façanha foi concedida a escritor mineiro por academia baiana · em adélia prado e santa teresa de...

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Divinópolis 05 de março de 2013 Divinaexpô inicia venda de passaportes até dia 25 Página 2B Ricardo Welbert O escritor mineiro Evaldo Balbino, de 36 anos, considerado um dos maiores especialis- tas na obra da poetisa divinopolitana Adélia Prado, venceu o Prêmio Nacional Braskem, da Academia de Letras da Bahia (ALB), categoria Conto, com a coletâ- nea original de contos “Amores oblíquos”. O resultado foi anun- ciado em 21 do mês pas- sado, pelo presidente da academia, Aramis Costa. A comissão jul- gadora foi composta pe- los acadêmicos Aleilton Fonseca, Carlos Ribeiro e pela crítica literária Gerana Damalukis. A obra contém 12 contos e concorreu com outros 76 trabalhos pro- duzidos em 13 estados (25 na Bahia, 18 em São Paulo, nove no Rio de Ja- neiro, sete no Rio Gran- de do Sul, cinco em Mi- nas Gerais e os demais no Paraná, em Goiás, Alagoas, Santa Catari- na, no Ceará, Maranhão e Distrito Federal). Orgulhoso com o re- conhecimento de seu trabalho, o escritor con- ta como ficou sabendo do resultado. – A comissão julga- dora não sabia quem eram os escritores que concorriam porque, pela regra, cada um usava um pseudônimo. Esco- lhida a obra vencedora, me identificaram como autor. Recebi um tele- fonema da secretária da ALB, que passou a pa- lavra para o presidente, o doutor Aramis. Levei um susto, fiquei emo- cionado, pois esta é a primeira vez que ganho um prêmio dessa gran- deza, com respaldo na- cional – ele diz. O escritor acredita que o prêmio vai ga- rantir mais visibilidade ao trabalho que desen- volve há vários anos. Os 12 textos que com- põem a obra premiada, por exemplo, ficaram prontos depois de mui- tos meses fazendo e re- fazendo. – São doze narrati- vas, cujos narradores variam. Ora são em primeira pessoa, ora em terceira. Tanto num caso quanto no outro, há sempre explorações psicológicas das per- sonagens. Os fatos, as descrições, os movi- mentos nas narrativas estão a serviço de uma introspecção, na esteira de um James Joyce, de uma Clarisse Lispector – explica. Introspecção por- que o que interessa é o mundo interior das personagens. O mundo interior, com suas com- plexidades, com suas paixões, dúvidas, seus impulsos e medos. Na obra de Balbino, o lei- tor viaja por mundos interiores, com seu ca- ráter oblíquo. – Nunca é o autor fa- lando. O autor sempre está por trás de tudo, é claro, mas quem fala são os narradores. Eles também são ficções – detalha. Impressão O prêmio que Balbi- no recebeu foi de R$ 10 mil, além da publica- ção de mil exemplares de sua coletânea, por uma editora de proje- ção nacional. O lança- mento será na ALB e deve ocorrer em maio. – Todo o processo de impressão da obra está sendo dirigido pela ALB, que providencia o prefácio, o texto para as orelhas, uma foto minha que constará no livro, entre outros detalhes – explica o autor. A ALB é reconhecida por trabalhar com a edi- tora 7 Letras, uma das grandes do país, com linha editorial de qua- lidade. Evaldo Balbino acredita que este pode ser o início de uma traje- tória de sucesso em uma editora que ele admira, pois poucas casas edi- toriais hoje em dia têm respeito pela literatura, pela arte da palavra. Livro é premiado antes de ser lançado Façanha foi concedida a escritor mineiro por academia baiana O autor Evaldo Balbino é na- tural de Resende Costa, no interior do estado, e mora em Belo Horizon- te. Formado em Letras pela Universidade Fe- deral de Minas Gerais (UFMG), defendeu mes- trado em 2001 sobre a obra de Adélia Prado, com a dissertação “En- tre a santidade e a lou- cura: o desdobramento da mulher na Bagagem poética de Adélia Pra- do”. Em 2011, Balbino in- gressou no doutorado em Literatura Compa- rada, na mesma uni- versidade, relacionando os poemas da poetisa mineira aos escritos da santa espanhola Teresa d’Ávila na tese intitula- da “Saudade de D(eu)s: escrita, mística e desejo em Adélia Prado e Santa Teresa de Jesus”, defen- dida em 2005. Também é professor de Língua Portuguesa da UFMG e autor de três livros, dois quais dois são de poesia. “Moi- nho”, por exemplo, de 2006, impresso pela edi- tora Scriptum, foi pre- miado em terceiro lugar no Prêmio Edital estí- mulo às Artes, de 2005, realizado pelo Suple- mento Literário de Mi- nas Gerais, com o apoio da Fundação Clóvis Sal- gado/Palácio das Artes. “Filhos da Pedra”, de 2012, pela editora Nelpa, ganhou menção honro- sa no Prêmio Eugênio Coimbra de Poesia Ci- dade do Recife 2000, pro- movido pela Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes da prefeitura da Recife (PE). Além do li- vro de crônicas “Móbiles de Areia”, Amirco, 2012, ele também publica men- salmente crônicas na se- ção “Retalhos Literários”, do Jornal das Lages. Com crônicas, poemas e contos publicados em antologias de circulação nacional e suplementos literários, publica também artigos de crítica literária em re- vistas acadêmicas espe- cializadas. – Espero um dia lan- çar meus livros em Divi- nópolis, a terra da minha Adélia Prado, poeta que muito amo – finaliza Bal- bino. São12 narrativas, cujos narradores variam. Ora são em primeira pessoa, ora em terceira. Tanto num caso quanto no outro, há sempre explorações psicológicas das personagens Evaldo Balbino escritor Especialista na obra de Adélia Prado, Evaldo Balbino nasceu em Resende Costa e vive em Belo Horizonte Divulgação

