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EXPRESSõES! Mais que dizer , transmitir. Ed. 04 RAFAEL DE ANDRADE: Leitura de Rondônia em Poemas JOSÉ DANILO RANGEL: História de um Coração PROJETO FOTOGRÁFICO: “Lembranças de Porto Velho” - tudo o que você de tanto olhar, não vê mais...

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EXPRESSõES!Mais que dizer, transmitir. Ed. 04

RAFAEL DE ANDRADE: Leitura de Rondônia em Poemas

JOSÉ DANILO RANGEL: História de um Coração

PROJETO FOTOGRÁFICO: “Lembranças de Porto Velho”

- tudo o que você de tanto olhar, não vê mais...

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CAPA: arte de Valeska Galvão, 7 anosécnica: “canetinha” sobre tela touch screen, programa paint.

Desenho,Um meio de se transmitir em linhas, curvas e cores 

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ÍNDICE

José Danilo RangelConto: História de um Coração....................................................................................06

Decodificando: O Camelo, o Leão e a Criança..............................................................12

Poesia: Aprendendo a Andar......................................................................................20

10 dicas para: Manter a Criança Interior.......................................................................21

Rafael de AndradeCrônica: Do Outro Lado do Portão da Escola.................................................................10

Literatura em Rede: Uma Leitura de Rondônia em “Poemas”..........................................16

EXTRA: Projeto Fotográfico “Lembranças de Porto Velho”.............................................26DO LEITOR................................................................................................................28AO LEITOR................................................................................................................29

PREÂMBULO.............................................................................................................04

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PREÂMBULO................................

Esta é a edição de número 4 da revista EXPRESSõES! e,para que ela pudesse car pronta, muitas e inéditas barreirasoram enrentadas, como o tempo preestabelecido, ocomputador que não colaborou, deixando de ligar algumas

 vezes, dentre outras circunstâncias... Mas é exatamente por

todos os obstáculos surgidos de repente que a sensação deprazer ao vê-la pronta é ainda maior. Só as pessoas que já sededicaram a criar algo com as próprias mãos sabem do queestou alando.

Nesta edição contamos com a presença de alguns artistas,que trabalham com meios de expressão dierentes da escrita.Começa pela capa, que traz em si uma orma de expressãopictográca, o desenho. O desenho oi eito pela minha irmãValeska, de 7 anos. Ela sempre gostou muito de desenhar eem homenagem ao dia das crianças, a capa não poderia ser

dierente.Os outros artistas são a Isabel de Almeida e o DouglasDiógenes, ambos otógraos, que tiveram a inusitada ideia deregistrar como arte o que geralmente se registra em jornaispara reclamar da preeitura ou do estado.

Além disso, o Danilo traz importantes “10 dicas paramanter a criança interior”. Conta também com duascontribuições do questionador Raael de Andrade, aprimeira, uma crônica: “Do outro lado do portão da escola”,onde ele nos az perceber um importante ato sobre a escola eos limites por ela oerecidos. Na segunda contribuição: “Uma

leitura de Rondônia em poemas”, Raael indica a cegueira doJosé Saldanha, poeta somente capaz de ver beleza.

Deliciem-se.

Vanessa Galvão

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Um intelectual é alguém que falasobre coisas simples de maneiradifícil, um artista é alguém que

fala de coisas difíceis de maneirasimples.

Bukowski

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Ele tinha um coração capaz de suportar grandes sentimentos, de compreender sutilezassequer perceptíveis à maioria dos corações que se encontram por aí, em contrapartida,era um aparelhinho muito delicado e cujo pereito uncionamento dependia de ummilhão de mecanismos exatos, todos envolvidos numa complexa e ragilíssima

harmonia de molas e engrenagens e sempre carente de outro milhão de cuidados especícos eminuciosos.

Um dia, talvez por alta de manutenção, talvez por conta das contínuas pancadas que levara,talvez pela combinação das duas circunstâncias, o impressionante e sensibilíssimo maquinismo,osse pelo que osse, começou a apresentar minúsculas trepidações, o que não lhe era habitual.

O dono assustou-se um tanto, percebendo o problema, mas tinha mais o que azer,urgências a que dar atenção, além do mais, mexer naquilo era desconortável, e bem que podiaesperar um pouco. Até mesmo um muito. alvez se consertasse sozinho, era possível. Não era?alvez osse. Mas não oi o que aconteceu.

As trepidações aumentaram, e surgiram novos deeitos, uns tremores ortes seguidos deruídos estranhos, altos, e oi piorando, piorando, até que nalmente aquele coração desassistido

Sobre tudo o que se deve guardar,

guarda o teu coração, porque dele

procedem as fontes da vida.

Provérbios 4.23

História de um

Coração

 José Danilo Rangel 

..................................................................

Conto ..................................................................

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deu seu último brum-brum, estancando de vez.Ele notou a parada, contudo, pensou “posso muito bem viver com um coração emperrado,

há tantos por aí que vivem com a cabeça enerrujando e nem por isso estão preocupados, na verdade, parecem bem satiseitos...” e decidiu exatamente isso, viver com um coração emperrado.Pra que, anal, serve um coração?

Durante a primeira semana, teve a estranha sensação de lhe altar algo, o que era natural,posto que lhe altava, mas ele acabou se convencendo de que aquela sensação era coisa do hábito,anal, por muito tempo vivera com um coração e só há uns dias experimentava o estar sem ele.

Na segunda, já conseguia lidar muito bem com a situação, e a sensação de alta iadesaparecendo e enquanto ela, segundo o passar dos dias, ia desaparecendo, ele dizia para simesmo “nada mais lógico, pois estou me habituando à minha nova condição”.

Uns meses depois, vivia como se jamais tivesse “uma dessas inutilidades que azem pulsaro peito”, já estava até se perguntando por que é que nunca tinha pensado em quebrar seu coração.A vida era muito mais descomplicada sem um.

Primeiro; não havia questões emocionais para serem resolvidas, porque não havia emoções,

nada de aversões ou de interesses baseados em obscuridades subjetivas, portanto, nada mais deinquietações causadas pelas várias maniestações desses sentimentos em contato com o mundoe a gente nele. Depois, livre de todas as lentes com que as inclinações aumentam ou diminuemos objetos, via tudo numa clareza ormidável e metido numa interação até que bastante simples.

A verdade é que ele era outro agora, já não via os lmes que gostava de ver, já não ouvia asmúsicas que gostava de ouvir, já não gostava, já não chamava amigo o que antes chamava, achavatudo isso uma desnecessária disposição à utilidade; incapaz de achar beleza numa pintura, ounuma paisagem, ou numa poesia, era igualmente incapaz de lhes atribuir algum valor, já sempoder comover-se de alguma orma, desprezava qualquer coisa que não osse estritamentedirecionada a uma nalidade plenamente racional.

