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Avaliação da influência do avanço (f) e da relação velocidade-temperatura na formação do cavaco Cláudio Trancoso Rodrigues*, Marcelo Bueno**, Eduardo de Souza Santinho Junior*** * Universidade São Judas Tadeu / [email protected] ** Iscar do Brasil: [email protected] *** Universidade São Judas Tadeu: [email protected] 1. Introdução Podemos definir Usinagem como processo de fabricação, o qual tem como objetivo obter formas e dimensões desejadas em peças com determinado volume, através da remoção de material com utilização de maquinários e ferramentas adequadas para realização do processo e maior precisão no resultado. A formação deste material removido denominado Cavaco, influência diversos fatores ligados à usinagem, tais como calor gerado no processo, desgastes da ferramenta, esforços de corte entre outros que influenciam diretamente no resultado desejado. O processo de usinagem surgiu há muitos anos, com o uso de processos manuais, estes que com a evolução industrial vem a ser de grande importância na produção, desde a fabricação de peças para automóveis até um processo simples como a cópia de uma chave. Dentro do campo da mecânica, a usinagem também é utilizada como alternativa para reparos e remates de acessórios metálicos ou de outros materiais. A usinagem mecânica envolve inúmeros equipamentos para realização de diferentes processos na indústria metálica, como: Furadeiras, Torno, Fresadoras, Retificadoras entre outras. Temos também as máquinas chamadas CNC, máquinas que funcionam com comando numérico computadorizado, e que chegam a possuir precisão de 1 mícron, tornando uma usinagem mais complexa viável e com acabamento excelente.

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Avaliar o processo de usinagem realizado através da utilização de um Torno Mecânico, sendo a peça a ser usinada, um cilindro, com a utilização de três níveis de velocidade de corte, em três divisões de contato ferramenta-peça, sendo o processo repetido para dois níveis de avanço. Em seguida realizar o estudo do mecanismo de formação do Cavaco nas diferentes condições e arranjos escolhidos, e a influência de cada fator (velocidade de corte, avanço, geometria do cavaco, acabamento da peça, tempo de realização, etc...) perante a realização do processo.

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  • Avaliao da influncia do avano (f) e da relao velocidade-temperatura na

    formao do cavaco

    Cludio Trancoso Rodrigues*, Marcelo Bueno**, Eduardo de Souza Santinho Junior***

    * Universidade So Judas Tadeu / [email protected]

    ** Iscar do Brasil: [email protected]

    *** Universidade So Judas Tadeu: [email protected]

    1. Introduo

    Podemos definir Usinagem como processo de fabricao, o qual tem como objetivo obter

    formas e dimenses desejadas em peas com determinado volume, atravs da remoo de material

    com utilizao de maquinrios e ferramentas adequadas para realizao do processo e maior preciso

    no resultado. A formao deste material removido denominado Cavaco, influncia diversos fatores

    ligados usinagem, tais como calor gerado no processo, desgastes da ferramenta, esforos de corte

    entre outros que influenciam diretamente no resultado desejado.

    O processo de usinagem surgiu h muitos anos, com o uso de processos manuais, estes que com

    a evoluo industrial vem a ser de grande importncia na produo, desde a fabricao de peas para

    automveis at um processo simples como a cpia de uma chave. Dentro do campo da mecnica, a

    usinagem tambm utilizada como alternativa para reparos e remates de acessrios metlicos ou de

    outros materiais. A usinagem mecnica envolve inmeros equipamentos para realizao de diferentes

    processos na indstria metlica, como: Furadeiras, Torno, Fresadoras, Retificadoras entre outras.

    Temos tambm as mquinas chamadas CNC, mquinas que funcionam com comando numrico

    computadorizado, e que chegam a possuir preciso de 1 mcron, tornando uma usinagem mais

    complexa vivel e com acabamento excelente.

  • 1.1 Objetivo da investigao

    Avaliar o processo de usinagem realizado atravs da utilizao de um Torno Mecnico, sendo a

    pea a ser usinada, um cilindro, com a utilizao de trs nveis de velocidade de corte, em trs

    divises de contato ferramenta-pea, sendo o processo repetido para dois nveis de avano. Em

    seguida realizar o estudo do mecanismo de formao do Cavaco nas diferentes condies e arranjos

    escolhidos, e a influncia de cada fator (velocidade de corte, avano, geometria do cavaco,

    acabamento da pea, tempo de realizao, etc...) perante a realizao do processo.

