alberto alarcão Êxodo rural e atracção urbana no...

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Alberto de Alarcão Êxodo rural e atracção urbana no Continente 0 presente trabalho avalia o poder de atracção ou de repulsão demográfica das vá- rias unidades administrativas do Continente, até à escala concelhia, tendo em vista a deter- minação, em termos quantitativos, do êxodo rural e do afluxo urbano. Para isso, houve necessidade de conjugar as variações abso- lutas de população obtidas através dos Censos (cobrindo um período de 40 anos) com os saldos fisiológicos registados anualmente. INTRODUÇÃO A fuga da população dos meios rurais e o afluxo às «urbes» não são objecto de recenseamento directo pelo Instituto Nacional de Estatística ou por quaisquer outros órgãos de administração pública em Portugal. Impossibilitado de conhecer assim, a partir de registos 1 ou inquéritos directos 2 , o montante das partidas de população rural em êxodo de suas terras natais ou dos posteriores locais de efectiva presença humana, bem como o volume das chegadas aos «centros» ditos «urbanos» do Continente, resta ao estudioso dos factos demo- gráficos o recurso a estimar por outras vias a grandeza ou vera amplitude de tais movimentos migratórios. O método que utilizámos parte do conhecimento da popula- ção presente dos distritos e concelhos à data dos recenseamentos, e da formação dos saldos fisiológicos que os mesmos experimen- taram ano a ano. 1 Inexistentes, como vimos. 2 Inviáveis, à base dos recursos materiais, humanos e também de tempo disponíveis. 511

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Albertode

Alarcão

Êxodo rurale atracção urbanano Continente

0 presente trabalho avalia o poder deatracção ou de repulsão demográfica das vá-rias unidades administrativas do Continente,até à escala concelhia, tendo em vista a deter-minação, em termos quantitativos, do êxodorural e do afluxo urbano. Para isso, houvenecessidade de conjugar as variações abso-lutas de população obtidas através dos Censos(cobrindo um período de 40 anos) com ossaldos fisiológicos registados anualmente.

INTRODUÇÃO

A fuga da população dos meios rurais e o afluxo às «urbes»não são objecto de recenseamento directo pelo Instituto Nacionalde Estatística ou por quaisquer outros órgãos de administraçãopública em Portugal.

Impossibilitado de conhecer assim, a partir de registos1 ouinquéritos directos2, o montante das partidas de população ruralem êxodo de suas terras natais ou dos posteriores locais de efectivapresença humana, bem como o volume das chegadas aos «centros»ditos «urbanos» do Continente, resta ao estudioso dos factos demo-gráficos o recurso a estimar por outras vias a grandeza ou veraamplitude de tais movimentos migratórios.

O método que utilizámos parte do conhecimento da popula-ção presente dos distritos e concelhos à data dos recenseamentos,e da formação dos saldos fisiológicos que os mesmos experimen-taram ano a ano.

1 Inexistentes, como vimos.2 Inviáveis, à base dos recursos materiais, humanos e também de tempo

disponíveis.

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A análise do presente estudo remonta ao período 1921-30 efecha com 1951-60. Houve necessidade de recorrer, portanto, a va-lores de população presente, constantes dos seguintes recensea-mentos :

Censo da População de Portugal no 1.° de Dezembro de 1920(6>° Recenseamento Geral da População);

Censo da População de Portugal no 1.° de Dezembro de 1930(7.° Recenseamento Geral da População);

VIII Recenseamento Geral da População no Continente e IlhasAdjacentes em 12 de Dezembro de 19kO;

IX Recenseamento Geral da População no Continente e IlhasAdjacentes em 15 de Dezembro de 1950; e

X Recenseamento Geral da População no Continente e IlhasAdjacentes (Às 0 horas de 15 de Dezembro de 1960).

A diferença entre os valores constantes de um recenseamentoe os do anterior corresponde à variação (positiva ou negativa) dapopulação presente nos períodos intercensitários, que somente ex-cedem o decénio em 11 e 3 dias, respectivamente para os inter-censos 1930-1940 e 1940-1950.

O erro que julga cometer-se com tal excesso de dias:

+11 diasPeríodo intercensitário 1930-1940: = + 3,0 %

365 dias X10 anos

+3 diasPeríodo intercensitário 1940-1950: = + 0,8 %

365 diasXlO anos

parece poder desprezar-se e dispensa-nos de corrigir os valores de-cenais de variação creditados a 1931-40 e a 1941-50.

O segundo elemento necessário ao cálculo das repulsões ouatracções líquidas distritais e concelhias é o valor dos saldos fisio-lógicos experimentados nas respectivas unidades administrativas.

Tais valores (ou, na sua falta3, os da natalidade e da morta-lidade, de que aliás resultam por diferença) registam-nos, para omesmo período de análise, as seguintes publicações:

Estatística do Movimento Fisiológico da População de Portu-gal—Anos de 1921, 1922, 1923, 1924 e 1925;

Anuário Demográfico — Anos de 1929 a 1960.Para os anos de 1926, 1927 e 1928 apenas se dispõe de ele-

mentos distritais publicados no Anuário Estatístico de Portugale respeitantes a «nascimentos»», «óbitos» e «nado-mortos». Porapenas interessar, para o fim em vista, a natalidade efectiva (na-

3 O que aliás sucede por vezes, e força a cálculos que desejar1 seriase evitassem aos consulentes de futuros Anuários Demográficos.

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do-vivos) e a mortalidade extra-uterina, descontaram-se aquelesúltimos aos restantes valores referidos, de acordo com instruçõesamavelmente fornecidas pelo Instituto Nacional de Estatística.

Havendo de proceder, ainda, a estimativas de valores con-celhios para os mesmos anos, seguiu-se o critério de considerarnormais do período 1921-30 os valores dos movimentos naturaisde população em 1921-1925 e 1929-30, pelo que as respectivas mé-dias anuais (da natalidade, da mortalidade e do saldo fisiológico)se multiplicaram por três e os totais se corrigiram de modo aajustá-los aos somatórios conhecidos, neste caso os valores dis-tritais.

O período de observação dos Anuários Demográficos (ou dasEstatísticas do Movimento Fisiológico da População que os prece-deram) é o ano civil. Os valores decenais dos saldos fisiológicosrespeitam assim aos períodos de 1 de Janeiro de 1921 (ou 1931,ou 1941, ou 1951) a 31 de Dezembro de 1930 (ou 1940, ou 1950,ou 1960, consoante o decénio da análise), enquanto os intercensosvão em regra de meados de Dezembro de um ano múltiplo de deza meados de Dezembro de dez anos após.

A não coincidência perfeita dos períodos —posta de parte,agora, a desigual duração dos mesmos períodos — não parece quealtere significativamente, e muito menos invalide, as conclusõesda análise pretendida. É imperfeição que, nem por insuperável, senão quer deixar de referir.

A diferença entre a efectiva variação da população presentee os valores dos saldos fisiológicos experimentados nas mesmasunidades administrativas em período similar mede a atracção ourepulsão líquidas que os distritos e concelhos exerceram ou daqual foram objecto no decénio considerado: atracção, se o resultadofor positivo, repulsão, em caso contrário.

Resumidamente, e tomando para exemplo o intercenso 1950--1960, ter-se-á:

Variação da população presente4 —

I > 0 Atracção líquida6

= 0 Resultado nulo6

< 0 Repulsão líquida6

O resultado expressa o saldo líquido das entradas e saídas depopulação, pelo que o valor absoluto dos ganhos ou perdas pecarápor defeito em relação aos efectivos valores da atracção ou re-

4 De 15 de Dezembro de 1950 a 15 de Dezembro de 1960.5 De 1 de Janeiro de 1951 a 31 de Dezembro de 1960.6 No período que convencionámos designar por decénio 19'51-60 ou mais

simplesmente inscrevemos sob o título colunar 1951-60.

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pulsão distritais e concelhias sempre que coexistam —caso aliásfrequente — correntes migratórias de sentido inverso. Impossívelse torna a determinação de valores mais reais sem o recurso amétodos directos de inquérito e apuramento.

Alterações à divisão administrativa com incidência no traçadodelimitativo de distritos ou concelhos criam dificuldades ao apura-mento dos saldos das migrações.

Dificuldades que provêm, primeiramente, da necessidade dedeterminar a população que corresponde a dada unidade geográficanão identificável de modo perfeito a qualquer unidade adminis-trativa conhecida, e cuja população importa de facto recensear paratornar legítima a comparação entre os valores das presenças huma-nas à data dos recenseamentos consecutivos (anterior e posterior-mente) à referida alteração da divisão político-administrativa daNação.

Dificuldades que seguidamente decorrem da indispensabili-dade de conhecer os valores dos saldos fisiológicos experimentadosem territórios invariáveis ao longo dos anos do decénio ou decéniosda análise, enquanto os dados do Anuário Demográfico respeitama unidades administrativas passíveis de variar e os valores dasséries apresentados deixam de corresponder assim, por vezes, asuperfícies territoriais e a «áreas humanas» perfeitamente equi-valentes entre um e outro apuramentos anuais.

Estas alterações à divisão político-administrativa do País de-terminaram a necessidade de constituir, por vezes, conjuntos deconcelhos para os quais se apuraram solidariamente os saldos mi-gratórios.

Nos respectivos quadros distritais (Quadros 1 a 18 do pre-sente estudo), os saldos líquidos da atracção e repulsão popula-cionais correspondentes aos referidos conjuntos concelhios atribuí-ram-se à unidade de mais elevado efectivo demográfico. Ressal-vam-se, no entanto, em notas de fim de quadro, as verdadeirascorrespondências dos valores.

Os números apresentados correspondem apenas aos resultadosfinais da atracção ou repulsão líquidas concelhios (ou de conjun-tos de concelhos), distrito a distrito, nos últimos quarenta anos.O laborioso processo de cálculo a que fizemos resumida referência,aguarda possibilidade ou oportunidade de publicar-se.

O somatório das atracções e o das repulsões líquidas dos con-celhos regista-os, para cada distrito, o Quadro 19.

Tomando já em consideração os valores de variação da popula-ção embarcada creditada a alguns distritos em certos recensea-mentos (mas não atribuída a concelhos desses mesmos distritos),o Quadro 21 limita-se a inscrever os saldos líquidos das migrações,apurados não a nível de concelhos, mas no limiar de distritos —era como se se houvessem desconsiderado as existências dos movi-

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mentos demomigratórios internos às fronteiras das correspon-dentes unidades distritais.

Os números que os Quadros 1 a 19 e 21 inscrevem, respeitama indivíduos do sexo masculino e do feminino. O âmbito do presenteestudo não comporta a apresentação de valores de migrações porsexos, apesar de haverem sido calculados — é lacuna que esperamosum dia poder suprir.

Em qualquer hipótese, os valores da atracção e da repulsãolíquidas populacionais determinados segundo o método atrás des-crito e facultados nos Quadros 1 a 19 e 21 do presente estudo,encontram-se traduzidos em termos absolutos, nada expressando— antes tudo escondendo, ou inclusive negando ao nivelar as posi-ções— quanto aos quantitativos démicos que povoam os espaçosdistritais e concelhios.

Afirmado o interesse em correlacionarem-se tais valores porforma a apurar taxas que exprimam a atracção e a repulsão lí-quidas populacionais em função dos efectivos demográficos que asdeterminaram ou geraram, de tal arte se procedeu. Somente, oespaço limitado e ultrapassado impediu que se apresentem oscorrespondentes valores percentuais e as sugestivas ilações a quesua análise conduz.

Resta-nos descerrar as vistas sobre aspectos do panoramamigratório dos distritos. Antes, e a fechar a presente introduçãoaos quadros, apenas se deseja reforçar a ideia de que «certamenteuma análise profunda do problema implicaria o acesso a fontesde informação e o conhecimento de material estatístico de quese não dispõe. Assim, apenas se procura, de momento, chamar aatenção para aspectos da realidade (...) nacional que se afiguramimportantes para o estabelecimento de programas gerais de desen-volvimento» 7.

Efectivamente, a fuga generalizada das massas rurais e a di-nâmica interna do fenómeno parecem «poder proporcionar observa-ções extremamente valiosas sobre o comportamento de algumas dasnossas economias regionais, e dela colher ensinamentos relevantespara o planeamento global que se pretende estabelecer no desen-volvimento económico nacional» 8.

Entre esses ensinamentos que a Demografia faculta, não serádos menos relevantes a conclusão a que outros chegaram em ter-mos de Economia: «Tendo em atenção o actual condicionalismotécnico-económico da produção, não parece, desta forma, poderconceber-se qualquer esquema de desenvolvimento regional des-

7 «A emigração e as economias regionais»», in Boletim de InformaçãoEconómica e Financeira de Pinto de Magalhães, Lda.} n.° 60, p. 8. Porto,Maio de 1964.

8 «A emigração e as economias regionais», ob. cit, p. 8.

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ligado da polarização e do comando da cidade, e até da sua insti-tuição, quando necessária» 9.

Nesta instituição, ou no reconhecimento de valores própriosde cidades ou outros «centros urbanos» do Continente como centrospolarizadores da actividade económica regional e das migraçõesinternas da população, bem como no estabelecimento de bem elabo-rados programas de desenvolvimento espaciais, residirão algumasdas primaciais alavancas do progresso da terra portuguesa.

Apenas se não deve esquecer também que «as políticas de de-senvolvimento regional que entre nós (...) começam a ser objectode formulações iniciais carecem de se apoiar em estudos onde osproblemas reais em que as regiões se debatem sobrelevem as consi-derações, e inúmeras vezes as acções, apenas fundadas em juízosde sentimento, quando não de mera circunstância. São» essas aná-lises que constituem o preço da objectividade das políticas regio-nais coerentes e autênticas, que tornam possível voltear e desfazera contrapartida antónima do desenvolvimento regional equilibrado:o regionalismo» 10.

De outro modo poder-se-á firmar o regionalismo português,sem jamais se promover o efectivo desenvolvimento regional dasparcelas constituintes do País. E os homens persistirão em partirem maciça e justificável abalada, a tentar lá longe, perdidos osares de suas terras natais e o aconchego fraterno dos seus, aplicara força dos braços ou a riqueza dos intelectos nas distantes cidadesda Metrópole ou nos longínquos países de destino da emigração.

De todos os cantos da terra portuguesa, em número acentuada-mente crescente nas últimas décadas, eles aí vêm, eles aí vão...

1.* PARTE

ANÁLISE À ESCALA DISTRITAL

1. Distrito de Aveiro

Os concelhos de Aveiro e de S. João da Madeira — o primeiro,sede da capital administrativa e única cidade do distrito e o último,o mais fortemente industrializado e 100 % urbano em população— persistem em atrair gentes estranhas, muito embora os saldoslíquidos desses movimentos de entradas e saídas demográficas

9 SILVA, Carlos da — «Desenvolvimento regional», in Vida Agrícola,Ano XXVII, n.° 162, p. 2. Lisboa, Julho-Agosto de 1964.

