Êxodo rural em santarém

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UFOPA Universidade Federal do Oeste do Pará Origem e evolução do conhecimento Exercício: Texto Argumentativo: Pensamento crítico Acadêmicos: Adam dos Santos Souza Douglas Paz Correa Edil Cardoso de Souza Fábio Lopes Correa Josenilson Oliveira de Aguiar O êxodo rural em Santarém sob nova ótica Entende-se por êxodo rural a migração do homem que vive no campo para residir nas cidades, havendo uma diminuição da população rural e consequentemente o aumento da população na cidade. Geralmente muitos saem em busca de uma vida melhor, como por exemplo, facilidade de acesso à rede pública de educação, saúde e trabalho encontrado nas cidades. Santarém é um dos municípios mais importantes do estado do Pará sendo o principal centro econômico do oeste paraense, onde recentemente tem-se observado que grande parte dos produtos comercializados nas feiras de produção rural local, estão sendo abastecidas por zonas produtoras rurais de outros municípios da região como Monte Alegre, Alenquer, Óbidos e até mesmo por produtores de outros estados. Este fato levanta uma questão que é amplamente discutida pelos atores envolvidos: o êxodo rural em Santarém. Ambientalistas do Greenpeace, pequenos produtores e alguns estudiosos da região afirmam, que com o anúncio da chegada da multinacional Cargill no ano de 2000 e a construção do porto para escoamento de soja em Santarém,

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Page 1: Êxodo Rural em Santarém

UFOPAUniversidade Federal do Oeste do Pará

Origem e evolução do conhecimento

Exercício: Texto Argumentativo: Pensamento crítico

Acadêmicos:Adam dos Santos Souza

Douglas Paz CorreaEdil Cardoso de Souza

Fábio Lopes CorreaJosenilson Oliveira de Aguiar

O êxodo rural em Santarém sob nova ótica

Entende-se por êxodo rural a migração do homem que vive no campo para residir nas cidades, havendo uma diminuição da população rural e consequentemente o aumento da população na cidade. Geralmente muitos saem em busca de uma vida melhor, como por exemplo, facilidade de acesso à rede pública de educação, saúde e trabalho encontrado nas cidades.

Santarém é um dos municípios mais importantes do estado do Pará sendo o principal centro econômico do oeste paraense, onde recentemente tem-se observado que grande parte dos produtos comercializados nas feiras de produção rural local, estão sendo abastecidas por zonas produtoras rurais de outros municípios da região como Monte Alegre, Alenquer, Óbidos e até mesmo por produtores de outros estados. Este fato levanta uma questão que é amplamente discutida pelos atores envolvidos: o êxodo rural em Santarém.

Ambientalistas do Greenpeace, pequenos produtores e alguns estudiosos da região afirmam, que com o anúncio da chegada da multinacional Cargill no ano de 2000 e a construção do porto para escoamento de soja em Santarém, concluída em 2005, fizeram com que propriedades rurais com grande extensão de terras dobrassem na região no eixo da PA370 (Santarém-Curuá-Una) e com mais concentração no eixo da BR163 (Santarém-Cuiabá). A especulação da soja trouxe também emigrantes de outros estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, por exemplo) os quais compravam lotes de terras rurais de Santarém. Depois da terra vendida, produtores e familiares compravam casas ou pequenos terrenos de 10x30 em bairros periféricos da cidade. Por outro lado, dados do Estudo de Informações Municipais feito em 2008 pela Secretaria Municipal de Santarém, mostra que em 1980 a zona rural de Santarém possuía 80.293 moradores (de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE). Na década de 80, houve um pequeno aumento do número de moradores, chegando a 85 mil em 1990. A década de 90 foi marcada por uma

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verdadeira fuga do campo, ocasionada principalmente pelo abandono das terras pelos agricultores, que partiram em busca de ouro nos garimpos da região. A significativa redução da população rural fez com que em 2000 o número de moradores fosse de 76.242. Foi no início desta década que foram dados os primeiros passos para a lavoura de grãos em Santarém, marcando também o início de uma curva ascendente do número de moradores no campo. De 2000 aos dias atuais, segundo os dados do IBGE, houve um aumento gradual e contínuo da população rural chegando a 80.765 moradores. Em números absolutos um pouco mais do que em 1980, mas naquela época Santarém possuía um território maior, vindo a perder depois, sendo hoje os municípios de Placas, Belterra e Mojuí dos Campos, cidades que juntas têm mais de 40 mil habitantes. Se os municípios que conseguiram a emancipação política ainda fossem território de Santarém, a população rural do município seria superior a 100 mil habitantes, quase a metade da população total de hoje.

Segundo o IBGE, a população total do município de Santarém chegou a 278.118 moradores, sendo que 197.353 moram na zona urbana, o que corresponde a 69% da população total. A população rural aumentou não somente em números absolutos, como também em termos percentuais. Em 2005 correspondia a 29% da população, chegando a quase 32% nos dias atuais.

Os números derrubam o mito de que a produção mecanizada de grãos em Santarém expulsa os agricultores do campo, porém como explicar a falta de produtos locais nas feiras de produção rural em Santarém? As Políticas públicas do Governo Federal e a falta de emprego na cidade tem fixado a população na zona rural, entretanto estes produtores não estão mais concentrados na policultura como era de costume, hoje, com a vinda da soja para região, os produtores, que antes eram donos das terras, trabalham como empregados nas grandes fazendas com a monocultura dos grãos, sendo este um dos fatores principais e determinante para falta de produtos locais nas feiras do município de Santarém e a causa da importação de produtos de outros estados para as feiras locais.