exercÍcios de fixaÇÃo 1ª questão...

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1ª Questão Com relação aos princípios gerais do direito processual civil, analise as afirmativas seguintes: I. Os princípios, em relação ao modelo constitucional de processo civil, são mandados de otimização do sistema com conteúdo normativo de teor mais aberto se comparados às regras, podendo-se afirmar que a coisa julgada é uma regra que densifica, primordialmente, o princípio da segurança jurídica. II. O princípio do devido processo legal decorre da norma contida na Constituição, no art. 5º, LIV, garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitando os direitos fundamentais. III. No que diz respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição como meio de propiciar o amplo e incondicionado exercício ao direito de ação, é perfeitamente exigível o depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial interposta para discussão da exigibilidade do crédito tributário, consagrando-se a regra do solve et repete. IV. Segundo o princípio da congruência, deve o juiz decidir, observados os limites da lide estabelecidos pelo pedido do autor, evitando-se decisões extra petita, citra ou infra petita ou ultra petita. A partir da análise, conclui-se que estão corretas: Alternativas: a) I e III apenas. b) I, II e IV, apenas. c) II e III apenas. d) III e IV apenas. Gabarito Comentado Nota da tutoria: em sintonia com a aula ministrada, a questão versa sobre os princípios gerais do direito processual civil. A propósito, com os estudos de Robert Alexy, Ronald Dworkin, Humberto Ávila, dentre outros, é fato que os princípios ganharam uma nova roupagem, deixando de ser considerados meios de colmatação de lacunas e passando a integrar o ordenamento jurídico como espécies de norma jurídica. Enquanto o CPC/73 trazia os princípios de forma esparsa, o legislador moderno, atento ao modelo constitucional de processo civil e ao reconhecimento da carga normativa dos princípios, condensou-os no Capítulo I, Título único, Livro I, Parte Geral, arts. 1.º ao 12. O princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF), por exemplo, síntese de todo o necessário para que a prestação jurisdicional seja justa e adequada, está destacado no art. 1º, CPC/2015. O princípio da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) possui disposição expressa no art. 4º, CPC/2015. Ainda, o princípio do contraditório (art. 5º, LV, CF), traduz uma tentativa de idealização do contraditório participativo e valoriza o princípio da cooperação no processo. Consagra-se na previsão do art. 9º, CPC/2015, ao determinar que o juiz deve intimar as partes antes de decidir até mesmo questões de ordem pública (as chamadas decisões de terceira via). Além disso, o princípio da inafastabilidade da jurisdição, também conhecido como princípio do acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF), encontra-se prenunciado no caput do art. 3º, CPC/2015. Alternativa correta: letra “B”.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1ª Questão

Com relação aos princípios gerais do direito processual civil, analise as afirmativas seguintes:

I. Os princípios, em relação ao modelo constitucional de processo civil, são mandados de

otimização do sistema com conteúdo normativo de teor mais aberto se comparados às regras,

podendo-se afirmar que a coisa julgada é uma regra que densifica, primordialmente, o princípio

da segurança jurídica.

II. O princípio do devido processo legal decorre da norma contida na Constituição, no art. 5º,

LIV, garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitando os direitos fundamentais.

III. No que diz respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição como meio de propiciar o

amplo e incondicionado exercício ao direito de ação, é perfeitamente exigível o depósito prévio

como requisito de admissibilidade de ação judicial interposta para discussão da exigibilidade do

crédito tributário, consagrando-se a regra do solve et repete.

IV. Segundo o princípio da congruência, deve o juiz decidir, observados os limites da lide

estabelecidos pelo pedido do autor, evitando-se decisões extra petita, citra ou infra petita ou ultra

petita.

A partir da análise, conclui-se que estão corretas:

Alternativas:

a) I e III apenas.

b) I, II e IV, apenas.

c) II e III apenas.

d) III e IV apenas.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: em sintonia com a aula ministrada, a questão versa sobre os princípios gerais do

direito processual civil. A propósito, com os estudos de Robert Alexy, Ronald Dworkin,

Humberto Ávila, dentre outros, é fato que os princípios ganharam uma nova roupagem, deixando

de ser considerados meios de colmatação de lacunas e passando a integrar o ordenamento jurídico

como espécies de norma jurídica. Enquanto o CPC/73 trazia os princípios de forma esparsa, o

legislador moderno, atento ao modelo constitucional de processo civil e ao reconhecimento da

carga normativa dos princípios, condensou-os no Capítulo I, Título único, Livro I, Parte Geral,

arts. 1.º ao 12. O princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF), por exemplo, síntese de

todo o necessário para que a prestação jurisdicional seja justa e adequada, está destacado no art.