10 CALDAS, Eugénio de Castro e LOUREIRO, Manuel dos Santos —Níveis de Desenvolvimento Agrícola do Continente Português. Lisboa. Funda-ção Calouste Gulbenkian, Centro de Estudos de Economia Agrária. 1963.p. 244.

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QUADRO 1

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)DISTRITO DE AVEIRO

u1234567S9

10111213141516171819

Concelhos

1ÁguedaAlbergaria-a-VelhaAnadiaArouca

'AveiroCastelo de PaivaEspinho

* Estarreja' Feira' ÍlhavoMealhadaMurtosaOliveira de AzeméisOliveira do Bairro

' Ovar*S. João da Madeira'Sever do VougaVagosVale de Cambra7

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

1921/30

+ 1

+ 347

+ 11

? e

; ;

+ 359

...

Atracção

1931/40

+ 1501

+ 516

+ 710

+ 2 727

+ 609

••

1941/50

+ 822+ 188+ 205

• •

+ 464

: :

+ 1679

••

1951/60

+ 497

+ 335

+ 353

••

+ 1185

••

Repulsão

1921/30

— 375— 1212

- . 2 627

— 1091

— 3 0212

— 2 6653

— 378

? 4

-* 3 1375

—* 268— 810

? 6

— 509— 1276— 1188

—18 557

-— 18 198

2931/40

— 283—. 320—. 914— 1126

— 644

— 1105—. 1821— 240— 193— 1017— 1383— 800—* 2 415

— 1329— 399- . 62

— 14 051

— 10 715

1941/50

— 459— 1197—. 582- . 1021

— 1363— 3 432— 292— 415— 2 318— 1823— 574—. 511

—. 799— 1176— 778

—. 16 740

— 287

— 15 348

1951/60

— 2 517—. 1669—. 2 479— 5 034

— 1869— 1259— 1784—. 3 062

— 1642— 2 175- . 2 828—. 2 388— 2 790

—. 1535—. 2 930—. 1720

— 37 681

— 110

— 36 606

1 Englobado em Feira.2 Corresponde a Estajreja 4- Murtosa.3 Corresponde a Feira+Espinho.4 Englobado em Estarreja.

5 Corresponde a Oliveira de Azeméis+S. João da Madeira.6 Englobado em Oliveira de Azeméis.7 Â data do «Censo da População de Portugal no 1.° de De-

zembro de 1920» o concelho* designava-se Macieira de Cambra.

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afirmem ultimamente tendência à redução. Tal quebra vem a re-flectir-se nos totais positivos do distrito.

O concelho de Espinho — com 58 % da sua população presentetotal na sede — já em 1950 deixara de atrair, mais do que repelir,população, não sendo os raros saldos positivos dos demais suficien-temente expressivos para que se justifique entrar em explicações.

A repulsão dos restantes concelhos elevou-se notavelmente noúltimo decénio, sendo só por si duas vezes e meia superior aovalor da população presente estimada para Aveiro-cidade, a meiodo período. No conjunto, e não considerando a variação da popu-lação embarcada, o fenómeno migratório do distrito pode tradu-zir-se pelos seguintes valores da relação atracção-repulsão:

Decénios

1921-301931-40

1941-501951-tfO

Totais

Atracção

1- 359+2 727T-1679

+ 1185

+5 950

Repulsão

—18 557—14 051—16 740— 37 681

— 87 029

valor do quocienteatracção/repulsão

0,0-20,190,100,03

0,07

Se compararmos, por último, os valores aa repulsão líquidafinal do distrito com a população presente da capital: Aveiro, àdata dos recenseamentos:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Total

Repulsãodo distrito

—18 198—10 715—15 348— 3*6 606

— 80 867

Anos

1920193019401950

1960

População presentede Aveiro

10 35712 7361124713 397

16 430

ter-se-á dado conta da importância que revestem as migrações nodistrito de Aveiro, onde se poderia ter constituído ao findar a qua-rentena, e em sítio ermo, um «centro urbano» quase cinco vezesmais povoado que Aveiro-cidade em 1960.

2, Distrito ãe Beja

O povoamento natural do Alentejo dos fins do século XIX,começos do actual, viu alterar-se o sentido do movimento, no dis-trito de Beja, de 1921-30 para 1931-40, ao passarem de positivosa negativos os saldos líquidos da atracção-repulsão regionais.

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 2

*?o *O

si 8

1?,3456789

1011121314

Vari

Concelhos

AljustrelAlmodôvarAlvitoBarrancosBejaCastro VerdeCubaFerreira do AlentejoMértolaMoura0 demiraOuriqueSerpaVidigueira

Totais

ação da população embarcada

Distrito

Atracção

1S21/30

+ 729+ 260

+ 2 143

+ 485+ 1 529

+ 104+ 3168+ 819

+ 9 237

+ 6 943

1931/40

+ 481

+ 1279

+ 40

+ 895

+ 2 695

+ 7

••

1941/50

••

••

••

+ 461

••

+ 461

1951/60

••

••

••

••

DISTRITO DE BEJA

Repulsão

1921/30

••

—. 221— 130

— 385, I4g

— 841— 569

— 2 294

••

1931/40

— 292— 420

— 49

—. 307— 422

— 1091

—. 272—. 293— 461— 523

— 4 130

— 1428

1941/50

— 1217— 681- . 833—. 203— 3 225—. 1283— 668— 537— 2 833

— 2 666— 1919- • 1425— 660

— 18 150

— 7

— 17 696

1951/60

—. 2 8493 665

~. 1109— 367— 3 672— 2 156

1 369— 2 321— 6 865— 4 898— 5 650— 3 637— 6 368— 1554

— 46 480

— 46 480

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Oito concelhos ainda em 1921-30 (num total de catorze), qua-tro apenas em 1931-40, um somente em 1941-50 e nenhum depois,viram chegar populações de outros concelhos em maior número doque assistiram à partida dos seus naturais ou «naturalizados».

A par e passo que os valores da atracção diminuem, os darepulsão não cessam de aumentar, superando aqueles a partir de1931-40 e determinando a inferiorização à unidade dos valoresdo quociente atracção/repulsão:

Decénios

1921.-301931-401941-501961-60

Totais

Atracção

•*- 9 237+ 2 695+ 461

• •

+ 12 393

Repulsão

— 2 294— 4130—18 150— 46 480

— 71054

Valor do quocienteatracção /repulsão

4,080,650,03

••

0,17

Pela primeira vez se anula o valor da relação no passadodecénio 1951-60.

No vasto território do Baixo Alentejo, Beja é a única cidadee «centro urbano» existente. Os valores comparados da sua popula-ção presente com os saldos dos movimentos migratórios do dis-trito dar-nos-ão:

Decénios Atracção e repulsão Anos População presentedo distrito de Beja

1921-30 -1- 6 943 1920 10 520.1931-40 — 1428 1930 12 9851941-50 —17 696 1940 12 5161951-60 —46 480 1950 14 028

Total —58 061 1960 15 6-85

A população repelida do distrito no último decénio é três vezessuperior à da sua capital e ultrapassa, inclusive, a da cidade deSetúbal, em 1960.

Na trintena 1931-60, do distrito partiram 66 mil dos seus na-turais ou assimilados, quantitativo que, a ter sido fixado regional-mente, poderia ter originado quatro «centros urbanos» da impor-tância de Beja-cidade.

3. Distrito de Braga

A atracção demográfica apenas superou a repulsão no conce-lho de Braga em 1921-30 e nos de Guimarães e Vila Nova deFamalicão em 1931-40. Os surtos urbano e/ou industrial destes

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 3

© e

o «

1?,

34567H9

10111213

AmaresBarcelosBragaCabeceiras de BastoCelorico de BastoEsposendeFafeGuimarãesPóvoa de LanhosoTerras do BouroVieira do MinhoVila Nova de Famalicão ..Vila Verde

•**- Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 1287

. .

+ 1287

••

1931/40

+ 3171

+ 1660

+ 4 831

••

1941/50

. .

. .

. .

• •

1951/60

. .

1921/30

— 1286— 3 373

—. 1282—- 2 830— 703—- 1339— 1352— 1478— 623— 1373— 1774— 2 208

—19 621

— 18 334

DISTRITO DE BRAGA

Re<pulsã.o

1931/40

— 508—. 1 828— 113—-1135—. 1 401— 83—. 1 520

—. 1 417— 20— 245

— 1127

— 9 397

— 4 566

1941/50

— 1305—. 5 003— 2 068— 780— 2 630— 1797— 1649— 724—. 2 673— 826— 775— 1043— 2 491

— 23 764

— 23 764

1951/60

— 2 585— 9 502—. 6 540— 4 487— 5 447— 3 015— 6 292— 6 745— 3 629— 2 117— 3 951— 4 840— 6 771

— 65 921

— 65 921

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concelhos, os mais industrializados do distrito e com sede(s) apoderem servir um dia — quem sabe? — de pólo(s) dinamiza-dor (es) do crescimento económico regional, certamente ajudam aencontrar explicação para os factos referidos.

Mais tardiamente do que em Viana do Castelo, o quocienteatracção/repulsão se anula aqui, em terras de Braga:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 1287+ 4 831

••

+ 6 118

Repulsão

— 19 621— 9 397— 213 764— 65 921

—118 703

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,070,51

••

0,06

O Minho, a que talvez se pudesse chamar o solar da tradicio-nal emigração portuguesa para o Brasil, assiste nos últimos de-cénios — e após um acentuado recuo no intercenso 1931-40— aoreforçado incremento das partidas. Somente, a orientação que pa-recem tomar, agora, os seus excedentes demográficos não mais osencaminha predominantemente para o Brasil, mas antes concedepreferência, por via legal ou clandestina, a França, Suíça ou Ale-manha.

Três cidades têm assento no distrito: Braga, a capital, 5.acidade do Continente, 6.° «centro urbano» em população; Guima-rães, com pouco mais de metade das gentes; Barcelos, com menosde 10 000 habitantes e que, por se não tratar de capital de distrito,não ganhou jus a ser classificada entre os «centros urbanos» noúltimo Recenseamento.

Para documentar mais expressivamente a grandeza do êxodoque atinge o distrito:

Decénios

1921-301931-401941-501951-6)0

Total

Repulsãodo distrito

— 18 334— 4 566— 2)3 764— 65 #21

—112 585

Anos

1920193019401950

1960

Braga

2197026 9Í6229 87532 624

42 636

População presenteGuimarães

9 0239641

12(56818 236

2 3 ©918

de:Barcelos

3 7314 0627 6387 844

9 019

se dirá que, no último decénio, a população repelida é idêntica àdas cidades de Braga e Guimarães reunidas e que, nos quarentaanos que medearam de 1920 a 1960, se poderiam ter constituído2,6 cidades como Braga, 4,8 como Guimarães ou 12 como Barcelos.

522

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4. Distrito de BragançaMirandela é o único concelho do distrito a acusar, em 1921-30,

saldo líquido positivo quanto aos movimentos de atracção-repulsãopopulacionais.

A atracção que alguns concelhos exerceram no decénio se-guinte poderá ter incidido —assim se julga— sobre populaçõesdesalojadas dos seus lares pela Guerra Civil de Espanha, a menosque factores ligados à forma como decorreram os recenseamentosa explique.

^ Já o notável valor da atracção que Miranda do Douro acusa nodecénio 1951-60 —exemplo único no distrito em tempos mais re-centes — encontrará seguramente explicação na atracção desenvol-vida pelas obras de construção dos aproveitamentos hidroeléctricosdo Douro internacional.

Tirando o caso — que haverá de ter-se por excepcional — doperíodo 1931-40, o panorama é de repulsão das populações indí-genas, muito embora o meio permaneça, por factores de ordemgeográfica, económica, cultural e até psicológica, em determinadaszonas ainda hermético ao fluxo e refluxo das correntes migra-tórias. O que se não crê, aliás, que seja por muito tempo.

A relação atracção-repulsão pode expressar-se, no somatóriodos concelhos, da forma seguinte:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Atracção-1-1011+ 2 808

# #

+ 3521

Repulsão—11472— 1652—15 262— 37 999

atracção/repulsãoValor do quociente

0,091,70

#

0,00

Totais +7 340 —66 38)5 0,11As duas cidades sitas no distrito: Bragança, a actual capital

administrativa; Miranda do Douro, que o foi de Trás-os-Montesdurante séculos, ainda mantém sé-catedral, mas vive apenas do re-cordar do passado em que desempenhou importante papel de praça--forte fronteiriça, têm sofrido evolução bem díspar quanto aocrescimento ou diminuição populacionais. A evolução comparadadas suas populações com o evoluir da atracção ou repulsão distri-tais processa-se da forma seguinte:

Atracção e repulsão População presente de:Decénios do distrito Anos Bragança Miranda do Douro1921-30 — 1 0 461 19*20 5 476 9151931-40 + 1 156 19130 6 089 10531941-50 — 1 5 26.2 1940 6 977 7421951-60 —.34 478 1950 8 250 692

Total —59 045 1960 8141 5225

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 4

ii12345n789

101112

Concelhos

Alfândega da FéBragançaCarrazeda de AnsiãesFreixo de Espada à Cinta ...Macedo de CavaleirosMiranda do DouroMirandelaMofiradouroTorre de MoncorvoVila FlorVimiosoVinhais

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

• •

+ 1011

+ 1011

1931/40

+ 1161

+ 33

+ 500

+ • 213+ 33

+ 868

+ 2 808

+ 1156

1941/50

• •

••

1951/60

+ 3 521

••

+ 3 521

DISTRITO DE BRAGANÇA

Repulsão

1921/30

-^ 505— 2 641-^ 348— 95— 1114—. 741

1234— 1180— 743— 926— 1945

— 11 472

— 10 461

1931/40

— 364

—< 228— 391

— 37

— 92

— 540

— 1652

••

1941/50

— 1027— 922—. 983— 632— 829— 880—. 1311— 1426— 2 520— 667—. 1063— 3 002

— 15 262

— 15 262

1951/60

— 2 293- . 6 869-^ 3 979— 1349— 3 998

— 6 835—. 3 254—. 2 740—. 2 941—. 2 817—. 924

— 37 999

—. 34 478

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A população repelida do distrito desde 1920, apesar de ter-sepor incipiente o processo e haver de reconhecer-se anormal a atrac-ção do decénio 1931-40, é mesmo assim 7,25 vezes superior ao nú-mero de presenças na capital bragantina e 11,3 vezes ao de Mi-randa do Douro, aquando da realização do X Recenseamento Geralda População.

5. Distrito de Castelo Branco

O concelho de Covilhã, onde as indústrias transformadoras esimilares empregam cerca de metade da população activa com pro-fissão e lhe conferem a designação de «industrial» que mais ne-nhum pode reivindicar, atraiu três mil pessoas em 1931-40. Casoúnico em distrito que nos oferece o panorama de um acentuadoagravamento dos saldos líquidos negativos dos movimentos migra-tórios, após a ligeira contracção do já referido período:

Decénios Atracção

1921-301931-40 + 3 0131941-501951-60

Totais -1-3 013

Concelhos há em que o êxodo das populações ultrapassa oscinco mil indivíduos no decénio 1951-60 e se encaminha mesmopara os dez mil, como em Fundão.

