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  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    1/53

    EXPRESSES!EXPRESSES!Mais que dizer - Transmitir.Ed. 20 Ano 2

    Jos Danilo Rangel - Rafael de Andrade - Laisa Winter - Carlos Moreira - Bruno Honorato - Renato GomezElizeu Braga - Saulo de Sousa - Boca - Vanessa Galvo

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    2/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 02

    EDITOR

    Jos Danilo Rangel

    CO-EDITORES:

    Vanessa Galvo

    Rafael de Andrade

    COLABORADORES:

    Boca - Capa e Entressees

    Bruno Honorato - Quadro a Quadro e Poesia

    Renato Gomez - Conto

    Carlos Moreira - DecodificandoLaisa Winter - Fotos/EXTRA

    Saulo de Sousa - Poesia

    Elizeu Braga - Poesia

    Capa: Colagem, Boca

    e x p e d i e n t e

    Para mais, clique na imagem.

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    3/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 03

    NDICE

    Prembulo..................................................................04Amor Letrgico....................................................................06Paint Your Own Mask!.....................................................................10Decodifcando: Uma Potica da Leveza...............................14Literatura em Rede: Parada no Deserto..............20Poesia: Descolorido...............................................26O Mundo Corre Torcido....................................28Artista (Mas Nem Tanto).........................................................29Sobre Os Vaticnios Desmentidos.................................................32Arquitetura...........................................................................34Esquea Um Poema..........................................36Quadro a Quadro: Enter The Void..................................................39FotoLegenda...............................................................42Extra: Fotos de Laisa Winter.....................................43Do Leitor.......................................................................51Envio de Material........................................................................52

    Amor LetrgicoPor Renato Gomez

    Conto

    Uma Potica da LevezaPor Carlos Moreira

    Decodificando

    pg. 06

    pg. 14

    Enter The VoidPor Bruno HonoratoQuadro a Quadro

    pg. 39

    Parada no DesertoPor Rafael de Andrade

    Literatura em Rede

    pg. 20

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    4/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 04

    Comeando pela capa, temos mais uma aceta do msico e escritorque, dentre outras coisas, j publicou um livro todo via atualizaes doacebook. A capa dele, Boca, e outras de suas colagens esto no entres-sees. Outra novidade o poeta Bruno Honorato assinando o Quadroa Quadro no lugar de Laisa Winter, que neste nmero, resolveu mostrar

    outro gosto alm do cinema, da as otas no EXTRA.

    Ainda no lance das substituies, Carlos Moreira assina o Decodi-cando desse ms trazendo uma refexo sobre a leitura simultnea deArnaldo Antunes, Manoel de Barros e Yi Sn, no texto Uma Potica daLeveza. Renato Gomez, participando pela primeira vez da revista, nosapresenta o seu Amor Letrgico, um drama de um ato. Outro contopresente neste nmero est no Literatura em Rede, de Raael de Andra-de, Parada no Deserto, uma alegoria sobre o marasmo e a vontade deir alm.

    Poesia? Temos. De Bruno Honorato, de Saulo de Sousa, do ElizeuBraga e minhas tambm.

    A grande novidade a estreia da seo Fotolegenda, da qual voctambm pode participar. Pelo menos uma vez ao ms, vamos postar umaota na anpage da revista, para que ela seja legendada pelo nosso pbli-co, a melhor legenda publicada na revista. Acompanhe nossa anpagee participe.

    Para quem mora em Porto Velho, temos uma boa notcia. Dia 30

    desse ms (se o Acaso no or mais criativo que a gente), vai acontecer o6 nmero do sarau/conversa de bar Isso Poesia? Iniciado em julhode 2011, o eventculo, desde l, tem servido como espao no apenaspara apresentar poesia, mas tambm, para a refetir e para a comemorar.Neste nmero o tema ser Contemplao, Sorimento, Pirao: Isso Poesia?. Contamos com a vossa participao.

    At mais.

    Porto Velho - Maro de 2013Jos Danilo Rangel

    PREMBULO

    https://www.facebook.com/pages/Revista-EXPRESS%C3%B5ES/219207738122421https://www.facebook.com/pages/Revista-EXPRESS%C3%B5ES/219207738122421
  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    5/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 05

    p a r c e i r o s :

    http://www.flasheslapoa.com/http://www.selmovasconcellos.com.br/http://bandavuaderafatal.webnode.com//http://www.moshphotography.com/http://www.newsrondonia.com.br/http://www.expressoespvh.blogspot.com/http://www.facebook.com/pages/Revista-EXPRESS%C3%B5ES/219207738122421
  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    6/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 06

    Conto

    AMOR LETRGICORenato Gomez

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    7/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 07

    Acordei e, como de costume, olheipara o relgio, eram oito e quinze. Levantei, to-mei um longo banho quente, era um dia frio deinverno que se iniciara, coloquei meu roupo fel-pudo que ganhara de mame h alguns dias, me

    sentei na cadeira de balano, acendi um cigarroe me pus a observ-la. Eram oito e cinquenta.

    Era linda, cabelos negros, bem ca-cheados, os cachos tinham uma anatomia gra-ciosa e agradvel, encaixavam-se perfeitamentenas formas do rosto, que por sua vez era parcial-mente arredondado, no fossem as mas bemacentuadas, seria somente mais um rostinho bo-nitinho, comum, mas era linda, os lindos olhos

    castanhos, pequenos, marcantes, geniosos, onariz no negava as origens dos quilombos, oslbios eram pequenas pores do cu. Pareciauma obra prima, o lenol envolto cobrindo osseios com uma faixa que retornava ao corpo co-brindo o pbis, um corpo perfeito, digno de umadeusa.

    Havamos nos encontrado na noi-te anterior, no barzinho intelectual da cidade,

    onde toda noite os acadmicos se reuniam parabeber e intelectualizar-se. A vi de longe, che-gando com o pessoal da sua sala. Sentaram-sea minha volta e logo comeamos a discutir litera-tura, mas em nenhum segundo deixvamos denos encarar. Estvamos ertando a quase umms. Alguns beijos, juras de amor, mas ningummais sabia.

    Naquele tempo, eu era chefe do De-partamento de Lnguas Vernculas. A faculdadeera muito conservadora e rgida contra o rela-cionamento de professores com alunas. Com-binamos nos manter em segredo, era o ltimoano dela, logo poderamos nos assumir. Apsalgumas doses de vinho, uns e outros foram seesvaindo, e camos eu e ela na mesa. Como decostume ela levantou pra se despedir, mas co-loquei meu endereo num guardanapo e pedi aela discretamente que se encaminhasse at l.