1º, CPC/2015. O princípio da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) possui

disposição expressa no art. 4º, CPC/2015. Ainda, o princípio do contraditório (art. 5º, LV, CF),

traduz uma tentativa de idealização do contraditório participativo e valoriza o princípio da

cooperação no processo. Consagra-se na previsão do art. 9º, CPC/2015, ao determinar que o juiz

deve intimar as partes antes de decidir até mesmo questões de ordem pública (as chamadas

decisões de terceira via). Além disso, o princípio da inafastabilidade da jurisdição, também

conhecido como princípio do acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF), encontra-se prenunciado no

caput do art. 3º, CPC/2015.

Alternativa correta: letra “B”.

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Item I: correto, uma vez que a ideia do modelo constitucional de processo civil consubstancia-se

no fato de a Constituição Federal trazer inúmeros princípios processuais, que permearão todo o

sistema e que devem ser considerados por todos os operadores do direito e pelo legislador. De

acordo com a doutrina do professor Humberto Ávila, os princípios são mandados de otimização

do sistema, inspirados em valores, conforme esquematizado abaixo:

Contudo, o conteúdo normativo dos princípios é mais aberto se comparado ao das regras, que têm

teor mais concreto. Como exemplo, tem-se a coisa julgada, regra que compacta, precipuamente, o

princípio da segurança jurídica.

Item II: correto, tendo em vista que o devido processo legal é princípio fundamental do

processo, do qual decorrem diversos outros princípios como seu consectário lógico, a exemplo do

contraditório e da ampla defesa. O princípio do due process of law pode ser analisado sob duas

perspectivas diferentes: a) devido processo legal formal ou procedimental, composto pelas

diversas garantias processuais, tais como o direito ao contraditório, à ampla defesa, à duração

razoável do processo e o juiz natural; b) devido processo legal substancial, consistente na

aplicação das regras processuais levando-se em consideração a razoabilidade e a

proporcionalidade.

Item III: incorreto, pois a jurisprudência vinculante do Supremo Tribunal Federal afastou

peremptoriamente a cláusula solve et repete como condição para se impugnar em Juízo a

exigibilidade do crédito tributário. Conforme a Súmula Vinculante 28, é inconstitucional a

exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se

pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário. Do contrário, estar-se-ia impedindo o

acesso pleno à justiça e, consequentemente, a plenitude do princípio da inafastabilidade da

jurisdição, previsto no inciso XXXV, do art. 5º, CF.

Item IV: correto, pois o juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, conforme dispõem os

arts. 141 e 492 do CPC/2015. O princípio da congruência também é chamado de princípio da

adstrição ou correlação.

2ª Questão

Acerca dos princípios do processo civil, assinale a opção correta:

Alternativas:

a) O sistema informal previsto para as ações que tramitam perante os Juizados Especiais

permitem a adoção, pelo magistrado, do sistema do livre convencimento puro.

b) A Constituição Federal de 1988 consagra o princípio do duplo grau de jurisdição em sua

acepção clássica.

c) O princípio dispositivo vincula o julgador no que diz respeito aos limites objetivos e subjetivos

da lide e aos limites da instrução do processo.

d) O princípio da instrumentalidade das formas torna irrelevante o vício, desde que o ato tenha

atingido sua finalidade.

Gabarito Comentado

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Alternativa correta: letra “D”.

Alternativa “A”: incorreta. Existem três sistemas gerais de avaliação de prova: o da prova legal,

o do livre convencimento puro e o do convencimento motivado. No primeiro, o valor que o juiz

deve dar a cada prova é previamente estabelecido por lei. No segundo, o magistrado pode julgar

conforme a sua convicção, não sendo necessário que a fundamentação de seu convencimento

esteja alicerçada na prova dos autos, bastando que esteja conforme a sua própria consciência. O

terceiro é o sistema adotado no Brasil, do qual não estão dispensadas, por força da Constituição

(art. 93, IX), as decisões proferidas no âmbito dos Juizados. Assim também é o art. 371,

CPC/2015, segundo o qual “o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do

sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação do seu

convencimento”.

Alternativa “B”: incorreta. A Constituição Federal não consagrou expressamente o princípio do

duplo grau de jurisdição. A doutrina considera que é uma garantia implícita, decorrente do devido

processo legal e da forma escalonada com que foram previstos os órgãos da Justiça. O duplo grau

de jurisdição é mencionado no Pacto de San José da Costa Rica, mas, lá, foi limitado à esfera

penal.

Alternativa “C”: incorreta. O princípio dispositivo vincula o julgador tão somente à propositura

da ação (art. 2º, CPC/2015) e aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 141 e 492,

CPC/2015). Com relação à instrução do processo, o juiz poderá determinar as provas que julgar

necessárias, nos termos do art. 370, CPC/2015: “caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da

parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito”.

