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Fabiano Hessel Dias AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE AS ABORDAGENS CRíTICO- SUPERADORA E DESENVOLVIMENTISTA NO ENSINO DE EDUCAÇÃO FíSICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Educação Flsica. Orientadora: Pror. Ora. Luciane Paiva Alves de Oliveira. CURITIBA 2007

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Fabiano Hessel Dias

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE AS ABORDAGENS CRíTICO-

SUPERADORA E DESENVOLVIMENTISTA NO ENSINO DE

EDUCAÇÃO FíSICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado aoCurso de Licenciatura em Educação Física da

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde daUniversidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial para a obtenção do grau de Licenciado emEducação Flsica.

Orientadora: Pror. Ora. Luciane Paiva Alves deOliveira.

CURITIBA

2007

TERMO DE APROVAÇÃO

Fabiano Hessel Dias

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE AS ABORDAGENS CRíTICO-

SUPERADORA E DESENVOLVIMENTISTA NO ENSINO DE

EDUCAÇÃO FíSICA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtençêo do grau de licenciado emEducaçêo Física no curso de licenciatura em Educação Fisica da Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, 21 de novembro de 2007.

Licenciatura em Educação FIsicaUniversidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Profl Ora. Luciane Paiva Alves de OliveiraUniversidade Tuiuti do Paraná

Prof' Ms. Alessandra Dal'LinUniversidade Tuiuti do Paranâ

Prof' Ms. Cintia Muller AngulskiUniversidade Tuiuti do Paraná

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma avaliação comparativa entre asabordagens Desenvolvimentista e Crítico-superadora aplicadas numa turma de saserie durante o período de estagio supervisionado em aulas de Educação Física deuma escola estadual da rede de ensino do Paraná Para isso foram utilizadosinstrumentos criados pelo pesquisador e validados por um profissional especialistada área. Dentre eles alguns traduziram numericamente resultados importantes deuma forma que puderam ser estatisticamente comparados, além das análises deconteúdo. Os dados demonstram assim melhor aceitação da abordagem Critico-superadora em relação à Desenvolvimentista no universo estudado.

Palavras-chave: Ensino de Educação Física, Abordagem Crítico-superadora;Abordagem Desenvolvimentista.

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - MEDIAS GERAIS PÓS-APLICAÇÃO DAS ABORDAGENS

DESENVOLVIMENTISTA E CRITICO-SUPERADORA - 2007 . . 29

GRÁFICO 2 - AVALIAÇÃO DO PESQUISADOR PELOS DISCENTES - 2007 .. . 30

GRÁFICO 3 - COMPARAÇÃO ENTRE MeDIA BIMESTRAL E MeDIA DISCENTE x DISCENTE

NA ABORDAGEM CRITICO-SUPERADORA - 2007 ... ...31

GRÁFICO 4 - COMPARAÇÃO ENTRE MeDIA BIMESTRAL E MeDIA DISCENTE x DISCENTE

NA ABORDAGEM CRITICO-SUPERADORA - 2007 ... . 31

GRÁFICO 5 - PREFER.NCIA DISCENTE ENTRE AS ABORDAGENS DESENVOLVIMENTISTA

E CRITICO-SUPERADORA (1' MOMENTO) - 2007.. .....32

GRÁFICO 6 - PREFER.NCIA DISCENTE ENTRE AS ABORDAGENS DESENVOLVIMENTISTA

E CRITICO-SUPERADORA (2' MOMENTO) - 2007 .. . 33

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . 7

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . 10

2.1 QUADRO GERAL DASABORDAGENS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO FISICA 102.2 ESPECIFICIDADES DAABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA 142.3 ESPECIFICIDADES DAABORDAGEM CRiTICO-SUPERADORA ..

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..........•.•..........•......•....•...

RESULTADOS E DISCUSSÃO ......•.•.•.•.....•..............•........•....•.........•.......•..•.•..•.....

................ 17

. 21

.29

4.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS DISCENTES 294.2 AVALIAÇÃO DASAULAS PELOS DISCENTES . 304.3 COMPARAÇÃO ENTRE A MêDIA BIMESTRAL E A MÉDIA DISCENTE X DISCENTE NAABORDAGEMCRITICO-SUPERADORA 304.4 AVALIAÇÃO DASABORDAGENS PELOS DISCENTES.. . 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS . . "" " " 36

REFERÊNCIAS ........•....•..................•.•......................•.•.•..................•....•.................•..•....•....•.................•...37

APÊNDICES ..............•..................•............... .. 38

INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A Educação Física Escolar é alvo de inúmeras discussões e reflexões no

meio acadêmico, principalmente por parte dos profissionais que atuam neste ramo.

Inúmeras publicações de livros e artigos abordando tal tema (desde o final da

década de 80, os quais atingiram o auge na década de 1990 e ainda hoje) estão

fortemente marcados por debates e defesas de idéias comprovando a importãncia

do assunto.

Nesse debate verifica-se que vários autores indicam que por meio da

Educação Física Escolar deve-se criar um ambiente propício à formação humana,

atentando-se para o fato de que ela deve ser compreendida como um todo, levando-

se em consideração diferentes aspectos - cognitivos, sociais, afetivos, físicos e

culturais.

A aplicação de metodologias capazes de despertar e aprimorar o senso

crítico do indivíduo como ser social é indispensável para que se possa melhorar a

qualidade do ensino no pais, impactando sobre o futuro perfil dos individuos em

processo formativo, tornando-os mais atuantes.

Existem diferentes abordagens pedagógicas na Educação Fisica as quais

apresentam vantagens e desvantagens examinadas a partir da ótica de professores

e alunos. Apesar dessas abordagens tornarem o processo formativo do escolar mais

eficaz, grande parte dos profissionais da Educação Fisica envolvidos com a escola

desconhecem ou simplesmente não as aplicam. Portanto, torna-se de extrema

importãncia a realização e divulgação de trabalhos em que tais métodos sejam

apresentados e discutidos, não só para o público acadêmico das instituições

formadoras, mas principalmente para os profissionais envolvidos diretamente com as

crianças, levando-os a refletir sobre suas condutas de ensino.

