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SEMINÁRIO IAVM EXPERIÊNCIAS DE EAD NA GRADUAÇÃO E NA PÓS- GRADUAÇÃO: QUESTIONAMENTOS E SOLUÇÕES 23 de julho de 2010 Pós-Graduação a Distância www.avm.edu.br

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SEMINÁRIO IAVM

EXPERIÊNCIAS DE EAD NA GRADUAÇÃO E NA PÓS-GRADUAÇÃO: QUESTIONAMENTOS E SOLUÇÕES

23 de julho de 2010

Pós-Graduação a Distância

www.avm.edu.br

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Pro

gra

ma

ção

Programação: 9:30 – Inscrições 10h – Abertura Mesa 1 Moderadora: Mariana Moreira 10:30h - ASPECTOS ERGONÔMICOS NO TRABALHO DE EAD Adelia Araújo e Maria Esther Araújo 11:00h - A EAD NA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO POR PARTE DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL VIA AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Natália Pacheco 11:30 – 12:30 – Debate 12:30 – 14:00 - Almoço Mesa 2 Moderadora: Fabiane Muniz 14:00h - A WEB 2.0 NO COTIDIANO DO CURSO A DISTÂNCIA EM PEDAGOGIA DO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE: INSTITUIÇÃO, PROFESSORES E ALUNOS ÀS VOLTAS COM BLOGS, WIKIS, YOUTUBE E OUTRAS INTERFACES DE APRENDIZAGEM Carly Machado Fabio Maia Teresa do Vale 14:30h - POSSIBILIDADES DA INTERFACE EDUCAÇÃO AMBIENTAL/EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO A DISTÂNCIA DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA Vilson Sérgio de Carvalho 15:00h - RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NA TUTORIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Leonardo Costa 15:30h - FÓRUM: EXPERIÊNCIA DE ESPAÇO DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Maria Poppe 16:00h – 17:00 – Debate 17:00h – Comentários finais e encerramento

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3

Su

mário

02 Programação

04 Mesa 1 Apresentação dos professores

Moderadora: Prof.(a)Mariana Moreira

05 Mesa 2 Apresentação dos professores

Moderadora: Prof.(a) Fabiane Muniz

07

Aspectos ergonômicos no trabalho de EaD

Adélia Araújo Maria Esther Araújo

16

A EaD na democratização do acesso a educação

por parte dos portadores de deficiência visual via ambientes virtuais de aprendizagem

Natália Pacheco

27

A WEB 2.0 no cotidiano do curso a distância em Pedagogia do Instituto A Vez do Mestre:

instituição, professores e alunos às com Blogs, Wiks, Youtube e outras interfaces de

aprendizagem Carly Machado

Fábio Maia

Teresa do Vale

34

Possibilidades da interface educação ambiental/educação a distância: uma

experiência no curso a distância de graduação em pedagogia

Vilson Sérgio

45

Relações entre educação ambiental e educação a distância: uma experiência na

tutoria do curso de pós-graduação a distância em educação ambiental

Leonardo Costa

52

Fórum: experiência de espaço de

aprendizagem e desenvolvimento profissional Maria Poppe

Carly Machado

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Apresentação dos professores da mesa 1

Moderadora: Mariana Moreira

MIN

I

CU

RR

IC

ULO

S

Ad

élia

Ara

újo

Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, tendo

desenvolvido pesquisa de mestrado na área de trabalho e

educação, duas especializações - Gestão de EAD pela Universidade

Federal de Juiz de Fora e Gestão de Recursos Humanos pelo IAVM,

graduada em Serviço Social pela Universidade Gama Filho em

1986. Atua na área de Recursos Humanos há mais de quinze anos,

com dez anos de experiência em docência na graduação e em Pós-

Graduação. Experiência de nove anos em EAD, tendo exercido

funções de tutoria, mentoria, coordenação e desenvolvimento de

conteúdos, para Graduação e Pós-Graduação. É professora dos

Cursos de Pós-Graduação do IAVM na modalidade de Educação

Presencial e Coordenadora do MBA em Gestão de Pessoas, também

na modalidade de educação presencial.

Ma

ria

Es

ther

Ara

újo

Formada em Fonoaudiologia, possui Mestrado em Gestão

Ambiental (UNESA), Especialização em Gestão de EaD (UFJF),

Especialização em Docência do Ensino Superior (UCAM / IAVM),

Especialização em Saúde da Família (em conclusão), com formação

em saúde do trabalhador (FIOCRUZ). Atua no planejamento e

gestão de cursos de graduação e pós-graduação, tanto na

modalidade a distância quanto presencial bem como na elaboração

de material didático-pedagógico (conteudista). Docente nas áreas

de audiologia clínica, políticas educacionais, metodologia da

pesquisa, dentre outras disciplinas. Orientadora de TCC, tanto na

graduação quanto na pós-graduação, em diversas instituições

(UNIG, ESEHA, Fac Redentor e IAVM/UCAM). Atuou em projetos

relevantes, desenvolvidos pela UERJ (NUSEG e CEPUERJ),

destacando-se a Coordenação Operacional no Programa de

Despoluição da Baía de Guanabara, no segmento Educação -

Formação de Professores.

Na

tália

Pa

ch

ec

o

Cientista Social graduada pela UERJ e Turismóloga formada pela

UFF, Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais (UFF), Tutora da Pós-

Graduação à Distância em Educação Especial e Inclusiva do

Instituto A Vez do Mestre (IAVM) e Coordenadora da Graduação

em Turismo das Faculdades São José (FSJ).

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Apresentação dos professores da mesa 2

Moderadora: Fabiane Muniz

MIN

I

CU

RR

IC

ULO

S

Ca

rly

Mac

had

o Graduada em Psicologia pela UFRJ

Mestre em Psicologia Social nesta mesma instituição

Doutora em Ciências Sociais pela UERJ

Fez Pós-Doutorado na Universidade McMaster, no Canadá

É professora do Instituto A Vez do Mestre – IAVM - desde 1999 e

trabalha nos cursos a distância desta instituição desde 2001

Criou, em 2003, o curso de Especialização em Tecnologia

Educacional do IAVM

Atualmente é Coordenadora de Educação a distância do IAVM

Atuou em diversas instituições de ensino superior tais como:

Universidade Estácio de Sá, Universidade do Estado do RJ (UERJ),

entre outras

Suas áreas de pesquisa incluem debates sobre tecnologia,

sociedade, mídia e religião

bio

Ma

ia Mestre em Educação (UFRJ) com especialização em Tecnologia

Educacional (IAVM/UCAM)e Educação a Distância (SENAC). Possui

formação inicial na área de Tecnologia da Informação

(UniverCidade). Exerce a função de docente em cursos de

graduação e pós-graduação na área de Educação. Além disso, atua

como colaborador no desenvolvimento de estratégias de

aprendizagem utilizando ferramentas digitais e na elaboração de

material instrucional impresso para cursos superiores. Investe

atualmente como objeto de pesquisa a utilização de ferramentas

da Web 2.0 no processo de ensino-aprendizagem.

Te

resa

do

Va

le

Especialista em Tecnologia Educacional pelo UCAM/IAVM,

graduada em Pedagogia com habilitação em Administração,

Supervisão e Orientação escolar, pela UERJ. Professora-tutora do

curso a distância de Licenciatura em Pedagogia oferecido pela

UCAM/IAVM. Atua, também, como professora-tutora do curso de

pós graduação a distância da mesma instituição de ensino, nas

áreas de Administração Escolar e Supervisão Escolar. Além, disso

colabora no desenvolvimento de estratégias pedagógicas e

material instrucional para cursos de graduação.

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6

Vils

on

Se

rgio

O professor VILSON SÉRGIO DE CARVALHO atua no IAVM desde

1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e

desde 2001 como membro da equipe pedagógica de seus cursos

na modalidade a distância sendo atualmente coordenador da área

de Estágio e Pesquisa do IAVM a Distância.

Formou-se em Psicologia pela UFRJ, universidade onde concluiu

seu bacharelado e licenciatura na área. Na mesma instituição fez

ainda seu mestrado e doutorado em Psicossociologia de

Comunidades e Ecologia Social, onde teve a oportunidade de

estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o

desenvolvimento de comunidades e fazer um estudo aprofundado

sobre a epistemologia da Ecologia Social. Tendo escrito já alguns

livros na área.

Atualmente é o Professor Mentor do Curso de Docência do Ensino

Superior sendo também professor das disciplinas de Educação

Ambiental e Metodologia da Pesquisa do Curso de Graduação em

Licenciatura em Pedagogia. Em diferentes momentos atua

também na área de consultoria ambiental em comunidades e

instituições sensíveis ao tema, integrando equipes

interdisciplinares.

Le

on

ard

o C

os

ta

Desde 2009 na função de tutor do curso de Educação Ambiental

do IAVM, o professor Leonardo Costa é bacharel e licenciado em

Ciências Biológicas, Mestre em Administração de Negócios no

ramo da Responsabilidade Socioambiental pela UCP e auditor

interno em Sistema de Gestão Integrada. Possui experiência

offshore em Programas de Educação Ambiental para

plataformistas, professor de cursos técnicos em Petróleo & Gás,

consultoria em Gerenciamento de Resíduos, Sistemas de Gestão

Ambiental e Sistema de Gestão da Qualidade em empresas de

metalurgia.

Ma

ria

Po

pp

e

Meu nome é MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE, sou

psicóloga formada pela UFRJ e atuo em dois segmentos da

Psicologia: a docência e a clínica. Na atividade docente iniciei

minhas atividades em 1997, aqui mesmo no IAVM, primeiramente

só nos cursos de pós-graduação Lato Sensu na modalidade

presencial. No ano de 2001 passei a fazer parte também do corpo

de professores que atuam no IAVM na modalidade a distância,

primeiro nos cursos de pós-graduação e, agora também, nos

cursos de graduação. Hoje, mestranda em Educação da Faculdade

de Educação – UFRJ

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Artigo

Moderadora: Mariana Moreira

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élia

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Ara

újo

ASPECTOS ERGONÔMICOS NO TRABALHO DE EAD

ASPECTOS ERGONÔMICOS NO TRABALHO DE EAD

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2010

Adélia Araújo

Instituto A Vez do Mestre – [email protected]

Maria Esther

Instituto A Vez do Mestre – [email protected]

Investigação científica

Pesquisa e avaliação

Educação universitária

Relatório de pesquisa

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Resumo: As tecnologias e os projetos pedagógicos não são as únicas

questões envolvidas no campo de estudo de EaD. Hoje, a Educação a

distância é uma realidade enquanto negócio e um novo campo de trabalho que

envolve uma séria de discussões em relação a investimentos tecnológicos,

formação profissional e certificações, mas é preciso ter um foco na gestão de

pessoas, principalmente, em relação s aos fatores humanos e organizacionais

do trabalho em EAD. Nosso objetivo com esse artigo é contribuir para a

ampliação do debate sobre essas questões que vão além das questões

técnicas.

Palavras-Chave: gestão de pessoas – ergonomia – educação a distância

A tecnologia digital ou tecnologias intelectuais, além de favorecerem

novas formas de acesso à informação através da navegação por hipertextos,

também ampliam algumas funções cognitivas na medida em que podem atuar

como auxiliares da memória, estimular a percepção e a imaginação por

intermédio de simulações e realidades virtuais, além do raciocínio. (LÉVY,

1993).

Em um mundo caracterizado pela aceleração das mudanças, por uma

intensa “compressão de tempo e espaço” (HARVEY, 1992), pela diversidade

cultural, pela complexidade tecnológica, inseguranças e incertezas, os cenários

são modificados constantemente, trazendo sempre novas exigências.

Nos 100 anos de Educação a Distância no Brasil, independente da

proposta pedagógica do processo de ensino-aprendizagem, observa-se um

grande numero de distribuição e entrega de conteúdo, do curso por

correspondência a educação on-line ou e-learning, a educação a distância sido

impulsionada pelas muita tecnologia que não param de chegar ao mercado..A

cada tecnologia que surge vemos a possibilidade de avanços nas práticas

educativas a distância. Desde a invenção do telefone à internet sem fio e a TV

digital, a EAD tem, assim, a possibilidade de se aperfeiçoar e encontrar

metodologias de aprendizagem mais interativas e cooperativas. Da auto-

instrução às comunidades de aprendizagem, o processo de ensino

aprendizagem tem buscado aproveitar a tecnologia para criar novas soluções

contextualizadas e ampliar o feedback entre alunos e equipe pedagógica.

O processo de ensino-aprendizagem, mediado pela tecnologia facilita e

permite combinar características de investigação e descoberta com

capacidades técnicas, promovendo o raciocínio complexo. Utilizando os

softwares como ferramentas e o design instrucional contextualizado, a EAD

procura deslocar-se de modelos rígidos e predefinidos para programas

adaptáveis ao contexto do processo no qual se desenvolve a aprendizagem

(FILATRO,2004).

Santos e Silva (2005) relacionando os conceitos de educação

corporativa on-line e comunicação, afirmam que há uma mudança profunda no

cenário comunicacional, com a nova lógica da comunicação interativa, ou

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interatividade. Na interatividade, o emissor oferece ao receptor um conjunto de

elementos e possibilidade que poderá manipulá-los criando novos conjuntos,

intervindo na mensagem aberta e modificável, dando-lhe um novo sentido.

Continuando, os mesmos autores, citando Blikstein, destacam “a

educação continua a ser, mesmo com esses aparatos tecnológicos, o que ela

sempre foi: uma obrigação chata, burocrática. Se você não muda o paradigma,

as tecnologias acabam servindo para reafirmar o que já se faz.” (p.75)

Muitos investimentos têm sido feitos em tecnologia da informação e

comunicação no campo da educação em todo o mundo, caracterizando uma

verdadeira “explosão digital”. Entretanto, o rápido fluxo da tecnologia para

educação está passando na frente das visões educacionais e do planejamento

necessário para uma implementação eficiente dos novos recursos. Mas as

mudanças são visíveis e já temos visto a Web modificar, de alguma maneira, a

prática pedagógica e mesmo as atitudes dos muitos professores e alunos

usuários da Internet.

