fabiano demoliner

26
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA AVALIAÇÃO DE DOIS MÉTODOS ANALÍTICOS DE DETERMINAÇÃO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE LIVRE Fabiano Demoliner Bento Gonçalves, novembro de 2008

Upload: dinhcong

Post on 07-Jan-2017

255 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Fabiano Demoliner

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA

AVALIAÇÃO DE DOIS MÉTODOS ANALÍTICOS DE

DETERMINAÇÃO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE LIVRE

Fabiano Demoliner

Bento Gonçalves, novembro de 2008

Page 2: Fabiano Demoliner

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA

AVALIAÇÃO DE DOIS MÉTODOS ANALÍTICOS DE

DETERMINAÇÃO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE LIVRE

Fabiano Demoliner

Trabalho de conclusão do Curso de Tecnólogo em Viticultura e Enologia Orientador: Eduardo Giovannini

Bento Gonçalves, novembro de 2008

Page 3: Fabiano Demoliner

2

SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 6

2.1 Histórico ................................................................................................................. 6

2.2 Método oficial ........................................................................................................ 6

2.3 Método de Ripper ................................................................................................... 7

2.4 Método de Ripper modificado (Gibertini, 2007) .................................................... 8

2.5 Importância da Determinação do Nível de Dióxido de Enxofre ............................ 8

2.6 Legislação ............................................................................................................. 11

3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 12

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 15

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 18

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 19

7. ANEXOS .................................................................................................................... 20

Page 4: Fabiano Demoliner

3

LISTA DE TABELAS TABELA 1. Porcentagem de SO2 molecular em função do pH (a 20ºC) .................... 10

TABELA 2. Teores de dióxido de enxofre livre a manter nos vinhos (em mg/l) ........ 11

TABELA 3. Resultados e médias obtidos em cada local e método .............................. 15

TABELA 4. Análise de variância .................................................................................. 16

TABELA 5. Teores de SO2 livre em amostra de vinho, conforme local e métodos ..... 17

Page 5: Fabiano Demoliner

4

1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a complementação do ensino e da aprendizagem, bem como a

adaptação psicológica e social do acadêmico à atividade e o treinamento prático do

mesmo, todas finalidades da disciplina, é realizado, ao término do curso, o estágio

supervisionado obrigatório.

Nesta oportunidade, os acadêmicos podem vivenciar as atividades e

responsabilidades cabidas aos profissionais atuantes (supervisores), bem como pôr em

prática e complementar os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.

A disciplina foi realizada na empresa Sociedade de Bebidas Mioranza Ltda,

localizada as margens da VRS 314 - km 6 – Travessão Alfredo Chaves s/n, no

município de Flores da Cunha, onde juntamente com as atividades realizadas na

empresa foi conduzido um pequeno experimento para avaliar a diferença entre dois

métodos analíticos de determinação do dióxido de enxofre (SO2) livre nos vinhos tintos.

O dióxido de enxofre (SO2) é amplamente utilizado em enologia devido às suas

múltiplas funções (Tomasset, 1998), podendo se destacar as propriedades, anti-séptica,

responsável pela inibição do desenvolvimento de microrganismos; antioxidante,

combinando com o oxigênio dissolvido nos mostos e vinhos, evitando as oxidações de

ordem química; antioxidante enzimático, combinando e impedindo as oxidações

provocadas pelas enzimas Tirosinase e Laccase (Ribéreau Gayon et al. 2003); e

melhorador gustativo (Peynaud, 1982) reagindo com o etanal bloqueando-o através de

ligação estável e trazendo como conseqüência a conservação do frescor aromático.

O emprego do dióxido de enxofre traz grandes benefícios ao vinicultor, mas o

seu uso deve ser muito bem controlado, pois, se a dose adicionada ao vinho é demasiado

forte, o que não seria mais de uma dezena de miligramas, o vinho adquire um aroma

picante deste produto e um gosto final desagradável; e se a quantidade adicionada é

demasiado fraca, igualmente de uma dezena de miligramas, o vinho seco não está

protegido das oxidações e o vinho “doce” das refermentações (Peynaud 1982).

Page 6: Fabiano Demoliner

5

Sendo assim, é de grande importância o correto e eficaz controle da quantidade

de dióxido de enxofre presente no vinho ou mosto tendo em vista conservar a qualidade

do produto e permanecer dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

Este trabalho contempla uma pequena avaliação de dois métodos analíticos para

a determinação de dióxido de enxofre (SO2) livre em vinhos tintos.

Ambos os métodos são realizados por titulometria iodométrica de Ripper,

diferindo entre si pela ausência da matéria corante em um dos métodos.

No caso dos vinhos tintos e muito tintos, sabe-se que na prática é difícil, e requer

muita experiência, a determinação exata do nível de dióxido de enxofre pela

metodologia de Ripper. O uso de amido como indicador remete à obtenção da cor azul

escuro como indicação de viragem e esta é de difícil percepção nos vinhos tintos devido

à matéria corante que se confunde com a cor de viragem. Segundo Zoecklein et al.