Se antes era experimentar a vida e lhe tirar o máximo de ternura, atualmente, o seu maiorprojeto era abricar relógios, uma maneira de acordar a todos os inúteis e lembrá-los de que otempo passa e que o que se pode azer é aplicá-lo em atividades com resultados quanticáveis epositivos.

Sua vida, antes em boa parte dada a contemplações diversas, investida mais em passatemposque em prossões, agora, era dormir exatamente oito horas do dia e utilizar o mais possível dasoutras dezesseis naquilo que chamava de sua imprescindível unção: abricar relógios.

E quanto mais o tempo passava, mais racional ele cava, e oi por isso que numa tardede expediente igual a tantas outras que já tivera, em meio a sua completamente uncionalrelojoaria, de repente teve a impressão de que aquilo que estava azendo era inútil, soltou as suasminúsculas erramentas no balcão e ez aquela cara de estupeação que um mau aluno tem ao

descobrir por acaso e sem cálculos o valor exato de x numa determinada equação, ao mesmotempo impressionado com a descoberta e a própria capacidade de descobrir.

Relógios indicam horas, mas só isso. Como só isso pode ser suciente? O que poderiaser, então? Consertar carros, quem sabe? Meios de transporte tornam possível a continuidadeda civilização humana tal a conhecemos. Será? Não, nada que envolva abricação ou consertoseria bastante, porque há milênios o homem abrica e conserta aparelhos, contudo, sempre estáinsatiseito.

alvez elaborar um sistema losóco respondendo de vez a todas as inquirições já eitaspela humanidade. Sim, isso sim, seria de muito proveito. Não. Sempre haveria quem nãoo entendesse, ou quem o entendesse de uma orma muito pessoal, o que levaria a debates e,

portanto, à inutilização da obra pela impossibilidade de acordo entre seus estudiosos acarretarema impraticabilidade de suas determinações. alvez elaborar leis que guiassem de tal orma a

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sociedade humana que a levassem invariavelmente ao progresso. Sim, isso é que seria algo demérito. Não. Cedo ou tarde o progresso angariado traria novas conjunturas e elas, a necessidadede novas leis. E mais tarde, ainda de outras.

“inha que ser algo estupendamente útil e que deixasse ecos pela eternidade!” - elepensava. Mas por mais que buscasse esse algo estupendamente útil e que deixasse ecos pela

eternidade, ele não conseguia alcançá-lo, senão apenas durante o intervalo entre o concebera ideia e o rejeitá-la, logo em seguida. Pensou em ensinar as pessoas como e por que deviaminvestir cada segundo de suas existências entregues a recreios absurdamente contraditóriosem empreendimentos grandiosos e relevantes para toda a humanidade, e esse pensamento oseduziu, mas só durante os dois segundos que anteciparam a seguinte indagação “como azerisso sendo incapaz de considerar qualquer empreendimento grandioso e relevante o suciente?”

Esse uxo intelectual, levou-o a questionar a validade de azer algo pela humanidade, maistarde, algo por alguém, osse quem osse, mais tarde, algo por si mesmo.

Uns dias depois, sentado em sua sala de estar, vagava os olhos pela pereita organizaçãoem que pusera tudo dali, tinha ome e sede, mas pensava “por que comer, ou beber”? er ome

e sede não lhe parecia um motivo satisatório. “Para se manter vivo, claro.” E então, “por que semanter vivo?”. E embora buscasse com veemência uma resposta mais atraente que “porque éatender ao instinto de autopreservação inerente a todo organismo vivo”, não a encontrava.

Em todo caso, levantou-se e oi à cozinha a m de se alimentar, com isso ganharia tempo,e embora essa motivação não osse melhor que a primeira, pareceu-lhe admissível, pois tinhao interesse de responder às questões que andavam em sua cabeça, atividade que não poderiadesempenhar depois de nado. Pelo menos, todos os dados empíricos indicavam que não.

Enquanto andava da geladeira ao ogão, do ogão ao armário e de volta ao ogão, ouviuum retinir mínimo vindo da queda de um corpúsculo metálico no azulejo. “O que seria?”, nãose preocupou imediatamente em satisazer essa curiosidade.

Mas, depois de terminar a reeição, voltou a querer saber o que caíra, para não voltar logoàs atividades intelectuais que por esses dias o iam levando a total apatia. Procurou. Encontrouembaixo do ogão uma engrenagenzinha já um tanto enerrujada e teve a impressão de conhecê-la, “seria de lá?”, pensou sem susto, nem ansiedade, e abriu a portinhola do peito para vericar.

Era.O seu coração estava uma sucata, molas soltas, errugem, empenos, muitas partes

amassadas e outras já completamente comprometidas pelo descaso. Nada mais previsível, já queultimamente só era muito bem utilizado por uma voluntariosíssima amília de insetos. “eriaconserto?” – indagou-se, cando na posição de pensar.

Consertar seu coração não era o superior empreendimento a que aspirava encontrar, masbem que podia ser sua hora de banheira antes do “eureca!”. Com o Arquimedes deu certo.

irou-o do lugar de costume, buscou as erramentas que tinha, e pondo-o sobre a mesa dacozinha entregou-se aos reparos. Começou por limpá-lo supercialmente, para tirar o grosso dasujeira, empreendimento realizado muito a contragosto dos insetos que, perdendo o seu lugarno mundo, tiveram que migrar. Depois, seu trabalho oi entender como é que aquele negóciouncionava, conhecimento que, por não haver disponível nenhum projeto, exigiu a desmontagemdo objeto. endo desmontado o aparelho, deseito em muitas partes, tratou de as mergulhar emgasolina e de lhes escovar delicadamente as impurezas, uma a uma.

Depois, passou à remontagem, tomou em mãos o que chamou de estrutura de sustentaçãoe ao lhe reparausar uma pequenina parte, não soube por que, mas lembrou de canjica. Nãoqualquer canjica, especicamente da canjica que a avó lhe preparava em dias especiais. Quase

podia sentir o cheiro, o gosto e a sensação de elicidade que lhe dava esse momento.Reparausou outra parte, ligou-a a primeira com uma correia, e de novo sem porquê,

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lembrou-se de estar no alto de uma árvore e de se sentir muito bem, pendurado e balançandonum galho à mercê do vento. Outra peça e outra e outras recolocadas traziam outras memórias,despertavam outras sensações.

Era menino, a mãe lhe dava uma bicicleta, e, junto, a recomendação de ter cuidado. Eraadolescente e segurava a mão de sua primeira namorada, tomava-lhe o primeiro beijo. Era

adulto e algo no “Guernica” lhe dizia algo...Levou a noite toda no recreio, não porque a montagem osse tão diícil assim, mas porque

algumas rodas denteadas estavam banguelas e oi preciso azer-lhes próteses, outras precisaramser substituídas, havia parausos altando, peças para desamassar, outras para desempenar, emais um monte de outras coisas que ou pareciam estar sem jeito, ou exigiam alguma reormapequena ou grande. Além do mais, sempre que repunha uma parte, alguma lembrança lhe vinhadistrair com um riso ou uma dor.

