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Exposição Ateliê Educação Infantil

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Exposição Ateliê Educação Infantil

Exposição Ateliê Educação Infantil

A Exposição Ateliê de 2016, “Olhar para dentro

e olhar para fora”, revela um valor que

queremos conservar: ao conhecer o mundo,

conhecer a si mesmo.

Adriana dos Santos Patarra (Nana) | Aldenise de Menezes Rocha | Ana Lúcia Monteiro da Rocha Yoneya | Ana Lúcia Moreira | Ana Paula Carrascosa Vasco | Ana Paula Rigo Penteriche Paz | André Gimenes (Tato) | Andréa Jota Teixeira | Anielle Costa Maruchi | Beatriz Bontempi Gouveia | Carolina Arvélos | Carolina Ferraz do Amaral Kerr |Catarina Miraflores Nemet | Célio A Gomes de Jesus | Cintia Mári Nagamine Gomes | Claudia Oliveira Santos | Cleide do Amaral Terzi | Clélia Cortez Moriama | Damiana Martins Duarte | Daniela Morita Nobre | Danielle do Nascimento Silva | Elizabete Rodrigues dos Santos (Bete) | Elizabeth Dória Scatolin | Elizabeth Menezes da Silva | Fabiana Meirelles Ferreira | Fernanda Giorgi Barsotti | Flavia Mussato Aguiar Marcomini | Francisca Glaucione Rodrigues Teixeira | Heitor Fecarotta | Hermelino Neder | Ivani de Sousa | Ivanilde Barreto Santos | Ivete Fortunato de Oliveira | Joana dos Santos Egypto de Cerqueira | Joaquim de Oliveira Leite de Almeida | Jorge Souza Azevedo | José Cavalhero | Juliana do Nascimento Santos Guimarães | Juliana Machado Strzygowski | Karin Patrícia da Silva | Karina Ariela Crespo Marchini | Lícia Breim Tavares Pedrosa | Luciana Tomaz Cabral | Manuela Assunção Crosera | Marcelo Chulam | Marcia Maria Godoy Gowdak | Marcia Regina Trivino Moises | Maria Alves de Oliveira | Maria Cristina Souza de A. Maranhão | Maria de Fátima Aranha Totti | Maria Fernanda Velloso V. de Carvalho | Maria Stela Fortes Barbieri | Mariah Campos Alves de Moraes | Mariah Pissara Canto | Mariana Franco Fernandes da Silva | Marina Giorgi Barsotti | Marina Scartezini | Maviael Severo de Freitas | Mildre Marques D’Albuquerque | Mirlen Santos Silva Figueiredo | Nathália Coelho Puccinelli de Araujo | Patrícia Rafante Martins | Priscila Basile de Moraes Leme | Rebeca Costa Aguiar Schneider | Regina Scarpa | Rivania do Nascimento Silva | Rosa Gonçalves | Rosely da Silva | Rosilene de Jesus Silva | Rosyane Dias Campos Saukas (Rosy) | Silene Rodrigues de Souza | Silvia Brecht Palos dos Santos | Silvia Macul Lopez | Silvia Nogueira Zerbini | Simone Spadotto Aiex | Tania Schandert | Tatiana Bastos Bittencourt Vieira dos Santos | Thais Cristina Bockmann Abrahão | Thaisy Lomenso | Valdenice Pereira da Silva | Vanessa Almeida Carvalho | Vera Lúcia Batista dos Santos | Wilma Aparecida Ceconelli |

ateliê

A expressão reta não sonha. Não use o traço acostumado.

A força de um artista vem de suas derrotas. Só a alma atormentada pode trazer para a voz um

formato de pássaro. Arte não tem pensa:

O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.

Isto seja: Deus deu a forma. Os artistas desformam.

É preciso desformar o mundo: Tirar da natureza as naturalidades.

Fazer cavalo verde, por exemplo. Fazer noiva camponesa voar – como em Chagall.

Agora é só puxar o alarme do silêncio que saio por

aí a desformar.

BARROS, Manoel. As lições de R.Q. In: ______. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. [Grifo nosso.]

