excelentÍssimo senhor doutor juiz de direito ... · web viewmanual de direito previdenciário....

28
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE ACIDENTES DO TRABALHO DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ. PEDRO MARCELINO DE SOUZA e TEREZA MOREIRA DE SOUZA, por si e assistidos pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por meio da Promotoria de Defesa da Saúde do Trabalhador, respeitosamente, comparecem perante Vossa Excelência, nos autos de Ação Acidentária sob n° 0064505- 30.2010.8.16.0001 (1024/2010), que movem em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em trâmite perante esse r. Juízo, em acato ao despacho de fls. 217, para apresentar 1

Upload: others

Post on 27-Mar-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE ACIDENTES DO TRABALHO DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ.

PEDRO MARCELINO DE SOUZA e TEREZA MOREIRA DE SOUZA, por si e assistidos pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por meio da Promotoria de Defesa da Saúde do Trabalhador,

respeitosamente, comparecem perante Vossa Excelência, nos autos de Ação Acidentária sob n° 0064505-30.2010.8.16.0001 (1024/2010), que movem em face

do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em trâmite perante esse

r. Juízo, em acato ao despacho de fls. 217, para apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS EM MEMORIAL

1. RELATÓRIO

Propôs o autor, Sr. Pedro Marcelino de Souza, juntamente

com sua esposa, Sra. Tereza Moreira de Souza, Ação Acidentária, assistidos por

1

Page 2: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

este órgão ministerial, objetivando a concessão de benefício pensão por morte

decorrente de acidente de trabalho, haja vista o acidente de trabalho ocorrido em

data de 01/12/2008, que vitimou o Sr. Edicarlos Moreira de Souza, filho do casal e

único trabalhador assalariado na casa, o qual veio a óbito em data de 09/02/2009.

O Sr. Edicarlos Moreira de Souza residia com seus pais

em uma chácara na região de Araucária - Paraná, de propriedade do Sr. Michel

Abrão Nassar. Ressalta-se que o Sr. Edicarlos era o único da família a auferir renda,

uma vez que o Sr. Pedro e a Sra. Tereza apenas cuidavam da chácara em troca da

família poder residir na mesma.

Assim sendo, o Sr. Edicarlos era o principal responsável

pelo pagamento de despesas com medicamentos, alimentação, vestuário, lazer, etc.

Dessa forma, uma vez que dependiam exclusivamente

dos proventos do filho para sua subsistência, os requerentes protocolaram pedido

administrativo junto ao INSS, em data de 17/02/2009, sob nº 143.523.630-8, a fim de

que os mesmos fossem incluídos como dependentes do trabalhador vitimado, no

intuito de perceber o benefício pensão por morte decorrente de acidente de trabalho

(fls. 71).

Em resposta, o INSS indeferiu o pedido de inclusão dos

requerentes como beneficiários da pensão por morte por acidente de trabalho,

alegando que não comprovaram a dependência econômica em relação ao Sr.

Edicarlos Moreira de Souza.

Destarte, apresentaram recurso ao INSS, sendo tal

pedido novamente indeferido pela autarquia requerida, sob o mesmo fundamento,

razão pela qual não restou alternativa a não ser o ajuizamento do presente feito.

Proposta a demanda, em despacho inicial, o Douto

Magistrado determinou a citação da autarquia federal para apresentar contestação,

2

Page 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

bem como a expedição de mandado para constatação da qualidade de dependentes

de Pedro Marcelino e Tereza em relação a Edicarlos Moreira Souza, a ser realizada

por Oficial de Justiça (fls. 76).

Devidamente citado, o INSS apresentou contestação às

fls. 77/89, alegando, preliminarmente, a ilegitimidade ativa do Ministério Público, a

falta de interesse processual e a prescrição das parcelas devidas e vencidas há

mais de cinco anos anteriores ao ajuizamento da demanda. No mérito, aduziu a

ausência de indícios que comprovem a qualidade de dependentes dos autores.

Às fls. 90/107, este Órgão Ministerial apresentou

impugnação à contestação, rebatendo todas as argumentações aduzidas pelo INSS.