Considerando-se os aspectos acima indicados, um dos ambientes favoráveis

para a experimentaçao das diferentes abordagens talvez seja o processo inicial de

formação de professores. Nesse sentido, pode-se destacar o momento de estágio

como um periodo relevante, principalmente no que se refere à oportunidade de

relacionar a teoria e a prática pedagógica.

Assim, este trabalho de pesquisa é proveniente das experiências obtidas no

ambiente da disciplina de "Estágio Supervisionado" a qual faz parte do processo

formativo do licenciado em Educação Fisica. Sobre esta questão é importante

salientar que, especificamente, esta disciplina contempla oportunidades valiosas que

podem agregar em muito na qualidade das experimentações vivenciadas pelo futuro

docente. Neste ambiente controlado, supervisionado e altamente convidativo o

acadêmico pode realizar diversas experimentações em relação à docência. Auxiliado

pela supervisão, o futuro docente tem a oportunidade da vivência pedagógica, sendo

este o momento mais propício para tais experimentações como a que se propôs o

presente trabalho.

1.2 FORMULAÇAO DO PROBLEMA

Quais os resultados de uma avaliação comparativa entre as abordagens

Critico-superadora e Desenvolvimentista aplicadas durante o periodo de estágio

supervisionado em Educação Fisica para alunos da 8' série de uma escola estadual

da rede pública do Paraná?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Realizar uma avaliação comparativa entre as abordagens Critico-superadora

e Desenvolvimenlista durante o período de estágio supervisionado em Educação

Fisica com alunos da 8' série de uma escola estadual da rede pública do Paraná

1.3.2 Especificos

• Avaliar a resistência dos alunos em torno das mudanças

metodológicas quando proposto um trabalho sob abordagem Critico-

superadora nas aulas de Educação Fisica;

• Quantificar ao final de um semestre qual abordagem tem preferência

do ponto de vista discente: a Desenvolvimentista ou a CríticQ-

superadora;

• Avaliar as diferenças no desempenho dos discentes quando

submetidos à avaliações em aulas de Educação Fisica nas

abordagens Desenvolvimentista e Critico-superadora;

• Avaliar as influências das abordagens Oesenvolvimentista e Crítico-

superadora sobre a auto-estima dos discentes, mediante a aplicação

de um questionário;

• Avaliar as influências das abordagens Desenvolvimentista e Critico-

superadora sobre a socialização dos discentes mediante a

observação do pesquisador.

10

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 QUADRO GERAL DAS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS NA EDUCAçA0

FlslCA

Ao final da década de 70, sob inspiração no momento histórico pelo qual o

país passava, surgem novos movimentos na Educação Física Escolar, refletindo

profundamente no processo evolutivo da Educação Física como prática social. O

surgimento destas abordagens da Educação Física Escolar ocorreu quando os

estudiosos foram buscar em diversas matrizes teóricas a continuidade de seus

estudos e apoiaram-se em tais matrizes para desenvolver suas reflexões. Podemos

citar como exemplos:

• Abordagem Desenvolvimentista e seu principal autor Go Tani,

embasado na psicologia cognitiva e em autores como Gallahue;

• Abordagem Construtivista, representada principalmente por João

Batista Freire, embasado em Jean Piaget;

• Abordagem Crítico-superadora, proposta pelo Coletivo de Autores,

tendo como referência Saviani e Libaneo;

• Abordagem Cultural de Jocimar Daólio, apoiada em Mareei Mauss e

Clifford Geertz.

A psicologia, a antropologia, a filosofia e a sociologia contribuíram como

matrizes para a construção das abordagens pedagógicas, onde ressaltam-se as

diferentes considerações que os autores atribuem ao individuo (ser motor, ser

psicológico, ser social, ser cultural).

É senso comum que a visão de Educação Física de origem militar e médica,

e até mesmo a visão esportivista e mecanicista das décadas de 60 e 70 é limitada,

11

sendo que as abordagens acima citadas foram propostas como uma tentativa de

romper com o modelo aplicado nessa época.

Entre as principais tendências pode-se citar abordagem

Desenvolvimentista, sendo seus principais autores Tan; e colaboradores, com o livro

Educação Física Escolar: uma abordagem desenvolvimentista (1988). Sua base

teórica é a psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Seu tema principal é

a aquisição e aprendizagem de habilidades e o desenvolvimento motor. Essa

tendência considera as fases do desenvolvimento motor para o aprendizado, sendo

elas estabelecidas pelas diferenças de idade dos alunos e classificadas como fase

motora reflexa, fase motora rudimentar, fase motora fundamental e fase motora

especializada ou combinada. Essa abordagem tornou-se alvo de inúmeras críticas,

principalmente por parte de autores que defendem a superação de uma visão

ingênua de mundo em direção à aquisição de uma consciência critica.

A Psicomotricidade é uma tendência que se aproxima da abordagem

Oesenvolvimentista, apesar de seu aparecimento ser anterior ao desta última. Seu

principal autor é o francês Jean Le Bouch, cuja principal obra é o livro Educação

pelo Movimento (1983), sendo a psicologia sua matriz teórica e tendo como

finalidade a educação e reeducação psicomotora, por meio de conteúdos como

consciência corporal, lateralidade e coordenação. Esta abordagem enfoca as

valências psicomotoras, enfatizando seus aprimoramentos quando os alunos

encontram-se na fase de desenvolvimento de habilidades fundamentais. Por outro

lado, sofre inúmeras criticas quando faz da Educação Física uma subdisciplina para

o aprendizado de outras áreas como Matemática e Português.

A abordagem Construtivista, cuja base é a psicologia, tem como principal

autor brasileiro João Batista Freire com o livro Educação de Corpo Inteiro (1997). O

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autor dã ênfase ao desenvolvimento cognitivo e considera a cultura infantil como

essencial, repleta de jogos e brincadeiras, dando prioridade ao lúdico e ao

simbolismo.