As novas tecnologias permitem um novo encaminhamento para a

educação, seja ela presencial ou a distância, ao possibilitarem que alunos

conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade ou até mesmo

do exterior. O mesmo acontece com o professor. Os trabalhos de pesquisa, os

projetos de aprendizagem ou de desenvolvimento podem ser compartilhados

por outros colegas, coordenadores e alunos quando divulgados

instantaneamente ela Web. O professor desta forma estará mais próximo do

aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar informações

complementares para determinados alunos, pode adaptar a sua aula ao ritmo

de cada aluno. Desta forma o processo de ensino - aprendizagem ganha

dinamismo, inovação.

As tecnologias de comunicação e informação trazem novas formas de

compreensão e expressão da realidade que de certa forma podem ser

utilizadas para reprodução de mensagens ou interatividade, síncrona ou

assíncrona. Os serviços da Internet ou da Web, podem sem dúvida nenhuma

nos trazer enormes possibilidades de construção cooperativa e interação

(SILVA, 2000) entre professor aluno e entre os próprios alunos.

A Tecnologia da Informação e Comunicação por si só não melhora a

aprendizagem; a forma como Tecnologia da Informação e Comunicação é

incorporada às atividades de aprendizagem é que realmente importa. Quando

o projeto de utilização dessas tecnologias for inadequado ao grupo, ou a alguns

dos participantes, poderá criar um grande abismo entre as pessoas envolvidas

no projeto. Esses serviços modificam a relação de tempo e espaço de encontro

e dialogicidade, para tanto é preciso que professores e alunos estejam

preparados.

Com o surgimento de uma sociedade mais tecnológica deve haver uma

conscientização da necessidade de se desenvolver em professores e alunos as

habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. O processo

de ensino aprendizagem precisa utilizar-se da tecnologia de forma a criar um

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ambiente onde aprendizes e orientadores do aprendizado sejam capazes de

aprender e gerar conhecimento.

A tecnologia deve servir para criar ambientes em que as informações e

o conhecimento sejam construídos de forma dinâmica e retro alimentados

constantemente, dando sentido a nova lógica da interatividade (Silva, 2000).

Para torná-lo efetivo é necessário o desenvolvimento de professores para

utilização da tecnologia de forma avançada e o desenvolvimento de Projetos

pedagógicos que valorizem a autonomia e a aprendizagem cooperativa.

Campos (et.al,2003,p.26-27) afirma que

A aprendizagem cooperativa é uma técnica ou proposta pedagógica na qual estudantes ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.A cooperação como apoio ao processo de aprendizagem enfatiza a participação ativa e a interação tanto dos alunos como dos professores.O conhecimento é considerado um construtor social, e desta forma o processo educativo caba sendo beneficiado pela participação social em ambientes que propiciem a interação(...)Espera-se que os ambientes de aprendizagem cooperativos sejam ricos em possibilidades e proporcionem o desenvolvimento do grupo (grifos nossos)

Os ambientes de aprendizagem cooperativa precisam ser flexíveis para

atender as demandas de interação, apresentar inteface agradável para

estimular o processo de aprendizagem e, principalmente, oferecer condições

de utilização diferentes tecnologias de informação e comunicação, através de

interação multidirecional, portanto, ricos em possibilidades.

Por outro lado, a introdução da tecnologia não pode ignorar as práticas,

os saberes e as experiências que formam a cultura docente em seu contexto.

O potencial de mudanças que as novas tecnologias poderão trazer para a

Educação dependerá da forma como estes “novos atores informáticos” se

relacionarão com os atores humanos e não-humanos que compõem contexto

de aprendizagem.

Em um contexto de sustentabilidade e da relevância da

Responsabilidade Social Corporativa, o respeito aos aspectos humanos do

trabalho é indispensável, portanto, a introdução e utilização de novas

tecnologias devem ser sempre acompanhadas, ou mesmo precedidas, de uma

avaliação dos aspectos humanos do trabalho e das relações de trabalho

envolvidas.

A discussão sobre tecnologias, interfaces, interação, usabilidade,

projetos pedagógicos, certificações e tantas outras são essencialmente

significativas, mas é urgente e fundamental que tenhamos uma preocupação

efetiva com aspectos que vão além do debate técnico. É preciso discutir

aspectos da questão humana no contexto de trabalho em EaD .

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O modelo de gestão taylorista foi considerado um sucesso na época e

duramente criticado hoje pela fragmentação do trabalho em tarefas simples e

repetitivas, fazendo do homem um apêndice da máquina. Essas tarefas que

pareciam simples e desprovida de qualquer técnica exigiam um nível de

conhecimento de aparatos técnicos para, por exemplo, definir o método de

trabalho, realizar a cronometragem de tempos e movimentos e fazer os

cálculos do pagamento por peças produzidas. O trabalhador da indústria

Taylorista, após sua jornada no espaço físico do trabalho tinha a possibilidade

de descansar antes da próxima jornada.

O trabalho moderno é caracterizado por sua flexibilidade oferecendo a

possibilidade de maior respeito às características e diferenças individuais, bem

como a ampliação do grau de autonomia do trabalhador. O trabalhador

moderno da geração blackberry, trabalha 7 por 24, ou seja, 7 dias por semana,

24 horas por dia. Nessa categoria, está a maioria dos profissionais de

Educação a distância, ligados ao computador ou ao seu blackberry para ter o

prazer e a satisfação de manter prazos de respostas para suas diversas

atividades, já que é possível trabalhar em horários alternativos e contínuos,

tendo a liberdade de decisão sobre suas atividades.

Deve-se considerar, portanto, que:

O trabalho humano possui um duplo caráter: por um lado, é fonte de realização, satisfação e prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos sujeitos; por outro lado, pode também se transformar em elemento patogênico, tornando-se nocivo à saúde (SELIGMANN-SILVA, 1987).

Algumas vezes esses trabalhadores são parte de três ou quatro

equipes diferentes de trabalho no ambiente virtual, e executam suas atividades

em ambientes físicos totalmente distintos. Estes diferentes ambientes podem

impactar de forma positiva ou negativa em sua capacidade de realização das

atividades, podendo inclusive contribuir para o aumento da fadiga, como no

caso da opção por longas jornadas, com mais de nove horas de trabalho.

O ensino possui características particulares, geradoras de estresse e

de alterações do comportamento dos que nele trabalham. Considerando o tutor

como o um profissional ativo na prática pedagógica, deve-se observar que sua

atuação vai além do domínio tecnológico, destacando-se os aspectos humanos

e burocráticos no planejamento, desenvolvimento, execução e avaliação dos

processos de ensino e de aprendizagem e registros dos processos e projeto

pedagógico.

O ambiente de aprendizagem, presencial ou virtual, deve ser um

ambiente de vida, onde estão presentes diversos elementos como criatividade,

cooperação, empreendimento, busca de autonomia, aprendizagem, mudanças

de hábitos e atitudes e, sobretudo, fortalecimento de elos sociais através da

solidariedade e do afeto. Um ambiente de formação humana onde a

aprendizagem é o processo que acontece no contexto dessa formação. Nesta

perspectiva: aprender e conhecer são atividades complexas, pois envolve

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aspectos afetivo, emocional, cognitivo, cultural, social, dentre outros.

A fadiga mental é comum entre profissionais cujo trabalho exige muita

atenção com o público, agravado pelos conflitos nas relações pessoais,

motivados ou acentuados pela múltipla convivência. Para os profissionais da

educação, soma-se ainda o autoritarismo burocrático e o excesso de

responsabilidade para o tempo e os meios de que dispõe. Vê-se, de forma

geral, a acumulação do trabalho. As tarefas tendem a serem diversificadas,

mas fragmentadas; vê-se, também, aumentarem as exigências sobre estes

profissionais, que sofrem pressão por metas de produtividade em menor tempo

e pela necessidade de capacitação e atualização constante de conteúdos a

serem ministrados.

“Carga de trabalho representa o conjunto de esforços desenvolvidos para atender às exigências das tarefas. Esse conceito abrange os esforços físicos, os cognitivos e os psicoafetivos (emocionais).” (SELIGMANN-SILVA,1994)

O estresse já é reconhecido por organismos internacionais como

“enfermidade profissional”, cujos efeitos atingem inclusive o ambiente escolar.

É considerado pela OIT não somente como um fenômeno isolado, mas “um

risco ocupacional significativo da profissão”.

“As condições de trabalho constituem um dos fatores principais do mal-estar docente. Tais condições afetam a saúde – física e mental dos professores levando-os ao absenteísmo e, às vezes, ao abandono da profissão.” (ESTEVE, 1999).

Instituições de pesquisa em países como Suécia, França, Alemanha e

Espanha revelam uma grande corrida de professores a tratamentos

psicoterapêuticos. Assim como no Brasil, nestes países, o risco de

esgotamento físico e mental é a causa do crescente abandono da docência,

produzindo alterações comportamentais e psicológicas que podem ser

observadas na forma intensa com que trabalham no sentimento de impotência

frente a situações da rotina de trabalho, irritabilidade, na falta de atenção,

aumento do absenteísmo, sentimento de responsabilidade exagerado, atitude

negativa, rigidez, baixo nível de entusiasmo e até mesmo o consumo de álcool

e drogas, como uma forma de minimizar os efeitos do cansaço e do

esgotamento.

Em uma visão ergonômica simplificada das relações entre cognição e

saúde na atividade de trabalho, os aspectos paliativos podem ser percebidos

na concepção de sistemas que simplificam de tal maneira a atividade que

reduzem a capacidade do desenvolvimento de competências do trabalhador.

Porém, para Montmollin (1993), uma abordagem ergonômica deve

necessariamente privilegiar o desenvolvimento de competências e sua relação

com as exigências da organização do trabalho e o estresse. Sendo assim,

ergonomia pode ser definida como o “estudo da adaptação do trabalho ao

homem envolvendo não somente o ambiente físico, mas também os aspectos

organizacionais de como este trabalho é programado e controlado para

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produzir os resultados desejados”. MORAES (2000)

Preocupar-se com as questões ergonômicas do trabalho em EaD

envolve, além do desenvolvimento de software e interfaces com usabilidade

adequadas, a preocupação, dentre outros aspectos com os fatores humanos e

organizacionais do trabalho, tais como:

- A Qualidade do posto de trabalho, independente de se manter o

trabalhador em casa ou no ambiente de negócio;

- Os fatores fisiológicos do trabalho que devem ser considerados para

organização de equipes de desenvolvimento e tutoria que desenvolvem suas

atividades em ambientes organizacionais ou em casa, considerando as

diferenças necessárias e o cuidado comum para cada um dos profissionais;

- O investimento em programas de educação continuada que tenha a

preocupação com o desenvolvimento do conhecimento e da capacidade

necessária para o exercício da autonomia necessária aos profissionais de EaD;

- Uma preocupação efetiva com as jornadas de trabalho e as

diferenças individuais de seus profissionais para evitar a fadiga e a redução da

produtividade;

- A diversidade e o equilíbrio entre os profissionais de uma equipe,

envolvendo questões como sexo, idade e pessoas com deficiência;

- O cuidado com o estresse no ambiente de trabalho e também do

trabalhador que envolve uma análise precisa das dificuldades em relação a

tomada de decisão, relacionamento interpessoal e a necessidade de tempo e

energia utilizados para o desempenho das tarefas. Com isso será possível,

além da identificação das causas do estresse apresentar propostas

organizacionais para sua redução;

- Políticas de Gestão de Pessoas que respeitem a diversidade e a

autonomia dos profissionais de EaD;

- Desenvolvimento dos modelos de organização do trabalho que

permitam mais que flexibilidade de horário, oferecendo condições de

enriquecimento do trabalho e das relações sociais.

Conclusão:

Analisando os aspetos envolvidos nas discussões apresentadas,

podemos concluir que o sucesso e a manutenção da competitividade em EaD,

como qualquer outra área de trabalho, exige uma política de gestão que

envolva investimentos em pesquisas para modernização das ferramentas e

tecnologias utilizadas na execução das tarefas, mas também, ou

principalmente, preocupe-se com investimentos em pesquisas nos aspectos

humanos e organizacionais do trabalho, criando condições para produtividade

com melhoria das condições de trabalho em EaD.

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Artigo

Moderadora: Mariana Moreira

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A EAD NA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO POR PARTE DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL VIA AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

A EAD NA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO

POR PARTE DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL VIA

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Profa. Msc. Natália Pacheco Junior

Instituto A Vez do Mestre – IAVM (www.avm.edu.br)

Categoria: Estratégias e Políticas

Setor Educacional: Educação Universitária

Natureza: Relatório de Pesquisa

Classe: Investigação Científica

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RESUMO

Num contexto em que cada vez mais as discussões sobre educação

inclusiva ganham força na academia, este artigo se propõe a trazer algumas

contribuições no que tange aos debates sobre educação à distância, suportes

tecnológicos e acesso à educação e, por conseqüência, de cidadania da

pessoa com deficiência. Seu objetivo principal é analisar como a função social

referente à democratização do acesso de portadores de deficiência visual pode

ser cumprida pela EAD através de diferentes suportes educacionais. Para

tanto, pretende-se problematizar questões relevantes sobre acesso à educação

e suportes tecnológicos adaptados à portadores de deficiência visual no

processo educacional.