Foi juntado o Auto de Constatação elaborado pelo Oficial

de Justiça competente às fls. 123.

Esta Promotoria de Justiça se manifestou acerca do

conteúdo do Auto de Constatação, requerendo a complementação pelo Sr. Oficial de

Justiça (cf. fls. 130/131). Posteriormente, às fls. 133, o INSS se manifestou acerca

do referido documento, afirmando não ter outras provas a produzir.

Às fls. 138, o Sr. Oficial de Justiça apresentou as devidas

complementações ao Auto de Constatação.

Dessa forma, às fls. 141/142, esta Promotoria de Justiça

se manifestou acerca do conteúdo das informações complementares ao Auto de

Constatação e após, às fls. 144, manifestou-se o INSS.

Assim, foram ouvidos os autores e a testemunha Rosa

Moreira dos Santos, arrolada por esta Promotoria de Justiça (fls. 159/163).

3

Page 4: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Às fls. 167/170, esta Promotoria de Justiça apresentou a

Certidão de Óbito do Sr. Michel Abrão Nassar, testemunha arrolada à exordial, que

veio a falecer durante o trâmite do presente feito, requerendo-se a substituição de tal

testemunha pelo seu genro, Sr. Jonas Ribeiro dos Santos. Ademais, foram juntadas

declarações médicas dos autores.

Após foram ouvidas as demais testemunhas arroladas

por esta Promotoria de Justiça (fls. 179/188).

Por fim, foi ouvida a testemunha substituta mencionada

acima (fls. 214/215).

Em seguida, os autos vieram para apresentação de

alegações finais.

Este, em resumo, é o relatório. Passamos à manifestação.

2. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Conforme já demonstrado na Impugnação à contestação,

não merece prosperar a alegação da autarquia federal de que este Órgão Ministerial

não dispõe de legitimidade para promover ação judicial em defesa dos interesses

individuais dos autores.

Argumenta o INSS que pretensão particular perante o

Poder Judiciário é atividade privativa de advogado, ou então, da Defensoria Pública

do Estado, quando da defesa de interesses dos hipossuficientes. Contudo, é

necessário observar que a Defensoria Pública deste Estado, embora instituída,

ainda não atua em ações que versam acerca de acidente de trabalho, consoante

Certidão emitida pela própria Defensoria Pública acostada às fls. 108.

4

Page 5: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Ademais, vale ressaltar que, no caso em tela, a

Promotoria de Defesa da Saúde do Trabalhador não atua como autora da demanda,

mas sim como assistente dos familiares do trabalhador acidentado, os quais não

possuem condições financeiras para contratar um advogado, em cotejo com o

disposto na Lei nº 6.367/76.

A Lei nº 6.367/76 permite que o contribuinte atue sem a

presença de advogado, conforme dispõe o artigo 13:

“Art. 13: Para pleitear direitos decorrentes desta Lei, não é obrigatória a constituição de advogado”.

Destarte, não se vislumbra óbice à atuação do Ministério

Público como assistente dos autores que postulam o benefício acidentário, até

porque para postular judicialmente direitos decorrentes de acidente de trabalho não

está o beneficiário obrigado a constituir advogado, podendo, assim, ser assistido

pelo parquet.

Neste mesmo norte, é o posicionamento jurisprudencial

acerca da matéria:

“Ainda é possível o Ministério Público continuar assistindo o obreiro, sem necessidade deste ser representado por advogado. De acordo com o artigo 13 da Lei 6.367/76, ainda vigente, não é obrigatória a constituição de advogado para pleitear direitos dela decorrentes. O artigo 133 da CF contém norma de caráter geral que não altera o rol de legitimados para a propositura da ação acidentária, não havendo também revogado a norma que permite ao interessado a postulação em juízo independentemente de constituição de advogado”.1

1 Ap. 321.044, 4ª C.Cív., rel. Luzia Galvão lopes, j. em 31-03-1992.

5

Page 6: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Inclusive, vale ressaltar que o Ministério Público não

pretende usurpar o papel do advogado, mesmo porque a Constituição Federal, bem

como as Leis Orgânicas Nacional e Estadual estabelecem ao Ministério Público

princípios próprios e atribuições específicas, dentre elas a prevista no artigo 32,

inciso II, da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993:

“Art. 32: Além de outras funções cometidas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e demais lei, compete aos Promotores de Justiça, dentro de suas esferas de atribuições: (...)II) atender a qualquer do povo, tomando as providências cabíveis; (...)”