(2001) a matéria corante também é responsável por uma falsa idéia de maior teor de

dióxido de enxofre devido à reação dos compostos fenólicos com o iodo aumentando a

dose quantificada.

Sabendo da problemática desta determinação, este trabalho visa identificar uma

possível alternativa para facilitar a tarefa do enólogo de elaborar produtos cada vez com

maior qualidade e dar maior precisão ao seu trabalho, uma vez que a tendência, segundo

Zoecklein et al. (2001), é a redução do dióxido de enxofre utilizado na indústria vinícola

por algumas razões, como por saúde pública, pela melhoria na qualidade da matéria-

prima, pelo desejo da realização da fermentação malolática e para obter vinhos mais

delicados.

Ao final do trabalho se anexa um pequeno relato das atividades realizadas

durante o estágio supervisionado obrigatório, servindo apenas como complemento.

Page 7: Fabiano Demoliner

6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Histórico O uso do dióxido de enxofre na conservação de vinhos remonta ao final do

século XVIII e o seu uso na vinificação, com o objetivo de evitar casses oxidásicas,

remete ao começo do século XX (Ribéreau Gayon et al. 2003).

A quantificação do dióxido de enxofre também é de longa data, tendo mais de

100 anos (Zoecklein et al. 2001). Desde então, o método de Ripper é o utilizado,

consistindo na titulação da amostra com Iodo e utilizando amido como indicador do

ponto de viragem. Este procedimento tem sido amplamente difundido no meio

enológico e até os dias atuais é o mais utilizado, devido a sua simplicidade e rapidez de

execução.

Cabe ressaltar que este procedimento conta com alguns inconvenientes, como a

sua imprecisão, devido à influência da matéria corante dos vinhos tintos, a qual é

responsável pela combinação do iodo, dando uma falsa idéia de maior teor de dióxido

de enxofre, e pela dificuldade de visualização do ponto de viragem, uma vez que este

deve apresentar a coloração azul escuro.

Existe o interesse de encontrar novos métodos que sejam simples, rápidos e

aplicáveis, mas a maior mudança diz respeito ao aspecto instrumental do que à parte

química (Zoecklein et al. 2001).

2.2 Método oficial O método de Monier–Williams modificado é reconhecido pela Association of

Official Analytical Chemists (AOAC) e internacionalmente como o método oficial de

análise de SO2 total em vinhos (Zoecklein et al. 2001). O método consiste em destilar o

SO2 da amostra, aspira-lo e fixa-lo em peróxido de di-hidrogênio, titulando o H2SO4

formado com hidróxido de sódio.

Uma variação do método consiste na oxidação por aeração, o qual é utilizado

para a determinação do SO2 livre. O procedimento é feito a baixa temperatura (10ºC),

onde o dióxido de enxofre (SO2) é extraído da amostra por uma corrente de ar ou de

Page 8: Fabiano Demoliner

7

nitrogênio, sendo fixado e oxidado por borbulhamento em uma solução diluída e neutra

de peróxido de di-hidrogênio. O ácido sulfúrico formado é titulado e quantificado com

uma solução de hidróxido de sódio 0,01N.

2.3 Método de Ripper Consiste na determinação direta do teor de SO2 livre contido em uma amostra

através da titulação desta com Iodo e controlando o final da titulação com solução

indicadora de amido a 1%.

Faz-se necessário a adição de ácido sulfúrico 1:3 para acidificar a amostra e

reduzir a oxidação dos polifenóis da amostra pelo iodo. Zoecklein et al. (2001) destaca

que a acidificação e a diminuição resultante do pH libera o SO2 ligado às antocianas.

Destaca também que em pH baixo o SO2 é volátil, o que faz necessário a adição do

ácido sulfúrico 1:3 como último procedimento antes da titulação para evitar as perdas

por volatilização; sendo que a titulação deve ser feita o mais rápido possível para evitar

estas perdas.

Amerine & Ough (1976) sugerem a colocação de uma fonte intensa de luz

amarela incidindo lateralmente à amostra para facilitar a visualização do ponto de

viragem no caso de vinhos tintos.

Também em vista a facilitar a visualização do ponto de viragem, Zoecklein et al.

(2001), sugere a diluição dos vinhos muito tintos com água desionizada, multiplicando

ao final o resultado pelo fator de diluição. Ressalta também que a diluição pode afetar o

equilíbrio entre o SO2 livre e o combinado.

Além da falta de precisão ocasionada pela coloração dos vinhos tintos, deve-se

dar atenção aos reagentes utilizados, pois as soluções de Iodo se oxidam rapidamente

devendo ser verificado regularmente a sua concentração e serem armazenadas em

frascos de vidro âmbar. Quanto ao amido, utilizado como indicador, este pode se

decompor rapidamente e deve ser mantido sob refrigeração.