    Quando cheguei ela j me esperavapor trs da rvore de fronte ao meu porto, entra-mos. Abri outra garrafa de vinho, conversamos

    durante um longo tempo, at que ela sentou-seao meu lado e comeou a me beijar. Acabamosno quarto, zemos amor, fumamos, tomamosmais vinho, conversamos e adormecemos.

    L estava eu pela manh admirandominha mais bela conquista, naquele momento,a graduao, o mestrado e o doutorado eram

    s consequncias infames de uma vida solit-ria, trocaria tudo para ter de volta meus dezoitoanos e viver tudo ao lado dela. Mas no os tinha,ela tinha alguns a mais, mas no parecia. Pro-duzi um caf digno de hotel cinco estrelas, colo-quei tudo na bandeja e levei cama. Coloqueia bandeja sobre o meu lugar ao leito, comecei abeij-la pelos ps, estavam frios, ao subir per-cebi que todo o corpo estava gelado, ao chegaraos seios percebi a ausncia de respirao, medesesperei.

    Abracei-a, beijei, chacoalhei e no li-miar do desespero esbofeteei. Meu Deus, agoraparecia que eu lhe havia espancado, as marcasdo amor pelo corpo dela diriam que a estuprei,espanquei e matei, seria acusado de um crimeque nunca pensei cometer, sem falar no escn-dalo acadmico, por mais que conseguisse meinocentar, jamais conseguiria reparar os danos minha carreira docente.

    Sentei-me cadeira, fumei uma car-teira de cigarros pensando no que fazer. Num

    Havamos nosencontrado na noiteanterior, no barzinho

    intelectual da cidade,onde toda noite osacadmicos sereuniam para bebere intelectualizar-se

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    8/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 08

    desatino pulei sobre o corpo em minha cama,z massagem cardaca, respirao boca a boca,tentei reanim-la com leno umedecido em lco-ol, nada surtia o menor efeito, no sabia mais oque fazer.

    Tornei a esbofete-la, a viso daque-le corpo sobre minha cama me atormentava, fui

    at a sacada me debrucei, olhei para baixo, pelaprimeira vez em toda minha solitria vida meatormentei com a ideia de suicdio, mas me jo-gando de um sobrado o mximo que conseguiriaera fraturar alguns ossos, nesse momento tiveimpresso de ouvir um gemido, dos mesmosque tanto me inaram o ego na noite passada,mas que agora s me atormentara mais ao verque ela ainda estava inerte.

    Peguei uma faca na gaveta, a maisaada, encostei em minha garganta, nos pul-sos, mirei em meu peito, no tinha coragempara nada, teria que ser num ato programado:enforcamento... Sa pra comprar uma corda, fuiat uma loja de pesca, pedi 5 metros de corda,paguei e voltei minha casa sem encontrar nin-gum conhecido. Ao entrar em casa, o corpono estava sobre a cama, desmaiei...

    Acordei com a cabea parecendo queiria explodir, andei por toda a casa, at que acheio corpo na banheira, quei ainda mais atormen-tado. Ser que algum entrou ali? Ser que es-

    tava sendo vtima de uma conspirao? O mni-mo rudo me assombrava, juntei o corpo e leveide volta para cama.

    Durante horas a observei, lembrei do

    quanto era meiga, entre um cigarro e outro lem-brava de pequenas frases, de gestos, do quan-to a amava. Abri meu escritrio, j que era praescolher o local de minha morte que fosse ali,no s pela convenincia de ter o telhado baixocom uma viga forte que facilitaria amarrar a cor-da para minha forca, mas tambm por ser o localque mais desprestigiei com minha amarguradapresena.

    Lacei a corda na viga, z o lao parameu pescoo, coloquei um banquinho para meuapoio, beijei-a. O corpo rijo e frio agora estavamais quente, talvez pelo sol que batia no quarto.Adentrei o escritrio que era uma sala dentro doprprio quarto, deixei a porta entreaberta paraque de minha forca vislumbrasse-a.

    Subi no banco, lacei meu pescoocom a corda, olhei pra ela, parecia apenas um

    anjo dormindo, fechei os olhos para ver se real-mente a vida passa diante deles, pensei em mui-ta coisa, tanta coisa que no pensei em nada,mas permaneci em transe com olhos fechadospor um longo tempo, at que decidi chutar obanco.

    Chutei o banco. No tive a sorte dever a vida passar diante de mim, talvez pelo sim-ples fato de no ter vivido e alguns instantes noseriam sucientes para que todos os livros quepassei a vida a ler passassem no mirante. Abrios olhos. Onze e quarenta e cinco. Ainda pudev-la enquanto a corda lacerava meu pescoo.Saa sorrateiramente como se estivesse enver-gonhada. Era linda.

    .......................................................

    Adentrei o es-critrio que era uma

    sala dentro do prprio

    quarto, deixei a portaentreaberta para quede minha forca vislum-

    brasse-a.

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    9/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 09Colagem: Boca

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  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    10/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 10

    Crnica

    Paint your own mask!Jos Danilo Rangel

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    11/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 11

    Na era da personalizao, tudopode ser feito sua cara. Por que ter um carrocomo qualquer outro? Por que ter camisas comoa de qualquer outro? Ou canecas? Ou celula-res? H muito tempo no mais preciso possuir

    o produto comum a todos, voc pode investir di-nheiro e deixar o seu carro muito mais parecidocom voc, suas camisas muito mais parecidascom voc, suas canecas muito mais parecidascom voc. E mesmo o seu corpo, anal , ouno isso que fazem nas academias? Hoje oshomens, que querem mais peito e brao, fazemmusculao, as mulheres, que querem maiscoxa e bunda, tambm puxam ferro.

    A pergunta : quem esse voc aquem se enderea tanta ateno?

    As pessoas so realmente interes-santes, no se satisfazem em ser donas de umproduto como qualquer outro, nem de um corposem peculiaridades, e por isso aplicam tempo,dinheiro e mesmo esforo para mudar o que tmnas mos seja equipando o carango, seja se-guindo dietas e aumentando o uxo das veias

    levantando peso, seja sendo diferente tatuandouma carpa indita no brao, mas, por outro lado,embora percebam a possibilidade de mudartudo, nem sequer concebem que esse voc aquem se dirigem as propostas de personaliza-o consiste num gura no personalizvel.

    Parece que a busca pela personali-zao, a busca por transformar tudo e qualquercoisa em extenses da prpria personalidadetem, exatamente, a funo de ocultar o fato deque essa personalidade no tanto assim, pa-rece que os tributos oferecidos personalidadeso, antes de ser uma forma de comemor-la,uma forma de admitir sua fragilidade, no fosseassim e no haveria tamanha necessidade em air representando com tanto vigor.

    atravs da personalizao de seuspertences (incluindo o corpo) que o sujeito atualacentua as diferenas, destacando-se entre osdemais, aparecendo mais que os demais, tal-vez por temer a dissoluo do seu eu em meio multido (o que at um receio legtimo). Entan-

    to, este perseguidor de tunagens nunca se dis-tancia, de verdade, da multido, porque, anal, a

    busca pela diferena to comum e os meios dea conquistar to mainstream que a diferenciaoacaba se tornando um comportamento de todos.E o que seria o comportamento de um, o dife-rente, o comportamento de um grande grupo,onde o um, de qualquer maneira, se dissolve.