Palavras-chave: EAD; suportes tecnológicos; deficientes visuais; ambientes

virtuais de aprendizagem

Os Processos de Aprendizagem Viabilizados pelos Suportes

Educacionais da EAD

Embora na era contemporânea muitos sejam os debates sobre as

interfaces existentes entre educação e tecnologia existe ainda um caminho

considerável a percorrer na esfera das discussões sobre o tema no que tange à

inclusão sócio-educacional das minorias, baseando-se na premissa de que

Tecnologias Educacionais podem, desde que utilizadas de forma correta e

democratizadas em seu acesso, promover uma maior amplitude da Educação

Política. Dentro destes debates merece destaque o papel que a EAD pode ter

no sentido de promover e trazer maior eficácia a este processo de inclusão.

De acordo com Moran (2008)3, a Educação à Distância é um processo

de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, em que se tem os

professores e os alunos separados espacial e/ou temporalmente.

De um modo geral a EAD abrange: “formas de estudo nas quais as

ações dos estudantes e as ações dos professores ocorrem de forma

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assíncrona, objetivando minimizar custos, superar problemas de escala,

possibilitar o acesso à educação a pessoas que residem distante do provedor

de ensino ou que, por outro motivo, não possam freqüentar uma escola e,

também, pessoas interessadas em metodologias de aprendizagem

sintonizadas com as novas exigências corporativas” (SARTORI, 2010).

Graças ao uso de diferentes Tecnologias de Informação e Comunicação

disponibilizadas na EAD foi possível proporcionar uma interação mais efetiva

entre professores e alunos, criando oportunidades únicas de aprofundamento

de aprendizado por parte dos alunos e novos recursos de ensino para o

professor como nunca antes. As plataformas virtuais de apoio ao ensino e a

aprendizagem, no contexto da EAD por exemplo “são cenários que envolvem interfaces

instrucionais para a interação de aprendizes. Incluem ferramentas para atuação

autônoma e automonitorada, oferecendo recursos para aprendizagem coletiva e

individual” (VIEIRA & LUCIANO 2003, p.2).

Ao discutir educação à distância, a não presencialidade torna-se um

ponto de obrigatória discussão. A condição de deficiência acarreta uma série

de limitações (não confundíveis com impedimentos) ao deslocamento e

acessibilidade que podem ser facilitada através de suportes educacionais como

os que estão disponibilizados através das ferramentas e ambientes de EAD.

É importante frisar que a discussão a ser aqui travada não diz respeito

tão somente à acessibilidade física, mas sim também à legal e a de conteúdo.

Estas duas últimas encontram-se sintetizadas na democratização e acesso à

educação, aos bens culturais, entendidos, em seu sentido amplo, como o que

compreende todo testemunho do homem e seu meio, apreciado em si mesmo,

sem estabelecer limitações derivadas de sua propriedade, uso, antiguidade, ou

valor econômico.

Partindo desse pressuposto, a inacessibilidade pode ser entendida

também como possuidora de um duplo sentido: a) como aquela que se refere

aos obstáculos físicos que, de algum modo, dificultam ou impedem a

movimentação; b) como a falta de acesso às “vantagens sociais” que

determinados espaços institucionais promovem, que geram empobrecimento

imaterial. Estar-se-á trabalhando com ambas as interpretações ao longo deste

trabalho.

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Para superar esses obstáculos, sejam eles físicos ou político-sociais,

uma palavra-chave se apresenta em forma de ação é: democratizar. Utilizar o

termo na forma verbal, em detrimento de seus derivados substantivos e

adjetivos, denota a intenção central de debater a relevância da EaD, como uma

nova ferramenta de promoção do acesso físico e de conteúdo às pessoas com

deficiência visual.

A tecnologia implementada em computadores, programas digitais etc.

são um dos mecanismos utilizados por eles para ampliar seu contato com o

mundo de fora. Logo, os deficientes visuais necessitam desses suportes para

atividades simples como ler o jornal diariamente, estudar, ter acesso a

bibliotecas virtuais ou até mesmo saber as horas.

O que podemos perceber é que o deficiente visual se encontra até certo

ponto dependente da democratização dessas tecnologias para ter acesso ao

ensino superior, na medida em que na ausência delas grande parte desta

minoria fica impedida de completar ou avançar em seus estudos. Democracia

esta que precisa ultrapassar fatores conjunturais, como a classe social do

portador, para que esses suportes possam ser encontrados nos lugares onde

deveriam estar: nas instituições voltadas ao atendimento dos deficientes

visuais. Isso porque, o que estamos tendo acesso é a um possível déficit

desses suportes tecnológicos nas instituições de ensino superior.

Na EAD a adoção de tecnologias que permitem uma maior flexibilidade

na apresentação de conteúdo, podem ser interpretadas pelo DV, através de

dispositivos de interação especiais. Tais características envolvem três das

soluções de acessibilidade relativas ao formato específico de material didático,

a tecnologia de acesso à informação voltada para o DV e a própria EAD uma

vez que ao promover novas temporalidades e espacialidades as barreiras de

comunicação e as barreiras espaciais são minimizadas (CARVALHO &

DALTRINI, 2003).

Estas ponderações devem servir de base ainda para manter em foco

constante a reflexão sobre a superficialidade da legislação brasileira. A

cidadania dos deficientes visuais assegurada pela Constituição de 1988 parece

frágil. Isso porque, há uma série de direitos fundamentais que são assegurados

positivamente aos portadores de deficiência visual, mas que, por vezes, não

são respeitadas em seu cotidiano. Parece que não foram criados meios para

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que essas leis fossem postas em prática levando a um quadro de cidadania

incompleta. E uma das funções a serem cumpridas pela educação é politizar os

educandos, seja no modelo presencial ou à distância, levando-os à informação

e compreensão de seus direitos. No caso específico de minorias, essa

necessidade se torna ainda mais urgente devido aos seus anseios de

cidadania plena ainda não alcançada.

Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Novas Tecnologias de Acesso à

Informação

Atualmente, percebe-se que não apenas as pessoas com deficiência

possuem seus limites, como também que os ambientes dessas instituições

convencionais de ensino estão incapacitados para recebê-las, mudando o foco

da pessoa para o ambiente. As pessoas com deficiência encontram

dificuldades de formação devido à falta de recursos necessários para atendê-

los nas instituições de ensino. Tem-se como empecilho a falta de estrutura

física e tecnológica.

Por meio de novos recursos tecnológicos a EAD tem se tornado

inclusiva, favorecendo desta forma a profissionalização de pessoas com

deficiência que até então encontravam barreiras para estudar.

Segundo Litto (2008), torna possível incluir em todas as formas de

educação pessoas incapacitadas por uma série de fatores, de freqüentar

instituições convencionais de aprendizagem.

Ao atentar para a inabilidade do sistema de ensino presencial em

implantar sistemas de suporte educacional aos deficientes visuais, lança-nos

aos olhos a potencialidade da EaD em captar essa demanda não ou mal

atendida de alunos e suprir suas necessidades de aprendizado e cidadania.

Nessa discussão os chamados AVA´s (Ambientes Virtuais de Aprendizagem)

ocupam um lugar de destaque.

Antes de prosseguir é importante frisar que não se pretende de modo

algum resumir a EAD aos AVA’s. É clara a multiplicidade de metodologias que

podem ser empregada para viabilizar o ensino à distância, muitas delas sem a

construção de um AVA. Entretanto, para fins analíticos este trabalho busca

enfatizar esta metodologia específica, com vistas a reforçar sua importância

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frente às necessidades da categoria de estudo específica, a saber, os

deficientes visuais.

Os AVA’s podem ser entendidos como espaços contidos no ciberespaço da

Internet, constituídos de informações com as mais variadas formas: imagem, texto, som.

Nesse ambiente, o ser humano se comunica e interage com outros, focando a construção

de novos conhecimentos e conseqüentemente a aprendizagem (SANTOS, 2003).

É plausível que neste momento muitos se questionem sobre a relação

aparentemente indissociável entre os Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA’s) e o sentido visual. O adjetivo aparente faz sentido pois, ainda que o

computador pareça exigir a visão a todo momento, a tecnologia corrige essa

lacuna ao cumprir o papel de corrigir tal dependência. Para tanto, foram

desenvolvidas uma série de sistemas compatíveis com os AVA’s, tornando-os

inteligíveis aqueles que não contam com visão plena. É a partir deles que a

EaD deve encontrar subsídios para incorporar ao seu público-alvo, pessoas

com deficiência visual.

Dentre os principais facilitadores de aprendizagem digital encontra-se o

Dosvox. É um sistema compatível modo DOS com recurso de voz sintetizada

que permite aos deficientes visuais executar tarefas como a edição e leitura de

textos, usando ferramentas como calculadoras e agendas tendo momentos de

lazer com os diversos jogos que acompanham o programa. O sistema fala

através de um sintetizador de voz. Queiroz (2005) afirma que “o sistema ajuda

deficientes a interagir com o mundo da informática ou da informação.”

(QUEIROZ, 2005, p.53).

Outro recurso capaz de auxiliar o aprendizado em ambientes virtuais

seria o Virtual Vision, que se configura num sistema leitor de telas, adaptado ao

Windows, que informa aos usuários quais controles, botões e menus estão

ativados, ou seja, informa todas as suas funções para o deficiente visual. Além

disso, o Virtual Vision tem a função de ler, editar e até mesmo imprimir textos.

Permite também que o deficiente visual navegue pela internet, tendo a mesma

percepção e apreensão de conteúdo que qualquer outro usuário.

Além destes, o Jaws é considerado, por Sonza e Santarosa (2003) o

leitor de tela mais popular do mundo, sendo um sistema que possui um

software de sintetizador de voz, que utiliza a própria placa de som do

computador. O programa consegue ler certos recursos de páginas de internet

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que outros programas, desse mesmo gênero, não conseguem, estando

disponível em diversos idiomas, inclusive em português.

Letra é um programa produzido pelo SERPRO e roda em Linux, esse

sistema toma conhecimento dos fonemas escritos e transforma o texto

digitalizado em som. Do mesmo modo, o Openbook converte o texto

escaneado em texto eletrônico para ser lido pelo sintetizador de voz ou

convertido em MP3. A pessoa que tem baixa visão pode escolher entre a

exibição visual por ampliação, espaçamento especial entre caracteres e ajuste

de cores de alto contraste.

Por fim, integra o grupo de sistemas de suporte educacional, o Magic,

que é ajustado de acordo com a necessidade do usuário, específico para

usuários com baixa visão. Podendo aumentar de 2 a 16 vezes a informação

selecionada.

O que se busca ao trazer estes exemplos de sistemas adaptados às

pessoas com deficiência visual é demonstrar como a EAD agrega valor ao

processo de aprendizagem das pessoas sem visão. Isso porque, ainda que não

se tenha a intenção de comparar a educação presencial e à distância, o

modelo presencial de ensino parece encontrar-se ainda muito arraigado à

formatos tradicionais de aprendizado, marcado pelo uso do quadro-negro,

apostilas e livros impressos, provas escritas e avaliações padronizadas. Todas

essas características se configuram como obstáculos à acessibilidade de

conteúdo por parte dos deficientes visuais uma vez que exigem deles uma

postura quase de autodidatismo.

Por outro lado, no contexto da EAD on-line, o aluno pode estudar, interagir

com outros alunos, professores, tutores e instituição, refletir e aprender em local e

horário de sua escolha, bastando para isto ter acesso a um computador conectado à

Internet. Sobre isso, Marco Silva (2003) corrobora que a EAD on-line “é uma exigência

da cibercultura”, ele a observa como sendo uma “demanda da sociedade da informação,

isto é do novo contexto socioeconômico-tecnológico”, (...) “cuja característica geral não

está mais centralizada na produção fabril ou da mídia de massa, mas na informação

digitalizada como nova infra-estrutura básica, como novo modelo de produção”

(SILVA, 2003a, p.11). Informação digitalizada esta que, por meios dos sistemas

adaptados, torna-se acessível aos deficientes visuais aproximando-os da educação

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superior, da profissionalização e, por conseqüência, do mercado de trabalho e de uma

vida mais independente.

Extrapolando a visão inicial de que estas novas tecnologias de acesso à

informação e a EAD são veículos para que as pessoas com deficiência ingressem no

ensino superior, é importante considerar ainda os impactos sócio-psicológicos desta

nova forma de promover educação.

A contribuição de Palloff é muito incisiva ao afirmar que “Uma

comunidade de aprendizagem on-line é muito mais que apenas um instrutor

interagindo mais com alunos e alunos interagindo mais entre si. É, na verdade,

a criação de um espaço no qual alunos e docentes podem se conectar como

iguais em um processo de aprendizagem, onde podem se conectar como seres

humanos. Logo eles passam a se conhecer e a sentir que estão juntos em

alguma coisa. Eles estão trabalhando com um fim comum, juntos” (PALLLOFF,

2002, p.71).

Os AVA’s propiciam aos portadores de deficiência visual um local de

interação social inédito não apenas no sentido de ser algo recente e inovador,

mas sim por se tratar de um local isento de pré-conceitos. A separação do

termo ao invés de utilizá-lo como uma única palavra (preconceito) se faz

necessário para transmitir a idéia dos julgamentos construídos sobre situações

e pessoas baseados em percepções muitas vezes fluidas e errôneas.

Pode-se apreender, portanto que os AVA’s permitem que haja

aproximação e troca entre os deficientes visuais e os demais sem pré-

conceitos e discriminação a priori, fundados na aparência. É o que Goffman

(1988) chama de “visibilidade”. Se o estigma de alguém é visível ele será

facilmente e de imediato percebido pelo outro quando em contato direto com

ele. E argumenta que “os cegos são facilmente notados. A visibilidade é,

obviamente, um fator crucial. O que pode ser dito sobre a identidade social de

um indivíduo em sua rotina diária e por todas as pessoas que ele encontra nela

será de grande importância. As conseqüências de uma apresentação

compulsória em público serão pequenas em contatos particulares, mas em

cada conjunto haverá algumas conseqüências que, tomadas em conjunto,

podem ser imensas.” (GOFFMAN, 1988, p. 90)

Apesar de ser evidente o forte potencial da educação à distância em

propiciar uma maior democratização do acesso à educação superior por parte

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dos portadores de deficiência, é igualmente nítido que este público ainda não

vem sendo atraído pelas instituições de EAD.