A precisão deste procedimento é de aproximadamente +/- 7mg/l, para o SO2

total (Zoecklein et al. 2001).

Outro fator importante a ser considerado é a determinação do dióxido de enxofre

por este método em vinhos onde se adicionou ácido ascórbico. Os resultados obtidos

serão maiores do que o correto devido ao fato do Iodo oxidar também o ácido ascórbico.

Page 9: Fabiano Demoliner

8

2.4 Método de Ripper modificado (Gibertini, 2007) O procedimento permite a extração do dióxido de enxofre livre contido na

amostra de vinho ou de mosto, fixando-o estavelmente numa solução de hidróxido de

sódio.

O resultado é uma solução incolor que pode ser facilmente titulada com o uso de

Iodo. Este procedimento permite a determinação do nível de dióxido de enxofre em

vinhos que tenham sido adicionados de ácido ascórbico.

Este procedimento consiste em, inicialmente, resfriar a amostra a uma

temperatura de aproximadamente 10ºC para evitar a extração do SO2 combinado. Após,

esta amostra é acidificada com ácido sulfúrico e faz-se passar por ela uma corrente de ar

constante, a qual arrasta consigo o dióxido de enxofre livre e borbulha, para fixar-lo,

numa solução de água destilada e hidróxido de sódio (ver foto 1 pág.20). O hidróxido de

sódio permite a fixação, na forma de SO3=, o SO2 extraído. O tempo de extração é de 10

minutos e o liquido incolor obtido é titulado pelo método Ripper, já citado

anteriormente.

O aparelho realiza de forma automática a titulação do SO2 livre (ver foto 2

pág.20).

O principal inconveniente deste método é o custo da aparelhagem.

2.5 Importância da Determinação do Nível de Dióxido de Enxofre A partir da obtenção do mosto, este já recebe uma quantidade de dióxido de

enxofre (SO2), que varia de acordo com o estado sanitário das uvas. Uma parte

considerável deste dióxido de enxofre se combina no momento de sua adição, e no

decorrer do processo fermentativo, a porção que permanecia livre se combina,

principalmente com o acetaldeído. Esta adição pré-fermentativa tem a função de

controlar o desenvolvimento de leveduras, selecionando-as, e de impedir o

desenvolvimento de bactérias. A adição de dióxido de enxofre neste momento do

processo de vinificação também previne as oxidações de ordem química (ocasionadas

pelo oxigênio) e as de ordem enzimáticas (no caso de uvas atacadas por podridão).

No transcorrer da fermentação alcoólica é de suma importância o controle da

quantidade de dióxido de enxofre empregada, pois uma dose muito elevada pode

ocasionar uma parada de fermentação e impedir a realização da fermentação malolática.

Page 10: Fabiano Demoliner

9

Segundo Ribéreau-Gayon et al. (2003) a presença de uma pequena quantidade de

dióxido de enxofre durante a fermentação em tinto auxilia a extração de compostos

fenólicos (antocianas e taninos) devido ao seu poder dissolvente. Esta atividade se deve

à destruição das células da casca por parte do SO2, permitindo assim uma passagem

facilitada dos constituintes solúveis.

Deve-se prestar atenção na forma como este dióxido de enxofre é empregado. É

muito importante que a adição seja feita de maneira homogênea. Segundo Ribéreau-

Gayon et al. (2003) a melhor maneira de se adicionar o anidrido sulforoso é através de

suas formas diluídas, como soluções aquosas, as quais permitem uma perfeita

homogeneização do produto. Esta dosagem deve ser feita, no caso das uvas tintas, após

o desengaçe e moagem, dosando o produto a medida que o mosto for sendo bombeado o

que garante uma melhor homogeneização do produto. Deve-se evitar a adição do

produto através de suas formas concentradas, bem como fazer a sua adição sobre a

massa, pois se estaria favorecendo uma concentração maior na superfície do bagaço

enquanto que o restante ficaria desprotegido. Para as variedades brancas, a adição deve

ser feita após a separação do mosto e do bagaço, pois uma adição anterior a este

momento favoreceria uma maceração.

É importante lembrar que o dióxido de enxofre deve ser empregado antes de

qualquer princípio fermentativo, caso contrário haveria a sua total combinação com o

etanal produzido no processo fermentativo. Nos casos em que se deseja adicionar uma

quantidade de mosto a um outro que já esteja em fermentação, deve-se fazer a

incorporação do dióxido de enxofre junto ao bombeamento do mosto garantindo uma

proteção contra as oxidações e impedindo a sua completa combinação com o etanal.

Quanto às doses de emprego, Ribéreau-Gayon et al. (2003) recomenda uma dose

de 50mg/l, fazendo menção que esta quantidade, se bem homogeneizada, será mais

eficaz que uma dose de 100mg/l mal empregada. No entanto, é importante salientar que

esta quantidade pode, e deve, variar de acordo com o estado sanitário das uvas, a

maturação e o pH das mesmas.