    O que se busca a diferenciao,mas um modelo admitido e atualmente incenti-vado, alm do que ser diferente nunca trouxeaplausos e convites para churrascos de domin-go. Na verdade, o sujeito apenas se engana, oumelhor, se deixa enganar, quando personalizatodas as coisas que possui para se destacar damultido e no ser engolido por ela, porque exa-tamente este indivduo nunca saiu do estmagomultitudinrio.

    O que acho mais surpreendente que toda a idolatria do eu, da identidade, mani-festada nos esforos constantes aplicados ela-borao de mais e mais tributos, , exatamente,aquilo que menos permite a mudana do ser (jque se adora algo pronto, um eu terminado e

    Parece que os tributos oferecidos personalidade so, antes de seruma forma de comemor-la, umaforma de admitir sua fragilidade,

    no fosse assim e no haveria ta-manha necessidade em a ir repre-sentando com tanto vigor.

    ...

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    12/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 12

    digno de adorao) e, por conseguinte, seu ama-durecimento. As pessoas compram identidades,aceitam-nas e passam a defende-las e a ador--las transformando tudo ao seu redor segundosua imagem e semelhana e, contudo, nada fa-zem, nada se sentem vontade para fazer naquesto do eu, seno aceit-lo e vener-lo. Edefend-lo tal como est a despeito de todo oresto.

    ou no incrvel a quantidade depessoas que encontramos todos os dias satisfei-tas com o poder que tem sobre a forma de seuscelulares, sobre os toques personalizveis, con-tentes com a cor do carro, com a roupa exclusi-va e contudo, alienadas? Num mundo onde tudopode ser alterado, transformado em extenso,extenso de uma personalidade xa que nose sabe de onde vem nem para onde vai, masapenas que possvel ter um carro sua cara,ningum se pergunta que porra de cara essa?

    E se as pessoas entendessem quetambm podem editar a si mesmas? Que podemmudar aquilo que as incomoda? Que elas po-dem se personalizar, cando mais prximas da-

    quilo que so e, portanto, livres da possibilidadede a multido as abranger? No estou falandosicamente, hoje voc vai na academia e podemudar bastante o formato do seu corpo, podeaditivar seu desempenho, ou ento, s marcar

    uma cirurgia e pronto, ajustam-se peitos, bun-da e tudo mais. Questes de outra ordem estofora da lista, pelo menos por enquanto, pois seum dia for a proposta dos prossionais da mentefor: personalize-se! Muita gente vai querer com-prar os servios dos psiclogos, psiquiatras epsicanalistas.

    Acredito nisso: se a personalizaode si ainda no fez sentido para as pessoas

    porque nela est inserida outra questo muitodistante da realidade das atuais possibilidadespersonalizatrias, a questo punk do faa vocmesmo! Se voc diz, vai em frente, faa, poucagente faz. Agora, s dizer que est venda epronto, todo mundo vai querer um igual.

    Vagando pela internet encontrei umbrinquedo fantstico, um brinquedo bem ps-moderno, ele consiste num conjunto de ms-

    caras, potinhos de tinta e pincel e traz na caixaem letras coloridas: paint your own mask. Deupara entender? No n? Eu explico. Atualmente, isso que se tem feito, pintado uma mscara,deixando-a colorida, bonitinha, mas no paraesconder um rosto, do contrrio, para escondera falta desse prprio rosto.

    .....................................................................

    Vagando pela internet encontreium brinquedo fantstico, um brin-quedo bem ps -moderno, ele con-siste num conjunto de mscaras,

    potinhos de tinta e pincel e trazna caixa em letras coloridas: paintyour own mask.

    ...

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    13/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 13Colagem: Boca

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  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    14/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 14

    D3C0D1F1C4NDO

    Carlos Moreira

    UMA POTICADA LEVEZA

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    15/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 15

    Quero dizer que preciso mudar de ponto

    de observao, que preciso considerar o mundo sob

    outra tica, outra lgica, outros meios

    de conhecimento e controle.

    talo Calvino.................................................

    Dizem que h uma constante antro-polgica entre levitao e privao. Quando otempo (ou o espao) sufocam a matria e o au-tor, hora de fazer a linguagem utuar acima do

    mundo comum, desfazendo as relaes aparen-tes e a aparente concretude das coisas. Assim com as fbulas, as epopias, a formao dosheris e, principalmente, com a poesia, onde,atravs de recursos prprios da linguagem, oautor pulveriza o real.

    Trs conceitos aqui sero indispen-sveis: o de Leveza, extrado de uma das SeisPropostas para o Prximo Milnio, de talo Cal-

    vino; o de Dialogismo, fruto de observaes deliteratura comparada, e o de Supra-realismo,que tentaremos estruturar ao longo da anlise.Os trs se interligam de forma clara, e o resul-tado dessa leitura trina a redescoberta da lin-guagem como recurso xamnico de anulaodos pesos, de dissolvimento das coisas e dossujeitos.

    Arnaldo Antunes um poeta que sepreocupa com as ausncias. Aquilo que no sev mais bonito. Os espaos silenciosos entreas palavras e os objetos. Mesmo na vida coti-diana, a negao da realidade como modo decompreend-la se faz: a cadela do poeta recebeo nome de Ningum. Na porta de entrada a pala-vra silncio nega qualquer contato fsico (sono-ro ou tctil). Em outras obras, v como possvelmaterial a existncia simultnea de dois corposno mesmo espao e de feminilizaes para oque (normalmente) no tem sexo (psia?).

    Manoel de Barros autor de nadas.Coleciona parafusos de veludo, abridores de

    amanhecer e caixinhas de guardar sorriso. Dizj ter ido embora do lugar onde se encontra evocacionar violetas para morarem em seus des-vos. Sua linguagem se desdobra em heter-nimos, tudo que diz visivelmente falso, e vai

    do eruditismo prolixo do barroco via a prosa deum Guimares Rosa at os coloquialismos maisescrachados, apelativos e neologistas. Sua sim-plicidade beira a esquizofrenia. Alberto Caeiro horaciano perto desse guardador de guas.

