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Luciana Spessoto dos Santos EXCESSO DE PESO E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE EM 17 CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO 2002-2003 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Antônio José Leal Costa Coorientadora: Valeska Carvalho Figueiredo Rio de Janeiro 2011

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Luciana Spessoto dos Santos

EXCESSO DE PESO E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE EM 17 CAPITAIS

BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO 2002-2003

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva,

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito à obtenção do título de Mestre em

Saúde Coletiva.

Orientador: Antônio José Leal Costa

Coorientadora: Valeska Carvalho Figueiredo

Rio de Janeiro

2011

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S237 Santos, Luciana Spessoto dos.

Excesso de peso e autoavaliação do estado de saúde em 17

capitais brasileiras e no Distrito Federal no período de 2002-

2003/ Luciana Spessoto dos Santos. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2011.

85 f.; 30cm.

Orientadores: Antônio José Leal Costa e Valeska Carvalho

Figueiredo.

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva, 2011.

Referências: f. 61-67.

1. Obesidade. 2. Peso corporal. 3. Sobrepeso. 4. Transição

epidemiológica. 5. Autoavaliação. 6. Saúde. I. Costa, Antônio José

Leal. II. Figueiredo, Valeska Carvalho. III. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva. IV. Título.

CDD 616.398

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Luciana Spessoto dos Santos

EXCESSO DE PESO E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE EM 17 CAPITAIS

BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO 2002-2003

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva,

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito à obtenção do título de Mestre em

Saúde Coletiva.

Aprovada em

________________________

Antônio José Leal Costa

Prof. Dr. Universidade Federal do Rio de Janeiro/IESC

________________________

Rosângela Pereira

Prof. Dra. Universidade Federal do Rio de Janeiro/INJC

________________________

Guilherme Werneck

Prof. Dr. Universidade Federal do Rio de Janeiro/IESC

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Dedico aos meus pais, Adalberto e Leila,

ao meu irmão Douglas – amor por família,

e ao meu namorado Victor – amor por mulher.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof.o Antônio José, pela sua sensibilidade em orientar uma principiante e todas suas

angústias, mas que sempre com sua paciência e generosidade ímpares, transformou toda a jornada

durante o trabalho em um caminho mais sábio, calmo e alegre, por ter se tornado uma referência

profissional e um amigo a mais nesta minha trajetória acadêmica.

À Prof.ª Valeska Figueiredo pela coorientação, compartilhando suas experiências fundamentais

de participação no Inquérito original e seu conhecimento para o aprimoramento deste trabalho.

A toda equipe de funcionários da Conprev do INCA, responsável pelo Inquérito original no qual

se baseia esta dissertação e que gentilmente cederam todas as informações necessárias à

realização do trabalho e esclareceram todas as dúvidas pertinentes ao seu desenvolvimento.

Aos Professores da banca, Rosângela Pereira e Guilherme Werneck por aceitarem o convite e

pelas enriquecedoras contribuições ao trabalho.

Aos demais Professores do IESC, Pauline, Maria de Lourdes e Lígia Bahia, pelo conhecimento e

incentivos compartilhados de uma maneira mais do que estritamente profissional.

À Prof.ª Thaís Salema, inspiração humana e profissional, pelo conhecimento e apoio preciosos

durante minha trajetória da graduação até o mestrado e que, junto com a Prof.ª Júlia Elba e o

nutricionista Erivelto Soares, desvendaram meus olhos para uma Nutrição além do que se vê.

À amiga ―irmã adotada‖ Thaís Meirelles, e às amigas: Caroline, Luana, Juliana, Alline, Melissa,

Luanda e Raquel, que desde a graduação são convívios e incentivos preciosos para que eu

chegasse até aqui.

As amizades colhidas durante o mestrado: em especial, a doce amiga Caroline Madalena pelas

angústias e vitórias compartilhadas; Jackeline Lobato, Jaqueline e Flávia pela convivência

generosa e por proporcionarem momentos inesquecíveis em meio a exaustivas atividades de

pesquisa; Jurema, Carolina, Natasha, Márcio e Luciana por compartilharem boas e

enriquecedoras conversas.

Aos meus pais Adalberto e Leila, e ao meu irmão Douglas, pelo apoio incondicional e pelo

incentivo em toda minha formação. Sem o amor deles nada faria sentido. Muito obrigada!

Ao Victor, pelo amor pleno, incentivo e compreensão mais do que essenciais em todos os

momentos da minha caminhada e na realização deste trabalho.

Aos amigos próximos que sempre torceram por mim e aos familiares distantes, que mesmo a

distância não consegue diminuir o enorme carinho e as suas torcidas.

E, acima de tudo, a Deus, o grande responsável por colocar pessoas tão especiais no meu

caminho e de onde vem toda força e discernimento para os meus passos.

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“(...) Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.

A gente muda o mundo na mudança da mente.

E quando a mente muda a gente anda pra frente.

E quando a gente manda ninguém manda na gente.

Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.

Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro!”

(Gabriel O Pensador – Trecho de “Até Quando”)

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SANTOS, Luciana Spessoto. Excesso de peso e autoavaliação do estado de saúde em 17 capitais

brasileiras e no Distrito Federal no período 2002-2003. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2011.

RESUMO

Vários instrumentos, têm sido desenvolvidos para caracterizar o estado de saúde das populações.

Embora estudos sobre prevalência de doenças Crônicas não-transmissíveis sejam frequentes, a

relação entre estas doenças e a autoavaliação de saúde nas populações é ainda escassa,

principalmente no Brasil. Este recorte de um estudo transversal realizado pelo Instituto Nacional

do Câncer, no ano de 2003, apresenta uma análise da relação entre o excesso de peso e a

autoavaliação de saúde em adultos de 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Dados

referentes aos módulos de entrevistas, contendo informações sobre fatores sociodemográficos,

autoavaliação de saúde, estado nutricional, morbidade referida e comportamentos de risco foram

analisados. Inicialmente, calcularam-se as proporções de autoavaliação do estado de saúde em

relação ao sobrepeso e obesidade e todas as outras variáveis de interesse para o estudo. Procedeu-

se a análise pelo modelo de regressão logística uni e multivariado a fim de investigar a relação

entre autoavaliação de saúde negativa (regular/ruim) e sobrepeso/obesidade e demais covariáveis.

No modelo multivariado final, a autoavaliação do estado de saúde negativa foi relacionada mais

significativamente aos obesos, mulheres, residentes nas capitais da região Norte, menor renda e

escolaridade, diabéticos e fumantes. Apesar das limitações metodológicas, os resultados

encontrados são relevantes para nortear futuras análises populacionais acerca da situação de

saúde no Brasil, através do emprego de indicadores autorreferidos com menor custo e de mais

fácil, os quais podem auxiliar na formulação e avaliação de ações e estratégias para melhorias das

condições de saúde da população em geral.

Palavras-chave: Transição epidemiológica. Sobrepeso. Obesidade. Autoavaliação de saúde.

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SANTOS, Luciana Spessoto. Excesso de peso e autoavaliação do estado de saúde em 17 capitais

brasileiras e no Distrito Federal no período 2002-2003. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2011.

ABSTRACT

Several instruments, such as health assessment, have been developed to characterize the health

status of populations. Although studies on the prevalence of chronic non-transmissibles diseases

are frequent, the relationship between these diseases and self-assessment of health in populations

is still scarce, especially in Brazil. This part of a study performed by the National Cancer

Institute, in 2003, presents an analysis of the relationship between overweight and self-

assessment of health among adults in 17 Brazilian capitals and the Federal District. Data relating

to interviews modules containing information on sociodemographic factors, self-assessment of

health, nutritional status, morbidity and risk behaviors were analyzed. Initially, we calculated the

proportions of self-assessment of health status in relation to overweight and obesity and all the

other variables of interest for the study. There has been analyzed by logistic regression univariate

and multivariate analysis to investigate the relationship between negative self-assessment of

health (fair / bad) and overweight / obesity and other covariates. The final multivariate model,

self-assessment of health status was related more significantly negative to obese women living in

the capitals of the North, lower income and education, diabetics and smokers. Despite the

methodological limitations, the results are relevant to direct future population analysis about the

health situation in Brazil, through the use of self-reported indicators with lower cost and easier,

which might help in the formulation and evaluation of actions and strategies for improvements in

health conditions of the general population.

Key-words: Epidemiologic transition. Overweight. Obesity. Self-rated health.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Diagrama 1 – Seleção da População de Estudo..............................................................................32

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 - Proporção de categorias de respostas de autoavaliação do estado de saúde regular ou

ruim, segundo variável de exposição..............................................................................................45

Tabela 2 – Proporção de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim, segundo

variáveis demográficas...................................................................................................................46

Tabela 3 - Proporção de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim, segundo

variáveis socioeconômicas.............................................................................................................47

Tabela 4 - Proporção de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim, segundo

variável morbidade referida...........................................................................................................48

Tabela 5 - Proporção de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim, segundo

variáveis comportamentos de risco.................................................................................................49

Tabela 6 - Razão de Chances (OR) bruta, ajustada para todas as variáveis independentes e

ajustada para variáveis independentes significativas, para autoavaliação de saúde regular ou

ruim.................................................................................................................................................52

APÊNDICE 1 - Tabela 7 - Proporção de categorias de respostas sobre autoavaliação do estado de

saúde, segundo variável de exposição, demográficas, socioeconômicas, morbidade referida e

comportamentos de risco................................................................................................................67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BRFSS - Behavioral Risk Factor Surveillance System

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

DCNTs - Doenças Crônico - Degenerativas ou Crônicas Não-Transmissíveis

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

ENDEF - Estudo Nacional de Despesas Familiares

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC – Índice de Massa Corporal

INCA – Instituto Nacional de Câncer

IPAQ - International Physical Activity Questionnaire (Questionário Internacional de Atividade

Física)

MS - Ministério da Saúde

NHANES III – Third National Health and Nutrition Examination Survey (Terceiro Inquérito

Nacional de Sáude e Avaliação Nutricional)

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Pan-americana da Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNDS - Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

PNSN - Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição

POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares

SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

WHO - World Health Organization (Organização Mundial da Saúde)

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................... 13

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1.1 TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA, NUTRICIONAL E A EPIDEMIA DE OBESIDADE .............................. 15

1.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL NO BRASIL .................................................................................. 17

1.3 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ................................................................................. 20

1.4 AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE .............................................................................. 22

1.5 AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE E SEUS DETERMINANTES SOCIAIS ........................... 24

1.6 EXCESSO DE PESO COMO PREDITOR DA AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE .................. 26

2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 28

3. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 29

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 29

4. METODOLOGIA .................................................................................................................... 30

4.1 DESENHO DE ESTUDO E POPULAÇÃO BASE ............................................................................ 30

4.2 AMOSTRAGEM ....................................................................................................................... 30

4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO ....................................................................................................... 31

4.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................................ 32

4.4.1. Questionário Geral ...................................................................................................... 32

4.5 VARIÁVEIS ............................................................................................................................ 33

4.5.1 Autoavaliação do Estado de Saúde - Desfecho ............................................................. 33

4.5.2 Excesso de Peso - Exposição ........................................................................................ 34

4.5.3 Fatores demográficos e socioeconômicos .................................................................... 34

4.5.4 Morbidade referida ....................................................................................................... 35

4.5.5 Comportamentos de risco.............................................................................................. 35

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................. 36

4.7 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................................................ 37

4.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS....................................................................................................... 37

5. MANUSCRITO ....................................................................................................................... 38

6. COMENTÁRIOS FINAIS ...................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 61

ANEXOS ...................................................................................................................................... 68

ANEXO 1 – QUESTÕES UTILIZADAS NA DEFINIÇÃO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. (QUESTIONÁRIO

INDIVIDUAL TIPO B). AS RESPOSTAS ASSINALADAS FORAM UTILIZADAS EM CONJUNTO PARA

DEFINIÇÃO. ................................................................................................................................. 69

ANEXO 2 – QUESTÕES UTILIZADAS NA DEFINIÇÃO DE DIABETES. (QUESTIONÁRIO INDIVIDUAL

TIPO B*). AS RESPOSTAS ASSINALADAS FORAM UTILIZADAS EM CONJUNTO PARA DEFINIÇÃO. ... 70

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ANEXO 3 – QUESTÃO UTILIZADA NA DEFINIÇÃO DE DOENÇA ISQUÊMICA DO CORAÇÃO. AS

RESPOSTAS ASSINALADAS FORAM UTILIZADAS ME CONJUNTO PARA DEFINIÇÃO. ........................ 71

APÊNDICES ................................................................................................................................ 72

APÊNDICE 1 – TABELA 7 – PROPORÇÃO1 DE CATEGORIAS DE RESPOSTAS SOBRE

AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE, SEGUNDO VARIÁVEL DE EXPOSIÇÃO, DEMOGRÁFICAS,

SOCIOECONÔMICAS, MORBIDADE REFERIDA E COMPORTAMENTOS DE RISCO2 ............................. 73

APÊNDICE 2 – ESTIMATIVAS DE RAZÃO DE CHANCES (ORS) DE AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO

DE SAÚDE REGULAR/RUIM E SOBREPESO E OBESIDADE, AJUSTADAS PELAS VARIÁVEIS

SIGNIFICANTES (P < 0.05): REGRESSÃO LOGÍSTICA AJUSTADA POR AMOSTRAGEM COMPLEXA. .. 75

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho possui a finalidade de analisar a relação entre excesso de peso e

autoavaliação do estado de saúde, na população adulta brasileira, a fim de propor estratégias de

monitoramento das condições de saúde, bem como nortear pesquisas posteriores no país.

Modificações nos padrões de morbimortalidade da população vêm sendo objetivamente

estudadas e analisadas. Em países em desenvolvimento, estes padrões se apresentam com

declínio progressivo das doenças infecciosas e crescente aumento de óbitos por doenças

cardiovasculares, neoplasias, causas externas, entre outras. Desta forma, as chamadas Doenças

Crônico - Degenerativas ou Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs), ganham destaque nas causas

de óbitos em função do aumento da vida média e do consequente envelhecimento populacional.

Nas últimas décadas, vários instrumentos têm sido desenvolvidos para caracterizar o estado de

saúde das populações, cobrindo uma vasta gama de dimensões. A inclusão do questionamento

sobre a autoavaliação de saúde permite construir indicadores para o monitoramento do estado de

saúde da população nos seus vários domínios. Esses indicadores também podem ser usados para

construir outras medidas, produzindo estimativas da esperança de vida saudável e da qualidade de

vida.

Na Introdução, inicia-se com uma breve exposição sobre os processos de transição

epidemiológica e nutricional no Brasil e no mundo, apontando a epidemia da obesidade como um

dos maiores problemas de saúde pública enfrentados pelos países. Em seguida, enfatiza-se a

utilização de medidas autorreferidas de estado nutricional e autoavaliação de saúde em estudos

populacionais e discute-se a relação do excesso de peso como preditor de uma autoavaliação do

estado de saúde negativa, considerando diferenças socioeconômicas, demográficas, de morbidade

e de comportamentos de risco ou estilos de vida.

A Justificativa baseia-se neste contexto de saúde pública atual e na escassez de estudos

disponíveis, principalmente no Brasil. Busca-se nos objetivos estudar esta relação entre excesso

de peso e autoavaliação de saúde, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas, morbidades

autorreferidas e comportamento de risco na população adulta, presente em 17 capitais brasileiras

e no Distrito Federal. Na metodologia são descritos o desenho do estudo, destacando-se o estudo

ser um recorte do inquérito nacional transversal realizado pelo INCA, considerando-se assim, o

plano amostral e os questionários utilizados no inquérito para análise das variáveis de interesse.

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Os resultados são apresentados na forma de um manuscrito que consiste na análise da

relação entre excesso de peso e autoavaliação de saúde negativa. Discutem-se os aspectos das

variáveis de interesse analisadas e sua relação com a autoavaliação de saúde regular ou ruim à

vista de resultados prévios presentes na literatura acerca deste assunto e as implicações destes

achados no que concerne às condições de saúde das populações, seguindo-se, por fim, as

conclusões e aos comentários finais do trabalho.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Transição demográfica, nutricional e a epidemia de obesidade

O perfil de morbimortalidade pode ser considerado um indicador relativamente sensível

das condições de vida e do modelo de desenvolvimento de uma população, sendo o resultado da

interação de diversos fatores históricos, ambientais, socioculturais, demográficos e

socioeconômicos, no entanto estes fatores podem ter um peso diferenciado, de acordo com o

local, com a sociedade e com o tempo histórico (PRATA, 1992). A partir da década de 60,

modificações nos padrões de morbimortalidade da população em países desenvolvidos vêm sendo

estudadas e analisadas. Em países em desenvolvimento, estes padrões se apresentam com

declínio progressivo das doenças infecciosas e crescente aumento de óbitos de por doenças

cardiovasculares, neoplasias, causas externas, entre outras. Desta forma, as chamadas Doenças

Crônico - Degenerativas ou Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs), ganham destaque nas causas

de óbitos em função do aumento da vida média e do consequente envelhecimento populacional.

Mesmo processo ocorreu nos países mais desenvolvidos, porém em um ritmo mais lento e

gradual (PINHEIRO et al., 2004).

A chamada transição epidemiológica é o resultado das variações dos padrões de

morbimortalidade e fecundidade, que determinam mudanças na estrutura populacional. Laurenti

(1990) define a transição epidemiológica como ―uma evolução gradual dos problemas de saúde

caracterizados por alta morbidade e mortalidade por doenças infecciosas que passa a se

caracterizar predominantemente por doenças crônicas não-transmissíveis‖.