    2. Reviso Bibliogrfica

    2.1 Influncia da Velocidade de corte (Vc): Conforme PROF. DR. ANSELMO EDUARDO

    DINIZ a velocidade de corte pode ser definida como o resultado do deslocamento da ferramenta em

    relao a superfcie da pea, ou o deslocamento da superfcie da pea em relao a ferramenta, estes

    procedimento resultando no corte ou desbaste do material. A velocidade de corte afeta diretamente a

    vida da ferramenta. Com o aumento da velocidade de corte, ocorre o aumento da temperatura de

    usinagem, resultando na diminuio da vida til da ferramenta (MITSUBISHI MATERIALS

    Corporation. All rights reserved). Por este e outros motivos necessrio o controle e a escolha

    correta no ajuste de RPM para realizao do processo, pois existe uma srie de fatores que podem

    influenciar na velocidade de corte, exemplo: tipo de material da ferramenta, tipo de material a ser

    usinado, tipo de operao que ser realizada, condies de refrigerao, condies da mquina,

    rotao, etc. Para as operaes do tipo torneamento, fresamento ou furao, a velocidade de corte

    calculada por:

  • 2.2 Influncia do avano (f): Em um processo de usinagem, pode-se definir como avano a

    distncia percorrida pelo porta ferramenta em cada rotao da pea, ou seja , quantidade de

    deslocamento por curso. No caso de fresamento, o avano a distncia percorrida pela mesa da

    mquina em uma rotao da fresa dividida pelo nmero de cortes da ferramenta, isto indicado em

    avano por dente. (MITSUBISHI MATERIALS Corporation. All rights reserved). O ajuste do

    avano pode influnciar diretamente na execuo do processo, pois com a diminuio do avano

    pode resultar em maior desgaste frontal e diminuio da vida da ferramenta, com o aumento do

    avano auxilia-se no aumento da temperatura de usinagem, no entanto, o efeito da vida da ferramenta

    mnimo se comparado ao efeito da velocidade de corte, porm em vrias situaes este aumento de

    avano utilizado para aumentar o aumento da produtividade da mquina. Conforme PROF. DR.

    ANSELMO EDUARDO DINIZ a velocidade de avano em operaes do tipo torneamento, o

    produto do avano pela rotao da ferramenta. Esta calculada por:

    Vf = f.n = 1000. Vc . f Onde: f = avano (mm/volta)

    .d Vf = velocidade de avano (mm/min)

    2.3 Profundidade de corte (ap): Conforme PROF. DR. ANSELMO EDUARDO DINIZ

    profundidade de corte a profundidade ou largura de penetrao da ferramenta em relao pea,

    medida perpendicularmente ao plano de trabalho. Pequena profundidade de corte resulta em frico e

    usinagem da camada mais dura da pea, portanto, menor vida da ferramenta. Quando usinamos uma

    superfcie em bruto ou de ferro fundido, a profundidade de corte precisa ser aumentada enquanto a

    potncia da mquina permitir, para evitar a usinagem de impurezas e pontos de incrustao da

    camada mais dura da pea com ponta da aresta de corte, e prevenir desgastes anormais e

    microlascas(MITSUBISHI MATERIALS Corporation. All rights reserved).

    2.4 Tipos de Cavaco:

  • 2.4.1 Cavaco de Cisalhamento: O cavaco de cisalhamento apresenta curvatura interna

    serrilhada e dorso liso, sendo facilmente identificado. Sua formao se da pelo cisalhamento e

    soldagem parcial do cavaco cisalhado devido a alta temperatura do processo. O mesmo apresenta

    melhor acabamento na pea em relao ao Cavaco de Ruptura.

    2.4.2 Cavaco de Ruptura: Este cavaco extrado na usinagem de meais frgeis como o ferro

    fundido. um cavaco que tem como principal caracterstica a ruptura em fragmentos pequenos, pois

    no obtm uma deformao plstica bem definida.

    2.4.3 Cavaco Continuo: O cavaco tem uma formao espiral continua dada a ductilidade da

    pea usinada com elevadas velocidades. Na usinagem que apresenta estes aspectos temos um melhor

    acabamento quando comparado aos outros tipos de cavaco.