    Yi Sn o mais radical experimenta-dor da moderna poesia coreana. Estilo esque-ltico e minimalista (meio futurista-dadasta), singularssimo: sua palavra corta feito navalha o

    ngulo pictrico dos ideogramas. Trabalho paratranscriador. Chamava-se Senhor Caixa, ecomo que escrevia de dentro desse vcuo, comseu olho de corvo, esse espelho transtornadoda existncia. Atravessou a si prprio.

    Uma mirada simultnea desses trspoetas do nada permite a percepo de que,apesar e alm de tudo, creem na concretudefsica do mundo, e por tal se dedicam a des-

    mont-la. Yi, Barros, Arnaldo: CAIXA > NADA COISA (sic). Os trs se voltam para o concre-to, chamando ateno para o objeto no-bvio,aquele que loucos, poetas e xams insistem emtrazer tona, levados pela magia do signicantee pelo rastro de luz que o olhar infantilizado dei-xa, linhas tortas em traos certos.

    Nos trs o signicado busca escapardo signicante: atravs de um jogo lxico (Ar-naldo), cerebral (Barros) e imagstico (Sn). Asrealidades originadas dessa no-busca talvezno nos leve ao satori(conceito oriental de ilu-minao repentina), mas nos dota do humor edo experimentalismo sobre aquilo que, at pou-co tempo antes, nos era plausvel, tangvel, pon-dervel.

    Arnaldo Antunes

    As pedras so muito mais lentas do que os

    animais. As plantas exalam mais cheiro quando a chuvacai. As andorinhas quando chega o inverno voam at overo. Os pombos gostam de milho e de migalhas de po.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    16/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 16

    As chuvas vm da gua que o sol evapora. Os homensquando vm de longe trazem malas. Os peixes quandonadam juntos formam um cardume. As larvas viram bor-boletas dentro dos casulos. Os dedos dos ps evitam quese caia. Os sbios cam em silncio quando os outrosfalam. As mquinas de fazer nada no esto quebradas.

    Os rabos dos macacos servem como braos. Os rabosdos cachorros servem como risos. As vacas comem duasvezes a mesma comida. As pginas foram escritas paraserem lidas. As rvores podem viver mais tempo que aspessoas. Os elefantes e golnhos tm boa memria. Pa-lavras podem ser usadas de muitas maneiras. Os fsfoross podem ser usados uma vez. Os vidros quando estobem limpos quase no se v. Chicletes so para mastigarmas no para engolir. Os dromedrios tm uma corcovae os camelos duas. As meia-noites duram menos do queos meio-dias. As tartarugas nascem em ovos mas no soaves. As baleias vivem na gua mas no so peixes. Osdentes quando a gente escova cam brancos. Cabelosquando cam velhos cam brancos. As msicas dos n-dios fazem cair chuva. Os corpos dos mortos enterradosadubam a terra. Os carros fazem muitas curvas pra subira serra. Crianas gostam de fazer perguntas sobre tudo.Nem todas as respostas cabem num adulto.

    Manoel de Barros

    Prero as mquinas que servem para no funcionar:quando cheias de areia de formiga e musgo elas

    podem um dia milagrar de ores.(Os objetos sem funo tem muito apego pelo abandono.)Tambm as latrinas desprezadas que servem para tergrilos dentro elas podem um dia milagrar violetas.(Eu sou beato em violetas.)Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam aDeus.Senhor, eu tenho orgulho do imprestvel!

    (O abandono me protege.)

    Yi Sn

    La cro o meu pei to es quer do na re gi o do co ra ocom um me tal anti ba la e dou um tiro de re vl ver mi ran do o meu pei toes quer do dentro do es pe lho. A ba la per fu ra o seu pei to es quer domas o seu co rao ca do la do di rei to.

    Segundo talo Calvino, duas voca-es opostas se confrontam no campo da lite-

    ratura atravs dos sculos: uma tende a fazerda linguagem um elemento sem peso, utuandosobre as coisas como uma nuvem, ou melhor,como tnue pulverulncia, ou, melhor ainda,como um campo de impulsos magnticos; a ou-tra tende a comunicar peso linguagem, dar-lheespessura, a concreo das coisas, dos corpos,das sensaes. Ambos buscam a leveza, am-bos utilizam recursos lingusticos para dotar alinguagem de leveza. Vejamos.

    Arnaldo Antunes busca a leveza viapeso, ou seja, focaliza o objeto de modo des-critivo-conceitual, utilizando nessa construo o

    Quando o tempo (ou o espao)

    sufocam a matria e o autor,

    hora de fazer a linguagem

    flutuar acima do mundo co-

    mum, desfazendo as relaes

    aparentes e a aparente con-

    cretude das coisas.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    17/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 17

    perodo simples (sujeito e predicado, raramentecomplementado) ou composto por enumerao(como as crianas); lana mo da ludicidade,do humor e do ritmo prprio de quem respon-de levado pelo ritmo anterior da pergunta. A es-

    truturao do texto se volta para a onipresenado signicante. Em Arnaldo, as coisas no tmpaz, j que so dotadas de peso, massa, volu-me e todas as outras cadeias do referencial.

    Manoel de Barros opta por um despo-jamento da linguagem, onde predomina o vago,o impreciso, o impondervel: no h meio detraar o esquema do real: o acaso rege as re-laes do mundo e o objeto concreto se harmo-

    niza com o subjetivo. Seu lxico acessvel, ima-gem-linguagem primitiva, a prpria utilizao deparnteses e travesses, abrem no texto vaziosque o leitor no se obriga a preencher. A expli-cao desaparece enquanto vcio de leitura. Osperodos compostos longos, repletos de oraessubordinadas e verbos, rebuscam o pulcro dobarroco, mas num tom de eruditismo debocha-do, nonsense. O anarquismo lrico-manolicolhe possibilita a criao de vozes que desdizem

    e desautorizam a sua prpria. Logo falaremossobre esquizofrenia.

    Yi Sn consegue o que todo bomoriental pelo menos almeja: o dom do fusionis-mo, a cristalizao do mundo pela imagem. Seuminimalismo descritivo no pode ser confundidocom o de Arnaldo, pois pauta-se no Eu por serduplicado e destrudo, narciso s avessas. Nele,a leveza surge pela visualidade e pela prpriaorganizao do texto, vazado no original (ideo-grama), suspenso em slabas na traduo. Mu-sicalidade e ritmo podem aproxim-lo das coisasantunianas, mas seu vazio visivelmente maior.O que se espelha no apenas o corpo (supos-to) do lrico, mas a prpria linguagem, que as-sume valor simblico, reproduzindo a realidadesobre si mesma. A morte do sujeito anunciada,mas permanece a dvida sobre o que se matou.

