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Exercícios de Composição com Uso do Programa Sketch Up 4 como

Instrumento de Apoio ao Processo Criativo de Projeto de Arquitetura

Composition Exercises with use of the software Sketch Up 4 as supporting

instrument to the Creative Process of Architecture Project

Arq. Bruno Ribeiro Fernandes1 Universidade Federal de Santa Catarina, SC Prof. Alice Terezinha Cybis Pereira, PhD Universidade Federal de Santa Catarina, SC

Resumo Este artigo procura explicar como foram elaborados e quais os resultados obtidos dos Exercícios de Composição com uso de técnicas de computação gráfica do programa Sketch Up 4 como instrumento de apoio ao processo criativo de projeto de arquitetura aplicados aos alunos da disciplina Projeto 2 da 3a. fase do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina no segundo semestre letivo de 2005. Estes exercícios foram parte fundamental das estratégias de uso de técnicas de computação gráfica desenvolvidas na pesquisa de mestrado do autor no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFSC. Palavras-chave: ensino de projeto arquitetônico, técnicas de computação gráfica, exercícios de composição. �

Abstract This article tries to explain how were elaborated and which were the results achieved by the Composition Exercises with the use of graphical computation techniques of the software Sketch Up 4 as supporting instrument to the creative process of architecture project applied to the students in the discipline Project 2 in the third phase of the Architecture and Planning Course of the Federal University of Santa Catarina in the second school semester of 2005. These exercises were a fundamental part in the strategies of use of graphical computation techniques that were developed in the author's research in the Master´s Degree Program in Architecture and Planning of UFSC. Keywords: architecture project teaching, graphical computation techniques, composition exercises.�

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1 bruno@arq.ufsc.br

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1. Introdução As principais questões que motivaram a pesquisa de mestrado do autor surgiram da observação do atual uso de técnicas de computação gráfica na representação da forma e espaço arquitetônico, suas potencialidades de apoio ao processo de projeto de arquitetura e as possibilidades de gerar alterações neste processo. Esta mudança no método tradicional de projeto pode ocorrer tanto no mercado de trabalho quanto no meio acadêmico e é vista como problemática porque representa alterações de ordem metodológica numa prática de projeto e de ensino já consolidadas. Assim, se faz necessário um maior entendimento e debate sobre o assunto, o que pode ser constatado em discussões no meio acadêmico, nos escritórios de arquitetura, nos variados congressos e seminários em todo o mundo e na vasta literatura que se renova rapidamente. O uso dos computadores na arquitetura teve sua origem no grande desenvolvimento da informática, sua aplicabilidade aos mais variados campos do conhecimento e a sua capacidade de facilitação de diversos processos de trabalho. Com o desenvolvimento da computação gráfica e sua aclamada habilidade de representação fidedigna da forma e espaço arquitetônico, seu uso começou a ser disseminado entre os arquitetos e em 1964 foi realizada a primeira grande conferência sobre o assunto (Schnarsky in Sydney e Catanese, 1984). Nas décadas de 80 e 90, as aplicações de computadores para trabalhos de arquitetura ganharam novo fôlego com o surgimento dos computadores pessoais e dos programas CAD. Com possibilidades de facilitar, agilizar e aumentar a precisão e racionalidade na execução, impressão e transmissão (distribuição via web) dos desenhos, o computador tornou-se peça constante e fundamental no atelier de arquitetura, mas na maioria das vezes seu uso ainda se restringe à substituição da prancheta (Baltazar, 2005). Assim, o computador foi apropriado por um processo de projeto já consolidado, entendido como tradicional, sem

