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EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS - CDC, LEASING, CARTÃO DE CRÉDITO E CHEQUE ESPECIAL NECESSIDADE E PROCURA POR ESTA AÇÃO Atualmente uma das enormes injustiças neste país tem sido a abusividade das instituições financeiras na aplicação de juros em empréstimos bancários, seja ele da forma que for, no empréstimo pessoal (CDC – Crédito Direito ao Consumidor), no Arrendamento Mercantil (Leasing) na compra de veículos ou máquinas, no Cartão de Crédito através de compras parceladas ou no Cheque Especial através de limite em conta. Até pouco tempo atrás, as instituições financeiras gozavam de um certo conforto quando se questionavam os contratos de adesão, ou então as cobranças impostas aos correntistas, que chegavam, e chegam a ser exorbitantes, considerando que estamos em um país que não convive com o chamado “dragão da inflação”. Ocorre que tal situação modificou-se em 2006 com a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado às instituições financeiras. Esta evolução jurisprudencial veio a trazer um equilíbrio na relação consumerista entre bancos e correntistas. Certas disposições encontradas nos contratos de adesão emitido pelos bancos com cláusulas abusivas, estão encontrando obstáculo nos tribunais e já podemos vislumbrar diversas sentenças pelo país afora, determinando que se faça a revisão contratual destes empréstimos, recalculando juros, excluindo cobranças indevidas, reduzindo aplicação de multas, e até ordenando em alguns casos que o banco devolva valores aos seus clientes. É por este motivo, que é importante que todos os colegas busquem através desta nova oportunidade surgida a captação

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EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

- CDC, LEASING, CARTÃO DE CRÉDITO E CHEQUE ESPECIAL

NECESSIDADE E PROCURA POR ESTA AÇÃOAtualmente uma das enormes injustiças neste país tem sido a

abusividade das instituições financeiras na aplicação de juros em empréstimos bancários, seja ele da forma que for, no empréstimo pessoal (CDC – Crédito Direito ao Consumidor), no Arrendamento Mercantil (Leasing) na compra de veículos ou máquinas, no Cartão de Crédito através de compras parceladas ou no Cheque Especial através de limite em conta.

Até pouco tempo atrás, as instituições financeiras gozavam de um certo conforto quando se questionavam os contratos de adesão, ou então as cobranças impostas aos correntistas, que chegavam, e chegam a ser exorbitantes, considerando que estamos em um país que não convive com o chamado “dragão da inflação”. Ocorre que tal situação modificou-se em 2006 com a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado às instituições financeiras.

Esta evolução jurisprudencial veio a trazer um equilíbrio na relação consumerista entre bancos e correntistas. Certas disposições encontradas nos contratos de adesão emitido pelos bancos com cláusulas abusivas, estão encontrando obstáculo nos tribunais e já podemos vislumbrar diversas sentenças pelo país afora, determinando que se faça a revisão contratual destes empréstimos, recalculando juros, excluindo cobranças indevidas, reduzindo aplicação de multas, e até ordenando em alguns casos que o banco devolva valores aos seus clientes.

É por este motivo, que é importante que todos os colegas busquem através desta nova oportunidade surgida a captação de clientes.

DAS IRREGULARIDADES E OUTROS ASPECTOSInicialmente devemos aqui esclarecer alguns pontos a respeito de

certos temas envolvidos neste tipo de revisão, posto que muitos colegas não estão totalmente familiarizados com eles, e é importante, antes de ingressar com esta ação que todos saibam detalhadamente por qual causa estão lutando.

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O QUE SE QUESTIONA:

- JUROS CAPITALIZADOS/ANATOCISMO

- COBRANÇA DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA COM MULTA CONTRATUAL

- LIMITE DE JUROS ANUAIS

- CADASTRO EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO

- INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

- DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE EM DOBRO

Estes são os itens mais importantes e iremos abordá-los um por um:

JUROS CAPITALIZADOS/ANATOCISMO

Um dos pontos de desequilíbrio nos contratos de empréstimo é a capitalização mensal de juros (cobrança de juros sobre juros) prática corrente na maioria das operações bancárias, ocasionando muitas vezes na dificuldade e no impedimento de honrar o contrato de empréstimo.

O nosso ordenamento jurídico, principalmente o Supremo Tribunal de Justiça tem acolhido a proibição da capitalização mensal dos juros pelo art. 4º do Decreto nº 22626/33 e Súmula 121.

Decreto Lei 22626/33 (Lei da Usura):

Art, 4º “é proibido contar juros dos juros, está proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos em conta corrente de ano a ano”.

”Súmula 121:“ é vedada a capitalização, ainda que expressamente convencionada”.

Desta proibição não estão excluídas as instituições financeiras, dado que a Lei 4595/64 e a Súmula 596 não guardam relação com o anatocismo (capitalização mensal) e sim com a taxa de juros.

Não obstante esta vedação, as instituições financeiras têm criado subterfúgios para cobrar juros sobre juros, tais como:

• SFH – a capitalização vem maquiada na Tabela Price, ao utilizar a fórmula exponencial para encontrar a prestação mensal.

• Cheque Especial / Conta Garantida –incorporação de juros ao saldo devedor (já embutido de juros)

• Contrato de Mútuo – utilização da Tabela Price, fórmula exponencial;

• Leasing – utilização da Tabela Price;

• Cartão de Credito - incorporação de juros ao saldo devedor (já embutido de juros).

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Como exemplo da diferença entre juros simples – capitalizados anualmente (Lei 22.626/33) e juros compostos – capitalizados mensalmente, podemos citar:

- Saldo devedor de Cheque Especial no valor de R$10.000,00 a uma taxa de 7,5% ao mês período 2 anos – 24 meses.

Saldo Devedor Cheque Especial

Capitalização Mensal Juros Compostos

Saldo Devedor após 2 anos

Aumento %

R$ 10.000,00 R$ 46.728,74 R$ 56.728,74 R$ 467,28

Saldo Devedor Cheque Especial

Capitalização Anual Juros Simples Lei

22626/33

Saldo Devedor após 2 anos

Aumento %

R$ 10.000,00 R$ 26.100,00 R$ 36.100,00 261%

Medida Provisória nº 1963-17/2000

No tocante a medida provisória nº 1963-17/2000, o art. 5º informa que a partir de 31 de março de 2000, a capitalização mensal de juros, desde que pactuada, é permitida.

Neste caso, deve ser esclarecido, que esta medida provisória é inconstitucional, devido a falta de requisitos de relevância e urgência, posto que atende somente aos interesses das instituições financeiras e não da sociedade. Sendo assim não se pode vislumbrar a matéria de relevante interesse público.

Outro aspecto relevante é que a medida provisória informa que a capitalização mensal de juros é permitida, desde que pactuada, porém somente as Cédulas de Crédito Rural, Industrial e a Cédula de Crédito Bancária trazem em seu bojo a pactuação de juros capitalizados mensalmente.

Diante dos fatos apresentados, além de ser inconstitucional, a medida provisória, deixa de lado todos os contratos que não incluem nas suas cláusulas a pactuação de capitalização. Alguns tribunais têm entendido que é válida a MP 1.963-17, atual MP nº 2.170-36/2001, porém, somente para contratos celebrados a partir de 31.03. 2000.

Atualmente, o que mais se tem visto em sentenças dos tribunais é a desconsideração dos juros compostos, ou juros sobre juros, mandando que o banco recalcule os valores. A Tabela Price é a mais utilizada pelos bancos, e nada mais é do que o sistema de amortização que incorpora juros compostos às amortizações de empréstimos e financiamentos.

COBRANÇA DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA COM MULTA CONTRATUAL

Ensina Arnaldo Rizzardo em Contratos de Crédito Bancário:

“Pela 'permanência do dinheiro com o cliente', sem paga do título correspondente, já se estipularam verbas a que correspondem causas econômicas reais:

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multa e juros. Contra a inflação já há a correção monetária. Logo, o que então se denominou de 'comissão de permanência' não tem causa. A efetividade econômica que lhe corresponderia para manter a integridade da equação econômico-financeira entre mutuante mutuário, seria a desvalorização da moeda. Tanto é assim que, por vezes, a quantia calculada à título de 'comissão de permanência', corresponde à mesma calculada com base na correção monetária. O termo 'permanência', aliás, assim o sugere: "Permanência" de que, o que está a permanecer é o vazio do pagamento: é a subsistência do débito. Para equilibrar essa mora, entretanto, como dito, temos a correção monetária, os juros e a multa.”

Com base neste entendimentos, as instituições financeiras não podem cobrar cumulativamente de seus devedores inadimplentes comissão de permanência, juros moratórios e multa contratual. Esse entendimento, firmado pela Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), passa a orientar os demais julgamentos envolvendo o assunto na Terceira e na Quarta Turma, órgãos julgadores que apreciam matéria relacionada a direito civil no Tribunal.

A decisão foi tomada no julgamento de um recurso – agravo regimental – interposto pelo Banco do Brasil contra julgado anterior que havia proibido a cobrança cumulada. O agravo foi negado por unanimidade pelos integrantes da Segunda Seção. Em seu voto, o relator do caso, ministro Carlos Alberto Direito, fez um breve histórico sobre como o STJ vem enfrentando a questão da comissão de permanência diante da cobrança de outros encargos presentes nos contratos bancários. Ele recordou que, por meio da Súmula nº 30, o Tribunal já havia afastado a possibilidade de cumulação da comissão com a correção monetária.

Em março de 2003, lembrou o relator, a Segunda Seção concluiu o julgamento de um recurso especial (nº 271.214 - RS), no qual foi firmada a orientação de que não é possível cumular comissão de permanência com juros remuneratórios. No julgamento desse recurso, os ministros não analisaram a questão referente à possibilidade de cobrança cumulativa da comissão de permanência com juros de mora e multa. No entanto, o ministro Carlos Alberto Direito ressaltou a existência de vários precedentes das Terceira e Quarta Turmas do STJ no sentido de proibir a cumulação desses encargos.

No agravo regimental interposto no STJ, o Banco do Brasil sustentou a possibilidade de cobrança de juros de mora juntamente com a comissão de permanência. Para tanto, fundamentou seu pedido na Resolução nº 1.129/86 do Banco Central (Bacen). O relator, no entanto, rebateu o fundamento da instituição financeira, ponderando que a análise da questão passa pela apreciação da natureza jurídica dos institutos, e não pela interpretação literal de um ato administrativo – no caso, a resolução do Bacen – que, em sua avaliação, "não pode se sobrepor à lei ou a princípios gerais de direito".

Para o ministro Carlos Alberto Direito, a comissão de permanência tem a finalidade de remunerar o capital e atualizar o seu valor em caso de inadimplência por parte do devedor. Assim, pondera, não é possível a cumulação desse encargo com os juros remuneratórios e com a correção monetária, "sob pena de se ter a cobrança de mais de uma parcela para se atingir o mesmo objetivo".

O ministro sustenta que a cobrança da comissão de permanência não é ilegal, mas só pode ser realizada desde que não seja cumulada com correção monetária nem com juros moratórios. "(...) caso seja pactuada (a comissão de permanência), não pode ser cumulada com os encargos transparentes, criados por lei e com finalidades específicas, sob pena de incorrer em bis in idem (repetição), já que aquela, além de possuir caráter punitivo, aumenta a remuneração da instituição financeira, seja como juros

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remuneratórios seja como juros simplesmente moratórios", diz o ministro.

A decisão da Segunda Seção foi unânime e baseou-se em diversos precedentes do Tribunal. O entendimento dos ministros sobre a questão poderá ser sumulado em breve.

Processo:  RESP 712801

Deste modo verifica-se que há irregularidades nos contratos de empréstimos das instituições financeiras, quando cobram a chamada comissão de permanência juntamente com outras multas e juros.

LIMITE DE JUROS ANUAIS

É importante salientar que este tema ainda está em discussão no Judiciário, em virtude do que será explicado a seguir, portanto, em caso de sentença que não determine o recálculo dos juros anuais ao limite de 12%, não há surpresa alguma pois os entendimentos vem sendo neste sentido, ou seja, de não limitação dos juros.

A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Artigo 192, parágrafo 3º, fixava as taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, em patamares não superiores a 12% ao ano. A cobrança acima desse limite era conceituada, ainda, como crime de usura (Decreto 22.623 de 1933), sendo punido, em todas as suas modalidades, nos termos em que a lei determinar.

Logo, a soma dos juros pactuados e outras verbas remuneratórias, incluindo o que excedia à correção monetária na comissão de permanência, não poderia superar a casa dos 12% ao ano. Nem o fato de existir uma completa omissão legislativa na criação de qualquer lei complementar sobre o assunto, ou ainda, que a mesma viesse a ser editada, conforme disposição expressa no caput do artigo, poderia esta lei, vir a atingir ou modificar esse limite.

Até o advento da Constituição de 1988, a questão da taxa de juros sujeitava-se a um duplo regime. Era vedada a todas as pessoas a estipulação nos contratos das taxas de juros superiores aos 12%, por força do Decreto 22.626/33, mas, todavia, não se aplicavam às instituições do Sistema Financeiro. Com a promulgação da nova "lexis fundamentalis", a mesma cuidou tão-somente de fazer aplicar a todos, inclusive aos bancos e instituições afins, as regras que já vigoravam há muitas décadas para quase todos.

Sendo a taxa anual máxima de juros, prevista na norma constitucional acima descrita, a mesma passou, ao longo do tempo, a ser primordialmente observada pela esfera do Poder Judiciário, pois se tratava de norma constitucional de eficácia jurídica plena e aplicabilidade imediata.

Pois bem, para o consumidor isto significava a principal proteção jurídica, quando fosse necessário efetuar a revisão judicial dos contratos, principalmente os de natureza bancária, e que tivessem cláusulas estipulando taxa de juros com os percentuais sendo aplicados de forma abusiva e acima dos limites fixados.A Emenda Constitucional nº 40, aprovada em 29/05/2003, e publicada no dia 30/05/2003, simplesmente decapitou o Artigo 192, revogando todos os seus parágrafos e incisos. Isso significa dizer que o cidadão e, principalmente, o consumidor, mais uma vez vai perder, pois a proteção até então dada pela nossa Carta Magna, lei hierárquica maior da Nação, foi aniquilada. Para o operador do direito, os argumentos jurídicos aplicados na defesa dos interesses dos seus clientes, e que norteavam as teses da auto-aplicabilidade imediata e a plena eficácia daquela norma constitucional, também foram para o espaço,

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sem contar ainda nas diversas decisões jurisprudenciais que a tratavam como norma autônoma, e assim criavam um direito plenamente exercitável no círculo do Sistema Financeiro, delimitando a taxa de juros independente de qualquer lei ou norma jurídica posterior.

Agora, todo o ordenamento infraconstitucional preexistente sobre o assunto, e que antes não encontrava recepção, pois colidia com a norma constitucional, que tinha efeito revogador, volta a ter eficácia imediata, como a legislação específica que permite às instituições financeiras a cobrança de juros acima do limite de 12%, tendo inclusive a anuência do STF, através da súmula 596 de 1976.

E mais, se antes podíamos trabalhar e acreditar que enquanto vigente aquele limite constitucional, o mesmo tinha que ser respeitado e cumprido, gerando o equilíbrio financeiro e econômico, agora, podemos voltar a ter uma desorganização da economia, num país que vive sobre a sombra do caos social e viciado nos temores da ciranda inflacionária.

Finalizando, a nossa esperança, uma luz no final do túnel, corre por conta de que por força do Artigo 25 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal, o Poder Executivo não tem competência, nem autorização para normatizar em matéria financeira, sendo de competência do Congresso Nacional, o que de certa forma, evita uma possível avalanche de medidas e normas de interesse puramente setorizado.

Assim, é de se esperar que o assunto volte a ser discutido, principalmente pela sociedade e órgãos de defesa do consumidor, para que sejam criados novamente, os padrões lógicos e éticos, que uma sociedade organizada deve ter, na aplicação e convivência do seu povo com o seu sistema financeiro.

CADASTRO EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO

Também pede-se na petição, quando já houver sido incluído o nome do correntista nos órgãos de proteção, que o seu nome seja retirado imediatamente deste cadastro. Há opção também de se pedir que o banco seja impedido de incluir o nome, caso esteja em vias de fazê-lo. Isso ocorre quando ainda não foi tomada esta medida, ou seja, é um pedido de caráter protetivo, haja visto que será pedida a revisão contratual.

O principal argumento é que a dívida está sendo ou será discutida judicialmente, ou seja, ela ainda não é definitiva em virtude de cobranças abusivas que serão analisadas a contento na via judicial.

Deste modo, se as alegações do correntista vierem a ser consideradas fundadas, a restrição ao seu nome também é invalidada, posto que então, ele não devia valores, ou ainda, devia valores menores, aos quais poderia arcar, o que ocasionaria a sua não restrição.

Este é um argumento muito forte que os colegas poderão utilizar para com o cliente, tentando o seu convencimento para que ingresse com a ação. Os juízes de modo geral têm concedido tal pedido até que se chegue a uma sentença final que conclua pelo direito de uma ou de outra parte na lide.

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Este é outro argumento fortíssimo quando ingressamos com ações contra as instituições bancárias. Até 2006 o Código de Defesa do Consumidor ainda não tinha aplicação consolidada juridicamente aos contratos bancários (veja texto mais adiante), contudo, depois do julgamento final no STF, tal aplicação ficou pacificada definitivamente.

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A inversão do ônus da prova expressamente prevista em lei ocorre também por força da qualidade de consumidor de serviço de que se reveste o correntista, nos moldes da Lei n. 8.078/90- verbis:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, INCLUSIVE COM A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou QUANDO FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, seguindo as regras ordinárias de experiências.

REQUISITOS PARA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Critério do juiz

 A observância da regra sobre a inversão do ônus da prova restou destinada à decisão judicial, ope judicis, o que não significa agir com discricionariedade, a qual consiste na conveniência e oportunidade da decisão. Isso se infere de uma rápida verificação do significado semântico da palavra critério que significa “aquilo que serve de norma para julgamento”, é o “discernimento” pelo qual se “pode distinguir o erro da verdade”. O que é diverso de discricionário que designa arbitrariedade.

No processo civil o juiz está adstrito à legalidade, portanto deve motivar suas decisões objetivamente. Assim, no âmbito do CDC, o juiz manifestar-se-á sempre pela inversão, presente a verossimilhança das alegações do consumidor ou sua hipossuficiência, realizando juízos de valor apenas acerca da presença dos requisitos exigidos.

Essa é a delimitação usual para termo tão etéreo – critério do juiz- constante na norma. Tendo em vista não ser este o único dispositivo em que o legislador preferiu a abstração a delinear critérios estáticos. Assim, deve o juiz ser norteado pelo princípio da razoabilidade e agir com bom senso no momento da decisão. Prerrogativas, estas, inerentes ao cargo (“presume-se”).

Verossimilhança das alegações

Na avaliação deste requisito, deve-se observar, também, o princípio da razoabilidade, vale dizer, deve haver bom senso por parte do juiz, tendo em vista a amplitude do conceito, o qual resta na esfera do provável, e não do absolutamente verdadeiro.

A verossimilhança é um patamar na escala do convencimento, a qual não exige a certeza da verdade, porém deve existir uma aparente verdade - deve haver, sobretudo, argumentos plausíveis - demonstrada nas alegações do autor, que uma vez analisadas sob as regras da experiência do julgador, bem como contrapostas à contestação, sejam capazes de ensejar a inversão.

Hipossuficiência

Do conceito de consumidor constante na obra de Cláudia Lima Marques: “Quando se fala em proteção do consumidor, pensa-se, na proteção do não-profissional que contrata ou se relaciona com um profissional, comerciante, industrial ou profissional liberal. É o que se costuma denominar de noção subjetiva do consumidor”, infere-se que a designada hipossuficiência não é apenas econômica, mas técnica também.

Além disso, as palavras de Cecília Matos, citada por Kazuo Watanabe:

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“A hipossuficiência, característica integrante da vulnerabilidade, demonstra uma diminuição de capacidade do consumidor, não apenas no aspecto econômico, mas social, de informações, de educação, de participação, de associação, entre outros”, corroboram o exposto.

Assim, este requisito insere-se no contexto da proteção colimada pelo CDC, como opção ao julgador para inverter o ônus da prova, quando não houver derradeira configuração da verossimilhança das alegações, visto que a majoritária doutrina entende que a conjunção “ou”, constante no dispositivo, tem sentido alternativo.

A inversão do ônus da prova possibilitará, por exemplo, que o banco traga os extratos bancários do período, onde constará os valores cobrados de juros e multas, pois muitas vezes os bancos não emitem tais extratos por solicitação do correntista, que fica impossibilitado de saber ao certo qual o valor já pago, o valor devido, a porcentagem de juros, etc.

No caso de cartão de crédito tem-se o mesmo entendimento, ou seja, às vezes o cliente não possui as faturas, e a inversão do ônus da prova possibilitará que a operadora do cartão traga aos autos as faturas de débito e pagamentos.

Assim também quando é necessário apresentar o contrato de empréstimo ou o contrato de adesão, visto que a grande maioria dos correntistas nunca viu tal contrato, fazendo operações de empréstimo muitas vezes pelo meio eletrônico, nos caixas rápidos ou pela Internet, no home banking.

A abertura de crédito no país favoreceu em muito a sociedade, porém, deu brechas para que as instituições financeiras pudessem agir da forma como agem, ou seja, fechando contratos virtuais em que somente o banco sabe quais os juros cobrados.

DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE EM DOBRO

O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, determina, no artigo 42, parágrafo único, que a devolução dos valores indevidamente cobrados deve se dar em dobro, sem prejuízo da incidência de correção monetária e juros legais.

A este respeito, pertinente a lição de Paulo Andreatto Bonfim:

"(...) o ordenamento jurídico pátrio é contumaz em estabelecer diretrizes para salvaguardar os direitos daqueles que são lesados nas relações intersubjetivas, seja de cunho civil, seja no âmbito das relações de consumo.

 Mister destacar o dispositivo do Código Civil (Lei nº 10.406/2002) atinente à matéria:

Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.’

  Na esfera específica das relações de consumo, que envolvem o presente estudo, a proteção é igualmente positivada e acrescida de um ‘agravante’ consubstanciado no dever não só de restituir os valores indevidamente cobrados, mas, de fazê-lo em dobro.

 É o que se verifica da leitura do artigo 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor:

 ‘Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

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 Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.’

  Revela-se nítido, portanto, o direito dos consumidores de ver restituídos os valores indevidamente pagos a título de juros cobrados abusivamente, sendo que o prazo prescricional, neste caso, não é aquele estabelecido no artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor, haja vista limitar-se à reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço.

    Deveras, ante a inexistência de previsão específica em relação ao prazo prescricional para restituição dos valores pagos indevidamente aplica-se o disposto no artigo 205, "caput", do Código Civil, que estipula o lapso temporal de 10 (dez) anos (que deverá ser analisado em conjunto com o artigo 2.028 do Código Civil). Isto vale para valores pagos ao banco dentro deste lapso.

Assim, têm os consumidores o direito de obter a restituição, em dobro, dos valores indevidamente pagos desde o pagamento dos valores às instituições financeiras, observado, por óbvio, o prazo prescricional citado, até o momento em que for decretada a ilicitude da cobrança.

   Igualmente interessantes são as observações de Nehemias Domingos de Melo:

   "A repetição do indébito já se encontrava previsto no vetusto Código Civil de 1916, que em seu art. 964 previa que aquele que recebesse o que não lhe era devido, ficava obrigado a restituir a quantia. Por certo que o texto legal em comento, simplesmente zelava pelo princípio da boa-fé objetiva, vez que a ninguém é dado o direito de enriquecer-se ilicitamente, filosofia que é seguida pelo novo Código Civil. Aliás, neste particular aspecto o Código Civil de 2002, em seu art. 884, manteve a determinação de obrigar a restituição àqueles que tenham enriquecido indevidamente à custa de outrem.

    Nesse diapasão a Lei Consumerista prescreve que aquele que for cobrado por quantia indevida, tem direito de repetir o indébito e em dobro (art. 42, § único).

    Nesse norte, é importante registrar que estamos diante de uma nulidade em face de cláusula abusiva que, sendo matéria de ordem pública (art. 1°, CDC), o que nos leva a considerar que a nulidade de pleno direito das cláusulas abusivas nos contratos de consumo não é atingida pela preclusão, de modo que pode ser alegada no processo a qualquer tempo e, de outro lado, como o Código de Defesa do Consumidor não fixou prazo para o exercício do direito de pleitear a nulidade das cláusulas abusivas, temos como conseqüência que a ação é imprescritível. Da mesma forma o novo Código Civil, em seu art. 169, estabeleceu que ‘o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo’.

Acrescente-se ainda, que tal devolução deverá se dar em dobro e devidamente corrigido monetariamente e com juros legais, contados desde a data inaugural do ato ilícito, conforme expressamente autorizado pelo art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.

Conclui-se, portanto, que, em vista da ilegalidade da cobrança pelas instituições bancárias, devem os valores ser restituídos aos correntistas/consumidores, em dobro, conforme determina o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.

O pedido não está contemplado nas iniciais, posto que a questão é

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controvertida e é opção do colega também fazer este pedido ou não. Importante é salientar que havendo o pedido em dobro, haverá uma grande diferença nos valores da ação, e em conseqüência nos honorários finais de nossa parte.

O nome da ação neste caso será sempre “CUMULADO COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO”.

DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDORBancos estão sujeitos ao Código do Consumidor, diz STF

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os bancos estão sujeitos às regras do Código de Defesa do Consumidor na relação com seus clientes. Por maioria, os ministros julgaram improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade 2591 contra o parágrafo 2º do artigo 3º do CDC. O dispositivo inclui no conceito de serviço abrangido pelas relações de consumo as atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.