Se se comparar a população repelida do distrito desde 1920com a das cidades de Castelo Branco e Covilhã ter-se-á:

Repulsão

—11154— 9 311—18 528— 45 960

—-84 9Í53

Valor do quocienteatracção/repulsão

. .

0,32. .

0,04

Decénio 3

1921-301931-401941-501951-60

Repulsãodo distrito

—11154— 6 298—18 528— 45 960

Anos

1920193019'401950

População presente de:Castelo Branco

9 3279 8209 293

13 177

Covilhã

14 0491504019 211320 ®14

Total — 83 940 1960 15 207 2J2 821

Dia a dia, em grupos ou isolados, abandonaram o distrito 82mil indivíduos entre 1920 e 1960, rondando ultimamente os 4600em média, por ano. No conjunto, representa uma população 3,6

525

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 5

* |

19t

345(5

78

1011

Concelhos

B elmonteCastelo BrancoCovilhãFundãoIdanha-a-NovaOleirosPenamacor

SertãVila do ReiVila Velha de Ródão

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

••

••

••

1931/40

••

+ 3 013

••

+ 3 013

••

1941/50

••

••

1951/60

••

• •

••

, .

••

DISTRITO DE CASTELO BRANCO

Repulsão

1921/30

—. 345—. 209— 2 637— 2 192- . 1672—. 629— 189— 235— 2 845— 192— 9

— H 154

— 11154

1931/40

-^ 65— 1641

— 3 168— 62— 367— 1722— 622— 963— 447— 254

— 9 311

— 6 298

1941/50

— 1128— 1329— 684— 3 995- . 3 747

786— 791— 1518— 2 349— 1164- . 1037

— 18 528

— 18 528

1951/60

— 1892— 6 475— 5 707— 9 233— 6 284— 1 776— 4116— 3 474— 3 438— 1774— 1791

— 4Í5 96O

— 45 960

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vezes superior à actualmente presente na Covilhã e 5,4 vezes àde Castelo Branco.

Anote-se, por último, e o facto repete-se com Peniche e Caldasda Rainha, no distrito de Leiria, Eivas no de Portalegre e Chavesno de Vila Real, que outras cidades ou «centros urbanos» ultra-passam, em população, as sedes administrativas dos respectivosdistritos — assim sucede, também, com Covilhã e Castelo Branco.

6. Distrito de Coimbra

O concelho de Coimbra manteve, até meados do século, notávelpoder de atracção de populações estranhas, que a ele acorreram emnúmero vizinho a 21 500 (período 1921-50). Pode presumir-se queà sua sede, e capital de distrito: a cidade de Coimbra, 3.a em vo-lume de população do Continente, se deva parcela bem consideráveldesta atracção.

Quatro outros concelhos do distrito atraíram igualmentepopulações, mas os valores mal ultrapassam um centenar de indi-víduos ou rondam escassas centenas de almas. Causas fortuitas,meramente acidentais, como a instalação da sede de determinadaempresa em dado concelho ou obras de construção da barragemde Sta. Luzia, no de Pampilhosa da Serra, podem, a título deexemplo, estar na origem destas atracções, de que factos mais re-centes desmentem permanência de efeitos assim que se concluíramas obras de engenharia civil ou foram dadas por estabelecidas assedes das empresas.

À medida que a repulsão dos restantes concelhos progride:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 3 069+ 6i5'57+ 7 624

••

+22 250

Repulsão

—15 9110—17 112— 20 709— 37 785

— 91 516

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,1510,380,37

••

0.215

diminui a atracção exercida por Coimbra sobre as populações emêxodo, e a cidade transforma-se mais em local de formação, estágioou de intermédia passagem no processo de mobilidade socio-profis-sional e geográfica das populações escolares e trabalhadoras, doque em verdadeiro e bem dinâmico pólo de desenvolvimento.

527

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QUADRO 6

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

DISTRITO DE COIMBRA

Concelhos

Atracção

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

Repulsão

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

123456789

1011121314151617

ArganilCantanhedeCoimbraCondeixa-a-NovaFigueira da FozGóisLousãMiraMiranda do Corvo ...Montemor-o-VelhoOliveira do Hospital .Pampilhosa da SerraPenacovaPenelaPoiaresSoureTábua

+ 187+ 7 657

+ 116

+ 109

+ 6 298

+ 259

+ 7 624

Totais + 8 069

Variação da população embarcada

Distrito

+ 6 557 + 7 624

+ 37 + 118

-^ 2 449

689116

1155

658115815632 312

1325631

129110691494

17722 463

630480

1464604

485840

2 637131011281103

446658

1092

1330684

534361

2 123725411683

16923 3202 47819471112

973894

-1442

3 2273 521

699555

3 5661P772 412156515362L074 7452 7882 3681L59141316692 478

-* 15 910 — 17 112 — 20 709 — 37 785

— 135

—. 7 841 ! -^ 10 518 —. 12 967 — 37 920

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O distrito perdeu, desde a data-começo dos apuramentos:

Decénios

1921-301931-401941-50

1951-60

Total

Repulsãodo distrito

— 7 841—10 518—12 967— 37 920

— 6924$

Anos

1920193019401950

1900

PopulaçãoCoimbra ]

20 84127 33,3315 43742 640

50 168

presente de:figueira da Foz

6 7948 2113

10 2(9010 400

11 624

cerca de 70 mil habitantes, muito embora se houvesse feito sentirinicialmente, como afirmámos, certa polarização das gentes mi-grantes em benefício da cidade-capital do distrito.

O ritmo da progressão acentuou-se extraordinariamente noúltimo decénio — triplicaram as perdas líquidas em relação ao an-terior — e somente um plano de valorização integral da bacia doMondego permitirá, em nosso entender, acalentar a esperança demelhores dias para a economia regional e reduzir o ritmo, ou in-verter o sentido de marcha, dos movimentos migratórios da popula-ção beiroa.

7. Distrito de Évora

Já dissemos, ao tratar do caso de Beja, que a dinâmica do po-voamento do Alentejo dos fins ido século XIX, começos do actualsofreu posteriormente alteração ao inverter-se o sentido das cor-rentes migratórias que inicialmente tendiam à colonização da «pla-nície heróica».

Somente, enquanto no distrito de Beja a transição se verifi-cou de 1921-30 para o decénio seguinte, no de Évora houve queaguardar outros dez anos para que passassem, de positivos a nega-tivos, os saldos líquidos dos movimentos migratórios que temosvindo a considerar.

(Sete concelhos em 1921-30, quatro em 1931-40 e um em1941-50 atraíram mais gente do que a repelida para fora das suasfronteiras de naturalidade ou residência.

Évora, a capital económica, cultural e espiritual do Alentejo,muito embora perdendo de intercenso para intercenso o seu poderde atracção de gentes — e no último decénio parece ser já negativoo saldo migratório áo concelho —, reúne no entanto condições quea poderiam fazer eleger sede de um esforço de valorização das tãocarecidas terras alentejanas. Sexta entre as cidades do Continente,começa a ver-se porém largamente suplantada por outros tantos«centros urbanos» não-citadinos das periferias de Lisboa e Porto.

$29

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 7

•sg

1

3

4

J>

6

789

1011

13

Vari

Concelhos

A landroalArraiolosBorba

ÉvoraMontemor-o-Novo

MourãoPorteiRedondoReguengos de Monsaraz ...Viana do AlentejoVila Viçosa

Totaisação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 38+ 85+ 100+ 4 009

+ 45+ 301

+ 323

+ 4 901

+2 960

1931/40

••

+ 3 617

+ 127+ 433

+ 29

+4 206

+ 28

1941/50

+ 1378

••

+1378

••

1951/60

V 1

• •

y 1

V 1

• •

• •

1921/30

— 225

••

— 369

— 193— 470

— 554— 130

—1941

••

DISTRITO DE ÉVORA

Repulsão

1931/40

— 674— 627— 717— 569

— 448— 383— 127— 407

— 226

—4 178

••

1941/50

— 800— 1 339— 949— 907

— 1139— 991— 198

— 607— 789— 1489— 609— 715

—10 532

— 9 154

1951/60

— 2 415v i

— 569— 2 892— 5 595 2

— 5 51O— 1 397— 511

7 *7 *

— 1952— 86S

—23 036

—23 03G

1 Englobado em Évora,2 Corresponde a Arraiolo^+Èvora f Portei+Redondo.

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A razão atracção/repulsão pode expressar-se da forma se-guinte :

Decénios Atracção Repulsão Valor do quocienteatracção/repulsão

1921-30 + 4 901 — 1941 2,521931-40 + 4 206 — 4178 1,011941-50 + 1378 —10 5321 0,1:31951-60 . . — 23 0S6

Totais +10 485 —39687 0,26

Duas cidades: Évora e Estremoz, se contam no distrito — estabem aquém do mínimo de 10 000 habitantes para ser classificada«centro urbano». A evolução comparada das suas populações coma dos efectivos interessados pela atracção ou repulsão líquidas re-gionais no período 1921-60:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Atracção e repulsãodo distrito

+ 2 960+ 2:8— 9 H54— 23 036

Anos

1920193019401950

PopulaçãoÉvora

16 14822 061'21 85125 409

presente de:Estreirnoz

8 6309 7186 7656 929

Total —29 202 19;60 24 787 6 806

permite formular a pergunta se Estremoz-cidade, ultrapassada nosseus efectivos demográficos pelo volume das repulsões no decénio1941-50, e Évora, a medir-se resvés com o de 1951-60, não verãoacrescer as partidas idas gentes rurais e distanciarem-se mais emais os ausentes?

8. Distrito de Faro

Os resultados a que conduzem os apuramentos dos saldos mi-gratórios nos concelhos do Algarve, deixam-nos certo travo dedúvida, não tanto quanto ao método em si —que esse é teorica-mente correcto— como à confiança que sempre, e em todos oscasos, possam merecer os elementos estatísticos, mesmo que se re-firam apenas a população. Esse é, porém, problema que ultrapassaas possibilidades de estudo e de realização do autor.

Com efeito, os valores encontrados para certos concelhos(principalmente da segunda metade do Quadro 8) parecem fugirum tanto às leis de uma evolução natural dos fenómenos migrató-rios e, no desconhecimento de explicações capazes para os casos

531

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 8

19

345

789

10111218141516

Concelhos

AlbufeiraAlcoutimAljezurAlportelCastro MarimFaroLagoaLagosLouléMonchiqueOlhãoPortimãoSilvesTaviraVila do BispoVila Real de Sto. António ...

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 175

+ 159+ 1843

+ 838+ 3 565

+ 527

+ 1115

+ 8 222

••

1931/40

+ 27

+ 540

+ 1004

••

••

+ 1571

+ 1358

1941/f*

••

••

+ 324

+ 32

+ 356

| . .

1951/60

••

••

••

••

+ (53Í7

••

DISTRITO DE FARO

Repulsão

1921/30

— 666

— 441— 1327

— 941— 921— 4 788— 417

— 2 712

— 729

—12 942

— 4 720

1931/40

— 2 011

— 86— 1313— 887

— 730— 1044

— 1004— 1243— 1976— 3 285— 1475— 466— 1106

—16 626

—13 697

1941/50

— 367— 833— 590— 1515— 299— 267— 1341— 951— 4 981— 1940— 359

— 1593— 217— 430

—15 683

— 688

—16 015

1951/60

— 1915— 18811

— 716— 435— 245— 782— 652— 8 280- . 1586— 3 930— 1456— 6 889—. 3 832— 472— 1403

—35 073

—34 536

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mais aberrantes, levantam a dúvida de se poderem tomai à letraas conclusões de pormenor a que, insensivelmente, o mesmo Quadronos conduz.

No conjunto do distrito, a evolução da atracção e repulsãopopulacionais:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 8 222+ 1571+ 3(56

••

+ 10 149

Repulsão

— 1 2 942— 1 6 626— 1 6 6<8<3— 35 073

— 80 324

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,640,090,02

••

0.19

parece querer compensar os resultados desarmónicos de algumasparcelas concelhias, porquanto os valores das séries são perfeita-mente admissíveis e afiguram-se até normais.

Cinco cidades — nem mais, nem menos — se contam na pro-víncia e distrito algarvios: Faro, a capital; Portimão, Tavira, La-gos e Silves, as demais. Mas apenas as duas primeiras e tambémOlhão — vila com os seus 16 711 indivíduos presentes em 1960 —,por ultrapassarem os 10 000 habitantes, se contam no rol dos «cen-tros urbanos» do Continente.

Após certa estacionaridade, a repulsão final do distrito maisque duplicou no último decénio:

Decénios

19121-3019:31-401941-601951-60

Total

Repulsãodo distiito

— 4 720—13 697— 1 6 0115— 34 5-36

— 68 96S

Anos

19201930194019)50

1960

Faro

12 92518 01919 6«9617 650

19 094

População presentePortimão

918314 71213 73011950

11 930

Lagos

9 4439 8887 3397048

7 639

de:Tavira

1104312 762

5 97*27 608

6 044

Silves

9 5779 9'566i 31564361

5623

Muito embora pareçam ter variado as delimitações camaráriasdas cidades —como explicar de outro modo certas variações? —,o certo é que a repulsão do distrito de Faro nos anos 20 a 60 desteséculo alcançou valores que são 3,6 superiores ao da actual popula-ção de Faro, 5,8 vezes ao de Portimão, 9,0 vezes ao de Lagos, 11,4vezes ao de Tavira e 19,6 vezes ao da cidade de Silves em 1960.

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9. Distrito da Guarda

Panorama desolador e desertificante nos oferece o distrito daGuarda quanto aos movimentos de atracção e repulsão popula-cionais.

Em 14 concelhos que o compõem, apenas Meda faculta um qua-dro de atracção, limitado aliás ao período 1931-40 e dificilmenteexplicável à luz dos nossos conhecimentos actuais. Tal valor (966indivíduos atraídos) não chega a representar 10 % da repulsãodecenal dos restantes concelhos e é inferior a 1 % de toda a mi-gração saída das terras altas da Beira no período 1921-60.

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 9tò6«.

••

+ 966

Repulsão

— 19 9fT5— 10 097— 27 081— 02 499

—119 652

Valor do quocienteatracção/repulsão

# #

0,10

• •

0.01

A repulsão final do distrito, que fora elevada em 1921-30, masalgo decaíra no decénio posterior, quase que triplicou e ainda acres-ceu notavelmente nos intercensos que se lhe seguiram:

DecéniO3

1921-301931-401941-501&91-60

Total

Repulsãodo distrito

— 19 975— 9131— 27 081— 612 499

—118 686

Ano»

19201930l>94019)50

11960

População-Guarda

71298 1586 5987 814

9 345

presente dePinhel

2 660286218991970

2045

No último decénio — e mais por certo se lhe seguirá — a po-pulação repelida do distrito poderia ter dado vida em local ermo,em perfeito descampado, a uma cidade tão populosa como Coimbra,à qual se teria de agregar, para perfazer a conta, ainda Baixa daBanheira, que muitos desconhecem, mas se situa, algures, nos ter-mos da Moita (12 867 habitantes em 1960).