Embora o setor de EAD (educação a distância) tenha crescido 200% nos

últimos quatro anos, conforme dados do Anuário Brasileiro Estatístico de

Educação a Distância, ele ainda não atende aos mais de 24,5 milhões de

brasileiros portadores de algum tipo de deficiência - o que representa cerca de

14% da população do País. Segundo o censo da Educação Superior de 2007,

dos 300 mil alunos da graduação a distância, apenas 137 são portadores de

necessidades especiais.

Percebe-se, portanto, que muitas mudanças são necessárias e

emergentes, tais como criação de políticas públicas que viabilizem a aquisição

de computadores e todos os recursos necessários para que as pessoas com

deficiência consigam se qualificar sem ter que sair de suas casas. Por outro

lado, temos de destacar que políticas públicas de acessibilidade para que as

instituições de ensino tenham uma educação inclusiva, que sejam em si

mesmas acessíveis, já existem e que devem ser aplicadas para que essas

pessoas possam enfrentar todos os obstáculos físicos e sociais existentes com

mais comodidade.

Considerações finais e propostas de novos debates

Diante do exposto, apreende-se que há muito ainda a ser debatido e

estudado sobre as interfaces entre a EAD e as novas tecnologias de

informação na democratização do acesso à educação das pessoas com

deficiência visual.

Paralelamente, percebe-se a ausência de políticas públicas ou mesmo a

não aplicação de algumas existentes, que viabilizem a aquisição de

computadores e recursos necessários para que as pessoas com deficiência

possam realizar os cursos na modalidade EaD. Por outro lado, alguns

desenvolvedores de tecnologias também não se apercebem que precisam

adaptar seus ambientes e tecnologias para que tais pessoas também não

sejam barradas nessa modalidade de ensino e aprendizado tão importante.

Propõe-se, portanto, ampliar as discussões sobre a importância de as

instituições promotoras de EAD voltarem seus esforços no sentido de cumprir

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um dos papéis centrais da modalidade que é expandir as fronteiras físicas e

geográficas do aprendizado, permitindo que cada dia mais cidadãos, seja

deficiente ou não, tenham acesso a um de seus direitos fundamentais: a

educação.

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Artigo

Moderadora: Fabiane Muniz

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A WEB 2.0 NO COTIDIANO DO CURSO A DISTÂNCIA EM PEDAGOGIA DO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE: INSTITUIÇÃO, PROFESSORES E ALUNOS ÀS VOLTAS COM BLOGS, WIKIS, YOUTUBE E OUTRAS INTERFACES DE APRENDIZAGEM

A WEB 2.0 NO COTIDIANO DO CURSO A DISTÂNCIA EM PEDAGOGIA DO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE:

INSTITUIÇÃO, PROFESSORES E ALUNOS ÀS VOLTAS COM BLOGS, WIKIS, YOUTUBE E OUTRAS

INTERFACES DE APRENDIZAGEM

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2010

Carly Machado

Instituto A Vez do Mestre – [email protected]

Fábio Maia

Instituto A Vez do Mestre – [email protected]

Teresa do Vale

Instituto A Vez do Mestre – [email protected]

Relato de Experiência

Métodos e Tecnologias

Educação Universitária

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Descrição de Projeto em Andamento

A utilização de interfaces da Web 2.0 é amplamente discutida no campo de debates sobre a importância de utilização das novas tecnologias na educação, especialmente na educação a distância. Na prática, no entanto, a realidade é outra. Cursos a distância em várias situações fazem uso exclusivo do Ambiente Virtual da Aprendizagem (AVA) como interface digital privilegiada e desenvolvem poucas experiências com as demais ferramentas da Web 2.0. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de utilização sistemática das interfaces da Web 2.0 no cotidiano do curso de Pedagogia do Instituto A Vez do Mestre. Tal uso é identificado nas ações pedagógicas dos Projetos Interdisciplinares dos períodos – proposta do PPP do referido curso – e em disciplinas específicas de sua grade curricular. Destacam-se, nesta análise, a relevância de uma decisão institucional firme quanto à relevância de utilização destas ferramentas no cotidiano de seus cursos, o papel fundamental dos tutores do curso nesta implementação e sua manutenção, bem como o retorno positivo dos alunos, apesar das dificuldades enfrentadas, do diferencial desta prática em sua construção de conhecimento no curso, assim como em sua prática docente, atual ou futura. Palavras-chave: Formação de professores – Web 2.0 – Educação Superior – Graduação em Pedagogia a distância. Instituto A Vez do Mestre

Criado em 1996, o então “Projeto” A Vez do Mestre surge da necessidade de formação continuada para profissionais da área Educacional e do campo Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Sua ênfase na Educação, que deu nome ao “Projeto” e hoje ao Instituto, acentuava o principal público alvo de seus primeiros cursos de pós-graduação presencial: professores da rede de ensino que procuravam especializações de qualidade e com preço compatível à sua renda profissional. No decorrer dos anos, fixando suas ações na primeira década do século XXI, o IAVM abre mais um forte campo de formação oferecendo cursos na área de Direito, compondo assim o conjunto de áreas que caracteriza o presente momento do hoje Instituto AVM: Educação, Gestão, Direito e Meio Ambiente.

As ações do Projeto AVM expandiram-se não só para diferentes áreas do conhecimento, mas também no espaço: através da Portaria MEC n º 399 de 12 de fevereiro de 2004, o Projeto A Vez do Mestre consolidou e legitimou sua iniciativa pioneira no oferecimento de cursos de pós-graduação a distância iniciada no ano 2000 em todo território nacional oferecendo cursos Pós Graduação Lato Sensu a distância nos campos sócio-educacional e empresarial.

Credenciado pela Portaria MEC nº 1.663 de 05 de outubro de 2006 como Instituição de Ensino Superior, o agora Instituto A Vez do Mestre implementou sua primeira graduação a distância – uma Licenciatura em Pedagogia - iniciando neste curso suas atividades na modalidade online de educação a distância. Inaugurar suas ações no campo da Graduação com um curso de Pedagogia reflete mais uma vez o compromisso deste Instituto com a Educação. Como indicador da qualidade da formação em Pedagogia proposta pelo IAVM destaca-se o conceito 5 obtido pelos alunos deste curso no ENADE 2008.

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Curso de Graduação em Pedagogia Perfil do curso

A formação do profissional em educação exige continuamente novas competências e habilidades, atendendo basicamente duas direções: 1) formação de um profissional hábil e preparado para a participação ativa no ambiente sócio econômico atual e 2) criticamente posicionado a fim de ampliar e mesmo transformar as fronteiras de pertencimento nesta sociedade. Compreendemos assim que todo profissional deve ter as competências devidas para atuar de forma responsável (dentro das exigências teóricas e práticas de sua profissão), analisar o contexto de sua atuação, planejar mudanças, gerenciar os processos de transformação e avaliar os resultados de suas ações. Podemos assim definir o perfil do Pedagogo que se forma no contexto da sociedade da informação através de dois perfis principais: como arquiteto cognitivo e dinamizador da inteligência coletivaI. Como dinamizador da inteligência coletiva, o pedagogo é responsável pelo gerenciamento de processos de construção cooperativa do saber, transformando grupos escolares heterogêneos em comunidades inteligentes, flexíveis, autônomas e felizes, integrando as múltiplas competências dos estudantes com base em diagnósticos permanentes e pela criação de espaços digitais, tais como comunidades virtuais, fóruns, weblogs e wikis, para construir e disseminar os saberes globais, baseados na interatividade, no acesso à informação democratizada e sua constante atualização. Sendo assim, o pedagogo na EAD tem por função pensar globalmente no processo de aprendizagem, procurando agenciar pessoas, instituições e saberes em rede, de forma a privilegiar a construção colaborativa e coletiva do conhecimento. Enquanto arquiteto cognitivo, o pedagogo é um profissional capaz de traçar estratégias e mapas de navegação que permitem ao aluno empreender, de forma autônoma e integrada, os próprios caminhos de construção do conhecimento em rede, assumindo, para isso, uma postura consciente de reflexão-na-ação e fazendo o uso crítico das tecnologias como novos ambientes de aprendizagem. Fazendo analogia ao conceito tradicional de arquitetura, a arquitetura cognitiva se coloca como um processo de organização dos elementos da aprendizagem de forma estruturada, articulada e aberta para que o aluno seja capaz de desenhar seu processo de construção de conhecimento da melhor forma para seu perfil cognitivo. O pedagogo pensando como arquiteto cognitivo é, sobretudo, responsável pela criação de modelos de aprendizagem criativos e interativos para alunos e professores que participam diretamente destes processos. De acordo com RAMAL (2002), cabe a este novo educador, segundo a autora, atuar como um “arquiteto cognitivo”, projetando os caminhos que os estudantes deverão percorrer na rede dinâmica de aprendizagem contemporânea. A função do pedagogo configura-se então na direção da formação de comunidades de aprendizagem capazes de desenvolver projetos em conjunto, se comunicar e aprender colaborativamente. Usos da WEB 2.0 no curso de Pedagogia do IAVM Web 2.0 na Educação

A partir do ano de 2004, a evolução das tecnologias voltadas para o desenvolvimento da informática fez surgir uma nova geração de ferramentas de comunicação da Internet. Essa nova geração de ferramentas, denominada de Web 2.0, possui características que aumentam as formas de interação entre os usuários

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da Internet, além de ampliarem as possibilidades de publicação, compartilhamento e organização de conteúdo, por meio de ferramentas mais fáceis e intuitivas de serem utilizadas. (Primo, 2006 e De la Torre, 2006). É importante ressaltar que os conceitos de inteligência coletiva, compartilhamento de dados e colaboração sempre estiveram presentes na Internet, mas, estavam subutilizados devido às limitações tecnológicas (Pereira, 2006). Hoje, esses conceitos são potencializados através das novas formas de publicação, de circulação, de organização e de recuperação de informações propiciadas pelas ferramentas da Web 2.0 (Primo, 2006). Diante disso, percebe-se que a Web 2.0 é constituída quatro características básicas: autoria, compartilhamento, interação e colaboração. A autoria se refere às facilidades voltadas para publicação de conteúdos na Internet, permitindo que os usuários sejam provedores de informações. O compartilhamento se diz respeito à facilidade para a troca de artigos, vídeos e imagens. Já a interação favorece a comunicação e relacionamento por meio da Internet, possibilitando a criação de redes sociais. Por sua vez, a colaboração se refere às potencialidades de estabelecer parcerias para facilitar a construção conjunta de conteúdos e o desenvolvimento de projetos (Valente, Mattar, 2007). A utilização das ferramentas da Web 2.0 pode trazer inúmeras contribuições para o processo de construção do conhecimento: Potencialização das reações sociais entre alunos e professores; Aumento das possibilidades da realização de trabalhos coletivos; Aumento da produção do conhecimento proporcionado pela facilidade de produção e distribuição de informações.

Projetos Interdisciplinares

Conforme descrito anteriormente, o curso de Pedagogia do IAVM sistematiza a cada período um Projeto Interdisciplinar que agrega todas as disciplinas do período em torno de uma atividade teórico-prática integrada.Estes Projetos, planejados pela equipe de docentes sob a direção da coordenação do curso, foram escolhidos como interfaces privilegiadas para o uso das ferramentas da WEB 2.0 no curso de Pedagogia. Algumas considerações gerais sobre os Projetos: 1) todos são realizados em grupos auto-organizados pelos alunos; 2) o Projeto interdisciplinar de primeiro período utiliza a interface digital de produção de slides, mas não a Web 2.0 e por isso não está descrito abaixo; 3) a tutoria acompanha de perto estes projetos, oferecendo suporte e capacitação na utilização pelos alunos e professores das disciplinas das interfaces da Web 2.0 através de “tutoriais”; 4) as interfaces Web 2.0 utilizadas partem da produção escrita complexificando-se gradualmente para uma produção cada vez mais colaborativa e multimidiática, passando pelo áudio até o áudio-visual; 5) dentre as ferramentas disponíveis da Web 2.0, dá-se preferências às ferramentas de autoria, conteúdo e compartilhamento. Descreveremos aqui as estratégias em uso no presente momento do curso: No Segundo período o tema gerador do semestre é articulado em um WEBLOG unificado onde os alunos postam sua produção textual sobre a temática. Em 2010.1, como exemplo, o tema gerador escolhido no curso para todos os períodos foi “Educação e Cidadania no Rio de Janeiro” e a atividade especifica para o WEBLOG foi a leitura do livro “Pedagogia do Oprimido” e ações selecionadas pelos professores a partir desta leitura na articulação com o tema gerador e as disciplinas específicas (Educação e Meio Ambiente, Políticas Educacionais, Didática I, Promoção da Saúde e Qualidade de Vida e Legislação Educacional). No Terceiro período a interface escolhida para o Projeto interdisciplinar foi a ferramenta WIKI na qual os alunos são motivados por seus professores a

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desenvolverem propostas articulando o tema gerador do semestre e a Pedagogia de Projetos. O Projeto Interdisciplinar de Quarto período é uma pesquisa de campo voltada para a observação de uma instituição escolar de educação infantil e/ou ensino fundamental que mobiliza os alunos para postagem dos resultados de suas observações orientadas por cada professor de disciplina na ferramenta SlideShare de compartilhamento de conteúdos. No Quinto período a proposta do Projeto é de desenvolvimento de uma Rádio Digital (formato PodCast) com programas de entrevistas, debates e criação de vinhetas articuladas às disciplinas do período. O Sexto e último período do curso promove a elaboração e postagem de vídeos no Youtube, sempre baseando-se nas propostas dos professores das disciplinas do período.