O ministro Cezar Peluso entendeu que o Código de Defesa do Consumidor se restringe às relações de consumo entre os bancos e os clientes. Para ele, não há como sustentar que o CDC teria derrogado a legislação referente ao Sistema Financeiro Nacional. O ministro Marco Aurélio também entendeu que o CDC não implica risco para o SFN, e também julgou improcedente a ADI.

Para o ministro Celso de Mello, as atividades econômicas estão sujeitas à ação de fiscalização e normativa do Poder Público, pois o Estado é agente regulador da atividade negocial e tem o dever de evitar práticas abusivas por parte das instituições bancárias.

Nesse sentido, Celso de Mello entende que o Código de Defesa do Consumidor cumpre esse papel ao regulamentar as relações de consumo entre bancos e clientes. O ministro acrescentou que o Sistema Financeiro Nacional sujeita-se ao princípio constitucional de defesa do consumidor e que o CDC limita-se a proteger e defender o consumidor, "o que não implica interferência no SFN".

A presidente da Corte, ministra Ellen Gracie, também acompanhou a posição da maioria. Ao final registraram-se apenas as posições divergentes do relator, ministro Carlos Velloso, e do ministro Nelson Jobim, ambos já aposentados, que consideraram a ADI parcialmente favorável. Jobim considerou que devem ser diferenciadas as operações e os serviços bancários, e que o CDC só se aplica a estes.

Repercussão

De acordo com Maria Inês Dolci, coordenadora de relações institucionais da associação Pro Teste — instituto que atua na defesa dos direitos do consumidor — a decisão do STF significa que quem fechar contrato com bancos ou financeiras poderá, por exemplo, pleitear a anulação de cláusulas que impliquem em obrigações excessivamente onerosas ou exigir a limitação a 2% da multa decorrente do atraso de pagamento nos contratos de financiamento ou de concessão de crédito.

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O ponto mais importante da decisão do STF, para a especialista, é que ela legitima a aplicação de normas e princípios que foram significativamente inovadores no Direito brasileiro, como a que reconhece a vulnerabilidade do consumidor e o dever do fornecedor de agir com transparência para se estabelecer o equilíbrio e a harmonia entre as partes contratantes.

Voto a voto

Em dezembro de 2001, a Confederação Nacional de Instituições Financeiras entrou no Supremo com a Ação Direta de Inconstitucionalidade do parágrafo 2º do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor. O parágrafo em questão define o que é “serviço”, para efeitos do Código: “serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.

Em abril de 2002, a ADI entrou em julgamento e o relator da ação, ministro Carlos Velloso, a acolheu em parte. Velloso entendeu que o CDC não conflita com as normas que regulam o Sistema Financeiro e deve ser aplicado às atividades bancárias. No entanto, ressalvou a incidência do Código quando se tratar da taxa dos juros reais nas operações bancárias, bem como a sua fixação em 12% (doze por cento) ao ano. Essa matéria, segundo entendeu Velloso, é exclusiva do Sistema Financeiro Nacional e deve ser regulada por lei complementar.

Em seguida votou o ministro Néri da Silveira, que julgou totalmente improcedente o pedido formulado pela Consif. O ministro Nelson Jobim pediu vista do processo, permanecendo com ele durante três anos e sete meses. A matéria voltou à pauta de julgamento do STF em março de 2006. Jobim acompanhou o entendimento do ministro Velloso. Diferenciando as operações bancárias dos serviços bancários, concluiu que o CDC só se aplica a estes.

Pedido de vista do ministro Eros Grau suspendeu novamente o julgamento que foi retomado em 4 de maio. Eros Grau seguiu a posição de Nery da Silveira, que considerou improcedente a ADI da Consif. Grau argumentou que “a relação entre banco e cliente é, nitidamente, uma relação de consumo”. Sustentou também que é “consumidor, inquestionavelmente, toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito”. Ressalvou, no entanto, que cabe ao Banco Central exercer “o controle e revisão de eventual abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da taxa de juros, no que tange ao quanto exceda a taxa base [de juros].”

O mesmo entendimento foi adotado pelos ministros Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence que, após o pedido de vista de Cezar Peluso, decidiu antecipar o voto. Ao votar, Pertence observou que após a revogação do parágrafo 3º do artigo 192 da Constituição Federal pela Emenda 40/2003, o voto do ministro Carlos Velloso “perdeu a sua base positiva”. O dispositivo limitava a taxa anual de juros a 12%.

Page 12: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Você poderá consultar a decisão no site www.stf.gov.br e a decisão ocorreu no final de 2006, sendo que nas petições poderá ser incluído na fundamentação esta decisão, para que se aplique o Código de Defesa do Consumidor, apesar de ser notória e conhecida esta decisão por todos os magistrados.

QUESTÕES PERTINENTES AO CONTRATO DE LEASING/ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Ao optar pelo sistema de leasing para adquirir um bem, o consumidor deve ficar bem atento, pois essa modalidade de financiamento esconde armadilhas perigosas.

O leasing foi criado com o objetivo de facilitar o consumidor, beneficiando-se da utilização do bem e poder optar no final, dentre outras alternativas por ficar com o dito bem após o pagamento do Valor Residual Garantido (VRG).

Optando o consumidor pela devolução do bem ainda que tendo pago antecipadamente o VRG, terá direito ao que antecipou com as devidas correções.

Em caso de perda total do bem em processo de aquisição por meio de leasing, o consumidor não é obrigado a pagar as parcelas que faltam e, se essas já tiverem sido pagas indevidamente, terá o direito de receber de volta e EM DOBRO o que pagou.

No caso do leasing em dólar, o Superior Tribunal de Justiça determinou o valor do câmbio em R$ 1,21 e correção pelo INPC de forma que qualquer cobrança em índice de correção diferente enseja ação contra a empresa de leasing com pedido de devolução EM DOBRO do que tiver sido pago a mais.

Os Tribunais já estão admitindo que a busca e apreensão de veículos não é admissível se a financeira cobra juros abusivos e o veiculo é utilizado para trabalho, dele dependendo o usuário para sua manutenção e de sua família.

Em decisões que se espalham pelo país está ocorrendo a revogação da decisão de busca e apreensão mediante interposição de ação revisional, impedindo assim que o veiculo seja apreendido e permitindo que ele permaneça na posse do usuário no curso da ação.

Portanto, se o seu cliente não está conseguindo pagar as parcelas do LEASING, deverá entrar com a ação revisional do contrato de forma rápida, pois, nas Varas Judiciárias as instituições financeiras ingressam com o pedido de busca e apreensão, que é deferido de pronto, até nas Varas mais volumosas de processos, em até 15 dias.

O pedido de revisional pode pedir a revogação da busca e apreensão em sede de tutela antecipada, fazendo com o bem volte ao arrendatário até decisão final sobre a questão das cláusulas e juros abusivos, ou ainda, pedir que a instituição financeira se abstenha de requerer a busca e apreensão em virtude da discussão judicial

Page 13: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que se interpõe.

Estes são detalhes importantes cabíveis de serem apontados aos colegas antes do ingresso da ação. Importante frisar que a petição inicial trazida neste material não contém a parte do questionamento dos juros cobrados, como limite de juros anuais, juros capitalizados, cobrança de comissão de permanência e outras questões, bastando que o colega utilize a mesma abordagem de cláusulas abusivas contida na petição Revisional de Cartão de Crédito, CDC ou CHEQUE ESPECIAL.

CABIMENTO DA AÇÃO REVISIONAL E PRESCRIÇÃO

Este tipo de revisional, seja para Cartão de Crédito, Cheque Especial, CDC ou Leasing, sempre caberá para quem tem dívida ou já as teve com a instituição financeira e efetivamente quitou-as. Também será cabível para aqueles clientes que realizaram uma renegociação de dívida, uma novação do contrato através de um novo parcelamento ou negociação de valores. Estes valores também podem conter juros abusivos e também merecem apreciação do Judiciário.

Importante é sempre atentar para o prazo prescricional no caso de quem já teve dívidas e quitou com a instituição. O prazo é de 10 anos conforme o artigo 205 do Novo Código Civil. É possível pleitear a revisão dos valores de contrato já findado, para verificação se os valores foram abusivos ou não.

Para os clientes que estão em situação de débito, não há o que se falar. É sensato ingressar com a ação revisional o mais breve possível. Todos são clientes em potencial para captarmos.

VANTAGENS PARA O NOSSO CLIENTE E COBRANÇA DE HONORÁRIOS

Sempre haverá vantagem para o cliente procurar um advogado e ingressar com este tipo de revisional, não só pela guarida que os tribunais têm dado à questão e até pela decisão do STF, mas, sim pela diminuição do valor das parcelas ou juros a partir do ingresso da ação.

Se não houver suspensão do pagamento à instituição financeira num primeiro momento, o que já seria de grande valia, pode haver a proposta de um pagamento conforme entender-se correto, sem a aplicação, por exemplo, de juros capitalizados (isto para pagamentos parcelados no caso de leasing).

Para as dívidas já concretizadas, haverá a suspensão imediata do pagamento de qualquer valor (para CDC, CHEQUE ESPECIAL E CARTÃO DE CRÉDITO), portanto, a cobrança de valores de honorários irá depender muito de cada colega e do perfil de cada cliente, podendo ser mensal ou somente ao final do processo. Nos casos em que não se prevê o pagamento de parcelas e sim de dívida total, muitos colegas tem optado por ingressar com a ação mediante o pagamento de uma

Page 14: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

porcentagem ou valor fechado de início e honorários ao final sobre o valor “economizado” pelo cliente. Se for LEASING e for recalculado um novo valor de parcela, o advogado poderá cobrar um valor mensal, que somado ao valor da nova parcela não ultrapasse o valor cobrado pela instituição.

CÁLCULO PERICIAL

Num primeiro momento, o ingresso da ação pode ser feito sem a apresentação de laudo contábil, posto que o Consumidor é hipossuficiente. Em segundo momento haverá o pedido judicial, e os valores de custo de perito pode ser partilhado entre as partes de forma igual se houver procedência em parte apenas no pedido.

Também não será possível a execução de cálculos se não houverem documentos hábeis para que o mesmo seja realizado, o que será resolvido dentro da ação com a inversão do ônus da prova, determinando que a instituição apresente extratos, faturas, etc.

No entanto, até por questão de segurança, a sugestão é que se apresente cálculos periciais no ingresso da ação, até para que o magistrado possa vislumbrar a diferença de valores. Isto também é fundamental para que o colega advogado possa também verificar sobre quais valores poderá cobrar de seu cliente, sabendo de antemão sobre qual base financeira poderá atuar.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA O INGRESSO DA AÇÃO

- CÓPIA DE RG, CPF E COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA;- SE FOI NEGATIVADO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO, CÓPIA DA CERTIDÃO;- CÓPIA DOS EXTRATOS E CONTRATO NO CASO DE CHEQUE ESPECIAL;- CÓPIA DAS FATURAS NO CASO DE CARTÃO DE CRÉDITO;- CÓPIA DO CONTRATO E COMPROVANTES DE PAGAMENTO DE PARCELAS NO CASO DE LEASING;- CÓPIA DO CONTRATO NO CASO DE CDC;- EM TODOS OS CASOS, APRESENTAR SEMPRE O COMPROVANTE DE QUALQUER PAGAMENTO EFETUADO À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA;- CÁLCULO PERICIAL APONTANDO O VALOR REAL DO DÉBITO, COM A EXCLUSÃO DAS COBRANÇAS INDEVIDAS;- NO CASO DE RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS, DEVERÁ SER APRESENTADO O CONTRATO INICIAL E O CONTRATO DE RENEGOCIAÇÃO.

OBSERVAÇÃO: QUALQUER DOCUMENTO DE QUE NÃO DISPONHA, PODERÁ SER SOLICITADO NA PETIÇÃO, ATRAVÉS DO PEDIDO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

MODELOS DAS PETIÇÕES INICIAIS

REVISIONAL DE CARTÃO DE CRÉDITO

Page 15: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA VARA CÍVEL DE SÃO PAULO- SP.

Embora as instituições financeiras possam praticar

juros de mercado, é defesa a capitalização mensal

ou semestral dos juros em contrato de abertura de

crédito em conta corrente ou de mútuo, ou mesmo

de dívida decorrente de cartão de crédito, ainda que

de forma convencionada(TJRJ - ApC 200500153027 -

12ªC.Civ. - Relª.Desª. Elisabete Filizzola - DJRJ

25.01.2006)

ELIZABETE .X.X.X .X.X.X TIMBÓ, brasileira, casada,

maior, residente e domiciliada na Rua .........., nº ..... – Fortaleza(CE), possuidora

do CPF(MF) nº. x.x.x.x.x., por seu advogado abaixo assinado(procuração anexa),

vem, com o devido respeito a V. Ex.ª., interpor, sob a égide dos arts. 138 esob a égide dos arts. 138 e

segs., 591, todos do Código Civil, arts. 5º, incisos II, V e X, 48, inc. XIII, 192,segs., 591, todos do Código Civil, arts. 5º, incisos II, V e X, 48, inc. XIII, 192,

caput e § 3º; ADCT, art. 25, inc. I, da Carta Política; Art. 4º inc. IX, 40, IX, dacaput e § 3º; ADCT, art. 25, inc. I, da Carta Política; Art. 4º inc. IX, 40, IX, da

lei 4.595/64 Dec. Lei nº. 22.626/33(Lei da Usura), art. 4º e 6º Lei Federal nº.lei 4.595/64 Dec. Lei nº. 22.626/33(Lei da Usura), art. 4º e 6º Lei Federal nº.

8.078/90(8.078/90(Código de Defesa do ConsumidorCódigo de Defesa do Consumidor)),, promover a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DEAÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,

Page 16: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

em desfavor de .X.X.X ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA,

sociedade empresária de direito privado, estabelecida na ...................., inscrita no

CNPJ(MF) sob o nº ..............., em decorrência das justificativas de ordem fática e

de direito abaixo delineadas:

I - RESENHA FÁTICAI - RESENHA FÁTICA

A Promovente celebrou com a Ré, pacto de adesão a

Contrato de Cartão de Crédito, o qual detém o seguinte nº. .x.x.x.x, onde

“7. As relações entre o titular da conta e a .x.x.x.x.

são regidas por contrato registrado nos Cartórios

de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo

e Rio de Janeiro.”(disposições insertas no verso

das faturas .x.x.x.x – cópia anexa)

Deduz-se, de antemão, que Deduz-se, de antemão, que a Autora não tevea Autora não teve

conhecimento, prévio, do teor completo do pacto firmado, o que será debatido

em linhas posteriores, no tocante à anomalia encontrada em tal conduta.

A Promovente, de outro turno, durante longo período

usou o cartão de crédito ora aludido, quando foi abruptamente colocada diante das

exorbitante e ilegais taxas cobradas pela empresa acima citada, resultando, no

fatídico desfecho de sua inadimplência onde agora encontra-se.

Ao que se percebe do exemplo de extrato ora

acostado(doc. 01), a Promovida, abusivamente, chegou a cobrar taxas mensais

de quase .x.x%(.x.x.x.x.) ao mês, muito além do que legalmente permitido.

Ademais, a Ré, numa atitude severa e ríspida, inseriu o

nome da Autora nos órgãos de restrições, numa manobra corriqueira de tentar,

Page 17: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

pela via reflexa, levar a Autora a pagar seu débito diante desta cobrança abusiva e

humilhante.

Fato de se destacar, Excelência, é que a referida

contratação veio de, sobretudo, dissimular a existência de juros

capitalizados(anatocismo), juros remuneratórios além do patamar legal e outros

encargos contratuais ilegais, onde resultou na incômoda situação da Autora pagar

além do que foi pactuado durante longo período.

Será provado, mais, que a dívida fora, em sua grande

parte, já quitada, senão por completa.

HOC IPSUM EST.

III - MERITUM CAUSAEIII - MERITUM CAUSAE

a) EXISTÊNCIA DISSIMULADA DE JUROS CAPITALIZADOS NA CONTRATAÇÃO.

Pacífico, atualmente, que as empresas

de cartões de crédito são consideradas instituições

financeiras.

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO

REVISIONAL. CARTÃO DE CRÉDITO. JUROS

REMUNERATÓRIOS. AGRAVO IMPROVIDO. "As

empresas administradoras de cartão de crédito

são instituições financeiras e, por isso, os juros

Page 18: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

remuneratórios por ela cobrados não sofrem as

limitações da Lei de Usura." (Verbete n. 283 da

Súmula do STJ). Excetuando-se os créditos

incentivados - crédito ruraI, comercial e industrial

-, é desnecessária a comprovação de prévia

autorização do CMN para a cobrança de juros

remuneratórios acima do limite legal. Eventual

abusividade da pactuação dos juros

remuneratórios deve ser cabalmente

demonstrada em cada caso, com a comprovação

do desequilíbrio contratual ou de lucros

excessivos, sendo insuficiente o só fato de a

estipulação ultrapassar 12% ao ano ou de haver

estabilidade inflacionária do período (REsp's ns.

271.214/RS, 407.097/RS e 420.111/RS).

Subsistentes os fundamentos do decisório

agravado, nega-se provimento ao agravo. (STJ -

AgRg no REsp 694031/RS - 4ª T. - Rel. Min. Cesar

Asfor Rocha - DJU 06.06.2005 p. 343)

Entrementes, devemos sopesar que

esse aspecto jurídico não as autoriza a cobrar taxas além

das cobradas pelo mercado e, mais, sobretudo, exigir

juros de forma capitalizada mensalmente.

Page 19: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO. CARTÃO DE

CRÉDITO. JUROS. CLÁUSULA MANDATO.

COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MULTA.

ANATOCISMO. CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM

DOBRO. DANO MORAL. Ação revisional em face

de administradora de cartão de crédito

incorporada por instituição financeira com pedido

de indenização por danos morais e repetição em

dobro, onde a Autora sustenta a cobrança de

juros e taxas abusivas, além de cobrança em

excesso e de forma vexatória. E válida a cláusula

constante do contrato de cartão de crédito, que

autoriza a administradora a captar recursos em

favor do contratante, para financiar o saldo

devedor relativo às despesas por ele realizadas

no período, repassando-lhe os encargos

incidentes sobre o capital (Verbete de Súmula n.º

77 do TJRJ). No que tange à comissão de

permanência, a jurisprudência do STJ é no

sentido de que é vedada a cobrança da comissão

de permanência com os juros moratórios e com a

multa contratual, ademais não tem cabimento a

sua cumulação com a correção monetária e com

os juros remuneratórios, a teor das Súmulas n.º

30, n.º 294 e n.º 296 da Corte. A multa contratual

de mora não pode ser superior a 2%, a teor do

Page 20: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que dispõe o artigo 52, § 1º, do CDC. No tocante

aos juros a questão encontra-se pacificada no

Egrégio STJ que, por meio do verbete da Súmula

283, dispôs que: "As empresas administradoras

de cartão de crédito são instituições financeiras

e, por isso, os juros remuneratórios por elas

cobrados não sofrem as limitações da Lei de

Usura." Embora as instituições financeiras

possam praticar juros de mercado, é defesa a

capitalização mensal ou semestral dos juros em

contrato de abertura de crédito em conta corrente

ou de mútuo, ou mesmo de dívida decorrente de

cartão de crédito, ainda que de forma

convencionada. O Egrégio Orgão Especial deste

Tribunal, na Argüição de Inconstitucionalidade n.º

10/2003, à unanimidade de votos, julgou

procedente a Argüição para acolher a

inconstitucionalidade do artigo 5º e seu parágrafo

único, da Medida Provisória nº 2.170-36/2001,

restando induvidosa a ilegalidade na prática de

anatocismo. O parágrafo único do artigo 42 do

CDC que prevê que o consumidor cobrado em

quantia indevida tem direito à repetição do

indébito, por valor igual ao dobro do que pagou

em excesso, se refere à cobrança extrajudicial

que expõe a ridículo, constrangimento ou a

ameaça o consumidor, o que não ocorreu na

Page 21: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

hipótese desses autos. Ademais, o dispositivo

não se aplica quando o objeto da cobrança está

sujeito à controvérsia na jurisprudência dos

Tribunais. A alegação de cobrança vexatória e

ofensa à dignidade da Autora em razão de

cobranças por prepostos da Ré não restou

demonstrada, sendo incabível a reparação a título

de dano moral. RECURSO PROVIDO, EM PARTE.

(TJRJ - ApC 200500153027 - 12ªC.Civ. - Relª.Desª.

Elisabete Filizzola - DJRJ 25.01.2006)

Neste diapasão, à luz da pequena amostra de extratos Neste diapasão, à luz da pequena amostra de extratos

ancorados pela Autora com a inicial, percebe-se, às claras, que a Ré, de forma ancorados pela Autora com a inicial, percebe-se, às claras, que a Ré, de forma

sorrateira, embutiu e dilui nas parcelas, sorrateira, embutiu e dilui nas parcelas, juros de forma capitalizadajuros de forma capitalizada, em período , em período

inferior a um ano, o que veio a onerar sobremaneira o pacto. inferior a um ano, o que veio a onerar sobremaneira o pacto.

O objeto, portanto, não era lícitoO objeto, portanto, não era lícito, posto que, em , posto que, em

consonância com a Súmula 121 do Egrégio Supremo Tribunal Federal e Súmula consonância com a Súmula 121 do Egrégio Supremo Tribunal Federal e Súmula

93 do Superior Tribunal de Justiça, ainda ajoujado ao que reza a Lei da 93 do Superior Tribunal de Justiça, ainda ajoujado ao que reza a Lei da

Usura(Dec. Lei nº. 22.626./33), não é permitido capitalizar juros, em período Usura(Dec. Lei nº. 22.626./33), não é permitido capitalizar juros, em período

menor de um ano, o que não foi o caso.menor de um ano, o que não foi o caso.

Código Civil

Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:

Page 22: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou

determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 591 – Determinando-se o mútuo a fins

econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,

sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a

que se refere o art. 406, permitida a capitalização

anual.

Decerto, portanto, que houvera, em relação a Autora, Decerto, portanto, que houvera, em relação a Autora,

vício de consentimentovício de consentimento, posto que na realidade, há, disfarçadamente, de sorte a , posto que na realidade, há, disfarçadamente, de sorte a

ludibriar o consumidor, uma taxa efetiva. A ludibriar o consumidor, uma taxa efetiva. A Tabela PriceTabela Price fora utilizada e isto, fora utilizada e isto,

jamais a Promovente tinha conhecimento, senão alguns poucos afetos às ciênciasjamais a Promovente tinha conhecimento, senão alguns poucos afetos às ciências

exatas o conseguem visualizar a capitalização, no caso mensal. exatas o conseguem visualizar a capitalização, no caso mensal.

Código Civil

Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos,

quando as declarações de vontade emanarem de

erro substancial que poderia ser percebido por

pessoa de diligência normal, em face das

circunstâncias do negócio.

Deve ser anulada esta forma de remuneração, e, por

via de conseqüência, a capitalização mensal encontrada.

Page 23: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

O Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico quandoO Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico quando

entendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da Usura(Decretoentendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da Usura(Decreto

nº. 22.626/33):nº. 22.626/33):

“Art. 4º - É proibido contar juros dos juros; esta

proibição não compreende a acumulação de juros

vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de

ano a ano.”

ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO

II Não discrepa desta orientação, urge asseverar, osNão discrepa desta orientação, urge asseverar, os

doutrinadores, pois que, consoante as linhas de doutrinadores, pois que, consoante as linhas de ORLANDO GOMESORLANDO GOMES::

“Na determinação contratual dos juros, a

intervenção legal não se limita à fixação da maior

taxa que pode ser estipulada. Dentre as proibições

estatuídas, importa salientar a que visa a conter o

anatocismo. Não permite a lei que se adicione juros

ao capital para o feito de se contarem novos juros.

De outro turno, leciona De outro turno, leciona WASHINGTON DE BARROSWASHINGTON DE BARROS

MONTEIROMONTEIRO que: que:

“Segundo o art. 4º, é proibido contar juros dos

juros, mas a proibição não compreende a

acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos

em conta corrente de ano a ano. “

(...)

Page 24: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“É o que se chama anatocismo(do grego ana e

tokizo - produção de interesses, ANDRÉIA

TORRENTE, Manual de Direito Privado, pág. 309). O

anatocismo ou capitalização de juros acarreta

como conseqüência o aumento enorme da dívida.

Se supusermos obrigação de dez mil pesos, diz

SALVAT(Tratado de Decreto Civil Argentino, III,

Tomo I, nº 499), à taxa de 8% anuais, capitalizáveis

anualmente, a obrigação estará dobrada em nove

anos(aos nove anos, 19.900 pesos - capital

dobrado), aos quatorze anos 29.372 pesos - capital

triplicado) aos dezoito anos, 39.960 pesos - capital

quadruplicado.”

Destarte, Destarte, sobre a capitalização ilegal incidiram todossobre a capitalização ilegal incidiram todos

os encargos, inclusive, resta saber, cumulativamente sobre a taxa deos encargos, inclusive, resta saber, cumulativamente sobre a taxa de

permanência exorbitante e os juros dos contratospermanência exorbitante e os juros dos contratos, o que é inadmissível. , o que é inadmissível.

O ANATOCISMO CONFIGURADO

A instituição financeira acionada, com a finalidade de

concretizar a relação de contratual, concedeu o crédito com juros

remuneratórios de forma capitalizada, em período inferior a um ano, o que é

vedado por lei. Configurou-se, certamente, cobrança de juros capitalizados em

períodos inferiores ao estabelecido no art. 4o. do Decreto no. 22.626/33, o que é

vedado em lei, gerando nulidade absoluta e, conseqüentemente, insanável.

O Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico

quando entendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da

Usura(Decreto nº. 22.626/33):

Page 25: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“Art. 4º - É proibido contar juros dos juros; esta

proibição não compreende a acumulação de juros

vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de

ano a ano.”

Temos, também, que esta é a mesmíssima regra

contida no artigo 591 do novel Código Civil.