Ao término da fermentação alcoólica, ou da malolática, é de suma importância o

conhecimento da dose de dióxido de enxofre que o produto tem, para não deixa-lo

desprotegido. Neste momento se realiza uma correção no nível de dióxido de enxofre

visando manter o produto estável e protegido. Esta correção não é tão simples, pois

Page 11: Fabiano Demoliner

10

alguns fatores interferem na proporção de dióxido de enxofre que permanece na forma

livre e que se combina.

Para Ribéreau-Gayon et al. (2003) admite-se que dois terços do produto

adicionado permanecem na forma livre e um terço se combina. Entretanto, mesmo

depois de corrigido o teor, é importante realizar uma nova análise para averiguar o teor

resultante, pois existe uma variação neste percentual de combinação devido ao pH e a

quantidade de substâncias com as quais o dióxido de enxofre se combina (etanal, ácidos

cetônicos, açúcares e compostos fenólicos).

Quando se fala em conservação, é importante lembrar que a porção eficaz

corresponde ao SO2 molecular, e esta sofre muita influência do pH. Usseglio-Tomasset

(1998) apresenta a seguinte tabela para demonstrar a influencia do pH sobre o teor de

SO2 molecular.

TABELA 1. Porcentagem de SO2 molecular em função do pH (a 20ºC) pH SO2 molecular 3,00 6,06 3,10 4,88 3,20 3,91 3,30 3,13 3,40 2,51 3,50 2,00 3,60 1,60 3,70 1,27 3,80 1,01 3,90 0,81 4,00 0,64 4,20 0,41 4,40 0,26

Fonte: Usseglio-Tomasset (1998)

As doses de emprego para a conservação dos vinhos podem variar de acordo

com o tipo do vinho. Ribéreau-Gayon et al. (2003) apresenta a seguinte tabela, com os

níveis de SO2 recomendados para a conservação de vinhos.

Page 12: Fabiano Demoliner

11

Tabela 2. Teores de dióxido de enxofre livre a manter nos vinhos (em mg/l)

Doses de conservação Vinhos tintos 20 a 30 Vinhos brancos secos 30 a 40 Vinhos brancos doces 40 a 80

Doses de consumo (ou para engarrafamento)

Vinhos tintos 10 a 30 Vinhos brancos secos 20 a 30 Vinhos brancos doces 30 a 50

Doses de expedição (a granel)

Vinhos tintos 25 a 35 Vinhos brancos secos 35 a 45 Vinhos brancos doces 80 a 100*

*Este tipo de vinho deveria ser engarrafado no seu lugar de produção e não ser expedido a granel Fonte: Ribéreau-Gayon et al. (2003) Os teores de dióxido de enxofre não devem ser excessivamente altos para evitar

a alteração no gosto do vinho. Uma dose a partir de 2mg/l de SO2 molecular ativo já

confere ao vinho o cheiro característico do dióxido de enxofre (Ribéreau-Gayon et al.

2003).

2.6 Legislação A legislação brasileira prevê apenas o valor de 350mg/l como o máximo

permitido em nível de dióxido de enxofre total.

No entanto, quando se pensa a nível mundial, se verifica que existe em outros

países restrições maiores ao uso do SO2, como por exemplo a Comunidade Econômica

Européia (CEE) onde o limite máximo para os vinhos tintos secos é de 160mg/l e de

210mg/l para os vinhos brancos secos, sempre se tratando do nível se SO2 total.

Segundo Ribéreau Gayon et al. (2003), no ano de 1973 estudos comprovaram

reações alérgicas provocadas por sulfitos em pessoas asmáticas. Estas reações eram

provocadas por quantidades muito pequenas (na ordem de miligramas), e fizeram com

que a Food and Drug Administration (FDA) determinasse como obrigatório, nos

Estados Unidos, o emprego nos rótulos de dizeres informando a presença de Sulfitos em

produtos cuja dose supere 10mg/l.

Page 13: Fabiano Demoliner

12

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em cinco locais, buscando avaliar as formas de

determinação do dióxido de enxofre e identificando se existem diferenças significativas

entre elas. Foram realizadas três repetições em cada local de análise.

Os locais e os respectivos métodos empregados foram: Sociedade de Bebidas

Mioranza Ltda, método Gibertini; Adega Mascarelo, Método de Ripper; Vinícola

Demoliner, Método de Ripper; Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento

Gonçalves CEFET-BG, método de Ripper; Laboratório de Referência Enológica

(Laren), método Gibertini.

Não foi feito o preparo e aferição de nenhuma solução, tendo sido empregadas as

soluções que as empresas utilizam no dia-a-dia, tendo em vista a tornar o trabalho mais

realista. Também não foi realizado nenhuma padronização dos procedimentos, ou seja,

foram utilizadas as quantidades de reagentes e amostra que cada profissional costuma

usar bem como para as concentrações dos reagentes.