Tendo como principais autores Guedes e Nahas e trazendo a idéia de que a

Educação Fisica é responsável pela promoção e manutenção da saúde, a

abordagem Saúde renovada considera os avanços do conhecimento biológico das

atividades físicas e suas contribuições aos indivíduos

Já a abordagem Critico-superadora teve como inspiradores iniciais os

autores Valter Bracht, Uno Castellani, Celi Taflarel, Carmen Soares, Elizabeth Varjal

e Micheli Escobar, com o livro intitulado Metodologia de Ensino da Educação Fisica

(1992), fundamentando-se na pedagogia histórico-critica de Demerval Saviani e

José Libâneo. Essa tendência tece considerações sobre a contextualização dos

fatos e o resgate histórico, e trata do conhecimento denominado cultura corporal,

tendo como temas os jogos, os esportes, a ginástica, a dança e as lutas.

Com base na análise fenomenológica do movimento proposta por Merleau-

Ponty e também influenciada pela pedagogia critica de Paulo Freire, surge a

abordagem Crítico-emancipat6ria, tendo como principal autor o professor Elenor

Kunz, com seu livro Transformação Didático-Pedagógica do Esporte (1994). Nesta

tendência, o autor defende o ensino crítico, com o sentido da emancipação do

sujeito, afirmando que o movimento humano é o dialogo do sujeito com o mundo, ou

seja, que existe um sentido e um significado no "se-movimentar",

A abordagem Sistêmica, proposta por Mauro Betti em seu livro Educação

Física e Sociedade (1991), é apoiada nas teorias de sistemas de Bertalanffy e

Koestler, tendo como base a sociologia e a filosofia. Betti afirma que o objetivo da

Educação Fisica Escolar é garantir ao aluno o acesso à cultura corporal de

13

movimento mediante a vivência do esporte, do jogo, da dança e da ginástica.

Também apresenta o princípio da não-exclusão, o princípio da diversidade, e o

principio da alteridade.

A abordagem Cultural é proposta por Jocimar Daólio em seu livro Da Cultura

do Corpo (1995). É baseada na antropologia, tendo como principais referências os

autores Marcel Mauss e Clifford Geertz. Daólio afirma que a Educação Fisica

trabalha com conteúdos culturais, ou seja, atua sobre suas manifestações culturais

relacionadas ao corpo e ao movimento. Considera a cultura como patrimônio da

sociedade, e, para ele, toda técnica corporal é uma técnica cultural, não havendo

melhor ou pior técnica, sendo esta ou aquela a mais correta. Nesse sentido, Daólio

também apresenta o princípio da alteridade, ou seja, parte do pressuposto básico

de que todo o homem social interage e interdepende de outros individuas. Assim,

a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro.

A abordagem dos Jogos cooperativos é defendida principalmente por Fábio

Brotto, no livro Se o Importante é Competir o Fundamental é Cooperar (2000). As

suas principais idéias são baseadas em Terry Orlick, sendo elas a cooperação e a

construção de uma sociedade baseada na solidariedade e na justiça.

Por fim, pode-se verificar nessa breve discussão a diversidade das

abordagens pedagógicas existentes no Brasil. No entanto, a presente pesquisa

restringe-se na investigação de somente duas delas, a abordagem

Desenvolvimentista e a abordagem Critico-superadora, pois no processo de

formação acadêmica do pesquisador, essas surgiram como as duas abordagens

mais distintas e, portanto, antagonistas.

14

2.2 ESPECIFICIDADES DA ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA

O modelo desenvolvimentista é explicitado, no Brasil, principalmente nos

trabalhos de TANI (1987), TANI e colaboradores (1988) e MANOEL (1994). A obra

mais representativa desta abordagem é "Educação Física Escolar: fundamentos de

uma abordagem desenvolvimentista (TANI e colaboradores, 1988). Para TANI e

colaboradores (1988) a proposta elaborada é uma abordagem dentre várias

possíveis. Dirigida especificamente para crianças de quatro a quatorze anos, busca

nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a

Educação Física escolar. Segundo eles é uma tentativa de caracterizar a progressão

normal do crescimento fisico, do desenvolvimento fisiológico/motor/cognitivo e

afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função destas características, sugerír

aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da Educação Físíca Escolar.

Taní e colaboradores (1988) defendem a idéia de que o movimento é o

principal meio e fim da Educação Fisica, propugnando sobre este aspecto a

especificidade do seu objeto. Nesse sentido, as aulas de Educação Fisica devem

privilegiar a aprendizagem do movimento, pois a habilidade motora é um dos

conceitos mais importantes desta abordagem.

O professor de Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para

que seu comportamento motor seja desenvolvido através da interação entre o

aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim o principal

objetivo da disciplina de Educação Fisica é oferecer experiências de movimento

adequadas ao nivel de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a

aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada (TANI e colaboradores,

1988).

15

Para que haja aprendizado de habilidades motoras, estas devem obedecer a

taxionomia para o desenvolvimento motor proposta por Gallahue (1982) e ampliada

por Manoel (1984) na seguinte ordem: fase dos movimentos fetais; fase dos

movimentos espontâneos e reflexos; fase de movimentos rudimentares; fase dos

movimentos fundamentais: fase de combinação de movimentos fundamentais e

movimentos culturalmente determinados.

Para os "desenvolvimentistas" os conteúdos devem ser desenvolvidos

segundo uma ordem de habilidades, sendo do mais simples, que são as habilidades

básicas, para as mais complexas, as habilidades específicas.

As habilidades básicas podem ser classificadas em habilidades locomotoras

(por exemplo: andar, correr, saltar, saltitar), manipulativas (por exemplo: arremessar,

chutar, rebater, receber) e de estabilização (por exemplo: girar, flexionar, realizar

posições invertidas). As habilidades especificas são influenciadas pela cultura e

estão relacionadas a prática dos esportes, do jogo, da dança e, também, das

atividades industriais.

Para Tani e colaboradores (1988) o erro do executante deve ser entendido

como parte do processo de aquisição de habilidades motoras. Para identifica-lo é

preciso conhecer as etapas da aquisição das habilidades motoras basicas e

reconhecê-lo por meio de observação sistemática de acordo com a faixa etária.

Há uma tentativa de fazer corresponder o nivel de desenvolvimento motor

com a maturação motora do individuo (TANI e colaboradores, 1988).

Por se tratar de uma abordagem que prevê a educação pelo movimento,

algumas questões educacionais não são contempladas, como por exemplo, o

convívio social, o posicionamento crítico, entre outras.