De outro compasso, de bom alvitre relevarmos a Súmula 121

do Egrégio Supremo Tribunal Federal:

“É vedado a capitalização de juros, ainda que

expressamente convencionado.”

Não se diga, ademais, que não haveria ilegalidade

alguma porque a operação passou a ser permitida pelo 5°, da Medida Provisória

n° 1. 963/17, de 30/3/2000, ainda em vigor reedições posteriores e, segundo o

voto do eminente relator, por força do art. 2°, da Ementa Constitucional n° 32, de

11/9/2001, argumentos estes muito comuns alegados pelas instituições

financeiras.

O exame de tais diplomas legais, entretanto, revela que

o invocado dispositivo deve ter recusada a aplicação porque sem validade.

O preâmbulo das Medidas Provisórias n°s 1. 963 e

2.170 – esta última como reedição daquela – indica que suas normas dispõem

sobre “a administração dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, consolidam e

atualizam a legislação pertinente ao assunto e dão outras providencias”.

Apreciando-se com acuidade o texto das normas, até o art. 4º, ao menos, indica

Page 26: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que o executivo legislador teve em mente tratar dos recursos do caixa do

Tesouro Nacional exclusivamente. O art. 5º, entretanto enveredou por assunto

diverso, passando a tratar, em completo descompasso com o restante da

Medida, da possibilidade de capitalização de juros pelas instituições integrantes

do Sistema Financeiro Nacional.

No entanto, temos que a Lei Complementar n° 95, de

26/2/1998 em cumprimento ao art. 59, parágrafo único, da Constituição Federal,

aplicável, também, às Medidas Provisórias (art. 1° parágrafo único), estabelece,

no art. 7° que “o primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o

respectivo âmbito de aplicação” e proíbe, no inciso II, o tratamento de

matéria estranha a seu objeto: “a lei não conterá matéria estranha a seu

objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou conexão”.

Óbvio que a matéria relativa à capitalização de juros

em favor de instituições financeiras nada tem com os mecanismos de

administração dos recursos do Tesouro Nacional, destoando flagrantemente

do objeto principal das invocadas Medidas Provisórias, com o qual não tem

afinidade, pertinência ou conexão.

Convém realçar, nesse ponto, que o enfoque na

colidência de normas pode-se dar pelo prisma constitucional ou pelo prisma

infraconstitucional, como decidiu o C. Superior Tribunal de Justiça nos Embargos

de Divergência n° 357.415/PR (Rela. Min. Eliana Calmon- DJ 14/6/2004).

Neste último aspecto, assentado que a lei

complementar trate do assunto que lhe foi confiado pelo texto constitucional,

assume inegável superioridade hierárquica em relação à lei ordinária (GERALDO

ATALIBA, Lei Complementar na Constituição Federal, São Paulo, RT, 1971, p.

57), à qual se equipara a Medida Provisória.

Page 27: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Bem por isso, sujeitando-se esta aos contornos

estabelecidos por aquela, “não prevalecem contra ela, sendo inválidas as

normas que a contradisserem” (MANOEL GONGALVES FERREIRA FILHO, Do

Progresso Legislativo, São Paulo Saraiva, 2002, p. 247).

Tem-se, assim, que o art. 5º de referidos diplomas está em

aberto confronto com o art. 7°, II, da Lei Complementar n° 95/98, motivo qual que

V. Exa. deve recusar-lhe validade.

Não fosse este o entendimento, o que se diz apenas

por argumentar, o Poder Executivo não tem o condão de ´legislar´, por Medida

Provisória(CF, art. 62), no tocante à matéria de juros cobrados por

instituições financeiras. Ademais, a mesma, resta saber, sequer fora

apreciada pelo Poder Legislativo.

Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.

Verifica-se na Seção II, do Capítulo I, do Título IV, daVerifica-se na Seção II, do Capítulo I, do Título IV, da

vigente Constituição Federal que, entre as vigente Constituição Federal que, entre as atribuições do Congresso Nacionalatribuições do Congresso Nacional,,

está a está a prerrogativa inderrogávelprerrogativa inderrogável de dispor sobre todas as matérias de de dispor sobre todas as matérias de

competência da Uniãocompetência da União, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à “, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à “matériamatéria

financeirafinanceira, cambial e monetária, , cambial e monetária, instituições financeiras e suas operaçõesinstituições financeiras e suas operações. “. . “.

Desta feita, temos que Desta feita, temos que o ato jurídico em destaque éo ato jurídico em destaque é

absolutamente nuloabsolutamente nulo. A sua inserção no mundo jurídico . A sua inserção no mundo jurídico não correspondeu aonão correspondeu ao

quanto preceito pela Carta Magnaquanto preceito pela Carta Magna, ferindo, destarte, o quanto evidenciado na, ferindo, destarte, o quanto evidenciado na

Legislação Substantiva Civil. Legislação Substantiva Civil.

Art. 166 – É nulo o negócio jurídico quando:

( ... )

Page 28: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

IV – não revestir a forma prescrita em lei;

Devemos ressaltar, também, que Devemos ressaltar, também, que a Medida Provisóriaa Medida Provisória,,

ora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto que o caso de seuora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto que o caso de seu

surgimento, lógico, surgimento, lógico, não reclamounão reclamou, sobretudo, , sobretudo, urgênciaurgência(CF, art. 62). (CF, art. 62).

b) CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PRETENSÃO DE REVISÃO CONTRATUAL.

Com a inserção da Lei de Consumo, temos que seu art.Com a inserção da Lei de Consumo, temos que seu art.

6º trouxe regra de grande valia, quando, em seu inciso V, permite ao Juiz6º trouxe regra de grande valia, quando, em seu inciso V, permite ao Juiz

modificar as cláusulas referentes ao preço, ou qualquer outra prestação a cargomodificar as cláusulas referentes ao preço, ou qualquer outra prestação a cargo

do consumidor. do consumidor.

Assim, resta saber, quando colocado frente a qualquerAssim, resta saber, quando colocado frente a qualquer

contrato, o Juiz pode e deve examinar a legalidade de suas cláusulas, e perquirircontrato, o Juiz pode e deve examinar a legalidade de suas cláusulas, e perquirir

se delas decorre eventual lesão a direito. se delas decorre eventual lesão a direito.

É certo que a avença ora em questão está sujeita àÉ certo que a avença ora em questão está sujeita à

incidência das regras da Lei n° 8.078/90incidência das regras da Lei n° 8.078/90 , por tratar-se de contrato celebrado, por tratar-se de contrato celebrado

entre uma instituição financeira e pessoa física, consoante o entendimento jáentre uma instituição financeira e pessoa física, consoante o entendimento já

adotado no Superior Tribunal de Justiça (cf. a propósito, Resp n° 213.825/RS, 4ªadotado no Superior Tribunal de Justiça (cf. a propósito, Resp n° 213.825/RS, 4ª

T., Rel. Min. Barros Monteiro, DJU 27/11/2000, Resp n° 190.860/mg, 3ª T., DJUT., Rel. Min. Barros Monteiro, DJU 27/11/2000, Resp n° 190.860/mg, 3ª T., DJU

9/11/2000, Resp n° 163.616/RS, 4ª T., Rel Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU9/11/2000, Resp n° 163.616/RS, 4ª T., Rel Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU

3/8/1998 e que 3/8/1998 e que redundou na edição da Súmula n° 297 – STJredundou na edição da Súmula n° 297 – STJ). ).

De outro compasso, agora tratando da aplicação das normas insertas na LegislaçãoDe outro compasso, agora tratando da aplicação das normas insertas na Legislação

em comento, temos que o Código do Consumidor desenhou regras que relevam como abusivas, e portanto nulas, onde em comento, temos que o Código do Consumidor desenhou regras que relevam como abusivas, e portanto nulas, onde

cláusulas contratuais tomem diretriz que:cláusulas contratuais tomem diretriz que:

Page 29: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras,“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras,

as cláusulas contratuais relativas ao fornecimentoas cláusulas contratuais relativas ao fornecimento

de produtos e serviços que:de produtos e serviços que:

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor emabusivas, que coloquem o consumidor em

desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveisdesvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis

coma boa-fé ou a equidade;coma boa-fé ou a equidade;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ouIX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou

não o contrato, embora obrigando o consumidor;não o contrato, embora obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ouX - permitam ao fornecedor, direta ou

indiretamente, variação do preço de formaindiretamente, variação do preço de forma

unilateral;unilateral;

XV - estejam em desacordo com o sistema deXV - estejam em desacordo com o sistema de

proteção ao consumidor; “proteção ao consumidor; “

Por outro lado, no parágrafo primeiro, existem as indicações de condições de Por outro lado, no parágrafo primeiro, existem as indicações de condições de

presunção de presunção de vantagem exageradavantagem exagerada::

““ (...)(...)

I - ofende os princípios fundamentais do sistemaI - ofende os princípios fundamentais do sistema

jurídico a que pertence;jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentaisII - restringe direitos ou obrigações fundamentais

inerentes à natureza do contrato, de tal modo ainerentes à natureza do contrato, de tal modo a

ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;

III - que se mostra excessivamente onerosa para oIII - que se mostra excessivamente onerosa para o

Page 30: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

consumidor, considerando-se a natureza econsumidor, considerando-se a natureza e

conteúdo do contrato, o interesse das partes econteúdo do contrato, o interesse das partes e

outras circunstâncias peculiares ao caso. “outras circunstâncias peculiares ao caso. “

Ainda conforme o artigo 52, temos que:Ainda conforme o artigo 52, temos que:

“No fornecimento de produtos ou serviços que“No fornecimento de produtos ou serviços que

envolva outorga de crédito ou concessão deenvolva outorga de crédito ou concessão de

financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,

entre outros requisitos, informá-lo prévia eentre outros requisitos, informá-lo prévia e

adequadamenteadequadamente sobre: sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda correnteI - preço do produto ou serviço em moeda corrente

nacional;nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetivaII - montante dos juros de mora e da taxa efetiva

anual de juros;anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com ou sem financiamento;V - soma total a pagar, com ou sem financiamento;

(...) ”(...) ”

Destarte, merece aplicação as regras insertas noDestarte, merece aplicação as regras insertas no

Código de Proteção ao consumidor, Código de Proteção ao consumidor, sobretudo no que tange `a inversão dosobretudo no que tange `a inversão do

ônus da prova, vale ressaltar(art. 6o. , inciso VIII) e, ademais, por ser tratar oônus da prova, vale ressaltar(art. 6o. , inciso VIII) e, ademais, por ser tratar o

contrato em tela mero contrato de adesão(pois a parte não pode discutircontrato em tela mero contrato de adesão(pois a parte não pode discutir

suas cláusulas), temos que o instrumento firmado deve ser interpretado desuas cláusulas), temos que o instrumento firmado deve ser interpretado de

forma mais favorável ao aderente-consumidor, nos termos do art. 47, doforma mais favorável ao aderente-consumidor, nos termos do art. 47, do

Código de Defesa do ConsumidorCódigo de Defesa do Consumidor. .

c) ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.

Page 31: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Como é de conhecimento de todos, as instituições financeiras cobram a Como é de conhecimento de todos, as instituições financeiras cobram a

chamada chamada comissão de permanênciacomissão de permanência, sob a égide da Resolução nº. 1.129/86 do BACEN, o que é uma ilegalidade. , sob a égide da Resolução nº. 1.129/86 do BACEN, o que é uma ilegalidade.

Mas, ainda que absurdo pudéssemos entender comoMas, ainda que absurdo pudéssemos entender como

pertinente a cobrança de comissão de permanência, surgida através da Resoluçãopertinente a cobrança de comissão de permanência, surgida através da Resolução

1.129/BACEN, esta atitude não poderia ser levado adiante, posto que reveste-se1.129/BACEN, esta atitude não poderia ser levado adiante, posto que reveste-se

de ilegalidade, como adiante veremos. de ilegalidade, como adiante veremos.

No contrato celebrado entre as partes, verificamos queNo contrato celebrado entre as partes, verificamos que

a empresa cobrara a empresa cobrara MULTA CONTRATUAL,MULTA CONTRATUAL, o que se percebe pela simples leitura o que se percebe pela simples leitura

dos extratos acostados à inaugural. dos extratos acostados à inaugural.

Este procedimento, ou seja, a cobrança cumulada deEste procedimento, ou seja, a cobrança cumulada de

comissão de permanência com multa contratual é tido como ilegal, à luz do quecomissão de permanência com multa contratual é tido como ilegal, à luz do que

regula a Resolução 1.129/86 do BACEN. regula a Resolução 1.129/86 do BACEN.

“I – Facultar aos bancos comerciais, bancos de

desenvolvimento, bancos de investimento, caixas

econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de

crédito, financiamento e investimento e sociedades

de arrendamento mercantil cobrar de seus

devedores por dia de atraso no pagamento ou na

liquidação de seus débitos, além dos juros de mora

na forma da legislação em vigor, ‘comissão de

permanência’, que será calculada às mesmas taxas

pactuadas no contrato original ou à taxa de

mercado do dia do pagamento.

II – Além dos encargos previstos no item anterior,

não será permitida a cobrança de quaisquer outras

Page 32: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

quantias pelo atraso na pagamento dos débitos

vencidos. “

Neste caso, como dito, o contrato e a própria condutaNeste caso, como dito, o contrato e a própria conduta

de cobrança durante a desenvoltura do pacto, mostrou a cobrança de comissão dede cobrança durante a desenvoltura do pacto, mostrou a cobrança de comissão de

permanência cumulada com multa de 2%(dois por cento). Inegável isto. Feriu,permanência cumulada com multa de 2%(dois por cento). Inegável isto. Feriu,

assim, a Resolução, acima citada, do Banco Central do Brasil, posto que, alémassim, a Resolução, acima citada, do Banco Central do Brasil, posto que, além

desta e juros moratórios, nada mais é possível cobrar em caso dedesta e juros moratórios, nada mais é possível cobrar em caso de

inadimplemento. Neste caso prevalecerá, tão-somente, o INPC como índice deinadimplemento. Neste caso prevalecerá, tão-somente, o INPC como índice de

correção. correção.

“REsp nº. 176.833-MG – Relator Min. Aldir Passarinho:

(...)

Todavia, in casu, apesar de entender que não havia previsão

de correção monetária, mas sim de comissão, o acórdão

identificou igualmente a existência contratual de multa por

inadimplência e juros, a autorizar o afastamento da

comissão de permanência e adoção da correção

monetária. “(destacamos)

Ademais, no caso em espécie, sequer há previsão

contratual neste sentido, o que obsta, por mais este motivo, a cobrança da

comissão de permanência.

APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL. CONTRATO

BANCÁRIO. CARTÃO DE CRÉDITO.

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. AUSÊNCIA DE

PREVISÃO LEGAL. DESCABIMENTO. COMISSÃO

Page 33: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

DE PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO.

INADMISSIBILIDADE. MULTA CONTRATUAL. 2%.

MANUTENÇÃO. 1. A capitalização dos juros é

aplicável aos contratos realizados pelo Sistema

Financeiro Nacional, firmados antes de 31-3-2000,

data da 1a edição do artigo 5o da MP 2.170-36,

desde que autorizada por lei e expressamente

convencionada pelas partes. 2. É inadmissível a

cobrança da comissão de permanência se

inexistente cláusula contratual que a preveja

expressamente. 3. A multa contratual deve ser

estipulada em 2% (Lei n. 9.298/96 que alterou a

redação do art. 52, § 1o, do CDC). (TJSC - AC

20050317144 - 1ª C.Dir.Com. - Rel. Des. Salim

Schead dos Santos - DJ 28.07.2006)

d) DO LIMITE DOS JUROS REMUNETARÓRIOS – 12% AO ANO.

Verifica-se que na Seção II, do Capítulo I, do

Título IV, da vigente Constituição Federal que, entre as atribuições do Congresso

Nacional, está a atribuição inderrogável de dispor sobre todas as matérias de

competência da União, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à ‘matéria

financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e sua operações’;

Por outro lado, o art. 25, do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Carta Política expressamente anuncia a

‘revogação, cento e oitenta dias após sua promulgação, sujeitando este prazo

Page 34: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

a prorrogação por lei, de todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a

órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao

Congresso Nacional’, principalmente no que concerne a ação normativa e

alocação ou transferência de qualquer espécie, validando os atos praticados na

vigência dos respectivos decretos – leis autorizando o Congresso Nacional, se

necessário, legislar sobre os efeitos deles remanescentes.

Temos, pois, diante do lapso de tempo acima

evidenciado(180 dias) que encontra-se revogado o artigo 4º, inc. IX, da Lei

4.595/64, em face do art. 25, I, ADCT c/c art. 48, XIII da Constituição Federal, por

atribuir em ação normativa, ao Conselho Monetário Nacional, competência

assinalada pela Lei Maior ao Congresso Nacional. Dúvidas não restam de que

devem prevalecer os limites previstos no Decreto 22.626/33 e no

art.1062(1916) e 406(2002) do Código Civil para os juros remuneratórios, como

para os compensatórios e ainda para os juros moratórios.

Não mais existe, portanto, a executoriedade

compulsória do art. 40, IX da Lei 4.595/64, norma especial, que restringe o campo

de aplicação do Decreto nº 22.626/33, regulador das demais avencas, que não

envolvessem instituições financeiras, pelo que passa a prevalecer na íntegra a

norma geral limitadora dos juros do art. 10 desta disposição de lei, caindo por

terra o privilégio antes concedido absurdamente, com respaldo legal, às

instituições financeiras de estipular livremente suas taxas de remuneração e

encargos, principalmente à taxa de mercado, ou as estipular de acordo com

determinações do Conselho Monetário Nacional, que se mostrou em todo esse

tempo interessado na manutenção da penúria dos que com as instituições

financeiras contratavam.

Não devemos olvidar, de outro tocante, o fato desta

inconstitucionalidade, abrigada pela infração ao art. 25 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias, inobstante as prorrogações, patrocinada pela Lei

Page 35: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

8.056, de 28/06/90, que antes do seu termo, também prorrogada pelo disposto na

Lei 8.127, de 20/12/90, como ainda pelo texto dispositivo da Lei 8.201, de

29/06/91. Observa-se, finalmente, através do art. 1º da Lei nº 8.392, de 30 de

dezembro de 1991, que esta não mais fixou data certa para a prorrogação,

determinando, no entanto, o seu termo como o da promulgação da Lei

complementar que regulamentará o Sistema Financeiro Nacional:

‘É prorrogado até a data da promulgação da lei

complementar de que trata o art. 192 da Constituição

Federal o prazo a que se refere o art. 1º das leis 8.056, de

28 de junho de 1990, 8.127, de 20 de dezembro de 1990 e

8.201, de 29 de junho de 1991.’

A Constituição Federal foi promulgada em 05 de outubro

de 1988 e a partir de 1 de abril de 1989, vencidos os 180 dias de sua

promulgação, consumada estava a revogação prevista no art. 25 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, sendo que o texto da Lei 8.056 foi

sancionado em 28 de junho de 1990, quando nada mais havia a ser

prorrogado, posto que havia restado derrogado, há mais de ano e mês, a

função delegada e o poder normativo do Conselho Monetário Nacional, no que

não poderiam retroagir os seus efeitos ao término do prazo ali estipulado,

sem ferir o direito adquirido e o ato jurídico perfeito.

No entanto, ressalta-se que os textos de leis ordinárias,

editados após o decurso do prazo previsto no art. 25 do ADCT, que prorrogavam

por prazo fixo ou tempo certo – de 180 dias – o período de vigência daquela

disposição da lei 4.595/64, e ao final, pela Lei 8.392, de 30/12/91, desprezava o

prazo, esqueceu-se que o texto da lei maior assim fixava, extrapolando a

disposição donde deriva, resolve vincular tal prorrogação à edição de uma lei

complementar – que não era o espírito do que contém o texto da lei maior em

análise – e, em afronta à norma superior, num total descompasso com a natureza

Page 36: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

da própria disposição constitucional transitória, vem proporcionar uma prorrogação

por tempo indeterminado, ilimitado, senão infinito.

Neste caso, à luz dos fundamento acima colocados,

deve prevalecer o teto legal, para fins de remuneração, de 12%(doze por cento)

ao ano, seja por força do Código Civil, seja por conta Constituição Federal(art.

192).

e) INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO MONTÁRIO NACIONAL.

Não fossem os argumentos supra, importa ressaltar, também, que, ao que se tem

notícia, à luz da Lei Federal 4.595/64, a instituição requerida não tem autorização do Conselho Monetário Nacional, no que

tange à cobrança dos juros.

Desta sorte, ratifica-se, também por este comando, que deve prevalecer o limite

remuneratório de 12%(doze por cento) ao ano.

AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS

COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.

AGRAVO RETIDO DA DECISÃO QUE INDEFERIU

PEDIDO DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE E DE

ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. FALTA

DE PROVA DO ALEGADO. FALTA DE

NOTIFICAÇÃO AO DEVEDOR DA CESSÃO DE

CRÉDITO. INVALIDADE. ABERTURA DE CRÉDITO

EM CONTA CORRENTE. CHEQUE ESPECIAL.

ENCARGOS EXCESSIVOS. JUROS ACIMA DE

12% AA. IMPOSSIBILIDADE SEM AUTORIZAÇÃO

DO CMN. CAPITALIZAÇÃO. CORREÇÃO

Page 37: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

MONETÁRIA DE ACORDO COM OS ÍNDICES DO

INPC. OPERAÇÃO SUBMETIDA AO CDC.

AGRAVO E APELAÇÃO IMPROVIDOS. Sem

autorização do conselho monetário nacional, não

se pode aplicar em contrato de abertura de

crédito em conta-corrente (cheque especial), -

juros acima de 12 aa. A correção monetária deve

estar de acordo com os índices do inpc. (TJBA -

AC 30.794-1/2002 - 1ª C.Civ. - Rel. Des. Raimundo

Queiroz - Julg. 06.08.2003)

f) HOUVE VÍCIO RESULTANTE DE ERRO.

A Autora, de outra sorte, quando da efetivação do

contrato, fora levada a erro.

O pacto, pois, vicioso, defeituoso e inservível para todas

finalidades almejadas, de vez que a Promovente fora induzida em erro, quando da

apresentação do pacto e suas conseqüências.

É o chamado dolo do aproveitamento, que se qualifica

pela

“ausência de conhecimento sobre a natureza do

negócio que se realiza, - não dispor de meios

adequados de informação sobre o contrato que

celebra, ou sobre o preço da coisa ou ainda sobre

condições de mercado. Desfeito o negócio, ajusta

Page 38: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

uma avença em tais termos que proporciona ao co-

contratante um ‘lucro maior da marca’ ao mesmo

tempo que sofre um grande prejuízo. “

A Requerente, voltamos a ressaltar, fora levada a

realizar negócio jurídico de mútuo, no desconhecimento do verdadeiro valor da

coisa, operando em ERRO.

O negócio, ademais, foi feito na base no abuso da

confiança, numa ótica vesga que estaria fazendo um financiamento com taxas

corretas e dentro da legalidade.

Podemos destacar, assim, o que reza a Legislação

Substantiva Civil:

Código Civil

Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos,

quando as declarações de vontade emanarem de

erro substancial que poderia ser percebido por

pessoa de diligência normal, em face das

circunstâncias do negócio.

Portanto, Excelência, no que pertine à capitalização

de juros, tendo em vista disposição contratual que os estipulou acima da

previsão legal, temos que V. Ex.ª poderá revisar esta matéria ex officio, já

que constitui uma verdadeira fraude `a Lei de Usura, precisamente em seu art.

4º.

Há, assim, uma nulidade absoluta que deve ser

pronunciada independentemente de provocação pela parte interessada.

Page 39: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Ainda sobre o tema de anulabilidade, sob o prisma do

erro, relevamos as lições, sábias, do jurista WASHINGTON DE BARROS

MONTEIRO, quando o mesmo professa que:

“ O assunto, delicado e difícil, regula-se pelos

arts. 86 a 91. Embora a Seção I traga a rubrica do

erro ou ignorância, só encontramos, nesses

preceitos, disposições sobre o erro. A verdade,

entretanto, é que o legislador os equipara nos seus

efeitos.

Ignorância é completo desconhecimento acerca de

um objeto. Erro é a noção falsa a respeito desse

mesmo objeto, ou de terminada pessoa. Por outras

palavras, na primeira, a mente está in albis; na

segunda, o que nela está registrado é falso.

Num e noutro o agente é levado a praticar o ato

jurídico, que não praticaria por certo, ou que

praticaria em circunstância diversas, se estivesse

devidamente esclarecido.

(...)

Há erro substancial sobre a natureza do ato(error in

ipso negotio), quando se tenciona praticar certo ato

e no entanto se realiza outro:...”

Já MARIA HELENA DINIZ, endossando do ilustre

mestre, leciona que:

Page 40: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“1) Erro. Num sentido geral erro é uma noção

inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa ou

objeto ou pessoa, que influencia a formação da

vontade. Se influi na vontade de declarante, impede

que se forme em consonância com a sua

verdadeira motivação; tendo sobre um fato ou

sobre um preceito noção incompleta, o agente

emite sua vontade de modo diverso do que a

manifestaria se dele tivesse conhecimento exato ou

completo. “

Houve, pois, não podemos negar, um vício de

consentimento, nomeadamente no que pertine ao ERRO SUBSTANCIAL, que

torna anulável o ato jurídico. Ademais, podemos alinhar uma diretriz de que houve,

também, uma nulidade absoluta, por conta da cobrança extorsiva de juros.

g) JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO

Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que aNão fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a

Ré cobrara dos Autores, ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratóriasRé cobrara dos Autores, ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias

bem acima da média do mercado. bem acima da média do mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente Tais argumentos podem ser facilmente constatadosconstatados

com uma simples análise junto ao site do Banco Central do Brasilcom uma simples análise junto ao site do Banco Central do Brasil . Há de. Há de

existir, neste tocante, uma redução à taxa de existir, neste tocante, uma redução à taxa de XX % a.m.,XX % a.m., posto que foi a média posto que foi a média

aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo este o entendimento,aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo este o entendimento,

aguarda seja apurado tais valores em sede de prova pericial, o que de logoaguarda seja apurado tais valores em sede de prova pericial, o que de logo

requer. requer.

COMERCIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DECOMERCIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DE

Page 41: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE.ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE.

CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO.CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO.

SÚMULA N. 121-STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.SÚMULA N. 121-STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.

INCIDÊNCIA. PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA. LIMITE.INCIDÊNCIA. PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA. LIMITE.

VERBA HONORÁRIA. COMPENSAÇÃO. VALIDADE.VERBA HONORÁRIA. COMPENSAÇÃO. VALIDADE.

ART. 21 DO CPC. ARTS. 22 E 23 DA LEI N. 8.906/94. I.ART. 21 DO CPC. ARTS. 22 E 23 DA LEI N. 8.906/94. I.

Segundo o entendimento pacificado na egrégia SegundaSegundo o entendimento pacificado na egrégia Segunda

Seção (REsp n. 271.214/RS, Rel. p/ acórdão Min. CarlosSeção (REsp n. 271.214/RS, Rel. p/ acórdão Min. Carlos

Alberto Menezes Direito, por maioria, DJU de 04.08.2003),Alberto Menezes Direito, por maioria, DJU de 04.08.2003),

os juros remuneratórios serão devidos até o advento daos juros remuneratórios serão devidos até o advento da

mora, quando poderão ser substituídos pela comissão demora, quando poderão ser substituídos pela comissão de

permanência, permanência, calculada pela variação da taxa média docalculada pela variação da taxa média do

mercado, segundo as normas do Banco Centralmercado, segundo as normas do Banco Central,,

limitada à taxa de juros pactuada, acrescida dos encargoslimitada à taxa de juros pactuada, acrescida dos encargos

contratuais previstos para a inadimplência e observado ocontratuais previstos para a inadimplência e observado o

teor da Súmula n. 30-STJ. II. Nos contratos de abertura deteor da Súmula n. 30-STJ. II. Nos contratos de abertura de

crédito, ainda que expressamente pactuada, é vedada acrédito, ainda que expressamente pactuada, é vedada a

capitalização mensal dos juros, somente admitida noscapitalização mensal dos juros, somente admitida nos

casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos.casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos.

Incidência do art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da SúmulaIncidência do art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da Súmula

n. 121-STF. III. A compensação da verba honorária a sern. 121-STF. III. A compensação da verba honorária a ser

paga pelas partes, em face da sucumbência recíproca (art.paga pelas partes, em face da sucumbência recíproca (art.

21 do CPC), não colide com os preceitos dos arts. 22 e 2321 do CPC), não colide com os preceitos dos arts. 22 e 23

da Lei n. 8.906/94. IV. Sendo manifestamenteda Lei n. 8.906/94. IV. Sendo manifestamente

improcedente e procrastinatório o agravo, é de se aplicar aimprocedente e procrastinatório o agravo, é de se aplicar a

multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC, de 1% (um pormulta prevista no art. 557, § 2º, do CPC, de 1% (um por

cento) sobre o valor atualizado da causa. (STJ - AGRESPcento) sobre o valor atualizado da causa. (STJ - AGRESP

Page 42: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

594936 - PROC 200301788424-RS - 4ª T. - Rel. Aldir594936 - PROC 200301788424-RS - 4ª T. - Rel. Aldir

Passarinho Junior - DJU 15.03.2004, p.283)Passarinho Junior - DJU 15.03.2004, p.283)

h) CADASTROS DE RESTRIÇÕES – AUSÊNCIA DE MORA

Com a promoção desta pendenga judicial, cujo objetivoCom a promoção desta pendenga judicial, cujo objetivo

visa, sobretudo, revisar cláusulas e modificá-las, ajustando o débito ao patamarvisa, sobretudo, revisar cláusulas e modificá-las, ajustando o débito ao patamar

legal, torna-se mister, em correspondência ao que preceitua a Portaria nº 03 dalegal, torna-se mister, em correspondência ao que preceitua a Portaria nº 03 da

Secretaria de Direito Econômico – Ministério da Justiça, a exclusão do nome dosSecretaria de Direito Econômico – Ministério da Justiça, a exclusão do nome dos

Autores dos órgãos de restrições. Autores dos órgãos de restrições.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO

PORTARIA nº. 3, DE 15 DE MARÇO DE 2001PORTARIA nº. 3, DE 15 DE MARÇO DE 2001

O Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, no uso de suas atribuições O Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, no uso de suas atribuições

legais; legais;

CONSIDERANDO que o elenco de Cláusulas Abusivas relativas aoCONSIDERANDO que o elenco de Cláusulas Abusivas relativas ao

fornecimento de produtos e serviços, constantes do art. 51 da Lei nºfornecimento de produtos e serviços, constantes do art. 51 da Lei nº

8.078, de 11 de setembro de 1990, é de tipo aberto, exemplificativo,8.078, de 11 de setembro de 1990, é de tipo aberto, exemplificativo,

permitindo, desta forma a sua complementação; permitindo, desta forma a sua complementação;

CONSIDERANDO o disposto no artigo 56 do Decreto nº 2.181, deCONSIDERANDO o disposto no artigo 56 do Decreto nº 2.181, de

20 de março de 1997, que regulamentou a Lei nº 8.078/90, e com o20 de março de 1997, que regulamentou a Lei nº 8.078/90, e com o

objetivo de orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,objetivo de orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,

notadamente para o fim de aplicação do disposto no inciso IV donotadamente para o fim de aplicação do disposto no inciso IV do

Page 43: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

art. 22 desse Decreto, bem assim promover a educação e aart. 22 desse Decreto, bem assim promover a educação e a

informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seusinformação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus

direitos e deveres, com a melhoria, transparência, harmonia,direitos e deveres, com a melhoria, transparência, harmonia,

equilíbrio e boa-fé nas relações de consumo; equilíbrio e boa-fé nas relações de consumo;

CONSIDERANDO que decisões judiciais, decisões administrativasCONSIDERANDO que decisões judiciais, decisões administrativas

de diversos PROCONs, e entendimentos dos Ministérios Públicosde diversos PROCONs, e entendimentos dos Ministérios Públicos

pacificam como abusivas as cláusulas a seguir enumeradas,pacificam como abusivas as cláusulas a seguir enumeradas,

resolve: resolve:

Divulgar o seguinte elenco de cláusulas, as quais, na forma doDivulgar o seguinte elenco de cláusulas, as quais, na forma do

artigo 51 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e do artigo 56artigo 51 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e do artigo 56

do Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, com o objetivo dedo Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, com o objetivo de

orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, serãoorientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, serão

consideradas como abusivas, notadamente para fim de aplicaçãoconsideradas como abusivas, notadamente para fim de aplicação

do disposto no inciso IV, do art. 22 do Decreto nº 2.181: do disposto no inciso IV, do art. 22 do Decreto nº 2.181:

7. autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus garantes a7. autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus garantes a

cadastros de consumidores (SPC, SERASA, etc.), cadastros de consumidores (SPC, SERASA, etc.), enquantoenquanto

houver discussão em juízo relativa à relação de consumohouver discussão em juízo relativa à relação de consumo; ;

Aliás, no tocante à jurisprudência, esta é pacífica noAliás, no tocante à jurisprudência, esta é pacífica no

sentido de excluir o nome da litigante dos bancos de dados de órgãos de proteçãosentido de excluir o nome da litigante dos bancos de dados de órgãos de proteção

ao crédito. ao crédito.

“Banco de dados. SERASA. SPC. SDC. Inscrição de“Banco de dados. SERASA. SPC. SDC. Inscrição de

devedor. Ação de Nulidade. Tramitando ação ondedevedor. Ação de Nulidade. Tramitando ação onde

Page 44: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

os devedores pleiteiem a invalidade do título queos devedores pleiteiem a invalidade do título que

teria sido preenchido com valores excessivos,teria sido preenchido com valores excessivos,

mediante argumentação verossímil, pode o juizmediante argumentação verossímil, pode o juiz

deferir a antecipação parcial da tutela, para cancelardeferir a antecipação parcial da tutela, para cancelar

o registro do nome dos devedores nos bancos deo registro do nome dos devedores nos bancos de

dados de proteção ao crédito. Art. 273 do CPC e 42dados de proteção ao crédito. Art. 273 do CPC e 42

do CDC. Recurso conhecido e provido.(RESp nº.do CDC. Recurso conhecido e provido.(RESp nº.

168935-MG – 4ª Turma – Relator Min. Ruy Rosado,168935-MG – 4ª Turma – Relator Min. Ruy Rosado,

DJ 31/08/98)”DJ 31/08/98)”

“Consumidor. Inscrição de seu nome em cadastro“Consumidor. Inscrição de seu nome em cadastro

de proteção ao crédito. Montante da dívida objetode proteção ao crédito. Montante da dívida objeto

de controvérsia em juízo. Inadmissibilidade.de controvérsia em juízo. Inadmissibilidade.

Constitui constrangimento e ameaça vedados pelaConstitui constrangimento e ameaça vedados pela

Lei nº 8.078, de 11.09.90, o registro do nome doLei nº 8.078, de 11.09.90, o registro do nome do

consumidor em cadastros de proteção ao crédito,consumidor em cadastros de proteção ao crédito,

quando o montante da dívida é objeto de discussãoquando o montante da dívida é objeto de discussão

em juízo. Recurso especial conhecido e provido.em juízo. Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 170.281-SC – 4ª Turma – Rel. Min. César(REsp 170.281-SC – 4ª Turma – Rel. Min. César

Asfor Rocha – j. 21/09/98)”Asfor Rocha – j. 21/09/98)”

“Processo Civil – Cautelar – Suspensão de medida“Processo Civil – Cautelar – Suspensão de medida

determinativa de inscrição do nome do devedor nodeterminativa de inscrição do nome do devedor no

SPC ou SERASA, I – Não demonstrado o perigo deSPC ou SERASA, I – Não demonstrado o perigo de

dano para o credor, não há como indeferir sejadano para o credor, não há como indeferir seja

determinada a inscrição do nome do devedor nodeterminada a inscrição do nome do devedor no

SPC ou SERASA, mormente quando este discuteSPC ou SERASA, mormente quando este discute

em ações aparelhadas os valores em ações aparelhadas os valores sub judicesub judice com com

eventual depósito ou caução do quantum.eventual depósito ou caução do quantum.

Precedentes do STJ, Recurso conhecido e provido.Precedentes do STJ, Recurso conhecido e provido.

(REsp nº. 161.151-SC – 3ª Turma – Rel Waldemar(REsp nº. 161.151-SC – 3ª Turma – Rel Waldemar

Page 45: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Zveiter - DJ 29/06/98)Zveiter - DJ 29/06/98)

Ademais, a Autora não deu causa à mora, mas sim, aoAdemais, a Autora não deu causa à mora, mas sim, ao

revés, o próprio credor, quando veio de entabular cláusulas abusivas, as quaisrevés, o próprio credor, quando veio de entabular cláusulas abusivas, as quais

oneraram indevidamente as parcelas contratuais. Dessarte, se este não está emoneraram indevidamente as parcelas contratuais. Dessarte, se este não está em

mora, razão maior para não permanecer ou mesmo ser excluído dos órgãos demora, razão maior para não permanecer ou mesmo ser excluído dos órgãos de

restrições. restrições.

Código CivilCódigo Civil

Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao

devedor; devedor; não incorre este em moranão incorre este em mora..

De outro contexto, os dados dos consumidores, nosDe outro contexto, os dados dos consumidores, nos

banco de dados de cadastros de restrições devem ser precisos e verdadeiros, e,banco de dados de cadastros de restrições devem ser precisos e verdadeiros, e,

lógico, quando se invoca, nesta lide, inexatidão nos dados cobrados, por certológico, quando se invoca, nesta lide, inexatidão nos dados cobrados, por certo

haverá reflexos nos dados ali insertos. Resta saber, mais, que a inserção do nomehaverá reflexos nos dados ali insertos. Resta saber, mais, que a inserção do nome

dos consumidores nestes banco de dados nada mais é do que uma formados consumidores nestes banco de dados nada mais é do que uma forma

esdrúxula e vexatória de expor o consumidor ao ridículo, posto que, aos credores,esdrúxula e vexatória de expor o consumidor ao ridículo, posto que, aos credores,

restam os meios legais para cobrá-los.restam os meios legais para cobrá-los.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDORCÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

““Art. 43 – O consumidor, sem prejuízo do dispostoArt. 43 – O consumidor, sem prejuízo do disposto

no art. 86, terá acesso ‘as informações existentesno art. 86, terá acesso ‘as informações existentes

em cadastros, fichas, registros e dados pessoais eem cadastros, fichas, registros e dados pessoais e

de consumo arquivados sobre ele, bem como suasde consumo arquivados sobre ele, bem como suas

Page 46: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

respectivas fontes.respectivas fontes.

§ 1º - Os cadastros e dados dos consumidores§ 1º - Os cadastros e dados dos consumidores

devem ser objetivos, claros, devem ser objetivos, claros, verdadeirosverdadeiros e em e em

linguagem de fácil compreensão, não podendolinguagem de fácil compreensão, não podendo

conter informações negativas a período superior aconter informações negativas a período superior a

cinco anos. “cinco anos. “

“Art. 42 – Na cobrança de débitos, o consumidor“Art. 42 – Na cobrança de débitos, o consumidor

inadimplente não será exposto ao ridículo, inadimplente não será exposto ao ridículo, nem seránem será

submetido a qualquer tipo de constrangimento ousubmetido a qualquer tipo de constrangimento ou

ameaçaameaça. “. “

i) PEDIDO DE EXTRATOS – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

Pacífico o entendimento do Superior

Tribunal de Justiça no sentido de ser cabível a inversão do

ônus da prova para determinar-se ao agente financeiro a

exibição de documentos comuns às partes, dentre eles o

contrato e extratos relativos à relação contratual objeto de

pretensão revisional, nos próprios autos, sem necessidade

de demanda cautelar específica. Tal entendimento encontra

justificativa nos princípios da carga dinâmica da prova e da

facilitação da defesa do direito do consumidor, segundo

inteligência dos artigos 6º, VIII, do CDC; 355 e 381 do Código

de Processo Civil.

Page 47: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“Recurso especial. Ausência de preqüestionamento

(Súmulas 282 e 356/STF). Contrato bancário. Código de

Defesa do Consumidor Inversão do ônus da prova.

(...).

Pode o Juiz determinar que o réu apresente a cópia do

contrato que o autor pretende revisar em juízo,

aplicando o disposto no art. 3º, § 2º, do Código de

Defesa do Consumidor. Agravo de instrumento

desprovido” (AG nº 506364, 3ª Turma, Rel. Min.

ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, DJU 04.09.2003).

“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PROVA.

JUNTADA. DOCUMENTOS.

O Juiz pode ordenar ao banco réu a juntada de cópia

de contrato e de extrato bancário, atendendo aos

princípios da inversão do ônus da prova e da

facilitação da defesa do direito do consumidor em

Juízo. Art.6º, VIII, do CDC. Art. 381 do CPC. (...).

Recurso conhecido em parte e provido” (REsp.

264.083/RS, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de

20/8/2001, pág. 473 e RSTJ 154/438).

Ora, sabidamente é mais fácil à

instituição bancária guardar e conservar os contratos de

financiamento e apresentá-los em juízo quando solicitados,

do que esperar que o mesmo aconteça com o consumidor,

Page 48: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que talvez nem tenha recebido cópia das condições gerais do

negócio (o que não é incomum). E, mais, esta tem a

obrigação de manter os documentos microfilmados até a

fluência do prazo de prescrição previsto no Código Civil e

frente à Resolução nº. 913/84 do BACEN.

Diga-se, mais, que o contrato e os

extratos bancários são documentos comuns as

partes(CPC, art. 358, III).

O Juiz, na hipótese, poderá ordenar, de

ofício(CPC, art. 130), que a instituição financeira exiba em

juízo documento que se ache em seu poder(CPC, art.

355).

De outro bordo, não há qualquer óbice de

que tal pleito seja firmado logo com a inicial.

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS

- Exibição de instrumentos de contratos e

extratos pelo banco. Postulação constante na

inicial. Admissibilidade, independentemente de

ajuizamento de ação cautelar de exibição. Agravo

Page 49: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

provido em parte, a fim de determinar a juntada,

pelo banco, dos contratos ou suas

renegociações, e dos extratos de movimentação

de conta corrente, apenas a partir da última data

em que a conta apresentou saldo positivo. A

circunstância de os documentos serem

necessários ao ajuizamento da ação, não é óbice

ao pedido de sua exibição na inicial,

especialmente considerando que a atividade

exercida pela parte adversa impõe-lhe dever de

conservação de tais documentos. Assim, a

pretensão relativa a exibição, pelo banco, de

documentos que deveriam instruir a inicial de

ação revisional de contrato bancário encontra

fundamento legal no art. 6º, inc. VIII, da Lei nº

8.078/90 e não é incompatível com o disposto no

art. 283 do Código de Processo Civil. (TJRS - AGI

70003148749 - 18ª C.Cív. - Rel. Des. Cláudio

Augusto Rosa Lopes Nunes - J. 01.11.2001)

Com a finalidade de fazer prova em Juízo daCom a finalidade de fazer prova em Juízo da

exorbitância dos valores cobrados, exorbitância dos valores cobrados, a Autora vem pedira Autora vem pedir, sobretudo a título de, sobretudo a título de

inversão de ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII), que:inversão de ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII), que:

a) A Ré seja instada a apresentar em Juízo, no prazo da contestação,a) A Ré seja instada a apresentar em Juízo, no prazo da contestação,

cópia(s) do(s) contrato(s) que tenha celebrado com a Autora; cópia(s) do(s) contrato(s) que tenha celebrado com a Autora;

Page 50: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

b) seja ordenado, também, que a Promovida acoste, junto com a defesa, osb) seja ordenado, também, que a Promovida acoste, junto com a defesa, os

extratos de toda movimentação financeira do contrato nº. .x.x.x.x.x., dosextratos de toda movimentação financeira do contrato nº. .x.x.x.x.x., dos

períodos contratuais entabulados entre as partes, com todos osperíodos contratuais entabulados entre as partes, com todos os

lançamentos efetuados a título de crédito e débitos, sob pena de multa diárialançamentos efetuados a título de crédito e débitos, sob pena de multa diária

de R$1.000,00(mil reais). de R$1.000,00(mil reais). Observe-se, mais, que acostou-se á presenteObserve-se, mais, que acostou-se á presente

inaugural prova, inconteste, que a Ré negara os extratos, o que, sem sombrainaugural prova, inconteste, que a Ré negara os extratos, o que, sem sombra

de dúvidas, justifica o presente pleitode dúvidas, justifica o presente pleito. .

CÓDIGO DE PROCESSO CIVILCÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 355 – O juiz pode ordenar que a parte exibaArt. 355 – O juiz pode ordenar que a parte exiba

documento ou coisa, que se acha em seu poder.documento ou coisa, que se acha em seu poder.

j) ASPECTOS PROCESSUAIS – ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.

Diante do exposto, pleiteia a Autora que V.Diante do exposto, pleiteia a Autora que V.

Exª. a concessão imediata de TUTELA ANTECIPADA, Exª. a concessão imediata de TUTELA ANTECIPADA, inauditainaudita

altera parsaltera pars, para:, para:

1) A fim de promover sua defesa, 1) A fim de promover sua defesa, a Autora vema Autora vem, nesta oportunidade,, nesta oportunidade,

pedirpedir que V. Ex.ª., com supedâneo no art. 6º, inc. VIII, do Código de que V. Ex.ª., com supedâneo no art. 6º, inc. VIII, do Código de

Defesa do Consumidor, promova a Defesa do Consumidor, promova a INVERSÃO DO ÔNUS DAINVERSÃO DO ÔNUS DA

PROVAPROVA, visto que, neste caso, diante da fragilidade documental, ou, visto que, neste caso, diante da fragilidade documental, ou

mesmo de parâmetros financeiros consistentes para apurar o débito,mesmo de parâmetros financeiros consistentes para apurar o débito,

torna-se, indubitavelmente, torna-se, indubitavelmente, HIPOSSUFICIENTE TÉCNICOHIPOSSUFICIENTE TÉCNICO para litigar; para litigar;

Page 51: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

2) 2) PedePede, outrossim, , outrossim, em face da discussão judicial do débito, que oem face da discussão judicial do débito, que o

nome da Autora seja excluído dos órgãos de restrições,nome da Autora seja excluído dos órgãos de restrições,

sobretudo SERASA e SPC, até ulterior deliberação deste juízo,sobretudo SERASA e SPC, até ulterior deliberação deste juízo,

expedindo-se, para tanto, os devidos ofícios expedindo-se, para tanto, os devidos ofícios ;;

3) 3) RequerRequer seja imputada à Ré seja imputada à Ré obrigação de não-fazerobrigação de não-fazer, consistente, consistente

em em abster-se de enviar o nome da Autora para qualquer órgão deabster-se de enviar o nome da Autora para qualquer órgão de

registro de proteção ao Crédito, ou mesmo levar a protestoregistro de proteção ao Crédito, ou mesmo levar a protesto

qualquer título que tenha ligação com o contrato ora em litígioqualquer título que tenha ligação com o contrato ora em litígio ,,

sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (hum mil reais); sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (hum mil reais);

4) 4) que a Ré se abstenhaque a Ré se abstenha, sob pena da multa diária acima, , sob pena da multa diária acima, dede

proceder informações acerca deste débitoproceder informações acerca deste débito, ora em discussão, ora em discussão

judicial seu montante, judicial seu montante, à Central de Riscos do Banco Central doà Central de Riscos do Banco Central do

Brasil – BACENBrasil – BACEN. .

5) 5) que seja acatado, também como antecipação de tutela, aque seja acatado, também como antecipação de tutela, a

exibição dos documentos antes requeridos(extratos)exibição dos documentos antes requeridos(extratos); ;

IV - D O S P E D I D O S.

Em arremate, requer a Promovente que V. Ex.ª se

digne de julgar a pendenga nos seguintes moldes:

a) Por conflitarem com as regras

entabuladas no Código de Defesa do

Consumidor e do Código Civil,

regras estas relevadas neste

Page 52: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

arrazoado, pede, na forma do art. 6º,

inc. V do CDC, que V. Ex.ª se digne

de ANULAR, total ou parcialmente,

as cláusulas contratuais que exceda

os limites declaratórios desta

sentença, condenando à revisão

contratual e recálculo do saldo

devedor, a ser apurado em

liquidação de sentença, quando

afastadas a cobrança indevida e

concretizando a restituição do

indébito/compensação de crédito;

b)que a comissão de permanência

seja substituída pelo INPC;

c) que os juros remuneratórios e

moratórios sejam limitados a 12%

(doze por cento) ao ano, ou, como

pedido sucessivo, à taxa média do

mercado, à época dos pagamentos

das parcelas;

Page 53: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

d) que seja excluída a capitalização

dos juros;

e) seja deferida a INVERSÃO DO

ÔNUS DA PROVA;

f) que a Ré seja condenada, por

definitivo, a não inserir o nome da

Autora junto aos órgãos de

restrições bem como a não

promover informações à Central de

Risco do BACEN, sob pena de

pagamento da multa evidenciada em

sede de pedido de tutela antecipada;

g) excluir da conta a multa de 2%

(dois por cento), eis que não

caracterizada a mora;

h) determinar a CITAÇÃO e

INTIMAÇÃO da Requerida, por Carta,

Page 54: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

com AR, para, querendo, vir

contestar a presente Ação

Revisional de Contrato, no prazo de

15 (quinze)dias;

i) protesta provar o alegado por toda

espécie de prova admitida (CF, art.

5º, inciso LV), nomeadamente pelo

depoimento do representante legal

da Promovida (CPC, art. 12, inciso

VI), oitiva de testemunhas a serem

arroladas opportuno tempore,

juntada posterior de documentos

como contraprova, perícia

contábil(com ônus invertido),

exibição de documentos pela

Promovida, tudo de logo requerido.

Concede-se à causa o valor de R$ .x.x.x.xConcede-se à causa o valor de R$ .x.x.x.x

( .x.x.x.x.x).( .x.x.x.x.x).

Respeitosamente, pede deferimento.Respeitosamente, pede deferimento.

São Paulo(SP), .x.x. de x.x.x.x.x do anoSão Paulo(SP), .x.x. de x.x.x.x.x do ano de .x.x.x.de .x.x.x.

Page 55: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

P.p.P.p. Advogado(a) Advogado(a)

____________________________________________________________________________________________________________________________________

REVISIONAL DE LEASING/ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIAREVISIONAL DE LEASING/ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XXª

VARA CÍVEL DE SÃO PAULO - SP.

Síntese do arrazoado:

( i ) Evento imprevisto: desemprego. Possibilidade, à luz

do novo código civil, para o equilíbrio e manutenção do

contrato(CC, arts. 317, 421, 422 e 478).