“Parece chão de água de torneira, água de chuva. Quando liga a torneira, sai chuva. Ela roda, roda, roda toda vez que sai água. O azul parece mais chão de água, mas todos são chão de água.” Lucas, 2 anos

Parece um chão de água G2 — Juliana Guimarães, Tânia Schandert e Ivani Jesus Orientadora: Clelia Cortez Atelierista: Danielle Silva

A luz é um fenômeno potente para as investigações das crianças no cotidiano da escola: deparam-se com a sua trajetória, relação com a sombra, seu movimento, sua posição. Na experiência dessa turma do Grupo 2, as crianças formularam teorias sobre a luz que transpassava objetos e sobre o surgimento das sombras, assim como expressaram os diversos gestos sentidos em relação à luz e às cores. “Parece um chão de água. Parece chão de água de torneira, água de chuva, quando liga a torneira sai chuva, ela roda, roda, roda toda vez que sai água.” Lucas Na metáfora do chão de água, o pensamento que transita pela sutileza das cores, suas nuances quase transparentes, as sobreposições que causam o movimento no olhar; experiências múltiplas na relação com a luz. As crianças ficaram intrigadas e instigadas a investigar os jogos de luzes e cores no corpo. Mergulhar o corpo nas cores por inteiro fez emergir a subjetividade de cada criança, reascendeu sensações, a imaginação e a memória.

Julia: Sabia que meu pai coloca pimenta na comida? É ardida. Professora: Por que você está falando disso agora? O que fez lembrar? Julia: Aí eu assopro. Professora: Que cor é a pimenta do seu pai? Julia: Vermelha. Segundo Josef Albers no livro A interação da cor, uma mesma cor evoca inúmeras leituras. Quais percepções estão presentes nessa relação? A evocação de sentidos subjetivos e inesperados; a experiência com a cor, não com objetos meramente coloridos. Uma cor que não se pega, mas que é capaz de pintar o corpo, ganhar cheiros e sabores e ser sentida por todas as camadas do ser. “Eu vou comer uma mexerica azul.” Estela E você, como se sente mergulhado na cor? Sinta-se convidado a viver uma experiência sinestésica.

Luz e cor, uma experiência sinestésica

A força que gera vida G3 Tarde – Mariah Pissarra Canto, Thaisy Lomenso e Valdenice Pereira Orientadora: Marcia Triviño Moisés Atelierista: Joaquim Almeida

“Aqui, nesse chão, tem força porque está fazendo nascer a plantinha.” Alice, 3 anos

A força da nossa natureza

Nasce uma pergunta que nos põe a investigar:

O que tem dentro da terra?

Nós olhamos, cavamos e encontramos:

Marcas, raízes, imaginação, chão...

Dentro da terra tem cimento e tijolo?!

O que a terra sustenta?

A gente pisa nela,

A terra brinca comigo,

Dela nascem plantas e comidas,

Sem terra não nasce nada.

A terra nunca acaba.

Surge uma nova pergunta:

O que a faz forte?

Ela é forte porque bebe água.

Sem água não tem vida.

Sem noite, sem dia, a terra não cresce.

Precisa da noite para dormir.

E do dia para brincar.

Assim a terra vai crescer,

E deixar seguro.

“Eu fiz uma torre, e ,daí,

apareceu aqui quando eu pus

a luz assim.”

Victória, 3 anos

Fazer aparecer a sombra que, dependendo do lugar

em que o foco de luz é posicionado, surge comprida,

maior que a sobreposição de peças. Conforme a

posição do foco de luz é alterada, o tamanho da

sombra produzida por Victoria muda, e, assim, com

um corpo que se mexe e experimenta, ela formula

uma teoria. Do mesmo modo que a sombra ganha

diferentes dimensões de tamanho em sua relação

com a luz, o pensamento de Victoria se movimenta

e encontra novos sentidos na experiência com esse

fenômeno.

Os movimentos

do pensamento G3 — Silvia Macul, Thaisy Lomenso e

Valdenice Pererira

Orientadora: Clelia Cortez

Atelierista: Joaquim Almeida

Um convite ao olhar

Percebemos que as coisas se transformam em contato com a luz. E que, com sua presença, é possível ver nuances escondidas, palhetas de cores nunca antes imaginadas, contornos quase invisíveis. A partir daqui, convidamos vocês a ver, assim como as crianças o fizeram em algum momento do projeto. Ao entrar nesta sala escura, ilumine o que mais chamar sua atenção, mas tente ver direito, como se nunca antes tivesse visto ou imaginado, com olhos de estrangeiro. Atente-se aos detalhes, às cores, às transparências presentes na natureza.

O olhar do estrangeiro é capaz de olhar as coisas como se fosse pela primeira vez e de viver histórias originais. Todo um programa se delineia aí: livrar as coisas da representação que se faz dela, retratar sem pensar em nada já visto antes. Contar histórias simples, respeitando os detalhes, deixando as coisas aparecerem como são.