Segundo Moura et al. (2007), as DCNTs acometem cerca de 75% da população adulta,

sendo que esta predominância ocorre desde a adolescência, na medida em que o risco de adoecer

e de morrer por doenças infecciosas e parasitárias diminuiu consideravelmente com o aumento da

idade. Entre os fatores e comportamentos de risco são identificados àqueles ligados ao estilo de

vida (hábitos e comportamentos), às exposições no ambiente de trabalho (doenças ocupacionais

e/ou profissionais e os acidentes de trabalho) e outros fatores de risco variados que acentuam ou

interagem com outros preexistentes, propiciando sinergismo dos fatores de risco para algumas

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doenças. Apesar de ainda haver muito a ser esclarecido sobre os determinantes deste grupo de

doenças, vários fatores de risco já estão bem definidos, entre eles, a obesidade, o sedentarismo, a

ingestão de álcool e o fumo. Associam-se ainda a estes fatores os de ordem psicossocial,

decorrentes de tensões ou conflitos vivenciados no ambiente de trabalho e familiar,

reconhecidamente geradores de ―estresse‖.

A transição nutricional integra os processos de transição demográfica e epidemiológica

com modificações seqüenciais no padrão de nutrição e consumo, acompanhados de mudanças

econômicas, sociais e demográficas, e do perfil de saúde das populações (PINHEIRO et al.,

2004). Nesse contexto, compartilham o mesmo cenário dois extremos da má nutrição:

desnutrição pela carência e obesidade pelo excesso, o que se pode chamar de paradoxo

nutricional. Portanto, a obesidade e o sobrepeso constituem, na atualidade, importantes problemas

de Saúde Pública, pelas elevadas taxas de prevalência, não somente em adultos, mas também em

crianças e adolescentes (LAMOUNIER, 2009).

Desde 1980, as prevalências de obesidade, tanto em adultos, quanto em crianças e

adolescentes vêm aumentando progressivamente no mundo todo, independente de sexo, etnia,

nível socioeconômico ou educacional, tornando-se a desordem nutricional mais importante na

atualidade. Dados do CDC (2009) mostram que um terço da população adulta norte americana

esteja obesa, o que equivale a mais de 72 milhões de pessoas, com determinantes complexos e

conseqüências físicas, psicológicas e sociais para toda população. A obesidade é ainda

relativamente incomum nos países da África e da Ásia, sendo que sua prevalência é mais elevada

na população urbana em relação à população rural. (WHO, 1998)

A obesidade, definida de uma maneira simplificada, é o acúmulo excessivo de gordura

corporal em extensão tal, que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, sendo considerada uma

doença integrante do grupo das DCNTs, as quais podem ser caracterizadas por doenças com

história natural prolongada, múltiplos fatores de risco, interação de fatores etiológicos

desconhecidos, causa necessária desconhecida, especificidade de causa desconhecida,

participação ou não de microorganismos entre os determinantes, longo período de latência, curso

clínico em geral lento, prolongado e permanente, manifestações clínicas com períodos de

remissão e de exacerbação, lesões celulares irreversíveis e evolução para diferentes graus de

incapacidade ou para a morte (PINHEIRO et al., 2004).

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A obesidade é preocupante não apenas pelas implicações à saúde, como pela

complexidade de seu tratamento e controle, já que este acarreta em mudança de comportamento

alimentar no plano individual e da adoção de políticas públicas que podem ir contra os interesses

de diferentes setores da indústria e comércio de alimentos (RINALDI et al., 2008). Por serem

doenças de longa duração, as DCNTs, incluindo a obesidade, são as que mais demandam ações,

procedimentos e serviços de saúde, afetando a qualidade de vida da população. O conhecimento

acerca dos seus fatores de risco e o seu monitoramento, principalmente os de natureza

comportamental, como dieta, sedentarismo, dependência química (de tabaco, álcool e outras

drogas) é uma das ações de vigilância mais importantes (MALTA et al., 2006).

1.2 Transição Nutricional no Brasil

Nas últimas três décadas, pesquisas apontam que, como em outros países em

desenvolvimento, o Brasil tem apresentado modificações no perfil nutricional de sua população,

fruto de um processo conhecido como transição nutricional. Muitos países na Ásia, América

Latina e África, têm experimentado, em função da urbanização, um aumento no padrão de

consumo de certos componentes da dieta com relação ao padrão de décadas atrás. Essa mudança

nos padrões dietéticos inclui o significativo aumento na disponibilidade de gorduras,

principalmente as de origem animal, e açúcares, contrastados com a queda na disponibilidade de

cereais e fibras. Em populações nas quais predomina o padrão dietético ocidental, uma ampla

parcela da população chega a consumir acima de 30% de energia derivada de gorduras (POPKIN,

2001; DUTRA et al., 2006).

No Brasil, a obesidade como problema de saúde pública é um evento recente. Apesar da

existência de relatos a partir da Era Paleolítica, a prevalência de obesidade nunca se apresentou

em grau epidêmico como na atualidade. Enquanto agravo nutricional, a desnutrição era assumida

como um problema relevante para os países em desenvolvimento, e a obesidade seria para países

desenvolvidos. Atualmente, tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento

não se apresentam como unidades homogêneas, quer para a prevalência da desnutrição, quer para

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a da obesidade. Ao contrário, podem ser caracterizados em uma fórmula mista tanto de excesso

de peso quanto de déficit nutricional (PINHEIRO et al., 2004).

Segundo Albano e Souza (2001), o aumento na disponibilidade de alimentos gordurosos,

com alta densidade energética, e a diminuição na prática de exercícios físicos são os dois

principais fatores, ligados ao meio ambiente, que colaboram para o aumento da prevalência da

obesidade. A leitura comparativa dos estudos populacionais efetuados nas últimas três décadas,

em âmbito nacional e microrregional (Estudo Nacional de Despesas Familiares – ENDEF,

1974/1975; Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição – PNSN, 1989; Pesquisa Nacional de

Demografia e Saúde – PNDS, 1995/1996; Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF,

2002/2003), possibilitam inferir uma queda na prevalência da desnutrição em crianças menores

de cinco anos acompanhada de um aumento da disponibilidade de gorduras, açúcares, bem como

na aquisição de produtos industrializados, incluindo os chamados fast-foods, e declínio da

disponibilidade de frutas, legumes e verduras. (BATISTA FILHO & RISSIN, 2003; ENES &

SILVA, 2009).

Esse processo de transição nutricional, no entanto, não ocorreu de maneira uniforme em

todas as regiões do país. Tomando-se como referência o déficit de estatura em crianças para

idade, que representa o efeito cumulativo do estresse nutricional sobre o crescimento esquelético,

observa-se que entre 1975 e 1989, a diminuição de sua prevalência para (abaixo de -2 desvios-

padrão da tabela de normalidade) foi mais rápida no meio urbano da região centro-sul

(englobando as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Já no período compreendido entre 1989 e

1996, o ritmo de queda da prevalência de desnutrição, entendida como retardo de estatura

moderado ou grave, foi mais acentuado nas regiões Norte e Nordeste (IBGE/UNICEF, 1982,

1992; MONTEIRO et al., 2000).

A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada no Brasil em 1989, mostrou

que 32,0% dos adultos apresentavam algum grau de excesso de peso ou sobrepeso, definido

como Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25,0 kg/m2 e 29,9 kg/m

2, sendo 27,0% na população

masculina e 38,0% na feminina. A Região Sul apresentou a maior prevalência, tanto entre os

homens (34,0%), quanto entre as mulheres (43,0%). Na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul,

dados de 1994, a prevalência de obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) em adultos com idades entre 20 e

69 anos foi de 21,0%, sendo 25,0% entre as mulheres e 15,0% entre os homens, enquanto que

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quase 40,0% da amostra apresentaram sobrepeso (MONTEIRO et al., 1999; DUTRA et al.,

2006).

Estes marcadores aumentados de sobrepeso e obesidade podem ser ilustrados nas

mudanças do consumo de alimentos da população brasileira. Dados da Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF, 2002/2003) apontam uma diminuição da disponibilidade domiciliar per capita

de determinados alimentos tradicionais, como arroz, feijão e farinha de mandioca, e o aumento da

disponibilidade de alimentos industrializados. As variáveis regionais são muito importantes na

explicação da aquisição de diversos produtos, assim como as variáveis educacionais e as

diferenças entre o meio rural e urbano (COELHO, 2009).

Esse quadro atual favorece o aumento das prevalências de doenças crônicas degenerativas

e não-transmissíveis (DCNTs), tais como diabetes melittus, hipertensão arterial sistêmica e

doenças cardiovasculares no mundo como um todo, inclusive no Brasil, o que por sua vez, afeta

negativamente a saúde da população, bem como sua qualidade de vida, determinando um

aumento do volume de gastos pela previdência e um elevado custo social devido à elevada

morbidade, mortes prematuras, muitas destas evitáveis, ou incapacitação de pessoas em idade

produtiva. As DCNT têm sido ainda, responsáveis por um aumento considerável na demanda por

serviços de saúde, principalmente curativos e de intervenções hospitalares. Nas próximas

décadas, os chamados países emergentes despreparados para esta demanda social, juntamente

com os países industrializados, concentrarão um número ainda maior de mortes por DCNT e em

torno de 2050 é estimado que os países emergentes tenham a maior prevalência mundial por este

grupo doenças (MOURA, et al., 2007).

A busca por evidências científicas para análise da situação de saúde da população é

crucial para o desenvolvimento de ações efetivas nos níveis de promoção da saúde, prevenção e

recuperação das doenças crônicas. Os inquéritos domiciliares de propósitos múltiplos são uma

fonte privilegiada para estudar as relações de determinação de desigualdades em saúde de grupos

populacionais. Por meio de inquéritos domiciliares são obtidas informações sobre variáveis

socioeconômicas dos grupos familiares e dos indivíduos, simultaneamente com informações

sobre estado de saúde, necessidades percebidas de saúde, acesso e uso de serviços de atenção,

bem como de gastos com bens e serviços de atenção à saúde (DACHS, 2002).

Em vista disso, no ano de 2000, uma parceria entre a atual Secretaria de Vigilância em

Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) e o Instituto Nacional do Câncer (INCA/MS) deu início

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ao planejamento do primeiro Inquérito Nacional para Fatores de risco de DCNTs. O Inquérito

abrangeu 17 capitais brasileiras de todas as macrorregiões do País mais o Distrito Federal e, ao

ser concluído em 2004, possibilitou o estabelecimento de uma linha de base para monitoramento

dos fatores de risco das DCNTs em nível nacional (INCA, 2003).

1.3 Avaliação do estado nutricional

O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por nutrientes

estão sendo alcançadas para manter a composição e funções adequadas do organismo, resultando

do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes. As alterações do estado nutricional

contribuem para aumento da morbimortalidade. Assim sendo, a desnutrição predispõe a uma

série de complicações graves no organismo, incluindo distúrbios na produção de metabólitos e

síntese de componentes corporais, ao passo que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco

para variado número de agravos à saúde, dos quais os mais freqüentes são doença isquêmica do

coração, hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular cerebral, neoplasias, diabetes mellitus

tipo 2, e distúrbios psicológicos, como por exemplo, a depressão (ACUNA e CRUZ, 2004).

Em estudos epidemiológicos, especialmente naqueles que se referem à obesidade, há

necessidade de avaliar o estado nutricional mediante procedimentos diagnósticos que

possibilitem precisar a magnitude, o comportamento e os determinantes dos agravos nutricionais,

assim como identificar os grupos de risco e as intervenções adequadas. Dentre estes métodos a

obtenção de medidas de massa corporal e da estatura é o principal conjunto utilizado, sendo um

método não-invasivo de baixo custo e universalmente aplicável, disponível para avaliar o

tamanho e proporções do corpo humano (RIBAS et al., 1999; ACUNA e CRUZ, 2004).

Segundo dados da população norte-americana, desde a década de 80, a prevalência de

obesidade em adultos tem dobrado e em crianças tem triplicado. A obesidade afeta todos os

grupos da população, independentemente da idade, sexo, raça, etnia, nível socioeconômico e

educacional ou região geográfica (CDC, 2009). A obesidade é considerada uma doença do grupo

das DCNTs, com múltiplos fatores de risco, curso clínico em geral lento, prolongado e

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permanente, manifestações clínicas com períodos de remissão e de exacerbação, lesões celulares

irreversíveis e evolução para diferentes graus de incapacidade ou para a morte (LESSA, 1998).

A emergência e a prevalência de obesidade, como um todo, estão relacionadas com

implicações negativas para a saúde e o seu aumento tem sido associado às altas prevalências de

doenças crônicas não-transmissíveis. Estudos apontam elevação da prevalência de diabetes

mellitus, principalmente do tipo 2, que representa 85% ou mais de todos os casos de diabetes,

além de elevação das prevalências de doenças coronarianas, como hipertensão arterial sistêmica,

dislipidemia e aterosclerose (POPKIN, 1998).

A antropometria, que consiste na avaliação das dimensões físicas e da composição global

do corpo humano, tem se revelado como o método isolado mais utilizado para o diagnóstico

nutricional em nível populacional pela facilidade de execução, baixo custo e inocuidade

(SIGULEM, 2000). O conhecimento acerca da massa corporal e da estatura nas populações é

relevante para a saúde geral, estado nutricional, avaliação de obesidade e risco para outras

doenças. Com a diminuição das prevalências de baixo peso e o avanço da epidemia de obesidade,

medidas como massa corporal, estatura e índice de massa corporal (IMC) têm sido utilizadas

como marcadores do estado nutricional em estudos epidemiológicos, tanto através de medição

direta (uso de equipamentos) quanto indireta (autorreferidas) (CHOR et al., 1999; BOLTON-

SMITH, 2000).

Embora apresente limitações quanto à sua correlação com a distribuição de gordura, o

IMC apresenta-se como de fácil medição e correlaciona-se diretamente com medidas de massa

corporal total (CHOR et al., 1999). De acordo com Anjos (1992), o IMC é um indicador válido

de estado nutricional em grupos populacionais e tem sido amplamente usado para este propósito.

Estudos demonstram bons níveis de validade até mesmo entre os obesos (que poderiam

apresentar maior tendência à subestimação de massa corporal) e entre grupos com baixa

escolaridade, além de serem adequados também para o monitoramento da prevalência de

obesidade na população (BOLTON-SMITH, 2000).

Kuczmarski et al. (2001), utilizando dados do Third National Health and Nutrition

Examination Survey (NHANES III), examinou a associação entre idade e IMC obtido por

medidas antropométricas autorreferidas, e comparou com valores obtidos a partir de medidas

diretas em homens e mulheres com 20 anos ou mais. Esses resultados também apontaram que a

idade é uma variável importante nos resultados dos questionários autorreferidos, apresentando

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diferenças significantes entre o IMC baseado em medidas autorreferidas e diretas em adultos

mais velhos. Além da idade, a validade do IMC baseado em medidas de massa corporal e estatura

autorreferidos pode se alterar conforme o gênero e também segundo as condições

socioeconômicas dos grupos estudados (SCHMIDT, 1993; FONSECA et al., 2004). No Brasil, a

validade do IMC baseado em medidas de massa corporal e estatura autorreferidos têm sido pouco

estudadas.

A morbidade referida pelo próprio indivíduo acerca de doenças crônicas também é uma

medida aproximada das informações obtidas por meio de exames clínicos. Inquéritos de saúde

referem que as informações obtidas sobre a presença de doenças crônicas autorreferidas

apresentaram boa concordância quando comparada com registros médicos ou exames clínicos,

especialmente para algumas doenças selecionadas, como as doenças cardiovasculares e o diabetes

mellitus (WU, 2000). Como estratégia para aumentar a validade do autorrelato acerca do

acometimento por determinadas doenças, a Organização Mundial da saúde (OMS) tem sugerido

desde 1996, a utilização de uma lista de condições mais representativas do perfil de

morbimortalidade de cada país, tendo se revelado um instrumento sensível para medir a

autoavaliação de doenças, minimizando o viés de memória, e evitando a inclusão os indivíduos

mais gravemente enfermos somente. A presença de doenças crônicas depende do acesso ao

diagnóstico médico, e não apenas baseada na autoavaliação do indivíduo e características

sociodemográficas devem ser consideradas nas análises (THEME-FILHA, 2008).

1.4 Autoavaliação do estado de saúde

O processo saúde-doença é dinâmico e reflete a ligação estrutural entre o corpo e a

sociedade, os quais são cruciais para se avaliar o estado de saúde. As desigualdades sociais em

saúde podem ser examinadas por meio de avaliação dos indicadores de saúde de determinada

população. Em geral, os mais utilizados são os relativos à mortalidade e a morbidade referida

(Souza et al., 2008).

Nas últimas décadas, vários instrumentos têm sido desenvolvidos para caracterizar o

estado de saúde das populações, utilizando questões de fácil entendimento e cobrindo uma vasta

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gama de dimensões. A inclusão do questionamento sobre a autoavaliação da morbidade permite

construir indicadores para o monitoramento do estado de saúde da população nos seus vários

domínios. Esses indicadores também podem ser usados para construir outras medidas,

produzindo estimativas da esperança de vida saudável e da qualidade de vida (THEME-FILHA et

al., 2008).

Nesse sentido, a autoavaliação do estado de saúde, ou autoavaliação de saúde, é um

importante indicador do construto multidimensional da saúde, consistindo na percepção que os

indivíduos possuem de sua própria saúde (COTT et al., 1999).