    Traar um vis entre os trs textosno tarefa para uma superinterpretao. Aocontrrio, os discursos so formulados com basena mesma atitude implcita: a Realidade Preci-

    sa precisa ser atomizada, fragmentada e pul-verizada atravs dos silncios, do que NO foidito nem se dir. A matriz dessa trindade nega-tiva o mundo concreto e a velha necessidadeps-moderna de super-lo. Aqui chegamos a um

    impasse conceitual: no h hiperrealismo, masSuprarrealismo, entendendo-se que s a partirdo conceito fragmentado do bvio (arnaldo), dorupestre feito surreal (manoel) e do ego kamika-se de si prprio (sn), possvel qualquer for-ma de Leveza, como pretende Calvino.

    Que outros dilogos podem ser foto-grafados entre estas vozes?

    Se partirmos dos ttulos: As Coisas,

    Livro sobre Nada, Olho de Corvo, encontrare-mos, na ordem: o objeto, o vazio e a frieza (viva)do que olha a partir da treva. Metafsica sem me-tafsica. Em um as respostas no cabem; o outroo abandono protege, e o ltimo vive e morre a partir do simulacro. A esquizofrenia relacio-na referente-sujeito-signicante, e impossibilitaqualquer soluo.

    H outras relaes mais bvias,

    como a mquina de nada presente tanto em Ar-naldo quanto em Barros, ou o abandono que anunciado em Barros e quase praticado em YiSn. Mas no se limita a exerccios de quiro-mancia potica esta anlise. O que se buscoufoi, antes, compreender como trs sujeitos ten-tam atravs dos signos considerar o mundosob outra tica, a partir de outros instrumentosde poder e controle. A arte de sonhar o mundos se pode realizar acompanhada dessa levezae sbia libertinagem. Talvez as outras propos-tas de Calvino pudessem ser buscadas, como amultiplicidade ou a exatido das imagens e daslinguagens nos trs autores. Mas a leitura seconstri por saltos de caro covarde, e do labi-rinto do texto s se deve saltar quando as asasgarantem, pelo menos, uma queda livre.

    SOB(RE) A LEVEZA DA FBULAQuando os humanistas da renascen-

    a conquistaram a liberdade de pensar a razo

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    18/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 18

    pela razo, no sabiam que estavam limitandoa compreenso do mundo ao que tangvel,concreto. Os iluministas vieram instituir o emp-rico, a experincia pelo contato com o real. Opositivismo e a dialtica trataram de enterrar (ouquase) a noo de subjetivismo, de intimidadee pessoalidade no trato com o mundo. Ento osimbolismo e grande parte das vanguardas ge-radas ao longo do sc. XX compreenderam queera melhor multiplicar que dividir, o que acaba-

    ria no por negar a concretude do mundo, masabsorv-la de maneira mais rica e plural.

    Movimentos como o surrealismo, ocubismo e a poesia concreta enfrentam o objeto

    atravs da manipulao, moldando-o com outralgica e rompendo, assim, com a opacidade dalinguagem. preciso combater a febre de nor-malismo e normativismo de certa literatura. Paraisso, nada melhor que mastigar o bvio, trans-

    formando em chicl o que era clich. Caso deArnaldo Antunes, que atravs da linguagem in-fantil des-diz o mundo e refaz teias de sentido.Ou, em Yi Sn, onde o ego ritualiza o mergulhono nada, que embora no seja alcanado, surgecomo meta oriental, universal e ps-moderna: anegao do sujeito. Ou, nalmente, na angstiainexistencial de Barros, abandonando tudo, ex-ceto o signo.

    Em meio crise de linguagem que vi-vemos, fruto do acmulo de imagens do nossotempo, tais fragmentaes do concreto so maisque ces fabulosas: funcionam como tica enorte para a existncia de leitores e autores. Abusca da leveza , na verdade, a compreensode que viver pesa, e muito, e que s pelo esma-gamento dos conceitos que poderemos sorvera essncia do que um dia chamamos humano.

    ...................................................BIBLIOGRAFIA:

    ANTUNES, Arnaldo. AS COISAS. Iluminuras, So Paulo, 1998.

    BARROS, Manoel de. LIVRO SOBRE NADA. Record, Rio de Janeiro,

    1998.

    SN, Yi. OLHO DE CORVO E OUTRAS OBRAS. Perspectiva, So Pau-

    lo, 1999.CALVINO, Italo. SEIS PROPOSTAS PARA O PRXIMO MILNIO. Com-

    panhia das Letras, So Paulo, 1998.

    STAM, Robert Bakhtin. DA TEORIA LITERRIA CULTURA DE MAS-

    SA. tica, So Paulo, 1992.

    Ento o simbolismo e grande

    parte das vanguardas gera-

    das ao longo do sc. XX com-

    preenderam que era melhor

    multiplicar que dividir, o que

    acabaria no por negar a con-

    cretude do mundo, mas absor-

    v-la de maneira mais rica e

    plural.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    19/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 19Colagem: Boca

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  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    20/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 20

    Literatura em Rede

    PARADA NO DESERTORafael de Andrade

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    21/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 21

    Amanh

    Por Rafael de Andrade

    Amanh,

    Prepara teu melhor sorriso

    Arruma cheio de fores

    Teus e nossos meninos

    Porque eu vou a te beijar

    Brincar de avio e casa

    De ser pai, me, irmo.

    Amanh, tu preparaTeu esprito e corpo

    Para ser acarinhado

    bem de leve

    Por meu abrao e corao

    Amanh, monta tua mala

    Pois caminharemos um bom tempo

    Por pedras e teimosias

    Para chegar onde no sabemos

    Porque deve ser bom, cremos

    No esquece das bonecas e da terraQue comeremos com todo carinho

    Amanh voc cura minha febre

    Eu dou beijos na tua mo

    E espanto as formigas ms

    Eu penso que no morro nunca

    voc pensa que me ama

    os sonhos so todos nossos

    Amanh, separa teu melhor beijo

    E tuas mordidas

    E teu carinho nas costasUm beb gritando e uma ciumenta

    Todos lindos!

    Estou indo buscar tudo

    Amanh.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    22/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 22

    Estava esperando no sei quanto tempo j onibus. Uma pequena venda se situava bem atrs do ban-co de madeira simples onde se espera pelo coletivo, quepode demorar alguns dias para chegar. Uma estrada passa frente de tudo que se pode olhar, para os lados uma gran-

    de oresta, para frente um grande deserto, no resta nadaalm de esperar o nibus chegar. Para onde ele leva, nose sabe, apenas sabe-se que ele leva para longe daquelelugar desolado. Como ento foi que as pessoas foram pa-rar ali? Elas tambm no sabem, assim como eu tambmno sei.

    Cansado de esperar olhando sempre para a di-reita, de onde vem o tal coletivo, tentei olhar para a esquer-da, mas uma grande dor se apossou de meu pescoo e

    eu resolvi continuar olhando para a direita por mais algunsdias. Cansado, pois o nibus nunca vinha, resolvi olharprofundamente para frente, para aquele deserto sem m,sem ida nem vinda, um eterno soprar de ventos sem vidae ento, haveria vida em mim? Estas so perguntas quenunca saberei ao certo se terei respostas.