Nelson Brissac Peixoto

A surpresa das transformações a partir das sombras G2 Tarde – Silvia Palos, Catarina Nemet e Rosely da Silva Orientadora: Fabiana Meirelles Atelierista: Danielle Silva

As sombras encantam crianças há muitas gerações. Nesse

grupo, as percepções de que “a sombra dança comigo” e de

que é possível produzi-la intencionalmente foram inquietações

compartilhadas por elas. Ver que as sombras se mexem, ficam

grandes ou pequenas, fortes ou fracas e com formas

diferentes, conforme os objetos utilizados para projetá-las,

despertou a curiosidade das crianças, que, em experiências

expressivas, pensaram sobre essas questões.

Construindo saberes entre a luz e a sombra

Tá escuro!

Olha, a luz!

Quem é aqui?

Sou eu!

Cadê eu?

A bola apagou a luz!

O meu brincar expressa quem eu sou e o que penso sobre o mundo!

É assim que acontece no nosso cotidiano!

Brincando, as crianças se inquietam com muitas perguntas, o que as impulsionam a investigar, pesquisar e viver

intensamente diversas experiências.

Seu brincar é sua pesquisa, e sua pesquisa é seu brincar.

O brincar que não se esvazia, não se esgota, se estende e surpreende na construção de novos saberes. Saberes que

invocam e convocam para o mundo, que implicam subjetividade e constroem identidade.

Viver as experiências do brincar com a luz e a “não luz” em diferentes situações despertou encantamento, inquietação

e mobilizou diferentes investigações. O fascínio pela luz, o suspense do escuro e a surpresa das sombras trouxeram a

possiblidade de as crianças refletirem sobre diversos aspectos, como a necessidade de luz para a produção da sombra,

a transformação da sombra em relação ao tamanho e ao movimento, a ausência e presença de luz em objetos

vazados, a relação entre luz e Sol, dia e noite e a luz como um contorno para o olhar.

Brincar, pesquisar, investigar, construir aprendizagens.

Pelas passagens, transmuto o olhar G3 Tarde – Adriana dos Santos, Karina Crespo e Ana Lucia

Orientadora: Marcia Triviño Moisés Atelierista: Joaquim Almeida

Imagem é corpo, memória e movimento

A possibilidade de ver o mundo refletido

deixou as crianças curiosas para desenvolverem

narrativas e trocar ideias a respeito do que

viam. Nesse diálogo, expressavam o mundo

como estranho, torto, errado, diferente,

desconfortável, e, ao mesmo tempo,

instigante, único, engraçado, relaxado.

O fluxo de contrapontos as fez pensar

nas causas e nos efeitos da distorção

experimentados nas imagens da areia, do

brinquedão, da nossa sala, da rua e de si

mesmas.

O espelho atuou como uma extensão do

olhar, uma abertura para novas sensações,

percepções e afetos. Uma passagem que

transmutou a imagem que tinham a respeito

do mundo. As crianças passaram a pensar o

mundo não como algo dado, linear, perfeito,

mas como algo a ser inventado e transformado

a partir do movimento que criavam, tendo,

assim, o corpo como uma mediação das

imagens do mundo.

Imagem que inventa a vida, que convoca

o pensamento.

Imagem é corpo, memória e movimento.

Há um paralelo entre o olhar da criança e o do estrangeiro. Ambos estão conectados com o despertar inaugural deste ou daquele lugar, objeto, ou relação. Suas descobertas são cheias de indagações e surpresas. Incentivar esse olhar da criança e valorizá-lo nos reconecta com o nosso olhar também. Encoraja-se, assim, um (su)jeito mais amplo, mais focado para o todo e suas partes, para olhar o macro e o micro, para dialogar com o mundo.

Olhares: relações entre descobertas, percepções e detalhes G4 Manhã – Fátima Totti, Mildre D’Albuquerque e Vera Lucia Orientadora: Lícia Breim Atelierista: Joaquim Almeida

Olhares: relações entre descobertas, percepções e detalhes

Descobertas da percepção do olhar

As crianças do G4 pesquisam sobre maneiras de olhar. E, ao pesquisar, se conectam com as descobertas do mundo. Nesse

caminho, se reconhecem, se surpreendem, se descobrem. O que eu olho nem sempre é o que eu vejo. O que vejo se relaciona

com o que penso, com o que quero, com meu mundo. No meu mundo eu olho você, diferente de mim, e percebo quão

grande ele é.

Indagações em contraponto trazem à tona as belezas do pensamento infantil. Suas hipóteses e teorias. Pontos de vista!

