exercicios portugues redacao conotacao denotacao (1)

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 1 | Projeto Medicina  www.projetomedicin a.com.br Exercícios com Gabarito de Português Conotação e Denotação 1) (ENEM-2002) Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e atiravam-no para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já n o século XIX, conta como “nas casas das roças despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para  fora”. Outros viajantes oitocentista s, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros “lançam a [farinha de mandioca]  à boca com uma destreza adquirida, na origem, dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar”.  Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com realismo os hábitos de uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe “sem talher, à mão”. Dentre as palavras listadas abaixo, assinale a que traduz o elemento comum às descrições das práticas alimentares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do século XIX citados no texto. a) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em costumes e tradições regionais). b) Intolerância (não-admissão de opiniões diversas das suas em questões sociais, políticas ou religiosas). c) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indígena; estrangeiro; excêntrico, extravagant e). d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raças sobre outras). e) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos , ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais). 2) (ENEM-2003) O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador. b) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões. c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo “indicador”.  d) usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança.  e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões. 3) (ENEM-2001) Nas conversas diárias, utiliza-se freqüentemente a palavra “próprio” e ela se ajusta a várias situações. Leia os exemplos de diálogos: I - A Vera se veste diferente! - É mesmo, é que ela tem um estilo próprio. II - A Lena viu esse filme uma dezena de vezes! Eu não consigo ver o que ele tem de tão maravilhoso assim. - É que ele é próprio para adolescente. III - Dora, o que eu faço? Ando tão preocupada com o Fabinho! Meu filho está impossível! - Relaxa, Tânia! É próprio da idade. Com o tempo, ele se acomoda. Nas ocorrências I, II e III , “próprio” é sinônimo de, respectivamente, a) adequado, particula r, típico. b) peculiar, adequado, característi co. c) conveniente, adequado, particular. d) adequado, exclusivo, conveniente. e) peculiar, exclusivo, característico. 4) (ENEM-2005) O termo (ou expressão) destacado que está empregado em seu sentido próprio, denotativo ocorre em a) “(....)  É de laço e de nó De gibeira o jiló Dessa vida, cumprida a sol (....)”  (Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. setembro de 1992.) b) “Protegendo os inocentes  é que Deus, sábio demais, põe cenários diferentes nas impressões digitais.” (Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.) c) “O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngües são os tipos mais comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas.”  

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    Exerccios com Gabarito de Portugus Conotao e Denotao

    1) (ENEM-2002) Comer com as mos era um hbito comum na Europa, no sculo XVI. A tcnica empregada pelo ndio no Brasil e por um portugus de Portugal era, alis, a mesma: apanhavam o alimento com trs dedos da mo direita (polegar, indicador e mdio) e atiravam-no para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, j no sculo XIX, conta como nas casas das roas despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rpido, a farinha na boca, sem que a mnima parcela caia para fora. Outros viajantes oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hbito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiroslanam a [farinha de mandioca] boca com uma destreza adquirida, na origem, dos indgenas, e que ao europeu muito custa imitar. Alusio de Azevedo, em seu romance Girndola de amores (1882), descreve com realismo os hbitos de uma senhora abastada que s saboreava a moqueca de peixe sem talher, mo. Dentre as palavras listadas abaixo, assinale a que traduz o elemento comum s descries das prticas alimentares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do sculo XIX citados no texto. a) Regionalismo (carter da literatura que se baseia em costumes e tradies regionais). b) Intolerncia (no-admisso de opinies diversas das suas em questes sociais, polticas ou religiosas). c) Exotismo (carter ou qualidade daquilo que no indgena; estrangeiro; excntrico, extravagante). d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raas sobre outras). e) Sincretismo (fuso de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais). 2) (ENEM-2003)

    O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador.

    b) considerar seu dedo indicador to importante quanto o dos patres. c) atribuir, no primeiro e no ltimo quadrinhos, um mesmo sentido ao vocbulo indicador. d) usar corretamente a expresso indicador de desemprego, mesmo sendo criana. e) atribuir, no ltimo quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patres. 3) (ENEM-2001) Nas conversas dirias, utiliza-se freqentemente a palavra prprio e ela se ajusta a vrias situaes. Leia os exemplos de dilogos: I - A Vera se veste diferente! - mesmo, que ela tem um estilo prprio. II - A Lena j viu esse filme uma dezena de vezes! Eu no consigo ver o que ele tem de to maravilhoso assim. - que ele prprio para adolescente. III - Dora, o que eu fao? Ando to preocupada com o Fabinho! Meu filho est impossvel! - Relaxa, Tnia! prprio da idade. Com o tempo, ele se acomoda. Nas ocorrncias I, II e III, prprio sinnimo de, respectivamente, a) adequado, particular, tpico. b) peculiar, adequado, caracterstico. c) conveniente, adequado, particular. d) adequado, exclusivo, conveniente. e) peculiar, exclusivo, caracterstico. 4) (ENEM-2005) O termo (ou expresso) destacado que est empregado em seu sentido prprio, denotativo ocorre em a) (....) de lao e de n De gibeira o jil Dessa vida, cumprida a sol (....) (Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. setembro de 1992.) b) Protegendo os inocentes que Deus, sbio demais, pe cenrios diferentes nas impresses digitais. (Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.) c) O dicionrio-padro da lngua e os dicionrios unilnges so os tipos mais comuns de dicionrios. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatrio para as naes civilizadas e desenvolvidas.

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    (Maria T. Camargo Biderman. O dicionrio-padro da lngua. Alfa (28), 2743, 1974 Supl.) d)

    e) Humorismo a arte de fazer ccegas no raciocnio dos outros. H duas espcies de humorismo: o trgico e o cmico. O trgico o que no consegue fazer rir; o cmico o que verdadeiramente trgico para se fazer. (Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br . acessado em julho de 2005.) 5) (ENEM-2005) O termo (ou expresso) destacado que est empregado em seu sentido prprio, denotativo ocorre em a) (....) de lao e de n De gibeira o jil Dessa vida, cumprida a sol (....) (Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. setembro de 1992.) b) Protegendo os inocentes que Deus, sbio demais, pe cenrios diferentes nas impresses digitais. (Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.) c) O dicionrio-padro da lngua e os dicionrios unilnges so os tipos mais comuns de dicionrios. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatrio para as naes civilizadas e desenvolvidas. (Maria T. Camargo Biderman. O dicionrio-padro da lngua. Alfa (28), 2743, 1974 Supl.) d)

    e) Humorismo a arte de fazer ccegas no raciocnio dos outros. H duas espcies de humorismo: o trgico e o cmico. O trgico o que no consegue fazer rir; o cmico o que verdadeiramente trgico para se fazer. (Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br . acessado em julho de 2005.) 6) (Enem Cancelado-2009) Texto l No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra [...] ANDRADE, C. D. Reunio Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1971 (fragmento). Texto II As lavadeiras de Mossor, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra herana de famlia, passando de me a filha, de filha a neta, como vo passando as guas no tempo [...]. Alavadei r e a pedra formam um ente especial, que se divide e se rene ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma cano, percebe-se que nova pedra a acompanha em surdina... [...] ANDRADE, C. D. Contos sem propsito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B, 17/7/1979 (fragmento). Com base na leitura dos textos, possvel estabelecer uma relao entre forma e contedo da palavra "pedra", por meio da qual se observa a) o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativo da palavra "pedra". b) a identidade de significao, j que nos dois textos, "pedra" significa empecilho. c) a personificao de "pedra" que, em ambos os textos, adquire caractersticas animadas. d) o predomnio, no primeiro texto, do sentido denotativo de "pedra" como matria mineral slida e dura. e) a utilizao, no segundo texto, do significado de "pedra" como dificuldade materializada por um objeto.

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    7) (Faap-1997) Quando Pedro I lana aos ecos o seu grito histrico e o pas desperta esturvinhado crise de uma mudana de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo. Pelo 13 de maio, mal esvoaa o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coa a cabea, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo. A 15 de novembro troca-se um trono vitalcio pela cadeira quadrienal. O pas bestifica-se ante o inopinado da mudana. O caboclo no d pela coisa. Vem Floriano: estouram as granadas de Custdio; Gumercindo bate s portas de Roma; Incitatus derranca o pas. O caboclo continua de ccoras, a modorrar... Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o pe de p. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca antes de agir, acocora-se. Monteiro Lobato " ...e o pas desperta ESTURVINHADO..." O adjetivo em maisculo, embora de uso popular, pouco conhecido dos jovens de vida urbana. Contudo no difcil saber, no contexto, seu significado: a) alegre - saltitante - risonho b) atordoado - aturdido - estonteado c) fiducirio - solidrio - fiel d) acre - azedo - amargo e) abjeto - vil - desprezvel. 8) (Faap-1997) Quando Pedro I lana aos ecos o seu grito histrico e o pas desperta esturvinhado crise de uma mudana de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo. Pelo 13 de maio, mal esvoaa o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coa a cabea, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo. A 15 de novembro troca-se um trono vitalcio pela cadeira quadrienal. O pas bestifica-se ante o inopinado da mudana. O caboclo no d pela coisa. Vem Floriano: estouram as granadas de Custdio; Gumercindo bate s portas de Roma; Incitatus derranca o pas. O caboclo continua de ccoras, a modorrar... Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o pe de p. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca antes de agir, acocora-se. Monteiro Lobato "O pas bestifica-se ante o INOPINADO da mudana.": a) inusitado b) imprevisto c) incomum, estranho d) esperado e) golpe.