Por outras palavras, reunir 118 686 indivíduos como os queo distrito perdeu entre os anos de 1920 e de 1960 era como ter dedispor, lado a lado, uma dúzia de cidades como Guarda ou meiocento como Pinhel. À sua parte, o concelho de Sabugal viu-se aban-donado, nos dez anos decorridos desde meados do século, de umapopulação que em pouco é inferior à das cidades da Guarda e Pi-

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 9 DISTRITO DA GUARDA

âl

12845

789

1011

1314

Concelhos

Asruiar da BeiraAlmeidaCelorico da BeiraFigueira de Castelo RodrigoFornos de AlgodresGouveiaGuardaManteigasMedaPinhelSabugalSeiaTrancosoVila Nova de Foz Côa

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

••

••

••

. .

1931/40

••

••

+ 966

••

+ 966

••

1941/50

••

••

••

#

••

1951/60

••

••

••

••

• •

#

••

1921/30

— 629— 1340— 1465— 1334— 502—. 1578—• 3 238— 153— 537— 1284— 2109—. 3 031— 2195— 580

—19 975

—19 975

Repulsão

1931/40

— 798— 793

1039— 640— 678— 645— 800— 12

— 512— 129—. 3110— 716— 225

—10 097

— 9131

1941/pO

_ 777— 1250—. 2 028— 975— 1133—. 2 105—. 2 387— 315—. 3 335— 1513— 4 661— 3 435— 1627— 1540

—27 081

—27 081

1951/60

— 1670— 3 708— 423a— 2 977— 2 748"— 4 716.—• 8 407— 921— 2 998— 4 73S—11199— 5 873— 5 092— 3 219

—62 499

—62 499

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nhel reunidas e, ao qtiè ftòs consta, muita mais virá a perder nodecorrente decénio.

A finalizar, anotaremos apenas que Pinhel se mantém cida-de u , com os seus 2 mil habitantes, ao mesmo passo que vinte e um«centros urbanos» são quando muito vilas — algumas de criaçãobem recente—, jamais cidades. Destes, quinze «centros» têm entre10 e 20 mil habitantes, um entre 20 e 30 mil, quatro entre 30 e 40mil e um, Vila Nova de Gaia, contava mesmo 46 298 presenças aofindar de 1960 — mais que Setúbal e Braga, isolados, pouco menosque Coimbra. Muitos deles, não todos, porém, nas vizinhanças maisou menos mediatas de Lisboa e Porto, os dois mais importantes«centros urbanos» da Metrópole, e de Portugal.

10. Distrito de Leiria

O distrito algo industrializado de Leiria (particularmente nafaixa litorânea) regista atracção populacional em Caldas da Rainha(1921-50), Marinha Grande (1931-60), Peniche (1921-30 e 1941--50), Bombarral e Leiria (1931-40) e Nazaré (1941-50). Concelhoalgum, aliás, do interior.

O processo de expansão demográfica à custa de populaçõesnão-naturais dos respectivos concelhos afirma-se assim algo difuso,mas não tem deixado de marcar presença em todos os decénios.Parece tender porém ao desaparecimento, pois outro não é o sen-tido que pode extrair-se da análise dos valores do quociente atrac-ção/repulsão :

Decénios

3921-301.931-401941->50msi-60

Totais

Atracção

+ 13<87+ 1548+ 1888+ 609

+ 5 43£

Repulsão

—112 228— 8 220—14 011— 39 8i93

— 74 3i52

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,110,190,130,K>2

0,07

Duas cidades se contam no interior das suas fronteiras admi-nistrativas: Caldas da Rainha (10 524 habitantes em 1960) e Lei-ria (8587 habitantes em igual data). Mas Peniche a ambas sobre-leva, pois que ultrapassa os 11 mil habitantes aquando da reali-zação do X Recenseamento Geral da População, muito embora se

n Por ninguém se ter dado ao trabalho, ou ganho coragem para ofazer, de revogar o foral concedido em tempos passados.

ese

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 10 DISTRITO DE LEIRIA

k%

1

3456789

10111°,13141516

Concelhos

AlcobaçaAlvaiázereAnsiãoBatalhaBombarralCaldas da RainhaCastanheira de PêraFigueiró dos VinhosLeiriaMarinha GrandeNazaréÓbidosPedrogão GrandePenichePombalPorto de Mós

TotaisVariação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

• •

+ 232

••

+ 1155

+ 1387

••

1931/40

• •

+ 481+ 524

+ 278+ 265

+ 1548+ 6

••

1941/50

• •

+ 574

+ 784+ 267

+ 263

+ 1 888

••

1951/60

+ 609

+ 609+ 14

1921/30

— 870—. 1293—. 790—. 581

589

— 263— 710— 1779— 321- . 1217—. 833— 459

—. 2 368— 155

—12 228

—10 841

Repulsão

1931/40

— 127— 779— 795—. 414

- . 432— 758

•— 149— 676— 715—1090—1 640— 645

—8 220

—6 666

1941/50

— 297- . 1380— 950- . 778—. 220

- . 494— 1156— 2 554

— 363- . 1 033

— 3 982- . 804

—14 011— 6

—12 129

1951/60

— 1712- . 2 267

. 2 568— 1428— 1876:—. 3 677— 927— 1563— 6 602:

— 1324—. 1694— 1045

- • 9 121- . 1870

—39 893

—39 270

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trate de vila que, da pesca è para á pesca, aínjda hoje fundamental-mente vive.

Comparadas as evoluções demográficas citadinas com os sal-dos finais das migrações humanas no distrito:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Total

Repulsãodo distrito

— 10 841— 6606— 12 129— 39 270

— 68 906

Anos

1920193019401050

1960

População presente de:Leiria Caldas da Rainha

4 92961477 2087031

8 587

6 8371W9

8 65E10183

10524

se reconhece a importância das repulsões e o súbito agravamentoque experimentaram, ao duplicar e mais que triplicar, OSÍ valoresafectos à corrente rústico-urbana ou projectados na emigração.

No total das repulsões caberiam os efectivos populacionais de6,5 cidades como Caldas da Rainha ou 8 como Leiria — apesar daexistência dos centros de atracção litorâneos e das favoráveis pers-pectivas de desenvolvimento económico que oferece boa parte doterritório leiriense.

11. Distrito de Lisboa

Panorama ao invés dos anteriores faculta o quadro do distritode Lisboa a respeito dos movimentos migratórios da população por-tuguesa: as contas do balanço saldam-se em todos os decénios porvalores positivos de atracção.

Eram maioria os concelhos com saldo líquido positivo nos de-cénios 1921-30 e 1931-40; mas de oito passaram a sete em 1941-50e reduziram-se a cinco em 1951-60. O próprio distrito de Lisboanão escapa assim a um fenómeno geral de perda do poder deatracção que se estende a toda a terra portuguesa e do qual so-mente tira proveito, em termos demográficos, o estrangeiro. Muitoantes de «a livre circulação dos trabalhadores» na Europa ser umfacto...

Diminui o volume da população atraída, acresce o da repe-lida:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Atracção

+ 130 962+ 144 957+ 13(7 886+ 131236

Repulsão

— 3 527— 6 324— 6 881— 39 414

Valor do quocienteatracção/repulsão

i37,1302,9220,04

3,33

Totais +545 041 —56146 9,71

§88

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 11

f|

123456789

1011121314

Concelhos

AlenquerArruda dos Vinhos .AzambujaCadavalCascaisLisboaLouresLourinhãMafraOeirasSintraSobral de Monte Agraço ...Torres VedrasVila Franca de Xira

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/3(1

• •

+ 1168? 2

+ 4 867+ 108 448+ 2 0953

+ 8 977+ 5 287+ 120

? 4

+ 130 962

+ 127 435

1931/40

••

+ 12

+ 6189+ 120 686+ 4 369+ 167

+ 7 739+ 4 658

+ 1137

+ 144 957

+ 259

+138 892

1941/50

• •

+ 664

+ 8 809+ 86103+ 13 219

+ 13 061+ 13 055

+ 2 985

+ 137 886

+ 130 949

1951/60

• •

+ 14 827

+ 49 065

+ 40174+ 19 746

+ 7 424

+ 131236

+ 252

+ 92 074

DISTRITO DE LISBOAu

Repulsão

1921/30

—10991

— 511

7 *

— 746— 784

— 3877 4

—3 527

••

1931/40

—1584— 522

— 681

— 574

— 361—2 602

—6 324

••

1941/50

—1085— 791

— 470

—1095— 400

— 587—2 453

—6 881

— 56

••

1951/60

— 1295— 517— 1 054— 975

—26 255

— 2 331— 3 047

— llfr— 3 820

—39 414

1 Corresponde a Alenquer4-Cadaval.9 Engrlobado em Alenquer,8 Corresponde a Loures+Vila Franca de Xira.4 Englobado em Loures.

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fazendo baixar o valor do quociente atracção/repulsão. Mantêm-sôeste, contudo, sempre superior à unidade, a querer significar quea expansão demográfica no distrito de Lisboa vive em grande partedo contributo que lhe trazem os migrantes de outros distritos doContinente.

A cidade de Lisboa é o grande pólo de atracção das massaspopulacionais em êxodo rural. O urbanismo parece ter saturado,porém, de gente o território —ou talvez que a especulação dosvalores dos terrenos e das rendas das casas, e as limitações ao fo-mento de habitações económicas o expliquem melhor—e não so-mente se anula como inverte, no mais recente decénio, o sentidodos movimentos migratórios que tradicionalmente procuravam acapital como «terra de promissão».

Lisboa, passa a repelir, assim, os seus residentes, sem por estefacto deixar de crescer em população — não tanta, porém, quantoos saldos fisiológicos respectivos.

Em contrapartida, os concelhos limítrofes do estuário doTejo, em uma e outra bandas, atraem-nos e a outros, e fixam-nosno interior de suas fronteiras geográficas; surge, arrabaldina, todauma constelação de «centros urbanos» maiores que cidades e ca-pitais de distrito — no distrito de Lisboa, Amadora (36 319 habi-tantes em 1960), Moscavide (21825 hab.), Queluz (14 833 hab.),Algés (14 353 hab.) e Cascais (10 935 hab.); na Outra Banda,Almada (30 521 hab.), Barreiro (30 077 hab.), Montijo (18 078hab.), Cova da Piedade (15 448 hab.) e Baixa da Banheira (12 367hab.).

O resultado final da atracção do distrito expressa-se de certomodo no crescimento populacional da cidade de Lisboa, única nareferida unidade administrativa:

Decénios

19.21-3»1931-401941-501951-60

Total

Atracçãodo distrito

1-12,7 4,3:5+ 1,38 892+ 180 949+ 9(2 074

+ 489 350

Ancs

1920193019401950

1960

População presentede Lisboa

436 372594 390709 179790 434

817 326

Na quarentena decorrente desde 1920, a atracção demográficano distrito de Lisboa exprime-se por um resultado que é 1,6 vezessuperior ao da população da cidade do Porto, 9,8 à de Coimbra,11,1 à de Setúbal, 11,5 à de Braga, 19,7 à de Évora, 25,6 à deFaro, 28,2 à de Viseu, 28,3 à de Santarém, 30 à de Aveiro, 31 àde Beja, 32 à de Castelo Branco, 34 à de Viana do Castelo, 44 à de

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Portalegre, 4& à de Vila Real, 52 à da Guarda, 57 à de Leiria e60 à de Bragança.

12. Distrito de Portalegre

A inversão no sentido povoamento-despovoamento verificou-seno distrito de Portalegre anteriormente a 1920.

Desta feita, se, como afirma BURDET, «O balanço entre o nú-mero de imigrantes e o de emigrados é geralmente indicativo dasituação de emprego no território estudado» 12 e esta, função dasituação e conjuntura económicas, pode pensar-se que lÉvora tenhasido, dos distritos alentejanos, aquele onde a crise das estruturasagrárias produtivas13 se afirmou mais recentemente.

O êxodo das populações rurais cresce rapidamente14, a atrac-ção regional em breve se extingue e o quociente atracção/repulsãoconduz a valores nulos, no distrito de Portalegre, a partir de1941-50:

Detemos

1921.-301931-401941-0O1961-60

Totais

Atracção

+ 1123+ 635

••

+ 1758

Repulsão

— 4 465— 2 952— 7 3®4— 28 688

— 43 4)89

Valor do quocienteatracção/repulsão

0r250,22

. .

0.04

No último decénio o distrito assistiu à partida de uma popula-ção que ultrapassa largamente, mesmo tendo em conta quaisqueralterações aos limites citadinos, a das cidades de Portalegre, ca-pital, e Eivas, a mais povoada, reunidas:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Total

Repulsãodo distrito

— 3 342— 2 317— 7 384— 2)8 688

— 41 731

Anos

1920193019401950

1960

PopulaçãoPortalegre

9 84211 00512 04610 48'6

11073

presente de:Eivas

1174712 41811127210 74«

11672

12 BURDET, R.— «L'analyse des unités rurales», in Connaitre unepopulation rurale, p. 33. Librairie Économie et Humanisme. Paris, 1957.

13 Pouco mais existia, e ainda hoje existe, que agricultura e minasno conjunto das actividades económicas distritais.

14 «Quem diria, há pouco anos, que o alentejano seria capaz de partir,e partir da forma como o faz actualmente?» — foi pergunta levantada pornós em «População, mão-de-obra e envoresro no limiar do Plano de Reíra doAlentejo», conferência a ser publicada brevemente no Boletim da Ordemdo§ Engenheiros,

5.41

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 12 DISTRITO DE PORTALEGRE

Concelhos

Atracção

1921/30 1331/40 1941/50 1951/60

Repulsão

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

3456789

101112131415

Alter do Chão ..ArronchesAvisCampo Maior ..Castelo de VideCratoEivasFronteiraGaviãoMarvãoMonforteNisaPonte de SorPortalegreSousel

+

+

486 2

225130

+

11248

4067 4

+ 203

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

+ 1123 635

— 787v

— 978

— 78i2— 351

— 110

— 105

— 540

— 748

— 64

— 113

156176

38853098

3584b7681

— 882— 462— 442— (76— 567— 304—1473— 369— 551— 247— 364— 866—. 15— 27— 749

1693896

102)3. 871

986? *3 42014662 027125317393 5523 3094 371 •2 082

[465 —2 952 —7 384

342 —2 317

—28 688

—7 384 —28 688

1 Englobado em Campo Maior,2 Corresponde a Arron£hes+Campo Maior,3 Corresponde a Alter do Chão+Fronteira+Sousel.

4 Englobado em Alter do Chão.5 Ençiobado em Portalegre.e Corresponde a Crato+Portalegre.

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13. Distrito do Porto

Por forma semelhante, mas sem revestir expressão tão vin-cada como em Lisboa, o distrito do Porto apresenta apreciável nú-mero d<* concelhos atraintes de população: Porto, Valongo e SantoTirso até meados do século, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maiae Gondomar a manterem-se ainda, os dois últimos havendo iniciadoo processo a partir, somente, de 1930.