Disciplinas

Além das experiências conduzidas através dos projetos interdisciplinares, os professores das disciplinas são motivados a utilizarem interfaces da Web 2.0 no contexto específico de suas disciplinas. Como exemplos, podemos destacar: 1) Disciplina de Ensino de Ciências Naturais – Atividade: Feira Virtual de Ciências – Ferramenta: Wiki; 2) Disciplina de Planejamento Educacional – Atividade: Feira Cultural com o tema “Energia Fonte da Vida” – Ferramenta: Wiki; 3) Disciplina de Ensino da Língua Portuguesa – Atividade: Construção de texto colaborativo “Gramática Textual na Prática – Ferramenta: Google Docs; 4) Disciplina de Educação e Tecnologia – Atividade: Controvérsia Estruturada sobre três temáticas, a saber, “Computador na educação infantil: vantagens e perigos”, “A internet nos emburrece ou nos deixa mais inteligentes” e “Direitos autorais e internet: crimes ou novos usos” – Ferramenta: Blogs. Desafios da implementação

Uma decisão institucional

A experiência do IAVM com a Web 2.0 aponta para uma necessidade de posição clara e mesmo incisiva por parte da gestão acadêmica da instituição na direção da utilização das interfaces digitais da Web 2.0 nos cursos de graduação. Se a instituição efetivamente acredita na relevância dessas ferramentas na formação de educadores, deve apontar como posição institucional a obrigatoriedade de sua utilização pedagógica nas atividades do curso.

A presença destas interfaces no cotidiano de cursos universitários ainda é incipiente e a instituição não pode depender da “livre escolha” de seus professores, caso tenha firme convicção da necessidade de sua implementação em seus cursos. Assim sendo, compreendemos a partir desta experiência que a decisão institucional clara é fundamental neste processo de implementação.

Mas como realizar um diálogo saudável entre esta decisão institucional e a liberdade dos professores? A alternativa do IAVM foi inscrever a Web 2.0 no âmbito dos Projetos Interdisciplinares de forma a oferecer suporte aos professores para a utilização das interfaces propostas, sem interferir diretamente em seu planejamento pedagógico de curso.

Motivação e formação de professores e tutores

Dada a premência da decisão institucional na utilização de interfaces da Web 2.0 no curso de graduação aqui discutido, reforça-se a necessidade de discutir a

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motivação e formação dos professores e tutores do curso para a realização desta proposta.

Como solução adotada pelo IAVM, utilizou-se o seguinte modelo: Tutores diretamente envolvidos e capacitados: como a tutoria do curso de

Pedagogia do IAVM possui carga horária integralmente realizada dentro da instituição, o foco do trabalho com a Web 2.0 é esta equipe que opera como articuladora entre a tecnologia escolhida, a decisão pedagógica do professor e a realização das atividades pelos alunos. É da equipe de tutores que partem os tutorais e o acompanhamento da implementação do projeto, principalmente no que diz respeito às dúvidas dos usuários das interfaces (sejam eles professores da disciplina ou alunos);

Professores da disciplina continuamente “provocados”: assumindo a tutoria como a base do trabalho com a Web 2.0, o IAVM mantém continuamente uma “provocação” junto aos seus professores no que tange à potencialidade da Web 2.0 na educação, principalmente na formação do professor. Esta “provocação” de dá em duas direções: a) ações formais de capacitação em reuniões pedagógicas onde as ferramentas são sempre apresentadas; b) envio por email de relatos de experiências e ferramentas disponíveis online.

Motivação e capacitação dos alunos

E a reação dos alunos? O perfil por faixa etária dos alunos do curso de Pedagogia do IAVM é de 42% de estudantes entre 31 e 40 anos, 25% entre 41 e 50 anos e 13% entre 51 e 60 anos. Destes, 47% já são professores.

Este perfil nos aponta uma perspectiva de resistência à utilização cotidiana da Web 2.0 na de construção de conhecimentos, e esta é realmente nossa primeira percepção na relação com os alunos. No entanto, no desenvolvimento do curso, percebemos que a proposta vale a pena. Alunos e alunas envolvem-se com a utilização das interfaces a ponto de 18% apontarem a “promoção de atividades utilizando ferramentas digitais” como um ponto forte do curso na Análise Geral do mesmoII.

Considerações finais

A fim de concluir esta análise de caso, destacamos as seguintes dimensões

deste processo como relevantes para reflexão e multiplicação da experiência:

1) A utilização da Web 2.0 é viável, mesmo em uma instituição sem uma forte cultura digital, como é o caso do IAVM;

2) Esta viabilidade depende diretamente de uma posição institucional clara quanto à relevância da implementação da proposta e seu acompanhamento / monitoramento / manutenção;

3) A equipe de tutoria é elemento chave na articulação entre as tecnologias digitais da Web 2.0, o conteúdo especializado dos professores e a execução da proposta pelos alunos;

4) Os professores especialistas das disciplinas gradualmente sensibilizam-se e motivam-se para o uso destas interfaces, agregando-as diretamente às suas disciplinas;

5) Os alunos de um curso de Pedagogia (futuros ou já atuais professores) percebem, apesar das dificuldades no uso, a relevância do trabalho acadêmico

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fazendo uso de interfaces digitais da Web 2.0 como diferencial tanto em sua condição de aprendizes como de educadores;

Referências Bibliográficas: LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Rio de Janeiro: Editora 34, Tradução de Carlos Irineu da Costa, 2002.

MATTAR, João e VALENTE, Armando. Second Life e Web 2.0 na Educação. SP: Novatec, 2007.

PEREIRA, J. A nova web já existe há um bom tempo,sabia? Webinsider, Rio de Janeiro, jun. 2006. Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/06/30/a-nova-web-ja-existe-ha-um-bom-tempo-sabia/>. Acesso em: 21 jul. 2007.

PRIMO, A. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2006, Brasília. Anais, 2006. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/web2.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2007.

RAMAL, Andréa Cecília. Pedagogo: a profissão do momento. Rio de Janeiro: Gazeta Mercantil, 6 de março de 2002. Disponível em http://www.instructionaldesign.com.br/artigos/Pedagogo.doc. Data do acesso: 16 de abril de 2003.

VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999.

I Inteligência coletiva é um conceito surgido a partir dos debates promovidos por Pierre Lévy sobre as tecnologias da

inteligência. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_coletiva Data do acesso: 05/09/2008.

II Dados da Auto-Avaliação Institucional de 2009. 48% apontaram como ponto forte a estrutura pedagógica do curso e

20% a qualidade do material didático, sendo a utilização de ferramentas digitais a terceira opção mais indicada.

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Artigo

Moderadora: Fabiane Muniz

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POSSIBILIDADES DA INTERFACE EDUCAÇÃO AMBIENTAL/EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO A DISTÂNCIA DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

POSSIBILIDADES DA INTERFACE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL/EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA

EXPERIÊNCIA NO CURSO A DISTÂNCIA DE

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

Rio de Janeiro (abril / 2010)

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Instituto A Vez do Mestre – IAVM

Categoria: Métodos e Tecnologias

Setor Educacional: Educação Universitária

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Natureza: Relatório de Pesquisa

Classe: Investigação Científica

RESUMO:

O presente trabalho se propõe a analisar as possibilidades e potenciais da

interface Educação Ambiental (EA) / Educação a Distância (EAD) tendo por

base a experiência do autor como docente do curso de Graduação a Distância

de Licenciatura em Pedagogia do Instituto A Vez do Mestre (IAVM). Com esse

propósito, faz num primeiro momento uma revisão do contexto histórico que

permitiu o surgimento e consolidação dos dois campos de estudo; mostra como

ambos trouxeram mudanças significativas para a Educação e como estes se

complementam e se reforçam. Num segundo momento, analisa algumas

estratégias pedagógicas de Educação a Distância utilizadas na disciplina de

Educação e Meio Ambiente do Curso de Graduação a Distância de

Licenciatura em Pedagogia reconhecendo o potencial destas nos processos de

formação e conscientização ecológica dos futuros pedagogos.

Considerações históricas sobre a Interface EA/EAD:

A interface entre os campos de Educação a Distância (EAD) e de

Educação Ambiental (EA) é bastante recente e ainda em fase de

aperfeiçoamento. Contudo, esta vem sendo na primeira década desse novo

século, cada vez mais fortalecida “constituindo novas redes culturais, re-

significando compreensões de mundo e contribuindo com práticas horizontais

na construção de saberes” (ZANINI et al., 2008).

Uma das primeiras vezes em que se tem notícia de que a EA e a EAD

apareceram juntas foi em 2001 na tese de doutorado do prof. Antônio Guerra,

quando este em sua relatou que os resultados de um trabalho de EA realizado

parcialmente na modalidade EAD indicaram nitidamente mudanças nas

representações sociais, conhecimentos, habilidades e competências e

autonomias dos alunos que participaram do projeto, demonstrando assim a

eficácia da interface EA/EAD. Todavia, mesmo reconhecendo o pioneirismo

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deste estudo é preciso salientar - ainda que mais restritamente voltadas para a

disseminação de informação e facilidade de comunicação - que o uso das

novas TICs já haviam se consolidado na área de EA, desde a segunda metade

dos anos 90, onde podemos destacar o ano de 1997 com a realização da

primeira Teleconferência de Educação Ambiental e o ano de 1999 quando se

iniciaram as primeiras experiências de Redes ambientais, com destaque para a

Rede Brasileira de Educação Ambiental - REBEA (LOUREIRO, 2004).

No primeiro semestre de 2000, Moran (2001) fez um levantamento da

presença da EA na internet e em alguns CD-ROMs relatando que o número de

sites e CDs sobre o tema, alguns mais informativos e de divulgação e outros de

caráter mais didático-pedagógico, estava aumentando visivelmente. Através de

análise críticas desse material reconhecia que havia ainda um longo caminho a

percorrer,mas que tal caminho se apresentava como promissor e fascinante.

Autores como Moran (2001) e Sato (2000) defendem que a interface

EA/EAD deveria ser mais freqüente nos sistemas educativos na medida em

esta traz elementos inovadores para tais sistemas através de um trabalho

conjunto entre professores e alunos de forma interativa e aberta envolvendo o

binômino presencial/virtual. Em outras palavras, parece ser um consenso que

tal interface favorece a criação e recriação de proposições mais abertas e

flexíveis de gerar conhecimento a partir das novas demandas e mutações

contemporâneas nas relações que envolvem o acesso e produção de saberes,

variações continuadas onde o saber-fluxo, o saber-transação de conhecimento

em uma época onde as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva

estão modificando profundamente a forma como o aprende (LÉVY, 1995).

De um modo geral todos os estudiosos sobre o tema são unânimes em

reconhecer que tanto a EA como a EAD trazem elementos inovadores para os

sistemas educativos. A EA destacando a dimensão ambiental no contexto

educativo (evidenciando a interdependência de diferentes integrantes do meio

ambiente na manutenção da vida), incorporando a sustentabilidade como um

projeto de vida dos educandos e despertando através desses sistemas a

criticidade que se opõe a banalização em relação à crise ambiental que a

humanidade vem atravessando. A EAD incentivando a descentralização do

conhecimento, o conhecimento cooperativo, a autonomia discente e o uso de

novas tecnologias nesses sistemas. Ou seja, ambas, a seu modo e tempo,

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abalaram e ainda abalam o modelo tradicional de ensino bancarista,

reprodutor, autoritário e centralizador (SATO, 2000). Talvez por isso mesmo

não seja incomum e até tenha sido tardio o surgimento e fortalecimento da

interface EA/EAD hoje presente nos mais diferentes âmbitos de ensino desde

cursos livres a cursos mais específicos dirigidos à graduação e pós-graduação

no âmbito da EAD.

Contextos de Formação dos Campos de EA e EAD

Podemos dizer que as histórias dos campos de EA e EAD são recentes

se consideramos os mesmos no seu estágio atual a partir de uma legislação,

instrumentação e estratégias pedagógicas próprias. Contudo, se partirmos do

fato de que toda EA é essencialmente Educação, apenas enfatizando a sua

dimensão ambiental; e que a EAD nada mais é do que uma modalidade

educativa que sempre existiu desde que ocorreu pela primeira vez a separação

temporal entre professor e aluno, sendo a presença real do professor

substituída por algum tipo de meio como desenhos explicativos em uma

caverna ou cartas com orientações explicativas enviadas a alguém, é possível

entender que tais campos são tão antigos quanto a própria educação.

A EA surge a partir de um conjunto de situações que configuram um

determinado momento na história de homem onde a preocupação com a

questão ambiental foi se tornando mais clara e essencial especialmente a partir

da consolidação do capitalismo que aliado a um modelo de desenvolvimento

economicista foi gerador de um profundo esgotamento de recursos, elevados

índices de poluição, redução da biodiversidade e degradação ambiental até

então nunca vistos (CARVALHO, 2006). A realização de diferentes

conferências e encontros internacionais promovidos por variadas organizações

internacionais como a ONU e a UNESCO aliadas ao desenvolvimento de um

grande número de trabalhos desenvolvidos ONGs e OCIPs que reconheciam a

força conscientizadora e transformadora da EA, contribuíram decisivamente

para que esta fosse ganhando forma e se firmando como um elemento crítico e

estratégico para o combate à crise ambiental no mundo (DIAS, 2008).

Em 1972 na famosa Conferência para o Ambiente Humano a EA foi

apresentada como tendo a finalidade de: “formar uma população mundial

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consciente e preocupada com o meio ambiente e problemas a ele relacionados

e que possua os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a motivação e o

compromisso para colaborar individual e coletivamente na resolução de

problemas atuais e prevenção de problemas futuros” (DIAS, 2008). O

reconhecimento de tal necessidade se consolidou anos depois, quando em

1975, na Conferência Internacional organizada pela UNESCO em Belgrado, foi

lançado o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA).