    9) (Fameca-2006) Sabemos que, em Hiroshima, morreu um mundo e nasceu outro. A criana de l passou a ser cancerosa antes do parto. Mas h entre ns e Hiroshima, entre ns e Nagasaki, toda uma distncia infinita, espectral. Sem contar, alm da distncia geogrfica, a distncia auditiva da lngua. Ao passo que o cachorro atropelado nas nossas barbas traumatizadas. E mais: - ns o conhecamos de vista, de cumprimento. Na poca prpria, vamos o brioso viralata atropelar as cachorras locais. Em vrias oportunidades, ele lambera as nossas botas. E, alm disso, vimos tudo. Vimos quando o automvel o pisou. Vimos tambm os arrancos triunfais do cachorro atropelado. Portanto, essa proximidade valorizou o fato, confere ao fato uma densidade insuportvel. A morte do simples vira-lata d-nos uma relao direta com a catstrofe. Ao passo que Hiroshima, ou o Vietn, tem, como catstrofe, o defeito da distncia. (Nelson Rodrigues, crnica intitulada O cachorro atropelado, escrita em 13.05.1968) Interpretando o texto em sua linguagem figurada, responda s seguintes questes: a) O que voc entende por morreu um mundo e nasceu outro? b) O que voc entende por Na poca prpria, vamos o brioso vira-lata atropelar as cachorras locais? 10) (Fatec-2002) Texto I Ento Macunama ps reparo numa criadinha com um vestido de linho amarelo pintado com extrato de tatajuba. Ela j ia atravessando atravessando o corgo pelo pau. Depois dela passar o heri gritou pra pinguela: - Viu alguma coisa, pau? - Via a graa dela! - Qu! qu! qu quaqu!... Macunama deu uma grande gargalhada. Ento seguiu atrs do par. Eles j tinham brincado e descansavam na beira da lagoa. A moa estava sentada na borda duma igarit encalhada na praia. Toda nua inda do banho comia tambis vivos, se rindo pro rapaz. Ele deitara de bruos na gua rente dos ps da moa e tirava os lambarizinhos da lagoa pra ela comer. A crilada das ondas amontoava nas costas dele porm escorregando no corpo nu molhado caa de novo na lagoa com risadinhas de pingos. A moa batia com os ps ngua e era feito um repuxo roubado da Luna espirrando jeitoso, cegando o rapaz. Ento ele enfiava a cabea na lagoa e trazia a boca cheia de gua. A moa apertava com os ps as bochechas dele e recebia o jato em cheio na barriga, assim. A brisa fiava a cabeleira da moa esticando de um em um os fios lisos na cara dela. O moo ps reparo nisso. Firmando o queixo no joelho da companheira ergueu o busto da gua, estirou o brao pro alto e principiou tirando os cabelos da cara da moa pra que ela pudesse comer sossegada

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    os tambis. Ento pra agradecer ela enfiou trs lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou o joelho depressa. O busto do rapaz no teve apoio mais e ele no sufragante focinhou ngua at o fundo, a moa inda forando o pescoo dele com os ps. Ele ia escorregando sem perceber de tanta graa que achava na vida. Ia escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar! A moa levou um tombo engraado por cima do rapaz e ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso. Todos os tambis fugiram enquanto os dois brincavam ngua outra vez. (Mrio de Andrade, Macunama. O heri sem nenhum carter) Texto II De outras e muitas grandezas vos poderamos ilustrar, senhoras Amazonas, no fora persignar demasiado esta epstola; todavia, com afirmar-vos que esta , por sem dvida, a mais bela cidade terrquea, muito hemos feito em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as faces, si ocultramos no silncio, uma curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expresso intelectual to prodigiosa, que falam numa lngua e escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas hospitalares, nos demos ao trabalho de bem nos inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa e assombro que se nos deparou, por certo no foi das menores tal originalidade lingstica. Nas conversas utilizam-se os paulistanos dum linguajar brbaro e multifrio, crasso de feio e impuro na vernaculidade, mas que no deixa de ter o seu sabor e fora nas apstrofes, e tambm nas vozes do brincar. Destas e daquelas nos inteiramos, solcito; e nos ser grata empresa vo-las ensinarmos a chegado. Mas si de tal desprezvel lngua se utilizam na conversao os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem, mui prxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que, com imperecvel galhardia, se intitula: lngua de Cames! De tal originalidade e riqueza vos h-de ser grato ter cincia, e mais ainda vos espantareis com saberdes, que grande e quase total maioria, nem essas duas lnguas bastam, seno que se enriquecem do mais ldimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por todos os recantos da urbs versado. (Mrio de Andrade, Macunama. O heri sem nenhum carter) As palavras epstola, terrquea e etnologia, extradas do Texto II, associam-se pelo sentido, respectivamente, a a) arma, terra e humanidade. b) carta, terra e civilizao. c) instrumento, planeta e raa. d) carta, Terra e povo. e) escrita, planeta e raa.

    11) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso. - Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbvora e um osso para mim vale tanto quanto um pedao de pau? - No quero saber de nada. Voc furtou o osso e vou lev-la aos tribunais. E assim fez. Queixou-se ao gavio-de-penacho e pediu-lhe justia. O gavio reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio. Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razes muito irms das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu. Mas o jri, composto de carnvoros gulosos, no quis saber de nada e deu a sentena: - Ou entrega o osso j e j, ou condenamos voc morte! A r tremeu: no havia escapatria!... Osso no tinha e no podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entreg-la em pagamento do que no furtara. Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juzes famintos, a ttulo de custas (Monteiro Lobato. Fbulas e Histrias Diversas) O que significa de maus bofes, na primeira linha do texto? 12) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso. - Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbvora e um osso para mim vale tanto quanto um pedao de pau? - No quero saber de nada. Voc furtou o osso e vou lev-la aos tribunais. E assim fez. Queixou-se ao gavio-de-penacho e pediu-lhe justia. O gavio reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio. Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razes muito irms das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu. Mas o jri, composto de carnvoros gulosos, no quis saber de nada e deu a sentena: - Ou entrega o osso j e j, ou condenamos voc morte! A r tremeu: no havia escapatria!... Osso no tinha e no podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entreg-la em pagamento do que no furtara. Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juzes famintos, a ttulo de custas (Monteiro Lobato. Fbulas e Histrias Diversas) Explique o significado das expresses sublinhadas no seguinte fragmento do texto: Defende-se de forma cabal, com razes muito irms das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu.

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    13) (FGV-2001) Religiosamente, pela manh, ele dava milho na mo para a galinha cega. As bicadas tontas, de violentas, faziam doer a palma da mo calosa. E ele sorria. Depois a conduzia ao poo, onde ela bebia com os ps dentro da gua. A sensao direta da gua nos ps lhe anunciava que era hora de matar a sede; curvava o pescoo rapidamente, mas nem sempre apenas o bico atingia a gua: muita vez, no furor da sede longamente guardada, toda a cabea mergulhava no lquido, e ela a sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inmeras se espargiam nas mos e no rosto do carroceiro agachado junto do poo. Aquela gua era como uma bno para ele. Como gua benta, com que um Deus misericordioso e acessvel aspergisse todas as dores animais. Bno, gua benta, ou coisa parecida: uma impresso de doloroso triunfo, de sofredora vitria sobre a desgraa inexplicvel, injustificvel, na carcia dos pingos de gua, que no enxugava e lhe secavam lentamente na pele. Impresso, alis, algo confusa, sem requintes psicolgicos e sem literatura. Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas martirizavam muito a branquinha) que construra especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez milho e gua e deixava a pobre cega num poleiro solitrio, dentro do cercado. Porque o bico e as unhas no mais catassem e ciscassem, puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto irrisrio de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as unhas aduncas. E tal crescimento j lhe atrapalhava os passos, lhe impedia de comer e beber. Ele notou essa misria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o excesso de substncia crnea no serzinho desgraado e querido. Entretanto, a galinha j se sentia de novo quase feliz. Tinha delidas lembranas da claridade sumida. No terreiro plano ela podia ir e vir vontade at topar a tela de arame, e abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitrio. Ainda tinha liberdade - o pouco de liberdade necessrio sua cegueira. E milho. No compreendia nem procurava compreender aquilo. Tinham soprado a lmpada e acabou-se. Quem tinha soprado no era da conta dela. Mas o que lhe doa fundamente era j no poder ver o galo de plumas bonitas. E no sentir mais o galo perturb-la com o seu cc-c malicioso. O ingrato. (Joo Alphonsus - Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Sculo. So Paulo: Objetiva, 2000.) Qual o significado de tontas em As bicadas tontas...? 14) (FGV-2001) Leia atentamente o fragmento de texto abaixo, de O Cortio, de Alusio Azevedo. Depois, responda questo nele baseada.

    E depois da meia-noite dada, ela e Piedade ficaram sozinhas, velando o enfermo. Deliberou-se que este iria pela manh para a Ordem de Santo Antnio, de que era irmo. E, com efeito, no dia imediato, enquanto o vendeiro e seu bando andavam l s voltas com a polcia, e o resto do cortio formigava, tagarelando em volta do conserto das tinas e jiraus, Jernimo, ao lado da mulher e da Rita, seguia dentro de um carro para o hospital. Substitua a expresso com efeito por outra expresso ou palavra, de mesmo sentido. 15) (FGV-2001) Minha memria no se desgrudava daquela cena e meu olhar apagava a paisagem ao meu redor. Escreva a seguir as palavras dessa frase que tm sentido conotativo. Explique. 16) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante de Machado de Assis. Depois, responda s perguntas. Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, no s o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr s cartomantes, e, por mais que a repreendesse, no podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras na direo de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante. Qual o significado de comprovinciana no texto? Explique, da perspectiva etimolgica, como se pode chegar concluso de que o sentido esse. 17) (FGV-2003) Qual o significado de prescindir de no perodo abaixo? Os novos diretores no podem prescindir de gente capaz. 18) (FGV-2003) Leia atentamente o texto e responda questo que a ele se refere. O Mundo das No-palavras J o disseram muitos, e de vrias maneiras, que os problemas do conhecer e do compreender centralizam-se em torno da relao entre a linguagem e a realidade, entre o smbolo e o fato. Estas marcas de tinta sobre as quais correm nossos olhos, essas marcas de tinta que concordamos em chamar palavras, e estas palavras que concordamos em aceitar como moeda legal para a troca de informaes, por que mgica, por que regras prosaicas, exercem elas suas estranhas funes? Se olharmos demoradamente para uma palavra, ela se converter, de fato, para ns em meras marcas de tinta dentro de um

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    padro peculiar de linhas. A princpio, parece escrita corretamente, depois j no podemos ter certeza disso, e finalmente somos dominados pela impresso de que o simples cogitar de sua grafia penetrar nos mais intrincados labirintos da Humanidade. Est claro que, se olharmos reflexivamente para qualquer coisa por um espao de tempo suficientemente longo, como um bezerro olha para uma porteira nova, ela tende a aparecer afinal como se fosse totalmente inexplicvel. Um grande filsofo observou, de uma feita, que a mais estranha inveno em toda a Histria era essa cobertura peculiar para o p humano que ns denominamos meia. Ele estivera olhando para uma delas durante vrios minutos. H momentos, contudo, em que parece impossvel que qualquer outra inveno humana pudesse ser mais surpreendente e estranha do que uma palavra - a palavra meia, por exemplo. Wendell Johnson, traduo de Octavio Mendes Cajado. A expresso de uma feita, em Um grande filsofo observou, de uma feita, que a mais estranha inveno em toda a Histria era essa cobertura peculiar para o p humano que ns denominamos meia, utilizada no texto, significa: a) Definitivamente. b) De certa forma. c) Devagar. d) Dessa forma. e) Certa vez. 19) (FGV-2003) Leia o texto abaixo, fragmento de um conto chamado A nova Califrnia, de Lima Barreto. Depois, responda pergunta correspondente. Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do correio pudera apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel (..........). Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. - Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia - um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse.