Quando terminou, ele devolveu o coração ao lugar de origem e embora este estivessebatendo direitinho, aquele não experimentou nenhuma mudança signicativa em seu olhar,o que esperava acontecer, ao menos, minimamente, dadas as circunstâncias. O mundo ainda

era um conjunto de elementos transitórios metidos numa dinâmica até bastante simples e ele,ainda o mesmo indivíduo com esse tipo de pensamento. Enm, cara a noite inteira “deitado nabanheira” sem que seu “eureca!” tivesse vindo.

Foi para o quarto, tinha sono e contra o sono não há muito que azer, nem que questionar.Sentou-se na cama e de repente lembrou-se de uma caixa onde colocara rivolidades para o lixoe, lembrando dela, e de tê-la posto ora, teve uma irresistível vontade de a ir buscar; vontade quenão tardou a atender, a despeito do sono.

Abriu a porta, saiu apressado, e atravessando o chuvisco e a suave luz da manhã, o queachou até agradável, oi encontrar entre sacos de lixo a sua “caixa de rivolidades”. Pegou-a comoo cúpido deve pegar em mãos um pote de ouro, e levou-a para dentro, como andasse com algode muito valor, próximo ao peito e guardada pelos braços.

Já em casa, sentou-se no chão mesmo, molhado mesmo e se pôs, imediatamente, a reviraro seu tesouro. E enquanto revirava com avidez a caixa de “irrevelâncias”, ia achando menos emenos irrelevante o seu conteúdo. Eram algumas otos, uns livros, romances, poesias, uma cartaque lhe escreveram a uns anos e outras coisas suas, ragmentos do passado que guardara paracom ele atravessar o tempo...

De repente, percebeu que algo havia mudado:“Eureca!”Então, sorriu, e houve um pouco de sentido em tudo.

José Danilo Rangel

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Crônica 

O tempo e o termo desta narrativa se parecem mais com a loucura de Monteiro Lobatoem “Emília no País da Gramática” do que com qualquer narrativa antástica. O que Emília emsua inocência não consegue compreender é que seu discurso carrega uma ideia política, umaideia de reprodução, de preparação para a continuação de um elo, o elo eterno da língua e dagramática, que separa e desagrega, que doutrina e aprisiona.

Esta narrativa nada antástica começa com o intervalo do dia treze de setembro de 2011em uma escola qualquer deste mundo. Sentei-me no banco (ou na mesa, como todos azem)e passei a observar calmamente os alunos enquanto bebia um conservante sabor morango. Oportão que separa o pátio da escola da quadra de esportes estava trancado por um pequenocadeado e por isso, proibido para os alunos.

Era de se esperar, segundo a perspectiva da direção, que os alunos vissem o cadeado ecompreendessem que era algo proibido e respeitassem o sinal. O que ocorreu oi o contrário. Os

alunos passaram a pular o muro um atrás do outro (em sua totalidade, o grupo era ormado porrapazes) para estarem na quadra.

Do outro lado do portão da escola..................................................................Rafael de Andrade

A principal meta da educação é criar homens que sejamcapazes de azer coisas novas, não simplesmente repetiro que outras gerações já zeram. Homens que sejamcriadores, inventores, descobridores. A segunda meta daeducação é ormar mentes que estejam em condições decriticar, vericar e não aceitar tudo que a elas se propõe.

Jean Piaget

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A primeira coisa que aziam era tirar a camisa, retirar a arda do colégio (camiseta brancae cinza e com o símbolo da escola) e os sapatos, assim como as meias. Passaram a jogar bola comuma bola de papel. O que estava em jogo, com certeza, não era a bola de papel, mas outra coisa,outro espírito do momento.

O que ocorria ali - e minha interpretação do ato é erudita e não corresponde ao ato em si,

como arma Geertz1 - era um espaço de “não alunos” , um espaço dentro da escola que não eramais escola. Os alunos se livraram da arda que representa igualdade, reconhecimento, domíniopara estarem em um espaço seu, onde se livraram dos sapatos para estar novamente livre nasruas jogando utebol.

Na minha época, se me é permitido alar, z um borrão sobre o símbolo da escola eescrevi uma pergunta “Que trabalho? Que estudo?”. Minha orma de protesto particular de sernão aluno, de ser cidadão. A escola tem sua unção de reprodutora de conhecimentos, ensinara obedecer, a reprimir qualquer orma de rebeldia – de pensar de orma dierente, contra opadrão instaurado. A escola ‘geralmente’ orma reacionários conormistas e mata (sem pudor)artistas e revolucionários. Na minha época (licença para alar) meu exemplo oi seguido pelos

meus poucos amigos e rechaçado pela grande maioria dos alunos e da direção, que me puniuprontamente. A grande maioria obedece calado, tantos alunos quanto prossionais da educação.O espaço do outro lado do portão diz muito sobre nossa escola. Diz que existe uma pressão

muito maior em se decorar o que é a vida do que aprender a vivê-la – algo parecido azemosem relação a vida e a elicidade, como arma Dostoievski no nal de “O sonho de um homemridículo”. A “vida” está nos livros de biologia, de sociologia, de química, literatura, mas não estána escola. É preciso se reormular o que é eito de nossa educação, para não criarmos clonesidênticos.

Quer seja como meio de conseguir o uncionamento e a harmonia social (Durkheim),como ormação para a revolução de classes (Marx), a educação (ormal e nos estilos que meeducaram) sempre me parece como um monstro violento. A vejo como um instrumento delibertação e de escolha, não de prisão e uniormidade. Meu pensamento é utópico, analprecisamos preparar nossas crianças para o mundo do trabalho e não é isso que compreende,atualmente, o uturo de nossas crianças?

Esta resposta depende da perspectiva do prossional ou pesquisador em educação. O queé eito depende dos técnicos do ministério da educação (e dos jogos de poder envolvidos), mas eo aluno, o que mais importa? Se ele não é ouvido, não é reconhecido enquanto alguém capaz degerar espaços de autonomia e aprender ao mesmo tempo. A resposta então pode vir dos alunos,que não são “nós” em miniatura, mas agentes sociais capazes de moldar e modicar realidades.anto o violão, o xadrez e o espaço do outro lado do portão representam esta capacidade decriação que a escola insiste em punir, ao invés de incentivar, agregar à pratica do ensino em si.