Segundo Eriksson (2001) a autoavaliação do estado de saúde tem sido medida de

diferentes maneiras, usando-se questões simples ou por meio de escalas. A resposta, o tipo de

escala e número de opções de respostas pode variar, conforme o propósito do estudo. Questões

simples podem ser classificadas dentro de três principais categorias: não comparativas

(usualmente medidas pelas respostas dos indivíduos sobre sua própria autoavaliação de saúde

como excelente, boa, regular, ruim ou muito ruim), comparativas pela idade (usualmente medidas

pelas respostas dos indivíduos sobre sua própria avaliação de saúde como melhor, igual ou pior

se comparada a de outros indivíduos com a mesma idade) e comparativas pelo tempo, na qual

indivíduos são perguntados sobre avaliação de sua saúde em comparação a um período anterior.

A autoavaliação do estado de saúde é central para a avaliação dos benefícios e malefícios

dos cuidados à saúde tanto em pacientes, quanto em grupos populacionais. O desenvolvimento de

medidas de saúde tem sido realizado, principalmente em populações com o propósito geral de

medir o estado de saúde. Independentemente da categorização do diagnóstico ou da gravidade da

doença, as informações sobre estado de saúde são úteis para estabelecimento de graus de

morbidade nas comunidades, possibilitando a realização de comparação entre diferentes grupos

populacionais, e, posteriormente, auxiliando na avaliação das necessidades de saúde ou alocação

eficiente dos recursos de saúde nas populações. Além disso, estudos populacionais têm

demonstrado que indivíduos que relatam a autoavaliação de sua saúde como ruim, apresentam

maior risco de morte por todas as causas em comparação com aquelas que referem ter uma saúde

excelente (KIND et al., 1998).

A avaliação do estado de saúde engloba diversos aspectos da vida do indivíduo, tais como

saúde física, cognitiva e emocional. A medida de autoavaliação do estado de saúde pode ser vista

como uma avaliação objetiva de saúde, associando-se fortemente com o estado real ou subjetivo

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de saúde das pessoas. Correia Alves e Rodrigues (2005), em investigação sobre determinantes

sociodemográficos da autoavaliação do estado de saúde de idosos no Brasil relatam que a medida

de autoavaliação do estado de saúde tem se mostrado um método confiável, e até mais utilizado

do que a observação direta para a análise desses aspectos físicos, cognitivos e emocionais.

Os resultados do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD) realizada em 1998 indicam que 18,2% dos homens e 23,5% das mulheres avaliaram o

seu próprio estado de saúde como regular, ruim ou muito ruim. Em 2003, os resultados da mesma

pesquisa mostraram as avaliações negativas a respeito da autoavaliação do estado de saúde foram

maiores para ambos os sexos (22,5% dos homens e 28,5% das mulheres). A comparação destes

resultados demonstra o aumento da autoavaliação negativa do estado de saúde na população

brasileira (PINHEIRO et al., 2002 e SOUZA et al., 2008).

1.5 Autoavaliação do estado de saúde e seus determinantes sociais

A ocorrência de fatores de risco associados a problemas de saúde varia segundo sexo,

idade e situação social. Em mulheres, os fatores que aumentam os riscos de doenças são

obesidade, sedentarismo, estresse, consequências de gestações repetidas, depressão e pressões

ligadas aos papéis sociais, enquanto nos homens, os fatores destacados são o excesso de consumo

de álcool, tabagismo, maior exposição a situações de violência, acidentes e riscos ocupacionais.

A presença desses e de outros fatores de riscos está associada ao desempenho dos papéis sociais

dos indivíduos, o que afeta, diretamente tanto a qualidade de vida quanto a autoavaliação do

estado de saúde (DACHS, 2002; DACHS, 2006).

Está bem reconhecido que a autoavaliação do estado de saúde e uma variedade de

marcadores de risco de doenças variam conforme níveis socioeconômicos e a presença de

doenças crônicas, entre outros fatores. A autoavaliação do estado de saúde abrange dois aspectos

chave na sua avaliação: qual seu estado de saúde e qual o melhor estado que sua saúde poderia

alcançar, com a magnitude da diferença desses dois conceitos determinando quão distante do

―excelente‖ as percepções do estado de saúde individual podem estar. Dado que a avaliação do

estado de saúde varia de acordo com o nível socioeconômico, espera-se que indivíduos com

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baixo nível socioeconômico tenham baixas expectativas de saúde em relação àqueles com maior

nível. Conseqüentemente, o risco de doença associado com diferentes níveis de auto-avaliação de

saúde deve também variar substancialmente segundo características socioeconômicas (ADAMS e

WHITE, 2006).

Por ser um indicador que engloba muitas dimensões, a autoavaliação do estado de saúde

pode ser influenciada por diversos fatores, dentre eles destacam-se as características

sociodemográficas, comportamentais ou de estilo de vida, psicossociais, funcionais e de

morbidade, as quais determinam a autoavaliação de saúde, em maior ou menor grau. No Brasil,

estudos sugerem que a idade, o sexo, o bem estar material e o grau de instrução são os mais

relevantes (Szwarcwald et al., 2005).

Resultados da Pesquisa Mundial de Saúde realizada no Brasil em 2003, na qual foram

entrevistados 5.000 indivíduos com 18 anos ou mais, mostraram que a auto-avaliação de saúde

―não boa‖ foi significativamente mais frequente entre mulheres, indivíduos com 50 anos ou mais

e aqueles com alguma doença crônica. Os entrevistados com diagnóstico de diabetes mellitus

apresentaram as piores avaliações de saúde: 70,9% referiram doença de longa duração e 79,3%

avaliaram sua saúde como ―não boa‖. Verificou-se pior avaliação da própria de saúde com a

presença de duas ou mais doenças. Os resultados mostraram ainda, que, nas mulheres portadoras

de doenças crônicas, a avaliação negativa sobre o seu próprio estado de saúde foi superior

comparada aos homens portadores de doenças crônicas (THEME-FILHA, 2008).

A análise do INCA (2003), utilizando dados do Inquérito Domiciliar sobre

Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos Não Transmissíveis em

17 Capitais e Distrito Federal, realizado no Brasil entre 2002/2003 mostrou que as piores

condições de saúde são referidas por mulheres, indivíduos com 50 anos ou mais e com menor

grau de escolaridade. Os percentuais relacionados à autoavaliação de saúde regular ou ruim

foram maiores nas cidades das regiões Norte e Nordeste quando comparados aos das cidades das

regiões Sul e Sudeste.

Em relação aos fatores cognitivos, considerados pelos indivíduos ao responderem sobre

sua própria avaliação de saúde, estes não apresentam uma relação esclarecida. Segundo Fayers e

Sprangers (2002), as respostas não consideram, de maneira geral, um fator determinante

específico sobre sua saúde. Além disso, as estruturas de referência montadas para a resposta não

são idênticas para todos os indivíduos: alguns remetem a problemas específicos relacionados

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alguma doença presente, enquanto que outros, às condições físicas funcionais ou

comportamentos.

1.6 Excesso de peso como preditor da autoavaliação do estado de saúde

Segundo Monteiro (2000), o conhecimento e o acompanhamento da situação nutricional

constituem instrumento essencial para a aferição das condições de saúde, além de oferecer

medidas objetivas das condições de vida da população em geral. A importância da avaliação

nutricional decorre da influência decisiva que o estado nutricional exerce sobre a

morbimortalidade, o crescimento e o desenvolvimento.

Um exemplo da complexidade do conceito de saúde refere-se à definição de saúde

proposta pela OMS, como ―... o estado de completo bem-estar, físico, mental e social, e não

apenas a ausência de doença ou enfermidade‖. Esta definição remete a conceitos subjetivos como

qualidade de vida, assim a tarefa de mensurá-la também é complexa: são muitos ângulos de

aproximação, como a mortalidade, a morbidade, a incapacidade física, o grau de autonomia das

pessoas (idosos), a estrutura etária da população, a qualidade da prestação de determinado

cuidado de saúde, etc.

A autoavaliação do estado de saúde é uma medida que vem sendo usada em estudos

epidemiológicos pela sua fácil aplicabilidade e sua correlação com condições clínicas. Esta

medida é utilizada para verificar diferenças na morbidade em subgrupos populacionais, comparar

acessos a serviços de saúde e necessidade de recursos de saúde entre áreas geográficas, e também

calcular indicadores de morbimortalidade, tais como expectativa de vida saudável (PIKAR et al.

2001; FRANKS et al., 2003; GOLD et al., 1996; DEVLIN et al., 2000; KIND et al., 1998).

Segundo Szwarcwald (2005), o ponto de vista médico do estado de saúde é objetivo ao

nível individual, referindo-se à avaliação de doenças através de sinais e sintomas, enquanto que a

autoavaliação do estado de saúde é subjetiva, combinando componentes físicos e emocionais,

incluindo senso de bem-estar e satisfação com a vida. Assim, o estado de ―doença‖ não

necessariamente relaciona-se a sentir sintomas físicos, mas também à consequências psicológicas

e sociais de ter um problema de saúde. A autoavaliação individual de saúde é, portanto, um

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importante indicador de como o nível de bem-estar pode influenciar relativamente sua motivação

e qualidade de vida.

Diversas co-variáveis citadas anteriormente, tais como sexo, idade, renda e escolaridade,

podem interferir na relação entre estado nutricional e autoavaliação do estado de saúde. Baseado

na definição de saúde adotada pela OMS, variações na relação entre estado nutricional e

autoavaliação do estado de saúde podem ocorrer em relação ao nível socioeconômico,

escolaridade, bem como que as mulheres tendam a avaliar seu estado de saúde pior do que os

homens, o que seria um reflexo de sua situação na sociedade (DACHS, 2006).

Estudos populacionais apontam uma forte correlação do estado nutricional,

principalmente obesidade com resultados sociais adversos, tais como baixo nível

socioeconômico, estigma social negativo e baixa auto-estima. A relação entre obesidade e

autoavaliação do estado de saúde, no entanto, é menos clara, e sugere uma associação inversa

entre IMC e autoavaliação do estado de saúde, ou seja, um IMC aumentado reflete negativamente

na autoavaliação do estado de saúde e até no aumento do risco relativo de morte (MANSSON,

2001; COTT, 1999; BMC Public Health).

Embora muitos estudos sugerirem a existência de uma forte associação entre obesidade e

resultados negativos na saúde, a relação entre obesidade e autoavaliação do estado de saúde tem

recebido atenção mínima, mesmo em países desenvolvidos (PROSPER et al., 2009). Em um

estudo realizado nos EUA, envolvendo indivíduos brancos, negros e americanos hispânicos,

observou-se que a proporção de sujeitos cuja avaliação do próprio estado de saúde foi positiva,

foi menor entre os indivíduos obesos nos três grupos. No entanto, muitos fatores relacionados à

auto-avaliação de saúde, como atividade física, condições psicológicas, educação e práticas

pessoais de saúde não foram considerados (OKOSUN et al., 2001).

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2. JUSTIFICATIVA

As doenças e agravos não transmissíveis, tais como diabetes melittus, doenças

cardiovasculares e hipertensão arterial sistêmica, passaram a ter um papel relevante nas

estatísticas de saúde, constituindo problemas emergentes em países em desenvolvimento e nos

grupos sociais mais pobres, com custos elevados relacionados ao tratamento ambulatorial,

internações hospitalares e reabilitação pelos serviços de saúde.

Está bem reconhecido que a autoavaliação do estado de saúde e uma variedade de

marcadores de risco de doenças variam conforme níveis socioeconômicos e a presença de

doenças crônicas, entre outros fatores, sendo central para a avaliação dos benefícios e malefícios

dos cuidados à saúde tanto em pacientes, quanto em grupos populacionais. A coleta,

processamento e análise de informações sobre a situação nutricional e de saúde das populações,

bem como seus fatores determinantes constitui um instrumento importante para o planejamento e

avaliação de programas de intervenção, bem como para a detecção de situações de risco

potencial.

Os países desenvolvidos têm apresentado práticas capazes de potencialmente alterar o

curso dessas doenças, priorizando o controle de comportamentos de risco. Ações de prevenção

primária e detecção precoce de doenças são capazes de reduzir a mortalidade, melhorar o

prognóstico e a qualidade de vida da população, apresentando uma relação custo/benefício muito

favorável. A análise de inquéritos populacionais nestes aspectos torna-se uma ferramenta

estratégica indispensável para adoção de políticas de saúde, visando o acompanhamento do

processo saúde-doença nas populações.

Embora estudos sobre prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis no contexto da

transição epidemiológica e sua relação com a mudança no estado nutricional, decorrente do

processo chamado de transição nutricional, sejam de amplo aporte na literatura, a análise

epidemiológica da relação entre as DCNTs e a autoavaliação do estado de saúde nas populações é

ainda escassa, principalmente no Brasil.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar a relação entre autoavaliação do estado de saúde negativa e sobrepeso e

obesidade, variáveis demográficas, socioeconômicas, morbidades autorreferidas e

comportamento de risco na população, com idade a partir de 25 anos, em 17 capitais brasileiras e

no Distrito Federal no período 2002-2003.

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4. METODOLOGIA

4.1 Desenho de Estudo e população base

Este trabalho é um recorte baseado em dados do estudo transversal de base populacional

―Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e

Agravos não Transmissíveis‖, realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em

2002/2003. A população alvo do Inquérito foi composta por indivíduos com idade igual ou

superior a 15 anos no momento da pesquisa, residentes no Distrito Federal e nas seguintes

capitais: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza,

João Pessoa, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e

Vitória (INCA, 2003).

4.2 Amostragem

Constituiu-se para o inquérito original uma amostra autoponderada com dois estágios de

seleção, sendo as unidades primárias os setores censitários e secundárias, os domicílios.

Primeiramente, os setores censitários foram numerados em ordem crescente e do centro para a

periferia, de acordo com a metodologia definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). A seleção destes setores foi feita de forma sistemática, com probabilidade de

seleção proporcional ao número de domicílios que os mesmos possuíam por ocasião do censo

demográfico de 2000. Uma seleção sistemática também foi utilizada com relação aos domicílios

dentro dos setores censitários (INCA, 2003).

Para o inquérito original, todos os moradores dos domicílios selecionados, com idade

igual ou superior a 15 anos foram considerados elegíveis para participar do estudo, somando-se,

ao todo, 26.003. Pouco mais de 6% (1.587 indivíduos) não participaram e 3,69% recusaram-se a

participar do estudo, resultando em 23.457 participantes (INCA, 2003). Os principais motivos

para não participação foram ausência de moradores em todas as visitas ao domicílio e desistência

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por parte do entrevistador, seja por constrangimento, situações de violência ou impossibilidade de

um espaço propício para a condução da entrevista. Uma descrição das entrevistas não realizadas

domiciliares e individuais por cidade, escolaridade e tipo de entrevista encontra-se disponível na

publicação institucional do estudo previamente citada. Os critérios de exclusão à participação do

inquérito original foram mulheres grávidas e mulheres em período de amamentação.

4.3 População de Estudo

A população de estudo é composta por uma amostra aleatória da população residente nas

17 capitais brasileiras acima mencionadas e no Distrito Federal em 2002/2003, com idade igual

ou superior a 25 anos no momento do inquérito, que apresentaram índice de massa corporal

maior ou igual a 18,5 kg/m2 e que tenham respondido as questões ampliadas referentes à

inatividade física, equivalendo assim a 11.505 participantes. No Diagrama 1, pode-se observar a

definição da população de estudo após a seleção da amostra.

Diagrama1: Seleção da população de estudo

Indivíduos

Elegíveis

Recusa

Individual

959 (3,69%)

Não Participação

Por outro motivo

1.587 (6,10%)

Indivíduos

Participantes

23.457 (90,21%)

Indivíduos com

idade > = 25 anos

21.251 (81,72%)

Indivíduos com

IMC > = 18,5kg/m2

20.777 (79,9%)

Indivíduos

respondentes de AF

11.505 (44,24%)

* AF = inatividade física

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32

4.4 Procedimento de Coleta de Dados

A coleta de dados do inquérito original ocorreu em dois períodos diferentes. Em 2002,

foram visitadas as cidades de Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, João Pessoa, Manaus,

Porto Alegre, Rio de Janeiro, e no Distrito Federal. As coletas em Aracaju, Campo Grande,

Florianópolis, Natal, Palmas, São Luis, São Paulo, Recife e Vitória foram realizadas em 2003.

Essa coleta não ocorreu de forma simultânea em todas as capitais, variando com relação ao

período do ano e sua duração.

4.4.1. Questionário Geral

A publicação de referência (http://www.inca.gov.br/inquerito/publicação); último acesso

em 15/03/2010), nas páginas 35 a 37, apresenta uma descrição dos instrumentos utilizados,

considerando-se todos os módulos em conjunto. Sucintamente, os módulos que compuseram o

questionário, com seu rol de perguntas centrais e adicionais, cobriam os seguintes temas: situação

e exposição ocupacional, exposição solar, atividade física, dieta, tabagismo, álcool, percepção de

saúde e morbidade referida, pressão arterial, colesterol, diabetes, câncer, qualidade de vida-

condição funcional, exames para detecção de câncer de colo do útero e mama, violência

doméstica e acidentes de trânsito.