Pontos de olhar! Olhar para o que se sabe e para o que não sabe também. Dialogar e contrapor como maneira de construir o

lugar de cada um, a singularidade no jogo das relações.

“A Lua fica no espaço lá no alto.” Rafael

“É, mas ela também fica na Terra.” Dora

“Não, a Lua só fica no espaço.” Rui

“Mas eu vejo a Lua.

Super Lua cheia!” Dora

Há pessoas que transformam o sol numa

simples mancha amarela, mas há também

aquelas que fazem de uma simples mancha

o próprio sol. Pablo Picasso

A relação do corpo com as cores: subjetividades e memórias G4 Tarde — Thais Abrahão, Mildre D'Albuquerque e Rosa Gonçalves Orientadora: Lícia Breim Atelierista: Joaquim Almeida

A cor no corpo faz o corpo da(r) cor

Ela chega pelo olho e se aloja naquilo que é de cada um. Tem cor no coração, na coragem, na cordialidade. A cor embeleza e expõe, esconde e contrapõe. Cria identidade, contextura e materialidade. Será que tem vida? Vive no corpo que a acolhe e assim, encontrada, materializa sua dimensão em cada percepção. Pode ser um sol amarelo que queima igual ao fogo verde, pode ser a lágrima azulque chora a raiva vermelha ou o cinza do acúmulo. Chuva de arco íris, luz branca e sombra preta. A cor se faz lugar. Segundo Merleau-Ponty, o lugar onde o nosso cérebro e a natureza se juntam.

Com força faz-se o contorno do corpo G2 Tarde — Juliana Strzygowski, Anielle Marucchi e Claudia Santos Orientadora: Fabiana Meirelles Atelierista: Danielle Silva

Marcas do cotidiano

Na simplicidade das ações e experiências cotidianas, desvela-se um percurso potente de investigação. Um caminho singular

que evidencia, em sua subjetividade, a maneira como as crianças pensam, atribuem sentido e compreendem o mundo que

as cerca. Trazida em sua essência, a massinha, material tão presente e conhecido pelas crianças, iluminou diversas

possibilidades de criação e, simultaneamente, alargou e aprofundou sentidos para novos conhecimentos e aprendizagens.

Na intensidade ou na delicadeza dos gestos, revelaram-se marcas dos corpos – o que é meu, o que é do outro. E, nos rastros

e vestígios, encontra-se cada identidade. A curiosidade presente na impressão, na força e nos contornos favoreceu a

multiplicidade de pontos de vistas e a relação com o inusitado. A nossa ação no mundo, a presença de um corpo vivo e

indagador na experiência com as marcas.

A leitura e a comunicação dos signos presentes no mundo a partir do sentido que cada um constrói para si.

A atribuição de novos e diversos sentidos às marcas e a criação que transita pela história e pelo conhecimento da

humanidade: a marca que comunica a imaginação, a curiosidade presente no gesto do desenho, a narrativa de uma

experiência e, sobretudo, a identidade num tempo e num espaço.

As marcas impressas no mundo favorecem leituras inéditas e inusitadas; as decifrações desafiam e geram inquietações,

assim como tantas marcas presentes na história da humanidade, testemunho precioso de culturas que exercem grande

fascínio sobre todos nós.

A dança (ao som) do papel G2 Manhã — Carolina Kerr, Manuela Crosera e Ivani Sousa Orientadora: Fabiana Meirelles Atelierista: Danielle Silva

O gravador guarda o som

Lina, 3 anos

O som de um instrumento, de um objeto, de um corpo que baila... infinitas composições

O projeto que apresentamos revela crianças fazendo música!

Pesquisando sons, improvisando e compondo, sozinhas ou em

grupos. Elas são pequenas e capazes de muito mais que uma

exploração aleatória de sons. Nesse caminho de pesquisa, adultos

e crianças aprenderam juntos!

Nós, professores, aprendemos com essas crianças como são

capazes de ir fundo na pesquisa de cada fonte sonora, como

improvisam, com intencionalidade, na produção e composição

dos sons.

Ficamos maravilhados com seus corpos acompanhando o pulso e

o ritmo das músicas. Quando Tom balançava seu corpo todo,

como um baterista de uma banda de rock, enquanto batucava em

alguns blocos de madeira, ou quando Victória circulava pelo

espaço girando e produzindo sons com o papel celofane (o que

ela e suas amigas chamaram de “dança do papel”).As crianças nos

revelaram, mais uma vez, a relação indissociável entre a música e

o corpo.