í: a imediata periferia do concelho do Porto —agora que acapital do Norte entrou de repelir, também, parte dos saldos fi-siológicos experimentados no decénio — a directa beneficiária dopoder de atracção aí desenvolvido. A cidade, sem deixar de popula-cionalmente crescer, cede o passo e alguma da sua gente à zonacircunvizinha.

As populações repelidas dos restantes concelhos — ou de outrosdistritos que, para os devidos efeitos, as substituíssem — encontra-vam inicialmente no distrito do Porto postos de trabalho e espaçosvazios a preencher. No último decénio já assim, porém, não su-cedeu :

Decénios Atracção Repulsão Valor do quocienteatracção /repulsão

1921-30 + 33 733 — 23179 1,461931-40 + 414 825 — 20 502 2,191941-50 + 27 229 — 22 876 1,191951-60 + 17 560 — 64 294 0,27

Totais +1123 347 —130 851 0,94

e a repulsão, tendo excedido largamente as possibilidades de atrac-ção distritais, conduziu a valores de quociente inferiores à unidadee a saldos líquidos finais acentuadamente negativos.

Porto e Penafiel são as únicas localidades do distrito comforal de cidade, registando, lado a lado à atracção e repulsãopopulacionais, a seguinte evolução demográfica;

Decénios Atracção e repulsão Anos População presente de:do distrito Porto Penafiel

1921-30 + 1 0 #54 1920 203 091 5 7701931-4& +125 867 1930 232.280 5 6821941-50 + 2 811 1940 262,309 4 18611951-60 — 4 6 640 1950 284 842 4 372;

Total — 7 408 1960 305 4415 4 417

O êxodo das populações distritais no passado decénio é assim10,5 vezfts superior aos efectivos demográficos da cidade de Pe-

543

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QUADRO 13

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

DISTRITO DO PORTO

123456789

1011121314 !151617

Concelhos

AmaranteBaiãoFelgueirasGondomarLousadaMaiaMarco de CanavesesMatosinhosPaços de Ferreira ..ParedesPenafielPortoPóvoa de Varzim ....Santo TirsoValongoVila do CondeVila Nova de Gaia ...

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 8 607

+ 20 725

+ 75

+ 4 326

+ 33 733

+ 10 554

1931/40

+ 3 685

+ 2 242

+ 6 033

+ 23 913

+ 1117+ 2 440

+ 5 395

+ 44 825

+ 1544

1941/50

+ 1704

+ 2 583

+ 5 106

+ 12 094

+ 772+ 1338

+ 3 632

+ 27 229

+ 25 867 + 2 811

1951/60

+ 1314

+ 2 899

+ 5 677

+ 7 670

+ 17 560

+ 94

Repulsão

1921/30

2 5762 6132 484

309185910293 251

7022 3842 380

748222

1931/40

— 3 689—. 2 499— 1690

— 1465

— 3 044

— 953— 1247— 2 992

—. 2 234

— 2 622 — 689

—23 179 —20 502

1941/50

— 3 639— 3 360— 1776

— 1730

— 4 454

— 1011— 1437— 3 687

— 346

— 1436

-22 876

- 1542

1951/60

- 6 344-. 5 697- 3 482

- 3 678

- 7 447

. 308

. 3 068•* 7143

-16 046- 5 030. 2 195

90* 3 766

—64 294

—46 640

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nafiel e excede os de Valbom, Ermesinde, Gondomar e Vila doConde reunidos; ultrapassa inclusive os das simples vilas, na ex-pressão administrativa, de Matosinhos e Gaia que, com os seus37 515 e 46 298 habitantes, respectivamente, são bem mais popu-losos que Penafiel-cidade, e muitas outras.

fiT Distrito do SantarémNumerosas terras do distrito de Santarém assistiram a povoa-

mento ou colonização relativamente recentes, de que estarão porcerto lembrados muitos dos mais antigos naturais que nelas secontêm. Outro não deverá ser o significado a extrair dos nume-rosos valores creditados às colunas da atracção do quadro junto.

Os valores, reduzidos na sua expressão numérica, geografica-mente dispersos na sua correspondência espacial, e desirmanadosno tempo algumas vezes, documentam não se tratar da constitui-ção e empolamento de verdadeiros pólos de desenvolvimento, masantes de uma zona suficientemente vasta que parece despertar parao desenvolvimento económico-social e terá no vale do Tejo a suamais fiel concretização. À cidade contra o campo opõe-se aqui o«campo» contra a «charneca», ou contra a «serra».

Mas dominando estas na sua expressão territorial e no dacobertura demográfica que as preenche, não se estranhará que so-brem as repulsões e se minimizem as atracções numa evoluçãocomparada dos fenómenos migratórios:

Decénios

1921-301931-401941-501951-00

Totais

Atracção

+ 2 607+ 4 766+ 1465+ 1762

+10 600

Repulsão

— 9 084— 8 708—15 353— 38 2-59

— '71404

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,290,550,100,05

0,15

As perdas sofridas pelo distrito podem confrontar-se com osvalores das presenças humanas nas três cidades do Ribatejo: San-tarém, Tomar e Abrantes, ainda que se aceitem com certas reser-vas de licitude de comparabilidade, os valores de população atri-buídos a algumas cidades ao longo dos anos:

Repulsão População presente de:Decénios do distrito Anos Santarém Tomar Abrantes

1921-30 — 6 477 1920 10 024 7 99,3 7 2U51931-40 — 3 942 1930 12106 9 730 8 8811941-50 —13 888 1940 11785 7 952 41701951-00 — 36 49f7 1950 H3182 8 063 3 460

Total —60 804 1960 17 276 8'994 4104

545

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O*

QUADRO 14

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM) DISTRITO DE SANTARÉM

fffc'1

l234o

789

101112131415161718192021

Concelhos

AbrantesAlcanenaAlmeirimAlniarcaBenaventeCartaxoChamuscaConstânciaCorucheEntroncamentoFerreira do ZêzereGolegãMaçãoRio MaiorSalvaterra de MacrosSantarémSardoalTomarTorres NovasVila Nova da Barquinha ...Vila Nova de Ourem

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 998

+ 643? 2

+ 447

+ 168+ 130

t 4

+ 221

? 4

+ 2 607

••

1931/40

+ 217+ 129

+ 113

+ 513

+ 332+2 235

+ 303

+ 393

+ 531

+4 766

1941/50

+ 60

+ 103+ 78

••

+ 729

+ 120

+ 375

+ 1465

••

1951/60

••

+ 952

+ 635

+ 26

+ 149

+ 1762

••

Rqpulsâo

1921/30

? 2

-* 298— 112 »

? 4

—1163

-~ 634— 225-^ 321— 866 5

— 625—2 090— 236 6

—2 514

—9 084

—6 477

1931/40

— 314

— 710

— 589

— 205

—1427

—1335— 280— 345

— 868— 402—1287

— 946

—8 708

—3 942

1941/50

— 1449— 425

— 41

— 437— 196— 1190— 236— 1053— 924— 953

— 525

— 732— 1582— 2 794

— 2 816

—15 353

—13 888

1951/60

— 2 483— 1030— 792— 43-^ 973—. 178— 1409

— 2 469

— 3 065

-^ 4 570— 1232—i 9 2 7— 3 294—. 938— 4 085— 5 163

-* 5 608

—38 259

—36 4971 Englobado em Santarém.a Englobado em Chamusca.

3 Coi responde a Alpiarça+Chamusca4 Englobado em Torres Novas.

'Corresponde a Alcanena+Santarém.6 Corresponde a Entroncamento-!-Torres Novas+Vila N<«va

da Barquinha.

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Uma perda líquida para o distrito de 60 804 habitantes entreos anos de 1920 e de 1960 significa, em termos de demografia ci-tadina do Ribatejo, 3,5 cidades como Santarém, 6,8 como Tomarou 15 como Abrantes.

15. Distrito de Setúbal

Distrito algum apresenta panorama de tão generalizada atrac-ção como o do Setúbal: onze concelhos em 1921-30, oito em 1931-40,dez em 1941-50 e presumivelmente oito em 1951-60, num total detreze, são números que ultrapassam os já referidos ou os que futu-ramente se apresentam.

A população correspondente a tais atracções foi terceira entretodas as dos distritos do Continente até 1940 e, havendo ultrapas-sado a do Porto, cotou-se segunda desde então. Os concelhos de che-gada situam-na na Outra Banda, fronteiros à Capital, e a eles sejuntavam de início alguns baixo-alentejanos que conheceram rela-tiva intensificação ou melhor aproveitamento agrícola dos terrenos,bem como os de Sines (1931-40), Setúbal (1921-30 e 1941-50) eSesimbra (1941-60) abertos ao mar e neles exercenido apreciávelactividade piscatória (conjugada ou não com a conserveira, eoutras).

Na quarentena que vem sendo objecto de análise, o confrontoentre a atracção e a repulsão populacionais conduz aos resultadosseguintes:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 18 '53.1+ 12 223+ 31659+ 38167

+ 100 5180

Repulsão

— 998— 7 717— 5 051— 17 536

— 31897

Valor do quocienteatracção/repulsão

18,661;505,602,18

3,15

Identicamente ao caso do distrito de Lisboa, que em últimaanálise o determina, jamais deixa a atracção nos concelhos deSetúbal de exceder a repulsão experimentada pelos demais. Nãotêm similar os distritos de Lisboa e de Setúbal.

Setúbal é a única cidade, mas voltados ao Tejo ficam os «cen-tros urbanos» de Almada (30 521 indivíduos presentes em 1960),do Barreiro (30 077 hab.), do Montijo (18 078 hab.), Cova da Pie-dade (15 448 hab.) e Baixa da Banheira (12 367 hab.)—qualquerdeles excedendo, em número de presenças, cinco capitais de dis-trito (Almada ultrapassa mesmo treze), e restando além de, pelomenos, dezassete povoações beneficiadas com o foral de cidade.

U?

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00

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 15

1

345

7

910111213

Alcácer do SalAlcocheteAlmadaBarreiro ...,GrândolaMoitaMontijoPalmeiaSantiago do CacemSeixalSesimbraSetúbalSines

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

+ 2 594

+ 808+ 2 983+ 29+ 859+ 1135

? í

+ 1965+ 28

+ 6 914 2+ 1216

+ 18 531

+ 17 538

1931/40

+ 729

+ 3 421+ 2 614+ 711+ 1644+ 1441

+ 1 646

+ 17

+ 12 223

+ 672

+ 5178

1941/50

+ 1001+ 12 286+ 1294+ 631+ 5 636+ 6108+ 612

+ 2 348+ 6+ 1 737

+ 31659

+ 174

+26 182

1951/60

+ 802+21427+ 3 335

+ 7 723+ 280 *

7 4

+ 4 034+ 566

+ 38167

+ 220

+20 851

DISTRITO DE SETÚBAL

Repulsão

1921/30

— 506

? 1

— 487

— 993

••

1931/40

— 412

— 922— 340

—1733—4 310

—7 717

••

1941/50

—4 040

—1299

— 312

—5 651

••

1951/60

— 4 015

— 2 742

? *- ^ 6 337

— 2 812— 1630

—17 536

••

1 Englobado em Setúbal.2 Corresponde a Palmeia+Setúbal.

3 Corresponde a Montijo+Palmeia.4 Englobado em Montijo.

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Os movimentos migratórios conduzem aos seguintes valoresdecenais de atracção:

Decénios

19121-301931-401941-501951-60

Atracçãodo distrito

+ 17 58$

+ 5178+26 182+20 8&1

Anos

1020193(019401950

População presentede Setúbal

37 07446 39837 07144 030

Total +69 749 l#60 44177

que perfazem, arredondando, 70 mil almas entre os anos de 1920e de 1960.

16. Distrito de Viana do Castelo

Apenas o concelho de Ponte da Barca regista, e no primeirodecénio da análise, um saldo líquido positivo de umas escassas cen-tenas de indivíduos. O Alto Minho é terra de fuga, região de aban-dono, como se maldição houvera descido sobre os seus lares ao terdos filhos.

O valor do quociente atracção/repulsão, que de algum modomede as possibilidades de fixação regional dos migrantes:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Atracção

+ 3 9 8

., #

••

Repulsão

—13 460— 113Ô&— 15 257— 36 146

Valor do quocienteatracção/repulsão

0,03

••

Totais +398 —76256 0,01

e no conjunto dos decénios interessou pouco mais de 0,5 % dospopulares em debandada, denota a flagrante impossibilidade, noactual ritmo de crescimento económico, de responder ao apelo dequantos procuram pela primeira vez empregar-se ou sentem desejosde converter a profissão.

Do confronto entre a repulsão final do distrito e a evoluçãodemográfica da «princesa do Lima», única cidade e «centro ur-bano» do distrito:

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QUADRO 16

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

DISTRITO DE VIANA DO CASTELO

•§§

1?,345

789

xo

Vari

Concelhos

Arcos de ValdevezCaminhaMelgaçoMonçãoParedes de CouraPonte da BarcaPonte de LimaValençaViana do CasteloVila Nova de Cerveira

Totais

ação da população embarcada

Distrito

Atracção

1921/30

••

+ 398

••

+ 398

••

1931/40

• •

••

+ 50

••

1941/50

• •

• •

+ 141

••

1951/60

••

••

••

••

Repulsão

1921/30

— 2 694— 656— 795— 2 661— 133

— 3 547— 528— 2 324— 122

—13 460

—13 062

1931/43

— 1296— 1444

— 111— 62—. 1879—. 1428— 2 464— 724—i 832— 1153

—11 393

—11 343

1941/50

— 2 898— 454— 1284— 1576— 1 295— 639— 3 008—. 1224— 2 369— 510

—15 257

—15 116

19&1/60

— 5 534— 2 104—* 1608— 3 920—. 3 042— 2 832— 7 536— 2 199— 5 339— 2 032

—36 146

— 109

—36 255

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Repulsãodo distrito

—13 062—11 343—15 116— 36 255

Anos

1920193019401950

População presentede Viana do Castelo

10 70411 8)1913 26314 1(31

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Total —75 776 1960 14 481

se concluirá que em terras de Viana, com a população perdida dodistrito entre 1920 e 1960, se poderiam ter constituído 5,2 cidadesda grandeza da actual sede distrital, das quais duas —ou poucomenos— se haveriam de creditar unicamente à conta do decénio1951-60.

17. Distrito de Vila Real

Semelhantemente ao fronteiriço distrito de Bragança, tambémo de Vila Real regista nas colunas da atracção, em 1931-40, umapreciável número de valores a preencher os espaços e a deter-minar, no final, saldo líquido positivo para o distrito. Por diver-girem acentuadamente as parcelas e o resultado final dos valoreslimítrofes (1921-30 e 1941-50), não teremos dúvidas em assinalá--los como anormais e a justificar idênticos efeitos por causas seme-lhantes às de Bragança.

Apenas Montalegre persiste como concelho de atracção no de-cénio seguinte.