Para o inquérito original, foram desenvolvidos cinco questionários: um questionário

domiciliar, três questionários individuais para adultos de 25 anos ou mais de idade (Tipo A, Tipo

B – Fase I e Tipo Adulto – Fase II), e um questionário individual específico para jovens com

idade entre 15 e 24 anos. Um questionário comum aos participantes do Inquérito foi o Tipo

domiciliar contendo perguntas sobre aspectos demográficos e socioeconômicos Os questionários

de interesse central para o recorte deste trabalho são os individuais utilizados na população de 25

anos ou mais (adultos).

As diferenças entre os questionários Tipo A, Tipo B, Tipo Adulto está no período de

aplicação (Fase I ou II) e na estrutura dos módulos que podem estar presentes na versão ampliada

ou reduzida, ou seja, há questões presentes nos três modelos de questionário (questões centrais) e

há questões presentes em determinados modelos de questionário (questões ampliadas). Por

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33

exemplo, no Tipo B o módulo sobre comportamento de risco foi ampliado e o módulo de

morbidade referida foi mantido com questões centrais.

A estratégia de utilizar mais de um modelo de questionário foi adotada nas cidades onde a

coleta de dados ocorreu na Fase I: Belém, Belo Horizonte, Distrito Federal, Curitiba, Fortaleza,

João Pessoa, Manaus, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Para as cidades em que o trabalho de campo

foi realizado na Fase II — Aracaju, Campo Grande, Florianópolis, Natal, Palmas, Recife, São

Luís5, São Paulo e Vitória — elaborou-se um terceiro questionário para adultos.

4.5 Variáveis

Todas as medidas a utilizadas na análise deste estudo foram baseadas em entrevistas feitas

com os instrumentos utilizados no Inquérito Domiciliar sobre Comportamento de Risco e

Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis 2002/2003. (INCA, 2003). De

interesse central para este trabalho, os módulos das entrevistas contendo perguntas sobre

comportamentos de risco, doenças e agravos não transmissíveis e autoavaliação do estado de

saúde foram elaborados após a revisão dos instrumentos WHO Standard Risk Factor

Questionnaire (OPAS), Behavioral Risk Factor Surveillance System (BRFSS/ Centers for Disease

Control and Prevention) (CDC, 2000), Third Health and Nutrition Examination Survey

(USDHHS) (CDC, 1996) e International Physical Activity Questionnaire Young and Middle-

aged Adults (IPAQ).

4.5.1 Autoavaliação do Estado de Saúde - Desfecho

A medida de autoavaliação do estado de saúde foi analisada segundo a pergunta feita no

inquérito: ―De um modo geral, em comparação com pessoas da sua idade, como o(a) Sr.(a)

considera o seu próprio estado de saúde?‖. Esta pergunta foi realizada de forma direta durante o

inquérito e as respostas a ela expressam a autoavaliação acerca do estado de saúde em cinco

categorias (excelente, muito boa, boa, regular ou ruim). Esta pergunta tem sido utilizada

frequentemente em estudos internacionais e nacionais (INCA, 2003). Para fins de análises dos

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dados também se utilizou a medida de autoavaliação do estado de saúde dicotomizada referente

às respostas negativas (regular/ruim) e positivas (excelente, muito boa e boa) dos indivíduos.

4.5.2 Excesso de Peso - Exposição

A partir das seguintes perguntas: ―Qual é a sua altura?‖ e ―Qual é o seu peso?‖ foram

obtidas informações referidas de massa corporal e estatura do indivíduo. O estado nutricional foi

avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), o qual foi calculado dividindo-se o a

massa corporal em kilogramas pela estatura em centímetros ao quadrado autorreferidos, sendo

utilizados os pontos de corte maior ou igual a 18,5 kg/m2 e menor ou igual a 24,9 kg/m

2 para

normal, 25 kg/m2 a 29,9kg/ m

2 para sobrepeso e acima de 30 kg/m

2 para obesidade, propostos

pela OMS (1995) para populações adultas.

4.5.3 Fatores demográficos e socioeconômicos

As variáveis de interesse a serem utilizadas neste estudo em relação aos fatores sócio

demográficos foram sexo (masculino e feminino), idade (menor de 40 anos, 40 a 59 anos e maior

ou igual a 60 anos), região (Sul,Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste), situação conjugal

(solteiro, divorciado, casado e viúvo) escolaridade (ensino médio ou mais, ensino fundamental

completo e ensino fundamental incompleto), atividade remunerada (sim ou não) e faixa de renda

(maior ou igual a 5 salários mínimos1, entre 3 e menos de 5 salários mínimos e até 2 salários

mínimos).

_________________ 1Nota: Segundo dados do DIEESE, neste período o valor em Real do salário mínimo no país variou de R$ 200,00

(abril 2002) a R$ 240,00 (abril/2003). (http://www.dieese.org.br/rel/rac/salmin); último acesso em 01/02/2011.

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4.5.4 Morbidade referida

O módulo das doenças não transmissíveis de interesse utilizadas neste estudo abrange a

hipertensão arterial sistêmica, doença isquêmica do coração, diabetes melittus e câncer

autorreferidos, ou seja, baseado no relato do entrevistado sobre o diagnóstico dessas doenças por

profissional de saúde em pelo menos uma consulta, entre aqueles que referiram ter realizado

exame para medir a pressão arterial, o colesterol, a glicemia, diagnóstico médico de angina ou

infarto do miocárdio e câncer. Em um primeiro momento, procurou-se conhecer a distribuição do

acesso da população aos serviços de saúde, no que diz respeito à medição da pressão arterial, a

medida de glicemia em jejum ou a prova de tolerância à glicose, e o relato de diagnóstico médico

de doença isquêmica do coração e câncer nos dois anos que precederam a entrevista. As questões

utilizadas para definição de hipertensão arterial sistêmica, doença isquêmica do coração, diabetes

melittus e câncer autorreferidos encontram-se nos anexos 1, 2 e 3, respectivamente (INCA, 2003).

4.5.5 Comportamentos de risco

Para fins deste trabalho, os aspectos comportamentais de risco considerados foram

consumo de frutas, legumes e verduras menor que cinco vezes por semana, consumo preferencial

de leite integral, consumo de gordura visível da carne (nunca ou quase nunca retirava a gordura),

consumo pele do frango (nunca ou quase nunca retira a pele do frango), consumo de álcool diário

considerado de risco (média de consumo de duas doses de bebida alcoólica por dia para homens e

uma dose, para mulheres), tabagismo e inatividade física (sedentário ou irregularmente ativo).

O módulo da dieta no questionário utilizado durante o Inquérito foi desenvolvido

buscando avaliar o consumo de alimentos ricos em gordura saturada e colesterol, que podem ser

fatores de risco para o câncer, e a freqüência do consumo de frutas e vegetais (legumes e

verduras) que são fatores protetores (INCA, 2003).

O questionário de avaliação do tabagismo utilizado no Inquérito foi baseado nos

instrumentos utilizados no The Third National Health and Nutritional Examination Survey

(NHANES III, 1988-1994) e no Behavioral Risk Factor Surveillance System (2000), ambos os

inquéritos de base populacional americana. O módulo de tabagismo para adultos apresentou

questões para estimativa da prevalência de tabagismo ativo e passivo, descrição do perfil do

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fumante, variáveis relativas à cessação do hábito de fumar, opiniões, conhecimentos e atitudes

quanto à exposição tabagística ambiental (INCA, 2003).

Os dados sobre consumo de álcool foram coletados durante o inquérito através do

questionário baseado no módulo para consumo de álcool do Behavioral Risk Factor Surveillance

System (2000), composto por perguntas diretas, autorreferidas, que enfatizam questões de

freqüência (dias por semana ou mês) e quantidade ingerida (número de doses ingeridas nos

últimos 30 dias) de bebidas alcoólicas. Considerou-se como dose padronizada: meia garrafa ou 1

lata de cerveja, um cálice de vinho ou 1 dose de bebida destilada (aguardente, uísque etc.),

buscando avaliar a proporção da população que consome bebidas alcoólicas e estimar o

percentual de indivíduos que normalmente o fazem acima das recomendações (consumo atual e

consumo de risco, respectivamente) (INCA, 2003).

Em relação à atividade física, o instrumento utilizado no inquérito foi o International

Physical Activity Questionnaire (IPAQ), versão 8, recomendada para estudos nacionais de

prevalência de indivíduos sedentários ou ativos, devido à possibilidade de comparação

internacional. O IPAQ contém perguntas relacionadas à freqüência (dias por semana) e à duração

(tempo por dia) da realização de atividades físicas moderadas e vigorosas, e da caminhada

referentes aos sete dias anteriores ao preenchimento (INCA, 2003).

4.6 Análise dos dados

Todo o desenho amostral da pesquisa (amostragem complexa) foi considerado na análise

dos dados.

As cinco categorias iniciais de resposta para o desfecho foram dicotomizadas em:

autoavaliação do estado de saúde boa (categorias ―Excelente‖, ―Muito Boa‖, ―Boa‖) e ruim

(―Regular‖ e ―Ruim‖). Foram estimadas, inicialmente, proporções da categoria dicotomizada de

autoavaliação do estado de saúde em relação às categorias de IMC de sobrepeso e obesidade e

todas as outras variáveis de exposição mencionadas anteriormente, de interesse para o estudo.

Procedeu-se a análise através do modelo de regressão logística uni e multivariado a fim de

investigar a relação entre autoavaliação do estado de saúde regular/ruim e sobrepeso/obesidade e

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a relação com todas as variáveis de exposição. A análise multivariada constituiu-se por dois

modelos: o primeiro ajustado por todas as variáveis independentes consideradas no estudo

(modelo completo) e, um segundo, ajustado somente pelas variáveis independentes significativas

ao final do primeiro modelo (completo) de regressão. No Apêndice 2 são apresentados as etapas

para construção deste segundo modelo .

Os resultados das proporções são apresentados em valores percentuais e o resultado dos

modelos na forma de razão de chances (ORs) com cálculo dos respectivos intervalos de confiança

e nível de significância de 5%. As estimativas foram obtidas utilizando-se o software estatístico

STATA, na versão 8.0.

4.7 Apresentação dos resultados

Os resultados deste estudo serão apresentados sob a forma de um manuscrito:

Manuscrito: Fatores relacionados à autoavaliação do estado de saúde em 17 capitais

Brasileiras e no Distrito Federal: uma análise descritiva – Apresenta os resultados das análises

exploratórias de fatores de risco em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal no período 2002 –

2003.

4.8 Considerações Éticas

Os procedimentos para o inquérito original foram desenvolvidos de forma a proteger a

privacidade dos indivíduos, garantindo a participação anônima e voluntária. Um consentimento

informado assinado pelo próprio era uma exigência para participação no Inquérito.

Seguindo-se a orientação da Declaração de Helsinki, norteadora das recomendações do

Ministério da Saúde para desenvolvimento de pesquisas em seres humanos (2001), o protocolo

do estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva.

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5. MANUSCRITO – Fatores relacionados à autoavaliação do estado de saúde em 17 capitais

Brasileiras e no Distrito Federal: uma análise descritiva – Apresenta os resultados das análises

exploratórias de fatores de risco em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal no período 2002 –

2003.

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Introdução

Laurenti (1990) define a transição epidemiológica como ―uma evolução gradual dos

problemas de saúde caracterizados por alta morbidade e mortalidade por doenças infecciosas que

passa a se caracterizar predominantemente por doenças crônicas não-transmissíveis‖. Em países

em desenvolvimento, o crescente aumento de óbitos por doenças não transmissíveis, as chamadas

DCNTs, como as cardiovasculares, neoplasias e causas externas, ganham destaque nas causas de

óbitos em função do aumento da vida média e do consequente envelhecimento populacional

(PINHEIRO et al., 2004). Segundo Moura et al. (2007), as DCNTs acometem cerca de 75% da

população adulta, sendo que os casos ocorrem já desde a adolescência.

A Transição Nutricional integra os processos de transição demográfica e epidemiológica

com modificações seqüenciais no padrão de nutrição e consumo, acompanhados de mudanças

econômicas, sociais e demográficas, e do perfil de saúde das populações (PINHEIRO et al.,

2004). Portanto, a obesidade e o sobrepeso constituem, na atualidade, importantes problemas de

saúde pública, pela elevada prevalência, não somente em adultos, mas também em crianças e

adolescentes (LAMOUNIER, 2009).

O conhecimento acerca dos seus fatores de risco e o seu monitoramento, principalmente

os de natureza comportamental, como dieta, sedentarismo, dependência química (de tabaco,

álcool e outras drogas) é uma das ações de vigilância mais importantes (MALTA et al., 2006). No

Brasil estes marcadores aumentados de sobrepeso e obesidade podem ser ilustrados nas

mudanças do consumo de alimentos da população brasileira. Dados da Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF, 2002/2003) apontam uma diminuição da disponibilidade domiciliar per capita

de determinados alimentos tradicionais, como arroz, feijão e farinha de mandioca, e o aumento da

disponibilidade de alimentos industrializados (COELHO, 2009).

Nas últimas décadas, vários instrumentos têm sido desenvolvidos para caracterizar o

estado de saúde das populações, utilizando questões de fácil entendimento e cobrindo uma vasta

gama de dimensões. A inclusão do questionamento sobre a autoavaliação da morbidade permite

construir indicadores para o monitoramento do estado de saúde da população nos seus vários

domínios. Esses indicadores também podem ser usados para construir outras medidas,

produzindo estimativas da esperança de vida saudável e da qualidade de vida (THEME-FILHA et

al., 2008).

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Independentemente da categorização do diagnóstico ou da gravidade da doença, as

informações sobre estado de saúde são úteis para estabelecimento de graus de morbidade nas

comunidades, possibilitando a realização de comparação entre diferentes grupos populacionais, e,

posteriormente, auxiliando na avaliação das necessidades de saúde ou alocação eficiente dos

recursos de saúde nas populações. Além disso, estudos populacionais têm demonstrado que

indivíduos que relatam a autoavaliação de sua saúde como ruim, apresentam maior risco de morte

por todas as causas em comparação com aquelas que referem ter uma saúde excelente (KIND et

al., 1998).

Por ser um indicador que engloba muitas dimensões, a autoavaliação do estado de saúde

pode ser influenciada por diversos fatores, dentre eles destacam-se as características

sociodemográficas, comportamentais ou de estilo de vida, psicossociais, funcionais e de

morbidade, as quais determinam a autoavaliação de saúde, em maior ou menor grau. No Brasil,

estudos sugerem que a idade, o sexo, o bem estar material e o grau de instrução são os mais

relevantes (Szwarcwald et al., 2005).

Segundo Monteiro (2000), o conhecimento e acompanhamento da situação nutricional

constituem instrumento essencial para a aferição das condições de saúde, além de oferecer

medidas objetivas das condições de vida da população em geral. A importância da avaliação

nutricional decorre da influência decisiva que o estado nutricional exerce sobre a

morbimortalidade, o crescimento e o desenvolvimento.

Estudos populacionais apontam uma forte correlação do estado nutricional,

principalmente obesidade com resultados sociais adversos, tais como baixo nível

socioeconômico, estigma social negativo e baixa auto-estima. A relação entre obesidade e

autoavaliação do estado de saúde, no entanto, é menos clara, ainda que seja sugerida uma

associação inversa entre IMC e autoavaliação do estado de saúde, ou seja, um IMC aumentado

refletindo negativamente na autoavaliação do estado de saúde e até no aumento do risco relativo

de morte (MANSSON, 2001; COTT, 1999).

Diante da importância dada à epidemia de obesidade, o objetivo central deste trabalho foi

analisar a relação entre o excesso de peso autorreferido e a autoavaliação do estado de saúde em

adultos, com idade a partir de 25 anos, em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal, no período

2002-2003, segundo covariáveis sociodemográficas, morbidades autorreferidas e comportamento

de risco na população.

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Metodologia

Este trabalho é um recorte baseado em dados do estudo transversal de base populacional

―Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e

Agravos não Transmissíveis‖, realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em

2002/2003. A população alvo do inquérito foi composta por indivíduos com idade igual ou

superior a 15 anos no momento da pesquisa, residentes no Distrito Federal e nas seguintes

capitais: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza,

João Pessoa, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e

Vitória (INCA, 2003).

Constituiu-se para o inquérito original uma amostra autoponderada com dois estágios de

seleção, sendo as unidades primárias os setores censitários e secundárias, os domicílios.

Primeiramente, os setores censitários foram numerados em ordem crescente e do centro para a

periferia, de acordo com a metodologia definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (INCA, 2003). A população de estudo é composta por uma amostra aleatória

da população residente nas 17 capitais brasileiras acima mencionadas e no Distrito Federal em

2002/2003, excluindo-se mulheres grávidas re mulheres em período de amamentação, com idade

igual ou superior a 25 anos no momento do inquérito, que apresentaram índice de massa corporal

maior ou igual a 18,5 kg/m2 e que tenham respondido as questões ampliadas referentes à

inatividade física, equivalendo assim a 11.505 participantes.

Todas as medidas a utilizadas na análise deste estudo foram baseadas em entrevistas feitas

com os instrumentos utilizados no Inquérito (INCA, 2003). De interesse central para este

trabalho, os módulos sobre comportamentos de risco, doenças e agravos não transmissíveis e

autoavaliação do estado de saúde foram elaborados após a revisão dos instrumentos WHO

Standard Risk Factor Questionnaire (OPAS), Behavioral Risk Factor Surveillance System

(BRFSS/ Centers for Disease Control and Prevention) (CDC, 2000), Third Health and Nutrition

Examination Survey (USDHHS) (CDC, 1996) e International Physical Activity Questionnaire

Young and Middle-aged Adults (IPAQ).