    Nas frases abaixo, a palavra venda tem o mesmo sentido e a mesma classificao? Explique. Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. A venda do veculo foi feita pela Internet. Os documentos foram solicitados ao Departamento de Trnsito, que os enviou imediatamente. 20) (FGV-2004) "s vezes, uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, em pblico, nalguma orao de paraninfo". Transcreva essa frase, substituindo as palavras sublinhadas, sem alterar-lhes o sentido. Faa as adaptaes necessrias. 21) (FGV-2004) Observe o trecho a seguir: ...e vinte vezes j o havia feito sem que de uma s desse f dos olhares ardentes que lhe dardejava a moa. Nesse trecho: a) Que palavra est subentendida na expresso de uma s? b) O que significa desse f? 22) (FGV-2004) 1. Era no tempo que ainda os portugueses no 2. haviam sido por uma tempestade empurrados para 3. a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava 4. de belas aves e em derredor pescava-se excelente 5. peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno parecia 6. tostado pelo fogo em que ardia-lhe o corao, 7. uma jovem tamoia linda e sensvel, tinha por habitao 8. esta rude gruta, onde ainda ento no se via 9. a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que at os quinze 10. anos era inocente como a flor, e por isso alegre 11. e folgazona como uma cabritinha nova, comeou a 12. fazer-se tmida e depois triste, como o gemido da 13. rola; a causa disto estava no agradvel parecer de 14. um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha 15. caar ou pescar ilha, e vinte vezes j o havia feito 16. sem que de uma s desse f dos olhares ardentes 17. que lhe dardejava a moa. O nome dele era Aoitin; 18. o nome dela era Ahy. 19. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe apanhava 20. as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas

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    21. disparadas, e nunca um s sinal de reconhecimento 22. obtinha; quando no fim de seus trabalhos, 23. Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de manso 24. e com um ramo de palmeira procurava, movendo o 25. ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido. Mas 26. tantos extremos eram to mal pagos que Ahy, de 27. cansada, procurou fugir do insensvel moo e fazer 28. por esquec-lo; porm, como era de esperar, nem 29. fugiu-lhe e nem o esqueceu. 30. Desde ento tomou outro partido: chorou. Ou 31. porque a sua dor era to grande que lhe podia 32. exprimir o amor em lgrimas desde o corao at 33. os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela j tinha 34. compreendido que a grande arma da mulher est 35. no pranto, Ahy chorou. MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. So Paulo: tica, 1997, p. 62-63. a) O que significa, literalmente, dardejava? b) E na linha 17 do texto, o que significa esse verbo? c) Que figura de linguagem ocorre nesse caso? 23) (FGV-2004) 1. Era no tempo que ainda os portugueses no 2. haviam sido por uma tempestade empurrados para 3. a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava 4. de belas aves e em derredor pescava-se excelente 5. peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno parecia 6. tostado pelo fogo em que ardia-lhe o corao, 7. uma jovem tamoia linda e sensvel, tinha por habitao 8. esta rude gruta, onde ainda ento no se via 9. a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que at os quinze 10. anos era inocente como a flor, e por isso alegre 11. e folgazona como uma cabritinha nova, comeou a 12. fazer-se tmida e depois triste, como o gemido da 13. rola; a causa disto estava no agradvel parecer de 14. um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha 15. caar ou pescar ilha, e vinte vezes j o havia feito 16. sem que de uma s desse f dos olhares ardentes 17. que lhe dardejava a moa. O nome dele era Aoitin; 18. o nome dela era Ahy. 19. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe apanhava 20. as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas

    21. disparadas, e nunca um s sinal de reconhecimento 22. obtinha; quando no fim de seus trabalhos, 23. Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de manso 24. e com um ramo de palmeira procurava, movendo o 25. ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido. Mas 26. tantos extremos eram to mal pagos que Ahy, de 27. cansada, procurou fugir do insensvel moo e fazer 28. por esquec-lo; porm, como era de esperar, nem 29. fugiu-lhe e nem o esqueceu. 30. Desde ento tomou outro partido: chorou. Ou 31. porque a sua dor era to grande que lhe podia 32. exprimir o amor em lgrimas desde o corao at 33. os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela j tinha 34. compreendido que a grande arma da mulher est 35. no pranto, Ahy chorou. MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. So Paulo: tica, 1997, p. 62-63. a) O que significa extremos na linha 26 do texto? b) Como o texto justifica a afirmao de que os extremos eram mal pagos? 24) (FGV-2005) Os tiranos e os autocratas sempre compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento, os livros e os jornais so potencialmente perigosos. Podem insuflar idias independentes e at rebeldes nas cabeas de seus sditos. O governador real britnico da colnia de Virgnia escreveu em 1671: Graas a Deus no h escolas, nem imprensa livre; e espero que no [as] tenhamos nestes [prximos] cem anos; pois o conhecimento introduziu no mundo a desobedincia, a heresia e as seitas, e a imprensa divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores governos. Que Deus nos guarde de ambos! Mas os colonizadores norte-americanos, compreendendo em que consiste a liberdade, no pensavam assim. Em seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de ter um dos ndices mais elevados - talvez o mais elevado - de cidados alfabetizados no mundo. Atualmente, os Estados Unidos no so o lder mundial em alfabetizao. Muitos dos que so alfabetizados no conseguem ler, nem compreender material muito simples - muito menos um livro da sexta srie, um manual de instrues, um horrio de nibus, o documento de uma hipoteca ou um programa eleitoral. As rodas dentadas da pobreza, ignorncia, falta de esperana e baixa auto-estima se engrenam para criar um tipo de mquina do fracasso perptuo que esmigalha os sonhos de gerao a gerao. Ns todos pagamos o preo de mant-la funcionando. O analfabetismo a sua cavilha. Ainda que endureamos os nossos coraes diante da

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    vergonha e da desgraa experimentadas pelas vtimas, o nus do analfabetismo muito alto para todos os demais - o custo de despesas mdicas e hospitalizao, o custo de crimes e prises, o custo de programas de educao especial, o custo da produtividade perdida e de inteligncias potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os dilemas que nos perseguem. Frederick Douglass ensinou que a alfabetizao o caminho da escravido para a liberdade. H muitos tipos de escravido e muitos tipos de liberdade. Mas saber ler ainda o caminho. (Carl Sagan, O caminho para a liberdade. Em O mundo assombrado pelos demnios: a cincia vista como uma vela no escuro. Adaptado) Rebeldes tem como antnimo dceis; tiranos tem como sinnimo autocratas. Assinale a alternativa em que o par de antnimos e o de sinnimos, nesta ordem, est correto. a) Vangloriavam e orgulhavam; heresia e atesmo. b) Perptuo e efmero; sditos e vassalos. c) Lder e idelogo; engrenam e engatam. d) nus e compromisso; esmigalha e esfacela. e) Dilemas e certezas; insuflar e esvaziar. 25) (FGV-2006) Leia o texto abaixo. Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de ris; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. - Desta vez, disse ele, vais para a Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem srio e no para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: - Gatuno, sim senhor. No outra coisa um filho que me faz isto... Sacou da algibeira os meus ttulos de dvida, j resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara. - Vs, peralta? assim que um moo deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avs ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juzo, ou ficas sem coisa nenhuma. Machado de Assis O principal efeito artstico encontrado na primeira frase do excerto pode ser comparado, mais propriamente, ao que aparece na frase: A) Lanou ao mar o tridente e a ncora. B) Emitiu algumas palavras e outras sonoridades estranhas. C) Pediu um refrigerante e o almoo. D) Trabalhou o barro e o ferro. E) Comeu toda a macarronada e minha pacincia. 26) (FMTM-2002)

    (Folha de S. Paulo, 30/3/92) A graa nos quadrinhos deve-se ao fato de a) o rato e a barata estarem num nibus cheio e ficarem assustando as pessoas. b) as pessoas pisarem no rato e na barata, por os acharem bichos nojentos. c) o rato e a barata brincarem com o sentido da palavra coletivo. d) a barata no saber responder s perguntas feitas pelo rato. e) o rato e a barata ficarem escondidos das pessoas. 27) (FMTM-2002) Endechas escrava Brbara Aquela cativa, que me tem cativo porque nela vivo, j no quer que viva. Eu nunca vi rosa em suaves molhos, que para meus olhos fosse mais formosa. Uma graa viva, que neles lhe mora, para ser senhora de quem cativa. Pretos os cabelos, onde o povo vo perde opinio que os louros so belos. Pretido de Amor, to doce a figura, que a neve lhe jura que trocara a cor. Leda mansido que o siso acompanha; bem parece estranha, mas brbara no. Vocabulrio: Endechas: Versos em redondilha menor (cinco slabas). Molhos: feixes. Leda: risonha.