aproveitar as reais possibilidades de apoio ao processo criativo. No entanto, a utilização de técnicas de computação gráfica no processo de projeto desde suas fases iniciais já pode representar alterações, visto que o processo se tornou mais dinâmico e transparente, voltado à tridimensionalidade e com possibilidades de fruição espaço-temporal do projeto, ainda que na tela do computador. Ao se trabalhar com programas CAD a partir do modelo 3D para depois gerar os desenhos 2D ortográficos, a tridimensionalidade do projeto ganha ênfase, ao invés do arquiteto se prender a visões fragmentadas que não mostram o projeto como um todo (Jacobs, 1991). Assim, tornou-se objetivo da dissertação do autor elaborar e aplicar estratégias de uso de técnicas de computação gráfica como instrumento de apoio ao processo criativo de projeto para proporcionar aos alunos conhecimento, treinamento e oportunidade de experimentação para que eles desenvolvam um posicionamento crítico sobre a verdadeira contribuição do uso da informática na arquitetura. A disciplina de Projeto selecionada no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC foi a disciplina Projeto 2 da terceira fase, com o tema Albergue da Juventude no segundo semestre letivo de 2005. O terreno escolhido pelo professor da disciplina está localizado no centro de Florianópolis e possui diversas vantagens em relação à sua localização, entorno, acesso e forma. O programa Sketch Up 4 (fig. 01), fabricado pela empresa norte-americana @Last Software, foi selecionado entre diversos programas CAD porque permite facilidade de criação, visualização e edição de estudos volumétricos tridimensionais através de comandos de execução simplificada, possui interface intuitiva, é um software AEC e possui boa compatibilidade com outros programas CAD, entre outros fatores. Enquanto programa de criação e manipulação de modelos

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tridimensionais com possibilidades de inserção e criação de imagens, textos e animações, o Sketch Up 4 pode também ser considerado um ambiente gráfico hipermídia.

Figura 01: Interface do Sketch Up 4. Fonte: do autor. A metodologia de aplicação das estratégias de uso do programa Sketch Up 4 na disciplina Projeto 2 foi dividida em 4 etapas: 1. Exercícios Tutoriais 2. Maquete eletrônica do terreno e entorno 3. Exercícios de Composição 4. Estudo Preliminar – Exercícios de Projeto Na primeira etapa, foram desenvolvidos e fornecidos aos alunos exercícios tutoriais que explicam o funcionamento básico do programa através da experimentação simples, direta e totalmente ilustrada. Esta apostila foi entregue aos alunos no início das aulas com um prazo de 3 semanas para o seu término, com consultoria do autor. Na segunda etapa, os alunos foram levados ao Laboratório do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC para criarem a maquete eletrônica do terreno e entorno no programa Sketch Up 4. Os alunos haviam visitado e feito o levantamento métrico do terreno e com estes dados, eles fizeram uma maquete física em escala 1/200 que, segundo eles, facilitou bastante a execução e o entendimento do que eles estavam desenhando em três dimensões no computador. Além da modelagem tridimensional, os alunos aplicaram texturas

(imagens em jpg) nos edifícios, a partir das fotos que eles haviam tirado no local e fizeram uma simulação da iluminação natural por ação do sol, que o software permite através da inserção dos dados de localização geográfica do terreno e orientação do norte. Esta etapa serviu também para que eles exercitassem e tirassem suas dúvidas sobre o uso do programa. Na terceira etapa foi entregue aos alunos os Exercícios de Composição. Estes exercícios, que são o objeto de estudo deste artigo, foram desenvolvidos com o objetivo de exercitar a prática de modelagem tridimensional dos alunos, através de estratégias que permitem liberdade de criação e experimentação de composições arquitetônicas. Estes exercícios foram baseados nos exercícios de modelagem com programas CAD do professor Stephen Paul Jacobs na bibliografia “The CAD Design Studio. 3D Modeling as a Fundamental Design Skill”. Na quarta etapa os alunos passaram ao estudo preliminar do projeto do Albergue da Juventude com uma boa base de uso e entendimento do programa gráfico tridimensional, suas vantagens e desvantagens nas possibilidades de apoio ao processo criativo de projeto. 2. Elaboração dos Exercícios de Composição Para a elaboração dos exercícios de composição, várias bibliografias foram consultadas e chegou-se à conclusão de que os exercícios de modelagem CAD propostos nos capítulos 1 e 2 da bibliografia “The CAD Design Studio. 3D Modeling as a Fundamental Design Skill” do professor Stephen Paul Jacobs seriam os mais indicados para realizar esta tarefa, pois estes exercícios possuem uma excelente base teórica, permitem liberdade de criação e trabalham a partir do modelo 3D para depois gerar os desenhos 2D ortográficos. De acordo com Jacobs (1991): “O modelo 3D aumenta o entendimento do projetista e o controle sobre os elementos do projeto, permitindo identificar a estrutura