A medida de autoavaliação do estado de saúde foi analisada segundo a pergunta feita no

inquérito: ―De um modo geral, em comparação com pessoas da sua idade, como o(a) Sr.(a)

considera o seu próprio estado de saúde?‖. Esta pergunta foi realizada de forma direta durante o

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inquérito e as respostas a ela expressam a autoavaliação acerca do estado de saúde em cinco

categorias (excelente, muito boa, boa, regular ou ruim).

A partir das seguintes perguntas: ―Qual é a sua altura?‖ e ―Qual é o seu peso?‖ foram

obtidas informações referidas de estatura e massa corporal do indivíduo. O estado nutricional foi

avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC, sendo utilizados os pontos de corte maior

ou igual a 18,5 kg/m2 e menor ou igual a 24,9 kg/m

2 para normal, 25 kg/m

2 a 29,9kg/ m

2 para

sobrepeso e acima de 30 kg/m2 para obesidade, propostos pela OMS (1995) para populações

adultas.

As covariáveis de interesse a serem utilizadas neste estudo em relação aos fatores sócio

demográficos foram sexo, idade, região, situação conjugal escolaridade, atividade remunerada e

faixa de renda. As doenças não transmissíveis avaliadas neste estudo abrangem a hipertensão

arterial sistêmica, doença isquêmica do coração, diabetes melittus e câncer autorreferidos, ou

seja, baseado no relato do entrevistado sobre o diagnóstico dessas doenças por profissional de

saúde em pelo menos uma consulta, entre aqueles que referiram ter realizado exame para medir a

pressão arterial, o colesterol, a glicemia, diagnóstico médico de angina ou infarto do miocárdio e

câncer. (INCA, 2003).

Os aspectos comportamentais de risco considerados foram consumo de frutas, legumes e

verduras menor que cinco vezes por semana, consumo preferencial de leite integral, consumo de

gordura visível da carne (nunca ou quase nunca retirava a gordura), consumo pele do frango

(nunca ou quase nunca retira a pele do frango), consumo de álcool diário considerado de risco

(média de consumo de duas doses ou mais de bebida alcoólica por dia para homens e uma dose,

para mulheres), tabagismo e inatividade física (sedentário ou irregularmente ativo).

As cinco categorias iniciais de resposta para o desfecho foram dicotomizadas em:

autoavaliação do estado de saúde boa (categorias ―Excelente‖, ―Muito Boa‖, ―Boa‖) e ruim

(―Regular‖ e ―Ruim‖). Foram estimadas, inicialmente, proporções da categoria dicotomizada de

autoavaliação do estado de saúde em relação às categorias de IMC de sobrepeso e obesidade e

todas as outras variáveis de exposição mencionadas anteriormente, de interesse para o estudo.

Procedeu-se a análise através do modelo de regressão logística uni e multivariado a fim de

investigar a relação entre autoavaliação do estado de saúde regular/ruim e sobrepeso/obesidade e

a relação com todas as variáveis de exposição. A análise multivariada constituiu-se por dois

modelos: o primeiro ajustado por todas as variáveis independentes consideradas no estudo

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(modelo completo) e, um segundo, ajustado somente pelas variáveis independentes significativas

ao final do primeiro modelo de regressão (modelo completo). No Apêndice 2 são apresentados as

etapas para construção deste segundo modelo .

Os resultados das proporções são apresentados em valores percentuais e o resultado dos

modelos na forma de razão de chances (ORs) com cálculo dos respectivos intervalos de confiança

e nível de significância de 5%. As estimativas foram obtidas utilizando-se o software estatístico

STATA, na versão 8.0. O desenho amostral da pesquisa (amostragem complexa) foi considerado

na análise dos dados.

Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Resultados

As proporções referentes às categorias de resposta de autoavaliação do estado de saúde

negativas (regular/ruim) na população total de estudo segundo o IMC e todas as variáveis

independentes apresentam-se nas Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5, respectivamente. No Apêndice 1,

encontra-se detalhadamente as proporções de todas as categorias de resposta de autoavaliação do

estado de saúde na população total do estudo segundo IMC e todas as variáveis independentes.

Esta análise foi realizada a fim de se obter uma caracterização da amostra utilizada no estudo,

oferecendo um panorama global acerca das relações entre autoavaliação do estado de saúde e as

variáveis de interesse.

A proporção de indivíduos referindo autoavalição negativa (regular/ruim) do estado de

saúde aumentou conforme o aumento do IMC, desta forma indivíduos com sobrepeso apresentam

prevalências maiores de autoavaliação negativa do estado de saúde, quando comparados aos

indivíduos com IMC normal, e indivíduos obesos apresentam uma prevalência ainda maior de

autoavaliação do estado de saúde regular ou ruim.

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Tabela 1 – Proporção1 de categorias de respostas de autoavaliação do estado de saúde regular

ou ruim, segundo variável de exposição2

SIM

(IC

3 95%)

(%) n

População Total 25,6 2.480

(23,79- 27,45)

Índice de Massa Corporal

Normal 22,5 1.199

(20,31- 24,78)

Sobrepeso 26,0 841

(22,92- 29,27)

Obesidade 36,0 440

(30,96- 41,35)

1 Esta proporção refere-se á população de indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com IMC maior ou igual a

igual a 18,5kg/m2 e que tenham respondido aos questionários do Tipo A, Tipo B ou Tipo Adulto. 2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

3Intervalo de confiança de 95%.

Mulheres relataram mais negativamente seu estado de saúde, comparadas aos homens.

Em relação à idade, as proporções negativas foram maiores em indivíduos mais velhos, ou seja,

maiores de 60 anos apresentaram proporções maiores em relação aos indivíduos na faixa etária de

40 a 59 anos, que por sua vez avaliaram sua saúde de forma mais negativa que os indivíduos com

idade menor de 40 anos. Piores avaliações de autoavalição de saúde foram encontradas entre os

viúvos, em relação aos solteiros, não tendo sido encontrada tal diferença entre os casados e os

divorciados, e residentes das regiões Norte e Nordeste.

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Tabela 2 – Proporção1 de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim,

segundo variáveis demográficas2

SIM

(IC3 95%)

(%) n

Fatores demográficos

Sexo

Masculino 22,4 1.154

(20,32- 24,56 )

Feminino 31,1 2.096

(28,89- 33,37 )

Idade

< 40anos 21,9 1.320

(19,87- 24,13)

40 a 59 anos 30,6 1.482

(28,13- 33,08)

> = 60anos 39,1 448

(33,85- 44,7)

Região

Sul 22,3 381

(18,18- 22,49)

Sudeste 25,9 743

(23,41- 28,6)

Centro Oeste 26,3 286

(23,06- 29,91)

Nordeste 33,3 1.301

(31,16- 35,43)

Norte 33,3 539

(30,34- 36,4)

Situação Conjugal

Solteiro 25,3 481

(21,86- 29,08)

Divorciado 25,3 339

(20,93- 30,16)

Casado 27,3 2.229

(25,3- 29,36)

Viúvo 42,1 200

(34,47- 50,15)

1 Esta proporção refere-se á população de indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com IMC maior ou igual a

igual a 18,5kg/m

2 e que tenham respondido aos questionários do Tipo A, Tipo B ou Tipo Adulto.

2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

3Intervalo de confiança de 95%.

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46

Tabela 3 – Proporção1 de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim,

segundo variáveis socioeconômicas2

SIM

(IC

3 95%)

(%) n

Socioeconômicas

Escolaridade

Ensino Médio ou mais 17,1 1.039

(15,4- 18,99)

Ensino Fundamental Completo 33,0 897

(30,07- 36,06)

Ensino Fundamental Incompleto 40,5 1.275

(37,39- 43,66)

Atividade Remunerada

Possui atividade remunerada 21,7 1.754

(19,9- 23,56)

Não possui atividade remunerada 38,1 1.486

(35,14- 41,11)

Faixa de Renda

> 5 sm* 19,1 897

(17,04- 21,40)

3 a menos de 5 sm 31,5 1.289

(28,66- 34,37)

Até 2 sm 42,5 950

(38,98- 46,13)

1 Esta proporção refere-se á população de indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com IMC maior ou igual a

igual a 18,5kg/m

2 e que tenham respondido aos questionários do Tipo A, Tipo B ou Tipo Adulto.

2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

* sm = salários mínimos. 3Intervalo de confiança de 95%.

Todos os indivíduos que referiram algum tipo de morbidade referida, sendo pressão alta,

diabetes, hipercolesterolemia e câncer apresentaram proporções negativas acerca do seu estado de

saúde maiores que na ausência dessas morbidades, especialmente diabetes, a qual mais da metade

da população com diabetes referiu seu estado de saúde regular ou ruim.

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Tabela 4 – Proporção1 de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim,

segundo variável morbidade referida2

SIM (IC

3 95%)

(%) n

Morbidade Referida

Pressão alta

Não tem pressão alta 21,1 1.929 (19,41- 22,83)

Tem pressão alta 46,7 1.168 (42,94- 50,44)

Colesterol Alto

Não tem colesterol alto 23,0 1.481 (20,98- 25,14)

Tem colesterol alto 39,2 740 (35,15- 43,4)

Diabetes

Não tem diabetes 25,0 1.849 (23,03- 27,01)

Tem diabetes 54,4 275 (45,84- 62,69)

Câncer

Não tem câncer 27,1 3.183 (25,39- 28,82)

Tem câncer 41,4 67 (29,36- 54,65)

1 Esta proporção refere-se á população de indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com IMC maior ou igual a

igual a 18,5kg/m

2 e que tenham respondido aos questionários do Tipo A, Tipo B ou Tipo Adulto.

2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

3Intervalo de confiança de 95%.

O consumo diário de álcool de risco, pele do frango, gordura visível da carne e leite do

tipo integral, as piores proporções de autoavaliação de saúdeforam encontradas entre os

indivíduos que apresentaram tais comportamentos, sendo a diferença maior entre os indivíduos

que relataram consumo de leite integral, comparado aos que não consumiam. Já os indivíduos

que relatam não consumir frutas, legumes e verduras 5 vezes por semana referiram mais

negativamente seu estado de saúde comparado aos que relataram este consumo 5 vezes por

semana.

Os indivíduos fumantes apresentaram proporções negativas maiores de autoavaliação do

estado de saúde em relação aos não fumantes. Além disso, indivíduos inativos relataram um

pouco mais negativamente seu estado de saúde em relação aos ativos.

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Tabela 5 – Proporção1 de categorias de respostas sobre o estado de saúde regular ou ruim,

segundo variáveis comportamentos de risco2

SIM

(IC

3 95%)

(%) N

Comportamentos de Risco

Consumo de frutas/leg/verd*

Não consome frutas/leg/verd 32,6 1.277

(29,67- 35,62)

Consome frutas/leg/verd 24,9 1.972

(23,13- 26,79)

Consumo de leite integral

Não consome leite integral 21,3 570

(17,88- 25,08)

Consome leite integral 29,2 1.795

(26,8- 31,77)

Consumo de gordura visível da carne

Não consome gordura visível da carne 26,3 1.862

(24,28- 28,42)

Consome gordura visível da carne 28,5 1.259

(25,98- 31,13)

Consumo de pele do frango

Não consome pele do frango 26,8 400

(25,03- 28,63)

Consome pele do frango 29,0 784

(26,08- 32,14)

Consumo de álcool

Não consome álcool 27,1 2.894

(25,33- 28,87)

Consome álcool 29,5 266

(25,44- 33, 98)

Tabagismo

Não fumante 27,4 1454

(25, 12- 29,73)

Fumante 32,8 820

(29,44- 36,3)

Inatividade física

Ativo fisicamente 25,5 1.864

(23,75- 27,22)

Inativo fisicamente 29,4 1.386 (27,36- 31,61)

1 Esta proporção refere-se á população de indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com imc maior ou igual a

igual a 18,5kg/m

2 e que tenham respondido aos questionários do Tipo A, Tipo B ou Tipo Adulto.

2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

* Leg/verd = legumes/verduras. 3Intervalo de confiança de 95%.

Na Tabela 6 são apresentados as associações entre autoavaliação de saúde e todas as

variáveis independentes. Os resultados da análise univariada indicam que indivíduos obesos

relatam pior estado de saúde comparado aos indivíduos com sobrepeso (OR: 1.94). Quanto às

variáveis demográficas, todas, exceto aqueles indivíduos classificados como divorciados e

casados, apresentaram gradientes maiores de autoavaliação negativa do estado de saúde, tendo

mostrado gradientes maiores de razão de chances significativos para piora da autoavaliação do

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estado de saúde em mulheres, indivíduos mais velhos, moradores do Norte e Nordeste e viúvos

(OR: 1.56, 2.29, 1.96 e 2.14, respectivamente).

Em termos socioeconômicos indivíduos com menor escolaridade, sem atividade

remunerada e aqueles com renda mais baixa de até 2 salários mínimos apresentaram os piores

resultados de autoavaliação do estado de saúde (OR: 3.29, 2.22 e 3.12, respectivamente). Todas

as morbidades referidas de interesse para o estudo apresentaram gradientes maiores de razão de

chances de pior estado de saúde (OR: 3.27 para pressão alta, OR: 2.15 para colesterol alto, OR:

3.58 para diabetes e OR: 1.9 para câncer). Os comportamentos de risco não consumo de frutas,

legumes e verduras pelo menos 5 vezes por semana (OR: 1.45), consumo de leite integral (OR:

1.52), fumo (OR: 1.29) e inatividade física (OR: 1.22) mostraram gradientes significativos

maiores de razão de chance de autoavaliação do estado de saúde regular ou ruim.

Na análise ajustada por todas as categorias de variáveis independentes os gradientes de

razão de chances para autoavaliação do estado de saúde negativo manteve-se significativo

somente para sexo feminino (OR: 1.56), regiões Centro-Oeste (OR: 1.57), Norte (OR: 1.53) e

Nordeste (OR: 2.35), em comparação à região Sul, escolaridade (OR: 1.74 para ensino

fundamental completo e OR: 2.57 para incompleto), em relação a ensino médio ou mais, não ter

atividade remunerada (OR: 1.5), referir pressão alta (OR: 2.22), referir colesterol alto (OR: 1.4),

referir diabetes (OR: 2.5) e não consumo de frutas, legumes e verduras pelo menos cinco vezes

por semana (OR: 2.43).

A análise ajustada apenas para as variáveis significativas (p < 0.05) no modelo

multivariado completo, as quais foram sexo, região, escolaridade, atividade remunerada, faixa de

renda, pressão alta, colesterol alto, diabetes e fumo, acrescido do índice de massa corporal

(variável de exposição) e inatividade física (população de estudo) mostrou que indivíduos com

sobrepeso têm 1.3 vezes mais chance de autoavaliar seu estado de saúde como regular ou ruim

(OR: 1.31) e indivíduos obesos quase 1.7 vezes mais chance (OR: 1.69), em comparação aos

indivíduos com IMC normal. As mulheres relatam pior estado de saúde com chance de 1.45

vezes mais em relação aos homens (OR: 1.45). Nas regiões, assim como em todas as categorias

de variáveis independentes verifica-se um gradiente crescente de razão de chance para piora do

relato de avaliação do estado de saúde, tendo sido OR: 1.14 para o Sudeste, 1.6 para o Centro-

Oeste 1.67 para o Nordeste, respectivamente, porém os indivíduos que moram na região Norte

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possuem mais que o dobro de chance de relatar pior estado de saúde (OR: 2.22), comparados aos

indivíduos que moram na região Sul.

O gradiente da razão de chance aumenta para autoavaliação do estado de saúde negativa,

conforme a diminuição da escolaridades e da faixa de renda. Os indivíduos com ensino

fundamental completo têm quase o dobro de chances de referir seu estado de saúde como regular

ou ruim (OR: 1.85) e os classificados como tendo ensino fundamental incompleto têm valores

muito maiores (OR: 2.5), em comparação aos indivíduos com ensino médio ou mais. Da mesma

forma os com menor renda (até dois salários mínimos) têm o dobro de chances de referir seu

estado de saúde regular ou ruim (OR: 2.03) e os com renda intermediária (entre 3 e 5 salários

mínimos apresentam razão de chance de 1.47 em relação aqueles com renda de mais de cinco

salários mínimos, valor semelhante ao encontrado para aqueles sem atividade remunerada (OR:

1.49) em referência aos com atividade remunerada.

Dentre as morbidades referidas de interesse, todas demonstraram razão de chances

significativas para autoavaliação do estado de saúde regular e ruim, porém diabetes foi a

morbidade com maior valor (OR: 2.54), seguida de pressão alta (OR: 1.91) e colesterol alto

(1.43). Dentre as variáveis de comportamentos de risco, fumar apresentou razão de chance de

1.45 vezes mais de referir estado de saúde regular/ruim e indivíduos inativos 1.23 vezes mais,

entretanto o OR para inativos não apresentou significância estatística (IC: 0.96; 1.58).

