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PREÇO: 0,90€ ASSINATURA ANUAL: 24,50€ DIGITAL: 15€ Director: José Luiz de Almeida Silva Director Adjunto: Carlos M. Marques Cipriano Tel:262870050 / Fax: 262870058/59 [email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected] Jornal fundado em 1 de Outubro de 1925 www.gazetacaldas.com facebook.com/gazetacaldas HISTÓRIAS DA EMIGRAÇÃO SEXTA-FEIRA 25 JANEIRO DE 2019 | Nº 5262 Editorial Não há médicos. Ponto. Na entrevista que esta semana publicamos com a directora do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte e na peça onde citamos o bastonário da Ordem dos Médicos (que visitou o CHO) constata-se que os graves problemas de que padece a Saúde na nossa região se resu- mem, em última instância, à falta de médicos. Tanto Ana Pisco na ACES Oeste Norte, como Elsa Baião no CHO, deparam-se com uma di- ficuldade tremenda em contratar profissionais de saúde, sobretudo médicos, para os centros de saúde e hospitais da região. Pode-se dizer que o problema é transversal a todo o país, que a concorrência dos privados leva muitos destes profissionais a ir trabalhar para clínicas e hos- pitais com melhores condições de trabalho e melhores salários. Pode-se dizer também que é grande a concorrência no estrangeiro, onde os médicos encontram igualmente melhores re- munerações e desafios mais atractivos. E pode- -se também dizer – porque aí radica a raiz do problema – que tudo vai ter a Centeno, isto é, à indisponibilidade das Finanças Públicas para investir no Serviço Nacional de Saúde (o termo “investir” não é inocente – a Saúde deveria ser encarada como um investimento e não como uma despesa). Pode-se dizer tudo isso, mas também é certo que o Oeste não é propriamente uma região de- primida e desertificada do interior de Portugal, onde seria compreensível que técnicos qualifi- cados não quisessem trabalhar e viver. Caldas da Rainha está a uma hora de Lisboa e insere- -se numa região com boa qualidade de vida, com um clima agradável, perto do mar, com boas praias, boa gastronomia, uma vida cultu- ral que não sendo deslumbrante também não é indigente, bons acessos rodoviários e segu- rança nas ruas. É difícil perceber por que não consegue atrair especialistas nem jovens mé- dicos em início de carreira. É certo que nem Ana Pisco nem Elsa Baião têm muito dinheiro para lhes pagar, nem grandes con- dições de trabalho para lhes oferecer. Basta entrar na UCSP das Caldas da Rainha ou em algumas salas de espera do CHO e ver o ambiente depri- mente que ali se vive, com utentes amontoados, sentados em filas de cadeiras de plástico (ou em pé por falta de lugar), esperando por consultas que tardam horas, para não falar nos meses que já esperaram para as obter. Hoje os médicos querem desafios mais aliciantes nos grandes hospitais centrais de Lisboa, Porto ou Coimbra e não estão dispostos, com os salá- rios oferecidos no público, a irem trabalhar para mais longe. E quando vão, acabam por se ir em- bora no próximo concurso ou então optam pelo privado. Que o diga a directora do ACES Oeste Norte que se queixa da dificuldade em fixar estes profissionais. Como se não bastasse, nem sequer consegue abrir vaga para suprir as necessidades (pediu vagas para dez médicos e só lhe deram três, os quais, provavelmente, acabarão por se ir embora ao fim de alguns meses). A consequência de tudo isto é 16% da população do Oeste Norte não ter hoje médico de família, é não se conseguir marcar uma simples consulta no centro de saúde, é um Serviço Nacional de Saúde a caminhar para atender apenas os po- bres, os idosos, os indigentes e todos os que não conseguem aceder aos serviços de saúde nos privados. É, no fim de contas, o Estado a falhar na sua missão de assegurar os direitos sociais à população. C.C. Quase 30 mil utentes de seis concelhos do Oeste não têm médico de família Ter melhores instalações, mais médicos e assistentes técnicos, poder transformar mais Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) em Unidades de Saúde