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interna de um problema. As mudanças no projeto pelo método tradicional tem conseqüências muitas vezes não imaginadas, mas com a representação do projeto em vários pontos de vista, o modelo CAD torna essas mudanças mais aparentes. Ele permite também uma análise sistemática de dados, testar alternativas e examinar resultados. As dimensões precisas de elementos críticos podem ser analisadas e testadas em termos de estrutura, energia e custo.” O objetivo principal destes exercícios foi lançar desafios de projeto arquitetônico ao aluno sem indicar uma solução passo a passo, mas mostrando uma ou duas soluções possíveis para cada situação, enfatizando as relações de proporção, escala, orientação, processos de adição e subtração, relações espaciais entre o espaço interior, o invólucro mural e o espaço exterior e variações formais sobre o mesmo tema. Assim, com os desafios lançados, os alunos foram motivados a chegar em soluções criativas e inovadoras através de seu próprio raciocínio de composição arquitetônica usando as ferramentas disponíveis no programa, que passou de instrumento de simples representação de desenhos para instrumento do pensar. A estrutura definida nos Exercícios de Composição foi a seguinte: 1 – Composição Básica de Objetos e Visualização Ex. 1.1: Criação e Posicionamento de Objetos Ex. 1.2: Visualização de Objetos 2 – Composição pelo Processo de Adição Ex. 2.1: Adição de Objetos para formar um Espaço Ex. 2.2: Variações Formais para o Objeto/Espaço Definido 3 – Composição pelo Processo de Subtração Ex. 3.1: Copiar e Remover – Supercubo Ex. 3.2: Subtração Criativa – Supercubo 2 Ex. 3.3: Variações Formais para o Supercubo 2 4 – Composição de Circulação Vertical Ex. 4.1: Composição de uma Escada com Cópias Repetitivas Ex. 4.2: Composição de uma Estrutura com Diferentes Níveis

5 – Composição Livre Ex. 5.1: O Labirinto 3. Resultados da Aplicação dos Exercícios de Composição Os Exercícios de Composição obtiveram resultados diversificados e surpreendentes. Todos os exercícios propostos foram executados pelos alunos, alguns sozinhos, outros em dupla e as soluções encontradas mostram que os alunos conseguiram entender as situações sugeridas e buscar alternativas diferenciadas, raciocinando dentro do contexto do ambiente gráfico hipermídia, quais comandos e como as ferramentas poderiam auxiliá-los na composição e de que maneira as representações espaciais criadas correspondiam adequadamente às suas idéias. A seguir são mostradas algumas imagens dos resultados alcançados pelos alunos.

Figura 02: Composição pelo processo de adição. Fonte: acadêmico Vinicius, 2005.

Figura 03: Composição pelo processo de adição. Fonte: acadêmicos Silvia e Marco, 2005.

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Figura 04: Composição pelo processo de subtração. Fonte: acadêmico André.

Figura 05: Composição pelo processo de subtração. Fonte: acadêmicas Letícia e Anielle.

Figura 06: Composição de Circulação Vertical. Fonte: acadêmico André.

Figura 07: Composição de Circulação Vertical. Fonte: acadêmicos Silvia e Marco.

Figura 08: Composição de Circulação Vertical. Fonte: acadêmicas Letícia e Anielle.