A linguagem musical e o processo criativo fizeram parte do dia a

dia das crianças. Para além das experiências organizadas por nós,

a pesquisa foi ganhando um corpo independente. As crianças

criaram bandas e fizeram shows cantando e tocando.

Improvisaram melodias e inventaram letras, algumas vezes

apenas um solo, outras, um concerto!

Uma composição coletiva construída por olhares: enquanto

Guilherme tocava o pandeiro, Francisco acompanhava,

atento, esperando sua vez de entrar. Enquanto Manuela

produzia sons em uma cartola e uma panelinha e encontrava

uma regularidade, Isabela acompanhava seus movimentos

batendo um bloquinho no outro.

“A gente vai fazer uma música de espanhola! Toca aqui (uma

baqueta na

outra) e bate com o pé!”, disse Laura.

“O show já vai começar! A gente canta a música dos Beatles,

toca bem

forte!”, disse Alice.

A gravação dos sons produzidos pelas crianças fortaleceu a

ideia de autoria e nos possibilitou novas improvisações,

tendo essas composições como base.

Hoje, compartilhamos com vocês esses momentos de

improvisação e os convidamos para uma experiência de

criação!

“Eu tô me escondendo do som porque o som faz muito

barulho. Na hora que eu fecho a caixa o som tá

acordado.” Theo, 3 anos

“Eu tava brincando de robô, fazendo fone

para proteger de quem falava.” Miguel, 3 anos

“A gente resolveu não ouvir o som. Eu não

tava ouvindo nada... eu gostei!” Luiza, 3 anos

O silêncio existe? Como produzi-lo? G3 Manhã — Ana Paula Vasco, Tatiana Vieira e Ana Lúcia Moreira Orientadora: Marcia Triviño Moisés Atelierista: Joaquim Almeida

O lugar que habito: seu som, seu silêncio...

Um toque, um som.

Um som, outro toque; outro som.

Batuco, o som volta no tempo. Repito!

A escuta: sons que não interfiro e interferem em mim...

Sons que definem e transformam onde vivo; o mundo que conheço.

Para onde foi o som?

Uma pausa! Encontro o silêncio...

Silêncio? Ou, um som diferente, discreto, especial...

Afinal, lá no fundinho, eu ouço barulhinhos.

Um silêncio, que quase é a calma necessária para ouvir melhor...

Igual quando eu ouço o coração quando chego bem pertinho.

Um encontro com os sons do corpo.

Me pego quieto, eu e o som que passeia e volta.

O som emociona, transforma e também incomoda.

Remete memórias, cheiros, cores, me traz pistas.

Um convite a ver e a ouvir a vida que ali habita.

E, nessa brincadeira, eu aprendo.

Dá para descobrir o som no barulho e no silêncio do corpo e do mundo inteiro!

Criação de personagens G4 tarde Fernanda Vignola Ana Paula Penteriche Paz e Ivete Fortunato

Assim,ao observarmos as brincadeiras recorrentes de heróis, espadas, carrinhos que percorriam em pistas montadas por nós ou pelas próprias crianças, incrementamos essas experiências e passamos a contar com a participação delas no planejamento e efetivação das da maneira como desejam.

“Eu faço do meu jeito.”

Pedro Akira, 4 anos

“Essa é uma princesa que fica num

castelo. Ela tem três fadas-madrinha.

Ela usa tiara. Ela anda normal. Aqueles

negocinhos do lado dela eram as fadas!” Júlia, 4 anos

Ao observarmos as brincadeiras recorrentes de heróis, espadas e carrinhos que percorriam em pistas montadas por nós ou pelas próprias crianças, resolvemos incrementar essas experiências e passamos a contar com a participação delas no planejamento e na efetivação das ADs no nosso cotidiano. Desde o início, envolvemos as crianças num processo de coparticipação dessas situações. Elas mesmas organizam as brincadeiras da maneira como desejam.

Criação de personagens G4 Tarde – Fernanda Carvalho, Ana Paula Paz e Ivete Fortunato

Orientadora: Lícia Breim Atelierista: Joaquim Almeida

Ser outro Ser

Criar personagens é falar de si, falar do outro Do outro que se assemelha a mim, que se diferencia de mim Mas que me complementa como ser Ser o que sou, ser quem eu sou, quem ainda não sou E que desejo ser. Ser outros! Posso ter muitas cabeças, ter corações nas mãos Posso ter muitos poderes, poderes que transformarão Viver num tempo distante, num tempo atrás Tempo de nossos ancestrais Num tempo qualquer que imaginar Meu personagem com o seu Partes de um todo Fortes, complementares.