As determinações foram realizadas em um vinho tinto de variedades Vitis

labrusca clarificado e que se encontra armazenado em pileta. A partir de uma mesma

amostra foram realizadas as determinações nos locais citados anteriormente.

Na empresa Sociedade de Bebidas Mioranza, local em que foi realizado o

estágio, realizou-se a determinação pelo método Gibertini. Separou-se, em um balão

volumétrico, 50ml da amostra e baixou-se a sua temperatura para 10ºC. Num

erlenmeyer de 300ml, transferiu-se 200ml de água destilada e adicionou-se 20ml de

hidróxido de sódio 0,1N. Posicionou-se o erlenmeyer no equipamento e acoplou-se o

balão. No balão, colocou-se os 50ml de amostra resfriada, adicionou-se 10ml de ácido

sulfúrico 1:3, tampou-se o mesmo e conectou-se o tubo por onde passa a corrente de ar

(ficando conforme foto 1 pág.20). Iniciou-se o processo de arraste e aguardou-se o seu

término, automático, após 10 minutos. Retirou-se o erlenmeyer, colou-se dentro deste o

agitador e se posicionou o frasco no aparelho para efetuar a titulação automática,

conforme foto 2 pág 20. O aparelho adiciona, automaticamente, 2ml de solução de

amido 1% e 5ml de solução de ácido sulfúrico 1:3. A titulação é feita pela adição,

Page 14: Fabiano Demoliner

13

também automática, de Iodo 0,02N. O término da titulação é informado por um sinal

acústico e o ponto de viragem pode-ser visualizado na foto 3 pág.21. Os resultados são

informados no painel do aparelho (ver foto 4 pág.21) e estes foram anotados e serão

apresentados posteriormente.

No Laboratório de Referência Enológica (Laren) foi realizado a determinação

pelo método Gibertini semelhante ao anterior diferindo apenas na concentração do ácido

sulfurico utilizado, sendo este de concentração 1:4. As quantidades utilizadas são as

mesmas. Os resultados obtidos serão apresentados posteriormente.

Na Adega Mascarelo e na Vinícola Demoliner realizou-se a determinação pelo

método de Ripper. Mediu-se, num Erlenmeyer de 250ml, 20ml de amostra, adicionou-se

2ml de solução de amido 1% e 5ml de ácido sulfúrico 1:3. Procedeu-se a titulação com

solução de Iodo 0,02N até observar-se o escurecimento da amostra. Os mililitros

utilizados de solução de Iodo 0,02N foram anotados e procedeu-se o calculo do

resultado utilizando a seguinte fórmula:

SO2 livre (g/l) = n x N x meqg x 1000

V

Na qual:

n = ml de iodo gastos na titulação;

N= normalidade da solução de iodo (0,02N);

meqg= miliequivalente grama do SO2 (0,032);

V= volume de amostra (20ml).

Ou

SO2 livre (g/l) = n x 0,032

SO2 livre (mg/l) = n x 32

Os resultados obtidos serão apresentados posteriormente.

No Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves (CEFET-BG)

procedeu-se a determinação pelo método de Ripper. O procedimento utilizado é

semelhante ao citado anteriormente diferindo apenas na quantidade de amostra

utilizada, sendo neste caso utilizados 25ml de amostra, e na quantidade de ácido

sulfúrico utilizado, sendo neste caso utilizado 2,5ml de ácido sulfúrico 1:3. A mudança

no volume de amostra utilizado resulta numa mudança do cálculo, onde o valor do

Page 15: Fabiano Demoliner

14

volume passa de 20ml para 25ml. Sendo assim, utiliza-se a fórmula citada anteriormente

e altera-se o denominador (de 20 para 25). O restante da fórmula permanece inalterado.

As médias dos locais de análise foram comparadas, entre si, por análise de

variância e pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância, realizados através do

programa ASSISTAT (Assistência Estatística).

Page 16: Fabiano Demoliner

15

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados variaram entre os locais e os métodos (tabela 3).

Tabela 3. Resultados e médias obtidos em cada local e método

Local/Método Repetições (em mg/l) Médias

(em mg/l) 1ª repetição 2ª repetição 3ª repetição

Demoliner/Ripper 35,20 33,60 34,20 34,33

Mascarelo/Ripper 34,00 32,00 34,00 33,33

CEFET/Ripper 25,60 33,28 25,60 28,16

Mioranza/Gibertini 23,90 23,80 24,10 23,93

Laren/Gibertini 33,90 33,50 33,70 33,70

É importante citar que existem vários fatores que podem contribuir para as

diferenças nos resultados. Um deles diz respeito aos reagentes, pois a idade e a forma

como são conservados podem alterar as suas características. O iodo pode sofrer

oxidações se não for conservado em frasco de cor âmbar, preferencialmente coberto por

papel alumínio e ao abrigo da luz. O amido pode estragar com o passar do tempo, por

isso deve ser mantido sob refrigeração. Para estes dois reagentes (iodo e amido) é

interessante que sejam preparados no dia em que serão utilizados.