Alternativa “D”: correta. A afirmativa encontra respaldo nos arts. 188 e 277, CPC/2015, que

consagram o princípio da instrumentalidade das formas, destacando-se a redação deste último:

“quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro

modo, lhe alcançar a finalidade”.

3ª Questão

De acordo com o Código de Processo Civil, é correto afirmar que:

Alternativas:

a) O princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional aplica-se ao processo

civil e significa que ninguém pode alegar o desconhecimento da lei para impedir a prestação

jurisdicional.

b) O princípio da igualdade processual encerra a ideia de que cabe ao juiz tratar desigualmente os

desiguais, na medida desta desigualdade, o que justifica, por exemplo, o prazo em quádruplo para

a Fazenda Pública contestar.

c) O princípio isonômico previsto processualmente é meramente formal e abstrato, ao contrário de

igual princípio constitucional.

d) As prerrogativas da Fazenda Pública em juízo são ainda constitucionais e compatíveis com o

princípio da isonomia de tratamento entre as partes.

Gabarito Comentado

Alternativa correta: letra “D”.

Alternativa “A”: incorreto, tendo em vista que não se trata do “desconhecimento da lei”, mas,

sim, da garantia, conferida a todos, do acesso ao Poder Judiciário, que não pode deixar de atender

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a quem venha em juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela. O art.

3º, CPC/2015, valoriza o princípio em questão ao prever que “não se excluirá da apreciação

jurisdicional ameaça ou lesão a direito”. No art. 139, IV, CPC/2015 há, inclusive, uma cláusula

executiva geral, que representa a possibilidade de o juiz tomar todas as medidas necessárias para

efetivar a tutela, atuando de ofício e escolhendo a medida mais adequada para a espécie. Por outro

lado, é o art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) que estabelece que

ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece.

Alternativa “B”: incorreta. Muito embora a CF tenha consagrado o princípio da igualdade

substancial – segundo o qual os iguais devem ser tratados igualmente e os desiguais de forma

desigual, na medida de suas desigualdades –, o art. 183, CPC/2015, dispõe que “a União, os

Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito

público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem

terá início a partir da intimação pessoal”.

Alternativa “C”: incorreta. O processo civil é informado pelo princípio da igualdade ou

isonomia substancial e não a meramente formal. Assim, deve-se assegurar às partes igualdade de

tratamento na medida da sua igualdade. Havendo um discriminem justificado, autoriza-se

tratamento desigual a fim de equilibrar as partes da relação jurídica.

Alternativa “D”: correta. O princípio da isonomia busca a igualdade material das partes, sendo

uma das bases do Estado Democrático de Direito, na forma do art. 5º, caput e I, CF. No âmbito do

processo civil, reflete por meio do princípio da paridade de armas, previsto, no CPC/73, no inciso

I de seu art. 125. No CPC/2015, a previsão desloca-se para o inciso I do art. 139. As prerrogativas

da Fazenda Pública, segundo a doutrina, possuem a ideia de equalizar, conferindo àquela prazos

maiores em razão de sua dimensão e volume de acervo processual. Embora existam críticas, ainda

prevalece a ideia de que tais privilégios foram recepcionados pela CF e não ofendem o princípio

da igualdade ou isonomia.

4ª Questão

Acerca dos princípios do processo civil, assinale a alternativa incorreta:

Alternativas:

a) A inobservância, pelo juiz, do princípio da adstrição, tem o condão de gerar ofensa aos

princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

b) Observa o princípio da igualdade das partes o juiz que determina a emenda da inicial, antes de

indeferi-la.

c) A legislação brasileira contempla situações em que o juiz está autorizado a agir de ofício,

mitigando-se, nessas hipóteses, o princípio dispositivo.

d) Pelo princípio do contraditório, o autor pode deduzir a ação em juízo, alegar e provar os fatos

constitutivos de seu direito, e ao réu é assegurado o direito de contestar todos os fatos alegados

pelo autor, como também o de fazer a prova contrária, ainda que em caso de revelia.

Gabarito Comentado

Alternativa: letra “B”.

Alternativa “A”: correta. O principio da adstrição, também chamado de correlação ou

congruência, indica que a sentença deve resolver a lide à luz do que expressamente pedido, nem

mais nem menos (art. 492, CPC/2015). Trata-se de princípio de fundamental importância,

segundo o qual o juiz não pode decidir nem fora e nem além do pedido pelo autor. O desrespeito a

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este princípio fere o contraditório, pois, caso a sentença alcance situações jurídicas estranhas às

partes componentes originariamente do litígio, a surpresa em relação ao ponto excedente

inviabiliza o exercício do direito de informação e reação dos litigantes, mutilando, ainda, o

conceito de contraditório participativo trazido pela doutrina moderna.