Quem nunca assistiu a opera-rock “Te Wall” na parte em que o aluno é punido ehumilhado por escrever poesias? Para a nossa sorte, músicos e poetas surgirão na escola enquantoinsurgentes. Eu sobrevivi. E hoje minha poesia volta-se contra isto. Que todos os espaços daescola sejam integrados: Ensino, poesia, música, esportes, juventude e energia!

Raael de Andrade

..................................................................1 Cliford Geertz em “A Interpretação das Culturas”.

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O camelo,o leãoe a criança

 José Danilo Rangel

Em seu livro Assim Falou Zaratustra, Nietzsche resume em pouquíssimaslinhas o trajeto por que o espírito precisa avançar para se tornar um criador. Ele devepassar por ser camelo, para ser leão e de leão é imprescindível que ele se torne criança.Para seguir adiante, inclui a ideia de realização do ser, de anseio de realização comonorteadora do impulso motivador da evolução, das transmutações. Ressalto que a leitura a seguir é tal como entendo a metáfora, tal como a usei pessoalmente, nem aí para quaisqueroutras implicações que possam haver. Espero que vos possa dizer algo com o que digo.

“Apresento-lhes três transormações do espírito: comoo espírito se transorma em camelo, o camelo em leão,e o leão, nalmente, em criança.”

Friedich W. Nietzsche

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O camelo

Produto da interação com o mundo e a gente nele, é inevitável que o homemreceba, junto ao material de sua formação, todos os substratos comunitários. Em contatocom o mundo e a gente nele, o indivíduo herda todos os valores que existiam antes mesmode seu nascimento. Inicialmente, o homem recebe de seus pais e avós, de seus irmãose primos, o material com que se desenvolver, material não isento de carga moral, dedeveres. O camelo representa isso, o momento em que o indivíduo aceita e, com orgulho,transporta a carga recebida.

Neste momento receber e transportar de uma parte a outra a carga recebida 

é a própria constituição do indivíduo, o que o faz indivíduo. Neste estágio, o espírito dizsim a tudo o que lhe é imposto. Não somente pela imposição, mas também, porque ésua forma de realização. Há satisfação por parte do camelo em cumprir o dever, porqueenquanto o cumprimento lhe custa algumas vontades, permite a realização de outras.

Contudo, o “tu deves”, para usar outro termo nietzscheano, cedo ou tardepassa de possibilitador a obstáculo. É geralmente sobre esta faceta do obedecer querecaem os anátemas daqueles que pretendem a Liberdade. E isso também não é difícil deentender. O menino quer jogar bola, mas a mãe não deixa. O trabalhador quer dormiraté meio-dia, mas o trabalho não deixa, o estudante quer ir mais longe nas matérias, mas écontinuamente punido por seus professores, temos aqui exemplos simples, mas bastantecomuns de como o dever se torna impedimento.

  Apesar do que possa parecer, não é somente na dimensão fazer que asobrigações impõem sua obstrução reguladora, sua atuação chega ao próprio ser e esseprovavelmente o aspecto mais opressor do dever: o dever ser. Mais do que sugerir que sedeve ser de um jeito, o dever ser sugere ainda o que não se deve ser – eis o que ele contémde mais sufocante.

Todos os grupos humanos têm expectativas sobre os seus participantes,expectativas querem dizer, injuções e a principal delas é o princípio do se eu faço, tufazes, se eu sou, tu és. Todos aqueles que aceitam uma moral, tornam-se por isso mesmo,representantes desta moral. Isso significa que na participação de um grupo está incluída a necessidade de se aceitar as sugestões do que fazer e do que ser.

Sou cristão? Sou muçulmano? Sou punk? Sou roqueiro? Mas e o que euquero ser? Tenho que rezar, tenho que brigar, tenho que gritar, mas e o que eu querofazer? Incapaz de realizar suas próprias vontades, agora mais importantes que as vontadesherdadas, quando envolvido pelas amarras do “tu deves”, que pode fazer o sujeito senãose debater? Incapaz de andar até o caminho em que quer prosseguir por conta de toda a carga sobre o seu dorso, que pode fazer o sujeito, senão livrar-se de todo peso?

“Há algo que seja pesado? - pergunta o espírito sólido e ajoelha-se como camelo equer que lhe deem boa carga. Que há de mais pesado, heróis - pergunta o espíritosólido - am de eu o deitar sobre mim, para que minhas orças se deleitem?”

Nietzsche

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O leão

Incapaz de se realizar com o simples transporte da carga herdada, o sujeito serebela contra tudo o que lhe puseram sobre as costas, deixa de obedecer, e, mais que isso,passa a desobedecer e a enfrentar a norma instituída, transmuta-se de camelo em leão. Oleão é a rebeldia, é o contraponto. Diferente do camelo, o leão, não domesticado, caça para sobreviver. E aqui, normalmente se utiliza o termo “eu quero”, também elaborado porNietzsche, para representar o estágio em que o espírito dominado pelos anseios leoninosnega o dever, a imposição do “tu deves”.

Contudo, parece ser mais correto dizer que o leão representa na verdade

uma fase que se pode chamar de “não quero”, pois é à veemente ênfase na revelaçãodeste interesse ao que o revoltoso mais se dedica. Ele quer deixar bem claro que o “quedeve” não é o que ele quer. Poderíamos chamar também de “não devo”, para assinalar a oposição ao grande “tu deves”. Não é, entretanto, o nome que se pode atribuir à fase doleão o mais importante, mas, o que ela contém.

 A forma que o sujeito encontra para se realizar nesta fase é a negação, porisso não podemos dizer que ele está liberto. Ele diz não. E passa a construir o seu espaçoa partir daí. Ou seja, ele tem um compromisso com o não, com o confronto, tem todasas suas condutas, seus pensamentos, seus sentimentos diretamente apontados para o queestá estabelecido. Ele questiona, mas também seu questionamento tem um compromissocom a negação.

 Vemos mais claramente o comportamento leonino entre os adolescentes. Já não sendo capazes de se realizar segundo as injunções dos pais, eles buscam se afirmarnegando os antigos valores. Também é muito comum ver leões entre aqueles revolucionáriosdo nosso cotidiano cheios de vontade de derrubar seja lá o que o sistema sustente, cujoassuntos nunca transcendem a órbita da revolução ou os interesses revolucionários.

Contudo, para seguir adiante, o espírito rebelado precisa entender que o querealmente odeia e quer enfrentar não é a norma que se impõe fora, mas o valor que elemesmo dá a esta norma, o limite internalizado, o que se impõe por dentro. Quando eleentende isso, a vontade pelo conflito, direcionada antes para fora, para além dos limitesdo eu, passa a apontar para dentro, recaindo sobre as ideias e ideais de si. Essa é a maiorbatalha do leão e o momento onde sua força será, realmente, testada.

“No deserto mais isolado, porém, eetua-se a segunda transormação: o espíritotorna-se leão; quer conquistar a liberdade e ser senhor do seu próprio deserto.”