A forma como são preparados os reagentes também pode influenciar nos

resultados obtidos, pois as vidrarias utilizadas no preparo devem estar bem limpas e

secas. Deve-se utilizar balões volumétricos no preparo das soluções (garantindo uma

maior precisão do volume medido), bem como utilizar balanças de precisão na pesagem

dos produtos sólidos e de pipetas volumétricas no caso dos líquidos. A temperatura de

aferição também deve ser observada (normalmente 20ºC).

O fator humano também teve influência nos resultados, mas este é de difícil

mensuração. No caso das análises realizadas pelo método Ripper, este fator esteve

presente no momento de visualizar o ponto de viragem o qual é de difícil percepção, e

requer certa experiência para ser detectado, além de ter influenciado no tempo de

realização das análises, o qual também pode influenciar no resultado. No caso das

Page 17: Fabiano Demoliner

16

análises realizadas pelo método Gibertini, este fator esteve presente no momento de

calibrar o aparelho.

A análise estatística mostra que houve efeito significativo do método e do local

(tabela 4).

Tabela 4. Análise de variância. Fonte de Variação

Graus de Liberdade

Soma dos Quadrados

Quadrado Médio F

Tratamento 4 244,12384 61,03096 14,0554

Resíduo 10 43,42160 4,34216

Total 14 287,54544

Média Geral = 30,69200 Coeficiente de variação = 6,78934

Constatou-se diferença significativa entre os locais. Os resultados obtidos no

Laboratório de Referência Enológica (Laren) não diferiram significativamente dos

obtidos na Vinícola Demoliner, na Adega Mascarelo e no CEFET-BG e diferiram

significativamente dos obtidos na Sociedade de Bebidas Mioranza. Os resultados

obtidos na Vinícola Demoliner não diferiram dos obtidos na Adega Mascarelo e no

Laboratório de Referência Enológica (Laren) e diferiram dos demais resultados. Os

resultados obtidos na Adega Mascarelo não diferiram dos obtidos na Vinícola

Demoliner, no CEFET-BG e no Laboratório de Referência Enológica (Laren) e

diferiram dos obtidos na Sociedade de Bebidas Mioranza. Os resultados obtidos no

CEFET-BG não diferiram significativamente dos obtidos na Adega Mascarelo, na

Sociedade de Bebidas Mioranza e no Laboratório de Referência Enológica (Laren) e

diferiram dos obtidos na Vinícola Demoliner. Os resultados obtidos na Sociedade de

Bebidas Mioranza não diferiram dos obtidos no CEFET-BG e diferiram dos demais. Os

resultados e as comparações podem ser visualizados na tabela 5.

Page 18: Fabiano Demoliner

17

Tabela 5. Teores de SO2 livre em amostra de vinho, conforme local e métodos. Local/Método Médias 5%

Demoliner/Ripper 34,33 a

Mascarelo/Ripper 33,33 ab

CEFET/Ripper 28,16 bc

Mioranza/Gibertini 23,93 c

Laren/Gibertini 33,70 ab

Diferença Mínima Significativa = 5,60632 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

Concluiu-se, primeiramente, que a realização de pesquisas é uma prática comum

e que faz parte do dia-a-dia do profissional o qual esta sempre realizando testes para

encontrar a melhor dose de coadjuvante a adicionar no processo, a dose e o produto que

represente a melhor relação custo/benefício, a eficácia ou não de uma nova técnica de

vinificação, a realização de uma nova técnica de cultivo para obtenção de uma matéria-

prima (uva) de melhor qualidade e, como foi este caso, a detecção de possíveis

diferenças entre um método analítico e outro. Em suma, a pratica da realização de testes

e pesquisas deve ser entusiasmada em todos os futuros profissionais, pois esta fará parte

do dia-a-dia de todos.

No transcurso do trabalho foram obtidos resultados que diferenciaram muito dos

citados e após uma investigação percebeu-se que esta diferença estava sendo originada

pelo amido, o qual tinha sofrido alterações causadas pelo tempo. Este fato veio a

confirmar a importância de se manter o amido refrigerado e, na medida do possível,

preparar-lo no momento em que for utilizado.

Page 19: Fabiano Demoliner

18

5. CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho concluiu-se que este deve sofrer uma extensão,

com vistas a detectar qual é o método que apresenta os valores mais próximos ao real e

investigar as possíveis causas das diferenças entre os resultados.

Esta extensão do trabalho é de grande importância, pois a determinação correta

do teor de SO2 livre num vinho faz com que se evite o uso de doses demasiado elevadas,

as quais prejudicam o plano olfativo do produto e o uso de doses muito baixas, as quais

podem permitir que o produto sofra alterações, denegrindo o produto em ambos os

casos.