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Divinópolis05 de março de 2013

Divinaexpô inicia venda de passaportes até dia 25

Página 2B

Ricardo Welbert

O escritor mineiro Evaldo Balbino, de 36 anos, considerado um dos maiores especialis-tas na obra da poetisa divinopolitana Adélia Prado, venceu o Prêmio Nacional Braskem, da Academia de Letras da Bahia (ALB), categoria Conto, com a coletâ-nea original de contos “Amores oblíquos”.

O resultado foi anun-ciado em 21 do mês pas-sado, pelo presidente da academia, Aramis Costa. A comissão jul-gadora foi composta pe-los acadêmicos Aleilton Fonseca, Carlos Ribeiro e pela crítica literária Gerana Damalukis.

A obra contém 12 contos e concorreu com outros 76 trabalhos pro-duzidos em 13 estados (25 na Bahia, 18 em São Paulo, nove no Rio de Ja-neiro, sete no Rio Gran-de do Sul, cinco em Mi-nas Gerais e os demais no Paraná, em Goiás, Alagoas, Santa Catari-na, no Ceará, Maranhão e Distrito Federal).

Orgulhoso com o re-conhecimento de seu trabalho, o escritor con-ta como fi cou sabendo do resultado.

– A comissão julga-dora não sabia quem eram os escritores que concorriam porque, pela regra, cada um usava um pseudônimo. Esco-lhida a obra vencedora, me identifi caram como autor. Recebi um tele-fonema da secretária da ALB, que passou a pa-lavra para o presidente, o doutor Aramis. Levei um susto, fi quei emo-cionado, pois esta é a primeira vez que ganho um prêmio dessa gran-deza, com respaldo na-cional – ele diz.

O escritor acredita que o prêmio vai ga-rantir mais visibilidade ao trabalho que desen-volve há vários anos. Os 12 textos que com-põem a obra premiada, por exemplo, fi caram prontos depois de mui-

tos meses fazendo e re-fazendo.