    3. Procedimento Experimental

    A descrio a seguir apresenta os materiais utilizados alm do mtodo experimental realizado

    durante esta investigao.

    3.1 Materiais

    culos de proteo;

    Paqumetro;

    Luneta;

    Pincel;

    Corpo de Prova Cilndrico (Ao SAE 1045);

    Contra Ponta;

    Gancho para retirar o Cavaco;

    Torno Nardini modelo 300 III

    Ferramenta de corte:

    Suporte com pastilha intercambivel,

  • 4. Processo de execuo do experimento:

    4.1 Deve-se verificar a relao de alavancas do avano localizada no painel de controle do

    Torno (foto 1), para utilizar o avano determinado no ensaio, no primeiro momento utilizaremos o

    avano de 0,15 mm/volta e em seguida com o avano de 0,30 mm/volta, o tcnico orientou os alunos

    na movimentao das alavancas conforme avano selecionado.

    Em seguida devemos verificar a posio das alavancas de RPM (foto 2), para utilizar o RPM

    definido pelo ensaio no torno Nardini modelo 300 III, necessrio rotacionar o controle de RPM

    central que possui 3 posies, cada posio possui 2 faixas de RPM, que so modificadas utilizando

    uma alavanca, cada faixa de RPM possui 2 posies Vermelha e Azul, estas so alteradas por um

    boto com duas posies relacionadas ao motor Alta (vermelha) e Baixa (azul), para iniciar o

    experimento utilizaremos a rotao de 250 RPM, portanto colocaremos o controle de RPM central na

    posio com identificao 250 RPM, com a alavanca posicionada na mesma posio e no boto

    escolher a posio Baixa (azul).

    4.2 Prender o corpo de prova na placa universal (1) entre ponta, como o comprimento do corpo

    de prova excede trs vezes o seu dimetro aconselhvel utilizar o contra ponta (2), para evitar

    deslocamento transversal ao sentido do eixo causando alteraes no experimento.

    Figura 1-Relao Mtrica de Avano (f) Figura 2- Relao de Ajuste de RPM

  • 4.3 Prender o Suporte com pastilha intercambivel CNMG 16 04 08 Sandvik no castelo porta

    ferramentas (3), durante esse experimento a ferramenta deve ficar na posio perpendicular ao eixo

    geomtrico do torno/pea ou seja, 90em relao ao eixo longitudinal da maquina (foto 3).

    4.4 Marcar com a ferramenta aproximadamente trs posies com 70 mm cada (foto4) em cada

    posio utilizaremos um RPM diferente 250, 500 e 1000, para observar a alterao do tipo/ cor do

    cavaco e acabamento da pea.

    4.5 Utilizando um paqumetro necessrio medir e registrar o dimetro inicial da pea no

    experimento, para futura avaliao. Precauo: faa a medio com o torno parado (placa sem

    rotao).

    4.6 USINAGEM: deve-se ligar o torno com 250 RPM / avano 0,15mm/volta, referenciar a

    ferramenta na pea deslocando o carro transversal e longitudinal, zerar o anel graduado e aprofundar

    1mm no raio o que equivale em 2mm no dimetro. Acionar a alavanca do avano longitudinal, e

    assim que comear o processo de usinagem e formao do cavaco, acionar o cronmetro para

    medio do tempo para cada processo realizado. Usinar com 250RPM at atingir a primeira marca de

    70mm, desligar o avano e a rotao da maquina, parar o cronmetro, anotar o tempo de realizao

    do processo e coletar amostras do cavaco para futura analise, alterar os parmetros da maquina para

    Figura 3- Placa de trs castanhas, contra ponto e castelo porta ferramentas

    Figura 4- Diviso da pea, para execuo da usinagem

  • 500RPM e repetir o procedimento at atingir a segunda marca, novamente anotar o tempo do

    processo, coletar as amostras do cavaco e em seguida 1000RPM repetir o processo de usinagem ate

    atingir terceira marca, anotando um novo tempo de processo e realizando uma terceira coleta do

    cavaco. Estes cavacos coletados devero ser separados e identificados conforme cada configurao

    de processo, para futura anlise. No se esquecendo de limpar a Mquina em cada intervalo de

    execuo, para a realizao da coleta do cavaco referente a cada processo.