Dos valores em confronto da atracção e repulsão populacio-nais:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção

+ 67+ 3195-•"1560

••

+4 822

Repulsão

—16 301— 2 765— 1485S— 48 501

— 82 425

Valor do quocienteatracção /repulsão

0,001,160,11

••

0.06

se anota o anulamento do quociente a partir de meados deste século.Cresce espectacularmente o volume das repulsões, depois que a

região despertou para o apelo idos grandes centros ou até ela chegoua sedução do estrangeiro:

5S1

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 17 DISTRITO DE VILA REAL

Concelhos

Atracção

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

Repulsão

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

12345G789

1011121314

AlijóBoticasChavesMesão Frio .Mondim de BastoMontalegreMurçaPeso da RéguaRibeira de PenaSabrosaSanta Marta de PenaguiãoValpaçosVila Pouca de AguiarVila Real

+ 67

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

+ 67

+ 1040

+ 908+ 124+ 120

+ 251

+ 752

+ 1560

+ 3195

— 755— 2185— 462—. 521— 1746— 317—. 2 256— 324—. 1421— 357•— 6 0 9

— 2 011— 3 337

+ 1560 —16 301

+ 430 —16 234

10859

55769

10679

740543

1494419343

1254629

5861697183713392 098

388762

2 012

4 004804

6 2102 01415262 28318045 0812 2723 3763 1025 8583 3805 787

— 2 765 —14 858 —48 501

—13 298 —48 501

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Decénios Atracção e repulsão Anos População presente de:do distrito Vila Real Chaves

1921-30 —16 284 1920 6 258 6 8421931-40 -!* 4310 1930 6 60!2 7 8621941-50 —13 298 1940 7 980 18 8221951-60 —48 501 1950 9 323 11242

Total —77 603 1960 10 741 13 375

Bem se poderá dizer, no entanto, a respeito das partidas, que«ainda agora a procissão vai no adro»...

Contudo, quarenta e oito mil ausentes no decénio que fechoucom 1960 são já o dobro das gentes que se contavam, ao tempo,nas cidades de Vila Real e de Chaves agregadas, esta última aliásmais populosa que a sede distrital.

18. Distrito de Viseu

Viseu é o único concelho do distrito onde as entradas de popula-ção superaram em um decénio (1931-40) as saídas. Nisto se iden-tifica com Viana do Castelo, Guarda e Castelo Branco, muito em-bora nestes não sejam as capitais de distrito as directas benefi-ciárias da atracção.

O êxodo das populações, se não alcança aqui os máximos va-lores concelhios, assume no entanto o maior de todos os dos dis-tritos continentais e parece querer, ultimamente, duplicar de decé-nio para decénio:

Decénios

19-21-301931-401941-501951-610

Totais

Atracção

4-887

••

+ 887

Repulsão

— 29116— 23 042— 89 408— 76 710

— 168 276

Valor do quocienteatracção/repulsão

. .0,04

••

0,01

A atracção que o concelho de Viseu exerceu no decénio 1931-40pouco mais representa que 0,5 % da repulsão total do distrito noperíodo 1921-60. Os saldos líquidos que assim se escaparam:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Total

Repulsãodo distrito

— 29116— 22155— 39 408— 76 710

—167 889

Anos

1920193019401960

1960

PopulaçãoVisem

8 2619 471

13 49913 099

17 365

presente de:Lamego

91069 6615

106987S8O

7 210

555

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QUADRO

Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM) DISTRITO DE VISEU

ConcelhosAtracção

1921/30 1331/40 1941/50 1951/60

Repulsão

1921/30 1931/40 1941/50 1951/60

123456789

101112131415161718192021222324

ArmamarCarregai do SalCastro DaireCinfãesLamegoMangualdeMoimenta da Beira ...MortáguaNelasOliveira de Frades ...Penalva do Castelo ...PenedonoResendeSanta Comba Dão ...S. João da PesqueiraS. Pedro do SulSátãoSernancelheTabuaçoTaroucaTondelaVila Nova de PaivaViseuVouzela

887

Totais

Variação da população embarcada

Distrito

887

35102512592 5332 32918172 208598

1079773

1564294

2 809116136

119113101465440

1020779606

19561774

— 590— 63— 1860— 3 477— 1480-̂ 940— 549— 531— 619— 1050— 1207— 161— 2186-. 1152— 533— 2 404— 1555— 503— 519-̂ 815—. 156— 284

-̂ 408

6931923155731615 35317771508

6401065

9591476

4493 896

7491004160111551304

962989

2184334

2 9891680

— 29 116 — 23 042 —. 39 408

3O012 2565 3336 7536 4934 4632 4661478146315013 06216104 6422O2016603 38331892 099

2 6084 58115857 5232 355

— 76 700

— 29 116 — 22 155 .—. 39 408 — 76 710

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e perfazem a população de meio-Porto, três Coimbra, dez Viveu ouvinte e três Lamego dão bem ideia da intensidade de um fenómenoque tende a desertificar os campos e a concentrar nas cidades, oua impelir para o estrangeiro, massas crescentes da população rural.

2.a PARTE

ANÁLISE À ESCALA NACIONAL

1. Continente: Zonas de repulsão e zonas de atracção

A soma das repulsões líquidas concelhias (ou de conjuntos deconcelhos) perfazem no Continente, para os decénios de 1920 a1960 (Quadro 19), os seguintes totais de indivíduos:

Deicénios

1921-30198.1-401941-501951-00

Repulsões líquidas dos concelhos

226 2)19 indivíduos17S177 »308128 »781875 »

Total 1494 399 »

Espectacular progressão se afirma, das repulsões humanasem terra portuguesa.

Actualizando elementos apresentados15 à II Semana Nacionalde Estudos Rurais, realizada em Coimbra no ano de 1962, se diráque a população repelida se avizinha dos 180 mil indivíduos nodecénio de 1931-40 e não é inferior a 300 mil e a 780 mil nosdois seguintes. Este último número — 780 mil portugueses emfuga dos meios rurais, ou predominantemente rurais, como severá — é assaz impressionante para fase preliminar de uma repul-são ou êxodo que se crê apenas iniciado, a não se corrigirem ascoordenadas geográficas do desenvolvimento económico nacional.

Progressiva intensificação das partidas é a indesmentível con-clusão a extrair dos oficiais números apresentados pelos Recensea-mentos Gerais da População e Anuários Demográficos. Mas se asrepulsões derivam fundamentalmente de «um mal-estar nas regiõesde origem», como afirmou algures o Prof. Castro CALDAS, lògica-

35 SILVA, Alberto Alarcão e — «Êxodo Rural. Migrações e Desenvolvi-mento Regional», in Alguns Problemas do Meio Rural, p. 815-102. S/data.

555

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de concelho — HM)

QUADRO 19

Zo

12

456789

1011

181415161718

Distritos

AveiroBejaBragaBragançaCastelo BrancoCoimbraÉvoraFaroGuardaLeiriaLisboaPortalegrePortoSantarémSetúbalViana do CasteloVila RealViseu

Totais

Variação da população embarcada

Continente

Atracção

1921/30

+ 359+ 9 237+ 1287+ 1011

+ 8 069+ 4 901+ 8 222

+ 1387+ 130 962

+ 33 733+ 2 607+ 18 531+ 398+ 67

+221 894

••

1931/40

+ 2 727+ 2 695+ 4 831+ 2 808+ 3 013+ 6 557+ 4 206+ 1571+ 966+ 1548+ 144 957+ 635+ 44 825+ 4 766+ 12 223

+ 3195+ 887

+242 410

+ 4 542

+ 68 775

1941/50

+ 1679+ 461

+ 7 624+ 1378+ 356

+ 1888

+ 27 229+ 1465+ 31659

+ 1560

+ 213 185

••

1951/60

+ 1185

+ 3 521

+ 609+ 131236

+ 17 560+ 1762+ 38 167

+ 194 040

+ 763

• •

CONTINENTE

Repulsão

1921/30

— 18 557— 2 294— 19 621—* 11472— 11154—< 15 910— 1941-^ 12 942—. 19 975— 12 228— 3 527— 4 465— 23 179— 9 084— 993—« 13 460

. 16 301— 29 116

—226 219

— 4 325

1931/40

— 14 051— 4130— 9 397— 1652— 9 311— 17 112— 4178— 16 626— 10 097— 8 220— 6 324— 2 952—. 20 502— 8 708— 7 717— 11393— 2 765— 23 042

—178 177

••

1941/50

— 16 740— 18150— 23 764—t 15 262— 18 528— 20 709—. 10 532—• 15 683— 27 081— 14 011— 6 881— 7 384— 22 876— 15 353— 5 651— 15 257— 14 858— 39 408

— 308 128

— 2 153

— 97 096

1951/60

— 37 681—• 46 480-^ 65 921— 37 999— 45 960— 37 785— 23 036—- 35 073— 62 499— 39 893—• 39 4 1 4—- 28 688— 64 294— 38 259— 17 536— 36 146— 48 501— 76 710

—781 875

—587 072

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rnente se inferirá por um relativo agravamento das condições deexistência (ou de sobrevivência) no mundo rural português.

As partidas (repulsões líquidas) distribuem-se por cerca de200 a 250 concelhos 1<5, interessando todos os distritos do Conti-nente (Quadro 20). Os caudais dos migrantes, homens e mulheres,são formados como que de gotas que constantemente se desprendemde uma aldeia ou lugar. Mas regiões há em que se atinge elevadaconcentração.

A repulsão das populações é particularmente expressiva nonordeste do País e faz-se em grande parte dos concelhos que mar-ginam os cursos de água, «por cujos vales passam em geral oscaminhos de ferro e as mais importantes estradas nacionais. Poreles correm», como diria o Cónego Manuel FALCÃO, «não só aságuas límpidas das regiões serranas que se mancham ao contactodos aluviões da planície, mas também os caudais humanos quesaem ingénuos e são das aldeias mais remotas e vão sujar-se nosbairros infectos das cidades que lhes ficam na foz» 17.

Mas não é somente ao Nordeste — tradicional alfobre de emi-gração portuguesa para o Brasil e sustentáculo bem valioso do pro-cesso de crescimento urbano da população do Continente — que seficam devendo os altos valores da repulsão. Nos últimos decénios18,quebrado que foi o ancestral isolamento psicológico, cultural, eco-nómico, geográfico ou motivado por falta de meios de transportee vias de comunicação, o próprio Sul aparece tocado, ao Norte eCentro interiores se alarga também; e se tivermos em conta quea população é aí menos densa, não surpreende que possam resultaridênticas ou muito semelhantes as taxas de repulsão.

É, parafraseando J.-F. GRAVIER19, O começo da «desertifica-ção» dos espaços interiores, das regiões montanhosas e de quantasmais não encontram em recursos próprios ou nos favores da polí-tica económica meios de continuar sustendo a população, o que oDestino lhes reserva — se em seu auxílio não vierem «o engenho ea arte» postos ao serviço das economias regionais do País.

À dispersão geográfica das repulsões contrapõe-se certa con-centração das chegadas e dos destinos das atracções.

16 Para efeitos de apuramento e comparabilidade contaram-se, discrimi-nando, os concelhos que compõem conjuntos, atribuindo-se-lhes a característica(atracção ou repulsão) do respectivo somatório,

27 «A evolução demográfica das dioceses de Portugal e os problemaspastorais por ela suscitados»; in Boletim de Informação Pastoral, Ano I,n.° 2, p. 21. Secretariado de Informação Religiosa. Lisboa, Junho-Julho de1959.

18 E particularmente em 1951-60.19 Autor da conhecida obra Paris et le désert français. Paris, Flam-

marion, 1958.

557

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Repartição do número de concelhos de cada distrito segundo o fenómeno migratório das populações

(HM)QUADRO 20

123456789

101112131415161718

Distritos

AveiroBejaBragaBragançaCastelo BrancoCoimbraÉvoraFaroGuarda . . .LeiriaLisboaPortalegrePortoSantarémSetúbalViana do CasteloVila RealViseu

Totais

Continente

Atracção

1921/30

3811

477

28648

ii11

72

1931/40

342612431486798

61

75

1941/60

41

112

47

76

10

1

*

44

13 concelhos (inclui os

1951/60

3

1

15

448

26

CONTINENTE

Repulsão

1921/30

166

1211111369

141469

131329

1324

201

1931/40

1610116

10159

131312

69

10125

108

23

198

J individualizados posteriormente

1941/60

15131312111612141412

71510153

101324

229

a 1900)

1951/50

161413111117131614159

1513175

101424

247

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Efectivamente, o número de concelhos atraintes de popula-ção decaiu do nível dos 70-75 nos decénios 1921-30 e 1931-40 para44 e para 26 em idênticos períodos posteriores (Quadro 20). E seno decénio em que decorreu a Guerra de Espanha e teve princí-pio o grande conflito internacional, apenas o distrito de Viana doCastelo não faculta quadro de atracção, no seguinte são já sete:Viana do Castelo e Braga, Bragança, Viseu e Guarda, CasteloBranco e Portalegre, e elevam-se para onze na década que fechoucom 1960.

No último intercenso apenas a Setúbal, Lisboa e Santarém,Porto e Aveiro e escassamente a Leiria e Bragança correspondemconcelhos com saldo migratório positivo (Quadro 20). Reduz-se onúmero e apaga-se de igual modo o potencial-chamariz de alguns«centros urbanos» e outros aglomerados populacionais que, em pas-sadas épocas, canalizavam em seu proveito parcelas substanciaisdas migrações internas às fronteiras dos respectivos espaços geo--económicos.

Lisboa e Porto, «pólos autónomos de desenvolvimento», afir-mam-se como os mais expressivos catalizadores das atracções expe-rimentadas em terras europeias de PortugaL Em suas «áreas deinfluência» se contam os concelhos que seguidamente se referem eaos quais correspondem os valores registados das polarizações hu-manas (atracções líquidas 20):

ZONA DE ATRACÇÃO DE LISBOA:

a) A norte do Tejo:

Concelhos 1921-30

Lisboa +108 448Oeiras .: + 8 977Loures + 2Q961

Sintra + 6 287Cascais + 4 867Vila Franca

de Xira .. ? *

1931-40

+ 120 686+ 7 739+ 4 369+ 4658+ 6189

1941-50

H 86103f- 1)3 051f- 13 2:19f 13 055H 8 809

1951-60

- 26 2594017449 06151974614 827

Totais

+ 288 978+ 69 941+ 68 748+ 42 746+ 34 602

H- 1137 + 2 98'5 + 7 424 + 11546

Totais + 129 674 + 144 778 + 137 222 + 104 977 + 516 651

1 Corre 3pondo a Loures-I-Vila Franca de Xira.? Englobado »>m Lourefe.

20 Referem-se também as repulsões liquidas* sempre que existentes.

559t

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b) A sul do Tejo:

Concelhos 1921-30 1931-40 1941-50 1951-60 Totais

AlmadaMoitaBarreiroMontijoSeixalAlcochete

+

4-+

+ 3 421 + 12 286 + 21427 + 37 942859

2 9831-H85

28506

++++

16442 61414411646

412

5 636 + 7 728 + 115 8621294 + 3 3'35 + 10 21266108 + 2801 + 8 9642348 + 4 034 + 80561001 + 802 + 8«<5

Totais + 5 307 + 10 354 + 28 673 + 376101 + 81935

Zonade atracçãode LISBOA + 134 981 +155132 +165 895 +142 578 +598 586

1 Corresponde verdadeiramente a Montijo+Palmeia, mas presume-se serem neea-tivos os saldos migratórios do condelho dle Palmeia.