Figura 09: Composição Livre: Labirinto. Fonte: acadêmicos Silvia e Marco.

Figuras 10: Composição Livre: Labirinto. Fonte: acadêmicas Letícia e Anielle.

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Figura 11: Composição Livre: Labirinto. Fonte: acadêmico André. 4. Conclusão Os Exercícios de Composição obtiveram um resultado além do esperado. Foi fundamental que os alunos fizeram os exercícios anteriores e participaram ativamente das aulas, tirando suas dúvidas sobre as características de uso do programa e os processos de criação de projetos de arquitetura. A partir de uma base de entendimento do funcionamento e interface gráfica do Sketch Up 4 com os exercícios tutoriais e da criação da maquete eletrônica do terreno e entorno, que eles conheceram pessoalmente, tiraram fotos, fizeram medições e desenhos, eles tiveram a oportunidade de trabalhar sua criatividade dentro dos desafios de projeto dos Exercícios de Composição, buscando trilhar seu próprio caminho no contexto do programa, errando e refazendo, até chegar aos resultados mais satisfatórios. Foi interessante notar que alguns resultados alcançados nestes exercícios se deveram ao acaso, ou seja, alguns procedimentos de modelagem chegaram a resultados que anteriormente não eram previstos, e que acabaram sendo adotados. Esta característica de uso do programa reafirma suas potencialidades como instrumento de apoio ao processo criativo de projetos arquitetônicos.

Em entrevista, a acadêmica Letícia respondeu da seguinte maneira à pergunta se os exercícios de composição estimularam a criatividade: “Sim. Estes exercícios foram muito válidos para estimular a criatividade. Foram exercícios empolgantes. A partir do momento que comecei a mexer com a escada por exemplo, tive várias idéias de interligar uma a outra. O mesmo aconteceu com o labirinto. O único que limitou um pouco minha criatividade foi o cubo. Mas mesmo assim ele valeu para aprender a usar o programa”. O acadêmico Filipe Nunes respondeu da seguinte maneira: “Os exercícios ajudam a ampliar as idéias, é como um grande amplificador, porque muitas vezes nos prendemos no projeto a algo que conseguimos visualizar em nossas mentes e mesmo assim não chegam a ter o mesmo resultado. O exercícios das escadas que vão se ligando foi muito interessante, proporciona uma certa “viagem” onde nos mesmo a expansão dos limites ao qual estamos acostumados”. Concluindo, o programa atendeu às necessidades dos alunos, permitindo a visualização e o entendimento dos resultados em conseqüência de suas ações. O uso do programa de modelagem tridimensional Sketch Up 4 em projetos de arquitetura foi aprovado pelos alunos enquanto meio de expressão tridimensional de idéias em formação, como instrumento de apoio à criatividade e representação eficiente de ambientes arquitetônicos.

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5. Referências Bibliográficas JACOBS, Stephen Paul. The CAD Design Studio. 3D Modeling as a Fundamental Design Skill. United States of America. McGraw-Hill Inc, 1991. SCHNARSKY, Anthony J. Computadores em Arquitetura. In: SYDNEY, James C.; CATANESE, Anthony. Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Editora Campus Ltda, 1984. BUGAY, Edson Luiz; ULBRICHT, Vânia Ribas. Hipermídia. Florianópolis: Bookstore, 2000. SANTOS, Ana Paula Baltazar dos. Por uma Arquitetura Virtual: uma crítica das tecnologias digitais. In AU ano 20 n°131. Fevereiro, 2005. FILGUEIRAS, L. V. L.; TORI, R.; MASSOLA, A. M. A.; ARAKAKI, R. Fundamentos de Computação Gráfica. Rio de Janeiro; São Paulo: LTC – Livros Técnicos e Científicos. Editora S. A., 1987. Sketch Up. Disponível em: <http://www.sketchup.com> Acesso em 01 setembro 2004.