“É uma poção!” Raul Jafet

“Não! É uma experiência” Athina

“Isso é uma poção de experiência!” Raul Jafet

A transformação, a investigação, a ação e o faz de conta G4 Manhã — Luciana Cabral, Silvia Zerbini e Rosa Gonçalves Orientadora: Lícia Breim Atelierista: Joaquim Almeida

“A gente pode fazer uma

poção.” Nina, 4 anos

Uma poção de experiência! Como um contexto novo, com materiais naturais pouco estruturados, pode trazer criação, curiosidade, faz de conta e provocar implicação e uma nova pesquisa ao grupo? Foi a partir desse espaço e da experiência que cada subgrupo viveu nele que passamos algum tempo debruçados sobre pesquisas acerca da transformação da água e do faz de conta. Mais do que misturar os elementos oferecidos, as crianças problematizaram a transformação, formularam hipóteses sobre como poderiam mudar a cor da água, testaram, compartilharam ideias, estratégias de aprendizado, opiniões e trocaram outras experiências vividas fora da escola. E você, como tem vivido suas ideias? Veja um pouco como foi nossa experiência coletiva.

O corpo e a fruta G1 Manhã — Fernanda Barsotti, Catarina Nemet e Elisabete Santos Orientadora: Fabiana Meirelles Atelierista: Danielle Silva

As frutas são compradas nos mercados, higienizadas, descascadas, cortadas e apresentadas para as crianças. Como é se relacionar com as frutas com o corpo todo? Se relacionar com a infinidade de cascas, caroços, polpas, cores, formas, pesos, sabores, cheiros e texturas? Um mundo a ser investigado.

“Olha o caroço!”

Luca, 1 ano

“Eu apertei!”

Benjamim, 1 ano

“Abre a melancia.”

Lia, 1 ano

“Olha a água da melancia.”

Vicente, 1 ano

“Tô tomando água da

melancia.”

Guilherme, 1 ano

O saber e o sabor nas frutas

Aqui, as frutas são uma experiência cotidiana e têm um lugar bastante importante em todas as nossas manhãs, durante os piqueniques que acontecem entre a hora da chegada e do lanche. Para esse ritual, Vaninha, Rivânia e Rosa preparam as frutas com muito carinho e nos mandam descascadas e cortadas. Mas como seria recebê-las inteiras, da forma como a natureza nos presenteia? No percurso dessas investigações, testemunhamos a curiosidade das crianças a respeito da casca (“ai, pinica!”), do peso (“pisado!”), da forma (“vai rolar!”), do cheiro (“abre?”), bem como o maravilhamento de abrir cada fruta e descobrir, como uma caixinha de surpresas, sua cor, sua textura, seu cheiro, seu sabor, seu caroço, se é mais suculenta ou mais seca. Comer a fruta inteira com o corpo inteiro: amassar, pisar, deixar escorrer, cheirar, lamber, observar as marcas que ficam quando respingam. Desbravar camadas, experimentar possibilidades, criar intimidade e conhecimento: a ação das mãos pode encontrar água! “Olha, a água de melancia!”. “O creme da manga!”. “A banana não dá!”. De onde vêm as frutas? Acompanhar o crescimento das manguinhas na mangueira à porta da nossa sala, o cacho de banana ainda verde nas bananeiras da Escola, colher jabuticaba e deliciar-se com sua doçura. Investigar o mundo com o corpo todo, com o ser inteiro. Conhecer as frutas e, assim, saber e saborear a natureza. Descobri-la fora e reconhecê-la dentro.

A experiência das crianças habitada na diversidade de fluxos e tempos; teorias que circularam entre a imaginação, a natureza e os pensamentos presentes na humanidade.

A fluidez que move a experiência G2 Manhã — Andréa Teixeira, Flávia Marcomini e Cláudia Santos Orientadora: Clélia Cortez Atelierista: Danielle Silva

A fluidez que move a experiência

Jogar a areia para o alto e observá-la dançando no ar. Depois experimentar ser a areia e pular... Pegar um punhado e salpicar seus grãos. Colher um montante e uma cachoeira aparecer. Com um potinho, derramar. Areia que escorrega uma sobre a outra e depois cai esquisito. As ações presentes no cotidiano das crianças deste grupo, sustentadas pelo corpo e pela areia em movimento constante, o acontecimento de fluir diariamente. Pensar sobre as alterações de fluidez, o tempo, as pausas, rupturas que movem a ação.