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    Vo: ftil. Observando as palavras em destaque nos dois primeiros versos do poema, correto afirmar que a) nos dois casos, as palavras tm o mesmo significado, ou seja, entregar-se pessoa amada. b) para o poeta, cativo estar apaixonado; para a escrava, cativa no ter liberdade. c) so palavras de sentido diferente, pois a escrava cativa do amor, mas o poeta no. d) em ambos os casos, as palavras indicam que tanto o poeta quanto a escrava no tm liberdade fsica. e) o poeta, apaixonado (cativo) pela escrava, comprou-a e tornou-a cativa (sua propriedade). 28) (FMTM-2003) Leia o texto, para responder questo a seguir. Co reencontrado As lembranas, a histria e a lio de Veludo Ivan Angelo Era muitas vezes com lgrimas nos olhos que se aprendia a dar valor amizade, ao carter e ao amor. Exemplos melodramticos no faltavam, e talvez por isso se tenham tornado marcantes. Nunca pude me esquecer de um longo poema lido em aula pela professora, no 2 ano primrio. Falava de um co, feio mas dedicado, de que o dono procura se desfazer, afogando-o no mar. Lembro-me da forte emoo com que acompanhamos a leitura, e da minha ateno ao copi-lo depois. Decorei-o inteiro, e declamava-o para outros meninos, provavelmente quando tinha por perto algum bolo de aniversrio. Ao terminar a narrativa da tragdia de Veludo, havia olhos midos na pequena platia. Era esse o nome do co: Veludo. Magro, asqueroso, revoltante, imundo - dizia o poema. Passaram-se os anos, e restavam dele em minha memria os seis primeiros versos e uma lio de moral. Aquele cachorro incomodava o dono. Deu-o mulher de um carvoeiro. Respirou aliviado por no ser mais de dar um osso diariamente a um bicho vil, a um feio co imundo. Porm noite algum bateu porta: Era Veludo. Lambeu as mos do narrador, farejou a casa satisfeito e foi dormir junto do meu leito. Para se livrar dele, resolveu mat-lo. Numa noite, em que zunia a asa fnebre dos ventos, levou Veludo para o mar, de barco. Longe da costa, ergueu o co nos braos e atirou-o ao mar. Deixou-o l, voltou a terra, entrou em casa e, ao tirar o manto, notou - oh grande dor! - que havia perdido na operao o cordo de prata com o retrato da me. Concluiu, com rancor, que a culpa era do co: Foi esse co imundo / A causa do meu mal! E completou: se duas vidas o animal tivesse, duas vidas lhe arrancaria. Nesse momento, ouviu uivos porta. Era Veludo! (Arrepiado, leitor?) O co arfava. Estendeu-se a seus ps e docemente / Deixou cair da boca que espumava / A medalha suspensa da corrente.

    Sacudiu-o, chamou-o. Estava morto. Aprendiam-se dramaticamente os valores da vida. (Veja So Paulo, Adaptado) Considerando o contexto, o antnimo de vil e o sinnimo de arfava so, correta e respectivamente, a) doente e babava. b) ordinrio e arquejava. c) nobre e ofegava. d) distinto e corria. e) levado e chegava. 29) (Fuvest-2002)

    Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tiet, arborizar praas, ruas e escolas, criar novos parques, melhorar a qualidade do ar e da vida das pessoas, aumentar a conscincia ecolgica dos adultos e das futuras geraes. (...) Logo, logo voc vai ver o Pomar em cada canto da cidade. Projeto Pomar. Concreto aqui, s os resultados. (Adaptado de ISTO, 19/9/2001) Considerando-se o contexto deste anncio, o tipo de efeito de sentido que ocorre na expresso deixa no ar tambm se verifica em: a) Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tiet. b) Melhorar a qualidade do ar. c) Conscincia ecolgica dos adultos e das futuras geraes. d) Em cada canto da cidade. e) Concreto aqui, s os resultados. 30) (Fuvest-2002) A caracterstica da relao do adulto com o velho a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerncia sem o calor da sinceridade.No se discute com o velho, no se confrontam opinies com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que s se permite aos amigos: a alteridade, a contradio, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relaes humanas so pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das reas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o

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    que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerncia com os velhos entendida assim, como uma abdicao do dilogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminao. (Ecla Bosi, Memria e sociedade - Lembranas de velhos) A frase em que a palavra sublinhada preserva o sentido com que foi empregada no texto : a) Na mais sumria relao das virtudes humanas no deixar de constar a sinceridade. b) Sobretudo os pobres sentem o peso do que seja banimento ou discriminao. c) por vezes difcil a discriminao entre tolerncia e menosprezo. d) Enfrentar a contradio sempre um grande passo para o nosso crescimento. e) Se traduzir difcil, mais difcil o dilogo entre pessoas que se mascaram na mesma lngua. 31) (Fuvest-2001) Um dos traos marcantes do atual perodo histrico () o papel verdadeiramente desptico da informao. () As novas condies tcnicas deveriam permitir a ampliao do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrnseca. Todavia, nas condies atuais, as tcnicas da informao so principalmente utilizadas por um punhado de atores em funo de seus objetivos particulares. Essas tcnicas da informao (por enquanto) so apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criao de desigualdades. desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais perifrica, seja porque no dispe totalmente dos novos meios de produo, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle. O que transmitido maioria da humanidade , de fato, uma informao manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. (Milton Santos, Por uma outra globalizao) Observe os sinnimos indicados entre parnteses: I. o papel verdadeiramente desptico (= tirnico) da informao; II. dos homens em sua realidade intrnseca (= inerente); III. so apropriadas (= adequadas) por alguns Estados. Considerando-se o texto, a equivalncia sinonmica est correta APENAS em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 32) (Fuvest-2001) Dinheiro encontrado no lixo

    Organizados numa cooperativa em Curitiba, catadores de lixo livraram-se dos intermedirios e conseguem ganhar por ms, em mdia, R$600,00 - o salrio inicial de uma professora de escola pblica em So Paulo. O negcio prosperou porque est em Curitiba, cidade conhecida dentro e fora do pas pelo sucesso na reciclagem do lixo. (Folha de S. Paulo, 22/09/00) Quando se l esta notcia, nota-se que seu ttulo tem duplo sentido. a) Quais so os dois sentidos do ttulo? b) Crie para a notcia um ttulo que lhe seja adequado e no apresente duplo sentido. 33) (Fuvest-2002) Considere este trecho de um dilogo entre pai e filho (do romance Lavoura arcaica, de Raduan Nassar): - Quero te entender, meu filho, mas j no entendo nada. - Misturo coisas quando falo, no desconheo, so as palavras que me empurram, mas estou lcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode at parecer que exorbito, e se h farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito gro inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo. No trecho, ao qualificar o seu prprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa. a) A frase estou lcido, pai, sei onde me contradigo um exemplo de linguagem de sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta. b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que est dito de forma figurada na frase: se h farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito gro inteiro. 34) (Fuvest-2002) E no h melhor resposta que o espetculo da vida: v-la desfiar seu fio, que tambm se chama vida, ver a fbrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, v-la brotar como h pouco em nova vida explodida; mesmo quando assim pequena a exploso, como a ocorrida; mesmo quando uma exploso como a de h pouco, franzina; mesmo quando a exploso de uma vida severina. (Joo Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina) a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em a fbrica e se fabrica, um substantivo e um verbo que tm o mesmo radical.

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    Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo. b) A expressividade dos seis ltimos versos decorre, em parte, do jogo de oposies entre palavras. Cite desse trecho um exemplo em que a oposio entre as palavras seja de natureza semntica. 35) (Fuvest-2000) Na plancie avermelhada, os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem trs lguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, atravs dos galhos pelados da caatinga rala. (Graciliano Ramos, Vidas secas) Reestruturando-se o terceiro perodo do texto, mantm-se o sentido original apenas em: a) A viagem progredira bem trs lguas, uma vez que haviam repousado bastante na areia do rio seco, dado que ordinariamente andavam pouco. b) Haviam repousado bastante na areia do rio seco; a viagem progredira bem trs lguas porque ordinariamente andavam pouco. c) Porque haviam repousado bastante na areia do rio seco, ordinariamente andavam pouco, e a viagem progredira bem trs lguas. d) Ainda que ordinariamente andassem pouco, a viagem progredira bem trs lguas, pois haviam repousado bastante na areia do rio seco. e) Em virtude de andarem ordinariamente pouco e de haverem repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem trs lguas. 36) (Fuvest-2000) As duas manas Lousadas! Secas, escuras e grrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicncias, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, no existia ndoa, pecha, bule rachado, corao dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo no descortinassem e que sua solta lngua, entre os dentes ralos, no comentasse com malcia estridente. (Ea de Queirs, A ilustre Casa de Ramires) H, no texto, analogia entre o sentido da expresso grrulas como cigarras e o sentido de a) tecedeiras de todas as intrigas. b) olhinhos furantes. c) azeviche sujo. d) sua solta lngua. e) entre os dentes ralos. 37) (Fuvest-2000) Essa vida por aqui

    coisa familiar; mas diga-me retirante, sabe benditos rezar? sabe cantar excelncias, defuntos encomendar? sabe tirar ladainhas, sabe mortos enterrar? (Joo Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina) Neste contexto, o verso defuntos encomendar significa a) ordenar a morte de algum. b) lavar e vestir o defunto. c) matar algum. d) preparar a urna funerria. e) orar pelo defunto. 38) (Fuvest-1998) A negociao entre presidncia e oposio condio sine qua non para que a nova lei seja aprovada. A expresso latina, largamente utilizada em contextos de lngua portuguesa, significa, neste caso: a) prioritria. b) relevante. c) pertinente. d) imprescindvel. e) urgente. 39) (Fuvest-1998) No se trata aqui, bvio, de procurar eximir os meios de comunicao da responsabilidade por seus produtos. Mas determinar de antemo o que no pode ser veiculado e policiar a expresso livre de idias e informaes - ou seja, chancelar a censura. (Folha de S. Paulo, 28/08/97, 1-2) Depreende-se do texto que seu autor: a) pretende corroborar a censura, embora afirme que os meios de comunicao devam ser responsabilizados por seus produtos. b) isenta os meios de comunicao de responsabilidades em relao aos produtos que veiculam. c) posiciona-se contra a censura prvia e reconhece que os meios de comunicao podem ser responsabilizados pelos produtos que veiculam. d) pretende evitar a censura, estabelecendo critrios prvios quanto ao que pode ou no ser veiculado nos meios de comunicao. e) busca transferir para o prprio rgo de imprensa a responsabilidade pela censura prvia. 40) (Fuvest-1998) A palavra sano com o significado de ratificao ocorre apenas em: a) Aplicar sanes a grevistas no direito nem dever de um presidente.