Familiar (USF) ou, pelo menos, deixar os utentes com médico de família. Estas são algumas das metas de Ana Pisco, directora do Agrupamento dos Centros de Saúde do Oeste Norte (ACES ON), que compreende os concelhos da Nazaré, Alcobaça, Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche. Em entrevista à Gazeta das Caldas, a responsável conta que desde Agosto passado a lista de utentes sem médico de família aumentou em dez mil pessoas. No total, há 28 mil uten- tes sem médico de família, cerca de 16% da população dos seis concelhos do Oeste Norte. O ACES Oeste Norte assegura mais de meio milhão de consultas por ano, sendo que abrange a área mais envelhecida de toda a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Pág. 6 a 8 Partidos têm dúvidas sobre eficácia da reabilitação urbana nas Caldas Os responsáveis locais do PS, CDU e BE re- gozijam-se com as obras de 15 de milhões que vão ser realizadas nas Caldas da Rainha, mas levantam dúvidas sobre a sua eficácia. Criticam que as zonas rurais tenham sido, mais uma vez, esquecidas e apontam opor- tunidades perdidas para outros projectos que julgam mais prioritários. Pág. 14 Rosinda e Augusto Carlos – o casal de Alvorninha que emigrou duas vezes para França Rosinda e Augusto Carlos têm uma história peculiar. Ambos de Alvorninha, frequentaram a mesma escola primária e, mais tarde, no baile da terra, tornaram-se namorados. No final dos anos 60, emigraram para França. Ambos falavam fran- cês e possuíam passaporte. O casal partiu de avião até Madrid, onde apanharam um comboio até à gare de Austerlitz. Da primeira vez fi- caram 15 anos e depois regressaram para mais seis. Ao todo viveram 21 anos em terras gaulesas. Pág. 4 e 5 Linha do Oeste contemplada no PNI 2030 A modernização da linha do Oeste a nor- te das Caldas da Rainha é o principal pro- jecto na região contemplado no Plano Nacional de Investimento 2030. O plano prevê a electrificação do troço Caldas da Rainha – Louriçal e a duplicação do ramal de Alfarelos (que aumenta a capacidade da infraestrutura entre Caldas e Coimbra) dando assim sequência ao investimen- to de modernização do troço Meleças – Caldas da Rainha. O problema é que este último estava pro- metido para 2020 e ainda nem sequer começou. O ministro Pedro Marques pro- meteu que o concurso seria lançado em 2018, mas tal não aconteceu e recusou explicar à Gazeta das Caldas as razões desse atraso. Pág. 13 Empresários vão organizar bienal de cutelaria Os empresários do sector cuteleiro de Santa Catarina e Benedita estão unidos num dos cin- co maiores clusters de cutelaria europeia e vão cooperar na organização de uma bienal de- dicada ao sector. A dezena de empresas que constitui o núcleo criado no seio da AIRO reu- niu no passado dia 15 de Janeiro, na sede da Junta de Freguesia da Benedita, para discutir medidas para resolver a carência de recursos humanos, abordando o recrutamento nacio- nal, mas também internacional. A questão da rede de transportes públicos que pode servir os trabalhadores da indústria e a sua adequação foi outro dos pontos chaves em debate, tendo merecido destaque a má ligação rodoviária entre Caldas da Rainha e a Benedita. Em cima da mesa está ainda a criação do per- fil profissional do cutileiro, a realização de ac- ções de divulgação junto da população e de projectos de investigação e desenvolvimento tecnológico. O lançamento de concursos de criação de novos produtos, nomeadamente, canivetes, é outra das ideias a ser implementada. Antes da reunião, durante a manhã, represen- tantes do Instituto Politécnico de Leiria, do Instituto de Emprego e Formação Profissional, do CENFIM, da AIRO e das autarquias visitaram a fábrica Ivo Cutelarias, em Santa Catarina e, já depois de almoço, a ICEL, na Benedita. I.V. O Santo Antão segundo Mário Vasa O fotógrafo da Gazeta das Caldas, Mário Vasa, esteve pela primeira vez no Santo Antão e fez imagens de um evento que o surpreendeu e deslumbrou. A reportagem fotográfica pode ser vista nas páginas centrais. Mário Vasa Natacha Narciso