A marca da experiência que fica em mim G2 Manhã — Vanessa Carvalho, André Gimenes e Rosely Silva

Orientadora: Clélia Cortez Atelierista: Danielle Silva

Marca Eu marco o mundo e o mundo me marca. Uma cicatriz, um machucado. Uma pista, um vestígio, uma pegada. Um movimento que deixa marcas. Um gesto que colhe marcas. Marca carregada de memória. A marca do vivido. A marca da presença. A marca como símbolo e significado. Marca que transcende. Marca da cidade em mim. Marca minha na cidade. A marca do outro em mim, Minha marca no outro. A marca que me faz outro. Marca como identidade de um grupo. Marca singular. Marca única de onde emergem histórias.

[...] lugares de encontro, de tolerância, de mistura de raças, credos, rendas, agradáveis, seguros, de fruição e, principalmente, um lugar onde a cidadania possa se manifestar [...] É isso que faz a cidade ser cidade: o encontro.

Paula Santoro, arquiteta e urbanista

Espaço público G4 Manhã — Cíntia Gomes, Mariah Moraes e Ivete Oliveira Orientadora: Marcia Triviño Moisés Atelierista: Joaquim Almeida

Espaço público: um lugar de encontro Ali, bem ali, havia uma árvore imensa, gigantesca, de tirar o fôlego! Suas raízes ocupavam boa parte da praça. Parecia impensável, improvável, impossível, subir em sua copa. Precisamos de um tempo. Fomos conhecendo-a, e conhecendo-nos, pois à medida que nos aproximávamos da árvore, descobríamos um pouco mais de nós mesmos. Encontramos espaços dentro e fora dela, dentro e fora de nós: um lugar aconchegante, uma pedra boa de pular, um cantinho para olhar, conversar, caminhos por onde andar naquela árvore, coragem para desbravá-la, o olhar de um amigo com quem pouco brincava... E aquele lugar, da vivência, do calor de nossas experiências, tornou-se nosso: a praça da árvore grande. Um dia, umas fitas, uma brincadeira, uma intervenção no espaço... Um acidente, um tropeço, nos levou ao encontro de outras pessoas que habitavam a nossa praça. E foi preciso pensar sobre os nossos desejos e descobrir maneiras de estar no espaço público. Ele não é só nosso! Fomos a outras praças, encontramos formas de nos comunicarmos com quem usufrui do mesmo espaço, mas que nem sempre vemos, descobrimos jeitos de conviver com o outro invisível, presente nas marcas. Despertamos o nosso olhar para a vida em coletividade, percebemos a cidade como um lugar de encontro. Depois de voar para fora dos muros, nosso olhar repousa sobre a nossa escola. Voltamos abastecidos dessas vivências, nutridos de sonhos e desejos... Desejos de habitar e pertencer. “A gente podia fazer uma horta aqui!”, diz Ana Lu, uma horta de todos e para todos. Um novo jeito de estar, um novo lugar!

Arquitetar a cidade, o mundo, a vida

“Só o começo foi difícil porque caía toda

Cidade: múltiplos olhares, entrecruzamento do vivido e do porvir Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a rua dá para outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos.

Octavio Paz

“Cidade – um país, um planeta, um lugar no mundo.” Crianças do G3 Mais que apresentar ou definir um conceito de cidade, trata-se de criar contextos em que as crianças possam coconstruir sentidos para a cidade de São Paulo. Uma construção que começa no arquitetar: minha casa, prédios, ruas, restaurantes, estacionamentos; o lugar onde habito, um lugar de pertencimento. Construções entremeadas pelo afeto, memórias, histórias e conexões; abrem-se caminhos para os necessários descortinamentos que revelam uma complexa teia de relações. Por meio dos olhares compartilhados, faz-se um território comum, que se transforma, ganha ressignificações; em constante movimento, construção inacabada, uma cidade provisória.

Projeto construção de caverna G3 Tarde – Simone Aiex, André Gimenes e Aldenise Rocha;

Orientadora: Fabiana Meirelles Atelierista: Joaquim Almeida

Caverna: lugar que esconde, que protege, que abriga, que acolhe, moradia de bichos e humanos ao longo da história. Hoje, acolhe o imaginário das crianças que é permeado por histórias que causam medo e sentimento de proteção. Nesse contexto, a decisão de construir coletivamente uma caverna trouxe ao grupo o desafio de projetá-la por meio de desenhos.

“Vou fazer um portão bem fechado.

