exercícios vidas secas gabarito

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Professor(a): Karla Faria=================================================================================PROJETO LITERRIO VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOSEXERCCIOS

1- O livro Vidas Secas, considerado um dos livros mais emblemticos da literatura brasileira, foi publicado em 1938. Sua temtica relaciona-se com a imagem contempornea a seguir.

a) Explique a relao existente entre a imagem e o livro.Mesmo depois de tantos anos, a misria e o descaso das polticas pblicas com a populao grande. Assim como Fabiano e sua famlia, outros homens e mulheres vivem a mesma situao de seca e misria em pleno sculo XXI.

b) A capa da revista apresenta-se de forma apelativa. Explique a afirmao e relacione a recurso apelativo ao tipo de texto. A funo apelativa tem por objetivo apelar ao sensvel do leitor, para persuadir sua leitura. A foto apela para a emoo do leitor, sensibiliza.

2- Toda narrativa constituda na alternncia entre sequncias descritivas e narrativas. Vidas secas apresenta uma predominncia de sequncias descritivas. Explique o efeito de sentido gerado no romance com este tipo de sequncia.As sequncias descritivas desaceleram a narrativa. A descrio fundamental para que se faa um perfil do personagem e do local. Em Vidas Secas, especialmente, o predomnio desta sequncia desacelera muito a narrativa, trazendo uma lentido tanto na narrativa como tambm na vida dos personagem que se arrastam pelo serto, vagando, em busca de uma melhor condio de vida.3- Relacione a economia verbal e o tema do livro.Assim como o ambiente seco, a linguagem dos personagens tambm seca. Graciliano concretiza o tema da seca at mesmo na comunicao dos personagens.

4- Identifique a fase na qual o romance Vidas Secas se insere no Modernismo e demonstre uma caracterstica desta fase evidente no livro.2 fase. O romance demonstra a realidade do serto, retratando a vida do povo que est a margem da sociedade. O regionalismo nordestino uma forma de redescobrir o Brasil que at ento se desconhecia.

Questes de vestibulares

1- (FUVEST)Leia o trecho para responder ao teste.

"Fizeram alto. E Fabiano deps no cho parte da carga, olhou o cu, as mos em pala na testa. Arrastara-se at ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudana. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar foras. A verdade que no queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepar-la, e s se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitrio? Nada o prendia quela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fbrica, bom companheiro, a gua alaz, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os ps dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escurido. Seria necessrio largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos.Assinale a alternativa incorreta:

a) O trecho pode ser compreendido como suspenso temporria da dinmica narrativa, apresentando uma cena "congelada", que permite focalizar a dimenso psicolgica da personagem.b) Pertencendo ao ltimo captulo da obra, o trecho faz referncia tanto s conquistas recentes de Fabiano, quanto desiluso do personagem ao perceber que todo seu esforo fora em vo.c) A resistncia de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitvel chegada da seca.d) A expresso "coisas alheias" refora a crtica, presente em toda obra, marginalizao social por meio da excluso econmica.e) As referncias a "enterro" e "cemitrio" radicalizam a caracterizao das "vidas secas" do serto nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre luta contra a morte.

2.(FUVEST)Um escritor classificouVidas secascomo romance desmontvel, tendo em vista sua composio descontnua, feita de episdios relativamente independentes e sequncias parcialmente truncadas. Essas caractersticas da composio do livro:

a) constituem um trao de estilo tpico dos romances de Graciliano Ramos e do Regionalismonordestino.b) indicam que ele pertence fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo.c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma viso adequada da realidade sertaneja.d) revelam, nele, a influncia da prosa seca e lacnica de Euclides da Cunha, emOs sertes.e) relacionam-se viso limitada e fragmentria que as prprias personagens tm do mundo.