( ii ) manutenção do contrato com redução das parcelas

acordadas;

( iii ) pede tutela antecipada parcial.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 265 – Suspende-se o processo:

IV – quando a sentença de mérito:

a) depender do julgamento de outra

causa, ou da declaração da existência

Page 56: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

ou inexistência da relação jurídica, que

constitua objeto principal de outro

processo;

“Suspende-se o processo quando a

´sentença´ de mérito depender do

julgamento de outra causa, que

constitua o objeto principal

daquele.”(STJ-1ª Turma – REsp nº

36.970-3-RS – Rel. Min. Demócrito

Reinaldo – j. 06/10/1993 – RSTJ 57/391)

Distribuição por Dependência ao Proc. nº. .x.x.x.x.x.x.AA: Oswaldo .x.x.x.x.x .x.x.x.x.x.RR: Banco .x.x.x.x.x S/A

Justiça Gratuita

Intermediado por seu mandatário ao final

subscrito - instrumento procuratório acostado - causídico inscrito na

Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Ceará sob o nº 7611, com

seu escritório profissional consignado no timbre desta, onde, em

atendimento à diretriz do art. 39, inciso I do Estatuto Buzaid, indica-o

para as intimações necessárias, vem, com o devido respeito a V. Exª.,

OSWALDO .X.X.X.X.X.X.X .X.X.X.X.X, brasileiro, casado, maior,

residente e domiciliado na Rua .x.x.x.x.x.x, nº. .x.x.x – Casa .x.x.x em

Fortaleza(CE), para, sob a égide dos arts. 317, 421, 422 e 478 todos

do Código Civil c/c art. 6º, inc. V, da Lei Federal nº

8.078/90(Código de Defesa do Consumidor), promover a presente

Page 57: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE REAJUSTAMENTO DAS

PRESTAÇÕES,

contracontra BANCO .X.X.X.X. S/A, instituição financeira de direito instituição financeira de direito

privado, estabelecida na Rua .x.x.x.x.x.x., nº. .x.x.x.x – 12º andar, emprivado, estabelecida na Rua .x.x.x.x.x.x., nº. .x.x.x.x – 12º andar, em

Barueri(SP) – CEP .x.x.x.x.x, possuidora do CNPJ(MF)Barueri(SP) – CEP .x.x.x.x.x, possuidora do CNPJ(MF)

nº. .x.x.x.x.x.x.x.x, em decorrência das justificativas de ordem fática enº. .x.x.x.x.x.x.x.x, em decorrência das justificativas de ordem fática e

de direito abaixo delineadas:de direito abaixo delineadas:

I - RESENHA FÁTICA

As partes desta querela celebraram um contrato

de financiamento, sendo este com garantia de alienação fiduciária, o

qual pactuado em 27/10/204(doc. 01)

Do referido, presencia-se que o mesmo visava

financiar a aquisição do veículo Marca/Mod: Palio, ELX, ano 2001, de

placas .x.x.x.x.x. O financiamento fora no importe de

R$ .x.x.x.x.x.x( .x.x.x.x.x.x.x), com parcelas sucessivas e mensais de

R$ .x.x.x.x.x( .x.x.x.x.x.xx.x.), pelo período de 48(quarenta e oito

meses).

Entrementes, Excelência -- e este é o âmago

do entrave --, o Postulante fora demitido de seu emprego na data de

21 do corrente ano, consoante comprova-se pelo documento ora

carreado(doc. 02).

Tal fato, pois, imprevisível – posto que não era

Page 58: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

contrato por período certo, e sim indeterminado – extirpou a

possibilidade de pagamento das parcelas.

Diga-se, mais, que o veículo, no campo

profissional do Autor, do qual irá promover esforços para reabilitar-se

no mercado, é de todo essencial.

O Autor, pois, ainda com as verbas rescisórias

do contrato de trabalho, almeja pagar paulatinamente o financiamento,

entrementes em proporção menor, a qual hoje o Promovente entende

como sendo de R$ 100,00(cem reais) mensais.

HOC IPSUM EST

II - MERITUM CAUSAE

a) REAJUSTAMENTO DO PREÇO DA PARCELA E PRAZOS CONTRATUAIS

O Código Civil, em seu art. 421, reza que “a

liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função

social do contrato. “ Isso significa, sobretudo, o contrato deixa de

ser apenas instrumento de realização da autonomia privada para

desempenhar uma função social.

A orientação nas relações de crédito até hoje

tem sido pensado com base no acordo de vontade. Entrementes,

Page 59: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

atualmente, em face da novel lei substantiva vigente, não devemos

nos ater não mais no consentimento, mas no interesse social

protegido.

Aliás, a própria Constituição Federal já trazia

em seu bojo, como um dos fundamentos da República, o valor

social da livre iniciativa.(CF, art. 1º, IV) Então, o contrato – qualquer

contrato – tem importância para toda a sociedade.

Já em recente julgado, no voto da eminente

Min. Nancy Andrighi(REsp nº. 444.716/BA), o STJ tem se manifestado

que, inclusive, o princípio da função social do contrato deve ser visto

no âmbito do princípio constitucional da solidariedade, onde lê-se:

“A visão preconizada nestes precedentes abraça o princípio

constitucional da solidariedade(art. 3º, I, da CF), em que se

assenta o princípio da função social do contrato, este que ganha

enorme força coma vigência do novo Código Civil(art. 421)”

O contrato, de outro bordo, além de instrumento

para realização dos interesses particulares, também é um mecanismo

que vem a promover um dos objetivos da ordem jurídico-

constitucional, que contempla expressamente a função social como

um dos princípios da Constituição(CF, art. 170, III).

Cabe, neste ínterim, ao Magistrado empreender

todos os esforços para preservar os interesses sociais, sobretudo com

Page 60: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

a manutenção do contrato, assim querendo uma ou ambas as

partes.

Desta maneira, encontra-se imerso no Código

Civil comando possibilitando ao Juiz, no caso concreto, apreciar o fato

narrado e, em conseqüência, manter o contrato diante de

circunstâncias adversas a uma delas, como no caso ora debate.

CÓDIGO CIVIL

Art. 317 – Quando por motivos imprevisíveis, sobrevier

desproporção manifesta entre o valor da prestação

devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz

corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure,

quando possível, o valor real da prestação.

( destacamos )

A expressão ´motivos imprevisíveis´, contida

na norma acima evidenciada, foi debatida na I Jornada do STJ sobre o

novo código civil, em se chegou a uma conclusão que:

“ A interpretação da expressão ´motivos imprevisíveis´,

constante do CC 317, deve abarcar tanto causas de

desproporção não previsíveis como também causas

previsíveis, mas de resultados imprevisíveis” ( nº. 17 ) ( os

destaques são nossos )

Page 61: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Aplicável, também à hipótese, o que rege a lei consumerista.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

...

V – a modificação das cláusulas contratuais que

estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão

em razão de fatos supervenientes que as tornem

excessivamente onerosas.

b) PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO DE BUSCA E APREENSÃO

Em razão do ajuizamento da Ação de Busca e

Apreensão, por dependência à presente, vem o Promovido requerer

a imediata suspensão do processo em referência , até o julgamento

final da presente Ação Revisional em tela, pleito este que o faz com

abrigo no art. 265, IV, ´a`, do Código de Processo Civil, porquanto

o julgamento de mérito eventualmente favorável ao ora Promovente,

importa, diretamente, no resultado da ação de busca e apreensão.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 265 – Suspende-se o processo:

...

IV – quando a sentença de mérito:

Page 62: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

a) depender do julgamento de outra causa, ou da

declaração da existência ou inexistência da relação

jurídica, que constitua objeto principal de outro

processo;

“Suspende-se o processo quando a ´sentença´

de mérito depender do julgamento de outra

causa, que constitua o objeto principal

daquele.”(STJ-1ª Turma – REsp nº 36.970-3-RS –

Rel. Min. Demócrito Reinaldo – j. 06/10/1993 –

RSTJ 57/391)

c) PEDIDO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Promovente, inicialmente, O Promovente, inicialmente, vem requerer avem requerer a

Vossa Excelência os benefícios da gratuidade de justiçaVossa Excelência os benefícios da gratuidade de justiça , por ser, por ser

pobre na forma da lei. Comprova, mais, com a pobre na forma da lei. Comprova, mais, com a declaração oradeclaração ora

anexaanexa((doc. 02doc. 02). Ratifica, ademais, por declaração neste arrazoado). Ratifica, ademais, por declaração neste arrazoado

inicial(LAJ, art. 4º), através de seu bastante procurador, sob as penasinicial(LAJ, art. 4º), através de seu bastante procurador, sob as penas

da lei, donde ressalva que não pode arcar com as custas do processoda lei, donde ressalva que não pode arcar com as custas do processo

sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, em conformidadesem prejuízo do sustento próprio e de sua família, em conformidade

com as disposições da Lei nº. 1.060/50, afirmação esta que a faz sobcom as disposições da Lei nº. 1.060/50, afirmação esta que a faz sob

as penas da lei.as penas da lei.

Dessarte, Excelência, tal prerrogativa legal

deve ser concedida, quando apenas ajoujada à afirmação de pobreza

jurídica e seu devido requerimento, à luz da disciplina contida no art.

1º, da Lei nº. 7.115, de 29/09/1993. O simples e eventual fato de o

Page 63: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Requerente apresentar-se como taxista já demonstra que o mesmo

não possui recursos financeiros suficientes para prover as custas e

demais despesas do processo. A singela declaração da parte de que é

pobre na forma da lei e não pode arcar com as despesas judiciais, é

suficiente para atender ao âmago do contexto da lei em espécie.

“JUSTIÇA GRATUITA – Necessidade de simples

afirmação de pobreza para parte para a obtenção

do benefício – Inexistência de incompatibilidade

entre o artigo 4º da Lei nº. 1.060/50 e o artigo 5º,

LXXIV, da CF.

Ementa oficial:

O artigo 4º da Lei nº 1.060/60 não colide com o

artigo 5º, LXXIV, da CF, bastando à parte, para que

obtenha o benefício da assistência judiciária, a

simples afirmação da sua pobreza, até prova em

contrário(STF – 1ª Turma; RE nº 207.382-2-RS,

Rel. Min. Ilmar Galvão. J. 22.04.1997)

Com efeito, Excelência, há uma presunção

legal da declaração estipulada pelo Requerente.

Nada é preciso ser comprovado. É dado àquele

que litiga, em autos próprios, querendo, provar o contrário.

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁROS ADVOCATÍCIOS. ASSITÊNCIA

JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DO ESTATO DE

MISERABLIDADE. DESNECESSIDADE.

Page 64: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

1. Para se obter o benefício da assistência

judiciária gratuita, basta que seu beneficiário a

requeira mediate simples afirmação do estado de

miserabilidade, sendo desnecessária a sua

comprovação.

2. Recurso conhecido, mas improvido.

(REsp nº 121799-RS REsp nº 1997/001429-7), j.

26/06/00, Rel. Min. Hamilton Carvalhido)

E, diga-se, nada se deve levar em conta no que diz

respeito à contratação da parte requerida deste benefício com o seu patrono.

São ajustes particulares que não vêm ao caso. O que se almeja, neste

tocante, é, tão-somente, a isenção de despesas judiciais. Aliás, pelo Estatuto

da OAB permitido ao advogado(muitas vezes até dever) de patrocinar

interesses de terceiros sem qualquer remuneração. Não há qualquer

distinção: do advogado recém-formado ao mais laudável.

Resta saber, mais, sobretudo, que, diante destes

argumentos, torna-se vedado ao Magistrado indeferir ex officio o pleito ora em

debate, sem que haja objeção neste sentido, e, ademais, haja, antes, provas

suficientes para tal desiderato.

“A atual Constituição, em seu art. 5º, LXXXIV,

inclui, entre os direitos e garantias fundamentais, o

da assistência jurídica integral e gratuitas pelo

Estado aos que comprovarem a insuficiência de

recursos. Portanto, em face dessa texto, não pode

o Estado eximir-se desse dever desde que o

Page 65: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

interessado comprove a insuficiência de recursos,

mas isso não impede que lê, por lei, e visando

facilitar o amplo acesso ao Poder Judiciário, que é

também direito fundamental (art. 5º, XXXV, da

Carta Magna), conceda assistência judiciária

gratuita que, aliás, e menos ampla do que a

assistência jurídica integral -- mediante a

presunção iuris tantum de pobreza decorrente da

afirmação da parte de que não está em condições

de pagar as custas do processo e os honorários de

advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.

Nesse sentido tem decidido a Segunda Turma.

Recurso Extraordinário não conhecido. (STF – 1ª T.

– Rextr nº 206.958-2-RS – Rel. Min. Moreira Alves

– j. 05.05.1998).

LEI DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA(Lei nº

1.060/50)

“Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da

assistência judiciária, mediante simples afirmação,

na própria petição inicial, de que não está em

condições de pagar as custas do processo e os

honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou

de sua família.”

§ 1º - Presume-se pobre, até prova em contrário,

quem afirmar essa condição nos termos desta lei,

sob pena de pagamento até o décuplo das custas

Page 66: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

judiciais. “

LEI Nº 7.115/83

“Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de

vida, residência, pobreza, dependência econômica,

homonímia ou bons antecedentes, quando firmada

pelo próprio interessado ou por seu procurador

bastante, e sob as penas da lei, presume-se

verdadeira. “

“Se a parte indicou advogado, nem por isso deixa

de ter direito à assistência judiciária, não sendo

obrigada, para gozar dos benefícios desta(RT

707/119), a recorrer aos serviços da Defensoria

Pública(STJ – Bol. AASP 1.703;205)”

“Para que a parte obtenha o benefício da

assistência judiciária, basta a simples afirmação de

sua pobreza, até prova em contrário.”(RSTJ 7/414;

STJ-RF 329/236, o que dispensa, desde logo, de

efetuar o preparo da inicial(TFR-1ª Turma – Min.

Dias Trindade)”

Ante o exposto, requer o Promovente os benefícios

da gratuidade da justiça, o que faz em razão de ser pobre na forma da lei.

d) ASPECTOS PROCESSUAIS – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Page 67: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Cumpre-nos, nestas linhas proemiais,

delinearmos considerações acerca da propriedade do pleito de

antecipação da tutela.

Os Autores, ao declinar tal pleito, afiguram-se

como detentores dos requisitos insertos no art. 273 do Estatuto de

Ritos, qual sejam:

( i ) a verossimilhança das alegações

Com a cópia da rescisão do contrato de Com a cópia da rescisão do contrato de

trabalho do Autor, presencia-se, de logo, a situação anômala e trabalho do Autor, presencia-se, de logo, a situação anômala e

imprevisível que reclama a prestação jurisdicional.imprevisível que reclama a prestação jurisdicional.

( ii ) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação

Como se fez relevar, por dependência à Como se fez relevar, por dependência à

presente, há uma ação de busca e apreensão que visa apreender presente, há uma ação de busca e apreensão que visa apreender

o veículo alvo do debate. Repita-se, mais, que o mesmo de o veículo alvo do debate. Repita-se, mais, que o mesmo de

importância para sua utilização diária, em busca nesta ocasião deimportância para sua utilização diária, em busca nesta ocasião de

trabalho, transporte de sua filha, e lazer de sua família(aspecto trabalho, transporte de sua filha, e lazer de sua família(aspecto

social). social).

Diante do exposto, pleiteia o Autor que V.

Exª. a concessão imediata de TUTELA ANTECIPADA, inaudita

altera pars, para:

Page 68: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

1) Defira o depósito judicial mensal e sucessivo de R$ 100,00(cem

reais), como pagamento do contrato de financiamento, até o final

desta pendenga, valores estes atualizados pelo INPC;

2) feito o depósito inicial, requer a remessa de ofícios aos órgãos

de restrições para que estes excluam de seus cadastros o nome

do Autor;

3) intimar a instituição financeira ré para que se abstenha de

incluir o nome do Autor nos órgãos de restrições, inclusive

Central de Risco do BACEN, e se o tiver feito excluir de pronto,

sob pena de multa diária de R$ 1.000,00(mil reais);

4) seja o Autor manutenido na posse do bem alienado.

III - D O S P E D I D O S

Em arremate, requer o Promovente que V. Exª. se

digne de julgar a pendenga nos seguintes moldes:

a) determinar a CITAÇÃO da Requerida, por

Carta, com AR, para, querendo, vir contestar a

presente Ação de Revisional, no prazo de

15(quinze)dias;

b) pede que V. Exª. julgue o presente processo,

determinando a correção da prestação acertada

em contrato para a quantia mensal e sucessiva

Page 69: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

de R$ 100,00(cem reais), a ser paga até alcançar

o limite do crédito ofertado, com seus

acréscimos de remuneração contratual(CC, art.

317);

c) requer, mais, que o prazo contratual seja

revisto, de sorte que a última parcela

corresponda á divisão do total de todas

parcelas pagas de R$ 100,00(cem reais)

mensais;

d) seja, por definitivo, excluído o nome do Autor

dos órgãos de restrições, inclusive da Central

de Risco do BACEN;

e) determine a manutenção do bem objeto da

alienação fiduciária em poder do Autor, na

qualidade de fiel depositário, até o trânsito em

julgado da querela, com a condenação, mais, no

ônus de sucumbência;

f) protesta provar o alegado por toda espécie de

prova admitida(CFed, art. 5º, inciso LV),

nomeadamente pelo depoimento do

representante legal da Promovida(CPCiv, art.

12, inciso VI), oitiva de testemunhas a serem

arroladas opportuno tempore, juntada posterior

de documentos como contraprova, perícia

contábil, exibição de documentos pela

Page 70: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Promovida, tudo de logo requerido.

Concede-se à causa o valor de

R$ .x.x.x.x.x.x( .x.x.x.x.x.x.x.).

Respeitosamente pede, e espera merecer,

deferimento.

São Paulo(SP), .x.x. de x.x.x.x.x do ano de .x.x.x.

P.p. Advogado(a)

__________________________________________________________________

REVISIONAL DE CHEQUE ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA VARA CÍVEL DE SÃO PAULO – SP

FORMULA PEDIDO NA FORMA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

DIANA .X.X.X.X .X.X.X.X. DE MELO, brasileira,

separada, maior, residente e domiciliada na Rua .........., nº ..... – Fortaleza(CE),

possuidora do CPF(MF) nº. x.x.x.x.x., por seu advogado abaixo

assinado(procuração anexa), vem, com o devido respeito a V. Ex.ª., interpor, sobsob

a égide dos arts. 138 e segs., 591, todos do Código Civil, arts. 5º, incisos II,a égide dos arts. 138 e segs., 591, todos do Código Civil, arts. 5º, incisos II,

V e X, 48, inc. XIII, 192; ADCT, art. 25, inc. I, da Carta Política; Art. 4º inc. IX,V e X, 48, inc. XIII, 192; ADCT, art. 25, inc. I, da Carta Política; Art. 4º inc. IX,

40, IX, da lei 4.595/64 Dec. Lei nº. 22.626/33(Lei da Usura), art. 4º e 6º Lei40, IX, da lei 4.595/64 Dec. Lei nº. 22.626/33(Lei da Usura), art. 4º e 6º Lei

Federal nº. 8.078/90(Federal nº. 8.078/90(Código de Defesa do ConsumidorCódigo de Defesa do Consumidor)),, promover a presente

Page 71: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DEAÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE

TUTELATUTELA,,

em desfavor do BANCO .X.X.X .X.X.X S/A, instituição financeira de direito

privado, estabelecida na ...................., inscrita no CNPJ(MF) sob o nº ...............,

em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas:

I. Dos Benefícios da Justiça Gratuita I. Dos Benefícios da Justiça Gratuita

A Promovente, inicialmente, A Promovente, inicialmente, vem requerer vem requerer

a Vossa Excelência os benefícios da gratuidade de a Vossa Excelência os benefícios da gratuidade de

justiçajustiça, por ser pobre, o que faz por declaração neste , por ser pobre, o que faz por declaração neste

arrazoado inicial(LAJ, art. 4º), donde ressalva que não pode arrazoado inicial(LAJ, art. 4º), donde ressalva que não pode

arcar com as custas do processo sem prejuízo do sustento arcar com as custas do processo sem prejuízo do sustento

próprio e de sua família, em conformidade com as próprio e de sua família, em conformidade com as

disposições da Lei nº 1.060/50, afirmação esta que a faz sob disposições da Lei nº 1.060/50, afirmação esta que a faz sob

as penas da lei.as penas da lei.

LEI DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA(Lei nº 1.060/50)

“Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da assistência

judiciária, mediante simples afirmação, na própria

petição inicial, de que não está em condições de pagar

as custas do processo e os honorários de advogado,

Page 72: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

sem prejuízo próprio ou de sua família.”

§ 1º - Presume-se pobre, até prova em contrário, quem

afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena

de pagamento até o décuplo das custas judiciais. “

LEI Nº 7.115/83

“Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida,

residência, pobreza, dependência econômica,

homonímia ou bons antecedentes, quando firmada

pelo próprio interessado ou por seu procurador

bastante, e sob as penas da lei, presume-se

verdadeira. “

“Se a parte indicou advogado, nem por isso deixa de

ter direito à assistência judiciária, não sendo obrigada,

para gozar dos benefícios desta(RT 707/119), a

recorrer aos serviços da Defensoria Pública(STJ – Bol.

AASP 1.703;205)”

“Para que a parte obtenha o benefício da assistência

judiciária, basta a simples afirmação de sua pobreza,

até prova em contrário.”(RSTJ 7/414; STJ-RF 329/236,

o que dispensa, desde logo, de efetuar o preparo da

inicial(TFR-1ª Turma – Min. Dias Trindade)”

II - RESENHA FÁTICAII - RESENHA FÁTICA

Page 73: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

A Promovente celebrou com a instituição financeira

promovida contrato de abertura de crédito em conta corrente, na modalidade de

cheque especial(crédito rotativo), a qual detém a numeração .x.x.x, da agência

nº .x.x.x(Aldeota), cujo limite é, atualmente, de R$ .x.x.x( .x.x.x.x.x).

Durante o pacto contratual a Autora, também,

formalizou contrato de Crédito Direito ao Consumidor – Empréstimo

Eletrônico(Contrs. nº .x.x.x.x e .x.x.x.x.x). Acosta-se, nesta ocasião, cópias dos

extratos para mera comprovação.

Presencia-se, ademais, pelos documentos acostados

que, no que pertine ao cheque especial, chegou-se a cobrar taxa mensal de .x.x%

( .x.x.x.x). Quanto aos contratos de Crédito Direto ao Consumidor, verificam-se

taxas de .x.x.%( .x.x.x.x.) ao mês e .x.x%( .x.x.x.x.) ao mês.

Fato de se destacar, Excelência, é que a referida

contratação veio de, sobretudo, dissimular a existência de juros

capitalizados(anatocismo), onde resulta na incômoda situação de a Autora pagar

além do que foi pactuado.

Será provado, mais, que a dívida fora devidamente

quitada.

HOC IPSUM EST.

III - MERITUM CAUSAEIII - MERITUM CAUSAE

a) EXISTÊNCIA DISSIMULADA DE JUROS CAPITALIZADOS NA CONTRATAÇÃO.

Page 74: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

À luz da pequena amostra de extratos da Autora,À luz da pequena amostra de extratos da Autora,

ancorados com a inicial, percebe-se, às claras, que a Ré, de forma sorrateira,ancorados com a inicial, percebe-se, às claras, que a Ré, de forma sorrateira,

embutiu e dilui nas parcelas, embutiu e dilui nas parcelas, juros de forma capitalizadajuros de forma capitalizada, em período inferior a, em período inferior a

um ano, o que veio a onerar sobremaneira o pacto. um ano, o que veio a onerar sobremaneira o pacto.

O objeto, portanto, não era lícitoO objeto, portanto, não era lícito, posto que, em, posto que, em

consonância com a Súmula 121 do Egrégio Supremo Tribunal Federal e Súmulaconsonância com a Súmula 121 do Egrégio Supremo Tribunal Federal e Súmula

93 do Superior Tribunal de Justiça, ainda ajoujado ao que reza a Lei da93 do Superior Tribunal de Justiça, ainda ajoujado ao que reza a Lei da

Usura(Dec. Lei nº. 22.626./33), não é permitido capitalizar juros, em períodoUsura(Dec. Lei nº. 22.626./33), não é permitido capitalizar juros, em período

menor de um ano, o que não foi o caso.menor de um ano, o que não foi o caso.

Código Civil

Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou

determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 591 – Determinando-se o mútuo a fins

econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,

sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a

que se refere o art. 406, permitida a capitalização

anual.

Page 75: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Decerto, portanto, que houvera, em relação a Autora,Decerto, portanto, que houvera, em relação a Autora,

vício de consentimentovício de consentimento, posto que na realidade, há, disfarçadamente, de sorte a, posto que na realidade, há, disfarçadamente, de sorte a

ludibriar o consumidor, uma taxa efetiva. A ludibriar o consumidor, uma taxa efetiva. A Tabela PriceTabela Price fora utilizada e isto, fora utilizada e isto,

jamais a Promovente tinha conhecimento, senão alguns poucos afetos às ciênciasjamais a Promovente tinha conhecimento, senão alguns poucos afetos às ciências

exatas o conseguem visualizar a capitalização, no caso mensal. exatas o conseguem visualizar a capitalização, no caso mensal.

Código Civil

Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos,

quando as declarações de vontade emanarem de

erro substancial que poderia ser percebido por

pessoa de diligência normal, em face das

circunstâncias do negócio.

Deve ser anulada esta forma de remuneração, e, por

via de conseqüência, a capitalização mensal encontrada.

O Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico quandoO Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico quando

entendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da Usura(Decretoentendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da Usura(Decreto

nº. 22.626/33):nº. 22.626/33):

“Art. 4º - É proibido contar juros dos juros; esta

proibição não compreende a acumulação de juros

vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de

ano a ano.”

ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO

II Não discrepa desta orientação, urge asseverar, osNão discrepa desta orientação, urge asseverar, os

doutrinadores, pois que, consoante as linhas de doutrinadores, pois que, consoante as linhas de ORLANDO GOMESORLANDO GOMES::

Page 76: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

“Na determinação contratual dos juros, a

intervenção legal não se limita à fixação da maior

taxa que pode ser estipulada. Dentre as proibições

estatuídas, importa salientar a que visa a conter o

anatocismo. Não permite a lei que se adicione juros

ao capital para o feito de se contarem novos juros.

De outro turno, leciona De outro turno, leciona WASHINGTON DE BARROSWASHINGTON DE BARROS

MONTEIROMONTEIRO que: que:

“Segundo o art. 4º, é proibido contar juros dos

juros, mas a proibição não compreende a

acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos

em conta corrente de ano a ano. “

(...)