16

Por fim, para elucidar a dinãmica que envolve a abordagem

Desenvolvimentista, pode-se recorrer a um exemplo de plano de aula aplicado na

presente pesquisa, no qual o foco principal tornou-se o próprio movimento, cabendo

ao professor realizar correções técnicas sobre o mesmo, conforme "Plano de Aula -

Abordagem Desenvolvimentista" (Apêndice 1). Para a implementação do plano

observou-se alguns quesitos técnicos, exemplificados a seguir:

Pega de Bola - Técnica de execução: ao segurar a bola deve-se fazê-lo

lateralmente com os dedos bem separados (abertos), procurando abranger a maior

área possível, e com os polegares voltados um para o outro utilizando ponta e raízes

dos dedos. Os cotovelos devem estar próximos ao tronco e devem auxiliar na

proteção da bola. A palma da mão não deve entrar em contato com a bola, sendo

que a mesma deve ser segurada com a parte calesa da mão, observando que

aplicação de uma dose controlada de força torna-se importante para exercer a

pressão necessária à pega.

Passe de peito direto: dentre todos os tipos de passes este deve ser

considerado o básico, pois é o mais utilizado para curtas distâncias. Normalmente o

passe é o fundamento de condução da bola ao ataque e também utilizado para

"trabalhar" ou "mexer" a bola no ataque. É iniciado a partir da pega de bola, com os

cotovelos próximos ao corpo. Na seqüência segue a descrição técnica do

movimento:

1- Segurar a bola a partir da "pega de bola".

2- Elevar a bola até a altura do tronco

3- Empurrar a bola para frente, terminando com forte ação do punho.

4- Ao final do movimento estender completamente o cotovelo (esticando o

braço).

17

5- Os dedos deixam a bola por último finalizando com as palmas das mãos

voltadas para fora e os polegares apontando para baixo.

6- Transferir o peso do corpo completamente para frente pivoteando se

necessário.

7-A bola deverá chegar à altura do tronco do companheiro.

2.3 ESPECIFICIDADES DA ABORDAGEM CRiTICO-SUPERADORA

O trabalho de grande expressão que contempla a abordagem Critico-

superadora foi publicado em 1992, no livro intitulado "Metodologia do ensino da

Educação Fisica," escrito por um COLETIVO DE AUTORES. Além desta importante

obra destacam-se também "Educação Fisica cuida do corpo ...e mente" (MEDINA,

1983), "Prática da Educação Fisica no primeiro grau: Modelo de reprodução ou

perspectiva de transformação?" (COSTA, 1984), "Educação Fisica progressista: a

pedagogia critico-social dos conteúdos e a Educação Física Brasileira,"

(GHIRALDELLI Jr., 1988); "Educação Fisica e aprendizagem social",

(BRACHT,1992), entre outros. Todas essas obras trazem importantes contribuições

para a construção do conhecimento desta perspectiva.

Esta abordagem levanta questões sobre os interesses de poder, a

diferenciação das classes sociais, assim como outras questões fundamentais para a

formação do individuo como ser social. Propõe que qualquer consideração sobre a

pedagogia deve versar não somente sobre em questões sobre como ensinar mas

também sobre como se adquire estes conhecimentos, valorizando a questão da

contextualização dos fatos e do resgate histórico.

A Educação Fisica é entendida como uma disciplina que trata de um tipo de

conhecimento denominado de "cultura corporal" que tem como temas: o jogo, a

18

ginástica, o esporte, a dança, a capoeira e outras temáticas que apresentam

relações com os principais problemas sociais e políticos vivenciados pelos alunos.

Por ter recebido grande influência dos educadores José Libâneo e Demerval

Saviani, esta abordagem utiliza o discurso da justiça social como ponto de apoio,

sendo baseada no marxismo e neo-marxismo.

Sob essa óptica, esta percepção possibilita a compreensão, por parte do

aluno, de que a produção da humanidade expressa uma determinada fase e que

houve mudanças ao longo do tempo. Esta reflexão pedagógica deve ser entendida

como sendo um projeto politico-pedagógico. Político porque encaminha propostas

de intervenção em determinada direção e pedagógico no sentido de que possibilita

uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas

determinações (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Quanto a seleção de conteúdos para as aulas de Educação Física propõem

que se considere a relevância social dos conteúdos, sua contemporaneidade e sua

adequação as características sócio-cognitivas dos alunos. Na organização do

currículo, os autores ressaltam que é preciso fazer com que o aluno confronte os

conhecimentos do senso comum com o conhecimento científico, para ampliar o seu

acervo de conhecimento. Além disso, sugerem que os conteúdos selecionados para

as aulas de Educação Física devem propiciar a leitura da realidade do ponto de vista

da classe trabalhadora (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Essa concepção propõe que se deve também evitar o ensino por etapas e

adotar a simultaneidade na transmissão dos conteúdos, ou seja, os mesmos

conteúdos devem ser trabalhados de maneira mais aprofundada ao longo das

séries, sem a visão de pré-requisitos.

19

Para o Coletivo de Autores (1992) a avaliação do processo ensino-

aprendizagem é muito mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas,

selecionar e classificar alunos. Nesse sentido. realiza urna crítica sobre o processo

atual de avaliação, quase se baseia na meritocracia, na ênfase sobre o esforço

individual, na seleção por meio de desempenho, se caracterizando nos testes

esportivo-motores. Preconiza que para compreender a questão da avaliação não se

pode cair no reducionismo de um universo meramente técnico de entendimento,

sendo necessaria a consideração de outras dimensões desse processo (suas

significações, implicações e conseqüências pedagógicas. políticas e sociais), ou

seja, o sentido da avaliação do processo ensino-aprendizagem em Educação Física

é o de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou ao

distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola.

De acordo com o livro Coletivo de Autores (1992) esta abordagem pode ser

considerada diagnóstica pois pretende ler os dados da realidade, interpretá-los e

emitir um juizo de valor, dependente da perspecliva de quem julga. Em

conseqüência é judicativa pois julga os elementos da sociedade a partir de uma

ética que representa os interesses de uma determinada classe social, podendo ser

teleológica, quando busca uma direção, dependendo da perspectiva de classe.