O Supremo Tribunal Federal, já há muitos anos, pacificou

o entendimento no sentido de que enquanto não houver Defensoria Pública

devidamente constituída, como é o caso do nosso Estado, o Ministério Público tem

legitimidade para atuar como representante individual do autor, senão vejamos:

Ministério Público: legitimação para promoção, no juízo cível, do ressarcimento do dano resultante de crime, pobre o titular do direito à reparação: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf. RE 135328): processo de inconstitucionalização das leis. 1. A alternativa radical da jurisdição constitucional ortodoxa entre a constitucionalidade plena e a declaração de inconstitucionalidade ou revogação por inconstitucionalidade da lei com fulminante eficácia ex tunc faz abstração da evidência de que a implementação de uma nova ordem constitucional não é um fato instantâneo, mas um processo, no qual a possibilidade de realização da norma da Constituição - ainda quando teoricamente não se cuide de preceito de eficácia limitada - subordina-se muitas vezes a alterações da realidade fáctica que a viabilizem. 2. No contexto da Constituição de 1988, a atribuição anteriormente dada ao Ministério Público pelo art. 68 C. Pr. Penal - constituindo modalidade de assistência judiciária - deve reputar-se

6

Page 7: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

transferida para a Defensoria Pública: essa, porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da própria Constituição e da lei complementar por ela ordenada: até que - na União ou em cada Estado considerado -, se implemente essa condição de viabilização da cogitada transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C. Pr. Pen. será considerado ainda vigente: é o caso do Estado de São Paulo, como decidiu o plenário no RE 135328. RE 147776 / SP - SÃO PAULO. 2

No caso vertente, o parquet atua amparado por

solicitação da parte, colimando alcançar benefício acidentário em decorrência de ato

ilícito culposo.

Assim, não restam dúvidas acerca da legitimidade que o

Ministério Público possui para atuar na presente demanda, na condição de

assistente dos beneficiários Sr. Pedro Marcelino de Souza e Sra. Tereza Moreira de

Souza.

Diante do exposto, reitera-se o teor do item 2.1 da petição

de fls. 90/107, pugnando-se pelo afastamento da preliminar arguida pela autarquia

previdenciária.

3. DO INTERESSE PROCESSUAL

Do mesmo modo, conforme já demonstrado na item 2.2

da resposta à contestação, também não merece respaldo a alegação da autarquia

federal de que os autores não possuem interesse processual por não apresentarem

os documentos hábeis a comprovar a dependência econômica dos mesmos em

2 REXT Rel(a): Min. SEPULVEDA PERTENCE Julgamento:  19/05/1998 Órgão Julgador:  Primeira Turma Publicação:  DJ Data-19-06-98

7

Page 8: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

relação ao trabalhador vitimado em acidente de trabalho, bem como de que não

seguiram o trâmite necessário para dirimir o conflito no âmbito administrativo.

A autarquia federal já analisou e negou

administrativamente o pleito dos autores. Ademais, ressalta-se que não há

obrigatoriedade legal de exaurimento da via administrativa para a propositura de

demanda.

O tema, aliás, já se encontra sumulado pelo E. Superior

Tribunal de Justiça, não havendo que se esgotar a esfera administrativa para

pleitear em juízo direito previdenciário, senão vejamos:

STJ Súmula nº 89 - 21/10/1993 - DJ 26.10.1993“A ação acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa.”