ZONA DE ATRACÇÃO DO PORTO:

a) A norte do Douro:

Concelhos 1921-30 1931-40 1941-50 1951-60 Totais

PortoMatosinhos ..MaiaGondomar ...Valongo

+ 20 725 + 23 913 + 12 094 — 16 046 + 40 686+ 8 607— 1029— 309+ 75

+ 6 033+ 2 242+ 3 685+ 2 440

+ 5106+ 2 583+ 1704+ 1338

+ 5 677 + 25 423+ 2 899 + 6 695+ 1314 + 6 394— 90 + 3 763

Concelhos

Vila Nova deGaia

Espinho

1921-30 1931-40 1941-50 1961-60

+ 4 326 + 5 395 + 3 632516 + 205

Totais + 28 069 + 38 313 + 22 825 — 6 246 + 82 961

h) A sul do Douro:

Totais

+ 7 670 + 21023— 1259 — 538

Totais + 4 326 + 5 911 + 3 837 + 6 411 + 20 485

Zonade atracção _ _ _ _ _ _ _do PORTO + 32 395 + 44 224 + 26 662 + 165 + 103 446

1 Englobado no âo concelho de Feira, ao qual se deve atribuir grande parte— se não a totalidade — do saldo migratório negativo, no valor de 2665 indivíduos.

560

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Se apenas se houvessem considerado os valores das atracçõeslíquidas (e não também os das repulspes, quando existentes) ossomatórios zonais teriam sido os seguintes:

Zonasde atracção

LisboaPorto

1921-30

+ 135 487+ 33 733

1931-40

+ 155 544+ 44 224

1941-50

+ 165 8%+ 26 662

1951-60

+ 168 837+ 17 560

Totais

+ 625 763+ 122 170

1921-30

4,2:11931-40

3,5:11941-50

6,2 : 11951-60

864,1 : 1Total

5,8:1

e a comparação entre as atracções líquidas nas zonas de Lisboa ePorto expressar-se-ia pelos seguintes valores de relação:

Relação das atracções 1921-30 1931-40 1941-50 1951-60 Totalnas zonas de Lisboa e Porto 4,0 : 1 3,5 : 1 6,2 : 1 9,6 : 1 5,1: 1

em vez de se expressar pelos de:

Relação dos saldos migratório®

nas zonas de Lisboa e Porto

entrando em linha de conta com os saldos migratórios finais dasduas zonas.

Lisboa-cidade e os concelhos limítrofes da margem norte doTejo fixaram cerca de 520 mil indivíduos na quarentena 1921-60,ou sejam 13 000 em média por ano, tantos quantos os que com-punham a população da cidade de Chaves em 1960 e bastante maisque os presentes, à mesma data, nas capitais dos distritos de Por-talegre, Vila Real, Guarda, Leiria ou Bragança. Na margem sul,Almada e concelhos vizinhos, de um saldo líquido de 5 mil indiví-duos no período 1921-30, passaram a atrair 10, 30 e 40 mil nosdecénios seguintes, sendo de contar com forte acréscimo demográ-fico à medida que se processe a industrialização da Outra Bandae se torne realidade a ponte sobre o Tejo, em Lisboa.

Na Zona Norte, centrada sobre a sua capital administrativa:o Porto, 05 saldos líquidos dos movimentos de atracção-repulsãoestão em franco declínio, não sendo neste último período inter-censos senão um resíduo do que já foi em passados decénios. Umaestrutura industrial menos diversificada e rica, mais fechada sobreas tradicionais fiação e tecelagem, indústrias de mobiliário, de coi-ros e peles, alimentícias, etc, por certo o explica; mas também con-tribui o facto de não ser cidade administrativamente tão impor-tante como Lisboa, capital da Nação e sede do Governo.

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Evolução da atracção e repulsão populacionais

(Saldos líquidos a nível de distrito —H M)

QUADRO 21

o $

12345f>789

101112131415161718

Distritos

AveiroBeiaBragaBragançaCastelo BrancoCoimbraÉvoraFaroGuardaLeiriaLisboaPortalegrePortoSantarémSetúbalViana do CasteloVila RealViseu

Totais

Continente

Atracção

1921/30

+ 6 943

+ 2 960

+127 435

+ 10 554

+ 17 538

+ 165 430

1931/43

+ 1156

+ 28

+ 138 892

+ 25 867

+ 5 178

+ 430

+ 171551

+ 68 775

1941/50

• •

+130 949

+ 2 811

+ 26182

+ 159 942

••

1951/60

••

+ 92 074

+ 20 851

••

+ 112 925

••

CONTINENTE

Repulsão

1921/30

— 18 198

— 18 334-^ 10 461— 11154— 7 841

— 4 720— 19 975-^ 10 841

— 3 342

— 6 477

— 13 062— 16 234— 29 116

—169 755

— 4 325

1931/40

-^ 10 715— 1428— 4 566

— 6 298— 10 518

— 13 697—. 9131—• 6 666

— 2 317

— 3 942

— 11343

— 22 155

—102 776

••

1941/50

—. 15 348— 17 696—. 23 764— 15 262— 18 528—. 12 967—. 9154— 16 015— 27 081— 12 129

— 7 384

— 13 888

—. 15116— 13 298— 39 408

—257 038

— 97 096

1951/60

— 36 606— 46 480— 65 921-^ 34 478— 45 960—. 37 920—. 23 036—. 34 536— 62 499— 39 270

— 28 688—. 46 640—. 36 497

-— 36 255— 48 501— 76 710

—699 997

—587 072

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Em qualquer das zonas, a abertura de novas vias de comu-nicação e as facilidades concedidas pelos transportes urbanos esuburbanos, conjugadas com a crescente invasão dos centros porestabelecimentos comerciais e hoteleiros, repartições públicas eadministração de empresas, força «alfacinhas» e «tripeiros» a pro-curarem na periferia solução para os problemas habitacionais queos atormentam. Não surpreende assim registarem ultimamente asestatísticas demográficas reduções de população das freguesiascentrais e altos índices de crescimento afirmarem-se nos aglome-rados-satélites que tendem a constelar-se à volta das «urbes» Lis-boa e Porto.

Crescem assim os subúrbios mais do que crescem as cidades,limitadas no seu espaço útil a treparem para as alturas, acaste-lando andares sobre andares; duplicam de população cada dez anosalguns concelhos dos arrabaldes, como o de Loures ultimamente eas migrações trazem-lhes cada decénio mais de 50 % noutros, comoOeiras e Almada. Isto em oposição ao panorama já referido de emmuitos concelhos do Continente tender a desaparecer a sua popula-ção em poucos séculos, se acaso se mantivessem a actuais taxas derepulsão e a natalidade deixasse de compensar os óbitos, como ine-vitavelmente virá a acontecer nesses espaços.

Problemas de alojamento e de circulação, de serviços públicose de abastecimento, de sanidade mental e de defesa da ordempública, de desagregação da vida familiar ou de falta de convívioe educação paternos como os que levantam os «dormitórios» arra-baldinos, de integração social e de elevação moral e espiritual—,eis alguns dos problemas que começa a pôr o urbanismo de Lisboae Porto.

No resto do Continente, não eram mais de 57 os concelhos queafirmavam saldos líquidos positivos do movimento atracção-repul-são nos períodos 1921-30 e 1931-40; reduzidos a 25 no decénioseguinte, não chegaram a alcançar nova metade, restando por 11,no intercenso posteriormente ocorrido. E a preferência pelas re-giões litorais onde o processo de industrialização se instalou e pro-paga, define bem o sentido dos movimentos que tem o Campo pororigem e a Cidade (ou Urbe) industrializada e/ou administrativa-mente importante, por zona de chegada.

Saliente-se mais ainda que esta atracção por parte de unsquantos aglomerados populacionais sensivelmente esparsos quasetodos eles na faixa litoral e podendo constituir, por vezes, interes-santes pólos geradores de induções no espaço económico que osrodeia — nomeadamente em relação às actividades agrícolas — é,desde 1931-40, em cada um dos decénios inferior à que se afirmana zona concentrada norte dos destinos das migrações internas:

568

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Decénios

1921-301931-401943-501951-60

Totais

1921-301931-401941-501051-60

Somatórios dasZona de Lisboa

(Em

+ 135 487+ 1*55 544•*• 165 895+ 168 837

+ 625 673

atracções na: OutrasZona do Porto atracções

. números absolutos)

+ 33 733 ++ 44 224 ++ 26 662 ++ 17 560 +

+ 122179 + :

(Em percentagens)

60647887

1518129

55 42442 64220 628

7 643

126 337

2518104

Totais dasatracções

+ 221 89-4+ 242 410+ 213 185+ 194 040

+ 871 529

100100100100

As indústrias a que é de uso chamar «nobres» e fortementemultiplicadoras de riqueza e empregos: siderurgia, refinação depetróleos e petroquímicas derivadas, adubos, elaboração de pastade papel e papéis, ou a dos minerais não metálicos e as dos me-tais, situam-se predominantemente nas zonas industrializadas deLisboa e Porto ou tendem a procurá-las, se contra elas não forinstaurado o competente processo de descentralização industrial*

A todo o momento importa realizar opções, e uma das que sepõe ao País na época presente é se interessa abandonar à suasorte os diversos espaços regionais ou urge revitalizá-los através,nomeadamente, de uma esclarecida, lúcida política de desenvolvi-mento económico regional.

2. Êxodo das populações rurais

O somatório das repulsões líquidas concelhias que procurámosapresentar o mais pormenorizadamente possível nos Quadros 1 a18 do presente trabalho, conduziu aos seguintes valores decenais derepulsão para o Continente (Quadro 19):

Decénios

1921-301931-401941501951-60

Total

Total das repulsões coneell

226 219 indivíduos178177 »308128 •»781875 >

1494 399 »

56Í

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Vivos — que mortos já lá vão quase o triplo: precisamente4 240 242 almas — terão partido assim do convívio dos seus ouabandonado pelo menos os concelhos de naturalidade ou anteriorresidência, um millmo e meio de portugueses entre os recensea-mentos de 1920 e de 1960.

Tal migração, em que alguns reconhecem aspectos de «autên-tica debandada» e na qual enfileiram predominantemente os rurais,não corresponde rigorosamente ao conceito de êxodo rural.

Em verdade, se quisermos proceder a uma estimativa desseêxodo, haverá que descontar aos valores referidos os que possamreportar-se a populações exclusiva ou predominantemente urbanas.

Das primeiras serão exemplo os casos de Lisboa e Porto, cpmvalores de repulsão no último decénio de 26 259 e de 16 046 indiví-duos respectivamente, como admitimos que pudesse ser também ode S. João da Madeira que antes de meados do decénio deveria terultrapassado os 10 000 habitantes de população presente ou resi-dente—limite que passa a balizar inferiormente, em critério pura-mente demográfico, o mundo urbano 21. Mas como o concelho deS. João da Madeira não faculta um quadro de repulsão, haverá dedescontar-se ao total anteriormente referido os valores das mi-grações, apenas, de Lisboa e Porto.

Outro é o caso dos restantes 40 concelhos em que o mundourbano afirma presença sem interessar, contudo, a totalidadedos efectivos demográficos concelhios. Os movimentos migrató-rios nestes concelhos poderão assumir, à partida, aspectos vin-cadamente rurais ou revestir características de migrações acen-tuadamente urbanas — o seu conhecimento somente inquéritosdirectos o poderá facultar, e estes estão por fazer.

Se admitirmos, porém, que a grandeza relativa das migraçõesurbanas e rurais neles se relaciona com o volume dos respectivosconjuntos na população total —critério que pode ter-se por dis-cutível, mas é o único que, de momento, nos permite avançar nadiscriminação e estimativa das respectivas migrações — , talvezque possamos tomar o limite dos 50 % de população urbana parasepararmos do êxodo rural, repulsões porventura mais caracteris-ticamente citadinas.

Considerando como «população urbana» a dos «centros urba-nos», isto é, toda «a capital de distrito e a localidade qualquer quefosse a sua categoria legal (cidade, vila, etc.) que, na área urbanademarcada pela Câmara Municipal respectiva, contasse 10 000 oumais habitantes» 22, ter-se-á, para os dez concelhos de maioria po-

21 Tal limite, utilizado pela primeira vez no X Recenseamento Geralda População (1960), afigura-se-nos mais consentâneo com a realidade socialportuguesa — tão mal conhecida aliás — do que os anteriores 2O00 habitantesaté então estabelecidos.

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pulacional urbana em 1960 e para o de Évora que a possuíra em1950, o seguinte:

Distritos

AveiroÉvoraFaro

LeiriaLisboaSetúbal

Concelhos

EspinhoÉvoraFaroOlhãoPortimãoPenicheOeirasAlmadaBarreiroMontijoSetúbal

População urbana (%)1950

4064©3525147 «37 ®27756180

1960

&849535250515466875979

A

Repulsão1951-60

— 1259? *

— 24&— 3 930— 1 456— 2 319

. .

— 2 812

descontar

Valoresa descontar

8

? *— 245— 3 930— 1456

s

. .

— 2 812

— 8 443

1 Apurada somente para o conjunto Arraiolos+Évora+Portei+Redondo.2 A população presente ou residente do(s) centro(s) urbano(s) conce-

lhio (s) não alcançava, em 1950, os 10O00 habitantes. Razões análogas àsapresentadas para o concelho de S. João da Madeira levaram-nos a consi-derar os casos de Peniche e de Oeiras no rol dos possíveis concelhos «urbanos».

3 Não foram consideradas para o total as repulsões dos concelhos deEspinho e de Peniche por as médias aritméticas das percentagens de popula-ção urbana serem inferiores a 50 %.

Descontando ao total das repulsões concelhias (1951-60) ossaldos migratórios dos concelhos de Lisboa e Porto e o valor agoradeterminado:

Total das repulsões concelhias (1951-60) 781875Repulsão no concelho de Lisboa —26 259Repulsão no concelho do Porto —16046Repulsão em concelhos predominantemente urbanos ... — 8 443

Êxodo rural (19*51-60) 731127

ter-se-á cerca de 730 mil rurais em êxodo declarado de suas terrasnatais ou das que se lhes tornaram locais de presença ou residên-cia habitual, no decénio 1951-60.