“É o que se chama anatocismo(do grego ana e

tokizo - produção de interesses, ANDRÉIA

TORRENTE, Manual de Direito Privado, pág. 309). O

anatocismo ou capitalização de juros acarreta

como conseqüência o aumento enorme da dívida.

Se supusermos obrigação de dez mil pesos, diz

SALVAT(Tratado de Decreto Civil Argentino, III,

Tomo I, nº 499), à taxa de 8% anuais, capitalizáveis

anualmente, a obrigação estará dobrada em nove

anos(aos nove anos, 19.900 pesos - capital

dobrado), aos quatorze anos 29.372 pesos - capital

triplicado) aos dezoito anos, 39.960 pesos - capital

quadruplicado.”

Page 77: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Destarte, Destarte, sobre a capitalização ilegal incidiram todossobre a capitalização ilegal incidiram todos

os encargos, inclusive, resta saber, cumulativamente sobre a taxa deos encargos, inclusive, resta saber, cumulativamente sobre a taxa de

permanência exorbitante e os juros dos contratospermanência exorbitante e os juros dos contratos, o que é inadmissível. , o que é inadmissível.

O ANATOCISMO CONFIGURADO

A instituição financeira acionada, com a finalidade de

concretizar a relação de contratual, concedeu o crédito com juros

remuneratórios de forma capitalizada, em período inferior a um ano, o que é

vedado por lei. Configurou-se, certamente, cobrança de juros capitalizados em

períodos inferiores ao estabelecido no art. 4o. do Decreto no. 22.626/33, o que é

vedado em lei, gerando nulidade absoluta e, conseqüentemente, insanável.

Assinala EUCLIDES M. DE MORAES, no tocante ao tema em

espécie que:

"O empréstimo a juros compostos é caracterizado,

portanto, pelo fato de que os juros vencidos em

cada período produzem novos juros durante o

tempo em que ficam à disposição do devedor. O ato

de se juntarem os juros ao capital para formar um

todo único capaz de produzir novos juros se

denomina capitalização de juros." (Matemática

Financeira. Sulina. 8ª ed. 1983. p. 10).

O Anatocismo, pois, resulta em um tema pacífico

quando entendido como ilegal, eis que afronta o quanto disposto na Lei da

Usura(Decreto nº. 22.626/33):

“Art. 4º - É proibido contar juros dos juros; esta

proibição não compreende a acumulação de juros

Page 78: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de

ano a ano.”

Temos, também, que esta é a mesmíssima regra

contida no artigo 591 do novel Código Civil.

De outro compasso, de bom alvitre relevarmos a Súmula 121

do Egrégio Supremo Tribunal Federal:

“É vedado a capitalização de juros, ainda que

expressamente convencionado.”

Não se diga, ademais, que não haveria ilegalidade

alguma porque a operação passou a ser permitida pelo 5°, da Medida Provisória

n° 1. 963/17, de 30/3/2000, ainda em vigor reedições posteriores e, segundo o

voto do eminente relator, por força do art. 2°, da Ementa Constitucional n° 32, de

11/9/2001, argumentos estes muito comuns alegados pelas instituições

financeiras.

O exame de tais diplomas legais, entretanto, revela que

o invocado dispositivo deve ter recusada a aplicação porque sem validade.

O preâmbulo das Medidas Provisórias n°s 1. 963 e

2.170 – esta última como reedição daquela – indica que suas normas dispõem

sobre “a administração dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, consolidam e

atualizam a legislação pertinente ao assunto e dão outras providencias”.

Apreciando-se com acuidade o texto das normas, até o art. 4º, ao menos, indica

que o executivo legislador teve em mente tratar dos recursos do caixa do

Tesouro Nacional exclusivamente. O art. 5º, entretanto enveredou por assunto

Page 79: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

diverso, passando a tratar, em completo descompasso com o restante da

Medida, da possibilidade de capitalização de juros pelas instituições integrantes

do Sistema Financeiro Nacional.

No entanto, temos que a Lei Complementar n° 95, de

26/2/1998 em cumprimento ao art. 59, parágrafo único, da Constituição Federal,

aplicável, também, às Medidas Provisórias (art. 1° parágrafo único), estabelece,

no art. 7° que “o primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o

respectivo âmbito de aplicação” e proíbe, no inciso II, o tratamento de

matéria estranha a seu objeto: “a lei não conterá matéria estranha a seu

objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou conexão”.

Óbvio que a matéria relativa à capitalização de juros

em favor de instituições financeiras nada tem com os mecanismos de

administração dos recursos do Tesouro Nacional, destoando flagrantemente

do objeto principal das invocadas Medidas Provisórias, com o qual não tem

afinidade, pertinência ou conexão.

Convém realçar, nesse ponto, que o enfoque na

colidência de normas pode-se dar pelo prisma constitucional ou pelo prisma

infraconstitucional, como decidiu o C. Superior Tribunal de Justiça nos Embargos

de Divergência n° 357.415/PR (Rela. Min. Eliana Calmon- DJ 14/6/2004).

Neste último aspecto, assentado que a lei

complementar trate do assunto que lhe foi confiado pelo texto constitucional,

assume inegável superioridade hierárquica em relação à lei ordinária (GERALDO

ATALIBA, Lei Complementar na Constituição Federal, São Paulo, RT, 1971, p.

57), à qual se equipara a Medida Provisória.

Bem por isso, sujeitando-se esta aos contornos

estabelecidos por aquela, “não prevalecem contra ela, sendo inválidas as

Page 80: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

normas que a contradisserem” (MANOEL GONGALVES FERREIRA FILHO, Do

Progresso Legislativo, São Paulo Saraiva, 2002, p. 247).

Tem-se, assim, que o art. 5º de referidos diplomas está em

aberto confronto com o art. 7°, II, da Lei Complementar n° 95/98, motivo qual que

V. Exa. deve recusar-lhe validade.

Não fosse este o entendimento, o que se diz apenas

por argumentar, o Poder Executivo não tem o condão de ´legislar´, por Medida

Provisória(CF, art. 62), no tocante à matéria de juros cobrados por

instituições financeiras. Ademais, a mesma, resta saber, sequer fora

apreciada pelo Poder Legislativo.

Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.

Verifica-se na Seção II, do Capítulo I, do Título IV, daVerifica-se na Seção II, do Capítulo I, do Título IV, da

vigente Constituição Federal que, entre as vigente Constituição Federal que, entre as atribuições do Congresso Nacionalatribuições do Congresso Nacional,,

está a está a prerrogativa inderrogávelprerrogativa inderrogável de dispor sobre todas as matérias de de dispor sobre todas as matérias de

competência da Uniãocompetência da União, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à “, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à “matériamatéria

financeirafinanceira, cambial e monetária, , cambial e monetária, instituições financeiras e suas operaçõesinstituições financeiras e suas operações. “. . “.

Desta feita, temos que Desta feita, temos que o ato jurídico em destaque éo ato jurídico em destaque é

absolutamente nuloabsolutamente nulo. A sua inserção no mundo jurídico . A sua inserção no mundo jurídico não correspondeu aonão correspondeu ao

quanto preceito pela Carta Magnaquanto preceito pela Carta Magna, ferindo, destarte, o quanto evidenciado na, ferindo, destarte, o quanto evidenciado na

Legislação Substantiva Civil. Legislação Substantiva Civil.

Art. 166 – É nulo o negócio jurídico quando:

( ... )

IV – não revestir a forma prescrita em lei;

Page 81: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Devemos ressaltar, também, que Devemos ressaltar, também, que a Medida Provisóriaa Medida Provisória,,

ora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto que o caso de seuora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto que o caso de seu

surgimento, lógico, surgimento, lógico, não reclamounão reclamou, sobretudo, , sobretudo, urgênciaurgência(CF, art. 62). (CF, art. 62).

b) CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PRETENSÃO DE REVISÃO CONTRATUAL.

Com a inserção da Lei de Consumo, temos que seu art.Com a inserção da Lei de Consumo, temos que seu art.

6º trouxe regra de grande valia, quando, em seu inciso V, permite ao Juiz6º trouxe regra de grande valia, quando, em seu inciso V, permite ao Juiz

modificar as cláusulas referentes ao preço, ou qualquer outra prestação a cargomodificar as cláusulas referentes ao preço, ou qualquer outra prestação a cargo

do consumidor. do consumidor.

Assim, resta saber, quando colocado frente a qualquerAssim, resta saber, quando colocado frente a qualquer

contrato, o Juiz pode e deve examinar a legalidade de suas cláusulas, e perquirircontrato, o Juiz pode e deve examinar a legalidade de suas cláusulas, e perquirir

se delas decorre eventual lesão a direito. se delas decorre eventual lesão a direito.

É certo que a avença ora em questão está sujeita àÉ certo que a avença ora em questão está sujeita à

incidência das regras da Lei n° 8.078/90incidência das regras da Lei n° 8.078/90 , por tratar-se de contrato celebrado, por tratar-se de contrato celebrado

entre uma instituição financeira e pessoa física, consoante o entendimento jáentre uma instituição financeira e pessoa física, consoante o entendimento já

adotado no Superior Tribunal de Justiça (cf. a propósito, Resp n° 213.825/RS, 4ªadotado no Superior Tribunal de Justiça (cf. a propósito, Resp n° 213.825/RS, 4ª

T., Rel. Min. Barros Monteiro, DJU 27/11/2000, Resp n° 190.860/mg, 3ª T., DJUT., Rel. Min. Barros Monteiro, DJU 27/11/2000, Resp n° 190.860/mg, 3ª T., DJU

9/11/2000, Resp n° 163.616/RS, 4ª T., Rel Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU9/11/2000, Resp n° 163.616/RS, 4ª T., Rel Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU

3/8/1998 e que 3/8/1998 e que redundou na edição da Súmula n° 297 – STJredundou na edição da Súmula n° 297 – STJ). ).

De outro compasso, agora tratando da aplicação das normas insertas na LegislaçãoDe outro compasso, agora tratando da aplicação das normas insertas na Legislação

em comento, temos que o Código do Consumidor desenhou regras que relevam como abusivas, e portanto nulas, onde em comento, temos que o Código do Consumidor desenhou regras que relevam como abusivas, e portanto nulas, onde

cláusulas contratuais tomem diretriz que:cláusulas contratuais tomem diretriz que:

“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras,“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras,

as cláusulas contratuais relativas ao fornecimentoas cláusulas contratuais relativas ao fornecimento

Page 82: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

de produtos e serviços que:de produtos e serviços que:

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor emabusivas, que coloquem o consumidor em

desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveisdesvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis

coma boa-fé ou a equidade;coma boa-fé ou a equidade;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ouIX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou

não o contrato, embora obrigando o consumidor;não o contrato, embora obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ouX - permitam ao fornecedor, direta ou

indiretamente, variação do preço de formaindiretamente, variação do preço de forma

unilateral;unilateral;

XV - estejam em desacordo com o sistema deXV - estejam em desacordo com o sistema de

proteção ao consumidor; “proteção ao consumidor; “

Por outro lado, no parágrafo primeiro, existem as indicações de condições de Por outro lado, no parágrafo primeiro, existem as indicações de condições de

presunção de presunção de vantagem exageradavantagem exagerada::

““ (...)(...)

I - ofende os princípios fundamentais do sistemaI - ofende os princípios fundamentais do sistema

jurídico a que pertence;jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentaisII - restringe direitos ou obrigações fundamentais

inerentes à natureza do contrato, de tal modo ainerentes à natureza do contrato, de tal modo a

ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;

III - que se mostra excessivamente onerosa para oIII - que se mostra excessivamente onerosa para o

consumidor, considerando-se a natureza econsumidor, considerando-se a natureza e

conteúdo do contrato, o interesse das partes econteúdo do contrato, o interesse das partes e

Page 83: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

outras circunstâncias peculiares ao caso. “outras circunstâncias peculiares ao caso. “

Ainda conforme o artigo 52, temos que:Ainda conforme o artigo 52, temos que:

“No fornecimento de produtos ou serviços que“No fornecimento de produtos ou serviços que

envolva outorga de crédito ou concessão deenvolva outorga de crédito ou concessão de

financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,

entre outros requisitos, informá-lo prévia eentre outros requisitos, informá-lo prévia e

adequadamenteadequadamente sobre: sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda correnteI - preço do produto ou serviço em moeda corrente

nacional;nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetivaII - montante dos juros de mora e da taxa efetiva

anual de juros;anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com ou sem financiamento;V - soma total a pagar, com ou sem financiamento;

(...) ”(...) ”

Destarte, merece aplicação as regras insertas noDestarte, merece aplicação as regras insertas no

Código de Proteção ao consumidor, Código de Proteção ao consumidor, sobretudo no que tange `a inversão dosobretudo no que tange `a inversão do

ônus da prova, vale ressaltar(art. 6o. , inciso VIII) e, ademais, por ser tratar oônus da prova, vale ressaltar(art. 6o. , inciso VIII) e, ademais, por ser tratar o

contrato em tela mero contrato de adesão(pois a parte não pode discutircontrato em tela mero contrato de adesão(pois a parte não pode discutir

suas cláusulas), temos que o instrumento firmado deve ser interpretado desuas cláusulas), temos que o instrumento firmado deve ser interpretado de

forma mais favorável ao aderente-consumidor, nos termos do art. 47, doforma mais favorável ao aderente-consumidor, nos termos do art. 47, do

Código de Defesa do ConsumidorCódigo de Defesa do Consumidor. .

c) ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.

Como é de conhecimento de todos, as instituições financeiras cobram a Como é de conhecimento de todos, as instituições financeiras cobram a

Page 84: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

chamada comissão de permanência, sob a égide da Resolução nº. 1.129/86 do BACEN, o que é uma ilegalidade. chamada comissão de permanência, sob a égide da Resolução nº. 1.129/86 do BACEN, o que é uma ilegalidade.

Mas, ainda que absurdo pudéssemos entender comoMas, ainda que absurdo pudéssemos entender como

pertinente a cobrança de comissão de permanência, surgida através da Resoluçãopertinente a cobrança de comissão de permanência, surgida através da Resolução

1.129/BACEN, esta atitude não poderia ser levado adiante, posto que reveste-se1.129/BACEN, esta atitude não poderia ser levado adiante, posto que reveste-se

de ilegalidade, como adiante veremos. de ilegalidade, como adiante veremos.

No contrato celebrado entre as partes, verificamos queNo contrato celebrado entre as partes, verificamos que

a empresa cobrara a empresa cobrara MULTA CONTRATUAL,MULTA CONTRATUAL, o que se percebe pela simples leitura o que se percebe pela simples leitura

dos extratos acostados à inaugural. dos extratos acostados à inaugural.

Este procedimento, ou seja, a cobrança cumulada deEste procedimento, ou seja, a cobrança cumulada de

comissão de permanência com multa contratual é tido como ilegal, à luz do quecomissão de permanência com multa contratual é tido como ilegal, à luz do que

regula a Resolução 1.129/86 do BACEN. regula a Resolução 1.129/86 do BACEN.

“I – Facultar aos bancos comerciais, bancos de

desenvolvimento, bancos de investimento, caixas

econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de

crédito, financiamento e investimento e sociedades

de arrendamento mercantil cobrar de seus

devedores por dia de atraso no pagamento ou na

liquidação de seus débitos, além dos juros de mora

na forma da legislação em vigor, ‘comissão de

permanência’, que será calculada às mesmas taxas

pactuadas no contrato original ou à taxa de

mercado do dia do pagamento.

II – Além dos encargos previstos no item anterior,

não será permitida a cobrança de quaisquer outras

quantias pelo atraso na pagamento dos débitos

vencidos. “

Page 85: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Neste caso, como dito, o contrato e a própria condutaNeste caso, como dito, o contrato e a própria conduta

de cobrança durante a desenvoltura do pacto, mostrou a cobrança de comissão dede cobrança durante a desenvoltura do pacto, mostrou a cobrança de comissão de

permanência cumulada com multa de 2%(dois por cento). Inegável isto. Feriu,permanência cumulada com multa de 2%(dois por cento). Inegável isto. Feriu,

assim, a Resolução, acima citada, do Banco Central do Brasil, posto que, alémassim, a Resolução, acima citada, do Banco Central do Brasil, posto que, além

desta e juros moratórios, nada mais é possível cobrar em caso dedesta e juros moratórios, nada mais é possível cobrar em caso de

inadimplemento. Neste caso prevalecerá, tão-somente, o INPC como índice deinadimplemento. Neste caso prevalecerá, tão-somente, o INPC como índice de

correção. correção.

“REsp nº. 176.833-MG – Relator Min. Aldir Passarinho:

(...)

Todavia, in casu, apesar de entender que não havia

previsão de correção monetária, mas sim de comissão, o

acórdão identificou igualmente a existência contratual de

multa por inadimplência e juros, a autorizar o afastamento

da comissão de permanência e adoção da correção

monetária. “(destacamos)

Não fosse este o entendimento, qual seja o de

afastamento total da comissão de permanência, caso esta fosse possível ser

cobrada seria limitada à não cumulação com juros, correção monetária ou multa

contratual.

Neste sentido transcreve-se o "Entendimento" do

Superior Tribunal de Justiça a respeito da incidência da comissão de

permanência:

Page 86: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

"ÓRGÃO JULGADOR: 2ª S, 3ª T, 4ª T.

É legal a cobrança da comissão de

permanência após o vencimento do contrato

bancário, calculada pela taxa média de juros

do mercado do dia do pagamento, segundo a

espécie de operação apurada pelo Banco

Central do Brasil, limitada à taxa pactuada no

contrato, desde que não cumulada com juros

remuneratórios, multa contratual, juros

moratórios ou correção monetária."

Logo, aplica-se a comissão de permanência

para o período de inadimplência, desde que

não superior à taxa contratada, não podendo

ser cumulada com os juros remuneratórios,

correção monetária, juros moratórios e multa

contratual.

d) DO LIMITE DOS JUROS REMUNETARÓRIOS – 12% AO ANO.

Verifica-se que na Seção II, do Capítulo I, do Título IV,

da vigente Constituição Federal que, entre as atribuições do Congresso Nacional,

está a atribuição inderrogável de dispor sobre todas as matérias de competência

da União, especialmente, no inciso XIII, que diz respeito à ‘matéria financeira,

cambial e monetária, instituições financeiras e sua operações’;

Page 87: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Por outro lado, o art. 25, do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Carta Política expressamente anuncia a

‘revogação, cento e oitenta dias após sua promulgação, sujeitando este prazo

a prorrogação por lei, de todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a

órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao

Congresso Nacional’, principalmente no que concerne a ação normativa e

alocação ou transferência de qualquer espécie, validando os atos praticados na

vigência dos respectivos decretos – leis autorizando o Congresso Nacional, se

necessário, legislar sobre os efeitos deles remanescentes.

Temos, pois, diante do lapso de tempo acima

evidenciado(180 dias) que encontra-se revogado o artigo 4º, inc. IX, da Lei

4.595/64, em face do art. 25, I, ADCT c/c art. 48, XIII da Constituição Federal, por

atribuir em ação normativa, ao Conselho Monetário Nacional, competência

assinalada pela Lei Maior ao Congresso Nacional. Dúvidas não restam de que

devem prevalecer os limites previstos no Decreto 22.626/33 e no

art.1062(1916) e 406(2002) do Código Civil para os juros remuneratórios, como

para os compensatórios e ainda para os juros moratórios.

Não mais existe, portanto, a executoriedade

compulsória do art. 40, IX da Lei 4.595/64, norma especial, que restringe o campo

de aplicação do Decreto nº 22.626/33, regulador das demais avencas, que não

envolvessem instituições financeiras, pelo que passa a prevalecer na íntegra a

norma geral limitadora dos juros do art. 10 desta disposição de lei, caindo por

terra o privilégio antes concedido absurdamente, com respaldo legal, às

instituições financeiras de estipular livremente suas taxas de remuneração e

encargos, principalmente à taxa de mercado, ou as estipular de acordo com

determinações do Conselho Monetário Nacional, que se mostrou em todo esse

tempo interessado na manutenção da penúria dos que com as instituições

financeiras contratavam.

Page 88: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Não devemos olvidar, de outro tocante, o fato desta

inconstitucionalidade, abrigada pela infração ao art. 25 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias, inobstante as prorrogações, patrocinada pela Lei

8.056, de 28/06/90, que antes do seu termo, também prorrogada pelo disposto na

Lei 8.127, de 20/12/90, como ainda pelo texto dispositivo da Lei 8.201, de

29/06/91. Observa-se, finalmente, através do art. 1º da Lei nº 8.392, de 30 de

dezembro de 1991, que esta não mais fixou data certa para a prorrogação,

determinando, no entanto, o seu termo como o da promulgação da Lei

complementar que regulamentará o Sistema Financeiro Nacional:

‘É prorrogado até a data da promulgação da lei

complementar de que trata o art. 192 da Constituição

Federal o prazo a que se refere o art. 1º das leis 8.056, de

28 de junho de 1990, 8.127, de 20 de dezembro de 1990 e

8.201, de 29 de junho de 1991.’

A Constituição Federal foi promulgada em 05 de outubro

de 1988 e a partir de 1 de abril de 1989, vencidos os 180 dias de sua

promulgação, consumada estava a revogação prevista no art. 25 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, sendo que o texto da Lei 8.056 foi

sancionado em 28 de junho de 1990, quando nada mais havia a ser

prorrogado, posto que havia restado derrogado, há mais de ano e mês, a

função delegada e o poder normativo do Conselho Monetário Nacional, no que

não poderiam retroagir os seus efeitos ao término do prazo ali estipulado,

sem ferir o direito adquirido e o ato jurídico perfeito.

No entanto, ressalta-se que os textos de leis ordinárias,

editados após o decurso do prazo previsto no art. 25 do ADCT, que prorrogavam

por prazo fixo ou tempo certo – de 180 dias – o período de vigência daquela

disposição da lei 4.595/64, e ao final, pela Lei 8.392, de 30/12/91, desprezava o

Page 89: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

prazo, esqueceu-se que o texto da lei maior assim fixava, extrapolando a

disposição donde deriva, resolve vincular tal prorrogação à edição de uma lei

complementar – que não era o espírito do que contém o texto da lei maior em

análise – e, em afronta à norma superior, num total descompasso com a natureza

da própria disposição constitucional transitória, vem proporcionar uma prorrogação

por tempo indeterminado, ilimitado, senão infinito.

Neste caso, à luz dos fundamento acima colocados,

deve prevalecer o teto legal, para fins de remuneração, de 12%(doze por cento)

ao ano, seja por força do Código Civil, seja por conta Constituição Federal(art.

192).

e) INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO MONTÁRIO NACIONAL.

Não fossem os argumentos supra, importa ressaltar, também, que, ao que se tem

notícia, à luz da Lei Federal 4.595/64, a instituição requerida não tem autorização do Conselho Monetário Nacional, no que

tange à cobrança dos juros.

Desta sorte, ratifica-se, também por este comando, que deve prevalecer o limite

remuneratório de 12%(doze por cento) ao ano.

AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS

COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.

AGRAVO RETIDO DA DECISÃO QUE INDEFERIU

PEDIDO DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE E DE

ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. FALTA

DE PROVA DO ALEGADO. FALTA DE

NOTIFICAÇÃO AO DEVEDOR DA CESSÃO DE

CRÉDITO. INVALIDADE. ABERTURA DE CRÉDITO

Page 90: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

EM CONTA CORRENTE. CHEQUE ESPECIAL.

ENCARGOS EXCESSIVOS. JUROS ACIMA DE

12% AA. IMPOSSIBILIDADE SEM AUTORIZAÇÃO

DO CMN. CAPITALIZAÇÃO. CORREÇÃO

MONETÁRIA DE ACORDO COM OS ÍNDICES DO

INPC. OPERAÇÃO SUBMETIDA AO CDC.

AGRAVO E APELAÇÃO IMPROVIDOS. Sem

autorização do conselho monetário nacional, não

se pode aplicar em contrato de abertura de

crédito em conta-corrente (cheque especial), -

juros acima de 12 aa. A correção monetária deve

estar de acordo com os índices do inpc. (TJBA -

AC 30.794-1/2002 - 1ª C.Civ. - Rel. Des. Raimundo

Queiroz - Julg. 06.08.2003)

f) HOUVE VÍCIO RESULTANTE DE ERRO.

A Autora, de outra sorte, quando da efetivação do

contrato, fora levada a erro.

O pacto, pois, vicioso, defeituoso e inservível para todas

finalidades almejadas, de vez que a Promovente fora induzida em erro, quando da

apresentação do pacto e suas conseqüências.

É o chamado dolo do aproveitamento, que se qualifica

pela

“ausência de conhecimento sobre a natureza do

Page 91: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

negócio que se realiza, - não dispor de meios

adequados de informação sobre o contrato que

celebra, ou sobre o preço da coisa ou ainda sobre

condições de mercado. Desfeito o negócio, ajusta

uma avença em tais termos que proporciona ao co-

contratante um ‘lucro maior da marca’ ao mesmo

tempo que sofre um grande prejuízo. “

A Requerente, voltamos a ressaltar, fora levada a

realizar negócio jurídico de mútuo, no desconhecimento do verdadeiro valor da

coisa, operando em ERRO.

O negócio, ademais, foi feito na base no abuso da

confiança, numa ótica vesga que estaria fazendo um financiamento com taxas

corretas e dentro da legalidade.

Podemos destacar, assim, o que reza a Legislação

Substantiva Civil:

Código Civil

Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos,

quando as declarações de vontade emanarem de

erro substancial que poderia ser percebido por

pessoa de diligência normal, em face das

circunstâncias do negócio.