    Muitos dias se passaram e eu olhando para odeserto. Realmente cansei, novamente. Por mais que eusaiba em meu ntimo que eu olharia para o deserto mais

    de uma vez. Este deserto muito me atraiu quando eu eramais jovem. E por falar em juventude, desde que me en-tendo por gente eu moro nesse lugar, onde pessoas nodormem, s sentam-se no banco, encostando-se uns nosoutros por algumas horas para descansar, mas nunca dor-mem. Neste lugar onde as pessoas no se olham direito,sempre com medo de perder a passagem que compraramh muitos anos atrs para o prximo nibus que passasse.O mais engraado que ningum cobra de volta a passa-gem daquela mulher com trs lhos, a dona da vendinhade beira de estrada.

    Falando em vendinha, cansei-me do deserto.Voltei meus olhos para ela. O que me chamou ateno deincio foi a presena de uma caixa escrita antidepressi-vos, apenas dois e cinquenta. Fiquei me perguntando porque seriam to baratos esses remdios que pretendemcurar a maior doena daqueles que esperam e quase nun-ca encontram, a depresso. Descobri, lendo a bula, queo remdio era feito ali mesmo na casa, com a lgrima eo suor daquelas crianas novas que perambulavam pelacasa. Aquela mulher mesmo sempre tinha lhos novos, osque cavam adolescentes ela deixava morrer para que no-vas crianas gerassem novos remdios. Por isso era to

    O que me chamouateno de incio foi

    a presena de umacaixa escrita antide-

    pressivos, apenasdois e cinquenta.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    23/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 23

    barato este remdio.

    Comprei algum choro de crianas, anal quemaguenta toda essa espera sem nenhum remdio? Precisa-mos sempre de uma televiso, de uma rede social, de um

    falso amor, de remdios de toda natureza para aguentaressa vida. Ser que aqui esperando pelo nibus que nuncachega, terei novamente a capacidade de olhar para o lado,ver uma mulher ou um homem sentado ao meu lado espe-rando, abraar com fora essa pessoa e dizer: vamos carjuntos at na viagem para fora do deserto? Ou incapaz detal ato, permanecerei sozinho. Tenho muito medo de noconseguir tirar meus olhos da esquerda estrada ou direitaestrada e no olhar para quem est ao lado.

    E mais, tenho ainda mais! Se eu olhar para olado e ver algum de extrema beleza, rodeada de sol, ves-tida de branco, suja de poeira do deserto e ali car extasia-do com sua beleza! Quanto tempo ela demorar a me olharde volta? Ela olhar de volta? Se no olhar, posso perdero meu nibus? E se perder, o que acontecer comigo? Fi-carei totalmente sozinho na parada, sem pessoas para nome olhar, sem pessoas para eu ter medo de conhecer, semcolrios de crianas para me dopar, sem nada. Eu estavabem triste, mas dormi sentado graas aos remdios.

    Foram anos e anos nessa dvida, dormindo sen-tado e com medo de olhar para o lado. O nibus passou,todo verde e desgastado. Fui o nico a subir. A passagemfoi quase de graa. Andou alguns metros. Nem cobradornem motorista falaram comigo. Coloquei os fones de ou-vido e curti a viagem que durou 42 minutos. O nibus queesperei por todo o tempo de minha vida se jogou do preci-pcio e eu morri. Como estou ento escrevendo este texto?Quantos morreram e foram arrebatados para contar suanarrativa de vida.

    No percebem que eu escrevo enquanto j es-tou morto ou morrendo? Quantos de vocs perceberam a,sentados na parada no deserto?

    .............................................................................

    Quanto tempo ela de-morar a me olhar de

    volta? Ela olhar devolta? Se no olhar,posso perder o meu

    nibus?

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    24/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 24Colagem: Boca

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  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    25/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 25

    P O E S I A

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    26/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 26

    DESCOLORIDO

    semquererqueaundamos

    por quererque mudamos

    vezoutra

    o que nos muda

    mundano

    e pra vercom bons olhos

    so anos

    indierente

    ao insetoalgum morreaos poucos

    e s vezes ainda em vida

    esse pouco de morte se repousa.

    e se vive assim:

    ora pintandoas bordasde um grandequadro cinzentocom as poucascores que

    vezoutracaem dos forais

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    27/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 27

    ou encontramos (como num grande reencontro, abismados)

    num cata entulho de diasum amarelo esquecidoou um azul em certa busca

    ora s observamos descolorirquerendo um abrao (sem o saber)

    esperando uma vicianteescurido, calma,

    nos engolir.

    Bruno Honorato

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    28/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 28

    O MUNDO CORRE TORCIDO

    Ao certoNo saberia dizer a solido que ela sente.A escurido que invade o rioTalvez entenda que alguma coisa espantosa aconteceu.Talvez entenda que o corpo empalideceu o rio.

    No direi a elaQue o mundo corre torcidoQue a noite aastou um sorriso.

    Que ela est alecida.Que o rio discorreu.

    Ao certo no saberiaO dialeto da morte.O corpo est rio! diro os que ainda sentem o calor.No sabero que o rio se encheu de escurido.At que retornem pelo caminho de onde vieram.At que alem a lngua dos mortos.

    At que eu possa dizer alguma coisa.

    Saulo de Sousa

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    29/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 29

    ARTISTA (MAS NEM TANTO)

    1.Talvez entediada,talvez querendo adicionarcoisas ao rol insatisatriode suas experincias acadmicas,uma amiga me veio com a pergunta:Danilo,tu sabe quem tem do bom?

    E quando disse que no,ela disse: Ah, Danilo,deixa de coisa...

    Sempre que sabem que escrevo,muitas pessoas se sentem muito vontade para perguntarse quero ou se tenho um beque,ou se tomo o ch,tanta a certeza.

    Mas no.

    E tambm no me zango,sei de onde venho e onde estou,digo o mesmo que digo pelos banheirosdas estas de rock e de outras,quando os gentis me oerecem p:No, obrigado pela gentileza!

    2.Parece que o esteretipodo artista, no sei se apenas daqui,ou se de mais lugares,sou artista,mas sou de outro tipo.

    Do tipo que no crque alteraes dos estados de conscinciaatravs do uso de substncias qumicasdesencadeiem aptides artsticas

    ou expandam a mente,transportando-a a dimensessuperiores.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    30/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 30

    Do tipo que no crque car doido v alargar o pensamento,tambm no creio no que transcendentalou mstico, tudo que metasico,irrita os meus brios intelectuais.

