida pelos rgos pblicos. (O abstrato pelo concreto = pessoas, crianas)

No paternalismo de nenhum mecenas arquimilionrio. (mecenas = protetor, o indivduo pela espcie ou classe)

Para os artistas ele foi um mecenas. (O indivduo pela espcie, nome prprio pelo nome comum)

Porm, j cinco sis eram passados (Cames). (= cinco dias)

O ao de Z Grande espelha reflexos dos cristais. (A matria pelo objeto = faca)

No te afaste da cruz. (O smbolo e o objeto simbolizador = religio)

Fumei um saboroso havana. (O lugar e o produto do lugar = charuto)

Os avies semeiam a morte(O efeito pela causa = bombas mortferas)

As penas mais brilhantes do pas reverenciaram a memria do grande morto. (O instrumento pela pessoa que o utiliza penas, canetas = escritores)

Andai como filhos da luz, recomenda-os o Apstolo. (= So Paulo apstolo de Cristo - a espcie ou classe pelo indivduo)

O trono estava abalado. (O sinal pela coisa significada trono = o imprio)

EXEMPLOS DE SINDOQUEAs chamins (fbricas) forjam a grandeza de So Paulo.No tinha um teto (casa) onde se abrigasse. Vrios brasileiros vivem sem teto.(A parte pelo todo)

Os mortais (os humanos) pensam e sofrem neste mundo. (A qualidade pela espcie; mortais envolvem tambm os animais )

O paulista tmido; o carioca, atrevido.O homem (os homens) mortal. (Singular pelo plural)

Se os deuses se vingam, que faremos ns os mortais (Vitrio Bergo).

Ganhars o po (alimento) com o suor (trabalho) do teu rosto.

(po est contido na ideia de alimento: sindoque; e suor: metonmia efeito pela causa)

EXEMPLOS DE COMPARAO"Amou daquela vez como se fosse mquina / Beijou sua mulher como se fosse lgico (Chico Buarque).

As rvores que debruam as caladas so como blocos compactos de algas (rico Verssimo).

Olhe, meu filho, os homens so como formigas (rico Verssimo).

EXEMPLOS DE SMILEMinha boca um tmulo. A turma era um mercado de peixes.A Amaznia o pulmo do mundo.Veja bem, nossa casa uma porta entreaberta.A ignorncia a noite do esprito.Fulano no flor que se cheire.Isso um bicho-de-sete-cabeas.

5.4 OUTROS RECURSOS ESTILSTICOS a) CHARGE: POENTE EM BRASLIA

O recurso usado, na charge anterior, a figura da pizza no lugar do sol, sugerindo que, em Braslia, fazendo intertextualidade com a frase tudo acaba em pizza, nada levado a srio, tudo termina em festa.

b) Quem passou pelo Nacional passa em qualquer lugar. (Propaganda do cursinho pr-vestibular do Colgio Nacional) Polissemia: passou = estudou e passa = ser aprovado.

Comece Direito! (Propaganda do II exame de seleo para estagirio do Ministrio Pblico do ES) Polissemia: direito = no sentido de curso de direito e sinnimo de certo (inicie sua carreira jurdica sendo estagirio do Ministrio P. do ES).

O fim da picada (Nome de livro que conta a histria da recuperao de um drogado). Polissemia da palavra picada que mantm o sentido denotativo e conotativo, alm de intertextualidade com a expresso fim da picada, no sentido de ser a ltima coisa que se espera.

O Comprositor nome de um artigo de Jos Augusto de Carvalho (A Gazeta, 13/12/2002), referindo-se a Nestor de Holanda que se apoderou de uma marchinha que uma jovem compositora lhe mostrara e que ele gravou como sendo de sua autoria e ainda pagou a alguns pilantras para cooperarem na farsa. O neologismo foi formado com comprou e compositor.

Quem Roriz por ltimo Roriz melhor (A Gazeta, 8/07/2007 Agamenon). Intertextualidade com a frase Quem ri por ltimo ri melhor. Agamenon, criticando, de forma irnica, a situao do senador Joaquim Roriz, envolvido em escndalo de corrupo: Com medo de que sua fama de corrupto pudesse prejudicar sua imagem de trambiqueiro, o senador Joaquim Horrorvel (neologismo) renunciou ao cargo e ainda disse: Eu cargo para a opinio pblica.

O juiz julga por aquilo que houve e no por aquilo que ouve. jogo com palavras homnimas.Bonita tonalidade cadavrica. (do texto A vontade do falecido) emprego de adjetivao fora do comum para significar muito branco, cor de defunto.

Atividades XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI

O estilo a arte de dizer o mximo com o mnimo de palavras (Jean Cocteau).