Minha caverna é um caracol. É bem

pequenininha; entra por esta janela.” João, 3 anos

“Eu vou fazer xadrez essa caverna! E tem uma armadilha

para matar os monstros. Os monstros morrem quando

passam por essa armadilha. E no teto, essas bolinhas são

também as armadilhas.” Isabela, 4 anos

Ensaios sobre as cavernas

As cavernas foram habitadas pelo homem em busca de proteção e sobrevivência. Hoje, habitam o imaginário das crianças. Esse lugar misterioso trouxe monstros assustadores, teias, armadilhas e um desejo: “Queremos uma caverna!” Convidamos as crianças a construírem suas próprias cavernas. Nessa experiência permeada pelo enfrentamento de sentimentos e pelas construções de narrativas cheias de imaginação, o desenho foi usado como instrumento de expressão de pensamentos e emoções. Desenho como registro de um projeto a ser construído. Nesse processo, muitas trocas, confronto de pontos de vistas, negociações, diálogos e encontros aconteceram. Foi unânime que “A caverna das pessoas tem que ser do tamanho do pai do Spike!” e “A caverna dos bichos, pequena, muito pequena.” Questões de ocupação do espaço, de tamanho e proporção foram enfrentadas pelas crianças com o desafio de projetar essas cavernas no papel. Outros desafios virão na construção das mesmas.

É preciso transver o mundo.

Manoel de Barros

G1 – Mariana, Daniela Morita e Elisabete Santos Orientadora: Clélia Cortez Atelierista: Danielle Silva

Isabel, 1 ano

“Ando devagarinho, no túnel de mentirinha, e aí eu vê azul, vermelho, verde...”

Isabel Sales Pelo caminho do labirinto, na experiência vivida e repetida, a mudança no olhar. Nas relações com as transparências, as crianças criaram diferentes formas de transformar o olhar e o mundo que as cerca, modificando o outro e a si mesmas. Ver com cores diferentes, com tonalidades distintas que se mesclam e se misturam, formando novas cores. Assim, aquilo que vemos no cotidiano é transformado, e novas e diferentes possibilidades de olhar a realidade se abrem, modificando-a e “desformando” o mundo, como escreve Manoel de Barros: “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: elas desejam ser olhadas de azul.” As possibilidades de criação encantaram as crianças que se tornaram autoras de mundos novos, surgidos a partir das transformações do olhar. Num ambiente de encontro, muitos olhares foram compartilhados e convites para que, a partir de um olhar – o meu –, você possa alargar o seu. Nesse clima das crianças de transformar o mundo por meio do olhar e do universo das cores é que convidamos vocês para esta experiência. Desejamos que as coisas aparentemente comuns ganhem novas nuances de cores num exercício de “transver” o mundo!

Transparências: Encontros, pesquisas e criações

Contorno

G4 – Rebeca Mesquita, Nathália Puccinelli, Vera Lúcia Orientadora: Lícia Breim Atelierista: Joaquim Almeida

Sentir-se envolvido, acolhido, contornado. Experiência de proteção na casa, na moradia.

O CONTORNO

O contorno que protege, que envolve, que dá segurança. Aconchego. O contorno esteve presente em diversos contextos na brincadeira simbólica das crianças, ao experimentarem-se numa dualidade de papéis, ora representando lobos, lobisomens e caçadores, ora princesas e outros personagens em perigo. Foi então através de casas, castelos, cabanas, navios e barreiras que esse contorno ganhou forma e garantiu às crianças um “porto seguro” para que pudessem vivenciar enredos repletos de imaginação, elaborando e dando um novo lugar ao desconhecido. Nesse processo, o desenho apareceu como um rico recurso para ajudar as crianças a revisitar o vivido e apropriarem-se ainda mais de suas vivências, sentimentos e aprendizagens. Uma casa é uma personificação de lar; o lar é onde se encontra o coração, um estado emocional de pertencer, de segurança e satisfação. Kathleen Martin, em O livro dos símbolos: reflexões sobre imagens arquetípicas

A ação está na experiência dos membros, na dança das formas e no espaço preenchido com a energia da alegria de viver o movimento.

Professoras especialistas: Elizabeth Menezes, Priscila Basile e Joana Egypto

Marcas e fluidez

A pele é território de marcas e experiências. Sensações marcam nosso corpo e dão suporte a uma memória sensível. Os espaços se transformam com a fluidez do corpo que dança, percorre e expande, recolhe e, descalço, descansa.

Professores de Música: Hermelino Neder e Rosyane Saukas

Apreciação, percepção e produção musical.