Nietzsche

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A criança

Se o camelo se caracteriza pela sujeição, o leão pode ser definido pela insurreição, e os dois ao mesmo tempo pelo seu comprometimento com o que está estabelecido. O primeiro, porque obedece, pois tem seus atos orientados pelas sugestõesdo meio. O segundo, exatamente, porque desobedece, pois tem suas ações revoltosasdirecionadas pela vontade de contrariar o que está estabelecido. A criança vai se caracterizarpor um distanciamento destes referenciais.

Daí a importância do leão, ele será o promotor do rompimento, umrompimento com a antiga personalidade e toda a carga nela depositada, personalidade e

carga ainda presentes nele mesmo, razão exata de sua revolta. A criança é um recomeço epor isso é preciso o fim promovido pelo leão, que é um salto, uma vitória sobre si mesmo,um mergulho no abismo.

 Antes de ser criança é imprescindível desenvolver a habilidade de se vencera si mesmo. De que outra maneira, então, seria possível negar as pessimistas vozes dasexperiências passadas para dar o passo seguinte, ato contra o qual elas continuamente nosadvertem? De que outra maneira, então, seria possível ser capaz de resistir à sedução doque é fácil, do que está disponível e de não dar um passo em direção ao mutismo social?

 Ainda não conheço maneira melhor de realizar tais feitos senão pela aptidão de vencer-sea si mesmo.

 Vencer-se a si mesmo é a perda total de referenciais, nem se obedece nemse desobedece, é um encontro com o nada, o grande Nada, um espaço para a criação ou,para aqueles que não sabem criar, um horrível monumento ao Vazio, ao não querer. Porisso é preciso uma criança, pois somente a mente pueril, sem arreios e sem predisposições,é capaz de elaborar, de inventar coisas, somente uma criança é capaz de se deparar com oNada e sorrir, por ver mais que o Nada, mas as possibilidades da Criação.

Sabe o que é ser criança? É ser imprudente a ponto de abandonar osmeios convencionais de segurança e se lançar, sempre que der vontade. É se libertardas motivações condicionadas pelo meio e agir segundo os valores que desenvolveu. Édesenvolver valores. Pretendes fazer algo? Pretendes construir algo? Podes, por acaso,te desvencilhar dos sistemas baseados em castigo e recompensa que te ainda te guiam osatos? Desvencilhar-se é ser a grande criança. Abandonar o velho e se apresentar para omaior desafio que se pode ter: tornar-se a si mesmo.

 José Danilo Rangel

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“Digam, porém, irmãos: que poderá a criança azer que não haja conseguido oleão? Para que será indispensável que o altivo leão se transorme em criança?”

Nietzsche

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LITERATURAEM REDE por Rafael de Andrade

Uma leitura de “Rondônia em Poemas” de José Saldanha

APRESENTAÇÃO

Vinicius de Moraes dene a arte de escrever em versos enquanto uma posição de verdadeira humildade. O material do poeta é unicamente a vida em todos os seus tentáculos.Sendo a vida um ato do cotidiano, um dom de todos, a arte é comum. O poeta é um ser embusca e revolta constante e a poesia é um elemento de perturbação da ordem – burguesa,estática, escrava. A poesia, tal como a vemos é algo que o burguês não pode comprar, tal como

Wilde e Vinicius concordam, a poesia é extremamente inútil para esta sociedade. Assim, opoeta é um ser “descomprometido com os donos da vida”, com estes senhores de escravos,burgueses, donos de almas. A poesia é violência pela liberdade.

Para Alberto Lins Caldas, a poesia é algo da carne, contra tudo e a avor de nada, coisaódio, por tudo que enrenta o horror – nunca um ato obediente sobre os lençóis regionais enacionais, não é algo que “se dá bem” com os poderes do Estado, oligarquias, palácios, clubes,universidades, cultos, eruditos.

A poesia enrenta sempre o horror da vida. Em Moraes, Caldas, Rousseau e Nietzsche,a arte que surge apoiada no Estado, para louvar o Estado e suas terras e não enrenta

 verdadeiramente o que está vivo e se movendo (morrendo também) é uma arte pelo Estado e

contra a vida. Não enrenta o horror (Caldas), eneita a escravidão (Rousseau), pela burguesiaestática (Moraes) ou pelo ego ugaz do artista (Nietzsche). Poesia é carne, gozo, prazer, dor eliberdade.

*Saldanha, José. Rondônia em Poemas.Imprensa Ocial do Estado doAmazonas, Manaus, 1983.

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INTRODUÇÃO 

Lembrei de Rousseau em “Discurso sobre as Ciências e as Artes”: “as ciências, as letras

e as artes, menos despóticas e mais potentes, talvez, estendem guirlandas de ores sobre osgrilhões de erro que os cingem (o povo), suocam neles o sentimento desta liberdade originalpara qual eles parecem ter nascido”. Isso me diz que, certa parcela das obras literárias publicadastem como objetivo disarçar o horror e a escravidão que nos impõem certos discursos, estaorma de arte, ligada ao capital e à elite, é considerada uma orma de arte submissa. Outraarte (aquela que acredito) é voltada para a apresentação e superação dos vários caminhos da

 vida, não apenas os hinos, os heróis, as balelas que vemos na escola, mas o que se pode sentirna pele, na ome.

É com certo desgosto que leio a maioria das obras publicadas aqui em Rondônia. Elassão Literatura de Rondônia, para Rondônia e em Rondônia, mas se esquivam desta “pele

queimada de sol”. Leio com certa cautela os livros que levam o nome “Rondônia” na capa,como se ossem respaldados por certo público, certa terra. Eu li menos do que já oi publicado,mas minha leitura segue. Não pretendo me tornar um especialista em Literatura de Rondônia,mas da rede literária, rede viva que se movimenta além dos limites, mais intensa.

De ato, existe algo escrito por aqui que não pertence a RO, mas sim a esta rede. Aliteratura é por si só um ente livre e por aqui neste campo literário de RO (nada autônomo enem busca ser: busca o amor do Estado) não se busca esta liberdade.

O texto “Rondônia em Poemas” de Saldanha é um exemplo gritante desta literaturaque nada enrenta e se esconde na geograa e nos discursos do Estado. Neste pequeno ensaioapontarei alguns pontos de interpretação para o poema. Uma leitura portada nas teorias,literaturas e experiências conrontadas.

(1) PUBLICAÇÃO, COMENTÁRIO E OPINIÕES SOBRE O AUTOR.