Alternativa “B”: incorreta. O magistrado que, verificando a existência de vícios sanáveis na

petição inicial, faculta à parte sua emenda antes de indeferi-la, observa o princípio do

contraditório, e não o da igualdade. Trata-se de princípio que recebeu tratamento diferenciado no

CPC/15, especialmente em razão da adoção do princípio cooperativo. Por isso, incumbe ao

magistrado indicar precisamente o que deve ser corrigido ou complementado.

Alternativa “C”: correta. Além das matérias que o juiz pode (e deve) conhecer de ofício

enquanto não ocorrer o trânsito em julgado (art. 485, §3.º, CPC/2015), o aluno deve se lembrar

das hipóteses que excepcionam o princípio em estudo, como, por exemplo, as hipóteses em

procedimento de jurisdição voluntária (arts. 738 e 744, CPC/2015), que podem ser iniciadas de

ofício pelo juiz.

Alternativa “D”: correta. O direito ao contraditório constitui garantia fundamental elencada no

art. 5º, LV, CF, que deve ser entendido como a ciência bilateral dos atos do processo com a

possibilidade de contrariá-los, a qual não impede o réu revel de produzir provas, desde que

compareça em tempo oportuno (Súmula 231, STF). A propósito, não pode o juiz decidir

qualquer questão, ainda que seja autorizado a fazê-lo de ofício, sem oportunizar a prévia

manifestação das partes, em respeito aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, do

contraditório e da cooperação. O CPC/2015, entendendo o contraditório como sinônimo de

efetiva participação das partes, proíbe expressamente a decisão das questões de ordem pública,

também chamadas “decisões de terceira via”, sem a prévia oitiva das partes, à exceção das

hipóteses previstas em lei: “não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja

previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I – à tutela provisória

de urgência; II – às hipóteses de tutela de evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III – à

decisão prevista no art. 701” (art. 9º, CPC/2015).

5ª Questão

Sobre os princípios dispostos no novo Código de Processo Civil – Lei n.º 13.105/2015 –, assinale

a alternativa correta:

Alternativas:

a) O CPC/2015 reforça a exigência de contraditório prévio, ainda que se trate de matéria que o

juiz deva conhecer sem a necessária provocação dos litigantes.

b) O princípio da boa-fé processual é destinado apenas às partes e aos advogados.

c) O princípio da primazia do julgamento do mérito não conta com previsão na nova lei

processual civil, que se contenta com decisões terminativas.

d) O princípio da cronologia é de observância obrigatória tanto para os juízes e tribunais, quanto

para o escrivão ou chefe de secretaria.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: como se vê, os arts. 1.º a 12 elencam uma série de princípios – alguns já

dispostos no texto constitucional – que traduzem a forma adequada, ou “contemporânea”, de

pensar sobre o processo civil: à luz do texto constitucional. Não é por outra razão que o art. 1.º do

CPC dispõe que “o processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores

e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,

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observando-se as disposições deste Código”.

Alternativa correta: letra “A”.

Alternativa “A”: correta. De acordo com o art. 10, CPC/2015, “o juiz não pode decidir, em grau

algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes

oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

Nas palavras de Zulmar Duarte, “não há mais espaço para decisões solipsistas, por assim dizer,

em que as questões ou perspectivas consideradas não restam submetidas ao contraditório prévio

das partes. O magistrado não pode se considerar como sujeito isolado na cadeia processual. Seus

atos processuais dependem e pressupõe os atos das partes, numa contínua relação dialética, em

que a síntese, ainda que superadora, não se separa da tese e da antítese apresentadas” (DUARTE,

Zulmar; DELLORE, Luiz; GAJARDONI, Fernando; ROQUE, André Vasconcelos. Teoria geral

do processo: comentários ao CPC de 2015: Parte Geral. São Paulo: Forense, 2015, p. 64).

Alternativa “B”: incorreta. O princípio da boa-fé processual estava disposto no art. 14 do

CPC/1973, mais precisamente no capítulo que tratava dos deveres das partes e dos procuradores.

Apesar da localização topográfica, já se entendia que tal princípio tinha aplicabilidade a todos os

que participassem do processo (juiz, partes, advogados, terceiros, auxiliares da justiça, Ministério

Público, etc). O art. 5º, CPC/2015, traduz esse entendimento ao elencar tal princípio no capítulo

relativo às normas fundamentais do processo civil.

Alternativa “C”: incorreta. É exatamente o contrário. A primazia do julgamento do mérito (ou

princípio da primazia da decisão de mérito) é reforçada por diversos dispositivos do CPC/2015.