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PREÇO: 0,90€ ASSINATURA ANUAL: 24,50€ DIGITAL: 15€ Director: José Luiz de Almeida Silva Director Adjunto: Carlos M. Marques Cipriano

Tel:262870050 / Fax: 262870058/[email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected]

Jornal fundado em 1 de Outubro de 1925

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HISTÓRIAS DA EMIGRAÇÃO

SEXTA-FEIRA 25 JANEIRO DE 2019 | Nº 5262

EditorialNão há médicos. Ponto.Na entrevista que esta semana publicamos com a directora do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte e na peça onde citamos o bastonário da Ordem dos Médicos (que visitou o CHO) constata-se que os graves problemas de que padece a Saúde na nossa região se resu-mem, em última instância, à falta de médicos. Tanto Ana Pisco na ACES Oeste Norte, como Elsa Baião no CHO, deparam-se com uma di-ficuldade tremenda em contratar profissionais de saúde, sobretudo médicos, para os centros de saúde e hospitais da região. Pode-se dizer que o problema é transversal a todo o país, que a concorrência dos privados leva muitos destes profissionais a ir trabalhar para clínicas e hos-pitais com melhores condições de trabalho e melhores salários. Pode-se dizer também que é grande a concorrência no estrangeiro, onde os médicos encontram igualmente melhores re-munerações e desafios mais atractivos. E pode--se também dizer – porque aí radica a raiz do problema – que tudo vai ter a Centeno, isto é, à indisponibilidade das Finanças Públicas para investir no Serviço Nacional de Saúde (o termo “investir” não é inocente – a Saúde deveria ser encarada como um investimento e não como uma despesa).Pode-se dizer tudo isso, mas também é certo que o Oeste não é propriamente uma região de-primida e desertificada do interior de Portugal, onde seria compreensível que técnicos qualifi-cados não quisessem trabalhar e viver. Caldas da Rainha está a uma hora de Lisboa e insere--se numa região com boa qualidade de vida, com um clima agradável, perto do mar, com boas praias, boa gastronomia, uma vida cultu-ral que não sendo deslumbrante também não é indigente, bons acessos rodoviários e segu-rança nas ruas. É difícil perceber por que não consegue atrair especialistas nem jovens mé-dicos em início de carreira. É certo que nem Ana Pisco nem Elsa Baião têm muito dinheiro para lhes pagar, nem grandes con-dições de trabalho para lhes oferecer. Basta entrar na UCSP das Caldas da Rainha ou em algumas salas de espera do CHO e ver o ambiente depri-mente que ali se vive, com utentes amontoados, sentados em filas de cadeiras de plástico (ou em pé por falta de lugar), esperando por consultas que tardam horas, para não falar nos meses que já esperaram para as obter.Hoje os médicos querem desafios mais aliciantes nos grandes hospitais centrais de Lisboa, Porto ou Coimbra e não estão dispostos, com os salá-rios oferecidos no público, a irem trabalhar para mais longe. E quando vão, acabam por se ir em-bora no próximo concurso ou então optam pelo privado. Que o diga a directora do ACES Oeste Norte que se queixa da dificuldade em fixar estes profissionais. Como se não bastasse, nem sequer consegue abrir vaga para suprir as necessidades (pediu vagas para dez médicos e só lhe deram três, os quais, provavelmente, acabarão por se ir embora ao fim de alguns meses).A consequência de tudo isto é 16% da população do Oeste Norte não ter hoje médico de família, é não se conseguir marcar uma simples consulta no centro de saúde, é um Serviço Nacional de Saúde a caminhar para atender apenas os po-bres, os idosos, os indigentes e todos os que não conseguem aceder aos serviços de saúde nos privados. É, no fim de contas, o Estado a falhar na sua missão de assegurar os direitos sociais à população. C.C.