Por fim, para elucidar a dinâmica que envolve a abordagem Crítico-

superadora, pode-se recorrer a um exemplo de plano de aula aplicado na presente

pesquisa, no qual o foco principal tornou-se a reflexão critica da realidade, o que

implica em organizar, interpretar, compreender e explicar essa realidade. Cabe ao

professor um importante papel de mediador, conforme "Plano de Aula - Abordagem

Critico-superadora" (Apêndice 2).

20

Note-se que no processo proposto pelo plano de aula indicado, embora

pareça simples em primeira instância, pode-se observar que a magnitude da

discussão aumentou em torno da pauta proposta, desencadeando assim uma auto-

reflexão por parte dos discentes, fazendo-os reavaliar a realidade após a reflexão

critica provocada pela aplicação da abordagem Critico-superadora.

21

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 TIPO DE PESQUISA

Este estudo é caracterizado como uma pesquisa-ação, que, segundo

ANDRÉ (2007) tem como exemplo clássico um professor que decide fazer uma

mudança na sua prática docente e a acompanha com um processo de pesquisa, ou

seja, com um planejamento de intervenção. com a realização de coleta sistemática

dos dados, com a análise fundamentada na literatura e o relato os resultados.

3.2 DESCRiÇÃO DO UNIVERSO

Participaram desse estudo 26 alunos que cursaram a 8' série durante o

primeiro semestre de 2007 em uma escola estadual situada em Curitiba, Paraná.

Deste total, exatos 50% (13) eram do sexo masculino e 50% (13) eram do sexo

feminino. Após a avaliação do primeiro bimestre, dois alunos foram transferidos para

outra escola, sendo um do sexo masculino e um do sexo feminino. O grupo

permaneceu com 24 estudantes até o final deste projeto.

3.2.1 Especificidades do ambiente escolar

A escola onde este estudo foi realizado localiza-se em um bairro típico de

classe média em Curitiba, Paranã. Oferece ensino para turmas de 5a a 83 séries,

tendo 699 alunos distribuídos em 21 turmas, sendo que o nivel sócio-econômico

geral dos alunos era médio/baixo. Dentre os problemas encontrados pela direção,

destacavam-se a falta de recursos financeiros e a falta de professores. O ambiente

fisico oferecia 5 quadras, sendo uma delas poliesportiva coberta.

22

3.2.2 Especificidades da metodologia utilizada pelo professor regente da

disciplina de Educação Físíca

O professor regente da disciplina de Educação Fisica era formado pela

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, tinha 10 anos de experiência em

docência e empregava a abordagem Desenvolvimentista durante suas aulas.

Exercícios técnicos com estafetas eram comuns. Das duas aulas semanais de

Educação Física apenas a primeira era conduzida pelo professor, durante a segunda

aula os alunos tinham atividade livre e o papel do professor limitava-se em oferecer

material esportivo e recolhê-lo ao término da "aula"

3.2.3 Especificidades da turma discente

Composta inicialmente por 26 alunos, a turma discente acompanhava os

padrões sócio-econõmicos observados no restante da escola. Com a aplicação de

uma avaliação diagnostica inicial sob a forma escrita verificou-se alguns conceitos

discentes pré-existentes. Após a análise das respostas, verificou-se que a Educação

Física foi definida como "exercícios físicos", "esporte", "definição de regras do

esporte" e sua função foi caracterizada por "promover saúde" e "formar atletas". As

atividades e conteúdos da Educação Física citados pelos alunos como aqueles

trabalhados até o momento foram futebol, basquete, voleibol e handebol, todos

trabalhados com ênfase sobre a técnica de execução. A função da Educação Fisica

escolar foi definida como "promover conhecimento e prática de esportes" e "ensinar

regras dos esportes", sendo que a função do professor de Educação Física escolar

foi indicada pelos discentes como "ensinar esportes, regras dos esportes".

23

3.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2007, no período

compreendido entre março e junho do mesmo ano. Os instrumentos foram

construídos pelo próprio autor (Apêndices 3, 4 e 5) e foram validados por um

especialista na área conforme modelo (Apêndice 6). As orientações para utilização

de cada instrumento estão descritas nos itens subseqüentes.

3.3.1 Abordagem Desenvolvimentista

A experimentação da abordagem Desenvolvimentista foi realizada por meio

da aplicação do conteúdo Basquetebol e a avaliação dos alunos foi realizada após a

participação em 6 aulas, onde foram considerados critérios quantitativos (número de

acertos das execuções técnicas) e qualitativos (análise do gesto técnico).

3.3.1.1 Avaliação de Desempenho

Durante a experimentação da abordagem Desenvolvimentista foi aplicada

uma planilha de avaliação nomeada "Avaliação Basquetebol" (Apêndice 3) que

considerou somente os elementos trabalhados em aula e teve como pontuação

máxima 40 pontos. A distribuição desses 40 pontos obedeceu aos seguintes

critérios:

• 8 pontos por participação geral nas aulas, quantificando o nível de

envolvimento do aluno com a prática;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "passe de peito direto", sendo

2 pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

24

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "passe de peito picado", 2

pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "passe sobre a cabeça",

sendo 2 pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "passe gancho" I sendo 2

pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "drible básico", sendo 2

pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "drible de velocidade", sendo

2 pontos para a execução da técnica e 2 pontos para o

comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 4 pontos para a aplicação da técnica de "drible de proteção", sendo 2

pontos para a técnica em si e 2 pontos para a execução da técnica e

2 pontos para o comprometimento do aluno na tarefa solicitada;

• 2 pontos referentes à resposta verbal correta sobre um

questionamento técnico da altura do drible (básico, velocidade ou

proteção);

• 2 pontos referentes a uma explanação verbal correta sobre um tópico

visto em aula que o aluno julgou importante.

O nivel de envolvimento I comprometimento do executante durante a

avaliação foi declarado satisfatório quando o aluno empenhava-se na aplicação das

25

técnicas, ou seja, ao ser solicitado a correr em velocidade, fazia-a executando a

tarefa da melhor forma que pudesse. Todos os discentes receberam o mesmo tipo

de estímulo verbal, pelo mesmo agente, para alimentar sua motivação durante a

realização das tarefas.