Assim, completamente descabida a pretensão da

autarquia ré, eis que os familiares do trabalhador acidentado somente escolheram a

via judicial, ante a negativa administrativa do INSS em analisar devidamente o pleito

de concessão de benefício acidentário, não prosperando a alegação de falta de

interesse processual.

Ademais, os autores, pais do trabalhador vitimado,

claramente possuem interesse processual, uma vez que a própria legislação

previdenciária os reconhece como beneficiários do Regime Geral de Previdência

Social, na condição de dependentes do segurado, nos moldes do inciso II do art. 16

da Lei 8.213/91, em plena e total capacidade de postular seus direitos em juízo.

Quanto à análise da dependência econômica dos autores

em relação ao seu filho, tal assunto diz respeito ao mérito da questão, o qual será

abaixo analisado.

8

Page 9: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

4. DA PRESCRIÇÃO

Suscita o INSS a prescrição das parcelas devidas há

mais de cinco anos anteriores ao ajuizamento da demanda, com fulcro no artigo 103,

da Lei nº 8.213/91.

No entanto, no presente caso não se operou a prescrição,

tendo em vista que transcorreu menos de 02 (dois) anos entre a data devida para

início da concessão do benefício pensão por morte decorrente de acidente de

trabalho, qual seja, 09/02/2009 (cf. fls. 46), e a data do ajuizamento da presente

demanda, a qual se deu em data de 09/11/2010 (cf. fls. 02v).

Importante destacar que, no caso em tela, a legislação

previdenciária é bastante clara no que diz respeito ao termo inicial do benefício

pensão por morte. Veja-se:

“Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data:

I – do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste;II – do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso

anterior;

(...)”

Dessa forma, tendo em vista que o óbito do trabalhador

ocorreu em data de 09/02/2009 (v.fls. 46), bem como que o requerimento

administrativo de concessão de pensão por morte decorrente de acidente de

trabalho é datado de 17/02/2009 (v.fls. 71), denota-se que em menos de dez dias do

óbito. Portanto, faz-se cristalino o fato de que os requerentes devem ser incluídos

como beneficiários de benefício pensão por morte decorrente de acidente de

trabalho desde a data de 09/02/2009, data do óbito do trabalhador, sem incidência

do instituto da prescrição.

9

Page 10: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Portanto, não merece prosperar tal alegação, vez que não

há aplicação do instituto da prescrição quinquenal no presente feito.

5. DO DIREITO AO PERCEBIMENTO DO BENEFÍCIO PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO

Consoante se infere dos elementos de prova coligidos

aos autos, os autores Pedro Marcelino de Souza e Tereza Moreira de Souza

dependiam economicamente do filho Edicarlos Moreira de Souza, o qual faleceu em

decorrência de acidente de trabalho.

Esclarece-se, primeiramente, que a vítima, Sr. Edicarlos

Moreira de Souza, era solteiro e não deixou filhos, bem como residia no mesmo

endereço dos autores, consoante se infere da Certidão de Óbito (fls. 46).

Pelos Autos de Constatação elaborados pelos Srs.

Oficiais de Justiça (fls. 123 e 138) denota-se que à época do acidente os autores

residiam, juntamente com o filho Edicarlos e outra filha de 11 anos, numa chácara

no município de Araucária e não recebiam qualquer salário, sendo que cuidavam do

referido imóvel em troca de residirem no mesmo. Dessa forma, o único rendimento

da família era o salário do Sr. Edicarlos, o qual arcava com as despesas com

supermercado, gás, farmácia, vestuário e demais despesas.

Importa esclarecer que os custos com água e luz da

chácara eram pagos pelo proprietário da mesma.

Observa-se, também, nos referidos Autos de Constatação

que com o falecimento do Sr. Edicarlos, os autores sobrevivem com o auxílio de

cestas básicas fornecidas pelos familiares e pelo genro do proprietário da chácara.

10

Page 11: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Outrossim, tanto os autores (fls. 159/163 e 179/182),

como as testemunhas (fls. 183/188 e fls. 214/215), quando prestaram declarações

em juízo, foram incisivos ao afirmar que os requerentes são portadores de

patologias as quais lhes impedem de trabalhar, sendo que residem numa chácara

em troca de cuidarem da mesma e que dependiam economicamente do filho

Edicarlos, o qual era o responsável pelas despesas com vestuário, alimentos,

remédios entre outras.