Com o tempo a EA foi se afirmando como um instrumento eficaz para a

conscientização, defesa e formação ambiental (capacitação de pessoas para

uma busca conjunta de resolução de problemas sócio-ambientais). No Brasil tal

visão se consolida na CF de 1988 que reconhece o valora da EA e confere ao

Poder Público o dever de promovê-la em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a prevenção do meio ambiente. Mais

recentemente em 1999 com a criação da Política Nacional de EA (Lei 9975/99)

a EA foi definida no artigo 1 como sendo os: “processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem do uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e

sustentabilidade” salientando no artigo 2 que ela é “um componente essencial e

permanente da Educação Nacional, devendo estar presente de forma

articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo de caráter

formal e não formal”.

Decorre desse princípio legal a compreensão de que a dimensão

ambiental é uma parte integrante e inalienável da Educação simplesmente

porque é impossível pensar o processo educativo sem considerar as questões

ambientais. Como diria Freire (1977), não há educação fora das sociedades

humanas, pois o homem é um ser de raízes espaço-temporais e tais raízes

estão presentes de forma continuada nos processos educativos. Logo, não há

como se pensar em desenvolvimento humano ou exercício consciente e ativo

da cidadania, funções clássicas da educação presentes na LDB, se ignoramos

que o homem não apenas depende do ambiente, mas dele é parte integrante.

A EAD por sua vez, ganhou força a partir do surgimento de um novo

contexto político-cultural onde se fazia necessário preparar o aprendiz para o

exercício de uma cidadania global calcada no desenvolvimento da autonomia

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capacidade de resolver problemas e no estímulo a uma criatividade pautada na

flexibilidade, criticidade, mudança de valores. Isso só era possível através de

visão da totalidade, integrada à formação de competências cognitivas e sociais

da população visando a preparação do indivíduo para uma nova cidadania.

Especialmente com o desenvolvimento e inclusão das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TICs) a serviço da Pedagogia, ocorreu, como

aponta Levy (2001) uma mutação contemporânea da relação com o saber

marcada pelo devir dos sistemas de educação e a formação da cibercultura.

Nesse novo contexto, fazia-se necessário educar o aluno para o exercício de

uma cidadania global, o que significava formar seres capazes de conviverem,

se comunicarem, dialogarem num mundo interativo e interdependente

utilizando instrumentos da cultura de modo a que ele se reconheça

simultaneamente como indivíduo e membro de uma cultura planetária.

Até então a EAD já existia há muito tempo. Contudo foi, a partir desse

novo contexto, que se deu seu reconhecimento como forma de se ensinar e

aprender com qualidade e eficiência. No Brasil a primeira regulamentação da

EAD se deu a partir da Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDB)

em 1996, quatro anos depois da criação da primeira universidade aberta do

Brasil: a Universidade Aberta de Brasília (Lei 403/92). Em 2005, ocorreu a

sanção do Decreto 5622 que regulamentava o artigo 80 da LDB que

caracteriza a educação a distância como modalidade educacional na qual a

mediação didático-pedagógica nos processos de ensino aprendizagem ocorre

com a utilização de meios e Tecnologias de Informação e Comunicação e o

desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos por

estudantes e professores. A partir daí tornaram-se obrigatórios os momentos

presenciais de avaliação, estágios, defesa de trabalhos e conclusão do curso.

É importante destacar que a EAD promoveu uma verdadeira revolução

no processo de ensino-aprendizagem seja pelos diferentes tipos de estratégias

inovadoras de ensino que estimulam e favorecem o aprendizado, seja pelo

próprio questionamento dos métodos e processos utilizados na educação

presencial. A descentralização e democratização saberes e fazeres sem

precedentes na história humana, aliado ao surgimento de novos ambientes de

trabalho cooperativos, criativos e inovadores a partir de uma nova relação

temporal, sem dúvida serviram para ampliar e flexibilizar novas possibilidades

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de aprendizagem de forma dinâmica, rápida, ativa e democrática até então

impensadas.

Segundo PRETI e SATO (1996) muitas experiências de EAD não

alcançaram estes objetivos por não respeitar determinados princípios

essenciais como: abertura, flexibilidade, adaptação, eficácia, formação

permanente e economia. Tudo isso deveria ser viabilizado através de uma

sólida organização de apoio institucional e uma mediação pedagógica que

pudessem viabilizar as condições necessárias a sua valorização dos mesmos a

fim de garantir que enquanto prática educativa a EAD devesse considerar a

realidade e comprometer-se com os processos de libertação do ser humano

em direção a uma sociedade mais justa, solidária e igualitária (SATO, 2000),

ideais não muito diversos do que pretende a EA.

A Experiência do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância do

IAVM:

O Instituto A Vez do Mestre (IAVM) atua na área de Pós-graduação

Lato-sensu, desde junho de 1996, oferecendo a professores e profissionais

liberais uma formação especializada viabilizada através de um ensino de

qualidade atento às demandas do mercado e às transformações que o mundo

globalizado vem sofrendo. Numa perspectiva inovadora, sintonizado com as

novas tendências do contexto sócio-educacional, o então Projeto AVM lança

em 2001 os primeiros cursos de Pós-graduação a distância, tendo como

premissa a junção das idéias Educação de qualidade e baixo custo. Com mais

de 5000 alunos certificados, a instituição já possui atualmente um nome

firmando em todo o território brasileiro e não há dúvidas que a educação a

distância agregou-se as práticas educativas desta instituição confirmando sua

proposta político-pedagógica direcionada a democratização da formação

continuada em nível superior no país.

Em 2005, através do parecer 3375, o então “Projeto” credenciou-se

como uma Instituição de Ensino Superior passando a se denominar Instituto A

Vez do Mestre (IAVM). Foi neste mesmo ano, se deu o lançamento do primeiro

curso de graduação a distância de Licenciatura em PEDAGOGIA utilizando

pela primeira vez um novo ambiente de aprendizagem. Até maio de 2010,

quando este artigo estava sendo escrito existiam 40 turmas de tamanhos

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variados com um total de 270 alunos ativos, já tendo duas turmas de 30 alunos

concluído o curso.

Além dos materiais impressos (cadernos de estudo) e das aulas

presenciais o IAVM passou a contar com um AVA através do Webensino que

ampliava e criava novas condições de aprendizagem do conteúdo destes. O

Webensino pode ser considerado um ambiente virtual de aprendizagem

utilizado para uma melhor gestão dos processos pedagógicos e estímulo ao

aprendizado cooperativo através de diferentes estratégias e ferramentas on line

que facilitam o ensino e favorecem o aprendizado de forma dinâmica e

interativa.

Organizado através de um sistema modular, o curso de Graduação de

Licenciatura em Pedagogia tem a duração de três anos e visa habilitar

profissionais para atuarem como professores da Educação Infantil, Ensino

Fundamental (1º segmento), Ensino Médio e em cursos de Formação de

professores. Além do já mencionado o Webensino, o curso conta ainda com

outros instrumentos de aprendizagem como um módulo impresso - onde o

aluno é convidado a conhecer sites, livros, filmes e ter acesso a várias dicas e

curiosidades sobre a disciplina - um vídeo – onde o professor da disciplina se

apresenta e apresenta sua disciplina ao aluno, além de trazer vários textos e

dicas de estudo - e por fim dois encontros presenciais para cada disciplina.

A disciplina de Educação e Meio Ambiente integra o segundo período

do curso e já foi ministrada cinco vezes. As estratégias pedagógicas utilizadas

para sua viabilização contam além do Caderno de estudos e o CD (reunindo

vídeos e textos para consulta), com os recursos viabilizados através do

Webensino. Através destes foi possível promover fóruns sobre a temática da

EA que instigaram os alunos com perguntas do tipo: “O que é Meio Ambiente

para você?” Ou ainda “Como você vê a contribuição da EA na formação do

professor?” que provocaram diálogos bastante ricos e significativos auxiliando

no aprendizado e a realização de Chats que favoreceram a discussão de textos

e filmes além de tirar dúvidas de conteúdo.

Merecem ainda destaque os espaços interativos do AVA que podiam

ser alimentados também pelos alunos como a “musicoteca” reunindo mais 60

músicas que faziam referência a discussão ambiental; a “mapoteca” contendo

diferentes mapas do RJ e das localidades de moradia dos alunos; “Biblioteca”

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onde os alunos postavam artigos e até mesmo e-books relativos aos temas

estudados, “cantinho de fotos” onde eram postadas fotos dos encontros

presenciais dando destaque as atividades desenvolvidas e momentos

significativos de aprendizagem.

Através desses espaços foi possível em diferentes momentos sugerir

várias atividades que facilitaram o entendimento dos objetivos da EA e sua

importância no âmbito da EA formal, não formal e informal. Em um período, por

exemplo, os alunos foram convidados a fotografar ambientes considerados por

eles como agradáveis e desagradáveis; no período seguinte a pesquisar e criar

charges que denunciavam o descaso do homem para com o meio ambiente.

Em outro período ainda, a buscar algum filme de temática ambiental e fazer

uma análise deste no que se refere a mensagem principal e sua possível

utilização no campo da educação formal. Todos esses materiais eram postados

e disponibilizados no webensino de modo a favorecer a troca de idéias, a

construção de novos conhecimentos e o aprendizado interativo entre

professores, tutores e alunos.

A partir do trabalho realizado algumas conclusões foram possíveis:

- Se concordamos que toda educação é ambiental, uma vez que

ambiental é uma dimensão da Educação e se concordamos que a Educação

vem mudando com o advento das novas TICs parece óbvio que a E.A. também

esteja mudando no sentido de acolher novas formas, métodos e instrumentos

para formação de uma nova mentalidade ecológica. Não há mais como ignorar

tal realidade e deixar de reconhecer o valor pedagógico de tais mudanças;

- Uma vez que o meio ambiente é um objeto de estudo híbrido, rico e

complexo, as experiências com a disciplina na interface EA/EAD sugerem que

a utilização uma modalidade de ensino também rica e complexa como a que se

faz presente nas metodologias de EAD, com recursos didáticos variados,

sistematicamente organizados de forma individual ou coletiva favorecem e

aumentam significativamente a eficácia da própria EA em promover uma

compreensão mais eficaz do que seja meio ambiente. Isso foi percebido nos

depoimentos de muitos alunos que relataram mudanças significativas de como

percebiam e agora percebem a riqueza e complexidade ambiental;

- Se considerarmos a gravidade crise ambiental, onde se faz

necessário a imperiosa e urgente adoção de respostas de âmbito global rumo a

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construção de um novo projeto civilizatório que respeite e valorize a vida, a

interface EA/EAD através do compartilhamento de idéias, metodologias e

projetos viabilizadas por diferentes ecossistemas de aprendizagem pode

favorecer a construção de processos de formação de uma nova mentalidade

ecológica mais rápida, dinâmica e democrática e, que parece ser mais eficiente

do que os métodos convencionais de ensino para o enfrentamento da mesma;

Como palavra final é importante ressaltar que os estudos e pesquisas

sobre a interface EA/EAD ainda são bastante incipientes, sendo necessário

que estes sejam incrementados tanto do ponto de vista científico para

enriquecimento da pesquisa na área, quando do ponto de vista legal de modo a

favorecer o cumprimento da Lei 9795/99 que sugere o desenvolvimento de

novas tecnologias e instrumentos de aprendizado.

Bibliografia:

CARVALHO, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário. RJ:

WAK, 2ª. Ed., 2006.

DIAS, G. Princípios e Práticas de E.A. RJ: Gaia, 2004. 8ª Ed., 2008.

FREIRE, P. Educação e Mudança. Col. Educação e Comunicação. Vol. 1. RJ:

Paz e Terra, 1977. 21 ed.

GUERRA, A. Diário de Bordo: Navegando em um ambiente de

aprendizagem cooperativa para educação ambiental. Tese de Doutorado.

UFSC, Florianópolis, 2001. Disponível em: <HTTP://www.reasul.org.br/

mambo/files/tese_guerra.pdf> Acessado em: 01/04/2010

LEVY, P. A Conexão Planetária. O Mercado, o Ciberespaço, a consciência.

SP: Editora 34, 2001.

LOUREIRO, C. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. São

Paulo: Cortez, 2004.

MORAN, J. A Educação Ambiental na Internet. In: Trajber, R. e Costa, L.

(orgs.) - Avaliando a E. A. no Brasil. Peirópolis: ECOAR, 2001.

SATO, M. e SANTOS, J. A Contribuição da Educação Ambiental à

Esperança de Pandora. São Carlos: RIMA, 2006.

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SATO, M. Educação Ambiental a distancia: o projeto EDAMAZ. In: PRETI, O.

Educação a distancia: construindo significados. Cuiabá: NEAD, IE, UFMT;

Brasília: Plano, 2000.

ZANINI, K. et al. EA e EAD: Um diálogo relacionado à elaboração de

projetos no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil. Disponível em:

http://www.6iberoea.ambiente.gov.ar/files/trabajosentalleres/21/Zanini_y_otros.

pdf. Acessado em: 14/04/2010.

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Artigo

Moderadora: Fabiane Muniz

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RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO A DISTÂN5CIA: UMA EXPERIÊNCIA NA TUTORIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NA

TUTORIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A

DISTÂNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Rio de Janeiro – RJ – Abril 2010

PROF. ESP. LEONARDO SILVA DA COSTA

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE – [email protected]

Métodos e Tecnologias

Educação Universitária

Relatório de Pesquisa

Investigação Científica

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RESUMO

Nas últimas décadas, o Ensino a Distância tem ganhado destaque com a disseminação e democratização do acesso à educação em diferentes níveis. Ao mesmo tempo, os temas ambientais são incluídos no sistema educacional com o estabelecimento de programas institucionais voltados a Educação Ambiental, visando aguçar as noções sobre preservação e manutenção dos ecossistemas. Percebe-se que o estudo dos conceitos da Educação Ambiental no formato a distância constituem a principal ferramenta para formação de agentes multiplicadores em locais afastados dos centros urbanos. O presente trabalho visa analisar a relação entre a Educação a Distância (EaD) e a Educação Ambiental (EA), descrevendo a experiência da tutoria da Pós-Graduação no curso de Educação Ambiental do Instituto A Vez do Mestre.