Portanto, Excelência, no que pertine à capitalização

de juros, tendo em vista disposição contratual que os estipulou acima da

previsão legal, temos que V. Ex.ª poderá revisar esta matéria ex officio, já

Page 92: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que constitui uma verdadeira fraude `a Lei de Usura, precisamente em seu art.

4º.

Há, assim, uma nulidade absoluta que deve ser

pronunciada independentemente de provocação pela parte interessada.

Ainda sobre o tema de anulabilidade, sob o prisma do

erro, relevamos as lições, sábias, do jurista WASHINGTON DE BARROS

MONTEIRO, quando o mesmo professa que:

“ O assunto, delicado e difícil, regula-se pelos

arts. 86 a 91. Embora a Seção I traga a rubrica do

erro ou ignorância, só encontramos, nesses

preceitos, disposições sobre o erro. A verdade,

entretanto, é que o legislador os equipara nos seus

efeitos.

Ignorância é completo desconhecimento acerca de

um objeto. Erro é a noção falsa a respeito desse

mesmo objeto, ou de terminada pessoa. Por outras

palavras, na primeira, a mente está in albis; na

segunda, o que nela está registrado é falso.

Num e noutro o agente é levado a praticar o ato

jurídico, que não praticaria por certo, ou que

praticaria em circunstância diversas, se estivesse

devidamente esclarecido.

(...)

Há erro substancial sobre a natureza do ato(error in

Page 93: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

ipso negotio), quando se tenciona praticar certo ato

e no entanto se realiza outro:...”

Já MARIA HELENA DINIZ, endossando do ilustre

mestre, leciona que:

“1) Erro. Num sentido geral erro é uma noção

inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa ou

objeto ou pessoa, que influencia a formação da

vontade. Se influi na vontade de declarante, impede

que se forme em consonância com a sua

verdadeira motivação; tendo sobre um fato ou

sobre um preceito noção incompleta, o agente

emite sua vontade de modo diverso do que a

manifestaria se dele tivesse conhecimento exato ou

completo. “

Houve, pois, não podemos negar, um vício de

consentimento, nomeadamente no que pertine ao ERRO SUBSTANCIAL, que

torna anulável o ato jurídico. Ademais, podemos alinhar uma diretriz de que houve,

também, uma nulidade absoluta, por conta da cobrança extorsiva de juros.

g) JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO

Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que aNão fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a

Ré cobrara dos Autores, ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratóriasRé cobrara dos Autores, ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias

bem acima da média do mercado. bem acima da média do mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente Tais argumentos podem ser facilmente constatadosconstatados

com uma simples análise junto ao site do Banco Central do Brasilcom uma simples análise junto ao site do Banco Central do Brasil . Há de. Há de

existir, neste tocante, uma redução à taxa de existir, neste tocante, uma redução à taxa de XX % a.m.,XX % a.m., posto que foi a média posto que foi a média

Page 94: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo este o entendimento,aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo este o entendimento,

aguarda seja apurado tais valores em sede de prova pericial, o que de logoaguarda seja apurado tais valores em sede de prova pericial, o que de logo

requer. requer.

COMERCIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DECOMERCIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DE

ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE.ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE.

CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO.CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO.

SÚMULA N. 121-STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.SÚMULA N. 121-STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.

INCIDÊNCIA. PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA. LIMITE.INCIDÊNCIA. PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA. LIMITE.

VERBA HONORÁRIA. COMPENSAÇÃO. VALIDADE.VERBA HONORÁRIA. COMPENSAÇÃO. VALIDADE.

ART. 21 DO CPC. ARTS. 22 E 23 DA LEI N. 8.906/94. I.ART. 21 DO CPC. ARTS. 22 E 23 DA LEI N. 8.906/94. I.

Segundo o entendimento pacificado na egrégia SegundaSegundo o entendimento pacificado na egrégia Segunda

Seção (REsp n. 271.214/RS, Rel. p/ acórdão Min. CarlosSeção (REsp n. 271.214/RS, Rel. p/ acórdão Min. Carlos

Alberto Menezes Direito, por maioria, DJU de 04.08.2003),Alberto Menezes Direito, por maioria, DJU de 04.08.2003),

os juros remuneratórios serão devidos até o advento daos juros remuneratórios serão devidos até o advento da

mora, quando poderão ser substituídos pela comissão demora, quando poderão ser substituídos pela comissão de

permanência, permanência, calculada pela variação da taxa média docalculada pela variação da taxa média do

mercado, segundo as normas do Banco Centralmercado, segundo as normas do Banco Central,,

limitada à taxa de juros pactuada, acrescida dos encargoslimitada à taxa de juros pactuada, acrescida dos encargos

contratuais previstos para a inadimplência e observado ocontratuais previstos para a inadimplência e observado o

teor da Súmula n. 30-STJ. II. Nos contratos de abertura deteor da Súmula n. 30-STJ. II. Nos contratos de abertura de

crédito, ainda que expressamente pactuada, é vedada acrédito, ainda que expressamente pactuada, é vedada a

capitalização mensal dos juros, somente admitida noscapitalização mensal dos juros, somente admitida nos

casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos.casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos.

Incidência do art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da SúmulaIncidência do art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da Súmula

n. 121-STF. III. A compensação da verba honorária a sern. 121-STF. III. A compensação da verba honorária a ser

paga pelas partes, em face da sucumbência recíproca (art.paga pelas partes, em face da sucumbência recíproca (art.

Page 95: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

21 do CPC), não colide com os preceitos dos arts. 22 e 2321 do CPC), não colide com os preceitos dos arts. 22 e 23

da Lei n. 8.906/94. IV. Sendo manifestamenteda Lei n. 8.906/94. IV. Sendo manifestamente

improcedente e procrastinatório o agravo, é de se aplicar aimprocedente e procrastinatório o agravo, é de se aplicar a

multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC, de 1% (um pormulta prevista no art. 557, § 2º, do CPC, de 1% (um por

cento) sobre o valor atualizado da causa. (STJ - AGRESPcento) sobre o valor atualizado da causa. (STJ - AGRESP

594936 - PROC 200301788424-RS - 4ª T. - Rel. Aldir594936 - PROC 200301788424-RS - 4ª T. - Rel. Aldir

Passarinho Junior - DJU 15.03.2004, p.283)Passarinho Junior - DJU 15.03.2004, p.283)

h) CADASTROS DE RESTRIÇÕES – AUSÊNCIA DE MORA

Com a promoção desta pendenga judicial, cujo objetivoCom a promoção desta pendenga judicial, cujo objetivo

visa, sobretudo, revisar cláusulas e modificá-las, ajustando o débito ao patamarvisa, sobretudo, revisar cláusulas e modificá-las, ajustando o débito ao patamar

legal, torna-se mister, em correspondência ao que preceitua a Portaria nº 03 dalegal, torna-se mister, em correspondência ao que preceitua a Portaria nº 03 da

Secretaria de Direito Econômico – Ministério da Justiça, a exclusão do nome dosSecretaria de Direito Econômico – Ministério da Justiça, a exclusão do nome dos

Autores dos órgãos de restrições. Autores dos órgãos de restrições.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO

PORTARIA nº. 3, DE 15 DE MARÇO DE 2001PORTARIA nº. 3, DE 15 DE MARÇO DE 2001

O Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, no uso de suas atribuições O Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, no uso de suas atribuições

legais; legais;

CONSIDERANDO que o elenco de Cláusulas Abusivas relativas aoCONSIDERANDO que o elenco de Cláusulas Abusivas relativas ao

fornecimento de produtos e serviços, constantes do art. 51 da Lei nºfornecimento de produtos e serviços, constantes do art. 51 da Lei nº

8.078, de 11 de setembro de 1990, é de tipo aberto, exemplificativo,8.078, de 11 de setembro de 1990, é de tipo aberto, exemplificativo,

Page 96: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

permitindo, desta forma a sua complementação; permitindo, desta forma a sua complementação;

CONSIDERANDO o disposto no artigo 56 do Decreto nº 2.181, deCONSIDERANDO o disposto no artigo 56 do Decreto nº 2.181, de

20 de março de 1997, que regulamentou a Lei nº 8.078/90, e com o20 de março de 1997, que regulamentou a Lei nº 8.078/90, e com o

objetivo de orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,objetivo de orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,

notadamente para o fim de aplicação do disposto no inciso IV donotadamente para o fim de aplicação do disposto no inciso IV do

art. 22 desse Decreto, bem assim promover a educação e aart. 22 desse Decreto, bem assim promover a educação e a

informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seusinformação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus

direitos e deveres, com a melhoria, transparência, harmonia,direitos e deveres, com a melhoria, transparência, harmonia,

equilíbrio e boa-fé nas relações de consumo; equilíbrio e boa-fé nas relações de consumo;

CONSIDERANDO que decisões judiciais, decisões administrativasCONSIDERANDO que decisões judiciais, decisões administrativas

de diversos PROCONs, e entendimentos dos Ministérios Públicosde diversos PROCONs, e entendimentos dos Ministérios Públicos

pacificam como abusivas as cláusulas a seguir enumeradas,pacificam como abusivas as cláusulas a seguir enumeradas,

resolve: resolve:

Divulgar o seguinte elenco de cláusulas, as quais, na forma doDivulgar o seguinte elenco de cláusulas, as quais, na forma do

artigo 51 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e do artigo 56artigo 51 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e do artigo 56

do Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, com o objetivo dedo Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, com o objetivo de

orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, serãoorientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, serão

consideradas como abusivas, notadamente para fim de aplicaçãoconsideradas como abusivas, notadamente para fim de aplicação

do disposto no inciso IV, do art. 22 do Decreto nº 2.181: do disposto no inciso IV, do art. 22 do Decreto nº 2.181:

7. autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus garantes a7. autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus garantes a

cadastros de consumidores (SPC, SERASA, etc.), cadastros de consumidores (SPC, SERASA, etc.), enquantoenquanto

houver discussão em juízo relativa à relação de consumohouver discussão em juízo relativa à relação de consumo; ;

Page 97: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Aliás, no tocante à jurisprudência, esta é pacífica noAliás, no tocante à jurisprudência, esta é pacífica no

sentido de excluir o nome da litigante dos bancos de dados de órgãos de proteçãosentido de excluir o nome da litigante dos bancos de dados de órgãos de proteção

ao crédito. ao crédito.

“Banco de dados. SERASA. SPC. SDC. Inscrição de“Banco de dados. SERASA. SPC. SDC. Inscrição de

devedor. Ação de Nulidade. Tramitando ação ondedevedor. Ação de Nulidade. Tramitando ação onde

os devedores pleiteiem a invalidade do título queos devedores pleiteiem a invalidade do título que

teria sido preenchido com valores excessivos,teria sido preenchido com valores excessivos,

mediante argumentação verossímil, pode o juizmediante argumentação verossímil, pode o juiz

deferir a antecipação parcial da tutela, para cancelardeferir a antecipação parcial da tutela, para cancelar

o registro do nome dos devedores nos bancos deo registro do nome dos devedores nos bancos de

dados de proteção ao crédito. Art. 273 do CPC e 42dados de proteção ao crédito. Art. 273 do CPC e 42

do CDC. Recurso conhecido e provido.(RESp nº.do CDC. Recurso conhecido e provido.(RESp nº.

168935-MG – 4ª Turma – Relator Min. Ruy Rosado,168935-MG – 4ª Turma – Relator Min. Ruy Rosado,

DJ 31/08/98)”DJ 31/08/98)”

“Consumidor. Inscrição de seu nome em cadastro“Consumidor. Inscrição de seu nome em cadastro

de proteção ao crédito. Montante da dívida objetode proteção ao crédito. Montante da dívida objeto

de controvérsia em juízo. Inadmissibilidade.de controvérsia em juízo. Inadmissibilidade.

Constitui constrangimento e ameaça vedados pelaConstitui constrangimento e ameaça vedados pela

Lei nº 8.078, de 11.09.90, o registro do nome doLei nº 8.078, de 11.09.90, o registro do nome do

consumidor em cadastros de proteção ao crédito,consumidor em cadastros de proteção ao crédito,

quando o montante da dívida é objeto de discussãoquando o montante da dívida é objeto de discussão

em juízo. Recurso especial conhecido e provido.em juízo. Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 170.281-SC – 4ª Turma – Rel. Min. César(REsp 170.281-SC – 4ª Turma – Rel. Min. César

Asfor Rocha – j. 21/09/98)”Asfor Rocha – j. 21/09/98)”

“Processo Civil – Cautelar – Suspensão de medida“Processo Civil – Cautelar – Suspensão de medida

determinativa de inscrição do nome do devedor nodeterminativa de inscrição do nome do devedor no

Page 98: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

SPC ou SERASA, I – Não demonstrado o perigo deSPC ou SERASA, I – Não demonstrado o perigo de

dano para o credor, não há como indeferir sejadano para o credor, não há como indeferir seja

determinada a inscrição do nome do devedor nodeterminada a inscrição do nome do devedor no

SPC ou SERASA, mormente quando este discuteSPC ou SERASA, mormente quando este discute

em ações aparelhadas os valores em ações aparelhadas os valores sub judicesub judice com com

eventual depósito ou caução do quantum.eventual depósito ou caução do quantum.

Precedentes do STJ, Recurso conhecido e provido.Precedentes do STJ, Recurso conhecido e provido.

(REsp nº. 161.151-SC – 3ª Turma – Rel Waldemar(REsp nº. 161.151-SC – 3ª Turma – Rel Waldemar

Zveiter - DJ 29/06/98)Zveiter - DJ 29/06/98)

Ademais, a Autora não deu causa à mora, mas sim, aoAdemais, a Autora não deu causa à mora, mas sim, ao

revés, o próprio credor, quando veio de entabular cláusulas abusivas, as quaisrevés, o próprio credor, quando veio de entabular cláusulas abusivas, as quais

oneraram indevidamente as parcelas contratuais. Dessarte, se este não está emoneraram indevidamente as parcelas contratuais. Dessarte, se este não está em

mora, razão maior para não permanecer ou mesmo ser excluído dos órgãos demora, razão maior para não permanecer ou mesmo ser excluído dos órgãos de

restrições. restrições.

Código CivilCódigo Civil

Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao

devedor; devedor; não incorre este em moranão incorre este em mora..

De outro contexto, os dados dos consumidores, nosDe outro contexto, os dados dos consumidores, nos

banco de dados de cadastros de restrições devem ser precisos e verdadeiros, e,banco de dados de cadastros de restrições devem ser precisos e verdadeiros, e,

lógico, quando se invoca, nesta lide, inexatidão nos dados cobrados, por certológico, quando se invoca, nesta lide, inexatidão nos dados cobrados, por certo

haverá reflexos nos dados ali insertos. Resta saber, mais, que a inserção do nomehaverá reflexos nos dados ali insertos. Resta saber, mais, que a inserção do nome

dos consumidores nestes banco de dados nada mais é do que uma formados consumidores nestes banco de dados nada mais é do que uma forma

esdrúxula e vexatória de expor o consumidor ao ridículo, posto que, aos credores,esdrúxula e vexatória de expor o consumidor ao ridículo, posto que, aos credores,

Page 99: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

restam os meios legais para cobrá-los.restam os meios legais para cobrá-los.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDORCÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

““Art. 43 – O consumidor, sem prejuízo do dispostoArt. 43 – O consumidor, sem prejuízo do disposto

no art. 86, terá acesso ‘as informações existentesno art. 86, terá acesso ‘as informações existentes

em cadastros, fichas, registros e dados pessoais eem cadastros, fichas, registros e dados pessoais e

de consumo arquivados sobre ele, bem como suasde consumo arquivados sobre ele, bem como suas

respectivas fontes.respectivas fontes.

§ 1º - Os cadastros e dados dos consumidores§ 1º - Os cadastros e dados dos consumidores

devem ser objetivos, claros, devem ser objetivos, claros, verdadeirosverdadeiros e em e em

linguagem de fácil compreensão, não podendolinguagem de fácil compreensão, não podendo

conter informações negativas a período superior aconter informações negativas a período superior a

cinco anos. “cinco anos. “

“Art. 42 – Na cobrança de débitos, o consumidor“Art. 42 – Na cobrança de débitos, o consumidor

inadimplente não será exposto ao ridículo, inadimplente não será exposto ao ridículo, nem seránem será

submetido a qualquer tipo de constrangimento ousubmetido a qualquer tipo de constrangimento ou

ameaçaameaça. “. “

i) PEDIDO DE EXTRATOS – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

Pacífico o entendimento do Superior

Tribunal de Justiça no sentido de ser cabível a inversão do

ônus da prova para determinar-se ao agente financeiro a

exibição de documentos comuns às partes, dentre eles o

contrato e extratos relativos à relação contratual objeto de

pretensão revisional, nos próprios autos, sem necessidade

Page 100: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

de demanda cautelar específica. Tal entendimento encontra

justificativa nos princípios da carga dinâmica da prova e da

facilitação da defesa do direito do consumidor, segundo

inteligência dos artigos 6º, VIII, do CDC; 355 e 381 do Código

de Processo Civil.

“Recurso especial. Ausência de preqüestionamento

(Súmulas 282 e 356/STF). Contrato bancário. Código de

Defesa do Consumidor Inversão do ônus da prova.

(...).

Pode o Juiz determinar que o réu apresente a cópia do

contrato que o autor pretende revisar em juízo,

aplicando o disposto no art. 3º, § 2º, do Código de

Defesa do Consumidor. Agravo de instrumento

desprovido” (AG nº 506364, 3ª Turma, Rel. Min.

ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, DJU 04.09.2003).

“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PROVA.

JUNTADA. DOCUMENTOS.

O Juiz pode ordenar ao banco réu a juntada de cópia

de contrato e de extrato bancário, atendendo aos

princípios da inversão do ônus da prova e da

facilitação da defesa do direito do consumidor em

Juízo. Art.6º, VIII, do CDC. Art. 381 do CPC. (...).

Recurso conhecido em parte e provido” (REsp.

Page 101: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

264.083/RS, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de

20/8/2001, pág. 473 e RSTJ 154/438).

Ora, sabidamente é mais fácil à

instituição bancária guardar e conservar os contratos de

financiamento e apresentá-los em juízo quando solicitados,

do que esperar que o mesmo aconteça com o consumidor,

que talvez nem tenha recebido cópia das condições gerais do

negócio (o que não é incomum). E, mais, esta tem a

obrigação de manter os documentos microfilmados até a

fluência do prazo de prescrição previsto no Código Civil e

frente à Resolução nº. 913/84 do BACEN.

Diga-se, mais, que o contrato e os

extratos bancários são documentos comuns as

partes(CPC, art. 358, III).

O Juiz, na hipótese, poderá ordenar, de

ofício(CPC, art. 130), que a instituição financeira exiba em

juízo documento que se ache em seu poder(CPC, art.

355).

De outro bordo, não há qualquer óbice de

Page 102: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

que tal pleito seja firmado logo com a inicial.

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS

- Exibição de instrumentos de contratos e

extratos pelo banco. Postulação constante na

inicial. Admissibilidade, independentemente de

ajuizamento de ação cautelar de exibição. Agravo

provido em parte, a fim de determinar a juntada,

pelo banco, dos contratos ou suas

renegociações, e dos extratos de movimentação

de conta corrente, apenas a partir da última data

em que a conta apresentou saldo positivo. A

circunstância de os documentos serem

necessários ao ajuizamento da ação, não é óbice

ao pedido de sua exibição na inicial,

especialmente considerando que a atividade

exercida pela parte adversa impõe-lhe dever de

conservação de tais documentos. Assim, a

pretensão relativa a exibição, pelo banco, de

documentos que deveriam instruir a inicial de

ação revisional de contrato bancário encontra

fundamento legal no art. 6º, inc. VIII, da Lei nº

8.078/90 e não é incompatível com o disposto no

art. 283 do Código de Processo Civil. (TJRS - AGI

70003148749 - 18ª C.Cív. - Rel. Des. Cláudio

Augusto Rosa Lopes Nunes - J. 01.11.2001)

Page 103: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Com a finalidade de fazer prova em Juízo daCom a finalidade de fazer prova em Juízo da

exorbitância dos valores cobrados, exorbitância dos valores cobrados, a Autora vem pedira Autora vem pedir, sobretudo a título de, sobretudo a título de

inversão de ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII), que:inversão de ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII), que:

a) A Ré seja instada a apresentar em Juízo, no prazo da contestação,a) A Ré seja instada a apresentar em Juízo, no prazo da contestação,

cópia(s) do(s) contrato(s) que tenha celebrado com a Autora; cópia(s) do(s) contrato(s) que tenha celebrado com a Autora;

b) seja ordenado, também, que a Promovida acoste, junto com a defesa, osb) seja ordenado, também, que a Promovida acoste, junto com a defesa, os

extratos da movimentação financeira da conta corrente nº. .x.x.x.x(Ag.extratos da movimentação financeira da conta corrente nº. .x.x.x.x(Ag.

nº. .x.x.x.x.x), dos períodos contratuais entabulados entre as partes, comnº. .x.x.x.x.x), dos períodos contratuais entabulados entre as partes, com

todos os lançamentos efetuados a título de crédito e débitos, sob pena detodos os lançamentos efetuados a título de crédito e débitos, sob pena de

multa diária de R$1.000,00(mil reais). multa diária de R$1.000,00(mil reais). Observe-se, mais, que acostou-se áObserve-se, mais, que acostou-se á

presente inaugural prova, inconteste, que a Ré negara os extratos bancários,presente inaugural prova, inconteste, que a Ré negara os extratos bancários,

o que, sem sombra de dúvidas, justifica o presente pleitoo que, sem sombra de dúvidas, justifica o presente pleito. .

CÓDIGO DE PROCESSO CIVILCÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 355 – O juiz pode ordenar que a parte exibaArt. 355 – O juiz pode ordenar que a parte exiba

documento ou coisa, que se acha em seu poder.documento ou coisa, que se acha em seu poder.

j) ASPECTOS PROCESSUAIS – ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.

Diante do exposto, pleiteia Os Autores queDiante do exposto, pleiteia Os Autores que

V. Exª. a concessão imediata de TUTELA ANTECIPADA, V. Exª. a concessão imediata de TUTELA ANTECIPADA, inauditainaudita

altera parsaltera pars, para:, para:

Page 104: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

1) A fim de promover sua defesa, 1) A fim de promover sua defesa, os Autores vêmos Autores vêm, nesta, nesta

oportunidade, oportunidade, pedirpedir que V. Exa., com supedâneo no art. 6º, inc. VIII, que V. Exa., com supedâneo no art. 6º, inc. VIII,

do Código de Defesa do Consumidor, promova a do Código de Defesa do Consumidor, promova a INVERSÃO DOINVERSÃO DO

ÔNUS DA PROVAÔNUS DA PROVA, visto que, neste caso, diante da fragilidade, visto que, neste caso, diante da fragilidade

documental, ou mesmo de parâmetros financeiros consistentes paradocumental, ou mesmo de parâmetros financeiros consistentes para

apurar o débito, torna-se, indubitavelmente, apurar o débito, torna-se, indubitavelmente, HIPOSSUFICIENTEHIPOSSUFICIENTE

TÉCNICOTÉCNICO para litigar; para litigar;

2) 2) PedePede, outrossim, , outrossim, em face da discussão judicial do débito, queem face da discussão judicial do débito, que

os nomes dos Autores e do segundo autor sejam excluídos dosos nomes dos Autores e do segundo autor sejam excluídos dos

órgãos de restrições, sobretudo SERASA e CADIN, até ulteriorórgãos de restrições, sobretudo SERASA e CADIN, até ulterior

deliberação deste juízo, expedindo-se, para tanto, os devidosdeliberação deste juízo, expedindo-se, para tanto, os devidos

ofícios ofícios ;;

3) 3) RequeremRequerem seja imputada à Ré seja imputada à Ré obrigação de não-fazerobrigação de não-fazer,,

consistente em consistente em abster-se de enviar o nome dos Autores paraabster-se de enviar o nome dos Autores para

qualquer órgão de registro de proteção ao Crédito, ou mesmoqualquer órgão de registro de proteção ao Crédito, ou mesmo

levar a protesto qualquer título que tenha ligação com o contratolevar a protesto qualquer título que tenha ligação com o contrato

ora em litígioora em litígio, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (hum mil, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (hum mil

reais); reais);

4) 4) que a Ré se abstenhaque a Ré se abstenha, sob pena da multa diária acima, , sob pena da multa diária acima, dede

proceder informações acerca deste débitoproceder informações acerca deste débito, ora em discussão, ora em discussão

judicial seu montante, judicial seu montante, à Central de Riscos do Banco Central doà Central de Riscos do Banco Central do

Brasil – BACENBrasil – BACEN. .

Page 105: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

5) 5) que seja acatado, também como antecipação de tutela, aque seja acatado, também como antecipação de tutela, a

exibição dos documentos antes requeridos(extratos)exibição dos documentos antes requeridos(extratos); ;

IV - D O S P E D I D O S.