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    b) Eventual sano do presidente nova lei, aprovada ontem, poder desagradar a setores de todas as categorias. c) As sanes previstas na lei eleitoral no exercem influncias significativas sobre a paixo dos militantes. d) O novo diretor prefere sanes a dilogos. e) O contrato prev sanes para os inadimplentes. 41) (Fuvest-1998) Agora os parlamentares concluem sua obra com a anuncia unnime quele dispositivo inconstitucional. (Folha de S. Paulo, 28/08/97, 1-2) A parfrase correta do texto : a) A maioria dos parlamentares aprova um certo dispositivo inconstitucional. b) Os parlamentares, sem exceo, aprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado. c) Todos os parlamentares reprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado. d) A maioria absoluta dos parlamentares boicotou um certo dispositivo inconstitucional. e) A maioria dos parlamentares conclui sua obra com indiferena aprovao ou no de um certo dispositivo inconstitucional. 42) (Fuvest-1999) Mesmo sem ver quem est do outro lado da linha, os fs dos bate-papos virtuais viram amigos, namoram e alguns chegam at a casar. (poca, n1, 25/05/98) a) O segmento sublinhado constitui uma orao reduzida. Substitua-a por uma orao (introduzida por conjuno e com o verbo no modo indicativo ou subjuntivo), sem produzir alterao do sentido. b) Reescreva a orao "os fs dos bate-papos virtuais viram amigos" sem mudar-lhe o sentido e sem provocar incorreo, apenas substituindo o verbo. 43) (Fuvest-2003)

    BR. Contribuindo para o cinema brasileiro rodar cada vez melhor. A Petrobras Distribuidora sempre investiu na cultura do Pas e acreditou no potencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR de Cinema um exemplo disso. Sucesso de pblico e crtica, hoje a Mostra j est na sua 26 edio e sua qualidade reconhecida por cineastas do mundo todo. E voc tem um papel muito importante nesta histria: toda vez que abastecer em um Posto BR estar contribuindo tambm para o cinema brasileiro rodar cada vez mais. (Adaptado do Catlogo da 26 Mostra BR de Cinema - out/2002) Considerando os elementos visuais e verbais que constituem este anncio, identifique no texto a) a palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relao entre patrocinado e patrocinador. Justifique sua resposta. b) duas possveis leituras da frase E voc tem um papel muito importante nesta histria. 44) (fuvest-2004) Compare o provrbio Por fora bela viola, por dentro po bolorento com a seguinte mensagem publicitria de um empreendimento imobilirio: Por fora as mais belas rvores. Por dentro a melhor planta. a) Os recursos sonoros utilizados no provrbio mantm-se na mensagem publicitria? Justifique sua resposta.

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    b) Aponte o jogo de palavras que ocorre no texto publicitrio, mas no no provrbio. 45) (Fuvest-2004) Conversa no nibus Sentaram-se lado a lado um jovem publicitrio e um velhinho muito religioso. O rapaz falava animadamente sobre sua profisso, mas notou que o assunto no despertava o mesmo entusiasmo no parceiro. Justificou-se, quase desafiando, com o velho chavo: - A propaganda a alma do negcio. - Sem dvida, respondeu o velhinho. Mas sou daqueles que acham que o sujeito dessa frase devia ser o negcio. a) A palavra alma tem o mesmo sentido para ambas as personagens? Justifique. b) Seguindo a indicao do velhinho, redija a frase na verso que a ele pareceu mais coerente. 46) (Fuvest-2004) No conto A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimares Rosa, o protagonista um homem rude e cruel, que sofre violenta surra de capangas inimigos e abandonado como morto, num brejo. Recolhido por um casal de matutos, Matraga passa por um lento e doloroso processo de recuperao, em meio ao qual recebe a visita de um padre, com quem estabelece o seguinte dilogo: - Mas, ser que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, e tendo nas costas tanto pecado mortal? - Tem, meu filho. Deus mede a espora pela rdea, e no tira o estribo do p de arrependido nenhum... (...) Sua vida foi entortada no verde, mas no fique triste, de modo nenhum, porque a tristeza aboio de chamar demnio, e o Reino do Cu, que o que vale, ningum tira de sua algibeira, desde que voc esteja com a graa de Deus, que ele no regateia a nenhum corao contrito. a) A linguagem figurada amplamente empregada pelo padre adequada ao seu interlocutor? Justifique sua resposta. b) Transcreva uma frase do texto que tenha sentido equivalente ao da frase no regateia a nenhum corao contrito. 47) (Fuvest-2005) O filme Cazuza - O tempo no pra me deixou numa espcie de felicidade pensativa. Tento explicar por qu. Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doena e a morte parecem ter-se vingado de sua paixo exagerada de viver. impossvel sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o que vale mais, a preservao de nossas foras, que garantiria uma vida mais longa, ou a livre procura da mxima intensidade e variedade de experincias?

    Digo que a pergunta se apresenta mais uma vez porque a questo hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutria. (...) Obedecemos a uma proliferao de regras que so ditadas pelos progressos da preveno. Ningum imagina que comer banha, fumar, tomar pinga, transar sem camisinha e combinar, sei l, nitratos com Viagra seja uma boa idia. De fato no . primeira vista, parece lgico que concordemos sem hesitao sobre o seguinte: no h ou no deveria haver prazeres que valham um risco de vida ou, simplesmente, que valham o risco de encurtar a vida. De que adiantaria um prazer que, por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual estou sentado? Os jovens tm uma razo bsica para desconfiar de uma moral prudente e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os tempos suplementares. que a morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a gente se preocupar mais tarde, muito mais tarde. Mas sua vontade de caminhar na corda bamba e sem rede no apenas a inconscincia de quem pode esquecer que o tempo no pra. tambm (e talvez sobretudo) um questionamento que nos desafia: para disciplinar a experincia, ser que temos outras razes que no sejam s a deciso de durar um pouco mais? (Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo) Considere as seguintes afirmaes: I. Os trechos mordeu a vida com todos os dentes e caminhar na corda bamba e sem rede podem ser compreendidos tanto no sentido figurado quanto no sentido literal. II. Na frase De que adiantaria um prazer que (...) cortasse o galho sobre o qual estou sentado, o sentido da expresso sublinhada corresponde ao de se est sentado. III. Em mais uma vez, no incio do terceiro pargrafo, o autor empregou aspas para indicar a precisa retomada de uma expresso do texto. Est correto o que se afirma em a) I, somente b) I e II, somente c) II, somente d) II e III, somente e) I, II e III 48) (Fuvest-2005) Assim, pois, o sacristo da S, um dia, ajudando missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plcida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graa, pisou--lhe o p, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjuno de luxrias vadias brotou Dona Plcida. de crer que Dona Plcida no falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristo e a sacrist naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou no comer, andar de um lado para outro, na faina,

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    adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanh resignada, mas sempre com as mos no tacho e os olhos na costura, at acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia. (Machado de Assis, Memrias pstumas de Brs Cubas) Dos verbos no infinitivo que ocorrem na resposta do sacristo e da sacrist, o nico que deve ser entendido, necessariamente, em dois sentidos diferentes : a) queimar. b) comer. c) andar. d) adoecer. e) sarar. 49) (Fuvest-2005) Assim, pois, o sacristo da S, um dia, ajudando missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plcida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graa, pisou--lhe o p, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjuno de luxrias vadias brotou Dona Plcida. de crer que Dona Plcida no falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristo e a sacrist naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou no comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanh resignada, mas sempre com as mos no tacho e os olhos na costura, at acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia. (Machado de Assis, Memrias pstumas de Brs Cubas) A palavra assinalada no trecho que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plcida mantm uma relao sinonmica com a palavra dia(s) em: a) um dia, (...) viu entrar a dama. b) Viu-a outros dias. c) ao acender os altares, nos dias de festa. d) podia dizer aos autores de seus dias. e) at acabar um dia na lama. 50) (FUVEST-2007) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo - do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao

    trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor, a) a forma e o contedo so indissociveis em qualquer mensagem. b) a forma um acessrio do contedo, que o essencial. c) o contedo prescinde de qualquer forma para se apresentar. d) a forma perfeita condio indispensvel para o sentido exato do contedo. e) o contedo impreciso, se a forma apresenta alguma imperfeio. 51) (FUVEST-2007) Sair a campo atrs de descobridores de espcies uma expedio arriscada. Se voc no da rea, vale treinar um biologus de turista. Mas, mesmo quem no tem nada a ver com o pato-mergulho ou a morfologia da semente da laurcea, pode voltar fascinado da aproximao com esses especialistas. De olhos nos livros e ps no mato, eles etiquetam a natureza, num trabalho de formiga. So minoria que d nome aos bois e a plantas, aves, mosquitos, vermes e outros bichos. Heloisa Helvcia, Revista da Folha. a) Transcreva do texto as expresses que mais diretamente exemplificam o biologus mencionado pela autora. b) Tomada em seu sentido figurado, como se deve entender a expresso dar nome aos bois, utilizada no texto? 52) (ITA-2001) Na frase abaixo, extrada do texto publicitrio de um conceituado restaurante, h uma palavra cujo significado contraria o efeito de sentido esperado. A nossa meta de atendimento eficincia e cortesia. a) Localize a palavra e explique por que ela contraria o objetivo publicitrio do texto.