O Sr. Pedro Marcelino de Souza em suas declarações

afirmou que trabalhava antigamente, mas que devido às doenças que possui

necessitou se afastar do trabalho, percebendo benefício previdenciário por um

período, sendo então demitido da empresa após a cessação do benefício. Informou,

ainda, que após a sua demissão não pode mais trabalhar regularmente, sendo que

as despesas da família passaram a serem arcadas pelo filho Edicarlos (fl. 160 e

181/182). Tais declarações são corroboradas pela cópia da CTPS do Sr. Pedro (fls.

18/31), bem como pelo seu INFBEN (fl. 87), os quais demonstram que o autor

permaneceu trabalhando registrado até 15 de março de 2006 e que percebeu

benefício auxílio-doença previdenciário no período de 06/03/2004 a 28/10/2005.

Assim, verifica-se que o Sr. Pedro somente trabalhou até

março de 2006, sendo que após tal data as despesas da família ficaram sob a

responsabilidade somente de Edicarlos.

O requerente explicou, ainda, que por um período até

chegou a receber um rendimento decorrente da venda de leite oriundo de uma vaca

que havia na chácara, mas que há algum tempo o proprietário do imóvel não possui

mais o referido animal.

Por fim, o Sr. Pedro informou que atualmente sua família

passa por dificuldades financeiras e que sobrevivem graças à ajuda de sua cunhada.

11

Page 12: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

A testemunha Sra. Rosa Moreira dos Santos, irmã da

Sra. Tereza Moreira de Souza, declarou que antes do acidente possuía um comércio

de roupas e que por várias vezes o seu sobrinho Edicarlos comprou na loja da

testemunha vestuários para os autores. Ademais, a Sra. Rosa relatou que os

autores passam atualmente por dificuldades financeiras, sendo que sempre que

pode lhes presta auxílio (fls. 162).

Do mesmo modo a testemunha Jonas Ribeiro dos

Santos, genro do ex-proprietário da chácara na qual residem os requerentes,

confirmou que estes zelam pela manutenção do imóvel, mas que não recebem

salário, vez que residem no local sem necessitar pagar aluguel. Declarou, ainda, que

quem realizava o pagamento de água e luz era o seu sogro, sendo que até a

ocorrência do infortúnio as demais despesas dos autores eram arcadas pelo Sr.

Edicarlos (fls. 214/215).

Nesse mesmo sentido foram as declarações prestadas

nesta Promotoria de Justiça pelo Sr. Michel Abrão Nassar, o qual era proprietário da

chácara na qual residem os autores (v. fl. 67).

Destarte, são robustas as provas produzidas, sendo que

se depreende dos Autos de Constatação elaborados pelos Srs. Oficiais de Justiça,

bem como pelas declarações prestadas pelos requerentes e testemunhas, que os

autores dependiam economicamente do filho Edicarlos Moreira de Souza, o qual foi

vítima em acidente de trabalho e, desde então, se encontram em difícil situação

financeira.

No que tange a validade das declarações testemunhais

como prova para fins previdenciários, o Superior Tribunal de Justiça já mostrou

entendimento claramente favorável. Senão vejamos:

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.

12

Page 13: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

COMPROVAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A Terceira Seção deste

Superior Tribunal , no âmbito da Quinta e da Sexta Turma, j á consolidou entendimento no sentido de que não se exige início de prova material para comprovação da dependência econômica de mãe para com o filho, para fins de obtenção do benefício de pensão por morte .