Em arremate, requer a Promovente que V. Exa. se

digne de julgar a pendenga nos seguintes moldes:

a) Por conflitarem com as regras

entabuladas no Código de Defesa do

Consumidor e do Código Civil,

regras estas relevadas neste

arrazoado, pede, na forma do art. 6º,

inc. V do CDC, que V. Ex.ª se digne

de ANULAR, total ou parcialmente,

as cláusulas contratuais que exceda

os limites declaratórios desta

sentença, condenando à revisão

contratual e recálculo do saldo

devedor, a ser apurado em

liquidação de sentença, quando

afastadas a cobrança indevida e

concretizando a restituição do

indébito/compensação de crédito;

Page 106: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

b) que a comissão de permanência

seja substituída pelo INPC. Como

pedido sucessivo, que seja mantida

a cobrança da comissão de

permanência após o vencimento,

calculada a taxa média de juros do

mercado do dia do pagamento,

excluindo-se a cobrança cumulada

com juros remuneratórios, multa

contratual e juros moratórios;

c) que os juros remuneratórios e

moratórios sejam limitados a 12%

(doze por cento) ao ano, ou, como

pedido sucessivo, à taxa média do

mercado, à época dos pagamentos

das parcelas;

d) que seja excluída a capitalização

dos juros;

e) seja deferida a INVERSÃO DO

Page 107: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

ÔNUS DA PROVA;

f) que a Ré seja condenada, por

definitivo, a não inserir o nome da

Autora junto aos órgãos de

restrições bem como a não

promover informações à Central de

Risco do BACEN, sob pena de

pagamento da multa evidenciada em

sede de pedido de tutela antecipada;

g) excluir da conta a multa de 2%

(dois por cento), eis que não

caracterizada a mora;

h) determinar a CITAÇÃO e

INTIMAÇÃO da Requerida, por Carta,

com AR, para, querendo, vir

contestar a presente Ação

Revisional de Contrato, no prazo de

15 (quinze)dias;

Page 108: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

i) seja condenada a devolver as

quantias pagas e as cobradas a

maior, em virtude das ilegalidades

citadas e encontradas na sentença,

em dobro, compensando-se em caso

de eventual crédito remanescente

em favor da Ré, bem como ao ônus

de sucumbência em face do que

disciplina a legislação processual

civil;

j) protesta provar o alegado por toda

espécie de prova admitida (CF, art.

5º, inciso LV), nomeadamente pelo

depoimento do representante legal

da Promovida (CPC, art. 12, inciso

VI), oitiva de testemunhas a serem

arroladas opportuno tempore,

juntada posterior de documentos

como contraprova, perícia

contábil(com ônus invertido),

exibição de documentos pela

Page 109: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Promovida, tudo de logo requerido.

Concede-se à causa o valor de R$ .x.x.x.xConcede-se à causa o valor de R$ .x.x.x.x

( .x.x.x.x.x).( .x.x.x.x.x).

Respeitosamente, pede deferimento.Respeitosamente, pede deferimento.

São Paulo(SP), .x.x. de x.x.x.x.x do anoSão Paulo(SP), .x.x. de x.x.x.x.x do ano de .x.x.x.de .x.x.x.

P.p.P.p. Advogado(a) Advogado(a)

____________________________________________________________________________________________________________________________________

REVISIONAL DE CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR – CDC

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL

DE SÃO PAULO-SP.

Síntese do arrazoado:

( i ) o Autor procura impedir a inscrição de

seu nome nos órgãos de restrições, e,

mais, reavaliar o contrato de adesão em

espécie, especialmente a cláusula de

remuneração com taxa de 16,99% a.m.,

capitalizados mensalmente.

( ii ) pede seja feito o controle difuso da

constitucionalidade de leis.

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Distribuição por dependência ao Proc. nº. .x.x.xx.x.x

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO

.X.X.X.X.X.X, brasileiro casado, maior, médico,

inscrito no CRM/CE nº. .x.x.x., inscrito no CPF(MF) sob o

nº. .x.x.x.x.x, através de seu patrono que abaixo assina – instrumento

procuratório acostado – o qual tem endereço profissional consignado

no timbre desta, onde, em atendimento à diretriz do art. 39, inciso I, do

Caderno de Ritos, indica-o para as intimações necessárias,

comparece, com o devido respeito a V. Exa., para promover, a

presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO,

contra BANCO .x.x.x.x.x S/A (01), instituição financeira de direito

privado, estabelecia na Av. .x.x.x.x. .x.x.x.x.x .x.x.x.x.x.x, nº. .x.x. –

11º andar – Rio de Janeiro(RJ) – CEP .x.x.x.x.x., inscrita no CNPJ(MF)

nº. .x.x.x.x.x.x.x, em decorrência das justificativas de ordem fática e

de direito abaixo delineadas:

I – ALÍGERAS CONSIDERAÇÕES FÁTICAS.

Por uma imposição processual(CPCiv, art. 14, I

e art. 282, III), cumpre-nos, neste estágio, delimitarmos a sucessão de

acontecimentos que abrigam esta ação acautelatória.

Page 111: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

O Promovente celebrou com a Ré, contrato de

financiamento, do tipo de adesão, o qual detém o nº. .x.x.x.x.x(doc.

01). Tal contrato estava agregado unicamente à aquisição de produtos

perante o Extra Supermercados, contrato este rescindido entre

aqueles.

Constata-se, entrementes, que durante longo período o

Autor usou o cartão em tela, o qual, com o decorrer do tempo, demonstrou, em

valores, o peso dos juros remuneratórios cobrados, chegando-se – pasme –

ao patamar mensal de 16,99% a.m. Ressalve-se, mais, que estes eram

cobrados de forma capitalizada – o que configura o anatocismo --, em

período inferior a um ano. É preciso salientar, mais, que o contrato de adesão,

acostado com a inicial, em momento algum situa ao aderente da taxa que

deverá ser cobrada, só vindo este a tomar conhecimento quando do pagamento

de eventual fatura.

O Autor, ademais, acredita que, com a taxa de juros

remuneratórios indevidamente cobrada, tivera seu débito totalmente quitado,

onde, para tanto, acosta vários extratos dando conta de tal desiderato(docs.

02/11). Constata-se, nestes, que em um único mês, de juros – e somente deste

encargo --, fora cobrado o valor de R$ 503,00(quinhentos reais).

Procurou o Autor, então, a Ré, por telefone, dando azo

à possibilidade de quitação do contrato em face dos juros já pagos o que, como de

praxe, fora prontamente rechaçada pela atendente. Ao revés disto, a Promovida

inseriu o nome deste junto à órgão de restrição, o que se comprova pelo

comunicado ora carreado(doc. 12).

Page 112: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

De resto, temos que a quantia argumentada pela

Promovida como de saldo a pagar pelo Promovente é absurda e contrária ao

bom senso.

Destarte, Excelência, diante da situação criada pela

instituição, não restou outro caminho ao Autor, senão aforar a presente pendenga.

HOC IPSUM EST.

II – QUANTO AO MÉRITO.

ÓTICA DO CASO `A LUZ DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR.

É certo, por outro lado, que a avença ora em

questão está sujeita à incidência das regras da Lei n° 8.078/90, por

tratar-se de contrato celebrado entre uma instituição financeira e

pessoa física, consoante o entendimento já adotado no Superior

Tribunal de Justiça (cf. a propósito, Resp n° 213.825/RS, 4ª T., Rel.

Min. Barros Monteiro, DJU 27/11/2000, Resp n° 190.860/mg, 3ª T.,

DJU 9/11/2000, Resp n° 163.616/RS, 4ª T., Rel Min. Ruy Rosado de

Aguiar, DJU 3/8/1998 e que redundou na edição da Súmula n° 297

– STJ).

De outro compasso, agora tratando da aplicação das

normas insertas na Legislação em comento, temos que o Código do Consumidor

desenhou regras que relevam como abusivas, e portanto nulas, onde cláusulas

contratuais tomem diretriz que:

“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre

Page 113: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

outras, as cláusulas contratuais relativas ao

fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

II - subtraiam ao consumidor a opção de

reembolso da quantia já paga, nos casos

previstos neste Código;

(...)

IV - estabeleçam obrigações consideradas

iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada, ou

sejam incompatíveis coma boa-fé ou a

equidade;

(...)

X - permitam ao fornecedor, direta ou

indiretamente, variação do preço de forma

unilateral;

(...)

XV - estejam em desacordo com o sistema

de proteção ao consumidor; “

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Por outro lado, no parágrafo primeiro, existem as

indicações de condições de presunção de vantagem exagerada:

“ (...)

I - ofende os princípios fundamentais do

sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações

fundamentais inerentes à natureza do

contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto

ou o equilíbrio contratual;

III - que se mostra excessivamente onerosa

para o consumidor, considerando-se a

natureza e conteúdo do contrato, o

interesse das partes e outras circunstâncias

peculiares ao caso. “

Ainda conforme o artigo 52, temos que:

“No fornecimento de produtos ou serviços

que envolva outorga de crédito ou

concessão de financiamento ao

consumidor, o fornecedor deverá, entre

Page 115: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

outros requisitos, informá-lo prévia e

adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda

corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa

efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com ou sem

financiamento;

(...)”

Como se percebe, há ofensa à legislação do

consumidor, sobretudo quando a Requerida não informou,

previamente, o montante de juros a serem cobrados, de forma

adequada.

O ANATOCISMO CONFIGURADO.

A instituição financeira acionada, com a

finalidade de concretizar a relação de contratual, concedeu o crédito

com juros remuneratórios de forma capitalizada, em período

inferior a um ano, o que é vedado por lei. Configurou-se, certamente,

cobrança de juros capitalizados em períodos inferiores ao estabelecido

no art. 4o. do Decreto no. 22.626/33, o que é vedado em lei, gerando

nulidade absoluta e, conseqüentemente, insanável.

Page 116: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

O Anatocismo, pois, resulta em um tema

pacífico quando entendido como ilegal, eis que afronta o quanto

disposto na Lei da Usura(Decreto nº. 22.626/33):

“Art. 4º - É proibido contar juros dos juros;

esta proibição não compreende a

acumulação de juros vencidos aos saldos

líquidos em conta corrente de ano a ano.”

Temos, também, que esta é a mesmíssima

regra contida no artigo 591 do novel Código Civil.

De outro compasso, de bom alvitre relevarmos a

Súmula 121 do Egrégio Supremo Tribunal Federal:

“É vedado a capitalização de juros, ainda que

expressamente convencionado.”

Não se diga, ademais, que não haveria

ilegalidade alguma porque a operação passou a ser permitida pelo 5°,

da Medida Provisória n° 1. 963/17, de 30/3/2000, ainda em vigor

reedições posteriores e, segundo o voto do eminente relator, por força

do art. 2°, da Ementa Constitucional n° 32, de 11/9/2001, argumentos

estes muito comuns alegados pelas instituições financeiras.

O exame de tais diplomas legais, entretanto,

revela que o invocado dispositivo deve ter recusada a aplicação

Page 117: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

porque sem validade.

O preâmbulo das Medidas Provisórias n°s 1.

963 e 2.170 – esta última como reedição daquela – indica que suas

normas dispõem sobre “a administração dos recursos de caixa do

Tesouro Nacional, consolidam e atualizam a legislação pertinente ao

assunto e dão outras providencias”. Apreciando-se com acuidade o

texto das normas, até o art. 4º, ao menos, indica que o executivo

legislador teve em mente tratar dos recursos do caixa do Tesouro

Nacional exclusivamente. O art. 5º, entretanto enveredou por

assunto diverso, passando a tratar, em completo descompasso com

o restante da Medida, da possibilidade de capitalização de juros

pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

No entanto, temos que a Lei Complementar n°

95, de 26/2/1998 em cumprimento ao art. 59, parágrafo único, da

Constituição Federal, aplicável, também, às Medidas Provisórias (art.

1° parágrafo único), estabelece, no art. 7° que “o primeiro artigo do

texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação”

e proíbe, no inciso II, o tratamento de matéria estranha a seu

objeto: “a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este

não vinculada por afinidade, pertinência ou conexão”.

Óbvio que a matéria relativa à capitalização

de juros em favor de instituições financeiras nada tem com os

mecanismos de administração dos recursos do Tesouro Nacional,

destoando flagrantemente do objeto principal das invocadas Medidas

Page 118: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Provisórias, com o qual não tem afinidade, pertinência ou conexão.

Convém realçar, nesse ponto, que o enfoque na

colidência de normas pode-se dar pelo prisma constitucional ou pelo

prisma infraconstitucional, como decidiu o C. Superior Tribunal de

Justiça nos Embargos de Divergência n° 357.415/PR (Rela. Min.

Eliana Calmon- DJ 14/6/2004).

Neste último aspecto, assentado que a lei

complementar trate do assunto que lhe foi confiado pelo texto

constitucional, assume inegável superioridade hierárquica em relação

à lei ordinária (GERALDO ATALIBA, Lei Complementar na

Constituição Federal, São Paulo, RT, 1971, p. 57), à qual se equipara

a Medida Provisória.

Bem por isso, sujeitando-se esta aos contornos

estabelecidos por aquela, “não prevalecem contra ela, sendo

inválidas as normas que a contradisserem” (MANOEL

GONGALVES FERREIRA FILHO, Do Progresso Legislativo, São

Paulo Saraiva, 2002, p. 247).

Tem-se, assim, que o art. 5º de referidos diplomas

está em aberto confronto com o art. 7°, II, da Lei Complementar n°

95/98, motivo qual que V. Exa. deve recusar-lhe validade.

Não fosse este o entendimento, o que se diz

apenas por argumentar, o Poder Executivo não tem o condão de

Page 119: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

´legislar´, por Medida Provisória(CF, art. 62), no tocante à matéria

de juros cobrados por instituições financeiras. Ademais, a mesma,

resta saber, sequer fora apreciada pelo Poder Legislativo.

Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.Há, neste tocante, uma gritante ilegalidade.

Verifica-se na Seção II, do Capítulo I, do TítuloVerifica-se na Seção II, do Capítulo I, do Título

IV, da vigente Constituição Federal que, entre as IV, da vigente Constituição Federal que, entre as atribuições doatribuições do

Congresso NacionalCongresso Nacional, está a , está a prerrogativa inderrogávelprerrogativa inderrogável de dispor de dispor

sobre todas as matérias de sobre todas as matérias de competência da Uniãocompetência da União, especialmente, no, especialmente, no

inciso XIII, que diz respeito à “inciso XIII, que diz respeito à “matéria financeiramatéria financeira, cambial e, cambial e

monetária, monetária, instituições financeiras e suas operaçõesinstituições financeiras e suas operações. “. . “.

Desta feita, temos que Desta feita, temos que o ato jurídico emo ato jurídico em

destaque é absolutamente nulodestaque é absolutamente nulo. A sua inserção no mundo jurídico. A sua inserção no mundo jurídico

não correspondeu ao quanto preceito pela Carta Magnanão correspondeu ao quanto preceito pela Carta Magna, ferindo,, ferindo,

destarte, o quanto evidenciado na Legislação Substantiva Civil. destarte, o quanto evidenciado na Legislação Substantiva Civil.

Art. 166 – É nulo o negócio jurídico quando:

( ... )

IV – não revestir a forma prescrita em lei;

Devemos ressaltar, também, que Devemos ressaltar, também, que a Medidaa Medida

ProvisóriaProvisória, ora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto, ora guerreada, evidencia-se como eivada de vício, posto

que o caso de seu surgimento, lógico, que o caso de seu surgimento, lógico, não reclamounão reclamou, sobretudo,, sobretudo,

urgênciaurgência(CF, art. 62). (CF, art. 62).

Page 120: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

LIMITES DOS JUROS REMUNERATÕRIOS

Verifica-se que na Seção II, do Capítulo I, do

Título IV, da vigente Constituição Federal que, entre as atribuições do

Congresso Nacional, está a atribuição inderrogável de dispor sobre

todas as matérias de competência da União, especialmente, no inciso

XIII, que diz respeito à ‘matéria financeira, cambial e monetária,

instituições financeiras e sua operações’;

Por outro lado, o art. 25, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias da Carta Política

expressamente anuncia a ‘revogação, cento e oitenta dias após sua

promulgação, sujeitando este prazo a prorrogação por lei, de todos

os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder

Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso

Nacional’, principalmente no que concerne a ação normativa e

alocação ou transferência de qualquer espécie, validando os atos

praticados na vigência dos respectivos decretos – leis autorizando o

Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os efeitos deles

remanescentes.

Temos, pois, diante do lapso de tempo acima

evidenciado(180 dias) que encontra-se revogado o artigo 4º, inc. IX, da

Lei 4.595/64, em face do art. 25, I, ADCT c/c art. 48, XIII da

Constituição Federal, por atribuir em ação normativa, ao Conselho

Monetário Nacional, competência assinalada pela Lei Maior ao

Congresso Nacional. Dúvidas não restam de que devem prevalecer

Page 121: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

os limites previstos no Decreto 22.626/33 e no art.1062(1916) e

406(2002) do Código Civil para os juros remuneratórios, como para os

compensatórios e ainda para os juros moratórios.

Não mais existe, portanto, a executoriedade

compulsória do art. 40, IX da Lei 4.595/64, norma especial, que

restringe o campo de aplicação do Decreto nº 22.626/33, regulador

das demais avencas, que não envolvessem instituições financeiras,

pelo que passa a prevalecer na íntegra a norma geral limitadora dos

juros do art. 10 desta disposição de lei, caindo por terra o privilégio

antes concedido absurdamente, com respaldo legal, às instituições

financeiras de estipular livremente suas taxas de remuneração e

encargos, principalmente à taxa de mercado, ou as estipular de acordo

com determinações do Conselho Monetário Nacional, que se mostrou

em todo esse tempo interessado na manutenção da penúria dos que

com as instituições financeiras contratavam.

Não devemos olvidar, de outro tocante, o fato

desta inconstitucionalidade, abrigada pela infração ao art. 25 do Ato

das Disposições Constitucionais Transitórias, inobstante as

prorrogações, patrocinada pela Lei 8.056, de 28/06/90, que antes do

seu termo, também prorrogada pelo disposto na Lei 8.127, de

20/12/90, como ainda pelo texto dispositivo da Lei 8.201, de 29/06/91.

Observa-se, finalmente, através do art. 1º da Lei nº 8.392, de 30 de

dezembro de 1991, que esta não mais fixou data certa para a

prorrogação, determinando, no entanto, o seu termo como o da

promulgação da Lei complementar que regulamentará o Sistema

Page 122: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Financeiro Nacional:

‘É prorrogado até a data da promulgação da

lei complementar de que trata o art. 192 da

Constituição Federal o prazo a que se refere

o art. 1º das leis 8.056, de 28 de junho de

1990, 8.127, de 20 de dezembro de 1990 e

8.201, de 29 de junho de 1991.’

A Constituição Federal foi promulgada em 05

de outubro de 1988 e a partir de 1 de abril de 1989, vencidos os 180

dias de sua promulgação, consumada estava a revogação prevista no

art. 25 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, sendo que

o texto da Lei 8.056 foi sancionado em 28 de junho de 1990, quando

nada mais havia a ser prorrogado, posto que havia restado

derrogado, há mais de ano e mês, a função delegada e o poder

normativo do Conselho Monetário Nacional, no que não poderiam

retroagir os seus efeitos ao término do prazo ali estipulado, sem ferir o

direito adquirido e o ato jurídico perfeito.

No entanto, ressalta-se que os textos de leis

ordinárias, editados após o decurso do prazo previsto no art. 25 do

ADCT, que prorrogavam por prazo fixo ou tempo certo – de 180 dias –

o período de vigência daquela disposição da lei 4.595/64, e ao final,

pela Lei 8.392, de 30/12/91, desprezava o prazo, esqueceu-se que o

texto da lei maior assim fixava, extrapolando a disposição donde

deriva, resolve vincular tal prorrogação à edição de uma lei

complementar – que não era o espírito do que contém o texto da lei

Page 123: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

maior em análise – e, em afronta à norma superior, num total

descompasso com a natureza da própria disposição constitucional

transitória, vem proporcionar uma prorrogação por tempo

indeterminado, ilimitado, senão infinito.

Neste caso, à luz dos fundamento acima

colocados, deve prevalecer o teto legal, para fins de

remuneração, de 12%(doze por cento) ao ano, seja por força do

Código Civil, seja por conta Constituição Federal(art. 192).

DA CLÁUSULA REMUNEATÓRIA A SER REAVALIADA JUDICIALMENTE

Encontramos um quadro fático que resulta daEncontramos um quadro fático que resulta da

nulidade de ato jurídico, qual seja, a celebração de pacto emnulidade de ato jurídico, qual seja, a celebração de pacto em

dissonância com o que preceitua a Constituição Federal e, por viadissonância com o que preceitua a Constituição Federal e, por via

reflexa, sendo atingido pelos preceitos, acima descritos, insertos nareflexa, sendo atingido pelos preceitos, acima descritos, insertos na

Legislação Substantiva Civil. Legislação Substantiva Civil.

De outra sorte, De outra sorte, almeja o Requerentealmeja o Requerente, , pela viapela via

de exceçãode exceção, por pronunciamento do Poder Judiciário, , por pronunciamento do Poder Judiciário, exercer oexercer o

controle da constitucionalidade da regra jurídicacontrole da constitucionalidade da regra jurídica que criou a que criou a

possibilidade de capitalização de juros e mais, da limitação dos jurospossibilidade de capitalização de juros e mais, da limitação dos juros

remuneratórios. remuneratórios.

“ “ 9.1. 9.1. Difuso ou aberto Difuso ou aberto

Também conhecido como controleTambém conhecido como controle

Page 124: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

por via de exceção ou defesa, caracteriza-sepor via de exceção ou defesa, caracteriza-se

pela premissão a todo e qualquer juiz oupela premissão a todo e qualquer juiz ou

tribunal realizar no caso concreto a análisetribunal realizar no caso concreto a análise

sobre a compatibilidade do ordenamentosobre a compatibilidade do ordenamento

jurídico com a Constituição Federal. “(jurídico com a Constituição Federal. “(Moraes,Moraes,

Alexandre de. Alexandre de. DIREITO CONSTITUCIONALDIREITO CONSTITUCIONAL. 9ª. 9ª

Ed. São Paulo, Atlas, 2001. p. 565Ed. São Paulo, Atlas, 2001. p. 565) )

De outro bordo, o Autor pede reapreciação da

legalidade das cláusulas que digam respeito à remuneração e

mora do contrato em espécie, as quais, em princípio, podemos

destacar:

PAGAMENTO DO DEMONSTRATO DE DESPESAS

( ... )

7 – O TITULAR do CARTÃO deverá, até data de

vencimento indicada no DEMONSTRATIVO DE

DESPESAS:

( ... )

b) efetuar pagamento igual ou superior ao mínimo, e

inferior ao total do DEMONSTRATIVO DE

DESPESAS, hipótese em que deverá a opção pela

contratação da OPERAÇÃO DE CRÉDITO para o

financiamento da diferença apurada entre o saldo

devedor e o pagamento efetuado, sujeitando-se à

cobrança de ENCARGOS.

Page 125: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

DO SALDO DEVEDOR

8 – O pagamento de valor igual ou superior ao

pagamento mínimo e inferior ao total estabelecido no

DEMONSTRATIVO DE DESPESAS representa a

opção do TITULAR pela contratação de OPERAÇÃO

DE CRÉDITO para pagamento das TRANSAÇÕES.

A OPERAÇÃO DE CRÉDITO será aprovada segundo

critérios próprios de análise do EMISSOR e implicará

a incidência de ENCARGOS e eventuais tarifas em

caso de aprovação. No caso de pagamento inferior

ao mínimo estipulado no DEMONSTRATIVO DE

DESPESAS incidirão as penalidades do item 9.

III – EM CONCLUSÃO.

POSTO ISTO,

como últimos requerimentos desta Ação Revisional, o Autor expressa

o desejo que V. Excelência se digne de tomar as seguintes

providências:

a) Determinar a CITAÇÃO da

Promovida, por carta, com AR(CPC, art.

222, caput), no endereço constante do

preâmbulo, para, no prazo de 15(quize)

dias, querendo, contestar a presente

AÇÃO REVISIONAL C/C PEDIDO DE

Page 126: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

REPETIÇÃO DE INDÉBITO, sob pena

de revelia e confissão;

b) que ao final seja esta demanda

cautelar JULGADA, em sua totalidade,

PROCEDENTE, no sentido de:

( i ) ANULAR, total ou

parcialmente, as cláusulas que

situem remuneração e mora,

acima citadas, reduzindo a

possibilidade de cobrança aos

patamares permitidos legalmente,

ou, como pedido sucessivo, que

sejam declaradas nulas todas as

cláusulas contratuais revisadas

que exceder os limites da

sentença;

( ii ) que a comissão de

permanência seja substituída pelo

INPC;

( iii ) que os juros remuneratórios

e moratórios sejam limitados a

12%(doze por cento) ao ano;

Page 127: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

( iv ) que seja excluída a

capitalização mensal dos juros;

( v ) seja deferida a INVERSÃO DO

ÔNUS DA PROVA;

( vi ) que a Ré seja condenada a

não inserir o nome do Autor junto

aos órgãos de restrições,

referente ao contrato em espécie,

bem como a não promover

informações à Central de Risco

do BACEN acerca do contrato ora

em tablado, sob pena de multa

diária de R$ 1.000,00;

( vii ) seja condenada a devolver

as quantias pagas e as cobradas

a maior, em virtude das

ilegalidades citadas e

encontradas em liquidação de

sentença, em dobro,

compensando-se em caso de

eventual crédito remanescente em

favor da Ré, bem como ao ônus

de sucumbência em face do que

disciplina a legislação processual

Page 128: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

civil;

( viii ) pleiteia, pela via de

exceção, através da sentença a

ser exarada, exercer o controle da

constitucionalidade da regra

jurídica que criou a possibilidade

de capitalização de juros e, mais,

da delimitação dos juros

remuneratórios, anulando-as e/ou

adequando-as, regras estas

citadas nesta peça.

c) protesta provar o alegado por toda

espécie de prova admitida(CFed, art.

5º, inciso LV), nomeadamente pelo

depoimento do representante legal da

Promovida(CPCiv, art. 12, inciso VI),

oitiva de testemunhas a serem

arroladas opportuno tempore, juntada

posterior de documentos como

contraprova, perícia contábil, exibição

de documentos pela Promovida, tudo

de logo requerido.

Atribui-se a presente Ação Revisional o valor de

R$ .x.x.x.x.( .x.x.x.x.x.x).

Page 129: EXPLICATIVO DO MATERIAL DE REVISÃO DE CONTRATOS BANCÁRIOS

Respeitosamente, pede deferimento.

São Paulo – SP, .x.x. de x.x.x.x.x do ano de .x.x.x.

P.p. Advogado

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Esta é uma Consultoria da editora PRODUTOS