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    b) Escreva uma frase semelhante, mas que produza o efeito de sentido esperado nesse texto publicitrio. 53) (ITA-2000) Leia os dois enunciados abaixo: a) A Sadia descobriu o jeitinho italiano. (Propaganda da Sadia, fabricante de alimentos, para as massas prontas congeladas.) b) Queremos mostrar que o Brasil tem jeito. (Pronunciamento de um poltico em propaganda televisiva levada ao ar em julho/1999.) Por que no possvel a substituio de jeitinho por jeito e vice-versa nos enunciados? 54) (ITA-2000) Voc entra no bate-papo, conversa, troca e-mail, faz amizade. Passa horas navegando com um bando de estranhos. E nunca sabe ao certo com quem est falando. O anonimato pode ser uma das vantagens da rede, mas tambm uma armadilha. Para tentar evitar possveis decepes na hora da verdade, a Internet vai sofisticando recursos, unindo psicologia, tecnologia e diverso e tentando melhorar o que podemos chamar de relacionamento em rede. As novidades so boas para quem aposta no virtual como alternativa na hora de conhecer novas pessoas e para quem no quer levar para a vida real um gato no lugar de uma lebre, com o devido respeito aos bichinhos. (...) (Viviane Zandonadi. Voc sabe quem est falando? Folha de S. Paulo, Caderno Informtica, 4/8/1999.) a) Escreva duas palavras ou expresses do texto que ganharam novos sentidos na rea da informtica. b) Em se tratando de relacionamentos amorosos, levar gato (ou gata) no lugar de lebre poder ser um bom negcio. Explique por que possvel essa interpretao. 55) (ITA-2000) A psicologia evolucionista aprontou mais uma: descobriu que mulheres preferem homens mais msculos quando esto na fase frtil do ciclo menstrual. A pesquisa foi realizada pela Escola de Psicologia da Universidade de Saint Andrews, na Esccia (Reino Unido). um gnero de investigao que anda na moda e acende polmicas onde aparece. Os adeptos da psicologia evolucionista acham que escolhas e comportamentos humanos so ditados pelos genes, antes de mais nada. Dito de outro modo: as pessoas agiriam, ainda hoje, de acordo com o que foi mais vantajoso para a espcie no passado remoto, ou para a sobrevivncia dos indivduos. Entre outras coisas, esses darwinistas extremados acreditam que machos tm razes biolgicas para ser mais promscuos. (...) Marcelo Leite. Ciclo menstrual pode alterar escolha sexual, Folha de S. Paulo, Caderno Cincia. 24/6/1999.)

    a) Aponte duas marcas ou expresses lingsticas usadas no texto que produzem efeito de ironia. b) Por que essas marcas ou expresses, apontadas em (A), produzem efeito de ironia? 56) (ITA-2000) Assinale a opo em que a manchete de jornal est mais em acordo com os cnones da objetividade jornalstica: a) O mestre do samba volta em grande forma O Estado de S. Paulo, 17/7/1999.) b) O pior do serto na festa dos 500 anos (O Estado de S. Paulo, 17/7/1999.) c) Protena direciona clulas no crebro (Folha de S. Paulo, 24/7/1999.) d) A farra dos juros saiu mais cara que a da casa prpria (Folha de S. Paulo, 13/6/1999.) e) Dono de telas falsas diz existir armao O Estado de S. Paulo, 21/7/1999.) 57) (ITA-2000) Filme bom filme antigo? Lgico que no, mas A Mmia, de 1932, pe a frase em xeque. Sua refilmagem, com Brendan Fraser no elenco, ainda corre nos cinemas brasileiros, repleta de humor e efeitos visuais. Na de Karl Freund, h a vantagem de Boris Karloff no papel-ttulo, compondo uma mmia aterrorizadora, fiel ao terror dos anos 30. Apesar de alguma precariedade, lana um clima de mistrio que a verso 1999 no conseguiu, tal a nfase dada embalagem. Da nem sempre cinema bom so efeitos especiais deveria ser a tal frase.( PSL) A precria e misteriosa mmia de 32, Folha de S. Paulo, Caderno Ilustrada, 4/8/1999.) Em: tal a nfase dada embalagem e deveria ser a tal frase, os termos em destaque nas duas frases podem ser substitudos, respectivamente, por: a)semelhante; aquela. b) tamanha; essa. c) tamanha; aquela. d) semelhante; essa. e) essa; aquela. 58) (ITA-2003) A questo a seguir refere-se ao texto abaixo. () As angstias dos brasileiros em relao ao portugus so de duas ordens. Para uma parte da populao, a que no teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posies, o problema sobretudo com a gramtica. esse o pblico que consome avidamente os fascculos e livros do professor Pasquale, em que as regras bsicas do idioma so apresentadas de forma clara e bem-humorada. Para o segmento que teve oportunidade de estudar em

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    bons colgios, a principal dificuldade com clareza. para satisfazer a essa demanda que um novo tipo de profissional surgiu: o professor de portugus especializado em adestrar funcionrios de empresas. Antigamente, os cursos dados no escritrio eram de gramtica bsica e se destinavam principalmente a secretrias. De uns tempos para c, eles passaram a atender primordialmente gente de nvel superior. Em geral, os professores que atuam em firmas so acadmicos que fazem esse tipo de trabalho esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. fascinante, porque deixamos de viver a teoria para enfrentar a lngua do mundo real, diz Antnio Surez Abreu, livre-docente pela Universidade de So Paulo () (JOO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questo. Veja, 7/11/2001, n. 1725) Considerando que o autor do texto apresenta os fatos a partir da perspectiva daqueles que procuram um curso de lngua portuguesa, aponte o sentido que a palavra demanda assume no texto. a) busca b) necessidade c) exigncia d) pedido e) disputa 59) (ITA-2003) Leia o texto a seguir. Boleiros sob medida Cincia e futebol uma tabelinha raramente esboada no Brasil. A academia no costuma eleger os gramados como objeto de estudo e o mundo dos boleiros tampouco tem o hbito de, digamos, dar bola para que os pesquisadores dizem sobre o esporte mais popular do planeta. Numa situao privilegiada nos dois campos, tanto na cincia quanto no futebol, Turbio Leite de Barros, diretor do centro de Medicina da Atividade Fsica e do Esporte da Universidade Federal de So Paulo (Cemafe/Unifesp) e fisiologista da equipe do So Paulo Futebol Clube h 15 anos, produziu um estudo que traa o perfil do futebol praticado hoje no Brasil do ponto de vista das exigncias fsicas a que os jogadores de cada posio do time so submetidos numa partida. (MARCOS PIVETTA. Pesquisa. FAPESP, maio de 2002, p. 42) a) O texto contm termos do universo do futebol, como, por exemplo, tabelinha, uma jogada rpida e entrosada normalmente entre dois jogadores. Retire do texto outras duas expresses que, embora caracterizem esse universo, tambm assumem outro sentido. Explique esse sentido. b) O ttulo pode ser considerado ambguo devido expresso sob medida. Aponte dois sentidos possveis para a expresso, relacionando-os ao contedo do texto. 60) (ITA-2005) Na tirinha de Caco Galhardo, a palavra sentido assume duas acepes.

    Das frases abaixo, indique a opo em que a palavra sentido tem o mesmo significado que tem na fala do soldado. a) Sentido com o que lhe fizeram, no os procurou mais. b) Sua deciso apressada no revela muito sentido. c) Ningum compreendeu o sentido de sua atitude. d) O caminho bifurca-se em dois sentidos. e) Muitos escritores buscam o sentido das coisas. 61) (Mack-2001) Quando eu me sento janela Plos vidros que a neve embaa Vejo a doce imagem dela Quando passa... passa... passa... Lanou-me a mgoa seu vu: - Menos um ser neste mundo E mais um anjo no cu. Quando eu me sento janela, Plos vidros que a neve embaa Julgo ver a imagem dela Que j no passa... no passa... Fernando Pessoa I - Os versos 6 e 7 referem-se morte de maneira denotativa. II - Nos versos 6 e 7 h uma referncia irnica ao vu da mgoa. III - O paralelismo entre os versos 1/2 e 8/9 aponta para uma ao cclica. Das afirmaes acima: a) apenas I est correta. b) apenas II est correta. c) apenas III est correta. d) todas esto corretas. e) nenhuma est correta. 62) (Mack-2002) isto de mtodo, sendo, como , uma cousa indispensvel, todavia melhor t-lo sem gravata nem suspensrios, mas um pouco fresca e solta () como a eloqncia, que h uma genuna e vibrante, de uma arte natural e feiticeira, e outra tesa, engomada e chocha. Machado de Assis - Memrias pstumas de Brs Cubas No contexto, gravata e suspensrios

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    a) expressam metaforicamente os aspectos positivos do mtodo, do qual, segundo o narrador, toda obra depende. b) caracterizam metonimicamente o mtodo fresco e solto que o narrador reconhece como essencial. c) equivalem, em seu sentido denotativo, s qualidades do mtodo que o narrador julga indispensveis. d) correspondem, respectivamente, a possveis rigidez e vantagens do mtodo, defendidos por serem imprescindveis. e) adquirem sentido conotativo por representar a austeridade do mtodo, atributo que o narrador gostaria de ver minimizado. 63) (Mack-2004) O major era pecador antigo, e no seu tempo fora daqueles de que se diz que no deram o seu quinho ao vigrio: restava-lhe ainda hoje alguma cousa que s vezes lhe recordava o passado: essa alguma cousa era a Maria-Regalada que morava na prainha. Maria-Regalada fora no seu tempo uma mocetona de truz, como vulgarmente se diz: era de um gnio sobremaneira folgazo, vivia em contnua alegria, ria-se de tudo, e de cada vez que se ria fazia-o por muito tempo e com muito gosto; da que vinha o apelido - regalada - que haviam ajuntado a seu nome. Isto de apelidos, era no tempo destas histrias uma cousa muito comum; no estranhem pois os leitores que muitas das personagens que aqui figuram tenham esse apndice ao seu nome. Obs.: de truz - de primeira ordem, magnfica Manuel Antnio de Almeida, Memrias de um sargento de milcias No segmento fora daqueles de que se diz que no deram o seu quinho ao vigrio, a expresso no deu o seu quinho ao vigrio a) foi empregada em sentido figurado e deve ser entendida assim: no agia em conformidade com a moral e os bons costumes. b) um recurso de estilo, utilizado para levar compreenso do seguinte trao pecaminoso da personagem: rejeitava o pagamento do dzimo. c) constitui uma metfora, com a qual o narrador caracteriza o trao de incredulidade da personagem com relao f catlica. d) pode ser substituda, sem prejuzo do sentido original, por: no desempenhava nenhuma atividade assistencial. e) compe a caracterizao do major e, denotativamente, aponta para a seguinte idia: no reconhecia seus erros perante o proco. 64) (Mack-2007) A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coronel de patente, do que tenho honra e fao alarde. Herdei do meu av Simeo terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto do mais fino. Leio no corrente da vista e at uns latins arranhei em tempos verdes da infncia, com uns padres-mestres a dez tostes por ms. Digo, modstia de lado, que j discuti e joguei no assoalho do Foro mais de um doutor formado. Mas disso