Palavras-chave: Educação a Distância; Pós-Graduação; Educação Ambiental.

A INTERAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM O ENSINO A DISTÂNCIA

Nas últimas décadas, o ensino a distância tem ganhado destaque com

a disseminação e democratização do acesso à educação em diferentes níveis,

impulsionada com a utilização de tecnologias como o rádio e a televisão

(ALMEIDA, 2002).

O ritmo acelerado do surgimento de novas tecnologias, bem como seus

respectivos aprimoramentos, tem propiciado a propagação do conhecimento

com maior facilidade, assim como vem permitindo seu acesso de diversas

formas, quebrando com as práticas tradicionalistas de ensino. Atualmente, é

possível acessar informações via web através de um dispositivo móvel, como o

celular.

Concomitante a evolução tecnológica, a temática ambiental está cada

vez mais em voga. Projetos de Educação Ambiental vêm sendo propostos,

almejando aguçar as noções sobre preservação e manutenção dos

ecossistemas. Ao mesmo tempo, pesquisadores de áreas correlatas também

dedicam seus estudos na inclusão dos temas ambientais no sistema

educacional básico com o estabelecimento de programas institucionais

voltados à Educação Ambiental (RODRIGUES, 2008).

A EA surge a partir da crescente preocupação com a questão

ambiental, oriunda dos impactos causados pelo homem por décadas de

exploração dos recursos naturais, poluição, desmatamentos, extinção de

espécies, e, consequentemente, redução da biodiversidade (CARVALHO,

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2006). Conforme instituída pela Lei nº 9597 da Política Nacional de Educação

Ambiental, A EA é definida como “os processos por meio dos quais o indivíduo

e a coletividade constroem valores sociais,conhecimentos, habilidades, atitudes

e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

Assim, a educação Ambiental tem a finalidade de: “formar uma

população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente e

problemas a ele relacionados e que possua os conhecimentos, as

capacidades, as atitudes, a motivação e o compromisso para colaborar

individual e coletivamente na resolução de problemas atuais e prevenção de

problemas futuros” (DIAS, 2008).

Da mesma forma em que organizações incorporam a educação

ambiental em seu cotidiano, o volume de sites sobre este tema também cresce,

indicando a importância que o tema vem adquirindo nos últimos anos (MORAN,

2001). Mesmo com tamanhas possibilidades de diálogo entre a educação

ambiental e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), o volume de

artigos publicados ainda é escasso. Acredita-se que esse fato esteja

relacionado a pouca intimidade técnica dos profissionais do meio ambiente com

as ferramentas de desenho instrucionais, o que, de certa forma, torna-se um

obstáculo na capacidade inovadora, quando o assunto é o ensino a distância.

Outro problema observado como obstáculo para estudos mais

profundos é a falta de acesso aos conceitos da Educação Ambiental longe dos

principais centros urbanos, onde a desigualdade ainda é marcante. Estes locais

seriam prioritários para uma abordagem socioambiental, pois muitas vezes

estão próximos a florestas e comunidades isoladas que sobrevivem com o

sustento da Pesca e Ecoturismo. Assim, o ensino a distância funcionaria como

a principal ferramenta de conscientização e preservação, para que as

comunidades usufruíssem dos recursos naturais da melhor forma possível.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394 /96,

regulamenta através do artigo 80 que a Educação a Distância é caracterizada

como “modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos

processos de ensino-aprendizagem ocorre com a utilização de meios e

tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos".

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO IAVM

O curso de Pós-graduação a Distância em Educação Ambiental é

oferecido no Instituto A Vez do Mestre (IAVM) desde 2007, onde cerca de

trezentos e cinquenta alunos foram certificados como especialistas.

Atualmente o curso conta com aproximadamente quatrocentos e

cinquenta pós-graduandos ativos espalhados por todo o território nacional, ou

seja, alunos que estejam com o curso em andamento até a presente

publicação do artigo. É importante ressaltar que alguns habitam locais de tão

difícil acesso que necessitam utilizar embarcações para chegar em seus

respectivos centros urbanos, demorando cerca de 8 horas de viagem. Nesse

sentido, a educação a distância funciona como suporte imprescindível para que

os mesmos se qualifiquem e obtenham um ensino de qualidade, tornando-os

agentes multiplicadores de conhecimento para o desenvolvimento de suas

cidades.

Embora não esteja vinculado a um Ambiente Virtual de Aprendizagem

(AVA), os principais recursos para obtenção de conhecimento e revisão são

cadernos de estudos elaborados pelos professores do Instituto, que o aluno

adquire conforme seu progresso ao longo dos módulos. Estes podem ser

recebidos de forma impressa ou digital, encaminhados por CD-ROM. Os

cadernos abordam as temáticas mais atuais sobre Educação Ambiental,

situando os estudantes no mercado de trabalho e transmitindo ao leitor os

principais conceitos, a capacidade de buscar soluções para mitigação dos

impactos ambientais, bem como metodologias de ensino e aprendizagem que

estimulem a curiosidade e, consecutivamente, a criticidade ambiental.

Destaca-se também como objetivo do caderno de estudos a visão política que

os estudantes passam a adquirir, assumindo um ativo papel frente a sua

comunidade.

Objetivando a interação professor-aluno, são ofertadas atividades

assíncronas sobre temáticas ambientais como o desenvolvimento de um blog

(Figura 1) sobre o curso, no qual são postados os assuntos mais relevantes

noticiados em mídias dirigidas no assunto.

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Figura 1. Blog do curso de Pós-graduação a Distância em Educação Ambiental do

IAVM.

Outra ferramenta assíncrona explorada na pós-graduação para

interação aluno-aluno é a realização de fóruns temáticos na rede social do

Orkut, abrindo o caminho para que alunos espalhados pelo planeta possam

trocar informações e experiências com outros profissionais, debater conceitos e

buscar soluções.

Através do site do IAVM, é possível que o aluno participe de chats pré-

agendados, contando com a presença dos professores do curso e de outros

alunos. Esta atividade sincrônica geralmente é organizada para tirar dúvidas

sobre questões propostas nos cadernos de estudos, contudo muitas vezes é

organizada como um grupo de estudos para conversas sobre um tema pré-

definido, no qual os professores assumem o papel de mediadores sobre os

debates ambientais, conduzindo os estudantes à construção do pensamento.

Para auxiliar os estudantes ao longo da pós-graduação e na

participação das atividades, o Instituto A Vez do Mestre conta com a figura do

tutor e do mentor para sanar dúvidas sobre o conteúdo programático oferecido

nos cadernos, bem como executar o papel de orientadores em todo o processo

monográfico, desde a elaboração de planos de pesquisa até o fechamento da

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monografia. O tutor faz um acompanhamento do estudante, servindo como um

referencial de como explorar os conceitos ambientais em seu cotidiano e na

indicação de materiais complementares como artigos, livros, filmes e

documentários pertinentes ao curso.

Na etapa final do processo de conclusão de curso, os alunos

desenvolvem uma monografia a partir de uma temática interligada a educação

ambiental, onde a figura do mentor avalia a pertinência e o rigor científico no

qual foi aplicada sua pesquisa.

A elaboração de pesquisas monográficas não somente é um exercício

para a obtenção do certificado, mas também uma análise critica da realidade

de cada um dos estudantes, principalmente para os que vivem distantes dos

centros urbanos. Percebe-se que os pós-graduandos passam a exercer seu

status de cidadão com mais afinco e a buscar soluções para os problemas

ambientais de acordo com suas vivências.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da exploração insustentável dos recursos naturais corroborados

por um modelo de sociedade consumista, é cada vez mais notória a

propagação dos conceitos de educação ambiental, principalmente em locais

afastados dos centros urbanos, utilizando a educação a distância como

ferramenta para situar o homem e o seu papel no ambiente.

Dentre os temas mais escolhidos a serem estudados na monografia,

destacam-se as pesquisas sobre resíduos e projetos de educação ambiental

aplicados nas escolas. Estes são assuntos muito debatidos por profissionais da

área ambiental, tendo em vista que o resíduo é um dos maiores desafios da

humanidade no presente momento, assim como a educação ambiental é

recorrente nos Parâmetros Curriculares Nacionais como tema transversal.

Vários autores têm citado a necessidade e a importância de mais

trabalhos de capacitação dos educadores ambientais. Nessa linha, professores

do curso de Educação Ambiental do IAVM estão em processo de

especialização em Tecnologias Educacionais para que possam manter-se

atualizados com o que há de mais recente e para ampliar o potencial de

utilização das ferramentas existentes, desenvolvendo atividades que facilitem

ainda mais o aprendizado e a interação do aluno com o conteúdo do curso.

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A integração dos temas educação ambiental e educação a distância

em artigos científicos ainda é escassa. É válido ressaltar a importância de

termos mais pesquisas nessa área de conhecimento, já que cada vez mais

cursos nas áreas ambientais são oferecidos.

REFERÊNCIAS

[1] ALMEIDA, M.E.B. Educação a Distância no Brasil: diretrizes

políticas, fundamentos e práticas. In: Actas do VI Congresso Iberoamericano

de Informática Educativa, Vigo: RIBIE, nov. 2002. 6 p. Disponível em:

http://lsm.dei.uc.pt/ribie/docfiles/txt2003729184524paper-260.pdf Acessado em

27/04/2010.

[2] CARVALHO, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento

Comunitário. RJ: WAK, 2ª Ed. 2006.

[3] DIAS, G. Princípios e Práticas de Educação Ambiental. RJ: Gaia,

2004. 8ª Ed., 2008.

[4] Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de

20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.

[5] MORAN, J. A Educação Ambiental na Internet. In: Trajber, R. e Costa, L.

(orgs.) – Avaliando a Educação Ambiental no Brasil. Peirópolis: ECOAR,

2001.

[6] Política Nacional da Educação Ambiental. Lei nº 9795, 27 abr. 1999. Política Nacional da Educação Ambiental. Republica Federal do Brasil, Brasília, 1999.

[7] RODRIGUES, G. et al. Educação Ambiental e as Novas Tecnologias

de Informação e Comunicação. Disponível em:

http://www.seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/view/4827/3389.pdf

Acessado em: 20/04/2010.

[8] ZANINI, K. et al. EA e EAD: Um diálogo relacionado à elaboração de

projetos no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil. Disponível em:

http://www.6iberoea.ambiente.gov.ar/files/trbajosentalleres/21/Zanini_y_otros.p

df. Acessado em: 14/04/2010.

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Artigo

Moderadora: Fabiane Muniz

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FÓRUM: EXPERIÊNCIA DE ESPAÇO DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

FÓRUM: EXPERIÊNCIA DE ESPAÇO DE

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2010

Maria Poppe

Instituto A Vez do Mestre – IAVM ([email protected])

Carly Machado

Instituto A Vez do Mestre – IAVM ([email protected])

Categoria: Métodos e Tecnologias

Setor Educacional: Educação Universitária

Natureza: Relatório de Pesquisa

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Classe: Investigação Científica

RESUMO:

O presente trabalho se propõe a relatar brevemente uma experiência e analisar

as possibilidades e potencialidades do uso da ferramenta fórum na disciplina

de Psicologia do Desenvolvimento do curso de Graduação a Distância de

Licenciatura em Pedagogia do Instituto A Vez do Mestre (IAVM). A partir desse

propósito, faz num primeiro momento uma exposição sobre o papel da

educação e da escola no contexto da sociedade da informação no sentido de

concretizar inovações; mostra como os saberes se atualizam velozmente e, por

isso mesmo, a pesquisa é essencial para a aquisição de novas formas de

aprender. Num segundo momento, analisa a educação a distância com seus

mitos e desafios a partir da migração da experiência de ensino presencial para

a experiência do ensino a distância na atividade docente. Por último, apresenta

a experiência docente em Ead com o uso da ferramenta fórum na disciplina de

Psicologia do Desenvolvimento reconhecendo o potencial deste uso para a

relação teoria-prática e para a aplicação de pesquisa na formação docente que

são essenciais no currículo, de acordo com as atuais DCN de Pedagogia

(2006).

Palavras chave: Sociedade da informação; ensino a distância; formação

docente; fórum de discussão.

EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Dada a centralidade da informação na sociedade pós-industrial, a

educação torna-se elemento crucial para o desenvolvimento social. A educação

é o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação,

no conhecimento e no aprendizado. Parte considerável do desnível entre

indivíduos, organizações, regiões e países deve-se à desigualdade de

oportunidades relativas ao desenvolvimento da capacidade de aprender e

concretizar inovações (Livro Verde, 2000).

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O manejo da informação e, sobretudo, a construção de conhecimento

são ações que se baseiam no processo educativo e seus desdobramentos nos

diversos níveis: educação superior e educação básica. No nível superior, o

campo de desenvolvimento de pesquisas científicas é crucial para a dimensão

de produção de saberes e inovações.

No entanto, educar na sociedade da informação exige uma atitude

ética bem fundamentada. Pensar a educação na sociedade da informação

exige considerar um leque de aspectos relativos às tecnologias de informação

e comunicação, a começar pelo papel que elas desempenham na construção

de uma sociedade que tenha a inclusão e a justiça social como uma das

prioridades principais. Diante do cenário da exclusão informacional, o papel da

educação é antes de tudo um papel político de conquista da igualdade e na

construção da cidadania na sociedade da informação.

Mas, o papel da educação não se coloca apenas na luta pelo acesso.