Exemplos: arts. 4.º; 6.º; 76; 139, IX; 317; 321; 485, §7.º; 488, 932, parágrafo único; 1.029, §3.º.

De acordo com esse princípio, deve o órgão julgador priorizar a decisão de mérito, tê-la como

objetivo e fazer o possível para que ocorra.

Alternativa “D”: incorreta. A ordem cronológica de julgamento, segundo a redação original da

Lei 13.105/2015, dispunha que os juízes e tribunais deveriam obedecer à ordem cronológica de

conclusão para proferir sentença ou acórdão. Tal dever incumbia também ao escrivão e ao chefe

de secretaria. Contudo, a Lei 13.256/2016 modificou a redação dos arts. 12 e 153 da Lei

13.105/2015 (CPC/2015), e o que era obrigatório passou a ser apenas preferencial.

6ª Questão

A respeito do princípio do contraditório no processo civil, é INCORRETO afirmar que:

Alternativas:

a) O contraditório consiste em uma garantia de efetiva participação das partes no

desenvolvimento de todo o litígio, mediante a possibilidade de influírem, em igualdade de

condições, no convencimento do magistrado, contribuindo na descrição dos fatos, na produção de

provas e no debate das questões de direito.

b) O contraditório não é necessário apenas para a prolação da sentença de mérito, devendo ser

observado ao longo de todo o procedimento, relativamente a todas as questões, sejam de rito ou

de mérito.

c) O juiz também é sujeito do contraditório, devendo submeter a debate entre as partes as questões

jurídicas, aí incluídas as matérias que ele há de apreciar de ofício.

d) Em razão das máximas iura novit curia e da mihi factum dabo tibi ius, constitui tarefa privativa

do juiz a aplicação do direito, independentemente da sua arguição pelas partes, cabendo a estas

últimas apenas a alegação dos fatos; quer isso dizer que o contraditório somente alcança as

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questões de fato, não sendo necessário para as questões de direito.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: o princípio do contraditório é um dos mais importantes corolários do devido

processo legal. Está consagrado no art. 5º, LV, CRFB/88, além de constar de forma expressa na

parte final do art. 7º, CPC/2015 – que dispõe ser incumbência do juiz “velar pelo efetivo

contraditório” –, bem como nos arts. 9º e 10 da nova lei processual. O princípio do contraditório,

assim como o devido processo legal, apresenta duas dimensões. Em um sentido formal, é o direito

de participar do processo, de ser ouvido. Mas essa participação há de ser efetiva, capaz de

influenciar o convencimento do magistrado. Essa é a perspectiva substancial do contraditório.

Alternativa: letra “E”.

Alternativa “A”: correta. Conforme nota, o princípio do contraditório não exige apenas a

manifestação formal da parte contrária. Tal manifestação há de ser capaz de influenciar na

formação da decisão do magistrado. Por isso, o novo diploma processual considera não

fundamentada a decisão que “não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes

de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador” (art. 489, §1.º, inciso IV).

Alternativa “B”: correta. O contraditório não se torna necessário apenas para a prolação da

sentença. Ao longo do procedimento há diversas questões que devem ser enfrentadas, todas, sob o

crivo do contraditório prévio. Nesse sentido é a orientação consagrada no art. 10, CPC/2015, que

impede o magistrado de proferir decisão surpresa, in verbis: “o juiz não pode decidir, em grau

algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes

oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

Alternativa “C”: correta. Há o dever do juiz de provocar o prévio contraditório entre as partes,

sobre qualquer questão que apresente relevância decisória, seja ela processual ou de mérito, de

fato ou de direito, prejudicial ou preliminar. O desrespeito ao contraditório sobre as questões de

direito expõe as partes ao perigo de uma sentença de surpresa. Por outro lado, o juiz instar as

partes a se manifestarem, antes da decisão, sobre uma determinada questão de direito, não pode

ser considerado uma perda de imparcialidade, por estar prejulgando a causa. Ao contrário, é mais

uma oportunidade que se dá às partes e, principalmente, àquela parte que seria prejudicada pela

decisão, de apresentar suas alegações e influenciar o convencimento do juiz.

Alternativa “D”: incorreta. O contraditório alcança tanto as questões de fato quanto as de direito,

em especial as teses jurídicas levantadas e sustentadas pelas partes. Isso porque, se o contraditório

significa o direito de influir no processo, o dever de consulta por parte do juiz – seja sobre questão

de fato, seja sobre fundamento jurídico – é medida que se impõe, não havendo sentido raciocinar

o contrário.

7ª Questão

No que se refere aos princípios que regem o processo civil e aos relativos à jurisdição civil,

assinale a opção correta.