 O texto oi publicado em 1983 na cidade de Manaus. O livro se inicia com “Opiniões

sobre o autor”. Estas opiniões o azem poeta de linguagem límpida, de ritmo natural e uente, esempre um apaixonado pelas paisagens naturais da Amazônia, o que não é nenhuma mentira.Os seus apresentadores armam que o autor é um preocupado com o verde, com o apresentar

o belo verde da terra.Seu “comentário” para o livro apresenta justamente isto, sobre o “mundão de largas

riquezas” onde tudo se planta, onde se cria gado, onde há enorme progresso. O que dizer?udo está maravilhoso em RO (ou pelo menos esteve em 1983). Não há pobreza e miséria,não houve violência para com os povos tradicionais, aqui tudo se planta e todos têm tudo.Esta é a reprodução do velho discurso das elites assassinas do Estado, a velha e boa arte –lembrou de Rousseau? – que disarça os grilhões ao invés de denunciá-lo, este amor à terrae aos seus “donos” (já que a maioria é composta por trabalhadores, escravos) é perigoso, suareprodução ainda mais.

Arma o autor que o motivo que o ez escrever este livro oram estes: o progresso e

a terra értil. Percebi neste ponto da leitura para que veio o texto: não veio para enrentar a vida, o real, mas para se esconder em velhas reproduções, velhos discursos, propagar velhosamores deendidos pela elite, para que se ame o dono da terra, esta arte é exatamente isto.

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(2) DADOS BIOGRÁFICOS. 

José Saldanha é lho de migrantes. Ingressou na vida pública bem cedo e dela não

largou. Desde muito pequeno ele leu, especialmente os Brasileiros, os ranceses, os ingleses etudo mais, mas o que aparece neste texto é que Saldanha oi muito mais uncionário públicodo que escritor e leitor de tantos outros.

Os dados biográcos do autor seguem com descrições de costumes regionais. O quecaracteriza o livro enquanto uma costura caótica, sua única ace interessante. Longe de seruma “descrição densa”, estes relatos (bem positivistas) podem ser interessantes em algunsaspectos, apesar de agudos e superciais.

(3) O TEXTO: RONDÔNIA EM POEMAS.

Mundo de Palavras: Brasil – Amazônia Ocidental – Vargas – Decreto – PavilhãoNacional – Brasileiros – Conquistadores – Região Amazônica – clima equatorial – Rondônia– governavam – Estrada de Ferro – ingleses – Região – Soldados da borracha – heróis –orestas sombrias – brasis – guerreiros selvagens (bons selvagens) – eliz sem ter nenhumdinheiro – potencialidades naturais – Rondon – raça original – a miscigenação – não lhe ez omal – madeira Mamoré – salesianos – luz divina – cassiterita – sentinela indômita – queremosRondônia inteira – mitos – tradições lendárias – progressos – histórias e lembranças xadasnas ruas – sol – guerra – versão de teu próprio nome – porto do velho – Porto Velho –Guajará – Guaporé – a brotar progressos – Ouro Preto – Ama igual a Romeu – PimentaBueno – Cacoal – Vila Rondônia – Machado – Ji Paraná – Ariquemes – Jaru – PresidenteMédici – Calama – Jaci – Vilhena.

Uma das perspectivas com que podemos enrentar este poema é que não são citadasguras que conrontaram a construção da realidade do estado, apenas elementos de beleza eprogresso são invocados. Como uma canção ao que é escolhido como representação e não aohorror (vida) que oi realmente conrontado. As cidades, o clima, os heróis (que deixam deser pessoas) estão acima e presentes no texto enquanto único a ser observado.

A “liberdade poética” nos az crer que o poeta é aquele que cegamente reproduz osdiscursos do Estado, que canta com orgulho os hinos e repete a história ensinada a todos nós

na educação ormal. Certo dizer que o Poeta (que diere do poeta) é um reprodutor destasalas que engolem os homens, a vida e elevam aos Deuses e Estados. O Poeta escreve emnome e para o leviatã abissal chamado Brasil.

Esta Literatura se esconde da vida, da miséria, das alegrias, do belo e do grotesco,dos mendigos e das cortesãs, e mesmo lendo Baudelaire, a cidade e as mulheres se tornarampoucas palavras para Saldanha. A palavra se esconde nas grandes árvores e na bandeira. Éclaro, dirá a maioria, aqui se encontra uma boa literatura, tudo que se escreve é literatura.Ainda concordo com outra expressão: arte é sempre enrentar a vida, os sentimentos mais cruse é sempre, uma boa orma de mentir e revelar. É recontar a realidade ou outra percepção darealidade a partir de uma mentira (não mentira, cção) que ironiza e desvela esta impressão

(também cção).É o velho sertanejo cantando para a lua, o mendigo escrevendo no chão, é o jovem esonhador revolucionário, é o proessor apaixonado por ensinar e nunca será a reprodução do

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que já oi dito e o que o público quer. Nunca será o amor ao chão como orma de ser aceito,como orma de ser de algum lugar, sempre é sangue e carne, nunca será livro e bandeira.Poesia é inútil ao capital, ao Estado, aos territórios.

Outro ponto que podemos analisar é a relação dos povos bárbaros, dos selvagens

ou como nós, poetas selvagens, gostamos de citar, as populações tradicionais em especialos indígenas. São citados pelo autor, hora como povos de costumes mesclados que vivemconosco, ou que sentiam a chegada de Rondon (o herói) e embargaram a voz para nunca maisalar, ou que vagueavam de um lado para o outro, sem xo lar, indecisos, que esperavam peloscanhões, pelas armas e pelo direcionamento do progresso, da civilização.

No texto ele cita grupos em relação ao progresso. Os Pauaas Novas, de Guajará Mirim,os Uru Pau Uau Uau de Ariquemes e Ji Paraná e os Niambikivaras. Alguns perceberão queos dados podem estar enganados em relação aos nomes destes grupos, mas isto pode serpercebido em relação à época que oi publicado este texto ou por outros motivos, este não é ooco central desta análise.

O território destes povos se parecia com um lugar abandonado de toda arte ecivilização, esperando pela vinda do progresso para ser retirada deste estado inicial, paradeixar de ser deles e se tornar Rondônia, onde pode nalmente ser visualizado por uma boapoesia. Onde um Poeta pode nalmente alar que todas as cidades possuem sua beleza e estãoem pleno progresso.

Esta Poesia representa um verdadeiro atraso e este progresso que todos esperam (oupelo menos o autor espera) só chegou para alguns poucos, para aqueles violentos assassinose invasores de terra, mentes e instituições. Em suma, muito se ala sobre o progresso que oherói (enquanto modelo) trouxe para o território e nada se ala sobre o indígena, o negro, omigrante, o branco, o mulato, o ribeirinho e sua vida em conronto.

Não se ala sobre a vida, sobre a carne que é rompida e muito se ala sobre ortes eestradas. “Brasileiros” é apenas um nome: não existe o velho seringueiro, usando seu uniormemilitar, bêbado e jogado ao lixo, este velho seringueiro canta o hino com a mão no peito,saúda o Estado que o abandonou à bebida, chora como por um pai, por uma mãe... NestaLiteratura, só há glória ou às velhas histórias repetitivas de amores impossíveis – isso nãobasta para se alar em vida em Rondônia, ou em qualquer lugar.