Para permitir análise comparativa dos dados, estes 40 pontos foram

normalizados, multiplicando-se o seu valor pela constante 2,5. Por exemplo: o aluno

que obteve 100% de aproveitamento somou 40 pontos, que multiplicados pela

constante 2,5 geraram um produto de 100.

3.3.2 Abordagem Critico-superadora

A experimentação da abordagem Critico-superadora foi realizada por meio

da aplicação dos conteúdos coadjuvantes Futsal e Voleibol. Os alunos foram

avaliados de forma continuada desde o inicio da aplicação da abordagem.

3.3.2.1 Avaliação de Desempenho

Para a abordagem Critico-superadora foram utilizados os instrumentos

"XXXX - Avaliação de Educação Fisica - 8'X - 29 de maio de 2007" (Apêndice 4)

e "Avaliação Futsal e Voleibol" (Apêndice 5), sendo que o primeiro exportou dados

componentes para o segundo.

Por meio do instrumento "XXXX - Avaliação de Educação Fisica - 8'X -

29 de maio de 2007" (Apêndice 4) foi realizada uma avaliação discente x discente

onde todos os alunos atribuíram e receberam graus dos colegas de classe, levando-

se em consideração a participação em um evento de futsal sob a perspectiva Critico-

superadora. O grau conferido teve o escopo de O a 10.

26

Utilizando-se o instrumento "Avaliação Futsal e Voleibol" (Apêndice 5), cada

participante recebeu um grau atribuído pelo pesquisador (sob ótica Crítico-

superadora) relacionado ã participação no evento de futsal, onde foram utilizados os

seguintes critérios: níveis de participação e comprometimento geral; preocupação

com o colega e com o bom andamento do evento; respeito às divergências;

contribuições para diagnóstico e resolução de problemas.

Ainda sob docência "Crítico-superadora", os discentes planejaram micro-

aulas para aplicação na própria turma com tópicos de Voleibol variados, sendo eles:

toque, saque por cima, saque por baixo, manchete e situação de jogo. Após a

aplicação das micro-aulas receberam grau atribuído pelo pesquisador.

As notas referentes ao segundo bimestre foram compostas conforme

demonstrado no ínstrumento "Avaliação Futsal e Voleibol" (Apêndice 5), utilizando-

se da seguinte fórmula:

Nota bimestral = (Nota micro aula Volei x 0,225 + Média avaliação colegas

futsal x 0,5 + Nota pesquisador ref evento futsal x 0,225) 110+ 0,5 (se faltas = O)

Note-se que, por meio desta fórmula, a composição da nota bimestral

obedeceu a seguinte divisão: 22,5% referente ã nota da micro aula de Voleibol

atribuída pelo pesquisador; 22,5% referente ã nota pela participação no evento de

Futsal, atribuída pelo pesquisador; 50% referente ã média das notas atribuídas pelos

colegas no evento de Futsal e 5% referente à presença (o aluno que não teve faltas

nas 6 aulas recebeu os 5% integrais).

27

3.3.3 Avaliação Diagnóstica sobre a opinião dos alunos em relação às

abordagens Desenvolvimentista e Crítico-superadora

Logo após a docência de aulas sob ótica Desenvolvimentista foi realizada

em sala de aula uma breve exposição teórica a respeito da abordagem Crítica-

superadora e realizado um processo de votação discente. Foram apresentadas duas

opções: manter o andamento das aulas sob ótica da abordagem

Desenvolvimentista, que fora aplicada até aquele momento, ou modificar o processo

ensino x aprendizagem contemplando a ótica Crítico-superadora.

Em um segundo momento, após seis aulas sob ótica Crítico-superadora,

houve um novo processo de votação discente onde foi definida qual abordagem

seria aplicada para as aulas subseqüentes: Desenvolvimentista ou CríticQ-

superadora.

Já em um terceiro momento, após seis aulas sob ótica "Crítico-superadora",

ocorreu uma aplicação do instrumento "XXXX - Avaliação de Educação Física -

8'X - 29 de maio de 2007" (Apêndice 4) que permitiu realizar, além de uma

avaliação de desempenho, uma sondagem diagnóstica sobre a opinião dos alunos

em relação às abordagens Desenvolvimentista e Critico-superadora. Neste

instrumento foram respondidas 3 questões abertas, transcritas abaixo:

1) O que você achou do evento de Futsal?

2) Como você avalia a sua participação no evento?

3) Qual abordagem você gostou mais: Desenvolvimen!ista (basquete) ou

Crítico-superadora (futsal)? Justifique sua escolha.

28

3.3.4 Avaliação final do pesquisador pelos discentes

Ao final de todo o processo. durante o último encontro, ocorreu uma

avaliação de desempenho do pesquisador sob a ótica discente, utilizando-se de uma

escala de Oa 10, de forma escrita e individual.

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software Microsoft Excel

versão 2007, utilizando-se da ferramenta Anova de fator duplo sem repetição.

29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS DISCENTES

No processo que envolvia a abordagem Desenvolvimentista as notas

bimestrais dos alunos resultaram em uma média geral de 9,43 com desvio padrão

de 0,59. Já quando avaliados conforme a abordagem Critico-superadora, a média

das notas bimestrais foi de 7,85 com desvio padrão de 1,14. Esta diferença foi

considerada estatisticamente significativa por meio da análise Anova fator duplo sem

correção (p = 0,0000182). Neste contexto, possivelmente, uma das razões para

explicar esta diferença tenha sido o fato da abordagem Critico-superadora ser

desconhecida pelos alunos, os quais somente tinham vivenciado até o momento o

ensino por meio da abordagem Desenvolvimentista.

GRÁFICO 1 - MÉDIAS GERAIS PÓS-APLlCAÇAO DAS ABORDAGENSDESENVOLVIMENTISTA E CRíTlCO-SUPERADORA - 2007

.Desenvolvimentista

• Crítico-superadora

30

4.2 AVALIAÇÃO DAS AULAS PELOS DISCENTES

O trabalho de regência realizado pelo pesquisador (estagiário docente)

durante o semestre foi avaliado pelos discentes no último encontro e recebeu uma

média de 9,56 com desvio padrão de 0,69. Embora instruídos a indicar um valor de O

a 10, alguns alunos atribuíram ao pesquisador um valor maior em relação ao

sugerido, o que para fins de análise foi considerado como 10. Esta média pode

traduzir o grau de satisfação dos alunos ao serem valorizados e estimulados a

praticar novos conceitos.