2. Agravo improvido. (STJ, AGRESP 200602014106, ARNALDO

ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, 03/11/2008)”. – grifos

Pensão por morte. União estável (declaração). Prova exclusivamente testemunhal (possibilidade). Arts. 131 e 332 do Cód. de Pr. Civil

(aplicação). 1. No nosso sistema processual, coexistem e devem ser

observados o princípio do livre convencimento motivado do juiz e o

princípio da liberdade objetiva na demonstração dos fatos a serem

comprovados (arts. 131 e 332 do Cód. de Pr. Civil). 2. Se a lei não impõe a necessidade de prova material para a comprovação tanto da convivência em união estável como da dependência econômica para fins previdenciários, não há por que vedar à companheira a possibilidade de provar sua condição mediante testemunhas, exclusivamente. 3. Ao magistrado não é dado fazer distinção nas

situações em que a lei não faz. 4. Recurso especial do qual se conheceu,

porém ao qual se negou improvimento. (REsp 783.697/GO, Rel. Ministro

NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/06/2006, DJ

09/10/2006, p. 372)

Ademais, a dependência econômica dos genitores em

relação a vitima também pode ser constatada no fato da Sra. Tereza ter sido

cadastrada como beneficiária do filho no Seguro de Vida do Banco Bradesco (fls.

62/63).

13

Page 14: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Salienta-se, novamente, que os autores são portadores

de graves patologias, as quais os impedem de exercer qualquer atividade laborativa

que lhes garanta a subsistência.

Conforme o atestado médicos acostado às fls. 169, a Sra.

Tereza é portadora de Obesidade não especificada (CID10 E66.9), Hipertensão

arterial (CID10 I10), Diabetes mellitus (CID10 E14.9), Hipotireoidismo não

especificado (CID10 E0.39), Hiperlipidemia não especificada (CID10 E78.5) e

Episódio depressivo não especificado (CID10 F32.9).

Da mesma forma, consoante o atestado médico juntado

às fls. 170 o Sr. Pedro é portador de Hipertensão arterial (CID10 I10), Obesidade

não especificada (CID10 E66.9) e Lesão não especificada no ombro (CID10 M75.9)

Por fim, vale mencionar que conforme leciona Odonel

Urbano Gonçalves:

“O elemento básico na caracterização do dependente é econômico. Isto é, necessitando a pessoa de recursos para sobreviver, provenientes do segurado, já se delineia sua condição de dependência. Não é necessário o fato da dependência econômica total. Basta a parcial” 3.

Portanto, resta cristalino o direito dos autores ao

percebimento do benefício pensão por morte decorrente de acidente de trabalho,

ante a ampla comprovação da dependência econômica dos genitores em relação ao

seu filho, nos termos art. 16 da Lei nº 8.213/91, in verbis:

“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de

qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que 3 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57.

14

Page 15: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou

relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;  

II - os pais;(...)”. – grifos

Nesse sentido é o entendimento do Egrégio Tribunal de

Justiça:

“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO PREVIDENCIÁRIA - AÇÃO DE

CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE - SENTENÇA QUE CONCEDE

A PENSÃO POR MORTE - ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE TAL

CONCESSÃO - IMPROCEDENCIA - LEI QUE PERMITA A INSCRIÇÃO DOS PAIS DO SEGURADO COMO DEPENDENTES - DEPENDENCIA FINANCEIRA DA MÃE EM RELAÇÃO AO FILHO FALECIDO COMPROVADA - PENSÃO POR MORTE QUE DEVE SER CONCEDIDA - REEXAME NECESSÁRIO - JUROS DE MORA E CORREÇÃO

MONETÁRIA QUE SE FAZ NOS TERMOS DO ART. 1º-F DA LEI

9494/97, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/09, A PARTIR DE

SUA VIGENCIA - APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA - SENTENÇA

MODIFICADA EM REEXAME NECESSÁRIO. (TJ-PR, Relator: Antenor

Demeterco Junior, Data de Julgamento: 09/10/2012, 7ª Câmara Cível)”. –

grifos

“REEXAME NECESSÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE

CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. FALECIMENTO DE FILHO SEGURADO DURANTE EXPEDIENTE LABORAL. PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO PELA MÃE. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE E DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADAS. PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL. DECISÃO MANTIDA EM

15

Page 16: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. (TJ-PR, Relator: Sérgio Arenhart,

Data de Julgamento: 10/04/2012, 6ª Câmara Cível)”. – grifos

“REEXAME NECESSÁRIO. NÃO CONHECIDO. VALOR DA CAUSA

INFERIOR A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. APELAÇÃO CÍVEL.

AÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE FILHO. DEPENDÊNCIA. COMPROVADA. DIREITO AO BENEFÍCIO.

TERMO INICIAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO

MONETÁRIA. INPC. JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS. APELAÇÃO

CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. 1. "O instante da prolação

da sentença é o próprio para se verificar a necessidade de sua sujeição

ao duplo grau, daí porque, quando se tratar de sentença ilíquida, deve ser

considerado o valor da causa atualizado" (6.ª Turma, AgRg. no REsp. n.º

922.375/PR, Rel. Min. Paulo Gallotti, j. em 22.11.07). 2. Comprovando a mãe ser dependente economicamente da filha falecida, segurada, faz jus à sua inclusão como beneficiária de pensão por morte . 3. A

correção monetária deve ser calculada com base no INPC, por ser o

índice que melhor reflete a inflação. 1 não se aplica o disposto no art. 1º -

F da Lei nº 9.494/97, incidindo juros de mora de 1% ao mês, nos termos

do art. 406 do NCC c/c 161 §1º do CTN. 5. Reexame necessário não

conhecido e apelação voluntária conhecida e parcialmente provida.

(TJPR, Ap. Cível 0664488-0, 6ª Cam. Cível, Foro Regional de Campo

Largo, Rel. Ângela Khury Munhoz da Rocha, Julg. 21/09/2010)”. – grifos

De tal modo, nos moldes do artigo 74 da Lei nº 8.213/91,

os pais do trabalhador vitimado fazem jus ao percebimento do benefício pensão por

morte acidentária, o qual é devido desde a data do falecimento do Sr. Edicarlos,

tendo em vista que o requerimento foi protocolado em data de 17/02/2009 (fls. 71),

ou seja, antes de decorrido 30 (trinta) dias, nos termos do inciso I do referido artigo,

senão vejamos:

16

Page 17: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso

anterior;

(...)

Assim sendo, frente à comprovada dependência

econômica dos genitores em relação ao filho, faz-se imprescindível a concessão aos

autores do benefício pensão por morte decorrente de acidente de trabalho, desde a

data do falecimento da vítima Edicarlos Moreira de Souza.

6. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

De acordo com o disposto no artigo 273, do Código de

Processo Civil, o juiz poderá antecipar total ou parcialmente os efeitos da tutela

pretendida no pleito inicial, desde que haja prova inequívoca da verossimilhança da

alegação:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ouII - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

No caso em apreço, verifica-se a possibilidade e a

necessidade do juiz antecipar os efeitos dos pedidos pleiteados na presente

17

Page 18: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

demanda, vez que se encontram presentes todos os requisitos legais necessários à

concessão da tutela antecipatória. Vejamos:

As provas produzidas durante a fase postulatória, quais

sejam os Autos de Constatação elaborados pelos Srs. Oficiais de Justiça e as

declarações prestadas em juízo (fls.159/163, fls. 179/188 e fls. 214/215), bem como

o fato de a Sra. Tereza ser beneficiária do Seguro de Vida de Edicarlos (fls. 62/63),

comprovam que os autores dependiam economicamente do filho, o qual foi vitimado

em acidente de trabalho.

Portanto, ante a comprovação da dependência econômica

dos autores em relação ao filho, os mesmos fazem jus a concessão do benefício

pensão por morte decorrente de acidente de trabalho, restando demonstrada a prova inequívoca dos fatos arrolados nesta demanda.

No que tange ao fundado receio de dano irreparável ou de

difícil reparação, verifica-se que o benefício possui caráter alimentar, tornando-se

indispensável à subsistência dos autores.

Salienta-se que em razão do falecimento do Sr. Edicarlos

os autores vêm enfrentando dificuldades financeiras, não possuindo condições de

arcar com suas necessidades básicas de sobrevivência.