Mesmo diante da desigualdade, a Educação tem por função criar estratégias

de democratização da informação, e aí destaca-se o papel da escola. Através

da instituição escolar, é possível democratizar o acesso a todas as formas de

mídias e, assim, à informação: na escola cidadã na sociedade da informação,

deve ser equipada com bibliotecas, midiatecas, laboratórios de informática,

sala de vídeos, enfim, todos os recursos que poderão ser disseminados e

compartilhados coletivamente no ambiente escolar. Assim, a escola tem papel

fundamental na democratização do acesso à informação.

Mas apenas o acesso à informação não basta. As pessoas precisam

aprender a lidar com a informação, a compreendê-la de forma crítica e

contextualizada. Sendo assim, a educação tem mais um papel na sociedade da

informação: capacitar os indivíduos ao manejo crítico e consciente da

informação. É neste momento que a informação torna-se conhecimento.

Além de compreender a informação, os indivíduos precisam também

saber pesquisá-la: mais uma função da educação. Demo demonstra que o

interesse está voltado a fundamentar a importância da pesquisa para a

educação, querendo chegar até o:

ponto de tornar a pesquisa uma maneira própria de aprender.

Nessa nova maneira de aprender, o aluno passa de objeto do

ensino para parceiro de trabalho, assumindo-se sujeito do

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processo de aprender (Bertoletti, Moraes, Moraes e Costa,

2003:01).

Neste sentido, Demo (1997 apud Bertoletti, Moraes, Moraes e Costa,

2003:01) apresenta uma nova abordagem educacional, o educar pela

pesquisa, que tem como base o questionamento reconstrutivo. No

questionamento reconstrutivo, a construção do conhecimento se dá através de

uma reformulação de teorias e conhecimentos existentes. Ou seja, não basta

construir o conhecimento, é preciso reconstruí-lo, reconquistá-lo, e isso só é

possível através da pesquisa.

A pesquisa é também competência fundamental na sociedade da

informação pela necessidade constante de atualização que nela se impõem.

Os saberes transformam-se velozmente e é importante que o cidadão

informacional seja capaz de, pesquisando, atualizar-se. Vale frisar, assim, que

a Educação Continuada é o modelo primordial de aprendizagem na sociedade

da informação. Aprender sempre é a palavra de ordem, seja participando de

cursos de atualização ou pesquisando com autonomia, ou seja, direcionando

seus estudos e selecionando os materiais adequados.

Percebemos, assim, que a Educação se confirma como elemento-

chave na Sociedade da Informação, participando decisivamente do

desenvolvimento do cidadão informacional em patamar de igualdade com seus

semelhantes, capaz de aprender sempre, com autonomia, e baseando-se em

princípios éticos e solidários. No entanto, o desafio está apenas começando: se

já compreendemos o papel da educação na sociedade da informação, ainda

nos falta pensar “como” fazê-la. Como educar na sociedade da informação?

Quais os melhores métodos e instrumentos?

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Neste cenário complexo da Educação na Sociedade da Informação, a

Educação a distância coloca-se como um caminho relevante nos mais

diferentes aspectos: por reforçar a importância da relação tecnologia e

aprendizagem, promover acesso à educação e ambientar novas possibilidades

docentes neste novo contexto educativo (Moore; Kearsley, 2007).

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No entanto, a migração de um modelo de curso presencial para curso a

distância requer um conjunto de habilidades e competências para professores

e alunos que, algumas destas, não é diferente do que já faz parte da realidade

cotidiana atual, que é operar com as tecnologias nos espaços relacionais.

Mas, não basta estar em sintonia com esta realidade é preciso

considerar que o professor deve planejar em detalhes suas ações e propostas

educacionais, uma vez que os desafios na mudança de modalidade de curso

se apresentam explicitamente na forma como certos alunos resistem à

ausência física do professor. Por outro lado, se não fosse pela modalidade a

distância, muitos destes alunos não teriam condições de desenvolvimento

profissional e certificação (Maia; Mattar, 2007).

O professor está, portanto, desde o início de sua atividade docente

envolvido com possibilidades e impasses que, embora sejam semelhantes ao

ensino presencial guardam especificidades que precisam ser mais bem

pensadas e organizadas.

Neste sentido que, observamos a especificidade do aluno a distância

do curso de graduação em Pedagogia, pois em sua maioria trata-se de um

aluno:

1. Consciente de sua bagagem de conhecimentos acumulados, por ser

um aluno com experiência devido a maioria ter entre 35 e 50 anos;

2. Com necessidade de se certificar e qualificar para o mercado de

trabalho (que em sua maioria já está inserido no mercado);

3. Com disposição para aprender e se atualizar, uma vez que a escolha

profissional e de modelo de curso foi feita somente por ele mesmo;

4. Entende e valoriza as facilidades promovidas pelo curso a distância

(pouco deslocamento, atividades online, flexibilidade de horário de

estudo, etc); dentre outras.

Quando utilizamos os recursos didáticos próprios da plataforma de

ensino ou mesmo outros em interface procuramos criar oportunidades de

aprendizagem que estimulem os alunos. Dentre outras ferramentas utilizamos

links com o youtube, podcast, wiki, blogs que os alunos devem visitar e, depois,

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opinar e argumentar sobre os temas em questão. Lembrando que junto ao uso

destas ferramentas é sempre elaborado um tutorial para uso da mesma.

Desta forma, o contato dos alunos com estas interfaces de

aprendizagem viabiliza, não somente desmistificar as possíveis barreiras que

os separa destas ferramentas, como também, permite que eles incorporem

estas alternativas em suas práticas de ensino servindo assim de potencial

instrumento na formação profissional.

EAD: UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE

Um exemplo disto foi a experiência com o fórum na disciplina de

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO em que utilizamos temas geradores

de debate relacionados a abordagem da disciplina, mas que tinham também

por fundamento a ampliação da forma de estruturar conceitos e de pensar as

maneiras de aplicá-los na prática pedagógica. Neste sentido, intensificando

oportunidades de diálogo com temas mais atuais, do cotidiano escolar destes

professores, mas com uma proposta que contemplasse a relação teoria-prática.

As DCN (2006) do curso de Pedagogia ampliaram o tempo de prática

no currículo e estabeleceram uma centralidade na prática que é um desafio

para as instituições formadoras, particularmente, em se tratando de curso na

modalidade a distância. Nesta está definida a carga horária mínima de 3.200

horas-aula, e marca um maior tempo dedicado à prática cuja “relação teoria e

prática será considerada como eixo articulador da produção do conhecimento

na dinâmica do currículo” (Scheibe e Aguiar, 1999: 234)

Segundo as autoras, a prática se expressa de acordo com três

modalidades:

1. A prática do estágio, acompanhada pela coordenação do curso, que

integre o aluno a realidade social desde o início do curso;

2. A prática voltada à pesquisa, na articulação teoria-prática,

problematizando as experiências;

3. A prática do estágio para iniciação profissional como prática do

saber-fazer.

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Em relação a prática voltada para à pesquisa, a experiência com o

fórum é uma alternativa em cuja articulação teoria-prática pode ser favorecida,

pois o material instrucional da disciplina tem a condição de ser trabalhado em

situações de prática utilizando exemplos de reportagens impressas ou através

de relatos orais (podcast).

Esta experiência trouxe inúmeras surpresas, pois os alunos

participaram intensamente do contexto, de acordo com suas habilidades e

interesses, estabelecendo diálogos paralelos e em conjunto. Estes diálogos

geraram oportunidades de novas formulações a partir de muitas trocas de

experiência com os exemplos de suas práticas de ensino. Ainda que a

atividade conferisse uma pontuação, este não foi o elemento estimulador da

participação no fórum, mas sim a atividade em si que foi a oportunidade de

discussões sobre a prática e a atualização dos temas que facilitava a pesquisa

também.

Como bem escreve Batista e Gobara (2007):

Mais do que na educação presencial, a interação entre

professores e alunos na educação a distância é relevante para

a manutenção do interesse dos alunos. O fórum por si mesmo

não promove a interação. Essa só pode ser efetivada a partir

da intencionalidade dos professores e alunos associada a um

objetivo maior que é o alcance do conhecimento.

O papel do professor neste contexto é de mediar as discussões, pois,

na verdade, os alunos adquiriram uma grande autonomia juntamente com um

processo de elaboração de significados e sentidos, uma vez que estavam

previamente definidos os objetivos no uso do fórum.

Fica para nós a pergunta: Em que difere a qualidade relacional, neste

exemplo de atividade, do professor no presencial para o professor na

distância?

Pensamos que a resposta pode trazer a grata satisfação de que a

interatividade ocorreu de forma intensa e geradora de resultados educacionais

sem que se prescindisse do papel de professor ou, então, negligenciasse o

conteúdo a ser trabalhado na disciplina.

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Percebe-se que o espaço de aprendizagem pode ser desenvolvido em

diferentes ambientes, o que não é diferente para um ambiente virtual que pode

garantir a dimensão prática no que diz respeito a relação teoria-prática

proposta nas DCN de Pedagogia.

Interagindo no espaço do fórum, os alunos elaboram conceitos e isto é

essencialmente aprendizagem. Em todos esses momentos os alunos estão

sendo estimulados a atuar e ampliar seus conhecimentos, assim como articular

idéias que desenvolvem as habilidades necessárias a formação docente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência brevemente relatada do uso da ferramenta fórum na

disciplina de Psicologia do Desenvolvimento em curso de graduação em

Pedagogia a distância se mostrou muito favorável para alguns dos pontos

antes elencados neste artigo que agora iremos correlacionar.

Primeiramente, a possibilidade de atender parte da grande demanda

de formação profissional docente, tendo em vista o sinal de alerta para alterar o

atual baixo índice de desenvolvimento humano que passa necessariamente

pela melhoria da Educação e, também, fundamentalmente, pela inserção da

formação de professores da educação básica para a universidade. A pressão

dos organismos internacionais no sentido de melhorar a qualidade de vida dos

cidadãos reflete nas políticas públicas brasileiras, particularmente, em tudo

aquilo que envolve a Educação, seja a formação inicial ou continuada. Aqui, o

foco é a formação inicial dos professores, pois são estes que atuarão na

educação infantil e nas séries inicias que constituem a educação básica,

gratuita e obrigatória de acordo com a Constituição Federal de 1988.

Quando relacionamos este atender a demanda de formação inicial de

professores expressamos a possibilidade de ser pela modalidade a distância

uma alternativa mais do que real, pois é imprescindível ampliar as

oportunidades de formação num contexto de professores leigos.

Em segundo lugar, a importância de vencer o preconceito da formação

a distância uma vez que estamos em plena Sociedade da Informação cujo

papel da Educação é preponderante para superação da exclusão social e para

geração de oportunidades de formação, trabalho e cidadania. Além disso,

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perceber a forma como a educação a distância cria condições de autonomia na

aquisição do conhecimento e possibilita a consciência do próprio

desenvolvimento.

Em terceiro lugar, a forma como cada disciplina com autonomia pode

criar situações de aprendizagem, a partir das ferramentas disponíveis, em que

leve em consideração a garantia da dimensão prática na formação de

professores da educação básica. Desde que os temas trabalhados nos fóruns

tratem de aspectos do seu cotidiano que possam ser articulados com as teorias

estudadas. Relacionando a teoria com a prática colaborativamente no espaço

como o fórum onde os alunos postam:

- opiniões livres sobre o tema;

- comentários de artigos lidos em relação ao tema;

- exemplos de seu cotidiano que associam as teorias do Caderno de

Estudo da disciplina;

- textos mais elaborados;

- sugestões de leituras complementares.

Desta forma, percebemos o quanto:

- dialogam entre si;

- dialogam com os textos;

- qualificam sua escrita;

- estimulam suas pesquisas;

- refletem sobre suas práticas;

- significam seu conhecimento;

- conscientizam sobre sua formação.

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Finalmente, notamos que o uso de uma ferramenta como o fórum pode

sempre trazer inovações na maneira como seu aproveitamento se torna

favorável a uma dinâmica educacional e formativa. Neste sentido, é

semelhante aos usos que um professor pode fazer de qualquer material

didático ou avaliativo, seja o livro, o quadro, os exercícios, a prova, guardando

as devidas funções destes artefatos educacionais. O fórum pode ser mais uma

das ferramentas utilizadas pelo professor que se não tiver planejamento e

objetivos a serem alcançados perderão sua função assim como qualquer um

dos artefatos do ensino presencial anteriormente citado.

No caso exposto neste trabalho tínhamos como objetivos criar

condições de autonomia de discussão entre os alunos, facilitar a relação teoria-

prática na disciplina e estimular a pesquisa sobre os temas. Consideramos que

nossos objetivos foram alcançados e que a experiência deve se repetir, mas

sempre procurando produzir mais e melhores meios de aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BATISTA, E.M. & GOBARA, S. T. O fórum on-line e a interação em um curso a

distância. IN: Revista novas tecnologias na educação – (jul. 2007). Porto

Alegre: UFRGS, 2007.

BERTOLETTI, M.; Moraes, M. C.; Moraes, R; Costa, A. C. R. Educar pela

pesquisa: uma abordagem para o desenvolvimento e a utilização de

Softwares Educativos. IN: Novas Tecnologias para a Educação,

CINTED/UFRGS. V. 1 Nº 2, Setembro, 2003.

BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,

em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. DF: MEC/CNE,

2006.

MAIA, C; MATTAR, J. ABC da EaD: A Educação a Distância de Hoje. Prentice-

Haal. 2007.

MOORE, M. G.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada.

Thomson Learning. São Paulo, 2007.

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SCHEIBE, L. e AGUIAR, M. A. Formação de profissionais da educação no

Brasil: o curso de pedagogia em questão. IN: Educação & Sociedade.

Campinas: ano XX, nº 68, dezembro de 1999, pp. 220-238.

TAKAHASHI, T. (org). Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde.

Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.