    no fao glria, pois sou sujeito lavado de vaidade, mimoso no trato, de palavra educada. J morreu o antigamente em que Ponciano mandava saber nos ermos se havia um caso de lobisomem a sanar ou pronta justia a ministrar. S de uma regalia no abri mo nesses anos todos de pasto e vento: a de falar alto, sem freio nos dentes, sem medir considerao, seja em compartimento do governo, seja em sala de desembargador. Trato as partes no macio, em jeito de moa. Se no recebo cortesia de igual porte, abro o peito: Seu filho de gua, que pensa que ? Jos Cndido de Carvalho O coronel e o lobisomem: deixados do Oficial Superior da Guarda Nacional, Ponciano de Azeredo Furtado, natural da praa de Campos de Goitacazes Obs.: compartimento do governo - repartio pblica Assinale a alternativa correta. a) So exemplos de linguagem denotativa o emprego de verdes (linha 04) e da expresso freio nos dentes (linha 12). b) A conjuno pois (linha 07) foi empregada com o mesmo sentido observado em Est em repouso absoluto, no podendo, pois, deslocar-se at aqui. c) O contexto exige que a frase introduzida pelo advrbio J (linha 08) seja entendida como expresso de um fato lamentado pelo narrador. d) A conjuno se (linha 09) introduz oraes adverbiais condicionais. e) As expresses a sanar e a ministrar (linha 10) admitem ser entendidas em sentido passivo. 65) (PUC - SP-2007) A segunda orao que compe a referida pea publicitria contm a expresso pratos elaborados bilhes e bilhes de vezes. Em recente declarao Revista Veja a respeito de seu filho, o presidente Lus Incio Lula da Silva fez a seguinte afirmao Deve haver um milho de pais reclamando: por que meu filho no o Ronaldinho? Porque no pode todo mundo ser o Ronaldinho. (Revista Veja Edio 1979 25 out. 2006). A respeito das expresses destacadas em negrito nos trechos acima, lingisticamente adequado afirmar que a) apenas em bilhes e bilhes, em que bilhes essencialmente advrbio, existe uma indicao precisa de quantidade. b) apenas em um milho, em que milho essencialmente adjetivo, existe uma indicao precisa de quantidade. c) em ambas as expresses, que so conjunes coordenativas aditivas, existe uma indicao precisa de quantidade. d) em ambas as expresses, que so essencialmente numerais, existe um uso figurado que expressa exagero intencional.

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    e) apenas em bilhes e bilhes, em que bilhes essencialmente pronome, existe um uso figurado que expressa exagero intencional. 66) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos sbitos, arrastes morais. Abomino a retrica politicamente correta, paternalismos vesgos, equvocos bem-intencionados. Assisto pois com fastio e espanto s discusses sobre a implantao de um sistema de cotas, na universidade, para estudantes de pele negra. No Cear, baseado no mesmo voluntarismo mope, tramita na Assemblia projeto que garante cotas no vestibular para estudantes da escola pblica. As duas propostas padecem do mesmo pecado original: pretendem remediar uma injustia histrica atravs de outra. A perversa desigualdade brasileira tem razes profundas, construdas ao longo de 500 anos de explorao, preconceito e excluso. Portanto, no ser resolvida na base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o problema em suas causas primeiras, procura apaziguar nossas conscincias cvicas investindo contra o que, na verdade, s uma conseqncia. Se queremos, de fato, estabelecer polticas compensatrias a favor dos excludos, que apontemos ento nossa indignao para o corao da desigualdade: preciso investir maciamente na educao bsica, elevando efetivamente o nvel da escola pblica. Ao adotarmos cotas e cursinhos pr-universitrios exclusivos para negros, estaramos na verdade estabelecendo um retrocesso histrico, institucionalizando o questionvel conceito de raa. Ressuscitaramos assim, quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforaramos a idia anacrnica de que as raas so naturais e, por conseqncia, que uma pode realmente ser superior s outras. Assim, s alimentaramos ainda mais o preconceito. Oficializaramos o gueto e a discriminao. Os adeptos da idia se defendem com nova prola do pensamento politicamente correto. Falam de uma tal ''discriminao positiva''. Em bom portugus, no passa de uma outra forma de racismo. Um racismo s avessas. Mas o mais puro e insuportvel racismo. (Lira Neto. O POVO: 14/9/2001) O termo tal nas expresses O tal sistema de cotas e uma tal discriminao positiva d a idia de a) desdm b) indiferena c) indefinio d) indignao

    67) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos sbitos, arrastes morais. Abomino a retrica politicamente correta, paternalismos vesgos, equvocos bem-intencionados. Assisto pois com fastio e espanto s discusses sobre a implantao de um sistema de cotas, na universidade, para estudantes de pele negra. No Cear, baseado no mesmo voluntarismo mope, tramita na Assemblia projeto que garante cotas no vestibular para estudantes da escola pblica. As duas propostas padecem do mesmo pecado original: pretendem remediar uma injustia histrica atravs de outra. A perversa desigualdade brasileira tem razes profundas, construdas ao longo de 500 anos de explorao, preconceito e excluso. Portanto, no ser resolvida na base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o problema em suas causas primeiras, procura apaziguar nossas conscincias cvicas investindo contra o que, na verdade, s uma conseqncia. Se queremos, de fato, estabelecer polticas compensatrias a favor dos excludos, que apontemos ento nossa indignao para o corao da desigualdade: preciso investir maciamente na educao bsica, elevando efetivamente o nvel da escola pblica. Ao adotarmos cotas e cursinhos pr-universitrios exclusivos para negros, estaramos na verdade estabelecendo um retrocesso histrico, institucionalizando o questionvel conceito de raa. Ressuscitaramos assim, quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforaramos a idia anacrnica de que as raas so naturais e, por conseqncia, que uma pode realmente ser superior s outras. Assim, s alimentaramos ainda mais o preconceito. Oficializaramos o gueto e a discriminao. Os adeptos da idia se defendem com nova prola do pensamento politicamente correto. Falam de uma tal ''discriminao positiva''. Em bom portugus, no passa de uma outra forma de racismo. Um racismo s avessas. Mas o mais puro e insuportvel racismo. (Lira Neto. O POVO: 14/9/2001) O dicionrio apresenta vrias possibilidades de sinonmia entre as palavras. No entanto termos dados como equivalentes em sentido podem apresentar certa gradao quanto intensidade. Nessa perspectiva, podemos dizer, quanto a odeio e a abomino, que a) odeio mais intenso e equivale a detesto b) odeio menos intenso e equivale a sinto horror c) abomino menos intenso e equivale a detesto d) abomino mais intenso e equivale a sinto horror 68) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO

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    Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos sbitos, arrastes morais. Abomino a retrica politicamente correta, paternalismos vesgos, equvocos bem-intencionados. Assisto pois com fastio e espanto s discusses sobre a implantao de um sistema de cotas, na universidade, para estudantes de pele negra. No Cear, baseado no mesmo voluntarismo mope, tramita na Assemblia projeto que garante cotas no vestibular para estudantes da escola pblica. As duas propostas padecem do mesmo pecado original: pretendem remediar uma injustia histrica atravs de outra. A perversa desigualdade brasileira tem razes profundas, construdas ao longo de 500 anos de explorao, preconceito e excluso. Portanto, no ser resolvida na base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o problema em suas causas primeiras, procura apaziguar nossas conscincias cvicas investindo contra o que, na verdade, s uma conseqncia. Se queremos, de fato, estabelecer polticas compensatrias a favor dos excludos, que apontemos ento nossa indignao para o corao da desigualdade: preciso investir maciamente na educao bsica, elevando efetivamente o nvel da escola pblica. Ao adotarmos cotas e cursinhos pr-universitrios exclusivos para negros, estaramos na verdade estabelecendo um retrocesso histrico, institucionalizando o questionvel conceito de raa. Ressuscitaramos assim, quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforaramos a idia anacrnica de que as raas so naturais e, por conseqncia, que uma pode realmente ser superior s outras. Assim, s alimentaramos ainda mais o preconceito. Oficializaramos o gueto e a discriminao. Os adeptos da idia se defendem com nova prola do pensamento politicamente correto. Falam de uma tal ''discriminao positiva''. Em bom portugus, no passa de uma outra forma de racismo. Um racismo s avessas. Mas o mais puro e insuportvel racismo. (Lira Neto. O POVO: 14/9/2001) Considere as relaes de sentido que as palavras do texto estabelecem entre si. O grupo em que um dos termos NO pertence ao mesmo campo semntico a) escola; educao; estudantes b) preconceito; gueto; injustia c) decretos; conscincias; cotas d) paternalismos ; retrica; projeto 69) (UECE-1996) PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR Talvez seja to simples, tolo e natural que voc nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a to difcil arte de amar bonito. Gostar to fcil que ningum aceita aprender.