Assim, os fatos ora apresentados, devidamente

comprovados por meio de documentos e provas testemunhais, retratam a

verossimilhança da alegação, vez que os autores dependiam economicamente do

filho vitimado em acidente de trabalho, necessitando de forma premente da

concessão de benefício de pensão por morte decorrente de acidente de trabalho, de

modo a suprirem suas necessidades básicas.

Neste sentido, encontramos os seguintes arestos:

18

Page 19: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO SOB O RITO ORDINÁRIO -

CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE - ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA - PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS - DEFERIMENTO - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 273, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Estando presentes os requisitos legais previstos no artigo 273, do Código de Processo Civil, é cabível a concessão da antecipação da tutela. 2. Recurso desprovido. (TJ-PR -

Ação Civil de Improbidade Administrativa: 9562158 PR 956215-8

(Acórdão), Relator: Guilherme Luiz Gomes, Data de Julgamento:

29/01/2013, 7ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1054 07/03/2013)”.

– grifos

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE

INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA

NOS AUTOS. 1. Agravo de Instrumento manejado em face da decisão

que, em antecipação dos efeitos da tutela, determinou o pagamento, pelo

INSS, de benefício de pensão por morte à Agravada, companheira e

dependente do segurado falecido. 2. Na hipótese, restou comprovada sua

condição de companheira do segurado falecido por sentença declaratória

de união estável transitada em julgado. A verossimilhança das alegações

também se mostrou presente nas certidões de nascimento dos filhos, com

intervalo razoável de tempo, além de vasta documentação acostada,

fazendo prova da convivência do segurado com a demandante por longo

período. 3. Também evidente o periculum in mora, já que o benefício

pleiteado consiste em verba de natureza alimentar, cuja demora na

prestação pode trazer graves e irreparáveis danos à Agravada. 4. Agravo

de Instrumento improvido. (TRF-5 - AG: 36639720134059999 , Relator:

Desembargador Federal Rubens de Mendonça Canuto, Data de

19

Page 20: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

Julgamento: 05/12/2013, Terceira Turma, Data de Publicação:

13/12/2013)”. – grifos

Importa destacar que a presente demanda já tramita há

aproximadamente 04 (quatro) anos, estando os autores desassistidos

financeiramente desde o óbito de seu filho.

Destarte, vertem-se os requisitos necessários para

antecipação de tutela, visto que a prova inequívoca e a verossimilhança da alegação

podem ser constatadas a partir dos Autos de Constatação elaborados pelos Srs.

Oficiais de Justiça e as declarações prestadas em juízo, bem como o fato de a Sra.

Tereza ser beneficiária do Seguro de Vida de Edicarlos e, por sua vez, o fundado

receio de dano irreparável depreende-se do caráter alimentar do benefício ora

pleiteado, uma vez que é imprescindível à subsistência dos requerentes. Tal tutela é

medida que se impõe, sendo imperiosa a concessão aos autores de benefício de

pensão por morte decorrente de acidente.

7. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer-se:

a- A concessão da antecipação de tutela, nos termos do

artigo 273, do CPC, a fim de que a autarquia previdenciária conceda aos autores o

benefício pensão por morte decorrente de acidente de trabalho, no percentual de

100% (cem por cento), nos termos acima expostos;

b- A procedência do pedido formulado na inicial,

condenando o INSS a incluir o Sr. Pedro Marcelino de Souza e a Sra. Tereza

Moreira de Souza como dependentes do Sr. Edicarlos Moreira Souza, com a

consequente concessão do benefício pensão por morte decorrente de acidente de

20

Page 21: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO ... · Web viewManual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 57. 23 1 Title EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

trabalho, no percentual de 100% (cem por cento) aos autores, desde a data de

09/02/2009 (data do falecimento do segurado), vez que restou amplamente

comprovada a dependência econômica dos genitores em relação ao filho vitimado

em acidente de trabalho.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curitiba, 15 de outubro de 2014.

Swami Mougenot Bonfim

Promotora de Justiça

21