Quase 30 mil utentes de seis concelhos do Oeste não têm médico de famíliaTer melhores instalações, mais médicos e assistentes técnicos, poder transformar mais Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) em Unidades de Saúde Familiar (USF) ou, pelo menos, deixar os utentes com médico de família. Estas são algumas das metas de Ana Pisco, directora do Agrupamento dos Centros de Saúde do Oeste Norte (ACES ON), que compreende os concelhos da Nazaré, Alcobaça, Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche.Em entrevista à Gazeta das Caldas, a responsável conta que desde Agosto passado a lista de utentes sem médico de família aumentou em dez mil pessoas. No total, há 28 mil uten-tes sem médico de família, cerca de 16% da população dos seis concelhos do Oeste Norte. O ACES Oeste Norte assegura mais de meio milhão de consultas por ano, sendo que abrange a área mais envelhecida de toda a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Pág. 6 a 8

Partidos têm dúvidas sobre eficácia da reabilitação urbana nas CaldasOs responsáveis locais do PS, CDU e BE re-gozijam-se com as obras de 15 de milhões que vão ser realizadas nas Caldas da Rainha, mas levantam dúvidas sobre a sua eficácia.

Criticam que as zonas rurais tenham sido, mais uma vez, esquecidas e apontam opor-tunidades perdidas para outros projectos que julgam mais prioritários. Pág. 14

Rosinda e Augusto Carlos – o casal de Alvorninha que emigrou duas vezes para França

Rosinda e Augusto Carlos têm uma história peculiar. Ambos de Alvorninha, frequentaram a mesma escola primária e, mais tarde, no baile da terra, tornaram-se namorados. No final dos anos 60, emigraram para França. Ambos falavam fran-cês e possuíam passaporte. O casal partiu de avião até Madrid, onde apanharam um comboio até à gare de Austerlitz. Da primeira vez fi-caram 15 anos e depois regressaram para mais seis. Ao todo viveram 21 anos em terras gaulesas. Pág. 4 e 5

Linha do Oeste contemplada no PNI 2030

A modernização da linha do Oeste a nor-te das Caldas da Rainha é o principal pro-jecto na região contemplado no Plano Nacional de Investimento 2030. O plano prevê a electrificação do troço Caldas da Rainha – Louriçal e a duplicação do ramal de Alfarelos (que aumenta a capacidade da infraestrutura entre Caldas e Coimbra) dando assim sequência ao investimen-to de modernização do troço Meleças – Caldas da Rainha.O problema é que este último estava pro-metido para 2020 e ainda nem sequer começou. O ministro Pedro Marques pro-meteu que o concurso seria lançado em 2018, mas tal não aconteceu e recusou explicar à Gazeta das Caldas as razões desse atraso. Pág. 13

Empresários vão organizar bienal de cutelariaOs empresários do sector cuteleiro de Santa Catarina e Benedita estão unidos num dos cin-co maiores clusters de cutelaria europeia e vão cooperar na organização de uma bienal de-dicada ao sector. A dezena de empresas que constitui o núcleo criado no seio da AIRO reu-niu no passado dia 15 de Janeiro, na sede da Junta de Freguesia da Benedita, para discutir medidas para resolver a carência de recursos humanos, abordando o recrutamento nacio-nal, mas também internacional.A questão da rede de transportes públicos que pode servir os trabalhadores da indústria e a sua adequação foi outro dos pontos chaves em debate, tendo merecido destaque a má ligação

rodoviária entre Caldas da Rainha e a Benedita.Em cima da mesa está ainda a criação do per-fil profissional do cutileiro, a realização de ac-ções de divulgação junto da população e de projectos de investigação e desenvolvimento tecnológico.O lançamento de concursos de criação de novos produtos, nomeadamente, canivetes, é outra das ideias a ser implementada.Antes da reunião, durante a manhã, represen-tantes do Instituto Politécnico de Leiria, do Instituto de Emprego e Formação Profissional, do CENFIM, da AIRO e das autarquias visitaram a fábrica Ivo Cutelarias, em Santa Catarina e, já depois de almoço, a ICEL, na Benedita. I.V.

O Santo Antão segundo Mário Vasa

O fotógrafo da Gazeta das Caldas, Mário Vasa, esteve pela primeira vez no Santo Antão e fez imagens de um evento que o surpreendeu e deslumbrou. A reportagem fotográfica pode ser vista nas páginas centrais.

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