3.(PUC-SP)O mulungu do bebedouro cobria-se de arribaes. Mau sinal, provavelmente o serto ia pegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas rvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor no havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava desgraas. O sol chupava os poos, e aquelas excomungadas levavam o resto da gua, queriam matar o gado. () Alguns dias antes estava sossegado, preparando ltegos, consertando cercas. De repente, um risco no cu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruio. Ele j andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhs longas e a vermelhido sinistra das tardes. ()

O trecho acima deVidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele, incorreto afirmar-se que:

a) prenuncia nova seca e relata a luta incessante que os animais e o homem travam na constante defesa da sobrevivncia.b) marca-se por fatalismo exagerado, em expresso como o serto ia pegar fogo, que impede a manifestao potica da linguagem.c) atinge um estado de poesia, ao pintar com imagens visuais, em jogo forte de cores, o quadro da penria da seca.d) explora a gradao, como recurso estilstico, para anunciar a passagem das aves a caminho do Sul.e) confirma, no deslocamento das aves, a desconfiana iminente da tragdia, indiciada pela brancura das manhs longas e a vermelhido sinistra das tardes.

4.(UFLA)Sobre a obraVidas Secas, de Graciliano Ramos, todas as alternativas esto corretas, EXCETO:

a) O romance focaliza uma famlia de retirantes, que vive numa espcie de mudez introspectiva, em precrias condies fsicas e num degradante estado de condio humana.b) O relato dos fatos e a anlise psicolgica dos personagens articulam-se com grande coeso ao longo da obra, colocando o narrador como decifrador dos comportamentos animalescos dos personagens.c) O ambiente seco e retorcido da caatinga como um personagem presente em todos os momentos, agindo de forma contnua sobre os seres vivos.d) A narrativa faz-se em captulos curtos, quase totalmente independentes e sem ligao cronolgica e o narrador incisivo, direto, coerente com a realidade que fixou.e) O narrador preocupa-se exclusivamente com a tragdia natural (a seca) e a descrio do espao no minuciosa; pelo contrrio, revela o esprito de sntese do autor.

5.(UEL)O texto abaixo apresenta uma passagem do romanceVidas secas, de Graciliano Ramos, em que Fabiano focalizado em um momento de preocupao com sua situao econmica. Escrito em 1938, esta obra insere-se num momento em que a literatura brasileira centrava seus temas em questes de natureza social.

"Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabea. Forjara planos. Tolice, quem do cho no se trepa. Consumidos os legumes, rodas as espigas de milho, recorria gaveta do amo, cedia por preo baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflio, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco."Sobre este trecho do romance, somente est INCORRETO o que se afirma na alternativa:

a) Este trecho resume a situao de permanente pobreza de Fabiano e revela-se como uma crtica economia brasileira e s relaes de trabalho que vigoravam no serto nordestino no momento em que a obra foi criada. Isso pode ser confirmado pelas oraes:"... Consumidos os legumes, rodas as espigas de milho, recorria gaveta do amo, cedia por preo baixo o produto das sortes...."b) A orao:"Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabea"tanto pode ser o discurso do narrador que revela o pensamento de Fabiano, quanto pode ser o prprio pensamento dessa personagem. Esse modo de narrar tambm ocorre com as demais personagens do romance.c) A orao:"... Resmungava, rezingava, numa aflio, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco"indica a voz do narrador em terceira pessoa, ao mostrar o estado de agonia em que se encontra a personagem.d) A expresso Forjara planos, tpica da linguagem culta, seguida no texto por um provrbio popular: quem do cho no se trepa. Essa mudana de registro lingstico reveladora do mtodo narrativo deVidas secas, que subordina a voz das classes populares da elite.e) O texto tem incio com a esperana de Fabiano de mudanas em sua situao econmica; a seguir, passa a focalizar a realidade de pobreza em que a personagem se encontra, e finaliza com sua revolta e angstia diante da condio de empregado, sempre em dvida com o patro.

6.(ACAFE / SC)A vida na fazenda se tornara difcil. Sinha Vitria benzia-se tremendo, manejava o rosrio, mexia os beios rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No cu azul, as ltimas arribaes tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre.De acordo com o fragmento acima, incorreto o que se afirma em:

a) Tanto Sinha Vitria quanto Fabiano tinham f na providncia divina.b) O enfoque narrativo.c) O que se relata ao longo do pargrafo tem o objetivo de confirmar a afirmao da primeira frase.d) H evidncias de que Sinha Vitria e Fabiano esto fragilizados, pois ela "benzia-se tremendo" e ele estava "encolhido na banco do copiar".e) O tema predominante a indagao metafsica sobre a existncia (inexistncia) de Deus.