– São doze narrati-vas, cujos narradores variam. Ora são em primeira pessoa, ora em terceira. Tanto num caso quanto no outro, há sempre explorações psicológicas das per-sonagens. Os fatos, as descrições, os movi-mentos nas narrativas estão a serviço de uma introspecção, na esteira de um James Joyce, de uma Clarisse Lispector – explica.

Introspecção por-que o que interessa é o mundo interior das personagens. O mundo interior, com suas com-plexidades, com suas paixões, dúvidas, seus impulsos e medos. Na obra de Balbino, o lei-tor viaja por mundos interiores, com seu ca-ráter oblíquo.

– Nunca é o autor fa-lando. O autor sempre está por trás de tudo, é claro, mas quem fala são os narradores. Eles também são fi cções – detalha.

Impressão

O prêmio que Balbi-no recebeu foi de R$ 10 mil, além da publica-ção de mil exemplares de sua coletânea, por uma editora de proje-ção nacional. O lança-mento será na ALB e deve ocorrer em maio.

– Todo o processo de impressão da obra está sendo dirigido pela ALB, que providencia o prefácio, o texto para as orelhas, uma foto minha que constará no livro, entre outros detalhes – explica o autor.

A ALB é reconhecida por trabalhar com a edi-tora 7 Letras, uma das grandes do país, com linha editorial de qua-lidade. Evaldo Balbino acredita que este pode ser o início de uma traje-tória de sucesso em uma editora que ele admira, pois poucas casas edi-toriais hoje em dia têm respeito pela literatura, pela arte da palavra.

Livro é premiado antes de ser lançadoFaçanha foi concedida a escritor mineiro por academia baiana

O autor

Evaldo Balbino é na-tural de Resende Costa, no interior do estado, e mora em Belo Horizon-te. Formado em Letras pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG), defendeu mes-trado em 2001 sobre a obra de Adélia Prado, com a dissertação “En-tre a santidade e a lou-cura: o desdobramento da mulher na Bagagem poética de Adélia Pra-do”.

Em 2011, Balbino in-gressou no doutorado em Literatura Compa-rada, na mesma uni-versidade, relacionando os poemas da poetisa mineira aos escritos da santa espanhola Teresa d’Ávila na tese intitula-da “Saudade de D(eu)s: escrita, mística e desejo em Adélia Prado e Santa Teresa de Jesus”, defen-dida em 2005.

Também é professor de Língua Portuguesa da UFMG e autor de três livros, dois quais dois são de poesia. “Moi-nho”, por exemplo, de 2006, impresso pela edi-

tora Scriptum, foi pre-miado em terceiro lugar no Prêmio Edital estí-mulo às Artes, de 2005, realizado pelo Suple-mento Literário de Mi-nas Gerais, com o apoio da Fundação Clóvis Sal-gado/Palácio das Artes.

“Filhos da Pedra”, de 2012, pela editora Nelpa, ganhou menção honro-sa no Prêmio Eugênio Coimbra de Poesia Ci-dade do Recife 2000, pro-movido pela Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes da prefeitura da Recife (PE). Além do li-vro de crônicas “Móbiles de Areia”, Amirco, 2012, ele também publica men-salmente crônicas na se-ção “Retalhos Literários”, do Jornal das Lages. Com crônicas, poemas e contos publicados em antologias de circulação nacional e suplementos literários, publica também artigos de crítica literária em re-vistas acadêmicas espe-cializadas.

– Espero um dia lan-çar meus livros em Divi-nópolis, a terra da minha Adélia Prado, poeta que muito amo – fi naliza Bal-bino.

São12 narrativas, cujos narradores variam. Ora são

em primeira pessoa, ora em terceira. Tanto

num caso quanto no outro, há sempre

explorações psicológicas

das personagensEvaldo Balbino

escritor

Especialista na obra de Adélia Prado, Evaldo Balbino nasceu em Resende Costa e vive em Belo Horizonte

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