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Tabela 6 - Razão de Chances (OR) bruta para autoavaliação de saúde regular ou ruim 1,

ajustada para todas as variáveis independentes e ajustada para variáveis independentes

significativas. Variáveis Independentes Categorias ORa (IC 95%) ORb (IC 95%) ORc (IC 95%)

Exposição IMC Normal (Referência) 1 1 1

Sobrepeso 1.21(0.98;1.48) 1.21 (0.87;1.69) 1.31(1.0;1.71)

Obesidade 1.94*(1.51;2.48) 1.34 (0.86;2.07) 1.69***(1.21;2.36)

Demográficas Sexo Masculino (Referência) 1 1 1

Feminino 1.56*(1.35;1.81) 1.54** (1.09; 2.18) 1.45***(1.13;1.86)

Idade < 40anos (Referência) 1 1 -

40 a 59 anos 1.56*(1.35;1.81) 0.85 (0.6;1.21) -

> = 60anos 2.29*(1.75;2.3) 0.65 (0.37;1.13) -

Região Sul (Referência) 1 1 1

Sudeste 1.38*(1.14;1.67) 1,0 (0.7;1.42) 1.14 (0.85;1.52)

Centro Oeste 1.4*(1.13;1.76) 1.57** (1.04; 2.35) 1.6***(1.13; 2.26)

Nordeste 1.96*(1.66;2.31) 1.53** (1.08; 2.19) 1.67***(1.26;2.22)

Norte 1.96*(1.62;2.38) 2.35** (1.52; 3.63) 2.22***(1.51;3.28)

Situação Conjugal Solteiro (Referência) 1 1 -

Divorciado 0.99 (0.74; 1.35) 0.98 (0.55;1.72) -

Casado 1.1 (0.9; 1.35) 0.97 (0.61;1.52) -

Viúvo 2.14*(1.49; 3.07) 1.6 (0.81;3.14) -

Socioeconômicas Escolaridade Ensino Médio ou mais (Referência) 1 1 1

Ensino Fundamental Completo 2.38*(2.01; 2.82) 1.74**(1.22; 2.49) 1.85***(1.32;2.59)

Ensino Fundamental Incompleto 3.29*(2.74; 3.95) 2.57**(1.7; 3.88) 2.5***(1.78;3.51)

Atividade remunerada Possui atividade rem (Referência) 1 1 1

Não possui 2.22*(1.88; 2.61) 1.5**(1.12;2.02) 1.49***(1.18;1.88)

Faixa de renda > 5 sm (Referência) 1 1 1

3 a menos de 5 sm 1.93*(1.59; 2.36) 1.44 (0.97;2.14) 1.47***(1.06;2.04)

até 2 sm 3.12 *(2.58; 3.78) 1.51 (0.95;2.37) 2.03***(1.4; 2.95)

Morbidade

referida Pressão Alta Não tem pressão alta (Referência) 1 1 1

Tem pressão alta 3.27*(2.75;3.9) 2.22**(1.59; 3.09) 1.91***(1.46;2.49)

Colesterol Alto Não tem colest alto(Referência) 1 1 1

Tem colesterol alto 2.15*(1.77; 2.62) 1.4**(1.05;2.02) 1.43***(1.08;1.89)

Diabetes Não tem diabetes(Referência) 1 1 1

Tem diabetes 3.58*(2.52; 5.09) 2.5**(1.51;4.16) 2.54***(1.6; 4.01)

Câncer Não tem câncer(Referência) 1 1 -

Tem câncer 1.9*(1.11;3.27) 1.09 (0.47;2.52) -

Comportamentos

de risco Frutas/Leg/Verd Consome frut/leg/ver (Referência) 1 1 -

Não consome 1.45*(1.24;1.69) 1.43**(1.04;1.96) -

Leite Integral Não consome leit int(Referência) 1 1 -

Consome leite integral 1.52*(1.19;1.94) 1.37 (0.95;1.98) -

Gordura visível da Carne Não consome gordura (Referência) 1 1 -

Consome gordura 1.11 (0.95;1.3) 1.06 (0.75;1.49) -

Pele do Frango Não consome pele (Referência) 1 1 -

Consome 1.11 (0.95;1.3) 1.1 (0.75;1.61) -

Álcool Não consome álcool (Referência) 1 1 -

Consome álcool 1.12 (0.9;1.4) 1.45 (0.89;2.35) -

Tabagismo Não fumante(Referência) 1 1 1

Fumante 1.29*(1.07;1.56) 1.27 (0.94;1.72) 1.45***(1.13;1.86)

Inatividade Física Ativo fisicamente (Referência) 1 1 1

Inativo fisicamente 1.22*(1.07;1.38) 1.22 (0.89;1.66) 1.23 (0.96;1.58) 1 Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral. a Razão de chance univariada para variável de exposição, demográficas, socioeconômicas, morbidade referida e

comportamentos de risco. b Razão de chance ajustada para todas as variáveis independentes. c Razão de chance ajustada para as variáveis independentes significativas (p < 0.05).

*, **, *** Valores significativos (p < 0.05).

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Discussão

Perguntas sobre autoavaliação de saúde vêm sendo amplamente utilizados em inquéritos

nacionais, principalmente em países desenvolvidos, buscando avaliar o estado de saúde de

populações. Neste sentido, a análise da relação entre autoavaliação de saúde e excesso de peso, a

partir do inquérito, realizado no Brasil, representa um esforço adicional para avaliação das

condições de saúde e o planejamento de ações e serviços em saúde desta população.

Dentre as limitações deste estudo, podemos destacar o uso de medidas autorreferidas de

massa corporal, estatura e autoavaliação de saúde, as quais podem ser influenciadas por fatores,

tais como idade, gênero e também condições socioeconômicas dos grupos estudados,

características comportamentais ou de estilo de vida, psicossociais, funcionais e de morbidade, as

quais determinam a autoavaliação de saúde, em maior ou menor grau. (SCHMIDT, 1993;

FONSECA et al., 2004). No Brasil, estudos sugerem que a idade, o sexo, o bem estar material e o

grau de instrução são os fatores de influência mais relevantes (Szwarcwald et al., 2005).

Metódos de análise, como estratificação por sexo, não foram utilizados neste trabalho, no entanto

poderiam controlar tais variações.

Neste estudo, as maiores proporções de autoavaliação do estado de saúde regular ou ruim

foram vistas em indivíduos obesos, mulheres, idade avançada, viúvos, com menor renda e

escolaridade, moradores das regiões Norte e Nordeste, diabéticos e fumantes. De maneira geral,

estas características encontradas foram consistentes com outros estudos populacionais

(PROSPER et al., 2009; SALOMON et al., 2009; LIM et al., 2007; DACHS, 2006;

SZWARCWALD et al., 2005; INCA, 2003). Considerando-se as diferenças metodológicas, a

comparação de inquéritos norte-americanos populacionais mostrou um aumento de 15% em

mulheres e de 22% em homens em relação à autoavaliação de saúde regular ou ruim

(SALOMON, 2009). Apesar dos achados recentes indicarem uma piora no relato de saúde das

populações, estas proporções de autoavaliação de saúde negativa foram maiores no Brasil do que

em outros países estudados.

No modelo univariado, os resultados significativos da relação entre excesso de peso e

autoavaliação de saúde foram similares as proporções, exceto para indivíduos com consumo de

leite integral, ao invés de tabagistas. Houve variação na análise multivariada, quando ajustada

para todas as variáveis independentes, a qual mostrou maior significância para mulheres, região

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Norte, menor escolaridade e sem atividade remunerada, diabéticos e com consumo de

frutas/legumes e verduras menor que 5 vezes por semana. No modelo final, a piora da

autoavaliação do estado de saúde foi relacionada mais significativamente aos obesos, mulheres,

da região Norte, menor renda e escolaridade, diabéticos e fumantes.

Estes resultados demonstram que o excesso de peso, mais fortemente em relação à

obesidade, é um importante preditor de pior autoavaliação do estado de saúde em vários

subgrupos e esta relação persiste após ajustar o efeito de fatores relacionados incluindo

demográficos, socioeconômicos, morbidade referida e comportamentos de risco. Embora o IMC

apresente limitações quanto à sua correlação com a distribuição de gordura, mais ainda sendo

autorreferido, seu uso em estudos populacionais para avaliar o estado nutricional e sua relação

com o estado de saúde e eficaz para planejamento de ações em saúde (PROSPER et al. 2009;

FORD et al., 2001; MANSSON e MERLO, 2001). Porém, a relação entre excesso de peso e

autoavaliação do estado de saúde é multifatorial e apresenta conclusões discordantes.

Os resultados neste estudo apontam uma relação entre autoavaliação do estado de saúde

segundo variáveis sociodemográficas na população brasileira. Mulheres demonstraram pior relato

de saúde, em comparação aos homens, tanto na análise univariada, quanto nas multivariadas,

mesmo após o ajuste de variáveis significativas, somente. Dados sobre diferenças em relação à

saúde segundo sexo em sociedades industrializadas indicam que, embora vivam mais do que os

homens, as mulheres refletem uma ―maior sensibilidade‖ às condições de saúde e referem mais

morbidade, problemas psicológicos e utilizam mais os serviços de saúde (RAZZAQUE et al.,

2010; SZWARCWALD et al., 2010; INCA, 2003). Lim et al. (2007) aponta que diferenças entre

os sexos na autoavaliação de saúde não têm sido consistentes, sugerindo especificidades culturais

determinantes em diferentes sociedades. O perfil de mulheres que vivem em países em

desenvolvimento, como o Brasil, experimenta uma inserção acelerada no mercado de trabalho e

maior parcela de participação na renda familiar, porém, com disparidades salariais

tradicionalmente discriminatórias, podendo desencadear processos patológicos, tais como

ansiedade, depressão, doenças comuns ao sexo feminino.

A idade e a atividade remunerada também se apresentaram como fatores relevantes. Dado

que indivíduos de maior idade possuem maiores prevalências de doenças, principalmente

DCNTs, o gradiente de pior autoavaliação de saúde aumenta conforme a idade e na ausência de

atividade remunerada (LIANG et al., 2010; SZWARCWALD et al., 2005; LIM et al., 2007). No

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entanto, a razão de chance para idade não foi agregada ao modelo final com as variáveis

significativas no modelo completo, ao contrário da atividade remunerada, a qual apresenta

relações com fatores socioeconômicos. Provavelmente interações que vão além destes resultados

analisados, entre aumento de idade e atividade remunerada (indivíduos mais aposentados, ou seja,

sem atividade) estejam presentes anulando esta relação.

Disparidades regionais foram verificadas em todos os modelos de regressão,

prevalecendo piores resultados de autoavaliação de saúde nas regiões Norte e Nordeste. Ainda

que os dados coletados apenas nas capitais, não possam ser generalizados como representativos

do Brasil, a semelhança dos percentuais encontrados entre o Norte/Nordeste e o Sul/Sudeste e a

disparidade entre eles reflete diferenças regionais, onde persistem as desigualdades sociais

predominantes (INCA, 2003).

Ser viúvo apresentou maior razão de chance de reportar pior estado de saúde, em relação

às outras categorias de estado civil (casado, divorciado e solteiro – referência), porém esta

relação só foi significativa na análise univariada. Outros achados da literatura a respeito desta

relação são inconclusivos e necessitam de mais pesquisas. Liang et al. (2010) encontrou uma pior

autoavaliação de saúde entre os casados, mesmo os casados terem demonstrado menores

sintomas patológicos, como depressão em análises posteriores, enquanto Prosper et al. (2009),

entre os divorciados ou separados. Uma possível explicação para este fato seja o isolamento

social vivenciados por estes indivíduos, em comparação às demais categorias.

Os dados deste trabalho mostram uma clara relação de estado de saúde com aspectos

socioeconômicos, como escolaridade, atividade remunerada e renda, mesmo após o ajuste por

todas as variáveis de interesse. Estudos ao longo dos anos têm corroborado que existe um forte

gradiente social no âmbito da saúde, no qual indivíduos presentes nos menores estratos de renda e

escolaridade relatam pior estado de saúde (SZWARCWALD et al., 2010; RAZZAQUE et al.,

2010; LIANG et al., 2010; PROSPER et al., 2009; LIM et al., 2007; SZWARCWALD et al.,

2005; FRANKS et al., 2003; MANSSON e MERLO, 2001).

No Brasil, estudos envolvendo autoavaliação do estado de saúde são escassos, porém

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 1998/ 2003) e da Pesquisa

Mundial em Saúde (2003) corroboram inequalidades socioeconômicas em saúde (DACHS, 2002;

DACHS e SANTOS, 2006). Segundo Szwarcwald et al. (2005/2010), utilizando dados da

Pesquisa Mundial de Saúde, realizada no Brasil em 2003, confirma o aumento de evidência sobre

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a relação entre saúde e nível socioeconômico usando características individuais, como

escolaridade, renda ou etnicidade, os quais têm promovido o monitoramento de inequalidades

socioeconômicas em saúde tornando-se um importante componente da avaliação do estado de

saúde, bem como dos sistemas de saúde.

Este gradiente inverso de nível socioeconômico e saúde é reforçado em estudos

internacionais, embora inconsistências metodológicas sejam discutidas, tais como ajuste e

categorização das variáveis utilizadas. Na Europa e nos Estados Unidos estudos pronunciaram o

gradiente social baseado também em relação à autoavaliação do estado de saúde

(MACKENBACH et al., 1997; PROSPER, 2009). Investigação de dados do National Health

Surveillance Survey (NHSS/2001) em Singapura mostrou, no entanto, que escolaridade tomada

como anos de estudos não foi significativa para pior estado de saúde, quando ajustada por renda

familiar (LIM et al., 2007). Ainda segundo estes autores, este gradiente social pode ser afetado

pelo nível de urbanização, estilo de vida e desigualdade social dos países analisados.

Considerando as doenças crônicas referidas pela população de estudo, a análise mostrou

associação mais forte entre pior autoavaliação de saúde e o diabetes. Sabe-se que o excesso de

peso está muito ligado ao desencadeamento de doenças crônicas, de longa duração e que

demandam assistência prolongada pelos serviços de saúde. Sendo as DCNTs determinadas

multifatorialmente, pouco se sabe a respeito deste aspecto. Dados da literatura também sugerem

que indivíduos diabéticos relatam pior estado de saúde em comparação a outros tipos de doenças

crônicas, como hipertensão e colesterol alto. Esta relação é possivelmente influenciada por

percepções individuais de saúde devido a sintomas e tratamento do indivíduo, caracteísticas

fisiológicas do próprio diabetes como acúmulo de comorbidades, os quais remetem a estilos de

vida e/ou maiores condições de enfermidade (FRANKS et al., 2003).

Outro aspecto relevante encontrado neste trabalho refere-se aos comportamentos de risco

ou estilos de vida, destacando-se relações significativas entre pior estado de saúde em indivíduos

com consumo de frutas/legumes e verduras inferior a cinco vezes por semana, consumo

preferencial de leite integral, fumantes e inativos fisicamente. Da mesma maneira que doenças

crônicas estão relacionadas ao excesso de peso, hábitos de vida considerados ―não promotores‖

ou ―de risco‖ para saúde estão envolvidos na etiologia da obesidade. Segundo Lim et al. (2007)

indivíduos mais estressados, doentes ou preocupados relatam pior estado de saúde e também são

os que mais referem uso de tabaco, sugerindo um confundimento nesta relação. No entanto,

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somente os fumantes demonstram relação significativa para pior autoavaliação de saúde ao final

de todos os ajustes, além disso, as categorias de resposta acerca das outras variáveis incluídas

neste bloco, como consumo de álcool e inatividade física, podem ser falhado ao capturar relações

consistentes.

Apesar deste estudo ter sido do tipo transversal, onde associações causais entre excesso de

peso e autoavaliação de saúde podem ser dificultadas, e, mais ainda, englobando extenso número

de variáveis utilizadas de diversas maneiras e em diferentes categorias nos estudos, os resultados

encontrados são relevantes para nortear futuras análises populacionais acerca da situação de

saúde no Brasil, através do emprego de indicadores autorreferidos com menor custo e de mais

fácil aplicação e que possibilitam ações e estratégias para melhorias das condições de saúde da

população em geral.

Conclusões

Em concordância com estudos anteriores, os resultados obtidos demonstram que excesso

de peso, principalmente obesidade, possui impacto negativo na medida de autoavaliação de saúde

após controlar por fatores demográficos, socioeconômicos, morbidade referida e comportamentos

de risco, entre indivíduos adultos de 17 capitais brasileiras e do Distrito Federal.

Os dados obtidos apresentam uma forte implicação para a prática da saúde pública, a

medida que apontar mudanças no estado de saúde de qualquer população não é algo simples e

objetivo, muito embora, fatores que poderiam caracterizar o estado de saúde das populações têm

sido correlacionados. O impacto na redução da obesidade, através da implementação de políticas

e programas de promoção da saúde demonstram efeitos benéficos na prevalência de

comorbidades crônicas, bem como na qualidade de vida como um todo.

Pesquisas no Brasil são necessárias, principalmente de caráter longitudinal, a fim de que

possam apontar políticas públicas eficazes buscando reduzir o impacto das inequalidades sociais,

regionais e nutricionais e melhorar as condições de vida e o estado de saúde da população.

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60

6. COMENTÁRIOS FINAIS

O estado de saúde envolve mais do que uma síntese geral e objetiva de fatores

psicológicos mensurados. A transição epidemiologia tem avançado e, para muitos países aspectos

cruciais acerca da situação de saúde da população avançam no sentido de não apenas conhecer

como as pessoas vivem, mas também suas experiências de saúde ao longo dos anos. A medida de

autoavaliação de engloba percepções individuais de sua saúde evidências apontam ser esta

medida um potente preditor de resultados futuros neste contexto de morbidade e mortalidade,

sendo urgentemente necessárias aprofundamento das pesquisas na identificação de indicadores

eficientes para avaliação de mudanças das condições de saúde ao longo dos anos.