7.(ACAFE / SC)Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de pres. E lamberia as mos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianas se espojariam com ela, rolariam com ela num ptio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de pres, gordos, enormes.(Graciliano Ramos)

Sobre o texto acima, correto afirmar que:

a) h marcas prprias do chamado discurso direto atravs do qual so reproduzidas as falas das personagens.b) o narrador observador, pois conta a histria de fora dela, na terceira pessoa, sem participar das aes, como quem observou objetivamente os acontecimentos.c) quem conta a histria uma das personagens, que tem uma relao ntima com as outras personagens, e, por isso, a maneira de contar fortemente marcada por caractersticas subjetivas, emocionais.d) evidencia-se um conflito entre a protagonista Baleia e o antagonista Fabiano, pois este impede que a cadela possa caar os pres.e) o narrador onisciente, isto , geralmente ele narra a histria na terceira pessoa, sabe tudo sobre o enredo e sobre as personagens, inclusive sobre suas emoes, pensamentos mais ntimos, s vezes, at dimenses inconscientes.

8.(ACAFE / SC)Sobre a obraVidas secas, correto afirmar que:

a) a preocupao com a fidedignidade histrica e com o tom pico atenua o sentimento dramtico da vida, habitualmente presente nos poemas do autor.b) apresenta temtica indianista, a exemplo do que fizera Gonalves Dias emOs timbiraseCano do tamoio.c) as personagens humanas, em razo da seca, da fome, da misria e das injustias sociais, animalizam-se; em contrapartida, os bichos humanizam-se.d) Chico Bento, antes da seca, no era vagabundo, nem bandido; era um trabalhador rural. e) narra a histria de um burgus, Paulo Honrio, que passara da condio de caixeiro-viajante e guia de cego de rico proprietrio de uma fazenda. Para atingir seus objetivos, o protagonista elimina todos os empecilhos que se colocam sua frente, inclusive pessoas.

9.(UNIARAX)Leia o fragmento abaixo transcrito da obra Vidas Secas e responda a questo a seguir.

Vivia longe dos homens, s se dava bem com animais. Os seus ps duros quebravam espinhos e no sentiam a quentura da terra. Montado confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilbica e gutural, que o companheiro entendia. A p, no se agentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. s vezes, utilizava nas relaes com as pessoas a mesma lngua com que se dirigia aos brutos exclamaes, onomatopias. Na verdade falava pouco. Admira as palavras compridas e difceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vo, mas sabia que elas eram inteis e talvez perigosas.(Graciliano Ramos)

O texto, no seu conjunto, enfatiza:

(A) A pobreza fsica do personagem.(B) A falta de escolaridade do personagem.(C) A misria moral do personagem.(D) A identificao do personagem com o mundo animal.

10- (UNEB/BA) - Universidade do Estado da Bahia - Trecho 01Impossvel dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam com-lo. Pensou na mulher e suspirou. Coitada de sinha Vitria, novamente nos descampados, transportando o ba de folha. Uma pessoa de tanto juzo marchar na terra queimada, esfolar os ps nos seixos, era duro. As arribaes matavam o gado. Como tinha sinh Vitria descoberto aquilo? Difcil. Ele, Fabiano, espremendo os miolos, no diria semelhante frase. Sinh Vitria fazia contas direito: sentava-se na cozinha, consultava montes de sementes de vrias espcies, correspondentes a mil-ris, tostes e vintns. E acertava. As contas do patro eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patro queria engan-lo. Enganava. Que remdio? Fabiano, um desgraado, um cabra, dormia na cadeia e agentava zinco no lombo. Podia reagir? No podia. Um cabra. Mas as contas de sinh Vitria deviam ser exatas.(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. Ed. Rio de Janeiro / So Paulo: Record, 1996. P. 113.)Trecho 02