Não há espaço na literatura, pois tudo é enrentamento da vida-carne.A cção-estória-história dos velhos seringueiros ainda precisa ser contada. Das

cortesãs do garimpo, dos políticos corruptos, das lideranças mortas pelos governadores desteEstado doente e tudo que se ala é de Rio, Floresta, Forte, Estrada e de Heróis. Não existemheróis, todo herói é um escolhido por algo que pretende (pelo exemplo construído) manter

os grupos em silêncio e prostração.Só há a vida a ser enrentada.

Raael de Andrade

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POESIA

Primeiro, é ficar de pé, equilibrar-se,

Ainda num quase cair desajeitado,

 Numa débil oscilação, de um a outro lado,

Mostrando segurança apenas por disfarce.

Manter-se aí, ereto, ainda a muito custo,

Pelas próprias forças e anseios principiantes,

E experimentar quedas desinteressantes

E erguer-se pra tentar de novo após o susto;

Manter-se assim, e a cada vez um pouco mais

Galgando de firmeza, alinhando a postura,

Ir cumulando o necessário de bravura

 Nos desafios que esse recreio simples traz;

Depois, é depender do apoio da mobília,

Das paredes, das conduções de familiares,

E os primeiros passos, curtos, rudimentares,

Vão vencendo a incipiência que os encilha.

As pernas vão se firmando, e quando a caminho,

Os pés, antes cada um para onde entendesse,

Começam a se aliar pelo mesmo interesse,

Querem distâncias, e vencem o desalinho.

E então, de repente, o serzinho se liberta

Dos amparos e apoios, paredes e sofá,

Um, dois, alguns passinhos por si mesmo dá,

Mais surpreso até do que a plateia boquiaberta!

José Danilo Rangel

APRENDENDO A ANDAR

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Pensando no que fazer para o “10 dicas” para a edição do mês de outubro, imaginei que seria muito divertido escrever 10 dicas para aguentar os professores. Sim! A finalidade deste 

texto seria condensar todos as vezes em que eles, sob o pretexto de me educar, não me ensinaram senão que não se deve questionar o papel por eles desempenhado. Pensando mais,entretanto, achei que seria injusto com os poucos professores que me ensinaram algo falar de professores como uma classe de profissionais, como algo sólido onde cada parte fosse responsável pela qualificação do todo, afinal, não creio que professores se tornam imbecis, são imbecis que se tornam professores. Decidi então, escrever sobre como manter a criança interior, algo muito mais saudável quando visto por certo ângulo, coisa de 

que me acho suficientemente conhecedor, como já afirmaramaté mesmo os piores professores que tive.

MANTER A CRIANÇA INTERIOR10 dicas para

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Conheço muita gente que acredita que amadurecer é abandonar o que gostamos de fazer quando pequenos, daí ser algo horrível crescer e a infância ser tão idealizada como o momento mais 

feliz da vida de certas pessoas. O pensamento é simples:pessoas maduras não brincam! Elas armam disputas estúpidas por qualquer coisinha, dão importância a todo tipo de mesquinharia, mas brincar, elas não brincam. Verdade? Não.Elas estão contidianamente metidas em jogos sociais deploráveis.Quer manter a criança interior? Afaste-se dos jogos inúteis e vá jogar vídeo game ou tomar um bom banho de chuva.

Lembro de um amigo meu que, tentando fazer seu filho obedecer e entrar em casa, falava da vinda de um tal de homem do saco e, mais nitidamente, lembro do menininho olhando para o pai e dizendo “dexa ele vim”. Quantas vezes, nós, depois de grandes e cheios de certeza não temos uma atitude dessas e não “dexamos ele vim”, quantas vezes deixamos os nossos medos serem os guias das nossas atitudes, o receio, a certeza 

do golpe que está sempre por vir e que a maioria de nós não espera para ver se realmente vem, quantas vezes tememos mesmo sem nunca ter experimentado a validade da ameaça? Quer ser criança? Tente a sorte.

Claro que percebo a aparente contradição de numa dezena de dicas para manter a criança interior haver uma que é algo nada a ver com a infância, o fato é que essa contradição não existe.Quando crianças levamos a sério muitas coisas – brincar é algo sério, aniversário, o amigo da escola, a caixa de giz de cera que foi dado como um presente, a parede branca onde usá-los.Quando crescemos é que nossas prioridades passam do valor afetivo para qualquer outro valor defendido socialmente, como o dinheiro, o status... Manter a criança interior é, portanto,manter a importância nos alvos do nosso afeto, é levar a sério 

aquilo e aqueles a quem dedicamos nossa amizade e amor.

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Todas as maneiras de ocultação do que somos, todas as formas de dissimulação, de disfarce, de maquiar nossas vontades, nossas virtudes e, especialmente, aquilo que em nós é considerado 

vício, impedem a afirmação de si. “Mas é importante para viver em sociedade que saibamos nos adaptar!” – pode até ser, convido, entretanto, a todos aqueles que pretendem se afirmar e que acham ser essa a meta das metas, a não se adaptar ao que o meio pede, mas forçar o meio a se adaptar ao que se exige dele. Não é o que uma criança faz, ou, pelo menos, tenta fazer? 

Um dos recursos que mais facilita nossa existência é o mesmo que nos acarreta os mais variados problemas. É ou não é uma ótima aptidão poder antecipar a chegada de qualquer má situação tendo como base certos indícios e sua relação com o nosso passado? É ou não é triste que esta habilidade não só nos permita evitar uma gama imensa de danos, como tambémde bens? Pensamos ou não pensamos muitas vezes, “não vou

fazer isso, senão vai acontecer aquilo”? Na criança, onde as certezas ainda são como os dentes de leite, isso não acontece com frequência. Esquecer o desastre acontecido talvez nemsempre seja algo positivo. Será então, sempre algo negativo? Ah, esquece...

Com os arreios que vamos admitindo ao longo da vida, nas interações com o mundo e a gente nele, acredito que o mais tristes e entristecedores são aqueles que aprisionam nossa imaginação aos milhares de conceitos tidos como verdadeiros e irrefutáveis, nossos preconceitos de cada dia. “Isso não pode ser assim”, dizem os anos passados sobre a realidade e o constante contato com sua dezena de possibilidades e centenas de milhares de impossibilidades. É inevitável que cedo ou tarde,pelo desuso, o músculo da imaginação acabe por se atrofiar,não nos deixando sequer inventar novas maneiras de lidar 

com problemas antigos. Não permita que a atrofia aconteça,imagine pelo menos uma vez por semana.