Alternativas:

a) O princípio da publicidade não impede que existam processos em segredo de justiça, no

interesse das próprias partes; esse sigilo é restrito a estranhos, enquanto não prejudicar o interesse

público à informação. Assim, por autorização do juiz, os atos processuais podem ser investigados

e conhecidos por outros, além das partes e seus advogados.

b) Pelo princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, nenhum juiz será afastado de suas

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funções sem que lhe sejam garantidos, em processo adequado, os direitos inerentes ao

contraditório e à ampla defesa.

c) Pelo princípio do contraditório, o autor pode deduzir a ação em juízo, alegar e provar os fatos

constitutivos de seu direito, e ao réu é assegurado o direito de contestar todos os fatos alegados

pelo autor, como também o de fazer a prova contrária, salvo em caso de revelia.

d) Por representar garantia constitucional que visa à proteção do interesse público representado

pelo patrimônio das pessoas de direito público, o duplo grau de jurisdição é exigido em todo e

qualquer processo em que tais pessoas sejam partes ou intervenientes.

Gabarito Comentado

Alternativa correta: letra “A”.

Alternativa “A”: correta, uma vez que a afirmativa encontra respaldo no art. 5.º, inciso LX, CF,

que consagra o princípio da publicidade dos atos processuais, permitindo a sua restrição para

garantir a defesa da intimidade ou o interesse social. Dando concretude ao mandamento

constitucional, o art. 189, caput e incisos I a IV, do CPC/2015, trata das hipóteses em que é lícito

ao magistrado decretar que o processo tramite em segredo de justiça, a saber: “Os atos

processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija

o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,

separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que

constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre

arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade

estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo”.

Alternativa “B”: incorreta. O princípio da inafastabilidade da jurisdição, consagrado no art. 5.º,

inciso XXXV, CF, assegura que nenhuma lesão ou ameaça de lesão serão excluídas da

apreciação do Poder Judiciário. O preceptivo constitucional não deixa dúvida acerca do

espectro de proteção do direito fundamental, albergando em seu núcleo essencial tanto a tutela

preventiva ou inibitória (ameaça de lesão) quanto a repressiva (pós-lesão). Ademais, “embora o

destinatário principal desta norma seja o legislador, o comando constitucional atinge a todos

indistintamente, vale dizer, não pode o legislador nem ninguém mais impedir que o jurisdicionado

vá a juízo deduzir pretensão”. O CPC/2015 reforça o princípio da inafastabilidade do controle

jurisdicional em seu art. 3.º, caput.

Alternativa “C”: incorreta. O direito ao contraditório constitui garantia fundamental elencada no

art. 5.º, inciso LV, CF, que deve ser entendido como a ciência bilateral dos atos do processo com

a possibilidade de contrariá-los, a qual não impede o réu revel de produzir provas, desde que

compareça em tempo oportuno (Súmula 231, STF). A propósito, não pode o juiz decidir

qualquer questão, ainda que seja autorizado a fazê-lo de ofício, sem oportunizar a prévia

manifestação das partes, em respeito aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e

do contraditório. Isso porque o devido processo (processo justo) pressupõe a incidência da

isonomia; do contraditório; do direito à prova; da igualdade de armas; da motivação das decisões

administrativas e judiciais; do direito ao silencio; do direito de não produzir provas contra si

mesmo e de não se auto-incriminar; do direito de estar presente em todos os atos do processo e

fisicamente nas audiências; do direito de comunicar-se em sua própria língua nos atos do

processo; da presunção de inocência; do direito ao duplo grau de jurisdição no processo penal; do

direito à publicidade dos atos processuais; do direito à razoável duração do processo; do direito ao

julgador administrativo e ao acusador e juiz natural; do direito a juiz e tribunal independentes e

imparciais; do direito de ser comunicado previamente dos atos do juízo, inclusive sobre as

questões que o juiz deva decidir de ex officio, entre outros derivados da procedural due process

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clause. O CPC/2015, em seus arts. 346, p. único, e 349, disciplina a possibilidade de o réu intervir

no feito, em qualquer fase procedimental, bem como, caso queira, produzir provas.

Alternativa “D”: incorreta. Consiste o princípio do duplo grau de jurisdição na garantia

assegurada ao jurisdicionado de impugnar as decisões judiciais pelas vias recursais adequadas,

fazendo com que a questão seja reexaminada por um outro órgão judicial. Embora prevaleça a

ideia doutrinária de que se trata de princípio implícito na Constituição Federal, há quem sustente

que o princípio não estaria inserido no texto constitucional, nem mesmo em suas entrelinhas. Em

âmbito internacional, o duplo grau é consagrado como garantia penal na Convenção Americana

de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Não se trata, contudo, de garantia

absoluta, sendo falsa a premissa de que sempre que o Poder Público estiver em juízo deverá

ser garantido o duplo grau de jurisdição. Ademais, nem mesmo o reexame necessário é

obrigatório em toda demanda promovida contra o Poder Público, porquanto existem situações

antevistas pelo legislador em que é dispensável o reexame necessário, a exemplo da sentença

proferida em desfavor da Fazenda Pública que estiver fundada em súmula de tribunal superior;

acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; entendimento

firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio

ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Mas atenção: o

entendimento pacificado pelo STJ na Súmula 490, segundo a qual “a dispensa de reexame

necessário, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta

salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas”, foi expressamente consagrado no art. 496,

§3.º, CPC/2015, que exige que o proveito econômico obtido na causa seja de valor líquido e

inferior aos quantitativos mencionados.