Encheu, minha Marlia, o grande Jovede imersos animais de toda a espcieas terras, mais os ares,o grande espao dos salobres rios,dos negros, fundos mares.Para sua defesa,a todos deu as armas, que convinha,a sbia Natureza.Ao homem deu as armas do discurso,que valem muito mais que as outras armas;deu-lhe dedos ligeiros,que podem converter em seu servioos ferros e os madeiros;que tecem fortes laose forjam raios, com que aos brutos cortamos vos, mais os passos.s tmidas donzelas pertenceramoutras armas, que tm dobrada fora:deu-lhes a Natureza,alm do entendimento, alm dos braos,as armas da beleza.S ela ao cu se atreve,s ela mudar pode o gelo em fogo,mudar o fogo em neve.GONZAGA. Toms Antnio. Marlia de Dirceu. So Paulo: Crculo do Livro, s/d. p. 62-3.A mulher apresentada:A -nos dois textos, equiparada ao homem, j que os dois seres possuem os mesmos atributos;

B -em ambos os textos, com qualidades que a tornam um agente de transformao da realidade concreta;

C -no textoI como um ser predestinado ao sofrimento e, no II, ao prazer;

D -no textoI como corajosa, capaz de enfrentar os obstculos da vida e, no II, beneficiada pela natureza, no entanto acomodada;

E -no textoI como perspicaz, dotada de uma sabedoria construda na relao com as coisas prticas do cotidiano e, noII como um ser cujo atributo maior a formosura.

11- (UFMT) - Universidade Federal de Mato Grosso Trecho 1:

A respeito do processo de narrao de Vidas secas, concretizado nos trechos dados, pode-se afirmar que o narrador:A -privilegia o uso do pretrito perfeito, indicando o carter singular das aes relatadas;

B -entrelaa sua voz das personagens, mediante o recurso do discurso indireto livre;

C -mostra-se indiferente frente ao destino das personagens, no se manifestando sobre suas dificuldades;

D -desconhece as foras que oprimem as personagens, evitando identific-las;

E -assume os mltiplos pontos de vista de todos os participantes de uma cena.

12- Vidas secas organiza-se em treze captulos ou partes. A primeira e a ltima relatam, respectivamente, a chegada velha fazenda e a sada de l. Essa construo, segundo Antonio Candido, forma um anel de ferro, em cujo crculo sem sada se fecha a vida esmagada da pobre famlia de retirantes agregados retirante. Considerando a anlise de Antonio Candido e a leitura dos trechos acima, que ideia no se justifica pela construo da obra?A -Nomadismo como sada para a sobrevivncia.

B -A vida desenvolvida em ciclos que se repetem.

C -Previso de destino assemelhado para proprietrio e agregado.

D -Instabilidade como nica certeza.

E -Tragicidade como marca do destino dos migrantes.

13-(UNIFOR) - Universidade de Fortaleza Trecho 1Arrastaram-se para l, devagar, Sinha Vitria com o filho mais novo escanchado no quarto e o ba de folha na cabea, Fabiano sombrio, cambaio, o ai a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturo, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrs. No trecho acima, de Vidas secas, o escritor Graciliano Ramos, valendo-se de um narrador em: A -terceira pessoa, descreve uma cena marcada pela estaticidade, numa linguagem influenciada pela prosa experimental de Oswald de Andrade;

B -primeira pessoa, documenta o exlio de uma famlia de perseguidos, num estilo que lembra Macunama, de Mrio de Andrade;

C -terceira pessoa, acompanha a fuga de uma famlia de retirantes, numa linguagem inspirada pelo regionalismo romntico;

D -primeira pessoa, documenta a retirada de uma famlia nordestina, num estilo que influenciar diretamente a linguagem de Clarice Lispector;

E -terceira pessoa, acompanha o deslocamento de uma famlia de retirantes, no estilo objetivo que marca o realismo ps-modernista.