GRÁFICO 2 - AVALIAÇÃO DO PESQUISADOR PELOS DISCENTES - 2007

10 +---------------1 ,_

4.3 COMPARAÇÃO ENTRE A MÉDIA BIMESTRAL E A MÉDIA DISCENTE X

DISCENTE NA ABORDAGEM CRíTICO-SUPERADORA

A média bimestral atribuida pelos estagiários em conjunto com o professor

aos discentes foi de 7,85 (desvio padrão de 1,14), valor semelhante á média de 7,81

(desvio padrão de 0,65) das notas atribuidas pelos próprios discentes quando

submetidos à avaliação Critico-superadora. Este fato reflete que a avaliação que os

alunos fazem dos colegas pode traduzir-se quase que exatamente na média

bimestral atribuída pelo pesquisador, quando considerada a abordagem Crítico·

31

superadora (p;O,76). Embora na composição da média bimestral conste a presença

foi de apenas 50%.

da média discente x discente, esta comparação se justifica pois o peso componente

GRÁFICO 3 - COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIA BIMESTRAL E MÉDIA DISCENTE X

DISCENTE NA ABORDAGEM CRITICO-SUPERADORA - 2007

10 ,,--~-~~~~~~~9 +-O--~~-r~~=~----',-

• Média Bimestral

• Média discente xdiscente

GRÁFICO 4 - COMPARAÇÃO ENTRE A MÉDIA BIMESTRAL E A MÉDIA

DISCENTE X DISCENTE NA ABORDAGEM CRiTICO-SUPERADORA - 2007

-Média Bimestral

-Média discente xdiscente

32

4.4 AVALlAÇAO DAS ABORDAGENS PELOS DISCENTES

Como resultado da escolha dos alunos quando argUidos em relação a sua

preferência entre a abordagem Desenvolvimentista ou Crítico-superadora para

aplicação nas aulas de Educação Física, em um primeiro momento foi encontrado

um equilíbrio com discreta vantagem para a Crítico-superadora, sendo que 54,17%

dos alunos escolheram-na para nortear a disciplina durante as próximas aulas.

Apesar de ter ocorrido leve tendência para a escolha da abordagem Critico-

superadora, mesmo antes de sua aplicação, muitos alunos ainda escolheram a

abordagem Desenvolvimentista, o que pode ser explicado por fatores como Omedo

do desconhecido e o comodismo. Ainda, a leve predominância em relação a

abordagem Crítico-superadora pode significar o anseio pela mudança do modelo

convencional.

GRÁFICO 5 - PREFERÊNCIA DISCENTE ENTRE AS ABORDAGENS

DESENVOLVIMENTISTA E CRITICO-SUPERADORA (1° MOMENTO) - 2007

Já quando questionada em um segundo momento, após vivenciada a

aplicação da abordagem Critico-superadora por seis aulas, a preferência pela

33

abordagem Crítico~superadora em relação à Desenvolvimentista foi unânime, ou

seja, 100% dos alunos preferiram a abordagem Crítico-superadora para nortear as

demais aulas de Educação Física no período letivo.

GRÁFICO 6 - PREFERÊNCIA DISCENTE ENTRE AS ABORDAGENS

DESENVOLVIMENTISTA E CRiTICO-SUPERADORA (2° MOMENTO) - 2007

A opinião daqueles alunos que escolheram a abordagem desenvolvimentista

em um primeiro momento e modificaram sua escolha para a abordagem Crltico-

superadora em um segundo momento teve, sem dúvida, impacto num pré-conceito

dos alunos em relaçao ao convencional que naquele contexto se traduzia na

abordagem Desenvolvimentista, tendo em vista a predominância desta tendência na

trajetória escolar da maioria dos alunos.

Os resultados acima descritos podem ser comprovados sob a forma de

análise de conteúdo realizada por intermédio de um questionário composto por

perguntas abertas denominado instrumento "XXXX - Avaliação de Educação Fisica

- 8'X - 29 de maio de 2007" (Apêndice 4). Por meio desse instrumento, pode-se

verificar que ocorreu grande modificação no perfil discente. onde a socialização e a

34

auto-estima foram ampliadas. Além do progresso observado pelo pesquisador, tal

fato pode ser comprovado por meio das respostas encontradas no referido

instrumento. Nesse sentido, algumas respostas foram emblemáticas ao indicarem a

abordagem Crítico-superadora como aquela de maior preferência, conforme os

exemplos que seguem abaixo:

Como você avalia sua participação no Evento? 4

6ffi'o T\1. )..{1Y· Q, JI J J. rrv..Uittt d 1

Qual abordagem você gostou mais: Desenvolvimentista (basquete) ouCritico-Superadora (futsal)? Justifique sua escolha _-$::i::'~~=<i;:I~z:.-

,\--y",<b {&l<'!#((b<&9 ~"?" p'ndWº r<2',o ,,'ti c-

o- ~º !C o.por , c\-,rl, ,

3S

Verso:

Q~~I abordagem você gostou mais: Desenvolvimentista (basquete) ouCntlco·Superadora (futsal)? Justifique sua escolha

36

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abordagem Crítico-superadora trouxe para os alunos um novo modo de

entender a disciplina de Educação Física, agregando valores como a reflexão crítica

da realidade, o que inclui organização, interpretação e compreensão. Ainda, se de

certo modo, o medo do desconhecido possa ter sido um fator que inftuenciou a

escolha dentre as abordagens em um primeiro momento, a vivência da abordagem

Critico-superadora foi fator importante para a quebra deste paradigma.

Portanto, este trabalho mostra que a abordagem Crítico-superadora atendeu

às expectativas tanto por parte do pesquisador quanto por parte dos alunos,

evidenciando superioridade na sua aplicação neste universo.

Dessa maneira, propõe-se que o conhecimento dessa abordagem seja

difundido entre os profissionais da área, os quais devem ser estimulados a praticar

novas experiências no ensino da Educação Física.