8ª Questão

Assinale a assertiva correta.

Alternativas:

a) O princípio da cooperação processual se relaciona à prestação efetiva da tutela jurisdicional e

representa a obrigatoriedade de participação ampla de todos os sujeitos do processo, de modo a

ser uma decisão de mérito justa e efetiva em tempo razoável.

b) Com o objetivo de garantir valores fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de

1988, é vedado ao juiz conceder tutela provisória de urgência contra uma das partes sem que

ela seja previamente ouvida.

c) O princípio da publicidade encontra restrições apenas na Constituição Federal.

d) O princípio do impulso oficial deve reger toda a atividade jurisdicional, ressalvada a

possibilidade de inventário ex officio, mantida no CPC/2015.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: uma parte da doutrina afirma que os princípios dispostos no novo CPC têm

apenas caráter simbólico, eis que a maioria ou já estava expressa no texto constitucional, ou

decorria dos fundamentos elencados pelo constituinte. Essa, contudo, não deve ser a perspectiva

do aplicador do direito. Ainda que alguns dispositivos sejam mera repetição do que consta na

Constituição Federal, o legislador processual optou claramente por uma posição no sentido de

reconhecer a força normativa da Constituição e de conclamar a efetivação dos direitos processuais

fundamentais.

Alternativa correta: letra “A”.

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Alternativa “A”: correta. “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se

obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Essa é a regra disposta no art. 6.º

do novo CPC, que estabelece um modelo cooperativo de processo, através do qual o órgão

jurisdicional propõe um diálogo entre as partes a fim de que, em tempo razoável, seja prestada a

tutela jurisdicional mais adequada (e efetiva) ao caso concreto.

Alternativa “B”: incorreta. Apesar de o Código ter conferido reforço ao princípio do contrário,

também fez algumas ressalvas (incisos do art. 9.º). Nos termos do art. 9.º, “não se proferirá

decisão contra uma as partes sem que ela seja previamente ouvida”. Essa regra não se aplica, por

exemplo, às tutelas provisórias de urgência (cautelar ou antecipada). Isso porque, nessa hipótese,

a postergação do contraditório tem o objetivo de evitar a inutilidade do provimento jurisdicional.

Alternativa “C”: incorreta. O art. 11, CPC/2015, estabelece uma cláusula geral de publicidade,

que se coaduna com a previsão do inciso X, do art. 93 da CF/88. Entretanto, o art. 189 do Código,

correspondente do art. 155 do CPC/1973, prevê em quais situações ou hipóteses os processos

devem tramitar em segredo de justiça.

Alternativa “D”: incorreta. Há dois erros na assertiva. Em primeiro lugar, o princípio do impulso

oficial (art. 2.º) comporta exceções. O juiz pode, por exemplo, instaurar o cumprimento de

sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa

distinta de dinheiro (arts. 536 e 538). Ademais, o inventário ex officio (art. 989, CPC/1973) não

conta com previsão no ordenamento atual, de modo que, se o processo de inventário não for

instaurado no prazo de 2 (dois) meses a contar da abertura da sucessão (art. 611, CPC/2015), o

juiz não pode fazê-lo de ofício.

9ª Questão

A principiologia no Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) permite-nos concluir que:

Alternativas:

a) O art. 7º, CPC/2015, assegura às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de

direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de

sanções processuais, de modo que não se pode mais falar em prazo diferenciado para a prática de

ato processual por parte da Fazenda Pública ou do Ministério Público.

b) O art. 5.º, ao tratar da boa-fé processual, está relacionado à boa-fé subjetiva, ou seja, à

existência de boas ou más intenções por parte dos sujeitos do processo.

c) O princípio da dignidade da pessoa humana só tem aplicação no processo civil em situações

nas quais haja necessidade de se resguardar, através do processo, os direitos dos litigantes que

estejam em situação de vulnerabilidade.

d) É possível que o juiz postergue a manifestação da parte contrária em ação monitória quando

evidente o direito do autor.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: sobre a postergação do contraditório, as situações capituladas pelo parágrafo

único do art. 9º são exceções e assim merecem ser interpretadas, já que interrompem a

consequencialidade lógica do sistema processual fundado no contraditório.