Estas medidas devem servir como parâmetro de monitoramento dos serviços de saúde e

recursos necessários. O conhecimento de suas sistemáticas variações fortalecerá o valor das

medidas de estado de saúde. Atenção cuidadosa para futuras validações através de estudos

comparativos longitudinais é necessária. Dado os conceitos ampliados em saúde, torna-se

importante relacionar a extensão de quanto a utilização e análise das medidas do estado de saúde

podem determinar estratégias de cuidado em saúde.

Isso indica que estes indicadores de saúde, embora medidos com diferentes dimensões de

saúde, apresentam características comuns, sendo preditores subseqüentes de mortalidade. A fim

de promover a saúde das populações torna-se importante o conhecimento do seu estado de saúde

num contexto maior que apenas de enfermidade e morte. Os achados deste trabalho têm

implicações públicas em termos de monitoramento e avaliação de saúde, doença e efetividade dos

sistemas de saúde. Mais ainda, resultados indicam que programas de intervenção em saúde

deveriam ser pautados na demanda de doença e na necessidade de saúde.

É consistente que a autoavaliação de saúde está relacionada a condições de saúde

inadequadas em indivíduos de diferentes idades, sexos, etnias, classes sociais, escolaridade,

estilos de vida e com diferentes enfermidades presentes. Desta forma, sua aplicação prática em

estudos populacionais e um melhor entendimento de suas características em diferentes

populações tornam-se cruciais.

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2010.

SZWARCWALD, C. L. et al. Socio-demographic determinants of self-rated health in

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68

ANEXOS

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ANEXO 1 – Questões utilizadas na definição de hipertensão arterial. (Questionário

individual tipo B). As respostas assinaladas foram utilizadas em conjunto para definição.

1. Algum médico, enfermeiro ou agente comunitário de saúde já mediu sua pressão?

a) ( X) sim b) ( ) não

2. Quando foi a última vez que um médico, enfermeiro ou agente comunitário de saúde já

mediu sua pressão?

a) ( X) Há mais de 6 meses

b) ( X ) Há mais de 6 meses até 1 ano

c) ( X) Há mais de 1 ano até 2 anos

d) ( ) Há mais de 2 anos até 5 anos

e) ( ) Há mais de 5 anos

3. Algum médico, enfermeiro ou agente comunitário de saúde já lhe disse que o (a) Sr. (a)

tem pressão alta?

a) ( X) sim b) ( ) não

4. Em quantas consultas ou visitas ao/do médico, enfermeiro ou agente comunitário de saúde

foi comunicado que a sua pressão estava alta?

a) ( X) Uma consulta/visita

b) ( X) Três ou mais consultas/visitas

c) ( X) Duas consultas/visitas

d) ( ) Não sabe/ Não respondeu

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ANEXO 2 – Questões utilizadas na definição de diabetes. (Questionário individual tipo B*).

As respostas assinaladas foram utilizadas em conjunto para definição.

1. O (A) Sr. (a) já fez exames para medir o açúcar no sangue ou diagnosticar diabetes?

a) ( X) sim b) ( ) não

2. Algum médico já lhe disse que o (a) Sr. (a) tem diabetes?

b) ( X) sim b) ( ) não

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ANEXO 3 – Questão utilizada na definição de doença isquêmica do coração. As respostas

assinaladas foram utilizadas me conjunto para definição.

1. Algum médico já lhe disse que o (a) Sr. (a) teve ou tem alguma dessas doenças:

a) ataque do coração/infarte ( X) sim ( ) não

b) angina ou doença das coronárias ( X) sim ( ) não

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1 – Tabela 7 – Proporção1 de categorias de respostas sobre autoavaliação do

estado de saúde, segundo variável de exposição, demográficas, socioeconômicas,

morbidade referida e comportamentos de risco2

Total (n) EXCELENTE MUITO BOM BOM REGULAR RUIM

(%) n (%) n (%) n (%) n (%) n

População Total 9.730 16,4 1.577 17,6 1.644 40,4 4.029 22,9 2.212 27,2 268

Índice de Massa

Corporal 9.730

Normal 5.160 17,6 910 19,8 959 40,1 2.092 20,2 1.081 2,2 118

Sobrepeso 3.327 17,2 523 16,6 545 40,3 1.418 24,1 762 1,9 79

Obesidade 1.243 10,1 144 12,0 140 41,9 519 29,5 369 6,5 71

Demográficas

Sexo 11.487

Masculino 5.038 19,0 926 18,3 822 40,4 2.136 20,1 1.028 2,3 126

Feminino 6.449 13,2 815 15,4 993 40,3 2.545 26,8 1.789 4,3 307

Idade 11.487

< 40anos 5.607 15,7 854 19,6 989 42,7 2.444 19,4 1.179 2,5 141

40 a 59 anos 4.795 16,3 759 14,2 708 39,0 1.846 26,7 1.268 3,8 214

> = 60anos 1.085 12,5 128 13,4 118 34,9 391 32,7 370 6,5 78

Região 11.487

Sul 1.817 17,5 317 22,2 385 40,0 734 17,2 324 3,1 57

Sudeste 3.008 16,4 520 17,9 559 39,7 1.186 22,9 653 3,0 90

Centro Oeste 1.091 18,1 197 18,2 200 37,3 408 23,4 254 3,0 32

Nordeste 3.846 12,3 448 11,6 445 42,9 1.652 28,4 1.120 4,9 181

Norte 1.725 13,8 259 10,6 226 42,3 701 28,8 466 4,5 73

Situação Conjugal 11.486

Solteiro 2.016 16,1 327 19,8 363 38,8 845 21,6 421 3,7 60

Divorciado 1.146 16,7 195 15,7 172 42,3 440 22,5 293 2,7 46

Casado 7.849 15,4 1.163 16,5 1.234 40,8 3.223 24,1 1.944 3,2 285

Viúvo 475 15,5 56 7,5 46 35,0 173 33,0 158 9,1 42

Socioeconômicas

Escolaridade 11.313

Ensino Médio ou mais 5.660 18,9 1.032 23,3 1.222 40,7 2.367 16,0 962 1,1 77

Ensino Fundamental

Completo 2.694 15,7 386 11,4 290 39,9 1.121 29,1 794 3,1 103 Ensino Fundamental

Incompleto 2.959 9,9 290 9,1 274 39,7 1.120 33,3 1.029 7,2 246

Atividade remunerada 11.487

Sim 7.589 17,4 1.273 18,5 1.326 42,4 3.236 19,9 1.590 1,8 164

Não 3.898 12,4 468 13,0 489 36,5 1.445 31,5 1.227 6,6 269

Faixa de Renda 11.123

> 5 sm 4.888 19,3 941 22,5 1.059 39,1 1.991 17,3 808 1,8 89

3 a menos de 5 sm 3.984 13,8 519 12,1 497 42,7 1.679 27,7 1.136 3,8 153

Até 2 sm 2.251 10,0 232 9,4 199 38,1 870 34,9 773 7,7 177

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APÊNDICE 1 – Tabela 7 – Proporção1 de categorias de respostas sobre autoavaliação do

estado de saúde, segundo variável de exposição, demográficas, socieconômicas, morbidade

referida e comportamentos de risco2 (continuação).

Morbidade referida

Pressão Alta

(%) n (%) n (%) n (%) n (%) n

Sim 2.531 8,9 210 10,7 251 33,8 902 38,5 954 8,2 214

Não 8.382 17,9 1.450 18,7 1.484 42,3 3.519 17,2 1.729 1,9 200

Colesterol Alto 7.832

Não 5.987 17,9 1.037 18,8 1.060 40,3 2.409 20,6 1.302 2,4 179

Sim 1.845 10,0 181 14,5 241 36,3 683 32,7 615 6,5 125

Diabetes 7.490

Não 7.019 16,6 1.130 18,3 1.232 40,1 2.808 22,1 1.629 2,9 220

Sim 471 8,6 26 6,6 27 31,0 143 41,9 204 12,5 71

Câncer 14.487

Não 14.299 15,9 1.722 16,7 1.783 40,4 4.611 23,7 2.760 3,4 423

Sim 188 5,5 19 14,8 32 38,2 70 33,1 57 8,4 10

Comportamentos de

Risco

Frutas/Leg/Verd 11.486

Sim 7.759 16,2 1.274 18,0 1.350 40,9 3.163 22,0 1.736 3,0 236

Não 3.727 14,6 467 13,8 465 39,1 1.518 28,1 1.081 4,6 196

Leite Integral 8.481

Não 228 18,3 392 21,5 445 38,9 881 18,6 500 2,7 70

Sim 6.193 13,3 866 16,0 948 41,4 2.584 25,5 1.556 3,7 239

Gordura visível da carne 11.099

Não 6.637 16,0 1.013 17,9 1.084 39,9 2.678 23,0 1.625 3,3 237

Sim 4.462 15,1 665 14,7 667 41,7 1.871 24,7 1.081 3,8 178

Pele do frango 11.264

Não 4.474 15,4 1.288 16,2 1.335 41,6 3.451 23,3 2.081 3,5 319

Sim 2.790 15,7 414 18,0 442 37,3 1.150 25,7 685 3,4 99

Consumo de álcool 11.233

Não 10.168 15,8 1.542 16,8 1.630 40,4 4.102 23,6 2.501 3,5 393

Sim 1.065 16,2 166 14,9 162 39,4 471 26,2 234 3,4 32

Tabagismo 7.596

Não 5.184 16,4 810 17,8 865 38,5 2.055 23,9 1.268 3,5 186

Sim 2.412 14,5 308 14,0 310 38,7 974 28,2 686 4,5 134

Inatividade física 11.487

Não 6.957 17,2 1.169 17,7 1.150 39,7 2.774 22,5 1.637 3,0 227

Sim 4.530 13,5 572 15,1 665 42,0 1.907 25,3 1.180 4,1 206 1 Esta proporção refere-se a todos os indivíduos expostos com 25 anos ou mais de idade, com IMC maior ou igual a

18,5kg/m2

e que tenham respondido ao questionário Tipo A, Tipo B e Tipo Adulto. 2Todas as análises foram ajustadas pelo plano amostral (amostragem complexa).

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75

APÊNDICE 2 – Estimativas de razão de chances (ORs) de autoavaliação do estado de saúde

regular/ruim e sobrepeso e obesidade, ajustadas pelas variáveis significantes (p < 0.05):

Regressão Logística ajustada por amostragem complexa.

*Roda-se primeiro o modelo ajustado retirando as variáveis menos significativas (p > 0.2).

1- Retira variável câncer.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.fxet1 i.regiao1 i.sitconju1

i.esc_cat2 atvremun1 i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1

leiteint carnegor frangope alcrisco fumaatua1 insufati if insufati >= 0 &

insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2627

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 898

Population size = 3348098

F( 27, 871) = 8.52

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.218324 .205051 1.17 0.241 .8756029 1.695191

_Iimc_cat3_2 | 1.34104 .2954046 1.33 0.183 .8703328 2.066321

sexo1 | 1.546055 .2717396 2.48 0.013 1.094997 2.182916

_Ifxet1_1 | .8558117 .1525378 -0.87 0.383 .6031941 1.214225

_Ifxet1_2 | .6562239 .1825117 -1.51 0.130 .3801828 1.132692

_Iregiao1_1 | 1.004872 .1787939 0.03 0.978 .708687 1.424844

_Iregiao1_2 | 1.570478 .3239858 2.19 0.029 1.047596 2.354344

_Iregiao1_3 | 1.536583 .2755136 2.40 0.017 1.080754 2.184666

_Iregiao1_4 | 2.353666 .5196879 3.88 0.000 1.525971 3.630309

_Isitconju~1 | .986701 .2859176 -0.05 0.963 .5587256 1.742499

_Isitconju~2 | .9700191 .2227936 -0.13 0.895 .6180341 1.522468

_Isitconju~3 | 1.601771 .5496495 1.37 0.170 .8167983 3.141129

_Iesc_cat2_1 | 1.746261 .3185496 3.06 0.002 1.220744 2.498006

_Iesc_cat2_2 | 2.571786 .5344082 4.55 0.000 1.710484 3.866789

atvremun1 | 1.51394 .2309296 2.72 0.007 1.122263 2.042314

_Ifxrenda2_1 | 1.445634 .2877534 1.85 0.064 .9781328 2.136579

_Ifxrenda2_2 | 1.506815 .3499692 1.77 0.078 .9552006 2.376977

dissepre2 | 2.225291 .373225 4.77 0.000 1.601145 3.092736

dissecol1 | 1.457666 .2416504 2.27 0.023 1.052825 2.018181

dissedia1 | 2.51031 .6452678 3.58 0.000 1.515769 4.1574

frulegve1 | 1.42681 .2308892 2.20 0.028 1.038573 1.960177

leiteint | 1.371737 .2563491 1.69 0.091 .9505697 1.97951

carnegor | 1.060564 .1848717 0.34 0.736 .7532859 1.493187

frangope | 1.106737 .2143245 0.52 0.601 .7568029 1.618475

alcrisco | 1.45171 .3580736 1.51 0.131 .8946267 2.355689

fumaatua1 | 1.272409 .1940122 1.58 0.114 .9433294 1.716288

insufati | 1.221166 .1928084 1.27 0.206 .8957727 1.664759

------------------------------------------------------------------------------

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2 - Retira variável gordura da carne.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.fxet1 i.regiao1 i.sitconju1

i.esc_cat2 atvremun1 i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1

leiteint frangope alcrisco fumaatua1 insufati if insufati >= 0 & insufati < =

1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2693

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 903

Population size = 3457221

F( 26, 877) = 9.24

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.26543 .2081803 1.43 0.153 .9162538 1.747674

_Iimc_cat3_2 | 1.460378 .3084311 1.79 0.073 .964829 2.210447

sexo1 | 1.488949 .25332 2.34 0.020 1.066271 2.079181

_Ifxet1_1 | .8588009 .1512403 -0.86 0.388 .6078397 1.213377

_Ifxet1_2 | .6606656 .181498 -1.51 0.132 .3853234 1.13276

_Iregiao1_1 | 1.037899 .18355 0.21 0.833 .7335328 1.468555

_Iregiao1_2 | 1.617177 .340299 2.28 0.023 1.070041 2.444076

_Iregiao1_3 | 1.541753 .2749608 2.43 0.015 1.086438 2.187885

_Iregiao1_4 | 2.390239 .5268862 3.95 0.000 1.550803 3.684053

_Isitconju~1 | .8375226 .2368688 -0.63 0.531 .480768 1.459008

_Isitconju~2 | .8455388 .1832904 -0.77 0.439 .552545 1.293896

_Isitconju~3 | 1.354701 .449837 0.91 0.361 .7060198 2.599382

_Iesc_cat2_1 | 1.757799 .3279372 3.02 0.003 1.218862 2.535034

_Iesc_cat2_2 | 2.718482 .5725338 4.75 0.000 1.798108 4.109955

atvremun1 | 1.546717 .2294916 2.94 0.003 1.155967 2.069551

_Ifxrenda2_1 | 1.501104 .2919859 2.09 0.037 1.02475 2.198893

_Ifxrenda2_2 | 1.613308 .3743353 2.06 0.040 1.023171 2.543822

dissepre2 | 2.103437 .3460554 4.52 0.000 1.523009 2.90507

dissecol1 | 1.542847 .247002 2.71 0.007 1.126851 2.112414

dissedia1 | 2.34985 .6024367 3.33 0.001 1.420766 3.886494

frulegve1 | 1.408756 .2306252 2.09 0.037 1.021644 1.942548

leiteint | 1.352955 .2478761 1.65 0.099 .9443315 1.938395

frangope | 1.110949 .2041317 0.57 0.567 .7746037 1.59334

alcrisco | 1.427608 .3480324 1.46 0.145 .884745 2.303561

fumaatua1 | 1.290819 .1913547 1.72 0.085 .9649641 1.72671

insufati | 1.277113 .1987783 1.57 0.116 .9409457 1.73338

------------------------------------------------------------------------------

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77

3- Retira variável pele do frango.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.fxet1 i.regiao1 i.sitconju1

i.esc_cat2 atvremun1 i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1

leiteint alcrisco fumaatua1 insufati if insufati >= 0 & insufati < = 1, ci

prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2731

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 904

Population size = 3506266

F( 25, 879) = 10.08

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.239953 .2035345 1.31 0.190 .8984535 1.711256