14-(UFBA) - Universidade Federal da Bahia -

Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transao meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinh Vitria mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no cho sementes de vrias espcies, realizou somas e diminuies. No dia seguinte Fabiano voltou cidade, mas ao fechar o negcio notou que as operaes de sinh Vitria, como de costume, diferiam das do patro. Reclamou e obteve a explicao habitual: a diferena era proveniente de juros.No se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. No se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mo beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o vaqueiro fosse procurar servio noutra fazenda.A Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. No era preciso barulho no. Se havia dito palavra -toa, pedia desculpa. Era bruto, no fora ensinado. Atrevimento no tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra.

Com base no contexto da obra, pode-se afirmar que h correspondncia entre o trecho transcrito e a afirmativa destacada ao lado nas proposies. 1 -deixou a transao meio apalavrada e foi consultar a mulher. Fabiano, na condio de heri, serve-se de sinh Vitria para projetar-se como figura masculina.

2 -Sinh Vitria mandou os meninos para o barreiro Atitude reveladora de uma educao protetora, que considera a criana como um sujeito portador de desejos e necessidades que devem ser respeitados.

4 -sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no cho sementes de vrias espcies, realizou somas e diminuies, e mas a mulher tinha miolo. Afirmaes que revelam uma posio de superioridade da mulher, do ponto de vista da habilidade e do conhecimento.

8 -Com certeza havia um erro no papel do branco. O termo branco conota posio social.

16 -Fabiano perdeu os estribos. e A Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Fabiano reage contra a explorao social e recua em nome da sobrevivncia.

32 -Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! e O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o vaqueiro fosse procurar servio noutra fazenda, Uma mesma realidade vista pelo dominado e pelo dominador sob uma perspectiva semelhante.

64 -Um cabra. Exemplifica um regionalismo de linguagem em que a personagem revela conscincia de estratificao social.

9216- (UFRRJ) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Escrito por Graciliano Ramos em 1938, Vidas secas uma obra-prima do modernismo e mesmo de toda a literatura brasileira. Trata-se de narrativa pungente, onde o drama do nordestino, tangido de seu lar pela inclemncia da seca, contado de forma rida, seca e bastante realista, numa sintonia bastante eficaz entre forma e contedo. O texto a seguir um excerto de Vidas secas: Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, no ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo anos bons misturados com anos ruins. A desgraa estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas ela se avizinhando a galope, com vontade de mat-lo. (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. So Paulo: Martins. s.d. 28. ed., p. 59.) Assinale a afirmativa que indica uma caracterstica do Modernismo e do estilo do autor, tomando por base a leitura do texto Vidas secas. A -H um extremo apuro formal, onde se destacam as metforas, sobretudo as hiprboles, em absoluta consonncia com a prolixidade do texto.

B -O estilo direto do texto est sintonizado com a narrativa, que descreve uma cena de grande movimentao e presena de personagens.

C -O texto seco e direto, confrontando um cenrio de exuberncia natural com um personagem tmido, reservado e de poucas ambies.

D -O texto direto, econmico, interessa mais a angstia interior dos personagens do que seus prprios atos.

E -A fatalidade da situao explorada ao limite mximo, com a natureza pactuando com as angstias do personagem, mas, ao final, subjugando-se.