    Tenho visto muito amor por a. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doao e ddiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e ateno. Amores levados com arte e ternura de mos jardineiras. A esses amores que so verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaados apenas e to somente porque no sabem ser bonitos: cobram, exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razes. Sim, de razes. Ter razo o maior perigo do amor. Quem tem razo sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justia, eqidade, equiparao, sem atinar que o que est sem razo talvez passe por um momento de sua vida no qual no possa ter razo. Nem queira. Ter razo um perigo: em geral enfeia o amor, pois invocado com justia, mas na hora errada. Amar bonito saber a hora de ter razo. Ponha a mo na conscincia. Voc tem certeza de que est fazendo o seu amor bonito? De que est tirando do gesto, da ao, da reao, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possvel? Talvez no. Cheio ou cheia de razes, voc espera do amor apenas aquilo que exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmo, criana. E sem soltar a criana, nenhum amor bonito. No tema o romantismo. Derrube as cercas da opinio alheia. Faa coroas de margaridas e enfeite a cabea de quem voc ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando; no se cansar de olhar, e olhar; no atrapalhar a convivncia com teorizaes; adiar sempre, se possvel com beijos, 'aquela conversa importante que precisamos ter'; arquivar, se possvel, as reclamaes pela pouca ateno recebida. Para quem ama, toda ateno sempre pouca. Quem ama feio no sabe que pouca ateno pode ser toda a ateno possvel. Quem ama bonito no gasta o tempo dessa ateno cobrando a que deixou de ter. No teorize sobre o amor (deixe isso para ns, pobres escritores que vemos a vida como a criana de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos); no teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. No tenha medo exatamente de tudo o que voc teme, como: a sinceridade; no dar certo; depois vir a sofrer (sofrer de qualquer jeito); abrir o corao; contar a verdade do tamanho do amor que sente. Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (no sbio ser sabido): seja apenas voc no auge de sua emoo e carncia, exatamente aquele voc que a vida impede de

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    ser. Seja voc cantando desafinado, mas todas as manhs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo corao bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criana. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade. Talvez a voc consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases no altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expresso de tudo o que voc , e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pde, foi possvel, ser. Se o amor existe, seu contedo j manifesto. No se preocupe mais com ele e suas definies. Cuide agora da formas. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de voc. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e s assim poder comear a tentar fazer o outro feliz". (TVOLA, Arthur da. Para quem quer aprender a amar. In: COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. Estudo de texto: estrutura, mensagem, re-criao. Rio, DIMAC, 1987. P. 25-6) Est empregada no sentido conotativo a palavra: a) "cercas", pargrafo 5. b) "escritores", pargrafo 6. c) "brinquedos", pargrafo 6. d) "manhs", pargrafo 8. 70) (UERJ-2003) O DEFEITO Note algo muito curioso. o defeito que faz a gente pensar. Se o carro no tivesse parado, voc teria continuado sua viagem calmamente, ouvindo msica, sem sequer pensar que automveis tm motores. O que no problemtico no pensado. Voc nem sabe que tem fgado at o momento em que ele funciona mal. Voc nem sabe que tem corao at que ele d umas batidas diferentes. Voc nem toma conscincia do sapato, at que uma pedrinha entre l dentro. Quando est escrevendo, voc se esquece da ponta do lpis at que ela quebra. Voc no sabe que tem olhos - o que significa que eles vo muito bem. Voc toma conscincia dos olhos quando eles comeam a funcionar mal. Da mesma forma que voc no toma conscincia do ar que respira, at que ele comea a feder... Fernando Pessoa diz que pensamento doena dos olhos. verdade, mas nem toda. O mais certo seria pensamento doena do corpo. Todo pensamento comea com um problema. Quem no capaz de perceber e formular problemas com clareza no pode fazer cincia. No curioso que nossos processos de ensino de cincia se concentrem mais na capacidade do aluno para responder? Voc j viu alguma prova ou exame em que o professor pedisse que o aluno formulasse o problema? (...) Freqentemente, fracassamos no ensino da cincia porque apresentamos solues perfeitas para problemas que nunca chegaram a ser formulados e compreendidos pelo aluno.

    (ALVES, Rubem. Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras. So Paulo: Brasiliense, 1995.) Note algo muito curioso. No curioso que nossos processos de ensino de cincia se concentrem mais na capacidade do aluno para responder? As duas ocorrncias do vocbulo curioso, apesar de possurem significados ou acepes semelhantes, assumem sentidos distintos, em virtude do contexto especfico em que cada uma se situa na reflexo feita pelo autor. Estabelea a diferena existente entre esses dois sentidos que o vocbulo apresenta. 71) (UFAC-1997) ... deixar o outro sem castigo?. A locuo sem castigo significa: a) inerme b) livre c) inerte d) so e salvo e) impune 72) (UFAC-1997) O PRIMO Primeira noite ele conheceu que Santina no era moa. Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, havia dois anos, o primo Euzbio lhe fizera mal, por mais que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Senhora ficar solteira. O prprio Bento no a deixava mentir, testemunha de sua aflio antes do casamento. Santina pediu perdo, ele respondeu que era tarde - noiva de grinalda sem ter direito. (Cemitrio de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias) "Ela revelou que (...) o primo Euzbio lhe fizera mal..." Assinale a alternativa em cuja frase o verbo revelar possui sentido semelhante ao que apresenta no segmento acima. a) A fisionomia de Santina revelava preocupao b) Bento revelou-se um autntico machista. c) prprio do ser humano no querer revelar suas fantasias e deslizes. d) Os jornais revelam, diariamente, os principais acontecimentos. e) Os pais de Santina j haviam mandado revelar os filmes do casamento da filha. 73) (UFC-1997) No quadro abaixo, apresenta-se uma lista de verbos em ordem alfabtica. ATRIBUIR - CHAMAR - DIZER - ESCREVER - EXISTIR - FLUIR - LIDAR - MERECER - SER - TRANSFORMAR Preencha as lacunas abaixo usando, sem repetir, os verbos do quadro acima, no presente do indicativo, de maneira que as frases fiquem corretas, segundo a norma gramatical, e aceitveis do ponto de vista semntico.

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    1._________ (1) muitos que se (2) _________poetas, mas, na verdade, no o ___________(3). 2. Os verdadeiros poetas (4) __________ com a emoo. O que eles (5) ___________(6) __________ -se, com justia, poesia. O sonho, a fantasia, a alegria, a dor, tudo se se (7)____________ em verso. E em verso, a vida, quer alegre,quer triste, (8) _________ . J aqueloutros no (9) __________ o nome de poetas que se lhes (10) ___________. 74) (UFC-2001) Texto: O armnio comeou a falar. (...) Estudar o mundo e os homens, observando-os pela enfezada lente do pessimismo to perigoso e falaz, como estud-los, observando-os pelo imprudente prisma do otimismo. O velho misantropo, o homem ressentido e odiento que por terem sido vtimas de enganos, de ingratides e de traies, caluniam a humanidade, na turbao do esprito doente, vendo em todos e em tudo o mal, prejudicam no s a prpria, mas a felicidade de quantos se deixam levar por essa preveno sinistra que envenena e enegrece a vida. E no seu erro encontram eles duro castigo; porque em seus coraes e em seu viver mergulham-se no dilvio de lodo escuro e infecto do mal que vem ou adivinham em todos e em tudo; e no furor de enxergar maldades, de condenar e aborrecer os maus, tornam-se por si mesmos, proscritos da sociedade, selvagens que fogem da convivncia humana. Eis a o que te ensinei na viso do mal. Dando-te a primeira luneta mgica, eu fui o que sou - Lio; observando pela viso do mal, tu foste o que s - Exemplo. O mancebo generoso e inexperiente, a jovem donzela criada entre sedas, sorrisos e flores, educada santamente com as mximas de benevolncia, com o mandamento do amor do prximo, e ainda mesmo aqueles velhos que nunca deixaram de ser meninos, vem sempre a terra como cu cor-de-rosa, tm repugnncia em acreditar no vcio, deixam-se iludir pelas aparncias, enternecer por lgrimas fingidas, arrebatar por exaltados protestos, embair por histrias preparadas, e dominar pela impostura ardilosa, e vem por isso em todos e em tudo o bem - na prtica do vcio imerecido infortnio, - no perseguido sempre um inocente, - no mal que se faz, indignidade, na trapaa e at no crime sempre um motivo que atenuao ou desculpa. E tambm esses tm no erro da sua inexperincia a sua cruel punio; porque cada dia e a cada passo tropeam em um desengano, caem nas redes da fraude e da traio, comprometem o seu futuro, e muitas vezes colhem por fruto nico da inocente e cega credulidade a desgraa de toda sua vida.

    Eis a o que te ensinei na viso do bem. Dando-te a segunda luneta mgica eu fui o que sou - Lio; observando pela viso do bem, tu foste o que s - Exemplo. Escuta ainda, mancebo. Na viso do mal como na viso do bem houve fundo de verdade; porque em todo homem h bem e h mal, h boas e ms qualidades, e nem pode ser de outro modo, porque em sua imperfeio a natureza humana essencialmente assim. Mas a primeira das tuas lunetas mgicas no te mostrou seno o mal, e a segunda te mostrou somente o bem, e para mais viva demonstrao da falsidade e das funestas conseqncias de ambas as doutrinas, ou prevenes, as tuas duas lunetas exageraram. Ora exagerar mentir. Mancebo, a verdadeira sabedoria ensina e manda julgar os homens, aceitar os homens, aproveitar os homens, como os homens so. A imperfeio e a contingncia da humanidade so as nicas idias que podem fundamentar um juzo certo sobre todos os homens. Fora dessa regra no se pode formar sobre dois homens o mesmo juzo. (...) Mancebo! para te levar verdade j te lancei duas vezes no caminho do erro. Erraste acreditando no mal, erraste acreditando no bem, que te mostraram tuas duas lunetas, que exageraram o mal e o bem, ostentando cada uma o exclusivismo falaz do seu encantamento especial. Erraste pelo exclusivismo; porque o exclusivismo o absurdo do absoluto no homem. Erraste pela exagerao; porque exagerar mentir. MACEDO, Joaquim Manoel de. A luneta mgica. So Paulo: tica, 2001. Escreva D ou I, conforme o significado do verbo cair nas frases abaixo seja diferente ou igual ao do mesmo verbo empregado na linha 25.

    ( ) Nossa moeda caiu muito nos ltimos tempos