Concluiu-se que uma mesma amostra de vinho pode apresentar resultados

diferentes do nível de SO2 livre, mesmo sendo analisada por um mesmo método.

Os métodos empregados são sujeitos a muitas variáveis, podendo levar a

resultados discrepantes.

Page 20: Fabiano Demoliner

19

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERINE, M. A. y OUGH, C. S. Análisis de vinos y mostos. Zaragoza: Editorial Acribia. 1976. 153p.;

GIBERTINI. Metodi di analisi dei vini e delle bevande spiritose. 9ª ed. Milano: Itália. 2007. 215p.;

Ministerio da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria 229 de 31 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br;

PEYNAUD, E. Conhecer e trabalhar o vino. Lisboa: LTC-Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos, Lda. 1982. 345p.;

RIBÉREAU-GAYON, P.; DUBOURDIEU, D.; DONÈCHE, B.; LONVAUD, A. Tratado de enologia. Tomo 1. Microbiologia del vino. Vinificaciones. 1ª ed. Buenos Aires: Hemisferio Sur. 2003. 636p.;

USSEGLIO-TOMASSET, L. Química Enologica. Madrid: Mundi-Prensa. 1998. 400p.;

ZOECKLEIN, B. W.; FUGELSANG, K. C.; GUMP, B. H.; NURY, F. S. Análisis y produción de vino. Zaragoza: Editorial Acribia S.A. 2001. 600p.

Page 21: Fabiano Demoliner

20

7. ANEXOS

Foto 1 (borbulhador)

Foto 2 (titulador)

Page 22: Fabiano Demoliner

21

Foto 3 (ponto de viragem)

Foto 4 (painel do aparelho)

Page 23: Fabiano Demoliner

22

BREVE RELATÓRIO DE ESTÁGIO A Empresa Localizada às margens da VRS 314 - km 6 – Travessão Alfredo Chaves s/n, no

município de Flores da Cunha, a empresa Sociedade de Bebidas Mioranza Ltda atua no

ramo vinícola desde 1964, ano de sua fundação.

Com capacidade para estocar 6.599.000 litros de vinho, a empresa é uma das

mais reconhecidas no município pela sua tradição em elaborar vinhos de qualidade.

A vinícola foi uma das pioneiras de um processo de modernização e

implementação de novas tecnologias, visando à melhoria qualitativa dos produtos, que

abrangeu todo o setor vitivinícola nacional.

Nos anos de 1997 a 1999 a empresa passou por uma grande reforma no seu

corpo físico, visando melhorar a sua apresentação e atualizar o seu espaço. Desde então,

foi-se introduzindo novas tecnologias, como filtro a vácuo, as quais garantiram

competitividade a empresa.

Hoje, a vinícola conta com desengaçadeiras/esmagadeiras horizontais, bombas

submersas para realização de remontagens, prensa pneumática, aparelho de frio, linha

de engarrafamento do tipo monobloco e um moderno laboratório de analises que garante

precisão e agilidade na realização de analises pertinentes ao processo de elaboração,

estocagem e engarrafamento.

Na safra 2008 a empresa processou 6.824.700kg de uvas, entre tintas e brancas,

comuns e finas.

No ano de 2006 foi implementado a normatização ISO9001/2000, a partir da

qual iniciou-se um controle mais rigoroso nos produtos que saiam da empresa. Estes

passaram a ser identificados por lotes e tendo um acompanhamento periódico da sua

evolução e qualidade.

A Recepção das uvas

Antes de citar o modo como a uva é recebida, deve-se enfatizar que a empresa

elabora vinhos comuns e finos e que nem sempre as uvas de cada variedade passam pelo

mesmo processo.

Page 24: Fabiano Demoliner

23

As uvas comuns chegam a granel, em lonas atóxicas, cobertas por outra lona

para impedir o acúmulo de poeira. Depois de pesados, os caminhões têm a sua parte

traseira lavada para impedir a entrada de pó no lagar, e depois de descarregados são

lavadas as lonas, para retirar o mosto presente, evitando a formação de acidez volátil nas

futuras cargas.

As uvas finas são recebidas em caixas plásticas de 20kg as quais são esvaziadas

manualmente em outra desengaçadeira utilizada apenas para as variedades de Vitis

vinifera.

As vinificações Ao ser desengaçada e moída, à uva é adicionado SO2, e conduzida através de

bombeamento para tanques de 50.000 litros feitos em aço carbono, onde efetua a

fermentação tumultuosa. Nestes tanques, são adicionados os coadjuvantes enológicos

necessários, como enzimas para auxiliar na extração de cor e para posteriormente

facilitar a clarificação do vinho, bem como taninos que auxiliam na fixação e

estabilização desta matéria corante extraída.