    4.7 Aps concluso destes, deveremos alterar o avano para 0,30mm/volta e repetir passo a

    passo os procedimentos realizados nos itens 4.4, 4.5 e 4.6 (porm, mantendo o avano

    0,30mm/volta), para assim fazer novas coletas dos cavacos, para as diferentes configuraes.

    4.8 Assim que terminar o processo de usinagem nas diferentes configuraes, devemos analisar

    as diferentes formas de cavaco coletadas e fazer um estudo relacionando estas formas, com

    velocidade, temperatura de usinagem, e avano, para assim determinar a influncia de cada fator e

    concluir a investigao.

    5. Resultados Obtidos e Discusses

    Na 1 parte do experimento, onde o avano foi de 0,15mm/rot, verificou-se que com o aumento

    da velocidade de corte houve uma transio na forma do cavaco, passando de uma forma espiral (250

    RPM) para uma forma de fita no controlada (500 a 1000) RPM ( Fig.5), percebeu-se tambm uma

    melhora no acabamento, sendo que a forma fita no controlada obteve um acabamento muito melhor

    que a forma espiral com o aumento da Vc houve uma diminuio da vibrao e consequente

    diminuio do rudo, assim como um aumento da temperatura ou calor gerado no processo,

    evidenciado pela alterao tonalidade do cavaco, que passou de um dourado para um azul

    escuro.

  • Na 2 parte do experimento, com um avano de 0,3 mm/rot., podemos citar que houve uma

    diminuio da Vc em funo da diminuio do dimetro, houve tambm uma alterao no tamanho

    mdio do cavaco que a 250 RPM era uma forma de espiral de tamanho reduzido e com o aumento

    da velocidade de corte passou para espiral mdio, as demais variveis se comportaram de forma

    similar s discutidas na 1 parte do experimento, como ver abaixo na tabela de dados:

    Ensaio n (rot/min) f (mm/rot) ap (mm) (mm) t (S) L (mm) Vc(mm/min)

    1 250 0,15 1,0 45,0 97 70 35,34

    2 500 0,15 1,0 45,0 61 70 70,69

    3 1000 0,15 1,0 45,0 26 70 141,37

    4 250 0,30 1,0 43,0 49 70 33,77

    5 500 0,30 1,0 43,0 30 70 67,54

    6 1000 0,30 1,0 43,0 9 48 135,09

    Tabela 1. Dados obtidos no experimento

  • Figura 5. Relao da rotao e do avano com a forma do cavaco

    6. Concluses

    Verifica-se a partir dos resultados obtidos que com menor avano e maiores rotaes se obtm

    um cavaco em forma de fita no controlada, que gera riscos para o operador e a ferramenta,

    entretanto com bom acabamento superficial, j com maior avano a forma tende a ser espiral,

    onde em rotaes baixas se desprendem em tamanhos muito reduzidos e com o aumento da rotao,

    h um aumento do tamanho mdio do cavaco formado, percebe-se tambm que h um compromisso

    entre a forma do cavaco e o acabamento onde o controle de forma e tamanho so importantes para

    obter um determinado tipo de acabamento.

  • Observa-se tambm que a velocidade de corte funo da rotao e tambm do

    dimetro, assim obtm-se menores velocidades quando se diminui o dimetro, mesmo que se

    mantenha a mesma rotao.

    Portanto para o ao 1045, para uma mesma profundidade = 1 mm a faixa de 500 a 1000 RPM

    com avano de 0,3 mm/rot se mostrou mais adequada para a operao de usinagem, onde se obteve

    um bom acabamento superficial, com bom controle do cavaco formado (forma e tamanho) e menor

    quantidade de rudo e vibrao.

    7. Bibliografia

    FERRARESI, D. Fundamentos da usinagem dos metais, Editora Edgard Blcher, So Paulo.

    MACHADO A. da Silva. M.B, 1999 Usinagem dos metais. Apostila, DEEME UFU. Uberlndia.

    Aula do Professor: Marcelo Accio Influncia do avano (f) e da relao velocidade-temperatura

    na formao do cavaco.

    http://www.mitsubishicarbide.net/mht/pt/