_Iimc_cat3_2 | 1.46468 .3094228 1.81 0.071 .9675639 2.217204

sexo1 | 1.47132 .2392082 2.38 0.018 1.069381 2.024332

_Ifxet1_1 | .8869583 .1599251 -0.67 0.506 .6226147 1.263534

_Ifxet1_2 | .6690421 .1835876 -1.46 0.143 .3904515 1.14641

_Iregiao1_1 | 1.081919 .1921378 0.44 0.658 .7635318 1.533071

_Iregiao1_2 | 1.657206 .3471128 2.41 0.016 1.09862 2.499802

_Iregiao1_3 | 1.603403 .2821939 2.68 0.007 1.135097 2.264918

_Iregiao1_4 | 2.388599 .5208161 3.99 0.000 1.557027 3.664296

_Isitconju~1 | .8443222 .2366919 -0.60 0.546 .4870433 1.463689

_Isitconju~2 | .8862799 .1928061 -0.55 0.579 .5782923 1.358296

_Isitconju~3 | 1.418055 .4618402 1.07 0.284 .748336 2.687133

_Iesc_cat2_1 | 1.712734 .336634 2.74 0.006 1.164565 2.518931

_Iesc_cat2_2 | 2.621328 .5682729 4.45 0.000 1.712945 4.011433

atvremun1 | 1.580785 .2341631 3.09 0.002 1.181991 2.114128

_Ifxrenda2_1 | 1.554278 .3160241 2.17 0.030 1.042859 2.316497

_Ifxrenda2_2 | 1.67928 .3888562 2.24 0.025 1.06599 2.645409

dissepre2 | 2.092225 .3428098 4.51 0.000 1.516884 2.885788

dissecol1 | 1.519537 .2412482 2.64 0.009 1.112729 2.075072

dissedia1 | 2.311454 .5898931 3.28 0.001 1.400759 3.814232

frulegve1 | 1.404792 .2266535 2.11 0.035 1.02351 1.92811

leiteint | 1.367061 .2507828 1.70 0.089 .9537361 1.95951

alcrisco | 1.391438 .3308342 1.39 0.165 .8725836 2.218814

fumaatua1 | 1.340693 .1989903 1.98 0.049 1.001893 1.794061

insufati | 1.268372 .1966299 1.53 0.125 .9356463 1.719419

------------------------------------------------------------------------------

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78

4- Retira variável situação conjugal.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.fxet1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1 leiteint alcrisco fumaatua1

insufati if insufati >= 0 & insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2732

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 905

Population size = 3506790

F( 22, 883) = 11.22

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.236962 .2019247 1.30 0.193 .8978792 1.704099

_Iimc_cat3_2 | 1.475873 .3106797 1.85 0.065 .9763962 2.230859

sexo1 | 1.495795 .2348335 2.56 0.010 1.099153 2.035571

_Ifxet1_1 | .8823703 .1527528 -0.72 0.470 .6281977 1.239383

_Ifxet1_2 | .7089469 .1874788 -1.30 0.194 .4219047 1.191278

_Iregiao1_1 | 1.0901 .1921825 0.49 0.625 .7712582 1.540751

_Iregiao1_2 | 1.657395 .346636 2.42 0.016 1.099418 2.498557

_Iregiao1_3 | 1.62913 .2840272 2.80 0.005 1.15706 2.2938

_Iregiao1_4 | 2.437358 .5241914 4.14 0.000 1.598121 3.71731

_Iesc_cat2_1 | 1.713045 .3304318 2.79 0.005 1.173165 2.501373

_Iesc_cat2_2 | 2.653085 .5694581 4.55 0.000 1.741022 4.042947

atvremun1 | 1.586277 .2357842 3.10 0.002 1.184914 2.123593

_Ifxrenda2_1 | 1.565636 .3121809 2.25 0.025 1.058614 2.315497

_Ifxrenda2_2 | 1.677811 .3811027 2.28 0.023 1.074335 2.620273

dissepre2 | 2.121211 .3484685 4.58 0.000 1.536606 2.928229

dissecol1 | 1.511868 .2388032 2.62 0.009 1.108879 2.06131

dissedia1 | 2.335135 .5974158 3.31 0.001 1.413353 3.8581

frulegve1 | 1.406064 .2273254 2.11 0.035 1.02377 1.931112

leiteint | 1.350172 .2491863 1.63 0.104 .9398998 1.93953

alcrisco | 1.387251 .327954 1.38 0.167 .8722814 2.206245

fumaatua1 | 1.351296 .1971536 2.06 0.039 1.014831 1.799314

insufati | 1.280098 .198036 1.60 0.111 .9448928 1.734219

------------------------------------------------------------------------------

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5- Retira variável faixa etária.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1 l

> eiteint alcrisco fumaatua1 insufati if insufati >= 0 & insufati < = 1, ci

prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2732

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 905

Population size = 3506790

F( 20, 885) = 11.71

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.234411 .1998778 1.30 0.194 .8983535 1.696183

_Iimc_cat3_2 | 1.498709 .3106425 1.95 0.051 .9978137 2.251051

sexo1 | 1.54885 .2388754 2.84 0.005 1.144339 2.096352

_Iregiao1_1 | 1.099498 .1945985 0.54 0.592 .7768545 1.556143

_Iregiao1_2 | 1.6745 .350657 2.46 0.014 1.110187 2.525656

_Iregiao1_3 | 1.6188 .281487 2.77 0.006 1.150754 2.277214

_Iregiao1_4 | 2.448717 .5255693 4.17 0.000 1.606941 3.731448

_Iesc_cat2_1 | 1.663483 .3156223 2.68 0.007 1.1463 2.414006

_Iesc_cat2_2 | 2.524033 .5188993 4.50 0.000 1.686039 3.778527

atvremun1 | 1.502594 .2192089 2.79 0.005 1.128486 2.000725

_Ifxrenda2_1 | 1.576289 .3124949 2.30 0.022 1.068222 2.326004

_Ifxrenda2_2 | 1.683737 .3776689 2.32 0.020 1.084153 2.614918

dissepre2 | 2.018513 .3208586 4.42 0.000 1.477559 2.757517

dissecol1 | 1.489677 .2311383 2.57 0.010 1.098608 2.019955

dissedia1 | 2.267766 .5804129 3.20 0.001 1.372301 3.747548

frulegve1 | 1.411432 .2266901 2.15 0.032 1.02983 1.934438

leiteint | 1.375421 .2527129 1.73 0.083 .9590258 1.972608

alcrisco | 1.386913 .3239209 1.40 0.162 .8769602 2.193402

fumaatua1 | 1.363552 .1962818 2.15 0.031 1.027964 1.808696

insufati | 1.272657 .1966423 1.56 0.119 .9397516 1.723493

------------------------------------------------------------------------------

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*Testa o modelo com as variáveis menos significativas (p > 0.05).

6- Retira variável consumo diário de álcool de risco

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1 leiteint fumaatua1 insufati

if insufati >= 0 & insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 2768

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 909

Population size = 3543333

F( 19, 890) = 12.21

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.251343 .1960545 1.43 0.153 .9201023 1.701832

_Iimc_cat3_2 | 1.521586 .3081532 2.07 0.038 1.022539 2.264189

sexo1 | 1.518035 .2317469 2.73 0.006 1.125024 2.048338

_Iregiao1_1 | 1.095807 .1964685 0.51 0.610 .7707571 1.55794

_Iregiao1_2 | 1.665438 .3496169 2.43 0.015 1.103066 2.514522

_Iregiao1_3 | 1.627967 .2828098 2.81 0.005 1.157652 2.289356

_Iregiao1_4 | 2.34996 .5035751 3.99 0.000 1.543165 3.578563

_Iesc_cat2_1 | 1.700033 .3292076 2.74 0.006 1.16253 2.486055

_Iesc_cat2_2 | 2.495865 .5126791 4.45 0.000 1.667789 3.735089

atvremun1 | 1.413871 .20234 2.42 0.016 1.067655 1.872356

_Ifxrenda2_1 | 1.596324 .3123024 2.39 0.017 1.087355 2.343533

_Ifxrenda2_2 | 1.729677 .3878469 2.44 0.015 1.113896 2.685872

dissepre2 | 2.020532 .3170264 4.48 0.000 1.485018 2.749157

dissecol1 | 1.527085 .2338671 2.76 0.006 1.130658 2.062507

dissedia1 | 2.22217 .5674255 3.13 0.002 1.346279 3.667918

frulegve1 | 1.368194 .2219092 1.93 0.054 .99519 1.881003

leiteint | 1.367675 .248775 1.72 0.086 .9570743 1.954429

fumaatua1 | 1.435512 .2094691 2.48 0.013 1.078038 1.911523

insufati | 1.308504 .1990599 1.77 0.077 .9707572 1.763759

------------------------------------------------------------------------------

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7- Retira variável consumo de leite integral e volta variável consumo diário de álcool de risco.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1 alcrisco fumaatua1 insufati

if insufati >= 0 & insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 3650

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 961

Population size = 4805027

F( 19, 942) = 13.50

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.279744 .1806156 1.75 0.081 .970148 1.68814

_Iimc_cat3_2 | 1.671192 .2909323 2.95 0.003 1.187563 2.351778

sexo1 | 1.491505 .1880163 3.17 0.002 1.164632 1.910122

_Iregiao1_1 | 1.122995 .1645729 0.79 0.429 .8423218 1.497191

_Iregiao1_2 | 1.593659 .2811734 2.64 0.008 1.127265 2.253018

_Iregiao1_3 | 1.662523 .2433227 3.47 0.001 1.247471 2.215668

_Iregiao1_4 | 2.184249 .4388314 3.89 0.000 1.472562 3.239892

_Iesc_cat2_1 | 1.815271 .3015036 3.59 0.000 1.310341 2.514771

_Iesc_cat2_2 | 2.523586 .4333367 5.39 0.000 1.801647 3.534812

atvremun1 | 1.561471 .1898258 3.67 0.000 1.230053 1.982183

_Ifxrenda2_1 | 1.457536 .2470824 2.22 0.026 1.045059 2.032814

_Ifxrenda2_2 | 1.914877 .3779287 3.29 0.001 1.299966 2.820655

dissepre2 | 1.893303 .2622341 4.61 0.000 1.442696 2.484652

dissecol1 | 1.405681 .1977356 2.42 0.016 1.066591 1.852574

dissedia1 | 2.635939 .6227783 4.10 0.000 1.657956 4.190808

frulegve1 | 1.216463 .172586 1.38 0.168 .9208358 1.607

alcrisco | 1.209825 .2385343 0.97 0.334 .8216448 1.781398

fumaatua1 | 1.379073 .1720037 2.58 0.010 1.079662 1.761516

insufati | 1.196669 .1563878 1.37 0.170 .9259629 1.546517

------------------------------------------------------------------------------

Page 82: EXCESSO DE PESO E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE … · ) Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda a

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8- Retiram-se as variáveis consumo diário de álcool de risco e consumo de leite integral.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 frulegve1 fumaatua1 insufati if

insufati >= 0 & insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 3713

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 968

Population size = 4884267

F( 18, 950) = 14.14

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.301723 .1776245 1.93 0.054 .9959178 1.701427

_Iimc_cat3_2 | 1.687471 .2871811 3.07 0.002 1.208352 2.356562

sexo1 | 1.482058 .1860817 3.13 0.002 1.158398 1.896151

_Iregiao1_1 | 1.119218 .1651552 0.76 0.445 .8378217 1.495127

_Iregiao1_2 | 1.577073 .2783797 2.58 0.010 1.115353 2.229931

_Iregiao1_3 | 1.660148 .2409863 3.49 0.001 1.248625 2.207301

_Iregiao1_4 | 2.125222 .4243944 3.78 0.000 1.436188 3.144831

_Iesc_cat2_1 | 1.837833 .317316 3.52 0.000 1.30965 2.579032

_Iesc_cat2_2 | 2.497891 .427693 5.35 0.000 1.785035 3.495427

atvremun1 | 1.509147 .1780499 3.49 0.001 1.197239 1.902316

_Ifxrenda2_1 | 1.446334 .2409209 2.22 0.027 1.043046 2.005552

_Ifxrenda2_2 | 1.924199 .3782724 3.33 0.001 1.308293 2.830054

dissepre2 | 1.911528 .261646 4.73 0.000 1.461249 2.500561

dissecol1 | 1.443352 .2029133 2.61 0.009 1.095358 1.901902

dissedia1 | 2.575877 .6093959 4.00 0.000 1.619188 4.097822

frulegve1 | 1.224014 .1747552 1.42 0.157 .9249241 1.61982

fumaatua1 | 1.446106 .1820043 2.93 0.003 1.129628 1.85125

insufati | 1.223037 .1560218 1.58 0.115 .9521742 1.570951

------------------------------------------------------------------------------

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9- Retiram-se as variáveis consumo de frutas, legumes e verduras.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 fumaatua1 insufati if insufati >= 0 &

insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 3714

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 969

Population size = 4884623

F( 17, 952) = 15.00

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.312958 .1780696 2.01 0.045 1.006149 1.713324

_Iimc_cat3_2 | 1.695732 .2887842 3.10 0.002 1.213991 2.368639

sexo1 | 1.455283 .1833296 2.98 0.003 1.136535 1.863425

_Iregiao1_1 | 1.143916 .1694785 0.91 0.364 .8553135 1.5299

_Iregiao1_2 | 1.600844 .2837335 2.65 0.008 1.130559 2.266756

_Iregiao1_3 | 1.675337 .2431707 3.56 0.000 1.260079 2.227442

_Iregiao1_4 | 2.229331 .4399851 4.06 0.000 1.513455 3.283822

_Iesc_cat2_1 | 1.852544 .3176304 3.60 0.000 1.32325 2.593553

_Iesc_cat2_2 | 2.503487 .4312701 5.33 0.000 1.785365 3.510455

atvremun1 | 1.498927 .1768907 3.43 0.001 1.189058 1.889547

_Ifxrenda2_1 | 1.474881 .2441086 2.35 0.019 1.065854 2.040875

_Ifxrenda2_2 | 2.039162 .3851352 3.77 0.000 1.407617 2.954057

dissepre2 | 1.910295 .2600585 4.75 0.000 1.462436 2.495307

dissecol1 | 1.435613 .2021056 2.57 0.010 1.089069 1.892429

dissedia1 | 2.540815 .5922543 4.00 0.000 1.608099 4.014517

fumaatua1 | 1.454262 .1829738 2.98 0.003 1.136086 1.861547

insufati | 1.23651 .1572688 1.67 0.095 .9633852 1.587068

------------------------------------------------------------------------------

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10- Retira e recoloca variável inatividade física.

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 fumaatua1 if insufati >= 0 & insufati

< = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 3714

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 969

Population size = 4884623

F( 16, 953) = 15.51

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.336846 .1829762 2.12 0.034 1.021952 1.74877

_Iimc_cat3_2 | 1.737812 .2978257 3.22 0.001 1.241485 2.432563

sexo1 | 1.47549 .1858541 3.09 0.002 1.152348 1.889246

_Iregiao1_1 | 1.136837 .1686713 0.86 0.388 .8496657 1.521066

_Iregiao1_2 | 1.587871 .2820939 2.60 0.009 1.120484 2.250221

_Iregiao1_3 | 1.679506 .2447162 3.56 0.000 1.261828 2.23544

_Iregiao1_4 | 2.186585 .4323051 3.96 0.000 1.483428 3.223045

_Iesc_cat2_1 | 1.842823 .3161415 3.56 0.000 1.316057 2.580432

_Iesc_cat2_2 | 2.502442 .4268084 5.38 0.000 1.790622 3.497228

atvremun1 | 1.493885 .1762735 3.40 0.001 1.185094 1.883137

_Ifxrenda2_1 | 1.463969 .2391206 2.33 0.020 1.062491 2.017153

_Ifxrenda2_2 | 2.008293 .3783665 3.70 0.000 1.38758 2.906671

dissepre2 | 1.903147 .2593123 4.72 0.000 1.456623 2.486552

dissecol1 | 1.417025 .1994057 2.48 0.013 1.075091 1.867711

dissedia1 | 2.536981 .5955146 3.97 0.000 1.600521 4.021359

fumaatua1 | 1.475533 .1871922 3.07 0.002 1.150341 1.892653

------------------------------------------------------------------------------

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* Modelo 3 (final).

xi: svylogit estsaude i.imc_cat3 sexo1 i.regiao1 i.esc_cat2 atvremun1

i.fxrenda2 dissepre2 dissecol1 dissedia1 fumaatua1 insufati if insufati > = 0

& insufati < = 1, ci prob or

Survey logistic regression

pweight: weight2 Number of obs = 3714

Strata: <one> Number of strata = 1

PSU: psu Number of PSUs = 969

Population size = 4884623

F( 17, 952) = 15.00

Prob > F = 0.0000

------------------------------------------------------------------------------

estsaude | Odds Ratio Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_Iimc_cat3_1 | 1.312958 .1780696 2.01 0.045 1.006149 1.713324

_Iimc_cat3_2 | 1.695732 .2887842 3.10 0.002 1.213991 2.368639

sexo1 | 1.455283 .1833296 2.98 0.003 1.136535 1.863425

_Iregiao1_1 | 1.143916 .1694785 0.91 0.364 .8553135 1.5299

_Iregiao1_2 | 1.600844 .2837335 2.65 0.008 1.130559 2.266756

_Iregiao1_3 | 1.675337 .2431707 3.56 0.000 1.260079 2.227442

_Iregiao1_4 | 2.229331 .4399851 4.06 0.000 1.513455 3.283822

_Iesc_cat2_1 | 1.852544 .3176304 3.60 0.000 1.32325 2.593553

_Iesc_cat2_2 | 2.503487 .4312701 5.33 0.000 1.785365 3.510455

atvremun1 | 1.498927 .1768907 3.43 0.001 1.189058 1.889547

_Ifxrenda2_1 | 1.474881 .2441086 2.35 0.019 1.065854 2.040875

_Ifxrenda2_2 | 2.039162 .3851352 3.77 0.000 1.407617 2.954057

dissepre2 | 1.910295 .2600585 4.75 0.000 1.462436 2.495307

dissecol1 | 1.435613 .2021056 2.57 0.010 1.089069 1.892429

dissedia1 | 2.540815 .5922543 4.00 0.000 1.608099 4.014517

fumaatua1 | 1.454262 .1829738 2.98 0.003 1.136086 1.861547

insufati | 1.23651 .1572688 1.67 0.095 .9633852 1.587068

------------------------------------------------------------------------------