As leveduras não são adicionadas em todos os tanques; apenas ao primeiro e nos

demais é feito pé-de-cuba a partir deste primeiro. As remontagens são efetuadas por

bombas submersas, programadas para fazer remontagens a cada 3 horas e com duração

de 5 minutos. Neste tipo de remontagem não há incorporação de oxigênio.

Após 3 a 4 dias de maceração, o mosto/vinho é trasfegado para tanques de maior

volume onde é chaptalizado e efetuada a fermentação lenta. O controle do momento de

descuba é feito através da densidade que deve estar em torno de 1.015g/l. Nestes

tanques a temperatura de fermentação é controlada por cortina de água.

Ao terminar a fermentação, o vinho é trasfegado e depois de um pequeno

período é clarificado, utilizando albumina de ovo e Bentonite nas doses de 15g/l e 30g/l,

respectivamente.

No caso das variedades brancas, após desengaçadas e esmagadas, o seu mosto é

bombeado para tanques onde permanece até que o bagaço se separe do mosto (subida do

chapéu). Após este período, o mosto é bombeado para tanques de aço inox enquanto que

o bagaço é bombeado para a prensa pneumática. Ao mosto branco é adicionado ácido

ascórbico e SO2 para evitar a oxidação durante a filtração a vácuo. Depois desta, o

Page 25: Fabiano Demoliner

24

mosto límpido vai para outro tanque de aço inox, onde fermenta a uma temperatura de

22ºC, controlada por cortina de água. Ao mosto também é adicionado um coadjuvante

composto por celulose, Bentonite e caseinato permitindo uma fermentação homogênea e

a precipitação do material oxidativo.

Terminada a fermentação o vinho é clarificado mediante a Bentonite já

empregada e é trasfegado.

Em ambos os vinhos é feita a correção do nível de SO2 livre, utilizando

metabissulfito de potássio, e estes permanecem estocados até a sua comercialização.

No caso dos vinhos finos tintos, as uvas são desengaçadas e esmagadas, o seu

mosto é bombeado diretamente para tanques em aço inox, onde é adicionado o

complexo enzimático, as leveduras selecionadas, e fermenta com temperatura

controlada por cortina de água.

As remontagens são feitas, em maior parte, por ciclo fechado (sem incorporar

oxigênio).

Conforme a qualidade da matéria-prima (maturação e estado sanitário da uva),

aplica-se o processo de delestage para retirar as sementes, evitando o contato com o

vinho em fermentação e impedindo a passagem de gostos herbáceos ao futuro vinho.

Transcorrido o tempo de maceração, efetua-se a descuba e acondiciona-se o

mosto/vinho em outro tanque de aço inox onde é chaptalizado (conforme a necessidade)

e termina o processo de fermentação.

Para as variedades finas brancas, as uvas são desengaçadas, esmagadas e

bombeadas para a prensa pneumática onde é separado o mosto flor do mosto prensa.

De acordo com a quantidade de uva que é recebida, opta-se pela prensagem

direta da uva inteira, pois o engaço facilita o escoamento do mosto.

O mosto prensa fermenta junto com as variedades comuns brancas e o mosto flor

é adicionado de ácido ascórbico e SO2, para evitar oxidações, sendo filtrado a vácuo e

colocado em tanques de aço inox onde faz a fermentação alcoólica.

Pós fermentação Transcorrido o processo de fermentação, os vinhos tintos são trasfegados para a

retirada das borras mais grosseiras.

Page 26: Fabiano Demoliner

25

Aguarda-se a finalização da fermentação malolática, acompanhada por

cromatografia, para se realizar a clarificação com uso de albumina de ovo e Bentonite.

Acrescenta-se primeiramente a albumina de ovo ao vinho e após 1 dia se adiciona a

Bentonite já hidratada por 24 horas para auxiliar na sedimentação da albumina e

diminuir a carga protéica do vinho.

Esses vinhos são trasfegados e refrigerados para estabilização tartárica e

filtrados. Em alguns casos, para se obter uma melhor estabilização e uma maior

limpidez, os vinhos são filtrados, refrigerados e filtrados novamente ao saírem do

aparelho de frio.

Os vinhos permanecem estocados em tanques de madeira (apenas os vinhos

comuns) ou aço até o momento de sua comercialização, a qual pode ser a granel, onde o

vinho já esta pronto; ou engarrafado, recebendo os coadjuvantes enológicos necessários,

como goma arábica, e são novamente filtrados.

Para o vinho suave, é feito a adição dos coadjuvantes e do açúcar, sendo após

pasteurizado e engarrafado.

No caso dos vinhos brancos, estes são estabilizados tartaricamente mediante

aparelho de frio e depois filtrados. Permanecem estocados em tanques de aço inox até a

sua comercialização. Para os vinhos suaves, se procede a adição de açúcar e em seguida

se pasteuriza.

A utilização da pasteurização elimina o uso de sorbato de potássio.