Alternativa correta: letra “D”.

Alternativa “A”: incorreta. Por mais paradoxal que possa parecer, o tratamento distinto é, em

alguns casos, a principal forma de igualar as partes. Apesar das inúmeras críticas da doutrina às

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prerrogativas processuais conferidas à Fazenda Pública, o legislador do novo CPC manteve a

regra do prazo diferenciado, aplicando-a também ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

Não há mais, contudo, dicotomia entre o prazo para contestar e o prazo para recorrer (art. 188,

CPC/1973). Nos termos dos arts. 180, 183, 186, o prazo para as manifestações processuais do

Ministério Público, da Fazenda Pública e da Defensoria Pública será contado em dobro. Exemplo:

se o prazo para contestar é de 15 dias (art. 335), o prazo para esses entes será de 30 dias.

Alternativa “B”: incorreta. A boa-fé subjetiva é elemento do suporte fático de alguns fatos

jurídicos; é fato, portanto. A boa-fé objetiva é uma norma de conduta: impõe e proíbe condutas,

além de criar situações jurídicas ativas e passivas. O art. 5.º do CPC não está relacionado à boa-fé

subjetiva, à intenção do sujeito processual: trata-se de norma que impõe condutas em

conformidade com a boa-fé objetivamente considerada, independentemente da existência de boas

ou más intenções.

Alternativa “C”: incorreta. O art. 8.º, CPC/2015, determina que, no processo civil, deve o

julgador resguardar e promover a dignidade da pessoa humana. A proteção a esse princípio não se

restringe à situação descrita no enunciado da assertiva, pois o comando legal – e também

constitucional (art. 1.º, III, CF/88) – dirige-se à regulação do Estado com o indivíduo,

independentemente de qual situação esse indivíduo se encontre no processo.

Alternativa “D”: correta. O art. 701, CPC/2015, dispõe que “sendo evidente o direito do autor, o

juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de

obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o

cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à

causa”. Essa decisão pode ser proferida sem a prévia oitiva da parte contrária (art. 9.º, parágrafo

único, III). Trata-se de uma exceção ao contraditório prévio.

10ª Questão

A nova lei processual civil estabelece, no art. 3.º, §3.º, que “a conciliação, a mediação e outros

métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,

defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”. A

partir desse dispositivo, analise as seguintes afirmativas:

I. O juiz deve promover, a qualquer tempo, a autocomposição, obrigatoriamente com auxílio de

conciliadores e mediadores judiciais.

II. Instalada a audiência de instrução e julgamento, o juiz deve tentar conciliar previamente as

partes, salvo quando estas já tiverem participado de anterior audiência de conciliação ou

mediação.

III. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da

controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento

para a mediação e conciliação.

IV. A audiência de conciliação ou mediação é etapa obrigatória do procedimento comum, só

podendo ser dispensada se houver concordância das partes ou se a demanda envolver direito

indisponível.

São corretas:

Alternativas:

a) I, II e III.

b) I, III e IV.

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c) IV, apenas.

d) III e IV.

Gabarito Comentado

Nota da tutoria: a solução consensual dos conflitos foi um dos vetores que norteou a elaboração

do novo Código de Processo Civil. De acordo com a exposição de motivos do anteprojeto do

Novo CPC, “deu-se ênfase à possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela via da

mediação ou da conciliação. Entendeu-se que a satisfação efetiva das partes pode dar-se de modo

mais intenso se a solução é por elas criada e não imposta pelo juiz”.

Alternativa correta: letra “D”.

Item I: incorreto. Dentre os deveres do juiz está a promoção, a qualquer tempo, da

autocomposição (art. 139, V). A lei não exige, contudo, que o juiz seja auxiliado por

conciliadores ou mediadores judiciais. Nesse sentido: “o juiz dirigirá o processo conforme as

disposições deste Código, incumbindo-lhe: V – promover, a qualquer tempo, a autocomposição,

preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais.”

Item II: incorreto. A prévia audiência de conciliação ou mediação não inviabiliza nova tentativa

de autocomposição em audiência de instrução (art. 139, CPC).

Item III: correto, porque reproduz a redação do art. 694 do Código de Processo Civil.

Item IV: correto. De acordo com o art. 334, §4.º, I e II, a audiência não será realizada se ambas as

partes manifestarem expressamente desinteresse na autocomposição ou se o próprio direito

envolvido não admitir autocomposição. Assim, se somente o autor, na petição inicial, manifestar

o seu desinteresse, mas o réu, ao ser citado, permanecer silente, o referido ato processual ocorrerá

normalmente.