Identicamente para o período anterior (decénio 1941-50), enão esquecendo que a partir de então os concelhos de Lisboa edo Porto deixaram de apresentar saldos líquidos negativos e apopulação do de S. João da Madeira se não poderá ter jamais porurbana, ter-se-á:

212 X Recenseamento Geral da População, Tomo II, p. IX. Lisboa. Ins-tituto Nacional de Estatística. 1960.

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Distritos

ÉvoraFaro

Setúbal

Concelhos

ÉvoraFaroOlhãoPortimãoBarreiroMontijoSetúbal

População1940

61624664776)5 *75

urbana1950

545352SI756180

(%) Repulsão1941-50

— 267— 359

••

A descontar

Valoresa descontai

— 2672

• •

— 2671 O «aglomerado urbano» sede do respectivo concelho não alcançava, em

1940, os 10 000 habitantes de população presente ou residente, muito emboraos deva ter atingido antes de meados do decénio 1941-50.

2 Não foi considerado para o total a repulsão do concelho de Olhão pora média aritmética das percentagens de população urbana ser inferior a50 %.

A rectificação a fazer aos valores de repulsão anteriormenteapresentados, em pouco afecta o total registado:

Total das repulsões concelhias (1941-30) 308128Repulsão em concelhos predominantemente urbanos ... —267

Êxodo rural (1941-50) 307861

fixando em qualquer das hipóteses o volume das partidas da genterural em 310 mil almas, com arredondamento à dezena de milharde indivíduos dos respectivos valores de repulsão.

Anteriormente a 1940 deixam os serviços centrais de estatís-tica encarregados dos censos de apurar elementos demográficos porlocalidades, só voltando a fazê-lo no ano de 1911.

Estimando os valores dos actuais ou passados «centros urba-nos» que em 1920 e em 1930 (ou até meados dos decénios 1921-30e 1931-40) pudessem registar 10 000 ou mais presenças populacio-nais, e calculadas as respectivas taxas de população urbana, fomosconduzidos a considerar os seguintes casos de desconto:

Decénio 1931-40:

Distritos

ÉvoraFaro

Setúbal

Concelhos

ÉvoraFaroPortimãoBarreiroMontijoSetúbal

População1930

4856519736675

urbana(^)1940

516264776575

Repulsão1931-40

# #

— 1976

— 4 310

A descontar

Valoresa descontar

— 1976

— 4 310

— 6 236

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o que conduzirá a estimar o êxodo rural no decénio 1931-40 em:

Total das repulsões concelhias (1931-40) 178177Eepulsão em concelhos predominantemente urbanos ... — 6 286

Êxodo rural (1931-40) 171891

cerca de 170 mil pessoas, o valor mais baixo de todos os períodosconsiderados, justificável aliás pelo afluxo de populações fugidasaos horrores da Guerra Civil de Espanha e da II Grande Guerramundial.

Para o decénio 1921-30 os casos a considerar serão já apenas:

Distritos

Faro

Setúbal

Concelhos

FaroPortimãoBarreiroSetúbal

População vu^bana (%) Repulsão1920

50556974

1930 1921-80

56597375

A descontar

Valore®a descontar

. .

••

que de nenhum modo revestem expressão numérica de repulsão lí-quida, pelo que não há que alterar a ordem de grandeza dos 230mil rurícolas em fuga declarada dos seus meios no decénio 1921-30.

Recapitulando os valores encontrados após as rectificações in-troduzidas pelas migrações, quiçá, mais especificamente urbanas:

Decénios Sxodo das populações rurais

19*21-30 230 000 indivíduos1931-40 170 000 »1941-50 310 000 »1951-60 730000 »

Total . 1440 000

andará vizinho de 1440 mil o número de partidas dos meios ruraisde fins de 1920 a 1960, com acentuada tendência para o agrava-mento futuro do fenómeno — o êxodo das populações rurais.

3. Atracção urbana

Tentaremos analisar de seguida o fenómeno do urbanismo noContinente, procurando, à semelhança do que se escreveu a res-

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peito do êxodo rural, limitar as considerações a aspectos de índolevincadamente demográfica.

O «urbanismo», na expressão de Alguém, é um «fenómeno polí-tico e económico caracterizado pela atracção que a vida das cidadesexerce sobre as populações rurais» e se traduz, em nova signifi-cação do conceito, na «formação, particularmente rápida e intensade uma cidade, tendo em vista a influência exercida sobre asmassas démicas rurais, tanto vizinhas como longínquas»28.

Não desconhecendo porém a realidade portuguesa: pelo menosquinze cidades do Continente tinham, em 1960, menos população doque já possuíram em censos anteriores, catorze não alcançavam10 000 habitantes e destas, três: Bragança, Guarda e Leiria,foram consideradas «centros urbanos» no X Recenseamento Geralda População apenas por serem também capitais de distrito — deoutro modo não o teriam sido, que não tinham gente para tal —,fica-se na dúvida se o atributo «cidade» de algum modo contribui,só por si, para desencadear, acelerar e intensificar a «correnterústico-urbana» que porventura a(s) procure.

Será mais lícito assim, em nosso entendimento, começar pormentalmente substituir a citada expressão «cidade» pelo de «centrourbano» nas definições referidas, no que nos aproximaríamos daposição conceptual assumida pelo Instituto Nacional de Estatís-tica a respeito do que deva entender-se por população e mundo ur-banos.

O afluxo das populações à Urbe não se identifica, ele também,à totalidade das atracções concelhias registadas nos Quadros 1 a 18do presente trabalho — solicitações populacionais há que se nãodirigem aos «centros» rotulados, de momento, de «urbanos»,

A atracção urbana manif estar-se-á, teoricamente ao menos,apenas entre os 43 concelhos que contêm os actuais 46 «centrosurbanos» do Continente. A eles se deverá juntar, quando muito,Tavira e Lamego, que viram, a população das suas sedes ultrapas-sar, entre os censos de 1920 e de 1930 e entre os de 1930 e de 1940,respectivamente, o limite mínimo de 10 000 habitantes efectiva-mente presentes ou residentes.

Entre muitas, nova dificuldade nos surgiu então: deverá con-siderar-se tão-somente, para os concelhos referidos, os períodos de-cenais em que a população dos passados ou actuais «centros ur-banos» excedeu o mencionado limite ou entrar, inclusive, com aatracção ou atracções iniciais que vieram a formar, através domais ou menos acelerado processo de gestação, o novo centrourbano?

23 Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. XXXIII, p. 479.Lisboa, Rio de Janeiro. Editorial Enciclopédia, Lda. S/data.

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A primeira solução levaria a desfalcar o fenómeno de apreciá-veis valores de atracção que, com o tempo, se converteram em ur-banos ao passar o «centro» a essa convencional categoria. Limitar--se-ia o número, por outro lado, a pouco mais que as capitais dedistrito e cidades principais, esquecendo-se a maioria dos aglome-rados que nos arrabaldes de Lisboa, tardiamente mas estuantes devida, despertaram para um espectacular crescimento popula-cional 24.

Pesados os prós e os contras, optou-se pela segunda alterna-tiva, ainda que de decénio em decénio —ao surgirem os resulta-dos de novos censos— se haja que rever os passados valores daatracção, acrescentando-lhes os que porventura possam correspon-der aos novos centros elevados à categoria maior. Mas aproximar--nos-emos da realidade demográfica, pois, se o verdadeiro «urba-nismo» estatisticamente só desabrocha ao alcançarem-se os 10 000indivíduos presentes ou residentes, também não deixa de ser ver-dade iniciar-se o processo a mais das vezes bem aquém de tais efec-tivos populacionais ou desencadear-se nomeadamente no total vaziodemográfico (caso da criação de novos centros, de raiz).

Os valores de atracção que podem interessar assim à formaçãourbanística imediata dos referidos aglomerados são por distritos,concelhos e decénios os que seguidamente se registam:

Distritos

Aveiro

BejaBraga

BragançaCastelo Branco

Concelhos

AveiroEspinhoS. João da MadeiraBejaBragaGuimarãesBragançaCastelo BrancoCovilhã

1921-30

347? *? 2

21431287

Valores da1931-40

1 501516710

1279

31711161

3 013

atracção1941-50

822205464

• •

1951-60

497

• •

2<í Guimarães e Montijo apenas apareceriam a partir do decénio I93íl-4O;Figueira da Foz e Chaves a partir de 1941-50; Espinho e S. João da Ma-deira, Caldas da Rainha e Peniche, Mosca vide em Loures, Amadora e Algésem Oeiras e Queluz em Sintra, Gondomar e Valbom em Gondomar, Vila doConde, e Almada, desde 1991-60; Cascais, Ermesinde em Valongo, Baixa daBanheira em Moita, Cova da Piedade em Almada e os mais que surgirem,em 1961-70.

Também Bragança, Guarda e Leiria não deveriam entrar para o cálculodas atracções urbanas, Viseu somente desde 1931-40, Castelo Branco desde1941-50 e Vila Real a partir de 1960, não fora tratar-se de capitais dedistrito que por convenção ascendem —tenham mais ou menos que 10 000habitantes— à categoria de «centro urbano».

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distritos

Coimbra

ÉvoraFaro

GuardaLeiria

Lisboa

Portalegre

Porto

SantarémSetúbal

Viana do CasteloVila R*al

Viseu

Totais ..

Concelhos

CoimbraFigueira da FozÉvoraFaroOlhãoPortimãoTaviraGuardaCaldas da RainhaLeiriaPenicbeCascaisLisboaI.ouresOeirasSintraEivasPortalegreGondomarMatosinhosPortoPóvoa de YarzimValongoVila do CondeV. Nova de GaiaSantarémAlmadaBarreiroMoitaMontijoSetúbalViana do CasteloChavesVila RealLamegoViseu

1921-30

7 657

40091848

8383 565

527

232

11554 867

108 448? 4

8 9775 287

225

8 60720 72'5

# #

75

4 326• •

8082 983

&591135

? °

••

190 925

Valores da1931-40

6 298• •3 617

540

524278

6189120 686

4 3697 7394 658

406

3 6866 033

23 913

2 440

5 395393

3 4212 61416441441

1040752

887

220 313

atracção1941-50

7 024

1 3 7 8

• •324

574

26138 809

86HG313 2191305113 056

17045106

12 094

1 338

3 632120

12286Ií2945 63661081 737

..

••

196 946

1951-60

? 8

14 827

49 06540 17419 746

13145 677

7 670

214273 3357 723

? l

171 808

1 Englobado not conjunto Espinho+Feira.2 Englobado no concelho de Oliveira de Azeméis.s Englobado no conjunto Arraiolo3+Évora+Portel+Redondo.* Englobado no conjunto Loures+Vila Franca de Xira.' Englobado no conjunto MontÍ3O+Palmeia.,6 Englobado no conjunto Palmela+Setúbal.

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Relativamente ao somatório das atracções concelhias, aquelaQUê se encaminha para concelhos (presentemente ou no passado)enriquecidos de «centros urbanos» representa os seguintes valorespercentuais:

Decénios

1921-301931-401041-501951-00

Atracção dasconcelho s «urbanos»

190 925220 313196 946171 808

Atracçãototal

221 894242 410213 185194 040

%

86919289

Totais 779 992 871529 89

Há notória estabilidade dos valores de percentagem, em derre-dor dos 90 % do somatório das atracções, correspondendo aliás auma sensível constância do poder atractivo dos «centros urbanos»:de 170 a 220 mil indivíduos por decénio. Desenha-se, no entanto, eimporta salientar o facto, tendência à quebra do urbanismo após1930.

Relativamente às partidas das populações rústicas e urba-nas 2\ os valores que correspondem às atracções dos concelhos ditos«urbanos» (por neles se situar um ou mais «centros») representamos seguintes valores de percentagem do somatório das repulsões:

Decénios

1921-301931-401941-501951-60

Totais

Atracção dosconcelhos «urbanos»

190 925220313196 946171 808

779 992

Repulsãototal

226 219178 177308 128781 875 •

1494 399

%

84124

6422

52

Ê conhecido ter o «crescimento de facto» da população emPortugal excedido, no decénio 1931-40, o valor do saldo fisiológico,o que somente se pode interpretar como havendo o Continente be-neficiado de uma apreciável imigração, fugida — já o dissemos —aos horrores da Guerra Civil de Espanha e da II Grande Guerramundial. Tal facto explica que a atracção somente dos concelhosditos «urbanos» exceda a repulsão total experimentada no Conti-nente e conduza a valores de relação superiores a 100 %.

Outra conclusão, e essa mais importa reter, é a de que o dte-senvolvimento urbanístico do Continente cada vez consegue menos

25 Fundamentalmente daquelas, pois que as últimas não alcançam maisdo que 6,5 % do total e isto apenas no decénio 1991-60.

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absorver o êxodo das populações rurais ou a própria fuga de umou outro «centro urbano».

Com efeito, os valores da atracção que o urbanismo chamoua si nos passados decénios, caem dos 84 % em 1921-30 para 64 %em 1941-50 e rondam ultimamente escassos 22 % — à atracção ur-bana substituíram-se preferentemente a fuga para o estrangeiro(emigração) e o Ultramar português e ainda, em menor escala,o próprio movimento demográfico com as Ilhas Adjacentes.

Tudo quanto se afirmou acerca da atracção urbana no Conti-nente enferma do consciente defeito de se tomar como tal a atrac-ção dos concelhos onde se situam os «centros urbanos», e não aespecífica destes. Para além das respostas ao apelo que estes «cen-tros» normalmente emitem, pode estar28 a migração que procureoutros aglomerados populacionais ou se oriente, inclusive, paravazios demográficos concelhios ao reconhecer vantagem ou inte-resse em os povoar e colonizar.

Se assim procedemos, numa tentativa de estimar fenómeno detão particular importância e significado no estruturar da Socie-dade portuguesa, foi por indisponibilidade imediata de elementosdemográficos para o cabal apuramento da atracção dos «centrosurbanos». Carece-se, não dos valores de variação da população pre-sente de tais «centros» — que desses com maior ou menor dificul-dade e rigor estatístico se dispõe—, mas dos respectivos saldosfisiológicos. íSeja-nos permitido, pois, formular o voto de que o Ins-tituto Nacional de Estatística encare a hipótese de futuramentepublicar, no Anuário Demográfico, o movimento natural das po-pulações (natalidade, mortalidade e saldo fisiológico, mais precisa-mente) com assento nos «centros urbanos» do Continente e IlhasAdjacentes, permitindo estimar futuramente, com um maior rigor,a amplitude dos movimentos migratórios que desencadeiam o êxodorural ou têm desfecho na correspondente atracção urbana daspopulações.

Haverão de tomar-se, por conseguinte, com as imprescindíveiscautelas, os valores individuais da atracção urbana que se procura-ram compendiar um pouco atrás — não vá pedir-se aos númeroso rigor que não podem ter... Aceita-se que no conjunto possamdar uma ordem de grandeza do fenómeno urbanístico, de outromodo se não apresentariam.

23 E nalguns casos incontestavelmente está, pois que vinte e dois dosvalores creditados à conta da atracção urbana excedem as variações da popu-lação presente dos «centros» concelhios, e cinco outros coexistem com reduçõesdessa mesma população presente — o que só poderá significar que outroslugares do concelho dela beneficiaram também, ou exclusivamente.

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