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Depois de certa idade é difícil não atentar à possibilidade do embaraçado, sempre que ela aparece, pensamos: devo dizer isso,devo fazer aquilo? Para uma criança perguntas como essa não 

fazem sentido, ela diz, ela faz, se o resultado é o embaraço oualgo bom, ela não sabe, o importante é que ela não deixa de dizer ou de falar algo por temer o constrangimento. Crianças chamam os pais de papai e mamãe, dizem te amo, e ainda temousadia suficiente para andarem por aí de chupeta e ursinho de pelúcia. Faríamos o mesmo? 

Quanto mais maduros vamos ficando, também mais ponderados nos tornamos. Isso é verdade para muitos de nós e tambémcoisa muito positiva. O problema é que a ponderação pode nos tornar covardes e cheios de desculpas e de formas de protelar decisões importantes e mesmo algumas sem importância alguma.Pensar só é útil quando nos leva a algum lugar, mas não quando é motivo para ficar parado. Aprendamos com as crianças que 

só se aquietam quando estão doentes. E, às vezes, nem então.

Eu sei, logo acima aconselhei o esquecimento e agora invento de sugerir que se rememore. É isso mesmo? – pergunta o 

leitor. Sim, exatamente isso - respondo. A verdade é que há muito que devemos esquecer e mais ainda que devemos lembrar. Lembra como foi a primeira vez quando você andoude bicicleta? Lembra o que sentiu? O primeiro dente de leite a ir para cima do telhado ou para debaixo do travesseiro? A primeira bola chutada, a primeira boneca vestida, a vez primeira em que disse papai, mamãe? Aquelas brigas cotidianas com os irmãos, por tudo e por nada? Lembra de como o mundo era diferente? Menor? A criança ainda está aí, parece que não, mas está. Lembre-se.

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Não foi sem motivos que escrevi História de um Coração,durante um tempo da minha vida chamavam-me de homemde lata. Tenho também poesias sobre esse tempo. Aconteceude meu coração parar de funcionar, depois de tanta pancada,depois de tantos e tão vários maltratos, ele se aposentou e deixou para o cérebro o governo de mim. Foi o tempo em que tudo fez ainda menos sentido. Mas descobri que o segredo não é não ter um coração, é saber tê-lo, o problema não é confiar é saber em quem confiar.

É difícil. Todos os dias nos deparamos com situações onde ter um coração só nos traz dor, vontade de desistir e tudo mais. Contudo, é também com o coração que sentimos que a luta vale a pena, que tudo vale a pena, que a flor é bela e 

suave, que a chuva refresca e afaga, enfim, é com o coração que valoramos pessoalmente as nossas experiências. Cuidemos,portanto, destes nossos orgãozinhos tão sensíveis, protejamo-los das desilusões, dos ódios, dos rancores, e aprendamos a ver a dor das maus dias assim como as sublimes sensações dos dias bons como sinal de nossa humanidade.

Por fim, não vejo palavras melhores que essas:

Sobre tudo o que se deve guardar,guarda o teu coração,

porque dele procedem as fontes da vida.

Provérbios 4.23

José Danilo Rangel ................................................................................

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A  E  

RA  E X  T R A

  E X  T R A 

R A  E X  T R A

  E X  T R A  E X  T

 R A  E X  T  

R A  E X  T R A

  E X  T R A  E X  T

 R A  E X  T R A

  E X  T R A  E  

TR A  E X  T R A 

 E X  T R A  E X  T

 R A  E X  T R A

  E X  T R A  E X  T

 R A 

T R A  E X  T R

 A  E X  T R A  E X  T R

 A  E X  T R A  E

 X  T R A  E X  T R

Porto Velho:

Ame-a ou deixe-a

odos os dias somos expostos a uma grossa quantidade de imagens que se não nos incomodam mais como

deveriam incomodar, servem cotidianamente de conteúdo para reclamações das mais várias a respeito do estado da

cidade, então, aparecem pessoas cansadas da habituação e registram e divulgam estas cenas – resultado: revolta e o

desencadeamento de comentários como “á achando ruim? e muda!” e todos os seus congêneres.

Não era a intenção de Douglas Diógenes e Isabel de Almeida azerem pouco caso da cidade. Na verdade, otograar

os pontos cegos das lentes dirigidas pelo hábito de buscar e apanhar a beleza, contém em si uma preocupação com a

cidade e a tentativa de nos abrir os olhos exatamente para aquilo que de tanto vermos, já não vemos mais. Em seu projeto

Lembranças de Porto Velho, cujo titulo já ironiza a mania de buscar a beleza, mesmo que ela seja vizinha de algo nem

tão belo assim, os dois não azem mais que uma contribuição social, acordando-nos para a realidade com a qual já nem

queremos lidar.Isso não pode ser verdade, contudo, para as mentalidades “ou oito ou oitenta”, pois para pessoas assim ou um

sentimento ou atitude se apresenta em totalidade, ou será o seu contrário: se não é amor total, é ódio, se não é respeito

total, é desrespeito, se não é obediência total, é desobediência. Para elas, oposições não podem coexistir, elas não podem

?

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conceber os matizes diversos que colorem tudo em

nós. Não é possível, por exemplo, para as pessoas que

só enxergam extremos, gostar do lugar onde vive e

por isso mesmo detestar que parte da paisagem esteja

dominada por lixo. Não, pois, ou você gosta e aceita

tudo, ou não gosta.

É incrível.

Mas ainda mais antástico é o ato de as pessoascom essa mentalidade se preocuparem tanto com o

extremo a que são adeptas que acabam esquecendo que

o problema não é o registro da alta, do descaso, do que

é eio e torto, mas haver coisas assim para registrar. Elas

censuram iniciativas, como a dos otógraos citados,

que tentam mostar a realidade em vez de censurar os

responsáveis pela realidade em questão. E, por m,

parece que para estas pessoas, tudo bem a cidade

estar como está, o problema é nossos vizinhos carem

sabendo... Sim. Haver situações como as vistas nas otos

divulgadas parece não incomodar o suciente paracausar revolta por parte de ninguém, anal, estamos

acostumados à paisagem, talvez estejamos até sem

esperanças, mas, se alguém decide mostrar isso, aí sim,

mexe com os nossos brios. Claro, o que vão pensar de

nós?

José Danilo Rangel

Para um pouco mais do trabalho de Douglas e Isabel, conra:

...............................................................................click aqui!

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DO LEITOR................................

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Você leitor que vem acompanhando o trabalho apresentadopela revista Expressões e ainda não se maniestou, a hora éagora. O andamento da revista conta com o seu apoio, comas críticas, com as sugestões, com a divulgação, por isso,manieste-se! Já se o que você quer não é nem criticar, nem

sugerir, mas contribuir com uma produção sua, o espaçoestá disponível. Entrem em contato pelo e-mail:

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EXPRESSõES! - mais que dizer, transmitir.