    Acredito no conhecimento,acredito na inteligncia, na sensibilidade,na construo de todo dia, na disciplina,acredito no ourives bilaqueano,na prtica, na dvida.

    Meu alm um alm de mim, um ser mais do que o que sou,

    a busca consciente desse mais,desse outro que vou coassinandocom as vicissitudes do cotidiano.

    3.J ui um grande bebume requentei lugares e tenho amaem alguns crculos, pelo tanto que j bebie pelo que j z bbado,

    Fico at envaidecido coma gente que ainda contahistrias a meu respeitoe que s vezes me interpelam:

    Ei, Z, conta aquela vezque tu cou bebadao!

    E aquela vez que tu acordouna escadaria da Unir,

    ala a, mermo, como oi?!Mas nada disso era por eu serum mdium no desenvolvido,ou demasiado talentoso,ou por buscar alns...

    Eu no estava nem apara nada disso, eu bebiapara me acabar, para me divertir,para tentar a sorte, pra ver qual que ,

    vivia na praa do hal, andava de bike,e era assim que sabiaestar contente comigo.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    31/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 31

    Arte? No era uma preocupao,j ouvia um pouco de Vivaldi e Beethoven,j lia alguma Poesia Clssica e muita Literaturae Filosoa e Histria,passatempos para uma vida conturbada,minha orma de evitar a completamediocridade.

    4.No oi em casa, nem na escola,nem (mais tarde) na aculdade,o lugar onde encontrei lugar paraser quem sou, e realizar o que

    pretendia, oi exatamentena praa do hal, onde conhecimuita gente e com ela debati,

    Mas a praa acabou...No acabasse e talvezainda estivesse l.

    E oi a, que inventei meu prprio espao,a, que me reinventei e a Arte apareceupara mim como uma orma de ser inteiro,

    a Poesia como uma orma de dizero que quero dizer.

    assim que vejo a ArteUm modo de aplicar meu potenciale de registrar meus avanos, desviose mesmo retrocessos.

    E nem a ela concedo o postode algo alm da vida, trato-a

    como um complemento.

    Jos Danilo Rangel

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    32/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 32

    SOBRE OS VATICNIOS DESMENTIDOS

    um grande equvoco lamentarmosa perda do que, de ato,nunca chegou a nos pertencer,e, contudo, lamentamos como as mosno estivessem sempre vazias.

    O adeus que algum diz no s o adeusde uma pessoa, que nos deixa, a despedida de um uturo todoque de repente, some...Adeus! E um caminho inteiro desaparece...

    E tanto tememos o desaparecimentodo que esperamos acontecerque at um uturo mais ou menostem nossa piedade e simpatia,haja um ato a desdizer seu vaticnio.

    Ao vermos um uturo qualquercom a corda apertada no pescooe os ps agitando o vazio do ar,anunciando a troca do quase certopor qualquer novidade, receamos.

    Nunca algo assim to garantido,mas sempre uma esperana de algo,transormada em quase certeza,

    que nos embalando o sono,nos aquieta e convence.

    Talvez, lamentamos a perdadesse sono tranquilo e de conar nele,talvez, vejamos nas despedidastambm uma verdade j esquecida:nada to certo que no possa mudar.

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    33/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 33

    Adeus, dizemos sem vontade,j com a vista embaadae perguntamos, logo em seguida,

    mais a ns que ao mundo,e daqui pra rente, como ser?

    Mas, no tentamos, de verdade,imaginar como ser, poish um medo e sempre aquela certeza:a de que no ser como espervamos,no, no ser, sentimos e sabemos.

    Ser de outro jeito, de algum outro jeito,

    mas que outro jeito esse, ser esse?que outro jeito agora se desenhacomo quase certo sobre o borradodaquele j desaparecido?

    A Vida sempre futua sobreas mbeis circunstncias,e, contudo, nos habituamosa conar, em demasia, na manutenode algumas delas, como ossem vitalcias,

    Sentir que elas se mantero o que nos auxilia a suportara descoberta cotidianade que tudo muda tudo,e a ns tambm...

    Falo como algum de muitos recomeos,como algum que muito j se reinventou,a hora da mudana sempre uma hora

    triste e se, depois, a superamos,cedo ou tarde nos pegamosa visitar os dias que a antecederam.

    Jos Danilo Rangel

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    34/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 34

    ARQUITETURA

    o projeto ainda no objetoNo papela orma ainda no tem nome

    A arquitetura se alimenta do vazio

    O vago ganha espao e matria

    tudo que corre em voltase ocupa, e olha, resplandece.como se osse desenvolvido em comunho(o que oi criado e o que j existia)

    dando entender que o que oi criado, o projeto,j existia,em algum lugar entre o tempo e o espaoe no.

    O papel ainda papel

    O desenho ainda no

    tudo pode ganhar nova orma

    A arquitetura sabeque ainda no objeto

    Embora tenha a orma e assuma,

    diante do esquadro, da mesa,o compasso que no se usa.

    Medo de chegar a lugar nenhum

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    35/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 35

    O modo, ainda pode ser mudado

    apagado, corrigido, e no ,mas como se osse

    Colunas desabam, vidros se partem,rebocos so arrancadosarvores so plantadas,

    jardins so suspensosviva as maravilhas!

    o sopro do vento que varre os corredores que oram abertoscom um nico gesto do lpis levado pela a mo delicada,lembra o que poderia ser, o canto sa asa de uma ave gigante.

    A olha j no sonha em branco.

    Elizeu Braga

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    36/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 36

    ESQUEA UM POEMA

    Proposta de interveno urbana utilizando a internet

    Vai no GoogleDigita o nome de teu poeta preerido

    Seleciona um bom poemaUm poema que te encantaUm poema que te arrepiaUm poema que conversa contigo

    IMPRIMA O POEMA

    Tire vrias cpiasColoque na mochilaE esquea

    Ande na ruaagora carregaesse objeto

    esquea

    esquea o poema

    esquea em lugares estratgicos

    exemplopontos de nibusprateleiras de supermercadolojas de roupa

    bancos de praa, de igrejasalas de cinemabanheiropoltronas de sala de espera

    janelasesquea

    esquea o poema

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    37/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 37

    no bolso da cala de paidentro da bolsa da mee de um livro, que vai devolver ao amigo

    esquea no canto do elevadorD cor ao poema:Colando-o em cartes coloridosFazendo ornamentos de papel crepom e esquea

    DE esqueaorma ao poema:Fazendo dobraduras de barquinho, de casaDepois de eito, esquea,

    Vrios poemas na mochila

    Cerca de cinquenta, leve

    50 poemas na mochila tem o peso de 50 olhas

    Descendo a ladeiraEsquea

    Um poemaEm vrios lugares

    Leia para algum o ltimo poema

    Elizeu Braga

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    38/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 38

    Eu concordo! - diz um,Eu discordo! - diz outro,

    E pensar sempre mais que isso...