Sugere-se que, a partir do estudo inicial apresentado nesse trabalho, sejam

feitas novas pesquisas complementares com populações diversas e que por sua vez

elas gerem uma aplicabilidade rotineira na prática profissional no ensino da

Educação Física.

37

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, M. E. D. A. de. Etnografia da prática escolar. 13. ed. Campinas, SP:

Papirus, 1995.

BRACHT, V. A Constituição das teorias pedagógicas da educação fisica. Cadernos

Cedes, ano 19, n. 48, 1999.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo:

Cortez, 1992.

DARIDO, S. C. Apresentação e análise das principais abordagens da Educação

Fisica Escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, n.20, v.1, 1998.

GALLAHUE, D. Understanding motor development in children. New York: Wiley,

1982.

LAVOURA, T. N.; BOTURA, H. M. L.; DARIDO, S. C. Educação Flsica Escolar:

conhecimentos necessários para a prática pedagógica. Revista da Educação

Fisica/UEM. Maringá, v.17, n.2, p. 203-209, 2006.

MANOEL, E. J. Desenvolvimento motor: implicações para a Educação Física

Escolar. Revista Paulista de Educação Física, n.8, v.1, p. 82-97, 1994.

TANI, G. Educação Física na pré-escola e nas quarto primeiras séries do ensino de I

grau: uma abordagem de desenvolvimento. Kinesis, v.3, n.1, p.19-41, 1987.

TANI, G.; MANOEL, E. J.; KOKUBUN, E.; PROENÇA, J. E. Educação Fisica escolar:

fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo, EPU, 1988.

38

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Plano de Aula - Abordagem "Desenvolvimentista"

Área: Ciências Biológicas eda Saúde

Disciplina: Educação Fisica

Turma: 8'X

Número de Alunos: 26

Conteúdo da Unidade: Esportes Coletivos

Objetivo Geral da Unidade: Proporcionar desenvolvimento psicomotor e social por meio de Esportes Coletivos

Conteúdo da aula: Basquetebol- Pega de bola e passes

Recursos Locais: quadra de basquetebol

Recursos Materiais: 80las de basquete

Objetivo específico da aula: Desenvolver a técnica de pega de bola e passes do basquetebol

Descrição da aula:

Parte [nieial: aquecimento de 5 a 7 minutos, comandado por aluno e complementado pelo professor, se necessário Devem ser

execulados exercícios como corrida, polichinelo, agachamenlos, apoioaosol0,enlreoulros.

Parte Principal: Trabalhar as lécnicas de pega de bola e passes em duplas f Irios. sempre após a explicação verbal e

demonslração do professor. Trabalhar o passe de peito direto, passe de peito picado. passe sobre a cabeça com as duas

mãos, passe de ombro, passe boliche, passe lateral. passe gancho, passe por trás do corpo (conforme descriçilo técnica)

Parte Final: Reunir a turma, questionar qual a atividade de maior dificuldade. esclarecer dúvidas e agradecer a participação.

39

AP~NDICE 2

Plano de Aula - Abordagem "Crítico-superadora"

Árca: Ciências Biol6gicas e da Saúde

Disciplina: Educaçao Física

Turma:S·X

Número de Alunos: 26

Conteúdo da Unidade: Esportes Coletivos

Objetivo Geral da Unidade: PfOporcionar desenvolvimenlO psicomolor e social por meio de Esportes Coletivos

Conteúdo da aula: Futsal-Inicio do planejamento do evento (abordagem crílico-superadora)

Recursos Locais: Sala de aula e quadro negro

Recursos Maleriais:Giz.

Objetivo especifico da aula: .Construir um projeto inicial para um evenlo de futsal. evidenciando a diferença entre as

abordagens Desenvolvimentista e Critico-superadora.

Descrição da aula:

Parte Iniciai: O professor realizará uma exposição sobre a forma de trabalho adotada até o momento (abordagem

Desenvolvimentista) e questionará sobre sugestões de mudanças, Introduzindo assim o conceito da abordagem Critico-

superadora.

Parte Principal: Será construido o projeto inicial de um evento sobre futsal, sendo que o professor será somente um mediador.

Todas as decisões rICarao a critério da turma, imperando-se assim o exercido da democracia. Deverao ser elencadas as

funçOesno evento, cronograma, critérios e equipes participantes, onde por meio de debates serao sanadas as divergências.

Parte Final: Questionar sobre difICUldades,esclarecer duvidas e agradecer a participaçao.

APENDICE 3

u >~I~I~

40

APtNDICE 4

41

XXXxX - Avaliação de Educacão Físico - SHX - 29 de moio de 2007

1-~==__ +-,N:.:0c:TA"--l O que você achou do Evento de Futsal?ALUNO

ARZC

AGS

BLB

CMRS

CF

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FMGLFMT

GN

JFS

JAN

JSG

'SS

LEZ

LEC

LFD

LTP

PSN

RTS

RSG

RW

SAV

TC

WSC

WAV

Como você avalia sua participação no Evento?

Qual abordagem você gostou mais: Desenvolvimentista (basquete)ou Critico-Superadora (futsat)? Justifique sua escolha

APÊNDICE 5

2 g g g ~ ~ g g g ~ ~ ~ ~ g g R ~ g g ~ ~ g gg R ~ R R ~ g g R ~ ~ g o g g ~ ~ ~ ~ ~ R g ~~ ~ g 8 ~ ~ g ~ g ~ g g g ~ g ~ ~ g g g ~ g ~

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42

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43

AP~NDICE6

PARECER SOBRE INSTRUMENTO PARA A COLETA OE OAOOS OETRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO

Caro <a) professor <a), _

Considerando suas areas de atuação acadêmica e profissional, eu, ------,,-o-----c,----,-,---_-,- __ ,-----,--,--,-_' venho, por meio desta, solicitar sua avaliação sobre oinstrumento por mim elaborado (em anexo), para a realização da coleta de dados do meuTrabalho de Conclusão de Curso intitulado _

_____________________ , cujo objetivo geral será

Agradeço desde já sua prestimosa contribuição,

Assinatura do <a) acadêmico <a)

PARECER DO CAl PROFESSOR CAl

FavorávelFavorável com su estõesNão favoravel

Sugestões:

Assinatura do (a) professor (a) avaliador (a)