16- UNIRIO/ENCE - Universidade do Rio de Janeiro - CONTAS Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a tera dos cabritos. Mas como no tinha roa e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijo e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, no chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito. Se pudesse economizar durante alguns meses, levanta-ria a cabea. Forjara planos. Tolices, quem do cho no se trepa. Consumidos os legumes, rodas as espigas de milho, recorria gaveta do amo, cedia por preo baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflio, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, no seria roubado to descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no futuro, criar juzo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoo inchado. De repente, estourava: Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ningum pode viver sem comer. Quem do cho no se trepa. Pouco a pouco o ferro do proprietrio queimava os bichos de Fabiano. E quando no tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia. Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transao meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinh Vitria mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no cho sementes de vrias espcies, realizou somas e diminuies. No dia seguinte Fabiano voltou cidade, mas ao fechar o negcio notou que as operaes de Sinh Vitria, como de costume, deferiam das do patro. Reclamou e obteve a explicao habitual: a diferena era proveniente de juros. No se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. No se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida assim no toco, entregando o que era dele de mo beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o vaqueiro fosse procurar servio noutra fazenda. A Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. No era preciso barulho no. Se havia dito palavra toa, pedia desculpa. Era bruto, no fora ensinado. Atrevimento no tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia l puxar questo com gente rica? Bruto, sim, senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorncia da mulher, provavelmente devia ser ignorncia da mulher. At estranhara as contas dela. Enfim, como no sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava no cair noutra. O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as rosetas das esporas, afastou-se tropeando, os sapates de couro cru batendo no cho como cascos. (...) (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 11. ed. So Paulo: L. Martins, 1964. 159 p.) Do ponto de vista formal, o texto apresenta uma linguagem sinttica, enxuta. Entretanto, este texto contm repetio de palavras e expresses que caracterizam, especialmente, os momentos de reflexo de Fabiano, como se fosse um coro. O trecho que exemplifica esta afirmao :

A -... quem do cho no se trepa.

B -... era bruto, ...

C -... havia um erro.

D -Bem, bem.

E -... ser ignorncia da mulher.

17- ENEM/2007Trecho 1

Texto 2

A partir do trecho de Vidas Secas (trecho 7) e das informaes do texto 3, relativas s concepes artsticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.

I O pobre, antes tratado de forma extica e folclrica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.

II A incorporao do pobre e de outros marginalizados indica a tendncia da fico brasileira da dcada de 30 de tentar superar a grande distncia entre o intelectual e as camadas populares.

III Graciliano Ramos e os demais autores da dcada de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posio social do sertanejo na realidade nacional.

correto apenas o que se afirma em

A I. B II. C III. D I e II. E II e III.

18- No texto 3, verifica-se que o autor utiliza:

A linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composio de Vidas Secas, a relao entre o escritor e o personagem popular.B linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.C linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma histria que apresenta o roceiro pobre de formapitoresca.D linguagem formal com recursos retricos prprios do texto literrio em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira.E linguagem regionalista, para transmitir informaes sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.

19-No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patro para receber o salrio. Eis parte da cena: No se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. No se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mo beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o vaqueiro fosse procurar servio noutra fazenda. Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. No era preciso barulho no. Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padro formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulrio. Pertence a variedade do padro formal da linguagem o seguinte trecho: A) No se conformou: devia haver engano (..1). B) e Fabiano perdeu os estribos (..3). C) Passar a vida inteira assim no toco (..4). D) entregando o que era dele de mo beijada!(..4-5). E)Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou (..9-10).

20-Considere as seguintes comparaes entre Vidas secas e Iracema:I. Em ambos os livros, a parte final remete o leitor ao incio da narrativa: em Vidas secas, essa reconduo marca o retorno de um fenmeno cclico; em Iracema ,a remisso ao incio confirma que a histria fora contada em retrospectiva, reportando-se a uma poca anterior da abertura da narrativa.II. A necessidade de migrar tema de que Vidas secas trata abertamente. O mesmo tema, entretanto, j era sugerido no captulo final de Iracema, quando, referindo-se condio de migrante de Moacir, o primeiro cearense, o narrador pergunta: Havia a a predestinao de uma raa?III. As duas narrativas elaboram suas tramas ficcionais a partir de indivduos reais, cuja existncia histrica, e no meramente ficcional, documentada: o caso de Martim e Moacir, em Iracema, e de Fabiano e sinh Vitria, em Vidas secas.Est correto o que se afirma em:a) I, somente.b) II, somente.c) I e II, somente.d) II e III, somente.e) I, II e III.

Indicao de vdeo:http://www.youtube.com/watch?v=1rvx62MtcKM#t=15Sobre Vidas secas, aos 10 min.Leia mais:http://asliteratas.webnode.com.br/os-livros/vidas-secas/exercicios-de-vestibulares/Crie seu site grtis:http://www.webnode.com.br