    Jos Danilo Rangel

    Tweet Potico

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    39/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 39

    ENTER THE VOID

    uadrouadro

    a

    Bruno Honorato

  • 7/29/2019 EXPRESSES_20

    40/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 40

    O cinema no tem fronteiras nem limites. um uxo constante de sonho.

    (Orson Welles)

    ................................................................

    Surpreendente para os inexperien-tes no cinema sensorial, Enter the Void surgecom inuncia de Stanley Kubrick e David Lyn-ch. O diretor e roteirista Gaspar No inova nacombinao do suspense, o drama e o perspec-tivismo sensorial para criar um lme com ima-gem, concepo e surrealismo.

    O lme conta a histria de um jovemamericano, Alex, que vive com sua irm em umapartamento na capital do Japo, sobrevivendodo trco de drogas sintticas em boates notur-nas. A perspectiva da imagem-lme centra-se naprpria viso do protagonista, como se a cme-ra fosse seus prprios olhos, sendo a narrativa,alm dos dilogos e ambientes, seu prprio pen-samento.

    No primeiro momento da pelcula, umdos pontos interessantes e centrais do lme, que o visual, explorado de cara. Logo aps fazeruso de drogas alucingenas, o personagem Alexdelira em seu prprio apartamento. Com efeitosespeciais de distoro e equalizao de ima-gens, o lme tenta repassar ao expectador asimagens que permeiam a mente do personagemcom o efeito das drogas, alm de tentar usar ovisual surreal como expresso sensorial. ini-ciada uma sequncia de cenas que para algunsseriam consideradas maantes e para outros,uma obra prima do surrealismo em movimento,

    com direito ao abuso de cores e formas do frac-tal e do caticas.

    Aps esse intrito, o lme ganha ou-tras dimenses. Alex, ao ser agrado pela pol-cia de Tquio, morto com um tiro em um ba-nheiro de uma boate. Ainda assim, a cmera emsua mente no desligada e o decorrer do lmenada mais do que a experincia extra-corporalda conscincia do protagonista.

    Sua mente sobrevoa locais de T-quio, atravessando paredes e prdios; revisitamemrias antigas, correlaciona lembranas desua infncia, relaes familiares e sua relao

    consigo prprio.

    O lme tambm prope avaliaesda cultura religiosa oriental como o hindusmoe o budismo (o que em alguns momentos justi-ca a experincia ps morte de Alex). possveltambm enxergar uma inuncia psicanaltica

    em seu roteiro, alm de utilizar de um erotismomudo tambm como expresso sensorial.

    A crtica negativa apela ao supostoteor apologtico em relao s drogas e um pos-svel no-decoro nas cenas mais sensuais. Almda durao do lme muitas vezes ser conside-rada exacerbada, diante de uma proposta quepoderia ter sido exposta em um lme mais curto.Ainda assim, um lme bonito visualmente, e

    reexivo em vrios pontos.

    Uma reviso sobre as decises dosujeito diante dos contextos cotidianos, os as-pectos psicanalticos que so muitas vezes ex-plcitos, a diversidade cultural e o sujeito moder-no frente angstia da existncia. um lme aomesmo tempo mstico e ctico. Ora envolvente,ora angustiante. Muitas vezes sendo difcil acharum conceito chave para denir essa produo.

    um lme para se ver antes da morte. Como diriao grande cineasta Luis Bunuel, A imaginao o nosso primeiro privilgio, to inexplicvelcomo o caso que a provoca.

    ................................................................

    Ficha Tcnica

    Ttulo Original: Soudain Le Vide

    Durao: 161 min

    Gnero: Drama

    Direo: Gaspar No

    Roteiro: Gaspar No, Lucile Hadzihalilovic

    Elenco: Cyril Roy (Alex)Ed Spear (Bruno)Emi

    Takeuchi (Carol)Emily Alyn Lind (Little Linda)

    Janice Bliveau-Sicotte (Me)Jesse Kuhn (Lit-

    tle Oscar)Masato Tanno (Mario)Nathaniel Bro-

    wn (Oscar)Nobu Imai (Tito)Olly Alexander (Vic-

    tor)Paz de la Huerta (Linda)Sakiko Fukuhara

    (Saki)Sara Stockbridge (Suzy)Stuart Miller (IX)

    (Victors Father)

    Pas de Origem: Frana/Alemanha/Itlia

    Ano: 2010

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    41/53EXPRESSES! Mar de 2013 | 41Colagem: Boca

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    FOTOLEGENDA

    Porque a palavra no basta estar escrita.

    Depois de posta pra fora,

    h que devor-la novamente

    e deixar que fua seu ciclo louco!

    - Da Melo

    Elizeu Braga, Poeta

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    EXTRA

    Fotos de

    Laisa Winter

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    DO LEITOR

    [email protected]

    A EXPRESSES! tem se moldado ao longo do tempo, e por diversasorientaes, uma delas a opinio dos leitores que sempre do interes-santes feedbacks a respeito de toda ela, mas, pelo acebook. Se voc temuma crtica, uma sugesto, mande para ns, temos bons ouvidos,

    Obrigado.

    Jos Danilo Rangel

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    ENVIO DEMATERIAL

    Para submeter o seu texto, oto ou desenho para a revista EXPRESSES!, muito cil: escreva um e-mail explicitando a vontade de ter o seu tra-balho publicado na revista, anexe o material, na extenso em que ele es-tiver, .doc, .jpeg, e outros, e seus dados (nome, idade, ocupao, cidade)com a extenso .doc, para o endereo:

    [email protected]

    Para contos, a ormatao a seguinte, onte arial, 12, espao simples,mximo de 10 pginas.

    Para crnicas, arial, 12, espao simples, mximo de 5 pginas,

    Para poesia, arial, 12, espao simples, mximo de 10 pginas.

    Ainda temos as sees Decodicando, que abarca leituras de diversostemas, e a 10 Dicas, tambm com proposta de abraar uma temtica di-erenciada, onde voc pode sugerir lmes, revistas, msica, conselhos

    e no sei mais o qu, alm dessas, a seo EXTRA, visa abranger o queainda no couber nas outras sees.

    Para otos ou desenhos, a preerncia por imagens com resoluesgrandes, por conta da edio, e orientao retrato, por conta da estticada revista.

    A revista EXPRESSES! sai todo dia 10, de cada ms, ento, at o dia 20de cada ms aceitamos material.

    Porto Velho - Maro de 2013Jos Danilo Rangel

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    http://pt.scribd.com/doc/124970225/EXPRESSOES-19http://pt.scribd.com/doc/124970225/EXPRESSOES-19